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A FORMAÇÃO DOCENTE COMPARTILHADA ENTRE A UNIVERSIDADE E
A ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA: EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS NO
PIBID
Lucélio Ferreira SimiãoUniversidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Resumo
Este texto apresenta reflexões sobre o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, mantido pelo Ministério da Educação em parceria com a CAPES, que concede bolsas de iniciação à docência para alunos de cursos de licenciatura para que exerçam atividades pedagógicas em escolas públicas de Educação Básica, e bolsas para professores da escola e da universidade para que acompanhem e orientem esses alunos. O PIBID visa: incentivar os alunos bolsistas a reconhecerem a relevância social da carreira docente; promover a articulação teoria-prática e a integração entre escolas e universidades; contribuir para a melhoria da qualidade dos cursos de formação docente e enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem nas escolas. Na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS, o projeto institucional intitulado "A Construção da Identidade Profissional Docente: formação compartilhada entre a Universidade e a Escola de Educação Básica" abrange 14 subprojetos, e objetiva a vivência da prática docente a partir de uma reflexão teórico-prática, por meio da realização de um trabalho de inserção cotidiana no ambiente escolar. Destaca-se no projeto a possibilidade de produzir materiais e metodologias inovadoras, contribuindo para a formação dos alunos bolsistas e a elevação da qualidade de ensino da Educação Básica, e a valorização da escola como lócus de formação e investigação para futuros professores, promovendo a troca de experiências numa relação de parceria entre coordenadores de área e professores supervisores para atuarem na formação dos alunos bolsistas. Os primeiros resultados apontam um aumento no número de alunos interessados em ingressar na carreira docente, motivados pelo contato frequente que tiveram com a escola, e pelo aprimoramento dos conhecimentos específicos e pedagógicos propiciados pelas ações do PIBID, incentivando-os a refletir sobre as experiências vivenciadas e sobre as teorias e práticas estudadas na universidade.
Palavras-chave: PIBID. Formação Docente. Trabalho Colaborativo. Parceria Escola-Universidade.
XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.000207
IntroduçãoNos últimos tempos verifica-se uma constante preocupação com a qualidade do
ensino e com os resultados insatisfatórios de longos e custosos processos de
escolarização, voltando a atenção para a organização da escola e para o professor,
enquanto profissional diretamente responsável pela natureza e qualidade do cotidiano
educativo na sala de aula e na escola. O Governo Federal, através do Ministério da
Educação, vem implantando algumas políticas de formação de professores, visando
atender a demanda de formação de profissionais da educação que, segundo dados do
Censo Escolar 2006, apontaram a existência de cerca de 170 mil funções docentes nas
redes públicas de ensino ocupadas por profissionais que atuam sem a formação legal
mínima exigida, além de mais de 673 mil funções docentes nas redes públicas de ensino
ocupadas por profissionais que não possuem formação em nível superior (MEC/INEP,
2009, p. 615).
Dentre essas ações destaca-se a criação do Programa Institucional de Iniciação à
Docência - PIBID, com o objetivo de fomentar a formação inicial de profissionais do
magistério, seguindo as diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educação e aos princípios da Política Nacional de Formação de Profissionais do
Magistério da Educação Básica. O programa é desenvolvido pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES através da Diretoria de
Educação Básica Presencial – DEB.
Neste texto apresentamos os primeiros resultados das ações que estão sendo
implementadas em um projeto institucional do PIBID, descrevendo as contribuições que
esse programa tem trazido para a formação de professores e para a escola de educação
básica, a partir de depoimentos de alunos bolsistas, bolsistas egressos e professores
supervisores.
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
O PIBID foi criado com a finalidade de valorizar o magistério, fomentando a
iniciação à docência de alunos dos cursos de licenciatura, aumentando a convivência
dos graduandos com o cotidiano da função docente, em condições criativas e
diversificadas, estimulando o ingresso e permanência na carreira docente e o seu
desenvolvimento profissional, contribuindo, assim, para ajustar as ofertas às demandas
da rede pública, minimizando a carência de professores da educação básica.
