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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica A CRONOFARMACOLOGIA COMO FERRAMENTA NA MELHORIA DA RESPOSTA TERAPÊUTICA E DA QUALIDADE DE VIDA Maria Clara de Araújo Crepaldi Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientador(a): Dra. Maria Aparecida Nicoletti São Paulo 2018

A CRONOFARMACOLOGIA COMO FERRAMENTA NA MELHORIA … Maria Clara... · cronofarmacologia na prática clínica e quais as perspectivas para essa área no futuro. CONCLUSÃO: A avaliação

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

A CRONOFARMACOLOGIA COMO FERRAMENTA NA MELHORIA

DA RESPOSTA TERAPÊUTICA E DA QUALIDADE DE VIDA

Maria Clara de Araújo Crepaldi

Trabalho de Conclusão do Curso de

Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas da Universidade de

São Paulo.

Orientador(a):

Dra. Maria Aparecida Nicoletti

São Paulo

2018

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SUMÁRIO

Pág.

RESUMO .................................................................................................................... 3

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4

2. OBJETIVO ....................................................................................................... 8

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 8

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 9

4.1 PANORAMA DAS DOENÇAS INFLUENCIADAS PELO CICLO

CIRCADIANO ............................................................................................. 11

4.1.1. Hipertensão e Doenças Cardiovasculares ........................................... 12

4.1.2. Artrite Reumatoide ............................................................................... 14

4.1.3. Asma .................................................................................................... 14

4.1.4. Câncer .................................................................................................. 16

4.1.5. Doenças do Sistema Nervoso e Sistema Imune ................................... 17

4.2 CRONOFARMACOLOGIA NA PRÁTICA CLÍNICA .................................... 19

4.3 NOVAS PERSPECTIVAS PARA A CRONOFARMACOLOGIA ................. 20

5. CONCLUSÃO ................................................................................................ 22

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 24

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RESUMO

CREPALDI, M.C.A. A Cronofarmacologia como ferramenta na melhoria da resposta

terapêutica e da qualidade de vida. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-

Bioquímica. Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São

Paulo, 2018, 29p.

Palavras-chave: Cronofarmacologia; Cronoterapia; Cronoterapia farmacológica;

Ritmo circadiano

INTRODUÇÃO: A Cronofarmacologia é a ciência que estuda a hora mais adequada

de administrar os medicamentos com base nos conhecimentos do funcionamento do

nosso organismo e que tem como objetivo aumentar a efetividade e minimizar os

efeitos adversos dos fármacos. Essa interação está relacionada com os “clock genes”,

genes que estão presentes no núcleo supraquiasmático, responsáveis pela regulação

do ritmo circadiano do nosso organismo. Diversas doenças e seus respectivos

medicamentos se adaptam a cronofarmacologia e algumas delas foram descritas

nesse trabalho. OBJETIVO: Evidenciar os avanços da cronofarmacologia e como a

sua implementação pode impactar e melhorar a resposta terapêutica dos fármacos,

aprimorando a qualidade de vida dos pacientes. MATERIAIS E MÉTODOS: Revisão

bibliográfica narrativa dos últimos 10 anos de artigos publicados em inglês, português

e espanhol nas bases de dados Web of Science, Medline/PubMed e ScieELO,

empregando os descritores cronofarmacologia, cronobiologia e cronoterapia.

RESULTADOS: Este trabalho reuniu informações sobre a relação entre o ciclo

circadiano de doenças e seus medicamentos, incluindo o diabetes, a hipertensão, as

doenças cardiovasculares, a artrite reumatoide, a asma, o câncer, a depressão e

outras doenças neurodegenerativas. Também foram incluídas informações sobre a

cronofarmacologia na prática clínica e quais as perspectivas para essa área no futuro.

CONCLUSÃO: A avaliação dos estudos utilizados neste trabalho possibilitou a

contextualização dos conceitos Cronofarmacologia, Cronobiologia e Cronoterapia.

Essas são áreas novas, com ampla abordagem e que ainda não tiveram todo seu

potencial atingido, entretanto, sua importância no uso racional de medicamentos é

inquestionável.

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, são discutidas novas estratégias para a melhoria da qualidade de

vida dos indivíduos, bem como, de sua segurança nas tecnologias em saúde

empregadas. As reações adversas são motivo de grande preocupação em relação à

segurança da utilização de farmacoterapia por estarem entre a quarta e a sexta

maiores causas de mortalidade nos Estados Unidos da América do Norte (BOTOSSO

et al., 2011).

A Cronofarmacologia, ciência que estuda as variações rítmicas dos

medicamentos no corpo, em função da hora do dia (SILVA, 2011), aparece como uma

alternativa a ser implementada com o intuito de aumentar a efetividade e minimizar os

efeitos adversos dos fármacos (NÓBREGA, 2015). Ela começou a ser tratada como

ciência na década de 70 devido a estudos de Halberg, porém, desde o século XIX já

era reconhecida a influência do ciclo hormonal feminino na resposta a medicamentos

e havia a recomendação de tomar medicamentos pela manhã ou pela noite para obter

o máximo benefício (SILVA, 2011).

Dentro da Cronofarmacologia, existem três campos: cronofarmacocinética,

cronestesia e cronergia (SILVA, 2011). A cronofarmacocinética estuda a

biodisponibilidade dos fármacos, ou seja, alterações rítmicas na biodisponibilidade,

metabolismo ou excreção de um fármaco, enquanto que a cronestesia estuda

alterações na sensibilidade do organismo ao fármaco ingerido (SANTOS, 2011). Já a

cronergia estuda as variações rítmicas nos efeitos dos fármacos no organismo, em

função da hora do dia, sendo o resultado tanto da cronofarmacocinética como da

cronestesia de um medicamento (SILVA, 2011).

