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I. INTRODUÇÃO
Na antiguidade, a religião e o misticismo, confundiam-se com a ciência,
ou melhor, a Ciência não se distinguia da religião.
Antes do conhecimento cientifico, as civilizações mais antigas, como os
persas, chineses, mesopotâmios, chineses entre outros, já dominavam muitas
técnicas, possuindo a totalidade no saber, na medida do possível. No decorrer
da historia, as diversas ciências foram sendo desenvolvidas progressivamente
e serão apresentadas ao longo deste trabalho.
II. “A CIÊNCIA NA ANTIGUIDADE”
DA ALQUIMIA À QUÍMICA – CIVILIZAÇÕES OCIDENTAIS E ORIENTAIS
A história da química, desde milhares de anos antes de Cristo, está
intrinsecamente ligada ao desenvolvimento da humanidade, já que abarca
todas as transformações de matérias e teorias correspondentes. Com
frequência a história da química se relaciona intimamente com a história dos
químicos e — segundo a nacionalidade ou tendência política do autor —
ressalta em maior ou menor medida os sucessos alcançados num campo ou
por uma determinada nação.
A ciência química surge no século XVII a partir dos estudos de alquimia
populares entre muitos dos cientistas da época. Considera-se que os princípios
básicos da química foi vista pela primeira vez na obra do cientista britânico
Robert Boyle: The Sceptical Chymist (1661). A química, como denominada
atualmente, começa a ser explorada um século mais tarde com os trabalhos do
francês Antoine Lavoisier e as suas descobertas em relação ao oxigênio com
Carl Wilhelm Scheele, à lei da conservação da massa e à refutação da teoria
do flogisto como teoria da combustão.
a. Primeiros avanços da química
O princípio do domínio da química (que para alguns antropólogos
coincide com o princípio do homem moderno) é o domínio do fogo. Há indícios
de que faz mais de 500.000 anos, em tempos do Homo erectus, algumas tribos
conseguiram este sucesso que ainda hoje é uma das tecnologias mais
importantes. Não só dava luz e calor na noite, como ajudava a proteger-se
contra os animais selvagens. Também permitia o preparo de comida cozida,
reduzindo microorganismos patogênicos e era mais facilmente digerida. Assim,
baixava-se a mortalidade e melhoravam as condições gerais de vida.
O fogo também permitia conservar melhor a comida e especialmente a
carne e os peixes, secando-os e defumando-os.
Finalmente, foram imprescindíveis para o futuro desenvolvimento da
metalurgia, materiais como a cerâmica e o vidro, além da maioria dos
processos químicos.
b. A metalurgia
A metalurgia como um dos principais processos de transformação
utilizados até hoje começou com o descobrimento do cobre. Ainda que exista
na natureza como elemento químico, a maior parte acha-se em forma de
minerais como a calcopirita, a azurita ou a malaquita. Especialmente as últimas
são facilmente reduzidas ao metal. Supõe-se que algumas jóias fabricadas de
algum destes minerais e caídas acidentalmente ao fogo levaram ao
desenvolvimento dos processos correspondentes para obter o metal.
Depois, por experimentação ou como resultado de misturas acidentais,
descobriu-se que as propriedades mecânicas do cobre podiam ser melhoradas
em suas ligas de metais. Especial sucesso teve a liga de metais do cobre com
o estanho e traços de outros elementos como o arsênico — liga conhecida
como bronze — que se obteve de forma aparentemente independente no
Oriente Próximo e na China, desde onde se estendeu por quase todo o mundo
e que deu o nome à Idade do Bronze.
Umas das minas de estanho mais importantes da Antiguidade se
achavam nas Ilhas Britânicas. Originalmente o comércio foi dominado pelos
Fenícios. Depois, o controle deste importante recurso provavelmente fora a
razão da invasão romana na Britânia. Os Hititas foram um dos primeiros povos
a obter o ferro a partir dos seus minerais. Este processo é muito mais
complicado, já que requer temperaturas mais elevadas e, portanto, a
construção de fornos especiais. No entanto, o metal obtido assim era de baixa
qualidade com um elevado conteúdo em carbono, tendo que ser melhorado em
diversos processos de purificação e, posteriormente, ser forjado. A humanidade
demorou séculos para desenvolver os processos atuais de obtenção de aço
(geralmente por oxidação das impurezas insuflando oxigênio ou ar no metal
fundido, processo conhecido com o nome de "processo de Bessemer"). O seu
domínio foi um dos pilares da Revolução Industrial.
Outra meta metalúrgica foi a obtenção do alumínio. Descoberto a
princípios do século XIX e, no princípio, obtido por redução dos seus sais com
metais alcalinos, destacou-se pela sua rapidez. O seu preço superou o do ouro
e era tão apreciado que uns talheres presenteados à corte francesa foram
fabricados neste metal. Com o descobrimento da síntese por eletrólise e
posteriormente o desenvolvimento dos geradores elétricos, o seu preço caiu,
abrindo-se novo.
c. A cerâmica
Outro campo de desenvolvimento que acompanhou o homem desde a
Antiguidade até o laboratório moderno é a cerâmica. Suas origens datam da
pré-história, quando o homem descobriu que os recipientes feitos de argila
mudavam as suas características mecânicas e incrementavam sua resistência
frente à água se eram esquentados no fogo.
Para controlar melhor o processo desenvolveram-se diferentes tipos de
fornos. No Egito descobriu-se que, recobrindo a superfície com misturas de
determinados minerais (sobretudo misturas baseadas no feldspato e a galena,
esta se cobria com uma capa muito dura e brilhante, o esmalte, cuja cor podia
variar livremente adicionando pequenas quantidades de outros minerais e/ou
condições de aeração no forno). Estas tecnologias difundiram-se rapidamente.
Na China aperfeiçoaram-se as tecnologias de fabricação das cerâmicas até
descobrir a porcelana no século VII. Somente no século XVIII foi que Johann
Friedrich Böttger reinventou o processo na Europa.
Relacionado com o desenvolvimento da cerâmica, está o
desenvolvimento do vidro a partir do quartzo e do carbonato de sódio ou de
potássio. O seu desenvolvimento igualmente começou no Antigo Egito e foi
aperfeiçoado pelos romanos. A sua produção em massa no final do século
XVIII obrigou ao governo francês a promover um concurso para a obtenção do
carbonato sódico, já que com a fonte habitual - as cinzas da madeira - não se
obtinham em quantidades suficientes como para cobrir a crescente demanda.
O ganhador foi Nicolas Leblanc, ainda que seu processo caiu em desuso
devido ao processo de Solvay, desenvolvido meio século mais tarde, que deu
um forte impulso ao desenvolvimento da indústria química.
Sobretudo as necessidades da indústria óptica de vidro de alta
qualidade levaram ao desenvolvimento de vidros especiais com adicionados de
boratos, aluminosilicatos, fosfatos etc. Assim conseguiram-se vidros com
constantes de expansão térmica especialmente baixas, índices de refracção
muito elevados ou muito pequenos, etc. Este desenvolvimento impulsionou, por
exemplo, a química dos elementos das terras-raras.
Ainda hoje a cerâmica e o vidro são campos abertos à investigação.
III. A QUÍMICA COMO CIÊNCIA
Os filósofos gregos Empédocles e Aristóteles acreditavam que as
substâncias eram formadas por quatro elementos: terra, vento, água e fogo.
Paralelamente, discorria outra teoria, o atomismo, que postulava que a matéria
era formada por átomos, partículas indivisíveis que se podiam considerar a
unidade mínima da matéria. Esta teoria, proposta pelo filósofo grego Demócrito
de Abdera, não foi popular na cultura ocidental, dado o peso das obras de
Aristóteles na Europa. No entanto, tinha seguidores (entre eles Lucrécio) e a
idéia ficou presente até o princípio da Idade Moderna.
Entre os séculos III a.C. e o século XVI d.C a química estava dominada
pela alquimia. O objetivo de investigação mais conhecido da alquimia era a
procura da pedra filosofal, um método hipotético capaz de transformar os
metais em ouro e o elixir da longa vida. Na investigação alquímica
desenvolveram-se novos produtos químicos e métodos para a separação de
elementos químicos. Deste modo foram-se assentando os pilares básicos para
o desenvolvimento de uma futura química experimental.
A química, como é concebida atualmente, começa a desenvolver-se
entre os séculos XVI e XVII. Nesta época estudou-se o comportamento e
propriedades dos gases estabelecendo-se técnicas de medição. Aos poucos,
foi-se desenvolvendo e refinando o conceito de elemento como uma substância
elementar que não podia ser descomposto em outras. Também esta época
desenvolveu-se a teoria do flogisto para explicar os processos de combustão.
Por volta do século XVIII a química adquire definitivamente as
características de uma ciência experimental. Desenvolvem-se métodos de
medição cuidadosos que permitem um melhor conhecimento de alguns
fenômenos como o da combustão da matéria, Antoine Lavoisier, o responsável
por perceber a presença do carbono nos seres vivos e a complexidade de suas
ligações em relação aos compostos inorgânicos e refutador da teoria do
flogisto, e assentou finalmente os pilares fundamentais da química moderna.
IV. QUÍMICA NA CHINA
Como disciplina científica, a química é uma matéria bastante recente;
só no Ocidente, no século VII, é que a química científica se desenvolveu, e se
passou um século para que ela atingisse a China. Ao longo do tempo,
certamente, os chineses adquiriram uma enorme quantidade de conhecimentos
de química prática, como o fizeram os povos de outras civilizações, e esse
conhecimento não deve ser desprezado.
Com suas técnicas e suas aplicações à medicina, ele formou uma base
essencial sem a qual a ciência da química nunca se teria desenvolvido.
A química chinesa primitiva - ou talvez devêssemos chamá-la
"protoquímica" ou até mesmo "alquimia", embora tenha ultrapassado esse
estágio - deu uma série de contribuições valiosas ao conhecimento básico
daquilo que viria a ser a ciência química.
Começou como provavelmente em todos os outros lugares, como um
desenvolvimento da arte de cozinhar, mostrando-se um estudo muito adequado
aos daoístas; tinha um lado místico, pelo menos do modo como a praticavam e
lhes permitia não só filosofar, como também usar as mãos A química nada
mais é que uma ciência prática, de laboratório, e o trabalho prático que exigia
significava que os daoístas podiam demonstrar claramente a diferença
existente entre suas perspectivas e as dos confucionistas, que adotavam uma
postura de superioridade em relação a todas as práticas artesanais. Mas havia
mais do que isso. O principal objetivo dos daoístas era a busca da imortalidade
física; procuravam meios pelos quais pudessem impedir o envelhecimento.
Para conseguir isso, advogavam uma série de métodos, que incluíam
ginásticas, exercícios respiratórios e o uso de remédios especiais, muitas
vezes preparados com minérios. Dedicavam especial atenção ao modo como
os corpos eram enterrados.
A imortalidade sempre lhes escapou, mas, na sua procura, reuniram
muito conhecimento de química. Um aspecto disso revelou-se num trabalho
arqueológico recentemente realizado na China. As escavações de um túmulo
em Honan trouxeram à luz um sarcófago que, quando aberto, mostrou conter o
corpo de uma mulher, a "senhora de Tai". Embora ela tivesse morrido por volta
de 186 a.C. - mais de 2 000 anos antes - o corpo parecia o de uma pessoa cuja
morte tivesse ocorrido há apenas uma semana ou pouco mais; a carne, por
exemplo, ainda se mostrava suficientemente elástica para retornar ao normal
depois de pressionada. O corpo não estava, porém, embalsamado,
mumificado, curtido, ou mesmo congelado; sua preservação se devia a um
líquido de cor marrom, contendo sulfureto de mercúrio, mantido dentro de um
sarcófago que estava, por sua vez, dentro de outro, fortemente selada com
camadas de carvão e argila branca pegajosa. O ar nos sarcófagos era
constituído principalmente de metano e estava sob alguma pressão. Assim, o
sepultamento preservou o corpo no que hoje chamaríamos de condições
anaeróbicas; ele estava hermeticamente fechado e impermeável à água, e a
câmara mortuária garantiu que a temperatura se mantivesse razoavelmente
constante a cerca de 13 graus. Há muitas lendas sobre daoístas que realmente
conseguiram manter a integridade do corpo, e provas obtidas com a escavação
de Honan tornam claro que nem todas são mitos; o conhecimento da
preservação química se encontrava em um estado evidentemente adiantado,
mesmo no século II a.C.
