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ARTIGO Desbravamento, agricultura e doença: a doença de Chagas no Estado de São Paulo Luiz Jacintho da Silva** ** Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, Campinas-SP. *Este artigo é síntese de tese de doutoramento apresentada à Fa- culdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP em 1981. Apresen- tado no Encontro do Grupo de Trabalho sobre Geografia da Saúde da União Geográfica Internacional, Brasília, DF, 11 a 14 de agosto de 1982. Recebido para publicação em 24/02/86. Faz-se uma reconstrução do processo de surgimento, disseminação e desaparecimento da endemia chagásica no Estado de São Paulo, interpretando-se as informações epidemiológicas existentes, dentro de uma perspectiva histórico-materialista. Parte-se dos conceitos clássicos que procuram explicar a distribuição da doença, demonstrando sua insuficiência. Com a incorporação de conceitos e métodos de análise utilizados em Geografia, chega-se a uma compreensão do que foi o processo de evolução da doença em São Paulo, e quais os seus determinantes, mostrando que se tratou de um processo peculiar ao Centro-Sul brasileiro, num período histórico bem determinado. A doença de Chagas, ainda que uma endemia de expressão nacional, não pode ser vista como um todo indistinto, existindo diferentes padrões epidemiológicos em períodos históricos diferentes. INTRODUÇÃO As doenças, tal como as sociedades em que ocorrem, não são imutáveis. Doenças, infecciosas ou não surgem, desaparecem ou sofrem modificações conforme o momento histórico. Ainda que não constitua nenhuma novidade, este fato muitas vezes é deixado de lado na busca dos determi- nantes da ocorrência e distribuição das doenças. Contudo, é o reconhecimento da historicidade das doenças que per- mite apreender a participação dos fatores não-biológicos. No caso particular da doença de Chagas, desde os primeiros trabalhos que se percebeu a importância de fatores sócio- econômicos na transmissão da doença 12 , mas afora o esta- belecimento da relação simplista POBREZA-MÁS CONDI- ÇÕES DE VIDA-HABITAÇÃO INADEQUADA-DOENÇA DE CHAGAS 23 quase nada se avançou no estabelecimento dessa relação. Uma análise superficial da distribuição da doença de Chagas, no Brasil, logo demonstra que a relação acima carece de poder explicativo a pobreza, as más con- dições de vida na zona rural, a famigerada casa de pau-a- pique são muito mais encontradiças do que a doença de

a doença de Chagas no Estado de São Paulo

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ARTIGO

Desbravamento, agricultura e doença:a doença de Chagas no Estado de São Paulo

Luiz Jacintho da Silva**** Faculdade de Ciências Médicasda UNICAMP, Campinas-SP.

*Este artigo é síntese de tese dedoutoramento apresentada à Fa-culdade de Medicina de RibeirãoPreto da USP em 1981. Apresen-tado no Encontro do Grupo deTrabalho sobre Geografia da Saúdeda União Geográfica Internacional,Brasília, DF, 11 a 14 de agostode 1982.

Recebido para publicação em24/02/86.

Faz-se uma reconstrução do processo de surgimento,disseminação e desaparecimento da endemia chagásica noEstado de São Paulo, interpretando-se as informaçõesepidemiológicas existentes, dentro de uma perspectivahistórico-materialista. Parte-se dos conceitos clássicos queprocuram explicar a distribuição da doença, demonstrandosua insuficiência. Com a incorporação de conceitos emétodos de análise utilizados em Geografia, chega-se a umacompreensão do que foi o processo de evolução da doençaem São Paulo, e quais os seus determinantes, mostrandoque se tratou de um processo peculiar ao Centro-Sulbrasileiro, num período histórico bem determinado.

A doença de Chagas, ainda que uma endemiade expressão nacional, não pode ser vista como umtodo indistinto, existindo diferentes padrõesepidemiológicos em períodos históricos diferentes.

