A Genese Do Campo Historiografico e as Associacoes de Leitura

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  • Revista de Teoria da Histria Ano 2, Nmero 4, dezembro/ 2010 Universidade Federal de Gois ISSN: 2175-5892

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    Da Gnese do Campo Historiogrfico: Erudio e Pragmatismo nas Associaes Literrias dos Sculos XVIII e

    XIX Fabiana Dias Mestre em Histria PPGH UERJ E-mail: [email protected] RESUMO O presente artigo tem como objetivo lanar luz sobre as nuances que compuseram as letras setecentistas e oitocentistas no Brasil, centrando o debate nas perspectivas antiquaria e moderna da histria. Para tanto, so tomadas como escopo algumas associaes literrias europias, como o Instituto Histrico de Paris e a Academia Real da Histria, bem como expoentes da produo intelectual coletiva do Brasil, tal qual a Academia Braslica dos Esquecidos, a Academia dos Renascidos e o Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro. Palavras Chave: Antiquariado; Academicismo; Historicismo; IHGB ABSTRACT This article aims to shed light on the nuances that made up the letters in the eighteenth century and nineteenth-century Brazil, focusing the debate on the prospects of antique and modern history. This idea will be taken as some scope literary associations of Europe, as the Historical Institute of Paris and the Royal Academy of History, as well as exponents of the collective intellectual output of Brazil, like the Brazil of the Oblivious Academy, the Academy of the Reborn and the Institute of History and Geographic Brazilian. Key words: Antiques; Academicism; Historicism; IHGB

    Fosse em Paris, Berlim, Estocolmo, So Petesburgo (BODECKER, 1999, p.261), ou mesmo em Portugal, a primeira metade do sculo XVIII viu o erudito (ou o douto) conquistar um lugar explcito na sociedade. (MOTA, 2003, p.45) Nesse movimento, as redes de intelectuais foram se institucionalizando em academias, estruturadas de maneira semelhante, desde o leste europeu pennsula. Contempladoras dos saberes de um tempo em que a histria ainda no desfrutava o status de disciplina, as academias converteram a individualidade do labor erudito em atividade coletiva. A organizao do trabalho intelectual em academias

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    passou, ento, a impor a coexistncia de posicionamentos, em detrimento da figura do gnio do investigador solitrio ou do profeta. (MOTA, 2003, p.45) Compartilhando saberes e produzindo conhecimento, esses acadmicos incursionavam por temas amplamente diversos. Cincias naturais, humanidades e artes ocupavam o intelecto dos tais eruditos, ento associados. Nesse cenrio, a histria era pensada de acordo com as tradies antiqurias do colecionismo, trabalho rduo de acumulao, que alheio ao utilitarismo, destinava-se erudio. Os ramos da pesquisa erudita, como a filologia, a cronologia e a arqueologia instrumentalizavam a produo do saber de dimenso universalista, assim, os mais variados assuntos eram abordados como objeto desses letrados que reuniam-se com a finalidade de comunicarem as suas luzes mutuamente, e promoverem as artes e cincias, comunicando-as ao pblico. 1 No Brasil colonial, apesar dos cerceamentos impostos por essa condio, o caracterstico movimento letrado do sculo XVIII tambm floresceu. Institudas majoritariamente na capital Salvador e no Rio de Janeiro, as Academias Braslicas foram marcadas pela tenso peculiar entre pertencer ao imprio portugus e transbordar as fronteiras simblicas dessa dependncia. Das associaes literrias da colnia, as que esboaram um projeto corporativo de escrita da histria da Amrica Portuguesa foram a Academia Braslica dos Esquecidos e a Academia Braslica dos Renascidos. A primeira, fundada em 25 de abril de 1724 em Salvador, sob os auspcios do Vice-Rei D. Vasco Fernandes Cesar de Meneses, tinha como objetivo principal o estudo da histria do Brasil. Entretanto, suas atividades no desfrutaram de longevidade suficiente a essa empreitada, pois cerrou suas portas em 4 de fevereiro de 1725. J a Academia do Renascidos, inaugurada em Salvador no ano de 1759, sob o patrocnio do Desembargador Jos Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo, tinha propsitos mais definidos, o principal deles era editar a Histria Eclesistica e Secular, Geogrfica e Natural, Poltica e Militar da Amrica Portuguesa,2 ambio que,

