51
95. RESPOSTA EM RENDIMENTO DE GRÃOS À APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS EM FUNÇÃO DA ÉPOCA DE SEMEADURA EM CACHOEIRINHA, RS Daniel Santos Grohs 1 , Gustavo Daltrozo Funck, 2 Danielle Almeida 3 , Matheus Laurent 3 , André Aguiar Schwanck 3 Palavras-chave: Oryza sativa, controle químico, produtividade. INTRODUÇÃO Na Estação Experimental Agronômica do IRGA em Cachoeirinha são realizados ensaios anuais para verificar o efeito da aplicação de fungicidas no controle da doença em diferentes épocas de semeadura. Embora diversas são as variáveis observadas no ensaio, o foco principal é na produtividade da cultura. A manutenção do potencial produtivo frente a diferentes situações de favorabilidade do ambiente à doenças deve ser o principal indicador para a tomada de decisão quanto ao uso do fungicida. Ao longo de vários anos de experimentação a resposta em rendimento tem sido variável, desde altas, mesmo nas épocas consideradas de baixa incidência de doenças, como em outubro (Herzog et al., 2004) até respostas nulas, mesmo nas épocas tardias, como em dezembro (Goulart et al., 2008). Assim, a variabilidade da intensidade das doenças em função do ambiente tem determinado a necessidade da execução de ensaios de longo prazo o que permite uma avaliação da probabilidade de ocorrência das diferentes possíveis respostas do fungicida sobre a manutenção da produtividade em diferentes situações. Em termos práticos de manejo de doença, são necessárias informações de risco que auxiliem na sua tomada de decisão. Desta forma, o objetivo do trabalho foi sumarizar a resposta do fungicida sobre o rendimento de grãos em função da variabilidade ambiental determinada por diferentes épocas de semeadura em vários anos de experimentação no IRGA. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram instalados na EEA/IRGA, em Cachoeirinha, entre os anos de 2003 à 2008. O clima da região é do tipo Cfa e a área apresenta o solo classificado como gleissolo háplico Ta Distrófico Típico. Os ensaios foram conduzidos em desenho fatorial, sendo a aplicação de fungicida o fator fixo disposto em blocos casualisados com quatro repetições e a época de semeadura e os blocos os fatores aleatórios. A aplicação de fungicida constou em dois níveis, sendo o primeiro, duas aplicações seqüenciais de fungicida e o segundo, sem fungicida (testemunha). Os princípios ativos utilizados variaram ao longo dos anos, porém, sempre foi utilizada uma mistura de triazol com estrobilurina. As épocas de semeadura foram em cinco datas nos seguintes períodos: 1ª quinzena de outubro, 2ª quinzena de outubro, 1ª quinzena de novembro, 2ª quinzena de novembro e 1ª quinzena de dezembro. As unidades experimentais consistiram de parcelas de 5,0 m de comprimento com 10 linhas espaçadas em 0,17m. A primeira aplicação do fungicida foi realizada entre os estádios R1 e R2 (início e final do emborrachamento) e a segunda aplicação, 15 dias após a primeira aplicação. O volume de pulverização utilizado na aplicação do fungicida variou de 150 à 200 L ha -1 , sendo utilizado pulverizador experimental baseado em CO 2 a fim de manter vazão constante. A adubação variou de 300 a 400 kg ha -1 de adubo granulado, em geral, na fórmula 5-20-30 (N, P 2 O 5 e K 2 O, respectivamente). A adubação nitrogenada variou de 50 à 75 kg ha -1 de N por ocasião do estádio V3/V4 e, entre 25 e 35 kg ha -1 de N no estádio V8/V9. As demais práticas culturais foram realizadas conforme as recomendações técnicas vigentes. As cultivares utilizadas foram sempre em número de três em cada safra, porém diferentes combinações nos anos. A cultivar BR-IRGA 410 foi utilizada como padrão em todos os anos. As demais 1 M.Sc. Eng. Agrº Pesquisador da Equipe de Agronomia do IRGA/EEA (Cachoeirinha / RS), email: [email protected] . 2 Dr. Eng. Agrº Pesquisador da Equipe de Melhoramento do IRGA/EEA (Cachoeirinha / RS), 3 Acadêmicos do curso de agronomia da UFRGS/RS e estagiários do IRGA/EEA (Cachoeirinha/RS).

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95. RESPOSTA EM RENDIMENTO DE GRÃOS À APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS EM FUNÇÃO DA ÉPOCA DE SEMEADURA EM

CACHOEIRINHA, RS Daniel Santos Grohs1, Gustavo Daltrozo Funck,2 Danielle Almeida3, Matheus Laurent3, André Aguiar Schwanck3 Palavras-chave: Oryza sativa, controle químico, produtividade.

INTRODUÇÃO

Na Estação Experimental Agronômica do IRGA em Cachoeirinha são realizados ensaios anuais para verificar o efeito da aplicação de fungicidas no controle da doença em diferentes épocas de semeadura. Embora diversas são as variáveis observadas no ensaio, o foco principal é na produtividade da cultura. A manutenção do potencial produtivo frente a diferentes situações de favorabilidade do ambiente à doenças deve ser o principal indicador para a tomada de decisão quanto ao uso do fungicida. Ao longo de vários anos de experimentação a resposta em rendimento tem sido variável, desde altas, mesmo nas épocas consideradas de baixa incidência de doenças, como em outubro (Herzog et al., 2004) até respostas nulas, mesmo nas épocas tardias, como em dezembro (Goulart et al., 2008). Assim, a variabilidade da intensidade das doenças em função do ambiente tem determinado a necessidade da execução de ensaios de longo prazo o que permite uma avaliação da probabilidade de ocorrência das diferentes possíveis respostas do fungicida sobre a manutenção da produtividade em diferentes situações. Em termos práticos de manejo de doença, são necessárias informações de risco que auxiliem na sua tomada de decisão. Desta forma, o objetivo do trabalho foi sumarizar a resposta do fungicida sobre o rendimento de grãos em função da variabilidade ambiental determinada por diferentes épocas de semeadura em vários anos de experimentação no IRGA.

MATERIAL E MÉTODOS

Os ensaios foram instalados na EEA/IRGA, em Cachoeirinha, entre os anos de 2003 à 2008. O clima da região é do tipo Cfa e a área apresenta o solo classificado como gleissolo háplico Ta Distrófico Típico. Os ensaios foram conduzidos em desenho fatorial, sendo a aplicação de fungicida o fator fixo disposto em blocos casualisados com quatro repetições e a época de semeadura e os blocos os fatores aleatórios. A aplicação de fungicida constou em dois níveis, sendo o primeiro, duas aplicações seqüenciais de fungicida e o segundo, sem fungicida (testemunha). Os princípios ativos utilizados variaram ao longo dos anos, porém, sempre foi utilizada uma mistura de triazol com estrobilurina. As épocas de semeadura foram em cinco datas nos seguintes períodos: 1ª quinzena de outubro, 2ª quinzena de outubro, 1ª quinzena de novembro, 2ª quinzena de novembro e 1ª quinzena de dezembro. As unidades experimentais consistiram de parcelas de 5,0 m de comprimento com 10 linhas espaçadas em 0,17m.

A primeira aplicação do fungicida foi realizada entre os estádios R1 e R2 (início e final do emborrachamento) e a segunda aplicação, 15 dias após a primeira aplicação. O volume de pulverização utilizado na aplicação do fungicida variou de 150 à 200 L ha-1, sendo utilizado pulverizador experimental baseado em CO2 a fim de manter vazão constante. A adubação variou de 300 a 400 kg ha-1 de adubo granulado, em geral, na fórmula 5-20-30 (N, P2O5 e K2O, respectivamente). A adubação nitrogenada variou de 50 à 75 kg ha-1 de N por ocasião do estádio V3/V4 e, entre 25 e 35 kg ha-1 de N no estádio V8/V9. As demais práticas culturais foram realizadas conforme as recomendações técnicas vigentes.

As cultivares utilizadas foram sempre em número de três em cada safra, porém diferentes combinações nos anos. A cultivar BR-IRGA 410 foi utilizada como padrão em todos os anos. As demais 1 M.Sc. Eng. Agrº Pesquisador da Equipe de Agronomia do IRGA/EEA (Cachoeirinha / RS), email: [email protected]. 2 Dr. Eng. Agrº Pesquisador da Equipe de Melhoramento do IRGA/EEA (Cachoeirinha / RS), 3 Acadêmicos do curso de agronomia da UFRGS/RS e estagiários do IRGA/EEA (Cachoeirinha/RS).

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forams: IRGA 417, IRGA 420, IRGA 423 e IRGA 424. A semeadura foi realizada em sistema de plantio direto sobre palha de azevém dessecada previamente. Quanto à intensidade das doenças foram avaliadas a severidade de doenças foliares (percentual de área foliar atacada por manchas foliares) e a incidência das doenças ocorridas nas panículas e colmos por ocasião dos estádios R7 à R9. As avaliações foram feitas nas folhas-bandeira e panículas, coletadas aleatoriamente nas parcelas, ou então foram atribuídas notas para as parcelas, segundo escala de notas (IRRI, 1996). Por ocasião da colheita, foi quantificado o rendimento de grãos e corrigido à umidade de 13%, sendo em alguns anos retiradas amostras para análise do percentual de grãos inteiros. A resposta do fungicida foi considerada como a diferença relativa entre o rendimento de grãos das parcelas com fungicidas e sem fungicida. Os resultados da resposta do fungicida sobre o rendimento de grãos foram avaliados por análise exploratória da distribuição para quantificar o grau de dispersão da população amostral e o uso do estimador biponderado de Tukey, para estimativa da média ponderada. O dados foram classificados segundo classes de freqüência a fim de identificar a probabilidade de ocorrência de doenças entre os anos e as diferentes faixas de resposta do rendimento de grãos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As principais doenças e sua prevalência verificadas ao longo dos seis de ensaio anos se encontram na tabela 1. Outras doenças, como a cárie dos grãos (Tilletia barclayana), também foram observadas, porém seu comportamento errático não permitiu uma avaliação consistente entre as épocas de semeadura. Convém destacar que a prevalência se refere apenas à incidência da doença em um determinado ensaio, de modo que, em geral, a severidade das doenças aumentou com o atraso da semeadura. Além disso, os dados de prevalência não consideram o efeito isolado do ano e cultivar, mas sim a análise conjunta com população amostral constituída por 90 combinações. Na tabela 1, se observa que, em média, alguma doenças estiveram presentes em todas as épocas. Porém, na primeira quinzena de outubro, na média geral para as doenças, doenças foram detectadas em 40% das situações. Já a partir da primeira quinzena de novembro, a prevalência subiu para mais de 60%, ou seja, a cada 10 anos, em seis foi observada alguma doença. Tabela 1. Prevalência (%) de doenças1 em ensaios (n=90) em função da época de semeadura na média

dos anos (2003-2008) em Cachoeirinha, RS, utilizando as cultivares BR-IRGA 410, IRGA 417, IRGA 420, IRGA 423 e IRGA 424.

1 Mancha parda (Bipolaris oryzae), Mancha de grãos (complexo de doenças - ), podridão do colmo (Rizoctonia solani) Brusone no

“pescoço” (Pyricularia oryzae)

A ocorrência de doenças foi variável também em função do grau de susceptibilidade da cultivar semeada. Na EEA, há o histórico de ocorrência de muitas doenças (incluindo cárie e brusone) dado seu solo natural caracterizado por textura arenosa e a média térmica elevada no verão. Quanto à doença mais freqüente, destaca-se a mancha de grãos observada em todas as épocas. Tal fato se deve as múltiplas

Época de semeadura Mancha parda Mancha de grãos Podridão do colmo

Brusone no “pescoço”

Média geral

01/10 à 14/10 25% 100% 33% 1% 40

15/10 à 30/10 25% 100% 50% 11% 47

01/11 à 14/11 58% 100% 58% 33% 63

15/11 à 30/11 67% 100% 67% 33% 67

01/12 à 14/12 75% 100% 75% 67% 79

Média geral 50 100 57 29 59

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Época de semeadura1_dez a 15 dez15_nov a 30 nov1_nov a 15_nov15_out a 30_out1_out a 15_out

Res

po

sta

do

fu

ng

icid

a (s

c h

a-1)

50

40

30

20

10

0

-10

-20

-30

-40

-50

11

causas que podem determinar sua incidência, em qualquer época, que além de fungos causadores de manchas, podem ocorrer manchas causadas por frio e insetos. Já a doença menos prevalente foi a brusone cujos sintomas foram observados apenas nas panículas e nas semeaduras a partir de novembro. Ainda, na semeadura até o final da primeira quinzena de outubro, sua prevalência foi de apenas 1% nas cultivares suscetíveis à brusone. A resposta em rendimento em função da aplicação de fungicidas é apresentada na Figura 1. De maneira geral, em qualquer época a resposta foi positiva, negativa ou sem efeito para uso do fungicida. Porém, apenas a partir da segunda quinzena de novembro o intervalo interquartílico superou a linha zero, ou seja, quando as respostas do fungicida sobre o rendimento começaram a se tornarem mais freqüentes, o que pode estar relacionado com a maior incidência e severidade de doenças. Além disso, até esta época, quando houve resposta do fungicida, esta ficou na faixa de 0 a 10 sc ha-1, de modo que, na semeadura da primeira quinzena de outubro a mediana tendeu a zero e na semeadura de dezembro tendeu a 10 sc ha-1. Figura 1. Box-plot da resposta do fungicida em função das épocas de semeadura. BIODOENÇAS - IRGA

/ EEA. Cachoeirinha. 2003 à 2008. BR-IRGA 410, IRGA 417, IRGA 420, IRGA 423 e IRGA 424.

A grande amplitude de respostas entre e dentro das épocas determinou a necessidade de utilizar um estimador ponderado da média, para evitar super ou subestimação. Desta forma, a resposta média do fungicida variou de 3 à 12 sc ha-1, respectivamente, nas semeaduras realizadas até o final da primeira quinzena de outubro e de dezembro (tabela 2). Estas médias refletiram o tipo de doença predominante em cada época ao longo dos anos (tabela 1). Na primeira, houve o destaque para as manchas foliares e de grãos e na última para brusone. Cabe ao produtor ponderar sua capacidade de investimento e nível tecnológico e aferindo se os incrementos proporcionados pelo fungicida serão relevantes para a

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manutenção do seu potencial produtivo e serão rentáveis frente ao custo das aplicações a cada ano e ao longo dos anos. Tabela 2. Probabilidade de ocorrência (%) de seis faixas de resposta em produtividade pelo uso do

fungicida em cinco épocas de semeadura. BIODOENÇAS - IRGA / EEA. Cachoeirinha. 2003 à 2008. BR-IRGA 410, IRGA 417, IRGA 420, IRGA 423 e IRGA 424.

1 Resposta média do fungicida = Rendimento com fungicida – Rendimento sem fungicida. * As faixa grifada em cinza representa os rendimentos que ocorrem com maior freqüência (> 60%) na média dos anos. ** A resposta média do fungicida corresponde a média ponderada da população amostrados a partir da aplicação do estimador

biponderado de Tukey.

Porém, mesmo havendo um incremento em todas as épocas, se tornou conveniente quantificar o

grau de probabilidade na qual estes incrementos ocorreram ao longo dos anos. Observa-se na Tabela 2 que, houve uma probabilidade média de 60% das respostas serem no máximo até 10 sc ha-1 nas semeaduras realizadas até o final da primeira quinzena de novembro. A partir desta época, houve um deslocamento da tendência no sentido das respostas acima de 10 e 20 sc ha-1. Mesmo assim, apesar de não ser a probabilidade dominante, houve respostas negativas nas semeaduras tardias (vinculadas aos anos com baixa pressão de doenças, efeito fitotóxico dos fungicidas ou erros experimentais) e respostas acima de 20 sc ha-1nos anos de alta pressão, mesmo nas épocas de semeadura do cedo associados com prevalência de brusone e cárie.

CONCLUSÃO

Independente da época de semeadura houve anos que determinaram respostas variáveis do rendimento da cultura à aplicação de fungicidas. Porém, há uma probabilidade de 60% de que, até o final da primeira quinzena de novembro, as respostas se situem na faixa de zero à 10 sc ha-1, com médias de incremento em produção entre 3 e 6 sc ha-1. Após esta época, respostas superiores a 10 sc ha-1 podem ser obtidas com aplicações de fungicidas em função do maior dano por doenças em época mais favorável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IRRI. INTERNATIONAL RICE RESEARCH INSTITUTE. Standard evaluation system for Rice. Manilla:INGER/Genetic Resources Center, 1996. 52p. HERZOG, R.L.; RAMIREZ, H.V.; AMILIBIA, E.P; MARIOT, C.H.P.M; MENEZES; V.G. Avaliação de fungicidas e modo de aplicação para o controle de cárie e brusone da cultivar IRGA 417. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5 e REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 27; 2007, Pelotas, RS. Anais..., Embrapa Clima Temperado, 2007. 740-744. GOULART, I. C. G. R. ; GROHS, D. S. ; FUNCK, G.R.D. Manejo integrado de doenças na cultura do arroz irrigado: efeitos de época de semeadura e controle químico sobre o rendimento de grãos. In: SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 20, 2008, Porto Alegre. Livro de Resumos, 2008. v. 1. p. 190

Faixa de resposta do fungicida (sc ha-1)1 Resposta média11 Época de

semeadura <0 0 à 10 10 à 20 20 à 30 >30 (sc ha-1)

01/10 à 14/10 33% 33% 20% 13% 0 2,9

15/10 à 30/10 27% 40% 20% 13% 0 5,2

01/11 à 14/11 27% 33% 27% 13% 0 5,6

15/11 à 30/11 20% 40% 40% 0 0 6,1

01/12 à 14/12 7% 40% 20% 20% 13% 11,8

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96. EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES SOBRE A FORMAÇÃO DA POPULAÇÃO INICIAL DE COLMOS EM DIFERENTES ÉPOCAS DE SEMEADURA

Danielle Almeida1, Daniel Santos Grohs2, Matheus Laurent1, André Aguiar Schwanck1 Palavras-chave: fungicida, inseticida, afilhameno,

INTRODUÇÃO

O número de colmos por área é representado pela interação entre o potencial de afilhamento de uma cultivar mais a densidade de plantas utilizada por ocasião do plantio. Para atingir altas produtividades têm se preconizado um estabelecimento em torno de 200 plantas m-2, de modo a manter um mínimo de três colmos viáveis por planta. Em geral, a maior parte dos afilhos emitidos não sobrevive até a diferenciação, levando vantagem nesta sobrevivência os dois primeiros afilhos formados (A1 e A2) (Jaffuel & Dauzat, 2005). Geralmente estes se definem, nas duas primeiras semanas após o início do processo de afilhamento, que em arroz se dá por ocasião da emissão da 4ª folha (estádio V4), quando também se recomenda a primeira aplicação de uréia e o início da irrigação.

