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Revista Comunicar Psicologia, 2012, Lúcia Maria de Matos Viana 38 A ESQUIZOFRENIA SOB A ÓTICA HUMANISTA E EXISTENCIAL INTRODUÇÃO A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a doença está associada a um desequilíbrio que afeta o indivíduo na sua totalidade, por outro lado a saúde corresponde a um estado de completo bem-estar físico, mental e social. A esquizofrenia é uma doença mental que se manifesta geralmente na adolescência ou no início da idade adulta, atinge cerca de um por cento da população de ambos os sexos, sendo encontrada no mundo inteiro em todas as raças, culturas e classes sociais. Anteriormente chamada “demência precoce” apresenta como principal característica a dissociação da personalidade, onde as pessoas afetadas habitam simultaneamente dois mundos, o real e o patológico. Considerada uma doença complexa, acredita-se que sua etiologia alia fatores de caráter somático a elementos heredo-familiares e psicossociais. Este distúrbio altera principalmente os processos do pensamento, percepção e afetividade, tendo como aspectos mais característicos as alucinações e delírios, transtornos de pensamento e fala perturbação das emoções e do afeto, déficits cognitivos e avolição. A estratégia de tratamento para a esquizofrenia possue uma variação de acordo com a fase e com a gravidade da doença, que acarreta conseqüências de caráter individual, familiar, social e econômico. Neste sentido, as abordagens psicossociais tornam-se essenciais para a reabilitação dos sujeitos afetados por essa patologia. É dentro desta abordagem psicossocial que a Psicologia Humanista, através da Abordagem Centrada na Pessoa desenvolve seu trabalho visando um aumento de autonomia, realização pessoal e qualidade de vida das pessoas afetadas por essa doença. Referindo-se ao comportamento anormal como distorções do desenvolvimento, esta abordagem interpreta as origens da distorção de forma diferenciada, onde os comportamentos que são rotulados como “esquizofrenia” representam a relação do indivíduo com o mundo. O papel do terapeuta é o de facilitador. Chama-se de atitudes facilitadoras as ações que o psicólogo realiza durante a relação de cuidado psicológico com o cliente, desta forma, as qualidades atitudinais do terapeuta para o processo de mudança do cliente são: a congruência, consideração positiva incondicional e compreensão empática. Colaborando assim para que o cliente possa buscar em si próprio a sua direção.

A Esquizofrenia Sob a Ótica Humanista e Existencial

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  • Revista Comunicar Psicologia, 2012, Lcia Maria de Matos Viana

    38 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    INTRODUO

    A Organizao Mundial de Sade (OMS) considera que a doena est associada a um

    desequilbrio que afeta o indivduo na sua totalidade, por outro lado a sade corresponde a um

    estado de completo bem-estar fsico, mental e social.

    A esquizofrenia uma doena mental que se manifesta geralmente na adolescncia ou

    no incio da idade adulta, atinge cerca de um por cento da populao de ambos os sexos,

    sendo encontrada no mundo inteiro em todas as raas, culturas e classes sociais.

    Anteriormente chamada demncia precoce apresenta como principal caracterstica a

    dissociao da personalidade, onde as pessoas afetadas habitam simultaneamente dois

    mundos, o real e o patolgico. Considerada uma doena complexa, acredita-se que sua

    etiologia alia fatores de carter somtico a elementos heredo-familiares e psicossociais.

    Este distrbio altera principalmente os processos do pensamento, percepo e

    afetividade, tendo como aspectos mais caractersticos as alucinaes e delrios, transtornos de

    pensamento e fala perturbao das emoes e do afeto, dficits cognitivos e avolio.

    A estratgia de tratamento para a esquizofrenia possue uma variao de acordo com a

    fase e com a gravidade da doena, que acarreta conseqncias de carter individual, familiar,

    social e econmico.

    Neste sentido, as abordagens psicossociais tornam-se essenciais para a reabilitao dos

    sujeitos afetados por essa patologia.

    dentro desta abordagem psicossocial que a Psicologia Humanista, atravs da

    Abordagem Centrada na Pessoa desenvolve seu trabalho visando um aumento de autonomia,

    realizao pessoal e qualidade de vida das pessoas afetadas por essa doena.

