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A LINHA DA VIDA NOS CARRETÉIS DE IBERÊ CAMARGO

A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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Trabalho de Curso apresentado por Daiany Lara da Silva em dezembro de 2010

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A LINHA DA VIDA NOS CARRETÉIS DE IBERÊ CAMARGO

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA/Canoas/RS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

Daiany Lara da Silva

A LINHA DA VIDA NOS CARRETÉIS DE IBERÊ

CAMARGO

Canoas, 16 de novembro de 2010

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DAIANY LARA DA SILVA

A LINHA DA VIDA NOS CARRETÉIS DE IBERÊ CAMARGO

Trabalho de Curso apresentado como pré-requisito parcial para a obtenção de título acadêmico de Licenciado/a em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores Me. Jurema Trindade e Dr. Celso Vitelli.

Orientadora: Me. Ana Lucia Beck

Canoas, 20 de dezembro de 2010.

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Dedico a todos que tão pacientemente entenderam minha ausência, e que sempre torceram pela minha vitória. Essa é nossa.

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Agradeço aos alunos que tão carinhosamente me receberam e que foram essenciais deste trabalho e em minha vida.

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“O que está dentro é o que está fora. Meus tons são frios porque minha paleta vem da alma. Pinto o que sinto. Acho que não nasci para alegrar ninguém, sempre me senti um ciclista da vida que anda contra o vento. Se as pessoas percebem tristeza ou alegria é porque esses sentimentos vêm delas. A arte é essa busca de sentido”. Iberê Camargo, 1994 - Entrevista ao jornalista Paulo Reis.

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RESUMORESUMORESUMORESUMO

O Projeto A Linha da Vida nos Carretéis de Iberê Camargo, aborda a prática de ensino do Estágio em Artes Visuais III, realizado na escola de E.M. Alberto Santos Dumont, na cidade de Sapucaia do Sul, com uma turma de primeiro ano do Ensino Médio, tendo como objetivo apresentar aos alunos as diversas linguagens que a arte pode expressar e seus principais suportes artísticos. Este projeto surgiu da intenção de apresentar ao aluno o processo de criação e as linguagens representadas nas mais variadas formas artísticas, despertando o conhecimento e o entendimento das artes como forma de expressão. Para preparar o projeto de ensino foi realizada uma pesquisa baseada na autora Vera Beatriz Siqueira que descreve a vida e a obra do artista Iberê Camargo na qual busca despertar o interesse para o desenho, a gravura e a pintura que eram as linguagens utilizadas pelo artista. Também utilizei outras autoras como Fayga Ostrower e Kátia Helena Pereira, no que diz respeito às linguagens visuais e a representação da forma e seus significados. Ao longo das aulas do projeto foram realizadas atividades proporcionando a percepção e a análise de obras do artista Iberê Camargo e também dos trabalhos realizados promovendo discussões acerca dos conhecimentos obtidos. Durante as aulas os alunos se demonstraram interessados e participativos, tivemos uma boa relação interpessoal com base no respeito mutuo entre professor e aluno. De modo geral os resultados obtidos durante a prática de ensino foram satisfatórios. Sei que tive dificuldades em alguns pontos desta trajetória, mas reconheço que elas foram parte integrante deste percurso. Neste convívio com os alunos, se descobre que eles têm muito mais em suas bagagens do que se pensa, e que só precisam ser estimulados e incentivados, assim as evoluções acontecem naturalmente. Palavras chave: Linguagens – Expressão – Significados

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO..............................................................................................09 1. CONHECENDO O AMBIENTE DE ENSINO ..........................................12 1.1. ESCOLA .....................................................................................13 1.1.1. Histórico.........................................................................13 1.1.2. Caracterização ..............................................................14 1.1.3. Filosofia e Objetivos ......................................................15 1.1.4. Avaliação .......................................................................17 1.1.5. Ensino das Artes ...........................................................18 1.2. QUESTIONÁRIOS ......................................................................19 1.2.1. A Direção .......................................................................19 1.2.2. A Coordenação ..............................................................21 1.2.3. A Professora ..................................................................22 1.2.4. Os Alunos ......................................................................24 1.3. OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS ................................................26 1.3.1. Observação Silenciosa 1 ...............................................26 1.3.2. Observação Silenciosa 2 ...............................................27 1.3.3. Observação Silenciosa 3 ...............................................28 1.3.4. Observação Silenciosa 4 ...............................................29 1.3.5. Análise das Observações Silenciosas ...........................30 1.4. OBSERVAÇÕES PARTICIPATIVAS ..........................................31 1.4.1. Plano de Aula 1 .............................................................31 1.4.2. Plano de Aula 2 .............................................................35 1.4.3. Análise das Aulas Participativas.....................................38 2. PROJETO E PRÁTICA DE ENSINO ........................................................41 2.1. PROJETO EDUCATIVO DE ENSINO ........................................42 2.2. DADOS GERAIS DA ESCOLA ...................................................44 2.3. OBSERVAÇÃO SILENCIOSA – NOVA TURMA.........................45 2.3.1.Análise das Observações Silenciosas ............................46 2.4. PRÁTICA DE ENSINO.................................................................47

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2.4.1. Aulas 1 e 2 .....................................................................47 2.4.2. Aulas 3 e 4 .....................................................................53 2.4.3. Aulas 5 e 6 .....................................................................58 4.4.4. Aulas 7 e 8 .....................................................................65 4.4.5. Aulas 9 e 10 ...................................................................70 4.4.6. Aulas 11 e 12 .................................................................73 2.4.7. Aulas 13 e 14 .................................................................76 CONCLUSÃO ...............................................................................................81 REFERÊNCIAS ............................................................................................89 APÊNDICES..................................................................................................91 Apêndice 1 – Questionário com a Direção..........................................92 Apêndice 2 - Questionário com a Coordenação.................................93 Apêndice 3 – Questionário com a Professora ....................................94 Apêndice 4 – Questionário com os Alunos (1, 2, 3 e 4) .....................95

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INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Este projeto de ensino foi realizado na escola de E.M. Alberto Santos

Dumont em Sapucaia do Sul, com uma turma noturna de primeiro ano do Ensino

Médio que é formada por apenas 17 alunos, com a faixa etária entre 15 e 40 anos.

Algumas mudanças aconteceram durante o processo de estágio. Houve

uma distancia entre o o estágio I e os estagios II e III. Por esse motivo, precisei

mudar de turma e fazer novamente as observações, desta vez, na nova turma a

qual desenvolvi os projetos de aula.

Essas mudanças ocorreram pelo meu suposto despreparo após iniciar meu

estágio I, digo suposto, pois me faltava confiança, em mim e em meus

conhecimentos. Afinal eu nunca havia entrado em uma sala de aula como

professora. Quando finalmente terminei meu estágio I, não me sentia capaz de

continuar, cheguei até mesmo a pensar em desistir de tudo. Continuei fazendo as

outras disciplinas que ainda me faltavam, passaram-se três semestres e eu ainda

não me sentia preparada. Mas descobri com o incetivo de algumas pessoas, que

acreditavam mais em mim do que eu mesma, que eu podia, fazendo-me ver

qualidades em mim que eu não via, depositando confiança e força nas coisas que

eu acretitva. Incentivando a cada passo a caca busca de capacitação e de

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conhecimento. Vibrando comigo a cada conquista ou simplismente pela minha

busca. Este estimulo engrandecia me fazendo buscar dentro de mim o que estava

guardado. Eu não tinha despreparo, tinha medo.

Já me considero vitoriosa, simplesmente por escolher meu estagio III para

apresentar neste trabalho, pois a princípio para mim o melhor era o que deu mais

certo que foi o estágio II realizado com o ensino fundamental. Eu pensava que esse

teria sido o mais certo. Mas o certinho demais incomoda! E incomodou a ponto de

perceber que o estágio III me ensinou muito mais, me fez ter atitude, a improvisar e

porque não errar, sim, esses erros foram imprescindíveis para o conhecimento que

obtive durante as aulas, pois se não há erro, não há também o aprendizado.

O projeto A Linha da Vida nos Carretéis de Iberê Camargo, tem como

objetivo apresentar maneiras de produzir imagens a partir da reflexão sobre

linguagens, obras e seu contexto de produção. Esse projeto é baseado em minha

experiência de estágio com uma turma de Ensino Médio abordando questões entre

os suportes artísticos tradicionais. Três deles manifestam-se em duas dimensões: o

próprio desenho, a gravura e a pintura. Embora o resultado formal de cada um

deles seja bastante diferente, a grande diferença entre eles se encontra na técnica

envolvida. Através desse pensamento busquei as semelhanças existentes nestes

suportes.

O objetivo deste projeto é que através das obras do artista gaúcho Iberê

Camargo, seja despertado o interesse dos alunos para o desenho a gravura e a

pintura que eram os meios que o artista utilizava para transmitir sua arte.

Apresentar aos alunos as diversas linguagens que a arte pode expressar.

Iberê Camargo, considerado o mestre do expressionismo brasileiro, foi

absorvido pela arte logo na infância através de brincadeiras com carretéis e

desenhando debaixo da mesa. Nasceu no ano de 1914, em Restinga Seca, no Rio

Grande do Sul, tendo vivido grande parte de sua vida no Rio de Janeiro. Morreu

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aos 79 anos, em Porto Alegre, em agosto de 1994, deixando um acervo de mais de

7 mil obras.

Para elaborar essa pesquisa consultei diversos autores entre eles, Fayga

Ostrower e Kátia Helena Pereira que tratam da linguagem visual e a variação da

identidade da forma e seu significado. Com relação a busca sobre o artista

trabalhado, a autora Vera Beatriz Siqueira, foi quem direcionou meus passos na

busca de peculiaridades do artista Iberê Camargo.

No inicio do processo de estágio, nas observações realizadas com a turma,

constatei que os alunos precisavam desenvolver uma trabalho mais interessante,

que os fizessem sair da cadeira. Movimentar, a mão, o corpo, a mente. Utilizando o

desenho a gravura e a pintura, busquei desenvolver aulas mais participativas e

práticas.

Durante as observações é o momento de montar o projeto de ensino. Nesta

etapa temos uma noção superficial de como é a turma, não temos tempo suficiente

de saber como é realmente o andamento de uma aula com essa turma. Na prática

se descobre diversos fatores que influenciam no projeto planejado, e daí vem o lado

bom da proposta: o desafio, o improviso, o discernimento, a criatividade no

andamento das aulas. Surgem nossas reações, em consequência os resultados e

nossa postura diante disso. E não seriam aulas de artes se não fossem assim. O

certinho demais incomoda e o erro ensina.

O primeiro capítulo mostra a apresentação na escola onde foi realizado o

projeto de ensino, descrição das observações e análise inicial das aulas

observadas.

A prática de ensino é desenvolvida no segundo capitulo, no qual o projeto foi

elaborado baseado nas informações iniciais citadas no primeiro capitulo. Na

sequência a análise das aulas realizadas.

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CONHECENDO O AMBIENTE CONHECENDO O AMBIENTE CONHECENDO O AMBIENTE CONHECENDO O AMBIENTE DE ENSINODE ENSINODE ENSINODE ENSINO

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1.1. A ESCOLA DE 1º E 2º GRAUS JOSÉ

GOMES DE VASCONCELOS JARDIM.

1.1.1. HISTÓRICO

A escola iniciou suas atividades em 03 de maio de 1977 sob o

Decreto de Criação Nr. 25476/SE, Portaria de alteração de Designação Nr. 140/SE

em 23 de maio de 2000. A princípio, denominou-se Escola Estadual de 1º Grau Vila

Hermann, sob Portaria de Autorização Func. 1º Grau Nr. 154/CEED em 03 de

março de 1978. Suas atividades começaram, com 36 professores, três funcionários

e 932 alunos. O funcionamento do turno da noite somente teve início no ano de

1982, com um corpo docente de 9 professores e discente, de 213 alunos do Ensino

Fundamental.

Cinco anos mais tarde, escola adquiriu também autorização para

receber alunos em nível de 2º Grau, sob a Portaria de Autorização Func. de 2º Grau

Nr. 741/CEED em 17 de fevereiro de 1983, e sob Portaria Ato de Transformação

Nr.31.080/SE em 17 de fevereiro de 1983. Nesta época a escola passou a

designar-se Escola de 1º e 2º Graus Vila Hernann.