Atualmente estão sendo comercializados inúmeros produtos para tratamento de sementes que prometem inúmeros benefícios na formação do estande inicial das plantas (como maior enraizamento e velocidade de germinação). Além disso, fungicidas e inseticidas em tratamento de sementes já estão sendo relacionados a estes efeitos, independente do seu verdadeiro foco de uso. O problema é que a maioria dos ensaios que evidenciam tais efeitos são gerados em situações de ambiente controlado (como casas de vegetação, vasos e estufas). Porém, no campo as condições ambientais são extremamente adversas, de forma que, a época de semeadura é um dos maiores determinantes do grau de adversidade das condições ambientais no ciclo da cultura (Mariot et al., 2007).

Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do tratamento de sementes de arroz com diferentes produtos em três épocas de semeadura sobre a formação do número inicial de colmos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Estação Experimental do Arroz do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), em Cachoeirinha, RS, na estação de crescimento da cultura em 2008/09. A cultivar utilizada foi a IRGA 424, sendo a semeadura realizada em sistema de plantio direto sobre palha de azevém dessecada previamente. A adubação correspondeu a 400 kg ha-1 de adubo granulado, na fórmula 5-20-30 (N, P2O5 e K2O, respectivamente). Em cobertura, não foi aplicado nitrogênio. Caso utilizado no ensaio, o efeito do tratamento de sementes provavelmente seria sobrepujado pelo N, impedindo de testar corretamente esta relação. As demais práticas culturais foram realizadas conforme as recomendações técnicas vigentes.

Os tratamentos utilizados foram dispostos no delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições em esquema de fatorial. O fator fixo utilizado foi o tratamento de sementes, sendo testado quatro produtos: Standak 250 SC (na dose de 150 mL/100 kg de smts), Vitavax-Thiran 200 SC (na dose de 250 mL/100 kg de smts), a mistura de Vitavax-Thiran + Standak, Trichodermil (na dose de 150 mL/ 100 kg de smts) e a testemunha sem produto nas sementes. O Vitavax-Thiran foi utilizado para isolar o efeito da incidência de doenças caso ocorresse nas sementes ou nas plântulas recém emergidas. Já o Trichodermil (conídios de Trichoderma harzianum) foi utilizado como padrão de produto que não apresentasse em sua constituição a presença de nutrientes que pudessem exercer efeito sobre a emergência e desenvolvimento inicial de plantas. O fator aleatório correspondeu à três épocas de semeadura:

1 Acadêmicos do curso de agronomia da UFRGS/RS e estagiários do IRGA/EEA (Cachoeirinha/RS). 2 M.Sc. Eng. Agrº Pesquisador da Equipe de Agronomia do IRGA/EEA (Cachoeirinha / RS), email: [email protected].

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19/09/2008, 02/11/2008 e 15/12/2008. Cada unidade experimental se constituiu em parcelas de 4,5 m de comprimento, contendo 10 linhas espaçadas em 0,17 m.

O estande final de plantas (plantas m-2) foi avaliado em duas de linhas de 1,0 m de comprimento, por ocasião do início da irrigação (estádio V3/V4). Após uma semana da entrada d’água (estádio V5/V6), foi realizada a coleta de plantas em uma área de 0,225 m2 na parcela. Nesta, foram contadas em 10 plantas o número total de colmos por planta, bem como a determinação do percentual de emissão dos três primeiros afilhos (A1, A2, A3), segundo escala proposta por Haun (1971) (não referenciado). Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre as três épocas, a semeadura realizada em 19/09 apresentou o maior número de dias de que? na qual a temperatura mínima do ar atingiu temperaturas menores que 20ºC (13 dias) (Tabela 1). Segundo Yoshida (1981), a temperatura ótima mínima para germinação, desenvolvimento da raiz e emergência das plântulas é, respectivamente: 20ºC, 25ºC e 25ºC.

Tabela 1. Número de dias entre a semeadura e a coleta de plantas, número de dias no qual houveram picos

com temperaturas do ar menor que 20ºC, temperaturas mínima, média e máxima do ar, precipitação acumulada e disponibilidade de água no solo. EEA/IRGA, Cachoeirinha. 2008.

Além da temperatura, na primeira época de semeadura houve grande volume de precipitação (211

mm) registrado entre a semeadura e a coleta de plantas, resultando em elevado acúmulo de água no solo (2772 mm) (tabela 1). Portanto, ocorreu grande número de dias com picos de baixas temperaturas do solo concomitante com excesso hídrico. Esta combinação resulta em condições muito adversas para a formação do estande inicial de plantas (Yamauchi & Biswas, 1997).

Cabe salientar, que a patologia de sementes foi realizada em botter-test e não indicou incidência relevante de patógenos que justificassem uma possível inibição da germinação das sementes. O botter-test foi positivo para Bipolaris sp. (7,5% de incidência), Phoma sp. (0,5%), Aspergillus sp. (3,5%) e Nigrospora sp (1,5%). Além disso, em nenhuma das épocas foi observado a morte de plântulas por dampping-offou ocorrência de bicheira do arroz (Oryzophagus oryzae) após a entrada da água.

Portanto, foi a modificação dos elementos meteorológicos descritos a causa provável da resposta significativa do tratamento de sementes nas semeaduras realizadas em 19/09 e 02/11 (Tabela 2). Já na terceira época (15/12), a menor amplitude térmica, a maior temperatura média do ar (27,7ºC) e o menor volume hídrico (1311 mm) resultaram em um bom estabelecimento e desenvolvimento inicial de plantas, não havendo diferenças significativas entre os tratamentos para nenhuma das variáveis levantadas (tabela 2). Em ensaio realizado por Peske et al., (2007), foi verificado que Vitavax-Thiran não exercia mais efeitos sobre o estabelecimento de plantas em temperaturas superiores à 24º C, pois as plantas apresentavam rápida emergência, permanecendo pouco tempo abaixo da camada superficial do solo.

Considerando apenas as duas primeiras épocas, houve efeito positivo dos tratamentos Standak, Vitavax-Thiran e a mistura Standak + Vitavax-Thiran no estabelecimento das plantas e emissão de afilhos. Dentre estas duas épocas, houve maior efeito dos tratamentos na primeira, haja vista que tanto o número de plantas m-2, quanto o número de colmos plantas-1 foram afetados significativamente pelos tratamentos

Temperatura do ar (ºC) Data da

semeadura

Total de dias entre a semead. e a

coleta

Dias com Tmín<20ºC

Mín. Méd. Máx.

Precip. acum. (mm)

DAS (mm)

19/09/2009 39 13 16,9 26,6 39,8 211 2272 02/11/2009 33 0 20,0 27,4 38,7 113 1566 15/12/2009 24 3 18,8 27,6 36,2 109 1311

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(tabela 2). Tal fato deve-se às condições mais adversas na primeira época, de modo que as sementes e plântulas permaneceram mais tempo sob baixas temperaturas e alta umidade no solo (Tabela 1).

Na primeira época o destaque foi para Vitavax-Thiran que determinou maior incremento do número final de colmos m-2 em relação a testemunha. Este foi modificado, principalmente em função do maior número de afilhos A1 e A2 se comparado à testemunha (tabela 2). A resposta significativa do Vitavax-Thiran sobre o número de colmos por planta nesta época foi indicativo de um efeito independente ao do controle dos patógenos. Resultados semelhantes foram encontrados por outros pesquisadores, como Pereira et al. (1985) em soja que verificaram que Vitavax-Thiram proporcionava aumentos de porcentagem de germinação, velocidade de emergência e maior sanidade das plântulas.

Já na segunda época (02/11) houve efeito significativo dos tratamentos apenas sobre o número de plantas m-2 (tabela 2). Provavelmente, por haver uma melhora nas condições ambientais como a maior temperatura média do ar e ausência de picos de temperatura baixas, o estímulo sobre a formação dos afilhos por plantas diminuiu. Desta forma, o número final de colmos m-2 foi incrementado prioritariamente pela modificação do número de plantas m-2. Nesta época, os tratamentos com Standak, Vitavax-Thiran e a mistura Standak + Vitavax-Thiran apresentaram incremento similar quanto ao número de plantas m-2 em relação à testemunha (tabela 2). Porém, o destaque foi para Standak que possibilitou um incremento superior do número de colmos m-2 do que os demais tratamentos. Resultado semelhante foi observado por Aquino et al., (2007) que, trabalhando com Paspalum Regnellii encontrou efeito positivo de Standak sobre a germinação e perfilhamento. Já a mistura de Standak + Vitavax-Thiran, foi o tratamento que apresentou a melhor estabilidade entre as duas épocas, quanto ao incremento do número de colmos. A estabilidade verificada provavelmente decorre da compensação entre os ingredientes ativos dos produtos. Enquanto que na primeira época foi o vitavax-thiran que favoreceu a definição dos colmos na área, na segunda época foi o Standak.

CONCLUSÃO O uso de Vitavax-Thiram ou Standak isolado mostrou-se vantajoso na formação de estande, na semeadura da época preferencial (outubro), proporcionando um incremento do número de colmos m-2 em relação à testemunha. Nas semeaduras chamadas do “cedo” (anteriores à primeira quinzena de outubro) não houve efeito do uso isolado de Standak, porém foi positivo para Vitavax-Thiran, determinando incrementos sobre a população de colmos. Nas semeaduras chamadas “tardias” (à partir da segunda quinzena de novembro) não houve vantagem significativa que justificasse o uso de algum produto para tratamento de sementes para o foco de formação da população de colmos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, D.C. et al. Avaliação do efeito do fipronil sobre a germinação, número de perfilhos e produção de massa seca de Paspalum regnellii. In: Reunião da Sociedade Brasileira de Zotecnia, 44, 2007, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: UNESP, 2007. p.1-6. JAFFUEL, S.; DAUZAT, J. Synchronism of leaf and tiller emergence relative to position and to main stem development stage in a rice cultivar. Annals of Botany, Oxford, v.95, n.3, p.401-412, 2005. MARIOT, C.H.P. et al. Influência da época de semeadura no rendimento de grãos de arroz irrigado – safra 2006/07. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 27, 2007, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. p.342-345. PESKE at al. Tratamento de sementes de arroz com fungicida. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 27, 2007, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. p.550-552. YAMAUCHI, M. & BISWAS, J.K. Rice cultivar difference in seedling establishment in flooded soil. Plant and Soil, Madison, v.189, p.145–153, 1997. YOSHIDA S. Fundamentals of rice crop science. Los Baños, Philippines: IRRI, 1981.

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Tabela 3. Nº de afilhos primários (A1, A2, A3) emitidos m-2, % de afilhos planta-1, nº de colmos m-2, nº de plantas m-2. EEA/IRGA, Cachoeirinha. 2008. A descrição das variáveis deve estar no corpo da tabela, e não no título, o qual deve ser mais geral.

* Significativo à 5 % de probabilidade pelo f-teste (P<0,05). ** Significativo à 1% de probabilidade pelo f-teste (P<0,05). ns Não significativo pelo f-teste

1ª ÉPOCA: 19/09/2008

Tratamento A1 ( nº m-2) A2 ( nº m-2) A3 ( nº m-2) % de afilhos

planta-1 Colmos planta-1

Plantas m-2 Colmos m-2

Standak 25 bc** 31 b** 1 ns 37 b* 2,1 ab* 53 b* 111 b**

Vitavax-Thiran 63 a 59 a 4 43 a 2,5 a 100 a 244 a

Vitavax-Thiran + Standak 49 ab 60 a 3 39 ab 1,9 ab 116 a 221 a

Trichoderma 23 bc 25 b 0 19 b 1,6 b 84 ab 130 b

Testemunha 18 c 23 b 0 23 b 1,6 b 78 ab 120 b

Média geral 34 40 2 34 1,9 86 160 C.V (%) 45 37 315 23 21 28 21

2ª ÉPOCA: 02/11/2008

Standak 123 a** 113 a 68 a 79 ns 3,7 ns 127 a** 431 a**

Vitavax-Thiran 103 a 92 a 29 b 69 3,5 108 a 332 b

Vitavax-Thiran + Standak 112 a 118 a 56 ab 77 3,7 124 a 410 ab

Trichoderma 67 b 61 b 29 b 78 3,9 68 b 225 c

Testemunha 63 b 59 b 24 b 72 3,6 69 b 214 c

Média geral 93 89 41 75 3,7 99 322 C.V (%) 18 20 49 6 8 alinhar 16 16

3ª ÉPOCA: 15/12/2008

Standak 141 ns 113 ns 0 ns 48 ns 2,7 ns 168 ns 407 ns

Vitavax-Thiran 179 92 9 59 2,8 188 519

Vitavax-Thiran + Standak 172 118 9 62 2,9 180 514

Trichoderma 149 104 5 52 2,6 148 423

Testemunha 138 96 4 53 2,8 166 385

Média geral 156 119 5 55 2,8 170 450

C.V (%) 18 32 176 8 14 13 17

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97. EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES SOBRE O COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO EM

DIFERENTES ÉPOCAS DE SEMEADURA Cley D. Martins Nunes1, Paulo Ricardo R. Facundes, José Francisco da Silva Martins, Ariano Martins de Magalhães, Silvio Steinmetz, Alcides Cristiano M. Severo, Scheila Maria Rodrigues

Palavras-chave: fungicida, temperatura, vigor.

INTRODUÇÃO

A cultura do arroz irrigado é atacada por diversas doenças, em diferentes estádios de desenvolvimento, cujos danos podem prejudicar a produtividade e a qualidade dos grãos. A prevalência e a severidade das doenças dependem da presença de patógeno virulento, da suscetibilidade da cultivar utilizada e de condições ambientais favoráveis (NUNES, 2004). A disseminação das doenças ocorre em pequenas e grandes distâncias por meio das sementes. Portanto, sementes de baixa qualidade sanitária podem introduzir doenças em novas áreas de cultivo e se as condições de hospedeiros e ambientes forem favoráveis, podem gerar uma epidemia (NEERGAARD 1979).

A qualidade fisiológica é outra importante característica, que representa a capacidade em desempenhar funções vitais e como a germinação, o vigor e a longevidade. Os patógenos podem causar severos danos nas sementes quando estão localizados nos tecidos embrionários. Essa condição, associada a outras, pode determinar o baixo desempenho das sementes no campo (MACHADO, 1988).

Os fungos Helminthosporium oryzae, Curvularia lunata, Nigrospora oryzae, Alternaria sp. e Phoma sp., que causam manchas nas glumas e esterilidade de espiguetas, sendo esses sintomas são mais intensos em plantas que florescem sob temperaturas mais baixas (RIBEIRO; NUNES, 1984). A contaminação das sementes por estes patógenos, além de diminuir o percentual de emergência, pode diminuir também o vigor das plântulas.

Os produtores de arroz em busca de produtividades vêm cada vez mais, demandando por novas tecnologias para manejo de insumos, aliado ao potencial genético de novas cultivares, com destaque à antecipação da época de semeadura. Com base nisso, a cultura do arroz irrigado no estado do Rio grande do Sul tem-se destacado pelos sucessivos recordes de produtividades alcançadas nas últimas safras, exigindo um contínuo esforço de pesquisa para manter essa situação e ainda promover avanços tecnológicos.

O objetivo do presente trabalho foi conhecer o comportamento de cultivares de arroz irrigado semeadas em diferentes épocas antes do período recomendado para à implantação da cultura no Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS

Dois experimentos foram realizados na Embrapa Clima Temperado, na Estação de Terras Baixas (ETB), localizada no município de Capão do Leão, RS. Os experimentos foram conduzidos em solo de textura média argilosa, em caixa de alvenaria (1,40 x 2,10 x 0,70m), aterradas no solo, em condições ambiente. Em cada experimento foram utilizadas semente de boa sanidade das cultivares BRS 7 “Taim”, BRS Querência respectivamente (Tabela 1). A semeadura foi realizada em quatro épocas (04/09/2008, 24/09/2008, 14/10/2008 e 04/11/2008), utilizando sementes sem e com tratamento com fungicida (Carboxin + Thiran: de 250 mL do p.c./100 kg de sementes) na densidade de 130 kg.ha-1 em sulcos com profundidade de 1,5 e 3,0 cm. Durante o andamento do experimento foram registradas em cada época as temperaturas do solo na profundidade de 5 cm por dois termistores e registrado no sistema eletrônico de dados a cada minuto e realizando a média horária. Adotou-se o delineamento de blocos ao acaso, com parcelas sub-divididas, consistindo de oito fileiras de plantas, com 1 m de 1 Eng. Agr. Dr. - Embrapa Clima Temperado, Rod. BR 392, km 78, cx. Postal 403, CEP.: 96.001-970, Pelotas, RS. E-mail: [email protected].