    Referindo-se ao comportamento anormal como distores do desenvolvimento, esta

    abordagem interpreta as origens da distoro de forma diferenciada, onde os comportamentos

    que so rotulados como esquizofrenia representam a relao do indivduo com o mundo.

    O papel do terapeuta o de facilitador. Chama-se de atitudes facilitadoras as aes que

    o psiclogo realiza durante a relao de cuidado psicolgico com o cliente, desta forma, as

    qualidades atitudinais do terapeuta para o processo de mudana do cliente so: a congruncia,

    considerao positiva incondicional e compreenso emptica. Colaborando assim para que o

    cliente possa buscar em si prprio a sua direo.

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    39 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    ASPECTOS TERICOS SOBRE A ESQUIZOFRENIA

    A esquizofrenia conceituada como um conjunto de reaes psicticas

    caracterizadas por distrbios das relaes pessoais e incapacidade de pensar e comunicar-se

    com clareza (Isaacs, 1998). Este distrbio, segundo o mesmo, altera principalmente os

    processos de pensamento, percepo e efetividade.

    um transtorno mental que ocorre em cerca de 1% da populao mundial, sem

    diferena significativa entre os gneros. Desde a antiguidade existem relatos de sinais e

    sintomas parecidos aos que hoje denominamos de esquizofrenia, mas somente no final do

    sculo XVIII que se comea a valorizar os sintomas psquicos e se inicia o interesse em

    classific-los e conceitu-los (Sadock & sadock, 2006).

    A histria conceitual da esquizofrenia, segundo Silva (2006) data do final do sculo

    XIX e da descrio da demncia precoce por Emil Kraepelin. Outro cientista que teve grande

    influncia sobre o conceito atual da esquizofrenia foi Eugen Bleuler.

    Kraepelin (1856-1926) criou uma classificao de transtornos mentais que se baseava

    no modelo mdico, tendo como objetivo delinear a existncia de doenas como etiologia,

    sintomatologia, curso e resultados comuns. O mesmo distinguiu trs formas de transtorno:

    hebefrnica, catatnica e paranide.

    Bleuler (1857-1939) criou o termo esquizofrenia (esquizo=diviso, phenia=mente)

    que substituiu o termo demncia precoce, para pontuar a presena de uma cisma entre

    pensamento, emoo e comportamento nos pacientes afetados. O mesmo autor associa a

    esquizofrenia a perturbaes sofridas pelo processo de associao e a uma forma peculiar de

    pensar e comportar-se, que designa por autismo. Como fatores secundrios consideram os

    delrios, as alucinaes e o comportamento catatnico (Amaro, 2005, p.56).

    Com a introduo da palavra esquizofrenia, inicia-se uma nova concepo dessa

    perturbao mental que passa a ser definida pelo tipo e sintoma.

    Bleuler concentrou-se em sinais e sintomas que consideraram fundamentais e

    primrios e enfatizou a dissociao de funes mentais como a caracterstica essencial do

    transtorno. Para o mesmo, a esquizofrenia no era uma doena unitria, mas um grupo de

    esquizofrenias, que inclui mltiplos transtornos com caractersticas clnicas comuns.

    Os trs primeiros subtipos clssicos (demncia paranide, hebefrenia e catatonia) eram

    descritos como doenas separadas at que Kraepelin juntou-as sob o nome de demncia

    precoce. Juntamente com a esquizofrenia simples, introduzida por Bleuler, os subtipos

    paranide, hebefrnico e catatnico de Kraepelin formaram o grupo de esquizofrenias de

    Bleuler (Silva, 2006). A partir das conceituaes e estudos desses dois psiquiatras firmou-se o

    estudo dessa doena. Nesse sentido h ainda o psiquiatra Kurt Schneider, que definiu alguns

    sintomas considerados muito importantes para o diagnstico da doena, Louz (1995 como

    citado em Pinho, 2008).

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    40 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    Definida atualmente por Pinho (2008) como uma doena mental grave, a esquizofrenia

    caracterizada por uma perturbao da personalidade, perda da capacidade para interferir na

    realidade, alucinaes, delrios, pensamento anormal e alterao do funcionamento social e

    laboral.