    1 Ver verbete correspondente Academia em Antonio de Moraes Silva. Dicionrio da Lngua Portuguesa. 5 Edio, tomo I, Lisboa: Typographia de Antonio Jos da Rocha, 1844. 2 Sobre as Academias fundadas no Brasil do sculo XVIII, ver: Novo Dicionrio de Histria do Brasil. Organizado pelo Departamento Editorial das Edies Melhoramentos, 1970, p. 22.

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    mesmo sob a proteo do Marqus de Pombal, no pde ser realizada, pois seu exerccio foi suspenso j em 1760, por conta do desterro de seu fundador e presidente.1 Transformada em trunfo no jogo de concesso de mercs, a escrita da histria, agenciada pelos setecentistas Esquecidos e Renascidos, compartilhava de prerrogativas semelhantes quelas das academias do Antigo Regime europeu, pois uma parcela significativa dos acadmicos renascidos dispunha das mercs de propriedade de ofcios nas provedorias, cartrios, cmaras, e secretaria de governo. (KANTOR, 2004, p.162) A prtica acadmica de homenagear os mecenas, na Academia dos Renascidos, recaa sobre aquele que, na funo de homem de Estado, incentivava a relativa autonomia das associaes literrias coloniais. Homenageado pelos Renascidos como seu Protetor, o Marqus de Pombal recebia os elogios comumente dispensados pelos letrados queles que os apoiavam institucional e pecuniariamente. As academias reservavam, ainda, flego ao enaltecimento dos natalcios rgios, celebrao essa adotada tambm pelo Instituto, desde seu primeiro ano de atividades, quando a Proteo Perptua do Imperador j havia sido concedida ao labor intelectual oitocentista. O sentido que havia para os Renascidos em redigir memrias baseadas na arrecadao de materiais comprobatrios, se assemelharia ao que o Instituto, mais adiante, iria adotar. Na acepo das academias ilustradas, as memrias deveriam servir como etapa preliminar escrita efetiva da histria, exerccio no qual pontuais aspectos de determinada realidade eram abordados sob a forma narrativa. Partilhando de tais prerrogativas, os Renascidos, mesmo pautados por usos da histria alheios disciplinarizao do campo e por objetivos desprovidos da ambio nacionalista, defendiam que depois de concludas as memrias histricas, se h de compor a Histria Latina, que se dividir entre os acadmicos seguintes, e os mais que ento parecer conveniente. ( RIHGB, 1839, p.97) No entanto, h de se fazer uma distino entre os programas e as memrias. Embora ambos parecessem concorrer para a futura escrita da histria, eles se diferenciavam, sobretudo, pelo fato das memrias histricas aventarem ttulos afirmativos e gerais, enquanto os programas versavam sobre temas pontuais, carregados de dvida. Tanto uma quanto outra formulao davam forma aos contedos 1 Sobre as Academias fundadas no Brasil do sculo XVIII, ver: Novo Dicionrio de Histria do Brasil. Organizado pelo Departamento Editorial das Edies Melhoramentos, 1970, p. 22.