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comprimento. As parcelas corresponderam às épocas de semeadura, as sub-parcelas aos tratamentos com fungicidas (com e sem) e as sub-sub-parcelas às profundidade de semeadura (1,5 e 3,0 cm).

Registraram-se a emergência de plântulas, altura de plantas, matéria fresca e seca da parte aérea e número de plantas mortas. Calculou-se o Índice de Velocidade de Emergência (IVE) com base na fórmula IVE = E1/ N1 + E2/ N2+....+ En,/ Nn descrita por NAKAGAWA (1994), sendo E1, E2 .... En = número de plântulas emergidas nos dias de contagem até a estabilização da população de plantas e N1, N2, .... Nn = número de dias entre a semeadura e a emergência.

O peso de matéria seca (parte aérea) e altura média das plantas foram registrados aos 40 dias após a semeadura. As plantas foram medidas do nível do solo à ponta da folha mais alta. Em seqüência, foram registrados os pesos frescos e os pesos de matéria seca das plantas (por meio da secagem em estufa de ventilação forçada por 72 horas à temperatura de 70oC).

Os dados obtidos foram submetidos à analise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na cultivar BRS Querência, o IVE aumentou significativamente da primeira à terceira época de semeadura (Tabela 1), não havendo, portanto, diferenças entre as duas últimas épocas. Esse resultado provavelmente foi decorrente do aumento progressivo de temperatura, principalmente do solo (Figura 1). Ainda em relação a cultivar “Querência”, o IVE foi significativamente maior na profundidade de semeadura de 3 cm. Não foram detectadas, porém, diferenças significativas quanto ao IVE em decorrência do tratamento das sementes com o fungicida. Na cultivar BRS 7 Taim, o IVE aumentou significativamente da primeira à quarta época de semeadura (Tabela 2). Nessa cultivar, porém, o IVE foi significativamente maior em decorrência da maior profundidade de semeadura e do tratamento das sementes com o fungicida. Em ambas as cultivares, o acúmulo de matéria seca aumentou progressivamente da primeira à terceira época de semeadura, portanto, em estreita associação com observado em relação ao IVE (Tabela 1). A altura das plantas apresentou a mesma tendência de aumento, porém, não sendo detectadas diferenças significativas a partir da segunda época de semeadura. Na cultivar “Querência” não foram detectados efeitos significativos da profundidade de semeadura e do tratamento das sementes com o fungicida sobre a altura das plantas e o acúmulo de matéria seca. Na cultivar “Taim”, porém, foram detectados efeitos do fungicida sobre ambas as variáveis (Tabela 1). Esse resultado pode ser conseqüência de alguma ação fitotônica do fungicida, considerando que o número de plântulas mortas no experimento foi bastante reduzido e não constatadas diferenças significativas em relação a essa variável.

CONCLUSÃO Há evidências de que cultivares de arroz respondem diferentemente quanto à velocidade de emergência e acúmulo de matéria seca quando a semeadura é realizada antecipadamente à época recomendada. Há necessidade de obter mais informações de base científica sobre os efeitos do tratamento de semente de diferentes cultivares de arroz com fungicidas em épocas de semeadura antecipadas ao período recomendado, principalmente frente à condição de menor umidade e de temperatura do solo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados na avaliação das plântulas. In: VIEIRA, R.D.; CARVALHO, N.M. de (eds.) Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP, 1994. p.49-85. NEERGAARD, P. Seed pathology. London: MacMillan Press, v.2, 1977. 1191p. NUNES, C.D.M.; RIBEIRO, A.S.; TERRES, A.L.S. Principais doenças em arroz irrigado e seu controle: In Gomes, A.da S., Júnior de Magalhães, A. M. Arroz Irrigado. Brasília, DF: Embrapa. p. 579-621. 2004. MACHADO, J. da C. Patologia de sementes: fundamentos e aplicações. Brasília: MEC/ESAL/FAEPE, 1988. 106p. RIBEIRO, A. S.; NUNES, C. D. M. Etiologia das manchas de glumas de arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Fitopatologia Brasileira, v.9, n.2, p.315, 1984.

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Tabela 1. Resultados da sanidade das sementes (%) obtidas da analise de patologia, através do método do papel filtro (Blotter test), usando uma amostra de 400 sementes. Embrapa Clima Temperado, Estação Terras Baixas, Pelotas/RS, 2009.

Patógenos Cultivar

Hel1

Cur2

Nig3 Alt4

Fus5 Pho6

Cla7

Epi8

Asp9

Pen10

Rhi11

BRS Querência 0,50 3,75 0,75 5,75 2,0 8,75 21,75 8,5 17,0 14,0 2,25 BRS 7 “Taim” 0,25 1,75 2,00 1,75 0,75 9,50 18,75 15,50 12,75 0,50 7,75 1 - Bipolaris sp.; 2 - Curvularia sp.; 3 - Nigrospora sp; 4 - Alternaria sp.; 5 - Fusarium sp.; 6 - Phoma sp.; 7 - Cladosporium sp.; 8 - Epicocum sp.; 9 - Aspergillus sp.;10 - Penicillium sp.; 11 - Rhizopus sp.

Tabela 2. Valores médios do Índice de Velocidade de Emergência (I.V.E.), altura (cm), plantas mortas, Materia fresca (g), Matéria seca (g) das cultivares BRS Querência e BRS 7 “Taim” semeadas em duas épocas, duas profundidade com e sem tratamento de sementes. Embrapa Clima Temperado, Estação Terras Baixas, Pelotas/RS, 2009. BRS Querência BRS 7 “Taim”

Variáveis I.V.E. Altura

Plantas Mortas

Mat fresca

Mat seca

I.V.E. Altura Plantas mortas

Mat fresca

Mat. seca

1ª 1,08 C 7,06B 0,80B 0,80C 0,15C 0,99D 6,56B 0,81B 1,08C 0,79C Época 2ª 2,25 B 18,69A 0,85B 16,35B 4,09B 1,73C 17,09A 0,99B 2,91B 1,71B

3ª 2,50 A 21,06A 1,70A 25,87A 6,22A 1,92B 18,56A 1,62A 4,10A 2,20A 4ª 2,61 A - - - - 2,57A - - - - Profundidade 1,5 2,04 B 15,25A 1,20A 14,88A 3,65A 1,74B 14,29A 1,12A 2,67A 1,54A 3,0 2,18 A 15,96A 1,03B 13,80A 3,32A 1,87A 13,85A 1,16A 2,72A 1,59A Tratamento Com 2,15 A 15,64A 1,09A 13,13A 3,31A 2,06A 14,64A 1,14A 3,36A 1,84A Sem 2,07 A 15,57A 1,14A 15,13A 3,66A 1,56B 13,50B 1,14A 2,03A 1,29B * Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si significativamente (Tukey; p= 0,05).

1ª Época

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

4/9/

08

6/9/

08

8/9/

08

10/9

/08

12/9

/08

14/9

/08

16/9

/08

18/9

/08

20/9

/08

22/9

/08

24/9

/08

26/9

/08

28/9

/08

30/9

/08

2/10

/08

4/10

/08

Tem

per

atu

ra (

°C)

2ª Época

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

24/9

/08

26/9

/08

28/9

/08

30/9

/08

2/10

/08

4/10

/08

6/10

/08

8/10

/08

10/1

0/08

12/1

0/08

14/1

0/08

Tem

per

atu

ra (

°C)

3ª Época

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

14/1

0/08

16/1

0/08

18/1

0/200

8*

20/1

0/200

8*

22/1

0/200

8*

24/1

0/200

8*

26/1

0/200

8*

28/1

0/200

8*

30/1

0/08

1/11

/08

Tem

per

atra

(°C

)

4ª Época

0,00

5,00

10,00

15,0020,00

25,00

30,00

35,00

40,00

4/11

/08

8/11

/08

12/1

1/08

16/1

1/08

20/1

1/08

24/1

1/08

28/1

1/08

2/12

/08

6/12

/08

10/1

2/08

14/1

2/08

18/1

2/200

8*

22/1

2/200

8*

Tem

per

atu

ra (

°C)

Figura 1. Temperaturas médias do solo de dois termopares registradas durante as quatro épocas de

semeadura. Embrapa Clima Temperado, Estação Terras Baixas, Pelotas/RS, 2009.

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98. UTILIZAÇÃO DO CLORETO DE POTÁSSIO NA SUPRESSÃO DA BRUSONE EM ARROZ IRRIGADO TROPICAL

Pedro Luiz O.A. Machado1, João Kluthcouski1, Marta Cristina C. de Filippi1, Valácia L.S. Lobo1, A. Naumov2, Jaison Pereira de Oliveira1

Palavras chave: Pyricularia grisea, cultivares de arroz, produtividade em arroz

INTRODUÇÃO

No Estado de Tocantins, a planície sedimentar da Bacia do Araguaia cobre aproximadamente 1,2 milhão de hectares (INFORMAÇÕES TÉCNICAS, 2008). Particularmente em áreas sob pastagem nativa há alto potencial para cultivo de arroz irrigado para o abastecimento local e de regiões vizinhas, por exemplo, as regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Porém, o principal fator limitante da produção é a brusone do arroz, responsável também pela baixa qualidade do grão. A brusone do arroz é favorecida pelo clima quente e úmido da região. Ainda, o suprimento excessivo de nitrogênio na cultura reconhecidamente aumenta o risco de ocorrência dessa doença (FILLIPI & PRABHU, 1998). Por outro lado, a concentração de potássio na planta é relacionada negativamente com a incidência de brusone na panícula em arroz de terras altas (FILLIPI & PRABHU, 1998). Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo verificar a eficácia do uso de cloreto de potássio na diminuição da infestação de brusone (Pyricularia grisea) em arroz irrigado e identificar a cultivar de arroz com melhor crescimento sob fertilização de potássio e a severidade de brusone.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fazenda Arco Íris, estado do Tocantins (S10o 32' 18,9"; W49° 53' 58,6") em um delineamento experimental em parcela dividida de 10 m x 20 m. Três doses de K2O foram aplicados (0 (controle), 60 kg ha-1 e 120 kg ha-1) na fórmula de cloreto de potássio (KCl). Quinze cultivares de arroz foram semeadas no campo. A severidade de brusone na panícula foi avaliada de acordo com o método desenvolvido pelo IRRI (IRRI, 1999). Todos os cálculos estatísticos foram implementados no sistema computacional SAS (Statistical Analysis System), por meio de seu procedimento glm (SAS Institute, 2002). No estudo de correlação entre produtividade e índice de severidade de brusone, as variáveis produtividade em kg ha-1 e a severidade de brusone foram transformadas para a função: ii sxxz )( −= , onde: ix : i-ésimo valor da variável i (i=1, 2, ..., n); ix :

média geral da i-ésima variável (i=1, 2, ..., v) e si: desvio padrão da i-ésima variável (i=1, 2, ..., v). Tais valores passam a ter a mesma unidade em termos teóricos estatístico. Os resultados gráficos são mostrados em quadrantes de um diagrama no qual o primeiro quadrante indica que as cultivares apresentaram alta severidade da doença com alta produtividade de arroz. O segundo quadrante indica alta severidade de brusone e baixa produtividade de arroz, o terceiro indica baixa severidade de brusone e baixa produtividade de arroz e o quarto quadrante indica baixa severidade da doença e alta produtividade de arroz.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de produtividade e índice de severidade de brusone podem ser visualizados

na Tabela 1 e os gráficos de dispersão das cultivares na relação produtividade e índice de severidade de brusone, para as três doses de K2O podem ser verificados nas Figuras 1, 2 e 3. Na dose zero de K2O, verificou-se (Figura 1) que sete das cultivares analisadas foram produtivas e apresentaram baixo índice de severidade de brusone, sendo a cultivar Alvorada a melhor delas, apresentando índice de severidade de brusone de 0,26 e produtividade de 6821 kg ha-1. A cultivar Piracema apresentou alto índice de

1 Embrapa Arroz e Feijão, Cx. Postal 179, Santo Antonio de Goiás, GO, Brasil. [email protected]. 2 IPI Baumgärtlistr. 17, P.O. Box 569, CH-8810 Horgen, Switzerland.

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severidade de brusone (2,04) e baixa produtividade (4870 kg ha-1). Por outro lado, as cultivares Ipê e Cambará, tiveram baixo índice de severidade de brusone, 0,16 e 0,15 e também baixa produtividade, 2408 kg ha-1 e 3483 kg ha-1, respectivamente.

Figura 1. Distribuição da relação índice de severidade de brusone e produtividade em quinze cultivares de arroz irrigado tropical submetido a 0 kg de adubação de potássio.

Na dose de 60 kg K2O (Figura 2), quatro cultivares foram produtivas e com baixa incidência de

brusone com destaque para Alvorada, apresentando índice de severidade de brusone de 0,36 e produtividade de 6691 kg ha-1 e Metica, com índice de severidade de brusone de 0,37 e produtividade de 6655 kg ha-1. A cultivar Piracema, apresentou índice de severidade de brusone de 2,84 e produtividade de 4961 kg ha-1. A cultivar Ipê teve índice de severidade de brusone de 0,14 e produtividade de 3680 kg ha-1 e BRS Formoso apresentou baixa severidade de brusone (0,01) e produtividade de 3727 kg ha-1.

Figura 2. Distribuição da relação índice de severidade de brusone e produtividade em quinze

cultivares de arroz irrigado tropical submetido a 60 kg de adubação de potássio.

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Na dose de 120 kg de K2O (Figura 3), verificou-se que cinco das cultivares analisadas apresentaram baixa incidência da brusone e alta produtividade, com destaque para a cultivar Alvorada. A cultivar Piracema apresentou alto índice de incidência de brusone (2,62) e baixa produtividade (4528 kg ha-1). Por outro lado, na cultivar BRS Formoso não foi observado severidade de brusone, mas teve baixa produtividade (4136 kg ha-1). A cultivar Jaburu apresentou severidade de brusone de 1,45, e produtividade de 6094 kg ha-1.

Figura 3. Distribuição da relação índice de severidade de brusone e produtividade em quinze

cultivares de arroz irrigado tropical submetido a 120 kg de adubação de potássio. Tabela 1. Médias de produtividade, índice médio de severidade de brusone e coeficiente de correlação

de Pearson (r) em cultivares de arroz irrigado tropical submetidas a três doses de adubação com potássio.

Produtividade (kg.ha-1) Índice de severidade de brusone Doses de K2O (kg) Doses de K2O (kg) Cultivares

120 60 0 r

120 60 0 r

Ipê 3613 3680 2408 0,80 ** 0,18 0,14 0,16 0,04 ns Cambará 4664 4527 3483 0,75 ** 0,10 0,34 0,15 0,25 ns KM17 6352 5385 5362 0,42 ns 0,28 0,19 0,24 0,15 ns Best 5633 4955 5469 0,22 ns 0,62 1,27 0,85 0,29 ns BRSGO Guará 5313 5029 4528 0,26 ns 1,01 1,45 1,27 0,46 ns SCSBRS Piracema 4528 4961 4870 0,11 ns 2,62 2,84 2,04 0,16 ns BRS Jaçanã 5135 5090 5459 0,37 ns 1,00 0,60 0,50 0,47 ns BRS Fronteira 5630 5048 5194 0,55 * 0,96 0,69 0,33 0,28 ns BRS Biguá 5766 5883 5431 0,29 ns 0,99 0,71 0,31 0,57 * Epagri 107 4831 4837 4472 0,16 ns 0,81 0,71 0,42 0,18 ns BRS Formoso 4136 3727 5306 0,67 ** 0,00 0,01 0,00 0,18 ns BRSMG Curinga 5821 4431 5142 0,72 ** 0,16 0,08 0,08 0,11 ns Metica 7739 6655 6695 0,30 ns 0,46 0,37 0,65 0,23 ns BRS Alvorada 7633 6691 6821 0,35 ns 0,19 0,36 0,26 0,39 ns BRS Jaburu 6094 6028 5960 0,01 ns 1,45 1,06 0,81 0,24 ns Média geral 5526 5128 5107 - 0,72 0,72 0,54 - *; **

: significativo a 5% e 1% de probabilidade; ns: não significativo.

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A correlação entre o índice de incidência de brusone e produtividade de grãos com dosses de potássio não foi significativa. Na dose de 120 kg ha-1 de K2O o valor da correlação foi de – 0,12 (p>0,05). Os valores das correlações para 60 e 0 kg ha-1 de K2O foram, respectivamente 0,12 (p>0,05) e 0,08 (p>0,05). Por outro lado, algumas cultivares responderam significativamente a doses crescentes de potássio em termos produtivo, como apresentado na Tabela 1 e a cultivar Biguá teve resposta significativa (p < 0,05) entre o índice de severidade de brusone e as doses de potássio, sendo que na dose 0, tal cultivar apresentou um menor índice de severidade de brusone. Embora se disponha de resultados de apenas um ano de pesquisa, pode ressaltar-se que as doses de potássio utilizadas não tiveram efeito significativo com o índice de severidade de brusone, e que o comportamento distinto dos cultivares foi devido muito mais a sua constituição genética de apresentar resistência ou suscetibilidade a tal doença do que ao efeito de nutrição potássica.

CONCLUSÕES

1. As doses de cloreto de potássio não tiveram efeitos significativos na diminuição da incidência de brusone;

2. As cultivares Alvorada e Metica foram as mais produtivas e não apresentaram correlações significativas com doses de potássio.

