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A Fuga da Mãe - Um exercício etnográfico sobre a relação entre imaginário e meio
ambiente na comunidade do Rio das Pedras, Curuçá/PA1
Yasmin Ainá Martins Barbosa Loureiro2
Lourdes Gonçalves Furtado3
1. A MÃE DO RIO
1.1 O CAMPO: CURUÇÁ E O RIO DAS PEDRAS
O município de Curuçá, Nordeste Paraense, é mais conhecido por ser um dos
maiores produtores de pescado do Estado do Pará. Localizado na costa Atlântica do Estado,
pertence à chamada zona do Salgado Paraense. Distante cerca de 140 Km de distância da
capital Belém, o acesso se dá por terra através das estradas BR 316 (Belém-Castanhal) e PA
136 (Castanhal-Curuçá).
Sua dimensão territorial é de 673,27 km², possuindo cerca de 26.160 habitantes, se
dividindo entre 13.596 homens e 12.564 mulheres. O município tem 5.412 residências,
sendo que na sua área rural constitui o maior contingente populacional, com 16.217
pessoas, enquanto que na sua área urbana enontra-se o menor contingente com 9.943
pessoas. (FURTADO; SILVEIRA; SANTANA, 2012)
Na sede do município encontra-se o Rio das Pedras, exatamente na divisão entre o
centro da cidade de Curuçá (Bairro Umarizal) e o Bairro Alto. O Bairro Alto é um bairro
historicamente periférico dentro da cidade de Curuçá, berço do Carimbó, lar do Nego Róia
– aclamado por Curuçaenses como o criador do moderno Carimbó, é um bairro de
população em geral mais pobre, mais negra e mais afastada das decisões políticas da sede
de Curuçá (RODRIGUES-BASTOS, 2010), mesmo estando a poucos passos do que,
pessoalmente, chamo de “Praça dos três poderes Curuçaenses”.
1 Trabalho apresentado na 30ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de agosto de 2016, João Pessoa/PB 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFPA (PPGSA/UFPA) 3 Antropóloga, pesquisadora titular U - III do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG)
O centro de Curuçá, portanto, encontra-se de frente para a rua do Barro Alto (a
grafia da rua é Barro, diferentemente do nome do Bairro), primeira rua do Bairro Alto, onde
dei meus primeiros passos em Curuçá e na etnografia.
Imagem 1: Localização de Curuçá. Fonte: Instituto Peabiru.
1.2 OS PRIMEIROS DIÁLOGOS SOBRE A MÃE DO RIO
Logo que chegamos na primeira ida a Curuçá, em agosto de 2014, fomos levados
pelo Sr. Lucivaldo, motorista do Museu para o local que havia sido indicado como sendo a
cabeceira do rio. Lucivaldo já havia estado presente em outro momento, junto da primeira
equipe que havia feito Campo – para o mesmo projeto – Profas. Graça Santana, Isolda
Maciel e Ivete Nascimento. O grupo nessa outra viagem, denominado equipe 2, agora
contava com Lourdes Furtado, Guilherme Chêne Neto, Francisco Rente Neto e eu.
Ao chegarmos ao local da dita cabeceira (posteriormente confirmada como sendo
realmente o início do rio), contatamos o Sr. Lucivaldo (xará do nosso motorista), morador
da Rua Camilo Ataíde, em torno de 40 anos de idade. Ele se dispôs a adentrar no espaço de
mata para nos mostrar o curso do rio, ou o que restara dele
O diálogo do Sr. Lucivaldo girava em torno das promessas que haviam sido feitas
por gestões passadas, de mais cuidado com o rio, assim como de manutenção de um poço
que ficava próximo à margem, mas segundo ele apenas restaram as promessas com o passar
dos anos. O abandono do ambiente era evidente, lixo por toda a parte, sinais evidentes de
queimadas na beira, o leito assoreado e com aspecto tão morto que passaria por vala, se não
estivéssemos sendo guiados por Lucivaldo.
Ele então nos disse que iria nos apresentar à sua vizinha, Dona Biuca – em outra
visita e com mais intimidade perguntei a ela seu nome. Ela respondeu que não importava
muito não, pois nem os seus próprios filhos sabiam, já que a vida inteira havia sido
chamada assim por todos. Biuca mora na Rua Camilo Ataíde, bem em frente à cabeceira do
Rio das Pedras. Informamos a ela sobre a nossa pesquisa e ela então comentou sobre o
estado do rio. Disse que de maneira desrespeitosa muitas pessoas jogavam detritos no curso
do rio, realizavam queimadas, e arrancavam árvores da área. Confesso que, muito por ser a
primeira experiência etnográfica, estava muito focada no que queria tirar dessa senhora que
fosse “útil” para as minhas intenções de pesquisa, queria saber o que ela pensava das
mudanças ambientais, de como ela se relacionava com esse recurso natural e se ainda fazia
uso do rio. A minha cabeça carregava um viés muito pragmático de pesquisa, que
definitivamente (e senti isso no decorrer da pesquisa) não se afinizava com o que estava
acontecendo ao meu redor.