Em 23 de março de 1985, pais, alunos, professores e funcionários

escolheram a atual denominação da escola, passando-se a chamar-se Escola

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Estadual de 1º e 2º Graus José Gomes de Vasconcelos Jardim.

1.1.2. CARACTERIZAÇÃO

Situada em Canoas/RS na Rua Santos Ferreira, 2.985 – Bairro

Estância Velha, a Escola Estadual de Ensino Médio Jose Gomes de Vasconcelos

Jardim conta com 73 professores em seu quadro.

Sua equipe diretiva é formada por:

Magda Beatriz Cargnin - Diretora (Manhã/Tarde/Noite)

Eunice Lanes Berte - Vice-Diretora (Manhã)

Vera Lucia Favero - Vice-Diretora (Tarde)

Rosí Ângela Baptista da Silva - Vice-Diretora (Noite)

Gerson Luis da Rocha - Secretário (Manhã)

Carla Machado da Silva - Secretária (Tarde/Noite)

Celma Silveira da Silva – Supervisor Educacional (Manhã)

Dirce Maria da Rosa Tavalheiro - Supervisor Educacional (Tarde)

Celma Silveira da Silva - Supervisor Educacional (Noite)

Manoel Henrique da Silva – Coordenador Pedagógico (Manhã/Tarde)

Antonio Carneiro Filho - Coordenador Pedagógico (Noite)

Rosane Rodrigues Leite - Orientador Educacional (Manhã/Tarde)

Magda Helena Hentshel - Orientador Educacional (Noite)

Atualmente a escola tem em seu corpo discente mais 2.000 alunos,

entre os turnos da manhã, tarde e noite.

Os horários de entrada e saída da escola, são: Manhã – 7:40 a 12:00

/ Tarde – 13:10 a 17:30 / Noite – 18:50 a 22:50.

A Escola conta de ampla estrutura física, jardins com bancos e

arborização da escola é formada por 18 (dezoito) salas de aula, biblioteca, sala de

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vídeo, 2 (duas) quadras de esportes, laboratório de informática, laboratório de

biologia, sala de equipamentos para educação física, ,lanchonete, auditório 300

lugares um estacionamento para alunos e outro para professores. Um corredor

coberto dá acesso a todas as salas de aula da escola.

1.1.3. FILOSOFIA E OS OBJETIVOS

A filosofia da Escola é: “Conhecer, valorizar e desenvolver as

potencialidades do aluno.” (Regimento Escolar, 2007, p.03)

A escola tem como objetivo geral:

Desenvolver uma prática educativa voltada à construção e

valorização do conhecimento, considerando e respeitando as diferenças individuais

do educando, bem como os princípios de cidadania, possibilitando sua formação

sócio-cultural, político e religiosa. (Regimento Escolar, 2007, p. 03)

Princípios norteados do Projeto Político-Pedagógico, da escola são

os seguintes:

A – Igualdade de condições no acesso e permanência na escola.

B – Qualidade de ensino.

C – Gestão democrática, nas dimensões pedagógicas, administrativa e financeira.

D – Liberdade como principio constitucional.

E – Valorização da pessoa: o educando na sua individualidade.

Conforme Plano Político Pedagógico (2007) a Instituição de Ensino,

tem como principal papel:

• Formar pessoas e cidadãos livres, conscientes e responsáveis.

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• Educar a criança e o jovem, desenvolvendo sua visão crítica e auxiliando-o

no processo de inserção social.

• Oferecer uma educação integral, contemplando o desenvolvimento

intelectual, afetivo, psíquico emocional, físico e espiritual.

• Ajudar na formação do caráter e dos limites individuais e coletivos, sempre

pautados pelo respeito ao outro, pela noção de igualdade e democracia que

desejamos.

• Resgatar os valores da sociedade, da justiça, da igualdade e da

fraternidade, contribuindo com a construção de uma sociedade melhor.

• Oportunizar a vivencia de situações que levem os alunos a refletirem sobre

si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo e a sociedade em que vivem,

incentivando-os para a mudança e para a conquista de melhores condições

de vida.

• Criar um clima de respeito e harmonia, valorizando todos os seguimentos da

comunidade escolar.

• Proporcionar oportunidades para que os integrantes da comunidade escolar

possam expressar seus sentimentos e anseios, alem de demonstrar e

desenvolver suas habilidades, conhecimento e experiências.

• Empenhar-se no resgate da valorização da educação, reivindicando, do

Poder Publico maior investimento nas escolas e na formação dos recursos

humanos.

• Executar projetos e ações educativas, desenvolvendo a responsabilidade, e

os direitos e deveres, chamando a participação todos os integrantes da

comunidade escolar.

• Qualificar o processo educativo da escola, buscando conhecer, interagir e

transformar a realidade desfavorável das comunidades escolares e locais.

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1.1.4. AVALIAÇÃO

A avaliação caracteriza-se como um processo contínuo, participativo,

cumulativo e interativo, envolvendo todos os segmentos da comunidade escolar.

Buscando sua eficácia na avaliação através da eficiência no planejamento, nos

procedimentos metodológicos e em toda estrutura educacional. Acredita que

avaliação do rendimento escolar é eficiente quando produto, não apenas de teste e

provas, mas das constatações feitas ao longo do período escolar, da análise dos

trabalhos individuais e coletivos, da percepção da capacidade do aluno em

encontrar e selecionar informações e, sobretudo, das condições deste em associá-

las aos saberes que fazem parte de sua bagagem cognitiva. Com base nos dados

coletados, o professor poderá determinar e embasar o resultado final relativo ao

desempenho do seu aluno.

A escola realiza a verificação do rendimento escolar, ao longo de três

trimestres, de forma sistemática, contínua participativa e cumulativa de diagnóstico,

considerando aspectos qualitativos e quantitativos, visando ao acompanhamento,

assistência e controle do crescimento em relação ao domínio das habilidades,

competências e mudanças comportamentais, na busca do conhecer, do ser, do agir

e do conviver. Acreditando que quando permanente e constante, a avaliação do

aluno, em todos os instantes e lugares de sua presença na escola, é mais completa

do que aquela obtida exclusivamente por instrumentos específicos e instantâneos.

Na primeira série do ensino fundamental, ao final de cada trimestre,

para fins de acompanhamento dos pais e/ou responsáveis, é usado Parecer

Descritivo. Ao final do ano letivo, para fins de promoção, é usada a menção A para

aprovados e R para reprovados.

Nos níveis Fundamental e Médio, exceto para a primeira série do

ensino Fundamental, considerando os aspectos qualitativos e quantitativos, os

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resultados da avaliação trimestral do aproveitamento em cada Componente

Curricular são registrados em pontos:

a) Numa escala de 0 (zero) a 30 (trinta) no primeiro e no segundo trimestre;

b) Numa escala de 0 (zero) a 40 (quarenta) no terceiro trimestre.

Para obter aprovação, o aluno necessita, ao final do ano letivo,

através da soma dos pontos obtidos ao longo dos três trimestres, totalizar, no

mínimo, 60 (sessenta) pontos.

1.1.5. ENSINO DAS ARTES

Não há nenhum projeto ou especificações do Plano Político

Pedagógico ou no Regimento escolar a respeito do ensino das artes. Por esse

motivo os dados a seguir, foram fornecidos oralmente pela diretora da Escola.

A Diretora salientou que a escola conta com sala de artes, que

inclusive precisa de algumas mudanças para “ficar com cara de sala de Artes”,

precisa de cor, idéias e criatividade.

A escola não conta com professor formado na área de Artes, a

professora que ministra as aulas de Artes na escola no momento, é formada em

letras.

A formulação de uma proposta de trabalhar a arte na escola exige que se esclareçam quais posicionamentos sobre arte e educação escolar estão sendo assumidos. Por sua vez, tais posicionamentos implicam, também, na seleção de linhas teórico-metodológicas (FUSARI e Ferraz, 2001, p. 22).

A escola coloca sempre os alunos em primeiro lugar, buscando seu

crescimento intelectual e crítico, preparando-o para integrá-lo à sociedade.

Com um espaço muito bem organizado e agradável, a escola deixa seus alunos a

vontade, mas sem exageros, há acima de tudo respeito mútuo.

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Os professores de todas as disciplinas, inclusive a de Artes seguem o plano

de ensino, e cada professor escolhe a melhor maneira de desenvolver o que é

proposto no plano de ensino.

A avaliação é feita a cada dia gradativamente, pelo professor, baseando-se

no desenvolvimento diário do aluno, em seus deveres, e empenho. Isso estimula,

incentiva o aluno a empenhar-se cada vez mais sendo reconhecido por isso.

1.2. QUESTIONÁRIOS

1.2.1. A DIREÇÃO

Conforme questionário realizado com a Diretora da escola,

professora Magda Beatriz Cargnin, nota-se que ela considera o Ensino das Artes de

fundamental importância para o desenvolvimento do aluno, “Espaço para todos

externarem o emocional da forma que a realidade se apresenta a esse indivíduo”,

assim se refere às aulas de Artes.

[...] num contexto histórico - social que inclui o artista, a obra de arte, os difusores comunicacionais e o público, a Arte apresenta-se como produção, trabalho, construção. Neste mesmo contexto a arte é representação do mundo cultural com significado, imaginação; é interpretação, é conhecimento do mundo; é, também, expressão dos sentimentos, da energia interna, da efusão que se expressa, que se manifesta, que se simboliza. A arte é movimento na dialética da relação homem mundo (FUSARI e FERRAZ, 2001, p. 23).

Baseando-se no plano de estudos, as aulas de todas as disciplinas

são diariamente planejadas.

Page 21: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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A escola, também desenvolve projetos junto à comunidade, como o

projeto da feira interdisciplinar. Também há a disposição na escola a chamada sala

de artes, onde há espaço para expor trabalhos e fazer pinturas, um bom espaço

para o desenvolvimento das aulas de Artes. Os trabalhos dos alunos não são

expostos fora da sala, cada turma tem seu próprio mural dentro da sala de aula.

Infelizmente a escola conta com poucos livros de Arte, o que dificulta

o acesso dos alunos. Deve-se então partir dos professores esta busca.

Alguns espaços e recursos são cedidos para contribuir com as aulas

de Artes, como um mural, ainda improvisados e papel pardo, ficam a disposição

dos professores.

Em uma escola grande, como essa, é comum que ocorra problemas

disciplinares, a escola tem como base o diálogo, apostando nisso para a

conscientização do aluno.

A avaliação é feita quantitativamente de diversas formas, e

qualitativamente com análise do aluno dentro da sala de aula.

Como expectativa no trabalho da estagiária, a Diretora espera que o

plano de estudos da escola seja seguido e também o plano de aula do professor.

Buscando uma análise dos resultados reais de aprendizado obtidos pela turma.

A escola e o professor trabalham com a aprendizagem do aluno num processo que não acaba nunca. Aprende-se e sempre. Além do mais, aprender não é uma propriedade exclusiva do aluno: o professor também aprende. (MASETTO, 1994, p.45)

‘ A diretora busca a valorização do que os alunos têm em sua

“bagagem”, as vivências, as descobertas, as alegrias e sua própria cultura, isso em

todos os sentidos, dentro da escola e dentro da vida de cada um. Tem uma

abordagem humanista, respeito e confia nos alunos, isso faz com que a Diretora

tenha uma ótima relação, com todos.

Page 22: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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1.2.2. A COORDENAÇÃO

Após questionário realizado com a Coordenadora da escola, a

professora Celma Silveira da Silva, percebe-se que a escola orienta muito bem os

professores a respeito de seus deveres, isso acontece em reuniões feitas

periodicamente, onde é elaborado o planejamento de estudos a serem

desenvolvidos e cumpridos.

Os conteúdos de cada disciplina são programados em reuniões,

onde é elaborado o plano de estudos. A coordenadora comenta que o plano de

estudos, elaborado em 2005 esta, neste momento sendo reformulado.