3. A cultivar Biguá apresentou correlação significativa entre doses de potássio e severidade de brusone.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FILIPPI, M.C.; PRABHU, A.S. Relationship between panicle blast severity and mineral nutrient content of plant tissue in upland rice. Journal of Plant Nutrition, v. 21, n. 8, p.1577-1587. 1998 INFORMAÇÕES TÉCNICAS para a cultura do arroz irrigado no Estado de Tocantins: Safra 2008/2009. Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antonio de Goiás. 2008.136p. IRRI-International Rice Research Institute. Standart evaluation system for rice. 4 nd Ed. IRRI. Manila. 1996. SAS Institute. SAS/STAT Software: changes and enhancements through release 9.1. Cary, NC: SAS Institute Inc. 2002.

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99. EFEITO DE FONTES E PARCELAMENTO DE FERTILIZANTES NITROGENADOS NA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS E PRODUTIVIDADE DE

GRÃOS EM ARROZ DE TERRAS ALTAS

Moizés de Souza Reis1, Antônio Alves Soares2, Sílvia Miranda Borba3, Vanda Maria de Oliveira Cornélio4, Natalia Alves Leite3, Plínio César Soares4, Leandro Fidanza3, Renato Cozadi Passos3

Palavras-chave: Oryza sativa, arroz de sequeiro, nutrição mineral

INTRODUÇÃO

Uma das causas da baixa sustentabilidade do arroz de terras altas é a alta pressão de brusone (Pyricularia grisea) que tem dado grandes prejuízos aos orizicultores. Desequilíbrios nutricionais podem aumentar a severidade da brusone em folhas e panículas, principalmente com o uso do nitrogênio em doses excessivas. A quantidade, o modo de aplicação, a forma disponível e a época de aplicação do nitrogênio influenciam grandemente a severidade da brusone (HUBER & WATSON, 1974). Segundo Santos et al. (1986), tanto a incidência de brusone nas folhas, quanto nas panículas, aumentam com a elevação dos níveis de N, diminuindo a produtividade do arroz de terras altas. A incidência da brusone varia de acordo com a forma disponível de nitrogênio, e a suscetibilidade da planta é maior quando o N é aplicado na forma nítrica (NO3

-) do que na forma amoniacal (NH4+)

(WEBSTER & GUNELL, 1992). Desta forma, deve-se buscar um manejo adequado do nitrogênio quanto a fontes (nitrato e amônio) e época de aplicação, visando reduzir os prejuízos causados pela brusone na cultura do arroz de terras altas.

O trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de quatro fontes de fertilizantes nitrogenados (sulfato de amônio, nitrato de amônio, nitrato de cálcio e uréia), bem como de cinco formas de aplicação ou parcelamento, sobre a incidência de brusone e outras enfermidades e produtividade de grãos na cultura do arroz de terras altas.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em Lavras-MG (altitude de 919 m, latitude 21o14 S, longitude

45o00 W, precipitação anual de 1.411mm e temperatura média anual de 19,3oC) no ano agrícola 2008/2009. O ensaio foi instalado dia 10/12/2008. O solo caracteriza-se como Podzólico Vermelho Amarelo.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 4 x 5 com três repetições, perfazendo um total de 20 tratamentos. Foram testadas quatro fontes de N (sulfato de amônio, nitrato de amônio, nitrato de cálcio e uréia) e cinco formas de aplicação ou parcelamento (todo o N na semeadura; 1/2 na semeadura e 1/2 em cobertura aos 50 dias após a semeadura; 1/3 na semeadura e 2/3 em cobertura aos 50 dias após a semeadura; 1/3 na semeadura, 1/3 em cobertura aos 30 dias e 1/3 aos 50 dias após a semeadura; e 1/4 na semeadura, 1/4 em cobertura aos 20 dias, 1/4 aos 35 dias e 1/4 aos 50 dias após a semeadura ). Foi utilizada a dosagem de 90 kg/ha de N.

As parcelas foram compostas de cinco linhas de 5m de comprimento, espaçadas de 0,40m entre si, com densidade de 80 sementes/m. Como área útil, considerou-se os 4m centrais das três linhas internas, deixando-se 0,5m em cada extremidade. O restante da parcela foi considerado bordadura. A cultivar utilizada foi a BRSMG Caravera que é semi-precoce e moderadamente suscetível à brusone.

O controle de plantas daninhas foi feito com o herbicida Oxadiazon em pré-emergência e os herbicidas clefoxydim (folhas estreitas) e metsulfurom methyl (folhas largas) em pós-emergência.

1Engenheiro Agrônomo, Doutor, Pesquisador da EPAMIG, Campus da UFLA, Cx. P. 176, 37200-000 Lavras, MG, [email protected]. 2 Professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA). 3Bolsista de Iniciação Científica – Universidade Federal de Lavras (UFLA). 4Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).

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As variáveis analisadas foram: teor de N foliar, floração, altura de planta, incidência de doenças, componentes de produção e produtividade de grãos.

Foram coletadas amostras da folha bandeira, próximo ao florescimento, para determinação do N-total segundo Malavolta et al. (1997).

A avaliação de doenças foi realizada na maturação, atribuindo-se notas de 1 a 9 (EMBRAPA, 1977).

Procedeu-se à análise de variância para cada característica e, para comparação de fontes de N e épocas de aplicação, foi utilizado o teste de médias de Scott & Knott a 5 % de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância demonstrou que não houve interação significativa entre as fontes de N e as formas de aplicação ou parcelamento, para todas as variáveis analisadas.

Na Tabela 1, são apresentados os teores de N foliar, produtividade de grãos, floração, altura de planta e componentes de produção. Nota-se que o teor de N foliar foi maior quando se utilizou a uréia como fonte nitrogenada, independente da forma de aplicação ou parcelamento de N, entretanto, não refletiu em maior produtividade de grãos quando comparado com as outras fontes nitrogenadas, ao contrário, a produtividade de grãos foi estatisticamente (p≤0,05) maior quando se aplicou o nitrogênio nas formas de sulfato de amônio e nitrato de amônio. As fontes nitrogenadas não influenciaram o número de dias para o florescimento e a altura de planta. O número de panículas/m2 sofreu influência das fontes de N, sendo o nitrato de amônio a que mais contribuiu, superando estatisticamente (p≤0,05) as demais. Certamente, o nitrato de amônio disponibilizou mais N no período de perfilhamento. Os demais componentes de produção não sofreram interferência das fontes de N.

As formas de aplicação de N afetaram o teor de N foliar do arroz, sendo os parcelamentos 2 (2,71%) e 3 (2,78%) os que mais se destacaram (Tabela 2), superando estatisticamente (p≤0,05) os demais. Isso sugere que dois parcelamentos favorecem o acúmulo de N nas folhas na pré-floração. Por outro lado, o teor de N foliar não se correlacionou totalmente com a produtividade de grãos, ou seja, as formas de aplicação 4 e 5, com menor teores foliares, superaram estatisticamente o parcelamento 2, em produtividade de grãos. Se comparar o teor de N foliar e produtividade de grãos da forma de aplicação todo o N na semeadura, verifica-se que, nesse caso, ocorreu associação dessas duas características. A floração não foi influenciada pela forma de parcelamento de N, enquanto a altura de planta foi menor quando não houve parcelamento do N. O número de panículas/m2 e o número de grãos/panícula foram os componentes de produção de grãos que sofreram interferência das formas de aplicação de N. A aplicação de todo o N na semeadura afetou a germinação e emergência, reduzindo o estande e, portanto, o número de panículas/m2. Por outro lado, a perda parcial de N até a diferenciação do primórdio floral reduziu o número de grãos/panícula.

As fontes de N e formas de parcelamento não influenciaram a incidência de brusone na folha, brusone na panícula, mancha parda, mancha de grãos e escaldadura da folha, embora estas enfermidades tenham ocorrido no campo, onde se atribuíram notas médias de 3,1 para BF, 4,9 para BP, 6,9 para MP, 5,1 para MG e 4,8 para ESC, independente de fontes e parcelamentos.

Tabela 1. Médias de teor de N foliar, produtividade de grãos (kg/ha), floração, altura de planta e componentes de produção, em função de quatro fontes de N. Lavras-MG. 2008/2009.

Fontes de N

N foliar (%)1

Prod. de grãos1

Floração (dias)1

Altura de planta (cm)1

Número de panículas/m2(1)

Número de grãos/panícula(1)

% de grãos cheios(1)

Peso de 100 grãos (g)(1)

Sulfato de amônio 2,55 b 2598 a 86 a 78 a 236 b 83 a 81 a 2,50 a

Nitrato de amônio 2,59 b 2305 a 88 a 79 a 266 a 79 a 77 a 2,42 a

Uréia 2,69 a 2162 b 86 a 79 a 208 b 90 a 78 a 2,40 a

Nitrato de cálcio 2,52 b 1845 b 87 a 78 a 230 b 88 a 73 a 2,41 a

Média 2,59 2227 87 78 235 85 77 2,43

CV (%) 6,57 23,83 3,02 4,66 18,26 17,51 10,20 5,78

1 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Scott-Knott - 0,05)

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Tabela 2. Médias de teor de N foliar, produtividade de grãos (kg/ha), floração, altura de planta e componentes de produção, em função de cinco formas de aplicação ou parcelamento de N. Lavras- MG. 2008/2009.

Formas de

aplicação de N(1)

N foliar

(%)2

Prod. de grãos2

Floração (dias)2

Altura de

planta (cm)2

Número de

panículas/m2(2)

Número de

grãos/panícula(2)

% de grãos

cheios(2)

Peso de 100 grãos (g)(2)

1 2,32 c 1143 c 88 a 68 c 169 b 73 b 74 a 2,44 a

2 2,71 a 2004 b 88 a 79 b 257 a 86 a 78 a 2,34 a

3 2,78 a 2577 a 87 a 81 a 244 a 94 a 77 a 2,42 a

4 2,58 b 2622 a 87 a 83 a 275 a 91 a 78 a 2,46 a

5 2,56 b 2789 a 85 b 82 a 230 a 82 b 79 a 2,50 a

Média 2,59 2227 87 78 235 85 77 2,43

CV (%) 6,57 23,83 3,02 4,66 18,26 17,51 10,20 5,78 11 - todo o N na semeadura; 2 - 1/2 na semeadura e 1/2 em cobertura aos 50 dias após a semeadura; 3 - 1/3 na semeadura e 2/3 em cobertura aos 50 dias após a semeadura; 4 - 1/3 na semeadura, 1/3 em cobertura aos 30 dias e 1/3 aos 50 dias após a semeadura; e 5 - 1/4 na semeadura, 1/4 em cobertura aos 20 dias, 1/4 aos 35 dias e 1/4 aos 50 dias após a semeadura. 2 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Scott-Knott - 0,05)

CONCLUSÕES

O sulfato de amônio e o nitrato de amônio foram superiores ao nitrato de cálcio e à uréia para produtividade de grãos do arroz de terras altas.

O nitrato de amônio proporcionou maior número de panículas/m2. A aplicação todo o N na semeadura contribui para menor produtividade de grãos, teor de N

foliar, altura de planta e número de panículas/m2. As fontes de N e as formas de aplicação ou parcelamento não interferem na incidência de

doenças.

AGRADECIMENTOS

À Fapemig, pelo financiamento do projeto de pesquisa “Efeito de fontes e parcelamento de fertilizantes nitrogenados na incidência de brusone e outras características agronômicas, em arroz de terras altas” .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão. Manual de métodos de pesquisa em arroz. (primeira aproximação). 1977. 106 p. HUBER, D.M.; WATSON, R.D. Nitrogen form and plant disease. Annual Review of Phytopathology, v.12, p.139-165, 1974. MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba: Potafos, 1997. 319p. SANTOS, A.B.; PRABHU, A.S.; AQUINO, A.R.L. Épocas, modos de aplicação e níveis de nitrogênio sobre brusone e produtividade de arroz de sequeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.21, p.697-707, 1986. WEBSTER, R.K.; GUNELL, P.S. Compendium of rice diseases. Davis: A.P.S. Press, University of California, 1992. 62p.

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100. REVISÃO QUANTITATIVA DE ENSAIOS DE FUNGICIDAS NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO EM 10 ANOS DE PESQUISA NO RIO

GRANDE DO SUL

Carlos F. A. de B. e Silva-Filho1, Piérri Spolti2, Daniel S. Grohs3, Gustavo D. Funck3, Marcelo G. Madalosso4, Ricardo S. Balardin4, Emerson M. Del Ponte2

Palavras-chave: Controle químico, Oryza sativa, meta análise

INTRODUÇÃO

Dentre os fatores limitantes à expressão do potencial produtivo da cultura do arroz estão as doenças causadas principalmente por fungos (BALARDIN & BORIN, 2001). O controle químico é uma prática em expansão na última década na região sul do Brasil. O uso de novas variedades mais produtivas, mas com baixa resistência a doenças, associado a mudanças ou falhas no manejo da cultura são fatores que contribuem para a adoção de fungicidas (GREER & WEBSTER, 2001). No contexto regional, destaca-se, além daquelas endêmicas como a brusone (Pyricularia oryzae), ou esporádicas como a cárie (Tilletia barclayana), a mancha parda (Bipolaris oryzae), que tem aumentado em importância nos anos recentes (CELMER et al., 2007). Os estudos de controle químico objetivam indicar as melhores opções e as situações que justificam o uso de fungicidas e que resultam, principalmente, em retorno em produtividade (MACIEL et al., 2003; CELMER et al., 2007). De maneira geral, os resultados têm apontado benefícios em determinadas situações, porém há inconsistências devido a fatores inerentes aos ensaios. A meta-análise é o método estatístico que integra os resultados de estudos independentes para aumentar o poder de inferência estatística da pesquisa primária (SOUSA & RIBEIRO, 2009). Na área da fitopatologia seu uso é recente para sumarizar resultados de eficiência de fungicidas em culturas como a soja e o trigo (PAUL et al., 2007; SCHERM et al., 2009). No trabalho foi feita uma revisão sistemática e sumarização, com procedimentos meta-analíticos, da eficiência de fungicidas no retorno em produtividade da cultura do arroz em ensaios conduzidos no Estado do Rio Grande do Sul na última década.

MATERIAL E MÉTODOS

Uma revisão bibliográfica foi feita na literatura especializada, principalmente em revistas científicas e anais de congresso. Ainda, foram obtidos laudos de eficiência técnica de fungicidas, com resultados não publicados, de experimentos conduzidos por grupos de pesquisa. Os seguintes critérios foram utilizados para a seleção dos trabalhos a serem incluídos no estudo: ensaios conduzidos no RS, com metodologia similar na sua condução e com informação da severidade máxima de doença(s) foliar(es) (bruzone, manchas, escaldadura e mancha estreita), produtividade e variabilidade do ensaio. Após a seleção, as informações das tabelas dos trabalhos foram extraídas e incluídas em uma nova tabela em que cada entrada consistiu de um tratamento fungicida, oriundo de cada estudo independente. Em cada entrada da tabela foram associadas as seguintes informações: severidade de doenças foliares nos tratamentos fungicidas e na testemunha, produtividade no tratamento fungicida e na testemunha, coeficiente de variação do ensaio, local do experimento (município), ano de plantio, cultivar, classe química e princípio ativo do fungicida, número de aplicações e estádio da cultura nas aplicações.

A variável retorno em produtividade (Rp) foi calculada pela produtividade (kg/ha) no tratamento dividida pela produtividade da testemunha do ensaio. Desta forma, quanto maior o valor de Rp (superior a 1), maior o retorno em produtividade; exemplo, Rp=1.20, significa um aumento de 20% na produtividade. A distribuição dos valores de Rp, bem como de seus valores transformados, apresentaram desvio de uma distribuição normal, sendo usados métodos não paramétricos. No contexto 1 Eng. Agr., Bolsista DTI/CNPq, Departamento de Fitossanidade, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bento Gonçalves 7712, 91540000, Porto Alegre, RS. Email: [email protected]. 2 Depto de Fitossanidade, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 3 Instituto Rio Grandense do Arroz. 4 Depto de Defesa Fitossanitária, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria.

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da meta-análise a Rp deve ser ponderada por critérios qualitativos ou estatísticos onde um maior peso, normalmente, é dado aos tratamentos dos ensaios com menor variabilidade (SOUSA & RIBEIRO, 2009). Alternativamente, a variável resposta foi ponderada pela severidade total de doenças foliares na testemunha. Esse critério assume que os ensaios com maior severidade na testemunha permitem uma melhor discriminação do efeito dos tratamentos fungicidas, conforme trabalho anterior (SCHERM et al., 2009).

Os tratamentos foram agrupados para verificar fatores de influência nos valores de Rp como: i) cultivar; ii) favorabilidade à doença no ensaio, determinada com base na soma da severidade de doenças foliares nas testemunhas das doenças de cada ensaio, nas classes baixa (<15%) média (>15-30%) e alta (>30%) e; iii) número de aplicações; e iv) classes dos produtos isolados ou em mistura. Nesse último caso foi calculada a diferença (∆) da mediana ponderada de Rp com pareamento de classes. Por exemplo, para calcular o ∆Rp do confronto entre triazóis (DMI) e estrobilurinas (QOI), a mediana de Rp do primeiro foi diminuída da mediana de Rp da segunda classe e as médias discriminadas pela hipótese de nulidade (∆Rp=0).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De um total de 22 artigos/resumos e 56 laudos disponíveis, foram excluídos 9 artigos/resumos e

22 laudos, aplicando-se os critérios de seleção. Dos 47 trabalhos selecionados (13 artigos e 34 laudos), foi montada uma tabela com 513 linhas dos tratamentos fungicidas oriundos dos 52 ensaios no total. Mais de 25 princípios ativos foram avaliados nos ensaios, com predominância de fungicidas DMI (inibidores da demetilação) e QOI (estrobilurinas), aplicados isolados ou em mistura. Os ensaios foram conduzidos em 10 anos (1998-2007), com maior número na safra de plantio em 2004. Foram utilizadas 7 cultivares e os ensaios conduzidos em 14 locais (Agudo, Dona Francisca, Eldorado do Sul, Palmares do Sul, Restinga Seca, Rio Pardo, Santa Maria, Sto. Antônio da Patrulha, São Pedro do Sul, São Vicente do Sul, Torres, Camaquã e Santa Cruz do Sul). A mancha parda foi a doença predominante, em 53/55 ensaios selecionados. Outras, com menor freqüência, foram: escaldadura (32/53), brusone (13/53) e mancha estreita (5/53). A severidade total de doenças foliares na testemunha variou de 1,75 a 72,4%, de forma que 26 ensaios foram conduzidos sob condições de média a alta favorabilidade ambiental para o progresso das doenças. No entanto, a mancha parda apresentou valores inferiores à 10% para a maioria dos ensaios.