Foi com um choque e, um certo, estranhamento que ouvi de Dona Biuca, quando
questionada sobre a forma atual do rio (seco e assoreado), que a explicação pra isso, pra
essa forma sinuosa (ela expressou esse sentido gesticulando com as mãos) era a mudança
da mãe desse rio. “Mãe do rio?!” pensei. “O que ela é?” perguntei. “O pessoal fala que é
uma cobra, vê pela forma né” respondeu Biuca
À noite Lourdes sempre coordenava uma roda de conversas para que cada membro
da Equipe pudesse relatar as experiências vividas durante o dia na pesquisa, com quem
havia entrado em contato, o que havíamos refletido teoricamente sobre os dados obtidos até
então e também planejamentos para o dia seguinte.
As conversas iam até tarde da noite e mesmo acontecendo depois de um dia
exaustivo de trabalho rendiam sempre muitos insights e compartilhamentos de informações.
Foi a partir de um desses encontros que demonstrei para meus pares o interesse e a
curiosidade acerca da fala de Dona Biuca. Fui informada por Guilherme que quando
estávamos na cabeceira junto de Dona Biuca conversando ele havia sido chamado pelo Seu
Lucivaldo, pra um lugar mais afastado, de modo a ser informado por esse morador sobre a
Mãe do Rio, de maneira semelhante a feita por Biuca. Suponho que ele não tenha ficado
confortável para expor isso para todo o grupo de pesquisadores.
Em seguida a essa ida à cabeceira do rio tivemos um encontro com Onelice,
professora, neta de Nego Róia que foi uma figura importante na história e na música
Curuçaenses. Ela é moradora da Rua do Barro Alto, em frente a sua casa há uma estátua do
Nego Róia. Onelice havia sido contatada primeiramente pela Equipe 01e havia sido
indicada pela profa. Ivete como um contato inicial na área.
Fomos muito bem recebidos por ela, como uma das propostas do projeto era a de
coletar relatos sobre as diferentes formas usadas pelos moradores no tratamento da água, a
profa. nos levou, então, para algumas casas para que pudéssemos entrevistá-los. Entramos
em várias casas e em todas as conversas o tom era o mesmo. Os moradores em geral nos
contavam da tristeza que era ver o rio definhar daquela maneira, os relatos da memória
deles sempre nos apresentavam um Rio das Pedras totalmente diferente. Com água
“batendo” até a cintura, com as pessoas utilizando-se desse recurso nos afazeres domésticos
em geral.
Numa dessas casas fomos conhecer a bomba d’água que havia sido inaugurada
recentemente pela prefeitura, através dela foi possível abastecer toda a região do Bairro
Alto, garantindo o aumento do acesso à água por parte dos habitantes de lá, assim como da
diminuição das ocasiões de falta d’água, antes comuns.
Ao chegarmos na residência fomos (eu, Francisco e Onelice) recebidos por Dona
Maria, de início ela atendeu um pouco desconfiada, mas quando avistou a profa. Onelice
ela relaxou. Justificando a desconfiança inicial ela disse que fora por ter pensado se tratar
de evangélicos que corriqueiramente batem à sua porta no intuito de convertê-la às suas
denominações religiosas. Maria disse, então, que se incomoda com esse tipo de visita pois
ela é muito católica. Após isso ela nos mostrou seu quintal onde fora instalada a bomba. Ao
retornarmos da casa de Dona Maria, acompanhados dela e de Onelice, continuamos a fala
sobre o estado de conservação do rio, foi quando ela disse:
D. Maria: Ela falou no Rio das Pedras, por falar em rio das pedras,
aquilo ali era muito bonito. Mas aí desprezaram sabe...Aí já não prestou
mais, só presta assim...pra lavar roupa, tomar banho. Mas trazer pra
beber como a gente usava.. Antigamente essa descida aí era muito
igarapé. Aí pra cima tu ia pra lá tu mergulhava na água que a água dava
aqui ó . [aponta para a cintura]. Hoje em dia acabou tudo, começaram a
roçar a cabeceira do rio, as mães foram fugindo minha filha, aí não tem
combate...aí vai caindo a beirada.
Yasmin: E quando a mãe foge o rio morre?