No meio desse contexto, surgiram também dois novos conceitos essenciais

para uma melhor compreensão da relação entre o tempo e a administração dos

medicamentos: cronobiologia e cronoterapia. A Cronobiologia é o estudo do ritmo

biológico, em que são avaliados os efeitos do tempo nos eventos biológicos e nos

relógios biológicos internos (ÇALIYURT, 2017). Já a Cronoterapia é a ciência que

previne ou trata doenças de acordo com o ritmo biológico, com o objetivo de minimizar

toxicidade e eventos adversos e melhorar a eficácia por meio da administração de

medicamentos utilizando a hora adequada (BALLESTA et al., 2017).

A Cronoterapia pode ser aplicada na prática clínica de diversas formas, como

por exemplo, por meio da alteração da hora da administração de medicamentos ou

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então por mudança da formulação para alinhar a liberação do fármaco com os padrões

circadianos da doença, otimizando o efeito do mesmo (KAUR, 2016).

Esses conceitos estão relacionados com o ritmo circadiano, período de 24

horas em que se baseia todo ciclo biológico influenciado pela luz solar (SILVA, 2011).

Nosso organismo precisou desenvolver mecanismos para se proteger dos constantes

impactos biológicos dos ciclos dia-noite ou claro-escuro para que fosse possível

exercer as atividades dentro desse ciclo de 24 horas (ÇALIYURT, 2017). Esse

mecanismo adaptativo se deu através do desenvolvimento dos relógios biológicos

endógenos ou “clock genes”, que controlam o ritmo biológico (SANTOS, 2011). O

relógio circadiano central, ou marcapasso, está localizado no núcleo supraquiasmático

do hipotálamo, em que ele recebe a luz através da retina e transfere o sinal para os

osciladores de outros tecidos e órgãos (DALLMANN et al., 2014). Esse mecanismo

regula diversas atividades incluindo o sono, a hora de se alimentar, o metabolismo

energético e as funções imune e endócrina (PAGANELLI et al, 2018).

O principal mediador do ciclo circadiano é formado pelos fatores de transcrição

CLOCK e BMAL1, que formam um complexo (PASCHOS et al., 2010). A geração do

ritmo circadiano é baseada em rotações de feedback de transcrição e tradução de

genes, iniciando-se com a formação do heterodímero CLOCK/BMAL1, que ativa a

transcrição de diversos genes, incluindo PER e CRY, proteínas que inibem o

complexo CLOCK/BMAL1 (PASCHOS et al., 2010). Após um período, o complexo

PER/CRY é degradado e o CLOCK/BMAL1 é novamente liberado, iniciando um novo

ciclo de transcrição, que gera o sistema de 24 horas (SELFRIDGE et al., 2016).

Conforme as evidências publicadas, já que a fisiologia e o comportamento dos

seres humanos variam de acordo com a hora do dia, devido ao ciclo circadiano, pode-

se esperar que aspectos da farmacologia e da toxicologia também oscilem nesse

mesmo ciclo de 24 horas (DALLMANN et al., 2014). Verificou-se que os parâmetros

farmacocinéticos e farmacodinâmicos dos fármacos também são modulados pela hora

do dia (DALLMANN et al., 2014).

Desde o surgimento dessas ciências, muitos estudos vêm sendo realizados

para avaliar a relação entre a hora do dia e a administração de medicamentos, além

de serem realizadas análises das doenças e de seus mecanismos para uma melhor

compreensão daquelas que apresentam influência circadiana.

Diversas doenças e seus respectivos medicamentos se adaptam a

cronofarmacologia desde doenças psiquiátricas e neurodegenerativas até o câncer

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(DALLMANN et al., 2014). Também estão incluídos nesta lista: artrite reumatoide,

hipertensão, infartos, arritmias, asma, alergias, doenças gástricas e rinites sazonais

(KAUR et al., 2016).

Em junho de 2016, foi feita uma análise dos estudos clínicos registrados no site

Clinicaltrials.gov (https://clinicaltrials.gov), local onde são registrados todos aqueles

realizados no mundo. Conforme descrito por Selfridge e colaboradores (2016), no ano

de publicação haviam 217.258 estudos em andamento registrados no site, dos quais

apenas 348 estudos, aproximadamente 0,16% do total, incluíam alguma forma de

intervenção circadiana. Desses estudos, 45% eram relacionados a “transtornos

comportamentais e mentais” e “doenças do sistema nervoso” (SELFRIDGE et al.,

2016).

Mesmo após estudos demonstrarem a existência de uma relação entre a hora

da administração do medicamento com o aumento da eficácia do mesmo e a

diminuição de eventos adversos, principalmente, em relação as doenças citadas

anteriormente, a maioria dos médicos e de outros profissionais da área da saúde não

utilizam esses conceitos na prática clínica (KAUR et al., 2013).

O primeiro uso da cronoterapia foi realizado nos anos 60 quando foi adotado a

administração de corticosteroides no período da manhã para a diminuição dos efeitos

adversos (KAUR et al., 2016). Esse uso poderia ter sido aumentado com base nos

avanços das novas descobertas, porém, não é isso que se verifica atualmente.

Mesmo havendo esse distanciamento entre os estudos sobre a

cronofarmacologia e a prática clínica, atualmente, existem algumas bulas de

medicamentos que abordam esse conceito e definem o horário de administração dos

fármacos (ZHU et al., 2008). Um exemplo é a bula do medicamento prednisona,

utilizado para o tratamento de diversas doenças, incluindo a artrite reumatoide. Na

bula da indústria Boehringer Ingelheim®, em inglês, no caso da administração de uma

dose única, é indicado que o paciente utilize o medicamento antes das 09h da manhã

(entre 02h e 08h da manhã), por ser o período em que há máxima atividade do córtex

adrenal. Enquanto que na bula da indústria Biosintética®, em português, é apenas

mencionado que o medicamento deve ser administrado pela manhã.

