Upload
lamkhanh
View
220
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
6 TENDÊNCIAS DE SUSTENTABILIDADEPARA PEQUENOS NEGÓCIOS
Realização:
SEBRAE NACIONAL
Presidente do Conselho Deliberativo: Robson Braga de AndradeDiretor-Presidente: Guilherme Afif DomingosDiretora Técnica: Heloísa Regina Guimarães de MenezesDiretor de Administração e Finanças: Vinícius Lages
Unidade de Acesso à Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade do Sebrae NacionalGerente: Célio Cabral de Sousa JúniorTécnico: Alexandre de Oliveira Ambrosini
SEBRAE EM MATO GROSSO
Presidente do Conselho Deliberativo: Hermes Martins da CunhaDiretor-Superintendente: José Guilherme Barbosa RibeiroDiretora Técnica: Eliane Ribeiro ChavesDiretora Administrativo Financeira: Eneida Maria de Oliveira
CENTRO SEBRAE DE SUSTENTABILIDADE
Coordenação Técnica: Suênia Sousa (Gerente)Coordenação Administrativa: Renata TaquesRevisão e Redação: Renata Taques, Vanessa Brito, Jéssica Ferrari e Luanna Duarte
SEBRAE EM SANTA CATARINA
Presidente do Conselho Deliberativo: Sergio Alexandre MedeirosDiretor-Superintendente: Carlos Guilherme ZigelliDiretor Técnico: Anacleto Angelo Ortigara Diretor Administrativo Financeiro: Sérgio Fernandes Cardoso
Unidade de Atendimento Individual do Sebrae em Santa CatarinaCoordenador: Fábio Burigo ZanuzziGestor do Projeto: Leandro Silveira Kalbush
EDIÇÃO:
Coordenação Técnica: Ricardo Voltolini (Diretor-Presidente)Coordenação Administrativa: Paula PompeuPesquisa e Redação: Fábio Congiu, Raquel Casselli e Mariana Malufe
FICHA TÉCNICA
3
6 TENDÊNCIAS DE SUSTENTABILIDADEPARA PEQUENOS NEGÓCIOS
Oportunidade de empreender ou se diferenciar
Em 2013, o Sebrae, por meio do Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), uma
referência nacional que atua na vanguarda da gestão sustentável, lançou a publi-
cação Tendências de Sustentabilidade para os Pequenos Negócios, que apresen-
tava 12 movimentos do mercado que deveriam ser levados em conta por quem já
tinha sua empresa ou para quem pretendia começar a empreender: crescimento
qualitativo; sustentabilidade em cadeia; recompensas climáticas; ecoeficiência;
talentos verdes; era do acesso; setor 2.5 – negócios sociais; licença para ope-
rar; feminização da economia; vantagem colaborativa; sustentabilidade interior;
e brasilidade. Com a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, o Sebrae alinhou
sua estratégia ao compromisso global e começou a incentivar micro e pequenas
empresas a olhar para seus negócios e sua cadeia de valor para vislumbrar como
poderiam contribuir com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável1.
1 Acordo firmado em 2015, na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que contempla 17 objetivos e 169 metas, envolvendo temáticas diversificadas, como erradicação da po-breza, segurança alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desi-gualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo, infraestrutura e industrialização, governança e meios de implemen-tação. Os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU deverão orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional nos próximos 15 anos, sucedendo e atualizando os Objeti-vos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
4
Quatro anos depois, o material foi revisitado pela Ideia Sustentável, a convite do CSS,
para analisar quais tendências permaneciam, quais não se consolidaram e os novos
caminhos que o mercado e a sociedade indicavam. O processo teve início com a
leitura crítica da publicação do Sebrae e a análise do estudo NEXT: 8 tendências de
sustentabilidade para pequenas e microempresas, de 2014, realizado pela consulto-
ria, que, entre consultas a 70 especialistas – internacionais e nacionais –, 25 líderes
empresariais e 35 livros/papers/entrevistas/conferências, contou com a validação
de John Elkington, um dos maiores especialistas em sustentabilidade empresarial
do mundo. Em seguida, a análise comparativa das publicações verificou sinergias e
contrapontos entre as tendências e realizou um “cruzamento” que orientou as sub-
sequentes pesquisas nacionais e internacionais sobre os desafios e as oportunidades
que a sustentabilidade pode gerar para pequenos negócios. Também foram obser-
vadas as melhores práticas sustentáveis existentes no mercado. Duas óticas guiaram
o mergulho: tendências específicas para micro e pequenas empresas e tendências
de mercado e globais que podem vir a impactá-las.
Com base nos achados e inputs das pesquisas e consultas a fontes especializadas,
Ideia Sustentável sintetizou todo o conteúdo em seis tendências que abrangem
oportunidades para empreender ou potenciais de diferenciação no mercado.
1. Empreendedorismo com propósito
Desenvolver seu próprio negócio tem se tornado não só uma al-
ternativa para a realização de um propósito pessoal ou a solução
de preocupações relacionadas a desafios socioambientais, mas
também uma saída para profissionais que, desestimulados pelas
burocracias do mundo corporativo, optam por criar suas empresas
e conduzi-las de acordo com seus valores e crenças.
Pág. 7
5
2. Diversidade como vantagem competitiva
As chamadas “minorias”, que por muito tempo não foram perce-
bidas como público consumidor em potencial, começam a ver
seus interesses contemplados em linhas de produtos e serviços
das grandes empresas, mas, principalmente, elas mesmas vêm
buscando satisfazer suas necessidades e demandas, ao apostar
no empreendedorismo como forma de expressão na sociedade e
também como fonte de geração de renda com maior possibilida-
de de crescimento, uma vez que negros, mulheres, pessoas com
deficiência (PCDs), lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e
transgêneros (LGBT) e outros grupos ainda enfrentam sérias restri-
ções para ingressar – e se desenvolver – no mercado.
Pág. 15
3. Inovação e tecnologia em favor de negócios mais sustentáveis
Diante da iminente escassez de recursos apontada por cientis-
tas e pesquisadores internacionais, principalmente em razão das
alterações no clima, a inovação torna-se peça-chave para o de-
senvolvimento de produtos, serviços e tecnologias digitais menos
impactantes ao meio ambiente e à sociedade. Trata-se de um de-
safio complexo para as grandes empresas, em razão do ritmo com
que costumam responder a mudanças, e de um campo amplo de
possibilidades de novos negócios para empreendedores, por sua
agilidade e capacidade criativa.
Pág. 22
4. Economia colaborativa como fonte de crescimento
Em um mundo cada vez mais conectado, com pessoas mais infor-
madas, atentas ao que ocorre no seu bairro e no planeta, cheias de
vontade de criar novas soluções e contribuir com a sociedade, as
empresas precisam se reinventar para corresponder às demandas
desse novo cenário. Quando tudo está interligado, a colaboração
se torna a chave para elevar negócios a patamares de sucesso.
Pág. 30
5. Economia circular como oportunidade de negócio
O planeta começa a mostrar sinais de que não suportará por mui-
tos anos o modelo tradicional de produção do sistema capitalista.
A sociedade compra e descarta produtos em uma velocidade de-
senfreada e o meio ambiente vem cobrando seu preço. É o mo-
mento de repensar modelos lineares e adotar uma lógica mais res-
ponsável, ligada à economia circular.
Pág. 36
6. Cidades sustentáveis, ambientes para o empreendedorismo
O desafio de solucionar questões socioambientais para tornar os
espaços urbanos mais sustentáveis, como a manutenção da qua-
lidade do ar e a garantia dos direitos dos cidadãos, envolve não só
governos e a sociedade civil, mas também as empresas – espe-
cialmente pequenos negócios –, que podem oferecer produtos e
serviços específicos para a realidade local.
Pág. 43
7
TENDÊNCIA 1:EMPREENDEDORISMO COM PROPÓSITO
Negócios com valores
A busca da realização de propósitos pessoais e o desejo de contribuir com a so-
lução de desafios socioambientais têm levado cada vez mais pessoas a criar seus
próprios negócios, fazendo do empreendedorismo mais do que uma “simples”
alternativa para tempos de crise. De acordo com especialistas de mercado, nem o
lucro por si só, nem a “estabilidade no emprego” atendem aos anseios das novas
gerações. No entanto, essa motivação não exclusivamente financeira tem, cada
vez mais, levado profissionais de diversas áreas e idades a criar seus próprios em-
preendimentos, seja para contribuir de alguma maneira com o planeta e a socieda-
de, seja para melhorar sua qualidade de vida, muitas vezes trocando salários eleva-
dos e benefícios de grandes companhias pela flexibilidade de horário e a agilidade
dos pequenos negócios.
TENDÊNCIA 1: EMPREENDEDORISMO COM PROPÓSITO
Recorde na criação de empresas
No primeiro trimestre de 2017, o Brasil registrou um recorde na criação de em-
presas, com mais de 581 mil novos negócios, segundo dados da Serasa Experian.
O número, 12,6% superior ao do mesmo período de 2016 e o maior desde 2010,
decorre predominantemente do fator necessidade, em razão da crise dos últimos
anos e do consequente aumento das taxas de desemprego.
Novas motivações também se destacam nesse cenário: a busca da realiza-
ção de propósitos pessoais por meio do empreendedorismo, o desejo de
contribuir para a solução dos desafios ligados à insustentabilidade da so-
ciedade e do planeta e a vontade de trabalhar em um ambiente com menos
hierarquia e mais abertura a novas ideias. Foi nesse terreno fértil que surgi-
ram diversos negócios sociais ou com impacto socioambiental.