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    ditados por questes contemporneas. Todavia, os programas eram dotados da especificidade de dirimir dvidas cobertas pelo vu do tempo, de sanar problemas postos pela atualidade e de definir a metodologia que os auxiliaria no dever maior de produzir uma histria para a nao que se inaugurava, enquanto que as memrias, numa acepo recuperada das academias ilustradas, miravam formar uma coleo que condicionasse a escrita de uma histria geral. Seminalmente tratada no Brasil, de forma institucionalizada, pelas exponenciais Academias dos Esquecidos (1724) e dos Renascidos (1759), a histria, em consonncia com o momento poltico da Amrica portuguesa, iria se ajustando ao que se delineava como consensual elite erudita do pas. Superando o jugo metropolitano e em precisa afinao com as prticas associativas europias, a tendncia ao elogio hiperblico e palavroso constitua o universalismo clssico dessas academias braslicas que, fazendo uso rigoroso da pauta retrica, interessavam-se pelos domnios caractersticos da formao humanista. (SOUZA, 1999, p.23) Almejando fazer uma Histria da Nova Lusitnia, os Esquecidos no tiveram tempo hbil a realiz-la, entretanto os Renascidos, um quarto de sculo depois, se proporiam a escrever a Histria Universal da Amrica Portuguesa, o que indica que as academias braslicas construram uma experincia subversiva dos limites territoriais oficiais, em privilgio da unidade forjada pelas articulaes econmicas e sociais de alcance regional e macroregional. (KANTOR, 2004, p.161) No obstante, se na Frana ilustrada a histria serviu propaganda ou legitimao de determinado governante no poder e, se no Portugal ela se prestou a difundir a trajetria eclesistica e secular pelo reino e seus domnios, no Brasil colonial do sculo XVIII ela projetou a unidade poltica do territrio americano, heroicizou as origens mestias dos primeiros povoadores e imaginou o passado como profecia do futuro. (KANTOR, 2004, p.18) Segundo Bodecker, a organizao dos saberes nos sculos XVII e XVIII, no caso das academias europias, foi consideravelmente condicionada pelo aparato estatal. (BODECKER, 1999, p. 259-60) A despeito de ter se estruturado em meio a uma sociedade colonial, a Repblica das Letras que se delineou na Amrica portuguesa e suas tantas associaes cientfico-literrias parecem ter desfrutado de mecenato semelhante ao dispensado pelos soberanos europeus. Como compensao aos incentivos reais, as academias setecentistas utilizavam a histria como veculo legitimador de determinada

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    vertente poltica. Nessa perspectiva, a histria era tanto mais evidente nas temticas das academias, quanto mais ela era necessria justificao de determinado governante no poder. Assim, parece que mesmo o utilitarismo no sendo um imperativo setecentista, o sculo ilustrado testemunhou o recorrente uso erudito da histria ceder espao a uma histria pragmtica. (GUIMARES, 2002, p.188) Desse modo, os estatutos do antiquariado foram caindo em desuso e, com o adentrar do sculo XIX, deram lugar crescente metodizao e profissionalizao do labor historiogrfico. Nessa longa transio, a intensidade com que os diferentes usos eram apropriados variou de acordo com o espao, com as filiaes, e com as intenes dos autores. No caso do Instituto Histrico de Paris, fundado em 1833, eram os cdigos setecentistas que conduziam seus propsitos. Vinculados s heranas da histria filosfica com pretenses universais, prpria da cultura do dezoito, (GUIMARES, 2002, p.191) os companheiros de Eugene Garay de Monglave, dedicavam-se atividade historiogrfica como um trabalho de erudio, prtica na qual o debate e difuso dos resultados restringiam-se aos prprios confrades. Todavia, deparando-se com a utilizao crescente da histria como recurso autenticador da Nao ps-revolucionria, o Institute presenciou a disputa entre distintos usos desse ramo do conhecimento: o asseverado em sua fundao e o impugnado pelas circunstncias contemporneas. Alguns dos que mais tarde viriam a compor os quadros do Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro, como Arajo Porto-Alegre, Gonalves de Magalhes e Torres Homem, presenciaram a crise institucional experienciada por seus pares no mbito do Instituto parisiense. Sob a regncia de Chateaubriand e Ferdinand Denis, esses brasileiros absorveram as influncias de um nacionalismo romntico e trataram, mais tarde, sobretudo enquanto literatos vinculados ao mecenato imperial, de adapt-las s demandas de um Brasil desprovido de um elemento original.1 Pouco tempo depois, os mesmos vultos reconheceriam no curso das atividades do Instituto Brasileiro aquela tenso entre as acepes tradicionais e o pragmatismo moderno na feitura da histria. O Visconde de So Leopoldo, por exemplo, defendia os mtodos e usos das academias sobretudo aqueles levados a cabo pela Academia das 1 A esse respeito ver Afrnio Coutinho. A tradio afortunada: o esprito de nacionalidade na crtica brasileira. RJ: Livraria Jose Olympio Editora, 1968, p.66. Ver tambm: Manoel Luiz Salgado Guimares. Entre amadorismo e profissionalismo: as tenses da prtica histrica no sculo XIX. In: Topoi, Rio de Janeiro, 2002, p.184-200.