Ao praticarem sua mística alquimia, os daoístas estavam em sintonia
com os protoquímicos de Alexandria, da Índia e, na verdade, de todas as
civilizações em que se faziam tentativas não apenas de investigar a química
das substâncias naturais, mas também de transformar metais ordinários e
abundantes em ouro, que era não só mais raro, como muito mais bonito. A
palavra "alquimia" certamente deriva do árabe, mas, o que é muito
interessante, o próprio árabe derivou do chinês, e não do grego, do egípcio ou
mesmo do hebraico, como se pensava anteriormente. Os daoístas, então,
podem ter tido influências muito além de seus círculos imediatos; a atividade
alquimista geral, que encontramos em toda parte - uma atividade que adotou
uma visão "orgânica" de muitas substâncias, que concebeu experiências como
cópias de sua gestação no útero da Terra, pode ter devido algo a eles. Era
certamente uma perspectiva que se adaptava bem à visão chinesa do universo
como um organismo. Mas os daoístas também foram auxiliados por outros
aspectos da filosofia chinesa; a teoria dos cinco elementos ajudou-os a
classificar várias substâncias e a fazer experiências apropriadas com elas,
enquanto a doutrina das duas forças os levou a uma idéia de fluxo e refluxo, a
um sentido de mudança cíclica em que, assim que um processo atinge a seu
ponto máximo, seu oposto deve começar a se afirmar.
Suas experiências levaram-nos a projetar uma variedade de aparelhos
químicos especiais, que incluíam artigos como fornos e fornalhas especiais,
assim como vasos nos quais as reações químicas podiam processar-se em
condições de isolamento. Muitas vezes tais reações significavam o
estabelecimento de altas pressões, e freqüentemente se usavam recipientes de
metal resistente, muitas vezes envoltos em arames para evitar que toda a
retorta viesse a explodir. E, embora os chineses nunca tenham inventado
termômetros propriamente ditos, seus alquimistas e protoquímicos certamente
sabiam da importância de algumas reações se realizarem sob certo calor; por
isso, criaram banhos de água e outros estabilizadores de temperatura.
Balanças romanas eram usadas para a pesagem e - o que era muito
engenhoso - utilizavam-se de tubulações de bambu para ligar uma peça do
aparelho a outra.
Talvez, porém, a peça mais significativa tenha sido o alambique.
Derivava, basicamente do pote de cozimento neolítico, o li. Tinha três pernas
ocas; mais tarde desenvolveu-se em um tipo especial de vaso duplo de vapor,
o zeng (tseng), que tinha, com efeito, um segundo vaso montado sobre o
primeiro, separado por uma grade perfurada. Para finalidades químicas, o
segundo vaso era envolto por um recipiente com água para resfriamento, de tal
forma que as substancias evaporadas se esfriavam e se condensavam em
seguida; gotejavam, então, sendo coletadas em uma pequena xícara. Esse
desenho, que foi usado por toda a Ásia Oriental, era diferente do tipo de
alambique empregado em Alexandria; nesse caso, o material destilado era
trazido para fora, por um tubo, para um vaso coletor; o resfriamento que devia
ocorrer era conseguido apenas pelo ar que circulava em torno do tubo exterior.
O desenho básico do alambique chinês é por nós empregado, hoje em dia, no
moderno alambique molecular, usado para a extração de pequenas
quantidades de compostos complexos, mas pode ter sido um aperfeiçoamento
do tipo alexandrino ou helenístico. Este último data de algum tempo antes do
ano 300 d.C., enquanto o chinês foi criado, provavelmente, no século IV d.C.,
embora possa ser anterior a essa época. O que não deixa dúvida, porém, é
que a destilação era amplamente praticada na China do século VII, durante o
período Tang. Além disso, o resfriamento imediato do material destilado, que o
alambique chinês conseguia, era importante quimicamente; tal processo de
resfriamento só se tornou disponível no Ocidente quatrocentos ou quinhentos
anos mais tarde.
Uma das técnicas do alambique chinês utilizada pelos protoquímicos
era a destilação do álcool; para isso, é imperativo um sistema de resfriamento,
caso contrário o álcool se perde. Eles também praticavam um processo
especial de congelamento; tratava-se de um método em que se congelava a
água para deixar livre o álcool. Essa técnica, que não exige o alambique,
produz uma forma de álcool muito concentrada, que os chineses parecem ter
conhecido já no século II a.C.
Com o passar do tempo, os conhecimentos de química foram se
acumulando. Alguns minerais eram preparados em formas apropriadas para
uso medicinal - os sulfetos de arsênico eram um exemplo disso - o que
representou uma grande antecipação em relação ao seu uso no Ocidente,
onde os minerais não foram usados em tratamentos médicos antes do século
XVI. Industrialmente, os chineses tornaram-se peritos na extração do cobre
pela precipitação desse metal com soluções, e também usaram um tipo fraco
de ácido nítrico para obter substâncias insolúveis com condições normais. Esse
trabalho colocou-os em contato com o nitrato de potássio, ou salitre, que
usaram em experiências em combinações com o carvão e o enxofre,
substância que já era conhecida há muito tempo. As experiências podem ter
sido feitas - e provavelmente o foram - com o propósito de obter um elixir que
ajudasse a conseguir a imortalidade, mas, qualquer que tenha sido a finalidade
inicial, levaram os chineses à descoberta da pólvora. Esta era usada em fogos
de artifício e para fins militares, tendo sido empregada em combate pela
primeira vez no século X, durante um período em que o país estava novamente
dividido em facções guerreiras. Durante os duzentos anos seguintes, ela tomou
parte, regularmente, em ações militares na China, mas não se tornou
conhecida fora desse país até o século XIII, quando foi usada no mundo
muçulmano; chegou à Europa no século XIV.
Então, que podemos dizer, em suma, da química chinesa? Em seus
aspectos mais místicos e mágicos, abriu caminho para a descoberta de
métodos sem paralelo para a preservação dos mortos e, em seus aspectos
mais práticos, trouxe avanços industriais, militares e médicos. Cientificamente,
os chineses também deram notáveis passas à frente, pois muito cedo
compreenderam que as reações químicas podiam prover não só misturas como
também substâncias totalmente novas, enquanto seus protoquímicos também
desenvolveram tabelas de substâncias e o conhecimento do modo pelo qual
reagiam, antecipando-se assim à idéia ocidental da afinidade química, que
evoluiu no século XVII. Além disso, a química chinesa parece ter contribuído
muito em matéria de pesar e medir as proporções das substâncias que
tomavam parte nas reações e, assim, os chineses obtiveram alguma percepção
daquilo que os químicos modernos chamariam de combinação de pesos e
proporções, importante aspecto da pesquisa moderna. Além disso, sua
preocupação com a precisão iria contribuir para o nascimento da química
moderna.
V. CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA
Civilização egípcia desenvolveu-se a volta do Nilo, um oásis no meio
do deserto do Saara, que propiciou a fixação do homem com água e solos
férteis (devido às enchentes). Mas também a outros fatores que explicam
desenvolvimento dessa civilização, como o fato do desempenho do homem
para aproveitar os recursos com criatividade, trabalho e planejamento.
Para defender suas vilas e moradias das violentas inundações, os
egípcios construíram diques. Também construíram canais de irrigação para
levar águas do rio a regiões mais distantes. Assim essa civilização
desenvolveu-se num clima árido e adverso, margeando o Nilo. O rio Nilo, tinha
tão grande importância para os egípcios, que era considerado como um deus,
com o nome Hapi.
a. Evolução Política
Em mais de 3000 anos o Egito foi marcado por grandes oscilações
políticas, glórias e decadências. A história do Egito antigo é dividida em dois
períodos: Pré-dinástico, desde a formação das primeiras comunidades até a 1ª
dinastia de faraós; e Dinástico, com três fases principais, Antigo, Médio e Novo
Império.
b. Período pré-dinástico (5000-3200 a.C.)
No começo, o Egito era habitado por povos que viviam em clã, os
nomos. Os nomos eram independentes, mas cooperavam quando havia
problemas comuns, como abrir canais de irrigação, construir diques... As
relações desses se transformaram até a formação do Reino do Baixo Egito, ao
norte, e o Reino do Alto Egito, ao sul. Em aproximadamente 3200 aC esses
dois reinos foram unificados sob o comando de Menés, este, se tornando, faraó
absoluto do Egito, considerado como um deus na Terra. Usava uma coroa
dupla demonstrando unificação entre os reinos. Assim surge a primeira
dinastia, acabando esse período.
c. Período Dinástico (3200-1085 a.C.)
Durante essa época é que são construídas as pirâmides e há um
grande crescimento territorial e econômico.
d. Antigo Império (3200-2423 a.C.)
Durante esse período faraós conquistaram enormes poderes religiosos,
militares e administrativos. Queóps, Quefrén e Miquerinos, faraós da IV
dinastia, tiveram grande destaque, sendo os mandantes da construção das
principais pirâmides.
O Estado era composto por enorme número de funcionários para
administrá-lo. Nos mais altos cargos estavam os administradores das
províncias (nomos), os supervisores de canais e planejadores de construções
(alguns deles eram escravos, excetuando-se os administradores das
províncias, mas viviam muito bem). Na base uma imensa legião de
trabalhadores que plantavam, construíam e arcavam com os altos tributos.
Como capital o Antigo Império teve primeiro Tinis e após Mênfis.
Por volta de 2400 a.C. houve uma série de revoltas lideradas pelos
administradores dos nomos com objetivo de enfraquecer o poder centralizador
do faraó, com isso o Egito entrou num período de declínio e guerra civil.
e. Médio Império (2160-1730 a.C.)
Representantes dos nobres de Tebas reuniram forças para acabar com
as revoltas, assim essa cidade acabou tornando-se a capital e dela surgiram os
faraós dos próximos séculos. Nesse período o Egito teve uma relativa
estabilidade política, crescimento econômico e das produções artísticas. Isso
impulsionou conquistas territoriais, com a anexação da Núbia (região rica em
ouro).
Em aproximadamente 1750 a.C., o Egito foi invadido pelos hicsos
(povo nômade vindo da Ásia). Hicsos mostraram-se superiores militarmente,
usando cavalos (desconhecidos para egípcios) para puxar carros de combate e
armas de bronze. Assim dominaram o norte do Egito, estabelecendo a capital
em Ávaris, permanecendo lá por volta 170 anos.
f. Novo império (1500-1085 a.C.)
Nobreza de Tebas novamente entra em cena para expulsar hicsos.
Inicia-se grande expansão militar. Usando técnicas militares dos hicsos faraós
organizaram exércitos permanentes, lançando-se as conquistas. Invadiram
cidades de Jerusalém, Damasco, Assur e Babilônia. Povos submetidos eram
obrigados a pagar tributos em ouro, escravos...
Entre mais famosos faraós do período esta Tutmés III, Amenófis IV e
Ramsés II.
Em aproximadamente 1167 a.C. revoltas populares agitam o Egito,
com a maioria da população envolta em tributos pesados e afundando na
pobreza, enquanto faraós e chefes militares exibiam luxuria.
g. Decadência do Egito
Após o séc. XII aC, o Egito foi invadido por vários povos. 670 aC, os
assírios dominam o Egito por 8 anos. Após libertar-se dos assírios, o Egito
começa fase de recuperação econômica e cultural, conhecida com renascença
saíta, devido ser impulsionada por soberanos da cidade de Sais. Mas isso
durou pouco, pois, em aproximadamente 525aC, persas conquistam o Egito. E
quase dois séculos após, vieram os macedônios, comandados por Alexandre
Magno, que derrotaram os persas. E em 30aC os romanos dominam o Egito.
h. Sociedade
Faraó era considerado um deus vivo, com autoridade absoluta, apenas
altos dirigentes e chefes de províncias podiam questionar algumas ordens do
faraó. Abaixo do faraó a sociedade era dividida em dominantes e dominados.
Grupo dos dominantes:
• Nobres: comandavam províncias ou principais postos do exército, os
cargos eram hereditários.
• Sacerdotes: presidiam cerimônias religiosas e administravam os bens
do templo, desfrutavam da enorme riqueza proveniente das oferendas.
• Escribas: funcionários públicos que cobravam impostos, fiscalizavam
a economia, organizavam as leis... Todos sabiam ler, escrever e contar.
Grupo dos dominados:
• Artesãos: trabalhadores urbanos como barbeiros, ferreiros,
barqueiros, tecelões, carpinteiros. Muitos trabalhavam em construções e
viviam quase sempre na pobreza.
• Felás: camponeses ou trabalhadores das obras públicas, transporte.
Eram a grande maioria dos egípcios e viviam na miséria.
• Escravos: presos de guerra trabalhavam nos serviços mais pesados
como as pedreiras. Viviam precariamente, mas tinham alguns direitos, como
casar com pessoas livres, possuir bens, testemunhar... (Alguns tinham altas
colocações, inclusive alguns estavam entre os escribas).
