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Sumário
Agradecimentos ................................................................................ 7
Prólogo ........................................................................................... 11
PRIMEIRA PARTE ................................................................. 23
Capítulo I ........................................................................................ 23
Capítulo II ....................................................................................... 31
Capítulo III ..................................................................................... 41
Capítulo IV ..................................................................................... 50
Capítulo V ...................................................................................... 59
Capítulo VI ..................................................................................... 72
Capítulo VII .................................................................................... 83
Capítulo VIII .................................................................................. 99
Capítulo IX ................................................................................... 112
Capítulo X .................................................................................... 124
Capítulo XI ................................................................................... 139
Capítulo XII .................................................................................. 150
Capítulo XIII ................................................................................ 163
Capítulo XIV ................................................................................ 175
Epílogo ......................................................................................... 192
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Agradecimentos
Eu poderia simplesmente agradecer ao impulso e ao instinto
literário que me fizeram deslizar por todas estas páginas e dar
a vida necessária aos personagens desta obra. Mas este mesmo
instinto – por mais que estivesse sempre dentro de mim – andou
adormecido por muitos e muitos anos. Não poderia deixar de
agradecer às pessoas que ajudaram a despertar este lado até
então esquecido debaixo de sonhos frustrados e promessas
rompidas. Por isto, meus sinceros agradecimentos a Renato
Valente, Julia Ribeiro, Eduarda Braga, Ivanir Ribeiro, Ildely
Maria, Enelcy Valente e todos aqueles que suportaram o berço
de minha realização pessoal.
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“Quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira
para que você realize seu desejo.”
(Trecho retirado do livro O Alquimista)
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Prólogo
Houve um tempo em que a terra pulsava vida,
alimentando as terras secas, satisfazendo os vales cobertos de
grama verde e amamentava os mares plácidos numa sombra do
mundo perfeito. Os animais obedeciam a lei da sobrevivência,
a humanidade evoluía, destruía e acabava se destruindo no
processo. O homem trabalhava com o propósito do sustento,
cobrindo suas necessidades e vaidades que surgiam quando
tomava posse de tudo que suas mãos tocavam - ou quando um
conhecido tomava vantagem comprando um carro mais novo,
uma casa maior, uma mulher mais jovem e mais bonita.
"-Tenha um bom dia “-eles costumavam dizer,
disfarçando o orgulho e a inveja por trás da parede de dentes
brancos. Por dentro, a pele aquecia, as mãos suavam e o cérebro
lutava para descobrir um meio mais rápido e menos sujo de
crescer, de ultrapassar e de enriquecer. A política se envolvia
na sociedade como uma criança recém-nascida se agarrava ao
seio materno, sugando ávida o alimento que brotava de outrem
- e que no final satisfazia apenas suas próprias vontades.
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Mesmo apesar das crises, a vida no planeta terra
conseguira se desvencilhar da extinção, sendo levada na eterna
montanha-russa das possibilidades, das chances que lançavam
seus dedos lúgubres sobre os trilhos já instáveis da história.
Ninguém se preocupava com o amanhã, ninguém se interessava
pelas consequências tardias dos próprios atos e nem dos outros.
Pois o hoje era fundamental, mas o amanhã se dividia num
labirinto de caminhos desconhecidos que, de forma alguma
mudariam o presente. Até que um dia a terra acanhou-se,
amedrontada pelo desastre iminente. As televisões chiavam a
notícia, mas era a boca humana que realizava o trabalho mais
eficiente.
"-O Mundo vai acabar!"-alguns diziam, comentando de
maneira atrapalhada, tentando não transparecer o terror e o
desespero que se espalhava de casa para a vizinhança, do bairro
para a cidade e disseminava-se pelo mundo como uma profecia
macabra e impiedosa.
"-Volte para Jesus enquanto ainda há tempo!"-gritavam
os profetas, erguendo-se sobre a lataria dos automóveis,
ostentando placas borradas em tinta preta e vermelha as
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palavras 'salvação' e 'destruição' numa mesma frase mal escrita
e sem sentido. A segurança dos policiais era tímida, frágil e
quase não causava impacto visto as manifestações que
cresciam exponencialmente sobre as cidades, invadindo
prédios, ruas e praças.
"-Serão novos tempos. Sobrevivemos à era do gelo e
poderemos sobreviver a isto.” Estes eram os mais positivos,
cobertos pela capa de seus próprios medos e infectados pelo
próprio otimismo. Crianças choravam, cidades foram
evacuadas, dando lugar a cidades fantasmas que sussurravam
pragas ao vento. Em pouco tempo, o caos tomou conta da
civilização.
E lá estava o motivo da desordem, vagando pelo
espaço enquanto destruía pequenas estrelas, ofuscando o brilho
de outros sóis e dizimando constelações. A superfície da massa
era negra e porosa - uma bomba de poder destrutivo
inimaginável caminhando com imponência e certa vaidade pela
galáxia, deixando para trás nada exceto a destruição
propriamente dita e uma calda de chamas acobreadas. Em seu
destino, a minúscula terra aguardava o fim de seus dias, assim
como um roedor espera carecidamente que a serpente faminta
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desista do bote e rasteje pela areia até desaparecer no mesmo
lago de onde surgira. Mas ele continuava impiedoso, quase
como se dissesse: "Vim até aqui para te encontrar. Espere por
mim!". Uma vingança cruel. Cruel e desonesta.
A princípio, do ponto de vista da terra, era possível
apenas perceber uma minúscula esfera soturna crescer
gradativamente no céu. Ao passo em que se aproximava e suas
dimensões cresciam, o horizonte tornou-se acobreado, púrpura,
até que por fim atirou sua vasta cortina negra sobre o horizonte
irregular. Agora homens choravam, perdiam a sanidade,
espalhavam suas doenças e parte do que podia ser considerado
humano foi se perdendo em disputas por território e alimento.
A sobrevivência sobrepujava os princípios até fazer com que o
homem voltasse a se portar como um animal. Os que desistiram
da fuga e acolheram a morte observavam atentos a chegada do
grande meteoro. Os olhos marejados, as mãos tremulas e o
consciente se perguntando os motivos pelos quais haviam
desistido de ao menos tentar.
"Eu poderia ter colocado Suzan e as crianças na
caminhonete velha do papai e dirigir sem rumo." -dizia o
fazendeiro, as mãos entrelaçadas com sua mulher que chorava
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copiosamente em seu ombro. As crianças abraçavam as pernas
da mãe, tremendo freneticamente perante o medo do fim.
"Deveria ter estourado meu cartão, transado com quem
eu quisesse sem me preocupar com o estúpido do Steve." -
chorava a adolescente problemática, bebendo uma pequena
dose de conhaque de cinco em cinco minutos. Logo o horizonte
foi tomado por um intenso clarão. O som aumentava, e
aumentava, e o rádio chiava novamente:
"O meteoro irá colidir com a lua em menos de meia
hora. Isso poderia alterar o ponto de impacto, se tivermos
sorte... caros ouvintes."
E então a claridade cegou, o jato da explosão levou
casas ao chão, estraçalhando arranha-céus e derrubando
florestas inteiras. No céu, o grande ofensor despedaçava a lua
em duas partes, esfarinhando uma e arremessando a outra em
direção ao nada. Com a força do embate, uma intensa chuva de
pequenos meteoritos incidiu sobre a superfície já destruída da
terra. Crateras foram abertas sobre cidades, lagos
desapareceram e a sorte não havia chegado aos que
sobreviveram até aquele momento. Mesmo com a velocidade