[...] o planejamento da escola é um processo voltado para a organização de ações que permitam a consecução de objetivos educacionais, o plano é um documento escrito que materializa um determinado momento de um planejamento. É a apresentação, de forma organizada, de um conjunto de decisões (MASETTO, 1994, p.86).

A escola realiza também, feiras com exposições e está aberta a

novas idéias, já que, como disse a coordenadora, a disciplina de Artes é

imprescindível, como qualquer outra disciplina dentro do desenho curricular. A

avaliação em Artes funciona como nas outras disciplinas. Conselhos de classe,

também são realizados periodicamente na escola.

Os professores também são avaliados na escola, de maneira

funcional, pedagógica e no cumprimento de tarefas e entrega de documentos.

A coordenadora tem como principal função dentro da escola, auxiliar

e supervisionar toda parte pedagógica na prática. Dentro de suas principais funções

a considerado mais delicada é a de supervisionar e desempenho na sala de aula.

Um plano, para que se construa em instrumento eficiente de ação, precisa

ser muito bem pensado e, melhor ainda, muito bem regido. Isso significa a apresentação de diretrizes claras, práticas e objetivas (MASETTO, 1994, p.86).

Page 23: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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É importante o diálogo contínuo com os professores, compartilhar

experiências e debatê-las. Assim cada vez mais, os alunos ganham com isso.

1.2.3. A PROFESSORA

Conforme questionário realizado com a professora Patrícia, que tem

formação em Letras, e trabalha na escola com as aulas de Artes e Inglês, cita que a

escola realiza reuniões, onde são planejadas as aulas, e levantados tópicos

relevantes para o ensino desses conteúdos. Com base nessa reunião pedagógica,

busca-se identificar os aspectos da turma, e perceber qual a melhor maneira de

aplicar os conteúdos.

Para desenvolver um bom trabalho de Arte o professor precisa descobrir quais são os interesses, vivências, linguagens, modos de conhecimento de artes e praticas de vida de seus alunos. Conhecer os estudantes na sua relação com a própria região, com o Brasil e com o mundo, é um ponto de partida imprescindível para um trabalho de educação escolar em Arte que realmente mobilize uma assimilação e uma apreensão de informações na área artística. O professor pode organizar um “mapeamento” cultural da área em que atua, bem como das demais, próximas e distantes. É nessa relação com o mundo que os estudantes desenvolvem as suas experiências estéticas e artísticas, tanto as referentes a cada um dos assuntos abordados no programa de Arte, com as da área da linguagem artística desenvolvida pelo professor (Artes Plásticas, Desenho, Música, Artes Cênicas, etc( (FUSARI e FERRAZ, 2001, p.73).

A turma é avaliada conforme seu interesse geral e compreensão dos

conteúdos, também na elaboração dos trabalhos e pontualidade em todos os

aspectos.

A professora lamenta a falta de tempo para realização de projetos

interdisciplinares, já que, a turma tem apenas um período por semana.

Como principal objetivo nas aulas de Artes, a professora diz buscar o

desenvolvimento do aluno, seu senso crítico, dando espaço à expressão da cultura

de cada um a partir dos trabalhos propostos.

Page 24: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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Os materiais utilizados nas aulas, além de textos que a professora

traz à sala de aula, alguns outros também são usados como lápis, material para

colorir, tesoura e folha de ofício.

Como conteúdos a professora esta apresentando alguns artistas

renomados à turma, como Leonardo Da Vinci e Michelangelo, também uma idéia

geral da história da Arte, conforme o proposto na reunião pedagógica.

Referente a recursos didáticos que a escola dispõe, a professora é

sucinta quando dizendo que há poucos livros da área na escola.

Quando se faz necessário a utilização de outro espaço diferente de

sala de aula, a professora responsável pela turma, deve reservar tal local com a

direção da escola.

Conforme a professora, os alunos correspondem bem a trabalhos em

grupo, interagem em uma troca de experiências contínua.

A professora utilizou com essa turma duas técnicas artísticas, sendo

elas: colagem e pintura. Cita que os alunos tiveram um grande interesse por

colagem, desenvolveram muito bem esse trabalho.

A preocupação com o cotidiano dos alunos não deve se restringir apenas ao momento do plano ou início do curso. Essa ação pedagógica deve acompanhar todo o desenrolar das atividades de estudo, para uma interligação mais viva com os conteúdos. (FUSARI e FERRAZ, 2001, p.73).

Apesar de não ter formação em Artes, a professora desenvolve um

bom trabalho com a turma. Ainda encontra alguns problemas na escola a respeito

da falta de livros pertinentes as Artes e a falta de tempo, já que, ministra apenas um

período semanal nesta turma. Busca uma adaptação ao modo de ver do aluno,

dando importância as experiências vividas por cada um, desenvolvendo um cidadão

mais justo e crítico, um aprendizado mútuo entre mestre e aprendiz.

Page 25: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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1.2.4. OS ALUNOS

Buscando o conhecimento da turma a ser trabalhada, foi elaborado

um questionário com dez questões, realizado com os trinta alunos que compõe a

turma que cursa o 2º ano do Ensino Médio. A seguir quadro geral de perguntas e

respostas obtidas nesta turma.

Nr. Questões Total

1 Você considera a disciplina de Artes importante?

Sim - 18 Não – 1 Um pouco - 11

-- 30

2 O que você acha realmente das aulas de Artes?

Ótimas – 7 Boas – 18 Regulares - 5

-- 30

3 Quando há exposições ou programações culturais você costuma freqüentar?

Sim - 6 Não – 5 Às vezes - 19

-- 30

4 O que você tem interesse de estudar em Artes?

História da Arte - 7

História dos Artistas

- 15 Outros - 8 -- 30

5 O que você acha mais importante no estudo das Artes ?

Teoria – 4 Prática – 11 Teoria e Prática -

15 -- 30

6 Quais desses artistas você já ouviu falar? Van Gogh – 23 Romero

Brito – 1 Miró - 6 -- 30

7 A professora costuma trazer, imagens de obras de ar te para as aulas?

Sim – 2 Não – 9 Às vezes - 19

-- 30

8 Você gostaria de escutar música, enquanto trabalha nas aulas de Artes?

Sim – 27 Não - 3 -- -- 30

9 Você gostaria de ter dois períodos de Artes consecutivos?

Sim – 28 Não - 2 -- -- 30

10 Cite alguma Obra de Arte que tenha lhe chamado atenção:

Monalisa – 7 Obras da Bienal - 4

Santa Ceia - 4

Outras - 15

30

Page 26: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

25

Em busca da compreensão da turma, e seus valores culturais, dentro

e fora da escola, pude notar que a turma considera o ensino das Artes importante.

Que a sua grande maioria busca eventos culturais na cidade, não com tanta

freqüência, talvez por falta de conhecimento das Artes e divulgação desse tipo de

evento. O que poderia acontecer por parte da professora e até mesmo da escola,

incentivando os alunos a participar de novas culturas, e trazendo esse novo

conhecimento à escola.

Como principal interesse nas Artes, os alunos demonstraram querer

conhecer melhor a História da Arte, assim como a história dos artistas, de uma

maneira teórica e prática, demonstrando ter muito interesse no entendimento

prático dos conteúdos.

Foram citados alguns artistas, e a grande maioria da turma se

identificou com Van Gogh, seguido por Miró. A turma diz que a professora trás

eventualmente imagens de obras de arte, daí o motivo do pouco conhecimento de

artistas.

Busquei saber se é interessante para o aluno ter mais tempo de aula

de Artes, percebo então, que a resposta é unânime, quando diz que gostariam de

ter mais tempo para as Artes, e preferem trabalhar escutando música.

[...] a arte deve compor os conteúdos de estudos nos cursos de Arte na escola e mobilizar as atividades que diversificam e ampliam a formação artística e estética dos estudantes. As vivências emotivas e cognitivas tanto de fazeres quanto de análises do processo artístico nas moralidades artes visuais, música, teatro, dança, artes audiovisuais devem abordar os componentes artistas-obras-público-modos de comunicação e suas maneiras de interagir na sociedade (FERRAZ e FUSARI, 1999, p. 17).

No questionário busquei conhecer qual experiência Artística dos

alunos, o que eles reconhecem como Obra de Arte, o que mais se destacou foram

respostas variadas, seguido por Monalisa, Santa Ceia e as Obras da Bienal.

Page 27: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

26

Concluindo assim, com base no questionário aplicado, que a turma

gosta de Arte, mas não tem um incentivo, pois tem pouco tempo de aula e pouca

divulgação de eventos artísticos, que dificulta a compreensão do aluno.

1.3. OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS

1.3.1. OBSERVAÇÃO SILENCIOSA 1

Ensino Médio – 2º ano

Professora: Patrícia Vargas

Tempo de período: 19h35min às 20h20min

Período anterior: Física

Alunos presentes: 24

Professora recapitula o que foi feito na outra aula, monocromia. Em

seguida descreve no quadro o exercício a ser realizado. Relembra que estão

revendo as cores quentes e frias, sendo as cores quentes: vermelho, amarelo,

laranja e as cores frias: azul, verde, violeta e também os tons neutros: preto, branco

e cinza.

Pede que os alunos peguem uma folha que já havia pedido na aula

anterior, dividam-na em 4 partes, o primeiro quadro para identificação, o segundo

cores quentes, o terceiro cores frias e o quarto cores neutras. Fazendo um desenho

igual nos 3 quadros, diz que pode ser feito imagens abstratas, mas ressalta que

talvez fique mais difícil de fazer a reprodução da imagem nos 3 quadros.

Page 28: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

27

Alguns alunos não tem folha, então a professora vai buscar e se

ausenta da turma por alguns minutos. Os outros alunos já iniciam o trabalho.

Alguns se organizam em duplas.

A professora tem um bom relacionamento com os alunos. Também

mantém a sala limpa e organizada.

Alguns materiais são oferecidos pela professora.

Por volta das 19h55min a professora faz a chamada.

Alguns alunos levantam e pedem auxilio para a professora, enquanto

ela fica em sua mesa a disposição e fornecendo materiais quando necessário.

Todos os alunos trabalham em total silêncio.

Um dos alunos que vai até a mesa da professora vê algumas

imagens de obras que a professora mostra, falam sobre o Santander Cultural.

Em torno de 19h15min os alunos lembram que o período esta se

acabando. Professora recolhe seu material emprestado, auxilia alguns, lembra dos

papeis no chão.

1.3.2. OBSERVAÇÃO SILENCIOSA 2

Ensino Médio – 2º ano

Professora: Patrícia Vargas

Tempo de período: 19h35min às 20h20min

Período anterior: Física

Alunos presentes: 24

Professora pede para que os alunos tragam os trabalhos de

monocromia e cores quentes e frias, na próxima aula, pra fazer avaliação, e

Page 29: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

28

recapitula quais são eles. Diz que quem já esta com todos os trabalhos na aula,

podem levar para ser avaliado. Alguns levam para a professora olhar.

Os demais alunos, cada uma em seu lugar, buscam terminar os

trabalhos, buscando novas cores e tonalidades.

Seguem o trabalho das cores quentes e frias. Os que estão com os

trabalhos prontos ajudam os outros colegas.

Fim do período, professora se retira lembrando dos trabalhos que

devem ser avaliados na próxima aula.

1.3.3. OBSERVAÇÃO SILENCIOSA 3

Ensino Médio – 2º ano

Professora: Patrícia Vargas

Tempo de período: 19h35min às 20h20min

Período anterior: Física

Alunos presentes: 24

Professora pede que os alunos organizem seus trabalhos para ela

fazer a avaliação, conforme combinado na aula anterior. Por ordem de chamada, os

alunos levam os trabalhos até a professora. Ela, muito atenciosa, conversa com os

alunos a respeito de suas obras.

Na avaliação os alunos questionam a professora, conversam, trocam

idéias em harmonia.

Parte dos alunos se apressa para terminar os trabalhos, alguns

alunos não trouxeram os trabalhos, outros, não estão com todos os trabalhos, e se

comprometem a trazer na próxima aula.

Page 30: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

29

A professora alerta que na próxima semana é o último dia para ser

feita a avaliação e pede para que não esqueçam.

