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A CULTUR4 DO CAQUIZE]RO E AS SOLUÇOES SUSTENTAVEIS Mauricio Dominguez Nasser Pesquisador da APTA Regional Alta Paulista- Adamantina (SP! [email protected] Flávia Aparecida de Carvalho Mariano Doutoranda em Agronomia - Sistemas de Produção - UNESP Ilha Solteira flaviamariano [email protected] O caquizeiroestá presente em qua- se todas as regiões de climatem- perado e subtropical do mundo. Emtermos de produção mundial,os prin- cipais países são China (2,871 milhões de t), Repúblicada Coréia (450 milt), Japão (258 milt), Brasil(171 milt), Azerbaijão (135 milt) e Itália(52 milt). Na Europa, o caqui é a última fruta que se colhe, e isso ocorre na época do outono e inverno, ou de outubro a no- vembro. No Brasil, o caquizeiro é cultivado principalmente nas regiões Sudeste e Sul, nos estados de São Paulo (65% da pro- dução nacional), Rio Grande do Sul, Pa- raná, Riode Janeiro, Santa Catarina e em regiões do sul de MinasGerais. Em São Paulo, destacam-se as regi- ões de Mogi das Cruzes, Itapetininga, Campinas, Avaré e Sorocaba. A estru- tura fundiária em Mogidas Cruzes (prin- cipal região do estado) é caracterizada em pequenos produtores, com áreas de até 10 hectares de produção. Importância econômica e alimentar No mercado interno, o consumo de caqui vem aumentando progressivamen- te, em função da qualidade dos frutos e de preços relativamente acessíveis.Nos últi- mos anos, houve maior demanda por fru- tos de caqui não taninosos. Para o merca- do externo, especialmente para o Japão, o caqui nacional apresenta grande acei- tação, alcançando preços relativamente compensadores. A maior oferta de frutos concentra- -se nos meses de março e abril, apesar de a colheita estender-se de fevereiro a junho. A safra do caqui no Brasilcoinci- de com a entressafra em outros países. O caqui é rico em amido, pectina, açúcares e vitaminasA, BI, B2e C. É con- siderado alcalinizante,antioxidante, esto- máquico, fortificante, laxante e nutritivo. Apresenta, também, em sua composição, cálcio, ferro e proteínas. O fruto verde é rico em tanino, indicado contra as afec- ções do fígado, os transtornos intestinais e as enfermidades das vias respiratórias. Características da planta O caquizeiro é uma espécie subtro- pical,de porte arbóreo, que pode atingir até 12metros de altura, possuindo copa arredondada e ramificada. Suporta tem- peraturas de até 15°C negativos. As espécies comerciais possuem ma- deira mole e quebra fácil com o vento, assim como os frutos. A planta é rústica quando comparada às outras frutíferas, prefere solo de textura média, bem dre- nado e tolera alta concentração de cál- cio no solo.

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A CULTUR4 DO CAQUIZE]RO EAS SOLUÇOES SUSTENTAVEIS

Mauricio Dominguez NasserPesquisador da APTA Regional Alta Paulista-

Adamantina ([email protected]

Flávia Aparecida de Carvalho MarianoDoutoranda em Agronomia - Sistemas de

Produção - UNESP Ilha Solteiraflaviamariano [email protected]

Ocaquizeiroestá presente em qua-se todas as regiões de climatem-perado e subtropical do mundo.

Emtermos de produção mundial,os prin-cipais países são China (2,871 milhões det), Repúblicada Coréia (450 mil t), Japão(258 mil t), Brasil(171 mil t), Azerbaijão(135 mil t) e Itália(52 mil t).

Na Europa, o caqui é a última frutaque se colhe, e isso ocorre na época dooutono e inverno, ou de outubro a no-vembro.

No Brasil, o caquizeiro é cultivadoprincipalmente nas regiões Sudeste e Sul,nos estados de São Paulo (65% da pro-dução nacional), RioGrande do Sul, Pa-raná, Riode Janeiro, Santa Catarina e emregiões do sul de MinasGerais.

Em São Paulo, destacam-se as regi-ões de Mogi das Cruzes, Itapetininga,Campinas, Avaré e Sorocaba. A estru-tura fundiária em Mogidas Cruzes (prin-cipal região do estado) é caracterizadaem pequenos produtores, com áreas deaté 10 hectares de produção.