    No mesmo entendimento, Gerrig e Zimbardo (2005 como citado em Versola, 2010)

    tambm apontam um transtorno esquizofrnico como uma forma grave de psicopatologia, na

    qual a personalidade parece se desintegrar, onde os processos psicolgicos bsicos do

    pensamento e da percepo so distorcidos, e as emoes so entorpecidas.

    De acordo com a Associao Brasileira de Psiquiatria (2005) os transtornos

    esquizofrnicos se caracterizam em geral, por distores caractersticas do pensamento e da

    percepo, e tambm por inadequao dos afetos. Freqentemente o indivduo com

    esquizofrenia mantm clara sua conscincia e sua capacidade intelectual.

    Diante do exposto, a esquizofrenia traz ao paciente um prejuzo grave que capaz de

    interferir amplamente na capacidade de atender as exigncias da vida e da realidade. Ou seja,

    acarreta prejuzos ocupacionais, nas relaes interpessoais e familiares.

    A partir do Manual Diagnstico e Estatstico de Transtornos Mentais (DSM-IV, 2002,

    p.305), a esquizofrenia apresenta:

    No mnimo dois dos seguintes quesitos, cada qual presente por uma poro

    significativa de tempo durante o perodo de um ms (ou menos, se tratados com

    sucesso): (1) delrios; (2) alucinaes; (3) discurso desorganizado (p.ex., freqente

    descarrilamento ou incoerncia); (4) comportamento amplamente desorganizado ou

    catatnico; (5) sintomas negativos, isto , embotamento afetivo, alogia ou abulia.

    Diversas hipteses e descobertas surgiram na tentativa de se encontrar uma explicao

    para a origem da esquizofrenia, contudo, nenhuma delas consegue responder as dvidas que

    ainda subsistem sobre as possveis causas da doena. Porm, sabe-se que se trata de uma

    doena universal, ocorrendo em todos os povos e culturas.

    De acordo algumas pesquisas, pode-se considerar que sua etiologia reside

    principalmente em fatores biolgicos, porm ainda subsistem muitas dvidas reforando-se a

    idia de uma etiologia multifatorial.

    Entretanto surgiram diversas teorias para explicar as causas e sintomas da doena. A

    teoria gentica, teorias neuroqumicas, a hiptese dopaminrgica, distrbio do

    neurodesenvolvimento, alteraes estruturais, teorias psicolgicas, dentre outras.

    Nas palavras de Pull (2005 como citado em Versola, 2010) a esquizofrenia um

    transtorno de etiologia desconhecida. Sendo assim, possvel observar que as causas da

    esquizofrenia so ainda desconhecidas. Porm, h consenso em atribuir a desorganizao da

    personalidade, verificada na esquizofrenia, interao de variveis culturais, psicolgicas e

    biolgicas.

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    41 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    Numerosos sinais e sintomas foram sendo descritos para definir a sua caracterizao

    clnica e separ-la de outros transtornos.

    Tipos e Sintomas da esquizofrenia

    Os primeiros sinais e sintomas da doena aparecem mais comumente durante a

    adolescncia ou incio da idade adulta. O quadro mais freqente de acordo alguns autores

    inicia-se de forma indiciosa, com sintomas e padres pouco especficos, incluindo perda de

    energia, iniciativa e interesse, humor depressivo, isolamento, comportamento inadequado,

    negligncia com a aparncia pessoal e higiene podem surgir e permanecer por algumas

    semanas e at meses antes do aparecimento de sintomas mais especficos da doena.

    Atualmente diversos autores que abordam essa psicopatologia, baseiam-se em um dos

    dois sistemas de classificao da doena, o da Organizao Mundial de Sade CID-10, e o

    segundo protagonizado pela Associao Americana de Psiquiatria DSM-IV.

    Segundo o DSM-IV (2002) a esquizofrenia uma mistura de sinais e sintomas

    caractersticos (positivos e negativos), que persistem pelo perodo mnimo de seis meses e

    deve incluir pelo menos dois dos sintomas positivos no perodo de um ms. Esses sintomas

    caractersticos podem ser conceitualizados enquadrando-se em duas categorias: positivos e

    negativos.

