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A INVENÇÃO DA SALA DE AULA
UMA GENEALOGIA DAS FORMAS DE ENSINAR
Inês DusselMarcelo Caruso
Sala de aula inglesa
Sala de aula alemã
NASCE A SALA DE AULA: RELIGIÃO COMO PARTEIRA
• Idade Média→ Universidades (elementos da cultura clássica) – público minoritário, mas diversificado
• Itinerantes; pensionatos → estatutos permanentes; inicialmente espaços para atividades religiosas
- Internato condição ideal (formação completa)
• Definição de espaço “separado” – sala
• Alfabetização de crianças (não havia método – não existia infância)
• Martinho Lutero (1483-1546)
• Teses contra práticas e crenças da Igreja (Protestantes)
• Reforma e Contra Reforma
→ Pedagogia: governar almas• Alunos como rebanhos: poder
pastoral (governar pessoas)• Consciência para produzir
uma nova obediência
Calvinistas
• Homens “à imagem e semelhança” das escrituras cristãs
-Universidade de Glasgow: residência de um reitor; uma área por professor; promoção de estudantes de acordo com a conduta – curriculum
• Jan Amos Comenio (1592- 1670)
- Didactica Magna(1632) – fundação da didática
*Sistema de metáforas; base na natureza; eficácia da transmissão como questão central; oposição ao castigo; salas agradáveis
- Sala de aula tradicional: professor diante dos alunos
• Motivação atenção: remover obstáculos• Princípios: nada sobre estrutura das salas →
mensagem chegando aos alunos
• Panteísmo → Método Global : professor ordenava uma variedade de alunos diante de si
(missa: freqüência; hierarquia; ritual)
• Obediência pensada: monitores (vigilância)
• Obediência grupal
• Método dos Jesuítas
• Ratio Studiorum
• Jesuítas: →educação da juventude
• Latim; clássicos literários
• Atenção individual (confissão, absolvição)
- muitos alunos: monitor (aluno “adiantado”)
• Memorização; sistema de vigilância mais elaborado; notas escolares (competição)
• Juan Bautista La Salle (1651-1719)
• “Escola para pobres”- donativos
• A Conduta das escolas cristãs
• Método global com a visão moralizadora e de conversão das escolas jesuítas
• Pedagogia do detalhe
• Comunicação menos verbal (silêncio)
• Língua materna como primeira língua de ensino
• Vigilância constante; disposição no espaço
A SALA DE AULA CRESCE: A DISCIPLINA NOS TEMPOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
• Novas condições nas sociedades reivindicavam mudanças na transmissão pedagógica → Método Grupal – Global
• Condições do “crescimento” da sala de aula: transformações das sociedades européias no final do século XVIII
- Revolução Industrial; Revolução Francesa; Iluminismo (luz em oposição à escuridão)
• Surgimento da educação obrigatória: forma para produção em massa da obediência
• Adoção da escolaridade obrigatória; sala de aula; metodologia de ensino→ experiência pela qual passariam todas as crianças
• Surgiram muitas escolas
→ Inglaterra: “escolas de caridade”→ França: Rede escolar de La Salle→ Alemanha : filantropos
• A primeira consolidação da sala de aula global: ESCOLA PRUSSIANA
• KANT: professor universitário (filosofia, política, ética, lecionar pedagogia)
• “Humanizar” o homem• Refletir sobre a relação governo e educação• Catecismo (conteúdos da fé)• Pedagogia: disciplina universitária (Alemanha)
*Didática: ramo da pedagogia
• Segunda consolidação da sala de aula global: a derrota do método do ensino mútuo
• Paralelo à evolução da Escola Prussiana
• Surgiu por volta de 1800, iniciado principalmente por Joseph Lancaster (1778 – 1833)
• Baseado no sistema de alunos auxiliares (monitores)
• Método propagado na Argentina, Chile, Bolívia, México.
Aula pelo Método Lancasteriano:
CLASSE: mostrem suas lousas!
CLASSE: apaguem as lousas!
CLASSE: vamos fazer a lição!
CLASSE: levantem-se!
• Método comparado com o funcionamento da indústria nascente e a estrutura militar
• Produziu-se nela uma série de técnicas para garantir o controle e a docilidade da população escolar: massificar a máquina de ensino
Escola lancasteriana
• Homens não são máquinas, tampouco as crianças. Por isso, essa máquina cuja “matéria-prima” eram pessoas, não podia funcionar inteiramente como máquina.
• Efeitos indesejados: formação de líderes sindicais e políticos.
• Alunos das escolas do método global pareciam mostrar resultados menos evidentes, porém mais seguros (proximidade do professor, apesar da quantidade de alunos por sala)
• Escolas globais não tinham desconfiança do Estado e as lancasterianas tinham em relação ao método.