Importânciaeconômica e alimentar

No mercado interno, o consumo decaqui vem aumentando progressivamen-te, em função da qualidadedos frutos e depreços relativamente acessíveis.Nos últi-mos anos, houve maior demanda por fru-tos de caqui não taninosos. Para o merca-do externo, especialmente para o Japão,o caqui nacional apresenta grande acei-tação, alcançando preços relativamentecompensadores.

A maior oferta de frutos concentra--se nos meses de março e abril, apesarde a colheita estender-se de fevereiro ajunho. A safra do caqui no Brasil coinci-

de com a entressafra em outros países.O caqui é rico em amido, pectina,

açúcares e vitaminasA, BI, B2e C. É con-siderado alcalinizante,antioxidante, esto-máquico, fortificante, laxante e nutritivo.Apresenta, também, em sua composição,cálcio, ferro e proteínas. O fruto verde érico em tanino, indicado contra as afec-ções do fígado, os transtornos intestinaise as enfermidades das vias respiratórias.

Características da planta

O caquizeiro é uma espécie subtro-pical,de porte arbóreo, que pode atingiraté 12metros de altura, possuindo copaarredondada e ramificada. Suporta tem-peraturas de até 15°C negativos.

As espécies comerciais possuem ma-deira mole e quebra fácil com o vento,assim como os frutos. A planta é rústicaquando comparada às outras frutíferas,prefere solo de textura média, bem dre-nado e tolera alta concentração de cál-cio no solo.

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No Brasil, o caquizeiro écultivado principalmente nas

~ regiões Sudeste e Sul

Apresenta um desenvolvimento ini-ciallento, chegando a atingir a maturida-de por volta de sete a oito anos, mas pos-sui uma durabilidade de dezenas de anos.

No que diz respeito à frutificação,a maioria das variedades tem tendênciapara a produção de frutos partenocárpi-cos, ou seja, frutificam mesmo que nãohaja polinização, do que resulta a forma-ção de frutos sem sementes. O fruto éuma baga,que traz consigo, na base,o cá-lice persistente e bastante desenvolvido.A cor da cascavaria de amarelo a verme-lho e, a da polpa, que geralmente é ama-relada, pode variar, em certos casos, emfunção da presença ou não de sementes.

ção de frutas. As variedades de caqui, deacordo com ascaracterísticas de seusfru-tos, podem ser enquadradas em três di-ferentes tipos: taninoso ou Shibugaki,nãotaninoso ou Amagaki e variável.

O tipo taninoso compreende asva-riedades de polpa sempre taninosa e decor amarelada, quer os frutos apresen-tem ou não sementes, sendo que estesnão sofrem fecundação. As variedadesdesse tipo indicadas para plantio são:Taubaté, Pomelo e Rubi. Em nível mun-dial, podem-se citar as cultivares RojoBrillante (com crescimento significati-vo em Valência, na Espanha), Hachiya,Hago e Yokono.O tipo não taninoso abrange as va-

riedades de polpa sempre não taninosae amarelada, tenham os frutos sementesou não, não sofrendo efeito da fecunda-ção. As variedades recomendadas dessetipo são: Fuyu, Jiro e Fuyuhana.

Principais copas

A mais utilizada comercialmente éa Diospyros kaki, utilizada para a produ-

.•.

O tipo variável inclui asvariedades depolpa taninosa e de cor amarelada quan-do sem sementes, e não taninosa, parcialou totalmente quando apresentam umaou mais sementes. Quando assementessão numerosas, a polpa é de cor escu-ra, enquanto que nos frutos com poucassementes, a tonalidade escura apareceao redor delas, originando o que popu-larmente é chamado de 'chocolate'. Asprincipais variedades do tipo variável são:Rama Forte, Giombo e Kaoru.

No mundo, também podemos classifi-car o tipo variávelnum segundogrupo, quesãoos frutos afetados pela fecundação. Ascultivares não adstringentes na colheita eque o fruto fecundado possuia polpa maisescura é o fruto partenocárpico, duro nacolheita. As variedades desse grupo são:Kaki Tipo (muito utilizado na Itália),Nishi-mura Wase e Shogatsu.

E existem também as cultivares quesãoafetadaspela fecundação. O fruto for-mado por fecundação é adstringente nacolheita (próximo à semente é não ads-tringente e muda a cor da polpa) e não éduro; e os frutos formados por parteno-carpia são duros e adstringentes. Nessecaso, as cultivares adstringentes na co-lheita afetadas pela fecundação são: Ai-zumishirazu e Hiratanenashi.

