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A ALEGRIA DO AMOR. - Home | Arquidiocese de São Paulo · 2016-09-09 · diferentes de interpretar alguns aspectos da ... como seu peso de violência mas também com a ... Aceita

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A ALEGRIA DO AMOR.

A ALEGRIA DO AMOR que se vive nasfamílias é também o júbilo da Igreja. Apesardos numerosos sinais de crise no matrimónio– como foi observado pelos Padres sinodais –«o desejo de família permanece vivo,especialmente entre os jovens, e istoincentiva a Igreja».[1] Como resposta a esteanseio, «o anúncio cristão sobre a família éverdadeiramente uma boa notícia».[2]

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TEMPO E ESPAÇO

Recordando que o tempo é superior aoespaço, quero reiterar que nem todas asdiscussões doutrinais, morais ou pastoraisdevem ser resolvidas através de intervençõesmagisteriais. Naturalmente, na Igreja, énecessária uma unidade de doutrina e práxis,mas isto não impede que existam maneirasdiferentes de interpretar alguns aspectos dadoutrina ou algumas consequências quedecorrem dela.

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I CAPITULO. A LUZ DA PALAVRA.

A Bíblia aparece cheia de famílias, gerações, históriasde amor e de crises familiares, desde as primeiraspáginas onde entra em cena a família de Adão e Eva,como seu peso de violência mas também com aforça da vida que continua (cf. Gn 4), até às últimaspáginas onde aparecem as núpcias da Esposa e doCordeiro (cf. Ap21, 2.9).As duas casas de que falaJesus, construídas ora sobre a rocha ora sobre aareia (cf. Mt 7, 24-27), representam muitas situaçõesfamiliares, criadas pela liberdade de quantoshabitam nelas, porque – como escreve o poeta –«toda a casa é um candelabro»

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FAMÍLIA E SOFRIMENTO.

O idílio, que o Salmo128 apresenta, não nega uma amargarealidade que marca toda a Sagrada Escritura: é apresença do sofrimento, do mal, da violência, quedilaceram a vida da família e a sua comunhão íntima devida e de amor. Não é de estranhar que o discurso deCristo sobre o matrimónio (cf.Mt 19, 3-9) apareça inseridonuma disputa a respeito do divórcio. A Palavra de Deus étestemunha constante desta dimensão obscura queassoma já nos primórdios, quando, com o pecado, arelação de amor e pureza entre o homem e a mulher setransforma num domínio: «Procurarás apaixonadamenteo teu marido, mas ele te dominará» (Gn 3, 16).

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A TERNURA DO ABRAÇO.

Como distintivo dos seus discípulos, Cristo pôs sobretudoa lei do amor e do dom de si mesmo aos outros (cf. Mt 22,39; Jo 13, 34), e fê-lo através dum princípio que um pai ouuma mãe costumam testemunhar na sua própria vida:«Ninguém tem maior amor do que quem dá a vida pelosseus amigos» (Jo 15, 13). Frutos do amor são também amisericórdia e o perdão. Nesta linha, é emblemática acena que nos apresenta uma adúltera na explanada dotemplo de Jerusalém, primeiro, rodeada pelos seusacusadores e, depois, sozinha com Jesus, que não acondena mas convida-a a uma vida mais digna (cf. Jo 8, 1-11).

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FAMÍLIA ÍCONE.

Cada família tem diante de si o ícone da família deNazaré, com o seu dia-a-dia feito de fadigas e até depesadelos, como quando teve que sofrer a violênciaincompreensível de Herodes, experiência que aindahoje se repete tragicamente em muitas famílias derefugiados descartados e inermes. Como os Magos,as famílias são convidadas a contemplar o Meninocom sua Mãe, a prostrar-se e adorá-Lo (cf. Mt 2, 11).Como Maria, são exortadas a viver, com coragem eserenidade, os desafios familiares tristes eentusiasmantes, e a guardar e meditar no coração asmaravilhas de Deus (cf. Lc 2, 19.51)

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CAPÍTULO II. CRISE FAMILIAR.

Por outro lado, «há que considerar o crescenteperigo representado por um individualismoexagerado que desvirtua os laços familiares e acabapor considerar cada componente da família comouma ilha, fazendo prevalecer, em certos casos, aideia dum sujeito que se constrói segundo os seuspróprios desejos assumidos com carácterabsoluto».[12] «As tensões causadas por uma culturaindividualista exagerada da posse e fruição geram noseio das famílias dinâmicas de impaciência eagressividade».[13]

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MUITO MAIS…

Durante muito tempo pensámos que, com a simplesinsistência em questões doutrinais, bioéticas emorais, sem motivar a abertura à graça, jáapoiávamos suficientemente as famílias,consolidávamos o vínculo dos esposos e enchíamosde sentido as suas vidas compartilhadas. Temosdificuldade em apresentar o matrimónio mais comoum caminho dinâmico de crescimento e realizaçãodo que como um fardo a carregar a vida inteira.