INTRODUÇÃO

As doenças, tal como as sociedades em que ocorrem,não são imutáveis. Doenças, infecciosas ou não surgem,desaparecem ou sofrem modificações conforme o momentohistórico. Ainda que não constitua nenhuma novidade, estefato muitas vezes é deixado de lado na busca dos determi-nantes da ocorrência e distribuição das doenças. Contudo,é o reconhecimento da historicidade das doenças que per-mite apreender a participação dos fatores não-biológicos.No caso particular da doença de Chagas, desde os primeirostrabalhos que se percebeu a importância de fatores sócio-econômicos na transmissão da doença12, mas afora o esta-belecimento da relação simplista POBREZA-MÁS CONDI-ÇÕES DE VIDA-HABITAÇÃO INADEQUADA-DOENÇADE CHAGAS23 quase nada se avançou no estabelecimentodessa relação. Uma análise superficial da distribuição dadoença de Chagas, no Brasil, logo demonstra que a relaçãoacima carece de poder explicativo — a pobreza, as más con-dições de vida na zona rural, a famigerada casa de pau-a-pique são muito mais encontradiças do que a doença de

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Chagas — assim como as condições ecológicas para a suatransmissão36 37. Daí que se torna necessário buscar, no pro-cesso evolutivo da epidemiologia da doença, os vínculos queesta estabelece com a totalidade, para explicar as transfor-mações que sofre ao longo do tempo.

Neste trabalho, na verdade uma tentativa de extrair aessência de nossa tese de doutoramento36, procuramos mos-trar como a doença de Chagas, no Estado de São Paulo, sevinculou com a totalidade e sofreu modificações no seucontexto epidemiológico, à medida que o espaço agráriopaulista se transformava.

A DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DE SÃO PAULO:um pequeno retrospecto

Até por volta de 1970, quando se interrompe a transmis-são natural da doença de Chagas em São Paulo31, esta cons-tituiu um considerável problema de saúde pública, afligindopraticamente todos os municípios do Planalto OcidentalPaulista, além de boa parte dos da Depressão Periférica8. Oprincipal vetor, de longe o mais importante, era o Triatomainfestam, espécie extremamente bem adaptada ao domiciliohumano, capaz de sobreviver em praticamente qualquerponto do Estado8,36. O Triatoma infestans constitui espéciealóctone ao Estado de São Paulo, sendo originária do alti-plano andino, de onde foi introduzida via região do Prata1.A distribuição do Triatoma infestans no Centro-Sul brasi-leiro, na década de 1950, época que parece representar oacme da doença de Chagas em São Paulo36, formava umtodo homogêneo com centro em São Paulo, atingindo oNorte do Paraná, Sul de Minas Gerais e Sul de Goiás1.

Para conhecer como se deu essa distribuição do Triatomainfestans e, por conseguinte, da doença de Chagas, podemosapenas tentar uma reconstrução do processo, uma vez que,quando o meio científico se deu conta da sua existência noEstado de São Paulo, o Triatoma infestans já era o principalvetor e a endemia já estava presente em toda a área desbra-vada do Planalto, isto já em 1914-1916, data dos primeiroslevantamentos entomológicos relativos à doença de Chagasrealizados em São Paulo6 16.

Evidentemente, por se tratar de espécie alóctone, de hábi-tos exclusivamente domiciliares, e por não haver registroalgum da presença do Triatoma infestans, ou de qualqueroutro triatomíneo no interior de habitações indígenas, sejade São Paulo ou de qualquer outro ponto do país, podemosaceitar que o Triatoma infestans só pode ter sido trazidopara São Paulo, a partir da colonização européia, o que nosdelimita o período a ser investigado1. Na verdade, não é