Líderes fora da curva
ColOff
Fundadora e presidente da ColOff, Carolina Fagundes iniciou sua jornada a partir
do propósito de ajudar sua mãe, diagnosticada com um câncer colorretal, em
2005, em estágio avançado. Para lhe garantir uma “sobrevida” digna, após uma
série de equívocos médicos no tratamento, a então instrumentadora cirúrgica
começou a buscar kits de coleta para os exames de fezes, que precisavam ser
feitos com frequência, pois ajudavam a acompanhar a massa tumoral. No entan-
to, como nenhuma opção se mostrou adequada e menos invasiva, surgiu a ideia
que viria a se tornar a ColOff: Carolina comprou um saco esterilizado, vendido
8TENDÊNCIA 1: EMPREENDEDORISMO COM PROPÓSITO
9
em lojas especializadas em equipamentos de cirurgia, recortou um dos lados em
formato de círculo e revestiu o assento do vaso sanitário, assegurando uma coleta
mais confortável e discreta. A pedido de sua mãe, patenteou a tecnologia e saiu
à procura de clientes para sua empresa, que hoje já fabrica seus produtos com o
plástico verde da Braskem, feito de matéria-prima renovável. Segundo Carolina, se
os 7 bilhões de habitantes do planeta fizerem, pelo menos, um exame de fezes ao
longo de um ano com o seu produto, serão capturadas 175 mil toneladas de CO2.
Urban 3D
Já o propósito da jovem Anielle Guedes veio de um incômodo socioambiental: o
déficit habitacional de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo e a falta de auto-
mação na indústria da construção. Ao apostar na abundância de conhecimento e
recursos tecnológicos dos dias atuais, ela fundou a Urban 3D, voltada à criação de
tecnologias de manufatura digital. A startup promete revolucionar o setor da cons-
trução – hoje responsável pelo consumo de um terço da energia global, um quinto
das emissões de gases de efeito estufa e 65% da geração de resíduos –, por meio
da impressão 3-D, reduzindo em 80% os custos das edificações e em 90% a neces-
sidade de mão de obra, em comparação com os métodos convencionais. Um dos
protótipos da empresa, desenvolvido a partir de concreto 100% reciclado, aditivos
químicos e fibras plásticas, representa, segundo a ONU, uma das três tecnologias
com mais capacidade de impactar positivamente o mundo nos próximos anos.
Rede Mulher Empreendedora
E, no caso de Ana Fontes, o desejo de empreender se originou depois de 20 anos
atuando como executiva de uma multinacional. Simplesmente cansada do uni-
verso corporativo, deixou o emprego. Sem nenhum objetivo específico, nem de
mudar de área, nem de tirar um sabático, pouco a pouco envolveu-se em projetos
pontuais e, em 2009, foi selecionada para participar do programa 10.000 Mulheres,
da Goldman Sachs, de apoio a empreendedoras espalhadas pelo mundo.
TENDÊNCIA 1: EMPREENDEDORISMO COM PROPÓSITO
10
No primeiro dia de aula, soube que mil pessoas se inscreveram, mas seleciona-
ram-se apenas 35. Ana, em vez de comemorar a seleção, se incomodou com as
965 candidatas que não puderam participar do processo. Para compartilhar com
elas os achados do curso, começou a registrar os aprendizados em um blog, que,
em três meses, já contava com 10 mil seguidoras. Em seis, passavam dos 50 mil.
Assim, a Rede Mulher Empreendedora (RME) passou a ocupar cada vez mais es-
paço na agenda de Ana. Quando recebeu a mensagem de uma leitora que, com
base nas dicas da página, criou seu próprio negócio e, tornando-se independente
financeiramente do marido, conseguiu sair de um relacionamento abusivo, ela
teve certeza do propósito da RME e do seu potencial como negócio, hoje com
cerca de 300 mil perfis cadastrados. No Brasil, aliás, mais de 7 milhões de mulhe-
res lideram seus próprios empreendimentos.
TENDÊNCIA 1: EMPREENDEDORISMO COM PROPÓSITO
CASE SEBRAE
Cabocla Criações
A empreendedora Milena Cura-
do aprendeu aos oito anos a
bordar com a mãe e a avó. Des-
de sempre o ofício fez parte da
sua rotina até que, em 2007, ela
fundou a Cabocla Criações.
Uma marca e loja de roupas
de moda artesanal e que tem
como inspiração para seus bor-
dados a iconografia de Goiás,
poemas de Cora Coralina e frutos e flores do cerrado. A demanda pelas peças foi
crescendo até que um ano depois ela passou a se dedicar inteiramente à atividade.
Em janeiro de 2008, ela conseguiu um acordo com o Sistema Prisional de Goiás
para que seus bordados fossem feitos por detentos da instituição. Atualmente, 18
homens e duas mulheres são remunerados pelo trabalho e, para cada três dias
trabalhados, um é retirado da pena que eles ainda têm a cumprir. A iniciativa é
apoiada pelo Sebrae GO por meio do Projeto Brasil Original, ação focada em
desenvolver a cadeia produtiva e introduzir artesãos e seus produtos no mercado.
11TENDÊNCIA 1: EMPREENDEDORISMO COM PROPÓSITO
12
Novas formas de financiamento
Uma tendência que muito vem apoiando o desenvolvimento de pequenos ne-
gócios no Brasil une, de certa forma, as histórias de Carolina Fagundes, Anielle
Guedes e Ana Fontes: hoje, os empreendedores não dependem exclusivamente
de financiamentos de bancos para criar e ampliar seus negócios, pois também
contam com as aceleradoras2, como a ACE e a Artemisia, e com projetos es-
peciais de grandes companhias do mercado que, ao reconhecer limitações para
inovar disruptivamente ou para realizar mudanças de forma rápida, começaram a
se aproximar dos empreendedores.
Carolina contou com o Braskem Labs, uma plataforma lançada pela Braskem, em
2012, para acelerar empresas que se encontram em diversos estágios de maturida-
de. Mais de 130 empresas passaram pelo projeto. Em 2014, Anielle Guedes foi sele-
cionada para participar de um programa de estudos no NASA Ames Research Cen-
ter, que desafiava os integrantes a criar um projeto capaz de impactar positivamente
a vida de 1 bilhão de pessoas em 10 anos, do qual nasceu a Urban 3D. Já Ana Fontes
se tornou consultora do Itaú Mulher Empreendedora, que visa capacitar donas de
empresas para a gestão de negócios, por meio de vídeos, artigos e ferramentas
disponibilizados em um site, com conteúdos sobre finanças, marketing, inovação,
atualidades, além de histórias de inspiração.
Dos gaps socioambientais às soluções empresariais
A saúde pública representa um grave problema para o Brasil há décadas. Com planos
privados cada vez mais caros e os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) cada vez
mais precários, o administrador de empresas Thomaz Srougi identificou uma oportu-
nidade no problema e desenvolveu, em 2011, um negócio como uma solução para
um gap nacional: o Dr. Consulta, uma rede de centros médicos que oferece consul-
tas e exames a preços acessíveis, com equipamentos e profissionais de qualidade. O
projeto começou pequeno e agora já apresenta uma média 55 mil atendimentos por
mês, com mais 600 médicos envolvidos. Em 2015, faturou mais de R$ 16 milhões.
2 Entidades voltadas a auxiliar startups em início de operação na montagem de modelos de negócio e nos testes de produtos, por exemplo.
TENDÊNCIA 1: EMPREENDEDORISMO COM PROPÓSITO
13
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
Nesse sentido, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU,
podem auxiliar profissionais interessados em criar seu próprio negócio a identificar
os problemas socioambientais que esperam por soluções. Cada um dos ODS re-
presenta uma oportunidade de negócio e uma oportunidade com potencial de rá-
pido crescimento, vale ressaltar, pois eles devem ser cumpridos até 2030. Procurar
desenvolver produtos e serviços que possam contribuir com essa agenda consiste,
sem dúvida, em uma forma mais provável de conquistar sucesso no mercado do
que buscar, simplesmente, um jeito de ganhar dinheiro. O propósito e a sustenta-
bilidade de uma empresa caminham cada vez mais juntos.
Lucro admirado
Por volta do ano 500 a.C., o filósofo Confúcio já dizia: “Escolha um trabalho que
você ama e você nunca terá que trabalhar na vida”. A frase faz mais sentido do que
nunca. No livro How to Find Fulfilling Work (Como Encontrar o Trabalho da Sua Vida,
TENDÊNCIA 1: EMPREENDEDORISMO COM PROPÓSITO
14
na versão em português), o pensador australiano Roman Krznaric afirma que “nunca
um número tão grande de pessoas sentiu tanta insatisfação com a vida profissional
e tanta incerteza sobre como resolver o problema”.Pesquisas apontam que, na Eu-
ropa, 60% dos profissionais escolheriam uma carreira diferente se fosse possível. No
Brasil, levantamento da Elancers mostra que 46% dos homens e 49% das mulheres
não estão satisfeitos com a carreira. Entre as principais queixas estão clima organiza-
cional, perspectivas de futuro, reconhecimento e satisfação pessoal com o trabalho.
Estes últimos dois itens correspondem a mais de 67% dos anseios dos entrevistados,
contra 12,3% que desejam salários maiores ou melhores benefícios.