1.3.4. OBSERVAÇÃO SILENCIOSA 4

Ensino Médio – 2º ano

Professora: Patrícia Vargas

Tempo de período: 19h35min às 20h20min

Período anterior: Física

Alunos presentes: 24

Chegando a sala de aula a professora, pede que os alunos que não

foram avaliados na aula passada de organizem, pois irá chamá-los. Ela oferece a

mesma atenção que foi dada aos outros alunos avaliados na aula anterior.

Após avaliação, com os poucos alunos que restavam, a professora

volta a trabalhar monocromia, e pede que os alunos criem uma imagem utilizando a

monocromia para colorir, usando tons de uma mesma cor para reproduzir sombra e

profundidade no desenho.

Os alunos se empenham no trabalho, ajudam uns aos outros, trocam

materiais. Assim vão formando lindos trabalhos.

Já no final do período a professora pede que esse trabalho seja

guardado junto com os outros avaliados.

Page 31: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

30

1.3.5. ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES SILENCIOSAS

Neste período de observações silenciosas, acompanhando uma

turma do 2º ano do ensino médio, com alunos adolescentes, percebi a ótima

conivência com a professora, e o entusiasmo que ela transmite. Há realmente um

respeito mútuo, os alunos gostam e compreendem as aulas propostas pela

professora. Buscando sempre atingir os objetivos propostos pela professora os

alunos, muito curiosos, “provocam” a professora, perguntam, fazem desafios, uma

aula feita em conjunto.

Uma contradição que pode ser observada em muitas aulas de Arte é aquela na qual os professores, simpatizantes da Pedagogia Nova, podem desenvolver atividades artísticas incluindo conceitos, temas, técnicas e projetos com características tradicionais, mas que são tratados, metodologicamente, com enfoque na expressividade e desejos espontâneos dos alunos (FUSARI e FERRAZ, 2001, p. 40).

A professora fez seu próprio planejamento de aula, tem tudo

organizado, no momento esta trabalhando cores primárias e secundarias e

monocromia, após segue para cospley, desenho, escultura e grafite. Já tem um

projeto de grafite em mente para o próximo semestre, os alunos já estão

empolgados com a idéia.

O maior compromisso do professor é, portanto, adequar o seu trabalho para o desenvolvimento das expressões e percepções infantis, que assim vão configurar-se em grandes problematizações do curso de Arte. Através deste trabalho com o aprimoramento das potencialidades perceptivas das crianças, pode-se enriquecer suas experiências de conhecimento artístico e estético. E isso se dá quando elas são orientadas para observar, ver. Ouvir, tocar, perceber as coisas, a natureza e os objetos à sua volta (FUSARI e FERRAZ, 1999, p. 56).

Buscar o que o aluno tem interesse de descobrir, estimula a

curiosidade, conhecer a realidade e desenvolver o plano baseando-se nas

experiências de vida dos alunos. É nesta direção que a professora Patrícia

Page 32: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

31

caminha, essas atitudes desvendam dúvidas, e proporcionam a confiança entre

professor e aluno, um dos pontos mais fortes nesta turma.

As disciplinas são compreendidas como recursos que, juntamente com as atividades, experiências e vivências dos alunos, colaborarão para que os objetivos sejam atingidos (MASETTO, 1994, p. 92).

Apesar de não ter formação em Artes, a professora que é formada

em Letras, representa lindamente o ensino das Artes. Buscando sempre inovar, ela

também divulga exposições que estão acontecendo, incentiva os alunos a

desenvolver suas aptidões artísticas. Eles encaram isso como um desafio, e

empenham-se para sempre surpreender.

1.4. OBSERVAÇÕES PARTICIPATIVAS

1.4.1. PLANO DE AULA 1

Turma: Ensino Médio 2º ano – T: 207

Data: 21/05/2008

Estagiária: Daiany Lara da Silva

Título: Diferentes olhares sobre Pop Art

Objetivos

• Estimular a livre expressão e a valorização de sua própria produção.

• Perceber a capacidade artística de representação simbólica de formas.

• Desenvolver o imaginário e o espírito criativo.

• Buscar composição de imagens.

Page 33: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

32

• Dialogar sobre as obras de Romero Britto e Anderson Thives.

Conteúdo

• Pop Art.

• Desenho / Colagem.

• Expressividade da linha.

• Formas, traço, contorno, fundo, figura, cores quentes, cores frias, linhas,

espaço, contraste, luz.

Metodologia

• Expositiva dialogada.

• Exposição de imagens.

• Prática individual e em grupo.

• Exposição de trabalhos.

• Leitura de imagem.

Desenvolvimento

• Primeiramente será apresentado aos alunos o início do movimento Pop Art.

Após serão expostas algumas obras de pintores como Romero Britto e

Anderson Thives, relacionando suas diferenças com a mesma técnica,

desenvolver a idéia da composição de colagem, desenho e pintura com

revistas e jornais.

Page 34: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

33

Romero Britto, Maternidade. (Fonte: Disponível em http.www.romerobritto.com.br).

Romero Britto, Bailarinos. (Fonte: Disponível em http.www.romerobritto.com.br).

Romero Britto, Martina. (Fonte: Disponível em http.www.romerobritto.com.br).

Anderson Thives, O Coringa. (Fonte: Disponível em

http://exposicaoemquadrados.blogs.com/).

Anderson Thives, Marilyn. (Fonte: Disponível em

http://exposicaoemquadrados.blogs.com/)

Page 35: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

34

• Após será proposta uma atividade prática, os alunos em grupo, inspirados

nas obras de Anderson Thives, em uma folha A4, farão uma composição

toda representada apenas por recorte e colagem, identificando cores,

espaço, volume, texturas e linhas.

• Já com os alunos terminando os trabalhos, será solicitado que finalizem

seus trabalhos, façam a limpeza dos materiais e do chão, e deixem o

trabalho sobre a mesa.

• Após tarefas realizadas, discutiremos sobre o trabalho, o que os alunos

acharam de formar toda uma composição de imagens apenas com figuras, o

que acharam da aula e dos trabalhos. Buscando uma avaliação conjunta de

todo trabalho realizado, na visão dos alunos.

Recursos

• Revistas e jornais.

• Reprodução de obras.

• Quadro-negro e giz.

• Tesoura e cola.

Anderson Thives, V.Da Mata. (Fonte: Disponível em

http://exposicaoemquadrados.blogs.com/)

Page 36: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

35

• Folhas A4.

Avaliação

• Análise do trabalho prático desenvolvido, se o conteúdo foi assimilado.

• Empenho e desempenho do aluno na realização dos trabalhos.

• Exposição de suas idéias através dosa trabalhos.

1.4.2. PLANO DE AULA 2

Turma: Ensino Médio 2º ano – T: 207

Data: 28/05/2008

Estagiária: Daiany Lara da Silva

Título: Diferentes olhares sobre Pop Art

Objetivos

• Verificar, simultaneamente, o uso da linha como contorno e estrutura.

• Perceber as diversas maneiras das produções artísticas.

• Estimular a livre expressão e a valorização de sua própria produção.

• Buscar composição de imagens.

• Dialogar sobre as obras de Romero Britto e Fernando de Azevedo.

Conteúdo

• Pop Art.

• Desenho.

• Expressividade da linha.

Page 37: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

36

Romero Britto, Outro Beijo. (Fonte: Disponível em http.www.romerobritto.com.br).

• Formas, volume, traço, contorno, fundo, figura, cores quentes, cores frias,

linhas, espaço, contraste, luz.

Metodologia

• Expositiva dialogada.

• Exposição de imagens.

• Pratica individual e em grupo.

• Exposição de trabalhos.

• Leitura de imagem.

Desenvolvimento

• A professora revisa o conteúdo trabalhado na aula anterior a partir de um

debate com a turma. Dando ênfase ao artista Romero Britto, que será

trabalhado nesta aula.

• Será realizada leitura de imagem de algumas obras de Romero Britto, assim

como a história do artista, e seu percurso dentro das Artes.

Page 38: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

37

Romero Britto, Bigodes Ondulados. (Fonte: Disponível em http.www.romerobritto.com.br).

Romero Britto, Amizade (Fonte: Disponível em http.www.romerobritto.com.br).

• Após será proposta uma atividade prática, em grupo, onde os alunos,

inspirados nas obras de Romero Britto, em uma folha A4, farão uma

composição, baseado no que foi visto. Se utilizando de cores vivas e largos

contornos, descobrindo como representar texturas a partir de traços.

• Enquanto os alunos trabalham, as obras de Romero Britto estarão a

disposição dos alunos para observação.

Romero Britto, Rostos Colados. (Fonte: Disponível em http.www.romerobritto.com.br).

Page 39: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

38

• Já com os alunos terminando os trabalhos, será solicitado que finalizem

seus trabalhos, façam à limpeza dos materiais e do chão, e deixem o

trabalho sobre a mesa.

• Após tarefas realizadas, discutiremos sobre o trabalho, o que os alunos

acharam de fazer desenhos com contornos tão aparentes, cores tão

vibrantes e como foi representado volume e textura nos trabalhos, o que

acharam da aula em geral. Buscando uma avaliação conjunta de todo

trabalho realizado, na visão dos alunos.

Recursos

• Reprodução de obras

• Quadro-negro e giz

• Material para colorir (diversos)

• Folhas A4

Avaliação

• Análise do trabalho prático desenvolvido, se o conteúdo foi assimilado.

• Envolvimento e desempenho do aluno na realização dos trabalhos

• Bom diálogo sobre o conteúdo

1.4.3. ANÁLISE DAS AULAS PARTICIPATIVAS

A aula teve um ótimo desenvolvimento, os alunos em geral

acompanharam os objetivos propostos, debatendo e questionando, quando

necessário. Os artistas trabalhados foram elogiados pelos alunos, demonstraram

que gostaram muito do modo como eles trabalham e montam suas obras.

Page 40: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

39

Trabalho do aluno Jéferson (Fonte: SILVA, 2008)

Trabalho da aluna Camila. (Fonte: SILVA, 2008)

A proposta de trabalho, foi encarada como um desafio para os

alunos, empenharam-se e desempenharam maravilhosos trabalhos. Os

pensamentos fluem e os trabalhos também, o repertório de imagens surge com

liberdade.

Nota-se que os alunos se utilizaram de imagens de publicidade para

revelarem suas preferências, seus desejos e suas recusas, apropriando-se de

Page 41: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

40

imagens e concretizando seus sonhos. Exploram as imagens e os textos dentro de

uma organização própria, onde a cor e a textura são transformadoras de espaço.

[...] entender que a atividade imaginativa é uma atividade criadora por excelência, pois resulta da reformulação de experiências vivenciadas e da combinação de elementos do mundo real. A imaginação de constitui, portanto, de novas imagens, idéias e conceitos, que vinculam a fantasia à realidade (FUSARI e FERRAZ, 1999, p. 60).

Conclui-se que os alunos corresponderam e demonstraram

motivação e gosto pela criação. Os trabalhos foram confeccionados e coloridos

demonstrando muita criatividade.

A avaliação deverá realizar-se de maneira continua mediante

observação, considerando o processo e não apenas o produto.

Analisando o desenvolvimento deste plano de trabalho, entende-se

que, os alunos obtiveram um bom entendimento dos objetivos propostos,

baseando-se nos debates, questões levantadas, interesse e trabalhos realizados.

Page 42: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

41

2222

PROJETO E PRÁTICA DE PROJETO E PRÁTICA DE PROJETO E PRÁTICA DE PROJETO E PRÁTICA DE

ENSINOENSINOENSINOENSINO

Page 43: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

42

2.1. PROJETO EDUCATIVO DE ENSINO

Estagiária: Daiany Lara da Silva

Escola: Escola de E. M. Alberto Santos Dumont

Endereço: Rua Ivoti, 93 – Vila Vargas – Sapucaia do Sul/RS

Professora Titular: Pedronilda Santos Natel

Nº de alunos: 17

Ensino Médio – 1º ano - Turma 4

1 - Datas previstas e horários de atuação na escola:

De 15/04/2010 a 28/05/2010 nas quintas-feiras 19h às 20h50min

2- Eixo Central: Arte, expressão de vida.

