52207502 Apostila Da Crisma Modulo I Fase 1 Catecumenato

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PARQUIA NOSSA SENHORA DA PAZ IPANEMA

PASTORAL DA CRISMA

MDULO I 1 fase do Catecumenato

Primeiros passos em direo Cristo1

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SER CRISTO Ser Cristo significa revestir-se de Cristo, conhec-Lo atravs dos Evangelhos e relatos dos Apstolos, imitar Sua conduta, seguir Seus exemplos, seguir Seus ensinamentos. Ser Cristo deixar de lado o eu. anular-se deixando-se cativar por Seu amor. experimentar Sua doura, ouvir Sua voz, sentir Sua presena. Mas isso s possvel quando nos rendemos diante de ns mesmos, buscamos conhec-Lo e nos dedicamos orao, que nada mais do que falar com Deus. A orao diria, a freqncia aos Sacramentos, a participao da Santa Missa nos levam ao encontro cada vez mais profundo com nosso Senhor. A intimidade com nosso Senhor faz toda a diferena em nossa vida, sentimos a transformao a cada dia. Dessa maneira a histria da Salvao do nosso futuro ser marcada pelo cumprimento da misso qual fomos chamados por Deus. Jesus fez a vontade do Pai e a cumpriu at o fim. Pelo Pai, foi glorificado. Em Cristo Jesus tambm ns seremos glorificados pelo Pai, pois o Esprito Santo nos dar fora, perseverana e acima de tudo muito amor ao nosso Deus e irmos. Como diz o Profeta Isaas: Caminharemos e no nos cansaremos, correremos e no nos fadigaremos. Ser cristo implica em fidelidade. Para ser fiel preciso conhecer o Mestre atravs dos Evangelhos e buscar a fidelidade com Deus atravs da orao permanente.

CARO CRISMANDO, Esta apostila no tem por objetivo esgotar nenhum dos assuntos nela includo, ao contrrio, apenas um primeiro contato com a doutrina catlica.2

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NDICE

CRIAO E PECADO .................................................................................................................................................... 4 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. INTRODUO ......................................................................................................................................................... 4 A CRIAO .............................................................................................................................................................. 4 DEUS CRIA O HOMEM ........................................................................................................................................... 4 DEUS CRIA A MULHER .......................................................................................................................................... 5 ANTES DO PECADO ................................................................................................................................................ 5 O PECADO E SUAS CONSEQUNCIAS ................................................................................................................ 5 OS FILHOS DOS PRIMEIROS HOMENS................................................................................................................ 6 ALIANA COM NO ............................................................................................................................................... 6 REFLEXO ............................................................................................................................................................... 6

HISTRIA DA SALVAO .......................................................................................................................................... 7 1. INTRODUO ......................................................................................................................................................... 7 2. A REVELAO DIVINA ......................................................................................................................................... 7 3. HISTRIA BBLICA ................................................................................................................................................. 7 4. A REVELAO NO NOVO TESTAMENTO........................................................................................................... 8 JESUS CRISTO .............................................................................................................................................................. 10 1. INTRODUO ........................................................................................................................................................ 10 2. OS TRAOS COMUNS DOS MISTRIOS DE JESUS .......................................................................................... 10 3. POCA E SOCIEDADE EM QUE VIVIA ............................................................................................................... 10 4. PERFIL HISTRICO ............................................................................................................................................... 13 5. OS MISTRIOS DA INFNCIA E DA VIDA OCULTA DE JESUS ...................................................................... 14 6. OS MISTRIOS DA VIDA PBLICA DE JESUS .................................................................................................. 15 7. PAIXO E MORTE DE JESUS ............................................................................................................................... 18 8. RESSURREIO..................................................................................................................................................... 18 A SANTSSIMA TRINDADE ....................................................................................................................................... 20 1. 2. 3. 4. INTRODUO ....................................................................................................................................................... 20 O DOGMA DA SANTSSIMA TRINDADE ........................................................................................................... 20 APROPRIAES .................................................................................................................................................... 20 RESUMINDO .......................................................................................................................................................... 21

PENTECOSTES ............................................................................................................................................................. 22 1. 2. 3. 4. 5. INTRODUO ....................................................................................................................................................... 22 A PROMESSA DO DOM DO ESPRITO SANTO.................................................................................................. 22 NASCE A IGREJA .................................................................................................................................................. 22 O ESPRITO SANTO HOJE .................................................................................................................................... 23 OS DONS DO ESPRITO SANTO .......................................................................................................................... 23

NASCIMENTO E MISSO DA IGREJA .................................................................................................................... 24 1. INTRODUO ....................................................................................................................................................... 24 2. IDIAS PRINCIPAIS ............................................................................................................................................... 24 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................ 26

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CRIAO E PECADO1. INTRODUO O Livro do Gnesis (= Origens) contm a histria da criao do homem e do mundo, bem como, os principais acontecimentos da humanidade. Porm, no se trata de um livro de Histria no sentido cientfico. A Bblia no foi escrita para apresentar conhecimentos humanos mas para transmitir ao homem a Mensagem de Deus. Ela contm as verdades e os ensinamentos divinos referentes sua Salvao. E, embora a Bblia se destine aos homens de todos os tempos, ela usa a linguagem de sua poca, de seu povo e, por isso, preciso entrar mentalmente dentro daquele pequeno mundo do povo hebreu e levar em considerao a sua longa histria, religiosidade, cultura, lngua e relacionamento com os povos pagos que habitavam as regies vizinhas. Na poca em que foi escrito o Gnesis, o homem vivia uma vida muito simples, sem recursos tcnicos e cientficos. Falava de Deus como de algum que estivesse ao seu lado. Um Deus que conversava fazendo seus planos, alegrando-se e entristecendo-se, tendo reaes maneira dos homens (antropomorfismos). Naquele tempo, a indstria mais conhecida era a cermica. A matria-prima da cermica o barro e talvez, por isso, o escritor sagrado (hagigrafo) tenha se inspirado no barro para contar a maneira como Deus fez o homem. A criao foi o primeiro sinal do amor e do poder de Deus. Nela est o comeo da histria da salvao, que atinge seu ponto mximo em Jesus Cristo.

2. A CRIAO A Bblia comea com estas palavras: No princpio, Deus criou o cu e a terra (Gn 1,1). Portanto, pode-se afirmar: Houve um comeo: quer dizer que o mundo no eterno, mas comeou a existir. Houve uma eternidade antes do mundo ser feito e, nesta eternidade, s Deus existia. No havia tempo, criando o mundo, Deus criou tambm o tempo; Deus aparece como Criador; O cu e a terra foram criados por Deus: uma expresso totalizante. Engloba o que existe na terra e sobre a terra. Quer dizer que Deus criou o universo todo com todas as coisas que ele contm. No s o que se v e se conhece, mas tambm aqueles bens espirituais que no vemos, e at outros mundos que no conhecemos. Deus cria no sentido de fazer do nada. O pintor cria uma obra de arte, mas para isso usa tinta, madeira, tela, ferramenta. Deus, porm, criou o mundo do nada e sem usar nada. Ele apenas disse: Faa-se! e tudo foi feito. A criao um dom de Deus. Nela Deus quis fazer com a humanidade uma partilha de seu amor. E esse amor foi revelado de maneira extraordinria por Jesus Cristo, na obra da redeno.

3. DEUS CRIA O HOMEM Desde toda a eternidade Deus pensou na humanidade e teve um plano: repartir seu amor. Para isso, fez o mundo e nele colocou o homem como rei da Criao, no sentido de servir e prover a reta ordem das coisas segundo a justia, a verdade e o amor, em benefcio de todos.4

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O homem rei da Criao para conduzir tudo para Deus e levar o universo todo a glorificar Aquele que o nico Senhor. A narrativa d a entender que tudo o que Deus fez antes era como um cenrio onde iria colocar o homem. Deus criou tudo falando: Faa-se! Quando chegou o momento de criar o homem, tomou um tom solene como se tudo mais estivesse em funo da criao do homem (Gn 1, 26). O barro pode ser uma simples figura. O que o escritor sagrado quer dizer que o homem foi criado diretamente por Deus, com um carinho especial. Enquanto Deus o faz do barro, o homem no tem nada de diferente dos outros animais. Mas o Criador diz que o homem ser feito imagem de Deus e lhe sopra a vida. O homem passa a ser no mais uma esttua, mas um ser vivente. Distinguem-se dois elementos: Matria = barro; Esprito = sopro da vida. Neste sopro Deus coloca algo de Si mesmo dentro do homem, Sua imagem e Semelhana.