Camponeses não tinham descanso mesmo durante as cheias, nesse
período fabricavam e consertavam utensílios e, por vezes, eram chamados
para as obras dos faraós. Quando as águas descem, eles consertavam os
estragos feitos por esta, consertando canais e reforçando a margem do rio.
A irrigação era diária, devido a força do sol e a noite os camponeses
verificavam os utensílios e fabricavam cordas. Alimentavam-se de pão, cerveja
e legumes e, às vezes, peixe e frutas. Eram muito magros com essa
alimentação. Os gordos são de classes abastadas, e eram considerados
elegantes.
i. Economia
Predomina o modo de produção asiático. Estado/Faraó é dono de toda
a terra, controlando o trabalho agrícola. Além da agricultura, o Estado egípcio
também controlava muitas outras atividades econômicas, por meio de seus
funcionários, administrava as pedreiras, minas e construções. A maioria dos
egípcios viviam em servidão, obrigados a sustentar elites com tributos, em
bens (impostos) ou trabalho (corvéia).
j. Cultura e Mentalidade
A vida no Egito era profundamente influenciada pela religião. Eles
davam grande atenção aos deuses e aos mortos, Construindo templo e
túmulos, como pirâmides, traziam de lugares longínquos pedras dura e metais
preciosos. Mas eles moravam em casas de tijolo cru, modestas. Logo templos
e túmulos resistiram e quase todas suas cidades desapareceram, restando
apenas cacos de cerâmica.
Eram politeístas e suas cerimônias tanto podiam ser patrocinadas pelo
Estado (oficial), como ser espontâneas (popular). Nas oficiais destacavam-se
cultos a Amon-Rá (fusão de Rá, deus do sol e criador, e Amon deus de Tebas).
Nas populares predomina três divindades: Osíris (deus da vegetação, natureza
e mortos), Ísis (esposa e irmã de Osíris) e Hórus (deus do céu, filho de Osíris e
Ísis). Faraós eram considerados descendentes de Hórus.
Acreditavam na vida após a morte, onde, ao morrerem, eram julgados
por Osíris, podendo retornar a seus corpos se absolvidos, mas para isso
precisavam que seus corpos fossem conservados, por isso a mumificação.
Após mumificação os corpos eram enterrados nos sarcófagos com alimentos,
roupas, jóias e um exemplar do Livro dos mortos (coleção de textos religiosos
para serem recitados quando alma comparecesse ao Tribunal de Osíris).
Durante o novo império, o faraó Amenófis IV tentou instaurar o
monoteísmo, instituindo o culto a Aton, simbolizado pelo disco solar. Tais
reformas tinham fundo político, pois faraó desejava diminuir o poder dos
sacerdotes, se tornando o supremo sacerdote. Mas, após sua morte, os antigos
cultos foram retomados junto com o poder dos sacerdotes.
k. Escrita: hieróglifos e papiro
Hieróglifos (palavra de origem egípcia, significava sinais sagrados)
eram sinais que simbolizavam objetos concretos e aos poucos foram tomando
sentido convencional, expressando idéias abstratas. Foi o francês, Jean-
François Champolion, que, em 1822, decifrou a escrita egípcia através da
Pedra da Roseta, que possuía inscrições egípcias traduzidas para o grego.
Registros eram feito em pedra, madeira ou papiro (papel fabricado a partir de
planta do mesmo nome).
l. Arquitetura: túmulos monumentais
• Mastabas: túmulos, normalmente em trapezóide, que possuíam
câmara subterrânea onde ficavam os corpos.
• Hipogeus: túmulos subterrâneos, com vários compartimentos,
geralmente feitos nos barrancos do Nilo.
• Pirâmides: grandes túmulos dos faraós. Constituídos, internamente,
por labirintos para evitar saques e uma câmara secreta onde ficava o sarcófago
do faraó. Esse túmulo pressupõe avançados conhecimentos de matemática e
engenharia.
Na Região de Gizé encontram-se as pirâmides de Queóps, Quéfren e
Miquerinos, que são as mais monumentais. Para suas construções foram
usados blocos de pedras calcárias. Calcula-se que a pirâmide de Queóps tem
150m de altura e foram empregados mais de dois milhões de blocos de pedra.
A descoberta do túmulo de Tutancâmon, que morreu com 19 anos
(1352 a.C.), é tida como principal achado arqueológico do séc.XX. Primeiro
tumulo de faraó inviolado por ladrões. Nesse túmulo havia riquezas
historicamente incalculáveis e o ouro nela presente pesava quase uma
tonelada.
m. Arte: pintura e escultura com finalidade religiosa
A pintura e a escultura eram influenciadas diretamente pela religião. A
maior parte dessas servia para decorar túmulos e templos. Em ambas a figura
humana era geralmente representada em postura hierática (posição rígida e
respeitosa, cabeças e pernas de perfil, e tronco de frente).
n. Ciências: soluções para problemas práticos e concretos
Egípcios não eram muito filosóficos, desenvolveram o seu saber para
resolução de problemas práticos como construção, enfermidades, contabilidade
e estações agrícolas.
• Química: manipulação de substâncias químicas surgiu no Egito e deu
origem á fabricação de remédios e composições. Palavra química vem de
kemi, terra negra, do egípcio.
• Matemática: foi desenvolvida devido as transações comerciais e a
necessidade de padronização de pesos e medidas. Desenvolveram a álgebra e
a geometria.
• Astronomia: orientava a navegação e atividades agrícolas. Também
desenvolveram a Astrologia.
• Medicina: devido ao respeito pelos mortos, cadáveres não eram
dissecados, mas mumificação permitia tais estudos. Médicos especializavam-
se em diferentes partes do corpo. Apesar disso a medicina era ligada a magia.
Tratamentos variavam desde livro velho fervido com azeite até excremento de
crocodilo.
o. Processo de mumificação
De acordo com a religião egípcia, a alma da pessoa necessitava de um
corpo para a vida após a morte. Portanto, devia-se preservar este corpo para
que ele recebesse de forma adequada a alma. Preocupados com esta questão,
os egípcios desenvolveram um complexo sistema de mumificação.
O processo era realizado por especialistas em mumificação e seguia as
seguintes etapas:
1º - O cadáver era aberto na região do abdômen e retirava-se as
víceras (fígado, coração, rins, intestinos, estômago, etc. O coração e outros
órgãos eram colocados em recipientes a parte. O cérebro também era extraído.
Para tanto, aplicava-se uma espécie de ácido pelas narinas, esperando o
cérebro derreter. Após o derretimento, retirava-se pelos mesmos orifícios os
pedaços de cérebro com uma espátula de metal.
2º - O corpo era colocado em um recipiente com natrão (espécie de
sal) para desidratar e também matar bactérias.
3º - Após desidratado, enchia-se o corpo com serragem. Aplicava-se
também alguns “perfumes” e outras substâncias para conservar o corpo.
Textos sagrados eram colocados dentro do corpo.
4º - O corpo era envolvido em faixas de linho branco, sendo que
amuletos eram colocados entre estas faixas.
Após a múmia estar finalizada, era colocada dentro de um
sarcófago, que seria levado à pirâmide para ser protegido e conservado. O
processo era tão eficiente que, muitas múmias, ficaram bem preservadas até
os dias de hoje. Elas servem como importantes fontes de estudos para
egiptólogos. Com o avanço dos testes químicos, hoje é possível identificar a
causa da morte de faraós, doenças contraídas e, em muitos casos, até o que
eles comiam.
Graças ao processo de mumificação, os egípcios avançaram muito em
algumas áreas científicas. Ao abrir os corpos, aprenderam muito sobre a
anatomia humana. Em busca de substâncias para conservar os corpos,
descobriram a ação de vários elementos químicos.
p. Curiosidades:
- Para transformar um corpo em múmia era muito caro naquela época.
Portanto, apenas os faraós e sacerdotes eram mumificados.
- Alguns animais como, por exemplo, cães e gatos também foram
mumificados no Egito Antigo.
VI. TECNOLOGIA QUÍMICA NA MESOPOTÂMIA E NO EGITO
O conhecimento dos diferentes aspectos da tecnologia química na
Babilônia, a partir do terceiro milênio a.C., foi obtido à custa de um trabalho
minucioso de escavação pelos paleontólogos e de interpretação dos textos das
tabuinhas de argila cozida encontradas nos sítios arqueológicos.
Elas revelam um nível de conhecimento excepcional de tecnologia
química rudimentar obtida empiricamente e seu desenvolvimento e uso pela
sociedade de então.
O conhecimento e prática desta tecnologia difundiram-se para regiões
vizinhas, como o Egito, onde foram enriquecidas e transmitidas a extensas
regiões do mundo antigo e outras civilizações posteriores como a grega e a
islamita.
O registro escrito mais minucioso, hieroglífico ou pictórico, deve-se aos
egípcios, sendo encontrado em papiros, monumentos e tumbas, com
descrições detalhadas de cenas da vida diária e uso da tecnologia praticada.
A Mesopotâmia foi centro de desenvolvimento tecnológico em química,
metalurgia, astronomia e cultura tendo sua influência se difundido para outras
regiões do oriente próximo e do oriente remoto.
Estas sociedades estabelecidas a partir de 3.000 a.C. desenvolveram e
utilizaram técnicas para preparar materiais de uso diário em vários setores:
a. Pigmentos
Desde a época paleolítica o homem já utilizava pigmentos para fazer
desenhos e pinturas nas cavernas deixando para a posteridade verdadeiras
obras de arte e de sensibilidade artística.
No Egito, devido ao seu clima seco, muitas pinturas encontradas nas
tumbas apresentam-se, ainda hoje, com suas cores vivas enquanto as da
Mesopotâmia foram destruídas pela umidade.
O ocre vermelho é um pigmento mineral natural de uso e frequente
ocorrência.
É encontrado em algumas regiões do Egito e muito usado para pintar
paredes e cerâmicas (jarros e pequenos utensílios) e de uso generalizado na
Mesopotâmia, Palestina e na Ásia Menor.
A variedade amarela do ocre (limonita ou goetita amarela que é um
hidróxido de ferro hidratado) também era usada mas era importada da Pérsia.
A hematita também era usada e frequentemente era misturada com
outras cores.
Com estes pigmentos e suas misturas os Egípcios obtinham oito cores
que eram usadas nas decorações de palácios e tumbas.
O pigmento verde era obtido fundindo areia, álcali e minerais de cobre
(malaquita:forma natural de carbonato básico de cobre, e crisocola: silicato de
cobre hidratado) e pulverizando-se a massa resultante.
A cor azul era obtida com o lápis lazuli muito comum na Mesopotâmia
mas inexistente no Egito que o importava.
Um substituto foi obtido fundindo-se areia, malaquita, carbonato de
cálcio e carbonato de sódio natural (chamado natrão), a uma temperatura
superior a 850 ºC.
Este processo já era conhecido dos Assírios cerca de 1.500 a.C..
Para o pigmento branco usava-se o carbonato de cálcio (giz) ou o
sulfato de cálcio (gesso) que são de frequente ocorrência.
Pigmento preto era obtido ou com a galena ou com pó de ossos
calcinados ou fuligem ou carvão vegetal.
Na Suméria o pigmento branco era obtido misturando-se gesso com
esterco e moendo-se em seguida.
Também se usava o branco de chumbo, produzido pela ação do
vinagre sobre o chumbo, ou uma espécie de caolim conhecida comoterra
melia.
b. Tintas, vernizes e material de pintura
A pintura de materiais começou na era paleolítica com a decoração de
objetos de cerâmica, jarros e enfeites.
No Egito artesãos pintores já trabalhavam em 2500 a.c. decorando
jarros, paredes, madeira, marfim, metais e pedras preciosas.
As cerâmicas eram pintadas com ocre vermelho, pigmento azul, óxido
de ferro e compostos verdes de cobre. A madeira não era pintada diretamente:
fazia-se um acabamento primário de gesso e pintava-se em seguida.
Para manipular estes pigmentos os egípcios, já em 1900 a.c. usavam
almofariz de formato retangular- os de hoje são redondos- e pistilo feitos de
pedra, para triturá-los.
Pequenos paletes ou caixas de pintura acomodavam até oito
cores.Tecidos ( pano ou lona) também eram pintados assim como o couro que
era tingido nas cores branca, amarelo, verde, preta ou vermelha.
Esta prática já era conhecida desde o paleolítico.
Os pigmentos também eram usados na tinta para a escrita sobre o
papiro usando-se penas feitas de talo do Juncus maritimus. Uma extremidade
era recortada como um pincel.