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necessário remontar a 1532 para reconstruir o processo deintrodução do Triatoma infestam no Estado de São Paulo:o fato parece ter se verificado em período muito maisrecente, provavelmente durante o século passado36. Devidoàs suas características, o Triatoma infestans quando infestauma dada região, dificilmente passa despercebido, uma vezque, graças à sua extrema domiciliação, atinge grandesnúmeros, sendo encontrado às centenas num dado domicí-lio1,35. Evidência disso é que, nas áreas em que é encon-trado fora do Brasil, no altiplano andino e na região doPrata, desde o primeiro século de colonização européia, oTriatoma infestans vem sendo mencionado nas crônicas deviajantes, notadamente naturalistas que percorreram a regiãono século passado20,36. O Triatoma infestans encontroulugar, inclusive no folclore argentino20 e na literatura uru-guaia40, fatos que não ocorreram no Brasil. Viajantes quepercorreram extensamente a então província de São Paulo,não obstante suas descrições minuciosas da flora e da faunada região, simplesmente não mencionam a presença de tria-tomíneos domiciliados36. Como exemplo, é interessante con-sultar as crônicas de viagem de Auguste de Saint-Hilaire33,34.Além disso, os investigadores que se preocuparam com adoença de Chagas, no início deste século, mencionam que,a se aceitar o depoimento de naturais das regiões aonde oTriatoma infestans era encontrado, este havia sido recen-temente introduzido na região6.

Ademais, se formos buscar as oportunidades de introdu-ção que o Triatoma infestans teve ao longo da história deSão Paulo, veremos que estas se resumem a apenas duas:as incursões dos bandeirantes no século XVII e o comérciode eqüinos e muares que se desenvolveu entre o Centro-Sulbrasileiro e as planícies sulinas, nos séculos XVIII e XIX36.Estas foram as duas únicas instâncias em que houve um con-tato terrestre de proporções significativas que permitiria aintrodução de um inseto, facilmente transportável, da regiãodo Prata até São Paulo. É interessante notar que a área dedistribuição do Triatoma infestans no Centro-Sul Brasileiroé descontínua das áreas de distribuição do Prata e altiplanoandino1. Parece-nos que a segunda alternativa é mais prová-vel, principalmente levando-se em conta a proporção docomércio existente e o longo tempo que persistiu. Nãosomos os únicos a sustentar esta opinião1.

Ainda que a introdução do Triatoma infestans pareça serde ocorrência relativamente recente, e que a distribuiçãodeste parece ter respeitado a expansão da fronteira agrí-cola16,36, a doença de Chagas parece ser bem mais antiga naregião, existindo antes do avanço da "onda verde" da cafei-cultura. Descrições bastante claras do Visconde de Taunay,tanto no romance Inocência como em sua autobiografia41,42,

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assim como do missionário Fletcher19, mostram que adoença de Chagas existia no sertão paulista, já desde mea-dos do século passado.

Com isso, fica uma idéia da doença de Chagas no Estadode São Paulo: pelo menos desde a segunda década desteséculo a endemia se distribui pelo planalto Ocidental junta-mente com a fronteira agrícola, sendo o Triatoma infestanso seu principal vetor. Há evidências de que a doença já aco-metia o homem do sertão paulista antes da chegada da cafei-cultura, mas, tudo nos leva a crer, sem a presença do Tria-toma infestans, provavelmente sendo transmitida peloPanstrongylus megistus e Triatoma sordida, espécies fre-qüentes no Centro-Sul brasileiro9.

Como teria se dado a evolução da epidemiologia da doençade Chagas em São Paulo e qual sua vinculação com o pro-cesso de transformação sofrido pelo espaço paulista duranteperíodo idêntico, é o que procuramos responder a seguir.

A DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DE SÃO PAULO:A INADEQUAÇÃO DA CONCEITUAÇÃO CLÁSSICA

Dentro da conceituação clássica de epidemiologia dadoença de Chagas, esta passa a ocorrer a partir do momentoem que o homem perturba o equilíbrio ecológico dos focossilvestres da doença38. Com a destruição da floresta e a fugaou desaparecimento das fontes alimentares dos triatomí-neos silvestres (pequenos mamíferos, alguns pássaros), estespassam por um processo de domiciliação, uma adaptação aonovo contexto ecológico. No processo de domiciliação, ohomem passa a fazer as vezes de fonte alimentar do triato-míneo, e a circulação do Trypanosoma cruzi passa a se fazerpelo homem, não mais pelos animais2. Segundo Pessoa29, adoença de Chagas no Estado de São Paulo seria endemiacaracterística das zonas rurais decadentes, de ocupaçãoantiga - uma vez destruída a floresta e empobrecidos seushabitantes, estes são compelidos a construir casas de pau-a-pique, ecótopo ideal do triatomíneo, que passaria a infestaras casas da região, criando condições para a transmissão dadoença de Chagas. Estas duas conceituações acima, no casoparticular de São Paulo, não se aplicam, por dois motivos:

- o Triatoma infestans, espécie alóctone, não sofreu,em São Paulo, processo de domiciliação35.