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    Cincias de Lisboa como inspirao para o Instituto que presidia. Por outro lado, Janurio da Cunha Barbosa, em discurso proferido na inaugurao do IHGB, vinculava os propsitos da agremiao a concepes pragmticas, nos seguintes termos: (...) nossa associao, [se] encarrega, como em outras naes, de eternizar pela histria os fatos memorveis da ptria, salvando-os da voragem dos tempos, e desembaraando-os das espessas nuvens que no poucas vezes lhe aglomeram a parcialidade, o esprito de partidos e at mesmo as ignorncias. (o grifo nosso) (RIHGB, 1839, p.11) No entanto, e como expresso de um franco processo transitrio, o mesmo Cnego Januario, ao lado de seu conscio Auxiliador Marechal Raimundo Jos da Cunha Matos, por ocasio da proposio do projeto de criao do Instituto Histrico, argumentaria a favor de uma instituio difusora da razo e do conhecimento, que visasse o bem pblico e que, ainda servisse ao Estado em suas aspiraes. Erudio e pragmtica parecem, portanto, coexistir nas seguintes palavras dos dois emblemticos fundadores: Sendo inegvel que as letras, alm de concorrerem para o adorno da sociedade, influem poderosamente na firmeza de seus alicerces, ou seja pelo esclarecimento de seus membros, ou pelo adoamento dos costumes pblicos, evidente que em uma monarquia constitucional, onde o mrito e os talentos devem abrir as portas aos empregos, e em que a maior soma de luzes deve formar o maior grau de felicidade publica, so as letras de uma absoluta e indispensvel necessidade, principalmente aquelas que, versando sobre a histria e a geografia do pas, devem ministrar grandes auxlios pblica administrao e ao esclarecimento de todos os brasileiros. (RIHGB, 1839, p.5-8) O Visconde de So Leopoldo no programa histrico que apresentou com o ttulo O Instituto Histrico Brasileiro o representante das idias da Ilustrao, que em diferentes pocas se manifestaram neste continente?, faz referncia s academias braslicas, estabelecidas no sculo anterior ao seu, convertendo o seu legado em diretrizes a serem adotadas pelo Instituto que se fundava. No que concernia forma, a agremiao oitocentista de fato se inspirou em suas antecessoras ilustradas, entretanto, no que dizia respeito aos usos do saber, o Instituto, como pudemos verificar a partir das intenes do Cnego e do Marechal, conciliou heranas e aspiraes em uma operao extremamente peculiar. Se em Frana a presena da histria nas academias se dava de maneira coadjuvante, sem que houvesse uma delas dedicada essencialmente histria, o Portugal ilustrado viu surgir como expoente do movimento academicista ilustrado, a Academia Real da Histria (ARH). mpar por se dedicar a um campo do conhecimento