• Resultados perderam terreno
• Método abandonado na metade do séc. XIX
• Terceira consolidação: a Escola Prussiana dos Princípios Pestolozzianos à Teoria Educativa de Herbart
• Ao mesmo tempo que o método lancasteriano estava no auge na Inglaterra, o desenvolvido na Alemanha mostrava um caminho diferente
• Pestalozzi: apoiou a revolução e foi nomeado cidadão francês
• Método:
• Ensino escolar deriva-se do ensino familiar (escolas pensionatos)
- Professores: 3 pilares (educar a mente; a mão e o coração de seus alunos)
- Baseado em observações (tapete na parede)- Professor condutor dos alunos- Avança na proposta do método global
• Johann Friedrich Herbart (contemporâneo de Pestalozzi)
- Sucessor de Kant
- Ocupou-se com o que hoje seria o ensino médio
- Manteve na pedagogia o vínculo direto das atividades de governo com as atividades de ensino
- 3 princípios capitais: GOVERNO, INSTRUÇÃO E DISCIPLINA
- Manter as crianças ocupadas (a ociosidade leva à desordem)
- Triângulo Pedagógico: Professor; aluno; conhecimento (não eqüilátero – professor “sol” – maior peso)
- “Falar bem” (Herbart)
- Propôs castigo físico quando necessário (proporcional ao erro)
- Passos do ensino ( CLAREZA; ASSOCIAÇÃO; SISTEMA; MÉTODO)
• * Espaço de um governo que buscava adaptar e disciplinar as massas. Principalmente no séc. 19 – movimentos sindicais; operários ou populares
• Quarta Consolidação: os pedagogos da sala de aula simultânea na Inglaterra
• Paralelamente ao trabalhos de Pestalozzi e de Herbart na Alemanha, ocorreram na Inglaterra avanços realizados por pedagogos.
• Caminhos menos atraentes mas mais eficazes ( pensar a estrutura da sala de aula, formas de comunicação e as táticas para alcançar a ordem e a condução os grupo)
• * Educação em massa era um dilema: problemas dos pedagogos
• Samuel Wilderspin (professor)
- monitores, subdivisão do grupo de alunos em classe
- Assim como Lancaster, Wilderpin → queria educar crianças pobres
- Não só ensinar letras e sim formar o caráter. Não só para as crianças e sim para toda a sociedade.
Como conseguir:
→ Pais: estabelecer regras
→ Autoridade pedagógica menos brutal
→ Mudança na edificação e na jornada escolar; recreação
→ Aulas na galeria
Sistema de Wilderspin
A tática escolar no século XX
-- Século XIX: diversidade
Século XX: homogeneização, Estado controlador
• Biopoder (Focault) – administrar a vida das pessoas
• Docente sujeito à disciplina
• Infância não apenas controlada, mas protegida e “civilizada”
• Pedagogia transformada em ciência e arte de ensinar
• Triunfo do capitalismo e do biopoder (população dominada como população)
• Explosão populacional (dinâmica, nova forma de vida)
Capitalismo triunfou quando todos os operários ingleses tomaram seu “chá com açúcar”
• MUDANÇA COMO REGRA, NÃO EXCEÇÃO
• Biopoder - administra o crescimento já existente.
- Aprendizagem passou a ser considerada um processo de desenvolvimento e crescimento.
- Professor deve ser o guia.
Pedagogia normalizadora
• Argentina
• “Educador era portador de uma cultura que deveria impor a um indivíduo incapaz, socialmente inepto e ideologicamente perigoso”.
• Sistema de homogeneização e rotinação da prática docente (eliminar desvios).
• Tática escolar
- Rodolfo Senet - práticas escolares
• Inovações: professor como guia (alunos fazem a maior parte das atividades). Aprendizagem pela descoberta.
• Influência do positivismo
Positivismo
• Criação de um novo credo comum
• Estudar os fenômenos que surgem e como se desenvolvem, reúne fatos, utiliza a observação, experimentação e o cálculo.
- Base: psicologia e biologia
- Leis gerais
• Pedagogia como ciência e arte de ensinar.
• Análise de quem poderia triunfar o fracassar na escola
• Aumento dos requisitos para ser professor (ajuste a regras estabelecidas – disciplina flexível)
- As crianças deveriam ser submetidas a interiorização da regra e da culpa
• Émile Durkheim
• Desenvolver na criança, habilidades necessárias para a vida adulta e para a sociedade.
• Sala de aula como uma pequena sociedade.
• Agrupar crianças com nível semelhante de conhecimento (séries)
Henry Barnard
- Sala de aula mais agradável
- Expansão da redação- Leitura em silêncio - Leis da aprendizagem
- Resumo:
* Pedagogia homogeneizante que levaria à igualdade e definição de diferentes grupos na sala de aula, de acordo com suas origens e capacidades.
Escola “Escolanovista”
• Últimos anos do século XIX
• Hegemonia européia até a 1° Guerra Mundial
• Progressivismo: técnicas
• O professor deveria obter resultados, e não era representante do Estado ou de Deus.
• A escola passou a ser vista como um espaço administrativo.
Ellen Key
• O século das crianças - escola com estrutura inadequada (adaptação as características das crianças)
- Rejeição a ordem de comunicação catequista e os retoques científicos dos normalizadores. -
John Dewey
• A educação deveria representar a vida atual e formar indivíduos abertos e empreendedores.
• A base da educação deveria estar na criança, seus interesses e suas disposições.
• O conhecimento educacional deveria ser provisório e sujeito a revisões.
• Havia discrepância na forma como a criança vê o mundo e como o adulto vê o mundo.
• Resumindo:
• Sob a visão escolanovista, a educação deveria se basear nas necessidades e interesses da criança. Acompanhando e estimulando seu crescimento.
• Os docentes da escola nova viam-se como “libertadores” das crianças, porém basicamente substituíram uma pedagogia “antiga” por uma nova.