Atividade inicial

• Apresentação do Projeto Educativo de Ensino aos alunos, através do

tema e discussão sobre os conteúdos que estão sendo desenvolvidos.

As atividades são programadas, mas podem ser alteradas no decorrer

das aulas.

• Visita em sites de arte, museus e de artistas; conhecer exposições

ateliers, centros de culturais, habituando-se com esse mundo.

Page 44: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

43

Atividade de fechamento

• Exposição, análise, reflexões sobre os conteúdos trabalhados,

debate sobre o conteúdo.

• Retomar os objetivos, e reforçá-los.

Título: A Linha da Vida nos Carretéis de Iberê Camargo

Tema do Projeto:

Objeto inanimado que evoca a memória arcaica da industrialização, o

carretel foi o brinquedo de infância de Iberê Camargo. Era o objeto encontrado na

caixa de costura da mãe e que ganhava personalidade através da imaginação. Em

1958, foram resgatados da memória de infância, Iberê reencontrou o carretel em

lembranças e estudos de desenho e gravura. A partir daí, o objeto passou a ser seu

símbolo, signo e personagem principal de sua trajetória.

Justificativa

A escolha do tema, partiu da necessidade de buscar a participação e

o envolvimento dos alunos, desenvolvendo atividades práticas e criando

movimentação do grupo. Busquei então, um artista que fosse gaúcho e que

trabalhasse com diversas técnicas, proporcionando ao aluno conhecer o processo

de criação, buscando maneiras de produzir imagens a partir da reflexão sobre

linguagens, obras e seu contexto de produção.

Objetivo Geral

O objetivo é que através das obras do artista gaúcho Iberê Camargo,

seja dispertado o interesse dos alunos para o desenho a gravura e a pintura que

Page 45: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

44

eram os meios que o artista utilizava pra transmitir sua arte. Apresentar aos alunos

as diversas linguagens que a arte pode expressar.

Conteúdos Específicos

• Desenho.

• Pintura.

• Gravura.

• Forma / significado.

Metodologias

• Expositiva dialogada.

• Prática individual e em Grupo.

• Exposição de trabalhos.

• Apreciação de vídeo.

• Pesquisa.

• Estudo de texto.

2.2. DADOS GERAIS DA ESCOLA

A Escola Municipal de Educação Básica Alberto Santos Dumont é

situada à Rua Ivoti, 93 - Vila Vargas, na cidade de Sapucaia do Sul / RS. Atende as

categorias de educação Fundamental e Médio. A escola trabalha os três turnos,

sendo que a noite também funciona o EJA.

Page 46: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

45

2.3. OBSERVAÇÃO SILÊNCIOSA –

NOVA TURMA

Escola: Escola de E. M José Alberto Santos Dumont

Professora Titular: Pedronilda Santos Natel

Nº de alunos: 17

Ensino Médio – 1º ano - Turma 4

Data: 18/03/2010 Horário: 19h às 20h50min

A professora faz a chamada e retoma o conteúdo da aula anterior.

Pergunta se já aprenderam Linha. Como a maioria respondeu que não, a

professora preferiu retomar. Explica sobre a sua avaliação aos alunos, que vale a

produção em aula e salienta que os trabalhos sejam realizados em aula, não em

casa.

Então pega seu livro e passa conteúdo no quadro “Linha”. Os alunos

copiam o conteúdo do quadro. Em seguida ela explica o texto, e os alunos escutam

atentamente. Na sequência propõe uma atividade: Criar uma composição figurativa,

igual a realidade e usando os tipos de linhas e identificá-las e colorir como

quiserem.

Alguns alunos vão ate a professora descrevem como será seu

trabalho, outros já iniciam seus trabalhos, alguns usam régua. Os alunos se

ajudam, dão idéias aos outros.

A sala fica silenciosa enquanto os alunos realizam o trabalho

proposto. Já no final do período, a professora se despede e sai da sala.

Page 47: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

46

2.3.1. ANÁLISE DA OBSERVAÇÃO SILÊNCIOSA – NOVA

TURMA

Durante a aula observada, busquei analisar o melhor nos alunos, a

obediência e a ajuda entre o grupo, esses são pontos fortes nesta turma. Notei-os

muito quietos, sem muita reação as atividades. Pareciam robôs programados para

exercer algumas tarefas. Pareceu que a professora gosta dessa reação, ou não-

reação.

O que vi me causou enorme inquietude. Considero uma aula boa e

produtiva, a que os alunos participam, interagem, expõem suas opiniões, suas

vontades e seus desejos.

Acredito que atividades práticas associadas a teoria estimulam o

aluno a descobrir e a experimentar novas possibilidades na escola e na vida. Assim

considero que:

Qualquer pessoa que tenha a sua sensibilidade ativada por experiências estéticas, estará igualmente construindo conhecimentos múltiplos e desenvolvendo uma postura mais ética em relação à diversidade e alteridade. Portanto, quando o professor de Artes constrói embasamento teórico para defender a importância da Arte no currículo, ele também vai conseguindo transformar ideários equivocados sobre a nossa disciplina, atualizando inclusive a comunidade escolar (ROSSI e CAPRA, 2007, p. 12).

Page 48: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

47

2.4. PRÁTICA DE ENSINO

2.4.1 AULAS 1 E 2

Planejado

Objetivos:

• Conhecer o Artista Iberê Camargo e algumas de suas obras.

• Mexer com os sentimentos puros / primeiro impacto.

• Desvendar sentimentos mexidos/ influenciados.

• Representar sentimentos.

• Representar linguagem visual, elementos que compõe a obra.

Conteúdo

• Desenho.

• Análise critica.

Metodologia

• Expositiva dialogada.

• Exposição de imagens.

• Prática individual

• Leitura de imagem.

• Estudo de texto.

Page 49: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

48

Desenvolvimento

• Como ponto de partida desta aula, será fornecido de alguns dados do artista

Iberê Camargo, sem detalhes e sem nenhuma menção as suas obras. Em

seguida iniciaremos e leitura de imagens de algumas pinturas de Iberê.

• Os alunos irão manusear as fichas com as obras, destacando o que elas

transmitem, todos sentimentos provocados serão anotados em um pedaço

de papel e entregue a professora.

• Em seguida, serão distribuídos aleatoriamente os pedaços de papeis, no

qual os alunos descreveram os sentimentos proporcionados pelas pinturas

de Iberê.

• Após será proposta uma atividade prática, em que os alunos realizarão um

desenho que contenha os sentimentos inversos aos descritos no papel

recebido, baseados nas obras do artista Iberê Camargo. Criando uma nova

forma de ver as pinturas do artista.

Iberê Camargo, Fantasmagoria IV, 1987. (Fonte: Material do professor pasta Fundação Iberê Camargo).

Page 50: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

49

Recursos

• Pranchas com obras do artista trabalhado.

• Quadro-negro e giz.

• Pedaços de papel.

Avaliação

• Empenho e desempenho do aluno na realização do trabalho.

• Bom diálogo sobre o conteúdo.

Avaliação

• Análise do trabalho prático desenvolvido, se o conteúdo foi assimilado.

• Empenho e desempenho do aluno na realização dos trabalhos

• Bom diálogo sobre o conteúdo

Realizado

Entramos na sala de aula eu e a professora titular, ela fez a chamada

e em seguida conversou com os alunos, explicou que nas próximas aulas uma

estagiária iria dar as aulas, que fazia parte processo de formação e que conta com

a colaboração de todos para que meu trabalho se desenvolva da melhor maneira

possível. Então se retirou da sala.

Fiz a minha apresentação, perguntei quem conhecia ou já ouviu falar

do artista Iberê Camargo, ninguém conhecia, então, expliquei que o trabalho que

irei desenvolver é baseado neste artista, que era gaúcho, e morava em Porto

Page 51: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

50

Alegre, dentro disso iremos trabalhar desenho, pintura e gravura, que eram os

meios que Iberê usava pra criar suas obras.

Falamos sobre museus, quem freqüenta, quem já foi, apenas uma

aluna disse já ter visitado um museu. Então me propus a mante-los informados

sobre os eventos culturais de Porto Alegre e arredores, disse que compreendia que

muitos trabalham, e por isso estudam a noite, mas que havia muitos eventos bons

em finais de semana, inclusive, são os que eu participo.

Pedi participação de todos, e que não quero estátuas me olhando, eu

quero entusiasmo dedicação de todos, afinal eles foram escolhidos para ser a

”minha turma de estágio” e ficariam famosos por conta disso, aproveitam e já se

convidaram para a formatura, lembrei que para isso todo estagio tem que correr

bem e que conto com a colaboração deles pra isso.

Então iniciamos de fato a aula, distribui cópias com uma breve

história do artista Iberê Camargo. Fiz a leitura do pequeno texto, onde não coloquei

detalhes da vida de Iberê, pois não queria que eles tivessem nenhuma opinião

antecipada sobre o artista para não interferir na próxima etapa do trabalho. Durante

a leitura distribui pranchas com reproduções de obras de Iberê, e pedi que

analisassem todas as imagens.

As reações foram variadas, muitos procuravam achar o “sentido

certo” da prancha como se buscassem um significado para a imagem, outros riam

confusos, dente as obras manuseadas pelos alunos havia uma foto de uma matriz e

uma gravura desta matriz, e que, se colocada lado a lado, se encontra como um

espelho, um aluno percebeu essa semelhança e disse que era a mesma obra

espelhada, expliquei que esse era o processo da gravura em metal, e que iremos

também trabalhar essas técnica em nossas aulas.

Durante as observações das obras, distribui a cada um deles um

pequeno pedaço de papel, onde pedi que escrevessem pelo menos 2 sentimentos

Page 52: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

51

que as obras de Iberê proporcionaram a eles. Só depois que recolhi todos os

papéis, falei das particularidades da vida do artista.

Iniciamos nossa conversa, falei sobre as curiosidades na vida e nas

obras do artista, de sua infância humilde, da evolução profissional, dos amores, da

família. Falei diretamente de algumas obras, como as séries de carretéis, ciclistas e

idiotas, o que remetia Iberê a fazer essas pinturas e os significados destas obras.

Os alunos não tinham percebido, ou não tinham entendido carretéis nas obras, só

quando desenhei no quadro o formato de carretel era usado e pensado por Iberê,

então perceberam, explico que esses carretéis são antigos da época de infância de

Iberê. Passei pra eles um livro onde ha algumas fotos de composições que Iberê

fazia com estes carretéis.

Em seguida distribui folhas em branco e devolvi aleatoriamente os

pequenos papeis com os sentimentos descritos por eles no inicio da aula quando

tiveram contato com as obras do artista.

Papeis com sentimentos descritos pelos alunos (Fonte: SILVA, 2010).

Page 53: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

52

Trabalho do aluno Elias. (Fonte: SILVA, 2010).

Trabalho da aluna Silvia. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 54: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

53

Com base em tudo que foi visto, solicitei que fosse feito um desenho que

contivesse os sentimentos descritos do papel que cada um recebeu que poderiam

criar a vontade. Perguntam se precisa fazer margem, digo que não e quero que

usem o máximo da folha. Deixei lápis de cor à disposição para quem quisesse

colorir. No inicio houve muito dificuldade de começarem, não sabiam o que fazer,

disse que eles iriam interpretar da maneira deles as palavras descritas e pensar no

que foi visto.

Solicitei que escrevessem na folha quais as palavras geraram o

desenho. Aos poucos todos me entregaram os trabalhos, e já foram se preparando

para recreio.

2.4.2. AULAS 3 E 4

Planejado

Objetivos

• Observar obras de Iberê, identificando os componentes das obras.

• Conhecer melhor a historia do artista.

• Estabelecer significados para os obras.

• Evocar lembranças.

• Exercitar o desenho.

Page 55: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

54

Conteúdo

• Desenho / Pintura.

• Formas, traços, fundo, figura.

Metodologia

• Expositiva dialogada.

• Prática individual.

Desenvolvimento

• Será revisto as obras de Iberê, iremos discutir sobre as pinturas e prestar

atenção nos objetos que compõe a obra. Fazendo os alunos notarem os

carretéis, presentes nas obras de Iberê, que para ele, tinham um significado

especial, podendo ser interpretado além de suas características formais ou

funcionais, são símbolos que remetem à memória da infância. Esses objetos

tinham tamanha importância para Iberê que o fez desenvolver grande parte

de sua obra.