4. DEUS CRIA A MULHER A diferena entre o homem e o restante das criaturas aparece tambm no fato de Ado no ter encontrado em toda a Criao algum que lhe fosse semelhante. Deus cria Eva da costela de Ado o que significa igualdade de natureza que existe entre o homem e a mulher. O prprio Ado reconhece essa profunda semelhana entre ele e sua mulher (Gn 2, 23). Ado = tirado da terra, homem (ich em hebraico) Eva = me dos viventes, vida (icha em hebraico)

5. ANTES DO PECADO Deus fez o homem para ser feliz e lhe deu um paraso j nesta terra, uma ddiva que o homem no merecia por si mesmo. Podem-se reconhecer trs dons em Ado e Eva antes do pecado: Justia original (graa santificante): eram membros da Famlia Trinitria. O homem v a Deus face a face (chamada na teologia de viso beatfica). O antropomorfismo mostra Deus como amigo ntimo do homem (anda e conversa com Ele); Imortalidade: referia-se ao corpo, j que a alma imortal por natureza. Em Gn 2, 17 Deus quer dizer que a partir do momento em que o homem comer da fruta passaria a uma condio de imortal para mortal. Rm 5,12. Integridade: o homem tinha o domnio completo de sua razo sobre a vontade. Aps o pecado, sua vontade ficou enfraquecida e inclinada aos instintos. Vide Gn 3, 9-11 houve uma mudana em Ado aps o pecado. Antes no havia malcia, e depois sim (concupiscncia=desejo ardente) 1 Jo 2,15-16 e Rm 7,19-20.

6. O PECADO E SUAS CONSEQUNCIAS O den foi uma amostra do quanto Deus deseja que participemos de sua Vida, pois s na verdadeira comunho, vendo Deus face a face que o homem encontra a sua plena realizao. O pecado do homem foi um pecado desobedincia, levado a efeito pelo orgulho. Quis, por si mesmo, buscar a sua felicidade, desconfiando de Deus e afastando-se Dele (Rm 5, 19). O homem passa a ter medo de Deus (Gn 3, 8-9).

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O pecado de Ado chamou-se pecado original (das origens) e afetou os homens de todos os tempos (Rm 5, 18-19). (Por exemplo: se algum suja uma fonte de gua cristalina, o pecado pessoal daquele que sujou, mas todos passam a beber a gua suja). Deus nos amou primeiro, ao pecar o homem no vai at Deus, mas Deus vai ao homem. Deus no amaldioa o homem, apenas o pune e promete-lhe o Salvador. Assim como o pecado entrou no mundo por uma mulher (Eva), Deus nos d o Salvador passando pela mulher (Maria = Nova Eva).

7. OS FILHOS DOS PRIMEIROS HOMENS Ado e Eva tiveram dois filhos: Caim e Abel. Abel era pastor de ovelhas e Caim lavrador. Aconteceu que ambos ofereceram sacrifcios ao Senhor. Caim deu frutos das suas terras e Abel os melhores cordeiros do seu rebanho. O Senhor viu com prazer o sacrifcio de Abel, mas no olhou para a oferenda de Caim. Este ficou muito irritado, lanou-se contra seu irmo Abel e o matou. Os filhos de Ado e Eva foram gerados numa natureza decada, que j havia perdido a justia original, a imortalidade, e todos aqueles dons que seus pais tinham recebido do Criador. So como filhos de um pai rico que perdeu tudo antes dos filhos nascerem. A discrdia espalhou-se at dentro da famlia (Gn 4, 1-8). O mal se alastrou de tal forma que Deus resolveu fazer o dilvio.

8. ALIANA COM NO No meio dos maus havia um justo: No. Este, com sua famlia foram salvos por Deus. Assim que cessou o dilvio (Gn 6, 5-7), o Senhor fez uma Aliana com No. O arco-ris ficou sendo o sinal dessa Aliana. Logo, porm, os homens esqueceram-se da Aliana e quiseram buscar sua salvao por conta prpria. Puseram-se a construir a Torre de Babel, que os levou confuso. (Babel = confuso). A Aliana com No, porm, no ficou em vo. Em todas as pocas da Histria da Salvao houve homens e mulheres fiis a Deus.

9. REFLEXO De todas as criaturas visveis, s o homem capaz de conhecer e amar o seu Criador. Somente o ser humano tem conscincia de si mesmo, do mundo e de Deus que o criou. S ele capaz de descobrir o sentido de sua existncia e de realizar os projetos do Criador. Se todas as criaturas formassem uma orquestra para louvar o Criador, o homem deveria ser o regente dessa orquestra, pois s ele tem conscincia de que Deus o Criador do Universo.

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HISTRIA DA SALVAO1. INTRODUO Deus, no seu plano de amor, quis se comunicar com a humanidade. Atravs de pessoas e acontecimentos Ele foi gradativamente revelando a Si mesmo (quem Ele ) e o seu plano para ns. Essa Revelao no visava s um conhecimento intelectual, mas tambm existencial, vivo: conhecer a Deus para entrar em comunho (unio ntima e real) com Ele. Essa comunho deveria envolver tambm os homens entre si. Por isso, Deus escolheu o povo de Israel para ser o Seu Povo no meio da humanidade. No seu meio realizou prodgios, sinais da sua benevolncia. Por meio deste Povo, descendente de Abrao, o homem que por primeiro acreditou, a salvao chegaria a todos os povos da terra. Como um pai ou uma me que pouco a pouco ensina o seu filho, assim Deus fez com o povo de Israel. Atravs de Moiss, dos Juzes e dos Profetas, Ele formou, conduziu e instruiu o Seu Povo. Tudo isso era a preparao para a sua plena Revelao: o momento em que no mais um mensageiro, mas o prprio Filho de Deus feito homem viria viver no meio dos homens. As promessas se tornariam realidade: toda a humanidade (e no mais um povo apenas), todas as pessoas (e no mais uma nica raa) receberiam, por Jesus Cristo, a salvao. A Histria da Salvao comea com a criao do homem, passa pela histria do povo hebreu (povo de Israel), compreende a presena de Jesus no mundo e se encerrar no dia do juzo final. 2. A REVELAO DIVINA Partindo das criaturas, o homem pode chegar ao conhecimento de seu Criador. Contudo esse conhecimento imperfeito e insuficiente. Por isso, necessitamos da Revelao divina. Deus por seu livre amor se d a conhecer na histria humana e, no s revela seus projetos divinos, mas nos ajuda a percorrer o caminho da salvao. Ele revela seu projeto divino de forma pedaggica, comunicando-se gradualmente ao homem, preparando-o por etapas para acolher a Revelao sobrenatural que faz de si mesmo e que vai culminar na Pessoa e na misso do Verbo encarnado, Jesus Cristo. Revelar significa remover o vu. Tirar o vu para tornar visto aquilo que est atrs. Na Revelao divina, Deus manifesta ao homem os seus mistrios e desgnios eternos, que o homem por si mesmo no viria a saber. difcil citar, dentro da multiplicidade das revelaes do Antigo Testamento, um nico evento como centro de todos os outros. Acontecimentos centrais so sem dvida: a revelao de seu nome (Ex 3), a libertao do Egito (Ex 5-15), o estabelecimento da Aliana no Monte Sinai (Ex 19-24), a ocupao da terra prometida (Js 2-11). No Antigo Testamento, Deus estabelece muitas alianas com Israel, mostrando-se o Deus da promessa (Gn 17, 1-8), o Deus libertador (Ex 5-15), o Deus nico com os profetas.

3. HISTRIA BBLICA Para salvar a humanidade dispersa, Deus quis formar um povo que fosse fiel sua Aliana. A histria da Salvao tem seu incio em Abrao. Deus faz-lhe uma promessa (Gn 12, 1-3). Tal aliana concretizada com o nascimento de Isaac, pois Deus foi fiel a promessa que fez com Abrao (Gn 21, 1-21). Isto ocorreu por volta de 1850 a.C. Por volta de 1250 a.C., os descendentes de Abrao, Isaac e Jac se encontravam no Egito como escravos do Fara. Deus, ouvindo as splicas do povo, escolheu Moiss para em seu nome7

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libertar o povo. Depois de libert-los, Deus firmou com eles uma Aliana que deve ser guardada com toda retido. Chegaram terra prometida 40 anos depois de serem libertos da escravido no Egito, tendo como lder Josu que os ingressou, com a ajuda de Deus. Anos depois, por volta de 1050 a.C., o povo pede a Samuel um rei (1Sm 8), que consagra Saul. Mas Deus escolhe o jovem Davi para ser rei em seu lugar (1Sm 16), pois este ser fiel apesar de suas quedas. Davi torna-se o modelo de rei para Israel que espera outro igual a ele, pois Deus prometera isso atravs do profeta Natam (2 Sm 7). Salomo sucede Davi, mas as suas alianas com os povos vizinhos o faz infiel ao princpio bsico da Aliana: que Deus ser o Senhor de todo o povo. No reinado de Salomo foi construdo o Templo de Jerusalm. Aps o reinado de Salomo, seu filho, Roboo assume seu lugar, mas um cisma liderado por Jeroboo divide a nao em dois reinos: Norte - capital Samaria, rei Jeroboo, formado por dez tribos; Sul - capital Jerusalm, rei Roboo, formado por duas tribos, Jud e Benjamim. Neste perodo surgem os profetas que exortam e denunciam a falta de fidelidade com a Aliana que fizeram com Deus. Entre os profetas merecem destaque: Elias, Isaas, Jeremias, Ams, Osias, entre outros. Em 722 a.C., os assrios invadem o Reino do Norte. E em 587 a.C., aconteceu o exlio do Reino do Sul e a destruio do Templo de Jerusalm pela Babilnia. Os profetas no exlio da Babilnia tornam-se mensageiros da esperana no Deus misericordioso, entre eles temos Ezequiel e Isaas. O exlio acaba quando os persas dominam o mundo conhecido naquele tempo. Ciro, o rei persa, decreta que todos os exilados de suas terras retornassem s suas origens, Israel voltando a Jerusalm reconstri em primeiro lugar o Templo. Israel confiando no Deus fiel espera ansiosamente o dia em que chegar o Messias prometido que restaurar a nao.