D. Maria: É. Acaba, não é Onelice?
Onelice: é
D. Maria: Olha, aqui pra dentro tem um igarapé bonito na época do
inverno o pessoal limpa...Pois é, ta? [se despedindo]
Mais uma vez tinha sido falado, de maneira rápida, sobre a mãe do rio. No caso da
Dona Maria inclusive foi dito como um fenômeno recorrente a “mudança” das mães. Eu já
tinha mais alguma pista em relação a isso e o interesse apenas aumentava.
Quando indaguei a Profa. Onelice acerca da Mãe do Rio ela nos disse que
antigamente isso era uma coisa comum, os antigos acreditavam muito em Mãe do Rio,
porém hoje se sabia que os motivos para o rio estar morrendo desse jeito eram as
queimadas, o lixo, os maus cuidados em geral com o meio ambiente.
Essa crença em bichos que são donos de lugares, espaços de mata ou água e são
sobrenaturais, ou encantados, é bastante comum na Amazônia. Na região da costa atlântica
paraense, os estudos de Raymundo Heraldo Maués são clássicos, sobre essa questão da
crença em animais encantados Maués coloca:
É muito forte na região do Salgado a ideia dessas entidades como
encantados ou bichos do fundo [...] Os encantados são normalmente
invisíveis ao olhos dos simples mortais [...] são chamados de bichos do
fundo quando se manifestam nos rios e igarapés, sob a forma de cobras,
peixes, botos e jacarés”. (MAUÉS, 2005)
Portanto, como Maués (2005) nos mostrou em relação à região do Salgado, mas
Galvão (1976), Figueiredo (1972), Wagley (1988), Slater (2001) e qualquer um que faça
uma leitura sobre a cultura cabocla da Amazônia entrará em contato com essas figuras de
animais do imaginário local, a Mãe do Rio pode ser descrita – mesmo apenas através dos
relatos iniciais – como um ser encantado, um bicho do fundo.
Para Galvão (1976) a origem dessa crença, de mães, se dá a partir de um
sincretismo cultural que envolve os indígenas que já possuíam a crença em seres ligados à
natureza; para ele a ideia dessas figuras como feminino pode ter influência dos negros que
trouxeram a noção de entidades femininas (como Iemanjá) e por fim ele avalia a herança
portuguesa nessa figura mítica como sendo também de figuras femininas do imaginário
europeu como as sereias e as mouras encantadas.
1.3 AS PRIMEIRAS NEGAÇÕES EM RELAÇÃO À MÃE DO RIO
Após a conversa com Dona Maria, continuamos percorrendo algumas casas do
Bairro Alto, para poder conversar sobre o estado de conservação do rio e as inúmeras
receitas caseiras de tratamento da água. Todos os moradores tinham a mesma opinião em
relação ao rio, falavam que ele estava morto, que não servia mais pra nada e que antes, sim,
era um rio útil pois tinha mais água e mais olhos d’água.
Após essas visitas, Professora Onelice nos levou até a Rua do Rosário para nos
mostrar um dos poucos olhos d’água que ainda existiam lá no Rio das Pedras. Os
moradores haviam colocado um cano de concreto ao redor do olho, com o intuito de
preservar a água que saia dele e também para poder acumular água e se tornar mais fácil a
retirada, posto que ainda usavam a água para algumas atividades (lavar roupa por exemplo)
apenas quando faltava a água distribuída pela prefeitura.
Entramos no espaço de mata que circunda o rio (ou o que restou dele) e
encontramos o cano com o olho d’água. Estávamos fotografando quando eu resolvi contar
aos colegas sobre o que Dona Maria havia dito, dela ter feito uma relação entre a poluição e
a mudança da mãe.
Estávamos acompanhados de Onelice então perguntei a ela o que ela tinha pra falar
sobre a Mãe do Rio, mas a profa. foi de poucas palavras nesse momento, apenas disse que
“eram só os antigos que acreditavam”, hoje em dia – segundo ela- todos sabem que o rio
está desse jeito devido às queimadas e ao lixo jogado ao seu entorno, assim como pelo
descaso continuo das gestões municipais.
Uma coisa me chamou a atenção nesse pequeno diálogo com Onelice: o fato de
anteriormente no mesmo dia ela estar presente junto da conversa com Maria e ao ser
questionada sobre a Mãe do Rio ter afirmado positivamente sobre a mudança o fato do rio
morrer em decorrência dessa mudança. Ora, se é uma crença apenas dos mais velhos e
tendo em vista que D. Maria não aparentava ser tão mais velha em relação à professora,
refleti e cheguei à conclusão de que não é fator idade ou geração que determina quem
expressa a crença nessa figura encantada, outros fatores pesam, entre eles o acesso à
educação formal, que na segunda ida ao campo se mostrou bastante significativo.