Além de benefícios para o tratamento de doenças, a cronobiologia também

pode ser utilizada para o diagnóstico de transtornos de humor. Descobriu-se que

transtornos mentais podem se desenvolver a partir de perturbações do sistema

circadiano, já que a maioria das nossas funções fisiológicas e comportamentais

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apresentam ritmicidade circadiana (ÇALIYURT, 2017). Segundo o Manual

Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2014), os critérios para

diagnósticos dessas doenças são baseados apenas por meio de sintomas,

comportamentos, sinais físicos, traços de personalidade, entre outras características

apresentadas pelo paciente. Essa determinação, no entanto, possui muitas limitações

e pode ter impacto no tratamento (ÇALIYURT, 2017).

Muito já sabe se sobre os benefícios da cronofarmacologia. Porém, novos

estudos devem ser realizados para podermos entender melhor a real abrangência

dessa ciência, principalmente, relacionando com a prática clínica, podendo assim,

aprimorar a qualidade do tratamento e da vida dos pacientes.

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2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é evidenciar, por meio de uma revisão narrativa da

literatura, os avanços da cronofarmacologia e como a sua implementação pode

impactar e melhorar a resposta terapêutica dos fármacos, contribuindo com a melhoria

na qualidade de vida dos pacientes.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O método utilizado foi a revisão bibliográfica nas bases de dados Web of

Science, Medline/Pubmed e SciELO, publicados nos últimos 10 anos e,

excepcionalmente artigos publicados em anos anteriores, em razão de sua

importância para o entendimento do tema.

A busca foi realizada empregando os descritores cronofarmacologia,

cronoterapia, cronobiologia, nas línguas inglesa, portuguesa e espanhola.

Os critérios de inclusão empregados foram artigos publicados nos últimos 10

anos, com a restrição de serem artigos escritos em inglês, português e espanhol,

enquanto que os critérios de exclusão incluíam artigos publicados há mais de 10 anos

e aqueles que não iam ao encontro do objetivo proposto.

Após a busca nas bases de dados mencionadas anteriormente, foram

selecionados artigos por meio da leitura dos títulos e dos resumos e posteriormente

do artigo completo, caso fosse de interesse.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Estudos cronobiológicos têm determinado padrões de funcionamento em que

o ritmo pode ser classificado de acordo com o período: ritmos ultradianos (em que o

período do ritmo é menor que 20 horas), ritmos infradianos (períodos maiores que 28

horas) e ritmos circadianos (períodos que oscilam entre 20 e 28 horas) (ESPINOZA,

2015). Esse último ritmo desempenha funções em diversos sistemas do nosso

organismo, como controle do sono, produção hormonal, controle da pressão arterial e

sistema digestório, além de alterações nesse ritmo poderem levar a mudanças na

progressão de doenças e na cinética e dinâmica de fármacos (BARBOSA et al., 2016).

Distúrbios do ritmo circadiano em humanos são relativamente frequentes e

podem ser divididos em dois grupos: endógenos e exógenos, conforme descrito por

Campi (2015). Os distúrbios endógenos se referem àquelas patologias em que o

oscilador circadiano ou as vias de sincronização são afetadas, o que pode ser

observado em doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer, enquanto que

nos distúrbios exógenos a cronologia interna não está em equilíbrio com a externa,

como por exemplo devido a dessincronização por viagens com fuso horários

diferentes (jet-lag) e de pessoas que trabalham no período noturno (CAMPI, 2015). As

consequências para esse desequilíbrio podem ser irritabilidade, transtornos

gastrintestinais, distúrbios cardiovasculares, síndrome metabólica e aumento da

incidência de câncer (CAMPI, 2015).

Devido a essa influência no organismo humano, a variabilidade circadiana pode

fornecer novas margens de segurança e eficácia, assim como otimizar e individualizar

a terapêutica, proporcionando um uso racional dos medicamentos (ESPINOZA, 2015).

A Cronofarmacologia se apresenta nesse contexto com o objetivo de analisar

os efeitos dos fármacos sobre os ritmos circadianos (NÓBREGA, 2015). Muitos

sistemas fisiológicos do nosso organismo já apresentam esses ritmos marcados e

conhecidos (NÓBREGA, 2015), conforme observado na Figura 1, e podem ser

utilizados para a determinação do tratamento de uma determinada doença. Porém,

deve-se considerar também a meia vida, o tempo de ação e o efeito desejado dos

fármacos (BARBOSA et al., 2016), além dos hábitos e o estilo de vida do paciente.

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Figura 1: Variações das funções fisiológicas do corpo humano conforme a hora do dia (NÓBREGA,

2015).

Um dos tópicos em que os pesquisadores têm dado importância é o processo

do sono, já que foi demonstrado que a diminuição ou a privação do mesmo podem

causar diversos distúrbios que comprometem a saúde e a qualidade de vida da pessoa

(BARBOSA et al., 2016). Segundo Barbosa e seus colaboradores (2016), têm-se

atribuído o papel de sincronização do sono e vigília à um hormônio produzido pela

glândula pineal, conhecido como melatonina. Sua produção é ativada pela escuridão

e inibida pela presença da luz (NÓBREGA, 2015) e ela exerce ações antitumoral,

imunomodulatória, anti-inflamatória, cronobiológica, antioxidante e influencia a

produção da angiotensina, que atua no processo de excreção de fármacos

(BARBOSA et al., 2016).

A partir do conhecimento das funções desse hormônio e da descoberta de que

a sincronização do sono pode provocar melhorias na variação do humor de uma

pessoa, podendo assim haver uma relação com o tratamento da depressão, foi

desenvolvida uma substância chamada aglometina, um derivado sintético da

melatonina (SANTOS, 2011). Segundo a bula do medicamento Valdoxan® aprovado

pela ANVISA em 2016, do laboratório Servier, que possui a aglometina como princípio

ativo deste medicamento, a substância é um agonista melatoninérgico que

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ressincroniza o ritmo circadiano em modelos animais com o ritmo alterado e aumenta

a liberação de dopamina e noradrenalina, o que conferem o efeito antidepressivo do

fármaco.