4. A REVELAO NO NOVO TESTAMENTO O Novo Testamento todo se fundamenta na conscincia de que o Deus de Israel, em continuidade com as revelaes que fez de si mesmo no decurso da histria deste povo, se revelou de uma forma decisivamente nova, insupervel e, por isso, final e definitiva, em seu servo Jesus Cristo, que o seu Filho e agora Cristo exaltado. Ele se tornou em tudo igual aos homens (Hb 2,10-18), exceto no pecado. Tudo o que anteriormente foi manifestado por Deus encontra em Jesus o seu cumprimento, pois todas as promessas de Deus encontraram Nele o seu fim (2Cor 1,20). Ele no somente continua os profetas, mas tambm a plena Revelao do que os profetas predisseram. Aquele que aceita em Jesus o Cristo, o faz em virtude de uma revelao recebida do Pai (Mt 16,17). Jesus a revelao do Pai. A nova Aliana, realizada por Cristo e em Cristo, definitiva. Jamais passar. No haver outra revelao pblica antes da gloriosa manifestao de Jesus Cristo, que se dar no fim do mundo. O que pode haver so estudos e novas explicaes sobre aquilo que Jesus j revelou. A vinda de Jesus na parusia (ltimo dia) o revelar mais plenamente do que Ele se revelou na encarnao (1Cor 1,7; 2Ts 1,7; 1Pd 1,7.13). Esse o momento em que tambm a glria do cristo ser plenamente revelada (Rm 8,18-21;1Pd 1,5; 4,13; 5,1). Com a vinda de Jesus irrompe o reino de Deus, o tempo da salvao (Mc 1,15); a Sua ressurreio o incio da salvao; Nele aparece a bondade e o amor de Deus aos homens. A graa de Deus se manifestou para a salvao de todos os homens (Tt 2,11).

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5. A TRANSMISSO DA REVELAO DIVINA Jesus o Salvador prometido, o supremo revelador dos desgnios de Deus. Nele se cumprem as profecias a respeito de nossa salvao. E Ele mandou os Apstolos anunciarem o seu Evangelho a todos os povos, pois Deus quer que todas as pessoas sejam salvas. Jesus veio para salvar no somente os homens de sua poca, mas todas as pessoas, de todos os tempos. Por isso, a misso apostlica no terminou com a morte dos doze Apstolos. Estes passaram aos bispos sua misso de evangelizar. Assim, a misso que Jesus confiou a seus Apstolos vem passando de gerao em gerao at hoje. A misso de anunciar o Cristo, morte e ressurreio foi, primeiramente, dos apstolos que o fizeram de duas maneiras: Oralmente; Por escrito (CIC 76). A revelao de Deus para a Igreja encontra na Tradio e na Sagrada Escritura a sua principal fonte, pois ambas formam um nico todo para tal anncio. A Sagrada Escritura a Palavra de Deus enquanto redigida sob a moo do Esprito Santo (Dei Verbum 9 - CIC 81). A Sagrada Tradio transmite a Palavra de Deus confiada aos Apstolos para que seja conservada, difundida e exposta a todos. A Tradio que referimos a que vem nos primeiros sculos da Igreja, pois o Novo Testamento nasce neste perodo e no to difundida nas comunidades, pois nem todos tinham acesso a ele. O ofcio de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita e transmitida foi confiado unicamente ao Magistrio vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo (Dei Verbum 10), isto , aos bispos em comunho com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma (CIC 85). Ele, o Magistrio, est a servio da Palavra de Deus e de todo o depsito da f para transmiti-lo fielmente ao povo que lhe confiado. Porm, a voz da Igreja no constituda somente da voz dos bispos. A comunidade crist, como um todo, transmite a verdade e vive a mesma f, de modo que se torna um sinal de Deus para o mundo. O Catecismo diz: Desde os bispos at o ltimo dos fiis leigos, forma-se um consenso universal sobre as questes de f e costumes. Os cristos leigos participam da misso de Cristo, como a nao santa e o povo escolhido de Deus (1Pd 2, 9). A comunidade crist pode crescer no conhecimento e na vivncia da f. Esse crescimento d-se: pela orao; pelo estudo e pesquisa teolgica, pela pregao da Palavra de Deus, pela humildade diante dos mistrios de Deus, pela leitura diria da Bblia e de bons livros.

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JESUS CRISTO1. INTRODUO Toda a vida de Cristo mistrio. Muitas coisas que interessam curiosidade humana acerca de Jesus no figuram nos Evangelhos. Quase nada dito sobre sua vida em Nazar, e mesmo uma grande parte de sua vida pblica no relatada. O que foi escrito nos Evangelhos foi "para crerdes que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome" (Jo 20, 31). Os Evangelhos foram escritos por homens que estiveram entre os primeiros a ter a f e que queriam compartilh-la com outros. Depois de terem conhecido na f quem Jesus, puderam ver e fazer ver os traos de seu mistrio em toda a sua vida terrestre. Desde os paninhos de sua natividade at o vinagre de sua Paixo e o sudrio de sua Ressurreio, tudo na vida de Jesus sinal de seu Mistrio. Por meio de seus gestos, de seus milagres, de suas palavras, foi revelado que "nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2,9). Sua humanidade aparece, assim, como o "sacramento", isto , o sinal e o instrumento de sua divindade e da salvao que ele traz: o que havia de visvel em sua vida terrestre apontava para o mistrio invisvel de sua filiao divina e de sua misso redentora. 2. OS TRAOS COMUNS DOS MISTRIOS DE JESUS Toda a vida de Cristo Revelao do Pai: suas palavras e seus atos, seus silncios e seus sofrimentos, sua maneira de ser e de falar. Jesus pode dizer: "Quem me v, v o Pai" (Jo 14,9); e o Pai pode dizer: "Este o meu Filho, o Eleito; ouvi-o" (Lc 9,35). Tendo Nosso Senhor se feito homem para cumprir a vontade do Pai, os mnimos traos de seus mistrios nos manifestam "o amor de Deus por ns". Toda a vida de Cristo mistrio de Redeno. A Redeno nos vem antes de tudo pelo sangue da Cruz, mas este mistrio est em ao em toda a vida de Cristo: j em sua Encarnao, pela qual, fazendo-se pobre, nos enriqueceu por sua pobreza; em sua vida oculta, que, por sua submisso, serve de reparao para nossa insubmisso; em sua palavra, que purifica seus ouvintes; em suas curas e em seus exorcismos, pelos quais "levou nossas fraquezas e carregou nossas doenas" (Mt 8,17); em sua Ressurreio, pela qual nos justifica. Toda a vida de Cristo mistrio de Recapitulao. Tudo o que Jesus fez, disse e sofreu tinha por meta restabelecer o homem cado em sua vocao primeira: a comunho com Deus. Quando ele se encarnou e se fez homem, recapitulou em si mesmo a longa histria dos homens e, em resumo, nos proporcionou a salvao, de sorte que aquilo que havamos perdido em Ado, isto , sermos imagem e semelhana de Deus, o recuperamos em Cristo Jesus. , alis, por isso que Cristo passou por todas as idades da vida, restituindo com isto aos homens a comunho com Deus. 3. POCA E SOCIEDADE EM QUE VIVIA 3.1 - Sistema Econmico A economia dos povos antigos era baseada na agricultura, por isso as grandes culturas surgiram prximo aos grandes rios (Egito, Mesopotmia...). Israel era um pas pequeno e pobre, sempre merc dos poderosos imprios vizinhos: Egito, Assria, Prsia, Grcia, Roma... O templo era o eixo econmico da capital. Em torno dele corria grande quantidade de dinheiro: animais para os sacrifcios, cmbio de moedas, peregrinaes, hospedarias, restaurantes, etc... Na Pscoa, por exemplo, chegavam 100.000 peregrinos a uma Jerusalm que de ordinrio no contava com mais de 30.000 habitantes. Um amplo setor da populao era formado de gente simples que vivia de seu trabalho: pequenos agricultores com terra, pequenos criadores e pastores, pedreiros, oleiros, carpinteiros,10