Millenials
Ao olhar para as novas gerações que estão chegando ao mercado, a insatisfação
relacionada a aspectos não financeiros é ainda mais evidente. Pesquisa divulgada
pela Deloitte em 2015 mostra que os millennials acreditam profundamente (75%)
que as empresas estão mais focadas na sua própria agenda do que em ajudar a
melhorar a sociedade; apenas 28% deles sentem que o local em que trabalham
está aproveitando todas as suas capacidades; e 77% dos jovens deste grupo reve-
lam que o propósito da empresa foi uma das razões para a terem escolhido como
local de trabalho.
TENDÊNCIA 1: EMPREENDEDORISMO COM PROPÓSITO
15
TENDÊNCIA 2:DIVERSIDADE COMO VANTAGEM COMPETITIVA
Oportunidade na diferenciação
Segmentos da população que, até pouco tempo atrás, não tinham suas particula-
ridades contempladas pelos produtos e serviços convencionais, vêm encontrando
no empreendedorismo uma forma de atender a suas próprias demandas e tam-
bém de se firmar como grupos na sociedade. Enquanto a maioria das grandes
companhias ainda engatinha no desafio de incluir e promover a diversidade entre
seus colaboradores – em meio a vários estudos que apontam o tema como fator
de inovação e atração/retenção de talentos –, inúmeros pequenos negócios sur-
gem, cada vez com mais velocidade, oferecendo novos produtos e serviços volta-
dos a atender demandas de segmentos específicos da sociedade, e consolidando
o empreendedorismo como uma alternativa profissional para quem se sente pou-
co valorizado ou representado no mercado de trabalho.
TENDÊNCIA 2: DIVERSIDADE COMO VANTAGEM COMPETITIVA
16
O setor de produtos e serviços para a acessibilidade de pessoas com defici-
ência movimenta mais de R$ 1 bilhão ao ano no Brasil; o segmento concen-
trado em atender o público LGBT, cerca de R$ 150 bilhões (número que, se-
gundo Out Leadership, associação internacional de organizações privadas
que desenvolve iniciativas para o público gay, ainda pode chegar a R$ 418,9
bilhões, algo em torno de 10% do PIB nacional); e até o fim de 2017, a popu-
lação negra deve fazer circular, sozinha, mais de R$ 1 trilhão na economia.
Surgimento de novas lideranças
Os números corroboram uma tendência clara: grupos antes marginalizados pelas
empresas – desde potenciais colaboradores a clientes – representam, cada vez
mais, oportunidades promissoras de negócio, tanto como consumidores de novas
linhas destinadas especificamente a eles quanto como empreendedores de suas
próprias marcas. Em vez de esperar as empresas tradicionais definirem suas políti-
cas de diversidade e, assim, passarem a promover o acesso dos chamados grupos
minoritários aos seus quadros de funcionários, deles mesmos começaram a emer-
gir líderes que se arriscaram a criar negócios para preencher as lacunas deixadas
pela visão empresarial predominante, pouco atenta às diferenças.
Diversidade na prática
Empreendedores negros ocupam cada vez mais espaço no mercado por duas ra-
zões: de um lado, enfrentam sérias restrições nas empresas, em razão do precon-
ceito; de outro, por conhecer de perto as necessidades e demandas de seus pares,
são mais ágeis em identificar os gaps e oferecer os melhores produtos e serviços.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), de 2013, 50% dos 23,5 milhões de
proprietários de negócios no país se declaram pretos ou
pardos (número 6% superior à marca de 2003).
TENDÊNCIA 2: DIVERSIDADE COMO VANTAGEM COMPETITIVA
17
Marcas que suprem a carência de mercado
A presença cada vez maior no mercado de empresas voltadas às chamadas “mi-
norias” – embora, na verdade, não represente uma minoria, pois compreende 53%
dos brasileiros – acompanha o ritmo de afirmação desses grupos na sociedade.
Tendo ainda como exemplo a população negra, a partir do momento em que ela
passa a valorizar mais sua cultura e particularidades, passa também a perceber
como não está representada nas marcas tradicionais. Foi para suprir essa carên-
cia que nasceram a Xongani (loja de roupas e acessórios feitos com tecidos de
origem moçambicana), a Makeda Cosméticos (com itens de beleza específicos
para cabelos crespos e cacheados), a Feira Preta (maior evento de empreende-
dorismo negro da América Latina, com 16 anos de atuação e movimentação de
R$ 4 milhões) e tantas outras iniciativas caracterizadas por ir além do negócio e
funcionar também como uma forma de militância. Afinal, apesar de ter melhorado
nos últimos anos, a renda média do empreendedor negro continua 116% menor
em comparação com a do branco (a diferença, em 2002, estava em 134%).
A mulher negra
Já a renda da mulher negra no Bra-
sil chega a ser quase 60% inferior à
de um homem branco, enquanto a
de um negro fica em torno de 35%
menor, segundo o estudo Os Negros
no Mercado de Trabalho, do Depar-
tamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos (Diee-
se). Em outras palavras, as mulheres
também merecem uma atenção di-
ferente no mercado, como a empre-
endedora Mirian Senier demonstrou ter ao criar o curso Mulheres no Trânsito,
exclusivo para as motoristas que, embora tenham tirado a Carteira Nacional de
Habilitação (CNH), perderam a coragem de dirigir, seja em razão do preconceito,
seja pelo medo da violência no tráfego. A instrutora, que deixou um emprego fixo
para empreender, atende atualmente cerca de 70 mulheres.
TENDÊNCIA 2: DIVERSIDADE COMO VANTAGEM COMPETITIVA
18
Público LGBT
Na mesma linha, enquanto as empresas tradicionais enfrentam dificuldades em
lidar com públicos LGBT – em razão de preconceitos e falta de informação – e
desperdiçam oportunidades de atender a um segmento empreendedor com ele-
vado potencial de consumo, novos negócios surgem já pautados nas necessidades
e exigências desse grupo, como a agência de viagens e eventos MCD Travel. O
empreendimento visa organizar pacotes com os melhores destinos gay friendly, a
fim de assegurar, por exemplo, atendimento adequado nos hotéis e segurança nas
regiões visitadas.
Segundo a Organização Mundial do Turismo, o público
gay movimenta US$ 3 trilhões por ano com viagens.
TENDÊNCIA 2: DIVERSIDADE COMO VANTAGEM COMPETITIVA
CASE SEBRAE
Bombons Finos da Amazônia
A Bombons Finos da Amazônia, ao mostrar a diversidade cultural e a valorização
do artesanal, com aquele jeito de “exclusivo”, comercializa balas e doces feitos com
ingredientes regionais, como o cupuaçu e a castanha. A marca ainda investiu em
embalagens feitas por artesãos locais representando canoas e barcos indígenas,
por exemplo. O projeto já criou mais de 200 tipos de embalagens e capacitou, com
o apoio do Sebrae, diversos fornecedores da região para abastecer suas prateleiras.
19TENDÊNCIA 2: DIVERSIDADE COMO VANTAGEM COMPETITIVA
20
Competitividade e resultados
Nos últimos anos, a percepção sobre as diferenças tem se transformado. Durante
muito tempo, as empresas buscaram times uniformes, com profissionais vindos
das mesmas universidades, com crenças, comportamentos e objetivos similares,
pois as especificidades eram vistas mais como fator negativo e menos como um
diferencial positivo. Esse raciocínio, porém, vem mostrando sinais de desgaste:
além de pouco promissor para as pessoas, que perdem oportunidades de conviver
com ideias distintas e, consequentemente, de inovar, ele também impacta no de-
sempenho financeiro das organizações.
Estudo realizado pela Hay Group, consultoria global de gestão de negócios,
com 170 companhias entre 2010 a 2014, nas empresas em que a diversidade
integra a pauta de discussões e a agenda estratégica, aponta que os colabo-
radores se mostram 17% mais motivados – inclusive para realizar entregas
além das suas responsabilidades – quando comparados a quem trabalha
onde o tema não é relevante. E organizações com times mais engajados
apresentam, em média, receita líquida 4,5 vezes superiores às das demais.
Diversidade
A diversidade que hoje está fora das grandes empresas pode, por meio do empre-
endedorismo, identificar os gaps do mercado e procurar solucioná-los com novos
produtos e serviços. Não necessariamente os restaurantes exclusivos para vega-
nos, as livrarias focadas em públicos evangélicos, os salões de beleza para pele e
cabelos negros, as marcas de roupa plus size e outras iniciativas ligadas à identida-
de precisam ser desenvolvidas por quem pertence a esses grupos. A segmentação
representa uma oportunidade de negócio para todos os empreendedores.
TENDÊNCIA 2: DIVERSIDADE COMO VANTAGEM COMPETITIVA
21
A vantagem competitiva da diversidade se encontra, porém, na velocidade
de leitura de cenários: quem pertence a uma “parte específica” da socie-
dade pode ser muito mais rápido em perceber demandas ainda ignoradas
pelas marcas tradicionais. E cada uma dessas partes tem a chance de se
antecipar às necessidades e desbravar novos mercados.