Havia tintas de várias cores mas a tinta preta comum era feita de
fuligem dispersa em uma goma. As tintas coloridas eram usadas para as
iniciais dos textos ou os títulos.
Os escribas possuíam uma pequena caixa com as penas e os
pigmentos, sob forma de aquarela, que eram usados depois de diluídos em
água para pintar os símbolos da escrita.
É interessante observar que os egípcios não usavam pintura a óleo
embora o óleo de linhaça fosse usado em medicina, em cosméticos e na
cozinha.
As pinturas egípcias usavam a técnica da têmpera, em que uma cola
( goma ou albumina de ovo) é adicionada aos pigmentos.
Para pintar madeira usavam como cola a caseína produzida da nata do
leite.
Ainda hoje se pode comprar cola de caseína nas papelarias o que
mostra que possivelmente este é um dos mais antigos produtos utilitários desta
espécie conhecido.
A goma usada era a goma arábica que provêm da casca de uma
árvore, Acácia arábica, ou também a gelatina. A primeira era importada da
Arábia pelos egípcios.
c. Corantes orgânicos e os Tintureiros
Os corantes mais usados na antiguidade remota, a partir de 3.000 a.C.,
eram obtidos de plantas, árvores, moluscos e insetos.
O vermelho era obtido a partir de insetos sugadores cujo corpo contém
um corante, o ácido carmínico, um derivado da antraquinona, e cujo habitat era
uma espécie de carvalho (carvalho do quermes ou sanguinolento (cor) ou,
também, de capins de certas regiões.
Depois de capturados os insetos eram secados e triturados.
O vermelho vivo, ou escarlate, obtido destes insetos era muito usado
pelos judeus no seu culto religioso.
Outra fonte de corante vermelho era a raiz de plantas do gênero Rubia,
em particular a Rubia tinctorum ou Rubia cordifolia( munjeet)da Índia.
Há indícios de que no Vale do Indus,em 3.000 a.C., já se tingia algodão
com este corante.
Os egípcios importavam alguns corantes vermelhos, entre eles o
quermes, que vinha da Síria.
Outro corante vermelho já usado em 2.500 a.C. era a henna (em
arábico: hinna) ou Lawsonia inermis, de cor vermelho-alaranjado, como tintura
de cabelo e dos dedos e das unhas e muito comum atualmente.
Os corantes amarelos eram extraídos das folhas do girassol
(Carthamus tinctorius), ou do açafrão (Crocus sativus), muito comum no Egito,
Síria e Creta ou ainda da curcuma (Curcuma longa) encontrada na
Mesopotâmia, Egito e Índia.
O pó das raízes da cúrcuma além de fornecer o corante era também
usado como condimento (curry, na culinária inglesa atual).
Na Mesopotâmia usavam-se as cascas da pomagranata (Punica
granatum) para extrair com água uma tintura amarela que também servia como
tinta.
Os corantes azuis usados eram o "woad" (Isatis tinctoria) e o índigo
(Indigofera tinctoria) cujo uso para tingir roupas data de 2.500 a.C., no Egito e,
posteriormente (300 a.C.), na Mesopotâmia.
Corantes provenientes de moluscos eram muito valiosos e sua
extração constituía um dinâmico comércio no Mediterrâneo, entre Tiros e Haifa.
Eram de cor púrpura e obtidos das glândulas dos moluscos, Púrpura e
Muréx. Eram usados para o tingimento de lã com cor vermelha-violeta ou
púrpura escuro comercializada pelos Sírios.
A mistura do azul com púrpura para a obtenção de nuances, muito
valiosas nesta época, para tingir a lã, era um segredo comercial.
Os corantes pretos eram usados para tingir os cabelos e eram obtidos
do carvalho.
A tinturaria teve grande importância desde 2.000 a.C. e a profissão de
tintureiro era muito valorizada. Nesta época esta atividade estava ligada
também aos templos onde as roupas sagradas usadas pelos sacerdotes eram
tingidas.
Na Mesopotâmia e no norte da Síria, por volta de 1500 a.C.,
apareceram grandes centros laníferos que exportavam sua produção para
outras regiões, por exemplo, para o Egito, onde os tintureiros introduziram uma
grande variedade de panos coloridos (vermelhos,amarelos,azuis e verdes)
também listrados.
Outras cores surgiram posteriormente.
A fixação de muitos corantes no tecido era feita por mordentes que
podiam ser sais inorgânicos como o alumen, sais de ferro ou cobre para a
obtenção de preto intenso ou por produtos naturais, sob forma ácida, obtidos
por fermentação de plantas.
O corante mais usado e que dispensa mordente era o índigo que era
dissolvido em urina em grandes tachos. Este processo era muito usado no
Egito.
As agruras da profissão de tintureiro ou "químico", com seus odores e
processos, era motivo de comentários desairosos por outros artesãos.
Os cheiros e odores resultantes desta atividade e as relacionadas à
extração de corantes de moluscos, muito comum nas costas do Mediterrâneo,
já representavam um problema de poluição local, dada à intensidade destas
atividades.
Sal comum, natrão, álcalis naturais e alume.
Desde tempos remotos estes materiais eram produzidos em grande
escala e eram objeto de intenso comércio entre regiões que se estendiam da
Ásia à Europa.
O sal comum ou cloreto de sódio, NaCl, era o mais importante e seu
comércio intenso levou ao que se conhece como "rotas do sal", pelas quais
também transitavam todo tipo de mercadoria valiosa tais como âmbar, sílex,
betume, etc..
O sal era obtido de depósitos ou de fontes salobras, no interior, ou de
salinas, nas costas marítimas, onde deixava-se evaporar a água do mar
Era usado, como hoje, como tempero e na preservação de carnes,
principalmente peixe.
Na Palestina e na Mesopotâmia era utilizado no fabrico do pão.
Para os palestinos o sal tinha uma conotação profundamente religiosa:
era usado em oferendas e menciona-se até um pacto do sal. O templo em
Jerusalém possuía depósitos de sal que era vendido e pulverizado em
almofarizes de madeira.
No Egito o sal era negociado sob forma de tijolos desde 2.200 a.C. e
tinha excelente pureza como mostram análises de amostras desta época.
Vários tipos de sal em pedra eram conhecidos como a variedade bruta,
que ocorre nas montanhas, o sal gema comum e o vermelho, sal encontrado
no deserto, e sal de água salobra.
O sal comum de mesa era obtido deixando-se evaporar líquidos com
mistura de cloreto de sódio e sais de magnésio.
O sal do deserto, por sua melhor qualidade, era o preferido nas
oferendas religiosas.
Na visão dos povos da Mesopotâmia o sal está associado à noção de
pureza. Era também usado em medicina e na obtenção de vidros, esmaltes e
na preservação de alimentos, como peixe, cru ou cozido.
No Egito era usado em lamparinas.
Natrão é uma forma de carbonato de sódio que ocorre na natureza.
Mas também podia ser encontrado como eflorescência branca,
facilmente pulverizável, em paredes úmidas.
Era chamada de "pó de parede" e comumente usada, na Mesopotâmia,
como ingrediente em tinturaria.
Seu uso no Egito era intenso superando o do sal comum.
Era obtido em vários locais, no delta do rio Nilo e em lagoas formadas
às suas margens depois das enchentes.
Era obtida uma mistura de carbonato com bicarbonato de sódio com
quantidades variáveis de cloreto e sulfato de sódio.
No período Ptolomaico (começo em 320 a.C.) o natrão passou a ser
monopólio do estado dada à sua importância na sociedade egípcia.
Muitos termos com conotação religiosa eram usados para denominar
esta substância.
O produto puro era chamado de ntrj do qual se deriva a palavra grega
nitron.
A palavra egípcia está relacionada com ntr que significa "deus" isto é,
"o puro" e com sntr que significa incenso.
O incenso era misturado com o natrão e usado nos templos e para
benzer edifícios.
Este uso era também comum na Palestina (Êxodo XXX,35 a 38) e sua
produção de responsabilidade dos apotecários da época..
O álcali utilizado na Mesopotâmia e no Egito era obtido das cinzas de
plantas sendo muito usado na lavagem de tecidos.
As plantas usadas ( Salicornia, Chenopodiaceas) podiam ser
encontradas em pântanos de água salgada.
Tais plantas possuem alto teor de soda e quando queimadas produzem
cinzas com álcali.
Na Palestina o álcali era chamado de borit ou kali sendo usado pelos
lavandeiros. A palavra álcali provém do árabe al-qali que significa cinza de
planta. O álcali era também muito usado na produção de vidro.
d. Sabão, detergentes
O sabão era conhecido na Mesopotâmia sendo obtido pelos
sumerianos da cidade de Ur fervendo óleo de palmeira com potassa, soda e
sal, mas não há evidência de que tenha sido separado como um produto
específico, semelhante ao obtido modernamente.
Parecia-se mais com os sabões frios ou semi-fervidos atuais em que a
glicerina e a água são discerníveis.
Era usado como medicamento e instruções para sua obtenção, escritas
em Acadiano, foram encontradas em um tablete que data do primeiro milênio
a.C.
Também se usava óleo de rícino e álcali (700 a.C.) para obter-se uma
solução saponácea usada como desinfetante bucal.
Era também usado como clister e para lavar a cabeça.
Documentos da 3ª. dinastia de Ur (2.000 a.C.) fornecem indicações
quantitativas para a obtenção de sabão: 51/2 qa de álcali(cinzas) para 1 qa de
óleo (1 qa=0.41 litros).
No Egito e na Palestina era comum o uso de cinzas de plantas
dissolvidas em água para limpeza de tecidos e do corpo não havendo
evidência do uso do sabão.
Sabões à base de resinas também eram produzidos: são compostos de
soda ou potassa obtidos usando-se ácidos abiéticos encontrados em resinas
de coníferas.
A saponificação da resina é fácil e os sabões muito espumantes.
Detergentes eram usados em tinturaria, como mordente, isto é, como
fixador dos corantes às fibras do tecido.
Os de origem vegetal eram obtidos das raízes da Saponaria officinalis
ou da Asphodelus ramosus.
A erva de borit também é mencionada no uso de limpeza pessoal.
Os de origem inorgânica eram os álcalis, ou terras alcalinas ou argilas.
e. Perfumaria, loções, essências, óleos aromáticos e cosméticos.
A produção de substâncias aromáticas era uma das principais
atividades de tecnologia química desenvolvidas na Babilônia.
Um texto Sumeriano de cerca de 3.000 a.C. já indica o uso de óleos
aromáticos e extratos aquosos de plantas em medicina para tratamento de
febre, garganta irritada, etc..
Uma grande quantidade de produtos de perfumaria era produzida e
utilizada nos cultos religiosos.
Heródoto, o historiador menciona que o consumo anual de incenso no
Templo Babilônico de Bel custava 1.000 talentos.
Os hebreus, além de incenso, consumiam outros produtos como óleo
de unção e perfumes aromáticos cuja composição e instruções de produção
são mencionadas no texto bíblico. Também está expresso aqui o primeiro
direito de exclusividade de fabricação de produto em uma.
O estudo de tabletes de argila com escrita cuneiforme, da biblioteca
dos reis babilônicos Tiglat-Pileser (1115-1089 a.C.) eTukulti-Ninurta I (1256-
1209 a.C.), mostra a descrição detalhada da produção de perfumes e os
utensílios utilizados, recipientes de cerâmica, vidro e ferro, de formas variadas,
peneiras, bastões agitadores, sistema de sublimação e forno, lembrando
utensílios de cozinha.
Nos textos são mencionadas duas mulheres, Taputti-Belatekalim eninu,
conhecidas como as "Perfumistas". São as primeiras "químicas" de que se tem
notícia, na literatura, no segundo milênio a.C.
Os perfumes eram produzidos a partir de sementes, pétalas de flores e
frutas.
Os processos de extração eram variados: absorção do perfume das
pétalas em gordura ou óleo até constituir uma pomada para untar a cabeça,
maceração em óleo quente e filtração subseqüente, ou esmagamento, no caso
de sementes, usando-se um saco do pano.
Os cosméticos tinham lugar de destaque nas sociedades egípcia e
mesopotâmia porque eram utilizados para proteger o corpo da ação do sol e do
calor, muito intensos em tais regiões.
Óleo protetor da pele ou de unção, para uso religioso, era usado pelo
resto da população além dos nobres e sacerdotes.
Esta prática era generalizada entre os Assírios, Babilônios, Sírios,
Hebreus e Sumerianos.
A limpeza corporal nestes povos tinha conotações religiosas de pureza
espiritual, representada pelo batismo ou pela unção do corpo com óleos
aromáticos.
