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7/21/2019 A Cidade Ao Nivel Dos Olhos http://slidepdf.com/reader/full/a-cidade-ao-nivel-dos-olhos-56dbd43b37690 1/343 Editado por Hans Karssenberg, Jeroen Laven, Meredith Glaser e Mattijs van ‘t Hoff Traduzido por Paulo Horn Regal e Renee Nycolaas

A Cidade Ao Nivel Dos Olhos

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Publicação A Cidade Ao Nivel Dos Olhos

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  • 7/21/2019 A Cidade Ao Nivel Dos Olhos

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    Editado por Hans Karssenberg, Jeroen Laven, Meredith Glaser e Mattijs van t Hoff

    Traduzido por Paulo Horn Regal e Renee Nycolaas

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    A Cidade ao Nvel dos Olhos um projetoopen

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    Baixar o livro (pdf) e encontrar mais captulos,verses estendidas e captulos novos

    Linkse outras informaes, e lmes da Cidade

    ao Nvel dos Olhos

    Instrumentos e materiais prticos; desde

    plinthsat placemaking

    A rede daqueles que contriburam, e contribua

    voc tambm

    Entre em www.facebook.com/thecityateyelevele

    faa parte da comunidade, encontre inspiraocotidiana e compartilhe eventos na The City at

    Eye Level.

    A CIDADE AO NVEL DOS OLHOS, SEGUNDA VERSO, ESTENDIDA EdiPUCRS, 2015

    EDITORAPontifcia Universidade Catlica do RSAv. Ipiranga, 6681 Prdio 3390619-900 Porto Alegre RS Brasil

    EDIOHans Karssenberg, Jeroen Laven, Meredith Glaser eMattijs van t HoffStipo. Equipe para Estratgias e DesenvolvimentoUrbanos. Roterd/Amsterd - Holandawww.stipo.nl

    DESIGN GRFICOPaola Faoro, Direo de ArteAdalberto Camargo, diagramao

    TRADUOPaulo Horn Regal e Renee Nycolaas

    2015 Texto e imagens dos autores / fotgrafos

    Esta obra foi licenciada sob autorizao de CreativeCommons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0Unported License. Voc pode Compartilhar (copiar,distribuir e transmitir a obra) e Re-misturar (adaptar aobra), sob as condies de Atribuio (voc deve atribuira obra do modo como foi especicado pelo autor oulicenciante, porm, de maneira nenhuma sugira que elesendossam voc ou o uso que deu obra), No comercial(voc no est autorizado a usar esta obra para objetivoscomerciais), e Compartilhe Igualmente (se alterar,modicar ou produzir com base nesta obra, voc poderdistribuir o trabalho resultante apenas e desde que sobesta mesma licena, ou uma outra similar a esta).www.creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    C568 A cidade ao nvel dos olhos : lies para os plinths /editado por Hans Karssenberg ... [et al]. DadosEletrnicos. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2015.340 p.

    Modo de Acesso: ISBN 978-85 -397-0713-3

    1. Urbanismo. 2. Arquitetura. 3. Planejamento Urbano.4. Cidades Planejamento. I. Karssenberg, Hans. II.Ttulo.

    CDD 711.4

    Ficha Catalogrca elaborada pelo Setor de Tratamentoda Informao da BC-PUCRS

    http://www.thecityateyelevel.com/http://www.facebook.com/thecityateyelevelhttp://www.stipo.nl/http://www.creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/http://www.creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/http://www.stipo.nl/http://www.facebook.com/thecityateyelevelhttp://www.thecityateyelevel.com/
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    Editado por Hans Karssenberg, Jeroen Laven, Meredith Glaser e Mattijs van t Hoff.

    Traduzido por Paulo Horn Regal e Renee Nycolaas.

    PORTO ALEGRE

    2015

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    08 PRLOGOJoan Clos

    10 PREFCIOHans Karssenberg, Jeroen Laven,

    Meredith Glaser, Mattijs van 't Hoff

    OS BSICOS

    14 A CIDADE AO NVEL DOS OLHOSHans Karssenberg e Jeroen Laven

    26 RUAS COMO LUGARESFred Kent e Kathy Madden

    29 ENCONTROS IMEDIATOS COM PRDIOSJan Gehl, Lotte Johansen Kaefer e

    Solvejg Reigstad

    36 HISTRIA DA CIDADE, RUA E ANDAR TRREOJouke van der Werf, Kim Zweerink, Jan

    van Teefelen

    48 PENSADORES ICNICOSMeredith Glaser, Mattijs van 't Hoff

    EXPERINCIA DE LUGARES56 VALORES ECONMICOS DE UMA CIDADE

    CAMINHVELAlexeer Stahle

    60 INGREDIENTES BSICOS PARA SE ACHARNAS NOSSAS CIDADESWouter Tooren & Camilla Meier

    64 EXPERINCIAS NA RUA NUMA CIDADEDOMINADA PELO CARROTine van Langelaar e Stefan van der Spek

    68 OS PLINTHS DA CIDADE CALOROSAThaddeus Muller

    72 A CIDADE AO NVEL DO OUVIDOKees Went

    76 PESSOAS: A FORA DOS MERCADOSPeter Groenendaal

    81 PELA FORA DE 10Norman Mintz

    86 OS ALTOS E BAIXOS DO ESPAO PBLICOMartin Knuijt

    90 DUBLIN, DEPOIS DA EXPLOSO E COLAPSOCiarn Cuffe

    CONTEDO

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    RUAS COMO LUGARES96 UM GRO MAIS FINO NAS RUAS DE SYDNEY

    Anna Robinson

    101 DESENHAR A PARTIR DA RUATon Schaap

    106 INCORPORANDO PRDIOS

    Marlies Rohmer

    111 AS CIDADES DO FUTURO SO CIDADESFAVORVEIS AO USO DA BICICLETAMeredith Glaser & Mikael Colville-Eersen

    115 STREET PERFORMING: BAIXO CUSTOE ALTO IMPACTOVivian Doumpa e Nick Broad

    118 A ALMA ENCANTADORA DAS RUASDA ROCINHARenee Nycolaas e Marat Troina

    122 RETOMANDO MUMBAIMishkat Ahmed-Raja

    126 PEDESTRIANIZAO DA MAMA NGINASTREET, NAIRBIElijah Agevi, Cecilia Andersson

    e Laura Petrella

    130 REVITALIZAO DOS ESPAOS ABERTOSEM KIRTIPURCecilia Andersson

    134 CRIAR ESPAO PARA PESSOASEstudo de caso - Valencia Street

    San Francisco

    138 ABRAAR A FLEXIBILIDADEEstudo de caso - Sluseholmen

    Copenhagen

    APROPRIAR-SE144 ZONAS HBRIDAS TORNAM

    AS RUAS PESSOAISSander van der Ham e Eric van Ulden

    150 VIRAR PRDIOS DE DENTRO PARA FORA,DE FORA PARA DENTROJohn Worthington

    154 GESTO DE RUAS 101Nel de Jager

    160 A IMPORTNCIA DE HERIS LOCAIS NAMELHORIA DO PLINTHHans Appelboom

    163 JAPO: O CONCEITO MACHIYABirgit Jrgenhake

    166 UM APELO PARA ESTACIONAMENTOSFLAMENGOSWies Sanders

    170 A MQUINA DO TEMPO: O MESMO PRDIO,DEMANDAS DIFERENTESJos Gadet

    174 DISTRITOS DE MELHORIA URBANAEM JOANESBURGOCecilia Andersson

    178 MODA REINVENTA UMA RUAEstudo de Caso Klarendal Arnhem

    182 PRAAS ESCORREGADIAS E PRDIOSDE CONCRETOEstudo de Caso SchouwburgpleinRoterd

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    DESENVOLVIMENTO DE PROPRIEDADE188 UMA INTUIO DO INCORPORADOR

    Frank van Beek

    193 MANTER A BELA ADORMECIDA ACORDADARobin von Weiler

    197 USO MISTO FAZ DINHEIRO

    EM ZONAS DE ESCRITRIOSJeroen Jansen e Eri Mitsostergiou

    201 ESPAOS MARGINAIS NO LA DFENSEAlessandra Cianchetta

    205 A NECESSIDADE DE SER DIFERENTETony Wijntuin

    209 ENTRE AS DEMANDASCONMICAS E SOCIAISPetra Rutten

    212 ESTAES FERROVIRIASCOMO DESTINOSEstudo de Caso - Estao St. Pancras em

    Londres

    216 CRIAO DE HABITABILIDADEEstudo de Caso - HafenCity Hamburgo

    REGENERAO URBANA222 DESCOBRINDO TESOUROS ESCONDIDOS

    Gerard Peet, Frank Belderbos, Joep

    Klabbers

    226 REINVENTANDO O ANDAR TRREODEPOIS DE 50 ANOSArjan Gooijer, Gert Jan te Velde,

    Klaas Waarheid

    231 SOB AS FERROVIAS E RUASMattijs van t Hoff

    236 O PLINTH COMO CATALISADORDE REFORMA URBANAHenk Ovink

    239 DE BOX A NEGCIO, UMA INTERVENO DEBAIXO CUSTO Arin van Zee, Willem van Laar

    242 O RENASCIMENTO DA LITCHI BAYLai Shouhua e Jose Chong

    245 COMRCIO DE RUA NA WARWICKJUNCTIONRichard Dobson e Tasmi Quazi

    250 A EXPERINCIA DE 3 HORASEstudo de Caso - Distillery

    District Toronto

    254 MORAR, TRABALHAR E BRINCAREstudo de Caso - Het Eilandje Anturpia

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    REVITALIZO POR LIDERANA CVICA260 NO ENTRETANTO

    Emily Berwyn

    265 CULTURA TRAZ VIDA NOVA A PORTO ALEGREPaulo Horn Regal

    269 USAR IMVEIS TEMPORARIAMENTE

    VAGOS PARA UM IMPULSO PERMANENTEWillemijn de Boer e Jeroen Laven

    273 O FESTIVAL DE LOJAS VAZIASEM BUDAPESTLevente Polyk

    278 A CINCIA DA DIVERSO EM SO PAULOJeniffer Heemann

    282 IMAGINAR QUE UM ESPAOPODE SER DIFERENTEFrancisco Pailli Prez

    286 150 NOVOS NEGCIOS EM 2 ANOSEstudo de Caso - Neuklln Berlim

    PARA UMA CIDADE AO NVEL DOS OLHOS292 TEMAS, DIMENSES E LIES QUE

    CONTRIBUEMJan van Teeffelen

    295 TAKE ACTION #1 RUA: O PLACE GAMEE O JOGO DO PLINTHHans Karssenberg

    301 TAKE ACTION #2 - DISTRITO: BOTTOM-UPSE ENCONTRA COM TOP-DOWNAO NVEL DOS OLHOSJeroen Laven, Gert Jan te Velde

    e Paul Elleswijk

    307 TAKE ACTION #3 CIDADE: PROPRIEDADE A CHAVE PARA TRANSFORMAO

    COM SUCESSOEmiel Arends e Gbor Everraert

    312 80 LIES PARA UMA BOA CIDADE AO NVELDOS OLHOSHans Karssenberg, Jeroen Laven

    e Mattijs van t Hoff

    APNDICE

    332 BIOGRAFIAS

    339 AGRADECIMENTOS

    340 CRDITOS DAS FOTOS

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    PRLOGOJoan Clos

    O carter de uma cidade denido pelas suas ruas e

    espaos pblicos. Desde praas e bulevares at jardins

    comunitrios do bairro e playgroundsde crianas, os

    espaos pblicos emolduram a imagem da cidade.

