View
224
Download
2
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Política
Citation preview
25/12/12 Portal Ciência & Vida - Filosofia, História, Psicologia e Sociologia - Editora Escala.
1/3filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/edicoes/59/artigo219072-1.asp?o=r
Assine 0800 703 3000 SAC Bate-papo E-mail Notícias Esporte Entretenimento Mulher Shopping BUSCAR
Compartilhe |
João de FernandesTeixeira é professor titularde Filosofia naUniversidade Federal deSão Carlos e pesquisadordo CNPq. Escreve acoluna Filosofia da Mentenesta publicação
Palavras-chave
Cadastre-se e f ique atualizado
diariamente com nosso conteúdo.
Seu e-mail
Loja Escala Assine Anuncie SAC - 55 11 3855-1000 Sites Escala
A liberdade é azulPara Heidegger, a tecnologia é sempre nociva. Mas será que há possibilidade de retrocedermos? O desastre noJapão reaquece o debate sobre a liberdade e a responsabilidade para debater e decidir qual tipo de avançoqueremos empregar em nossas vidas
Recomendar Seja o primeiro de seus amigos a recomendar isso.
TweetTweet 0
Desde o início de março, o povo japonês tem atravessado momentos dramáticos. Não bastando o
forte terremoto seguido de um tsunami gigantesco que devastou o nordeste do país, outra ameaça
se configurou. A usina nuclear de Fukushima vazou, pondo em risco a vida e a saúde da população.
A partir de então, as atitudes heroicas do povo japonês se contrastaram com o pânico generalizado
que se espalhou. Paralelamente, iniciaram-se protestos contra o uso da energia nuclear em várias
regiões do mundo, principalmente na Alemanha.
A segurança e viabilidade das usinas nucleares estão sendo fortemente questionadas na Europa.
Até então, elas tinham angariado a simpatia dos governantes e mesmo de ecologistas
entusiasmados, como James Lovelock (autor do célebre livro A vingança de Gaia), que defende as
usinas nucleares como alternativa à geração de eletricidade sem causar aquecimento global, ou
seja, como energia limpa.
Já faz algum tempo que a Europa se preocupa com a geração de energia limpa, tendo retornado
aos moinhos de vento, agora numa versão mais avançada, os geradores eólicos de eletricidade.
Quem viaja por suas estradas não pode deixar de notar as grandes hélices estrategicamente
situadas nas regiões mais elevadas.
Esse retorno a uma tecnologia antiga,
embora em uma forma mais aperfeiçoada,
tem sugerido, para várias pessoas, que os
caminhos da tecnologia estariam mudando. Estaríamos retornando,
sutilmente, a algum tipo de tecnologia medieval? O que significa essa
espécie de zigue-zague da história?
O aparente fracasso das usinas nucleares pode ser interpretado como
sintoma de algo muito mais complexo: estarão as tecnologias humanas
fracassando? Qual o futuro da tecnologia daqui para diante?
Em 1953, o filósofo alemão Martin Heidegger tentou formular uma
resposta a essas questões. No seu ensaio A questão da técnica,
originado de uma conferência proferida na Escola Superior Técnica de
Munique, ele previa um futuro apocalíptico para a tecnologia humana.
A ocasião não era muito diferente do que ocorre no Japão atualmente. O
ensaio fora escrito nos anos que sucederam a Segunda Grande Guerra,
que terminou em 1945 com o holocausto nuclear de Hiroshima e
Nagasaki. A diferença com o Japão de hoje é que a catástrofe, agora, é
provocada por fenômenos naturais imprevistos. A vingança de Gaia estaria
apenas começando...
Heidegger julgava que a tecnologia é intrinsecamente nociva. Sua
aparição e posterior predomínio na paisagem planetária seriam um
desdobramento de um caminho errado pelo qual a história do pensamento
ocidental enveredou a partir do século XVII, tendo como protagonistas
figuras como Galileu e Descartes. Foi nessa época que a Filosofia se
inclinou em direção a uma imagem matematizada e mecânica do
universo. A partir daí, a Ciência se aliou à técnica e esta se tornou a
tecnologia que temos hoje.
Edição nº 76
SUMÁRIO DA EDIÇÃO
MATÉRIA DE CAPA
REPORTAGENS
O QUE É FILOSOFIA?