Page 56: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

55

• Pensando nos carretéis de Iberê, os alunos responderão: Para você, qual

objeto é mais do que funcional, e que significa algo bom, ou que traz uma

boa lembrança? Afinal, que objeto seria o seu “carretel”?. Irão responder em

uma folha e entregar a professora.

• Em seguida, os alunos devem desenvolver um desenho com materiais

diversos, que representem o objeto descrito no texto de forma bem

particular.

Recursos

• Folha A4.

• Quadro-negro e giz.

• Material para desenho

Avaliação

• Análise do trabalho prático desenvolvido, identificando se a proposta foi

assimilada.

Iberê Camargo, Tudo te é falso e inútil IV, 1992. (Fonte: Material do professor pasta Fundação Iberê Camargo).

Page 57: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

56

• Empenho e desempenho do aluno na realização do trabalho proposto.

Realizado

Os alunos demoram a entrar na sala, aguardei um pouco, em

seguida fiz a chamada.

Em seguida, relembramos a conversa que tivemos na aula passada,

sobre a vida e a obra do artista Iberê Camargo. Perguntei a eles o que

normalmente aparecia na pintura de Iberê e que objetos. E foram relembrando

carretéis, natureza morta, bicicletas e pessoas com caras idiotas. Todos

participaram, deram opiniões buscando sempre compreender os objetos que

compõe as obras

Questionei o motivo pelo qual o artista pintava cada uma dessas

coisas, e foram relembrando. Mas o ponto onde eu queria chegar, era nos carretéis.

Sobre eles falamos muito, já que realmente a história dos carretéis tem um

significado todo especial nas obras de Iberê, para ele esse objeto era mais que

funciona, ele remetia ao passado, a infância que já passou.

Então, escrevi no quadro a seguinte frase: Para você, qual objeto é

mais do que funcional, e que significa algo bom, ou que traz uma boa lembrança?

Afinal, que objeto seria o seu “carretel”?. E solicitei que respondessem em

uma folha e entregassem. Alguns perguntaram se poderiam ser dois objetos ou

pessoas, respondi que sim, se isso lhes trouxesse uma boa lembrança.

Houveram respostas cheias de sentimentos, lembranças da infância,

do cheiro de terra molhada, entes queridos que já se foram. Também não

esqueceram dos animais, cachorros, e até uma égua ganhadora de rodeiro, no

Page 58: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

57

texto o aluno conta que foi com a égua que aprendeu a laçar, que a ama muito e

que ela vai morrer com ele.

Depois que todos terminaram, solicitei que eles fizessem uma

composição com o objeto descrito no texto que me entregaram, assim como Iberê

fazia com os carretéis. Distribui folhas em branco a todos, e deixei material para

colorir, linhas e revistas para recortar a disposição.

Trabalho do aluno Jonatan. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 59: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

58

Coloquei materiais a disposição para complementar os trabalhos,

mas ninguém levantou da cadeira para buscar os materiais. Eu chamava, mostrava

os materiais, mas poucos foram até a mesa buscar algo.

Pedi que escrevessem no verso da folha qual objeto estavam

representando. Entregaram os trabalhos e foram ao recreio.

2.4.3. AULAS 5 E 6

Planejado

Objetivos

• Conhecer os processos da gravura.

• Desenvolver o imaginário e a criatividade.

• Descobrir o movimento das mãos / traço.

Trabalho da aluna Bruna. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 60: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

59

• Combater a timidez no desenho.

• Interagir com o grupo

Conteúdo

• Gravura / Desenho.

• Expressividade da linha

• Formas, traços, contornos e luz.

Metodologia

• Expositiva dialogada.

• Exposição de imagens.

• Prática em grupo.

• Produção plástica.

• Musica.

Desenvolvimento

• Nesta aula serão mostradas as gravuras de Iberê. Passando a história da

gravura e todo processo desempenhado em torno dessa arte. Para isso o

texto Gravura, de Mauro Andiole, será utilizado para descrever o

funcionamento da gravura. Dando ênfase à gravura em relevo quando o

artista entalha na matriz, resulta em branco na prova impressa. E quando se

trabalha com grafite é o acúmulo de linhas e manchas que resulta a área de

sombra e na gravura em relevo, cada corte representa uma área de luz.

Page 61: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

60

• Texto:

GRAVURA Mauro Andriole

De um modo geral chama-se "gravura" o múltiplo de uma Obra de Arte, reproduzida a partir de uma matriz. Pode ser fruto da elaboração e manipulação minuciosa de um artista a partir de um desenho "original" transferido para uma placa de onde surgirão as imagens que levarão um título, uma assinatura, a data e a numeração que a identificam dentro de sua produção, compondo desta forma uma edição restrita. Este processo é diferente do "pôster", que atualmente é um produto de processos gráficos automáticos e reproduzido em larga escala sem a intervenção do artista. Cada imagem reproduzida, independente de suas cópias é única. A arte da gravura está justamente na perícia da reprodução da imagem, na fidelidade/diferenças sutis entre as cópias. Trata-se de um processo inteiramente artesanal. Desde a confecção da matriz, até o resultado final da imagem impressa no papel, a mão do artista está em contato com a obra. Metal - É uma das técnicas mais antigas, produzidas por vários artistas da Renascença, como Albert Dürer, por exemplo. Consiste na "gravação" de uma imagem sobre uma chapa de cobre polida. O artista faz o desenho por meio de uma ponta seca que risca a chapa, formando sulcos que retêm a tinta, que será transferida através de uma grande pressão para o papel.

Melancolia I – Dürer. Disponível em:

http://www.ime.usp.br/~pleite/images/melancolia.jpg

Page 62: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

61

Litografia - Surgiu por volta de 1797. Sua matriz é a pedra polida tal qual o cobre. O processo de gravação na pedra litográfica se dá primeiramente através da utilização de material oleoso, com o qual se elabora a imagem. A partir daí, ela recebe banhos corrosivos que criarão micro sulcos para reter a tinta que será impressa no papel.

Hand with reflecting sphere - Escher – 1935. Disponívelhttp://www.gualbertojunior.blogger.com.br/escher.jpg

Xilogravura - A Xilografia consiste de uma matriz em alto relevo produzida em madeira. O relevo é gravado através de materiais cortantes específicos. O artista "entalha" seu desenho na madeira, ao modo de um escultor. Depois disso, a matriz recebe a tinta e vai para a prensa com o papel. Há também a impressão com as costas de uma colher. Esta técnica exige grande habilidade do artista e permite a obtenção de detalhes que a prensa não consegue alcançar.

CCéu vermelho - Goeldi - 1950 - Xilogravura a cores

Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/imag

ens/079_08.jpg

Page 63: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

62

• A atividade prática será desenvolvida com folhas A5 pretas, pranchas com

reproduções de gravuras de Iberê Camargo, lápis de cor e giz de cera

brancos. As classes serão disposta em circulo, e a atividade será realizada

em conjunto, assim irão representar a gravura em relevo e como se forma

uma imagem.

• Com o auxilio da música irão formar desenhos na folha preta buscando o

elemento principal representado na prancha que foi distribuída, quando o

som pára, a prancha utilizada é passada ao colega da direita. E assim

sucessivamente, até que a prancha inicial volte ao aluno. O tempo que cada

aluno fica com a prancha vai alternando.

Recursos

• Pranchas com reproduções de gravuras de Iberê Camargo.

• Folha A5 preta.

• Lápis de cor e giz de cera brancos.

• Quadro-negro e giz.

• Música.

Avaliação

• Interatividade durante o diálogo explicativo.

• Empenho e desempenho na atividade prática.

Page 64: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

63

Realizado

Nesta aula houve um contra tempo, foi trocada a fechadura de nossa

sala e tivemos que ir para outra, isso nos tomou alguns minutos.

Expliquei que nesta aula falaríamos sobre a gravura e seu processo.

Para isso levei o texto “Gravura” de Mauro Andriole, que resume bem como é o

processo da gravura em metal, litogravura e xilogravura. Foi feita a leitura do texto,

com pausa para as devidas explicações. Também levei meu portfólio de gravuras

para que pudessem tocar nas matrizes, sentindo a textura de cada uma delas.

Falamos sobre os tipos de gravuras, fizeram perguntas, houve muita

participação de todos.

Em seguida pedi que colocassem as classes em circulo, pois

faríamos uma atividade em conjunto, e distribui folhas pretas, um giz pastel oleoso

de cores diversas e pranchas com reproduções das obras de Iberê Camargo para

cada um deles. O ideal seria só da cor branca, mas como poucos trouxeram, teve

que ser assim, mas no final ficou mais interessante e divertido.

Alunos produzindo os trabalhos (Fonte: SILVA, 2010).

Page 65: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

64

Expliquei como seria nossa atividade, que iria representar a gravura

em relevo, cada um deles começaria a desenhar o elemento principal da obra de

Iberê que foi distribuída, depois de alguns minutos desenhando, peço que passem

para o colega ao lado a prancha com a obra de Iberê e o giz, com a próxima

prancha continuar o desenho iniciado, o transformando criando novas

possibilidades com o efeito das cores novas a cada troca. Foram trocando de

prancha e giz até que recebessem a sua prancha inicial. Foi utilizada música

durante a aula, que facilitou o desenvolvimento do trabalho.

Um trabalho coletivo, cada um dos trabalhos era de todos, pois todos

criaram tal composição juntos. Conversamos sobre o trabalho, todos gostaram e

entenderam o processo de gravura.

Relembrei que o ideal seria que todos os lápis fossem brancos para

dar um efeito melhor.

Trabalho do aluno Marcelo. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 66: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

65

Após a atividade arrumaram as classes, solicitei que na próxima aula

trouxessem um espelho pequeno ou uma foto sua de rosto.

2.4.4. AULAS 7 E 8

Planejado

Objetivos

• Desenvolver o imaginário e o espírito criativo.

• Buscar composição de imagens.

• Expressar de diferentes formas o modo de ver as obras.

• Incentivar a capacidade criadora, partindo de um “objeto” já posto em cena.

Conteúdo

• Desenho

• Proporção, harmonia, simetria e espaço.

• Traço, linha, luz e sombra.

Metodologia

• Exposição de imagens

• Expositiva dialogada

• Prática individual.

Page 67: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

66

Desenvolvimento

• Será revisado o conteúdo trabalhado nas aulas anteriores a partir de um

debate com a turma.

• Nesta aula a proposta é continuar a obra de Iberê, baseando-se em todas

as obras já vistas, todos irão receber cópias de obras em preto e branco e a

partir dessas obras criar um ambiente, um cenário, cores, outros

personagens, e assim “complementar” a obra, colocar o que falta no seu

modo de ver. Recriar a obra do artista.

• Enquanto o trabalho é desenvolvido pelos alunos, algumas obras de Iberê já

vistas anteriormente, estão expostas no quadro.

Recursos

• Cópias de obras de Iberê Camargo.

• Reprodução de obras.

• Material para desenho.

• Quadro-negro e giz.

Cópias de obras distribuídas aos alunos (Fonte: SILVA, 2010).

Page 68: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

67

Avaliação

• Será considerado satisfatório se o aluno considerar os elementos da

linguagem visual nas imagens produzidas.

• Bom diálogo sobre o conteúdo.

Realizado

Na semana anterior, por motivos particulares não pude comparecer a

aula, então a professora titular assumiu a turma.

Na ultima aula solicitei que os alunos trouxessem para essa aula

uma foto ou um espelho. Minha proposta era trabalhar o auto-retrato, priorizando os

que Iberê fez durante a vida.

Acabamos não fazendo o trabalho com os espelhos e fotos, pois a

professora titular realizou outro trabalho com esse material na semana anterior.

Falamos sobre o auto-retrato, demonstrei as diversas maneiras de se

retratar, e como o mesmo artista pode fazer auto-retratos tão diferentes, como

Pablo Picasso. Foi citado Van Gogh, houve curiosidade da parte deles em saber

sua história, falamos sobre o artista e algumas curiosidades de sua vida.