    Os Sintomas positivos incluem: distores ou exageros do raciocnio lgico,

    contedos do pensamento (delrios, interpretaes equivocada das informaes, que podem

    surgir perigo ou dano. Delrios persecutrios, bizarros e de identidade. Distores ou exageros

    da percepo (alucinaes, ouvir vozes sem um estmulo). Geralmente so vozes pejorativas

    que depreciam, humilham, ordenam, ameaam e duas ou mais vozes conversando entre si ou

    comentando os pensamentos ou o comportamento do indivduo. Manifestaes

    comportamentais (impulsividade, comportamentos bizarros, catatnicos e agitao). Os

    delrios e as alucinaes so classificados como representante de um contexto psictico.

    J os sintomas negativos incluem:

    Alogia (empobrecimento da linguagem e do pensamento); embotamento afetivo (diminuio na habilidade de expressar-se emocionalmente); anedonia (inabilidade

    de expressar prazer, perda de interesse pela interao social); avolio (diminuio

    da vontade); autonegligncia; lentificao psicomotora. (DSM-IV, 2002, pp.304-

    307).

    A esse respeito Pinho (2008) destaca que os sintomas negativos so freqentes na

    esquizofrenia, porm so difceis de avaliar, uma vez que ocorre na normalidade, so

    inespecficos, e podem ser devido a uma diversidade de outros fatores. Importante ressaltar

    que os sintomas depressivos tambm acompanham as vrias fases da doena.

    Critrios semelhantes so estabelecidos na Classificao Internacional das Doenas

    (CID-10, 1993, p.85):

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    42 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    F20- Esquizofrenia- Os transtornos esquizofrnicos so caracterizados, em geral, por

    distores fundamentais e caractersticas do pensamento e da percepo e por afeto

    inadequado ou embotado. A conscincia clara e a capacidade intelectual esto

    usualmente mantidas, embora certos dficits cognitivos possam surgir no curso do tempo. A perturbao envolve as funes mais bsicas que do pessoa normal um

    senso de individualidade, unicidade e de direo de si mesmo. Os pensamentos,

    sentimentos e atos mais ntimos so sentidos como conhecidos ou partilhados por

    outros e podem se desenvolver delrios explicativos, a ponto de que foras naturais

    ou 'sobrenaturais trabalham de forma a influenciar os pensamentos e as aes do

    indivduo atingido, de forma que so bizarras. O paciente pode ver a si prprio como

    piv de tudo o que acontece. As alucinaes, especialmente auditivas, so comuns e

    podem comentar sobre o comportamento ou os pensamentos do paciente. A

    percepo freqentemente perturbada de outras formas: cores ou sons.

    Com o objetivo de uma definio melhor da esquizofrenia foram realizadas divises

    clnicas ou tambm designadas subtipos da esquizofrenia, principalmente segundo a natureza

    dos sintomas apresentados pelos pacientes, embora as implicaes dos subtipos em relao ao

    prognstico e tratamento sejam variveis.

    Tendo como base o DSM-IV (2002), os subtipos de esquizofrenia so definidos pela

    sintomatologia predominante poca da avaliao feita ao paciente diagnosticado

    esquizofrnico. Sendo assim, a apresentao do diagnstico pode incluir sintomas

    caractersticos de mais de um subtipo. Atualmente so considerados os seguintes subtipos de

    esquizofrenia: tipo paranide, tipo desorganizado, tipo catatnico, tipo indiferenciado e tipo

    residual.

    Referindo-se a preveno, Amaro (2005) aponta trs nveis de interveno. A

    preveno primria, que busca diminuir a incidncia e atuar no nvel dos fatores responsveis

    pela doena; a preveno secundria que tem como funo reconduzir o doente ao seu estado

    de normalidade psquica e diminuir a prevalncia; e a preveno terciria que tem como

    objetivo minimizar os efeitos da perturbao.

    Vale citar que conforme Afonso (2002) o diagnstico da esquizofrenia, s pode ser

    realizado pelas manifestaes clnicas da doena, uma vez que no possvel efetu-lo por

    meio de exames laboratoriais ou imagiolgicos.