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O NARCISISMO IMPEDE O COMPROMISSO.

O narcisismo torna as pessoas incapazes de olharpara além de si mesmas, dos seus desejos enecessidades. Mas quem usa os outros, mais cedoou mais tarde acaba por ser usado, manipulado eabandonado com a mesma lógica. Faz impressão verque as rupturas ocorrem, frequentemente, entreadultos já de meia-idade que buscam uma espécie de«autonomia» e rejeitam o ideal de envelhecer juntoscuidando-se e apoiando-se.

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CRISE ÉTICA CONJUGAL.

Ninguém pode pensar que o enfraquecimento dafamília como sociedade natural fundada nomatrimónio seja algo que beneficia a sociedade.Antes pelo contrário, prejudica o amadurecimentodas pessoas, o cultivo dos valores comunitários e odesenvolvimento ético das cidades e das aldeias. Jánão se adverte claramente que só a união exclusiva eindissolúvel entre um homem e uma mulher realizauma função social plena, por ser um compromissoestável e tornar possível a fecundidade. Nenhumaunião precária ou fechada à transmissão da vidagarante o futuro da sociedade.

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CRISE DO MASCULINO.

O homem «desempenha um papel igualmentedecisivo na vida da família, especialmente naproteção e sustento da esposa e dos filhos. (...)Muitos homens estão conscientes da importância doseu papel na família e vivem-no com as qualidadespeculiares da índole masculina. A ausência do paipenaliza gravemente a vida familiar, a educação dosfilhos e a sua integração na sociedade. Tal ausênciapode ser física, afetiva, cognitiva e espiritual. Estacarência priva os filhos dum modelo adequado docomportamento paterno».[44]

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A ESPERANÇA DA FAMÍLIA.

Dou graças a Deus porque muitas famílias, que estão bemlonge de se considerarem perfeitas, vivem no amor,realizam a sua vocação e continuam para diante emboracaiam muitas vezes ao longo do caminho. Partindo dasreflexões sinodais, não se chega a um estereótipo dafamília ideal, mas um interpelante mosaico formado pormuitas realidades diferentes, cheias de alegrias, dramas esonhos. As realidades que nos preocupam, são desafios.Não caiamos na armadilha de nos consumirmos emlamentações autodefensivas, em vez de suscitar umacriatividade missionária. Em todas as situações, «a Igrejasente a necessidade de dizer uma palavra de verdade e deesperança. (...)

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OLHAR FIXO EM JESUS.

O nosso ensinamento sobre o matrimónio e a famílianão pode deixar de se inspirar e transfigurar à luzdeste anúncio de amor e ternura, se não quisertornar-se mera defesa duma doutrina fria e sem vida.Com efeito, o próprio mistério da família cristãs ó sepode compreender plenamente à luz do amorinfinito do Pai, que se manifestou em Cristoentregue até ao fim e vivo entre nós. Por isso, querocontemplar Cristo vivo que está presente em tantashistórias de amor e invocar o fogo do Espírito sobretodas as famílias do mundo.

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CAPÍTULO III.OLHAR FIXO EM JESUS.

A encarnação do Verbo numa família humana, em Nazaré,comove com a sua novidade a história do mundo.Precisamos de mergulhar no mistério do nascimento deJesus, no sim de Maria ao anúncio do anjo, quando foiconcebida a Palavra no seu seio; e ainda no sim de José,que deu o nome a Jesus e cuidou de Maria; na festa dospastores no presépio; na adoração dos Magos; na fugapara o Egito, em que Jesus participou no sofrimento doseu povo exilado, perseguido e humilhado; na devotaespera de Zacarias e na alegria que acompanhou onascimento de João Batista; na promessa que Simeão eAna viram cumprida no templo; na admiração dosdoutores da lei ao escutarem a sabedoria de Jesusadolescente.

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O MATRIMONIO.

O sacramento do matrimónio não é uma convençãosocial, um rito vazio ou o mero sinal externo dumcompromisso. O sacramento é um dom para asantificação e a salvação dos esposos, porque «a suapertença recíproca é a representação real, atravésdo sinal sacramental, da mesma relação de Cristocom a Igreja. Os esposos são, portanto, para a Igrejaa lembrança permanente daquilo que aconteceu nacruz; são um para o outro, e para os filhos,testemunhas da salvação, da qual o sacramento osfaz participar».

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SEMENTES DO VERBO.