A coroação de um rei ou a unção de Cristo ilustram a importância
destes conceitos.
Unguentos e incensos nestas sociedades estavam intimamente ligados
com a religião, medicina e a mágica. Por exemplo, no Egito, a palavra para
denominar perfume continha sempre a indicação de "fragrância dos deuses".
f. Vidro, vitrificação e fritas.
O vidro é uma substância não cristalina, rígida mas frágil, transparente
ou translúcido, que é obtida fundindo-se silicatos com soda ou potassa, cal e
muitas vezes óxidos metálicos.
Quando aquecido pode-se tornar flexível e dúctil podendo então ser
moldado ou soprado adquirindo a forma que se desejar.
Pode ser colorido com óxidos metálicos que são misturados aos
ingredientes básicos.
A cor azul pálido é obtida com cobre (CuO). O azul escuro pode ser
obtido com o cobalto (CoO).
Este processo já era usado a partir de 1.500 a.C. pelos egípcios.
O verde era devido ao ferro do óxido ferroso (FeO) enquanto o ferro do
óxido férrico (Fe2O3) é responsável pela cor âmbar.
O manganês do dióxido de manganês (MnO2) dá uma cor púrpura e o
vermelho é obtido com uma suspensão de óxido cuproso (Cu2O) no vidro.
Os óxidos de antimônio (Sb4O6) e estanho (SnO2) são responsáveis
pelas cores amarelo e branco opacos, respectivamente.
Na Mesopotâmia do segundo milênio a.C. encontram-se tábuas de
argila com receitas e instruções para a obtenção de vidro mas a região que se
destacou de forma considerável a partir de 1.500 a.C. foi o Egito.
Entretanto, o fato de se atingir somente uma temperatura da ordem de
1.100º C, insuficiente para eliminar as bolhas de ar, com os fornos da época,
fazia com que o vidro na antiguidade fosse opalescente ou mesmo meio opaco.
A partir de 500 a.C. o vidro passou a ser usado na região do
Mediterrâneo e mais tarde difundiu-se através da Europa durante o império
romano.
No Egito, nesta época, o número de objetos de vidro aumentou
consideravelmente tendo os artesãos desenvolvido técnicas para esculpir vidro
e produzir enfeites que ainda podem ser vistos em tumbas dos faraós.
A técnica de soprar o vidro em moldes ou livremente desenvolveu-se
em cerca de 100 a.C. na Síria espalhando-se para o Egito e o império romano.
A vitrificação de objetos de pedra e sílica era usada no Egito a partir de
l900 a.C. sendo o revestimento de cor verde ou azul com variedade de
nuanças.
A faiença (cerâmica vitrificada de alta qualidade) egípcia dos dois
milênios a.C. é muito variada: jóias, objetos de adorno, jarros, objetos de culto,
amuletos, enfeites caseiros e como material de revestimento de sarcófagos.
Uma análise típica de uma faiença egípcia indica possuir 75,5% de
sílica, 10,7% de potassa, 5.6% de soda, 3.8 % de cal, pequena quantidade de
óxidos de ferro, alumínio, magnésio, manganês e cerca de 1.8 % de óxido de
cobre como pigmento de coloração.
A vitrificação na Mesopotâmia era feita com chumbo. O revestimento é
mais brilhante e mais espesso do que aquele obtido com o sistema normal
sendo comumente utilizado em objetos grandes.
Uma receita, em escrita cuneiforme de 1700 a.C., encontrada em uma
tabuita de barro cozido, indica as proporções usadas: 243 partes de vidro, 40,1
de chumbo, 58,1 de cobre, 5,0 de cal e 3,1 de nitrato.
A frita é o vidro reduzido a pó após sua primeira fusão e usado na
vitrificação incompleta ou parcial pela queima da cerâmica a temperatura
menor do que 685 ºC .
A superfície resultante não é brilhante mas opaca e lisa podendo ter
cores variadas.
Objetos com frita eram muito comuns na Mesopotâmia, na Síria e em
Creta.
O Egito tinha fábricas de fritas que eram exportadas sob forma de
bolas ou tijolos para outras regiões do oriente.
g. Cerâmicas
A argila é um material natural, encontrado na natureza, apresentando
propriedades plásticas quando misturado com água em proporção adequada.
Este material, nestas condições, pode ser facilmente moldado com as
mãos ou ser submetido á impressão ou carimbos de fôrmas em alto relevo, ou
riscado ou impresso por objeto pontudo.
Na Mesopotâmia, os Sumerianos, um povo que se estabeleceu entre
5.000 a.C a 4.000 a.C. no delta dos rios Tigres e Eufrates, desenvolveram a
escrita pictográfica que evoluiu para a escrita cuneiforme, registrada em
pequenas tabuletas de argila.
Uma vez moldada era deixada secar ao ar até que a quantidade de
água atingisse entre 8 e 15%. Neste estágio podia ainda ser moldada ou
raspada ou mesmo cortada.
Deixada a secar mais (3% de água) ficava endurecida e podia ser
levada a um forno para a queima à temperatura superior a 400º C.
Havia perda total de água e o produto ficava semelhante à pedra, mas
poroso.
Se aquecida à temperatura mais alta a porosidade diminuía, e a
tabuleta tornava-se mais densa e podia começar a vitrificar acima de 1000ºC.
Esta temperatura, entretanto, não era muito usada na produção de
cerâmicas.
Os objetos caseiros e de uso diário, na cozinha, na ornamentação, etc.,
eram feitos de argila cozida. Seus restos constituem um importante material
para estudos de cronologia na arqueologia moderna.
Pão e bebidas fermentadas (sucos de frutas, cerveja, vinho, vinagre)
Os assentamentos dos habitantes em arraiais na era Neolítica e o
começo das práticas da agricultura (invenção do arado, irrigação) permitiram a
produção sistemática de cereais em escala suficiente para serem
armazenados, no início, geralmente no templo e, depois, no palácio do rei.
A manipulação dos grãos também se desenvolveu (secagem,seleção e
moagem) com produção de farinhas e de pão.
A massa não fermentada feita com estas farinhas era usada para fazer
biscoitos, bolos e pão.
Havia fornos para o cozimento do pão, nas regiões mais civilizadas,
(cozinhas dos templos de Ur, na Mesopotâmia), e nas mais pobres, pedras
aquecidas ou fogo feito com excrementos de animais.
Seguiu-se, então, o uso do pão fermentado que superou o anterior (os
judeus comemoram a Páscoa com pão não fermentado, ainda hoje, como
tradição).
O fermento (biológico) é constituído de fungos que germinam e se
multiplicam na presença de açúcar ou amido e apresenta-se como um pó de
pequenas partículas amarelo-escuras.
Uma enzima inicia o processo de fermentação transformando o açúcar
ou amido em álcool e dióxido de carbono.
Este faz a massa inchar e assumir uma textura típica.
Há indícios de que os egípcios já produziam fermento biológico
bastante puro em 1.500 a.C..
O aparecimento de bebidas fermentadas com o uso de cereais, ocorre
no período Neolítico, seguindo-se ao uso do mel de abelha fermentado que era
comum no Paleolítico.
A domesticação de abelhas data desta época.
O uso de frutas ou seu suco para a produção de bebidas alcoólicas era
comum no Egito (1900 a.C.).
Havia produção industrial de vinho ou cerveja usando-se tâmaras das
palmeiras abundantes na região.
Para obter-se uma graduação alcoólica maior misturava-se mel de
abelha antes da fermentação.
Esta bebida, mais forte, era muito popular na Mesopotâmia.
Costumava-se aromatizá-la com ervas e essências variadas.
No Egito e na Mesopotâmia havia uma razoável variedade de cervejas
obtidas da fermentação da cevada e de vários tipos de trigo.
Também já se tinha dominado a tecnologia de produção da maltose,
(um tipo de açúcar produzido a partir de grãos de cereais sob a ação de uma
enzima, a diástase, que converte parcialmente o amido em açúcar), que dava
sabor característico à cerveja.
O vinho já era conhecido no período Neolítico, na Mesopotâmia, e no
Egito, mesmo antes de 3.000 a.C..
As populações mesopotâmicas preferiam as cervejas enquanto o
vinho, por ser mais caro, era privilegiado pelos nobres e reis que mantinham
suas próprias vinhas inclusive com irrigação (2.100 a.C.).
O número de vinhedos era enorme, da ordem de 30.000, no noroeste
da Mesopotâmia.
Havia vinhos especiais com aroma obtido com temperos e ervas e de
ótima qualidade.
Na biblioteca do rei Assurbanipal (668-626 a.C.) foi encontrada uma
lista com os dez melhores vinhos em uso no palácio, muitos deles importados
de outras regiões.
O método de produção do vinho, tanto no Egito quanto na
Mesopotâmia, utilizava o fermento natural, que ocorre nas bagas das uvas,
para fazer a transformação do mosto em álcool.
Os egípcios deixaram textos, com descrição detalhada da produção de
bebidas fermentadas, onde são descritas as operações de esmagamento das
uvas, fermentação, filtração, armazenamento e transporte.
As uvas obtidas de vinhedos no sul, na região das cataratas do Nilo,
eram de tipos variados: brancas, rosas, vermelhas, azul escuras e violáceas.
A fermentação era feita em grandes tachos de madeira, ou pedra ou
cerâmica, que eram armazenados em locais escuros e frios.
O vinho produzido era filtrado em panos de linho e armazenado em
jarros pontudos que eram fechados com argila e um revestimento de resina
para impedir a oxidação.
Os textos mencionam que o vinho melhorava sua qualidade com o
envelhecimento mas só durava três anos.
Ao ser usado o vinho era diluído em água e sabia-se que auxiliava a
digestão.
O vinagre era o ácido mais forte utilizado na antiguidade resultando
do azedamento do vinho por oxidação do álcool em ácido acético.
Havia variedades de vinagres produzidos a partir de tâmaras, no Egito,
do vinho ou de seu sedimento, de algumas raízes, e sucos doces de folhas de
plantas.
Era usado diluído em água para comer pão, na Palestina, e na
preservação de vegetais e carnes.
Equipamentos usados na prática da tecnologia química
As indústrias químicas rudimentares da época mesopotâmica
utilizavam uma variedade de vasilhames feitos de argila ou de madeiras, entre
as quais o tamarisco (Tamarix Orientalis), para acondicionar líquidos, extratos e
soluções.
A pulverização de sólidos era feita com almofarizes de pedra ou por
pedras de mó feitas de basalto, granito ou outras rochas.
Separações eram obtidas com escorredores feitos de argila com
buracos de tamanho adequado ao tamanho das partículas.
Para filtragem usava-se um escorredor forrado com lã ou mesmo crina
animal.
Os vasilhames de argila eram usados também nos processos de
sublimação e destilação (3.500 a.C.). Os cadinhos podiam ser de argila ou de
metal.
Líquidos imiscíveis eram separados em um vaso que possuía uma
abertura inferior lateral e que ficou conhecido na época romana
comoseparatorium.
Os mesopotâmios e os egípcios já conheciam a balança (2.500 a.C.)
que era usada principalmente para pesar ouro em pó ou lingotes.
Havia pesos padrão, feitos de pedra polida (basalto cinza escuro) e
curiosamente com a forma de patos ou de animais, com valor mediano com
erro de no máximo 5 %.
A sensibilidade das balanças também era boa: até 2 % para cargas de
130 gramas nos pratos.
Depois de 1500 a.C. houve uma melhora na sensibilidade para menos
de 1%.
De um modo geral, os instrumentos utilizados e muitas das operações
refletiam o uso comum na cozinha, na preparação dos alimentos.
VII. A HISTÓRIA DA QUÍMICA NA ÍNDIA ANTIGA
O conhecimento de química na Índia surgiu em primeiro lugar com
referência a assuntos puramente práticos. A cerâmica era produzida e
aquecida e os pigmentos, preparados, mas o mais significativo desses usos
primitivos da química foi na fusão do ferro, que provavelmente começou na
Índia entre 1050 e 950 a.C. Um milênio e meio depois, os fundidores hindus
eram capazes de fundir alguns pilares de ferro que se tomaram famosos. Um
deles, ainda em Deli, tem uma altura de mais de 7 metros, com outro meio
metro abaixo do solo e um diâmetro que varia de 40 centímetros a mais de 30;
pesa mais de seis toneladas, é feito de ferro forjado e sua fundição teria sido
considerada impossível, naquele tamanho, na Europa, até época relativamente
recente. Mas a coisa mais notável, talvez, nesse e em outros pilares de sua
espécie, é a ausência de deterioração ou de qualquer sinal de ferrugem. O
motivo, não se sabe ao certo até hoje, embora pareça que isso se deva à
formação de uma camada de óxido magnético de ferro na superfície, resultante
do tratamento original da superfície.