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    que raramente aparecia como uma disciplina autnoma,1 a associao lisboeta foi instituda no ano de 1720, sob a proteo de D. Joo V. Sua meta era escrever a Histria Eclesistica Portuguesa, pois o Soberano pensa que o dano da pouca notcia que o mundo tem das histrias de Portugal s se pode remediar mandando escrever a histria deste Reino. (MOTA, 2003, p.188) Embora regidos por um regime de historicidade diverso daquele compartilhado pelos companheiros de Manuel Caetano de Sousa, o Instituto organizaria suas atividades de modo muito prximo ao da ARH. Os primeiros esboos sobre a instituio da Academia Real da Histria revelavam a estrutura e a hierarquia, que a sobreviveriam no oitocentos: (...) que a academia tenha um corpo numeroso; que os congressos se faam de quinze em quinze dias; que os Censores se renam em Juntas; e que de tudo se d exata conta ao Rei para que ele esteja informado dos trabalhos e dos progressos que na instituio se fazem. (os grifos so nossos) (MOTA, 2003, p.38) Do mesmo modo, o IHGB deveria ser integrado por cinqenta scios efetivos, obrigados a reunirem-se quinzenalmente. As similitudes no cessariam por a. Tanto na Academia quanto no Instituto, a Mesa Diretora, ou Conselho Geral, seria composto pelo Presidente, pelos Vices e pelo Secretrio Perptuo, esse ltimo cargo invariavelmente atribudo a uma personalidade eminente. At mesmo as Comisses estabelecidas pelo Instituto com o fim de avaliar os documentos e os trabalhos enviados por scios ou no scios inspiravam-se nas Juntas de Censores das academias. Havia, ainda, a proteo real como aspecto comum a ambas associaes letradas. As Juntas ou as Comisses expressam como, desde os setecentos, a produo do conhecimento vinha se tornando uma produo coletiva.2 Tanto no sculo XVIII como no XIX, os avaliadores regulavam a produo intelectual dos associados nos aspectos quantitativo e qualitativo e, em verdade, se constituam como a direo efetiva das academias, na medida em que os assuntos j vinham ajustados da Junta de Censores, visto que era a que se conferia e ajustava tudo o que havia de se tratar na sesso plenria seguinte.(MOTA, 2003, p.40) Tal impessoalizao da produo do saber se

    1 Ver Daniel Roche. Les Republicains des lettres: gens de culture et lumire au XVIII sicle. Paris: Fayard, 1988, p.174. 2 Ver Blandine Barret-Kriegel. Les Academies de lhistoire. Paris: PUF, 1988, p.9.

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    refletia, ainda, nos pareceres redigidos pelos censores, na medida em que no eram asseverados individualmente.1 A prtica de assinar juzos e pareceres conjuntamente tambm foi adotada pelo IHGB. No entanto, l j se expressava a profissionalizao do campo historiogrfico, posto que os vetos privilegiavam no apenas questes polticas, como tambm problemas do mtodo histrico. Como possvel notar atravs da adjetivao de Real, as funes da Academia lusitana eram balizadas pelas prerrogativas inerentes a um rgo de Estado, tanto assim que, o objetivo primordial da proteo oferecida pelo Monarca era o de promover a glria da nao no pas e no estrangeiro. (MOTA, 2003, p.38) No caso do Instituto, agraciado por proteo semelhante, a relao com o monarca e o compromisso com o Estado se efetivavam, sobretudo, atravs dos cargos ocupados pelos scios nos altos escales do governo. Na Academia Real, a relao estabelecida entre os financiamentos aprovados pelo Rei e a autonomia na escritura dos trabalhos se desencadeava de maneira mais complexa do que se poderia supor primeira vista. Curiosamente, a interveno do monarca na Academia se dava sempre no sentido de aliviar os percalos postos por um Estado atravancado pelos desmandos da Inquisio. Somente por meio desse cuidado Real Academia foi possvel discutir e levar ao prelo aquilo que no era autorizado a subir pelas ladeiras de Coimbra. Determinando a abertura de arquivos e a remessa Academia de documentos dos mais diversos domnios do Imprio lusitano setecentista, D. Joo V integrava, em companhia dos acadmicos, uma rede de interdependncia e poder onde ambas as partes cediam em favor de seus interesses. Logo que institudo sob os auspcios da Sociedade Auxiliadora da Indstria Nacional, o Instituto Histrico tratou de solicitar a proteo do herdeiro do trono. Vinculado ao monarca adolescente j no seu primeiro ano de exerccio, o IHGB, atravs de seus dirigentes, no apenas manifestava gratido como tambm reconhecia as implicaes daquele mecenato em suas atividades: A nossa literria associao, sensvel a tanta honra, achar sempre na recordao destes grandes favores, motivos bem justos para desempenhar fielmente os gloriosos fins a que se enderea por seus estatutos. (...) A Histria agradecida a to Augusta proteo, empenhar sua pena em eternizar em 1 Ver Roberto Aczelo de Souza, O Imprio da Eloquencia. Retrica e Potica no Brasil Oitocentista. Rio de Janeiro: EDUERJ: EDUFF, 1999, p.20.