A melatonina também apresenta funções anti-hipertensivas, diminui o peso

corporal, diminui a concentração sérica de lipídeos e diminui a glicemia (NÓBREGA,

2015). Um estudo realizado com mulheres que estão na pré ou pós-menopausa

mostrou que a administração de melatonina aumentou significativamente os níveis

séricos de HDL e os resultados sugerem que essa substância pode incentivar o

metabolismo de lipídeos e auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares para

mulheres nessa faixa etária (TAMURA et al., 2008).

Além da ação sobre o metabolismo dos lipídeos, a melatonina também possui

a função de regular a secreção e a ação da insulina, auxiliando no tratamento do

diabetes (TOLEDO, 2015). O hormônio contribui com o desvio da energia ingerida

para os estoques energéticos e de sua retirada para uso nas atividades diárias,

podendo assim atuar como um tratamento secundário no diabetes tipo 2 ou melhorar

a ação da insulina no diabetes tipo 1 (TOLEDO, 2015).

O diabetes é uma doença influenciada pelo ciclo circadiano (BARBOSA et al.,

2016). Foi demonstrado que o maior pico de secreção de insulina ocorre pela manhã

(MADRIGAL & CORREA, 2012), já que o ritmo circadiano que rege a glicemia auxilia

a insulina a sincronizar as horas de atividade e repouso, com menor necessidade do

hormônio de noite e maior pela manhã (CAMPI, 2015). Um estudo realizado em 2012

com jovens sadios mostrou que a administração de repaglinida, um fármaco utilizado

no tratamento do diabetes, reduziu significativamente a concentração de glicemia

após as refeições, porém o efeito observado durante a noite foi 50% menor que o

observado pela manhã e após o almoço (MADRIGAL & CORREA, 2012),

demonstrando que o melhor período do dia para administrar esse medicamento é

durante a manhã ou no horário do almoço.

4.1 Panorama das doenças influenciadas pelo ciclo circadiano

Por meio do estudo dos ritmos biológicos, tornou-se possível a identificação do

momento do dia em que o aparecimento de algumas doenças é mais susceptível

(SANTOS, 2011) e, a partir dessa evidência, pode-se administrar o medicamento no

momento mais propício.

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Devido às variações temporárias da resposta do paciente a um medicamento,

há evidências que indicam que a resposta do indivíduo pode ser diferente em

magnitude ou intensidade, dependendo da hora do dia ou da época do ano em que o

medicamento é administrado (SEPÚLVIDA et al., 2008). Além disso, a razão

terapêutica-toxicidade de um medicamento varia previsivelmente de acordo com os

determinantes cronobiológicos (OHDO, 2010), dependendo da relação entre o

cronograma de dosagem e o ritmo de 24 horas de processos bioquímicos,

psicológicos e comportamentais (OHDO, 2010).

Descobriu-se também que muitos fármacos podem causar alterações no ritmo

de 24 horas levando a doenças e alterações na regulação homeostática (OHDO,

2010).

4.1.1 Hipertensão e Doenças Cardiovasculares

A pressão arterial varia ao longo do dia, tanto em pessoas normotensas como

em pacientes hipertensos (BARBOSA et al., 2016). Essas mudanças seguem o

seguinte padrão: um aumento na pressão arterial no período da manhã; dois picos de

pressão ao longo do dia, sendo um 2-3 horas após acordar e outro no começo da

noite; no meio da tarde é atingido o menor valor da pressão arterial (“nadir”) e, durante

o sono, há um decréscimo da pressão de 10-20% em relação ao valor apresentado

durante o dia, sendo a maior diminuição na pressão arterial sistólica (HERMIDA et al.,

2018).

O aumento da pressão arterial ao acordar pode estar relacionado a tendência

de se intensificarem, nesse mesmo momento, fatores como temperatura corporal,

respiração, níveis de cortisol e adrenalina que possuem significativos efeitos sobre a

frequência cardíaca e a pressão sanguínea (LEITE & COIMBRA, 2012).

Já que foi constatado que a pressão arterial mudava ao longo do dia, foi

observado também que as classes de fármacos utilizadas para o tratamento da

hipertensão têm seus efeitos alterados pelo ciclo circadiano (BARBOSA et al., 2016).

Uma dessas classes terapêuticas utilizadas são os diuréticos tiazídicos, que atuam

sobre o rim, na porção proximal dos túbulos contorcidos distais, bloqueando o

cotransportador de sódio-cloreto na membrana das células tubulares, inibindo a

reabsorção desses íons (MARTELLI et al., 2008). Esse fármaco tem sua ação

favorecida quando administrado no período noturno, já que é a fase do dia em que os

rins se encontram em seu melhor funcionamento (BARBOSA et al., 2016). Entretanto,

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um dos efeitos colaterais de se utilizar essa classe de medicamentos durante a noite

seria o aumento da quantidade de urina, e, consequentemente, as idas ao banheiro

do paciente já que, por osmose, a água seria eliminada junto com os íons sódio-

cloreto.

De uma forma geral, os anti-hipertensivos possuem melhor desempenho

quando administrados antes de dormir devido ao melhor transporte do fármaco por

encontrarem menos barreiras e menor competição com carreadores como a albumina

(BARBOSA et al., 2016).

Além de proporcionar um efeito terapêutico maior sobre a pressão arterial,

atenuando o declínio da pressão durante o sono, a administração de anti-

hipertensivos antes de dormir, como bloqueadores de receptores de angiotensina II e

inibidores da ECA, também diminuem os riscos de doenças cardiovasculares,

previnem o aparecimento do diabetes e o desenvolvimento de doença renal crônica

(HERMIDA et al., 2018).