Turismo acessível
Muitas oportunidades de negócio decorrem de o indivíduo enxergar o
que outros não enxergam. E, nesse ato de “enxergar”, importa muito
quem ele é, qual o seu grupo social, como vê o mundo e como compre-
ende as necessidades do outro. Uma pessoa com deficiência, por exem-
plo, está mais apta a desenvolver produtos e serviços que atendam às ne-
cessidades desse público. Foi o que aconteceu com Ricardo Shimosakai,
que ficou paraplégico depois de tomar um tiro em São Paulo. Formado
em Turismo, consciente das dificuldades enfrentadas por cadeirantes, ele
abriu uma agência, chamada Turismo Adaptado, para tornar acessíveis
viagens e passeios às pessoas com deficiência.
TENDÊNCIA 2: DIVERSIDADE COMO VANTAGEM COMPETITIVA
22
TENDÊNCIA 3:INOVAÇÃO E TECNOLOGIA EM FAVOR DE NEGÓCIOS MAIS SUSTENTÁVEIS
Soluções para o futuro
Os próximos anos serão definitivos para a manutenção da vida no planeta. O au-
mento da temperatura global pode causar danos irreparáveis e comprometer os
sistemas produtivos. Para reverter o quadro, inúmeras micro e pequenas empresas
vêm criando negócios que vão construir um futuro sustentável.
Acordo de Paris
Em 2015, quando 195 países assinaram o Acordo de Paris, estabeleceram
um pacto “histórico” pela contenção do aquecimento global: até 2100, a
meta é reduzir emissões de gases de efeito estufa e evitar o aumento da
temperatura do planeta em 2º C, em relação aos níveis registrados nos pe-
ríodos pré-industriais.
TENDÊNCIA 3: INOVAÇÃO E TECNOLOGIA EM FAVOR DE NEGÓCIOS MAIS SUSTENTÁVEIS
23TENDÊNCIA 3: INOVAÇÃO E TECNOLOGIA EM FAVOR DE NEGÓCIOS MAIS SUSTENTÁVEIS
Contagem regressiva para a mudança
O compromisso visa assegurar as condições de vida na Terra, uma vez que as mu-
danças climáticas em curso podem causar impactos irreversíveis, e pressupõe uma
transformação extrema: tornar a sociedade carbono neutro nos próximos 80 anos
implica modificar tudo, das formas de vestir à alimentação, transporte, construção,
tratamentos médicos, comunicação, embalagem e tantas outras atividades, hoje
emissoras de poluentes na atmosfera. Diante desse cenário, inovar radicalmente
nos métodos produtivos e nas maneiras de satisfazer as necessidades humanas im-
põe-se como um fator decisivo para a vida e também como um campo imenso de
oportunidades de novos negócios, em especial para micro e pequenas empresas.
A complexidade das transformações exigidas pelo movimento de prevenção às
mudanças climáticas é inversamente proporcional à capacidade das grandes com-
panhias de se adequarem, com a devida agilidade, às demandas do planeta. Em
outras palavras, é muito mais viável surgirem novas empresas com soluções dis-
ruptivas, livres de emissões de gases de efeito estufa, à base de matérias-primas de
origem limpa e renovável e com tecnologias digitais, do que esperar por longos e
onerosos processos de adaptação das corporações.
Negócios inovadores para um mundo novo
Internet das coisas
John Chambers, por 20 anos CEO da Cisco, uma das maiores empresas do mun-
do, afirma que 40% das empresas no Reino Unido vão deixar de existir nos pró-
ximos 10 anos, assim como nos Estados Unidos. Sua previsão se fundamenta na
influência da internet das coisas sobre o mercado, pois todos os produtos e servi-
ços deverão ser, de alguma maneira, digitalizados. O conceito implica a conexão
entre objetos utilizados no cotidiano com a rede mundial de computadores, ou
seja, geladeiras, carros, roupas, maçanetas e outros itens presentes nas casas e
nos ambientes de trabalho serão cada vez mais integrados por meio da internet.
24
trabalho serão cada vez mais integrados por meio da internet. Essa comunicação
autônoma tem um elo claro com sustentabilidade: maior eficiência nos sistemas e
menor necessidade da interferência humana. E com micro e pequenas empresas,
qual a ligação? Oportunidade de negócio.
Newatt
A Newatt, por exemplo, foi fundada em 2015 para oferecer um dispositivo de gestão
e redução do consumo de eletricidade que pode gerar uma economia de até 30%
na conta dos usuários e um impacto positivo gigantesco se implantado em escala.
Por meio da instalação não invasiva de sensores na chave-geral, nos disjuntores ou
outros equipamentos, a empresa coleta dados do consumo energético e envia para
sistemas de inteligência artificial online, em que processa os números em informa-
ções úteis para a tomada de decisão dos usuários (quais aparelhos são mais intensi-
vos? Quais são mais eficientes? Há algum ponto crítico de desperdício?).
Agrosmart
Na mesma linha, por meio da instalação de sensores e da leitura e análise de
dados, a Agrosmart passou a oferecer um monitoramento muito mais eficiente
para a gestão de lavouras. Ao analisar mais de dez variáveis ambientais, como
umidade do solo e condições do clima na fazenda, a tecnologia aprimora a per-
formance do manejo da irrigação, consumo de energia e adubação. A tomada
de decisão no campo, bastante baseada em intuições ou observações genéricas,
ganha exatidão na era da “agricultura digital”. Em 2015, a CEO da Agrosmart, Ma-
riana Vasconcelos, foi selecionada como bolsista na Singularity University, cen-
tro de pesquisa da NASA no Vale do Silício. A startup brasileira passou a trocar
conhecimentos com a agência espacial americana para ampliar o acesso das
tecnologias desenvolvidas a mais pessoas.
TENDÊNCIA 3: INOVAÇÃO E TECNOLOGIA EM FAVOR DE NEGÓCIOS MAIS SUSTENTÁVEIS
25
Nanotecnologia
A nanotecnologia também vai gerar cada vez mais novos negócios. Por meio
da manipulação de circuitos e dispositivos de microdimensões – imperceptíveis
a olho nu, como átomos e moléculas –, ela permite incontáveis possibilidades de
inovação em produtos, mais duradouros e eficientes.
Nanovetores
A Nanovetores, por exemplo, criada em 2009, chegou ao mercado com uma
alternativa aos cosméticos convencionais: cápsulas digeríveis, à base de material
natural e biodegradável, para a hidratação da pele, com maior estabilidade e
eficácia do que produtos líquidos. A receptividade dos consumidores, bastante
positiva, levou a empresa a expandir seus planos para outros setores, como o
têxtil, ao oferecer roupas com propriedades antibacterianas e de estímulo ao re-
laxamento da musculatura para combater celulite e flacidez. A empresa cresceu
de forma acelerada e faturou cerca de R$ 20 milhões em 2016, comprovando o
potencial desse mercado.
TENDÊNCIA 3: INOVAÇÃO E TECNOLOGIA EM FAVOR DE NEGÓCIOS MAIS SUSTENTÁVEIS
CASE SEBRAE
New Captain
A inovação também pode estar na escolha de matérias-primas mais sustentáveis
para a fabricação de produtos. As cuecas New Captain são compostas de 75% de
algodão desfibrado, proveniente de resíduos de confecções; e 25% de poliéster de
garrafas PET. O produto foi desenvolvido após diversas pesquisas realizadas com
fornecedores, lojistas e clientes.
Elas são bonitas e muito
confortáveis. Somos a primeira marca a sofisticar a moda íntima masculina no Brasil e a trabalhar com tecido 100% reciclado”.
Renato Adissi, empresário
da New Captain.
TENDÊNCIA 3: INOVAÇÃO E TECNOLOGIA EM FAVOR DE NEGÓCIOS MAIS SUSTENTÁVEIS26
27
Na contramão da obsolescência programada
Em 2014, a marca inglesa Tom Cridland, que começou como startup e hoje está
na Fortune Magazine Cool Company, na contramão da obsolescência programa-
da – produtos feitos para durar pouco e, assim, induzir novas compras –, lançou
uma camiseta capaz de durar 30 anos. Costuradas à mão, as peças têm seus fios
tratados com silicone e são finalizadas com poliéster, que aumenta a resistência e
evita alteração no tamanho. Considerando o tempo médio de dois anos de uma
camiseta convencional, a inovação gera benefícios ambientais significativos, como
a redução do envio de resíduos têxteis para aterros.
Biotecnologia
Os pequenos negócios ainda têm vastas possibilidades de atuação e inovação em
biotecnologia (engenharia genética aplicada ao desenvolvimento de plantas mais
resistentes, que dependem de menos água, nutrientes e até mesmo espaço para
cultivo), robótica avançada (desenvolvimento de carros autônomos, por exem-
plo, guiados por sensores de última geração), impressão 3-D (modelagem digital
que, extremamente precisa, reduz o desperdício característico dos processos tra-
dicionais de produção) e outras tendências que devem transformar a cultura e os
métodos dos negócios convencionais. O desafio está na capacidade criativa dos
empreendedores de conectar as necessidades das pessoas com as do planeta;
afinal, como diz a célebre frase de Henry Ford: “Se eu tivesse perguntado aos meus
clientes o que queriam, teriam dito: um cavalo mais rápido”.
Consumidores verdes
Levantamento internacional realizado pela Europanel destaca: atualmente, 33%
dos consumidores preferem as empresas cujos produtos impactam menos o meio
ambiente e beneficiem a sociedade. Ao ouvir 20 mil entrevistados em cinco países
(Brasil, Índia, Reino Unido, EUA e Turquia), o estudo observou a predominância
dessa tendência em economias emergentes em comparação com os mercados
das nações consideradas mais desenvolvidas.
