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Ouro Preto é realmente uma atração à parte para quem aprecia história, arte e arquitetura. Ali se pode conferir preciosidades de Antô- nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, como na Igreja São Francisco de As- sis, que tem o projeto do artista, além de pinturas de outro grande nome da época, o pintor Manuel da Costa Ataíde. Estando em Ouro Pre- to, vale a pena conferir também a ci- dade vizinha, Mariana, que guarda igualmente esplendoroso acervo barroco em suas igrejas, além de ca- sas coloniais, com direito a sacadas de pedra-sabão, material da região. No meio do caminho entre Ouro Preto e Mariana, e a cinco minutos de Ouro Preto, pode-se conhecer a “Mina da Passagem”, uma genuína mina de ouro, hoje desativada. Por não estar mais sendo lucrativa (era preciso se tirar toneladas de minério e terra para se obter apenas algu- mas gramas de ouro), os proprietários desco- briram outra “mina de ouro”. Abriram o local para a visitação dos tu- ristas, que têm de pagar R$ 15,00 por cabeça para entrar na mina. Mas vale a pena. Através de um car- rinho preso por cabo de aço em um túnel de descida oblíqua, se desce o equivalente a 40 andares para o fun- do da terra. Lá se conhece túneis e se tem idéia de como trabalhavam os mineradores. Desta forma, Ouro Preto nos lembra a riqueza de nosso país e a vastidão de nossa história. E, por falar em história, assim como a revolução Farroupilha está para os gaúchos, está a Inconfidência Mineira para os mineiros. A pra- ça central de Ouro Pre- to homenageia Tiraden- tes, o mártir daquela re- volta política. Ali fica o Museu da Inconfidên- cia, onde se pode conhecer um pou- co mais dos homens que lutaram por seus ideais de libertação da cor- te portuguesa e são, até hoje, orgu- lho e motivo do estilo, da fama e da personalidade do povo de Minas. Arquitetura e arte estão em todos os lugares Adriana Androvandi aminhar pelas ruas de Ouro Preto é respi- rar parte da história do Brasil. Encravada no meio de montanhas, a cidade é repleta de ladeiras, igrejas e casas coloniais. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti- co (Iphan) e classificada como Patrimônio Cul- tural da Humanidade pela Unesco, Ouro Preto mantém as características da velha Vila Rica (seu primeiro nome), apesar de hoje já ter sua parte nova, onde se desta- ca a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). A origem da localidade se deu com a chegada do bandeirante Antônio Dias de Oliveira em 1698. O nome Ouro Preto refere-se à forma como eram desco- bertas as pepitas de ouro do lugar: vinham mistura- das a minério de ferro, o que dava ao ouro uma aparência escura, que veio a ser conhecida como “ouro preto”. Gran- de parte do ouro descoberto nas redondezas foi enviada, por lei, à coroa portuguesa, cujos re- presentantes chegaram à vila depois dos ban- deirantes que desbravaram aquela região. A rivalidade dos dois grupos foi histórica, o que, inclusive, fez com que surgissem duas igrejas matrizes em Ouro Preto, cada uma no bairro dos respectivos grupos. As construções coloniais e a pavimentação das ruas do centro histórico, que atualmente ainda estão lá, fo- ram resultado do trabalho dos escravos, que chegaram a ser 80% da população local na época da chamada Vila Rica. A herança étnica pode ser vista nas ruas, onde grande parte da população é negra, mulata ou cafusa. A hospitalidade é outra característica do povo mineiro, sempre gentil e disponível a dar informações ao turista. A grande quantidade de igrejas em Ouro Preto chama a atenção de quem visita a cidade. A explica- ção para isso é que a co- roa portuguesa proibiu a presença de congregações religiosas naquela região (pois elas não tinham obrigação de obediência à coroa portuguesa, somen- te a seus superiores e ao Papa). Por isso, dissemi- naram-se as chamadas “irmandades”, grupos de leigos que se uniam pela devoção a determi- nado santo e a certas regras. Cada um desses grupos queria ter seu próprio templo. Reflexo da visão social da época, negros e escravos não freqüentavam as mesmas igrejas que os bran- cos e ricos. Por isso, existiam capelas destina- das somente aos escravos, como a Igreja Nossa Senhora do Rosário, que tem o traçado circu- lar, e podem ser visitadas até hoje. Ouro Preto é o puro Brasil Colônia Cidade mineira mostra detalhes importantes da história do país em suas igrejas, casas e ladeiras C FOTOS ABR / CP Ouro Preto revela riquezas arquitetônicas para os visitantes GASTRONOMIA — Vale a pena experimentar os pratos típicos: feijão tropeiro, tutu à mineira e frango com quiabo. COMPRAS — Não deixe de com- prar pedras e jóias na região. O destaque é para o topázio impe- rial, pedra de cor alaranjada só encontrada em Ouro Preto. SITES — www.ouropreto.com.br e www.ouropreto.mg.gov.br. Serviço SÃO LOURENÇO DO SUL — No próximo dia 19, o Projeto Conhecer e Pre- servar e a Rota Cultural promovem uma visita a São Lourenço do Sul. A cidade fica a 196 km da Capital e destaca-se por sua importância histó- rica. A viagem incluirá passeio de barco pelo rio São Lourenço, visita à Vi- la do Boqueirão, o mais antigo aldeamento do município (onde existe uma igreja com cúpula bizantina), e passagens por construções típicas das ocupações luso-açoriana e pomerana. Informações: (51) 3348-1649. 8 — TERÇA-FEIRA, 7 de outubro de 2003 TURISMO CORREIO DO POVO FESTIVAL — A questão da seguran- ça no turismo mundial será aborda- da durante o 15º Festival do Turis- mo de Gramado, que ocorrerá de 13 a 16 de novembro. O presidente da Associação Portuguesa de Agentes de Viagem, Vitor Filipe, fará a aber- tura do congresso, com o painel “Se- gurança: um desafio para o turismo mundial – reflexo para o turismo re- ceptivo brasileiro”. Informações: (54) 286-3313, 286-2681 e 286-5259. CRIANÇA — Na Semana da Criança, o Hotel Fazenda Figueiras, em Mari- luz, no Imbé, oferece pacotes que também beneficiam os pais. Para os pequenos até 10 anos de idade, a es- tada com refeições é gratuita, in- cluindo uma programação especial, com música ao vivo, visita de perso- nagens infantis, atividades campei- ras, passeios a cavalo, recreação, bingo e videokê. Mais detalhes sobre a promoção pelo fone (51) 683-1153.