Como mencionado anteriormente, a cronoterapia da hipertensão auxilia

também na prevenção de outras comorbidades como as doenças cardiovasculares.

Essas também sofrem influência do ciclo circadiano já que, devido as interferências

de estímulos externos e mecanismos homeostáticos endógenos, as propriedades

cardíacas variam, permitindo que o sistema se adapte aos ciclos de exercício e

repouso (NAINWAL et al., 2011).

O risco para eventos cardíacos agudos é significativamente elevado quando os

níveis de variáveis fisiológicas críticas como pressão arterial, frequência cardíaca,

produto cardiovascular (pressão arterial sistólica x frequência cardíaca, medida usada

para determinar a carga de trabalho do miocárdio), ativação simpática e níveis

plasmáticos de substâncias vasoconstritoras endógenas estão alinhados no mesmo

tempo circadiano (MANFREDINI et al., 2012).

Descobriu-se que nas primeiras horas da manhã há um risco aumentado de

eventos adversos isquêmicos, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular

cerebral (AVC), e eletrofisiológicos, como arritmias, sendo que isso se deve a fatores

neuro-humorais (norepinefrina e cortisol) e ao aumento da pressão arterial que

ocorrem na transição do sono para o despertar (PELICIARI-GARCIA et al., 2018). A

inflamação também desempenha um papel importante na ruptura de placas. Tanto o

número de células do sistema imune quanto seu grau de ativação que estão mais

elevados nas primeiras horas da manhã, contribuem junto com as outras

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características citadas anteriormente, para o aumento dos eventos cardiovasculares

nas primeiras horas da manhã (PELICIARI-GARCIA et al., 2018).

4.1.2 Artrite Reumatoide

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica que pode afetar várias

articulações, sendo que as articulações inflamadas provocam rigidez matinal e fadiga

(Sociedade Brasileira de Reumatologia, 2017). O ritmo circadiano dessa doença é

consequência de alterações das atividades imune/inflamatórias e neuroendócrinas

(PAOLINO et al., 2017).

Os sintomas mais severos da artrite reumatoide aparecem, principalmente, no

período da manhã (Tabela 1) já que estão relacionados com o avanço da inflamação

noturna devido a diminuição da secreção do cortisol durante esse período (principal

substância anti-inflamatória), ativação das populações celulares envolvidas no

processo inflamatório como monócitos e macrófagos, e do aumento das citocinas

inflamatórias ativadas pela melatonina (PAOLINO et al., 2017).

A principal classe terapêutica utilizada para o tratamento da artrite reumatoide

são os glicocorticoides, hormônios esteroides sintéticos análogos do cortisol

(BELTRAMETTI et al., 2016). Foi demonstrado que a administração exógena desse

tipo de medicamento é mais eficaz quando realizada durante a noite, portanto, deve-

se considerar que outras abordagens terapêuticas como drogas antirreumáticas

modificadoras de doença e anti-inflamatórios não esteroidais também devam seguir

esse mesmo padrão de administração (PAOLINO et al., 2017).

Além dessas drogas convencionais, foi desenvolvido a formulação de

prednisona com liberação modificada (retardada), em que o fármaco é administrado

antes de dormir e após a refeição para que os fluidos gástricos/intestinais protejam o

medicamento para que ele seja liberado aproximadamente 4 horas após a ingestão

(BELTRAMETTI et al., 2016). Com isso, a concentração máxima no plasma será

atingida após 6-6,5 horas da administração, podendo assim reduzir a rigidez matinal,

a dor e a atividade da doença (BELTRAMETTI et al., 2016).

4.1.3 Asma

Descobriu-se que a ritmicidade circadiana afeta vários processos fisiológicos e

comportamentais do organismo humano, incluindo doenças como a asma (LEITE &

COIMBRA, 2012).

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Ritmos anormais relacionados com a expressão molecular dos “clock genes”

foram detectados na superfície epitelial em pacientes com asma (SUNDAR et al.,

2015). Além disso, doenças das vias aéreas estão associadas com anormalidades no

ritmo circadiano das funções pulmonares, o que refletem em variações diárias do

calibre das vias aéreas, resistência das vias aéreas, sintomas respiratórios e

respostas imuno-inflamatórias anormais (PAGANELLI et al., 2018).

Conforme mencionado, o calibre dos brônquios sofre variações ao longo das

24 horas do dia, sendo que por volta das 16h eles se encontram mais dilatados e

durante a madrugada, próximo das 04h, estão mais contraídos (LEITE & COIMBRA,

2012). Foi observado também que a resistência das vias aéreas se eleva

progressivamente a partir da meia-noite até as primeiras horas da manhã, mesmo

horário em que há elevação na concentração de histamina, enquanto que entre, as

22h e às 04h há queda na concentração plasmática de adrenalina e cortisol (LEITE &

COIMBRA, 2012), o que, juntando todas essas características, conferem o

aparecimento dos sintomas da doença, de forma mais agressiva, durante a noite

(Tabela 1) (PAGANELLI et al., 2018).

Tabela 1: Variações dos sintomas de doenças imuno-alérgicas e do infarto agudo do miocárdio e

horários em que estes estão mais presentes (modificado de PAGANELLI et al., 2018).