Como não tive oportunidade de conviver muito mais em campo com as pessoas
ainda me faltou segurança para afirmar em que contexto profa. Onelice estaria
demonstrando as suas reais crenças, ou até que ponto existe um limite bem definido entre o
que se acredita e o que se quer acreditar.
Quando estava pela segunda vez em Curuçá, já tendo como meta a pesquisa sobre a
mãe do rio, estava jantando com colegas e conversávamos sobre nossas pesquisas. O dono
do restaurante, que também é coordenador de uma ONG que tem como proposta a
educação ambiental para a conservação dos manguezais sentou-se à mesa conosco e
conversou.
Quando perguntei a ele sobre a Mãe do Rio, de maneira semelhante à da Profa.
Onelice tive como resposta de maneira vaga que ninguém mais acredita nisso, isso é coisa
dos mais velhos. Além disso, ele me disse que tínhamos que focar nossas pesquisas em
situações reais, pois o Rio das Pedras está da maneira que é hoje por abandono das
autoridades curuçaenses. Enfim, ele passou boa parte da nossa conversa avaliando a
questão ambiental da cidade, da reserva de maneira geral. Uma coisa interessante que
observei, é que durante todo o diálogo ele encontrava um jeito de deixar claro que havia se
formado recentemente em Gestão Ambiental, nos mostrou diversas vezes o anel de
formado e fez questão de afirmar que o seu ponto de vista era embasado cientificamente.
Sobre essa relação entre conhecimento tradicional e conhecimento científico,
Manuela Carneiro da Cunha disse:
Poderíamos começar notando que, de certa maneira, os conhecimentos
tradicionais estão para o conhecimento científico como as religiões locais
para as universais. O conhecimento científico se afirma, por definição,
como verdade absoluta até que outro paradigma o venha sobrepujar, como
mostrou Kuhn. Essa universalidade do conhecimento científico não se
aplica aos saberes tradicionais – muito mais tolerantes – que acolhem
frequentemente com igual confiança ou ceticismo explicações divergentes
cuja validade entendem seja puramente local. “Pode ser que, na sua terra,
as pedras não tenham vida. Aqui elas crescem e estão, portanto, vivas.”
(CARNEIRO DA CUNHA, 2007)
Ora, logo se vê que ao adotar para si o conhecimento cientifico, os curuçaenses que
entrei em contato tem como tendência negar – pelo menos quando conversam com
indivíduos que eles creem representar esse conhecimento (pesquisadores, bolsistas,
universitários)- até mesmo como possibilidade de conhecimento o imaginário local. Ao
afirmarem, acredito, que aqueles que creem nisso são mais velhos, estão negando que as
gerações atuais ainda mantém a crença, o que na prática tem se mostrado infundado tendo
em vista que, como falei anteriormente, não é a geração ou a idade que definem isso. Posto
que o Sr. Lucivaldo da Camilo Ataíde pertence à mesma geração do Ambientalista dono do
restaurante.
2. A FUGA DA MÃE
2.1 UMA VISÃO GERAL DO MITO DA MÃE DO RIO (COBRA GRANDE)
Dando continuidade à minha busca por informações sobre a Mãe do Rio, fui
entrevistar uma Sra. de 92 anos chamada de Zizinha. Ela mora na Rua do Rosário, em
frente à entrada que a Profa. Onelice nos mostrou, do olho d’água. Como Zizinha é uma
das mais antigas moradoras do entorno do Rio das Pedras, presumi que ela estivesse mais
aberta para falar do que alguns dos que havia mantido contato anteriormente.
Porém, mais uma vez a questão “Conhecimento científico versus conhecimento
tradicional” pesou durante a entrevista. Confesso que um pouco de imaturidade em campo
deva ter pesado para que Zizinha não fosse tão aberta para nos falar sobre a Mãe do Rio.
Logo de início na entrevista nos apresentamos como pertencentes ao Museu Goeldi na
condição de pesquisadores de iniciação científica, Zizinha iniciou uma conversa sobre seus
filhos e netos que conseguiram alcançar o nível superior. Disse que uma de suas netas
estava para concluir o TCC.
Após essa breve conversa, no momento que perguntei a ela sobre a Mãe do Rio, ela
se mostrou disposta a nos explicar sobre, porém sempre deixando claro que isso era uma
crença “dos mais velhos” que ela não acreditava:
Yasmin: Da outra vez eu vim e conversei com a dona Biuca, lá de cima,
ela mora bem lá na cabeceira.