Na região do baixo Mediterrâneo eu-ropeu, a cultivares mais utilizadas são aKaki Tipo (90%, na Itália e Espanha),RojoBrillante (Espanhae Itália)e Triumph (lsra- .tel e Espanha).Nos outros países,como Ja-pão, Coréia, China, Nova Zelândia e Aus-trália, a mais cultivada é a Fuyu.

No mundo, as plantas polinizadorasmais utilizadas são:Wild Persimom, Cio-colattino e Mandarino.

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SETEMBRO 2012 ~

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Principais porta-enxertos

Diospyros kaki também é indicadopara porta-enxertos, sendo muito utiliza-do no Brasil,e D. virginiana (caqui ame-ricano) e D. lotus, que apresentam cer-ta resistência ao frio e são cultivados paraporta-enxerto. A espécie D. lotus é tole-rante à seca e a solos alcalinos. Quandousada como cavalo, promove um produ-ção precoce da copa, mas a união comesta não é perfeita, de forma que dimi-nui o tamanho da planta e a sua longevi-dade. Na Itália e Espanha é muito utili-zada por apresentar resistência ao frio.

A D. virginianatolera solos levemen-te encharcados, e é um porta-enxertomuito vigoroso nas condições europeias.

Propagação

A instalação do pomar deve ser feitacom mudas enxertadas. Os porta-enxer-tos mais usados são os obtidos de semen-tes das próprias variedades comerciais(Diospyros kaki); eles apresentam siste-ma radicular pivotante, com poucas raí-zes secundárias e, em razão disso, adap-tam-se melhor aos terrenos profundos ebem drenados, não tolerando solos su-perficiais ou baixadas úmidas.

O processo maiscomumente empre-gado para a enxertia da variedade esco-lhida é o da garfagem de fenda cheia oulateral, no topo de porta-enxertos comidade entre um e dois anos, e proporcio-na melhores resultados quando realiza-do durante os meses de julho e agosto.

Preparo do solo e plantio

O terreno onde vai ser instalado opomar deverá estar limpo de mato ourestos de outras culturas. É recomendá-vel submetê-Io a uma aração profunda,seguida de gradagem, antes da aberturadas covas. A calagem, se necessária, de-verá ser feita por ocasião do preparo doterreno, de modo que o corretivo sejaincorporado ao solo quando da realiza-ção da aração e da gradagem.

As covas devem ser marcadas deacordo com a declividade do terreno,procurando nivelá-Ias com certos cui-dados, para assim não se obter um po-mar desuniforme e que dificulte os tra-tos culturais.

~ SETEMBRO 2012 caWIl~ci~

O plantio do caqui para mudas tipo"raiz nua" deve ser realizado no finaldoinverno (julhoa agosto), e para as mudas"envasadas", o plantio deve ser realiza-do no início da época chuvosa (outubroa dezembro), ou em qualquer época doano em locais sem geadas fortes e comirrigaçãoO plantio deve ser realizado nashoras mais frescas do dia ou, em dias nu-blados, com o solo bem úmido.

As covas deverão medir 60 x 60 x60 cm. Resultados satisfatórios são obti-dos com a seguinte adubação, por cova,feita pelo menos 30 dias antes do plan-tio das mudas: 20 kg de esterco de cur-ral bem curtido, I kg de calcário magne-siano, 160g de PPs e 60 g de ~O. Emcobertura, a partir do inícioda brotaçãodas mudas, aplicar 60 g de N, em quatroparcelas de I5 g, de dois em dois meses.

Deve-se usar régua de plantio paraum bom alinhamento, ajustando-se amuda na cova de modo que o colo daplanta fique ligeiramente acima do níveldo solo (5 cm). Após o plantio, fazer uma"bacia" em torno da muda, com distânciade 50 cm do tronco, e a seguir regar comabundância. Até que se iniciemas chuvas,as regas deverão ser repetidas com fre-quência, para assegurar um bom paga-mento da muda.

Recomenda-se utilizar coberturamorta como capim seco (sem sementes)ou palha, para reter a umidade do solo.Evitar baixadas muito úmidas e propíciasa geadas, devendo-se instalar o pomarem locais que facilitem a mecanizaçãodas operações. Evitar plantar em locaisexpostos a ventos muito fortes, pois emsituações de carga elevada pode ocorrerquebra de ramos.