TENDÊNCIA 3: INOVAÇÃO E TECNOLOGIA EM FAVOR DE NEGÓCIOS MAIS SUSTENTÁVEIS
28
53% dos consumidores no Reino Unido afirmam preferir
comprar produtos com fabricação sustentável, enquanto
a porcentagem atinge 88% na Índia e 85% tanto no Brasil
quanto na Turquia.
Legados socioambientais
Os números reforçam a necessidade das empresas de procurar gerar legados socio-
ambientais positivos e ainda revelam uma oportunidade de negócio: entre os entre-
vistados, 21% se veem dispostos a escolher as marcas que melhor comuniquem seus
critérios e ações de sustentabilidade nas embalagens e campanhas de marketing.
Engajamento do consumidor
A pesquisa ressalta duas razões pelo maior engajamento do consumidor que vive
em economias emergentes. Primeiro, o fato de estar em contato direto, muitas
vezes, com o impacto negativo das práticas empresariais não sustentáveis, como
a escassez de água, o racionamento de energia, a falta de alimentos e a poluição
do ar. E, em segundo lugar, eles também são mais persuadidos pelo poder de in-
fluência de familiares, amigos e filhos para a compra de produtos mais verdes e
socialmente responsáveis.
TENDÊNCIA 3: INOVAÇÃO E TECNOLOGIA EM FAVOR DE NEGÓCIOS MAIS SUSTENTÁVEIS
29
Inovação em energia solar
Empresa 100% brasileira, a Sunew, apresentou ao mercado, em 2015, uma alter-
nativa inovadora e sustentável para as placas fotovoltaicas convencionais, usadas
para a geração de energia solar: o Organic PhotoVoltaic (OPV), filme com cerca
de 1 mm de espessura que, por ser maleável – diferente dos painéis usados nos
telhados de casas e edifícios –, depende menos do ângulo de incidência da luz
solar e, assim, pode aproveitá-la por mais tempo. Sua capacidade de absorver raios
ultravioleta e infravermelho também diminui a carga de calor do ambiente. Tais
características tornam a tecnologia adequada para instalação mesmo em ambien-
tes internos, pois converte luz em energia até com baixa luminosidade. O OPV é
adaptável, reciclável e resistente.
TENDÊNCIA 3: INOVAÇÃO E TECNOLOGIA EM FAVOR DE NEGÓCIOS MAIS SUSTENTÁVEIS
30
TENDÊNCIA 4:ECONOMIA COLABORATIVA COMO FONTE DE CRESCIMENTO
TENDÊNCIA 4: ECONOMIA COLABORATIVA COMO FONTE DE CRESCIMENTO
A força da colaboração
Nunca fez tanto sentido o provérbio indiano que diz: “se quer ir rápido, vá sozinho;
se quer ir longe, vá acompanhado”. Empresas – especialmente micro e pequenas
– estão atuando cada vez mais em rede para acompanhar a mudança de perfil de
seus clientes e gerar mais competitividade para os negócios. Nos últimos anos, um
fenômeno tem chamado a atenção dos especialistas do mercado por seu viés bas-
tante inusitado: a propriedade vem sendo preterida em favor do acesso. Cada vez
mais, tanto a sociedade quanto as empresas se questionam sobre a real importância
de possuir um bem material. Ter o acesso a ele e o direito de utilizá-lo já não basta?
A força da coletividade
A criação de espaços de compartilhamento de ideias e projetos (coworkings) e a
organização de conteúdos na internet, em plataformas digitais, facilitaram a troca
de serviços e produtos e o surgimento de negócios colaborativos. E a perspectiva
para o próximo quinquênio é que esse modelo de negócio cresça ainda mais. Essa
nova realidade permite a experimentação de serviços e produtos com menor inje-
31
ção inicial de capital e maior compartilhamento de soluções, condições bastante
favoráveis para a criação e a perenidade de micro e pequenas empresas.
Economia colaborativa
Projeções da consultoria PwC de 2016 calculam que a economia colaborativa deva
movimentar US$ 335 bilhões em 2025. Os setores de maior destaque são: hospe-
dagem, compartilhamento de veículos, transações financeiras peer-to-peer3 e plata-
formas de streaming de música e vídeo. No Brasil, estimativas de especialistas indi-
cam que a economia de compartilhamento tem potencial para contribuir, a médio e
longo prazo, com mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do setor de serviços.
Coconstrução que vale a pena
Surfar nessa onda não é privilégio de gigantes como Uber, Airbnb e Netflix. Micro e pe-
quenas empresas também estão criando negócios colaborativos de sucesso. Camila
Carvalho, fundadora da Tem Açúcar?, criou uma plataforma que facilita o comparti-
lhamento dos mais diversos itens domésticos entre vizinhos, como furadeira, liquidifi-
cador ou uma barraca de camping. A ideia é resgatar as boas relações de quem mora
ao lado e, de quebra, reduzir o consumo desenfreado. O empreendimento contabiliza
mais de 45 mil seguidores em sua página do Facebook e é financiado coletivamente
de várias formas, como a venda de produtos personalizados e a famosa “vaquinha”.
3 Sistema online que permite aos consumidores transferirem fundos de cartões de crédito ou banco para outro usuário via smartphone ou internet, sem a intermediação direta do banco.
TENDÊNCIA 4: ECONOMIA COLABORATIVA COMO FONTE DE CRESCIMENTO
32
CASE SEBRAE
32
Escola Chave do Saber
A importância da colaboração e da participação de todos para a construção de
uma convivência mais harmoniosa é a chave do trabalho da Escola Chave do Saber
(ECSA), de Cuiabá (MT). Além da grade curricular tradicional, os alunos têm aulas de
responsabilidade social e ambiental aplicada na gestão organizacional e consumo
consciente. Os funcionários são orientados a incluir em sua rotina atividades impor-
tantes para a manutenção da escola, como desligar a energia das salas durante o
tempo ocioso e instalar temporizadores nas lâmpadas e torneiras da instituição.
TENDÊNCIA 4: ECONOMIA COLABORATIVA COMO FONTE DE CRESCIMENTO
33
Concorrência colaborativa
Além da atuação em rede de empresas que possuem atividades complementares,
continua forte a tendência de negócios, teoricamente concorrentes, trabalharem
juntos em iniciativas de interesse comum. Isso traz para esses pares uma vanta-
gem mais do que competitiva, colaborativa. Na prática, isso pode acontecer, por
exemplo, em uma cidade do interior que possui um problema de coleta de lixo. Os
empresários locais, que utilizam materiais reciclados como matéria-prima, podem
se unir para investir em uma cooperativa de coleta seletiva, ou mesmo para pres-
sionar o poder público com mais veemência. O objetivo é estabelecer parcerias
em uma relação de ganha-ganha, ao dividir custos e maximizar resultados.
Sustainable Apparel Coalition
A Sustainable Apparel Coalition, uma das principais alianças para produção sus-
tentável da indústria têxtil, vestuário e calçados no mundo, é um bom caso a ser
analisado. Seu trabalho consiste em reduzir danos ambientais e gerar impacto po-
sitivo sobre as pessoas e as comunidades associadas às suas atividades. O pro-
cesso é monitorado e mensurado por um índice desenvolvido por eles, o Higg, e
compartilhado com o setor. O objetivo é reduzir ineficiências e inconformidades
e dar mais transparência a questões ambientais e sociais exigidas pelo mercado.
Ao juntar forças, as empresas conseguem resolver desafios urgentes e sistêmicos
com mais facilidade do que teriam se trabalhassem sozinhas e ainda colhem ga-
nhos de imagem e reputação junto aos seus stakeholders.
Redes digitais e negócios
Na era digital, a internet e as mídias sociais diminuem as distâncias e o tempo. Pes-
soas de todos os cantos do mundo se comunicam em tempo real. Para micro e
pequenas e empresas, a ausência de fronteiras espaciais e temporais representa uma
TENDÊNCIA 4: ECONOMIA COLABORATIVA COMO FONTE DE CRESCIMENTO
34
oportunidade de negócio significativa. Em um pequeno estúdio, por exemplo, loca-
lizado em uma cidade do interior, professores de um cursinho podem gravar aulas e
disponibilizar para alunos do país inteiro por meio de um canal na internet. Ou uma
startup, como a Agrosmart (Tendência 1), pode realizar a análise de dados colhidos
por sensores em uma plantação sem precisar de profissionais em campo, obser-
vando a lavoura constantemente. E a necessidade de entrar na “era digital” também
gera negócios. É o caso da Zup, empresa mineira, criada em 2011, especializada em
apoiar líderes e companhias a levar seus serviços e produtos para as redes.
Colaboração sustentável
Em 2014, os especialistas em economia colaborativa Ram Nidumolu, Jib Ellison,
John Whalen e Erin Billman publicaram, na Harvard Business Review, um artigo
ainda muito atual com dicas para garantir uma colaboração sustentável, que impli-
ca gerar simultaneamente impactos positivos para o meio ambiente e a sociedade
e também para indivíduos que compartilham um propósito comum:
1. Um grupo pequeno para iniciar: evite envolver muitos stakehol-
ders com visões diferentes sobre o objetivo da colaboração. Isso aju-
da a criar o “círculo fundador da colaboração”. Se julgar necessário,
esse grupo inicial poderá, no futuro, integrar outros parceiros, desde
que afinados com os mesmos propósitos e igualmente motivados.