Zizinha: É, eu conheço, conheço.
Yasmin: Ela estava me explicando que quando o rio vai morrendo a mãe
do rio foge, a senhora sabe contar um pouco mais essa história?
Zizinha: Dizem, as pessoas dizem, eu não sei, que ela se muda. Quando
começam a fazer muita coisa elas se mudam.
Yasmin: Mas o que é a mãe do rio?
Zizinha: Dizem que a mãe do rio é uma cobra. Eu não sei, porque eu não
vi.
Yasmin: A senhora nunca viu?
Zizinha: Eu não vi. Eles que dizem “é a mãe do rio”. Essas pessoas
antigas, minha avó dizia isso, eles dizem que quando aquele olho tá
fervendo ali, porque parece uma fervura, dizem que é a mãe d’água, mas
quando ela vai embora, seca. Eu não sei se isso é verdade. Essa beirada
tudo da Biuca pra cá, tudo na ribanceira, tudo tem olho.
A constante referência da Mãe do Rio enquanto cobra me fez relacioná-la
logicamente à Cobra Grande (ela chega a ser referenciada em uma entrevista como Cobra
Grande), o mito da Cobra Grande em Curuçá existe e já esteve inclusive presente em uma Tese de
Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA/UFPA). Porém
existem algumas diferenças nos relatos dados a mim se comparados com os relatos da Cobra
Grande, tanto nesse trabalho científico quanto nos relatos dos folcloristas.
Na Tese intitulada “As três margens do rio: Travessias, Memórias e Histórias do Bairro
Alto de Curuçá – PA”, Renilda Bastos nos apresenta algumas figuras do imaginário local e entre
elas está a da Cobra Grande:
[...] a Cobra Gande é encantada, dona menina, ela pode até se virá
noutra coisa, numa pessoa e enganá a gente. Quando eu ia pro mar,
agora já sô aposentado, eu me preparava era com o sinal da cruz e a
fé na Nossa Senhora, assim a lanterna dela num me enxergava, só
uma vez rabiou perto da canua, nós fiquemo quieto e ela passo,é
melhó respeitá do que se mete a besta com essas coisa, a gente tem
que respeita, inda mais que ela é dona do lugá - Seu Manoel – 2009
(RODRIGUES-BASTOS, 2010)
A apresentação da cobra como dona do lugar e, portanto, uma figura temível e
respeitável está presente em quase todos os mitos que dizem respeito aos bichos “donos” de
espaços da natureza. Sobre a Cobra Grande, Câmara Cascudo, um dos maiores folcloristas
brasileiros relata:
Cada igarapé, rio, lago, tem sua Mãe e esta só aparece como uma imensa
serpente. Não tem piedade e nem aplaca a fome. Mata e devora quem
encontra. Vira as barcas, arrasta os nadantes, estrangula os banhistas,
apavora todos. À noite veem seus dois olhos de fogo, alumiando o escurão.
Quando os índios viram os primeiros navios de vela, diziam que eram
metamorfoses da Cobra Grande. Agora a Cobra Grande passeia
transformada em transatlântico. [...] Mas a Boiúna (mboi, cobra, una,
preta), a Cobra Grande, só tem uma maneira de ser visível: - é a forma
ofídica. Não “vira” homem nem canta [...] A Boiúna é sempre negra,
silvando alto, nadando como um barco automóvel, é a Jibóia Constrictor
constrictor. É a Sucuriju, Eunectes murinus (CASCUDO, 1976)
A Cobra Grande (Boiuna, Mãe do Rio, Mãe D’água), é uma figura do imaginário
local amazônico, mas para Cascudo esse mito não é estritamente brasileiro ameríndio, pelo
menos o tratamento às figuras viventes dos rios de maneira assombrosa, sagrada, não é
exclusividade da nossa região:
Os gregos e romanos materializavam seus rios em serpentes e touros. O
mugido e violência das águas justificavam a imagem assim como a
ondulação e sinuosidade do curso lembravam os símbolos escolhidos. [...]
Nas religiões do México e Peru a serpente é sempre uma representação
aquática. Os deuses atmosféricos eram adorados em corpos de cobras.