    Na histria das cidades, jamais foi possvel um

    desenvolvimento urbano bem-sucedido sem um plano

    e um sistema bem organizados dos espaos pblicos e

    uma conectividade das ruas dentro das cidades. Ruas

    desempenham um papel crtico nas cidades, conectando

    espaos, pessoas e bens, e, atravs disso, facilitando

    comrcio, interao social e mobilidade. Ruas e espaos

    pblicos contriburam, tambm, com a denio das

    funes culturais, sociais, econmicas e polticas nas

    cidades e municpios.

    Hoje em dia, no planejamento de uma cidade, muitas

    vezes a interao e a multifuncionalidade entre ruas,

    espaos pblicos e as fachadas dos prdios no andar trreo (os

    plinths) foram ignoradas e negligenciadas. Geralmente, as ruas so

    vistas apenas como as ligaes numa rede de ruas, possibilitando

    deslocamentos, e isso muitas vezes acabou denindo como as ruas

    so usadas. Onde o espao pblico inadequado, mal desenhado,

    ou privatizado, a cidade se torna cada vez mais segregada. Onde

    o andar trreo de um prdio e a sua relao com a rua e o espao

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    pblico so ignorados, o seu uso e desenho fazem com que o espao

    seja pouco atraente e, s vezes, inseguro.

    Nessa trilha, a UN-Habitat enfatiza o papel de ruas e espao pblico

    como uma matriz que conecta, sobre a qual as cidades saudveis

    e prosperas devem crescer, abraando as exigncias essenciais de

    ser inclusivas, conectadas, seguras, acessveis, multifuncionais e

    habitveis. Por essa razo, particularmente importante a qualidadedas fachadas no andar trreo, perto das quais passamos, ao nvel

    dos olhos, para aprimorar a sustentabilidade ambiental, enriquecer

    a qualidade de vida e promover equidade e incluso social.

    Instrumentos e regulamentos para fortalecer a relao entre o andar

    trreo e a rua melhoraro a interao entre os espaos privados,

    semiprivados, semipblicos e pblicos.

    Espaos pblicos atraentes e redes de ruas bem conectadas

    estimulam mais pessoas a caminhar e pedalar, melhorando a sua

    sade enquanto reduzem o trnsito motorizado, uso de energia epoluio. Desenhando prdios, construindo fachadas e espaos

    pblicos, a ateno deve ser centrada no apenas no prprio espao,

    mas na interao entre forma, funo e conectividade entre os

    prdios, a rua e os espaos pblicos. Esses espaos precisam ser

    sucientemente exveis para servir a uma variedade de usurios e

    usos, variando de informais a formais.

    Esta publicao A Cidade ao Nvel dos Olhos lies para os

    plinths proporciona lies, abordagens e prticas inspiradoras e

    valiosas sobre como fachadas bem desenhadas e ruas e espaos

    pblicos apropriadamente projetados e gerenciados no apenas

    contribuem para a melhoria do carter global visual de uma cidade,

    mas tambm estimulam as atividades econmicas e aprimoram a

    sua funcionalidade.

    Dr. Joan ClosVice-Secretrio-Geral das Naes Unidas e Diretor Executivo, UN-Habitat

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    PREFCIOHans Karssenberg, Jeroen Laven, Meredith Glaser,Mattijs van t Hoff

    No inicio de 2012, iniciamos o projeto que viria a serA Cidade ao Nvel dos Olhos:

    Lies para os Plinths, um livro que foi publicado no nal daquele ano. A palavra

    plinthera nova para muitos leitores. Em holands, o plint signica rodap,porm tambm descreve o andar trreo de um prdio. Buscamos respostas

    coletivas pergunta: como podemos criar um andar trreo agradvel para o

    usurio, que seja exvel para os prximos anos, adaptvel para usos mltiplos,

    agradvel para os olhos, e tudo isso com poucos recursos nanceiros. Usando

    a nossa prpria especialidade no que diz respeito a esse tema, e a da nossa

    rede, rapidamente transformou-se num projeto open-source com contribuies

    de mais de 40 autores e muitos exemplos internacionais. Depois da publicao

    do livro e do lanamento dosite(www.thecityateyelevel.com), recebemos vrias

    reaes positivas. Mas a histria continua.

    O primeiro livro focou nos plinthsna cidade: os andares trreos que negociam

    interior com exterior, pblico com privado. Aps realizarmos plinth games

    em Estocolmo e Amsterd, e outros projetos de desenvolvimento pblico

    como ZOHO Rotterdam, continuamos renando a histria. Atualmente

    est muito claro que plinthsso apenas uma parte da histria. O que ns

    agora priorizamos a escala humana: a verdadeira cidade ao nvel dos

    olhos. Alm dos plinths, inclumos componentes no apenas fsicos como

    fachada, edifcio, passeio, rua, ciclovias, rvores mas tambm os aspectos

    emocionais e sociais. O que faz de um espao um lugar para estar e um lugarpara relaxar? E o mais importante, quem? Esta edio atualizada e revista faz

    uma tima tentativa de contar a histria toda.

    http://www.thecityateyelevel.com/http://www.thecityateyelevel.com/
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    Assim como evolui a cidade, tambm evolui o campo do planejamento urbano. Em

    todos os nossos projetos atuais, nos apoiamos muito pouco no ensino que tivemos

    em planejamento. No nal, no estamos mais planejando cidades estamosreinventando, reusando e vivendo nelas. Os nossos projetos mais signicativos

    e impactantes so fundamentados nos princpios de co-criao e dependem de

    iniciativas experimentais, que partem das bases, desenvolvidos de baixo para cima,

    de uso temporrio, estratgias baseadas em usurios e lugar, e urbanismo do it

    yourself. Para ns, co-criao est na base da gerao de efeitos a longo prazo.

    Quem est presente mesa, quais redes estamos usando, quais recursos temos

    para compartilhar, quais ferramentas podemos usar? Como os padres de parcerias

    esto mudando e as municipalidades locais/regionais no tm mais basties,

    vemos vrios grupos de usurios em volta da mesa, membros da comunidade,proprietrios, incorporadores, empreendedores e indstrias pblicas/privadas. Este

    livro tenta captar os diferentes grupos e compartilhar as suas histrias tambm.

    O grupo alvo deste livro so todos os envolvidos em melhorar as cidades:

    planejadores urbanos, prefeituras, arquitetos, polticos, incorporadores,

    empreendedores, e a lista continua. Estende-se mesmo at os novos investidores

    na cidade um grupo cada vez mais importante, que inclui organizaes pblicas e

    privadas e empresas de setores como educao e sade.

    Estamos muito agradecidos pelo trabalho rduo e pelo tempo dedicado por aqueles

    que contriburam.

    Hans Karssenberg, Jeroen Laven, Meredith Glaser e Mattijs van t HoffJunho 2015

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    Um plinth o andar trreo de um prdio. aparte mais crucial do prdio para a cidade aonvel dos olhos. O que voc, como pedestre,vivencia quando olha em volta? Os prdios,os seus usos e os seus desenhos fazemum entorno urbano atrativo em que voc sesente em casa? Os plinthsconectam com osfluxos dos pedestres na rea urbana? Quaisso as boas funes para os plinths? Queconjunto de aes e parcerias necessriopara transformar plinthsno funcionais? Nos

    ltimos anos, a Stipo trabalhou em vriostipos de estratgias de plinths: desde oprograma CityLoungeno centro de Roterdat a transformao da rua mais feia deAmsterd numa rua acolhedora; desdea moda para Klarendal em Arnhem, atplinthsmelhores em reas residenciais e deregenerao.

    PORQUE PLINTHS?A cidade no somente um entornofuncional, mas tambm um entorno deexperincia. A funo foi bastante dominante

    A CIDADE AO

    NVEL DOS OLHOS:ESTRATGIA DO PLINTHHans Karssenberg e Jeroen Laven

    A Haarlemmerdijk em Amsterd

    Anturpia

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    nas ltimas dcadas, devido combinao de uma grande produo de construesps-guerra e a industrializao do processo de construo. Porm, experimentamosatualmente, pelo menos nas economias ocidentais, uma mudana de fazer acidade para 'viver a cidade. Novas construes e reas de crescimento persistiro,mas a reinveno das estruturas urbanas existentes ser mais dominante.

    Depois de dcadas de funcionalismo, talvez uma correo agora seja necessria:

    mais ateno para a experincia urbana, ou calor urbano como a chamamos deum ponto de vista da psicologia urbana. Alm disso, a economia do conhecimento,a cada vez maior interconectividade num nvel global, co-working, a competioentre comrcio e reas residenciais, o crescimento do nmero de pessoas comnveis mais elevados de educao, orientadas para o urbano, e o nmero maiorde famlias de uma ou duas pessoas, no provocam somente uma reavaliaoda cidade como um todo, mas fazem tambm com que a experincia daquelacidade se torne algo cada vez mais importante. As praas, os parques e terraosso os lugares onde trabalhadores do conhecimento trocam as suas ideias.Locais de varejo e cultura esto atraindo cada vez mais pessoas, bem comoreas residenciais mostram um sentimento mais urbano. Tudo faz parte de ummovimento maior do renascimento urbano, causado pelos trabalhadores doconhecimento mostrando novo interesse nas cidades, aquelas com reas urbanasmisturadas e espaos pblicos maravilhosos.

    PLINTHS E A ESFERA PBLICAMoradores urbanos experienciam as suas cidades no que chamamos de a esferapblica. Tem um significado maior do que somente espao pblico; inclui fachadas

    de prdios e tudo que pode ser visto ao nvel dos olhos. Em razo disso, plinths souma parte importante de prdios: o andar trreo, a cidade ao nvel dos olhos. Umprdio pode ser feio, porm, com um plinthvibrante, a experincia pode ser positiva.O contrrio tambm possvel: um prdio pode ser muito bonito, porm se o andartrreo um muro cego, a experincia na rua pouco ser positiva.Plinths so cruciais para a experincia e atratividade do espao urbano, seja em reasresidenciais ou comerciais. Pesquisadores mostram que, se o destino seguro,limpo, relaxado e fcil de compreender, e se os visitantes passeiam com as suasexpectativas atendidas ou excedidas, esses visitantes permanecero trs vezesmais tempo e gastaro mais dinheiro do que numa estrutura antiptica e confusa.

    Esquema Esfera Pblica

    privado

    privadoesfera pblica

    espao pblico

    zonas hbridas

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    Bons plinths so de interesse da economia urbana, e no somente em razo dos gastosde consumidores. Um mercado de trabalho equilibrado com suficientes pessoascom um nvel mais elevado de educao demanda um entorno urbano funcional paraviver, fazer compras e brincar. A economia do conhecimento e a experincia requeremespaos com carter, um ambiente bom, um lugar para se encontrar e interagir. Oentorno urbano inteiro configura esse ambiente, porm os plinths tm um papel chave.O andar trreo pode ocupar somente 10% de um prdio, mas ele determina 90% dacontribuio do prdio experincia do entorno.

    BONS PLINTHS NO SO INERENTESEmbora tudo isso possa parecerlgico, no temos boas experincias em todo lugarnas cidades. Porque assim? Nos projetos em que trabalhamos, encontramos todosos tipos de razes para que a combinao de intervenes do governo e atores demercado no necessariamente resulte em bons plinths.