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O programa insere os alunos no cotidiano de escolas, promovendo uma maior
integração entre educação superior e educação básica, com o objetivo de elevar a
qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores e o aumento
na qualidade do ensino da escola. São oferecidas bolsas em quatro modalidades:
bolsistas de iniciação à docência, para alunos dos cursos de licenciatura; bolsistas de
supervisão, para professores das escolas públicas; bolsas de coordenação de área de
conhecimento e coordenação institucional para docentes das universidades.
O primeiro edital foi lançado em 2007 com a participação somente das
instituições federais de ensino superior, com 3.088 bolsas implantadas. No edital aberto
em 2009 todas as instituições públicas de ensino superior puderam participar, e foram
implantadas 10.644 bolsas. Em 2010 um edital implanta 2.700 bolsas em instituições
públicas municipais de educação superior, universidades e centros universitários
filantrópicos, confessionais e comunitários, e um edital “PIBID diversidade” com 1.724
bolsas para alunos dos cursos de Licenciatura para Educação do Campo e Licenciatura
para a Educação Indígena. Em 2011 a CAPES lança novo edital destinado às
instituições públicas de ensino superior, com 11.510 bolsas implantadas, totalizando
29.666 bolsas concedidas no âmbito do programa PIBID.
Nesse período foram contempladas 146 instituições de ensino superior, sendo 25
comunitárias, 32 universidades estaduais, 56 universidades federais, 27 institutos
federais e 6 instituições municipais. Estão sendo atendidas 1.938 escolas públicas,
desenvolvidos 1.442 subprojetos em diferentes licenciaturas, 3.198 professores de
escolas públicas estão atuando como supervisores e 21.598 alunos de licenciatura são
bolsistas de iniciação à docência.
O PIBID na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS
A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul foi implantada em 15 unidades
distribuídas no interior do estado de Mato Grosso do Sul, com sede na cidade de
Dourados/MS, tendo como missão institucional, a democratização do acesso à educação
superior pública, com o compromisso de atender às necessidades regionais, diminuir os
altos índices de professores em exercício sem a devida habilitação e contribuindo com o
desenvolvimento técnico, científico e social do Estado.
A UEMS busca estabelecer seus objetivos e metas de acordo com as premissas e
definições da LDB, com vistas ao fortalecimento da prática universitária no Brasil e de
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formação de professores para a educação básica. Nessa perspectiva, tem procurado
desenvolver as principais ações da política de formação de professores do Governo
Federal, o que levou a propor dois projetos institucionais no PIBID:
Em 2010 foi implantado o projeto institucional intitulado “Iniciação a docência:
fortalecendo compromisso entre universidade e escolas de educação básica”, voltado
aos cursos de licenciaturas em oferta na sede da universidade, situada em Dourados –
MS, com a oferta de seis subprojetos, 128 bolsas de iniciação à docência, 14 bolsas de
supervisão e 6 bolsas de coordenação.
Em 2011, houve a aprovação do projeto institucional intitulado “A Construção
da Identidade Profissional Docente: formação compartilhada entre a Universidade e a
Escola de Educação Básica”, abrangendo 14 cursos de licenciaturas distribuídas em 10
unidades universitárias do interior do Estado. Nesse projeto foram implantadas 108
bolsas de Iniciação à docência, 14 bolsas de supervisão e 14 bolsas de coordenação de
área.
Neste texto apresentamos os resultados do segundo projeto, que objetiva
promover uma formação docente pautada na construção de uma identidade profissional,
com a inserção dos futuros professores no ambiente da escola de educação básica para o
desenvolvimento de um estágio docente que vise buscar/levar experiências inovadoras
de ensino a partir de uma dialogiciadade estabelecida entre esses futuros professores, os
professores da escola pública e o professor coordenador de área.
Segundo Pimenta e Lima (2004), a identidade profissional é construída ao longo
da trajetória do professor como profissional do magistério, mas é na formação inicial e
essencialmente no estágio docente que esse futuro professor pode fazer uma reflexão
sobre a construção e fortalecimento de sua identidade profissional. As experiências
vivenciadas pelos futuros professores no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência poderão ser um espaço de construção dos fundamentos e bases de sua
identidade docente, pois segundo Buriolla, apud Pimenta e Lima (2004, p. 10), o
estágio é o locus onde a identidade profissional é gerada, construída e referida; volta-
se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica.