«O Evangelho da família nutre também assementes ainda à espera de desenvolver-se edeve cuidar das árvores que perderamvitalidade e necessitam que não astranscurem»,[73] de modo que, partindo dodom de Cristo no sacramento, «sejamconduzidas pacientemente mais além,chegando a um conhecimento mais rico euma integração mais plena deste mistério nasua vida».[74]

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SEMENTES DO VERBO.

«O discernimento da presença das semina Verbi. (cf. Adgentes, 11) pode-se aplicar também à realidadematrimonial e familiar. Para além do verdadeiromatrimónio natural, há elementos positivos também nasformas matrimoniais doutras tradições religiosas»,[76]embora não faltem também as sombras. Podemos dizerque «toda a pessoa que deseja formar, neste mundo, umafamília que ensine os filhos a alegrar-se por cada acçãoque se proponha vencer o mal – uma família que mostreque o Espírito está vivo e operante – encontrará gratidãoe estima, independentemente do povo, região ou religiãoa que pertença».[77]

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TRANSMISSÃO DA VIDA.

O matrimónio é, em primeiro lugar, uma«íntima comunidade da vida e do amorconjugal»,[80]que constitui um bem para ospróprios esposos;[81]e a sexualidade«ordena-se para o amor conjugal do homeme da mulher».[82]Por isso, também «osesposos a quem Deus não concedeu a graçade ter filhos podem ter uma vida conjugalcheia de sentido, humana e cristãmentefalando».

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A IGREJA FAMÍLIA.

A Igreja é família de famílias, constantementeenriquecida pela vida de todas as igrejas domésticas.Assim, «em virtude do sacramento do matrimónio,cada família torna-se, para todos os efeitos, um bempara a Igreja. Nesta perspectiva, será certamente umdom precioso, para o momento actual da Igreja,considerar também a reciprocidade entre família eIgreja: a Igreja é um bem para a família, a família éum bem para a Igreja. A salvaguarda deste domsacramental do Senhor compete não só à famíliaindividual, mas a toda a comunidade cristã».[102]

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O AMOR NO MATRIMONIO.

Tudo o que foi dito não é suficiente para exprimir oEvangelho do matrimónio e da família, se não nosdetivermos particularmente a falar do amor. Comefeito, não poderemos encorajar um caminho defidelidade e doação recíproca, se não estimularmoso crescimento, a consolidação e o aprofundamentodo amor conjugal e familiar. De facto, a graça dosacramento do matrimónio destina-se, antes de maisnada, «a aperfeiçoar o amor dos cônjuges»

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O NOSSO AMOR QUAOTIDIANO

O AMOR É ….

O AMOR É …

O AMOR É…

O AMOR FONTE INESGOTÁVEL DA VIDA!

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SERVIÇO

No conjunto do texto, vê-se que Paulo quer insistirque o amor não é apenas um sentimento, mas deveser entendido no sentido que o verbo «amar»temem hebraico: «fazer o bem». Como dizia Santo Ináciode Loyola, «o amor deve ser colocado mais nas obrasdo que nas palavras».[106] Assim poderá mostrartoda a sua fecundidade, permitindo-nosexperimentara felicidade de dar, a nobreza egrandeza de doar-se superabundantemente, semcalcular nem reclamar pagamento, mas apenas peloprazer de dar e servir.

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SEM INVEJA.

O verdadeiro amor aprecia os sucessosalheios, não os sente como uma ameaça,libertando-se do sabor amargo da inveja.Aceita que cada um tenha dons distintos ecaminhos diferentes na vida; e,consequentemente, procura descobrir o seupróprio caminho para ser feliz, deixando queos outros encontrem o deles.

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SEM VAIDADE.

Segue-se o termo perpereuetai, que indica vanglória,desejo de se mostrar superior para impressionar osoutros com atitude pedante e um pouco agressiva.Quem ama não só evita falar muito de si mesmo,mas, porque está centrado nos outros, sabe manter-se no seu lugar sem pretender estar no centro. Apalavra seguinte – physioutai – é muito semelhante,indicando que o amor não é arrogante.

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DESPRENDIMENTO.

Como se diz muitas vezes, para amar os outros, épreciso primeiro amar-se a si mesmo. Todavia estehino à caridade afirma que o amor «não procura oseu próprio interesse», ou «não procura o que éseu». Esta expressão aparece ainda noutro texto:«Não tenha cada um em vista os próprios interesses,mas todos e cada um exactamente os interesses dosoutros» (Flp 2, 4).Perante uma afirmação assim clarada Sagrada Escritura, deve-se evitar de darprioridade ao amor a si mesmo, como se fosse maisnobre do que o dom de si aos outros.

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PERDÃO.

