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AGRICULTURA BIOLÓGICA
O Que é?
“É um sistema de produção que evita ou exclui a quase totalidade
de produtos químicos de síntese, como adubos, pesticidas,
reguladores de crescimento, e aditivos alimentares para animais.”
“A agricultura biológica produz alimentos e fibras de forma
ambiental, social e economicamente sã e sustentável. Reduz a
utilização de fatores externos, como é o caso dos pesticidas e
adubos. Na agricultura biológica não são utilizados (salvo raras
exceções) adubos minerais e pesticidas químicos de síntese.”
«A Agricultura Biológica é um sistema de produção holístico, que
promove e melhora a saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar
a biodiversidade, os ciclos biológicos e a atividade biológica do
solo. Privilegia o uso de boas práticas de gestão da exploração
agrícola, em lugar do recurso a fatores de produção externos,
tendo em conta que os sistemas de produção devem ser adaptados
às condições regionais. Isto é conseguido, sempre que possível,
através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em
detrimento da utilização de materiais sintéticos.»
A Agricultura Biológica é também conhecida como “agricultura
orgânica” (Brasil e países de língua inglesa), “agricultura
ecológica” (Espanha, Dinamarca) ou “agricultura natural” (Japão)
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CARACTERIZA-SE POR POSSUIR UMA BASE:
Ecológica:
Baseia-se no funcionamento do ecossistema agrário e recorre a
práticas – como rotações culturais, adubos verdes, consociações,
luta biológica contra pragas e doenças - que fomentam o seu
equilíbrio e biodiversidade;
Holística:
Baseia-se na interação dinâmica entre o solo, as plantas, os
animais e os humanos, considerados como uma cadeia
indissociável, em que cada elo afeta os restantes;
Sustentável
Visa:
- Manter e melhorar a fertilidade do solo a longo prazo,
preservando os recursos naturais do solo, água e ar e minimizar
todas as formas de poluição que possam resultar de práticas
agrícolas;
- Reciclar restos de origem vegetal ou animal de forma a devolver
nutrientes à terra, minimizando deste modo o uso de recursos não-
renováveis;
- Depender de recursos renováveis em sistemas agrícolas
organizados a nível local. Assim, exclui a quase totalidade dos
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produtos químicos de síntese como adubos, pesticidas,
reguladores de crescimento e aditivos alimentares para animais.
Socialmente Responsável:
A Agricultura Biológica une os agricultores e os consumidores na
responsabilidade de:
- Produzir alimentos e fibras de forma ambiental, social e
economicamente sã e sustentável;
- Preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais;
- Permitir aos agricultores uma melhor valorização das suas
produções e uma dignificação da sua profissão, bem como a
possibilidade de permanecerem nas suas comunidades;
- Garantir aos consumidores a possibilidade de escolherem
consumir alimentos de produção biológica, sem resíduos de
pesticidas de síntese e, consequentemente, melhores para a saúde
humana e para o ambiente.
SEGURANÇA ALIMENTAR
A Agricultura Biológica não recorre ao uso de pesticidas e
fertilizantes de síntese, promotores de crescimento, como
antibióticos e hormonas, aditivos e conservantes de síntese,
irradiação e organismos geneticamente modificados. Assim, o
aumento da área de agricultura Biológica não só contribui para
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reduzir a degradação e poluição ambiental, como contribui para a
saúde pública, na medida em que os produtos de AB:
- Não contêm resíduos de pesticidas;
- Contêm teores de nitratos mais baixos;
- Garantem ao consumidor o direito à escolha, na medida em que
não são irradiados nem são ou contêm organismos geneticamente
modificados;
- Garantem ao consumidor, no caso dos produtos animais, que
estes são produzidos respeitando princípios éticos, necessidades e
etologia da espécie, em regime extensivo ou semi-extensivo;
- São alimentados de acordo com a sua natureza, com produtos
sãos, de preferência provenientes da própria exploração e
produzidos em AB (logo, os riscos de BSE são nulos);
- Não recebem tratamentos de rotina com antibióticos
(minimizam os problemas de resistência);
Para Quê?
1) Produzir alimentos de alta qualidade em suficiente quantidade;
2) Atuar de forma construtiva e equilibrada com os sistemas e
ciclos naturais;
5
3) Promover e desenvolver ciclos biológicos dentro do sistema de
produção, envolvendo microorganismos, flora e fauna do solo, as
plantas e os animais;
4) Manter e aumentar a fertilidade do solo a longo prazo;
5) Promover o correto uso da água e a gestão racional dos
recursos hídricos e da vida nele existente;
6) Contribuir para a conservação do solo e da água;
7) Trabalhar, na medida do possível, num ciclo fechado no que
respeita à matéria orgânica (resíduos das culturas, estrumes, etc.)
e elementos nutritivos minerais;
8) Dar todas as condições de vida aos animais que lhes
permitiram atingir os aspetos básicos do seu bem-estar;
9) Minimizar todas as formas de poluição que possam resultar de
práticas agrícolas;
10) Manter a biodiversidade (ou diversidade genética de espécies
vegetais, animais e de microorganismos) dos sistemas agrícolas e
do meio envolvente, incluindo a protecção dos habitats, de
animais e de plantas selvagens;
11) Permitir às pessoas envolvidas na produção biológica uma
qualidade de vida conforme a Carta dos Direitos Humanos das
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Nações Unidas, de maneira a cobrir as suas necessidades básicas e
obter um adequado rendimento e satisfação no trabalho realizado;
12) Encorajar os organismos de agricultura biológica
(associações, etc.) a funcionar em moldes democráticos e com o
princípio de divisão de poderes;
13) Evoluir no sentido de uma cadeia de produção inteiramente
"biológica", que seja ao mesmo tempo socialmente justa e
ecologicamente responsável;
14) Produzir alimentos de elevada qualidade nutritiva, sem
resíduos de produtos químicos tóxicos;
15) Permitir aos agricultores uma melhor valorização das suas
produções e uma dignificação da sua profissão;
16) Praticar métodos de pecuária que tenham em conta as
necessidades fisiológicas dos animais e princípios éticos;
17) Existem atualmente técnicas que permitem conseguir em
agricultura biológica boas produções tanto em quantidade como
em qualidade;
Mal entendidos da Agricultura Biológica:
1) Como todos os materiais vivos ou mortos, são constituídos por
compostos químicos, a agricultura biológica também usa
químicos. Mas apenas aqueles que existem na natureza (salvo
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raras exceções) e não os que o homem inventou e sintetizou em
laboratório.
2) Não são só os pesticidas que afetam o meio ambiente e a
qualidade dos alimentos;
3) A agricultura biológica, não é uma agricultura do passado,
anterior à 2ª guerra mundial;
PORQUÊ?
“A agricultura convencional tem sido cada vez mais criticada. A
saúde é um dos bens mais preciosos para o ser humano e depende
grandemente da qualidade da alimentação e do meio ambiente, ou
seja, está relacionada com os resultados produtivos da agricultura
clássica. Contudo, esta aplica adubos químicos e pesticidas de
síntese além de implicar um elevado consumo de energia. Logo,
está a contribuir para um crescente deterioramento da saúde e da
natureza.”
- Razões ambientais, com a perda de espécies e habitats
selvagens, poluição e o uso de recursos não renováveis e
escassos;
- Razões de saúde devido aos resíduos de pesticidas e outros
produtos tóxicos nos alimentos;
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Os alimentos produzidos desta maneira têm várias vantagens:
- baixo teor de nitratos
- um maior teor de vitamina C (anti-cancerígena) e maior
percentagem de matéria seca (menos água, mais sabor).
PERSPECTIVA HISTÓRICA
1924 – Rudolf Steiner (Austríaco), iniciou a agricultura
biodinâmica;
1943 – Albert Howard, publica o livro “Testamento agrícola”,
após estudos realizados em Inglaterra e Índia;
1948 – Mokiti Okada (Japão), publica o primeiro artigo,
relacionando a harmonia do ecossistema com o ser humano;
1976 – Luís Vilar, agricultor, foi dos primeiros a divulgar a
agricultura biológica através de artigos no jornal “O Século”.
1985 – É fundada a AGROBIO, que até ao momento é a única
associação de âmbito nacional;
1993 – Tratado de Maastrich com os seguintes objectivos:
- a preservação, a proteção e a melhoria da qualidade do
ambiente;
- a proteção da saúde das pessoas;
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- a utilização prudente e racional dos recursos naturais;
- a promoção, no plano internacional, de medidas destinadas a
enfrentar os problemas regionais ou mundiais do ambiente;
1995 - Surgem associações de agricultores de âmbito regional:
“ARABBI” e “SALVA”;
PRODUÇÃO BIOLÓGICA
- Alemanha- 8.000 agricultores biológicos;
- Alguns estados atingiram os 10%, sendo 2% do total;
- Suíça- 7% da agricultura total,
- Algumas zonas, como Graubünden, a maior região do país,
atinge os 30%;
- A Áustria tem mais de 20.000 agricultores biológicos, cerca de
10% do total;
- A Suécia e a Finlândia ultrapassaram as percentagens da Suíça e
aproximam-se agora da Áustria. E as últimas cifras vindas de
Itália indicam 18.000 agricultores biológicos em fase de
conversão;
- A Espanha passou de 4.235 ha em 1991 para 152.100 em 1997.