- além da doença de Chagas ocorrer em regiões recém-desbravadas, próximas á fronteira agrícola7,36, não se pode

estabelecer uma relação CASA DE PAU-A-PIQUE/DOENÇADE CHAGAS. A distribuição dessas três categorias é total-mente independente36,37.

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Vê-se, portanto, que as conceituações clássicas utilizadaspara explicar o processo de distribuição da doença de Chagasnão se aplicam ao Estado de São Paulo.

A DOENÇA DE CHAGAS EM SÃO PAULO: UMAEXPLICAÇÃO ALTERNATIVA

Uma análise da distribuição da endemia chagásica noEstado de São Paulo no decorrer dos anos '50, mostra queesta distribuição se sobrepõe, com uma exceção, à da cafei-cultura que se desenvolveu a partir do final do períodoescravocrata37. A exceção mencionada diz respeito à porçãosudoeste da Depressão Periférica, aonde, como já mencio-namos, teria se verificado a introdução do Triatoma infestansmediante o comércio de eqüinos e muares, cujo centrocomercial era Sorocaba30.

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Interessante notar que a distribuição das fazendas escra-vocratas de café, mineiras e paulistas, do século passado e adistribuição do Triatoma infestam nestes dois Estados sãomutuamente exclusivas34,45. (Figura 1)

A cafeicultura do final do século XIX em diante se verifi-cou dentro de contexto diferente daquele existente duranteo fastio da cafeicultura vale-paraibana5. Isto se refletiu naprópria organização especial das fazendas dos dois perío-dos . A endemia chagásica transmitida pelo Triatoma infes-tam parece ter encontrado, no Planalto Ocidental Paulista,excelentes condições para sua disseminação, idéia que setem quando se analisa os levantamentos epidemiológicosrealizados durante a década de 195017, aonde se nota quevirtualmente todos os municípios eram endêmicos (Figura 2).A estreita vinculação do processo de disseminação da ende-mia chagásica transmitida pelo Triatoma infestam e o avançoda fronteira agrícola paulista ficam patentes quando nota-mos que, nos Estados próximos: Paraná, Mato Grosso, MinasGerais e Goiás estão associados com o modelo agrário pau-lista no tempo e no espaço:

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- no Estado do Paraná, a doença de Chagas transmitidapelo Triatoma infestans se limita ao Norte do Estado, poronde avançou a "onda verde", vinda de São Paulo3.

- no Estado de Minas Gerais, durante os,anos '50, oTriatoma infestans se encontrava apenas nas porções do Suldo Estado e no Triângulo que eram economicamente depen-dentes de São Paulo3.

- no Estado de Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul,a doença de Chagas transmitida pelo Triatoma infestanstardou a chegar. Durante a década de '50, os únicos vetoresassinalados eram o Panstrongylus megistus e o Triatomasórdida3, aparentemente autóctones da área (vimos acimaque já no século passado, o Visconde de Taunay descreveraa doença na região), só para o final dos anos '60 que o Tria-toma infestans é encontrado neste Estado11, o que é perfei-tamente compreensível, uma vez que o avanço da fronteiraagrícola paulista permaneceu estacionário nas barrancas doRio Paraná durante muitos anos, período em que a pecuáriaera a atividade econômica predominante da região26.