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teceles, curtidores, etc... Era uma espcie de classe mdia que nem acumulava dinheiro nem passava fome. Era a este estrato que pertencia Jesus. Numa sociedade to piramidal e injusta abundavam os pobres: camponeses sem terra, desempregados, estrangeiros, escravos, mendigos, etc... Uma carga insuportvel para todo o povo eram os impostos: todos os anos eles tinham que pagar ao imprio romano o equivalente a 20 toneladas de prata, alm do imposto do templo, dos dzimos e das primcias. 3.2 - Sistema Poltico A histria de Israel a histria de um povo frgil e indefeso do Oriente Mdio, que viveu quase sempre invadido e dominado. Nos tempos de Jesus, a Palestina fazia parte do grande Imprio Romano. A cabea do imprio era o imperador, tambm chamado "Csar", que residia em Roma. Ele no s era o chefe principal, como era tambm uma espcie de deus a quem se tinha que venerar e prestar culto. Jesus nasceu durante o reinado do imperador Augusto (27 a.C. a 14 d.C.) e morreu no tempo de Tibrio (14 d.C. a 37 d.C.). O imprio estava dividido em regies, para ser melhor administrado e controlado. Nos tempos de Jesus o governador de Jerusalm era Pncio Pilatos e o da Galilia Herodes Antipas. A estrutura poltica romana articulava-se e combinava com a estrutura de poder prpria dos judeus. Israel sempre foi uma teocracia, onde Deus era reconhecido como autoridade suprema. Jav governava por meio dos sacerdotes, responsveis diretos por fazer cumprir a Lei de Moiss, dada na Aliana no Sinai. O principal rgo de governo em Israel era o Sindrio, composto por 72 membros de trs grupos diferentes: - A aristocracia sacerdotal (o poder oficial). O presidente era o sumo sacerdote (Caifs) auxiliado por outros ex-sumo sacerdotes (Ans). - A nobreza leiga (o poder do dinheiro). Representava as famlias ricas de Jerusalm. Quase todos eram "ancios" e pertenciam ao partido dos saduceus. - Os escribas (o poder do saber). Era uma minoria de "peritos" intrpretes da lei. Pertenciam ao partido dos fariseus. Embora fossem poucos, gozavam de grande prestgio entre o povo. O povo de Israel era duplamente dominado: por Roma e pelo Sindrio, que interpretava a lei de acordo com suas convenincias.

3.3 - Sistema Cultural e Religioso A cultura a maneira de viver de um pouco. Inclui crenas, costumes, festas, arte, etc... Sem dvida a religio era o eixo fundamental da cultura judia daquele tempo. A origem religiosa do povo, a importncia do Templo, o sistema teocrtico, etc, colocam Deus como centro e piv da maneira de viver e de entender a vida. s vezes ouvimos dizer que "religio e poltica no se misturam". Mas em Israel a economia, a poltica, a cultura e a religio no apenas estavam unidas como se fundiam. A partir da grande reforma de Esdras ao regressar do exlio da Babilnia, Israel viveu o perodo que chamamos de Judasmo. Desde 400 antes de Jesus o Templo e a Lei eram os pilares sobre os quais repousavam toda a estrutura social. Para podermos entender um mundo to religioso, precisamos ter um mnimo de conhecimento dos principais grupos religiosos de ento: OS SADUCEUS

(citados 8 vezes nos evangelhos: cf. Mt 3,7; 16,1-12; 22,23-34; Mc 12,18; Lc 20,27). Seu nome vem de Sadoc (Ez 40,46), o que mostra que consideram-se como os verdadeiros herdeiros do sacerdcio de Jerusalm.11

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Era um partido aristocrtico, formado por gente do alto clero e da nobreza leiga. Desprezavam o povo, de quem sistematicamente se afastavam. Era o grupo dominante no Sindrio. Politicamente eram oportunistas. Facilmente se acomodavam com os invasores estrangeiros para no comprometerem sua posio social. Centralizavam sua religiosidade no Templo: o culto, o calendrio litrgico, os sacrifcios de animais, as festas, etc... Os saduceus distinguiam-se por serem muito conservadores. Baseados no Pentateuco tal como estava escrito, desconfiavam de toda interpretao (at dos fariseus). Para eles quem bom recompensado por Deus aqui na terra com prosperidade material. Por isso no aceitavam a ressurreio nem tinham qualquer expectativa messinica. Para eles (e para seus interesses) a religio "funcionava" perfeitamente do jeito que era. Embora apaream menos que os fariseus no evangelho, os saduceus exerciam maior influncia que eles na sociedade em que viveu Jesus, cuja Boa Nova transformou-se numa ameaa. Foram os saduceus os principais responsveis pela morte de Jesus (cf. Mc 14,53 e Jo 11,49-50). OS FARISEUS

(citados 87 vezes nos evangelhos: cf. Mt 23; Lc 10, 25-30; Jo 9). Seu nome vem de um vocbulo hebraico que significa "separado", embora no se saiba bem separados de qu: se de Judas Macabeu, se do pecado, se como sinnimo de "piedosos". No tempo de Jesus era um partido majoritrio: uns 6 mil membros dispersos por todo o pas. Geralmente era gente do povo, extremamente rigorosos na observncia da Lei. Alguns deles dedicavam-se ao estudo das escrituras (escribas). Todos eram leigos. Sua fora provinha de se misturarem com o povo, junto ao qual possuam uma grande influncia. Teoricamente no se metiam na poltica, pois se consideram um grupo religioso e defendem a teocracia. No obstante, faziam poltica, pois possuam uma grande autoridade sobre o povo e participavam do Sindrio. Num povo to religioso, possuir o monoplio da interpretao das Escrituras era uma coisa que lhes conferia um grande poder. A espiritualidade legalista e individualista que pregavam permitia aos fariseus manipularem as massas. Sua grande preocupao religiosa era o cumprimento rigoroso e literal da lei. Era este o caminho para salvar-se. Essa era a vontade de Deus. Insistiam principalmente no cumprimento do sbado (descanso semanal), na pureza ritual e no pagamento do dzimo. Em sua doutrina nunca aparece a esperana messinica. O choque deles com Jesus e com sua Boa Nova foi frontal e permanente, por isso ajudaram os saduceus a elimin-lo. OS ZELOTAS

Seu nome vem de uma palavra grega que significa "sentir-se zeloso". Eram uma seita que vivia enfurecida com o fato de os imperialistas romanos haverem arrebatado aos judeus a terra que Deus lhes dera. Embora sua motivao fosse religiosa, basicamente era um grupo poltico, que representava a resistncia judaica contra os invasores romanos. O Novo Testamento menciona que Simo, um dos discpulos de Jesus, era zelota (cf. Lc 6,15; At 1,13). OS ESSNIOS

Seu nome significa piedosos. Era uma seita formada por leigos e sacerdotes que se separaram do culto de Jerusalm e que se retiraram para viver como monges nas margens do Mar Morto, afastados do mundo. No so mencionados em nenhuma passagem dos evangelhos, mas certos investigadores vem a possibilidade de Joo Batista ter estado com eles algum tempo.

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4. PERFIL HISTRICO 4.1 Nome Jesus a forma grega do nome hebraico Josu, que naquela poca se pronunciava Jesha. Significa Jav salva e citado 905 vezes no Novo Testamento. 4.2 Nascimento Jesus nasceu no tempo do imperador Otvio Csar Augusto (27 a.C. a 14 d.C., cf Lc 2,1) e do rei Herodes o Grande (37 a.C. a 4 a.C.). Segundo a Bblia, nasceu em Belm de Jud (Lc 2, 4). 4.3 Pais Jos: descendente de Davi (Lc 1, 27); Nazareno (Lc 2,39); e carpinteiro (Mt 13, 55). Maria (naquela poca se pronunciava Mriam): esposa de Jos (Mt 1,16); parente de Isabel, a me de Joo Batista (Lc 1, 36). 4.4 Domiclio At comear seu ministrio Jesus viveu em Nazar, um pequeno povoado da Galilia (Lc 4,16). Depois passou a andar de um lugar para outro, sem ter sequer onde reclinar a cabea (Mt 8,20). Quando subia a Jerusalm certamente ficava em casa de Lzaro e de suas irms em Betnia (Jo 11). Seu centro de operaes durante a vida pblica foi Cafarnaum, uma aldeia de pescadores beira do lago de Tiberades, onde provavelmente ocupava um quarto emprestado por Pedro (Lc 1,21). 4.5 Idioma Jesus falava um dialeto galileu da 1ngua aramaica (Mt 26,73). Seguramente sabia tambm um pouco de hebraico, que era o idioma oficial em que eram feitas as oraes e leituras na Sinagoga (Lc 4,16). provvel que por causa da ocupao romana ele soubesse tambm um pouco de latim. 4.6 Escolaridade Jesus no fez estudos oficiais (Jo 7,15). No foi um rabino nem um intelectual de profisso. Entretanto sabia escrever (Jo 8,6) e ler, inclusive em hebraico (Lc 4,16). Seu saber no foi escolarizado, mas isso no o impediu de ser uma pessoa muito culta e pensante (crtica). Conhecia to bem a histria e a cultura de sua gente que o povo o chamava de "RABI" (quer dizer, mestre, cf. Jo 1,38). Todos se admiravam da autoridade com que ele falava (Mt 8,28-29; Jo 7,46). As multides ficavam encantadas com suas palavras (Mt 14,13). 4.7 Nacionalidade Judeu, pertencente a este povo dominado pelo imprio romano. Israel j contava mais de 600 anos de invaso por cinco imprios diferentes. O povo ardia em ansiosa espera por um libertador (Messias). Jesus estava profundamente identificado com sua nao e com sua cultura. 4.8 Estado Civil e Religioso Solteiro (Mt 19,12). Leigo, uma vez que no pertencia ao sacerdcio de Jerusalm. Nasceu no seio de uma famlia judia de raa e de religio, que freqentava o Templo (Lc 2,41) e cumpria conscienciosamente seus deveres religiosos. Nos ltimos anos de sua vida, inaugurou uma maneira nova de entender e de relacionar-se com Deus e com os homens, o que deu origem ao Cristianismo. 4.9 Profisso Carpinteiro, que naquele tempo tambm era pedreiro e entalhador. A palavra grega TEKTON (Mc 6,3) designava um operrio capaz tanto de trabalhar com madeira como com pedras ou com metais. Tinha condies de fazer todas as obras necessrias para a construo de uma casa.13