Em apenas 7 anos, a superfície dedicada às culturas biológicas
aumentou 35 vezes;
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- No México, 10.000 camponeses produzem café biológico para
exportação, assim como outros produtos biológicos para consumo
local;
- Em Cuba o governo viu-se obrigado a optar por uma agricultura
de auto-suficiência. Iniciou-se na prática da Agricultura
Biológica, tendo este país, atualmente, quase 2 milhões de
hectares em produção biológica, tanto como o conjunto dos países
europeus;
- Na Dinamarca, a Agricultura Biológica pode atingir os 100% no
ano 2010;
Como iniciar a actividade:
- Consultar as normas de produção;
- Notificar início de atividade junto da DGDRural;
- Já tenha frequentado ou se comprometa a frequentar no
prazo de um ano um curso de formação específica em
agricultura biológica;
Avenida Defensores de Chaves, nº6 – 1049-063 Lisboa
Tel.: 21 318 43 00 - Fax: 21 353 58 72
http://www.dgdrural.pt/ E-mail: [email protected]
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- Submeter a sua exploração ao regime de controlo efetuado
por uma entidade de controlo e certificação reconhecida
para o efeito:
o SATIVA – LISBOA
o CERTIPLANET – PENICHE
o ECOCERT – PENICHE
o AGRICERT – ELVAS
o CERTIALENTEJO – ÉVORA
o TRADIÇÃO E QUALIDADE - MIRANDELA
- Aderir a uma associação de agricultura biológica;
- AGROBIO, ARABBI, SALVA, BIO-ANA;
RESUMO DE PROCEDIMENTOS BÁSICOS
Operadores (produtores, transformadores e importadores)
devem:
Informar-se sobre as normas de produção biológica;
Efetuar um contrato com um organismo privado de controlo
e certificação;
Notificar a sua atividade à DGDRural;
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O organismo privado de controlo e certificação deve:
Efetuar as ações de controlo e assegurar-se que são
cumpridas as normas em vigor;
Atribuir licenças aos operadores e atestados aos produtos;
Garantir a confidencialidade relativa às informações obtidas
no decurso da sua atividade de controlo;
Ter patente ao público a lista de operadores sujeitos ao
regime de controlo;
A comissão de certificação deve:
Conduzir e vigiar o processo de certificação;
Aplicar, acompanhar e alterar se necessário, as regras de
atribuição e de renovação das licenças e dos certificados, as
acções de controlo e as sanções;
Analisar e decidir sobre os recursos apresentados pelos
operadores;
Acompanhar o manual de procedimentos e os formulários de
controlo e certificação de acordo com a NP 45011;
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O organismo oficial competente deve:
Informar das normas oficiais em vigor;
Receber as notificações de atividade dos operadores;
Acompanhar a atividade do organismo de certificação.
FERTILIDADE DO SOLO E FERTILIZAÇÃO
A base para a produção agrícola biológica é o solo, a sua
fertilidade, o ecossistema e a sua biodiversidade;
Fertilidade do solo:
- Do ponto de vista do agricultor, a fertilidade do solo é a sua
aptidão para produzir e mede-se pela abundância das colheitas
que ele produz ao aplicar as técnicas agrícolas que melhor
convém (ao solo). Mas para além da quantidade de produção, é
preciso acrescentar duas condições:
- qualidade: além de abundantes as produções têm de ser
boas;
- sustentabilidade: a fertilidade do solo deve manter-se e
melhorar a longo prazo e não levar ao esgotamento de
recursos não renováveis;
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Fertilização:
Conjunto de técnicas que contribuem para a fertilidade do solo e
nutrição da planta. Não é apenas a aplicação de fertilizantes. A
sementeira de culturas melhoradas para adubação verde, as
rotações, as consociações, a cobertura do solo ou palhagem, são
exemplos de técnicas de fertilização.
A fertilização em agricultura biológica deve respeitar 3
objectivos:
Melhorar a fertilidade do solo;
Economizar recursos não renováveis;
Não introduzir elementos contaminantes no ambiente;
Destes decorrem 5 princípios:
Evitar as perdas de elementos solúveis na água;
Utilizar as leguminosas como fonte de azoto;
Não utilizar produtos obtidos por via química;
Ter em conta os animais e os vegetais que vivem no solo;
Lutar contra a erosão pela conservação do solo, que é um
recurso não renovável a curto prazo;
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Instalação da cultura
- Antes de pensar na aplicação de fertilizantes, é necessário
conhecer o solo que temos;
- Análise de terra;
- Escolha da planta (espécie e porta-enxerto) de modo a
adaptar-se o melhor possível ao solo que temos e não
utilizar qualquer uma sem ter em conta as qualidades e
defeitos do solo;
- Muito importante em vinhas, pomares e olival, pois vão
ficar no solo durante muitos anos;
Acidez e alcalinidade do solo
pH- tem grande influência no solo e na planta:
- Torna os nutrientes, mais ou menos solúveis para as plantas;
- Favorece o crescimento de algumas espécies de plantas em
relação a outras que não se adaptem aos mesmos valores de
pH;
PH Classificação Efeito esperado
<4,5 Extremamente ácido Condições muito desfavoráveis
5,1-5,5 Muito fortemente ácido Possível toxicidade por aluminio (Al3+
)
5,6-6,0 Medianamente ácido Excesso de: Co, Cu, Fe, Mn, Zn.
Deficiência de: Ca, K, N, Mg, Mo, P, S.
Solos sem CaCo3
Actividade bacteriana escassa.
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6,1-6,5 Ligeiramente ácido Máxima disponibilidade de nutrientes
6,6-7,3 Neutro Mínimos efeitos fitotóxicos
7,4-7,8 Ligeiramente alcalino Solos com geralmente CaCo3
7,9-8,4 Medianamente alcalino Diminui a disponibilidade de P e B;
Deficiência crescente: Co, Cu, Fe, Mn, Zn
Clorose férrica
8,5-9,0 Fortemente alcalino Maiores problemas de clorose férrica; podem
dever-se ao MgCo3
9,1-10 Muito fortemente alcalino Presença de CaCo3
<10 Extremamente alcalino Toxicidade de Na, B.
Actividade microbiana escassa.
Micronutrientes pouco disponíveis
Fonte: Agrobio, 1997
A PLANTA O PORTA-ENXERTO E O SOLO
Vinha
- Ter em conta principalmente o teor de calcário ativo do
solo;
- Escolher um porta-enxerto resistente ao calcário;
Resistência dos PE ao calcário
Porta-enxerto Calcário activo (%)
Vialla 4
Riparia-Gloria, 196-17C 6
3309, 101-104, 6736R 9-11
Rupestris du Lot 14
99R, 110R, SO4, 1103P, 5BB,
420A, 420M
17-20
161-49 25
41B, 333EM 40
Fercal >40
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A vinha não deve ser instalada em terrenos húmidos, pois
poucos PE toleram bem a humidade;
- Riparia Gloria, 1616C, 216-3, 333M;
Alguns não suportam a humidade persistente, mas toleram-na
no Inverno:
- 99R, 110R;
Pomares
Resistência do PE ao encharcamento;
PE de Prunóideas PE de Pomóideas
Marmeleiro
Ameixieira mariana (P8/1) e
selecções americanas 26.24
Ameixieira mirobolana, ameixieira
comum
MM 106, M7
Mirobolana B, Damas Bromptom,
S.Julião (semente) e clone 665-2
Macieira franco
Gingeira (Prunus cerasus) MM 104, MM 109, MM 111, M2,
M9
Cerejeira de semente (Prunus
avium)
Pessegueiro X amendoeira GF 677
Damasqueiro (semente)
Pessegueiro franco (GF-305)
Amendoeira franco, Prunus
Mahaleb
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Tolerância dos PE de Macieira à humidade do solo, à secura e ao frio
Porta-Enxerto Encharcamento Secura Frio
Franco Bom Muito bom Bom
MM111 Bom Excelente Muito bom
MM106 Médio Muito bom Muito bom
M7 Bom Muito bom Bom
M9 Médio Bom Muito bom
M26 Bom Bom Excelente
Rotações e Consociações de culturas
Rotação
Sequência de culturas no mesmo terreno ao longo dos anos;
Esta é importante principalmente por razões de fertilização e
sanidade das culturas;
Nas culturas arvenses, a rotação é importante com vista a
aumentar a fixação biológica do azoto e a matéria orgânica do
solo;
A rotação obriga à divisão do terreno em folhas de cultura em
n.º igual ao dos anos de rotação;
Vantagens
- Aumento da fertilidade do solo e melhoria da fertilização
das culturas;
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- Eliminação e/ou diminuição do risco de pragas, doenças e
ervas infestantes;
Inconvenientes
- Maior exigência em máquinas e em planeamento das
operações culturais e da própria rotação;
Capacidade de extracção dos nutrientes
Muito
exigente
Exigente Pouco
exigente
Melhorada
(Leguminosas)
>120Kg/ha
(N)
75-120Kg/ha
(N)
<75Kg/ha
(N)
Agrião Alface Aipo-rábano Ervilha
Aipo-branco Alho-françês Arroz Ervilhaca
Alho Cebola Aveia Fava
Batata Cebolinho Melão Feijão
Beterraba Cenoura Grão de bico
Couve-repolho Centeio Luzerna
Couve-flor Cevada Trevos
Milho Chicória Outras
leguminosas
Morango Espinafre
Tabaco Nabo
Tomate Pepino
Pimento
trigo
- Ter atenção às doenças e pragas que podem ficar no solo
transmitindo-se às culturas seguintes;
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- Este é um dos critérios que permite colocar na ordem certa
as culturas;
- Em geral quanto mais longa e diversificada a rotação
melhor;
Consociações
São sistemas de policultura em que duas ou mais espécies de
plantas, estão suficientemente próximas para que haja uma
competição ou complementação entre elas;
Vantagens
- Menos ervas infestantes devido ao ensombramento;
- Melhor utilização dos nutrientes do solo com possibilidade
de maior produtividade;
- Melhor combate às pragas (insetos e ácaros);
Consociações favoráveis e desfavoráveis
Tradicionalmente combinam gramíneas com leguminosas:
- Aveia + ervilhaca para forragem;
- Trigo + trevo branco;
- Milho + feijão;
- Milho + batata;
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- Milho + abóbora;
Consociações e protecção das culturas
Estas consociações têm sido testadas nos EUA, onde a maior
parte delas não foram experimentadas em Portugal;
Consociação Prática efeito
Batata + linho 1-2 plantas por fila
de batata
Repelem o escaravelho
da batata
Cenoura + alho-françês
Cenoura + cebola
Cenoura + ervilha
2 filas de cenoura e
1 de alhos, ou
cebolas, ou ervilhas
Repelem a mosca da
cenoura (Psila rosae)
Cenoura + alecrim Aromáticas na
bordadura
"
Couve–repolho + aipo Filas alternadas Repele a lagarta da
couve (Pieris brassicae)
Couve – repolho +
alecrim
Aromáticas em
bordadura
"
Macieira + cebolinho Protege do pedrado
Espargo + tomate Filas alternadas Repele o gorgulho do
espargo (Crioceris
asparagi)
Melão + cebola 1 cebola junto a
cada pé de melão
evita o fusário porque
favorece bactérias
antagonistas
Tomate + cravo-de-tunes
(Tagetes patula)
Repelem a mosca
branca das estufas
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COBERTURA DO SOLO
A cobertura do solo com materiais não vivos, é feita com
materiais de origem vegetal (palha, ervas secas, casca de árvore,
engaço de uva, etc.) ou sintética (plásticos);
Palha de cereal, casca de pinho (pobres em N);
- Neste caso aplicar primeiramente material já decomposto e
por cima a cobertura (“fome de azoto”);
Corte de relva com trevos, arbustos e ramos de árvores com
folhas triturados (ricos em N);
Vantagens:
- Combate às ervas infestantes;
- Diminuição da evaporação da água;
- Fornecimento de nutrientes à cultura;
- Manutenção do solo, evitando a erosão;
- Melhoria da estrutura e permeabilidade do solo;
- Maior facilidade de circulação de máquinas;
Inconvenientes:
- Aumento do risco de geada;
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- Exigência em mão-de-obra na colocação do mesmo;
Um ensaio na Suíça com casca de pinheiro em pomar de
macieiras (num espaço de 1,5m na linha):
1987- 25 cm de altura
1990- mais 10 cm
1996 (resultados):
- assegura à árvore uma maior regularidade no fornecimento
de azoto e água;
- reduz a lixiviação dos nitratos;
- evita a aplicação de herbicidas;
- estimula o crescimento da raiz próximo da superfície;
- permite uma melhor ocupação do solo e produções mais
elevadas;
ADUBOS VERDES
Adubos verdes ou siderações são plantas cultivadas com o
objetivo principal de fertilizar o solo e a cultura seguinte.