    Fenomenologia e Existencialismo: Psicopatologia e Diagnstico

    O patolgico aquilo que deteriora e ameaa tanto a vida quanto a existncia,

    limitando-as em suas atividades e capacidades originrias. Assim, vida e existncia esto

    numa constante interdependncia; a existncia se torna psicopatolgica quando nega mistifica

    e aliena seu ser mais prprio: sua liberdade, suas possibilidades, sua realizao mesma. O

    psicopatolgico no algo externo ao indivduo, a prpria existncia que se perde e degrada

    (Romero, 2010).

    A aplicao do mtodo fenomenolgico exige, em primeiro lugar, a vontade de ater-se

    aos fenmenos mesmos, deixando de lado qualquer pressuposto e toda idia preconcebida.

    Essa exigncia metdica implica que precisamos deixar que os fenmenos falem por si

    mesmos sem encaix-los de imediato na bitola de nossa teoria prvia (Romero, 2010, p. 53).

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    43 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    Embora no desconsidere o aspecto objetivo, a descrio fenomenolgica se centraliza

    na experincia vivida pelo sujeito. Tenta captar o acontecer experiencial tal como o sujeito o

    manifesta por sua expresso verbal ou escrita, objetiva ou subjetiva. Pela fenomenologia

    tentamos indagar os modos de manifestar-se de um determinado fenmeno, examinando em

    seguida o significado e sentido que esse fenmeno possa comportar, tal como ele apreendido

    pela anlise reflexiva.

    A fenomenologia, no entanto, no aspira apenas fazer uma descrio dos objetos

    intencionais que constituem a experincia originria da conscincia; prope-se tambm

    estabelecer a essncia dos fenmenos. Nas mltiplas e variadas manifestaes de um

    fenmeno, sempre podemos detectar um ncleo comum e um significado que percorrem e

    unificam essa variedade fenomenolgica; o que denominamos a essncia do fenmeno

    (Romero, 1997).

    Ainda citando o mesmo autor, temos que considerar o carter intencional do fenmeno

    psquico. O mental no algo que acontece apenas dentro da cabea, sem maior relao com

    o mundo fora. Pelo contrrio, o mental est inteiramente direcionado para o mundo; o

    mundo refletido, de certa maneira, numa determinada pessoa. Uma vivncia no uma

    experincia puramente objetiva; toda vivncia uma forma de relao que o sujeito estabelece

    com os diversos objetos que constituem seu mundo. Buscar a compreenso do significado que

    esse mundo particular tem para cada sujeito, por meio da descrio minuciosa de suas

    vivncias, , portanto, o principal objetivo do mtodo fenomenolgico.

    O homem como ser no mundo uma das dimenses existenciais apontadas por

    Heidegger. Com relao a este aspecto Heidegger explica que homem e mundo invocam-se

    mutuamente, um no existe sem o outro. Isso significa que o mundo uma realidade

    puramente humana. O indivduo est inserido completamente nessa realidade. Sair dessa

    realidade perder as caractersticas prprias do ser humano. Tudo o que nos acontece

    subjetivamente se relaciona com algo que est ai, no mundo (Barbosa, 1998).

    Na reflexo de Heidegger (1997 como citado em Tenrio, 2009) o ser no mundo pode

    ser desmembrado em trs partes: o ser, o mundo e o em. O mundo em que o ser , o

    quem no mundo, e o modo de ser-em-si-mesmo. A mundaneidade (materialidade) s se

    deixa caracterizar mediante a compreenso do ser para quem existe um mundo, o ser que -

    no-mundo, por sua vez, s se revela a partir de sua morada (o mundo), e a relao de ser-em

    pressupe a compreenso dos termos que se relacionam no modo do em. O homem no

    primeiramente para depois criar relaes com um mundo, ele homem na exata medida de

    seu ser-em, isto , na exata medida em que possui um mundo ou abre o sentido de um mundo.

    No h sentimento, comportamento ou qualquer outro modo de ser de uma pessoa que

    exista isoladamente como um fenmeno em si. Neste sentido, a perspectiva ontolgica

    compreende um sintoma ou sndrome no como uma coisa individual, mas como um estilo de

    ser no mundo, uma postura total, e que como tal pode ser encontrado em vrios domnios da

    atividade humana.