    Para comear, muitos prdios do passado foram desenhados com uma outraperspectiva de design, e os seus plinthssimplesmente no so apropriados parafunes pblicas atrativas. Ao mesmo tempo, existe o movimento de desenharfunes internas, direcionando a ateno mais para o mundo interior e no aoentorno urbano:shoppings, complexos multifuncionais para lazer, centros de ateno sade e campusmuitas vezes so maus exemplos. Plantas monofuncionais e

    Mr Vissersplein, centro urbano de Amsterd. No h portas, uma fachada fechada. Bons Plinths no so bvios

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    ateno primria para o uso do carro pioram a situao, bem como reas de escritriospara atividades nicas.

    PLINTHS E A NOVA ECONOMIAQuando um plinth bem feito, varejo, bares e restaurantes muitas vezes proporcionamos lucros mais altos. Em razo disso, ateno direcionada a funes comerciais paraa maioria de projetos de (re)desenvolvimento. Mas isso sustentvel? Nos ltimosdez anos vemos um aumento de 50% na superfcie do espao dedicado a varejo na

    Holanda, enquanto o volume de negcios permaneceu inaltervel. Nos prximos anos,o setor de varejo espera que mais 30% desapaream como consequncia de comprasfeitas via internet. Essas tendncias requerem uma nova perspectiva, para programarplinthscom funes diferentes, como habitao bem desenhada no andar trreo.Ao mesmo tempo, teremos que parar de concentrar funes sociais, como escolasprimrias em novos prdios multifuncionais (e introvertidos), e criar espaos nos plinthsflexveis que podem mudar de acordo com novos usos, digamos, a cada dcada.

    Muitas ruas esto sob presso; perderam trnsitode pedestres e a quantidade deimveis vagos est aumentando. Ruas que se dirigem aos centros urbanos, ruas emvolta de junes de transporte (pblico), ruas em reas de escritrios e ruas em reasresidenciais so confrontadas com imveis vagos ou discrepncias (usos inadequadose/ou uma imagem fraca). Essa tendncia pode parcialmente ser vista como ciclo natural

    Ypenburg, escola primria nessa rea nova com muitas crianas - em vinte anos poder ser usada facilmente paraoutras funes

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    da vida urbana, e parcialmente como consequncia de outras causas, como o foco emmudanas nos centros urbanos, polticas fracas de locao, ou fracassos de desenho.

    Dado que funes residenciais, co-working, fazer compras e lazer tornaram-se cada vezmais footloose, aexperincia fica cada vez mais importante. Novas tendncias podemmelhorar a qualidade de plinths, bem como comrcio autntico, a necessidade de baresnovos para co-working, funes criativas temporrias e lojas pop-up. Em qualquer caso,uma boa estratgia de plinthster que abraar uma grande variedade de funes,inclusive funes sociais e habitao no andar trreo.

    ATORES CHAVES DE PLINTHSAlm dessas tendncias, til olhar para as posies de alguns dos atores maisimportantes: promotores imobilirios, proprietrios, empreendedores e locatrios.Para promotores imobilirios, o plinth mais do que tudo parte do seu prdio, aoinvs de eles pretenderem com isso criar uma rua. Alm disso, financeiramente, elesso de importncia secundria. Se existe procura suficiente para os escritrios ouapartamentos nos andares acima, a construo pode comear. Pois um plinthem uso um bnus, embora no seja um ponto crucial na deciso de investir.

    Donos de escritrios ficam satisfeitos quando podem alugar 90% dos seus prdios.Para eles, o plinthmuitas vezes um mercado completamente diferente, difcil efragmentado. Na maioria dos escritrios para atividades nicas, o andar trreo

    Weesperstraat Amsterd, escritrios muitas vezes no tm plinthsatrativos

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    apenas uma entrada ou ponto de segurana.Do ponto de vista do usurio, como podemosver em muitas ruas de escritrios, essesplinthscontribuem pouco para a qualidade eatividade da esfera pblica.

    Infelizmente, muitos designerstambm

    falham. No todos, porm muitos arquitetosso mais focados em desenhar prdios,ao invs de criar boas ruas. E no desenhoda esfera pblica adjacente, todo tipo deinteresse tambm desempenha um papel,como o trfego; e experincia e qualidaderesidencial muitas vezes no vm emprimeiro lugar. Por fim, mas no menosimportante, usurios privados que s vezespreferem (e lhes permitido) fechar suascortinas para a rua.

    Como podemos ver, mesmo que nos demosconta da sua importncia, plinthsbons noso nem um pouco evidentes. Nas prximasdcadas, haver mais presso econmicasobre os plinths, e autoridades locais eproprietrios tero que colaborar entresi se quiserem boas ruas. Colocando de

    uma outra maneira: alcanar bons plinthse uma boa esfera de experincia urbanarequer um governo ativo e um mercadoativo. Uma estratgia precisa seria aquelana qual governos, promotores imobilirios,designers, proprietrios e locatrios, todosassumissem o seu papel. E em razo detodo bairro e toda rua ser diferente, todosrequerem uma estratgia diferente.

    TENDNCIAS DOS PLINTHSNa prtica, no vemos somente uminteresse novo do ponto de vista de ambos,os usurios e os designers, mas somos aomesmo tempo confrontados com grandesmudanas do programa. Funes varejistas,residenciais, comerciais e sociais soconfrontadas com desenvolvimentos

    recentes que proporcionam novas ameaase novas oportunidades para os plinths. Osprximos so os mais importantes queencontramos:

    Coolsingel Roterd, antes e depois da estratgia do plinth

    Haarlem, simplesmente casas boas no plinth

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    Ameaas ao Plinth

    Fazer compras online, (muito) menosnecessidade de espao comercial

    Oferta excessiva de varejo em geral Lojas de escala maior, cadeias,

    menos preocupao com os plinths ecausando uniformidade Shoppings fechados, introvertidos,

    removendo todas as funes dosplinths para o interior.

    Propriedades espalhadas nas ruascomerciais, causando que todoproprietrio visa o locatrio que pagamais, em cada prdio

    Co-working: menos necessidade deespao para escritrios, mais prdiosvazios. Diminuio da necessidadede 35 %

    Prdios orientados ao carro comandar trreo morto

    reas de trabalho monofuncionais,em reas unilaterais de escritrios enegcios.

    Funes de escritrios no nveltrreo com cortinas fechadas e umcarter fechado depois do horrio deexpediente.

    Conjuntos de funes sociais emacomodaes multifuncionaise escolas multifuncionais, queremovem todas as funes paradentro

    Conjuntos de ensino em campusintrovertidos

    Complexos de sade introvertidos

    Complexos de lazer introvertidos Nveis de convenincia

    demasiadamente altos noplanejamento de restaurantese bares em projetos urbanos dedesenvolvimento

    Foco singular no lazer nos centrosurbanos

    Prdios e conjuntos residenciais,retirados do mundo externo,condomnios fechados e outrasmedidas causadas por sentimentosde insegurana

    Oportunidades para o Plinth

    Experincia como fator crucial paraa competio entre varejo de rua ouonline

    Novas frmulas de varejo, como de

    lojas de azeite e olivas e padariasautnticas. Novos empreendedores culturais Indstrias culturais Lojas temporrias tipo pop-up Gesto de ruas, centrada na lgica

    da rua ao invs de na lgica dosprdios

    Co-working: interao e encontros noplinth

    Espaos de trabalho e de encontrosflexveis, prximos s junes detransporte pblico

    Uso compartilhado de museus,bibliotecas, prdios pblicos, saguesde teatros, instalaes desportivas

    Uso temporrio de plinths vazios Arteso, atelis e o setor criativo

    com funes de servio Funes comerciais que precisam do

    plinth (20 %): Sade, salo de beleza,alimentao, construo, reparos

    Funes sociais, como a escolaelementar, no plinth

    Servios para os bairros de sade,polcia, fornecedores de habitao,etc.

    Novas organizaes de corretoresentre os usurios e propriedadessociais vazias

    Partes pblicas nas academiase colgios, como lugares paraestgios, incubadoras para novasempresas e estudantes

    Restaurantes e bares como funestradicionalmente boas para o plinth

    Restaurantes e bares temporriosem plinths vazios

    Projetos de museus mais orientadosao pblico, projetando os cafs elojas na frente da bilheteria, comorientao para a rua

    Exibies temporrias nos plinths

    Viver urbano, uma populao maisorientada ao plinth, olhos pela rua

    Novas combinaes de trabalhar emorar

    Retorno da quadra urbana fechadacom plinths flexveis

    Funo

    Varejo

    Comercial

    Social

    Lazer

    Residencial

    Tendncias dos Plinths

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    Vendo essas tendncias, achamos que bons plinths no podem serfeitos somente atravs de varejo. Segundo algumas estimativas, devido combinao da oferta acessvel criada nos ltimos dez anos, e aoaumento de compras online, a metade das lojas atuais desaparecerodas nossas ruas. Obviamente, novas frmulas surgiro, porm claroque no podemos somente confiar em lojas para criar uma esfera pblicamelhor. Em razo disso, para proporcionar estratgias de plinths, olhamos

    para novas funes econmicas tambm, como por exemplo, locais deco-working, restaurantes e bares evidentemente (porm aqui tambmexiste um limite), funes sociais como escolas elementares e, sobretudo,habitao no andar trreo.

    A ESTRATGIA DO PLINTH DE ROTERDRoterd um bom exemplo do que uma estratgia de plinthspode significarpara uma cidade. Roterd est buscando maneiras temporrias paramelhorar as qualidades residenciais do seu centro urbano, com mtodosque so adequados em relao ao seu carter, oriundo da reconstruops-guerra. A cidade se dplenamente conta de que a sua imagem comoum todo depende significativamente da imagem do centro urbano.

    Paris, um plinthvibrante

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    Nmero de unidades a cada lado da rua a cada 100 metros, cumulativo (verde: comercial, vermelho: residencial, azul:funes pblicas)

    Plano Sul (Plan South) de Berlage, em Amsterd, funes residenciais bem desenhadas nos plinths

    Plinthsconvidativos em Botersloot, Roterd

    Trabalho

    Residencial

    Pblico

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    Depois de um piloto em trs ruas, o departamento de planejamento urbano,a equipe de projeto do centro da cidade, o departamento econmico e aStipo analisaram a situao do centro urbano. Isso resultou em uma novalngua analtica, na qual os fluxos de pedestres durante diferentes momentosdo dia, o aumento de valores de propriedades e o mapeamento de lugaresde vamos nos encontrar em... foram algumas das camadas analisadas.Um mapa de funes tambm foi feito, porm no para o prdio inteiro,

    como usualmente, mas somente para a cidade ao nvel dos olhos. Tornou-se claro como os andares trreos do centro urbano so formados por ilhasmonofuncionais de moradia, trabalho, cultura e comrcio. Combinando ascamadas de anlise, dez reas foram agora identificadas como aquelas emque uma interveno necessria, divididas por abordagens de curto, mdioe longo prazo.

    COMPARAO INTERNACIONALUm aspecto das ruas boas, variadas a concentraocompacta dediferentes funes no plinth. Para a Weesperstraat em Amsterd,comparamos quais tipos de unidades se encontram a que distncia.Comparamos algumas das Ruas Maravilhosas (Allan Jacobs)internacionalmente renomadas: Regent Street em Londres, Les Champs-Elyses e Boulevard St. Michel em Paris, e Paseo de Gracia em Barcelona. NaHolanda analisamos ruas vibrantes como a Haarlemmerdijk e a Overtoom emAmsterd e a De Meent em Roterd, e ruas menos vivas, como a Weena emRoterd e a Wibautstraat e Weesperstraat em Amsterd.