Vantagens:
- Proteção contra a erosão, provocada pela chuva e pelo
vento, principalmente em terrenos declivosos;
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- Melhoria da estrutura (ou agregação) do solo, facilitando o
crescimento de raízes, a permeabilidade, a absorção de
nutrientes;
- Retenção dos nutrientes no solo e aumento da parte
assimilável desses nutrientes (azoto, fósforo, potássio, etc.)
e a sua disponibilização para as culturas;
- Fixação do azoto atmosférico no caso das leguminosas,
ganhos estes que variam com a temperatura e com a planta;
Não adianta cultivar ervilhaca, fava ou ervilha no
verão, pois a fixação não funciona com as
temperaturas dessa época;
Aumento da atividade biológica no solo após a incorporação
do adubo verde;
A incorporação de adubo verde pode considerar-se como
uma desinfeção parcial devido ao desenvolvimento de
microorganismos decompositores e antagonistas de doenças;
Alguns adubos verdes (trigo mourisco, rábano forrageiro,
ervilha forrageira, etc.) podem abafar as ervas infestantes,
ou impedir o seu crescimento quando triturado e deixado
sobre o terreno;
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A Prática das Siderações
A escolha da espécie e variedade a utilizar como adubo verde
depende:
Características do solo;
Clima e época do ano;
Período em que o solo está disponível;
Tipo de culturas: anuais (hortícolas, cereais) ou perenes
(vinha, pomares);
Problemas fitossanitários existentes (evitar adubos da mesma
família da cultura seguinte);
Disponibilidade de água;
Disponibilidade da semente e o seu custo;
Necessidades nutritivas da cultura feita depois do adubo
verde;
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Leguminosas
São as mais utilizadas devido à fixação do azoto;
Principais espécies utilizadas:
a) Em hortícolas
Ervilhacas (Vicia sativa, V. benghalensis, V. villosa, V.
dasycarpa);
Favas (vicia faba), principalmente a fava miuda (Var.
Minor);
Ervilha forrageira (Pisum sativum ssp. arvense);
Bersim ou trevo-de-Alexandria (Trifolium alexandrinum);
Fenacho ou feno-grego (Trigonella foenum –graecem);
Feijão “tipo frade” (Vigna unguiculata);
b) Em pomares e vinhas
Ervilhaca (Vicia dasycarpai);
Trevo rosa (Trifolium hirtum);
Trevo encarnado (Trifolium incarnatum);
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Luzernas anuais (Medicago polymorpha, M. trunculata, M.
littotalis, M. scutellataI);
Trevo morango (Trifolium fragiferum);
Trevo branco (Trifolium repens);
Gramineas
Para além das leguminosas, plantas de outras espécies também
são utilizadas.
Centeio, cevada e aveia;
Azevém anual (Lolium multiflorum);
Sorgo (Sorghum bicolor);
Erva do sudão (Sorghum sudanense);
Trigo sarraceno ou trigo mourisco e facélia (planta da família
das hidrofiláceas) (Phacelia juss.):
De rápido crescimento que atrai as abelhas e outros
insetos auxiliares;
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Adubação verde em Portugal
As mais usadas:
Tremoço branco (Lupinus albus),
Tremocilha (Lupinus luteus);
Ervilhacas (Vicias spp.);
Chícaros (Lathyrus spp.);
Em geral semeadas estremes, ou mais raramente em consociação
com azevém anual ou aveia.
A instalação do adubo verde
a) Sementeira
Verificar a quantidade da semente necessária para semear;
Preparação da cama de sementeira;
Profundidade de sementeira: não enterrar muito as sementes em
especial as mais pequenas:
trevo branco (0,5 cm) – trevo violeta (1 a 2,5 cm);
ervilhaca, trigo mourisca, ervilha forrageira (2 a 4 cm);
fava miúda (6 a 8 cm);
época de sementeira (muito importante para o adubo verde):
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leguminosa de Outono/Inverno, como a fava ou o tremoço,
deve ser semeada às primeiras chuvas de Setembro/Outubro
(principalmente nos argilosos difíceis de trabalhar com muita
água);
b)Fertilização
Não é necessário um programa de fertilização especial. No caso
de carências importantes as fertilizações mais comuns são:
Leguminosas: fósforo (fosfato natural- 200 a 500 kg/ ha);
A inoculação das sementes com rizóbio é aconselhada
principalmente para trevos e luzerna e no caso de o terreno não ter
tido essas culturas à muitos anos;
Comprar o rizóbio e inocular a semente imediatamente antes
da sementeira é melhor do que comprar a semente inoculada;
não leguminosas: azoto através de chorume, estrume ou outro
resíduo orgânico (animal ou vegetal);
Devem-se escolher as espécies e variedades mais apropriadas
ao terreno de modo a diminuir as necessidades de fertilização;
Incorporação do adubo verde
O processo é o seguinte:
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- Corte com gadanheira de barra de corte (preferencialmente),
destroçador de facas, corta silagem ou outra alfaia de corte;
- Secagem sobre o terreno durante 2 a 3 dias;
- Enterramento a pouca profundidade (5-10 cm), com grade
de discos, escarificador ou charrua;
- A época de incorporação depende da cultura seguinte, no
entanto a mais indicada é entre o final da floração e a
frutificação;
- Ter atenção que se for enterrado mais cedo, os ganhos em
M.S. e azoto são muito menores;
- Em culturas perenes, o enterramento pode não se fazer,
ficando à superfície como cobertura morta; O solo fica mais
protegido contra a erosão e não se elimina os insectos
auxiliares;
O azoto do adubo verde
Na prática para se ter uma ideia mais precisa do azoto disponível,
na parte aérea do adubo verde pode proceder-se assim:
1) Cortar e pesar as plantas de 1m2;
2) Repetir o passo 1) em 5 locais diferentes e calcular o peso total;
3) Calcular o peso médio por 1m2 dividindo o peso total por 5;
31
4) Multiplicar esse peso pelo fator (quantidade aproximada de
azoto em Kg/ha);
Exemplo: Ervilhaca vulgar
1) Produção de 1m2 (média de 5 amostras)= 2,5 Kg;
2) Quantidade de azoto por ha: 2,5 x 65 = 162,5 Kg/ha;
Fator de multiplicação para o cálculo da quantidade de azoto
no adubo verde (parte aérea)/ha;
PLANTA FACTOR
Ervilhaca vulgar 65
Ervilhaca de cachos 80
Luzerna 80
Ervilha forrageira 65
Trevo encarnado 50
Tremoço de folha estreita 65
Tremoço branco 80
Centeio 35
Cevada 35
Azevém anual 30
Com a adubação verde o agricultor produz azoto em casa de
uma forma ecológica e económica, dispensando o azoto do
saco que é caro e poluente.
Adubação verde em vinhas e pomares
A aplicação de adubos verdes, na entrelinha é a única solução
para praticar um sistema próximo dos princípios de agricultura
biológica.
32
Vantagens:
- Protege o solo contra a erosão e a compactação;
- Facilita a passagem de máquinas em períodos húmidos;
- Melhora a fertilidade do solo (estrutura, M.O., nutrientes em
especial o azoto, no caso das leguminosas);
- Tem poucos custos embora dê um pouco mais de trabalho;
Adubo verde em cultura permanente (enrelvamento)
- É a ideal para a fertilidade e conservação do solo;
- Em clima mediterrâneo esta prática é limitada pela falta de
água normalmente a partir de abril;
- Em zonas de maior pluviosidade como o EDM, com boas
reservas de água de rega, pode manter-se uma cobertura
permanente sempre verde;
No nosso caso utilizam-se como leguminosas:
- Solo ácido – trevo branco;
- Solo pouco ácido a pouco alcalino - trevo violeta;
33
Gramíneas (normalmente em consociação com leguminosas):
- Solo pouco ácido a pouco alcalino –azevém perene, festuca
e panasco;
O adubo verde deve ser cortado e destroçado
juntamente com a lenha da poda no final de
Março/Abril;
Depois cortado mais duas a três vezes na
Primavera/Verão (ex. gadanheira ou corta forragens) de
modo a diminuir a concorrência em água e nutrientes
com a cultura principal;
Em zonas com menos água pode optar-se por leguminosas anuais
que facilmente se autorresemeiam;
Semeiam-se no Outono, crescem no Inverno, florescem na
Primavera e secam no princípio do verão;
Nestas espécies temos: trevos subterrâneos, luzernas anuais,
trevo balansa;
Trevos subterrâneos e balansa, são mais usados em solos
ácidos;
Luzerna anual, mais adaptada a solos mais alcalinos e
argilosos;
34
A sementeira deve ser feita cedo, às primeiras chuvas, de modo
a que o ciclo se complete antes de começar a competição pela
água;
No caso de faltar água na primavera pode ser necessário siderar
o trevo ou cortá-lo antes da formação da semente;
Se este já estiver instalado à mais de um ano, as sementes duras
de anos anteriores que se encontram no solo, germinarão no
outono; Se for o 1º ano teremos de semear de novo;
Adubação verde e protecção das culturas
O adubo verde pode contribuir para a protecção das culturas;
Adubação verde, poluição e conservação do solo
O azoto solúvel no solo na forma de nitrato (NH4+), é facilmente
arrastado ou pela água da chuva ou da rega;
Se o terreno estiver coberto de vegetação herbácea, o azoto é
absorvido pelas plantas, ficando “preso” nelas sem risco de ser
arrastado (o adubo verde quando cresce faz esse trabalho);
Ao mesmo tempo segura o terreno e evita a erosão;
As melhores plantas para esse trabalho são: gramíneas e
crucíferas, sendo as leguminosas são menos eficazes neste
aspecto;
35
Dados medidos durante 8 anos na florida, EUA:
Ocupação do terreno N lixiviado- terreno
com
permeabilidade
normal (Kg/ano/ha)
N lixiviado- terreno
pouco permeável
(Kg/ano/há)
Terra nua 68 49
Trevo da alexandria 36 20
Couve chinesa 9 5
Se a estas perdas aumentarmos as toneladas de terra que se
perdem por erosão, vemos que o adubo verde se bem utilizado
pode ajudar muito na conservação do solo e no aumento da
fertilidade.