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    pginas indelveis o nome e os feitos do monarca, que honra na Terra de Santa Cruz. (RIHGB, 1839, p. 273-4) O duplo movimento de acumular documentos de valorao comprobatria e redigir memrias histricas fez parte da rotina de atividades, tanto da Academia Real da Histria quanto do Instituto Histrico.1 Sobre tal maneira de conduzir os momentos precedentes realizao da escrita da histria em si, Manuel Caetano de Sousa, no discurso de inaugurao da Academia, denunciou os obstculos que haveriam de enfrentar no empreendimento que iniciavam: Ofereci a Sua Majestade um largo papel, no qual expus todos os meios, que me pareceram mais proporcionados para se conseguir brevemente este fim; os quais todos se reduziam a dois que so ajuntar manuscritos, e convocar Escritores. Acrescentando eu que para uma e outra coisa era necessrio o poder Real, porque sem ele no se abrem os arquivos, nem se descobre o que neles est... E sem o impulso soberano no se podem unir muitos engenhos a compor uma s obra, e que para isto se poder conseguir era necessrio formar-se uma academia. (RIHGB, 1839, p.39) Contudo, o Instituto no seria o pioneiro, em terras luso-americanas, a operar sobre o passado dessa forma. A Academia dos Renascidos, receosa da curta experincia tida pelos Esquecidos, 2 faria meno ao mtodo do qual se valia a Academia Real da Histria para que sua contribuio ao estudo da histria braslica e promoo de certames literrios fosse mais duradoura. Nesse sentido, o vice-rei do Brasil em novembro de 1722 solicitou, atravs de diversas cartas de ofcio aos governadores que dispensassem: empenho junto s cmaras das vilas, provedoria e aos cartrios eclesisticos na coleta da documentao e sugerindo sua reproduo em duas vias e o envio para a Secretaria do Estado com a maior individuao, clareza e brevidade possvel.(KANTOR, 2004, p.91) A relevncia da acumulao de documentos no Brasil oitocentista configurava-se mais trabalhosa do que em Portugal, unificado h seis sculos. Entretanto, em funo dos entraves impostos pela Inquisio, a Academia Real da Histria se via obrigada a recorrer a Decreto Real, para concentrar milhares de cpias de documentos enviadas das provncias, da Torre do Tombo, das livrarias particulares, e do ultramar.(MOTA, 2003, p.54) 1 Ver Isabel Ferreira da Mota. A Academia Real da Histria. Os intelectuais, o poder cultural e o poder monrquico no sculo XVIII. Coimbra: Edies Minerva, 2003, p.60. 2 Ver Fabio Mendona Pedrosa. Sol oriens in occiduo contribuies para o estudo da Academia Braslica dos Esquecidos. Dissertao de Mestrado, PPGH-UERJ, Rio de Janeiro, 2001.p. 41.