Quetzalcoatl é a serpente emplumada, de culto vastíssimo, Iolcoatl, a
serpente de chocalho, a deusa Coaticul, mulher serpente, mãe do tremendo
Huitzilipochtli, deus asteca, Cinatcoatl, “Nossa Senhora das Serpentes”,
um dos sinônimos da Terra, são os exemplos mais típicos. Coatl, serpente,
significa também vasilha d’água, o que contem água, de co radical de
vaso, vasilha e atl. água. (CASCUDO, 1976)
Em sua, hoje clássica, publicação “Festas de Santos e Encantados”, Napoleão
Figueiredo e Anaíza Vergolino também dão breve descrição sobre a figura da Cobra
Grande:
A Cobra Grande é um encantado que se apresenta sob a forma de um
imenso ofídio, com a cabeça levantada a uma boa altura das águas, seus
olhos são de um vermelho intenso que parecem dois faróis; não se sabe de
qual espécie: se sucuri, jibóia, surucucu ou outra qualquer.
(FIGUEIREDO e VIRGOLINO E SILVA, 1972)
A Cobra Grande, denominada pelos moradores do Rio das Pedras de Mãe do Rio,
portanto, faz parte definitivamente do imaginário amazônico, a crença nessas figuras ainda
permanece, como pode ser demonstrado pelos relatos aqui expostos.
Que a Mãe do Rio existe na mentalidade e no imaginário de boa parte dos
curuçaenses e moradores dos entornos do Rio das Pedras já pudemos analisar que sim,
assim como pudemos fazer uma breve análise do mito da Cobra Grande de maneira geral,
mito esse que correlacionamos com os relatos feitos a nós pelos nossos informantes. Para
poder arriscar incluir a Fuga da Mãe, em si, como um dos mitos curuçaenses,
primeiramente é cabível que se faça uma pequena explicação no tocante ao conceito de
mito sob o viés – principalmente – da Antropologia.
Para Mircea Eliade, a estrutura do Mito se dá:
De modo geral pode-se dizer que o mito, tal como é vivido pelas
sociedades arcaicas, 1) constitui a História dos atos dos Entes
Sobrenaturais; 2) que essa História é considerada absolutamente verdadeira
(porque se refere a realidades) e sagrada (porque é a obra dos Entes
Sobrenaturais); 3) que o mito se refere sempre a uma "criação", contando
como algo veio à existência, ou como um padrão de comportamento, uma
instituição, uma maneira de trabalhar foram estabelecidos; essa a razão pela
qual os mitos constituem Os paradigmas de todos os atos humanos
significativos; 4) que, conhecendo o mito, conhece-se a "origem" das
coisas, chegando-se, consequentemente, a dominá-las e manipulá-las à
vontade; não se trata de um conhecimento "exterior", "abstrato", mas de um
conhecimento que é "vivido" ritualmente, seja narrando cerimonialmente o
mito, seja efetuando o ritual ao qual ele serve de justificação; 5) que de
uma maneira ou de outra, "vive-se" o mito, no sentido de que se é
impregnado pelo poder sagrado e exaltante dos eventos rememorados ou
reatualizados. (ELIADE, 1972)
Quando ele coloca o mito como sendo aquilo que conta como algo veio à existência,
penso na Fuga da Mãe como uma explicação mítica da origem da morte do rio, do estado
atual em que se encontra esse ambiente, posto que para Dona Biuca – por exemplo – o
início dessa poluição está intrinsecamente vinculado ao momento da fuga dessa figura do
imaginário:
Biuca: É... a mãe do rio, com a queimada ela vai... vai ficando... igual
essa aqui. Essa aqui, como eu te disse, quando eu morei por aqui, isso
aqui era tudo plano. Não tinha isso aqui... era tudo plano, a água corria.
Passava a chuva, tava tudo sequinho, tinha olho... mais embaixo tinha um
rio bonito que a gente tomava banho. Era tudo cacimba, a gente ia... a
gente ia, cavava assim um buraquinho e dava no olho, a água boa vindo
de baixo da terra, né? Essas que são água boa. Aí tá...aí quando foi um
senhorzinho do município e pegou e roçou do lado de lá. Ele roçou... aí o
pessoal... ninguém se incomodou porque isso era coisa do prefeito, né? A
gente não pode desmatar no meio da cidade lá, só que quando ele veio aí
e desmatou, “não, você não pode queimar”. Mas não, ele largou fogo e
queimou tudinho. Tinha árvore, minha filha, enorme de grossa. Queimou
tudo, elas morreram, caiu tudinho, aí tá... quando chegou o inverno,
quando chegou o inverno a gente ouviu um estrondo. Um estrondo, mas
tão feio aquilo, aquilo foi quebrando, eu sei que tudo foi arrebentando, foi
levando aquilo pra cá, pra lá... os paus que tinha ainda na frente foi
levando todinhos. O pessoal dizem que foi a mãe... que é cobra grande
né... dizem que foi a cobra que foi embora. Aí foi justamente que ficou
isso aqui. Com a chuva que vem, era pra ficar dessa fundura, isso é muito
fundo aqui. O pessoal tem medo... tem medo de descer aqui.