O projeto institucional busca estabelecer ações que propiciem vivência da
prática docente a partir de uma reflexão teórico-prática, por meio da realização de um
trabalho de inserção cotidiana no ambiente escolar, de natureza etnográfica, priorizando
estabelecer nos subprojetos as seguintes ações: (a) inserir os alunos bolsistas no
ambiente escolar, para compreender e se integrar no cotidiano da escola; (b) propiciar
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uma aproximação das escolas de educação básica com a universidade por intermédio da
formação compartilhada entre professores supervisores e professores coordenadores de
área; (c) promover o incentivo à docência e o desenvolvimento profissional dos alunos
bolsistas, futuros professores, por meio da vivência de experiências de ensino
inovadoras que articulem teoria e prática; (d) estimular a formação de grupos de estudos
entre os alunos bolsistas, para socializar e discutir os problemas de ensino-
aprendizagem identificados durante as visitas à escola, propondo, assim, soluções
metodológicas para a superação desses problemas; (e) pesquisar e desenvolver recursos
didáticos para o desenvolvimento de atividades com os conceitos e conteúdos
específicos da área; (f) promover atividades de complementação curricular aos
conteúdos trabalhados na escola de educação básica, buscando superar as dificuldades
apresentadas pelos seus alunos, por meio de oficinas ou outras atividades; (g) incentivar
a divulgação das atividades desenvolvidas durante o PIBID em congressos, simpósios e
eventos científicos.
A parceria escola-universidade
O projeto institucional foi inicialmente pensado levando-se em conta a
necessidade de ampliar o número de bolsas de estudos que possibilitassem aos alunos
das licenciaturas se dedicarem à sua formação, de forma a priorizar a sua atuação em
grupos de estudos e de pesquisa que tivessem a escola e a prática docente como o foco
central de estudo, colaborando para a construção de uma identidade profissional
docente.
Nesse contexto, são imprescindíveis as parcerias estabelecidas entre as escolas
de educação básica e a universidade, atuando na formação compartilhada dos alunos de
licenciatura, possibilitando o desenvolvimento profissional da docência a partir da
vivência de experiências que articulem teoria e prática.
De forma subsidiária, a atuação desses futuros professores nas escolas parceiras
tem contribuído para a melhoria da qualidade de ensino dos alunos da escola, pois no
âmbito das ações do PIBID são desenvolvidas atividades e experiências inovadoras
apoiadas na pesquisa, produção e aplicação de materiais e métodos pedagógicos
subsidiários às ações desenvolvidas pelo professor em sala de aula.
O estudo da escola, como um espaço sociológico-organizacional, vem ganhando
destaque na pesquisa educacional buscando construir um objeto de estudo que supere a
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dicotomia entre os olhares macroanalíticos, que desprezavam as dimensões
organizacionais dos fenômenos educativos e pedagógicos, e os microanalíticos,
essencialmente centrados no estudo da sala de aula e das práticas didático-pedagógicas
(Lima, 2001).
Segundo Román Pérez e Díez López (2004), a escola é uma instituição geradora
de conhecimento e, de uma maneira corporativa, é entendida como uma organização
que aprende e, a partir daí, ensina. Essa geração de conhecimento não se faz somente de
uma maneira reprodutora, mas sim transformadora. Os conhecimentos são trabalhados
de maneira que os alunos que aprendem de uma forma crítica e criadora, para se
transformarem em pessoas críticas, construtivas e criadoras.
A escola assume um papel importante na promoção do desenvolvimento
profissional de seus participantes, devendo ser percebida como uma organização que
aprende, em função de uma dinâmica que acompanha e propicia mudanças de acordo
com suas necessidades e de seus objetivos. Nesse sentido, a escola é pensada segundo
uma concepção da organização que aprende em termos de ‘ambientes
organizacionais’, nos quais seus membros pensam e agem de modo similar e
coerentemente entre si (MIZUKAMI et al., 2002, p. 81).