    As nossas concluses principais so: Ruas Maravilhosas tm uma mdia de uma nova unidade a cada dezmetros, com uma casa, uma funo pblica ou um escritrio (issosignifica 8-10 unidades a cada 100 metros)

    Ruas Maravilhosas tm um mnimo de uma nova funo pblica a cada15 metros (6-8 funes pblicas a cada 100 metros)

    Escritrios no so importantes para Ruas Maravilhosas; moradia possvel, desde que no seja demasiadamente dominante como funonica. Funes pblicas, principalmente, criam Ruas Maravilhosas: lojas,bares, restaurantes, educao.

    A Weesperstraat, em Amsterd, tem uma mdia de uma funo pblicaa cada 103 metros. A Haarlemmerdijk, do outro lado do espectro, temuma funo pblica a cada 8 metros. Porm, a anlise da Weesperstraatmostrou que possvel adaptar os andares trreos dos prdios existentesde uma maneira que a rua chegaria prxima mdia das Ruas Maravilhosas.Combinado com a boa localizao na cidade de Amsterd, a Weesperstraatpoderia se tornar uma rua melhor para pedestres. Isso uma estratgiana qual estamos trabalhando atualmente, em estreita colaborao com a

    autoridade local e os proprietrios na rua, criando uma viso e coalisopara transformar essa rua de escritrios, voltada para carros, em uma ruametropolitana que combine trfego e espao para pedestres.

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    CRITRIOS PARA BONS PLINTHSEnto, o que so plinthsbons e plinthsruins? Para que se possa avaliar isso,em colaborao com o Departamentode Planejamento Urbano e AssuntosEconmicos da Cidade de Roterd,

    desenvolvemos um conjunto de critrios.Revelou-se que preciso pesquisar em trsnveis: prdio, rua e contexto.

    Em colaborao estreita com a Cidadede Roterd, e utilizando as obras prviasEncontros imediatos com prdios (Centrefor Public Space Research/Realdania

    Research, Institute for Planning, School of

    Architecture, The Royal Danish Academy of

    Fine Arts, 2004), Para uma Bela Cidadepara Pessoas (Jan Gehl, 2004), e RuasMaravilhosas (Alan Jacobs, 1995), e usandonossa prpria experincia da prtica, a Stipodesenvolveu um conjunto de trs camadasde critrios que deveriam fazer parte de cadaanlise e estratgia para plinths: prdio, ruae contexto.

    Todos desses nveis proporcionambotes para que se possa deflagrar umaestratgia do plinth. Os nveis no podemser separados um do outro, eles interagem;seno hpessoas suficientes morando narea, por exemplo, ou quando escasso opoder de compra, uma loja pode ter um plinthexcelente, porm ainda ter dificuldade desobreviver. Um prdio individual pode serbem desenhado (de uma perspectiva da rua),

    porm se o restante da rua tem fachadascegas, ele no funcionar sozinho. Uma ruapode ser maravilhosa, porm se no estconectada aos fluxos principais no centrourbano, ter mais dificuldade de funcionar.

    Analisando os plinthsatravs dessesnveis, a Stipo constri uma viso conjunta,apoiada pelos parceiros (proprietrios,locatrios, governo), e ajuda a implement-la, com conceitos temporrios e inclusivepara novas ruas.

    Critrio Contexto

    Critrio Rua

    Critrio Prdio

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    1) O prdio:

    Unidades de pequena escala Variedade de funes Fachadas transparentes Carter especial de arquitetura Riqueza de material

    Orientao vertical da fachada Uma zona hbrida funcionando bem (a transio de privado para pblico) Sinalizao apropriada

    Flexibilidade na altura (4m) Flexibilidade no plano de uso da terra (zoneamento)

    2) A rua:

    Passear nela prazeroso

    Conforto fsico (vento, som, sol, sombra, manuteno) Definio (a altura do prdio deve ser pelo menos a metade da largura da rua) Variao de prdios Qualidade que capta o olho Boa cobertura de rvores Facilidades de estacionamento Claro comeo e fim da rua Possibilidades de sentar Densidade

    3) O contexto

    Pblico consumidor orientado ao plinth(fluxos de pedestres de dia e noite, 5-20passantes por metro de largura por minuto, capital econmico e cultural nos bairros noentorno)

    Programa urbano especial ou um conjunto especial ou funes econmicas ou criativas Boas conexes com a rede de praas e parques Parcerias que tomam iniciativa

    Desenho urbano coerente

    Uma boa posio no tecido urbano e nas rotas urbanas para pedestres e ciclistas

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    A ARTE DO CAMINHO

    Do ponto de vista prtico, placemaking(ou criao de lugares) umaatividade que torna espaos pblicos fsicos lugares que sustentaminterao humana, trocas econmicas e bem-estar. um processocontinuamente dinmico, no um kit esttico de atraes,objetos ou atividades. Vem das pessoas e envolve tudo o que nsvivenciamos aonvel dos olhos. Os Placemakers so o instrumentode mobilizao da comunidade. No se trata de desenho, mas depersonalidades, destinaes, atividades e conexes entre pessoas.O processo prev o envolvimento de todos, moradores, empresas e o

    governo local como co-criadores e modificadores de lugares.No se trata somente de um s lugar, como um parque ou umapraa ou um edifcio. Placemakingvisa a transio da rua para oespao de uma srie de lugares, uma srie de atividades. A vidanormal, cotidiana era assim: andvamos pela rua at o correio,depois para a ferragem, casa de queijos, padaria, mercearia, etc.Ns chamamos isso de a arte do caminho. Esses so todos lugaresque atraem pessoas de maneiras diferentes. A continuidade dessasatividades e das fachadas existia de uma maneira que hoje em dia

    nos estranha. Com os modelos de desenvolvimento modernos,perdemos a habilidade de criar espaos ou ns de atividades aolongo da rua. Temos que ter um engajamento maior em compreendermelhor a vida na rua e a vida nas caladas.

    RUAS COMO LUGARESFred Kent e Kathy Madden, placemakers

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    A COMUNIDADE O CERNE DO PROCESSO DE PLACEMAKING

    Placemakingvem da comunidade, no sentido mais amplo da palavra. Apsiniciado o processo de placemakingsomente faz sentido se ele for apoiadopor vrias comunidadesna sua vizinhana imediata. A chave ter distintosstakeholders, residentes locais, crianas, escolas, at empresas e instituies,empreendedores, e todos os tipos de iniciadores, para que eles compartilhemos seus sonhos para um determinado lugar e depois consigam realmente por oplacemakingem prtica. Os lideres (no oficiais) de placemaking so os loucoszelosos, os visionrios com um sentido de medo pouco desenvolvido e sem anoo das possveis consequncias. Eles fazem o impossvel acontecer.

    OS OUTROS: DESIGNERS, INCORPORADORES E CORPORAESAlm da comunidade, designers(e arquitetos) podem fazer parte da abordagem,mas esto longe de ser os mais importantes. Somente os designersque sabempensar sobre a arte orgnica e natural de formar o lugar deveriam estar envolvidos.Estamos hesitantes em incluir designers, porque muitas vezes eles so focadosem criar experincias visuais, em vez de experincias emocionais. Quando osdesignersfalam sobre os seus projetos, muitas vezes sentimos falta do apegoprofundo do qual falamos anteriormente.

    Os incorporadores

    formam um outro grupo. H algo para ser dito sobre aescala e tipo de projetos que estamos desenvolvendo hoje em dia. A escala demasiadamente grande, e as decises tm sido tomadas pelas pessoas erradas,

    Praia urbana Detroit

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    baseadas em razes equivocadas. Precisamos de um novo tipo de desenvolvimento,que de uma escala menor, mais preocupada com a rua. Um prdio grande no umaestratgia. Quando projetos grandes so divididos em projetos menores, pode haver umaestratgia. As pessoas comeam a entender o que perdemos. As pessoas no queremsomente um lugar fsico, elas querem um lugar. Placemaking uma palavra operativa.No achamos que os incorporadores j tenham sido solicitados ou que j tenham tido aoportunidade de pensar sobre placemaking, ou sobre como os seus projetos impactam a

    esfera pblica; eles contaram demasiadamente com os arquitetos. Incorporadores queremalgo novo. O conceito de placemaking no difcil de explicar aos incorporadores, j que setrata de algo que atrair mais pessoas e maisdinheiro. Essa mensagem relevante para oempresariado. Placemaking no sobre usar mais dinheiro, sobre receber mais retornopelo dinheiro empregado.No fim, somos todos interessados na mesma coisa: criar vida narua e novos tipos de espaos pblicos.

    Corporaes tambm esto investindo em novos tipos de espaos pblicos. Vemoscomo um passo importante que o investimento das empresas seja parte da soluo. ASouthwest Airlines, por exemplo, um parceiro fundamental. Eles realmente buscam ocorao de cidades, e querem criar razes para as pessoas viajarem at esses destinos.Como no so profissionais de planejamento, eles enxergam planejamento de umaperspectiva totalmente diferente. Claro que uma perspectiva empresarial, mas eles oveem mais holisticamente de que os profissionais que trabalham nos projetos, trancadosnos seus escritrios. Detroit um exemplo fantstico. Da mesma forma que a cidadeestava batendo no fundo do poo e declarando falncia, floresceu: colocamos uma praiano corao da cidade! Isso foi uma proposio ousada, possvel graas ao apoio daSouthwest Airlines.

    As solues das quais estamos falando so mais leves, mais rpidas, mais baratas. Elasso temporrias. Tm relevncia para pessoas. Incorporadores ou corporaestm menosreceio de solues temporrias, porque intervenes de placemaking no envolvem muitodinheiro. Se uma interveno no funcionar, podemos experimentar e tentar novamente.Permite experimentao.

    PLACEMAKING UM MOVIMENTO, UM MODO DE VIDA

    Na Itlia, todos sabem o que uma piazza. o local de encontro onde as pessoas serenem. um modo de vida. Pessoas so profundamente apegadas s suas piazzas

    locais. este sentimento que tentamos criar. Placemaking sobre apego profundo. maisemocional. Tanto quanto a piazza o local de encontro num bairro Italiano, placemakingvirou um modo de vida. Pessoas querem morar num lugar e desfrut-lo. Querem participare conectar-se com outras pessoas.

    Estamos percebendo uma grande mudana de fisicamente criar um lugar para viver olugar. Essa transio tira o processo das mos dos designerse o leva s comunidades.Vemos as comunidades muito mais engajadas nesse processo. algo que de que aspessoas se apropriam; o processo delas e so delas os resultados. Alm do mais, opblico mais jovem, mais aventureiro e entende a necessidade de socializao. Esto

    prontos e conseguem. Querem servios acessveis e atraes interessantes. Placemakingpreserva essas necessidades e tambm as cultiva. No baseado em desenho. Oprocesso pode incluir designerslocais, mas trata-se mais de pessoas do que de lugar. Aenergia criativa palpvel. uma mudana completa de paradigma e um big deal.

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    Historicamente, os municpios surgiram como resultado da troca entre viajantespelos caminhos e vendedores vendendo os seus produtos em bancas. Depois,as bancas se tornaram prdios e os caminhos viraram ruas, porm a troca entrequem veio e foi e os que ficaram continuou sendo o elemento chave. Prdiosurbanos foram orientados aos espaos urbanos por necessidade. Desde ento,muitas funes urbanas foram movidas para os interiores, e lojas, instituies eorganizaes cresceram. Durante o processo, prdios urbanos ficaram maiores,e correspondentemente mais introspectivos e autossuficientes.