- no Estado de Goiás, a distribuição do Triatoma infes-tans segue os trilhos da antiga E.F. de Goiás, prolongamentodos trilhos da antiga Companhia Mogiana de Estradas deFerro, cujos trilhos chegam a Goiás por volta de 191123.Durante os anos '50, ainda que a doença de Chagas fosseendêmica em boa parte do território goiano, o Triatomainfestans se limitava à porção do Estado que mais direta-mente se ligava a São Paulo3 (Figura 3). Temos então que adistribuição do Triatoma infestans no Centro-Sul brasileiro,durante os anos '50, tinha como centro o Estado de SãoPaulo, mas essa distribuição não era homogênea, tal comoum círculo em crescente expansão. O Triatoma infestans sóera encontrado nas áreas com organização espacial similar.Partindo da premissa de que o Triatoma infestans tenhasido introduzido através do comércio de muares e eqüinosque se fazia entre as províncias e Repúblicas sulinas e SãoPaulo, como vimos anteriormente, a associação desse tria-tomíneo com a organização espacial que se verificou coma cafeicultura baseada na mão-de-obra assalariada, fica maisevidente quando observamos que, entre o centro de distri-buição sulino do Triatoma infestans (Argentina, Uruguaie Rio Grande do Sul)10 e São Paulo, este triatomíneo nãose estabeleceu10, e mesmo em outras áreas do Centro-Sulpara onde se destinavam os animais comercializados emSorocaba; as regiões auríferas de Minas Gerais e o Vale doParaíba cafeicultor30. Vemos que a cafeicultura no PlanaltoOcidental Paulista organizou um espaço bastante propícioao Triatoma infestans: uma densidade demográfica maiselevada do que em outras áreas do interior brasileiro, umamaior dispersão na organização dos empreendimentos agrí-

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colas e uma grande mobilidade populacional17,26, basta verque o número de imigrantes europeus que se dirigiu às fazen-das de café foi cerca de três vezes superior ao que serianecessário, o que evidencia uma grande rotatividade damão-de-obra agrícola39, todos fatores inéditos no sertãobrasileiro até a primeira metade deste século, que tornaramo Planalto Ocidental Paulista e as áreas próximas extrema-mente propícias ao estabelecimento da endemia chagásicatransmitida pelo Triatoma infestans.

É interessante notar que o Vale do Paraíba não é umaregião ecologicamente inóspita ao Triatoma infestam, tantoque no início da década de 1950, quando o Vale começa adespertar da decadência provocada pelo declínio da cafei-cultura no início do século, a doença de Chagas surge emalguns pontos do Vale. Em Areias e Queluz, do lado paulista,e em Resende e Itaverá, do lado fluminense, são detectadosfocos de doença de Chagas transmitida pelo Triatoma infes-tans4,45. Foi fácil se demonstrar que o foco era realmenterecente e não apenas recentemente descoberto, principal-mente porque poucos anos antes, extensas investigaçõestinham sido levadas a cabo na área, mostrando a inexistên-cia da transmissão da doença de Chagas44. Os focos foram

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atribuídos à migração recente de trabalhadores vindos paraa construção da Via Dutra, tendo sido erradicados semmaiores dificuldades. De modo que, se anteriormente nãose estabelecera a endemia na região, isso deve ser atribuídoà inadequação do espaço organizado de então em sustentara transmissão da doença - ainda que o vetor houvesse sidoali introduzido, não teria encontrado condições para a suadisseminação e os poucos focos se extinguiram com o passardo tempo.