.Espaçamento/densidadede plantio

O espaçamento de plantio varia emfunção da variedade a ser cultivada. Paraas variedades do tipo taninoso, cujasplan-tas são mais vigorosas, os espaçamentosmais utilizados são 8 x 7 m (178 plantas/ha), 7 x 7 m (204 plantas/ha) e 7 x 6 m(238 plantas/ha). Já para as variedades dotipo não taninoso, cujas copas são menosvigorosas, os espaçamentos mais utiliza-dos são os de 7 x 6 m (238 plantas/ha),6 x 6 m (277 plantas/ha) e 6 x 5 m (333plantas/ha).

Tratos culturais

No Brasil, a poda de formação tempor finalidade constituir o esqueleto bá-sico da planta, capaz de suportar pesadascargas. A muda é plantada de haste únicae, no primeiro ano, deixa-se desenvolvertrês ou quatro pernadas, radialmente dis-postas no tronco, distantes entre side 10a 15 em, a partir de 50 cm do solo. To:t

dos os demais ramos são eliminados ren-te ao tronco.

No inverno seguinte, um ano após oplantio, essas pernadas são encurtadas,a fim de permitir a emissão de ramifica-ções vigorosas. Nos anos seguintes, pros-seguem as podas de encurtamento e ra-leio de ramos, até que se consiga formara copa da planta. Portanto, o sistema decondução brasileiro mais usado é o devaso ou taça, e mais recentemente dei-xa-se o tronco principal até as pernadasatingirem o desenvolvimento de ramosmais grossos e rígidos, e paulatinamen-te elimina-se o tronco principal ou piãocentral.

A poda de inverno, de encurtamen-to de ramos, deve ser evitada nas plantasadultas, uma vez que a frutificaçãoocor-re sempre nos ramos do ano, e os me-lhores frutos se originam na brotação dasgemas terminais dos ramos do ano ante-

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rior. Na realidade, o que se pratica é umapoda de limpeza, em que são eliminadosos ramos supérfluos, mal situados, doen-tes e secos.

Desbrotas periódicas devem ser rea-lizadas, pelo menos duas durante o ano,ocasião em que são eliminados os brotosem excesso. Na Itália,a forma de condu-ção mais usada é o sistema de Paimeta,e a produção alcança 50 toneladas porhectare. Na Espanha, adota-se o Paime-ta com o Rojo Brillante e a área está emexpansão.

Adubação

Anualmente, deve-se proceder à adu-bação do caquizal, a fim de serem resti-tuídos ao solo os elementos dele retira-dos por meio da colheita dos frutos, podados ramos e queda das folhas. Em nívelde Brasil,no pomar em formação aplicarem cada planta, anualmente, 10-15 kgdeesterco de curral, 40-60 g de N, P20S e~O, por ano da idade.

No pomar adulto, a partir do oitavoano, cada planta deve receber, anualmen-te, 40 kg de esterco de curral, 300-500g de N, 150-300 g de PPs e 180-360 gde ~O por planta. Em ambos os casos,após a colheita, distribuir o esterco, o fós-foro e o potássio na área corresponden-te à projeção da copa e misturá-Ios coma terra da superfície.

o escoramento de ramos é necessá-rio no caso de plantas adultas, com gran-de produção, as quais, muitas vezes, têmseus galhos rompidos. Na região italianade Emília-Romana, a recomendação deadubação numa faixade produção de 20a 30 t/ha é de 60 kg de N, 10-60 kg dePPs e de 30 a 100kgde ~O por hecta-re, devendo ser feitos ajustes na dose seesta for menor ou maior que a faixacita-da pelo teor do nutriente no solo.

Quanto ao estado nutricional, ba-seado em caqui cv. Giombo, os teoresfoliares de macronutrientes no estádiofenológico recomendado para avaliaçãodo estado nutricional foram semelhan-tes aos da Austrália e do Japão e con-tinham 20,30; 1,25; 30,55; 23,45; 3,85e 3,05 glkg·' de massa seca de N, P,K,Ca, Mg e S, respectivamente.

Instaladoo pomar, o caquizeiro entraem frutificaçãoa partir do terceiro ano e,daí em diante, a produção vai crescendoprogressivamente, até por volta do déci-mo quinto ano, quando praticamente seestabiliza. De um modo geral, uma plantaadulta, em culturas bem conduzidas, pro-duz de 100 a I50 kg de frutos por ano.

Fitossanidade

o caquizeiro é uma planta bastanterústica e, em nossas condições, com pou-cos problemas fitossanitários. Das pra-gas, algumas causam prejuízos às plantase outras aos frutos e, entre elas, desta-cam-se: moscas-das-frutas (Anastrephaspp e Ceratitis capitata), lagarta dos fru-tos (Hypoca/a andremona), tripes (He/io-thrips haemorrhoida!is), cochonilha (Pseu-dococcus comstocki), besouro de Limeira(Sternoco/aspis quatuordecimcostata), le-pidobroca (Leptaegeria sp) e ácaro (Erio-phyes diospyri).