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    Enfrentando dificuldades diferenciadas pelo tempo e pelo espao, Athayde Moncorvo, scio do Instituto, diante da amplitude do territrio brasileiro, props, como que por uma nsia em integrar as provncias e por obter o controle central da dispersa documentao, que: (...) por meio de uma circular se dirija o Instituto aos Exms. Presidentes das provncias do Imprio rogando-lhes queiram remeter-lhes os relatrios por ocasio das assemblias provinciais (...) e outrossim a coleo das leis provinciais e quaisquer outros documentos que servir possam para a Histria do Brasil. (RIHGB, 1840, p.154) A dedicao dos associados do Instituto consolidao de um arquivo apropriado, que fizesse frente proposta que os reunia, se cristalizaria com a proposio do programa histrico destinado a tratar, especificamente, os mais acertados modos para se obter o maior nmero de documentos para a Histria do Brasil. Inspirado nas academias de cincias europias, o Desembargador Pontes concluiu a favor das viagens arqueolgicas, para desvelar o que ainda no era conhecido, e (pela) formao de comisses para anlise dos arquivos pblicos ou particulares sobre fatos j mencionados. (RIHGB, 1841, p.149) O dedicado fundador indicava, assim, os caminhos a serem trilhados pela longa tarefa de se erigir uma histria ptria para o Brasil. Como scio-correspondente, ao ingressar no Instituto, Varnhagen remetia, recorrentemente, manuscritos e trabalhos crticos de sua autoria, mas percebendo a indispensabilidade de documentos portugueses, sobretudo, estruturao do arquivo, reclamou ao Cnego Janurio: sobre este assunto devia talvez intervir o governo, que devendo alimentar o esprito de nacionalidade, deve ter presente que so a primeira base talvez desta, a histria e o conhecimento do pas natal. (RIHGB, 1839, p.376) Sua preocupao refletia o comprometimento com uma histria cientfica, fortemente amparada pela pesquisa e pela crtica documental, estatutos de um campo do conhecimento que a essa altura se afirmava como disciplina autnoma. Por sinal, desde que iniciou suas atividades o Instituto se mostrava atento profissionalizao do ofcio de historiador. Uma de suas misses era, portanto, reverter os amadorismos historiogrficos, atravs do rgido cotejamento das fontes documentais. Sobre a inadequao de alguns escritos anteriores fundao do Instituto, o Cnego Januario da Cunha Barbosa lamentaria: (...) o corao do verdadeiro patriota brasileiro aperta-se dentro do peito quando v relatados desfiguradamente at mesmo os modernos fatos de nossa gloriosa independncia (...) e j muitos se vo obliterando na memria daqueles

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    a quem mais interessam, s porque tem sido escritos sem a imparcialidade e necessrio critrio, que devem sempre formar o carter de um verdico historiador. (o grifo nosso) (RIHGB, 1839, p.11) No processo de anlise das aproximaes e distanciamentos entre as agremiaes eruditas setecentistas e o IHGB, os programas histricos so o elemento de permanncia mais representativo, na medida em que constituram uma prtica narrativa adaptada pelos oitocentistas s suas prioridades. Desenvolvidos pelas academias de maneira muito semelhante a que seria adotada pelo Instituto Histrico, dois programas dos Renascidos seriam, inclusive, retomados pelo Instituto. O primeiro deles, proposto na sesso de 4 de fevereiro de 1839, pelo Cnego Janurio da Cunha Barbosa, indagava Quais foram os primeiros introdutores de cana, caf, tabaco, e outros vegetais de nossa riqueza; em que provncias foram primeiro introduzidos e em que eras?; e o segundo, retomado pelo prprio Imperador, quando j havia assumido a presidncias das sesses, incitava a serem averiguados Quais as tradies ou vestgios geolgicos, que nos levem certeza de terem havido terremotos no Brasil? . (RIHGB, 1839, p.91) Os questionamentos propostos pelos programas histricos eram dotados de contornos especficos. Formulados, em sua grande maioria, sob a forma interrogativa, constituam estratgias argumentativas que instigavam a curiosidade dos presentes sesso e introduziam os temas de interesse privilegiados para discusso pelos scios. Convm assinalar que, desde a Academia dos Renascidos, a prtica dos