Nada, até agora, indica que houve qualquer tentativa de pesquisa
química; para a fusão do ferro, a cerâmica, a tinturaria, a fabricação de vidro, a
manufatura de pigmentos e todos os outros usos práticos do conhecimento
químico, não havia qualquer teoria subjacente, qualquer tentativa de pesquisar
a natureza do processo. O interesse centralizava-se no produto e apenas no
produto. As coisas pareceram mudar, contudo, no século VII d.C., quando os
budistas tântricos estavam encontrando apoio em todos os níveis da
sociedade, pois foi nessa época que a alquimia entrou em cena; isso ocorreu
muito tarde, em comparação com outras civilizações, e foi claramente uma
importação de outra civilização. Entretanto, as mentes hindus e budistas deram
sua própria contribuição à alquimia, e o assunto teve rápido crescimento,
concentrando-se, por um lado, no simbolismo macho-fêmea e, por outro, na
importância do mercúrio. A busca de um elixir da imortalidade não parece ter
atraído os alquimistas indianos, como ocorreu com os taoístas chineses,
embora essas idéias tenham surgido realmente na medicina indiana; mas um
esforço considerável foi realizado na preparação de substâncias que aliviassem
as moléstias que afligiam a humanidade.
E interessante notar que, embora os minerais fossem amplamente
usados na alquimia, seu emprego nas preparações medicinais tinha assim
pensavam os hindus que ser temperado com ingredientes herbáceos, que
"digeririam" o mineral. O progresso da alquimia foi acompanhado pela criação
de laboratórios com suas fornalhas, retortas e, acima de tudo, seus alambiques
para a extração de essências, e talvez seja significativo o fato de que os
alquimistas indianos pareçam ter adotado o alambique da Ásia Oriental em vez
do tipo alexandrino. Isso talvez seja uma evidência das origens da alquimia
indiana houve contato entre a Índia e a China, por meio das instituições do
budismo, desde o século I d.C.
Do século IV d.C. até cerca do século XI, a ciência indiana fez seu
maior progresso, e foi na última parte desse período que idéias jainistas e
budistas estimularam o que era um novo conceito na ciência indiana, uma
teoria atômica. Uma teoria de quatro elementos, associada a uma quinta
essência celeste, foi adotada por longo tempo que era uma importação da
Grécia , mas agora a formação dos corpos a serem encontrados no mundo
natural era descrita em um contexto atômico. A teoria atômica indiana
postulava que cada um dos quatro elementos tinha sua própria classe de
átomos, sendo todos indivisíveis e indestrutíveis.
Átomos diferentes não podiam entrar na combinação, mas átomos
semelhantes, sim, contanto que estivessem na presença de um terceiro. Dois
átomos podiam causar um "efeito" (um dyad), enquanto três desses efeitos
podiam produzir um efeito de outra natureza (um triad). Assim, a causa
produzia um efeito, mas era imediatamente absorvida pelo efeito que fizera
surgir, o qual, por sua vez, assumia a função de causa, e assim a seqüência
continuava. O modo pelo qual os primeiros efeitos (dyads) eram arrumados em
um triad dava origem, como se pensava, às diferentes qualidades de uma
substância.
No Ocidente, ao que sabemos, uma teoria atômica foi proposta por
Demócrito e Leucipo, e apresentada, com grande discernimento, por Lucrécio,
mas a teoria indiana, com seus dyads e triads, era não só mais complexa, mas
também mais sutil. Com sua descrição de efeitos e causas, era ímpar entre as
idéias atômicas primitivas, e atraiu pensadores e homens de ciência indianos
até o século XVIII.
Outro aspecto da física indiana que deve ser mencionado é a teoria do
ímpeto, proposta para justificar o movimento contínuo de um corpo. Esse foi
um dos problemas que os gregos não conseguiram resolver com o habitual
sucesso. Devido ao seu conceito de movimento natural e violento, Aristóteles
foi forçado a considerar a pressão do ar como o meio pelo qual o movimento de
um corpo continuava, uma vez que tivesse recebido um impulso inicial. O que o
ponto de vista indiano sugeria era que, quando um corpo experimenta pela
primeira vez a força que o põe em movimento, a própria aplicação dessa força
comunica uma qualidade, vega ou ímpeto, que faz com que o corpo continue a
se mover da mesma maneira. Quando o corpo encontra um obstáculo, pára ou
continua a se mover, embora mais devagar; a redução da velocidade depende
da neutralização do ímpeto pelo obstáculo: a completa neutralização resulta,
naturalmente, numa parada.
Essa doutrina do ímpeto foi uma notável contribuição aos pensamentos
e explicações a respeito do movimento dos corpos. No Ocidente, a doutrina
aristotélica, apesar de todas as suas falhas, foi mantida até o século XIV d.C.,
embora, é verdade, tenham surgido uns poucos espíritos pioneiros que
ousaram questioná-la. No século XIV, desenvolveu-se uma teoria do ímpeto,
mas sua dívida para com a teoria indiana não está bem esclarecida. O que está
claro, porém, é que aquilo que os indianos propuseram foi um antecessor do
que mais tarde foi desenvolvido matematicamente no Ocidente durante, a
Revolução Científica.
VIII. A DESCOBERTA DO FOGO
Indiscutivelmente a reação química usada pela primeira vez de uma
maneira controlada foi o fogo. No entanto, há milênios de anos fogo era
simplesmente uma força mística que poderia transformar uma substância em
outra (a lenha ou água fervente), produzindo calor e luz. Fogo afetou muitos
aspectos das sociedades mais cedo. Estes variaram entre as facetas mais
simples da vida cotidiana, como cozinhar e iluminação do habitat, as mais
avançadas tecnologias, como a cerâmica, tijolos e fusão de metais para fazer
ferramentas.
Filosófica tenta racionalizar por diferentes substâncias têm
propriedades diferentes (cor, densidade, cheiro), existem em diferentes estados
(gasoso, líquido e sólido), e reagem de forma diferente quando expostos a
ambientes, por exemplo, água ou fogo ou temperatura mudanças, levou os
filósofos antigos a postular as primeiras teorias sobre a natureza e a química. A
história de tais teorias filosóficas que dizem respeito à química, provavelmente
pode ser rastreada para cada única civilização antiga. O aspecto comum em
todas essas teorias foi a tentativa de identificar um pequeno número de
primárias elementos que compõem as várias substâncias na natureza.
Substâncias como o ar, água e solo / terra, as formas de energia, como fogo e
luz, e mais conceitos abstratos como, éter, e do céu, eram comuns nas
civilizações antigas, mesmo em ausência de fecundação cruzada, como por
exemplo em gregos, indianos, Maya, e antigas filosofias chinesas todos
considerados de ar, água, terra e fogo como elementos primários .
Atomismo pode ser rastreado até a Grécia antiga e na Índia antiga,
atomismo grego remonta a 440 a.C. como o que pode ser indicado pelo livro
De Rerum Natura (A Natureza das Coisas), escrito pelo romano Lucrécio em
50 aC. No livro foi encontrado idéias remonta a Demócrito e Leucipo , que
declarou que os átomos eram indivisíveis parte mais da matéria. Isso coincidiu
com uma declaração semelhante pelo indiano filósofo Kanada em seu
Vaisheshika sutras em torno do mesmo período de tempo. Em muitos mesma
forma que ele discutiu a existência de gases. O que Kanada declarado pelo
sutra, Demócrito declarado pelo musing filosófica. Ambos sofreram com a falta
de empírica de dados. Sem comprovação científica, a existência de átomos era
fácil negar. Aristóteles opôs-se à existência dos átomos em 330 a.C.
Muito do desenvolvimento inicial de métodos de purificação é descrito
por Plínio, o Velho, em sua Naturalis História. Ele fez tentativas para explicar
esses métodos, bem como a realização de observações agudas do estado de
muitos minerais.
a. KANADA: Um dos principais filósofos na índia antiga
Foi alegado que Kashyapa, mais tarde conhecida como Kanada foi um
hindu sábio e filósofo que fundou a filosofia da escola de Vaisheshika. Ele falou
de Dvyanuka (molécula biatômica ) e tryanuka (molécula triatômica). Ele
provavelmente viveu por volta do século 2 a.C. enquanto outras fontes afirmam
que ele viveu no século 6 a.C. Acredita-se que ele nasceu em Prabhas
Kshetra (perto Dwaraka ), em Gujarat , Índia .
Sua principal área de estudo foi Rasavādam , considerado um tipo de
alquimia . Ele disse ter acreditado que todos os seres vivos são compostos por
cinco elementos: água, fogo, terra, ar, éter. Os vegetais têm apenas a água, os
insetos têm água e fogo, os pássaros têm água, fogo, terra e ar, e os
Humanos, o início da criação, de éter - o sentimento de discriminação (tempo,
espaço mental), são um só. Ele teorizou que gurutva foi responsável pela
queda de objetos sobre a Terra.
Muitos acreditam que Kanada originou o conceito de átomo. Uma
história interessante, afirma que esta teoria lhe ocorreu enquanto ele estava
andando com o alimento na mão. Enquanto comiam a comida na mão, jogando
fora as partículas pequenas, ocorreu-lhe que ele não podia dividir a comida em
partes mais avançadas e, portanto, a idéia de uma questão que não podem ser
divididos ainda entrou em existência. Ele pediu que a matéria átomo indivisível
como "Anu", ou seja.
Os adeptos da escola de filosofia fundada por Kanada considerado o
átomo ser indestrutível e, portanto, eterna. Eles acreditavam que os átomos
sejam objetos minutos invisíveis a olho nu, que nascem e desaparecem num
instante. Este conceito indiano do átomo foi desenvolvido de forma
independente e, possivelmente antes (dependendo de qual data aceita para
uma vida de Kanada) para o desenvolvimento da idéia no mundo greco-
romano. teorias sobre o índio átomo são muito abstratos e enredado na
filosofia como eram baseadas na lógica e não na experiência pessoal ou
experimentação. Assim, as teorias indianas careciam de uma base empírica,
mas nas palavras de AL Basham, o Indiologista veterano australiano ", eles
foram brilhantes explicações imaginativas da estrutura física do mundo, e em
grande medida, concordou com as descobertas da física moderna.
IX. A CIÊNCIA NA ANTIGUIDADE GREGA
A mudança do mito para o racional, ou seja, a passagem do pensamento
mitológico para o para o pensamento racional, ou filosófico faz surgir um
homem que abandona a explicação fantasiosa ou sobrenatural e busca uma
explicação natural e lógica para si e seu mundo.
O surgimento das ciências como conhecemos é datado na antiguidade grega,
no inicio do século VI, com o surgimento da filosofia. Contudo, é necessário
salientar que ocorreu um desenvolvimento semelhante e independente na
China. A ciência nasceu duas vezes, pelo menos.
Em 3000 a.C, surge a metalurgia, a tecelagem e a cerâmica, assim como o uso
da roda em veículos de transporte. A agricultura, com suas técnicas de
irrigação, domesticação de animais, preparação e preservação de alimentos,
foi essencial para o surgimento de cidades. Além disso, a escrita surgiu em
torno de 3500 a.C.. Tais desenvolvimentos técnicos não necessitam de uma
ciência já que não envolvem uma teorização consciente, no entanto, tais
desenvolvimentos certamente envolvem uma grande capacidade de
observação e de aprendizado, que são essenciais na ciência.
a. Os primeiros filósofos gregos ou pré - Socráticos
No inicio do século VI a.C. surgem novos modelos de pensamento.
Modelos estes que ainda encontravam-se misturados a mitologia grega.
Pensadores da Jônia iniciaram um questionamento sobre a natureza
do mundo no qual viviam (como as coisas surgiam e como se transformavam
em outras) sempre procurando respostas racionais para fenômenos naturais,
divergindo entre si e a filosofia.
Os filósofos desta época tinham explicações que embora fossem
consideradas estranhas para a época, estavam ainda muito ligadas aos mitos.
Uma das explicações para este fato, segundo historiadores se deve ao
fato destes filósofos habitarem uma região cercada de nações, em um estado
de civilização mais avançado e com inúmeras divergências nas explicações
mitológicas. Uma outra explicação se deve a variedade de sistemas políticos.
Em 621 a.C. a cidade de Atenas passou a ter uma espécie de “código
penal”. Na verdade leis públicas codificadas para a sistematização na Filosofia
e na Ciência.
A escrita deixou de ser monopólio dos sacerdotes e escribas, com a
adaptação do alfabeto fenício ao uso grego. Textos eram utilizados para
expressar a ordem e a natureza da vida humana, e as idéias eram divulgadas e
criticadas.