Iniciamos nossa aula falando das obras de Iberê, mas desta vez

prestando atenção no cenário das obras, o que há em segundo plano. Dentro de

alguns exemplos, buscamos a luz, de onde ela vinha? Notando a profundidade, o

segundo e terceiro plano.

Foram analisando as obras e construindo um olhar mais apurado. O

que eles não percebiam na imagem, procurava criar caminhos para que essa

percepção aflorasse.

Page 69: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

68

Depois desta conversa, iniciamos a atividade prática.

Distribui a todos folhas em branco e pequenas cópias variadas em

preto e branco de reproduções de obras de Iberê. Essas cópias deveriam ser

coladas na folha onde achassem melhor e em seguida criassem um cenário para a

obra, com se eles fossem continuar a obra do artista.

Trabalho da aluna Emilena. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 70: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

69

Alguns preferiram só desenhar, então copiaram a reprodução da

obra e daí seguiriam para seu próprio cenário. Outros colaram a cópia na folha e

partiram daí o desenho. Cada um a sua maneira, descobriu a melhor forma de

desenvolver o trabalho.

Bons trabalhos se formaram, criando luz, sombra, volume, o que

refletiu nossa conversa inicial.

Trabalho do aluno Marcelo. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 71: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

70

2.4.5. AULAS 9 E 10

Planejado

Objetivos

• Conhecer mais sobre a prática da gravura.

• Buscar composição de imagens.

Conteúdos

• Gravura

• Formas e luz.

Metodologia

• Expositiva dialogada.

• Produção plástica.

• Prática individual.

Desenvolvimento

• Será revisado tudo que foi visto sobre gravura, quais os tipos, como é o

processo. Será anunciado que nesta aula iremos realizar a gravura em

relevo. Em seguida, será distribuído chapas de M.D.F. para que seja

montada a matriz, em uma mesa, ficará a disposição E.V.A., tesouras,

colas.

• Depois da matriz montada e entintada, iremos realizar as impressões.

• As gravuras serão colocadas em um varal improvisando no fundo da sala.

Page 72: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

71

Recursos

• Chapa de M.D.F.

• Chapa de E.V.A.

• Tesoura, cola e estilete.

• Quadro-negro e giz.

Avaliação

• Interatividade durante o diálogo explicativo.

• Empenho e desempenho na atividade prática.

Realizado

Feita a chamada, pedi atenção de todos, relembrei o que estudamos

sobre a gravura, uma das linguagens que Iberê utilizava para compor sua obra. Fiz

algumas perguntas referentes ao tema, e houveram boas respostas.

Expliquei que nesta aula, colocaremos em prática o processo da

gravura, que já havíamos falado nas aulas anteriores.

Deixei claro que esse era um processo modificado, com materiais

simples e sem o uso de ferramentas profissionais. E que o mais importante era

experimentar o procedimento de impressão de uma imagem em relevo.

Distribui a todos chapas de madeira M.D.F. para que fosse montada

a matriz da gravura nela. Em uma mesa distribui E.V.A., tesouras com diversos

recortes diferentes e colas.

Então solicitei que formassem uma imagem na chapa de M.D.F. com

o auxilio do E.V.A., da cola e tesoura, podendo ser figurativa ou abstrata.

Page 73: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

72

Em seguida, iniciaram os trabalhos, e foram logo buscando materiais,

e fazendo suas composições.

Em outra mesa montei o material para o processo de impressão, com

esponja, rolinho, colher de pau, nanquim, entre outros.

Conforme terminavam a composição da matriz, organizavam-se em fila para

que eu os ajudasse na impressão. Expliquei passo a passo do processo, fiz

associações com algumas obras. E a diferença entre a Xilogravura, Litogravura e a

gravura em Metal.

A cada nova impressão, o entusiasmado era visível. Ficavam

impressionados com os efeitos, que surgiram. Os orientei para que numerassem as

folhas e assinassem.

Logo após a impressão, colocavam as gravuras em um varal,

montado no fundo da sala.

Trabalho do aluno Marcelo. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 74: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

73

2.4.6. AULAS 11 E 12

Planejado

Objetivos

• Conhecer o processo de pintura de Iberê Camargo

• Perceber as sobreposições que o artista usava em seus trabalhos

Conteúdo

• Percepção/observação.

• Pintura

Aluna Tuane colocando as gravuras para secar. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 75: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

74

• Cores e tonalidades

Metodologia

• Expositiva dialogada

• Produção plástica

• Laboratório de informática

Desenvolvimento

• Buscar que os alunos entendam como era o processo de criação do artista

Iberê Camargo, como sua pintura era densa e pastosa, alguns elementos só

poder ser notados com a apreciação de um vídeo. Iremos ao laboratório de

informativa para assistir o vídeo “Iberê em Processo”, no site da fundação do

artista.

• Após voltaremos à sala de aula e iremos representar uma obra de Iberê,

agora com conhecimento do processo e resultado da obra do artista.

Recurso

• Quadro-negro e giz

• Reprodução de obras.

• Papel pardo Folha A5.

• Material pintar.

Avaliação

• Análise do trabalho pratico desenvolvido, se o conteúdo foi assimilado.

• Empenho na realização do trabalho.

Page 76: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

75

Realizado

Desde o inicio de nossas aulas, comento que gostaria muito que os

alunos assistissem o vídeo, “Iberê em Processo”, para terem uma noção melhor de

como era o caminho que Iberê percorria em suas obras até chegar ao resultado.

Quantas tantas camadas de tinta há em suas obras, infelizmente, as reproduções

das obras, por melhores que sejam, não transmitem toda a intensidade das

pinturas. Não se percebe a textura. Mas o mais importante com o vídeo é perceber

como acontece o processo.

Por isso na semana anterior reservei o laboratório de informática, e

fomos até lá assistir o vídeo, e aproveitando o ensejo, relacionei alguns sites que

considero importante, que trazem informações sobre arte, buscas e algumas

curiosidades.

Ao retornamos a sala de aula, conversamos sobre o vídeo assistido,

e a opinião de todos era que realmente não tinham noção de como era o processo

nas obras de iberê. Embora eu tenha sempre comentado sobre o modo que o

artista pintava, mas não há mesmo como ter essa noção sem ver.

Logo propus uma atividade de releitura de obras de Iberê. Foram

distribuídas folhas de papel pardo a todos.

Em uma mesa foram distribuídas algumas obras de Iberê, tintas e

pincéis. Escolhiam qual obra iriam fazer a releitura e com auxilio das tintas e pincéis

iam compondo sua obra.

Foram desenvolvendo o trabalho, aos poucos se percebia que muitos

buscavam tons escuros, faziam muitas misturas de cores, mas também não fugiam

das formas da obra escolhida.

Page 77: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

76

O interessante é que, assim como Iberê, muitos trabalhos no início

da pintura tinham uma aparência totalmente diferente do trabalho final.

Trabalhos muito interessantes surgiram. Deixaram estampada sua

personalidade nos trabalhos, cada uma a sua maneira.

2.4.7. AULAS 13 E 14

Planejado

Objetivos

• Desenvolver o imaginário e o espírito criativo.

Trabalho da aluna Emilene. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 78: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

77

• Sentir a musica, seguir movimentos

• Interagir com o grupo

Conteúdo

• Pintura.

• Proporção, harmonia, simetria e espaço.

• Traço, linha, luz e sombra.

Metodologia

• Expositiva dialogada.

• Prática individual.

• Musica.

Desenvolvimento

• Será revisado o conteúdo trabalhado nas aulas anteriores a partir de um

debate com a turma.

• Nesta aula a proposta é que os alunos sintam-se livres para representarem

suas emoções através da música. Para isso uma parede será forrada com

papel pardo, tintas e pincéis estarão a disposição para a pintura. Todos irão

compor o trabalho juntos

Recursos

• Tintas e pincéis

• Papel pardo

• Música

• Quadro-negro e giz.

Page 79: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

78

Avaliação

• Bom diálogo sobre o conteúdo.

• Empenho e desempenho do aluno na realização do trabalho proposto.

Realizado

Nesta aula poucos alunos estiveram presentes, fiz a chamada como

de costume.

Iniciamos uma conversa sobre todas aulas anteriores, relembramos

os conteúdos e as atividades já executadas. Das conversas, das dúvidas

levantadas e sanadas por eles. Também lembramos do artista Iberê Camargo, o

qual inspirou o andamento de nossas aulas.

Pensando em todo o desenvolvimento das aulas, propus aos alunos

que fosse realizado um trabalho com toda turma.

Com papel pardo forrei uma das paredes da sala, dispus em uma

mesa material para pintura, pincéis e tintas, potinhos para misturas, panos de

limpeza e carvão.

Page 80: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

79

Além das tintas que já havíamos usado em outras aulas, também

levei carvão vegetal para terem mais uma possibilidade no desenho.

Pedi a todos que lembrassem tudo que já tratamos nas aulas, pedi

também que usassem as cores, fizessem misturas e experimentassem.

Nenhum deles conhecia o carvão vegetal. Todos iniciaram o trabalho

usando o carvão e em seguida entram com as tintas. Acabaram interferindo um no

trabalho do outro, fazendo uma continuação interessante.

Ao final dos períodos, os alunos ajudaram a recolher os materiais. A

pintura realizada pelos alunos ficou na parede, uma aluna foi encarregada de

guardá-la após a secagem da tinta.

Entreguei todos os trabalhos que desenvolvemos ao longo dessas

quatorze aulas. Entreguei também uma pequena lembrança a todos, um bombom

com uma mensagem

Alunos Silvia, Alex, Bruna e Bruno. (Fonte: SILVA, 2010).

Page 81: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

80

Por fim, agradeço a todos a atenção e a confiança depositada em

mim durante todas nossas aulas. Deixo meu contato de e-mail, e prometo avisá-los

a data de minha formatura, assim como foi falado em nossa primeira aula.

Page 82: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

81

CONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃO

Analisando meus relatos das aulas, após muitas reflexões, percebo

alguns acontecimentos que durante as aulas passaram despercebidos. Atitudes

que eu deveria ter tomado, coisas que deveria ter falado. Talvez tenha sido um erro

não ter percebido os sinais dados pelos alunos, sinais estes, deveriam ter me

guiado durante todas as aulas. Mas o erro nos leva a buscar novas possibilidades,

criando novas situações e reações que se tornaram extremamente importantes

para o andamento das aulas e me mostraram uma direção a seguir.

Desde a primeira aula desejei muito que tudo desse certo,

exatamente como estava no projeto de ensino. E hoje percebo que o meu querer

excessivo, acabou me fechando os olhos para outras coisas importantes. Parece

que o que eu considerava fora do meu querer, não era o certo, e minha

preocupação era fazer esses “acidentes de percurso” serem como eu queria, triste

erro. O erro para mim era o acerto para os alunos, mas eu não entendia desta

maneira. O meu erro era crer que os alunos iriam ter os mesmos pensamentos que

eu quando entrassem em contato com a obra, como se tudo já estivesse pronto e

todos nós fossemos iguais. Esperava um resultado criativo e espontâneo. Sempre

Page 83: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

82

tentava puxá-los para o que eu achava o ideal. Mas o ideal era o que eles faziam,

descobrindo gradualmente o que e como queriam trabalhar.

A minha grande expectativa delimitou o projeto inicialmente, mas a

convivência com os alunos foi me deixando segura pra fazer mudanças em meus

planos. Mais segura com relação aos alunos e com minha postura diante deles.

Isso me fez em cada aula buscar informações transmitidas pelos alunos, tentando

sempre adequar meu projeto a atividades que despertassem a curiosidade e

criatividade

Logo na primeira aula os alunos demonstraram ser atentos e

perceptivos. Quando distribui algumas pranchas para que analisassem. Viraram-

nas de todos os lados buscando o significado para o que viam. Procuravam um

sentido para tudo. Mas a proposta desta atividade era exatamente essa, que eles

descobrissem o sentido que tal obra tinha para eles. Percebi que para eles toda

forma vinha acompanhada de um sentido. Sentido que era ditado por eles. E que foi

sendo construído ao longo das aulas. Após analisarem as pranchas, solicitei que os

alunos escrevessem em um pequeno pedaço de papel, que eu mesma distribui,

pelo menos dois sentimentos que eles sentiram ao entrar em contato com as obras

do artista.