Quanto à eficiência média global de controle da mancha parda, ou seja, a redução da severidade no tratamento em relação à testemunha, essa mostrou valores acima de 70%, demonstrando alta eficácia dos fungicidas em reduzir a severidade da doença. Quanto à produtividade, a mediana ponderada de Rp foi de 1.13, significando um incremento global de 13% na produtividade das parcelas tratadas com qualquer fungicida. A probabilidade de Rp>1.20 foi ao redor de 0.3 (Figura 1A). A discriminação de Rp por cultivares, mostrou que a mais produtiva (SCS 112) apresentou maior retorno em produção com a aplicação do fungicida (Rp=1.32). Um segundo grupo apresentou valores de Rp variando de 1.13 a 1.17 e a cultivar IRGA422 CL teve a menor resposta, com Rp=1.09 (Figura 1B). Quanto às condições de “pressão de doença” nos ensaios, maiores valores de Rp foram obtidos sob condições de média favorabilidade, com valores médios de Rp ao redor 1.30, enquanto que sob condições de baixa ou alta favorabilidade, os valores de Rp foram mais baixos, ao redor da mediana global (Figura 1C). Quanto ao número de aplicações, houve um ligeiro incremento significativo nos valores de Rp quando foram feitas duas aplicações (Figura 1D). Quanto aos grupos químicos, a mistura de DMI+QOI apresentou incremento na produtividade maior do que quando comparada a aplicações simples de tais grupos fungicidas. Desta forma, tratamentos DMI+QOI em mistura, proporcionaram um ganho de 21% na produtividade (Tabela 1).

Os resultados da análise conjunta de dados observados em experimentos conduzidos em 10 anos demonstram os benefícios das aplicações de fungicidas no incremento da produtividade do arroz no estado do RS, bem como a variação da resposta às aplicações sob diferentes condições. O retorno na produtividade (Rp) pelo uso de fungicidas depende de vários fatores bem como do patossistema em estudo. SCHERM et al. (2009) estimaram um retorno global com aplicações fungicidas para o controle da ferrugem asiática da soja (Phakopsora packyrhizi) de 43% em 71 ensaios de fungicidas, resultado

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bastante superior à 13% na cultura do arroz, o que pode estar relacionado com o maior potencial de danos da ferrugem comparada às doenças foliares em arroz irrigado.

Cultivares que apresentaram maior produtividade, como SCS 112, responderam mais significativamente aos tratamentos fungicidas. Ainda, resposta duas vezes superior à mediana global foi verificada em situações de moderada pressão de doença, sugerindo que devem ser ajustados programas de manejo para situação de alto risco e definidos os critérios com base em limiares de risco e momentos de aplicação para situações de baixo risco. Maior Rp foi verificado para misturas comparadas a aplicações isoladas dos grupos de produtos, tal como foi verificado para a ferrugem da soja (SCHERM et al., 2009). Tal fato pode estar relacionado ao maior espectro fungitóxico e combinação de modos de ação distintos, com maior ação curativa, no caso dos DMI’s e protetor (residual mais longo) para os fungicidas QOI. Maiores estudos serão feitos para ampliar a base de dados e comparar os diferentes princípios ativos e momentos de aplicação na resposta em produtividade.

CONCLUSÕES

A aplicação de fungicidas na cultura do arroz resulta em retorno em produtividade, cujos maiores incrementos são obtidos quando se aplicam misturas de triazóis e estrobilurinas sob situações de moderada favorabilidade do ambiente e em cultivares mais produtivas.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela bolsa DTI-3 para o primeiro autor e pelo auxílio de pesquisa (CNPq/CT-Agro no 42/2008) ao último autor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS BALARDIN, R.S.; BORIN, R.C. Doenças na cultura do arroz irrigado. Santa Maria: [s.n], 2001. 48p. CELMER, A.; MADALOSSO, G.M.; DEBORTOLI, M.P.; NAVARINI, L.; BALARDIN, R.S. Controle químico de doenças foliares na cultura do arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, p.901-904, 2007. GREER, C.A.; WEBSTER, R.K. Occurrence, distribution, epidemiology, cultivar reaction, and management of rice blast disease in California. Plant Disease, v.85, p.1096-1102, 2001. MACIEL, J.L.N., TRONCHONI, J.G. Avaliação de fungicidas para o controle de doenças da parte aérea do cultivar IRGA 417. In: III CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO e REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 25, 2003, Camboriú, SC. Anais ..., EPAGRI, 2003. p.332-334. PAUL, P.A.; LIPPS, P.E.; HERSHMAN, D.E.; MCMULLEN, M.P.; DRAPER, M.A.; MADDEN, L.V. A quantitative review of tebuconazole effect on Fusarium head blight and deoxynivalenol content in wheat. Phytopathology, v. 97, p.211-220, 2007. SCHERM, H.; CHRISTIANO, R.S.C.; ESKER, P.D.; DEL PONTE, E.M.; GODOY, C.V. Quantitative review of fungicide efficacy trials for managing soybean rust in Brazil. Crop Protection, http://dx.doi.org/10.1016/j.cropro.2009. SOUSA, M.R.; RIBEIRO, A.L.P. Systematic review and meta-analysis of diagnostic and prognostic studies: a tutorial. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v.92, p.241-251, 2009.

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Tabela 1. Diferença entre medianas ponderadas de Rp (∆Rp) e a respectiva significância (P) pela aplicação de DMI, QOI ou misturas em ensaios para o controle da mancha parda no Rio Grande do Sul na última década.

Resposta em produtividade - Rpb

Grupo químicoa Número de tratamentos ∆Rp P

DMI x QOI DMI x QOI + DMI QOI x QOI + DMI

303 228 165

-0.0289 -0.0584 -0.0295

0.6260 0.0172 0.0401

a Para a comparação por pareamento, a diferença entre as medianas ponderadas de Rs e Rp (∆) foi testada pelo desvio a partir de zero (hipótese de nulidade). b Produtividade em um tratamento fungicida dividido pela produtividade da testemunha. Figura 1. Probabilidade (Prob) de excedência da mediana da resposta em produtividade (Rp) na cultura

do arroz com o uso de fungicidas (A). Mediana ponderada de Rp por cultivares onde a caixa representa 50% dos valores de produtividade (kg/ha) dos tratamentos e n=número de observações (B). Distribuição de Rp em função da favorabilidade ambiental à doença determinada pela severidade de manchas foliares na testemunha (C) e pelo número de aplicações com fungicidas (D). Nas caixas as linhas transversais superior e inferior correspondem ao quartis de 75% e 25%, respectivamente. Linhas verticais são os quartis de 95% e 5%. Linha transversal é a mediana não ponderada. Letras distintas na Figura C indicam diferença estatística significativa entre as médias pelo teste de Kruskal-Wallis (P<0,05). Na Figura D a diferença estatística é dada pela probabilidade (P<0,05).

D

A B

C

y

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101.. DEPOSIÇÃO DE GOTAS DE APLICAÇÃO AÉREA DE NATIVO + AUREO, COM DIFERENTES EQUIPAMENTOS E TAXAS DE APLICAÇÃO

Ivan Francisco Dressler da Costa1, Eugênio Passos Schröder2, Adriano Arrué3, Cesar Coradini3, Mauricio Stefanello3, Maiquel Pizzutti3, Leandro Marques3, Joelton Rodrigues3

Palavras-chave: fungicida, aplicação, gotas.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a lavoura arrozeira, cultivada na Região Sul do Brasil tem experimentado um crescimento considerável, tanto em termos de área cultivada, como em novas tecnologias, sendo responsável por uma produção superior a 8.000 mil t. de grãos de arroz na safra 2007/2008 (CONHAB, 2008). Neste cenário, o Rio Grande do Sul desponta como principal Estado produtor, respondendo mais de 6.000 mil t. de grãos, em uma área de mais de 1.000.000 ha (IRGA, 2008). Apesar disso, a produção enfrenta algumas dificuldades, como oscilações climáticas, controle de invasoras, escassez de água para irrigação e ocorrência de doenças, que influem na baixa produtividade da cultura. Doenças que atacam a cultura do arroz irrigado podem provocar perdas que atingem, em média, 10% do potencial de produção. Brusone (Pyricularia grisea), queima foliar (Microdochium oryzae), mancha parda (Bipolaris

oryzae) e a cárie do grão (Tilletia barclayana), apresentam efeitos negativos que podem ser responsáveis pela maioria das perdas devidas à incidência de doenças (RIBEIRO, 1985, COSTA et al., 2006).

As aplicações de fungicidas em arroz irrigado têm sido realizadas na maioria dos casos com pulverizações aéreas, pois este método permite evitar prejuízos por danos mecânicos à cultura, ao mesmo tempo em que utiliza uma reduzida quantidade de água como veiculante (AGROLINK, 2008).

Mesmo sendo uma prática costumeira e difundida no meio arrozeiro, ainda existe uma carência muito grande em termos de pesquisa em aplicação aérea de fungicidas na lavoura de arroz irrigado, sendo gerados poucos dados sobre densidade de gotas, taxas de aplicação eficazes e equipamentos mais adequados à aplicação (SCHRÖDER, 2007).

Os objetivos deste trabalho foram testar equipamentos e taxas de aplicação, bem como avaliar os efeitos de deposição e penetração de gotas da calda fungicida de NATIVO + AUREO, na cultura do arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em lavoura de arroz irrigado na propriedade do Sr. Ernesto Predebon, no município de Santa Margarida do Sul, RS, com semeadura no dia 20/10/2007, utilizando a cultivar EPAGRI 108, com densidade de semeadura de 85 kg.ha-1 de sementes, espaçamento de 0,175m entre fileiras e densidade final na parcela experimental de aproximadamente 180 plantas.m-2, manejada segundo as recomendações técnicas para a cultura do arroz (SOSBAI, 2007).

A adubação de base constou de 200 kg.ha-1 da fórmula 02-20-30. Como adubação nitrogenada, foram aplicadas duas doses de uréia: 100 kg.ha-1 antes da irrigação e 70 kg.ha-1 na diferenciação do primórdio floral. Para controle de plantas daninhas, foi utilizado dessecante glifosate antes do plantio, e para controle de ervas em pós emergência utilizou-se o herbicida Starice® (1 L.ha-1) e Gladium® (120g.ha-1).

A área experimental foi demarcada em talhões, medindo 500m x 150m, com 10 faixas de aplicação com 15 metros de largura cada (as seis faixas centrais representaram as seis repetições, e as

1 Eng.Agr. Dr. - Departamento de Defesa Fitossanitária, UFSM, Santa Maria-RS, [email protected]. 2 Eng. Agr. Dr. - Schroder Consultoria. 3 Acadêmico de Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS.

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demais compuseram as bordaduras), totalizando uma área total de 75.000 m2 por tratamento. O tamanho foi calculado a partir do número de faixas que seriam seguras para reduzir problemas relacionados com a deriva. Em cada uma das seis faixas centrais de cada talhão, foram demarcadas as áreas para avaliações, mais uma área testemunha, coberta por lona, medindo 60m2. Dentro dessas áreas foram realizadas as amostragens de gotas com papéis hidrossensiveis e também para rendimento da cultura.

Os tratamentos foram pulverizados na manhã do dia 17/02/2009, quando a cultura encontrava-se no estádio de final do emborrachamento, sob condições ambientais de 26oC, no primeiro vôo, e variando para 28oC no final das aplicações, umidade relativa do ar variando de 68% no inicio até 64% no final das aplicações, e ventos com velocidade média de 4,0 km.h-1. Utilizou-se aeronave Cessna C-188, equipada com bicos hidráulicos de impacto (Bico Stol) e atomizadores rotativos de discos (Turboaero®), seguindo o delineamento estatístico de blocos casualizados, com sete tratamentos e seis repetições (Tabela 1).

Nos tratamentos com bicos hidráulicos de impacto o veículo utilizado foi água, enquanto naqueles com atomizadores rotativos de disco, empregou-se o sistema Baixo Volume Oleoso – BVO, onde o veículo constou de 1 L.ha-1 de óleo. Este volume de óleo foi determinado em função do uso de AUREO. Para todas as doses de AUREO testadas, o volume foi completado com óleo vegetal Agr’óleo®, completando-se o volume final com água.

As gotas pulverizadas foram coletadas em cartões de papel sensível à água, fixados horizontalmente em estacas dispostas nas parcelas experimentais, em três alturas do dossel da cultura (superior, médio e inferior). Os cartões foram analisados com o software Agroscan®.

A colheita foi realizada manualmente no dia 17/04/2009, coletando-se as plantas de 2,00m2 na área útil de cada parcela, e trilhadas em trilhadeira estacionária. Após a determinação da umidade dos grãos o volume de grãos foi pesado e o rendimento final corrigido tendo em vista uma umidade padrão de 14%. Na análise estatística foi utilizado o Teste de Comparação de Médias de Scott-Knott, ao nível de 5% de probabilidade, através do software SASM-Agri.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos dados obtidos pela avaliação dos cartões hidrossensiveis mostrou diferença significativa entre os tratamentos, para densidade de gotas no estrato superior do dossel, onde Nativo (0,75 L.ha-1) + Aureo (0,5% e 0,75 L.ha-1), aplicados com atomizador rotativo de discos proporcionaram menores densidades de gotas (Tabela 2). No estrato médio do dossel, as maiores deposições foram obtidas nos tratamentos onde se testou bicos hidráulicos de impacto (Nativo 0,75 L.ha-1 + Aureo 0,5%) e atomizador rotativo (Nativo 0,75 L.ha-1 + Aureo 0,25 L.ha-1), mas no estrato inferior não houve diferença significativa entre os tratamentos. O percentual de gotas que penetrou nos estratos médio e inferior do dossel, calculado em relação à densidade de gotas do estrato superior (total de gotas que chegou no topo das parcelas experimentais) indicou índices muito satisfatórios, com médias de 67,19% e 41,46%, respectivamente para os estratos médio e inferior, e sem diferença estatística entre os tratamentos (Tabela 2). Estes resultados indicam que, para as condições em que foi realizado o ensaio, bicos hidráulicos de impacto e atomizadores rotativos de discos proporcionaram penetração de gotas similares no dossel foliar do arroz.

Não foram observadas diferenças significativas no rendimento da cultivar EPAGRI 108 de arroz irrigado, em função de equipamento, taxa de aplicação e fungicida, mas todos os tratamentos foram superiores à testemunha não tratada (Tabela 3).

CONCLUSÃO

As pulverizações aéreas de fungicidas, com bicos hidráulicos de impacto e atomizadores

rotativos de discos, com taxas de aplicação de 30 e 10 L.ha-1, respectivamente, produziram densidades de gotas diferentes no topo da cultura de arroz;

No estrato médio do dossel da cultura, as pulverizações aéreas de fungicidas mostraram maiores

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deposições de gotas quando utilizados bicos hidráulicos de impacto, com Nativo + Aureo (0,75 L.ha-1 + 0,5%) e atomizadores rotativos de discos com Nativo + Aureo (0,75 L.ha-1 + 0,25 L.ha-1), nas respectivas taxas de aplicação.

Para o estrato inferior, as pulverizações aéreas de fungicidas, utilizando bicos hidráulicos de impacto e atomizadores rotativos de discos, com taxas de aplicação de 30 e 10 L.ha-1, respectivamente, proporcionaram penetração de gotas similares no dossel foliar do arroz.

Aplicação de Nativo na dose de 0,75 L.ha-1 acrescido do óleo vegetal AUREO, nas doses de 0,25 L.ha-1, 0,5% e 0,75 L.ha-1, em diferentes taxas de aplicação e com diferentes equipamentos, não interferem na deposição e penetração de gotas no dossel;

A aplicação de Nativo, associado com Aureo em diferentes doses, independentemente dos equipamentos e taxas de aplicação utilizados, promoveram produtividades de grãos de arroz iguais, apresentando-se superiores à testemunha não tratada.

AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos parceiros do Grupo de Estudos em Tecnologia de Aeroaplicação – Grupo Geta – e às seguintes instituições: Granja Predebon, Clínica Fitossanitária da UFSM, Schroder Consultoria, Aeroagrícola Gabrielense, Bayer CropSciences, Centro Brasileiro de Bioaeronáutica e Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGROLINK. Pulverizações aéreas contra a cárie do arroz. Artigos técnicos, 2007. Disponível em: www.agrolink.com.br/aviacao/artigos.detalhe.noticia.asp?cod=51361. Acesso em: 21 maio. 2008. SOSBAI. 2005. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Santa Maria, RS: SOSBAI/UFSM/IRGA/EPAGRI, 2007. 159p. MADALOSSO, M.G. Espaçamento entre linhas e pontas de pulverização no controle de phakopsora pachyrhizi sidow. 2007. 89p. Dissertação (mestrado em Engenharia Agrícola). Universidade Federal de Santa Maria- Santa Maria, 2007. RIBEIRO, A.S. 1985. Doenças do Arroz. In: EMBRAPA. Fundamentos para a cultura do arroz irrigado. Campinas, Fundação Cargill. 205-250. 317p. SCHRÖDER, E.P. Avaliação de sistemas aeroagrícolas visando à minimização de contaminação ambiental. 2003. 73p. Tese (Doutorado)-Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. SCHRÖDER, E.P., COSTA, I.F.D.da, SILVA, T.M.B da Controle de doenças em arroz irrigado através de pulverizações aéreas de fungicidas. Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, 5. Anais. Pelotas, RS: Embrapa Clima Temperado, 2007. p.692-3.