8 — TERÇA-FEIRA, 7 de outubro de 2003 TURISMO CORREIO … · informações ao turista. A grande quantidade ... nado santo e a certas regras. ... ça no turismo mundial será aborda-

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Ouro Preto é realmente umaatração à parte para quem apreciahistória, arte e arquitetura. Ali sepode conferir preciosidades de Antô-nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho,como na Igreja São Francisco de As-sis, que tem o projeto do artista,além de pinturas de outro grandenome da época, o pintor Manuel daCosta Ataíde. Estando em Ouro Pre-to, vale a pena conferir também a ci-dade vizinha, Mariana, que guardaigualmente esplendoroso acervobarroco em suas igrejas, além de ca-sas coloniais, com direito a sacadasde pedra-sabão, material da região.

No meio do caminho entre OuroPreto e Mariana, e a cinco minutosde Ouro Preto, pode-se conhecer a

“Mina da Passagem”, uma genuínamina de ouro, hoje desativada. Pornão estar mais sendo lucrativa (erapreciso se tirar toneladas de minérioe terra para se obter apenas algu-mas gramas de ouro),os proprietários desco-briram outra “mina deouro”. Abriram o localpara a visitação dos tu-ristas, que têm de pagarR$ 15,00 por cabeçapara entrar na mina.Mas vale a pena. Através de um car-rinho preso por cabo de aço em umtúnel de descida oblíqua, se desce oequivalente a 40 andares para o fun-do da terra. Lá se conhece túneis ese tem idéia de como trabalhavam

os mineradores. Desta forma, OuroPreto nos lembra a riqueza de nossopaís e a vastidão de nossa história.

E, por falar em história, assimcomo a revolução Farroupilha está

para os gaúchos, está aInconfidência Mineirapara os mineiros. A pra-ça central de Ouro Pre-to homenageia Tiraden-tes, o mártir daquela re-volta política. Ali fica oMuseu da Inconfidên-

cia, onde se pode conhecer um pou-co mais dos homens que lutarampor seus ideais de libertação da cor-te portuguesa e são, até hoje, orgu-lho e motivo do estilo, da fama e dapersonalidade do povo de Minas.

Arquitetura e arte estão em todos os lugares

Adriana Androvandiaminhar pelas ruas de Ouro Preto é respi-rar parte da história do Brasil. Encravada

no meio de montanhas, a cidade é repleta deladeiras, igrejas e casas coloniais. Tombadapelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti-co (Iphan) e classificada como Patrimônio Cul-tural da Humanidade pela Unesco, Ouro Pretomantém as características da velha Vila Rica(seu primeiro nome), apesar de hoje já ter suaparte nova, onde se desta-ca a Universidade Federalde Ouro Preto (Ufop).