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Era um oficio manual muito respeitado e apreciado. Nos ltimos anos de sua vida abandonou o trabalho para pregar o Reino de Deus. 5.0 Posio Social Embora a passagem do seu nascimento nos apresente Jesus como um peregrino sem teto, nascido em extrema pobreza no interior de um estbulo alheio (Lc 2,7), pela profisso de Jos e depois de Jesus (carpinteiros), podemos deduzir que eles constituam em Nazar uma famlia mdia, simples e pobre, mas com um trabalho digno e remunerador. O que fica claro que, se por sua origem familiar ele no foi to pobre, chegado idade adulta Jesus optou por viver em extrema pobreza (Mt 8,20) com os marginalizados, doentes, pecadores... E a partir do pobre e com o pobre anunciou e construiu o Reino de Deus para todos. 5. OS MISTRIOS DA INFNCIA E DA VIDA OCULTA DE JESUS 5.1 - A Preparao A vinda do Filho de Deus terra um acontecimento de tal imensido que Deus quis prepar-lo durante sculos. Ritos e sacrifcios, figuras e smbolos da "Primeira Aliana", tudo ele faz convergir para Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucedem em Israel. Desperta, alm disso, no corao dos pagos a obscura expectativa desta vinda. So Joo Batista o precursor imediato do Senhor, enviado para preparar-lhe o caminho. "Profeta do Altssimo" (Lc; 1,76), ele supera todos os profetas, deles o ltimo, inaugura o Evangelho; sada a vinda de Cristo desde o seio de sua me e encontra sua alegria em ser "o amigo do esposo" (Jo 3,29), que designa como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). Precedendo a Jesus "com o esprito e o poder de Elias" (Lc 1,17), d-lhe testemunho por sua pregao, seu batismo de converso e, finalmente, seu martrio. 5.2 O Mistrio do Natal Jesus nasceu na humildade de um estbulo, em uma famlia pobre; as primeiras testemunhas do evento so simples pastores. nesta pobreza que se manifesta a glria do Cu. "Tornar-se criana" em relao a Deus a condio para entrar no Reino; para isso preciso humilhar-se, tornar-se pequeno; mais ainda: preciso "nascer do alto" (Jo 3,7), "nascer de Deus" para tornar-nos filhos de Deus. O mistrio do Natal realiza-se em ns quando Cristo "toma forma" em ns. 5.3 Os Mistrios da Infncia de Jesus A circunciso de Jesus, no oitavo dia depois de seu nascimento, sinal de sua insero na descendncia de Abrao, no povo da Aliana, de sua submisso Lei e de capacitao para o culto de Israel, do qual participar durante sua toda a vida. Este sinal prefigura "a circunciso de Cristo", que o Batismo. A epifania a manifestao de Jesus como Messias Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo. Com o Batismo de Jesus no Jordo e com as bodas de Can, ela celebra a adorao de Jesus pelos "magos" vindos do Oriente. Nesses "magos", representantes das religies pags circunvizinhas, o Evangelho v as primcias das naes que acolhem a Boa Nova da salvao pela Encarnao. A vinda dos magos a Jerusalm para "adorar ao Rei dos Judeus" mostra que eles procuram em Israel, luz messinica da estrela de Davi, aquele que ser o Rei das naes. Sua vinda significa que os pagos s podem descobrir Jesus e ador-lo como Filho de Deus e Salvador do mundo voltando-se para os judeus e recebendo deles sua promessa messinica, tal como est contida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta que "a plenitude dos pagos entra na famlia dos patriarcas" e adquire a "dignidade israeltica". A apresentao de Jesus no Templo mostra-o como o Primognito pertencente ao Senhor. Com Simeo e Ana, toda a espera de Israel que vem ao encontro de seu Salvador (a tradio bizantina designa com este termo tal acontecimento). Jesus reconhecido como o Messias to esperado, "luz das naes" e "Glria de Israel", mas tambm "sinal de contradio". A espada de14

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dor predita a Maria anuncia esta outra oblao, perfeita e nica, da Cruz, que dar a salvao que Deus "preparou diante de todos os povos". A fuga para o Egito e o massacre dos inocentes manifesta a oposio das trevas luz: "Ele veio para o que era seu e os seus no o receberam" (Jo 1,11). Toda a vida de Cristo estar sob o signo da perseguio. Os seus compartilham com Ele esta perseguio. Sua volta do Egito lembra o xodo e apresenta Jesus como o libertador definitivo. 5.4 Os Mistrios da Vida Oculta de Jesus Durante a maior parte de sua vida, Jesus compartilhou a condio da imensa maioria dos homens: uma vida cotidiana. Sem grandeza aparente, vida de trabalho manual, vida religiosa judaica submetida Lei de Deus, vida na comunidade. De todo este perodo -nos revelado que Jesus era "submisso" seus pais e que "crescia em sabedoria, em estatura em graa diante de Deus e diante dos homens" (Lc 2,52). A submisso de Jesus sua Me e ao seu pai legal cumpre com perfeio o quarto mandamento. Ela a imagem temporal de sua obedincia filial ao seu Pai Celeste. A submisso diria de Jesus a Jos e a Maria anunciava e antecipava a submisso da Quinta-feira Santa: "No a minha vontade..." (Lc 22,42). A obedincia de Cristo no cotidiano da vida inaugurava j a obra de restabelecimento daquilo que a desobedincia de Ado havia destrudo. O reencontro de Jesus no Templo o nico acontecimento que rompe o silncio dos Evangelhos sobre os anos ocultos de Jesus. Nele Jesus deixa entrever o mistrio de sua consagrao total a uma misso decorrente de sua filiao divina: "No sabeis que devo ocupar-me com as coisas de meu Pai?" (Lc 2,49). Maria e Jos "no compreenderam" esta palavra, mas a acolheram na f, e Maria "guardava a lembrana de todos esses fatos em seu corao" (Lc 2,51), ao longo dos anos em que Jesus permanecia mergulhado no silncio de uma vida ordinria. 6. OS MISTRIOS DA VIDA PBLICA DE JESUS 6.1 O Batismo de Jesus A vida pblica de Jesus tem incio com seu Batismo por Joo no rio Jordo. Joo Batista proclamava "um batismo de arrependimento para a remisso dos pecados" (Lc 3,3). Uma multido de pecadores, de publicanos e soldados, fariseus e saduceus e prostitutas vem fazer-se batizar por ele. Jesus aparece, o Batista hesita, mas Jesus insiste. E Ele recebe o Batismo. Ento o Esprito Santo, sob forma de pomba, vem sobre Jesus, e a voz do cu proclama: "Este o meu Filho bemamado" (Mt 3,13-17). a manifestao ("Epifania") de Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus. O Batismo de Jesus , da parte dele, a aceitao e a inaugurao de sua misso de Servo sofredor. Deixa-se contar entre os pecadores; , j, "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29), antecipa j o "Batismo" de sua morte sangrenta. Vem, j, "cumprir toda a justia" (Mt 3,15), ou seja, submete-se por inteiro vontade de seu Pai: aceita por amor este batismo de morte para a remisso de nossos pecados. A esta aceitao responde a voz do Pai, que coloca toda a sua complacncia em seu Filho. O Esprito que Jesus possui em plenitude desde a sua concepo vem "repousar" sobre Ele. Jesus ser a fonte do Esprito para toda a humanidade. No Batismo de Jesus, "abriram-se os Cus" (Mt 3,16) que o pecado de Ado havia fechado; e as guas so santificadas pela descida de Jesus e do Esprito, preldio da nova criao. Pelo Batismo, o cristo sacramentalmente assimilado a Jesus, que antecipa em seu Batismo a sua Morte e a sua Ressurreio; deve entrar neste mistrio de rebaixamento humilde e de arrependimento, descer gua com Jesus para subir novamente com ele, renascer da gua e do Esprito para tornar-se, no Filho, filho bem-amado do Pai e "viver em uma vida nova" (Rm 6,4): 6.2 A Tentao de Jesus Os Evangelhos falam de um tempo de solido de Jesus no deserto, imediatamente aps seu Batismo por Joo: "Levado pelo Esprito" ao deserto, Jesus ali fica quarenta dias sem comer, vive com os animais selvagens e os anjos o servem. No final dessa permanncia, Satans o tenta por trs15