Já em relação ao tratamento não medicamentoso da asma, o controle está

fortemente relacionado com a qualidade do sono (PAGANELLI et al., 2018). Para o

tratamento medicamentoso, estudo revelou que a administração da formulação de

liberação prolongada de teofilina, um broncodilatador utilizado no tratamento da asma,

alcançou concentrações terapêuticas durante a noite quando a dose foi ingerida às

15h, enquanto que outro estudo mostrou que uma única dose diária de inalação de

Doença Horário de pico do

sintoma Sintoma

Asma Início da manhã Broncoconstrição

Rinite alérgica Início da manhã Congestão e espirros

Artrite Reumatoide Início da manhã (05h00

– 08h00) Dor e enrijecimento

Infarto agudo do

miocárdio

Manhã, por volta das

09h00 Dor

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corticosteroides administrada às 17h30 foi quase tão eficaz quanto a administração

de quatro doses ao longo do dia (LEITE & COIMBRA, 2012).

4.1.4 Câncer

O mecanismo intracelular do relógio circadiano é conhecido por influenciar

vários processos celulares substanciais como progressão celular, resposta

inflamatória, apoptose e reparação do DNA (INOKAWA et al., 2016), processos esses

que estão relacionados com diversas doenças, como o câncer. Descobriu-se que

alterações na expressão de “clock genes” estão associados com vias oncogênicas,

sobrevivência do paciente, estágio do tumor e subtipos de tumores múltiplos, além de

terem sido caracterizadas alterações nesses genes em 32 tipos de câncer (YE et al.,

2018). Portanto, a cronoterapia pode ser aplicada no tratamento do câncer (INOKAWA

et al., 2016).

Descobriu-se que os mecanismos responsáveis pela farmacocinética e

farmacodinâmica dos antineoplásicos ocorrem em horas específicas do dia (MOLINA-

RODRÍGUEZ & ÁLVAREZ, 2016). Além disso, resultados mostraram que o horário de

administração do fármaco pode diferenciar os danos contra proliferação de células

normais e células do câncer (INOKAWA et al., 2016).

Um exemplo da cronoterapia do câncer pode ser demonstrado por meio da

medula óssea, em que o pico de proliferação de suas células sanguíneas ocorre por

volta de 13h, enquanto que a expressão de glutationa, um tripeptídeo envolvido na

defesa celular, ocorre em torno de 08h (MOLINA-RODRÍGUEZ & ÁLVAREZ, 2016).

Isso mostra que as células normais da medula óssea podem ser mais sensíveis aos

fármacos citotóxicos próximo de 12h e, portanto, os efeitos tóxicos de fármacos como

metotrexato e 5-fluorouracil, ambos da classe dos antimetabólitos, podem ser evitados

quando esses medicamentos não são administrados nesse horário (MOLINA-

RODRÍGUEZ & ÁLVAREZ, 2016). Esses mesmos autores relatam por meio de

estudos experimentais em ratos que a hora de administração modifica a toxicidade e

a tolerância de mais de 40 agentes quimioterápicos, porém, há muitas discrepâncias

em relação ao melhor horário para se administrar o fármaco comparando estudos que

foram feitos nas décadas de 80 e 90 e estudos mais recentes (MOLINA-RODRÍGUEZ

& ÁLVAREZ, 2016).

Salienta-se que embora com o conhecimento atual sobre os ritmos circadianos

e os mecanismos de ação de alguns medicamentos, não é possível determinar com

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precisão o melhor horário de administração dos fármacos contra o câncer, além do

que a transferência de resultados de estudos realizados com ratos para os humanos

não é imediata devido a heterogeneidade das células cancerosas e dos tecidos

(MOLINA-RODRÍGUEZ & ÁLVAREZ, 2016). Novos estudos devem ser realizados

nessa área para que os pacientes com câncer possam ser beneficiados com a

cronofarmacologia.

4.1.5 Doenças do Sistema Nervoso e Sistema Imune

Foram levantadas hipóteses de que distúrbios no sistema circadiano podem

estar relacionados com transtornos de humor e que, portanto, as falhas do relógio

biológico, os danos no mecanismo do relógio ou a presença de defeitos genéticos

podem estar envolvidos na etiologia desses transtornos (ÇALIYURT, 2017).

Uma dessas doenças afetadas pelo ritmo circadiano é a depressão

(ÇALIYURT, 2017), devido as descobertas de que os ritmos biológicos contribuem

para a manifestação de sinais e sintomas depressivos (COSTA & MONIZ, 2007).

Hipóteses que explicam as alterações cronobiológicas para esse distúrbio estão

relacionadas com a diminuição na latência do sono Rapid Eye Moviment (REM), o

despertar cedo, mudança na liberação de melatonina, distúrbios homeostáticos e

circadianos relacionados ao processo, atraso de fase, diminuição da amplitude e

comprometimento dos ritmos sociais (ÇALIYURT, 2017).

Novas abordagens terapêuticas relacionadas com o ritmo circadiano têm sido

desenvolvidas para o tratamento dos transtornos do humor, incluindo a depressão,

como por exemplo a fototerapia e as terapias do sono como a privação do mesmo

(ÇALIYURT, 2017).

A terapia de privação do sono tem apresentado resultados positivos no

tratamento da depressão, além de ser uma medida mais versátil, se comparado com

a fototerapia, já que pode ser indicada para mais de um tipo de depressão, enquanto

que a terapia de luz é mais recomendada para o tratamento do distúrbio afetivo

sazonal, um tipo de depressão (COSTA & MONIZ, 2007).

Segundo Costa & Moniz (2007), há muitas divergências nos resultados

apresentados nos estudos que estão sendo realizados relacionando a depressão com

a cronoterapia, em que podem ser explicadas pela variação do clima dos diversos

locais onde são realizados, variedade metodológica, assim como a utilização

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indiferenciada dos pacientes em que o diagnóstico varia em função dos diferentes

critérios de classificação utilizados.

Além da depressão, pesquisas estão sendo realizadas com outros transtornos

para avaliar o uso de novas abordagens terapêuticas. A fototerapia é o novo

tratamento estudado para tratar a Doença de Parkinson, em que os resultados dos

estudos mostraram um significativo progresso na disfunção motora, incluindo

bradicinesia, rigidez, tremores, movimentos noturnos, discinesia e desequilíbrio

(FIFEL & VIDENOVIC, 2018).