A Depressão Periférica paulista, com exceção da porçãoque se estende de Sorocaba para o Sul, constitui capítulointeressante das relações entre o processo de organização doespaço e a endemia chagásica. Esta porção da DepressãoPeriférica corresponde, grosseiramente, a uma faixa quecompreendida entre Limeira, a Oeste, e Jundiaí, a Leste;avançando, a Norte, pelos contrafortes da Mantiqueira e aSul até Sorocaba. Esta área não integra a zona endêmicada doença de Chagas, existente até a década de 19508. Noentanto, pelo menos desde os primeiros levantamentosentomológicos, realizados no início do século, sabemos queo Triatoma infestam se encontrava nessa área, porém empequeno número e não infectado pelo Trypanosomacruzi6,16. É significativo o fato de que esta área, em que acafeicultura se inicia ainda na primeira metade do séculoXIX25, portanto em plena fase escravocrata, foi aondese ensaiaram as primeiras experiências de utilização demão-de-obra livre na agricultura, no decorrer da década de18508. O desenvolvimento verificado nesta área, depois quea "onda verde" demandava as terras roxas do Planalto, nãofoi o da decadência econômica, a exemplo do Vale doParaíba, ou mesmo de áreas mais recentes do Planalto. Coma queda da produtividade dos cafezais da Depressão Perifé-rica, verificou-se uma evolução para a policultura, com osurgimento e proliferação da pequena propriedade, nascidosdo fracionamento das grandes fazendas26,27. Este padrãoperdura até os dias atuais. Nesta região, não obstante apresença do Triatoma infestans e da proximidade e conti-guidade da zona endêmica, jamais se demonstrou a trans-missão natural da doença a níveis perceptíveis, a exemplodo que se verificou em alguns municípios de colonizaçãoquase que exclusivamente japonesa, da área então denomi-nada de Nova Alta Paulista: Rinópolis, Bastos, Biriguí, nosquais, apesar de constituírem verdadeiras "ilhas" em meioà zona endêmica da doença de Chagas, não se identificavamcom ela36, sugerindo uma aparente incompatibilidade daendemia chagásica em São Paulo e a pequena propriedade.Outro aspecto interessante foi a relativa lentidão da ende-mia chagásica em acompanhar o avanço da fronteira agrí-cola na região da alta Sorocabana, em comparação com a

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proximidade que esta se encontrava da fronteira agrícolapor volta de 191616,36. Significativo o fato de que o avançoda fronteira agrícola da Alta Sorocabana se deu concomi-tantemente com a crise do café de '29, a organização doespaço agrário se faz às custas muito mais do algodão e dogado do que do café26.

Com o exposto acima, vemos que a doença de Chagasno Estado de São Paulo representa uma forma da endemiaque ocorreu graças a um processo específico de organizaçãodo espaço geográfico do interior brasileiro. A cafeiculturado Planalto Ocidental Paulista representou uma mudançano modo de produção agrário-brasileira, aproximando-semuito mais do capitalismo industrial dos centros mais desen-volvidos da época5,26, que se refletiu numa organizaçãoespacial própria, muito propícia à endemia chagásica trans-mitida pelo Triatoma infestans. Nas áreas em que a organi-zação espacial se afastou do "tipo ideal", a transmissão dadoença, ou não, se verificava, como na Depressão Periférica,ou tardava a se verificar, como na Alta Sorocabana e emalgumas áreas da Nova Alta Paulista (vide acima) (infeliz-mente, dados disponíveis acerca da endemia permitem ape-nas uma semiquantificação da intensidade da transmissão.No presente estudo nos valemos da presença ou ausênciado Triatoma infestans e da cronologia de seu aparecimentonas diferentes áreas do Estado).

Existiram dois tipos básicos de padrão epidemiológicoda doença de Chagas no Estado de São Paulo: o de tranns-missão pelo Triatoma infestans que, acompanhando o avançoda fronteira agrícola, possivelmente se originou no últimoquartel do século XIX, e o padrão "sertanejo", cujos veto-res eram o Panstrongylus megistus e Triatoma sordida,encontrados no período anterior ao desbravamento dosertão paulista pela cafeicultura. É dentro deste padrão"sertanejo" que tanto o Visconde de Taunay como o missio-nário Fletcher encontram a doença de Chagas19,41. Estepadrão foi sendo substituído, à medida que a fronteira agrí-cola avançava, analogamente à maneira que grileiros e fazen-deiros de café deslocavam a agricultura de subsistência queexistia no Planalto antes do advento da cafeicultura26. Estepadrão é semelhante, senão idêntico ao encontrado porChagas7 e mais tarde, por Neiva e Penna28, no sertão deMinas Gerais, Bahia e Goiás, na segunda década deste século.