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vezes procurando questionar sua atitude filial para com Deus. Jesus rechaa esses ataques que recapitulam as tentaes de Ado no Paraso e de Israel no deserto, e o Diabo afasta-se dele "at o tempo oportuno" (Lc 4,13). Os evangelistas assinalam o sentido salvfico desse acontecimento misterioso. Jesus o novo Ado, que ficou fiel onde o primeiro sucumbiu tentao. Jesus cumpre perfeio a vocao de Israel: contrariamente aos que provocaram outrora a Deus durante quarenta anos no deserto, Cristo se revela como o Servo de Deus totalmente obediente vontade divina. Nisso Jesus vencedor do Diabo: ele "amarrou o homem forte" para retomar-lhe a presa. A vitria de Jesus sobre o tentador no deserto antecipa a vitria da Paixo, obedincia suprema de seu amor filial ao Pai. 6.3 O Reino de Deus est bem prximo Depois que Joo foi preso, Jesus veio para a Galilia proclamando, nestes termos, o Evangelho de Deus: "Cumpriu-se O tempo e o Reino de Deus est prximo. Convertei-vos e crede no Evangelho"' (Mc 1,14-15). "Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o Reino dos cus na terra." Ora, a vontade do Pai "elevar os homens participao da Vida Divina". Realiza tal intento reunindo os homens em torno de seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunio a Igreja, que na terra "o germe e o comeo do Reino de Deus". Cristo est no centro do congraamento dos homens na "famlia de Deus". Convoca-os junto a si por sua palavra, por seus sinais que manifestam o reino de Deus, pelo envio de seus discpulos. Realiza a vinda de seu Reino, sobretudo, pelo grande mistrio de sua Pscoa: sua morte na Cruz e sua Ressurreio. "E eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim" (Jo 12,32). A esta unio com Cristo so chamados todos os homens. 6.4 O Anncio do Reino de Deus Todos os homens so chamados a entrar no Reino. Anunciado primeiro aos filhos de Israel, este Reino messinico est destinado a acolher os homens de todas as naes. Para ter acesso a ele, preciso acolher a palavra de Jesus. Jesus convida a entrar no Reino por meio das parbolas, trao tpico de seu ensinamento. Por elas, convida ao festim do Reino, mas exige tambm uma opo radical: para adquirir o Reino preciso dar tudo; as palavras no bastam, so necessrios atos. As parbolas so como espelhos para o homem: este acolhe a palavra como um solo duro ou como uma terra boa? Que faz ele dos talentos recebidos? Jesus e a presena do Reino neste mundo esto secretamente no corao das parbolas. preciso entrar no Reino, isto , tornar-se discpulo de Cristo para "conhecer os mistrios do Reino dos Cus" (Mt 13,11). Para os que ficam "de fora" (Mc 4,11), tudo permanece enigmtico. 6.5 Os Sinais do Reino de Deus Jesus acompanha suas palavras com numerosos "milagres, prodgios e sinais" (At 2,22) que manifestam que o Reino est presente nele. Atestam que Jesus o Messias anunciado. Os sinais operados por Jesus testemunham que o Pai o enviou. Convidam a crer nele. Aos que a Ele se dirigem com f, concede o que pedem. Assim, os milagres fortificam a f naquele que realiza as obras de seu Pai: testemunham que Ele o Filho de Deus. Eles podem, tambm, ser "ocasio de escndalo". No se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mgicos. Apesar de seus milagres to evidentes, Jesus rejeitado por alguns; acusam-no at de agir por intermdio dos demnios. Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome, da injustia, da doena e da morte, Jesus operou sinais messinicos; no veio, no entanto, para abolir todos os males da terra, mas para libertar os homens da mais grave das escravides, a do pecado. 6.6 As Chaves do Reino Desde o incio de sua vida pblica, Jesus escolhe homens em nmero de doze para estar com Ele e para participar de sua misso; d-lhes participao em sua autoridade "e enviou-os a16

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proclamar o Reino de Deus e a curar" (Lc 9,2). Permanecem eles para sempre associados ao Reino de Cristo, pois Jesus dirige a Igreja por intermdio deles. No colgio dos Doze, Simo Pedro ocupa o primeiro lugar. Jesus confiou-lhe uma misso nica. Graas a uma revelao vinda do Pai, Pedro havia confessado: "Tu s o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16). Nosso Senhor lhe declara na ocasio: "Tu s Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as Portas do Inferno nunca prevalecero contra ela" (Mt 16,18). Cristo, "Pedra viva"; garante sua Igreja, construda sobre Pedro, a vitria sobre as potncias de morte. Pedro, em razo da f por ele confessada, permanecer como a rocha inabalvel da Igreja. Ter por misso defender esta f de todo desfalecimento e confirmar nela seus irmos. Jesus confiou a Pedro uma autoridade especfica: "Eu te darei as chaves do Reino dos Cus: o que ligares na terra ser ligado nos Cus, e o que desligares na terra ser desligado nos Cus" (Mt 16,19). O "poder das chaves" designa a autoridade para governar a casa de Deus, que a Igreja. Jesus, "o Bom Pastor" (Jo 10,11), confirmou este encargo depois de sua Ressurreio: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15-17). O poder de "ligar e desligar" significa a autoridade para absolver os pecados, pronunciar juzos doutrinais e tomar decises disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade Igreja pelo ministrio dos apstolos e particularmente de Pedro, o nico ao qual confiou explicitamente as chaves do Reino. 6.7 A Transfigurao A partir do dia em que Pedro confessou que Jesus o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Mestre "comeou a mostrar a seus discpulos que era necessrio que fosse a Jerusalm e sofresse... que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia" (Mt 16,21): Pedro rechaa este anncio, os demais tambm no o compreendem. neste contexto que se situa o episdio misterioso da Transfigurao de Jesus sobre um monte elevado, diante de trs testemunhas escolhidas por ele: Pedro, Tiago e Joo. O rosto e as vestes de Jesus tornam-se fulgurantes de luz, Moiss e Elias aparecem, "falavam de sua partida que iria se consumar em Jerusalm" (Lc 9,31). Uma nuvem os cobre e uma voz do cu diz: "Este o meu Filho, o Eleito; ouvi-o" (Lc 9,35). Por um instante, Jesus mostra sua glria divina, confirmando, assim, a confisso de Pedro. Mostra tambm que, para "entrar em sua glria" (Lc 24,26), deve passar pela Cruz em Jerusalm. Moiss e Elias haviam visto a glria de Deus sobre a Montanha; a Lei e os profetas tinham anunciado os sofrimentos do Messias. A Paixo de Jesus sem dvida a vontade do Pai: o Filho age como servo de Deus. A nuvem indica a presena do Esprito Santo. A Trindade inteira apareceu: o Pai, na voz; o Filho, no homem; o Esprito, na nuvem clara. No limiar da vida pblica, o Batismo; no limiar da Pscoa, a Transfigurao. Pelo Batismo de Jesus foi manifestado o mistrio da primeira regenerao: o nosso Batismo; a Transfigurao o sacramento da segunda regenerao: a nossa prpria ressurreio. Desde j participamos da Ressurreio do Senhor pelo Esprito Santo que age nos sacramentos do Corpo de Cristo. A Transfigurao d-nos um antegozo da vinda gloriosa do Cristo, "que transfigurar nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso" (Fl 3,21). Mas ela nos lembra tambm "que preciso passarmos por muitas tribulaes para entrarmos no Reino de Deus" (At 14,22). 6.8 A Subida de Jesus a Jerusalm "Ora, quando se completaram os dias de sua elevao, Jesus tomou resolutamente o caminho de Jerusalm" (Lc 9, 51). Com esta deciso, indicava que subia a Jerusalm pronto para morrer. Por trs vezes tinha anunciado sua Paixo e sua Ressurreio. Ao dirigir-se para Jerusalm, disse: "No convm que um profeta perea fora de Jerusalm" (Lc 13,33). Jesus lembra o martrio dos profetas que tinham sido mortos em Jerusalm. Todavia, persiste em convidar Jerusalm a congregar-se em torno dele: "Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha recolhe seus pintainhos debaixo das asas... e no o quiseste" (Mt 23,37b). Quando Jerusalm est vista, chora sobre ela e exprime uma vez mais o desejo de seu corao: "Ah! Se neste dia tambm tu conhecesses a mensagem de paz! Agora, porm, isto est escondido a teus olhos" (Lc 19,42).17