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Tabela 1. Fungicidas, doses, equipamentos e taxas de aplicação utilizados para testar a mistura de Nativo + Aureo em arroz irrigado. Santa Margarida do Sul, RS. 2009.

Produto Comercial Dose p.c.(2) (L.ha-1)

Dose i.a.(3)

(g.ha-1) Equipamentos(4)

Taxa de aplicação (L.ha-1)

Nativo + Aureo(1) 0,75 + 0,25 75 + 150 + 180 BHI 30 Nativo + Aureo 0,75 + 0,5% 75 + 150 + 150 BHI 30 Nativo + Aureo 0,75 + 0,75 75 + 150 + 540 BHI 30 Nativo + Aureo 0,75 + 0,25 75 + 150 + 180 ARD 10 Nativo + Aureo 0,75 + 0,5% 75 + 150 + 50 ARD 10 Nativo + Aureo 0,75 + 0,75 75 + 150 + 540 ARD 10 Testemunha --- --- --- ---

(1) Ingredientes ativos: Nativo = Trifloxistrobina (100g.L-1)+ Tebuconazol (200 g.L-1); Aureo = Éster metílico de óleo de soja (720 g.L-1); (2) produto comercial; (3) ingrediente ativo; (4) BHI = bicos hidráulicos de impacto, ARD = atomizadores rotativos de discos.

Tabela 2. Deposição de gotas (gotas.cm-2) em três estratos do dossel de lavoura de arroz irrigado, em

função de diferentes equipamentos e taxas de aplicação, utilizando Nativo + Aureo em aplicação aérea, sobre plantas da cultivar EPAGRI 108 de arroz irrigado. Santa Margarida do Sul, RS. 2009.

Densidade de gotas (gotas.cm-2) Penetração de gotas (%)

Tratamentos(1) (L.ha-1 p.c.)

Equip./ Taxa aplic.

Superior Médio Inferior Médio Inferior Nativo 0,75 + Aureo 0,25 Bicos 30 49,20(2) a 33,30 b 16,80 a 67,68 a 34,14 a Nativo 0,75 + Aureo 0,5% Bicos 30 64,22 a 43,17 a 24,92 a 67,22 a 38,80 a Nativo 0,75 + Aureo 0,75 Bicos 30 57,12 a 30,45 b 22,87 a 53,30 a 40,03 a Nativo 0,75 + Aureo 0,25 Atomizador 10 69,74 a 43,65 a 24,40 a 62,58 a 34,98 a Nativo 0,75 + Aureo 0,5% Atomizador 10 41,33 b 29,35 b 18,91 a 71,01 a 45,75 a Nativo 0,75 + Aureo 0,75 Atomizador 10 23,25 b 18,92 b 12,81 a 81,37 a 55,09 a Testemunha --- --- --- --- --- --- Médias 50,81 33,30 20,11 67,19 41,46 C.V.(%) 16,29 16,18 17,42 14,15 15,67 (1) Ingredientes ativos: Nativo = Trifloxistrobina (100g.L-1)+ Tebuconazol (200 g.L-1); Aureo = Éster metílico de óleo de soja (720 g.L-1); (2) Médias seguidas pela mesma letra, em cada estrato do dossel, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knot ao nível de 5% de

significância.

Tabela 3. Produtividade de grãos de arroz (kg.ha-1), em função de diferentes equipamentos e taxas de

aplicação, utilizando Nativo + Aureo em aplicação aérea, sobre plantas da cultivar EPAGRI 108 de arroz irrigado. Santa Margarida do Sul, RS. 2009.

Dose p.c.(2) Produtividade Tratamentos Equip./Taxas aplic.

(L.ha-1) (kg.ha-1) Nativo + Aureo(1) Bicos 30 0,75 + 0,25 10050,37(3) a

Nativo + Aureo Bicos 30 0,75 + 0,5% 10277,47 a

Nativo + Aureo Bicos 30 0,75 + 0,75 10729,12 a

Nativo + Aureo Atomizador 10 0,75 + 0,25 10427,34 a

Nativo + Aureo Atomizador 10 0,75 + 0,5% 10092.88 a

Nativo + Aureo Atomizador 10 0,75 + 0,75 10559,03 a

Testemunha --- --- 7474,82 b C.V. (%) 9,83

(1) Ingredientes ativos: Nativo = Trifloxistrobina (100g.L-1)+ Tebuconazol (200 g.L-1); Aureo = Éster metílico de óleo de soja (720 g.L-1); (2) Produto comercial; (3) Médias seguidas pela mesma letra, em cada estrato do dossel, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott, ao nível de 5% de

significância.

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102. PULVERIZAÇÕES AÉREAS DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE DOENÇAS DO ARROZ IRRIGADO

Eugênio Passos Schröder1, Ivan Francisco Dressler da Costa2, Gustavo Peroba de Andrade3, Mauricio Stefanello4, Cesar Coradini4, Adriano Arrué4, Leandro Marques4, Maiquel Pizzutti4, Joelton Rodrigues4, Guilherme Rossato4

Palavras-chave: fungicida, aplicação, gotas.

INTRODUÇÃO

As doenças que atacam a cultura do arroz irrigado podem provocar prejuízos ao redor de 10% do potencial de produção. Entre essas doenças destacam-se a brusone (Magnaporthe grisea), a mancha parda (Bipolaris oryzae), a queima foliar (Microdochium oryzae), a mancha das bainhas (Rhizoctonia

oryzae), a mancha estreita (Cercospora oryzae), a mancha de alternaria (Alternaria padwickii) e a cárie do grão (Tilletia barclayana) (RIBEIRO, 1985, COSTA et al, 2006). A pulverização aérea de fungicidas em arroz irrigado tem sido muito utilizada, em função do não amassamento das plantas da cultura, rapidez e uniformidade da aplicação, o custo vantajoso. A recomendação de registro e bula de muitos fungicidas é de que sejam pulverizados com bicos cônicos e com volume de calda de 30 L.ha-1, porém, têm sido utilizados atomizadores rotativos e volumes ao redor de 10 L.ha-1 (SCHRODER et al, 2007).

Este trabalho teve como objetivo avaliar a deposição de gotas da calda fungicida, com diferentes equipamentos e taxas de aplicação, e seu efeito sobre o controle de doenças e produtividade da cultura do arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em lavoura de arroz irrigado do Sr. Ernesto Predebon, no município de Santa Margarida do Sul, RS, semeada em 10/11/2008, cultivar IRGA 422CL, com 100 kg.ha-1 de sementes, manejada segundo as recomendações técnicas para a cultura do arroz (SOSBAI, 2007). A adubação de base constou de 200 kg.ha-1 da fórmula 02-20-30. Como adubação nitrogenada, foram aplicadas duas doses de uréia: 100 kg.ha-1 antes da irrigação e 70 kg.ha-1 na diferenciação do primórdio floral. Para controle de plantas daninhas, foi utilizado dessecante glifosate antes do plantio, e para controle de ervas em pós emergência utilizou-se o herbicida Only®.

Utilizou-se talhões medindo 533m x 150m, com 10 faixas de aplicação com 15 metros de largura cada (as seis faixas centrais representaram as seis repetições, e as demais compuseram as bordaduras), totalizando uma área total de oito hectares por tratamento.Em cada uma das seis faixas centrais de cada talhão, foram alocadas as áreas para avaliações, mais uma área testemunha, medindo 60m2. Dentro dessas áreas foram realizadas as amostragens de gotas com papéis hidrossensiveis e também para rendimento da cultura.

Os talhões foram pulverizados na tarde do dia no 17/02/2009, quando a cultura encontrava-se no final do emborrachamento, com 65 centímetros de altura, sob condições ambientais de 28oC e ventos com velocidade média de 4,0 km h-1. A umidade relativa do ar variou ao longo da instalação do experimento, permanecendo abaixo de 65% nos três primeiros tratamentos, e acima de 75% nos demais. No dia 07/03/2009, foi realizada a segunda pulverização nos tratamentos 2 e 5, sob condições de 24oC, 65% de umidade relativa e ventos de 3 km.h-1. Utilizou-se aeronave Cessna C-188, equipada com bicos hidráulicos de impacto (Bico Stol) e atomizadores rotativos de discos (Turboaero®), seguindo o delineamento estatístico de blocos casualizados, com sete tratamentos (combinações de equipamentos, fungicidas e número de aplicação) e seis repetições (Tabela 1).

1 Eng. Agr. Dr. - Schroder Consultoria, Av. Fernando Osório,20, sala 2A, CEP.: 96.055-000, Pelotas, RS. E-mail: [email protected]. 2 Eng.Agr. Dr. - Departamento de Defesa Fitossanitária, UFSM, Santa Maria-RS. 3 Acadêmico de Agronomia, UFPel, Pelotas, RS. 4Academico de Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS.

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Nos tratamentos com bicos hidráulicos de impacto o veículo utilizado foi água, enquanto naqueles com atomizadores rotativos de disco, empregou-se o sistema Baixo Volume Oleoso – BVO, onde o veículo constou de 1 L ha-1 do óleo vegetal Agr’óleo®, completando-se o volume final com água.

As gotas pulverizadas foram coletadas em cartões de papel sensível à água, fixados horizontalmente em estacas dispostas nas parcelas experimentais, em três alturas do dossel da cultura (superior, médio e inferior). Os cartões foram analisados com o software Agroscan®.

Avaliações de severidade de doenças foram realizadas em 25 folhas bandeiras, nos dias 17/02/2009, 03/03/2009 e 21/03/2009.A colheita foi realizada manualmente em 16/04/2009, coletando-se as plantas de 2m2 na área útil de cada parcela, e trilhadas em trilhadeira estacionária. Após a determinação da umidade dos grãos o volume de grãos foi pesado e o rendimento final corrigido tendo em vista uma umidade padrão de 14%. Na análise estatística foi utilizado o teste de comparação múltipla de Scot-Knott, ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram efetuadas através do software SASM-Agri.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A severidade da mancha parda e da mancha estreita foi baixa na área experimental, não havendo diferença entre os tratamentos, mas todos foram superiores à testemunha. A produtividade de grãos de arroz foi similar para todos os tratamentos, e superior à testemunha (Tabela 2). Portanto, o controle das doenças foi similar, independente do fungicida, número de aplicações e do equipamento gerador de gotas.. O experimento gerou importante resultado quanto à metodologia de coleta de gotas com cartões de papel sensível à água. Nas aplicações no início da tarde, quando a umidade relativa do ar situou-se abaixo de 65%, ocorreu adequada sensibilização dos cartões pelas gotículas coletadas. Porém, nas aplicações do final da tarde, quando a umidade relativa do ar superou os 75%, ocorreu sensibilização total dos cartões pela umidade do ar, impossibilitando que sua superfície registrasse as gotas pulverizadas. Este comportamento é normal quando a umidade relativa do ar é superior a 80% (SCHRODER, 2003), mas, provavelmente devido à evaporação da lâmina d´água de irrigação, ocorreu comprometimento dos cartões ainda quando o higrômetro registrava valores tidos como aceitáveis. Diante do exposto, os cartões dos tratamentos com bicos hidráulicos de impacto (1 a 3) foram analisados eletronicamente, e seus resultados são apresentados neste trabalho, mas aqueles dos tratamentos com atomizadores rotativos (4 a 6) não puderam ser analisados. A análise dos dados de deposição de gotas dos bicos hidráulicos de impacto não mostrou diferença significativa entre os tratamentos, nos estratos superior (68 gotas.cm-2 no topo da cultura) e mediano (60 gotas.cm-2) do arroz (Gráfico 1). Este fato pode ser explicado porque as plantas de arroz encontravam-se com apenas 65 centímetros de altura por ocasião das aplicações, e ainda não tinham “fechado” as linhas, ou seja, era uma condição muito favorável para a deposição de gotas ao longo de toda a planta de arroz. No terço inferior das plantas de arroz a deposição média foi de 45 gotas.cm-2, sem diferença entre os tratamentos, um índice bem superior aos 30% usualmente observados em áreas comerciais. O tamanho de gotas (DMV) situou-se ao redor de 200 a 250 micrômetros em todos os tratamentos e estrados do dossel avaliados, o que está de acordo com o esperado em função do tipo de equipamento utilizado. A penetração de gotas no dossel, obtida pela relação entre o total de gotas que alcança o topo da cultura e o número que atinge os demais estratos, gerou resultados muito positivos, com 87% de penetração no estrato mediano e 65% no inferior, sem diferenças entre os tratamentos. Estes índices foram obtidos pela arquitetura e porte das plantas de arroz, já reportados.

CONCLUSÃO

Bicos hidráulicos de impacto e atomizadores rotativos de discos foram igualmente eficazes para o controle da mancha parda e da mancha estreita em arroz irrigado;

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Amostragens de gotas com papel sensível à água, sob umidade relativa do ar superior a 75%, podem ser comprometidas;

Bicos hidráulicos de impacto podem gerar densidade e penetração de gotas adequadas para pulverização aérea de fungicidas quando as plantas de arroz têm baixa estatura.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos parceiros do Grupo de Estudos em Tecnologia de Aeroaplicação – Grupo Geta – e às seguintes instituições: Granjas 4 Irmãos, Clínica Fitossanitária da UFSM, Schroder Consultoria, Taim Aeroagrícola, Basf, Centro Brasileiro de Bioaeronáutica e Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, I. F. D. et al. 2006. Cárie do Arroz. Centro de Ciências Rurais, UFSM. Boletim Técnico. 4p.

SOSBAI. 2005. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Santa Maria, RS: SOSBAI/UFSM/IRGA/EPAGRI, 2007. 159p.

RIBEIRO, A.S. 1985. Doenças do Arroz. In: EMBRAPA. Fundamentos para a cultura do arroz irrigado. Campinas, Fundação Cargill. 205-250. 317p.

SCHRÖDER, E.P. Avaliação de sistemas aeroagrícolas visando a minimização de contaminação ambiental. 2003. 73p. Tese (Doutorado)-Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

SCHRÖDER, E.P., COSTA, I.F.D.da, SILVA, T.M.B da Controle de doenças em arroz irrigado através de pulverizações aéreas de fungicidas. Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, 5. Anais. Pelotas, RS: Embrapa Clima Temperado, 2007. p.692-3.

Tabela 1. Equipamentos, taxas de aplicação e número de aplicações e doses dos produtos comerciais.

São Gabriel, RS. 2009. 1ª aplicação 2ª aplicação Trat

. Equipamentos/Taxa de

aplicação Brio (L.ha-1) Assist (L.ha-1) Brio (L.ha-1) 1 Bicos hidráulicos 30 L.ha-1 0,75 0 0 2 Bicos hidráulicos 30 L.ha-1 0,75 0 0,75 3 Bicos hidráulicos 30 L.ha-1 0,75 0,5 0 4 Atomizador rotativo 10 L.ha-1 0,75 0 0 5 Atomizador rotativo 10 L.ha-1 0,75 0 0,75 6 Atomizador rotativo 10 L.ha-1 0,75 0,5 0 7 Testemunha --- --- ---

BRIO = Kresoxym-metil + Epoxiconazole. ASSIST = Adjuvante.

Tabela 2. Severidade de Bipolaris oryzae e Cercospora oryzae, e produtividade de grãos (kg/ha) em função de diferentes equipamentos, taxas de aplicação e número de aplicações aéreas de Brio, sobre plantas da cultivar IRGA 422CL de arroz irrigado. São Gabriel, RS. 2009.

Tratamentos Bipolaris oryzae Cercospora oryzae

17/02/09 03/03/09 21/03/09 17/02/09 03/03/09 21/03/09 Produtividade

1 0,007 a 0,033 b 0,073 b 0,000 b 0,050 b 0,053 b 9229 ab 2 0,008 a 0,042 b 0,067 b 0,000 b 0,021 b 0,043 b 9724 ab 3 0,015 a 0,050 b 0,028 b 0,000 b 0,013 b 0,040 b 8670 bc 4 0,017 a 0,058 b 0,088 b 0,000 b 0,000 b 0,055 b 9641 ab 5 0,025 a 0,073 b 0,070 b 0,000 b 0,042 b 0,035 b 10002 ab 6 0,017 a 0,082 b 0,037 b 0,000 b 0,031 b 0,030 b 9403 ab 7 0,067 a 0,550 a 0,957 a 0,033 a 0,202 a 0,263 a 7844 c

1 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scot-Knott, ao nível de 5% de significância.

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Figura 1. Densidade de gotas (gotas.cm-2), diâmetro mediano volumétrico (µm) e penetração de gotas

(%) no dossel de lavoura de arroz irrigado, através de pulverização aérea com bicos hidráulicos de impacto. São Gabriel, RS. 2009.

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103. AVALIAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PULVERIZAÇÃO AÉREA E TAXAS DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDA NA CULTURA DO ARROZ

IRRIGADO

Tânia M.Bayer da Silva1, Ivan F.Dressler da Costa2, Eugênio Schröder3

Palavras-chave: tecnologia de aplicação, papéis hidrossensíveis, produtividade.