Um dos mecanismos da fototerapia, que segundo Fifel & Videnovic (2018) pode

não ser o principal, é a sincronização do ritmo circadiano. Estudos mostraram que

pacientes que receberam a fototerapia como tratamento secundário foram capazes

de reduzir em 50% a quantidade administrada de L-DOPA, um fármaco muito utilizado

no tratamento do Parkinson (FIFEL & VIDENOVIC, 2018), em que este é convertido

em dopamina dentro do organismo.

Além do sistema nervoso, em que foram mencionadas a depressão e a Doença

do Parkinson como exemplos, um outro sistema que sofre influência do ritmo

circadiano é o imunológico, junto com suas células e mediadores (SOMMA et al.,

2018).

A esclerose múltipla faz uma interligação entre esses sistemas, já que é uma

doença neurológica e autoimune em que as células de defesa do organismo atacam

o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares

(Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, 2016). Esse ataque envolve a quebra da

barreira hematoencefálica, levando a uma infiltração de células imunes e à ativação

de mecanismos locais de defesa imunológica (SOMMA et al., 2018).

Descobriu-se que distúrbios do sono aumentam a infiltração de células

inflamatórias no sistema nervoso central, principalmente as células T CD4, além de

induzirem a barreira hematoencefálica a uma maior susceptibilidade para a entrada

de células imunes (SOMMA et al., 2018).

Para o tratamento dessa doença são utilizados imunomoduladores e

imunossupressores, que combatem o surgimento de lesões no sistema nervoso

central, enquanto que os corticosteroides são administrados para os surtos (Esclerose

Múltipla, Hospital Albert Einstein). Estudo realizado com o objetivo de avaliar a melhor

hora da administração de corticosteroides demonstrou que com a ingestão do

medicamento entre 22h-02h, houve maior redução da incapacidade, melhora

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funcional e os pacientes apresentaram menos eventos adversos se comparados com

a administração no período entre 10h-14h (SOMMA et al., 2018). Isso demonstra a

relação entre essa classe de fármacos com o ritmo circadiano.

Devido à complexidade da doença, estudos estão sendo realizados para avaliar

os distúrbios do ritmo circadiano na esclerose múltipla e os resultados estão

apresentando conflitos em que não se sabe, ao certo, se essas perturbações no ciclo

intensificam o curso da doença e/ou levam a resultados psicossociais negativos, como

fadiga, depressão, incapacidade, distúrbios do sono, entre outros (SOMMA et al.,

2018). No entanto, sabe-se que a desmielinização de vias aferentes/eferentes do

sistema nervoso central pode inserir os pacientes com esclerose múltipla em risco de

transtornos do ritmo circadiano (SOMMA et al., 2018).

4.2 Cronofarmacologia na prática clínica

A cronofarmacologia, como um ramo da cronobiologia, pode ser implementada

em diferentes abordagens práticas, desde hospitais a laboratórios, incluindo também

o consultório médico (SEPÚLVIDA et al., 2008). Entretanto, este e o conceito da

cronoterapia ainda são novos para os médicos (FUJIMURA, 2013).

Medicamentos para várias doenças ainda são administrados sem considerar a

hora do dia, porque os resultados cronofarmacológicos não foram sistematicamente

resumidos em um formato aplicável para a prática clínica e ainda não foi estabelecida

uma referência para o sistema circadiano de medicamentos (OHDO, 2010).

Estudo realizado em 2016, na Austrália, com farmacêuticos sobre o uso da

cronoterapia demonstrou que esses profissionais utilizam os princípios da

cronoterapia na prática, baseados nos aprendizados adquiridos durante a graduação,

porém, sem o conhecimento de que estão utilizando este conceito (KAUR et al., 2016).

Disseram que não conheciam o termo e, segundo os autores do artigo, as causas

disso podem ser devido ao assunto estar relacionado apenas com especialistas do

campo da cronobiologia, não ser um assunto abordado durante o curso de farmácia,

além de ser apenas aplicado à algumas doenças e fármacos (KAUR et al., 2016).

A maioria dos médicos e de outros profissionais da área da saúde não utilizam

os conceitos de cronofarmacologia e cronoterapia na prática clínica por não serem o

foco deles, principalmente, no momento da prescrição do medicamento, e por haver

atraso na transferência do conhecimento apresentado nas pesquisas para a prática

clínica (KAUR et al., 2013). Devido a isso, verifica-se que a implementação de

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conceitos circadianos (e outros ritmos biológicos) na medicina clínica requer

metodologias, tecnologias e logística dedicadas (Chronotherapy Research Vision,

Warwich Medical School, 2017).

4.3 Novas perspectivas para a Cronofarmacologia

Tendo demonstrado a relação entre os ritmos circadianos e a administração de

medicamentos em horários adequados, estudos têm avaliado até onde é possível

utilizar a cronofarmacologia na área médica.

Um desses aspectos estudados é o uso dessa ciência para o diagnóstico de

transtornos de humor. O diagnóstico dessas doenças apresenta limitações, já que é

realizada apenas por meio de sintomas e sinais apresentados pelos pacientes

(ÇALIYURT, 2017). Porém, verificou-se que há uma oportunidade de realizar um

diagnóstico apropriado para subtipos de transtornos de humor, causados por fatores

circadianos através de uma avaliação das mudanças circadianas dos

neurotransmissores e de seus receptores envolvidos na regulação do humor

(ÇALIYURT, 2017).

Além do diagnóstico, outro aspecto que vem sendo estudado é o

desenvolvimento de novos fármacos baseados na cronofarmacologia. A busca por

candidatos com alvos no relógio biológico se dá com o emprego de abordagens que

incluem triagens químicas que empregam ensaios fenotípicos que medem a

expressão circadiana e o perfil de alguns compostos em alterar as características

cardinais do ritmo circadiano, período, fase e amplitude (Figura 2) (CHEN, 2017).