A inserção de alunos bolsistas do PIBID na escola de educação básica possibilita
a sua valorização como lócus privilegiado para a formação docente, em que os futuros
professores podem vivenciar experiências de aprendizagens no contexto da escola, que
foram e tem sido importantes para a sua formação, e que podem ser classificadas
segundo um rol de aprendizagens propostas por Pimenta e Lima (2004), tais como:
aprendizagens do contexto social e geográfico em que está inserida a escola;
aprendizagens de chegada dos alunos à escola; aprendizagens de aprofundamento: o
diagnóstico da escola, seus projetos, estrutura física, gestão escolar etc; aprendizagens
sobre o projeto político-pedagógico da escola e como ele reflete na prática pedagógica
do professor; aprendizagens decorrentes da dinâmica interativa de saberes;
aprendizagens sobre a vida e o trabalho dos professores na escola; aprendizagens sobre
a dinâmica das aulas; aprendizagens sobre a escola em movimento, acompanhando os
horários de entrada, saída, o recreio, as atividades culturais e pedagógicas da escola;
aprendizagens sobre a sala de aula: acompanhando o movimento na sala, seus conflitos,
contradições e possibilidades.
Os atores envolvidos no PIBID e seus olhares sobre o programa.
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Com pouco mais de um semestre de desenvolvimento do segundo projeto
institucional, pudemos coletar algumas informações a partir de um questionário
aplicado a todos os atores envolvidos diretamente no PIBID, com o intuito de captar as
suas impressões e opiniões sobre os impactos que o programa teve ou está tendo na
formação dos licenciandos na UEMS, e com o objetivo de entender se o programa, de
alguma forma, tem influenciado os alunos a optarem pela carreira docente e se as suas
ações têm contribuído na formação acadêmica desses futuros professores.
O perfil dos alunos bolsistas na UEMS
O perfil dos alunos bolsistas revelou que dos 102 alunos que responderam ao
questionário, 82% são mulheres e 18% são homens, 18% têm 19 anos ou menos, 39%
de tem entre 20 e 24 anos, 20% tem entre 25 e 29 anos, 11% tem entre 30 e 34 anos e 13
% tem 35 anos ou mais. Quanto à forma de ingresso na UEMS, 89% entraram pelas
vagas gerais e 11% são alunos cotistas negros. A maioria é oriunda da escola pública,
pertencentes às classes sociais D e E (conforme classificação do IBGE), e moram com
os pais ou cônjuges, 91% cursaram o ensino fundamental somente em escola pública e
87% cursaram o ensino médio também somente em escola pública.
Esses dados indicam que o programa de bolsas PIBID tem atingido uma
clientela que geralmente tem dificuldades em se manter no ensino superior, pois muitas
vezes precisavam trabalhar para prover recursos para seu sustento e de suas famílias. A
bolsa, em alguns casos, teve impacto direto na renda de suas famílias, chegando a
representar 30% da renda bruta. O ingresso desses alunos no programa trouxe muito
mais do que uma oportunidade de estágio de iniciação à docência, permitiu que
permanecessem no curso sem precisar de um emprego, diminuindo o índice de evasão,
além de possibilitar um tempo maior para se dedicarem aos estudos nas disciplinas do
curso e tempo para outras atividades acadêmicas.
O olhar dos alunos bolsistas sobre o PIBIDOs alunos bolsistas demonstraram elevado interesse e envolvimento com os
cursos de licenciatura que freqüentam, pois 68% declararam que, ao optarem pelo
ingresso em um curso de licenciatura, conheciam claramente a opção profissional que o
curso oferecia, 29% declararam que conheciam parcialmente e apenas 3% disseram que
não sabiam que se formariam para ser professor. Quanto ao nível de satisfação com o
curso de licenciatura, numa escala de zero a dez em que zero correspondia a
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“insatisfeito” e dez correspondia a “totalmente satisfeito”, os depoimentos
concentraram-se entre seis a dez, sendo que 77% das repostas estavam acima de oito,
indicando um elevado nível de satisfação dos alunos (Gráfico 1).
Os alunos também declararam o que pretendem fazer depois da conclusão do
curso de licenciatura: 71% pretendem fazer um curso de pós-graduação, 57% pretendem
assumir o magistério em escola pública, 10% pretendem fazer outro curso de graduação,
8% pretendem assumir o magistério em escola particular e apenas 2% não pretendem
trabalhar em área relacionada à educação.