INTRODUÇÃO

O controle químico eficiente na cultura do arroz irrigado depende da correta seleção do equipamento e taxas de aplicação. Para aferir a eficiência de uma pulverização é necessário determinar características como: diâmetro mediano, uniformidade do tamanho e densidade das gotas e a cobertura da pulverização (OZMERI & CILINGIR, 1992). Schröder (2004) comenta que a tendência mundial é o uso de volumes cada vez menores e, que trabalhos apresentados em congressos em todo mundo e o desenvolvimento de novos equipamentos de pulverização caminham todos nesse sentido.

Gotas pequenas e numerosas são ideais para as pulverizações de fungicidas em arroz, devido ao maior recobrimento das diversas partes das plantas e maior penetração no dossel foliar. Densidades de gotas entre 50 e 70 gotas.cm-2 no topo da cultura têm sido suficientes para os fungicidas sistêmicos, sendo desejável que pelo menos um terço delas atinja a parte inferior das plantas. Deve-se lembrar que a mobilidade desses produtos nas plantas é menor que a de outros agrotóxicos, como é o caso de alguns herbicidas, o que exige uma cobertura de gotas maior (RESENDE, 2007).

Em relação ao tamanho das gotas e concentração da calda, Schröder (2002) relata que de um modo geral, pulverizações com gotas de menores diâmetros têm maior eficiência biológica e caldas mais concentradas são mais econômicas, além de promoverem melhores resultados.

O objetivo deste trabalho foi avaliar equipamentos de pulverização aérea e taxas de aplicação, em função da produtividade, rendimento de engenho e densidade de gotas, na cultura do arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento de campo foi conduzido em área comercial, localizada na Granja Quatro irmãos,

município de Rio Grande, RS, no ano agrícola de 2007/2008. As análises laboratoriais foram realizadas na Clínica Fitossanitária, localizada na Universidade Federal de Santa Maria. Foram testados três equipamentos de aplicação aérea (bico hidráulico, eletrostático e atomizador rotativo de disco), com duas a três taxas de aplicação para cada equipamento, totalizando sete tratamentos e testemunha.

Os tratos culturais foram seguidos conforme recomendações técnicas para a cultura do arroz (SOSBAI, 2005). O experimento foi implantado de acordo com o sistema de plantio convencional. Para realização das pulverizações, utilizou-se avião agrícola Ipanema modelo 202. A aplicação do fungicida foi realizada na fase R3 e o fungicida utilizado constou da formulação comercial de dois ingredientes ativos: Trifloxistrobina + Propiconazol, na dose de 0,75L.ha-1, com concentração de ingrediente ativo de 125g de Trifloxistrobina + 125g de Propiconazol. Para avaliação de produtividade foi utilizado peso de grãos proveniente da colheita de 2 m2 em cada uma das áreas de avaliação. As plantas foram levadas à Universidade Federal de Santa Maria, onde foram trilhadas e determinada a umidade dos grãos. Essas amostras foram acondicionadas em estufa até que sua umidade fosse próxima a 13%. Após esse processo, o peso foi calculado para quilos por hectare.

Com as mesmas amostras de produtividade foram realizadas as análises de rendimento de engenho. Todas as amostras foram submetidas a um conjunto de peneiras para reter impurezas e pesados 100 gramas de cada repetição. Para determinação do rendimento de engenho, utilizou-se equipamento marca Zaccaria, com ciclos de três minutos por sub-amostras. Com o arroz beneficiado, 1 Eng. Agr. MSc. – Aluna pós-graduação em Fitossanidade. UFPel.- CP 354, CEP 96001-970, Pelotas, RS, E-mail: [email protected]. 2 Eng.Agr. Dr. - Departamento de Defesa Fitossanitária, UFSM, Santa Maria-RS. 3 Eng. Agr. Dr. Schröder Consultoria, Pelotas, RS.

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foi possível determinar o peso dos grãos inteiros e quebrados. Para determinação de densidade de gotas, foram utilizadas estacas de um metro de comprimento,

divididas em três níveis, com 30 cm cada. Em cada nível, foi colocado um papel hidrossensível, fixado com um atilho de borracha, em posição horizontal. Os papéis hidrossensíveis foram coletados logo após a pulverização e enviados para análise, que foi realizada pela empresa Agrotec.

Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância quando verificada diferença significativa entre os tratamentos qualitativos (dados categorizados) a nível de 5% de probabilidade de erro. Optou-se pela adoção do teste de Duncan como procedimento para comparação múltipla de médias. As análises foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SOC (EMBRAPA, 1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O rendimento de grãos de arroz não diferiu entre os tratamentos (Figura 1). Celmer et al. (2007) relatam que o rendimento de grãos nas cultivares de arroz é influenciado pelo controle químico das doenças foliares. O mesmo autor também cita que o controle de doenças pode ser considerado uma importante ferramenta para manutenção da estabilidade de produção de grãos. O principal motivo da não diferenciação da produtividade entre os tratamentos neste trabalho, pode ser explicado pela baixa severidade de doenças a campo (Tabela1), que foi próxima 1%. Esta afirmação concorda com Marzari et al. (2007), que relatam que a diminuição da severidade de doenças, pelo controle químico, propicia o aumento da produtividade. A explanação anterior pode ser considerada para os resultados do rendimento de engenho (Figura 2). A diferença maior foi visualizada no tratamento onde foi testado bico hidráulico com taxa de aplicação de 20 L.ha-1, que se diferenciou dos demais tratamentos para as variáveis peso de inteiros e peso total. Para peso de grãos quebrados, não houve diferenças significativas. A avaliação dos cartões hidrossensíveis, na área útil de cada parcela experimental, mostrou diferença para densidade de gotas, devido à variação na eficiência dos equipamentos testados (Figura 3). Esses resultados confirmam resultados de Ozeki (2006), que demonstram que, nas aplicações com volumes maiores, as gotas mais grossas da pulverização tendem a se estabelecer na parte superior da planta, sendo menores na parte mais interna do dossel. A maior quantidade de produto, no terço inferior, foi obtida com o uso do atomizador rotativo de discos, com taxa de 15 L.ha-1, diferindo significativamente dos demais tratamentos. Esta maior deposição pode ser explicada devido ao tamanho reduzido das gotas formadas, que proporcionou uma cobertura menos heterogênea, juntamente com o uso do óleo na calda, que reduziu perdas ocasionadas pela evaporação.

CONCLUSÃO Não houve diferenças de produtividade na cultura do arroz irrigado, devidas aos equipamentos

testados. Para rendimento de engenho, a maior percentagem de grãos inteiros e percentagem total de grãos

foi obtida através da utilização dos equipamentos bico hidráulico, com taxa de 20 L.ha-1 e atomizador rotativo discos, com taxa de 15 L.ha-1.

O equipamento atomizador rotativo de discos, na taxa de 15 L.ha-1, proporcionou maior densidade de gotas, nos estratos inferior e médio do dossel, quando avaliado através de papel hidrossensível.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos parceiros do Grupo de Estudos em Tecnologia de Aeroaplicação –

Grupo Geta – e às seguintes instituições: Granjas 4 Irmãos, Clínica Fitossanitária da UFSM, Schroder Consultoria, Taim Aeroagrícola, Bayer CropScience, Centro Brasileiro de Bioaeronáutica e Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CELMER, A.; MADALOSSO, M.C.; DEBORTOLI, M.P.; NAVARINI, L.; BALARDIN, R.S. Controle químico de doenças foliares na cultura do arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.42, n.6, p.901-904, jun. 2007. CUNHA, J.P.A.R.; MOURA, E.A.; SILVA JUNIOR, J.L.; ZAGO, F.A.; JULIATTI, F.C. Efeito de pontas de pulverização no controle químico da ferrugem da soja Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.28, n.2, p.283-291, abr./jun. 2008. EMBRAPA. Ambiente de Software NTIA, versão 4.2.2: Manual do usuário- ferramental estatístico. Campinas: Centro nacional de pesquisa tecnológica em informática para a agricultura, 1997. 258 p. MARZARI, V.; MARCHEZAN, E.; SILVA, L.S. da; CAMARGO, E.R.; TELÓ, G.M. População de plantas, dose de nitrogênio e aplicação de fungicida na produção de arroz irrigado: I – características agronômicas. Ciência Rural, v.37, p.330-336, 2007. OZEQUI, Y. Manual de aplicação aérea. São Paulo, Ed. do editor, 2006. OZMERI, A, CILINGIR, I. Use of colorimetric technique in determining surface coverage in spraying. Agric.

mechanization in asia, africa and latin america, 1992. v. 23, n.1, p. 37-8. RESENDE, L.J. Pulverizações aéreas contra a cárie do arroz. Artigos técnicos, 2007. Disponível em: <http://www.agrolink.com.br/aviacao/artigos_pg_detalhe_noticia.asp?cod=51361>. Acesso em: 21.maio.2007. SCHRÖDER, E.P. Aplicações em soja. Cultivar Máquinas, n.58, 14p., 2004. (Caderno Técnico) SCHRÖDER, E.P. Pulverização eletrostática aérea: Experiência e perspectivas no Brasil. Pelotas: Ed. do autor, 2002. 66p. SOSBAI. Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil; IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, XXVI Reunião da Cultura do Arroz Irrigado. – Santa Maria: SOSBAI 2005, 159 p., il. Disponível em: <http://www.sosbai.com.br/recomendacoes2005.pdf>. Acesso em 20 maio 2006.

Letras iguais, em cada equipamento não diferem entre si, pela Teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade de erro

Figura 1. Produtividade de arroz irrigado(Kg.ha-1), obtida em lavoura tratada com fungicida, aplicado com diferentes equipamentos e taxas de aplicação. Santa Maria-RS, 2008.

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Letras iguais, em cada equipamento não diferem entre si, pela Teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade de erro

Figura 2. Rendimento de engenho (%), para amostras de grãos de arroz, colhidas em lavoura tratada com fungicidas e utilizando diferentes equipamentos e taxas de aplicação. Santa Maria-RS, 2008.

Letras iguais, em cada equipamento não diferem entre si, pela Teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade de erro

Figura 3. Densidade de gotas (gt.cm-2), em três estratos do dossel de uma lavoura de arroz irrigado, produzida por pulverização com diferentes equipamentos e taxas de aplicação. Santa Maria-RS, 2008.

Tabela 1. Incidência e severidade foliar de mancha estreita Cercospora oryzae em cultivar Qualimax 1.

Santa Maria-RS. 2008.

Equipamentos Taxas de aplicação Incidência Severidade (%) Bico hidráulico 30 L.ha-1 3,66 cd 0,19 c Bico hidráulico 20 L.ha-1 6,08 ab 0,13 c Eletrostático 10 L.ha-1 4,50 bcd 0,34 bc Eletrostático 5 L.ha-1 2,75 d 0,14 c Atomizador Rotativo de disco 15 L.ha-1 5,25 abc 0,39 bc Atomizador Rotativo de disco 10 L.ha-1 4,58 bcd 0,19 c Atomizador Rotativo de disco 6 L.ha-1 6,75 a 0,63 ab Testemunha ---- 5,58 abc 0,81 a Coeficiente de variação (%) 30,56 85,85

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104. INFLUÊNCIA DE NÍVEIS DE INÓCULO DE Bipolaris oryzae EM SEMENTES NAS EPIDEMIAS DE MANCHA PARDA E NA PRODUTIVIDADE

DO ARROZ IRRIGADO André A. Schwanck1, Gustavo D. Funck2, Piérri Spolti3, Carlos F. A. de B. e Silva Filho3, Daniel S. Grohs2, Cândida R. J. Farias4 ,,Priscila R. Menezes4, Alexandre Deibler4, Emerson M. Del Ponte3

Palavras-chave: patologia de sementes, Bipolaris oryzae

INTRODUÇÃO

A mancha parda, causada por Bipolaris oryzae, vem aumentando em importância no Rio Grande

do Sul nos últimos anos (CELMER et al., 2007; MARZARI et al., 2007). Em condições favoráveis que levem a severas epidemias, a mancha parda pode causar perdas na produção por afetar desde a emergência das plântulas, quando presente nas sementes, até o enchimento dos grãos pela presença da mancha em grãos (MALAVOLTA et al., 2002). A presença do inóculo na semente, além de introduzi-lo em áreas novas, pode contribuir para o desenvolvimento das epidemias quando disponível no início de desenvolvimento do hospedeiro, sendo a sanidade das sementes uma estratégia de controle (COSTA et

al., 2005). A definição dos padrões de tolerância de incidência máxima de patógenos em sementes precisa ser embasada em estudos epidemiológicos que levem em conta as situações regionais (MACHADO & POZZA, 2005). O presente trabalho objetivou avaliar o impacto de níveis de inóculo de B. oryzae associado às sementes de arroz no progresso temporal de mancha parda e no rendimento do arroz sob cultivo irrigado no Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na safra 2008/09 na Estação do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), localizado em Cachoeirinha, RS, e na área experimental da Universidade da Região da Campanha (URCAMP), localizada em Bagé, RS. A cultivar IRGA 424 foi utilizada em ambos os locais, sendo que os tratos culturais foram realizados conforme a Comissão Técnica Sul - Brasileira de Arroz Irrigado (CTAR-I). Os tratamentos consistiram da semeadura de lotes com seis níveis de inóculo de B.

oryzae nas sementes: 1; 3; 6; 12; 24 e 48%. Os níveis foram obtidos pela mistura de um lote contaminado no nível máximo, com lotes limpos, sendo reavaliados após a mistura pelo método do substrato de papel. Um sétimo tratamento contendo sementes com o nível mínimo de inóculo e tratada com o fungicida carboxin-tiran (Vitavax-thiram 200 mL p.c./100kg de sementes) foi utilizado como controle. Além dos níveis de inóculo, para cada local, duas datas de semeadura foram utilizadas, em 22/11 e 22/12/2008, datas estas respectivas à primeira e à segunda época de semeadura, e tardias em relação à época recomendada, quando as condições ambientais são mais favoráveis às doenças.

Após o estágio reprodutivo, em intervalos semanais, foram realizadas três avaliações da severidade da mancha parda (%) na folha bandeira de 12 plantas marcadas e posicionadas sistematicamente dentro de cada parcela. Tal dado foi utilizado para a obtenção da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), sumarizando o progresso temporal das epidemias. Ainda, na última data de avaliação, as panículas das plantas marcadas foram colhidas manualmente para estimar-se a severidade da mancha em grãos (%), com auxilio de uma escala visual (IRRI, 1996) e o peso de 1000 grãos. Exclusivamente para o experimento conduzido em Cachoeirinha, os dados de rendimento da cultura (t/ha) foram obtidos pela colheita mecânica das parcelas experimentais. Dados meteorológicos de ambos os locais foram coletados por estações automáticas localizadas próximas às parcelas experimentais. Os valores de AACPD, incidência de grãos manchados e peso de grãos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) pelo modelo linear (GLM) e as médias separadas pela 1 Acadêmico de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bento Gonçalves 7712, 91540000, Porto Alegre, RS. Email: [email protected]. 2 Instituto Rio Grandense do Arroz. 3 Depto de Fitossanidade, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 4 Instituto Biotecnológico de Reprodução Vegetal, Universidade de Região da Campanha.

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diferença mínima significativa (DMS; P<0,05) com auxílio do programa SAS (SAS, Proc GLM). Como estatística descritiva foi utilizada análise de correlação (coeficiente de Spearman) entre: i) o peso de 1000 grãos e a severidade de grãos manchados e; ii) entre severidade de mancha parda nas folhas bandeira com a severidade de grãos manchados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para ambos os locais e datas de semeadura a intensidade das epidemias foi considerada baixa, uma vez que a severidade máxima da mancha foliar nas folhas bandeiras manteve-se abaixo de 9% (Figura 1). A análise de variação não mostrou diferença significativa na AACPD nos diferentes tratamentos de níveis de inóculo, para ambos os locais. A AACPD foi menor na segunda época (P<0,0001). Durante a safra ocorreu uma distribuição desuniforme das chuvas, com volume inferior na segunda época de semeadura, onde, em Bagé, o volume total de chuva mensal no mês de abril foi de apenas 3 mm (Figura 1).

Quanto à produtividade, não foi verificada diferença significativa para o fator inóculo (P>0,05). O período de estiagem na segunda época de semeadura pode ter levado à baixa produtividade das parcelas (Figura 2). Em Cachoeirinha, a produtividade média foi de 8,73t/ha para a primeira época e de 7,51 t/ha para segunda época. Os resultados de produtividade concordam com aqueles obtidos por Malavolta et al. (2002), também sob condições de baixa favorabilidade ambiental às epidemias, em que parcelas experimentais de arroz irrigado com níveis de incidência de B. oryzae nas sementes em até 65% não apresentaram diferença significativa quanto a produtividade, embora a emergência tenha sido afetada negativamente nos níveis mais altos de incidência. O presente trabalho demonstra ainda que os níveis de inóculo na semente não contribuíram para a severidade da mancha parda. Não foi verificada correlação significativa entre a severidade da mancha parda nas folhas em cada parcela com a severidade da mancha nos grãos na parcela. O peso de 1000 grãos apresentou correlação negativa inversa com a severidade de manchas em grãos (R= -0,241; P=0,01), concordando com trabalhos anteriores que verificaram relação inversa entre intensidade de manchas e peso de panículas (Malavolta et al., 2007).

Figura 1. Total de chuva e progresso temporal da severidade de epidemias de mancha parda na safra 2008/09 em Cachoeirinha (A) e Bagé (B) em duas datas de semeadura. Linhas correspondentes à severidade média da mancha parda em folhas bandeiras, sendo os dados dos tratamentos correspondentes aos níveis de inóculo agrupados.

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Figura 2. Produtividade de parcelas experimentais (t/ha) na primeira e segunda época de semeadura.

Cachoeirinha, safra 2008/09. Diagrama onde as linhas transversais superiores, centrais e inferiores correspondem ao quartil de 75%, à mediana e ao quartil de 25%. Linhas verticais indicam a extensão da variação dos dados aos quartis de 95% e 5%.