    programas histricos se efetivava em dois momentos distintos: a proposio e o desenvolvimento. No que concerne aos enunciados aprovados para assunto de dissertao, pode-se dizer que especulavam a favor do que lhes parecia urgente elucidar. J no que diz respeito etapa da elaborao do trabalho, tudo leva a crer que as dissertaes se configuravam como um reflexo do debate oral travado nas plenrias. A formulao dos programas, por certo, inspirava-se na retrica,1 mas j introduzia os elementos de um campo disciplinar em formao.2 Conciliando essas referncias com as demandas que os afligiam, os propositores dos enunciados apresentavam plenria do Instituto questes que abrangiam tudo o que precisava ser 1 Ver Roberto Aczelo de Souza. O Imprio da eloqncia: retrica e potica no Brasil oitocentista. RJ: Eduerj, 1999, p.28. 2 Ver Georg Iggers. Historiography in the Twentieth Century. From Objectivity to the Postmodern Challenge. Hanover-London, Wesleyan University Press, 1997, p. 27.

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    esclarecido, visando escrita da histria ptria. Nesse sentido, tanto as memrias histricas quanto os programas histricos foram expresses de um momento incipiente, em que a modelao do passado, sob a forma de uma histria ptria, ainda estava por ser definida. Ambos, enquanto textos inditos redigidos pelos integrantes dos quadros do Instituto deram conta de alguns dos infindveis pontos que, cotidianamente, se apresentavam, em estado bruto, apreciao dos letrados. Os programas aventados nas dependncias do Instituto, na forma como eram elaborados os seus enunciados, no transgrediram a tradio, pois formulavam-se a partir de uma estrutura retrica, onde o questionamento e a dvida estimulavam a curiosidade e o debate. Todavia, no que tange essncia das proposies programticas, verifica-se a coexistncia de permanncias e descontinuidades. Conciliando pragmatismo e estatuto cientfico, os programas so expoentes de um sculo XIX, onde, no movimento da modernidade, as referncias clssicas se esvaziaram em funo do paradigma historicista que se afirmava, gradualmente, como hegemnico.1 Enquanto trabalhos autorais dos scios, os programas histricos nos revelam um angustiante esforo dos agremiados pelo domnio de temas to dispersos e to vastos, em um momento em que o Instituto ainda garimpava as peas que comporiam o mosaico da Histria Geral do Brasil, aquela idealizada pelo scio-fundador Janurio da Cunha Barbosa no discurso inaugural,2 e, de certo modo, concretizada na obra de Francisco Adolpho de Varnhagen, dezesseis anos depois. 3 Recebido em: 21/09/ 2010

    Aceito em: 14/12/2010

    1 Ver Roberto Aczelo de Souza. O Imprio da eloqncia: retrica e potica no Brasil oitocentista. RJ: Eduerj, 1999, p.26-7. 2 Ver Janurio da Cunha Barbosa. Discurso de inaugurao do IHGB. In: RIHGB, tomo I, 1839, p.10-21. 3 A Histria Geral do Brasil antes da sua separao e independncia de Portugal, de autoria de Francisco Adolpho de Varnhagen foi levada impresso, pela primeira vez, em 1854. A esse respeito, ver: Lucia Maria Paschoal Guimares. Francisco Adolfo de Varnhagen: Histria Geral do Brasil. In: MOTA, Loureno Dantas (org.). Introduo ao Brasil: um banquete no tropico. Vol. II. Editora Senac, So Paulo, 2001, p. 76-96.

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