Yasmin: Mas ela morava nessa cabeceira aqui?
Biuca: Eu acho que ela morava nessa cabecera aí.
Yasmin: Mas faz quanto tempo que ela mudou?
Biuca: Eu acho que faz uns 15 anos. Acho que tem uns quinze anos que
faz dessa coisa que falei.
Yasmin: Mas o pessoal vê a cobra?
Biuca: Não... foi de noite isso, nas horas da noite. Só ouvi o estrondo. Só
deixou a marca, que de manhã... o rastejo que de manhã ela saiu por aí.
Yasmin: Aí a senhora acha que depois disso...
Biuca: Depois disso, pronto, continuou aí. A chuva veio, aí formou essa
coisa aqui.
A partir dessa descrição que Dona Biuca fez sobre o momento exato da fuga da Mãe
do Rio e a motivação dessa mudança, que segundo ela ocorreu após o início dos maus
tratos ao ambiente do rio. Portanto, esse momento de fuga, de mudança, não ocorre sem
motivação, o motivo que leva essa figura a abandonar os seus domínios é a ação humana
direta neles, no sentido de destruição, poluição e queimadas. O relato de Dona Biuca se
assemelha ao de Dona Maria, exposto anteriormente, quando ela coloca que as mães vão
fugindo devido as pessoas roçarem as cabeceiras dos rios.
2.2 RELAÇÃO IMAGINÁRIO E MEIO AMBIENTE
A relevância da investigação cientifica em questão se dá, para que exista uma
valoração do conhecimento e da cultura local, dos povos amazônicos.
Em palestra proferida na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2006, o
professor Paul Little (UnB) discursou acerca da “Antropologia ambiental e seus campos de
pesquisa” 4 onde aqui cabe ressaltar um dos campos apresentados por Little quando do
estudo de temas ambientais na antropologia.
Para ele, uma das linhas de pesquisas pertinentes à Antropologia Ambiental seria a
“linha de pesquisa dos discursos ambientais que procura compreender a maneira como os
grupos entendem o ambiente e a natureza, questionando-se sobre o que é a natureza.”.
Ressaltei aqui a apresentação de Paul Little, pois compreendo que essa pesquisa se
insira no âmbito da pesquisa sobre discursos ambientais, ou da noção local de conservação
do Meio Ambiente, onde no caso dos caboclos curuçaenses é um discurso permeado por
figuras do imaginário sagrado amazônico.
Ao apresentar a figura da Mãe do Rio, essas pessoas estão mostrando um outro
aspecto em que se relacionam com a natureza. Como já foi mostrado no decorrer desse
trabalho, eles compreendem e refletem sobre a natureza nos seus aspectos econômicos,
materiais e até mesmo políticos, mas isso não significa que não possam - e o fazem – se
relacionar com ela a partir de outros aspectos, como o simbólico, ou o imaginário. Para o
antropólogo Roberto Da Matta:
4 Disponível em: <http://www.paranaonline.com.br/editoria/policia/news/176319/ >. Acesso em: 16 de maio 2015.
O caçador e o pescador não encaram sua atividade como possuindo um
caráter exclusivamente técnico; nela existem também elementos de ordem
sobrenatural que parecem indicar a entrada do homem num universo
governado por regras diferentes das que regem a sociedade humana. (DA
MATTA, 1973)
Um aspecto importante da relação entre a Mãe do Rio e a conservação do Meio
Ambiente é em como essa figura funciona, dentro do ponto de vista local, como uma
espécie de termômetro para a conservação do Meio Ambiente. De maneira que a
justificativa para os ambientes estarem degradados não é simplesmente a mudança da cobra
de lugar, ou a fuga dela desse local. Ao contrário, esse movimento de mudança e fuga se dá
quando o ambiente é degradado, poluído.
Para o antropólogo Maurício Waldman (2006), uma das principais diferenças entre
os povos tradicionais e as ditas sociedades modernas no tocante à relação com a Natureza,
está no imaginário, ou no modo como essas pessoas enxergam a Natureza e, por
conseguinte, se relacionam com ela.
De acordo com ele, a modernização ou ocidentalização dos povos tradicionais tem
como uma das consequências a mudança nas relações com o Meio Ambiente. Não pretendo
me aprofundar muito em discussões sobre a modernidade, que tanto vem aquecendo o
pensamento sociológico. Mas se pensarmos modernização como inserção de elementos
externos e que mudam inclusive as relações entre essas populações tradicionais e a
Natureza, posso citar o advento da água encanada como um dos aspectos de modernização
que colaboraram com uma mudança na relação entre essas pessoas e o meio ambiente.