    De qualquer maneira, pedestres precisam poder andar pelas cidades,estruturas urbanas continuam sendo as paredes do espao pblico, e pessoas

    continuam tendo encontros imediatos com prdios. O que ns queremos doandar trreo dos prdios urbanos vastamente diferente do que queremos deoutros andares. O andar trreo onde o prdio e a cidade se encontram, ondens moradores urbanos temos os encontros imediatos com os prdios, ondepodemos tocar e ser tocados por eles.

    ANDARES TRREOS E ARQUITETURA DE ENCONTROS IMEDIATOSNeste contexto, os andares trreos de todos os prdios so importantese servem a muitos propsitos, dependendo da localizao do prdio, das

    suas funes e do espao no entorno. A frente ou a fachada da entrada especialmente significativa, particularmente em prdios nos quais a fachadafaz frente para a rua e para a calada. De modo geral, encontros imediatos comprdios podem ser divididos em alguns grupos principais.

    ENCONTROS IMEDIATOS

    COM PRDIOSJan Gehl, Lotte Johansen Kaefer e Solvejg ReigstadArtigo primeiramente publicado em 2006 em URBAN DESIGN International, resumido com permisso de Jan Gehl

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    Andar ao longo dos prdios. O movimento pode ser paralelo aos prdios: pessoasandam ao lado ou ao longo. O movimento pode acontecer tambm em ngulosperpendiculares fachada. Pessoas chegam e vo, se aproximam, entram e saem.

    De p, sentado ou ocupado com atividades do lado dos prdios. Habitantes eusurios saem ou esto na entrada para um intervalo. Cadeiras e mesas estocolocadas ao longo da fachada onde o acesso fcil, onde as costas dos que

    esto sentados so protegidas e onde h o melhor clima. Fachadas do andartrreo so lugares atraentes tambm para usurios urbanos que no vivem nosprdios. O efeito borda refere-se preferncia de pessoas por ficar s bordas doespao, onde a sua presena mais discreta e onde elas dispem de uma vistaparticularmente boa do espao. Bordas e zonas de transio entre os prdios eos espaos urbanos se tornam o espao natural para uma ampla variedade deatividades potenciais que ligam funes interiores com a vida na rua.

    Enxergar o interior e o exterior de prdios conecta atividades visualmente. O contatovisual pelos pedestres nas caladas urbanas prximo e pessoal, ento o ritmo

    das oportunidades oferecidas crucial para a riqueza da experincia do pedestre.O nmero de portas, janelas, recuos, colunas, as janelas das lojas, detalhes dasvitrinas, letreiros das lojas e decoraes importante. (Jacobs, 1993)

    EXPERIENCIAR PRDIOSA arquitetura exterior inextricavelmente ligada aos pontos de vista. Em relao arquitetura de prdios, o que ns vemos depende de quais ngulos vemos. Comopedestres, temos que estar bem longe para ver um prdio no seu todo. Quandovemos mais de perto, temos que esticar os nossos pescoos e inclinar bastante

    as nossas cabeas para trs para poder enxergar todo o prdio. Poucas estruturasso desenhadas para olhar daquele ngulo. Quando chegamos mais perto, osandares mais altos gradualmente desaparecem das nossas vistas, at que nsenxergamos somente o andar trreo, ou quando estamos muito perto, somenteuma parte, por exemplo, os detalhes nas portas e fachadas.

    De mais perto, os nossos outros sentidos so ativados. Aqui, de muito perto,podemos ver, ouvir, cheirar e sentir todos os detalhes, no somente do andartrreo, mas muitas vezes da vitrina e do interior da loja tambm. Os nossossentidos de olfato, toque e sabor so estreitamente conectados s nossasemoes. As fachadas trreas impactam emocionalmente mais do que o resto doprdio ou da rua que ns sentimos de muito mais distncia e com correspondentemenor intensidade. Distncias curtas proporcionam experincias emocionalmentepoderosas. Transferimos as percepes de intimidade, significado e impactoemocional dos nossos encontros com pessoas aos nossos encontros com prdios.

    Enquanto a nossa percepo do espao pblico depende do ponto de vista edistncia, a rapidez com que nos movemos crucial. Os nossos sentidos sodesenhados para perceber e processar impresses sensoriais andando a mais ou

    menos 5 km por hora: ritmo de passeio. A arquitetura que incorpora detalhes de 5km/hora combina o melhor de dois mundos: um vislumbre da torre da prefeitura oudos morros distantes ao final da rua e o contato prximo com as fachadasdo andar trreo.

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    Em contraste com a arquitetura lenta esta arquitetura de 60 km/hora ao longo dasruas dominadas por veculos, onde espaose sinais largos so necessrios, sendoque motoristas e passageiros no podemperceber detalhes quando esto se movendonessa velocidade. Essas duas escalas

    alimentam conflitos nas cidades modernas.Pedestres muitas vezes so forados aandar em paisagens urbanas de 60 km/hora, enquanto novos prdios urbanos sodesenhados como prdios montonos eestreis de 60 km/hora em ruas tradicionaisde 5 km/hora.

    O IMPACTO DOS ANDARES TRREOS NA VIDA

    URBANAQuanto mais perto chegamos dos prdios,mais percebemos e nos lembramos docontedo do nosso campo de viso. Quandoos andares trreos so interessantese variados, o ambiente urbano convidativo e enriquecedor. Quando os

    Escala & Ritmo: Arquitetura de 5 quilmetros por hora

    Unidades pequenas, muitas portas

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    Vida na rua: Conversando na frente da porta

    Fachadas fechadas com funes uniformes: passivas e sem graa

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    andares trreos so fechados ou quando lhes faltam detalhes, a experincia correspondentemente rasa e impessoal.

    Estudos fornecem dados sobre muitos aspectos diferentes das ruas urbanas.As fachadas do andar trreo claramente impactam a vida pblica. Em frente dasfachadas ativas, os pedestres andam mais devagar, mais pessoas param, e maisatividades acontecem nos segmentos das ruas mais simpticas, mais povoadas.

    Quando somamos tudo, vemos que o nmero de paradas e outras atividades setevezes maior em frente de fachadas ativas, em comparao a fachadas passivas.

    Uma concluso principal, ento, a de que fachadas fechadas, sem vida,tornam as pessoas indiferentes, enquanto fachadas abertas e interessantesativam usurios urbanos. importante notar que o nvel de atividades na rua quantitativo, em princpio uma medida de quantas pessoas e quanta vida eatividade disponveis. Porm, um nvel de atividades no necessariamente indicauma melhor qualidade urbana. No podemos somente focar em quantas pessoasandam, param, esto sentadas ou ficam em p; importante tambm ver que h

    um contedo de qualidade, prosperidade de experincias, e sim, o simples prazerde estar nas cidades.

    O conhecimento sobre os fatores que influenciam positivamente a vida urbana uminstrumento importante para planejar cidades melhores. Este tipo de conhecimentoinclui os argumentos mais necessrios, para promover polticas para o andar trreoe para as fachadas: a variedade de experincias e o prazer completo de passearpela cidade. O que ns temos que fazer estimular e insistir na liberdade demovimento para os pedestres nas suas prprias cidades. E a arquitetura do andartrreo tem um papel chave nesse contexto.

    A= rea com fachadas variadas, muitas portas, contato visual, muitas funes eE = rea com fachadas uniformes, poucas por tas, sem janelas, com poucas ou sem funes.

    Comportamento do pedestre na frente dos andares trreos nas ruas principais

    A mdia de todas as pessoas que passam a p pelos segmentos da fachada de 2x10 metros nas sete reas estudadas

    Volta a cabea Pra

    A 75%

    B 21%

    A 25%

    B 1%

    Atividades por hora na frente dos andares trreos nas ruas principaisA mdia na frente de cada fachada de 10 metros nas sete reas estudadas

    Atividade Parada

    A 18

    B 10

    A 87

    B 5

    No total h sete vezes mais atividades e tempo gasto na frente de fachadas interessantes

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    O parque Granby, temporrio, em terras a espera de revitalizao, no centro de Dublin

    Apelo aos sentidos, tambm a noite

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    A ARQUITETURA DO ANDAR TRREO importante analisar funes em reas urbanas novas e estabelecer onde aarquitetura de encontros imediatos pode ter o seu papel. Onde h as rotas parapedestres mais importantes? Quais fachadas so as mais importantes? Onde aspessoas na nova rea urbana tero mais contato com os prdios? Onde e comoo desenho dos novos prdios pode contribuir para a vida e a qualidade em novas

    reas urbanas? A questo no o que o novo contexto urbano pode fazer para oseu prdio, mas o que o novo prdio pode fazer para o contexto.

    O principio prioritrio de planejamento deve ser: primeiramente vida, depoisespao, depois prdios. Pois o primeiro passo de um projeto deve ser oestabelecimento da localizao e os critrios de qualidade para os espaospblicos mais proeminentes da cidade, com base em preferncias especficasa respeito do carter e o grau de vida pblica na nova parte da cidade. Poisdiretrizes de desenho urbano para novos prdios podem ser formuladas (GehlArchitects 1998 & 2000). Diretrizes amostrais que podem ser usadas para o

    desenvolvimento de projetos: Respeitar as linhas das fachadas Estabelecer funes do andar trreo que convidem o pblico (lojas, bares,restaurantes e outros componentes ativos)

    Garantir um mnimo de 10 entradas a cada 100 metros de fachada para criarvida e variao ao nvel dos olhos

    Garantir um mnimo de 4 metros de p-direito no andar trreo para que seproporcione espao para atividades pblicas

    Estabelecer requisitos de desenho para fachadas, bem como variao,

    recuos, detalhes e verticalidade. Reduzir significativamente o aluguel do andar trreo, para que se garantam

    unidades pequenas, muitas entradas e uma mistura atraente de unidadesfrente aos mais importantes espaos e rotas de pedestres

    O DILOGO ENTRE A CIDADE E O PRDIOOcasionalmente, pode ser refrescante quando um prdio no insiste numaconversa amigvel com as pessoas que entram ou passam. Porm, pode ser umproblema quando a falta de dilogo vire tambm uma prtica comum nos desenhos

    de novos prdios. Quando os novos prdios so implantados em lugares quepessoas usam frequentemente, os prdios devem aprender a ter uma conversasignificativa com os espaos urbanos e as pessoas dentro deles. Prdios eespaos urbanos devem ser vistos e tratados como um ser unificado que respiracomo um s. E os andares trreos, mantendo a tradio e com bons argumentossensoriais, devem ter um desenho unicamente detalhado e acolhedor.

    Boa arquitetura de encontros imediatos vital para boas cidades.

    REFERNCIASGehl Architects (1998), Byrum and Byliv Aker Brygge[Public Space and Public Life in Aker Brygge, inDanish], Oslo.