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6.9 A Entrada Messinica de Jesus em Jerusalm Jesus escolhe o momento e prepara os detalhes de sua entrada messinica na cidade de "Davi, seu pai" (Lc 1,32). aclamado como o filho de Davi, aquele que traz a salvao (Hosana quer dizer salva-nos!, d a salvao) Ora, o "Rei de Glria" (Sl 24,7-10) entra em sua cidade "montado em um jumento" (Zc 9,9). A entrada de Jesus em Jerusalm manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias vai realizar pela Pscoa de sua Morte e de sua Ressurreio. com sua celebrao, no Domingo de Ramos, que a liturgia da Igreja abre a grande Semana Santa. 7. PAIXO E MORTE DE JESUS Apesar de s ter amado e feito o bem a todos, Jesus de Nazar tornou-se para muitos, um problema! Como afirmou Simeo: "este menino vai ser um sinal de contradio!" (Lc 2,24). Para os que tinham corao reto, e que buscavam a verdade, a justia, para os pequenos e pobres que esperavam a libertao e um mundo novo, para estes no havia dvida: Jesus de Nazar era o Messias, o libertador, o mestre, o santo, o prprio Filho de Deus feito homem, a nica esperana. Mas para outros, Jesus era motivo de escndalo, uma "pedra de tropeo" que devia ser eliminada. Para outros, Jesus era um louco (Mc 3,21), um possudo pelo demnio (Me 3,22), um malfeitor (Jo 18,29), um herege (Jo 8,48), um blasfemador (Mc 2,7), um subversivo (Lc 23,2). Os que rejeitavam Jesus eram: as autoridades religiosas que estavam agarradas s suas verdades e tradies e temiam perder seus privilgios e poder, tambm os poderosos e os polticos consideravam a pregao de Jesus perigosa para o regime e para seus interesses, uma vez que conscientizando o povo sobre sua dignidade humana de filho de Deus, poderia criar confuses... Enfim, Jesus incomodava a todos aqueles que nada esperavam, pois acreditavam que nada precisava mudar. Quiseram silenci-Lo, mas no conseguiram! Difamado e ameaado, Jesus no voltou atrs e continuou intrepidamente a sua misso. Mesmo sabendo que isso podia custar-lhe a vida, Jesus cumpriu livre e fielmente a vontade do Pai: obediente at o fim, at as ltimas conseqncias. Por isso, recorreram ao argumento dos covardes: a calnia e a violncia. Jesus foi preso como "destruidor da religio, perigoso e subversivo da ordem constituda". Foi torturado, condenado morte, crucificado como um criminoso. A Paixo e Morte de Jesus a entrega absoluta de toda sua vida dedicada aos outros: "no h maior prova de amor que dar a vida pelos amigos!" (Jo 15,13). Jesus queria que todos tivessem vida e vida em abundncia (Jo 10,10) e por amor vida, entregou sua prpria vida! Ele mesmo j tinha dito: "Como bom pastor, eu dou a vida pelas ovelhas... ningum tira a minha vida... eu a dou livremente... assim como tenho poder de retom-la!". Jesus, o filho de Deus feito homem, assume sobre seus ombros toda injustia, todo o mal, todo pecado da humanidade e oferece sua vida como Cordeiro Pascal, pela libertao da humanidade. Ele viveu e morreu para que fossemos salvos. 8. RESSURREIO No terceiro dia aps a morte de Jesus, era o Domingo em que os judeus celebravam a antiga Pscoa de libertao. As mulheres foram bem cedinho ao sepulcro, local onde o corpo de Jesus foi sepultado, e o encontraram vazio! Correram avisar aos discpulos (Jo 20,1-10). Jesus no estava mais ali: o sepulcro estava vazio! Ele ressuscitou! Naquele mesmo dia, consolou as lgrimas de Maria Madalena (Jo 20,11-18), esteve com os apstolos reunidos no Cenculo (Jo 20,19-29), caminhou na estrada de Emas com dois discpulos (Lc 24,13-35). Durante quarenta dias, os amigos de Jesus fazem a experincia inesquecvel da presena de Cristo Ressuscitado. Jesus lhes d a paz e os confirma na f. Entrega-lhes a misso de serem suas testemunhas no mundo e renova a promessa do seu Esprito Santo. Depois, Jesus sobe ao cu, a ascenso, enquanto os discpulos ainda que extasiados olhavam para o cu (At 1,2) "apareceram18

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dois homens vestidos de branco e lhes diz: Homens da Galilia, por que ficais a olhar para o cu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o cu voltar do mesmo modo que o vistes subir para o cu", enquanto esperamos sua volta desfrutemos sempre de sua presena sensvel (Mt 25, 3136). Mas, fato! A ressurreio de Jesus Cristo continua sendo o centro de nossa f, alegria, certeza e fora que impulsiona nossa vida de cristos. O apstolo e grande missionrio, So Paulo, ltima testemunha da Ressurreio do Senhor, exclama: "Se Cristo no ressuscitou, v nossa pregao, e tambm v a vossa f" (l Cor 15,14). Mas no! Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primcias dos que morreram (1 Cor 15,20). Por que a ressurreio de Jesus era o centro da pregao dos apstolos e continua sendo o centro de nossa f? a) Jesus ressuscitou! O Crucificado est vivo! Vivo na glria do Pai, intercedendo por ns, como Senhor do Universo! Vivo e sempre presente na histria dos homens: como libertador e salvador da humanidade. Vivo e presente, de modo especial, em sua Igreja e em nossa vida de cristos: como nosso Senhor. interessante observar nas narraes dos evangelhos, que em todas as aparies do Ressuscitado, os seus discpulos no o reconheceram imediatamente, nem facilmente. o Senhor quem se faz reconhecer, por um toque, um gesto, uma palavra... Tambm ns precisamos reconhecer Jesus em nossa vida, atravs dos olhos da f. H alguns momentos especiais em que podemos experimentar a presena amiga de Jesus Cristo: - quando estamos reunidos em seu nome (Jo 20,19-28); - quando o acolhemos no irmo que sofre e caminha ao nosso lado (Lc 24,15-16); - quando lemos as Escrituras Sagradas (Lc 24,32); - quando repartimos o Po da Eucaristia (Lc 24,30-31). b) Jesus ressuscitou! Ele venceu o mal e o pecado da humanidade. As foras do mal, da injustia, da violncia, do pecado, j foram vencidas pela raiz: Jesus Cristo o nico Senhor e Libertador! A vida em Cristo, o amor em Cristo, a verdade em Cristo, pura graa de Deus, e, portanto vencedor de todo mal. A nossa Pscoa de libertao j est em andamento, dentro de cada um de ns e no mundo. na fora do Cristo Ressuscitado, nosso Senhor, que podemos realizar a cada dia, a nossa Pscoa, libertando-nos do egosmo e do pecado, para nascer em ns o homem novo e assim viver uma vida nova: "Portanto, vs tambm considerai-vos mortos ao pecado, porm vivos para Deus, em Cristo Jesus" (Rm 6,11). c) Jesus ressuscitou! E como Ele e com Ele, ns tambm haveremos de ressuscitar, vencendo o ltimo mal, a morte. A ressurreio de Jesus o penhor e a certeza de nossa prpria ressurreio (l Ts 4,13-14). Mesmo sem conseguir entender tudo, importante que saibamos, com clareza algumas certezas que a Bblia nos d a respeito do fim de nossa vida: - como Cristo ressuscitou da morte, ns tambm haveremos de ressuscitar, transformando nossa morte em vida. Em vida eterna! - todo nosso ser h de ressuscitar. Tambm nosso corpo: "creio na ressurreio da carne!". Trata-se de um corpo glorioso, transformado, no igual, mas o nosso prprio corpo (1 Cor 15); - "Ento o Rei dir aos que esto direita: Vinde benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos est preparado desde a criao do mundo..." (Mt 25,34). Com todo o nosso ser, estaremos para sempre com Deus e com o amor, no Reino do Cu... Ou para sempre longe de Deus. "Voltar-se- em seguida para os de sua esquerda e lhes dir: Retirai-vos de mim, malditos!..." (Mt 25,41). Depende das opes que fazemos, j aqui e agora. Depende de nosso amor, sobretudo com os mais pequeninos e sofredores. Pois estaremos escrevendo no livro da vida, atravs de nossas opes dirias, se vivemos com Cristo ou sem Cristo, se vivemos o amor ou a ausncia de amor (Mt 25,11-46). E o sentido da vida poder ouvir na glria: Vinde benditos de meu Pai... Para isso, vale a pena lutar!