Em conversa com a professora Onelice, ela me informou que acreditava que as
pessoas passaram a descuidar do Rio das Pedras depois que a água encanada chegou nas
casas dos moradores das vizinhanças. Isso teria acontecido há mais ou menos 20 anos. Isso
inclusive pode ter relação com o relato de Biuca que fala que há mais ou menos 15 anos
iniciou-se o processo de poluição e queimadas na cabeceira do rio.
A partir do momento que a água não é mais retirada diretamente do rio e passa a ser
entregue pela torneira, da distribuição municipal, onde os poços de distribuição eram
distantes da localidade (o poço construído no quintal de D. Maria é muito recente, menos
de 5 anos de construído) as pessoas mudam a maneira como enxergam esse recurso natural,
perdendo inclusive – ou diminuindo – a noção de espaço sagrado, morada de criaturas
sobrenaturais. Esse é um dos aspectos que Waldman observa como sendo características da
modernização:
Concepção de natureza como um mero recurso voltado para manter e
expandir incessantemente o progresso e o desenvolvimento econômico
[...] Note-se que o mundo tradicional contrariava essa postura. Podemos,
por exemplo, recordar que a palavra animal se origina justamente de
anima, do latim, que significa “alma”. Em outras palavras, a etimologia
revela que que no passado os animais tinham, em termos do imaginário,
uma clara inserção na ordem material e espiritual do universo. O mundo
moderno altera essa perspectiva, substituindo-a pela pretensão de dominar
a natureza, cujos reflexos são evidentes em um sem-número de variáveis
culturais. (WALDMAN, 2006)
Quando pensamos essas relações com a natureza e o imaginário, somadas as
discussões existentes na própria comunidade de âmbito político, valorizar essa forma de
pensar e esse imaginário de maior respeito com a natureza se torna, para eles um argumento
a mais diante de possíveis disputas ou mesmo nas suas reivindicações políticas. De maneira
similar ao ocorrido com os seringueiros do Acre, estudados por Mauro Almeida (2004).
Em concordância com esse posicionamento, Waldman escreveu:
O trabalho dos antropólogos no seio desses grupos tem fortalecido a
defesa do modus vivendi ambiental dessas comunidades, pois, destacando
os elementos de sustentabilidade ecológica presentes nas sociedades
tradicionais, esses especialistas atribuem a grupos socioculturais antes
inferiorizados uma valoração positiva. (WALDMAN, 2006)
As relações, portanto, existentes entre o pensar tradicional – que dentro de uma
comunidade cabocla amazônica é heterogêneo, e a conservação do Meio Ambiente se dá
nesses moldes, onde as figuras do imaginário além de controlarem o espaço da natureza
também são vistas como marcadoras dessa conservação. Nesse estudo de caso, específico
do Rio das Pedras, foi possível notar que todos os entrevistados tinham consciência do que
materialmente estava causando a morte do rio, mas ainda assim a figura da Mãe do Rio não
deixou de existir, surgindo agora com uma função de demonstrar que os abusos praticados
contra a natureza tem consequências materiais e simbólicas, “espirituais”.
CONCLUSÃO
O desafio de se escrever uma conclusão para um trabalho desse, para mim, é
imenso. Pois essa experiência de um ensaio etnográfico de cunho antropológico, lidando
com uma temática que apesar de estar em voga há tempo considerável permanece bastante
atual, atualíssima, diria.
As dificuldades foram muitas, e provavelmente visíveis para quem lê. A primeira
delas foi lidar com um período limitado em campo, diminuindo assim o contato com os
informantes e impossibilitando inclusive um maior aprofundamento no tema e nas
reflexões propriamente ditas. Mas acredito que pude fazer, com o pouco material que tinha
coletado, reflexões condizentes com a proposta.
O que concluo a partir desses estudos é que o imaginário mítico ainda está presente
nas populações caboclas amazônicas, e isso acontece independentemente ao que se chama
de “progresso”.
A Mãe do Rio está presente no imaginário local, mesmo quando negada por parte
dessas pessoas, pois a partir dessas negações também é possível pensar as relações
existentes entre Meio Ambiente e o Imaginário.
Pude compreender a partir desse estudo que a racionalidade cabocla não é
excludente, compreende-se a existência dos fenômenos materiais, como o assoreamento,
consequências das queimadas e da poluição por exemplo, mas também mantém-se a crença
não só na existência dessas figuras de bichos encantados mas na sua relação com essas
pessoas no cotidiano e na sua relação com o Meio Ambiente e com o estado de conservação
dos espaços naturais.
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