    Gehl Architects (2000), Transparens Kontakt mellem

    ude og inde, Aker Brygge[Transparency contactbetween inside and outside in Aker Brygge, in Danish]

    A.B. Jacobs (1995), Great Streets, MIT Press,Cambridge MA

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    Cidades so centros para a troca de bens, cultura, conhecimento e ideias. A rua urbana o cenrio onde essa troca acontece: o acesso casa e ao trabalho, e a passagempara outros lugares dentro e fora da cidade. Durante sculos, as ruas da cidade tiveramuma vibrao natural e dinmica, onde se aglomeravam vrias funes. At a metadedo sculo 20, a rua representava um sistema integrado de movimento e de vida social eeconmica. Isso mudou nos anos 1960 e 1970, quando intervenes em grande escalafocadas em trnsito minaram a importncia da rua para troca social e econmica.Passou a ocorrer uma partilha do espao pblico utilitrio, definida por exignciasfuncionais e de um espao social de mltiplas funes.

    Precisamente naquela poca de grandes obras virias, pessoas como Jane Jacobs,

    Kevin Lynch e Gordon Cullen chamaram ateno para a escala humana. Eles explicaramque a cidade deve ser considerada pela forma como pessoasvivem a cidade: ao nveldos olhos. Suas publicaes hoje parecem mais atuais do que nunca. Desde o incioda dcada de 1980, vemos uma conscincia crescente de que, conectando-se asescalas diferentes da cidade, pode-se melhorar a sua viabilidade. A localizao de umarua ou praa na cidade como um todo, a conexo de vrias redes, bem como as suascaractersticas sociais e econmicas, so cruciais. Assim como tambm o o plinth, oandar trreo, onde a interao entre a rua e os edifcios acontece.

    Cada rua urbana passa por um processo de ascenso e queda, e pocas diferentes

    deixam suas marcas que sero sentidas na era seguinte. Essas relquias urbanasincluem histrias de como se definiu a forma urbana, opinies sobre a cidade e suaurbanidade, inovaes tcnicas ali aplicadas, a economia da cidade, o desenho doespao pblico e conceitos de engenharia de trfego implantados. Este captulo oferece

    HISTRIA DA CIDADE,

    RUA E ANDAR TRREOJouke van der Werf, Kim Zweerink e Jan van Teeffelen,historiadores de arquitetura e urbanista

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    Comrcio e trnsito em Londres, Cheapside (1831)

    Paris, uma conexo forte entre prdios, o plinthe a rua cria uma cidade atrativa

    Langestraat Amersfoor t (Holanda), as ruas continham a dinmica de viver, trabalhar e se deslocar

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    Anturpia Mercado (Blgica) por volta de 1600Mercado Fabrica em Bolonha (Itlia) 1411A Jansstraat em Haarlem (Holanda), pintada por Gerrit Berckheyde em 1680, mostra o alinhamento das fachadas

    uma perspectiva geral de algumas tendncias para cada perodo sob trsperspectivas: a forma da cidade, a rua e o plinth.

    IMBRICANDO VIVER E TRABALHAR (AT 1850)Cidade

    Muitas cidades foram fundadas em intersees de ruas ou cursos

    dgua, como, por exemplo, Berlim, Hamburgo, Valncia, Sevilha, NewYork, Londres ou Amsterd. Nestes cruzamentos acontecia troca debens e de ideias e, normalmente, um ncleo urbano se estabelecia tendocomo principais funes urbanas o porto, o mercado, bolsa de valores,casa de pesagem, igreja e prefeitura geralmente com uma praacentral. Fortificaes formavam o delineamento da zona rural. Em razodo crescimento do comrcio e das manufaturas, a populao tambmcrescia. Inicialmente, isso resultou em crescimento dentro da cidade,mas logo a rea urbana se expandiu ao longo das principais ruas. Comessas expanses, as fortificaes tambm se modificaram.

    Rua

    As ruas principais coincidiam com ruas naturais e cursos dgua eformaram conexes com reas rurais. A vida social e econmicaacontecia nas praas, ruas, cais e pontes, onde os mercados seestabeleciam. No sculo 16, os mercados eram especializados, todosoferecendo outros produtos como peixe e frutas. Os nomes das ruasainda nos lembram dos bens que antigamente eram ali vendidos,como por exemplo, Butterbridge (Ponte da Manteiga), Haymarket

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    Paisagem da rua medieval: espao pblico como uma extenso da casaRua em Londres, sculo 18: as casas seguem uma linha contnua, os letreiros das lojas esto de volta, e fradinhosseparam a rua das caladas

    (Feira de Palha), etc. At o sculo 19, a maior parte do transporte demercadorias acontecia atravs da gua. Com as cidades florescendoe o trnsito e atividades se intensificando, o nmero de ruas e pontesaumentou e as ruas e praas mais frequentadas foram pavimentadascom paraleleppedos. As regulaes para as edificaes aumentaram:regras para alinhamento das fachadas, bay windowse bancas permitiramum bom fluxo de trnsito. A altura dos edifcios foi tambm limitada no

    sculo 17, para que a luz do sol pudesse chegar at a rua.

    Plinth

    Ruas comerciais especializadas como conhecemos hoje no existiram nascidades antes do sculo 19. A vida, o trabalho e o comrcio aconteciamno mesmo prdio e rua onde os artesos expunham a mercadoria nafrente das suas casas. Depois, essas bancas ganharam um carterpermanente e foram incorporadas nas fachadas. Desde o fim da IdadeMdia, a zona de passagem entre a rua e casa era marcada por um

    desnvel ou uma varanda. O desnvel era uma placa elevada, que podiaassegurar que carroas no chegariam demasiadamente perto da casa,e era usada para exibir bens. A rua consistia de uma srie de rebaixos epatamares, divididas por bancos e cercas. Nas cidades do norte da Itliacomo Bolonha, arcadas formavam essa passagem entre a casa e a ruae proporcionavam sombra. Aqui, as portas permaneciam abertas o diainteiro nos sculos 15 e 16 qualquer um podia olhar para dentro e entrar.Entre o sculo 16 e o sculo 18, a paisagem da rua com suas fachadas,seus trreos e seu espao pblico tornou-se mais uniforme.

    http://nl.bab.la/woordenboek/portugees-engels/paralelep%C3%ADpedohttp://nl.bab.la/woordenboek/portugees-engels/paralelep%C3%ADpedo
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    Budapest (Hungria) Estao Oeste e Praa, 1912

    Chicago, vista de rua, dcada de 1920

    Champs Elyses em Paris, por volta de 1880

    Vienna Ringstrasse (Austria), desenvolvido na segundametade do sculo 19

    O ENGODO DA MODERNIDADE 1850-1940Cidade

    No sculo 19, surgiram novos meios detransporte. Ferrovias e estradas tornaram-se importantes para o transporte depessoas e bens, o que acontecia numa

    escala crescente. Portos, reas industriaise residenciais foram construdos forada cidade ou no local das fortificaes.As novas estaes de trem tambm selocalizaram no limite da cidade e tornaram-se novas reas nucleares com umaconcentrao de infraestrutura, habitao,indstria e espao pblico. Casa vez mais aspessoas saram do antigo centro da cidade

    para essas novas reas que eram maisacessveis por trem ou bonde.

    As caractersticas do traado da cidade,nesse perodo, so os eixos monumentais,com a separao entre as principais ruasagitadas com lojas e negcios, e, maisatrs, as ruas residenciais, mais calmas.Nas reas residenciais, localizavam-se lojasnas esquinas, enquanto uma separao defunes ocorria no centro da cidade: morarera o menos importante e o nmero de lojas(de departamento) e escritrios aumentou,resultando num crescimento de escalada quadra. Devido produo industrial,estoques foram armazenados e, no sculo19, surgiram nas ruas os primeiros armazns,rapidamente seguidos por grandes lojas egrandes bazares. A construo de arranha-

    cus nesse perodo reservada s cidadesdos EUA. Para evitar ruas escuras, New Yorkadaptou a lei de zoneamento em 1916 para aaltura e largura de torres.

    Rua

    A separao das funes e novas reasurbanas e bairros resultaram em aumentodo trfego. Na cidade, a circulaomelhorou devido s grandes obras viriase novas pontes. Em Paris (sob a direodo Baro Haussman) e em Londres (porexemplo, a construo da Regent Street) a

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    New York, por volta de 1900

    Fachadas de lojas em Haia (Holanda) por volta de 1900

    O primeiroshoppingnos Estados Unidos: Cleveland,1890

    modernizao da cidade acompanhou novose largos bulevares pelo centro histrico.Desde o sculo 19, fluxos de trfego foramseparados; em 1861, a calada j era ummeio importante para dar aos pedestresseu prprio espao nas ruas agitadas.Tambm havia sees separadas para

    trilhos eltricos a para carga, nas quaisas rvores providenciavam a diviso. Nasfortificaes anteriores, os trilhos elctricosna via circular em torno de Viena (ViennaRingstrasse) conectam os principais prdiosda prefeitura, o parlamento, os palciosreais e teatros em um desenho grandioso.

    Paris e Nova York foram cidadesproeminentes no sculo 19 e no comeo dosculo 20. Lojas de departamento e pequenocomrcio varejista se desenvolveram aolongo das maiores vias urbanas e praas,em volta das estaes, e nas ruas por ondepassavam linhas de bonde. Os grandsmagasinsLe Bon March e Printemps deParis e os novos prdios de escritrios deNew York so rapidamente copiados poroutras cidades, assim como bulevares com

    lojas e prdios de escritrios foram criadosnos principais centros urbanos.

    Plinth

    O surgimento de lojas e escritrios resultounuma rua completamente diferente. Asfachadas transformaram-se em fachadas deloja atrativas, que exibiram bens, para seduziros transeuntes. Era comum montar as vitrinaso mais repletas possvel. As fachadas de lojadesenhadas com cuidado eram construdassobre uma base fechada e decorada e comuma grande superfcie de vidro. A entradaera recuada, criando uma pequena alcova.O plinthenato existia como uma srie dejanelas diferentes em forma, altura, largura edecorao. As ruas comerciais e as fachadasseguiram um novo fenmeno, primeiramenteintroduzido em Paris, depois em Bruxelas e

    Milo: a galeria ou passagem. Essas arcadascom lojas de luxo no serviam apenas parafazer compras, mas tambm eram lugarespara passeios.

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    O amortecido canal Catherijnesingel em Utrecht(Holanda) construdo nos anos 1960

    Desenvolvimentos de grande escala em New York

    La Ville Radieuse: o desenho do ideal de Le Corbusierpara habitao sobre pilotis em espaos verdes

    SAINDO DO CENTRO DA CIDADE (1945-1970)Cidade

    Depois da Segunda Guerra Mundial, ofcil acesso para automveis ao centro dacidade e novas expanses urbanas viraramprioridades. O uso do automvel explodiu

    nesse perodo: o nmero de automveisna Holanda, por exemplo, aumentou de30.000 em 1945 para 4.000.000 em1980. O principal conceito de planejamentoera a separao entre morar, trabalhar,utilidades e trfego. Os centros dascidades se desenvolveram em locais ideaispara escritrios e utilidades. Cidadesseveramente danificadas durante a guerra

    usaram as reas vazias para acomodar oaumento do trfego. Outras cidades focaramem grandes obras virias para conectar osseus centros com novos anis virios (comoem Utrecht, Holanda). Esse desenvolvimentopara o trfego de automvel e a renovaourbana em grande escala foram tambmcriticados por Jane Jacobs, com seu pleitopor ruas locais com uso misto e com umaescala humana.