O DESAPARECIMENTO DA ENDEMIA CHAGÁSICA:O ESPAÇO SE TRANSFORMA

Por volta de 1970, podia-se afirmar que a transmissãonatural da doença de Chagas fora interrompida, ainda que

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a doença não houvesse sido erradicada31. Apesar das ativida-des de combate à endemia terem se iniciado em 1950, odeclínio da transmissão só se verifica a partir de 196032.Isto se atribui a diversos fatores, um dos quais, sem sombrade dúvida, foi a atividade de combate à endemia desenvol-vida pelo Estado. Esta atividade se intensificou a partir de1960, quando a malária deixa de apresentar o problema quefora até então, e os esforços dos serviços sanitários puderamse concentrar na doença de Chagas32. Contudo, os própriosresponsáveis pelo combate à endemia chagásica reconhecemque uma constelação de fatores sócio-econômicos contribuiupara a interrupção da transmissão da endemia32. À primeiravista se é levado a crer que, graças a uma melhoria do padrãode vida no meio rural, a doença entrou em declínio. Noentanto, o que se verifica não é bem isto: o maior determi-nante do declínio da endemia chagásica no Estado de SãoPaulo teria sido a reestruturação do espaço agrário do Estadode São Paulo,

A partir de 1950, porém, mais intensamente na décadaseguinte, verifica-se um significativo êxodo rural, comum decréscimo de 1,3 x 106 habitantes da populaçãorural, e com o desaparecimento de cerca de 270.000 domi-cílios13,14,18,36 (Tabelas I e II). Ao mesmo tempo verifica-seuma modernização da agricultura, com uma maior variedadede culturas, maior consumo de fertilizantes defensivos emaior mecanização12.

No mesmo período, o Estado empenha-se ativamentenum processo de saneamento da zona rural32. É a consoli-dação da "marcha para o Leste", preconizada anos antes,reaproveitando as terras desgastadas pela cafeicultura dequase um século43.

Vemos então que não se trata de uma melhora do padrão

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de vida, mas sim um maciço investimento de capital e tra-balho para reabilitar uma economia agrária que, no decorrerdas décadas de 1930 e 1940, passa por uma grave crise38.Torna-se evidente que a ação sanitária estatal integra umprojeto de reabilitação da agricultura paulista, de modo quetanto a ação direta de combate ao vetor da doença de Chagas,como a "melhoria das condições de vida no meio rural"(que na realidade foi a expulsão do trabalhador rural docampo para a cidade, substituído, seja pela máquina, sejapelo trabalhador temporário) são reflexos da transformaçãoque se processou no espaço agrário paulista a partir de 1950,mais intensamente a partir de 1960.

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A endemia chagásica que se verificou no decorrer desteséculo no Estado de São Paulo foi decorrência de uma orga-nização espacial determinada por um modo particular deprodução agrária: a cafeicultura baseada na mão-de-obraassalariada. Este contexto epidemiológico particular daendemia chagásica se limitou à distribuição dessa organiza-ção espacial. Quando as condições históricas determinarama reorganização espacial, a endemia desaparece. Interessantenotar que as áreas do Estado em que a transmissão da doençade Chagas pelo Triatoma infestans mais resistiu ao desapa-recimento foi na microrregião de Campos do Itapetininga32,a única porção da zona endêmica de Chagas no Estado deSão Paulo em que a cafeicultura não se desenvolveu. É jus-tamente esta microrregião uma das únicas do Estado a apre-sentar crescimento positivo da sua população rural no decê-

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nio 1960-197018 (Tabela III), e também a apresentar o maisbaixo índice de modernização da agricultura de toda a zonada doença de Chagas24.

A reconstruction of the emergence, distributionand disappearence of Chagas' disease in the Stateof São Paulo (Brazil) is undertaken by interpretatingexisting epidemiological data through historical-materialism. Classical concepts concerning thedistribution of the disease are shown inadequateto explain the epidemiology of Chagas'diseasein São Paulo.

By incorporating an analitical methodology andconcepts used in geographical studies, an understandingof the evolution of the disease is achieved. The processis demonstrated peculiar to Central-South Brazil ina particular historical period. Chagas'disease, inasmuchas parasitosis of national expression, must be seen ashaving distinct epidemiological patterns occuringin differente historical periods.

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