Quando estivermos ofendidos ou desiludidos, épossível e desejável o perdão; mas ninguém diz queseja fácil. A verdade é que «a comunhão familiar sópode ser conservada e aperfeiçoada com grandeespírito de sacrifício. Exige, de facto, de todos e decada um, pronta e generosa disponibilidade àcompreensão, à tolerância, ao perdão, àreconciliação. Nenhuma família ignora como oegoísmo, o desacordo, as tensões, os conflitosagridem, de forma violenta e às vezes mortal, acomunhão: daqui as múltiplas e variadas formas dedivisão da vida familiar»

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AS EMOÇÕES

Desejos, sentimentos, emoções (os clássicoschamavam-lhes «paixões») ocupam um lugarimportante no matrimónio. Geram-se quando«outro» se torna presente e intervém na minha vida.É próprio de todo o ser vivo tender para outrarealidade, e esta tendência reveste-se sempre desinais afectivos basilares: prazer ou sofrimento,alegria ou tristeza, ternura ou receio. São opressuposto da actividade psicológica maiselementar. O ser humano é um vivente desta terra, etudo o que faz e busca está carregado de paixões.

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CAPITULO V. O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO.

O amor sempre dá vida. Por isso, o amorconjugal «não se esgota no interior dopróprio casal (...). Os cônjuges, enquanto sedoam entre si, doam para além de si mesmosa realidade do filho, reflexo vivo do seuamor, sinal permanente da unidade conjugale síntese viva e indissociável do ser pai emãe».[176]

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FECUNDAÇÃO ALARGADA

Àqueles que não podem ter filhos, lembramos que«o matrimónio não foi instituído só em ordem àprocriação (...). E por isso, mesmo que faltem osfilhos, tantas vezes ardentemente desejados, omatrimónio conserva o seu valor e indissolubilidade,como comunidade e comunhão de toda a vida».[199]Além disso, «a maternidade não é uma realidadeexclusivamente biológica, mas expressa-se dediversas maneiras».[200]

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A ADOÇÃO

«A opção da adopção e do acolhimento exprime umafecundidade particular da experiência conjugal, mesmopara além dos casos de esposos com problemas defertilidade (...). Ao contrário das situações em que o filhoé desejado a todo o custo, como um direito ao própriocompletamento, a adopção e o acolhimento, rectamentecompreendidos, mostram um aspecto importante dapaternidade e da filiação ajudando a reconhecer que osfilhos, quer naturais quer adoptivos ou acolhidos, são emsi mesmos outro sujeito e é preciso recebê-los, amá-los,cuidar deles e não apenas trazê-los ao mundo.

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O CORPO. Nesta linha, convém tomar muito a sério um texto bíblico

que habitualmente é interpretado fora do seu contextoou duma maneira muito geral, pelo que é possívelnegligenciar o seu sentido mais imediato e directo, que émarcadamente social. Trata-se da primeira Carta aosCoríntios (11, 17-34), onde São Paulo enfrenta umasituação vergonhosa da comunidade. Nela, algumaspessoas facultosas tendiam a discriminar os pobres, e istoverificava-se mesmo na ágape que acompanhava acelebração da Eucaristia. Enquanto os ricos se deleitavamcom seus manjares, os pobres olhavam e passavam fome:«Enquanto um passa fome, outro fica embriagado.Porventura não tendes casas para comer e beber? Oudesprezais a Igreja de Deus e quereis envergonharaqueles que nada têm?»

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CAPITULO VII. REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS. Os pais incidem sempre, para bem ou para mal, no

desenvolvimento moral dos seus filhos.Consequentemente, o melhor é aceitarem estaresponsabilidade inevitável e realizarem-na de modoconsciente, entusiasta, razoável e apropriado. Umavez que esta função educativa das famílias é tãoimportante e se tornou muito complexa, querodeter-me de modo especial neste ponto.

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FILHOS E ÉTICA

Os pais necessitam também da escola paraassegurar uma instrução de base aos seus filhos, masa formação moral deles nunca a podem delegartotalmente. O desenvolvimento afectivo e éticoduma pessoa requer uma experiência fundamental:crer que os próprios pais são dignos de confiança.Isto constitui uma responsabilidade educativa: como carinho e o testemunho, gerar confiança nosfilhos, inspirar-lhes um respeito amoroso.

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PACIÊNCIA

A educação moral implica pedir a uma criança ou aum jovem apenas aquelas coisas que nãorepresentem, para eles, um sacrifíciodesproporcionado, exigir-lhes apenas aquela dosede esforço que não provoque ressentimento ouacções puramente forçadas. O percurso normal épropor pequenos passos que possam sercompreendidos, aceites e apreciados, e impliquemuma renúncia proporcionada. Caso contrário,pedindo demasiado, nada se obtém. A pessoa, logoque puder livrar-se da autoridade, provavelmentedeixará de praticar o bem.