COMPOSTAGEM
“É um processo de decomposição de matéria orgânica realizado
por microorganismos (fungos ou bolores e bactérias). O resultado
final deste processo é a produção de composto, um fertilizante
natural de grande qualidade para o uso agrícola”.
Este processo dá-se num ambiente húmido, quente e arejado,
geralmente em pilhas de secção triangular;
Vantagens
A temperatura alcançada (60-70ºC), origina:
Eliminação de sementes e outros órgãos de propagação de
infestantes;
36
Eliminação de organismos patogénicos;
Maior rapidez na transformação dos materiais em nutrientes;
Outras vantagens não relacionadas com a temperatura:
Possibilidade de juntar vários materiais com diferente valor
fertilizante (ex. estrume de vaca com palha na proporção 1:3,
permite fazer um bom composto);
Obtenção de um fertilizante facilmente utilizável pelas
plantas;
Activação da vida microbiana do solo;
Supressão de cheiros desagradáveis;
Acção positiva sobre a qualidade dos vegetais;
Maior resistência das plantas às pragas e doenças;
Desvantagens da utilização de estrume fresco e mal
armazenado:
Maiores perdas de azoto e potássio, quando é pouco
compactado e humedecido, ou se estiver à chuva;
Formação de produtos tóxicos para as raízes, que vão
acidificar o terreno;
Inibição ou morte de microorganismos;
37
Como fazer
Possuir um compostor (capacidade 200-300L);
No caso de pilhas (no máximo 3m de largura e 1,5m de
altura);
Na primeira semana virar de 2 em 2 dias;
Depois sempre que necessário;
Verificar a quantidade de humidade;
Conforme a matéria-prima, está pronto entre 2 a 6 meses;
É recomendado a aplicação do composto meio-convertido
como:
fertilizante de Novembro a Dezembro, sendo a profundidade
da camada de 2,5 a 5cm. O composto completamente
convertido deve ser aplicado no solo de Março a Maio com
uma camada de 1,25 a 2,5 cm;
Factores que influenciam o processo de compostagem:
Arejamento
Humidade
Temperatura
Proporcionalidade carbono/azoto
38
Granulometria
pH
Material aconselhado para uma boa compostagem
Compostor
Forqueta de arejamento
Termómetro (termo-Komposter)
39
FERTILIZANTES ORGÂNICOS E MINERAIS
Fertilizantes orgânicos
1) Correctivos orgânicos
Têm uma acção mais lenta sobre as plantas do que os adubos,
actuando mais no solo, na melhoria de propriedades físicas,
químicas e biológicas;
Estrutura, permeabilidade, retenção de água, reserva de
nutrientes, pH, etc.
Estrume é a mistura mais ou menos fermentada das camas e das
dejecções dos animais;
Chorumeé a mistura líquida de fezes e urina com alguns restos
das camas ou dos alimentos;
40
Os chorumes, apesar de classificados como correctivos
devido aos baixos teores de N, P e K, têm pouca acção
correctiva, pois têm pouca matéria orgânica;
Os estrumes e chorumes de pecuária sem terras não são
permitidos em agricultura biológica;
Os de pecuária intensiva mas ”com terra”, só são permitidos
após compostagem;
Composto
resíduos de culturasresíduos de culturas anuais e de perenes;
se devolvermos à terra as vides e as parras, restituímos mais
de metade dos nutrientes que a planta retira do solo;
a queima das vides faz perder não só a matéria orgânica, mas
também os nutrientes que não ficam nas cinzas (N, S);
Correctivos orgânicos e organominerais
Produto comercial origem Matérias primas
ABONOMAR* Espanha/Galiza Conchas de bivalves marinhos,
algas
AGRIMIX Portugal/Valongo Estrume de cavalo,
lombricomposto, calcário
ESTRUME DE OVINO França Estrume de ovelha
FEMVIGOR Espanha Lombricomposto
HAIFA
MULTIORGAN
Estrume de ovelha
41
HUMAIS Portugal/Valongo Lombricomposto (estrume de
porco)
HUMUSDÁ* Portugal/Ourém "
NATURVIGOR Espanha Estrume de vaca
NATURCOMPLET –G Espanha Leonardite (lenhite)
NEORGAN Israel Estrume de vaca
ORGAVEG-G França
RÉGÉNOR França
NORVIAGRO Portugal Bagaço de azeitona extracto
(94%), engaço de uva
VEGETHUMUS França Estrume de ovelha, bagaço de
café, pele e lã de ovelha
2) Adubos Orgânicos
Têm uma acção mais rápida sobre a planta;
A maioria é de origem animal (excrementos, resíduos dos
matadouros ou de industrias agro-alimentares);
Só os bagaços são de origem vegetal;
3) Fertilizantes orgânicos e organominerais líquidos
Podem ser usados em fertirrigação ou em adubação foliar;
Fertilizantes Minerais
São produtos de origem mineral;
42
Alguns têm uma acção lenta, actuando mais no solo, chamados
correctivos;
Outros têm uma acção mais rápida, actuando mais na nutrição da
planta do que na correcção do solo, chamados adubos;
1) Correctivos minerais
alcalinizantes e acidificantes;
PRODUTO ORIGEM M.P.
Calcário simples Rio Maior Calcário calcítico
Calcário
composto
Rio Maior Calcário calcítico e magnesiano
Corgran França/Bretanha Algas tipo “maerl”, fosfato
natural (75% CaCO3, 1%
MgCO3)
Dolomite Rio Maior Calcário magnesiano
Enxofre
granulado
Enxofre
Fertical Calcário simples
Socálcio Condeixa Calcário simples
43
Lithothame 400 França
2) Adubos minerais
Em agricultura biológica os adubos minerais com os
macronutrientes principais de origem não natural, não são
autorizados;
Em relação aos macronutrientes secundários, o Ca, Cl e S, é
permitida forma não natural (cloreto de cálcio e enxofre
elementar);
Produto origem M.P.
EURO 15 França e Tunísia Algas e fosfato natural
FERTIGAFSA 0-26, 5-0 Tunísia Fosfato natural
PATENTKALI Alemanha Sulfato de potássio
Composição química
Produto P
%
K
%
Ca
%
Mg
%
Na
%
S
%
B
ppm
Co
ppm
Mn
ppm
Zn
ppm
Mo
ppm
Cu
ppm
Fe
ppm
Euro15 15 - 45 2 - - - - - 450 250 250 -
Fertigafsa 26,5 - 48 0,8 1,2 3,2 - 20 27 3 - 19 0,4
Patentkali - 30 - 10 - 17 - - - - - - -
No caso de adubos minerais com micronutrientes, a sua aplicação
é pouco provável visto não haver necessidades;
44
Regra Geral e em conclusão
Medidas a tomar:
Conhecer o melhor possível o solo em que trabalhamos,
procedendo a observações e análises;
Adaptar na medida do possível a cultura ao solo antes de
procurar adaptar o solo à cultura;
Evitar a erosão e conservar o solo de modo a não diminuir o
volume que a raiz pode explorar;
Mobilizar em profundidade sem reviramento e sem destruir a
estrutura do solo, para aumentar o volume de terra a explorar
pela raiz;
Aplicar correctivos orgânicos de modo a manter ou aumentar
a M.O. do solo;
Aplicar se necessário correctivos minerais ao solo;
Estabelecer rotações e consociações de culturas;
Aplicar adubos orgânicos e/ou minerais;
PROTECÇÃO DAS PLANTAS
45
Meio de luta Método de combate contra os inimigos das
culturas;
Luta química Redução ou eventual eliminação de populações
de inimigos das culturas, através da utilização de substâncias
químicas naturais ou de síntese, designadas pesticidas;
Luta química cega Modalidade de luta química com utilização
indiscriminada dos pesticidas segundo esquemas de tratamentos
fixos e previamente definidos e, por vezes com doses excessivas.
É ainda a modalidade de protecção fitossanitária mais frequente
na agricultura portuguesa;
Luta química aconselhadaModalidade de luta química em que
a utilização dos pesticidas é condicionada pela intervenção de
sistemas de aviso que limitam o emprego destes ao período em
que seja mais provável a ocorrência de estados sensíveis ou
prejudiciais dos inimigos das culturas;
Luta Integrada O mesmo que protecção integrada;
Luta biológica Redução de populações de inimigos das
culturas, através da acção de organismos antagonistas naturais,
indígenas ou introduzidos, actuando como predadores,
parasitoides ou parasitas;
46
Auxiliares Organismo que “auxilia” o agricultor no combate às
pragas e doenças das culturas.
Pode ser mamífero (ouriço), ave (coruja), anfíbio (sapo), insecto
(joaninha), ácaro (fitoseídeo), ou até um micróbio (bactéria
Bacillus thuringiensis).
Podem estar presentes na cultura e combater a praga sem a
intervenção directa do agricultor (limitação natural), ou ser
largados na cultura (luta biológica).
Principais causas de pragas e doenças:
1)Novas cultivares
A extrema sensibilidade de algumas variedades cultivadas faz
com que não seja possível a sua utilização em agricultura
biológica no estado actual de conhecimentos.
É pois muito importante que o agricultor escolha com cuidado o
que vai plantar, principalmente tratando-se de culturas perenes.