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    44 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    O sintoma enquanto estilo de ser um modo do ser-a impregnado de uma

    determinada experincia. A abordagem existencial, portanto opera a partir da compreenso do

    mundo como o indivduo se instalou na estrutura do ser no mundo. Um sintoma pode ser

    compreendido como um estilo de ser no mundo, no modo que ele se d existencialmente. De

    acordo com Merleau-Ponty (1908-1961) o campo fenomenal da experincia vivida, da

    insero no mundo, aquele que d sentido a existncia de certos fatos objetivos isolados.

    O conceito existencial preconizado por dar significa o ser si mesmo do homem

    medida que est relacionado no com o si mesmo individual, mas com o ser e a relao com o

    ser.

    Assim, encontrar a compreenso do significado que esse mundo particular tem para

    cada sujeito atravs de suas vivncias, o principal objetivo do mtodo fenomenolgico E

    compreender estabelecer as relaes de sentido que uma vivncia possa explicar.

    De acordo com Penha (1982 como citado em Tenrio, 2009) uma psicologia de base

    existencial-fenomenolgico relacional e intersubjetivo, ou seja, confirma a prioridade na

    relao com o outro na constituio do sujeito. Isso significa que no incio do

    desenvolvimento, durante boa parte da infncia, o indivduo esteve subordinado aos domnios

    dos cuidadores. Contudo, para que ocorra um desenvolvimento saudvel e uma constituio da

    individualidade, necessrio que ocorra um desenvolvimento saudvel necessrio que

    ocorra uma progressiva superao dessa primazia do outro, implicando num longo processo de

    autoconscincia e questionamento de si mesmo e do mundo em que se encontra inserido.

    Assim sendo, o aspecto relacional da existncia humana, assume um papel

    determinante na constituio de um desenvolvimento saudvel ou patolgico, afirma a autora.

    De acordo com o pensamento de Kierkegaard nas palavras de Penha (1982 como

    citado em Tenrio, 2009) nenhum princpio, sistema ou idia geral pode dar conta de explicar

    ou descrever a realidade humana, a vivncia particular de cada pessoa. Assim, o pensamento

    abstrato s pode compreender o concreto abstratamente, enquanto o pensamento centrado no

    indivduo objetiva compreender concretamente o abstrato, apreend-lo em sua singularidade,

    capt-lo em sua manifestao subjetiva. A realidade o que surge a conscincia, a

    subjetividade a realidade. A prpria realidade aquela que o indivduo tem maior

    conhecimento.

    Esses pressupostos existencialistas tornam-se essenciais na construo da postura do

    psiclogo e dos objetivos de um processo diagnstico.

    Contrapondo as outras orientaes, o existencialismo no se preocupa em classificar a

    patologia, no tenta explicar e enquadrar o indivduo, atravs da rotulao.

    Para Erthal (1989), no se trata de adaptar uma teoria a um indivduo que apresenta

    conflitos delimitados, mas, busca-se compreender a desordem de conduta de um indivduo a

    partir dele mesmo, atravs de seus sentimentos, sensaes emoes, enfim, de tudo que por

    ela vivenciado. A pessoa no processo diagnstico deve ser apreendida como sendo um

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    45 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    fenmeno nico e como tal respeitada em sua totalidade, no deve ser avaliada segundo

    normas e padres de comportamentos pr-estabelecidos, pois a vivncia dessa pessoa sua

    prpria explicao, sendo ela a melhor interprete de si mesma.

    Como explica Angerami (1984), O existencialismo, em sua exuberncia, mostra que a

    existncia um contnuo vir a ser, um sempre ainda no, com a possibilidade de um poder

    ser. Desse modo, totalmente inaceitvel a rotulao do ser humano, aprisionando-o dentro

    de determinadas categorias diagnsticas.

    Nesta perspectiva, o psiclogo no pode apreender o mundo vivencial da pessoa a ser

    diagnosticada, enquanto no suspender ou colocar entre parnteses todos seus pressupostos,

    sua prpria viso de mundo e conceitos, tanto quanto for humanamente exeqvel no

    momento (Hycner, 1995 como citado em Tenrio, 2009).