CONCLUSÃO

A presença de inóculo natural de B. oryzae, em níveis de até 48% de incidência em sementes de arroz, não influencia no progresso das epidemias de mancha parda nas folhas e na produtividade da cultura sob condições pouco favoráveis ao progresso da doença e em regiões com histórico da doença. A incidência de manchas em grãos não apresentou correlação com a severidade da mancha parda nas folhas. A severidade de manchas em grãos tem impacto negativo no peso de grãos.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela bolsa PIBIC/IRGA para o primeiro autor e pelo auxílio de pesquisa (CNPq/CT-Agro no 42/2008) ao último autor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CELMER, A., MADALOSSO, M.G., DEBORTOLI, M.P., NAVARINI, L., BALARDIN, R.S. Controle químico de doenças foliares na cultura do arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, n.6, p.901-904, 2007. COSTA, M.L.N., DHINGRA, O.D., SILVA, J.L. DA. Influence of internal seedborne Fusarium semitectum on cotton seedlings. Fitopatologia Brasileira, v.30, p.183-186, 2005. IRRI. INTERNATIONAL RICE RESEARCH INSTITUTE. Standard evaluation system for Rice. Manilla:INGER/Genetic Resources Center, 1996. 52p. MACHADO, J.C., POZZA, E.A. Razões e procedimentos para o estabelecimento de padrões de tolerância a patógenos em sementes. Sementes: Qualidade Fitossanitária. Viçosa: Editora UFV, 2005, p.375-398. MALAVOLTA, V. M. A. ; PARISI, J. J. D. ; TAKADA, H. M. ; MARTINS, M. C. . Efeito de diferentes níveis de incidência de Bipolaris oryzae em sementes de arroz sobre aspectos fisiológicos, transmissão do patógeno às plântulas e produção. Summa Phytopathologica , Jaboticabal, SP, v. 28, n. 4, p. 337-341, 2002 MALAVOLTA, V.M.A.; SOLIGO, E.A.; DIAS, D.D.; AZZINI, L.E.; BASTOS, C.R. Incidência de fungos e quantificação de danos em sementes de genótipos de arroz. Summa Phytopathologica, v.33, n.3, p.280-286, 2007. MARZARI, V., MARCHEZAN, E., SILVA, L.S. da, CAMARGO, E.R., TELÓ, G.M. População de plantas, dose de nitrogênio e aplicação de fungicida na produção de arroz irrigado: I – características agronômicas. Ciência Rural, v.37, p.330-336, 2007.

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105. FUNGICIDA EM CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO E SEU EFEITO NA QUALIDADE FÍSICA E FISIOLÓGICA DE GRÃOS E SEMENTES

COLHIDOS COM DIFERENTES GRAUS DE UMIDADE

Gustavo Mack Teló1, Enio Marchesan², Rafael Bruck Ferreira², Nilson Lemos de Menezes², Alessandro Dal’Col Lúcio² Diogo Machado Cezimbra², Marcos Venicios Evaldt da Silveira² Palavras-chave: atraso na colheita, germinação de sementes, grãos inteiros.

INTRODUÇÃO

Em determinadas situações de lavoura não é possível realizar a colheita do arroz no momento ideal. A colheita realizada fora dos limites de umidade adequada dos grãos pode influenciar em aspectos da produção de grãos e na qualidade do produto, afetando a rentabilidade da cultura do arroz irrigado. Quando realizada com grau de umidade dos grãos elevado proporciona ocorrência de grãos verdes, gessados e mal formados, que não completaram o seu desenvolvimento (RIBEIRO et al., 2004). Já, a colheita com baixo grau de umidade média dos grãos, provoca aumento de degrane natural, acamamento e ataque de insetos, além da diminuição no percentual de grãos inteiros no beneficiamento, afetando também a germinação e o vigor das sementes de arroz (SMIDERLE et al., 2008).

Com relação ao uso de fungicidas, esta é uma tecnologia muito importante, pois na condição de clima subtropical, as doenças da parte aérea são economicamente mais importantes, embora estejam relacionadas com o clima e o manejo da lavoura, se manifestam mais intensamente a partir da floração. Além da produtividade, é necessário avaliar o efeito do fungicida na qualidade física de grãos, a qual pode ser expressa pelo rendimento de grãos. A hipótese é de que o uso de fungicida mantém a qualidade de grãos e sementes, especialmente quando colhidos com grau de umidade abaixo do recomendado, devido à manutenção de área foliar fotossinteticamente ativa por mais tempo. O presente trabalho teve como objetivo verificar o efeito do fungicida aplicado na parte aérea das plantas, em grãos e sementes de cultivares de arroz irrigado colhidos com diferentes níveis de umidade, pelo atraso da colheita.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em campo, durante a estação de crescimento de 2007/08, na área de várzea do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), localizada no município de Santa Maria-RS. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso em esquema trifatorial, com cultivo em faixas (4x4x6) e quatro repetições. O fator A, em faixas, foi composto por quatro cultivares de arroz irrigado: BR-IRGA 409, IRGA 417, IRGA 422CL e IRGA 423. O fator C foi composto pela aplicação de fungicida na sub-parcela dentro de cada faixa, utilizando fungicida propiconazol+trifloxistrobina aplicado na parte aérea das plantas em diferentes estádios de desenvolvimento (T1-testemunha sem aplicação de fungicida, T2-aplicação em R2, T3-aplicação em R3 e T4-aplicação em R2+R4, segundo a escala de COUNCE et al., 2000). O fator D foi constituído na sub-subparcela dentro de cada faixa, pelos diferentes níveis de umidade média dos grãos no momento da colheita (24, 22, 20, 18, 16 e 14% de umidade).

A semeadura do experimento ocorreu no dia 17/11/2007, no sistema convencional na densidade de 100 kg ha-¹ de semente. A adubação de base foi procedida com a distribuição na linha de semeadura de 17,5 kg ha-1 de N, 52,5 kg ha-1 de P2O5 e 105 kg ha-1 de K2O. A emergência das plântulas ocorreu 10 dias após a semeadura e o controle das plantas daninhas e a irrigação definitiva foi realizada aos 16 dias após a emergência (DAE). A utilização do nitrogênio em cobertura ocorreu em duas aplicações, um dia antes da inundação, na quantidade de 70 kg ha-1 de N e 50 kg ha-1 de N na iniciação da panícula (R0). Os demais tratos culturais foram conduzidos conforme a recomendação técnica para a cultura (SOSBAI, 2007). 1 Eng° Agr° Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria. CEP 97.105-900, Santa Maria, RS. E-mail: [email protected]. ² Universidade Federal de Santa Maria.

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Cada parcela foi constituída por 9 linhas espaçadas em 0,17 m e com 7 m de comprimento, sendo colhida uma área útil de 1,07 m² para cada nível de umidade. O monitoramento do nível de umidade das sementes e grãos foi realizado sempre no mesmo horário durante o período de colheita das cultivares. A colheita e a trilha das sementes e grãos foram realizadas manualmente, seguidas por pré-limpeza e secagem forçada com monitoramento da temperatura de 36±2ºC até atingirem umidade de 12,5%. Após, esse material experimental foi armazenado em local seco por três meses para início das avaliações.

Os parâmetros analisados neste trabalho foram os testes de germinação de sementes e o percentual de grãos inteiros. O teste de germinação foi realizado com quatro amostras de 100 sementes cada, que foram colocadas em substrato papel de germinação, formando rolos, mantidos em germinador à temperatura constante de 25ºC. Foi realizado uma contagem de plântulas aos 14 dias após a semeadura para estimar a germinação das sementes. O percentual de grãos inteiros foi avaliado com amostras de 100g por repetição, em testadora de arroz (marca “Suzuki”).

Os dados foram transformados para )5,0( += yyt . A análise da variância dos dados do

experimento foi realizada através do teste F, e as médias dos fatores quantitativos, quando significativas, foram submetidas à análise de regressão polinomial, testando-se os modelos linear e quadrático. Para os resultados expressos graficamente, determinou-se o intervalo de confiança (P≤0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com relação à germinação de sementes (Figura 1), ocorreu somente interação entre as variáveis cultivar e umidade de colheita. Para a cultivar BR-IRGA 409, a germinação de sementes não foi afetada pela umidade de colheita, não se ajustando a nenhuma equação testada. Entretanto, a cultivar IRGA 417, proporcionou um comportamento linear para germinação de sementes, com pequena redução da germinação devido ao atraso da colheita. Destaca-se também que esta cultivar apresentou valores de germinação semelhantes a da BR-IRGA 409, com o decréscimo da umidade de colheita. Porém as cultivares IRGA 422 CL e IRGA 423 apresentaram comportamento quadrático, sendo a germinação máxima observada quando as sementes foram colhidas com umidade de 22% para ambas as cultivares.

A cultivar IRGA 423, apresentou diferença de 10% de seu ponto máximo de germinação quando

comparado com os valores obtidos com a última colheita realizada. Esta mesma cultivar apresentou

Figura 1. Valores médios de germinação de sementes de quatro cultivares de arroz irrigado colhidas em seis níveis de umidade. Santa Maria-RS, 2009.

U m id a d e d e co lh e ita (% )

1 41 61 820222 42 6

Ger

min

ação

de

sem

ente

s (%

)

8 0

8 2

8 4

8 6

8 8

9 0

9 2

9 4

9 6

9 8

1 0 0

B R -IR G A 409

IR G A 417 y=92 ,700+0 ,26x (R ²=0 ,192 P <0 ,0001)

IR G A 422 C L y=3 2 ,34+6 ,10x-0 ,14x² (R ²=0 ,627 P <0 ,0001)

IR G A 423 y=01 ,38+8 ,80x-0 ,2 0x² (R ²=0 ,481 P <0 ,000 1)

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diferença decrescente na germinação em relação as demais cultivares a partir das colheitas realizadas com 18% de umidade.

O decréscimo na germinação observado a partir das colheitas realizadas com 20% de umidade pode estar relacionado à fatores como umedecimento e secagem alternados no campo durante o dia e a noite, de modo que esta situação pode provocar uma redução na qualidade das sementes devido à rápida e diferenciada absorção de água pelos diferentes tecidos das sementes e subsequentemente a sua deterioração. Em trabalho realizado com a cultivar BRS-Talento, com variação da época de colheita entre 37 e 23 % de umidade, Binotti et al. (2007) não observaram efeito no vigor e germinação das sementes de arroz, entretanto Pedroso (1996) verificou que o atraso na colheita do arroz irrigado reduz a germinação das sementes.

Para o percentual de grãos inteiros (Figura 2), houve interação tripla entre as variáveis estudadas no trabalho, atendendo um comportamento quadrático polinomial. Os melhores resultados de percentual de grãos inteiros foram observados quando os grãos foram colhidos com níveis de umidade entre 22 e 20%, sendo observada pequena redução no percentual com umidade de 24% para algumas cultivares.

Com relação ao uso de fungicida, a testemunha (sem aplicação) apresentou os menores valores do

percentual de grãos inteiros com a menor umidade de colheita quando comparados com os tratamentos que utilizaram fungicida. A cultivar BR-IRGA 409 apresentou valores mais elevados de percentual de grãos inteiros, independente do uso de fungicida e quando realizada colheita com 14% de umidade. Sendo que para cultivar IRGA 422 CL houve um acréscimo no percentual de grãos inteiros, quando comparando à testemunha e o uso de duas aplicações de fungicida, com acréscimo de 17% no percentual de grãos inteiros quando colhido com baixa umidade (14% de umidade). Além disso, o uso

Figura 2. Valores médios da percentagem de grãos inteiros com aplicação de fungicida em diferentes estádios do desenvolvimento do arroz irrigado para quatro cultivares colhidas em seis níveis de umidade. Santa Maria-RS, 2009.

Ren

dim

ento

do

grão

(%

)

35

40

45

50

55

60

65

70

BR-IRGA 409 y=-49,29+10,33x-0,23x2 (R2=0,934)

IRGA 417 y=-71,04+12,15x-0,27x2 (R2=0,968)

IRGA 422 CL y=-95,52+14,18x -0,31x2 (R2=0,991)

IRGA 423 y=-88,04+14,33x-0,33x2 (R2=0,907)

Testemunha

Per

cent

ual d

e gr

ãos

inte

iros

(%

)

Ren

dim

ento

do

grão

(%

)

35

40

45

50

55

60

65

70

BR-IRGA 409 y=-26,33+08,00x-0,17x2 (R2=0,945)

IRGA 417 y=-54,12+10,73x-0,24x2 (R2=0,984)

IRGA 422 CL y=-64,41+11,14x-0,24x2 (R2=0,988)

IRGA 423 y=-53,16+10,95x-0,25x2 (R2=0,947)

Aplicação em R2

Per

cent

ual d

e gr

ãos

inte

iros

(%

)

14161820222426

Ren

dim

ento

do

grão

(%

)

35

40

45

50

55

60

65

70

Aplicação em R2+R4

BR-IRGA 409 y=-05,61+06,18x-0,13x2 (R2=0,928)

IRGA 417 y=-19,45+07,46x-0,16x2 (R2=0,960)

IRGA 422 CL y=-28,77+07,77x-0,16x2 (R2=0,990)

IRGA 423 y=0,09+05,53x+0,11x2 (R2=0,982)

Per

cent

ual d

e gr

ãos

inte

iros

(%

)

Ren

dim

ento

do

grão

(%

)

35

40

45

50

55

60

65

70

BR-IRGA 409 y=-32,41+08,80x-0,20x2 (R2=0,945)

IRGA 417 y=-47,72+10,89x-0,23x2 (R2=0,980)

IRGA 422 CL y=-61,72+10,89x-0,23x2 (R2=0,984)

IRGA 423 y=-57,22+11,20x-0,25x2 (R2=0,979)

Aplicação em R3

Per

cent

ual d

e gr

ãos

inte

iros

(%

)

14161820222426

---------------------------------------------------------- Umidade de Colheita ----------------------------------------------------------

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de duas aplicações de fungicida expressa uma elevada manutenção no percentual de grãos inteiros colhidos abaixo de 18% de umidade, o que não se observa quanto ao uso de uma aplicação de fungicida. Isto pode estar correlacionado com a manutenção da área foliar e senescência das folhas das plantas, proporcionada pelo uso de duas aplicações de fungicida que prolongam o período de proteção da área foliar.

Baseado nos resultados obtidos, a maior percentagem de grãos inteiros foi obtida quando a colheita do arroz foi realizada com umidade média de 22 a 20%, estando de acordo com resultados relatados por, Ribeiro et al. 2004. Trabalho realizado por Lopes et al. (2005), onde estudaram 7 cultivares de arroz irrigado, destacam que o atraso no momento da colheita do arroz reduz o percentual de grãos inteiros em todas as cultivares, apresentando um máximo percentual de grãos inteiros quando a colheita foi realizada no momento em que o nível de umidade dos grãos estava entre 24 e 18%, ponto ideal de colheita. Resultados semelhantes foram encontrados por Marchezan et al. (1993), os quais observaram que colheitas realizadas com umidade de 23 a 19% de umidade dos grãos proporcionaram maior percentual de grãos inteiros em cultivo irrigado.

CONCLUSÕES

As cultivares IRGA 422 CL e IRGA 423 quando colhidas com umidade média dos grãos inferior

a 20% apresentam decréscimo na germinação das sementes. O uso de fungicida não afeta o percentual de grãos inteiros quando colhidos entre 24 e 20% umidade. Com umidade de grãos inferiores a 20% constata-se redução no percentual de grãos inteiros para todos os tratamentos, mas com menor redução quando realizada duas aplicações de fungicidas. A cultivar IRGA 422 CL diferencia-se das demais por apresentar maior redução no percentual de grãos inteiros com retardamento da colheita a partir de 20% de umidade, independente do uso de fungicida.

AGRADECIMENTO

À CAPES pela bolsa de Mestrado ao primeiro autor, ao CNPq pela concessão de bolsa de Produtividade em Pesquisa ao segundo, quarto e quinto autores, a bolsa PIBIC ao terceiro autor e aos recursos para a execução do projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BINOTTI, F.F.S. et al. Qualidade industrial e fisiológica do arroz de terras altas irrigado. Acta Scientiarum. Agronomy. Maringá- PR, v.29, n.2, p.219-226, 2007. COUNCE, P.A. et al. A uniform, objective and adaptive system for expressing rice development. Crop Science, Madison-United States, n.40, p.436-443, 2000. LOPES, M.C.B. et al. Redução no rendimento de grãos inteiros em cultivares de arroz irrigado com o atraso na colheita. Anais... IV CBAI. Santa Maria-RS, 2005. MARCHEZAN, E. et al. Relações entre época de colheita e rendimento de grãos inteiros de cultivares de arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília-DF, v. 28, n. 7, p. 843-848, 1993. PEDROSO, B.A. Efeito do ponto de colheita em cultivares de arroz irrigado. In: V REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ, 1994, Goiânia-GO. Anais... Goiânia: Embrapa-CNPAF-APA, v.2, p.230.1996. RIBEIRO, G.J. et al. Efeitos do atraso na colheita e do período de armazenamento sobre o rendimento de grãos inteiros de arroz de terras altas. Ciência e Agrotecnologia, Lavras-MG, v. 28, n. 5, p. 1021-1030, 2004. SMIDERLE, O. J. & PEREIRA, P.R.V.S. Épocas de colheita e qualidade fisiológica das sementes de arroz irrigado cultivar BRS 7 Taim, em Roraima. Revista Brasileira de Sementes, Brasília-DF, v.30, n.1, p.74-80, 2008. SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO (SOSBAI) Arroz Irrigado: Recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Pelotas-RS: SOSBAI, 161p. 2007.