Sobre o questionamento se o PIBID tem contribuído para a sua formação
docente, numa escala de zero a dez, em que zero correspondia a “não contribuiu” e dez
correspondia a “contribuiu totalmente”, 87% dos alunos disseram que o programa tem
contribuído para a melhoria no rendimento acadêmico, considerando-se as escalas de 8
a 10 (Gráfico 2); 91% disseram que as ações do PIBID têm contribuído para o
aprimoramento dos seus conhecimentos específicos e pedagógicos, considerando-se as
escalas de 8 a 10 (Gráfico 3); e 96% disseram que o programa tem contribuído para que
eles reflitam sobre as experiências vivenciadas na escola e as teorias e práticas
estudadas na universidade, considerando-se as escalas de 8 a 10 (Gráfico 4).
Na opinião dos alunos bolsistas, o PIBID tem proporcionado significativas
contribuições para a sua formação docente e entre os relatos, destacamos:
Trouxe-me experiências em relação a indisciplina, inclusão, planejamentos, projetos, violência, diversidade cultural e religiosa, bullying, etc. São vários os fatores vivenciados em sala de aula,e com isso me sinto grata ao PIBID por me proporcionar adiantadamente experiências cuja as quais só vivenciaria se lecionasse assim que concluísse o curso, e com o PIBID consigo me preparar antecipadamente. [A9]
O PIBID nos dá a ideia verdadeira do nosso papel na docência, pois nos permite vivenciá-lo na prática ainda no período acadêmico. Aprendemos a planejar, a refletir sobre nossas ações, a lidar com nossa insegurança inicial, com o preparo de atividades e objetivos a serem alcançados com elas. Enfim, o projeto amplia nosso universo, contribuindo para a formação de uma prática docente baseada no compromisso, na reflexão e no constante aprendizado. [A76]
Para mim como futura educadora, o projeto me proporcionou a oportunidade de vivenciar a realidade da sala de aula, e como iniciante no curso de Geografia sem perspectiva alguma em seguir a carreira como educadora, com o projeto pude ter certeza do que realmente quero, que, é ir para a sala de aula lecionar, fico muito grata por esta oportunidade única na minha vida acadêmica, que servirá como base na minha carreira como futura docente. [A84]
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As opiniões e respostas sugerem que o PIBID tem tido êxito ao inserir os alunos
no cotidiano da escola para que possam vivenciar experiências docentes no ambiente
escolar e essas vivências tem contribuído significativamente para a sua formação
docente e despertando o interesse pela carreira de professor. O trabalho na escola tem
possibilitado reflexões acerca dos dilemas e realizações que a profissão docente traz,
além de poderem contrapor as experiências dos professores supervisores com as teorias
e práticas estudadas na universidade. As falas apontam que vários bolsistas se mostram
desejosos por se tornar professores devido a participação no programa, além de se
sentirem mais motivados a aprender conteúdos da graduação, pois percebem a
necessidade de terem conhecimentos específicos e pedagógicos para se tornarem bons
profissionais.
O olhar dos bolsistas egressos sobre o PIBID
Para os bolsistas egressos, ou seja, os que já concluíram seus cursos de
licenciatura, as ações desenvolvidas no PIBID contribuíram significativamente para a
sua formação docente, pois 20% atribuiu nota 8 e 80% atribuiu nota 9 a este
questionamento, numa escala de zero a dez, na qual dez correspondia a “contribuiu
totalmente” (Gráfico 5). Em relação à melhoria no rendimento acadêmico, 80% das
respostas aparecem entre as escalas de 7 a 9 (Gráfico 6); em relação ao questionamento
se as ações do PIBID contribuíram para o aprimoramento dos seus conhecimentos
específicos e pedagógicos, a totalidade das respostas aparece entre as escalas de 7 a 10
(Gráfico 7); e por fim, ao questionarmos se o programa contribuiu para que eles
refletissem sobre as experiências vivenciadas na escola e as teorias e práticas estudadas
na universidade, também o total de respostas figurou entre as escalas 7 a 10 (Gráfico 8).
A pesquisa indicou ainda que 60% desses bolsistas egressos estão atuando na carreira
docente e destes, 77% atuam no ensino público.