Um fator crítico de sucesso é a escolha cuidadosa dos integrantes.
Critérios básicos: maior conhecimento, habilidade e liderança em
relação ao problema cuja solução colaborativa vai apoiar.
2. Conjugação de interesses particulares com coletivos: o êxito
de uma experiência colaborativa passa pelo reconhecimento, por
parte de cada integrante, do valor intrínseco da atividade de cola-
boração e do entendimento de que o objetivo do grupo está acima
de qualquer objetivo individual.
TENDÊNCIA 4: ECONOMIA COLABORATIVA COMO FONTE DE CRESCIMENTO
35
3. Valoração adequada: para conjugar interesses, como proposto
no item anterior, deve-se atribuir um valor financeiro compatível
com a redução de custo e a geração de lucros resultantes da ação
colaborativa. Quanto mais clara essa informação, mais fácil ficará
priorizar os projetos.
4. Resultados concretos estimulam: um dos objetivos da colabo-
ração é transformar um propósito comum e interesses individuais
em um negócio melhor. Nada de metas de muito longo prazo, pois
elas desanimam. Ainda que os resultados iniciais sejam pequenos,
estabeleça metas ousadas que possam ser atingidas, de modo per-
ceptível e no curto prazo.
5. A importância de uma organização de suporte: não é porque
todas as partes elegeram, no início, um objetivo comum que o
processo ocorrerá sem conflitos. É aí que entram as organizações
externas de apoio. Por serem neutras, tecnicamente preparadas,
podem ser muito úteis na mediação, revisão do modelo ou mesmo
na gestão.
6. Competição saudável: para manter o foco nos resultados, ao
longo do tempo, deve-se estimular uma competição saudável, não
baseada em interesses particulares, mas nos interesses comparti-
lhados. Faz bem ao processo, por exemplo, estabelecer indicado-
res de performance que incentivem a competição para uma cola-
boração melhor.
7. Confiança sempre: construir e manter a confiança é fundamen-
tal para o êxito de qualquer experiência colaborativa. Nunca perca
isso de vista.
TENDÊNCIA 4: ECONOMIA COLABORATIVA COMO FONTE DE CRESCIMENTO
36
Mudança de pensamento
O conceito de economia circular tem sido cada vez mais adotado por companhias
que desejam ter processos, produtos e serviços mais sustentáveis. A efetivação
dessa ideia como prática de negócio representa um mar de oportunidades para
micro e pequenas empresas em vários segmentos do mercado. O modelo econô-
mico tradicional, baseado na equação “extrair, transformar, descartar”, característi-
ca de sistemas produtivos lineares, tem apresentado sinais de desgaste nos últimos
anos. A escassez de recursos naturais e os altos custos com a destinação correta
de resíduos estão levando o mercado a repensar a maneira de produzir.
Tudo se transforma
Neste cenário, ganha força o conceito de economia circular, que propõe uma
reflexão radical sobre a eliminação de externalidades negativas, como as emissões
TENDÊNCIA 5:ECONOMIA CIRCULAR COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
TENDÊNCIA 5: ECONOMIA CIRCULAR COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
37
de gases de efeito estufa e a redução da dependência de recursos finitos, como
matéria-prima e fontes de energia não renovável. O objetivo da economia circular
consiste em eliminar ou minimizar a geração de resíduos e prolongar a vida útil
dos produtos. E o avanço desse conceito vem acompanhado de oportunidades de
novos e promissores negócios para micro e pequenas empresas. Uma vez que o
mercado procura formas de implementar processos produtivos circulares em sua
cadeia, os pequenos negócios podem oferecer produtos e serviços para atender
essa demanda, com soluções especializadas no beneficiamento ou reaproveita-
mento de resíduos que, em vez de descartados, passam a ser usados como bio-
massa para produção de energia limpa, por exemplo.
Já existe uma ampla demanda por novas tecnologias para transformar os
materiais descartados em matéria-prima, além de oportunidades de serviços
relacionados a logística e armazenamento desses componentes. A pesquisa
Growth Within: a circular Economy Vision for a Competitive Europe, publi-
cada em 2015 pela Ellen MacArthur Foundation, SUN e McKinsey & Co indica
que o Reino Unido poderia economizar US$ 1,1 bilhão por ano em custos
com aterros sanitários e distribuir 2GWh de eletricidade à rede caso adotasse
uma economia circular de mercado. O mesmo estudo aponta que a Europa
seria capaz de reduzir as emissões de dióxido de carbono à metade dos níveis
atuais até 2030. E mais: no mesmo prazo, as companhias europeias poderiam
faturar € 900 bilhões a mais com a implementação do modelo.
TENDÊNCIA 5: ECONOMIA CIRCULAR COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
38
Etapas do processo de economia circular
Cases de sucesso
O levantamento Uma Economia Circular no Brasil: Uma abordagem exploratória
inicial, divulgado em janeiro de 2017 também pela Ellen MacArthur Foundation,
aponta três setores como promissores para a transição rumo a uma economia cir-
cular: agricultura e ativos da biodiversidade; edifícios e construção; e equipamen-
tos eletroeletrônicos. Alguns exemplos de empresas que enxergaram os benefícios
de processos circulares e já contabilizam bons resultados.
Nossa Casa Planejada
A startup Nossa Casa Planejada desenvolveu uma tecnologia de recuperação de
materiais a partir de resíduos de construção e mineração para produzir blocos
modulares utilizados na construção de edifícios a baixo custo. Com isso, não há
a necessidade de uso de cimento e, por causa da estrutura modular, os edifícios
podem ser reformados e reconstruídos sob demanda.
TENDÊNCIA 5: ECONOMIA CIRCULAR COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
Extração de recursos
Processamento do material
Reciclagem
Fabricação
Remanufaturação
Uso Gestão de resíduos
Reutilização
39
Recicladora Urbana
Já a Recicladora Urbana oferece a empresas uma certificação para produtos de te-
lecomunicações e TI no final de seu ciclo de vida, em conformidade com a Política
Nacional de Resíduos Sólidos4. Além disso, a companhia revende as partes resultan-
tes da desmontagem dos equipamentos e os recoloca no mercado.
4 A Lei n. 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), contém instrumentos importantes para o enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decor-rentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Contempla a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a des-tinação ambientalmente adequada dos rejeitos. Além disso, institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos e emba-lagens pré-consumo e pós-consumo.
TENDÊNCIA 5: ECONOMIA CIRCULAR COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
40
CASE SEBRAE
40
Lepri Finas Cerâmicas Rústicas
Vidros de lâmpadas fluorescentes, de telas de televisão e de monitores de compu-
tadores são utilizados como matéria-prima pela Lepri Finas Cerâmicas Rústicas.
Atualmente, 99% dos produtos da marca são compostos de até 25% desses mate-
riais. A cerâmica misturada com vidros reciclados queima mais rápido, o que eco-
nomiza cerca de 15% de energia, e seca com mais facilidade. A cerâmica ainda usa
cinzas e resíduos da própria fábrica e de olarias na composição de seus produtos.
TENDÊNCIA 5: ECONOMIA CIRCULAR COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
41
Avaliação de Ciclo de Vida (ACV)
Empresas que desejam implementar – ou fazer a transição para – um processo cir-
cular precisam entender primeiro qual o impacto de seu produto. Em quais partes
da cadeia há oportunidades de melhoria e ganhos em eficiência, por exemplo. Uma
boa ferramenta para auxiliá-los nesse trabalho é a Avaliação de Ciclo de Vida5 (ACV)
do berço ao túmulo6, ou seja, além de aspectos ambientais, é necessário analisar de
que maneira aquele produto impacta a criação de empregos, a competitividade, a
redução no uso de recursos e a prevenção de desperdícios. Em empresas em que
esse conceito já alcançou um grau de maturidade elevado, os produtos são pensa-
dos, desde a prancheta para a recuperação contínua e reutilização de materiais. Há
pequenos negócios especializados em apoiar empresas a fazer a ACV e a logística
reversa7 de seus produtos e, mais do que isso, negócios são gerados para solucionar
demandas originadas dessa análise, como citados anteriormente.
Carbon Disclosure Project (CDP) e Forest Stewardship Council (FSC)
Outro viés importante diz respeito aos processos de certificação, como o Carbon
Disclosure Project8 (CDP) e o Forest Stewardship Council9 (FSC), em que os for-
necedores são peça-chave para a confirmação dos selos. Seus índices de uso de
água, energia, emissões e recuperação de resíduos, por exemplo, interferem em
toda a cadeia de seus clientes e, mais do que isso, podem ser fatores de decisão
5 ACV é a análise do impacto no meio ambiente de todas as etapas necessárias para que um produto cumpra sua função na cadeia de produtividade, desde a extração e o processamento da matéria-prima até o descarte final (do berço ao túmulo).
6 O conceito foi cunhado em inglês “Cradle to Cradle”, por Walter Stahel, arquiteto e economista no final de 1970. Ele trabalhou no desenvolvimento de uma abordagem de “ciclo fechado” para processos de produção e criou o Product Life Institute, em Genebra, há mais de 25 anos.
7 A logística reversa é um dos instrumentos para aplicação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e é caracterizada por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo produtivo ou em outros, ou outra destinação adequada.
8 O CDP é uma organização internacional que atua junto a cidades, investidores e empresas de todo o mundo para prevenir as mudanças climáticas e proteger os recursos naturais.