Figura 2: Áreas de interesse para o desenvolvimento de fármacos para a cronomedicina (modificado

de CHEN, 2017).

Modelos de doenças pré-clínicas

- Específico tipo de doenças;

- Terapêutica circadiana;

- Farmacocinética/toxicidade

Novos candidatos a fármacos

- Plataforma de screening;

- Optimização química;

- Design baseado na estrutura e

interação proteína-proteína (PPI)

Ensaios em humanos

- Urgente e importante;

- Análise dos dados clínicos;

- Produtos farmacêuticos/

naturais com farmacocinética

conhecida

Mecanismo composto-específico

- Ação molecular versus função in vivo;

- Genética versus farmacologia;

- Abordagem de precisão baseada em

“omicos” (genômico, proteico, metabólico)

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Essa tecnologia cronofarmacêutica pode ser observada para alguns fármacos

e sistemas, conforme Figura 3. Alguns exemplos e usos em que elas são empregadas:

para vias parenterais em que incluem bombas de infusão cronomoduladoras, um

microchip com liberação controlada, sistema de administração transdérmica de

medicamentos para aplicação cronofarmacêutica, administração de fármacos

contendo nanoformulações e administração oral (YOUAN, 2010). Um exemplo deste

último sistema é conhecido por Codas™ (Sistema Cronoterapêutico de Administração

Oral de Drogas), um sistema de liberação controlado, em que o comprimido apresenta

várias camadas, solúveis e insolúveis à água, sendo que fármaco se posiciona no

centro e à medida que a água penetra no sistema, as camadas se alteram e liberam

o medicamento (SANTOS, 2011).

Figura 3: Exemplos de Sistema de Liberação de Crono-fármacos (OHDO, 2010).

Entretanto, a busca por esses novos fármacos apresenta alguns desafios e

obstáculos, como o fato dos alvos das doenças não terem sido avaliados como

candidatos com alvos no relógio biológico (CHEN, 2017), dificuldades relacionadas

aos biomateriais rítmicos e projetos de sistemas, engenharia e modelagem de ritmo

circadiano e a falta de um guia regulatório relacionado a esses tipos de formas

farmacêuticas modificadas (YOUAN, 2010), sendo que a maior dificuldade para o

desenvolvimento dessas novas formulações que combinem com o ritmo circadiano é

a disponibilidade de tecnologias apropriadas (OHDO, 2010).

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5. CONCLUSÃO

A avaliação dos estudos levantados neste trabalho possibilitou a

contextualização dos conceitos Cronofarmacologia, Cronobiologia e Cronoterapia e

quais foram os avanços realizados nestes campos nos últimos anos, já que são

conhecidos da ciência há algum tempo.

Evidências demonstraram que a fisiologia e o comportamento dos organismos

humanos estão relacionados com o ritmo circadiano e que esse mesmo ciclo

influencia algumas doenças e seus respectivos fármacos. A análise desses fatores

demonstra a importância do ajuste do medicamento ao ciclo circadiano e a sua relação

com a otimização da efetividade farmacoterapêutica do medicamento.

Com este trabalho foi possível evidenciar a influência do ciclo circadiano sobre

algumas doenças. Observou-se que há um maior pico de secreção de insulina pela

manhã, o que pode contribuir para a administração de medicamentos para o diabetes.

O mesmo é apresentado para a hipertensão com o pico da pressão arterial ocorrendo

pela manhã e, já que existe uma relação entre a pressão e doenças cardiovasculares,

foi demonstrado que infartos, arritmias e acidente vascular cerebral são mais

frequentes durante as primeiras horas da manhã.

A artrite reumatoide também apresenta os sintomas mais pronunciados durante

a manhã devido ao processo inflamatório, enquanto que, na asma, os sintomas são

mais graves durante a noite. O câncer, apesar de ter sido demonstrada a relação com

o ritmo circadiano, ainda não foi possível determinar um melhor período para

administração dos antineoplásicos, possivelmente pela complexidade dos fatores

envolvidos. E por fim, estudos estão sendo realizados com a depressão, doença de

Parkinson e esclerose múltipla, relacionando o ciclo circadiano com essas doenças

para melhorar seu tratamento, incluindo o uso de tratamentos alternativos como a

fototerapia.

Uma outra descoberta importante foi o hormônio cronobiológico conhecido

como melatonina, que está relacionado com o sono e algumas doenças, como

transtornos do humor, além de poder ser utilizado como tratamento secundário para

essas doenças.

Apesar dessas evidências, este trabalho apresentou que a maioria dos

profissionais da área da saúde não tem conhecimento sobre o que é a

cronofarmacologia e em como ela pode beneficiar os pacientes. Existem alguns

obstáculos a serem enfrentados para que haja uma relação melhor entre quais são os

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novos avanços das pesquisas e como isso pode ser aplicado na prática clínica, mas

alguns profissionais não têm interesse em se aprofundar nessa área.

Apesar dessa falta de interesse por parte de alguns profissionais da saúde,

muitos pesquisadores têm visto a cronofarmacologia como uma área inovadora.

Estudos já estão sendo realizados para utilizar a cronofarmacologia como um método

de diagnóstico, no momento ainda apenas para transtornos de humor, e também

como base para o desenvolvimento de novos fármacos.

A Cronofarmacologia é uma área nova, com uma ampla abordagem e que

ainda não teve todo seu potencial atingido. Por isso, os esforços no desenvolvimento

de pesquisas precisam ser intensificados para se entender melhor a relação dos

ritmos circadianos com as doenças e com os medicamentos, podendo assim contribuir

para uma melhor qualidade de vida para os pacientes, além de maior efetividade dos

medicamentos.

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