    Novos bairros residenciais foramdesenvolvidos fora da cidade existente,em New Townse Cidades Jardim, comautoestradas entre elas e ferrovias comobarreiras principais. Esses projetosderivaram das ideias do CIAM, comoo projeto para a Ville Radieuse de LeCorbusier, que tinha grande averso pela

    rua corredor, a rua fechada. As suas ideiasforam implementadas em muitos projetosresidenciais na Europa, com ruas elevadase edifcios altos. Ao invs de quadrasfechadas, o tecido urbano consistia deloteamentos abertos, com uma misturade prdios baixos, mdios e altos numambiente verde. De acordo com o conceitode planejamento que prevalecia na Europa,distritos foram divididos em bairros menorescom uma pequena zona comercial no seucentro. Nos anos 1960 e 1970 ocorreu umadegradao dos centros urbanos, devido

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    Northgate Mall in Seattle, 1950

    Passarelas em Minneapolis dos anos 1960 e 1970

    proporcionaram conexes para pedestres entre prdios

    O distrito Bijlmer, em Amsterd (Holanda), originalmentepensado com ruas internas para pedestres e habitaonos espaos verdes

    Lijnbaan, Roterd, 1954: nova rua comercial de pedestrespara a renovao do centro bombardeado da cidade

    relocao de residentes para os subrbios,especialmente nos Estados Unidos, ondenovosshoppings, voltados para dentro, comgrandes estacionamentos, tornaram-se opadro do comrcio de varejo.

    Rua

    Para melhorar a segurana no trnsito, novosmeios foram criados para separar mais otrfego e control-lo: faixas de pedestres,semforos, lombadas e rtulas. As ruasficaram mais divididas e o espao de coesodesapareceu. Nos subrbios, formou-seuma forte hierarquia entre as principais ruasde acesso, ruas locais e ruas residenciais,muitas vezes com uma rede independente de

    zonas de pedestres e pistas para bicicletas,em nveis diferentes. Superestruturascontendo todas as funes continuaram aseparar ruas de trfego de ruas comerciais.Em Minneapolis, o pedestre at levado domundo interior para o outro atravsde passarelas.

    Plinth

    O novo conceito urbano de loteamentoaberto permitiu um novo desenho paralojas com vitrinas na frente, abastecimentoe armazenagem atravs de ruas de trs,e entradas separadas para as moradiaslocalizadas acima. Isso significava fachadasde lojas contnuas, como a Lijnbaan, emRoterd (Holanda), a primeira rua comercialde pedestres na Europa. As fachadastransparentes das lojas eram feitas de vidroe ofereciam uma forte interao entre ointerior e o espao pblico. Ruas urbanashistricas tambm foram modernizadas comdisplayse novas vitrinas. Repentinamente,o plinthno centro da cidade ganhou umdesenho aberto para seduzir os pedestresa entrar, fosse uma edificao nova ouhistrica. O plinthsuburbano, ao contrrio,era fechado e a maioria dosshoppingsdava

    suas costas ao seu entorno.

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    Renovao urbana de escala pequena em Zwolle,Holanda (arquitetos Aldo van Eyck e Theo Bosch)

    Forum Les Halles, Paris (construdo em 1977, demolido em 2010 para ser substitudo por um novo Forum)

    EM BUSCA DA URBANIDADE DE PEQUENAESCALA (1970-1990)Cidade

    Depois de dcadas de modernismo, vemosuma decadncia do princpio de separaode funes, especialmente no trfego. O

    Relatrio Buchanan Trfego em Cidades,em 1963, questionou a dominncia deautomveis. A mensagem foi impulsionadapela crise do petrleo em 1973. Cidadescomearam a moderar o trfego deautomveis e melhorar a hospitalidadeurbana: ao invs de melhorias nainfraestrutura, o tecido urbano histrico usado para renovao urbana. Arquitetos do

    Team X internacional (Aldo van Eyck, Alisone Peter Smithson, entre outros) enfatizama escala humana das edificaes e, dessemodo, alterou-se a zona de transio entreespaos privados e pblicos. Termoscomo hospitalidade surgiram no debatearquitetnico. Em muitos centros urbanos,

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    Stroget em Copenhagen (Dinamarca) foi parcialmentefechada para carros j em 1962, agora a rua comercialpeatonal mais comprida na Europa

    Wohnstrasse (Austria): reas residenciais na cidade

    Rua de renovao urbana: faltam funes pblicas nosplinths

    estruturas antigas do sculo 19 foramdemolidas e substitudas por edifcios novosque caracterizaram a arquitetura de escalahumana. At mesmo grandes projetos foramorientados pela adoo de uma escalamenor, como o Forum Les halles em Paris,umshoppingnovo que substituiu o mercado

    pblico histrico de les Halles. A maioriadas lojas novas e supermercados foramimplantados emshoppingsem locais maiscentrais, perto das novas reas residenciais,como j havia sido feito nos Estados Unidosna dcada anterior.

    Rua

    Com um novo foco na escala urbana decidades, o espao pblico foi redescobertocomo rea para as pessoas andar e seencontrar. As pessoas voltaram a visitaro centro para passear, ir ao teatro e seencontrar. Um marco importante foi fecharas ruas para carros, criando zonas parapedestres: em 1966, a Alemanha tinha63 ruas para pedestres, em 1977, 370.O desenho das novas ruas residenciaisfoi tambm influenciado pelo conceito de

    hospitalidade. Com a introduo da rua dezona residencial com velocidade controlada,o automvel passa a ser um convidado e ospedestres so agora privilegiados nas ruasresidenciais. Este conceito comea, porexemplo, como Woonerf, na Holanda, emEmmen, seguido por outras cidades como aWohnstrasse, em Viena.

    Plinth

    A reavaliao da cidade histrica auxilioumuito a barrar a demolio em grande escalados prdios antigos e do tecido urbano;no entanto, as reas dos centros urbanoscontinuaram a ser substitudas por novosprojetos, porm de pequena escala. A maioria dos novos prdios foramorientados para o seu interior e a relao entre a casa e o espaopblico se tornou parte da forma arquitetnica. Os trreos, porm,foram muitas vezes usados para habitao, e no para lojas, servios

    ou restaurantes somente algumas ruas foram designadas comonovas ruas comerciais. Em muitas reas de renovao urbana, osplinthsno foram desenhados com lojas ou funes pblicas, mas setornaram fachadas fechadas.

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    Barcelona (Espanha): a revitalizao da cidade estimulada por investimentos no espao pblico

    New TownPoundbury (Inglaterra): desenhado peloarquiteto Krier segundo os princpios do Prncipe Charles

    Amsterd Eastern Docklands, a zona porturia antigatransformada numa nova rea urbana

    Espao compartilhado Exhibition Road, Londres

    A CIDADE COMO UM IM (1990 PRESENTE)Cidade

    O interesse renovado nos centros da cidadenos anos 1980 continuou nos anos 1990e no comeo do sculo 21, com um foco no

    espao pblico. Surgem bares e cafs nascaladas, e esse comrcio especializadoexpressa a redescoberta do centro da cidadecomo local para encontros, diverso e fazercompras como atividade de lazer. Barcelona a primeira cidade onde, desde meadosda dcada de 1980, os Jogos Olmpicos de1992 realmente estimularam a renovao doespao pblico. A esfera pblica vista comoespao outdoorimportante, como parquesverdes e praas. A revitalizao do centrourbano existente ganha muita ateno e oembelezamento comea com a melhoria daqualidade e da coerncia do espao pblico.Para os gestores urbanos, a economia dacidade se torna uma motivao importantepara a renovao do espao pblico. Festivaise eventos comeam a atrair pessoas: umavisita cidade virou uma experincia para

    a qual a prpria cidade forma a moldura,s vezes focada num perodo histrico.Outras cidades tambm tentam incorporar aaparncia e a sensao de cidade histrica,adotando tcnicas do novo urbanismo.

    Alm a esfera pblica, muitos novos projetosso desenvolvidos dentro e em torno doscentros urbanos europeus. Projetos-chaveimportantes so as reas das estaes,como entradas das cidades que so, devido nova rede ferroviria de alta velocidadena Europa. Novas estaes e pontos nodaisso desenvolvidos e do um estmulo aoscentros urbanos, tal como a Euralille. Portosabandonados e reas industriais, prximosdos centros urbanos, so renovados parahabitao, escritrios, lazer e incubadorasculturais. Esses desenvolvimentos em

    reas grandes incluem a propriedade, mastambm nova infraestrutura, espao pblicoe novos pontos de referncia. Exemplos

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    Centro comercial Beurstraverse em Roterd

    Paris, Promenade Plante / Viaduc des Ar ts: linhaferroviria elevada abandonada transformada numpercurso pedestre atraente, com atelis embaixo e umnovo parque (1990)

    conhecidos so a Hafencity em Hamburgo,as Docas Orientais em Amsterd, o Kopvan Zuid com a Ponte Erasmus em Roterd,

    a renovao de Bilbao e o novo Guggenheim,e, em Londres, s margens do Tmisa, oentorno da Tate Modern, abrigada numaantiga usina de energia.

    Rua

    A reconquista do espao pblico cria maisespao para pedestres e reduz a presenado automvel no centro da cidade. EmLyon, Frana, novos estacionamentos

    subterrneos foram construdos para umtotal de 12.000 automveis. Paris tambmredesenhou os Champs Elysees sem estacionamento na rua, e alargou as caladaspara que as pessoas pudessem passear ao longo das lojas e restaurantes. Comoalternativa para separar o trfego, o conceito de espao compartilhado volta a serorientado a pessoas e diminui a velocidade do trnsito, priorizando os pedestres eciclistas. Recentemente, em Londres, a Exhibition Road foi renovadasegundo este conceito.

    Plinth

    A interao entre a rua e as casas adjacentes, lojas e restaurantes tornou-se maisforte. O plinthe o espao pblico so desenhados como espaos relacionados ecoerentes diante da experincia de fazer compras na cidade. Novos cafs e baresso espalhados por todo o centro da cidade e nos bairros do sculo 19, ondeprofissionais criativos trabalham e fazem negcios. A internet e a mdia socialampliaram a necessidade de locais de reunio fsicos.

    Ainda hoje h uma necessidade de conectar edificaes com a rua atravs de umafachada e um trreo vibrantes. Isso no se aplica somente a prdios novos e osseus plinths, mas tambm renovao de prdios existentes e infraestrutura.A transformao de muitas estruturas histricas mostra que a cidade sempremuda. Nisso est a importncia de se adaptar e desenhar bons plinths, por seremnecessrios para os habitantes das cidades e para a cidade ao nvel dos olhos.

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    Antes do advento do automvel, as movimentadas ruas principais eram ocentro de muitas cidades e bairros. Essas ruas principais eram lugares plenosde experincias sensoriais de escala humana. A inveno do carro no sculo 20,juntamente com novos meios de transporte de produtos, modificou o desenho dasruas e o lay-out das cidades. Muitas cidades foram submetidas a mudanas deinfraestrutura em larga escala, transformaes de seus centros e proliferaodo uso de funes nicas. O espao urbano foi monopolizado, tomado daspessoas e dividido em tipos de funo. O projeto moderno para edificaes e asmudanas no mercado imobilirio do comrcio (por exemplo, a emergncia desupermercados eshopping centers) enfraqueceram as ruas comerciais, seusplinthse a esfera pblica.

    O renascimento da cidade trouxe consigo muita discusso (e ao) para recuper-la como um lugar para pessoas. A Cidade ao Nvel dos Olhos um apelo peloretorno das ruas com escala humana. Plinthsativos e diversificados contribuempara uma esfera urbana dinmica, economicamente vivel e sustentvel.