9 A certificação é um processo voluntário em que são analisados empreendimentos florestais para ve-rificar o cumprimento de questões ambientais, econômicas e sociais que fazem parte dos Princípios e Critérios do FSC.
TENDÊNCIA 5: ECONOMIA CIRCULAR COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
42
para micro ou pequenas empresas serem escolhidas, em detrimento de outras, em
um processo de contratação. A prestação de contas de indicadores econômicos,
sociais e ambientais deixa de ser uma opção e passa a ser imprescindível para
empresas de qualquer porte de mercado.
Ecoeficiência
Neste cenário, ecoeficiência é palavra de ordem. Empresas ecoeficientes melho-
ram a qualidade de seus produtos, tornam seus processos mais ágeis e menos
custosos, reduzem os desperdícios com matérias-primas, energia, água e outros
insumos. Com isso, obtêm benefícios econômicos e sociais sem a necessidade
de altos investimentos. É crescente a demanda de mercado para negócios que
proponham soluções em:
eficiência energética com uso de sistemas inteligentes de distribuição e trans-
missão de energia elétrica, as smart grids (redes inteligentes);
utilização de fontes renováveis de energia, como eólica, solar e biomassa;
prevenção e redução da geração de resíduos;
reaproveitamento e reciclagem de resíduos para substituição de matérias-pri-
mas virgens;
destinação adequada de resíduos;
racionalização do consumo de água;
captação e uso de água de chuva;
tratamento e reuso de efluentes;
tecnologias para monitoramento, análise de dados e gerenciamento de insu-
mos e processos.
As oportunidades provenientes da economia circular são claras. Seja para atender
demandas de grandes empresas que adotaram o conceito, seja para elevar um
pequeno negócio aos mais elevados patamares de mercado, basta adaptar sua
estratégia e colher os resultados.
TENDÊNCIA 5: ECONOMIA CIRCULAR COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
43
TENDÊNCIA 6:CIDADES SUSTENTÁVEIS, AMBIENTES PARA O EMPREENDEDORISMO
Transformar é preciso
Se determinadas lideranças comunitárias conseguem, sozinhas, com iniciativa e
esforço, transformar a realidade social ao seu redor, as organizações privadas, es-
pecialmente as ágeis micro e pequenas empresas, podem realizar transformações
significativas ao criar negócios que equacionem o lucro e o bem coletivo.
ODS 11
“Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes
e sustentáveis”: o enunciado do ODS 11 dá o tom sobre como países e empresas
estão se mobilizando para melhorar a qualidade de vida de seu povo. Neste ODS,
há metas relacionadas a habitação, transporte, urbanização, patrimônio cultural
e natural, catástrofes naturais e sociais, espaços públicos, mudanças climáticas e
apoio a países menos desenvolvidos. Em cada um desses aspectos, há oportuni-
dades para micro e pequenas empresas contribuírem para tornar as cidades mais
sustentáveis por meio de seus negócios.
TENDÊNCIA 6: CIDADES SUSTENTÁVEIS, AMBIENTES PARA O EMPREENDEDORISMO
44
Programa Cidades Sustentáveis
O Programa Cidades Sustentáveis, uma iniciativa da Rede Nossa São Paulo, Rede
Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis e Instituto Ethos, reúne uma
série de ferramentas que contribuem para que governos, sociedade civil e em-
presas promovam o desenvolvimento sustentável nos municípios brasileiros. São
12 eixos10 com indicadores e referências de excelência nacionais e internacionais.
Alguns números divulgados pelo programa mostram a grandiosidade dos desa-
fios que precisam ser enfrentados: 22% dos brasileiros vivem abaixo da linha da
pobreza; a emissão de gases de efeito estufa subiu 9% em 2016; e 60% do esgoto
circula a céu aberto sem qualquer tratamento. Há cidades em que o sinal de alerta
já está piscando. Em Santos (SP), as mudanças climáticas provocarão um aumento
no nível do mar de pelo menos 18 centímetros até 2050, podendo chegar a até
45 centímetros em 2100. Se nada for feito, apenas com os danos aos imóveis, o
município terá um prejuízo de, no mínimo, R$ 1,5 bilhão.
Programa Vivenda
Algumas empresas conseguiram ver além do caos e já estão trabalhando para
transformar essa realidade. O Programa Vivenda é um bom exemplo de um em-
preendedor que soube fazer da adversidade uma oportunidade. Enquanto traba-
lhava com urbanização de vias públicas em comunidades carentes, Fernando As-
sad percebeu o contraste gerado entre as ruas novas, com asfalto, iluminação,
calçamento e sinalização, frente às moradias totalmente desestruturadas, sem
condições de higiene e iluminação inadequada. Ele então teve um insight para a
criação de um novo negócio: reformar moradias populares a preços acessíveis. O
trabalho é realizado graças a parcerias com instituições financeiras, de materiais de
construção e o apoio de investidores e já atendeu mais de 2 mil pessoas.
10 Os 12 eixos são: governança; bens naturais comuns; equidade, justiça social e cultura de paz; gestão local para a sustentabilidade; planejamento e desenho urbano; cultura para a sustentabilidade; edu-cação para a sustentabilidade e qualidade de vida; economia local, dinâmica, criativa e sustentável; consumo responsável e opções de estilo de vida; melhor mobilidade, menos tráfego; ação local para a saúde; do local para o global.
TENDÊNCIA 6: CIDADES SUSTENTÁVEIS, AMBIENTES PARA O EMPREENDEDORISMO
45
Pé de Feijão
E se fosse possível tornar os espaços urbanos mais verdes e, além disso, oferecer
alimento de qualidade para quem precisa? Luisa Haddad mostrou que dava para
fazer e, em 2014, criou o Pé de Feijão. O negócio social atua tanto na criação de
hortas urbanas – onde couber na selva de pedra das cidades, como telhado de
prédios e lajes de casas – quanto na realização de oficinas de educação alimentar
para manter os cultivos e ensinar a população sobre alimentação saudável. E ainda
realiza a medição do impacto social e ambiental das atividades. O trabalho pode
ser custeado via financiamento coletivo ou patrocinado por alguma instituição.
Algumas empresas, por exemplo, solicitam a implantação de hortas orgânicas em
comunidades onde possuem operação ou em seus prédios, além da realização de
programas de saúde e bem-estar para conscientizar seus funcionários.
TENDÊNCIA 6: CIDADES SUSTENTÁVEIS, AMBIENTES PARA O EMPREENDEDORISMO
CASE SEBRAE
Organoeste Campo Grande
Em apenas 15 dias, a Organoeste Campo Grande transforma o material orgânico
recebido das indústrias e fazendas da região em adubo. O processo ocorre graças
à biotecnologia inventada e patenteada pelo engenheiro Sérgio Massao Watanabe,
a HSNI, em que os micro-organismos transformam rejeitos em adubo orgânico. O
tempo médio de outras empresas realizarem a operação é de cerca de cem dias. A
tecnologia leva mais comida para a mesa das pessoas e lucro para os empresários.
Além do curto período de processamento, eles ganham em market share, pois o
preço da tonelada de adubo químico pode chegar a R$ 1,2 mil, já do adubo da
Organoeste Campo Grande, entre R$ 120 (a granel) e R$ 180 (ensacado).
46TENDÊNCIA 6: CIDADES SUSTENTÁVEIS, AMBIENTES PARA O EMPREENDEDORISMO
47
Avanços na legislação
O setor público está acompanhando a tendência de adotar critérios sustentáveis
para a contratação de seus fornecedores. O governo entendeu que o menor pre-
ço, muitas vezes, vinha embutido de custos com externalidades negativas que afe-
tam a sociedade e o meio ambiente, o que não pode ser corroborado pelo Estado
e, no longo prazo, trará mais custos aos cofres públicos para reparação de danos.
Diversas legislações respaldam esse trabalho como o Plano Nacional de Promo-
ção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade; o Programa Resíduos Só-
lidos; e o Financiamento a Projetos de Eficiência Energética (Proesco). Entre os
fatores observados nos processos licitatórios, estão aquisição de equipamentos de
escritório feitos de madeira certificada, papel reciclável, transporte movido à ener-
gia mais limpa, alimentos orgânicos, eletricidade produzida por fontes renováveis
e sistemas de ar condicionado com soluções ecologicamente mais avançadas.
Do jeito certo: bioeconomia
Na busca por cidades mais sustentáveis, especialistas indicam que a bioeconomia
pode ser a resposta para desafios ainda difíceis de solucionar. O conceito engloba
atividades como produção sustentável de alimentos, desenvolvimento de alter-
nativas energéticas limpas e uso da engenharia genética para criação de novos
produtos para a saúde.
Pequenos negócios de bioeconomia
Segundo dados divulgados pelo Sebrae, pequenos negócios estão atentos a esses
ramos de atuação, principalmente nos setores de alimentos e bebidas; energia; hi-
giene e cosméticos; construção; e moda. O setor já movimenta cerca de € 2 trilhões
no mercado mundial e gera aproximadamente 22 milhões de empregos. A institui-
ção prevê investir R$ 10,4 milhões em projetos como: negócios agroecológicos no
Acre; projeto estruturante de cosméticos de base florestal no Pará, Acre e Amazo-
nas; iniciativa de extração e beneficiamento de produtos vegetais da biodiversidade
TENDÊNCIA 6: CIDADES SUSTENTÁVEIS, AMBIENTES PARA O EMPREENDEDORISMO
48
em Juruá (AC) para produção de óleos naturais; silvicultura no leste de Alagoas; pis-
cicultura em Tefé (AM) e agricultura orgânica no Distrito Federal. São novos negócios
gerados a partir da consciência de que é preciso ter lucro com responsabilidade.