A origem da localidadese deu com a chegada dobandeirante Antônio Diasde Oliveira em 1698. Onome Ouro Preto refere-seà forma como eram desco-bertas as pepitas de ourodo lugar: vinham mistura-das a minério de ferro, oque dava ao ouro uma aparência escura, queveio a ser conhecida como “ouro preto”. Gran-de parte do ouro descoberto nas redondezas foienviada, por lei, à coroa portuguesa, cujos re-presentantes chegaram à vila depois dos ban-deirantes que desbravaram aquela região.

A rivalidade dos dois grupos foi histórica, oque, inclusive, fez com que surgissem duasigrejas matrizes em Ouro Preto, cada uma nobairro dos respectivos grupos. As construções

coloniais e a pavimentação das ruas do centrohistórico, que atualmente ainda estão lá, fo-ram resultado do trabalho dos escravos, quechegaram a ser 80% da população local naépoca da chamada Vila Rica. A herança étnicapode ser vista nas ruas, onde grande parte dapopulação é negra, mulata ou cafusa.

A hospitalidade é outra característica dopovo mineiro, sempre gentil e disponível a darinformações ao turista. A grande quantidade

de igrejas em Ouro Pretochama a atenção de quemvisita a cidade. A explica-ção para isso é que a co-roa portuguesa proibiu apresença de congregaçõesreligiosas naquela região(pois elas não tinhamobrigação de obediência àcoroa portuguesa, somen-te a seus superiores e aoPapa). Por isso, dissemi-

naram-se as chamadas “irmandades”, gruposde leigos que se uniam pela devoção a determi-nado santo e a certas regras. Cada um dessesgrupos queria ter seu próprio templo. Reflexoda visão social da época, negros e escravos nãofreqüentavam as mesmas igrejas que os bran-cos e ricos. Por isso, existiam capelas destina-das somente aos escravos, como a Igreja NossaSenhora do Rosário, que tem o traçado circu-lar, e podem ser visitadas até hoje.

Ouro Preto é o puro Brasil ColôniaCidade mineira mostra detalhes importantes da história do país em suas igrejas, casas e ladeiras

CFOTOS ABR / CP

Ouro Preto revela riquezas arquitetônicas para os visitantes

GASTRONOMIA — Vale a penaexperimentar os pratos típicos:feijão tropeiro, tutu à mineira efrango com quiabo.COMPRAS — Não deixe de com-prar pedras e jóias na região. Odestaque é para o topázio impe-rial, pedra de cor alaranjada sóencontrada em Ouro Preto.SITES — www.ouropreto.com.bre www.ouropreto.mg.gov.br.

Serviço

SÃO LOURENÇO DO SUL — No próximo dia 19, o Projeto Conhecer e Pre-servar e a Rota Cultural promovem uma visita a São Lourenço do Sul. Acidade fica a 196 km da Capital e destaca-se por sua importância histó-rica. A viagem incluirá passeio de barco pelo rio São Lourenço, visita à Vi-la do Boqueirão, o mais antigo aldeamento do município (onde existe umaigreja com cúpula bizantina), e passagens por construções típicas dasocupações luso-açoriana e pomerana. Informações: (51) 3348-1649.

8 — TERÇA-FEIRA, 7 de outubro de 2003 TURISMO CORREIO DO POVO

FESTIVAL — A questão da seguran-ça no turismo mundial será aborda-da durante o 15º Festival do Turis-mo de Gramado, que ocorrerá de 13a 16 de novembro. O presidente daAssociação Portuguesa de Agentesde Viagem, Vitor Filipe, fará a aber-tura do congresso, com o painel “Se-gurança: um desafio para o turismomundial – reflexo para o turismo re-ceptivo brasileiro”. Informações: (54)286-3313, 286-2681 e 286-5259.

CRIANÇA — Na Semana da Criança,o Hotel Fazenda Figueiras, em Mari-luz, no Imbé, oferece pacotes quetambém beneficiam os pais. Para ospequenos até 10 anos de idade, a es-tada com refeições é gratuita, in-cluindo uma programação especial,com música ao vivo, visita de perso-nagens infantis, atividades campei-ras, passeios a cavalo, recreação,bingo e videokê. Mais detalhes sobrea promoção pelo fone (51) 683-1153.