A arte grega (música, poesia e o drama) e as atividades tecnológicas
também se desenvolveram.
A física como conhecemos hoje, teve origem no materialismo racional
que surgira na Grécia clássica.
O surgimento do pensamento racional foi resultado de um processo
lento, com suas raízes no passado mítico.
Problemas fundamentais da filosofia ocidental e vários conceitos que
ainda são aceitos atualmente tiveram origem nesse período. Os trabalhos dos
filósofos são conhecidos hoje através de fragmentos.
No caso de Tales de Mileto, sabe-se que este fora o primeiro filósofo
jônico, que estudou a natureza, sem relacioná-la aos deuses, e que trouxe do
Egito para a Grécia, a geometria abstrata e a astronomia. Além de ser o
primeiro a dar uma explicação puramente natural para a origem do universo,
afirmando que tudo surgiu através da água, Tales foi também geômetra,
astrônomo e engenheiro.
Um dos primeiros a fazer experiências, foi Anaximandro, que
examinando o movimento da sombra por uma vareta vertical, determinou de
forma exata a duração do ano e das estações.
Anaximandro também levantou hipóteses relacionadas à produção dos
trovões na natureza, e substituiu a ideia de Tales, sobre a água como elemento
básico por uma substância indeterminada e ilimitada, que possuía movimento
próprio, denominada por ele de apeíron. Também dava muito valor à simetria, e
acabou introduzindo a geometria no seu esforço para mapear o firmamento. É
considerado o fundador da astronomia, pois suas teorias se distanciam das
teorias místicas anteriores sobre o universo.
Tales acreditava que a Terra flutuava na água, já Anaximandro
afirmava que o planeta estava no centro do universo, em repouso, e que este
não caia porque estando a mesma distância de todos os pontos da
circunferência celeste, não havia a necessidade de locomoção para qualquer
outra direção.
A importância dessa teoria é que ela representa a primeira tentativa do
que podemos denominar de um modelo mecânico do universo na astronomia
grega.
Para o sucessor de Anaximandro, Anaxímenes nem a água citada por
Tales, nem mesmo o apeíron eram o elemento primordial, mas sim o ar. A
água era considerada por ele como o ar condensado, a terra como o ar
comprimido e o fogo o ar rarefeito. Ele não somente propôs uma substância
única, capaz da transformação, mas também o mecanismo dessa
transformação mediante os processos naturais de condensação e rarefação.
Assim aquilo, que para Tales fora apenas o início, se tornou com Anaxímenes
um princípio fundamental que permanecia essencialmente o mesmo através de
várias transformações. Esse conceito de um princípio que permanece
inalterado através de várias mudanças é a pré-suposição da ideia de que o que
existe não pode surgir daquilo que não existe e que tudo o que observamos na
natureza, nada mais é do que a transformação de alguma coisa que
essencialmente permanece a mesma eternamente. Este princípio é a base das
leis de conservação.
Estes três filósofos não distinguiam de maneira clara entre tipos de
forças, matérias e qualidades. A mesma entidade era às vezes chamada de
fogo, outras de quente. Calor aparece ora como força, ora como qualidade.
Não havia para eles distinção entre calor e frio, como qualidades físicas. Como
esses filósofos consideravam a substância fundamental do mundo de origem
orgânica e imortal, eles não questionaram o problema da origem e causa do
movimento.
Os pensadores pré-socráticos discutiam criticamente as idéias de seus
colegas e antecessores, muitas vezes em frente a uma platéia. Uma
conseqüência disto é que diferentes explicações para um mesmo fenômeno
natural passavam a competir entre si. O esforço para encontrar a melhor
explicação levava a uma reflexão a respeito dos pressupostos, das evidências
e dos argumentos a favor e contra teorias opostas.
Tudo isto surge em uma cidade-estado grega no séc. VI a.C., e não
em outro lugar ou em outra época por conta de uma contribuição decisiva dada
pela organização política de cidades-estado como Mileto, Atenas e Corinto,
onde os cidadãos participavam ativamente na escolha de membros do governo
e na elaboração de leis.
b. Os Pitagóricos
Antes mesmo do fim do séc. VI a.C., os filósofos gregos deixaram de
se ocupar com os problemas do mundo físico e transferiram suas atenções
para questões abstratas como a natureza do ser e o sentido da verdade.
Pitágoras foi fundador da escola pitagórica, e pelo pouco que se sabe,
nasceu em Samos pelos anos 571-70 a.C. Em 532-31 foi para a Itália, na
Magna Grécia, e fundou em Crotona, colônia grega, uma associação científico-
ético-política, que foi o centro de irradiação da escola e encontrou partidários
entre os gregos da Itália meridional e da Sicília.
Segundo o pitagorismo, a essência, o princípio essencial de que são
compostas todas as coisas, é o número, ou seja, as relações matemáticas. Os
pitagóricos, não distinguindo ainda bem forma, lei e matéria, substância das
coisas, consideraram o número como sendo a união de um e outro elemento.
Da racional concepção de que tudo é regulado segundo relações numéricas,
passa-se à visão fantástica de que o número seja a essência das coisas.
Porém, achada a substância uno e imutável das coisas, os pitagóricos
encontram dificuldades para explicar a multiplicidade e o que vinha a ser,
precisamente mediante o uno e o imutável.
A astronomia pitagórica representa um progresso sobre a jônica. De
fato, os pitagóricos afirmaram a esfericidade da Terra e dos demais corpos
celestes, bem como a rotação da Terra, explicando assim o dia e a noite; e
afirmaram também a revolução dos corpos celestes em torno de um foco
central, que não se deve confundir com o Sol.
Heráclito, outro filosofo do séc. V, zombava do conhecimento amplo
dos pitagóricos, dizendo que isso não ensinava ninguém a ser inteligente,
apresentou um modo radicalmente diferente de explicar a natureza.
O Obscuro, como era conhecido Heráclito, concebeu o FOGO como o
princípio eterno que causa a mudança e concebe Deus como a harmonia ou
síntese entre os contrários. É uma concepção de realidade que permite
compreender o mundo somente no seu devir e na unidade dos opostos. Quer
dizer que a doença torna valorosa a saúde e que jamais entenderíamos o
significado da justiça se não houvesse a ofensa. O sentido, o significado está
na harmonia, na conciliação entre os vários pares de contrários.
Por isso, é muito provável que a imagem do inferno criada pela Igreja
Católica e pelos artistas ocidentais tenham referência à filosofia heraclitiana.
Isso porque o fogo que significa mudança, instabilidade se opõe radicalmente
ao ar que representa o céu, o repouso em que Deus é fonte confiável do
conhecimento e da ordem.
Os pitagóricos também foram importantes por terem desenvolvido
métodos dedutivos em Matemática. O mais conhecido envolve a prova do
"teorema de Pitágoras", aplicável para os lados de um triângulo com ângulo
reto: a² + b² = h², cujo enunciado já era conhecido dos babilônios. Outro
problema trabalhado na época envolvia a impossibilidade de exprimir a raiz
quadrada como a razão de dois números, x/y, teorema que na época de
Aristóteles seria demonstrado.
Diversas outras descobertas significativas foram feitas por volta desta
época, como por exemplo o problema de construir um cubo cujo volume é o
dobro de outro. O trabalho de Arquitas de Tarento (385 a.C.), que terminou por
resolver esta questão, envolveu uma sofisticada construção tridimensional.
c. Os Escritores Hipocráticos
Ao lado dos fragmentos e comentários esparsos que se referem aos
filósofos naturais do séc. V, há uma outra grande fonte de informação sobre a
ciência grega, que são os mais de 50 tratados do chamado Corpo Hipocrático,
livros de medicina escritos por Hipócrates de Cos (425 a.C.) e por seus colegas
e discípulos.
Um traço distintivo dos métodos hipocráticos era a concepção de que a
doença é um fenômeno natural, o efeito de causas naturais, e não a ação
divina ou sobrenatural. Apesar disto, é claro, permaneciam bastante traços de
superstição.
Outro métodos desenvolvidos incluíam o exame cuidadoso do paciente
e dos fluidos expelidos, e a observação sistemática da evolução do paciente.
Estudos de caso tão detalhados só seriam retomados no séc. XVI, com
Guillaume de Baillou, que se inspiraria na obra "Epidemia" do Corpo
Hipocrático.
Para explicar o crescimento, utilizava-se o princípio de "atração dos
iguais pelos iguais": cada substância do corpo atrairia a substância igual
presente nos alimentos ingeridos. Tal princípio se encontra em toda ciência
grega, como no provérbio de que "pássaros de pena voam juntos".
Outro problema agudo era o de explicar como as diferentes
substâncias de um animal adulto surgiam a partir de uma semente
aparentemente homogênea. Demócrito defendeu que a semente já contém em
si todas as substâncias do corpo. Esta visão foi uma das poucas concepções
dos filósofos que acabou sendo incorporada na visão médica, assim como
seria a concepção posterior de Aristóteles com relação à semente.
d. Sócrates e os Sofistas
Dizia ter aprendido a arte de obstetra de pensamentos. Abandonando a
arte de seu pai dedicou-se inteiramente a missão de despertar e educar as
consciências, tendo como influência a filosofia de Anaxágoras. Sempre entre
jovens, sempre em discussões, especialmente com os sofistas, nada escreveu.
Por isso, o seu pensamento tem que ser reconstituído sobre testemunhos, nem
sempre concordes, de Xenofonte, de Platão e de Aristóteles.
Em 399 a.C., a sua atividade e a sua vida foram finalizadas pela
condenação à morte, sob a acusação de corromper os jovens contra a religião
e as leis da pátria. Ao se dirigir aos atenienses que o julgavam, Sócrates disse
que lhes era grato e que os amava, mas que obedeceria antes ao deus do que
a eles, pois enquanto tivesse um sopro de vida, poderiam estar seguros de que
não deixaria de filosofar, tendo como sua única preocupação andar pelas ruas,
a fim de persuadir seus concidadãos, moços e velhos, a não se preocupar nem
com o corpo nem com a fortuna, tão apaixonadamente quanto a alma, a fim de
torná-la tão boa quanto possível.
Segundo Sócrates, a Ciência fala de ser justo em relação ao cosmos, fala da modificação da alma, purificando o espírito em sua unidade e totalidade, o qual não é mais capaz de erro e de pecado.
Os sofistas eram professores viajantes que, por determinado preço, vendiam ensinamentos práticos de filosofia. Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de eloqüência e sagacidade mental, ou seja, tinham fácil oratória e eram astuciosos. Ensinavam conhecimentos úteis para o sucesso dos negócios públicos e privados.
As lições sofísticas tinham como objetivo o desenvolvimento do poder de argumentação, da habilidade de discursos primorosos, porém, vazios de conteúdo. Eles transmitiam todo um jogo de palavras, raciocínios e concepções que seria utilizado na arte de convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários.
e. Platão
Na segunda metade do séc. V, três fatores influenciaram o
desenvolvimento do pensamento grego: 1) A expansão da educação,
associada ao movimento dos sofistas, que ensinavam qualquer matéria, além
das já tradicionais gramática, música e poesia, em troca de dinheiro. 2) Uma
virada das preocupações com a filosofia da natureza para a ética, feita por
Sócrates e por muitos sofistas, como Protágoras. 3) Atenas tornou-se o
principal centro intelectual da Grécia.
Platão de Atenas herdou a preocupação moral de seu mestre,
Sócrates, mas também fez contribuições importantes para a ciência. Fundou
sua Academia em torno de 380 a.C., que agregou vários matemáticos,
astrônomos e filósofos importantes. Apesar de se dedicar pouco a áreas
particulares da ciência, Platão contribuiu de maneira significativa para a
filosofia da ciência.
A cosmologia de Platão envolve as Formas puras, as entidades
particulares que são modeladas de acordo com as Formas, e uma teleologia,
personificada por um demiurgo, o artesão divino, que impõe ordem à matéria.
Tal demiurgo não seria onipotente e nem teria criado o mundo.
Com relação à constituição da matéria, tomou os quatro elementos de
Empédocles e os identificou com quatro sólidos regulares: fogo= tetraedro; ar=
octaedro; água=icosaedro; terra=cubo; o quinto sólido regular, o dodecaedro,
não correspondia a nada. Como tais sólidos podem ser construídos a partir de
unidades mais básicas, Platão também sugeriu explicações para algumas
transformações na natureza.
f. Aristóteles
Aristóteles de Stagira deixou uma vasta obra e exerceu uma influência
incomparável até o séc. XVII.