    Parafraseando Augras (1986), fazer diagnstico dentro desta perspectiva identificar e

    explicitar a forma de existncia do sujeito em seu relacionamento como ambiente em

    determinado momento e que feixes de significados ele constri de si e do mundo. A adequada

    descrio fenomenolgica do mundo particular, singular e concreto do sujeito e de sua

    situao atual tem de apoiar-se numa aproximao que procure apreend-la em sua totalidade.

    No entendimento de Costa, (1995 como citado em Tenrio, 2009), da mesma forma

    que o sujeito a medida de sua prpria normalidade, em cada situao, o significado ser

    buscado dentro daquilo que for manifestado. A objetividade desta apreenso configurada em

    diagnstico apoiar-se- em critrios de coerncia, deduzidos daquilo que se ofereceu da

    histria do indivduo e das vivncias presentes. A subjetividade inevitvel e o mtodo

    fenomenolgico prope que diante do reconhecimento da mesma, por parte do psiclogo,

    possvel limit-la, transformando-a em ferramenta para a compreenso do outro.

    O Tratamento da esquizofrenia: Sob a tica humanista

    Sabe-se que muitos pacientes com a esquizofrenia sofrem no apenas de dificuldades

    emocionais e do pensamento, mas tambm de falta de habilidades sociais e de uma boa

    integrao social. As abordagens psicossociais so necessrias para promover a reintegrao

    do sujeito famlia e sociedade.

    No entendimento de Nunes (2000) o tratamento correto para os pacientes

    esquizofrnicos a adeso de farmacologia e das estratgias psicossociais. No so

    tratamentos antagnicos, mas complementares, na tentativa de melhorar o quadro

    sintomatolgico, minimizar as tenses existentes e fortalecer a parte saudvel do cliente.

    Fazem parte desse tratamento a terapia individual, as intervenes familiares, a terapia de

    grupo e os programas especficos para a interveno precoce.

    Na mesma linha de pensamento, Afonso (2002) afirma que a esquizofrenia requer uma

    abordagem teraputica abrangente, sendo necessria uma interveno no s ao nvel

    farmacolgico, que permite um controle dos sintomas da doena, mas tambm ao nvel social,

    psicoteraputico, psicoeducativo, familiar e ocupacional.

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    46 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    dentro dessa abordagem psicossocial que a psicologia humanista realiza o seu

    trabalho psicoterpico atravs da Abordagem Centrada na Pessoa, objetivando proporcionar ao

    cliente autonomia e qualidade de vida. Buscando interpretar as origens distorcidas do

    desenvolvimento humano de forma diferenciada de outras teorias, onde os comportamentos da

    psicopatologia que so rotulados como a esquizofrenia representam a relao do indivduo

    com o mundo.

    A esse respeito, destacou Rogers (1959 como citado em Freire, 2000), as condies de

    valor impostas ao indivduo em suas primeiras relaes interpessoais significativas levam

    formao de um auto-conceito incongruente com a sua experincia organsmica, impedindo o

    processo de auto-atualizao do indivduo. Para reverter este quadro, necessrio oferecer-lhe

    uma relao interpessoal permeada de considerao positiva incondicional. A experincia de

    ser aceito incondicionalmente o verdadeiro agente da mudana teraputica, pois possibilita

    ao indivduo experienciar uma auto-considerao incondicional. Esta aceitao de si mesmo

    leva a uma maior integrao entre o eu e a experincia organsmica e a uma conseqente

    mudana do auto-conceito, promovendo a auto-atualizao, que objetivo ltimo de toda

    psicoterapia.

    O cliente deve ser o centro do tratamento, afirma a mesma, no se enfatizando a

    doena, mas a existncia do doente, que sujeito em potencial. Desta forma, as interminveis

    classificaes dos distrbios psquicos a partir de seus "sintomas" tornam-se irrelevantes do

    ponto de vista teraputico. No h necessidade de supor a existncia de "doenas mentais"

    subjacentes aos fenmenos psquicos considerados "anormais" ou "desajustados", nem de

    classificar ou diagnosticar o indivduo para selecionar tcnicas teraputicas especficas. Toda

    terapia bem-sucedida uma relao interpessoal caracterizada pela aceitao, empatia e

    genuinidade.