Exemplos, segundo Agrobio(1997):
Macieiras muito sensíveis ao pedrado: Jersemymac,
Jonagold, Mcintosh, Mutsu, Rome Beauty;
Macieiras sensíveis ao pedrado: Gloster, Golden Delicious,
Granny Smith, Idared;
47
Oliveiras muito sensíveis à mosca: Conserva de elvas,
Cordovil deCastelo Branco, Galega, Maçanilha, Picual,
Redondil, Verdeal Transmontana;
Batateiras muito sensíveis ou bastante sensíveis ao míldio:
Aminca, Bintje, Cleopatra, Désirée, Kondor, Jaerla, Lady
Rosetta, Liseta, Minerva, Monalisa, Obelix, Resy, Sirtema
Spunta.
2)Cultura fora de época:
A forçagem em estufa com culturas fora da sua época normal de
crescimento diminui a sua resistência.
Exemplos:
Tomate no Outono e Inverno: mais sensível ao míldio e
podridão cinzenta;
3)Resistência aos pesticidas
A resistência das pragas e doenças aos pesticidas tem vindo a
aumentar de ano para ano, tornando muitos produtos ineficazes,
mesmo os mais tóxicos.
Muitas vezes a praga além de não ser combatida ainda é
favorecida, seja pela influência directa do pesticida, seja pela
destruição dos auxiliares que, caso não fossem mortos pelo
tratamento, ajudariam a combater a praga.
48
4) Destruição e afastamento dos auxiliares
A maioria dos pesticidas utilizados em agricultura
“convencional”, são tóxicos para os auxiliares, em particular os
insecticidas e acaricidas.
5) fertilização em excesso
Adubação a mais, em especial azoto, torna a planta mais
vulnerável aos ataques de pragas (piolhos, cochonilhas e moscas
brancas) e doenças.
Exemplo:
Macieira – pedrado (Venturia inaequalis), ataca a macieira
tanto mais quanto maior é o teor em azoto e menor o de
potássio nas folhas;
6) sementes, plantas, ou material de enxertia doentes
49
Algumas doenças e pragas propagam-se por semente, plantas de
viveiro, ou outro material de propagação vegetal, como os
enxertos.
Exemplos:
1) Transmissíveis por semente ou tubérculo:
batata: míldio, sarna prateada, fusariose ou podridão seca, doença
do pus ou mal murcho, viroses;
2) Doenças transmissíveis por enxertia:
videira: escoriose.
7) Outras práticas culturais incorrectas
Para além da fertilização desequilibrada e da utilização de
material de propagação doente, outras práticas culturais podem
fazer aumentar a incidência de pragas e doenças.
Exemplos:
Destruição de sebes, muros de pedra, construções antigas e
outras zonas de abrigo dos auxiliares (diminuição da
população de auxiliares),
Eliminação completa das ervas infestantes, mesmo daquelas
que são fonte de alimento para os insectos úteis e outros
auxiliares (caso das plantas melíferas como os trevos);
50
Ervas que em pomares ou vinhas devem ser deixadas a
crescer no meio da cultura no período de Outono/Inverno,
ajudando também a segurar o terreno (diminuição dos
auxiliares);
Restos de culturas doentes não retiradas do terreno ou da
proximidade da cultura (contaminação da cultura seguinte ou
até da própria);
Restos de podas enterradas sem trituração prévia
(contaminação da terra e da cultura);
Estrumes enterrados frescos sem compostagem prévia
(contaminação do terreno, com sementes de ervas
infestantes, pragas e doenças);
Estufas muito fechadas de dia e á noite, causando falta de
arejamento (mais doenças causadas por fungos,
principalmente Botrytis);
Compasso de plantação ou sementeira muito apertado,
provoca pouco arejamento (mais doenças, principalmente as
que mais gostam de humidade, que são quase todas);
Poda insuficiente em Oliveiras e Laranjeiras, com pouco
arejamento (mais cochonilhas e fumagina ou ferrugem);
51
Rega por aspersão em batata em período de risco e com
variedades sensíveis (maior ricos de míldio);
8)Entrada no pais ou na região de novos inimigos das culturas
Têm entrado em Portugal várias doenças e pragas, algumas com
graves prejuízos causados as quais nem sempre existem auxiliares
que as combatam com eficácia.
Exemplos:
Escaravelho da batata;
Mosca mineira do tomate;
Lagarta mineira dos citrinos;
ORGANISMOS AUXILIARES
A fauna útil na agricultura é muito numerosa e diversificada.
A limitação natural é o método mais prático, económico e
ecológico de proteger as culturas contra os seus inimigos.
Para fomentar a limitação natural recomenda-se as seguintes
práticas:
52
Proceder a uma fertilização equilibrada, evitando excessos
(principalmente de azoto, mesmo de origem orgânica-
estrume de galinha, farinhas de sangue ou de carne, etc.);
Permitir a existência de focos naturais de auxiliares, através
de vegetação espontânea ou semeada (em cobertura
permanente ou temporária para adubação verde) na cultura
ou na proximidade;
Instalar sebes à volta da parcela com espécies favoráveis aos
auxiliares;
Tratar o menos possível e com pesticidas que não afectem os
auxiliares;
TIPOS DE AUXILIARES
1)Vertebrados - Aves
Chapim real (Parus major) e Chapim azul (Parus caeruleus)
São também conhecidas como patachim, chincharrabelho, fura-
bugalhos, megengra;
Frequentam especialmente pomares de
macieira, pereira ou cerejeira e também
vinhedos, bem como quintais e pequenas
53
hortas;
Actividade auxiliar:
Alimentam-se de lagartas;
Consomem diversos insectos lepidópteros, como o bichado da
maça e pêra, bichado da ameixieira, bichado da amêndoa e as
lagartas mineiras das folhas;
Alimentam-se dos insectos homópteros, como o pulgão
lanígero;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Manutenção (sempre que tecnicamente possível) de árvores
com cavidades;
Manutenção de muros de pedra solta;
Instalação de “ninhos artificiais”;
Pisco de peito ruivo
(Erithacus rubecula)
Também conhecido por
pisco e frifolha;
Nidifica em cavidades de
muros ou de barreiras;
54
Frequenta hortas e jardins; pomares de macieiras, pereiras e
de citrinos e latadas de videira;
Actividade auxiliar:
Alimentam-se de insectos;
Consome formigas, contribuindo para a não disseminação de
alguns afídeos (piolhos das pomoideas, citrinos e diversas
plantas hortícolas);
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Manutenção ou construção dos tradicionais muros de pedra
solta;
Redução do cimento na construção de muros;
Presença de arbustos nas bordaduras dos terrenos agrícolas,
tais como o sabugueiro e o azevinho;
Estas plantas proporcionam locais de refúgio, descanso e
dormida ao pisco;
Mocho galego (Athene noctua)
Encontra-se em olivais ou em pomares de macieira ao fim da
tarde, altura em que inicia a sua actividade predadora;
55
Nidifica em cavidades de árvores ou muros de pedra;
Actividade auxiliar:
Alimentam-se de insectos de
diversas ordens,
nomeadamente gafanhotos;
Alimentam-se de pequenos
mamíferos, tais como ratos;
Caracóis também se incluem
na dieta desta ave;
Medidas que contribuem para a
sua presença nos ecossistemas:
Preservação de velhas
árvores;
Manutenção de muros com
cavidades;
Condução das árvores
fruteiras em forma livre;
Elaboração e distribuição de brochuras sobre a importância
desta ave auxiliar;
56
Coruja das torres
(Tyto alba)
Nidifica em
celeiros,
casebres, torres
de igreja, bem
como em
cavidades de
árvores;
Prefere zonas agrícolas abertas, tais como arrozais, restolhos
de milho, restolhos de “forragem”, restolho de girassol,
pastagens permanentes, campos de cereais, etc.;
Actividade auxiliar:
A sua dieta varia ao longo do ano, de acordo com a
disponibilidade alimentar;
Os roedores assumem maior importância na alimentação
desta ave;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
57
Edição de brochuras sobre a importância desta ave e
esclarecendo
“mitos” sobre
este animal;
Poupa (Upupa
epops)
Frequenta uma
grande diversidade
de habitats,
parecendo contudo,
preferir zonas de pomares, pousios e pasto próximas de bosque;
Actividade auxiliar:
Alimenta-se habitualmente no solo, caminhando lentamente;
Tem uma dieta quase inteiramente animal, consumindo
invertebrados de vários grupos;
Inclui insectos (que consome especialmente na sua forma
larvar), ralos, grilos gafanhotos, entre outros;
Alimenta-se igualmente de moluscos;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Manutenção de muros de pedra solta;
58
Instalação
de ninhos
artificiais;
Andorinha
(Hirundo
rustica)
Prefere o campo aberto, como campos de milho, searas de trigo
ou centeio, embora também frequente o espaço aéreo de pomares
de macieira, vinhedos e até pequenos quintais e hortas;
Actividade auxiliar:
Alimenta-se de insectos que encontra em voo;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Disponibilização de locais para a nidificação;
Melro (Turdus merula)
Nidifica em ramos de árvores como a laranjeira, limoeiro, a
tangerineira, a macieira e até em plantas de chá;
Frequenta jardins, quintais, hortas e até estufas; pomares de
pomoideas e citrinos;
59
Actividade auxiliar:
Habitualmente encontra o seu alimento no solo, entre as
ervas, na terra recém arada, nas estrumeiras;
Frequentemente levanta as folhas mortas e restos vegetais à
procura de invertebrados;
Consome diversos insectos, tais como saltões, gafanhotos,
percevejos, cicadelas, cochonilhas;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Existência de sebes de vegetação espontânea (muita dela
autóctone) nas bordaduras dos terrenos agrícolas é de todo
interessante;
60
2) Vertebrados - Mamíferos
Ouriço cacheiro (Erinaceus europaeus)
Frequenta bosques, terrenos com sebes, as proximidades de
aldeias, hortas e jardins; pode ainda ser observado em
celeiros e até em adegas;
Actividade auxiliar:
É um animal
activo de
noite,
consumindo
grande
variedade de
insectos;
Alimenta-se de
gafanhotos, moluscos, ratos e outros pequenos mamíferos;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Disponibilização de abrigos, onde passam o dia;
Sebes e moitas;
61
Toupeira – comum (Talpa occidentalis)
Frequenta terrenos de cultivo, como campos de milho, de
batata, hortas (cebola, couve, etc.), prados e pomares;
Actividade auxiliar:
Caça três vezes ao dia (manhã, pelo meio dia e ao fim da
tarde);
A sua alimentação é
exclusivamente animal, caçando
inúmeros invertebrados, entre eles
diversos insectos do solo;
Muitos desses insectos são
perniciosos a diversas culturas
agrícolas, como as culturas do milho, da beterrada e diversas
hortícolas;
Medidas que contribuem para a sua presença (quando pretendida)
nos ecossistemas:
Tem uma importância na limitação natural de alguns insectos
do solo;
Para afastar as toupeiras usar; Trovisco (Daphne gnidium) e
alfadega (Ocimin basilicum);
62
Morcego (Família Chiroptera)
Voam durante a noite. No período de hibernação e de dia,
abrigam-se em árvores ocas, grutas, minas, pontes sebes
altas, em caves de casas, rochas, igrejas, capelas.