    A ideia de A Cidade ao Nvel dos Olhos, entretanto, no nova: muitospensadores icnicos do planejamento urbano influenciaram o desenvolvimento doplanejamento e do desenho urbano em nossas cidades com uma escala humana.Princpios estabelecidos de longa data por Kevin Lynch, Gordon Cullen, Jane

    Jacobs, Jan Gehl, William H. Whyte, Allan Jacobs e Fred Kent (entre muitos outros)so relevantes para o planejamento atual. Temos muita satisfao de incluirartigos de dois deles (Fred Kent e Jan Gehl) neste livro. E tambm queremos dar odevido crdito aos demais e suas muitas publicaes.

    PENSADORES ICNICOSMeredith Glaser e Mattijs van 't Hoff

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    KEVIN LYNCHKevin Lynch (1918-1984) foi um planejador urbanonorte-americano que estudou em Yale e no MIT, tendoensinado posteriormente no prprio MIT por 15 anos.Seus trabalhos mais conhecidos so The Image of theCity(1960) e Good City Form(1984). O primeiro foi um

    projeto de pesquisa de 5 anos estudando as formaspelas quais as pessoas usam, percebem e absorvem acidade. Esse livro organizou a cidade em cinco elementosde imagem que ele chamou de trajetos, bordas, distritos,ns e pontos de referncia. Ele tambm inventoua expresso way finding (jeito de achar) e muitovocabulrio usado regularmente hoje em planejamento.

    este estudo busca encontrar qualidades fsicas quese relacionam com os atributos de identidade e estrutura

    na imagem mental.Isso leva definio do que pode serchamado de imageabilidade: aquela qualidade de um

    objeto material que lhe confere uma elevada probabilidade

    de evocar uma imagem forte em qualquer observador. [...]

    Uma cidade altamente imagevel (aparente, legvel ou

    visvel) nesse sentido peculiar pareceria bem formada,

    distinta, notvel; ela convidaria o olho e o ouvido para

    mais ateno e participao.A apreenso sensvel emtais ambientes no seria meramente simplificada, mas

    ampliada e profunda. Essa cidade seria aquela quepoderia ser apreendida ao longo do tempo como um

    padro de alta continuidade com muitas partes distintas

    claramente interligadas. O observador perspicaz e

    familiarizadopoderia absorver novos impactos sensoriais,sem interrupo de sua imagem de base, e cada novo

    impacto tocaria em muitos elementos anteriores. Ele seria

    bem orientado e poderia se mover facilmente.Ele estariaaltamente ciente do seu ambiente.

    Kevin Lynch, The Image of the City, p. 9 -10

    Kevin Lynch, The Image of the City

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    GORDON CULLENGordon Cullen (1914-1994) foi um arquiteto e designerurbano ingls. Ele desenvolveu um olhar para ver asqualidades bvias nas cidades britnicas. Ele viu queos lugares de grande beleza e de forte carter tinhamsido criados ao longo dos sculos e so desenvolvidos

    do ponto de vista de uma pessoa. Ele comeouidentificando e analisando essas essncias da cidadebritnica e as desenvolveu em lies para arquitetos eplanejadores. Gordon Cullen mais conhecido por suaobra Towscape, publicada inicialmente em 1961; ediesposteriores foram publicadas sob o ttulo The ConciseTownscape(1971).

    A importncia de tudo isso que embora o pedestre

    caminhe pela cidade a uma velocidade uniforme, a

    paisagem das cidades muitas vezes revelada poruma srie de empurres ou revelaes. Isso ns

    chamamos de VISO SERIAL [...] A mente humana reage

    a um contraste, diferena entre as coisas, e quando

    duas imagens [...] esto na mente ao mesmo tempo, um

    contraste vvido sentido e a cidade se torna visvel em

    um sentido mais profundo. Ela ganha vida atravs do

    drama de justaposio. A menos que isso acontea, a

    cidade desfilar para ns inexpressiva e inerte. Nessa

    [...] categoria ns retornamos a um exame do tecido dascidades: cor, textura, escala, estilo, carter, personalidade

    e singularidade. Aceitando o fato de que a maioria das

    nossas cidades foram fundadas h muito tempo, seu

    tecido vai mostrar evidncias de perodos diferentes

    em seus estilos arquitetnicos e tambm em vrios

    acidentes de lay-outMuitas cidades ento exibem essamistura de estilos, materiais e escalas.

    Gordon Cullen, The Concise Townscape, pp. 9-12

    Gordon Cullen,The Concise Townscape

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    JANE JACOBSDentre os escritores norte-americanos sobreplanejamento urbano e economia urbana, Jane Jacobs(1916-2006) provavelmente uma das mais famosas.Ela mais conhecida por suas contribuies e crticassperas s polticas de renovao e desenvolvimento

    urbano do anos 1950 e 1960 e por seu livro The Deathand Life of Great American Cities(1961). Durante umtempo em que a suburbanizao norte-americanaimperou, ela foi uma das poucas defensoras da cidadee da vida na cidade. Ela se ops veementemente renovao urbana e a muitos modelos de planejamentoda sua poca. Jacobs renomada por seus conceitosolhos sobre a rua, desenvolvimento de uso misto eplanejamento bottom-up. Suas minuciosas observaes

    da vida e da funo da cidade influenciaram oplanejamento de muitas maneiras.

    Uma rua da cidade equipada para lidar com estranhos, e

    para fazer com que a presena de estranhos constitua a

    nossa segurana, como as ruas de bairros bem-sucedidos

    sempre fazem, deve ter trs qualidades principais:

    Primeiro, deve ter uma clara demarcao entre espao

    pblico e espao privado. Espaos pblicos e privados no

    podem infiltrar-se um no outro como fazem normalmente

    em ambientes suburbanos ou em projetos.Em segundo lugar, deve haver olhos para a rua, olhos

    pertencentes queles que poderamos chamar de os

    proprietrios naturais da rua. Os edifcios de uma rua

    preparada para lidar com estranhos e para garantir

    segurana de ambos, residentes e estranhos, devem ser

    orientados para a rua. Eles no podem virar suas costas

    ou laterais inexpressivas sobre ela e deix-la cega.

    E terceiro, as caladas devem ter continuamente muitos

    usurios, tanto para aumentar o nmero de olhos efetivossobre a rua, como para induzir que um nmero suficiente

    de pessoas nos edifcios ao longo da rua olhem para as

    caladas. Ningum gosta de sentar em uma varanda ou

    observar pela janela uma rua vazia. Quase ningum faz

    uma coisa dessas. Um grande nmero de pessoas se

    distrai observando a atividade da rua.

    Jane Jacobs, The Death and Life of Great AmericanCities, p. 35

    Jane Jacobs,The Death and Life of Great AmericanCities

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    WILLIAM H. WHYTEFormado em Sociologia, William Whyte (1917-1999)comeou a trabalhar como analista organizacional. Aotrabalhar na New York City Planning Commissionem 1969,ele comeou a se perguntar em que os espaos urbanosestavam atualmente resultando e usou a observao

    direta para descrever comportamentos em ambientesurbanos. Com o uso de cmeras, vdeo cmeras enotebooks, ele introduziu novas formas de pesquisaurbana e descreveu a substncia da vida pblica urbanade uma forma objetiva e mensurvel. Essas observaesforam desenvolvidas no Street Life Project, um estudocontnuo do comportamento de pedestres e da dinmicada cidade, que eventualmente acabou levando ao livroe filme homnimo The Social Life of Small Urban Spaces

    (1980). Whyte acreditava nos espaos pblicos comolugares onde as pessoas e o trnsito podem estar juntos.As observaes e ideias de Whyte ainda so relevantespara o modo como usamos nossas cidades e ruas.

    O que atrai as pessoas, ao que parece, so outras pessoas.Seeu insisto neste ponto, porque muitos espaos urbanos esto

    sendo concebidos como se o contrrio fosse verdade, e que do

    que as pessoas mais gostam seriam os lugares onde elas nunca

    vo.As pessoas muitas vezes se expressam seguindo essas linhas

    de raciocnio; por isso que as suas respostas aos questionriospodem ser to enganosas. Quantos diriam que gostam de sentar no

    meio da multido ? Ao contrrio, elas falam de se afastar de tudo, e

    usam termos como fuga, osis, refgio. O que as pessoas fazem,

    todavia, revela uma prioridade diferente. William H. Whyte, TheSocial Life of Small Urban Spaces, p. 19

    Outra caracterstica fundamental da rua o varejo - lojas, janelas

    com displays, cartazes para chamar sua ateno, entradas, oentra-e-sai das pessoas. Novos e grandes edifcios de escritrio

    foram eliminando lojas. O que as substituiu foi uma fachada devidro atravs da qual voc pode contemplar funcionrios do banco

    sentados em mesas. Um trecho desse tipo j maante o suficiente.

    Bloco aps bloco deles cria um tdio avassalador

    William H. Whyte, The Social Life of Small Urban Spaces, p. 57

    William H. Whyte,The Social Life of Small Urban Spaces

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    ALLAN JACOBSAllan Jacobs um planejador urbano norte-americanoe professor emrito da Universidade da Califrnia,Berkeley. Ele muito conhecido por publicaes epesquisas sobre desenho urbano, bem como pela suacontribuio para o manual de desenho urbano da

    cidade de So Francisco. El um vido defensor dasruas multimodais que no separam os usurios. O seuabrangente livro Great Streets(1995), ilustra a interaodinmica entre pessoas e ruas, e analisa os atributosespecficos dessas ruas maravilhosas.

    Ruas maravilhosas exigem caractersticas fsicas que

    auxiliam os olhos a fazerem o que querem fazer, devem

    fazer: movimentar-se [...]Geralmente, so as muitas

    superfcies diferentes ao longo das quais a luz se move

    constantemente que mantm os olhos interessados:edifcios separados, muitas janelas ou portas separadas, ou

    alteraes de superfcie. [...] A complexidade visual o que

    preciso, mas no deve ser to complexa a ponto de tornar-se

    catica ou desorientadora. [...] Alm de ajudar a definir uma

    rua, separando o espao dos pedestres do dos veculos e

    proporcionando sombra, o que torna as rvores to especiais

    o seu movimento; o movimento constante de seus galhos e

    folhas, e a luz mudando continuamente, se infiltrando por entre

    elas, atravs delas e em volta delas. - Allan Jacobs, GreatStreets, p. 282

    Geralmente, mais edifcios ao longo de um determinado trecho

    de rua contribui mais do que menos edifcios. [...] Com mais

    edifcios, h chance de haver mais arquitetos, e eles no faro

    os projetos todos iguais.

    H mais colaboradores para a rua, mais e diferentes

    participantes, os quais todos agregam interesse. [...] Os

    diferentes edif cios podem [...] ser projetados para uma mistura

    de usos e destinos que atraem misturas de pessoas de todauma cidade ou bairro, o que, portanto, ajuda a construir a

    comunidade: cinemas, lojas de diferentes tamanhos, as

    bibliotecas

    Allan Jacobs, Great Streets, p. 297 - 298

    REFERNCIASG. Cullen (1971), The Concise Townscape, ArchitecturalPress, Oxford UKA.B. Jacobs (1995), Great Streets, MIT Press, Cambridge

    MAJ. Jacobs (1961), The Death and Life of Great American

    Cities, Random House, New York

    K. Lynch (1960), The Image of the City, MIT Press,Cambridge MAW.H. Whyte (1980), The Social Life of Small Urban Spaces,

    The Conservation Foundation, Washington DC

    Allan Jacobs,

    Great Streets

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    EXPERINCIADE LUGARES

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    Estocolmo tem sido identificada