Estratégia europeia para a bioeconomia
Na Europa, esse trabalho se concentra em conciliar as demandas de agricultura
sustentável, pesca, segurança alimentar e uso sustentável de recursos biológicos
renováveis para fins industriais, preservando a biodiversidade e a proteção ambiental.
Em 13 de fevereiro de 2012, foi lançada a Estratégia europeia para a bioecono-
mia, que aborda a produção de recursos biológicos renováveis e sua conversão em
produtos e bioenergia. Sob a liderança do departamento de Pesquisa e Inovação, a
Estratégia foi assinada por diversos departamentos da Comissão Europeia, como
Agricultura e Desenvolvimento Rural; Ambiente; Assuntos Marítimos; e Indústria e
Empreendedorismo.
A Comissão Europeia também estabeleceu um plano de ação que se concentra
em três aspectos principais:
1. Criar novas tecnologias e processos.
2. Desenvolver mercados e competitividade em setores de bioeconomia.
3. Integrar tomadores de decisão e partes interessadas no tema.
De acordo com a Comissão, a bioeconomia, por meio das indústrias biológicas e
alimentares, pode contribuir com o aumento da participação da indústria no PIB
de 16% para 20%, e na criação de uma economia circular mais eficiente em recur-
sos e emissões de gases de efeito estufa. Nesse movimento, crescem as oportuni-
dades para pequenos negócios na oferta de soluções sustentáveis para esse novo
mercado como fornecedores dessas grandes organizações, por exemplo.
TENDÊNCIA 6: CIDADES SUSTENTÁVEIS, AMBIENTES PARA O EMPREENDEDORISMO
49
CONCLUSÃO
Conhecer as tendências de
mercado auxilia o empresário
na tomada de decisão dentro
do seu negócio. Porém, é im-
portante compreender que as ten-
dências não representam previsões
exatas do futuro, mas sim possibilidades
de cenários.
Sendo assim, existem muitas dúvidas de como aplicar as tendências no dia a dia da
empresa e, pensando nisso, separamos algumas dicas para que você possa trilhar
esse caminho:
Analise como as empresas representadas nos cases implantaram a tendência no
negócio. Quais foram os benefícios? A tendência surgiu de uma necessidade?
Quais foram os desafios para implantação da tendência?
Observe se o seu público-alvo será impactado por alguma das tendências e
como esse impacto será refletido no desejo de consumo. Isso impactará o
formato dos serviços e produtos oferecidos no negócio?
Caso você tenha observado que a tendência será positiva para a sua marca e
clientes, pense em como você ofertará isso. Envolverá alteração no seu quadro
de fornecedores? Você precisará capacitar a equipe em algum aspecto? Será a
curto, médio ou longo prazo?
O Centro Sebrae de Sustentabilidade oferece serviços e produtos que apoiam o
empreendedor nesta jornada, acesse o Núcleo de Inteligência em Sustentabilidade.
50
Centro Sebrae de Sustentabilidade
O Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) trabalha para que os pequenos ne-
gócios brasileiros sejam sustentáveis (tenham vida longa!), bem-sucedidos e in-
gressem na chamada “nova economia”, a fim de aproveitar as oportunidades e os
nichos de mercado, sejam eles de setores tradicionais, sejam empreendimentos
com propostas revolucionárias e inovadoras.
Para estimular, inspirar e orientar empresários e empreendedores nessa etapa es-
pecial da jornada humana, em que tudo se transforma e se comunica velozmente
via redes digitais, a realização do estudo 6 Tendências de Sustentabilidade para
os Pequenos Negócios, elaborado pela empresa Ideia Sustentável, dirigida pelo
jornalista Ricardo Voltolini, é um convite à reciclagem de conhecimentos e aposta
no futuro. É preciso saber com antecedência o que vem pela frente e se posicionar
(ou construir seu lugar) no mundo e na economia em plena e intensa transição.
Sustentabilidade na prática
Inaugurado há seis anos, pode-se dizer que o CSS tem cumprido sua missão com
êxito: introduzir a sustentabilidade na vida das micro e pequenas empresas e dos em-
preendedores de nosso país. Além de ocupar um prédio diferenciado – seu projeto
arquitetônico foi baseado na sa-
bedoria ancestral e na arquitetu-
ra indígena –, que é reconhecido
por certificações e prêmios na-
cionais e internacionais (abaixo),
o Centro se assemelha a uma
“escola de sustentabilidade” para
empresários e empreendedores.
Cerca de 70 mil visitantes bra-
sileiros e de 26 países – entre
empresários, arquitetos, enge-
nheiros, universitários e pesso-
51
as interessadas na causa da sustentabilidade – conheceram a sede do CSS, sua
arquitetura, as estações interativas e o jardim com espécies dos três biomas pre-
sentes no Mato Grosso (Cerrado, Pantanal e Amazônia), entre 2011 e 2017.
Nesse período, a equipe multidisciplinar do Centro, em parceria com especialis-
tas e consultores, elaborou 448 conteúdos (cartilhas, infográficos, vídeos, estudos
de tendências e relatórios de inteligência setoriais) e 80 publicações, metodolo-
gias e soluções construídas em conjunto com as unidades estaduais do Sebrae e
Sebrae Nacional (Certificação de Conhecimentos em Sustentabilidade; Trilha de
Sustentabilidade para Pequenos Negócios; Jogos Negócios Sustentáveis; Curso
Fundamentos da Sustentabilidade na Gestão Empresarial de Pequenos Negócios;
Metodologia de Inventário de Gases de Efeito Estufa em Pequenos Negócios; Cur-
so Energia Solar Fotovoltaica).
Mais de 7 milhões de pessoas foram alcançadas via por-
tal www.sustentabilidade.sebrae.com.br e redes sociais
(YouTube, Facebook, Twitter, Instagram).
Prêmios e certificações
O edifício conquistou as seguintes certificações e prêmios:
Selo PROCEL Edifica Nível A em projeto e edificação construída, em 2013;
Prêmio Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE), em 2014;
Prêmio International Solid Waste Association (ISWA) para o Guia Prático para a
Sustentabilidade nos Pequenos Negócios, em 2014;
Finalista do Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade, em 2014;
Certificação BREEAM In-use, classificação “Excelente” do Building Establish-
ment Environmental Assessment Method (BREEAM), em 2016;
Prêmio 15º Benchmarking Brasil do Instituto Mais, em 2017;
Certificação Greenbuilding Council Zero Energy (GBC), em 2017.
Sol parceiro
Em relação à infraestrutura do CSS e do Sebrae MT, foram implantadas duas mi-
crousinas de geração solar fotovoltaica, em maio/2016, que tornaram o Centro
100% autossuficiente em energia e reduziram em até 40% o consumo energético
da instituição.
Desse modo, o Centro também se tornou exemplo em energia solar para os pe-
quenos negócios. As microusinas demonstram que investir em tecnologia solar
reduz custos das empresas e o retorno do investimento ocorre em relativamente
poucos anos.
52
53
Futuro sustentável
O estudo 6 Tendências de Sustentabilidade para os Pequenos Negócios vem so-
mar mais conhecimento e inspiração aos empresários e empreendedores para
que participem e ajudem a humanidade e o mercado a darem os passos necessá-
rios à urgente transformação do mundo e da economia, ao permitir que o futuro
seja sustentável.
“Os próximos anos serão definitivos para a manutenção da vida no planeta. O
aumento da temperatura global pode causar danos irreparáveis e comprometer
os sistemas produtivos”.
Centro Sebrae de Sustentabilidade
54
FONTES CONSULTADAS
3 trends shaping the future of sustainable retail. GreenBiz. 2017.
A era “on-demand” está chegando. Peter Dahlström and David Edelman. Revista
HSM. Fev/2016.
CEO Brasil. Bem-vindo à era da Indústria 4.0. PwC Brasil. 2016.
Compra sustentável: a força do consumo público e empresarial para uma econo-
mia verde e inclusiva. Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Escola de
Administração de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP). 2012.
Empreendedorismo no Brasil. Global Entrepreneurship Monitor. 2016.
Five Trends That Will Shape Food Products In 2018. Forbes. 2017.
Four Trends Your Small Business Can Take Advantage Of Before The End Of 2017.
Forbes. 2017.
Investment in Sustainable Development and the role of SMEs. UNCTAD World In-
vestment Report 2014.
Princípios de compras públicas sustentáveis. Programa Ambiental das Nações Uni-
das. Mar/2015.
Rumo à economia circular: o racional de negócio para acelerar a transição. Ellen
Macarthur Foundation. Jan/2017.
Sharing is the new buying: how to win in the collaborative economy. Vision Criti-
cal. Crowd Companies.
Six Leadership Trends That Are Impacting. The Nonprofit World. Forbes. 2017.
Sustainability Technologies Can Be Disruptive. Forbes. 2017.
The Path to Corporate Responsibility. Harvard Business Review. 2017.
The Social Economy From IT to the Circus, Building Community and Commerce.
Network for Business Sustainability. 2017. Uma economia circular no Brasil: uma
abordagem exploratória inicial. Ellen Macarthur Foundation. Jan/2017.
www.sustentabilidade.sebrae.com.br