Actividade auxiliar:
Capturam insectos durante a noite em pleno voo. Alguns
desses
insectos são
prejudiciais
ao homem e
às culturas
agrícolas.
A sua
actividade é
de grande
importância, pois complementam o “trabalho” das aves;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Os abrigos dos morcegos não deverão ser frequentados, não
deverá haver perturbação desses abrigos, especialmente
durante o Inverno e na época de reprodução (de fins de
Março a princípios de Agosto);
63
Construção de casas para os morcegos;
Alteração da imagem negativa que as populações têm destes
preciosos auxiliares, baseada em mitos e superstições;
3) Vertebrados – Répteis e Anfíbios
Cobra de escada (Elaphe scalaris)
Também chamada riscadinha ou cobra-riscada;
Vive sobretudo em locais bem expostos com alguma
vegetação arbustiva, onde se refugia em rochas, entre pedras,
no matagal;
Actividade auxiliar:
É fundamentalmente diurna, contudo nos dias mais quentes,
está também activa de noite;
Alimentam-se de micromamíferos, e os mais jovens também
de insectos;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Existência de muros de pedra, ou montes de rochas;
64
Existên
cia nas
imediaç
ões de
matagai
s e
“bosqu
etes”;
Desmis
tificação da sua nocividade para o homem;
Licranço (Anguis fragilis)
Também designada de cobra de vidro ou fura-mato;
Parece uma cobra por não ter pernas, mas distingue-se
porque as escamas ventrais são, contrariamente às das
cobras, pequenas como as dorsais;
Encontra-se em
geral em regiões
relativamente
húmidas, prados,
terrenos de cultivo
(como é o caso de
vinhas);
65
Actividade auxiliar:
Tem hábitos subterrâneos, na sua dieta incluem-se moluscos;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Desmistificação da sua nocividade para o homem;
Lagarto de água (Lacerda schreiberi)
Caracteriza-se pelos
seus hábitos semi-
aquáticos, não
hesita em mergulhar
quando ameaçado;
Vive em zonas
relativamente
húmidas (é o caso
de lameiros de
altitude), junto a cursos de água e margens rochosas;
Actividade auxiliar:
Na sua dieta incluem-se insectos;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Desmistificação da sua nocividade;
Manutenção de muros;
66
Sapo (Bufo bufo)
Este anfíbio de hábitos terrestres, frequenta hortas e jardins.
De dia refugia-se junto a muros de pedra, entre a vegetação;
Actividade auxiliar:
Activo à noite, alimenta-se de insectos de várias ordens;
Medidas que contribuem para a sua presença nos ecossistemas:
Existência de vegetação herbácea e arbustiva, bem como
muros de pedra que servem de locais de refugio durante o
dia;
Existência de pequenos charcos, o sapo é um anfíbio, passa
os primeiros tempos da sua existência em água;
67
4) Invertebrados – Insectos, ácaros e aranhas
Carabídeos
São
também
conhecidos
por
carochas;
São
predadores
de
caracóis,
lesmas, alfinetes, escaravelho da batata, pequenas lagartas,
pulgões, gorgulho, larvas de mosca, álticas, moscas brancas,
psilas;
Joaninhas
A de 7 pintas é a mais
conhecida;
É por muitos julgada como
a causa mãe dos piolhos
das plantas (afídeos). Ela
anda onde andam os
68
piolhos mas porque se alimenta deles;
Podem comer por dia até 60 piolhos;
Alimentam-se também de ácaros;
Crisopa (ordem Neuroptera)
As adultas são fáceis de observar, principalmente nas noites
de verão, junto à luz;
Possuem um
aspecto
característic
o, cor verde
e as asas
transparentes
com muitas
nervuras e
bem maiores que o corpo;
O adulto não é geralmente predador, a larva sim. Consome
principalmente piolhos e ácaros, mas também psilas, moscas
brancas, cochonilhas, ovos de diversos insectos e jovens
lagartas;
Uma larva durante o seu desenvolvimento (15 a 20 dias),
pode consumir até 500 piolhos;
69
Louva-a-Deus
(Mantis religiosa)
É um
predador
polífago,
comendo
qualquer
insecto que
consiga
apanhar, seja
praga seja auxiliar;
Até se chegam a comer uns aos outros se não encontram mais
nada para comer;
Vespa (Vespa vulgaris)
Combatem lagartas, moscas,
escaravelhos e outros insectos;
Podem no entanto causar
prejuízos porque também
comem frutos sumarentos e
também pela sua picada em
70
pessoas alérgicas;
Tendo cuidado é possível cultivar com elas;
Aranhas
5) Parasitoides
Himenópteros (vespinhas)
Têm um tamanho muito reduzido (1 mm), alguns só
observáveis à lupa;
Põem um ovo dentro de cada piolho e do ovo nasce uma
larva que se vai alimentando do piolho, provocando a sua
morte;
Dípteros (moscas)
Algumas moscas são auxiliares;
Parasitam lagartas de borboleta (ex.piral), larvas de
coleópteros (escaravelho da batata) e percevejos das plantas.
6) Microorganismos auxiliares
O mais conhecido é o Bacillus thuringiensis;
É uma bactéria que provoca doenças em insectos, alguns deles
pragas importantes das culturas;
71
Foi descoberto por Berliner em 1915, na região de thuringia
(próximo de Berlim);
Utilização:
S.A.- Bacillus thuringiensis e sua toxina;
Classificação: insecticida biológico (biopesticida);
Eficácia prática:
Boa – lagartas de borboleta como as da couve, do tomate, da
vinha (traça da uva), do pinheiro (processionária), do sobreiro e
azinheira (limantria), escaravelho da batata.
Fraca – Bichado da fruta (maçã, pêra e noz) e outras pragas que
entrem depressa para o interior do fruto;
Modo de penetração: ingestão
Modo de acção:
Ataca o aparelho digestivo das lagartas, principalmente as mais
novas; estas, no prazo de alguns minutos a duas horas após a
ingestão, deixam de se alimentar, morrendo passados 2 a 5 dias;
Condições de utilização e eficácia:
Produto em boas condições: armazenamento não superior a 1 ano;
72
Pulverizar bem as folhas (ou os frutos nalguns casos) de modo a
cobrir bem com o produto;
Juntar açúcar à calda (1 Kg/100 litros) melhora a eficácia (em
especial no caso da traça da uva);
Tratar desde a eclosão dos ovos, ao aparecimento das primeiras
lagartas se o ataque o justificar;
Repetir o tratamento se chover muito;
Misturas compatíveis: oxicloreto de cobre (Cuprosan),
azadiractina;
Persistência de acção: 10 dias;
Intervalo de segurança: 0 dias (França: 2 dias);
Acções secundárias: não tóxico para animais de sangue quente,
auxiliares, abelhas, peixes e ambiente em geral;
Armazenamento: lugar fresco (menos de 20ºC), seco, ao abrigo da
luz e da chuva; prazo de validade de 2 anos na sua embalagem
original e fechada nas condições de armazenamento indicadas;
uma embalagem aberta deve ser usada no mesmo ano;
OUTRAS INFORMAÇÕES: Leia atentamente o rótulo!!!
73
MEIOS DE LUTA PERMITIDOS EM AGRICULTURA
BIOLÓGICA
Luta cultural
As práticas culturais como meio de protecção contra pragas,
doenças e ervas infestantes, são o mais antigo processo de
combater os inimigos das culturas;
São muitas as medidas culturais que ajudam na protecção das
culturas e muitas vezes o homem nem dá conta que as está a
pôr em prática com essa função;
1) Medidas de luta cultural indirectas
Selecção da espécie a cultivar:
- É uma medida muito importante pois há variedades que, por
serem tão sensíveis são praticamente impossíveis de cultivar
em modo de produção biológico;
- É tanto mais importante quanto mais tempo a cultura estiver
no terreno;
74
- No caso das macieiras, algumas variedades regionais, como a
Bravo de Esmolfe, a Casa Nova de Alcobaça, a Riscadinha de
Palmela e as Reinetas, são pouco susceptíveis ao Pedrado;
Rotações e consociações:
- A rotação é muito importante para evitar algumas doenças e
pragas, principalmente as que ficam no solo de uns anos
para os outros (bactérias, nemátodos, alfinete e escaravelho
da batata);
- A consociação é também importante, principalmente para
evitar ataques de insectos, seja pelo efeito de repelência,
seja pelo favorecimento dos auxiliares;
Fertilização do solo:
- Uma planta bem alimentada (sem carência nem excesso), é
mais resistente;
- Praticas de fertilização elimina as pragas e doenças
(compostagem, que ao atingir (60-70ºC), destrói os
patogénicos e grande parte de ervas infestantes;
Rega:
75
- As técnicas de rega podem disseminar a doença,
principalmente quando esta já se encontra na cultura (rega
por aspersão);
Densidade, compasso, desfolha e arejamento:
- Excesso de humidade e falta de arejamento;
- Compassos de sementeira ou plantação larga, abertura das
estufas mesmo durante a noite são práticas quase
indispensáveis para o sucesso da cultura hortícola em estufa;
- A desfolha é uma prática importante principalmente em
vinha, já que tirar as folhas junto aos cachos, principalmente
do lado nascente e norte, diminui o risco de míldio, oídio e
botrytis;
2) Medidas de luta cultural directas
Solarização:
A solarização é a desinfecção do solo pelo calor produzido pelo
sol.