Para Aristóteles, a finalidade da ciência é revelar a causa das coisas.
Por "causa’, ele entende quatro fatores: (i) a matéria – uma mesa é feita de
madeira; (ii) a forma – a forma da mesa; (iii) a causa eficiente – a mesa foi feita
por um carpinteiro; (iv) a causa final – a finalidade do carpinteiro. Estas noções
se aplicam também aos objetos naturais. É como se a matéria fosse “fornecida”
pela mãe, a forma seria a característica definidora da espécie (no caso do
homem, um bípede racional), a causa eficiente seria fornecida pelo pai, e a
causa final seria o adulto perfeito para o qual cresce a criança. Na natureza a
causa final não consistiria de uma finalidade consciente, mas seria uma
finalidade imanente, que pode ser impedida de acontecer devido à ação de
outros fatores.
A física aristotélica rejeitava a "quantificação das qualidades"
empreendida pelos atomistas e por Platão. Partiu de dois pares de qualidades
opostas: quente/frio, seco/úmido. Os corpos simples que compõem todas as
substâncias são feitos de opostos: terra = frio e seco; água = frio e úmido; ar =
quente e úmido; fogo = quente e seco. Os corpos celestes envolveriam um
quinto elemento, o éter, que daria conta da imutabilidade dos céus, em seu
eterno movimento circular. Na Terra, fogo e ar sobem naturalmente, água e
terra descem. Há movimentos não naturais, como quando uma pedra é jogada
para cima. A doutrina aristotélica da relação entre corpos celestes e mundo
sub-lunar tinha, reconhecidamente, vários problemas.
A "dinâmica" praticamente inexistia antes de Aristóteles. Os pré-
socráticos falavam no princípio de "atração dos iguais pelos iguais, o que
explicaria porque a pedra tende a cair para o chão, mas o princípio se aplicava
a tudo. Aristóteles, por contraste, refletiu sobre os fatores determinantes da
velocidade de um corpo em movimento. Enunciou três leis em contextos
diferentes. (1) Em "Sobre os Céus", sugeriu que a velocidade v é diretamente
proporcional ao peso P do corpo: v µ P. (2) Na "Física", sugeriu que a
velocidade é inversamente proporcional à densidade D do meio no qual se dá o
movimento: v µ 1/D. Disso, inferiu que o movimento no vácuo seria impossível.
(3) Ao tratar do movimento forçado, sugeriu que a velocidade é diretamente
proporcional à força aplicada F, e inversamente proporcional ao peso: v µ F/P.
Reconheceu, porém que há exceções, pois às vezes a diminuição da força leva
abruptamente a uma situação sem movimento.
g. Epicuristas e Estóicos
Os discípulos de Aristóteles não procuraram desenvolver um sistema
alternativo ao de Aristóteles; quem fez isso foram os epicuristas e estóicos.
Colocando a ética acima da física e da lógica, viam na finalidade da filosofia a
obtenção da felicidade, mesmo diante de adversidades.
Epicuro nasceu em Samos, mas fundou sua escola, o Jardim, em
Atenas. Atacou vigorosamente a superstição e a mitologia, mas não se
interessava pela investigação detalhada dos fenômenos naturais, pois o
objetivo da pesquisa seria atingir a paz de espírito.
Era um atomista, seguindo Leucipo e Demócrito, e sendo sucedido
neste aspecto pelo romano Lucrécio (sec. I a.C.). Respondendo às críticas de
Aristóteles, defendeu que os átomos são "mínimos físicos", mas não "mínimos
matemáticos", tendo assim um tamanho e partes. Epicuro também adicionou a
propriedade de peso à lista das propriedades primárias dos átomos, que para
Leucipo e Demócrito eram apenas forma, arranjo e posição. Enquanto que os
fundadores do atomismo concebiam que os átomos rumariam aleatoriamente
em todas as direções, formando assim agregados ao acaso, Epicuro imaginava
os átomos "descendo" com a mesma velocidade no vácuo, todos
paralelamente. Epicuro introduziu um pequeno movimento aleatório lateral um
movimento sem causa, para explicar a progressiva agregação da matéria. Tal
movimento sem causa seria também usado para explicar a liberdade da alma.
Epicuro era um materialista, e explicava eventos mentais por meio de átomos-
espirituais.
Os estóicos concordavam com os epicuristas que o motivo subjacente
ao estudo dos fenômenos naturais seria alcançar a paz de espírito, mas, de
resto, discordavam. Os estóicos negavam a existência do vazio dentro do
mundo, apesar de fora do mundo existir um vazio infinito. O mundo seria
"pleno", mas mesmo assim o movimento é possível, pela mesma razão que um
peixe nada dentro d’água. O espaço e o tempo seriam contínuos, ao contrário
da opinião de Epicuro, para quem espaço e tempo seriam compostos de partes
mínimas.
A física estóica era essencialmente qualitativa. Partia-se de dois
princípios, o ativo e o passivo, onde o passivo é a matéria ou substância sem
qualidades, e o ativo é causa, deus, razão ou sopro vital, alma, fatalidade.
Adotaram os quatro elementos de Empédocles e Aristóteles.
h. Período Helenista
A ascensão do império de Alexandre teve o efeito de pôr outras
culturas em contato com a grega. Com sua morte em 323 a.C. e a queda de
seu império, diversos reinos surgiram concentrando bastante riqueza, como o
Egito, a Selêucia (na Babilônia) e Pérgamo. Com isto, a atividade científica foi
impulsionada pela patronagem real.
Avanços científicos nas áreas da matemática, da astronomia, da
medicina, da biologia, da mecânica aplicada e da tecnologia, ocorreram
durante esse período.
A ciência alcançou um grande desenvolvimento no período helenístico,
não sendo ultrapassada nas suas realizações durante muitos séculos.
Na medicina, destacaram-se Herófilo e Erasístrato, que viveram em
Alexandria na primeira metade do século III a.C.. Herófilo, considerado o
fundador da anatomia, recusou-se a aceitar os dogmas estabelecidos,
atribuindo maior importância à observação direta. Fez estudos importantes no
campo da frenologia, tendo feito a distinção entre cérebro e cerebelo.
Descreveu também o duodeno, o pâncreas e a próstata e descobriu o ritmo do
pulso, apresentando lei matemática para a sístole e a diástole.
Erasístrato, considerado o iniciador da fisiologia, salientou-se pelo
estudo dos vasos sanguíneos e da circulação do sangue. Descreveu também
os pulmões.
Na matemática, Euclides de Alexandria, autor de "Os Elementos",
lançou nesta obra as bases da geometria como ciência. Apolónio de Perga
estudou as seções cônicas. Mas o maior matemático foi Arquimedes de
Siracusa (287 a.C.-212 a.C.) que inventou o cálculo integral e descobriu a lei
da impulsão, tendo realizado também algumas invenções (planetário, bomba
aspirante).
Na astronomia, Aristarco de Samos (310 a.C.-230 a.C.) defendeu que o
Sol era o centro do sistema planetário (heliocentrismo), teoria que gerou
polêmica na época e foi contestada por Arquimedes e Hiparco de Niceia. Este
último foi responsável pela atribuição ao ano solar da duração de 365 dias, 5
horas, 55 minutos e 12 segundos, um cálculo errado apenas por 6 minutos e 26
segundos. Eratóstenes de Cirene (275 a.C.-194 a.C.) descreveu a Via Láctea e
organizou a geografia como ciência.
i. Ptolomeu
Ptolomeu nasceu na cidade de Ptolomais, à beira do rio Nilo, 200 anos
DC.Defendeu o mundo geocêntrico (a Terra como centro do universo) que foi
assim considerada por 1500 anos.Isso mostra que muitas cabeças inteligentes
podem ficar completamente erradas por séculos. Todos eles acreditavam que
os planetas giravam em círculos perfeitos ao redor da Terra.
Ptolomeu era um observador e não um astrólogo de cadeira. Ele deu
nomes às estrelas, fez uma lista delas, previu os eclipses.
Durante esse período, registra várias de suas observações
astronômicas. O sistema ptolomaico, em que a Terra aparece como o centro, é
adotado pela Igreja Católica durante toda a Idade Média, até ser derrubada
pelas teorias de Nicolau Copérnico e Galileu Galilei.
Em sua obra principal, A Grande Síntese, geralmente mencionada com
o título da tradução árabe, Almagesto, apresenta seus cálculos sobre a
dimensão da Lua e a distância entre ela e o Sol.
Inventa o astrolábio e organiza um catálogo de 1 022 estrelas fixas, das
quais 172 são descobertas por ele. Como geógrafo, compila na obra
Geographia os dados de latitude e longitude e os mapas, respectivos, de 27
países mediterrâneos. Morre provavelmente em Canopo.
j. O Declínio da ciência na antiguidade grega
A cultura grega e helenística vivas apenas principalmente em
Alexandria, tendo difusão limitada no Império Romano. Com a divisão do
Império Romano em Oriente e Ocidente (Roma e Bizâncio) em 285 d.C., o
latim permaneceu como língua culta no Ocidente, ao passo que o grego tornou-
se um idioma menos “internacional'', circunscrito a certas regiões do Império
Romano do Oriente.
O surgimento da religião cristã como religião oficial do Império Romano
é freqüentemente apontado como uma causa do declínio da ciência no período
subseqüente. No entanto, mesmo em períodos anteriores, a ciência grega era,
pouco cultivada em Roma. Na época de seu surgimento, o cristianismo era
uma dentre muitas outras seitas tal como a adoração de Ísis e Osíris, de Baco,
e de outras divindades buscadas em diversos rincões do vasto império. Com
sua ascensão a religião oficial, trouxe certo antagonismo aos ideais ``pagãos''
do período anterior. No entanto, não foi esta a causa maior do declínio da
ciência grega.
A Igreja católica foi, durante muitos séculos, a única preservadora no
Ocidente da herança escrita da Antigüidade, arquivada em bibliotecas
monásticas, copiada pacientemente sobre o couro do pergaminho. Chega-se a
conclusão de que a ciência grega não foi deixada de lado, mas esquecida.
X. CONCLUSÃO
Durante o desenvolvimento deste trabalho passeamos pela historia nas
mais diferentes civilizações. Vimos como os antigos sumérios e egípcios
fabricavam seus mais diversos instrumentos do cotidiano com o uso da
tecnologia de seu tempo. Vimos como eram capazes de utilizar a natureza e
seus recursos lembrando que seguiam uma ordem religiosa rígida.
Vimos com os gregos e seus filósofos o pensamento e correlação de
seus deuses, com estereótipos humanos, como observavam a natureza a seu
redor e compunham a criação de seu universo, muitas leis foram
fundamentadas e contestadas, foi dai que se seguiu inúmeros pensamentos
que foram seguidas por gerações, como exemplo que tudo era composto de
uma única matéria em comum, o conceito de "tudo e um ".
Com os chineses vimos como adquiriam o álcool através da
decantação e fabricação de seus chás, que eram originalmente água quente. O
uso de técnicas de medicina e remédios naturais e a composição de matéria
distribuída em cinco elementos base que compunham o seu cosmo. Tivemos
como importante contribuição a fabricação da pólvora chinesa.
A química passou por varias transformações ao longo dos séculos e
ainda continua a se modificar e se aperfeiçoar. Ela esta intimamente ligada
com as mais diferentes áreas do desenvolvimento humano, sendo
indispensável no mundo moderno. As bases fundadas nos mostraram o
caminho, agora cabe a nova geração o continuo desenvolvimento e aplicação
deste conhecimento em nosso mundo, propiciando o bem estar planetário. Que
o ser humano possa ver através de suas diferenças, pois estas existem
somente em seus olhos. Que o mundo posso se desenvolver em harmonia.
"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
XI. BIBLIOGRAFIA
ERIC R. SCERRI, A Tabela Periódica: sua história e seu significado, Oxford University Press, 2006.
IN RONAN, C. História Ilustrada da Ciência pela Cambridge University.
Rio de Janeiro: Zahar, 1986
S. T. PIRES, ANTÔNIO - EVOLUÇÃO DAS IDÉIAS DA FÍSICA
Editora livraria da física - Edição 1ª. ED. 2008
XII. WEBGRAFIA
http://chinaimperial.blogspot.com/2008/04/as-cincias-na-china.html
http://www.suapesquisa.com/egito/mumias_do_egito.htm
http://indologia.blogspot.com/2008/04/qumica-e-fsica.html
http://www.ceticismoaberto.com/referencias/pilarferro.htm
http://www.newsfinder.org/site/more/
anu_and_parmanu_indian_ideas_about_atomic_physics/
http://www.ifi.unicamp.br
http://www.cfh.ufsc.br