    Psicoterapia um relacionamento psicolgico entre uma pessoa ou pessoas,

    designadas como clientes, cujo desenvolvimento da auto-atualizao tenha sido

    bloqueado ou impedido pela ausncia de bons relacionamentos interpessoais; e uma pessoa, designada como o terapeuta, que prov tal relacionamento. (Patterson &

    Hidore, 1997, p.xiii, como citado em Freire, 2000).

    A tarefa de um trabalho teraputico primeira, observar como se arquiteta o universo

    do sujeito em seus mltiplos relacionamentos para em seguida, verificar o que possvel

    mudar para torn-lo mais habitvel.

    Desta forma a Psicologia Humanista, como lembra Boainain Jr. (s.d.) busca

    principalmente, assumir o compromisso de ajudar o homem a se transformar, a ser mais

    humano, a tornar-se plenamente humano. Para esta abordagem, o objetivo de qualquer

    tratamento pode ser expresso numa frase quase redundante: Levar a pessoa a ser ela mesma.

    Proporcionar ao cliente a obteno de um existir autntico, autoconsciente, verdadeiro,

    congruente e natural, sem divises internas.

    Sob o ponto de vista de Erthal (1989) uma viso de homem como um ser em busca

    constante de si mesmo, que vive em contnuo processo de vir-a-ser e que apresenta uma

  • Revista Comunicar Psicologia, 2012, Lcia Maria de Matos Viana

    47 A ESQUIZOFRENIA SOB A TICA HUMANISTA E EXISTENCIAL

    tendncia natural para se desenvolver. Uma viso positiva de homem e das suas

    potencialidades.

    Atravs de uma anlise fenomenolgica da experincia da doena como vivenciada

    pelo paciente, o terapeuta busca os significados dentro daquilo que ele manifesta e apreende o

    sentido explicitado. No entendimento de Forghieri (1993 como citado em Valle, 2004), ele

    deve buscar adentrar no existir da pessoa, para descobrir alm das palavras e dos gestos, o

    sentido que se encontra contido na sua comunicao. Assim, pode chegar a uma compreenso

    do seu modo de existir nessa situao, e a partir dessa compreenso possvel propor aes e

    cuidados apropriados.

    Na perspectiva do cuidar, Critelli (1981, p.70, como citado em Valle, 2004) o

    terapeuta um ser com o outro, no sentido de solicitude, enquanto considerao e pacincia.

    Essa forma de cuidar libertador, entregando o cliente a sua prpria transparncia e

    responsabilidade para ser livre para si.

    CONSIDERAES FINAIS

    O desenvolvimento de cada um atravs de sua trajetria com o mundo e consigo

    mesmo faz com que cada indivduo seja nico. Cada ser um complexo diversificado onde os

    aspectos emocionais e sociais esto em sintonia, formando um ser com suas prprias

    individualidades, e entender a subjetividade dentro dessa viso proporciona maior

    entendimento do outro.

    Os estudos e as cincias atual concordam na idia de que somos seres

    predominantemente relacionais, constitudos nas relaes, e que o adoecimento est atrelado

    relao do homem com o mundo.

    Conforme discorremos, a psicopatologia no d conta da totalidade da existncia

    humana, to pouco se refere ao adoecimento como um malogro do ser na tentativa de alcanar

    uma forma idiossincrtica de unidade, como afirma (Romero, 2010).

    Na concepo da abordagem humanista, a preocupao principal o cliente,

    Concentrar-se no como e no porque da condio do individuo vai resultar em tudo, exceto a

    coisa mais importante que a pessoa em si. Por isso, terapeutas humanistas tendem a retirar

    aos esquemas diagnsticos com DSM que se destinam a caracterizar as pessoas de maneira

    restrita, servindo mais para estigmatizar e menos para ajudar.

    Para ns humanistas, cura no solucionar problemas, mas entrar em contato com a

    tendncia atualizante que cada um tem dentro de si, atravs de uma relao genuna,

    congruente, ou seja, uma atitude amorosa para com a relao, acreditando em ns mesmos, no

    outro e no mundo.

  • Revista Comunicar Psicologia, 2012, Lcia Maria de Matos Viana

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