Não é apenas o aumento da temperatura. É o conjunto das
seguintes acções:
- Aumento do calor pela radiação solar;
- Aumento da humidade pela rega efectuada;
76
- Aumento dos gases voláteis do solo (CO2, CH3);
- Aumento dos microorganismos antagonistas (fungos,
bactérias, etc.) relativamente aos patogénicos;
A temperatura em solarização aumenta não só à superfície mas
também em profundidade;
Temperaturas do solo (ºC) obtidas em ensaio efectuado em
Faro (1985)
Profundidade
(cm)
Solarizado Não solarizado
Máx. (ºC) Min. (ºC) Máx. (ºC) Min. (ºC)
1 55,4 64,6 60,4 26,1
5 50,8 36,8 47,9 30,4
10 47,3 38,2 42,9 32,2
20 44,6 39,4 38,7 34,0
40 40,6 39,5 35,3 34,2
Vantagens :
- Controlo de fungos, nemátodos e infestantes
simultaneamente, visível durante vários anos (justifica-se
em culturas mais difíceis de mondar, cenoura);
- Aumento das populações de microorganismos antagonistas;
- Facilidade de aplicação, não exigindo grandes
conhecimentos técnicos ou tecnológicos sofisticados;
- Energeticamente barato por recorrer à energia gratuita do
solo;
77
- Substituição de produtos químicos na desinfecção do solo;
Inconvenientes:
Dependência das condições meteorológicas (tem de ser feito no
Verão);
Doenças das culturas controladas por solarização
Doença Patogéneo Culturas beneficiadas
Fungos:
-fusariose Fsarium oxysporum Tomate, melão, cebola,
morango
- podridão das raízes Pythium ultimum Várias
- podridão do caule Sclerotinia oryzae
Sclerotinia spp.
Arroz
Alface
- Raíz encortiçada Pyrenochaeta terrestris
P. lycopersici
Cebola, tomate
Tomate
- rizoctónia Rhyzoctonia solani Cebola, batata, feijão
- verticiliose Verticillium dahliae Tomate, batata,
morango
Nemátodos
- Nemátodo dos
quistos da cenoura
Heterodera carotae Cenoura
- nemátodo das
galhas do tomateiro
Meloidogyne spp. Tomate
Solarização na prática:
Época: Julho e Agosto (meses mais quentes, nos outros pode não
ser tão eficaz);
78
Duração mínima: (caso geral) 45 dias;
Modo de instalação:
1) Retiram-se os restos da cultura anterior da zona a solarizar, bem
como todos os focos possíveis de doenças (frutos podres, ou partes
de plantas doentes);
2)Fazer a mobilização do solo em profundidade (40 – 50 cm) do
mesmo modo que para uma cultura.
3)Incorporar o estrume ou outro fertilizante orgânico;
4)Destorroar e alisar bem o solo. O estado em que ficar a
superfície do terreno deve permitir um bom contacto entre este e o
plástico. Uma passagem com rolo é recomendável.
5)Instalar o sistema de rega gota-a-gota de modo a que os tubos
fiquem distanciados cerca de 50 cm;
6)Cobrir o solo com plástico transparente fino; 0,02 a 0,03mm em
estufa e 0,04 a 0,05mm ao ar livre. O tipo de plástico
recomendável na falta do polietileno foto-degradável é o p. De
baixa densidade linear – Pebdl;
7)Fazer uma pequena vala junto à margem do plástico para o
enterrar e prender; o mesmo nas margens juntas entre duas tiras;
8)Regar o terreno com 50 a 80 litros/m2 até à capacidade de
campo. Caso os solos sejam pesados (argilosos ou limosos) bastará
79
uma só rega; em solos ligeiros (arenosos) poderá ser conveniente
efectuar outra rega 3 semanas depois, com o sistema de gota-a-
gota sob o plástico;
9)No caso de estufa, fechá-las parcialmente durante o tempo da
solarização;
10)No final do tratamento (6-8 semanas), retira-se o plástico e faz-
se a sementeira ou plantação;
Precauções:
1)Em estufa deixar algumas janelas um pouco abertas para evitar
um aquecimento excessivo do ar que poderia deteriorar as
tubagens em PVC e envelhecer as coberturas plásticas;
2)Em ar livre evitar a passagem de animais de modo a não romper
o plástico;
3)Atenção à existência de zonas de sombra, onde a solarização
perde eficácia;
4)Ao fazer a sementeira ou plantação, trabalhar o solo o mais
superficialmente possível, para evitar trazer o solo menos
desinfectado de camadas mais profundas para a superfície;
Barreiras de protecção
- Redes;
80
- Cinzas, enxofre em pó contra lesmas e caracóis;
LUTA BIOTÉCNICA
Feromonas
Principalmente utilizados para a traça da uva e o bichado;
- Confusão sexual;
- Tratamento localizado e captura em massa;
Estimativa de risco:
- Consiste em localizar a presença da doença e/ou praga e avaliar
a sua importância;
- Se a praga ou doença está sobre a cultura, em que quantidade e
se há condições (clima, estado da cultura, etc.) para se
desenvolver e qual o prejuízo que poderá causar;
- Para além da observação visual, existem várias armadilhas que
permitem a detecção precoce;
- Em certas culturas e a partir de determinadas áreas justifica-se a
instalação de uma estação meteorológica automática, que
permite estimar com maior precisão o risco;
- Caso do míldio que se mede a temperatura do ar e o tempo de
folha molhada;
81
NEA
- É a quantidade de praga ou doença presente na cultura que
justifica o tratamento;
- Acima desse nível de ataque, a praga se não for tratada,
provoca prejuízos superiores ao custo do tratamento;
No caso das doenças é mais difícil definir o NEA;
- Quando o agente patogénico é ectoparasita (oídio da vinha), o
tratamento após o aparecimento dos sintomas ainda é eficaz;
- Tratando-se de um endoparasita (parasita interno - míldio), já
pode ser tarde de mais; os fungicidas autorizados à base de
cobre, são preventivos e não curativos;
- É necessário conhecer a sensibilidade da cultura e medir os
factores climáticos favoráveis ao desenvolvimento da doença;
- Com essa medição é possível saber não o NEA, mas o mento a
partir do qual a doença tem condições para se propagar;
Luta biológica
- Existe já uma gama bastante larga de auxiliares para luta
biológica com possibilidade de aquisição em Portugal;
-
82
PESTICIDAS AUTORIZADOS E HOMOLOGADOS EM
PORTUGAL
INSECTICIDAS
- Piretrinas + butóxido de piperonilo
- Insecticida de origem vegetal, extraído de flores e folhas do
piretro-da-dalmácia (Chrysanthemum cinerariaefolium);
- actua por contacto e ingestão;
- muito perigoso para abelhas, não aplicar na época de floração;
- perigoso para peixes;
- deve-se aplicar ao fim do dia, visto que uma forte
luminosidade reduz a eficácia das piretrinas;
- Nas condições de utilização aprovadas, não necessitam I.S.;
Nome Comercial e Empresa:
Pibutrin insecticida – DANIFER
Eficácia prática:
Piolhos, pulgões, lagarta das couves, psila, tripes, mosca branca
das estufas, escaravelho da batata, pragas de produtos
armazenados (traça da batata, gorgulho dos cereais, escaravelhos
e aranhas das farinhas, baratas, formigas, moscas).
83
Bacillus thuringiensis
- Actua por ingestão;
- I.S. – 0 dias;
Nome Comercial e Empresa:
- Dipel WP- ABBOTT
- Dipel - BAYER
- Dipel - PERMUTADORA
- Biotrata – BAYER; em esgotamento de existência até 31/12/02
- Ret 92 – GRUPO EIBOL
- Foil - QUIMAGRO
- Dipel 8L - ABBOTT
Óleo de verão
- Actua por contacto;
- I.S. - Nas condições de utilização aprovadas, não tem;
- Tóxico para percevejos. Pouco tóxico ou não tóxico para;
joaninha, crisopa, alguma fauna terrestre, peixes e ambiente;
- Não tóxico para Abelhas;
84
Eficácia prática (Boa a média):
Insectos: cochonilhas, afídeos, psila da pereira, mosca branca dos
citrinos, mosca branca das estufas, tripes e lagartas;
Ácaros: aranhiço vermelho;
Nome Comercial e Empresa:
- Garbol – AGREVO
- Citrole- TOTAL
- Foli-oleo- BAYER
- Rhonol- R.P.AGRO (em esgotamento até 31/12/02)
- Arakol- CYNIBERICA
- Fitanol- SAPEC
- Jovitoleo- J.L.VIEIRA
- Pomorol- PERMUTADORA
- Soleol- AGROQUISA
- Ormol- QUIMAGRO
FUNGICIDAS
Enxofre
85
- Actua por contacto, acção preventiva e curativa;
- 10 a 14 dias de persistência de acção;
- Não tem I.S.;
Muito tóxico: Encarsia formaosa (adultos);
Tóxico: crisopa;
Pouco tóxico: ácaros predadores, percevejos, joaninhas, peixes;
Não tóxico: percevejos, abelhas;
Fitotoxicidade: tóxico para as plantas com temperatura acima dos
28ºC;
Eficácia prática:
BOA – oídios, escoriose (videira);
MÉDIA – pedrado, aranhiço vermelho;
Nome Comercial e Empresa:
- Enxofre molhável – BAYER
- Thiovit – NOVARTIS
- Stulln - SAPEC
Fungicidas cúpricos
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Sulfato de cobre, oxicloreto de cobre, hidróxido de cobre e oxido
cuproso
- Actua como preventivo, protege as partes tratadas da planta,
mas não elimina um ataque existente, o que obriga a
tratamentos preventivos;
- Persistência de acção:10 dias;
- I.S. – 1 semana;
Medianamente tóxico: organismos aquáticos;
Pouco tóxico: crisopa;
Não tóxico: quase todos os auxiliares insectos, ácaros e
invertebrados; Abelhas
Eficácia prática (Boa ou média):
Míldio, Botritis, escoriose e eutipiose (vinha), pedrado, cancro,
moniliose (macieira e pereira), lepra, crivado e cancro
(pessegueiro), antracnose e bacteriose (nogueira);
Nome Comercial e Empresa:
- Calda bordalesa – várias empresas (SAPEC, AGREVO,
AGROQUISA, AVENTIS, etc.);
- Sulfato de cobre – Várias empresas
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MOLUSCICIDAS
Metaldeido
- Actua por contacto e ingestão;
- Boa eficácia contra caracóis e lesmas;
- I.S. – 2 semanas;
- Tóxico para peixes;
Nome Comercial e Empresa:
- Antilesma Eureka – AGROQUISA;
- Antilumaca G – PERMUTADORA;
- Helitox Ornamental – QUIMAGRO;
- Limacide – EPAGRO;
- Hoslima – AVENTIS;
ATRACTIVOS
Hidrolizado de proteínas
Produto para adicionar a caldas insecticidas para atracção de
insectos, permitindo a realização de tratamentos localizados em
pomares, para combate das pragas;
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Nome Comercial e Empresa:
Endomosyl - AGREVO
As normas da agricultura biológica que estão na lei, só
permitem o tratamento em caso de perigo imediato para a
cultura.