EDIÇÕES ANTERIORES
EXPEDIENTE
FILOSOFIA
LEITURAS DA HISTÓRIA
PSIQUE
SOCIOLOGIA
AGENDA
ARTIGOS
25/12/12 Portal Ciência & Vida - Filosofia, História, Psicologia e Sociologia - Editora Escala.
2/3filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/edicoes/59/artigo219072-1.asp?o=r
Quero acessar...
Publicidade
Adicionar Favorito
Links Úteis
O acesso ao conteúdo do
portal Ciência&Vida é
identif icado por cards.
Assinante
Cadastrado
Um dos exemplos de Heidegger era a construção de hidrelétricasque, para ele, eram intrinsecamente nocivas
MALES MODERNOS?
Diferentemente da técnica no mundo grego, a tecnologia moderna visa ao domínio e à exploração da natureza. O que hoje
chamamos de desastre ecológico já estava previsto nas entrelinhas do texto de Heidegger. Para ele, a tecnologia é uma vereda
em direção à autodestruição da humanidade.
Um dos exemplos favoritos de Heidegger (e ainda citado por vários autores que o apoiam) era a construção de hidrelétricas. Uma
hidrelétrica era, para ele, algo intrinsecamente nocivo, pois nela ocorre a apropriação e não a utilização das forças naturais. De
hidrelétricas não se poderia esperar nada bom. Na medida em que a tecnologia visa ao domínio da natureza, ela acaba por
destruir o meio ambiente. Se estivesse vivo, certamente Heidegger engrossaria os protestos contra a construção da usina de
Belo Monte. A mesma destruição do meio ambiente ocorre, por exemplo, com a mineração que, praticada a partir dos tempos
modernos, visa somente à exploração do mundo natural. (Parece que Heidegger não sabia que a mineração é uma prática que
remonta aos romanos e não algo tipicamente moderno).
Nesse cenário tecnológico autodestrutivo, a inteligência artificial, que na década de 1950 ainda era chamada de cibernética,
constituía, para Heidegger, a grande vilã. A cibernética representava não apenas a mecanização da imagem do mundo, mas
também do próprio pensamento humano. O uso indiscriminado de computadores para organizar as sociedades, que se iniciou
na década de 1950, levaria a um inevitável aviltamento do ser humano, agora transformado em simples número. Heidegger não
sabia que a Ciência da Computação, iniciada 20 anos antes pelo matemático inglês Alan Turing, nada tinha a ver com a
massificação das sociedades, mas, muito pelo contrário, era concebida como uma ferramenta para estudar o funcionamento do
pensamento humano e seu potencial matemático.
Heidegger , o tecnófobo
Apesar de ter vivido a maior parte de sua vida no século XX, Heidegger recusouse a utilizar uma simples máquina
de escrever para produzir seus textos filosóficos. E não poupou uma crítica a Nietzsche por ter datilografado seus
livros, ainda no final do século XIX. Os tecnófobos se apropriaram do ensaio heideggeriano sobre a tecnologia para
exprimir seus mais variados anseios antitecnológicos e anticientíficos, sendo que, na maior parte das vezes, as
motivações reais eram mais religiosas do que propriamente filosóficas. A questão da técnica tornou-se o texto
predileto daqueles que desejam opor Filosofia e Ciência, e seus ecos encontraram continuidade na crítica à
tecnologia feita por Marcuse e pela escola de Frankfurt anos mais tarde.
PÁGINAS :: 1 | 2 | 3 | 4 | Próxima >>
Encontre-nos no Facebook
Rodrigo Daison Miro Sabrina Gean Lucas Gabriel Thiago Fernando O smar Paloma A nderson Daisy de F rancely
Glay son Janda Rafael Renato Fabrício Iv y C amila Gean Larissa Thiago Tobias Miltinho A lex
Portal Ciência & Vida
13,845 pessoas curtiram Portal Ciência & Vida.
Curtir
Plug-in social do Facebook
Assine as publicações do núcleoCiência & Vida.Matérias, novidades acadêmicas,
reportagens e muito mais.
Edite Seu LivroConosco
Fazemos Catalogaçãoe ISBN.
Peça Orçamento SemCompromisso
www.iglueditora.com.br
Faça já a sua assinatura!
PsiqueDesvende a mentehumana
Assine por 1 ano
SociologiaUm olhar sobre o mundoque no para.
Assine por 2 anos
FilosofiaPensamentos universaisde forma objetiva e semcomplicaes.
Assine por 1 ano
Leituras da HistriaFatos e personalidadesque deixaram suasmarcas.
Assine por 1 ano