Nesta atividade aconteceram dois fatos importantes: o primeiro foi

um pequeno-grande erro meu, o tamanho do papel distribuído. Porque um papel

tão pequeno? Será que esse papel era proporcional ao tamanho da minha

expectativa com relação aos alunos? E o segundo, é que mesmo os alunos tendo

esse espaço tão limitado do pequeno papel, não se intimidaram em escrever não só

sentimentos, palavras soltas, mas frases que refletiam que os alunos já estavam

adiante do que eu propunha a eles. Pensava que neste primeiro contato os alunos

iriam ficar surpresos e até desconfortáveis ao ver as obras do artista, que

representava em sua maioria imagens sombrias e disformes. Ao contrario do que

Page 84: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

83

eu imaginei, os alunos foram super críticos e originais, nesta discussão sobre as

obras do artista Iberê Camargo.

Reconheci que um pequeno papel já não era o suficiente para

exporem suas vontades. Em alguns momentos subestimei os alunos, pensando que

eles não estavam entendendo a minha proposta. Mas eu é que não estava

compreendendo as mensagens transmitidas por eles.

Aprimorando também meus ensinamentos nas aulas, buscando

sempre melhorar e ser compreendida propus então o contrário. Que baseados em

sentimentos descritos por outros colegas, compusessem uma forma, da maneira

que achassem melhor. Apesar dos sentimentos no papel ao ver a obra do artista

terem sido bem descritos, ao transformar estes sentimentos em forma, tiveram

dificuldade em se “encontrar” diante de emoções que não eram as suas com

relação à obra que fora avaliada. Pensando friamente, me questiono: se já é tão

difícil definir nossos próprios sentimentos, imagina o sentimento alheio.

As imagens pareciam já ser pré-determinadas pelos alunos, afinal,

imagens fazem parte de nosso cotidiano, e nossa relação com elas é

imprescindível. Informações visuais são diariamente distribuídas e acabam por

influenciar nosso olhar. Criando, se descobre um novo significado para o trabalho

produzido. O criador transforma o que foi percebido em linguagem plástica

reconstruindo a forma e atribui um novo significado a ela.

A cada aula eu conhecia melhor os alunos, fui buscando caminhos

para atingi-los da melhor maneira, e sei que, para o jovem, tudo que é visual é

importante. E, se não é agradável visualmente, não é interessante. Procurei então

falar a língua deles, mudando o modo de falar e de me portar. Na verdade não

mudei, apenas mostrei que na verdade, eu também tinha os mesmos gostos que

eles, inclusive nas músicas e nas roupas. Eu sempre pensei que a professora para

ser respeitada em sala de aula, precisaria criar um personagem, de uma pessoa

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84

mais velha e recatada. E era isso que tentei fazer. Triste engano. Não é a idade que

se faz respeitar, é a professora que deve se impor, não com de gritos, mas

sutilmente, em tudo que é transmitido para o aluno, lhe dando abertura para expor

suas idéias discutindo opiniões, promovendo debates e respeitando as posições

defendidas buscando uma consciência critica e educadora, pois se o aluno for

respeitado, o respeito pelo professor será a recompensa.

No decorrer das aulas, busquei seguir os ensinamentos da primeira

aula, prestando mais atenção às reações e direcionando o caminho do trabalho.

Desta vez tratando de objeto e sentimento. Na segunda aula, baseada nos carretéis

de Iberê Camargo, na qual foi visto o apego do artista pelos carretéis, que remetiam

à sua infância e ao seu passado. Pensando nisso, propus que descrevessem qual

forma ou objeto seria para eles algo tão importante quanto os carretéis eram para

Iberê Camargo e qual a importância atribuída a essa forma. Surgiram lindas

historias de um verdadeiro amor, bem descritas e elaboradas, não tão extensas,

mas suficientes para emocionar. Pedi que transpusessem para o papel o objeto ou

a forma que eles tinham descrito anteriormente. Notei que neste trabalho,

diferentemente da primeira aula, os alunos ficaram mais à vontade para colocar no

papel sentimentos que partiram deles, e tinham total conhecimento da causa para

elaborar a forma.

Na aula em que iniciei com os alunos o ensino da gravura, muito

superficial, já que o processo completo é um tanto complicado, notei o interesse

dos alunos por essa arte que não conheciam. Apesar de aparentemente a atividade

ter sido confusa, visto que não estávamos efetivamente fazendo a gravura, mas sim

percebendo o caminho que ela percorre, e de ter mais falado do processo do que

efetivamente ter feito, noto que o interesse e a participação foi visível. Percebi que

este assunto os interessava e busquei esse interesse nas aulas seguintes.

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85

Duas aulas depois, retomei a gravura, com certeza houve uma certa

distância entre essas aulas, quando deveria haver uma continuidade. Algumas

coisas já haviam se perdido, mas retomamos o que já tínhamos falado. Desta vez a

proposta era realmente acompanhar cada passo da gravura em relevo. E isso foi

feito com muito entusiasmo e esforço. Foram criando a sua própria maneira de

desenvolver o trabalho. Percebi que a curiosidade dos alunos em ver os resultados

aumentava conforme o processo se desenvolvia. A turma toda andou junto,

empolgada em realizar a montagem da matriz.

Na aula seguinte foi realizado um trabalho de análise de algumas

obras de Iberê. Notei o quanto é importante a participação do professor nesta

análise para a construção de um olhar mais apurado e perceptivo dos alunos.

Desafiar o aluno a pensar, buscar e fazer associações importantes sobre o que já

foi visto, constrói um aluno mais receptivo e confiante em seus conhecimentos.

Por vezes fique surpresa durante as aulas pelas diversas reações

diante das propostas. Reações e resultados um tanto quanto inesperados. Mas aos

poucos percebi que a evolução estava acontecendo, fiz com que eles tivessem um

contato mais direto com a arte e isso os transformou, num amadurecimento

contínuo.

Na realidade não havia me dado conta de que na verdade, eu,

mesmo sem experiência de ensino, estava transmitindo meu conhecimento a eles.

Estava realmente exercendo a prática de ensino. Claro que esse processo foi

gradual, tanto por minha parte quanto pela dos alunos.

Defino a prática da docência como uma grande troca, atribuída ao

conhecimento do aluno e do professor, a essa bagagem construída por

experiências dentro e fora da escola, concepções que constituem a personalidade,

a integridade e a criatividade das pessoas.

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86

Após a desilusão inicial a respeito do resultado dos alunos, entendo

que tudo tem um processo que foi desenvolvido espontaneamente pelos alunos,

gradualmente no tempo de cada um. Inclusive no meu tempo também, afinal,

descobri com os alunos que os ensinamentos se fixam pela prática. E que errar é

fundamental para este processo de criação.

Os alunos descobriram por eles mesmos os caminhos a serem

seguidos. Meu maior esforço era para não interferir nas vontades, e nas imagens

que eles representavam. Instiguei, propus questões referentes aos estereótipos que

ocorriam freqüentemente. Com a intenção de que eles realmente observassem tudo

a sua volta. Como de fato são os objetos que o cotidiano apresenta (linhas, cores,

sombras e texturas). Tudo isso propiciou em grande parte do grupo, um modo de

ver diferente e representar o que vêem.

Percebo que nada vem pronto e que a vida é um eterno processo a

ser descoberto constantemente. Eles tinham um processo a ser cumprido, e sei que

contribui para isso.

Os diferentes aspectos da criação artística seguem caminhos entre

sujeitos e idéias. Desta forma há uma serie de fatores que direcionam as

concepções estéticas entre alunos e professores. Portanto, a produção é uma

maneira de estabelecer diálogos entre os sujeitos e suas idéias sobre o objeto de

conhecimento. Desta forma, é necessário refletir sobre uma arte dialogada. Uma

negociação de sentidos, aquilo que na sala de aula é aceito pelo grupo. Gostos,

usos e costumes que se transformam em arte pelo aluno criador. O professor é o

avaliador do processo, deve olhar por todos os ângulos e julgar a produção a partir

de suas concepções.

Uma proposta desafiadora que parte do professor impulsiona os

alunos no processo de criação. Durante esse processo o aluno expressa suas

vontades e opiniões que acaba por revelar suas intenções. O professor, por sua

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vez, questiona idéias sugerindo leituras, pesquisas e apontando caminhos,

garantindo que o conhecimento seja aprofundado. As interferências devem se

direcionar à trajetória, e não atrapalhar os processos. Articulando a imaginação e o

fazer artístico, se concretizada a obra. O que foi criado na imaginação adquire nova

forma no fazer, visto que são dois momentos distintos da criação.

Pertencemos a um mundo de visualidades coberto por imagens.

Viver nos espaços urbanos é deparar-se constantemente com diferentes apelos

visuais da mídia, propagandas, jornais, fotografias e imagens da internet. Essas

formas interferem na compreensão que se tem sobre o cotidiano, contribuindo para

formação de idéias sobre culturas, acontecimentos e lugares. Essas imagens

acabam gerando a necessidade de serem interpretadas, criando uma visualidade

dentro de determinadas concepções. Cores e formas selecionadas para uma

imagem se relacionam com a cultura que lhe atribui sentido.

Dando sentido ao que é cotidiano e ao convívio social, a arte cria

maneiras para interpretar o que vemos, superando a realidade e desenvolvendo a

imaginação criadora, buscando caminhos para discordar, alterar e compreender o

que o cotidiano nos mostra.

Eu buscava sempre a "perfeição" nos trabalhos, por isso a

diversidade nas propostas abordadas. Mas entendi na prática que cada um tem o

seu tempo, e uma aptidão, e que cada um inclusive eu, tem uma história. Com

Iberê não foi diferente, ele tinha uma grande vontade de aprender e foi em busca de

conhecimento, mas tudo a seu tempo. Tempo de descobrir, de experimentar, de

recordar, de transformar, de pintar e de relembrar do passado buscando a linha da

vida nos carretéis da infância. Penso que as lembranças são a melhor forma de

recriar o hoje, descobrindo um novo sentido a tudo que pensa já ser conhecido.

Cada um de nós tem essa bagagem que levamos sempre junto de

nós ela é única, como uma impressão digital. Ela não pesa, não nos deixa

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cansados, pelo contrário, nos engrandece, nos deixa confiantes e seguros. Essa

bagagem é o nosso conhecimento, que se intensifica constantemente com novas

experiências e convivências partilhadas diariamente.

Considero esse projeto, A Linha da Vida nos Carretéis de Iberê

Camargo, um grande alinhavar de idéias. Idéias minhas, dos alunos e dos

professores que me orientaram até aqui. Experiências compartilhadas em um único

carretel e com uma só linha.

Page 90: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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Page 91: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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APÊNDICES

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Apêndice 1 - Questionário aplicado com a direção da Escola Estadual de 1º e 2º Graus José Gomes de Vasconcelos Jardim.

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Apêndice 2 - Questionário aplicado com a Coordenação da Escola Estadual de 1º e 2º Graus José Gomes de Vasconcelos Jardim.

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Apêndice 3 - Questionário aplicado com a Professora da Escola Estadual de 1º e 2º Graus José Gomes de Vasconcelos Jardim.

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Apêndice 4 - Questionário (1) aplicado com Aluno da turma observada na Escola Estadual de 1º e 2º Graus José Gomes de Vasconcelos Jardim.

Page 97: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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Apêndice 4 - Questionário (2) aplicado com Aluno da turma observada na Escola Estadual de 1º e 2º Graus José Gomes de Vasconcelos Jardim.

Page 98: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

97

Apêndice 4 - Questionário (3) aplicado com Aluno da turma observada na Escola Estadual de 1º e 2º Graus José Gomes de Vasconcelos Jardim.

Page 99: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

98

Apêndice 4 - Questionário (4) aplicado com Aluno da turma observada na Escola Estadual de 1º e 2º Graus José Gomes de Vasconcelos Jardim.

Page 100: A linha da vida nos carretéis de Iberê Camargo

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