Entre as doenças que afetam a cul-tura, merecem maior atenção: manchadas folhas (Cercospora kaki), antracnose(Colletotrichum g/oeosporioides), galha dacoroa (Agrobacterium tumefaciens) e po-dridão das raízes (Rosellinia sp). Tantono caso das pragas como das doenças,o controle deve ser preventivo e feitocom defensivos específicos, registradospara a cultura do caquizeiro.

A maior oferta de frutos concentra-senos meses de março e abril

Cal.1lpr&;NegoclI!! SETEMBRO 2012 ~

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Colheita

A colheita dos frutos é feita quandoeles perdem a coloração verde e adqui-rem a tonalidade amarelo-avermelha-da, sendo a seguir transportados paragalpões, onde são classificados e em-balados. No Brasil colhe-se de feverei-ro a junho nas principais regiões pro-dutoras. Na Europa, a colheita do KakiTipo se inicia em meados de outubro,e a cultivar Rojo Brillante no início denovembro.

Em Valência, na Espanha, e no Bra-sil, foi possível observar em experimen-tos a aplicação de ácido giberélico paraatrasar a maturação do fruto, e assimescalonar a colheita.

Pós-colheita

Todos os caquis dos tipos taninosoe variável, quando sem sementes, apre-

~ Camp<&~ SETEMBRO 2012 NegóciC!.!!

sentam polpa taninosa, mesmo quan-do maduros, e, em razão disso, depoisde colhidos, precisam sofrer o proces-so de destanização, para que seja elimi-nada a adstringência, bastante desagra-dável ao paladar.

Para isso, são usadas as chamadas 'es-tufas' ou câmaras de maturação, onde assubstâncias mais empregadas para a des-tanização são: o acetileno produzido pelahidratação do carbureto de cálcio (car-bureto comercial), o monóxido de car-bono resultante da combustão de serra-gem, vapores de álcool e etileno.

A produção de caqui destina-se, nasua quase totalidade, ao consumo comofruta fresca, no mercado interno, paraonde é enviada em diversos tipos deembalagem. No estado de São Paulo,as cotações do produto, no caso dasvariedades dos tipos taninoso e variá-vel, oscilam durante a safra.

De um modo geral, em fevereiro e

começo de março, os preços são eleva-dos, caindo bruscamente a partir da ter-ceira semana de março, com a entradade grandes quantidades no mercado, paradepois reagir no fimda safra,em maio. Nocaso das variedades do tipo doce, a co-tação permanece mais ou menos estáveldurante todo o período de safra.

Quanto à conservação, pesquisasevidenciaram a possibilidade de se po-der estender a vida pós-colheita do ca-qui pelo uso de frigorificação. a perío-do de conservação depende do grau dematuração dos frutos, da variedade cul-tivada e das condições de temperaturae umidade relativa observadas na câma-ra frigorífica.

Destino

a caqui se presta para a industria-lização, podendo ser usado tanto parapreparo de passa como para a elabo-ração de vinagre. A passa de caqui éum produto altamente nutritivo, de sa-bor bastante agradável, cujo consumo,em nosso país, se restringe aos mem-bros da colônia japonesa, talvez devidoao fato de ser produzida em pequenasquantidades.

Os frutos destinados à secagem de-vem ser colhidos 'de vez', nem mui-to verdes nem muito maduros, e nãoprecisam ser destanizados. A relação.~entre o peso dos frutos frescos e ode caqui-passa é de, aproximadamen-te, 5 para I.a caqui pode também ser usado

para a produção de vinagre, proporcio-nando alto rendimento em mosto parafermentação, do qual resulta um pro-duto de excelente qualidade. A grandevantagem do processo é que ele per-mite o aproveitamento dos frutos quenormalmente são descartados, possibili-tando a obtenção de 60 litros de vinagrecom elevada graduação acética, a partirde 100 kg de caquis maduros.

As lojas colocam as frutas em mon-tes para chamar a atenção e dizer quetem bastante. Fruta não foifeitaparaserempilhada, pois não aguenta peso e ficamachucada. Essa é uma postura inade-quada, que reverte em prejuízo paraoprodutor, principalmente para aqueleque não tem qualidade e é obrigadoavender a qualquer preço. •