Na opinião dos bolsistas egressos, o PIBID trouxe grandes contribuições para a
sua formação docente e entre os diversos relatos, destacamos:
O PIBID foi de grande valia, pois reforçou minhas opiniões sobre o que realmente é um professor, e que além de tudo devemos amar nossa profissão, e que nossa educação necessita cada vez mais de profissionais capacitados e com suporte teórico. Assim o PIBID foi um meio de atribuir as teorias da universidade com a prática de uma sala de aula, ocasionando assim um resultado positivamente em minha
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formação, e cada vez mais tenho orgulho de minha profissão e de ser professora. [E6]
O PIBID pode mostrar como é o ensino na escola, suas dificuldades e suas melhorias com o passar do tempo. Com o PIBID coloquei em prática os ensinamentos teóricos da universidade e assim melhorar minha forma de ensinar e aprender no meio escolar. [E9]
Com o PIBID pude observar a realidade de uma sala de aula, possibilitou uma análise da postura que deve ser tomada frente as diversas situações que surgem na escola. [E10]
A este grupo de bolsistas egressos interessava-nos entender os impactos do
PIBID trouxe para a sua formação docente, procurando compreender também se, de
alguma maneira, o programa influenciou-os na opção pela carreira docente. As opiniões
e respostas dos bolsistas egressos demonstram que o PIBID tem parcela significativa de
contribuição para a formação acadêmica dos alunos, em conteúdos específicos e
pedagógicos e na reflexão sobre a identidade profissional docente, elevando o grau de
interesse pelo ingresso na carreira docente, refletido pelo percentual de egressos que
ingressaram na carreira docente no primeiro semestre depois de formados.
O olhar dos professores supervisores sobre o PIBID
Para os professores supervisores das escolas parceiras o PIBID tem contribuído
significativamente para o trabalho desenvolvido com os seus alunos, pois 92%
responderam entre os conceitos de 7 a 10 (Gráfico 9), numa escala de zero a dez em que
zero correspondia a “não contribuiu” e dez correspondia a “contribuiu totalmente”, que
o programa tem contribuído para a melhoria da aprendizagem de seus alunos. Também,
92% indicaram que o programa tem contribuído com sua prática pedagógica,
considerando-se a escala de 7 a 10 (Gráfico 10). Já em relação ao questionamento se o
PIBID contribui para alcançar os objetivos propostos no Projeto Pedagógico da escola,
83% responderam entre as escalas de 7 a 10 (Gráfico 11). Os professores citaram
também algumas contribuições que o PIBID trouxe para a sua prática pedagógica e a
formação docente:
O PIBID está sendo um programa que vem contribuindo muito para a aprendizagem dos alunos. Minha prática pedagógica vem melhorando a cada dia, pois estava meio desmotivada pelo pouco incentivo e com o fracasso que a educação vem passando. Este programa me trouxe mais ânimo para programar atividades diferenciadas, e o fato de ver os alunos também entusiasmados e nível de interesse pela disciplina
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aumentando a cada dia, faz querermos mais e mais. Parabéns o projeto é ótimo, e também uma ótima experiência para os futuros docentes. [S4]
A maior contribuição do PIBID foi a questão de voltar a ter contato com a universidade, deixei um pouco os livros didáticos e retomei os teóricos. É interessante colocar em prática o que estamos lendo com maior embasamento teórico. (...) com o auxilio do PIBID ficou mais diversificada as minhas aulas. Houve um aumento na elaboração e execução de projetos voltados para a leitura, aumentando assim nossas práticas de leitura. Com a ajuda dos bolsistas foi possível elaborar aulas diversificadas e mais atrativas para os alunos. [S11]
Algumas considerações: colhendo os primeiros frutos
O PIBID, ao inaugurar um novo panorama na formação de professores com uma
inserção cotidiana e prolongada dos alunos bolsistas no ambiente escolar, rompe com as
limitações impostas pelo modelo de estágio curricular supervisionado presente na
maioria dos cursos de licenciaturas em que os alunos vão à escola em momentos
pontuais e, por vezes, tem uma visão fragmentada sobre a ação docente nesse ambiente,
ação essa que tem especificidades que só podem ser percebidas no convívio cotidiano
com a sala de aula e com a escola.