PRAGAS E DOENÇAS DA VINHA - MEIOS DE
PROTECÇÃO
Primeiro problema surgido é o de identificar e conhecer o
inimigo;
Segundo problema, é saber fazer a estimativa de risco de modo a
só tratar quando realmente é necessário, considerando o NEA;
Terceiro problema é a escolha dos meios de protecção;
Será que pusemos em prática as medidas preventivas, as práticas
culturais mais adequadas à protecção da cultura?
89
E quando isso não chega, fazemos luta biológica, biotécnica ou
química?
Meios de protecção
A vinha em Portugal tem duas pragas principais:
- Traça da uva e cicadela ou cigarrinha verde;
As principais doenças são:
- Oídio, míldio, prodidão cinzenta e escoriose;
- A protecção da vinha em agricultura biológica passa
primeiro pela prevenção:
- Limitar o vigor, arejar os cachos, desladroar, trabalhar o
solo de forma correcta, plantar sebes à volta, escolher castas
menos sensíveis, conhecer os auxiliares e observar
regularmente a vinha;
CONTROLO DE INFESTANTES
Em agricultura biológica, em especial na horticultura, as ervas são
muitas vezes o principal inimigo das culturas.
Muitas vezes, não é preciso tratar contra pragas e doenças, mas
combater ervas infestantes é praticamente obrigatório.
90
Medidas culturais preventivas:
- Suprimir as fontes de contaminação: plantar sebes para
diminuir as sementes trazidas pelo vento, ceifar a erva das
bordaduras antes delas darem semente;
- Não aplicar estrume fresco mas sim compostado;
- Combater as ervas na cultura quando elas são pequenas
(mais fáceis de combater e com menor prejuízo);
- Transplantar em vez de semear directamente em local
definitivo (arroz, hortícolas);
- Rotação de culturas;
- Lavrar e passar com escarificador no verão no caso de forte
presença de ervas vivazes (grama, junça);
- Cobrir o solo com casca de pinho ou outro material vegetal
(pomares);
- Aumentar a densidade da sementeira a lanço (cereais de
inverno);
- Solarização;
Monda Mecânica
- A monda mecânica é feita com alfaias manuais ou ligadas
ao tractor.
91
- Para utilização manual: sachos, enxadas;
- Para áreas maiores (1-2 ha), pode-se utilizar um sachador
manual de roda com lâminas ou dentes;
- Para áreas de vários hectares, são necessários sachadores
accionados pelo tractor, cuja principal dificuldade é mondar
a erva sem danificar a cultura;
- Esta só pode ser usada em terreno plano, com culturas bem
alinhadas a uma distância maior;
Monda térmica
- Consiste em destruir as infestantes pelo calor através de
queimadores a gás propano.
- A chama actua apenas por tempo muito curto, não causando
a morte por combustão, mas sim a rotura das membranas
das células;
- Não é necessário queimar as ervas, basta aquecê-las a cerca
de 100ºC, durante pelo menos 0,1 segundo. A planta murcha
e morre ao fim de 2 a 3 dias;
A monda térmica não afecta a vida do solo, pois o aumento de
temperatura deste é mínimo, na ordem de 1 a 2ºC;
Para obter bons resultados com a monda térmica devem ter-se em
conta as seguintes condições de eficácia:
92
- Fazer a monda com as ervas pequenas (até cerca de 5 cm de
altura), sendo preferível passar mais vezes;
- Com a continuação das mondas é possível aumentar os
intervalos entre elas (não mexendo na terra não se trazem mais
sementes para a camada superficial e cada vez nascem menos
ervas);
- Para a maior parte das ervas anuais e bienais de folha larga
(dicotiledóneas), duas ou três mondas são geralmente
suficientes;
- As ervas vivazes são muito mais difíceis de combater: a parte
aérea é facilmente destruída mas não os rizomas; para eliminar
a grama é preciso mondar durante 2 a 3 anos não deixando
desenvolver a parte aérea;
- Em condições de humidade elevada e água sobre as ervas, para
manter a eficácia é preciso diminuir a velocidade de trabalho;
- Na primavera e no verão é preciso geralmente fazer a 2ª
passagem cerca de 10 dias depois da 1ª, para combate às ervas
que nascem depois da 1ª monda;
- Não é necessário queimar a erva: queimaduras indicam que a
velocidade de trabalho é demasiado lenta, com mais custos
(consumo de gás e mão-de-obra);
93
Quanto a resultados esta técnica permite um combate eficaz das
ervas mesmo em condições de terreno húmido, em que é
praticamente impossível sachar;
A monda térmica integrada com a mecânica resulta técnica e
economicamente praticável. Por exemplo na cultura do milho, o
tratamento térmico na linha, com sacha mecânica na entrelinha,
tem custos cerca de 37% inferiores à monda química;
Esta técnica pode ser seguida na agricultura geral e não só na
biológica.
Vantagem:
- Menos gastos e grandes vantagens ambientais;
- A combustão do gás liberta CO2 e água, enquanto que os
herbicidas contaminam o solo e a água;
PECUÁRIA BIOLÓGICA
A pecuária biológica consiste em desenvolver sistemas
sustentáveis de produção pecuária.
Têm como objectivo fundamental, produzir para a população
alimentos de alta qualidade, obtidos através de animais que
gozem de um alto grau de bem estar.
94
Fazem um uso racional dos recursos naturais do campo, mantendo
a fertilidade natural do solo e em cujo maneio não se empregam
nem substâncias químicas nem outras que podem ter efeitos
tóxicos reais ou potenciais para a saúde do consumidor.
A venda dos produtos animais sob a designação de produtos AB,
está subordinada ao cumprimento do MPB, durante um período
de pelo menos:
12 meses para bovinos destinados à produção de carne, e em
qualquer caso com pelo menos ¾ do seu tempo de vida;
6 meses para bovinos de leite (3 meses até 24/08/03);
6 meses para ovinos e caprinos;
6 meses para suínos (4 meses até 24/08/03);
Até 31/12/03, e para a constituição de uma manada, podem ser
comprados vitelos e pequenos ruminantes destinados à produção
de carne em MPB, desde que:
Estes tenham origem em explorações em regime de
produção extensiva e entrem na exploração em MPB com
menos de 6 meses (vitelos) ou 2 meses (pequenos
ruminantes);
95
A partir do desmame, sejam criados em MPB;
Estes podem ser vendidos como produto AB desde que criados na
unidade que pratica o MPB, durante um período mínimo de 6
meses, ou 2 meses para os pequenos ruminantes, antes da venda
ou do abate.
Alimentação
A alimentação destina-se a assegurar uma produção de qualidade
e deve respeitar as exigências nutricionais dos animais;
É proibida a alimentação forçada;
Devem utilizar-se, alimentos provenientes da unidade ou, quando
tal não for possível, de outras unidades ou empresas que
pratiquem MPB;
A alimentação dos jovens, deve ser baseada no leite natural, de
preferência materno, durante um período de 3 meses para os
bovinos, 40 dias para suínos e 45 para pequenos ruminantes;
Só podem ser utilizados como aditivos para ensilagem os
seguintes conservantes:
E 236 Ácido fórmico, E 260 Ácido acético, E 270 Ácido
láctico, E 280 Ácido propiónico;
Como auxiliares tecnológicos:
96
Sal marinho, sal-gema, enzimas, leveduras, soro de leite,
açúcar, polpa de beterraba, etc.;
Só podem ser utilizadas as seguintes matérias-primas
convencionais de origem vegetal (se tiverem sido produzidas sem
utilização de solventes químicos):
Grãos de cereais, respectivos produtos e sub-produtos;
Sementes ou frutos oleaginosas, produtos e sub-produtos;
Sementes de leguminosas, produtos e sub-produtos;
Tubérculos, raízes e Forragens;
De origem animal:
Leite e produtos lácteos;
Peixes e outros animais marinhos;
É proibido utilizar na alimentação animal, antibióticos, produtos
medicinais, indutores de crescimento, ou outras substâncias
destinadas a estimular o crescimento.
É proibida a utilização de organismos geneticamente modificados;
Profilaxia e assistência veterinária:
No MPB a prevenção de doenças baseia-se nos seguintes
princípios:
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Selecção de raças;
Aplicação de praticas de maneio adequadas às exigências da
espécie;
Utilização de alimentos de boa qualidade, juntamente com
exercício e acesso à pastagem, com o objectivo de incentivar
as defesas imunológicas naturais do animal;
Encabeçamento adequado, evitando a sobrepopulação e os
problemas de saúde decorrentes;
Os problemas sanitários devem ser controlados essencialmente
por meio de acções preventivas.
Com excepção de vacinas e de antiparasitários (ou outros planos
de erradicação), se forem administrados ao animal mais de dois
ou um máximo de três tratamentos com medicamentos se síntese
química no prazo de um ano, esse animal ou os produtos dai
resultantes não poderão ser vendidos sob designação de AB,
devendo estes ser submetidos aos períodos de conversão.
Práticas de maneio
A reprodução de animais deve-se basear em métodos naturais.
Todavia é autorizada a I.A. Sendo proibida as restantes formas de
produção artificial (ex. transferência de embriões);
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Intervenções tais como: corte de chifres, cauda, etc., não podem
ser efetuadas sistematicamente. Podem ser autorizadas pela OPC,
por razões de segurança, higiene ou bem-estar dos animais. Essas
devem ser feitas na idade mais adequada por pessoal qualificado e
reduzir ao mínimo o sofrimento dos animais.
É proibido conservar os animais amarrados;
Áreas de movimentação livre e alojamento
As áreas de produção ao ar livre, devem possuir proteção suficiente contra chuva, vento,
sol e temperaturas excessivas.