Os dados mostram que os alunos bolsistas afirmam ter um maior envolvimento
com o seu curso de licenciatura e manifestam crescente interesse pelo ingresso na
carreira docente e em dar continuidade aos estudos em nível de pós-graduação, porém
com manifesto desejo de atuarem na educação. Isso demonstra que o programa vem
atingindo o seu objetivo de estimular os licenciandos para o ingresso e permanência na
carreira docente.
Os professores supervisores relataram que o PIBID tem contribuído para a
melhoria da qualidade do ensino na escola com os seus alunos, a partir das atividades
desenvolvidas pelos alunos bolsistas, além de ter despertado o interesse em desenvolver
aulas mais dinâmicas e de retornar à universidade para participarem de cursos de
formação continuada e de pós-graduação.
Dentre os impactos que o PIBID trouxe para a formação de professores na
UEMS, destacam-se: diminuição da evasão nos cursos de licenciatura e,
consequentemente, aumento no número de egressos; reconhecimento de um novo status
para as licenciaturas na comunidade acadêmica e elevação da autoestima dos
licenciandos; articulação entre teoria e prática, vivenciadas na escola e na universidade;
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presença crescente de trabalhos dos bolsistas em eventos científicos; reconhecimento da
escola de educação básica como um campo privilegiado de formação de professores.
Para as escolas parceiras, o programa tem contribuído: no enriquecimento das aulas com
a produção de materiais didáticos, jogos, vídeos, textos, livros, experiências, blogs, etc;
na realização de atividades complementares para alunos com dificuldades de
aprendizagem em conteúdos específicos; no incremento de uso dos espaços como
laboratórios de ciências; de informática, e de multimeios; na formação continuada dos
professores supervisores; e na aproximação entre universidade e escolas de educação
básica, atuando como co-formadores de futuros professores.
Referências
BRASIL. Ministério de Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Avaliação do Plano Nacional de Educação 2001 -2008. Volume III. Brasília, DF: MEC/INEP, 2009.
LIMA, L. C. A escola como organização educativa: uma abordagem sociológica. São Paulo: Cortez, 2001.
MIZUKAMI, M. G. N. et al. Escola e Aprendizagem da Docência: processos de investigação e formação. São Carlos: EdUFSCar, 2002.
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2004.
ROMÁN PÉREZ, M.; DÍEZ LÓPEZ, E. As Organizações Educativas Aprendem? Como?. Disponível em: <http://www.martinianoroman.com/pagina/articulos/articulo_ 4_portugues. htm>. Acesso em: 26 out. 2004.
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Anexos
Gráfico 1: Nível de satisfação dos alunos bolsistas com o seu curso de licenciatura
Gráfico 2: Grau de contribuição do PIBID para a melhoria do rendimento acadêmico dos alunos bolsistas
Gráfico 3: Grau de contribuição que as ações do PIBID tem trazido para o aprimoramento dos conhecimentos específicos e pedagógicos dos alunos bolsistas
Gráfico 4: Grau de contribuição que o PIBID trouxe para a reflexão dos bolsistas sobre as experiências vivenciadas na escola e as teorias e práticas estudadas na universidade.
Gráfico 5: Grau de contribuição das ações do PIBID para a formação docente dos bolsistas egressos
Gráfico 6: Grau de contribuição do PIBID para a melhoria do rendimento acadêmico dos bolsistas egressos
Gráfico 7: Grau de contribuição que o PIBID trouxe para o aprimoramento dos conhecimentos específicos e pedagógicos dos bolsistas egressos
Gráfico 8: Grau de contribuição que o PIBID trouxe para a reflexão dos bolsistas egressos sobre as experiências vivenciadas na escola e as teorias e práticas estudadas na universidade
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Gráfico 9: Grau de contribuição do PIBID para a melhoria na aprendizagem dos estudantes da escola, na opinião dos professores supervisores
Gráfico 10: Grau de contribuição do PIBID para a prática pedagógica dos professores supervisores
Gráfico 11: Grau de contribuição do PIBID para alcançar os objetivos propostos no Projeto Pedagógico da escola, na opinião dos professores supervisores
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