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A SANTSSIMA TRINDADE1. INTRODUO A verdade revelada da Santssima Trindade esteve desde as origens na raiz da f viva da Igreja, principalmente, por meio do Batismo. Ela encontra sua expresso na regra da f batismal, formulada na pregao, na catequese e na orao da Igreja. Tais formulaes encontram-se j nos escritos apostlicos, como na seguinte saudao, retomada na liturgia eucarstica: "A graa do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunho do Esprito Santo estejam com todos vs" (2Cor 13,13). As trs pessoas so um s Deus, e no trs deuses. Isto uma verdade que supera a capacidade de nossa inteligncia. Por isso, chamamos esta verdade um mistrio: O Mistrio da Santssima Trindade. E este o mistrio central da f e da vida crist. o mistrio de Deus em si mesmo. , portanto, a fonte de todos os outros mistrios da f, a luz que os ilumina. o ensinamento mais fundamental e essencial na hierarquia das verdades de f. 2. O DOGMA DA SANTSSIMA TRINDADE A Trindade Una. No professamos trs deuses, mas um s Deus em trs pessoas: "a Trindade consubstancial". As pessoas divinas no dividem entre si a nica divindade, mas cada uma delas Deus por inteiro: "O Pai aquilo que o Filho, o Filho aquilo que o Pai, O Esprito Santo aquilo que so o Pai e o Filho, isto , um s Deus por natureza". As pessoas divinas so realmente distintas entre si. "Deus nico, mas no solitrio". "Pai", "Filho", "Esprito Santo no so simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois so realmente distintos entre si: "Aquele que o Pai no o Filho, e aquele que o Filho no o Pai, nem o Esprito Santo aquele que o Pai ou o Filho". So distintos entre si por suas relaes de origem: " o Pai que gera, o Filho que gerado, o Esprito Santo que procede". 3. APROPRIAES Certas atividades parecem mais apropriadas a uma Pessoa que s outras. Consequentemente, os Telogos dizem que Deus Pai o Criador, por apropriao; Deus Filho, por apropriao, o Redentor; e Deus Esprito Santo, por apropriao, o Santificador. O que uma Pessoa faz, as trs o fazem. A ao de Deus sempre Trinitria. DEUS PAI a origem do princpio da atividade divina que atua na Santssima Trindade, considerado o comeo de tudo. Por esta razo, atribumos ao Pai a criao, embora de fato seja a Santssima Trindade que cria, tanto o Universo como as almas individuais. O que faz uma Pessoa Divina fazem-no as trs. Apropriamos ao Pai o ato da criao. DEUS FILHO Deus uniu a si uma natureza humana - na pessoa de Jesus Cristo. Atribumos a tarefa de redeno a Deus Filho, Sabedoria viva de Deus Pai ... Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus (1Cor 1,24). O Poder infinito (o Pai) decreta a Redeno; a Sabedoria infinita (o Filho) a realiza. No entanto, quando nos referimos a Deus Filho como Redentor, no perdemos de vista que Deus Pai e Deus Esprito Santo estavam, tambm, inseparavelmente presentes em Jesus Cristo. Portanto, foi a Santssima Trindade quem nos redimiu. Mas apropriamos ao Filho o ato da Redeno.20

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DEUS ESPRITO SANTO o trabalho de santificao das almas eminentemente um trabalho do amor divino, por isso, atribu-se a obra da santificao ao Esprito Santo. Afinal, Ele o amor divino personificado. Quem nos santifica Deus, a Santssima Trindade. Porm, apropriamos a ao da graa ao Esprito Santo.

DEUS PAI

DEUS FILHO Filho Consubstancial ao Pai Profeta anuncia e denuncia Messias enviado Modelo homem Santo, sem pecado Revelador revelou ao mundo Deus Pai Redentor redimiu nossos pecados Salvador revelou o plano de amor salvfico de Deus

DEUS ESPRITO SANTO Parclito Amor Paz Amigo Advogado de Defesa Santificador Consolador

Pai Abba Todo-Poderoso O Criador Deus de Abrao, Isaac e Jac Princpio de Tudo

4. RESUMINDO O mistrio da Santssima Trindade o mistrio central da f e da vida crist. S Deus no-lo pode dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Esprito Santo. A Encarnao do Filho de Deus revela que Deus o Pai eterno, e que o Filho consubstancial ao Pai, isto , que ele no Pai e com o Pai o mesmo Deus nico. A misso do Esprito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho e pelo Filho "de junto do Pai" (Jo 15,26), revela que o Esprito com eles o mesmo Deus nico. "Com o Pai e o Filho adorado e glorificado." O Esprito Santo procede do Pai enquanto fonte primeira e, pela doao eterna deste ltimo ao Filho, do Pai e do Filho em comunho. Pela graa do Batismo em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo (Mt 28,19) somos chamados a compartilhar da vida da Santssima Trindade, aqui na terra, na obscuridade da f, e para alm da morte, na luz eterna. A f catlica esta: que veneremos o nico Deus na Trindade, e a Trindade na unidade, no confundindo as pessoas, nem separando a substncia: pois uma a pessoa do Pai, outra, a do Filho, outra, a do Esprito Santo; mas uma s a divindade do Pai, do Filho e do Esprito Santo, igual a glria, co-eterna a majestade. Inseparveis naquilo que so, da mesma forma o so naquilo que fazem. Mas na nica operao divina cada uma delas manifesta o que lhe prprio na Trindade, sobretudo nas misses divinas da Encarnao do Filho e do dom do Esprito Santo. Os cristos so batizados em nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo (Mt 28, 19). Antes disto eles respondem creio trplice pergunta que os manda confessarem sua f no Pai, no Filho e no Esprito. A f de todos os cristos consiste na Santssima Trindade.

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PENTECOSTES1. INTRODUO Os Evangelhos mostram a Igreja como um barco, no qual Jesus est presente, embora em alguns momentos parea estar dormindo (Mt 8,23-27). O mar que este barco atravessa a Histria, s vezes calmo, outras vezes turbulento e ameaador. H quase dois mil anos o barco saiu de seu porto. No sabemos quando chegar ao seu destino, mas temos certeza de que Jesus nunca o abandonar. A Igreja um projeto que nasceu do corao do Pai, prefigurada desde o incio dos tempos, preparada na Antiga Aliana com Israel, instituda por Cristo Jesus. A Igreja o Reino de Deus misteriosamente presente no mundo. Ela se inicia j com a pregao de Jesus. Foi dotada pelo Senhor de uma estrutura que permanecer at o fim dos tempos. Edificada sobre Pedro e os demais apstolos, dirigida por seus legtimos sucessores. A Igreja comea e cresce do sangue e da gua que saram do lado aberto do Crucificado. Nela se conserva a comunho eucarstica, o dom da salvao oferecido por Jesus em nosso favor. A Igreja indefectivelmente santa, sem mancha e sem ruga, porque o prprio Deus nela habita, santificando-a por sua presena. O pecado dos fiis no lhe pertence. S em sentido derivado e indireto se pode falar de "Igreja pecadora". Em Pentecostes, "a Igreja se manifestou publicamente diante da multido e comeou a difuso do Evangelho com a pregao". 2. A PROMESSA DO DOM DO ESPRITO SANTO Para muitos, o Esprito Santo o Grande Desconhecido, ainda que, como diz So Paulo, o cristo seja templo do Esprito Santo. Desde o momento do Batismo, Ele est em nossa alma em graa, santificando-a e adornando-a com seus dons. Se no o expulsamos por meio do pecado mortal, Ele nos inspira e nos assiste, guiando-nos at o cu. o Parclito, ou Consolador, o "doce hspede da alma". Este o grande dom que Jesus Cristo tinha prometido aos apstolos na ltima ceia: " conveniente para vs que eu me v. Pois, se no fosse assim, o Parclito (o Esprito Santo) no viria a vs; mas, se eu me for, eu o enviarei a vs" (Joo 16,7). E, efetivamente, no dia de Pentecostes - dez dias depois da ascenso ao cu e cinqenta dias depois de sua ressurreio -, eles receberam o Esprito Santo. 3. NASCE A IGREJA Pentecostes do ano 30. Todos reunidos no Cenculo: os apstolos, Maria, parentes de Jesus, algumas mulheres. Um rudo de ventania desce do cu. Lnguas como de fogo surgiram e se dividiram entre os presentes. Todos ficaram repletos do Esprito de Deus e comearam a falar em outras lnguas. Esta assemblia inicial, esta kahal, ekklesia, igreja, o princpio. Depois do prodgio das lnguas, Pedro dirigiu-se multido reunida na praa e fez uma memorvel pregao. Muitos se converteram, especialmente judeus vindos da Dispora. Estes levaram a Boa-Nova aos seus locais de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de comunidades crists em Damasco,22

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Antioquia, Alexandria e mesmo em Roma. Alguns helenistas, no entanto, permaneceram em Jerusalm. Para cuidar de suas necessidades materiais, os apstolos escolheram sete diconos. Com a vinda do Esprito Santo, a Igreja se abria s naes. O Esprito Santo, que Cristo derrama sobre seus membros, constri, anima e santifica a Igreja.

4. O ESPRITO SANTO HOJE A santificao que o Esprito Santo realiza em ns consiste em nos unir cada vez mais com Deus; mas, para que tal objetivo seja alcanado, temos de deix-lo atuar em nossa alma. De que maneira? Vivendo sempre na graa de Deus: ento, somos templos do Esprito Santo, como diz So Paulo, que est em nossa alma e nos vai santificando. Por isto, preciso receber os sacramentos, especialmente a Penitncia e a Eucaristia. Com a Penitncia, recuperamos a graa santificante - se a tivermos perdido, pelo pecado grave -, e alm disso, ela nos fortalece. Com a Eucaristia, a alma se alimenta, e se desenvolve a vida sobrenatural (graa, virtudes e dons do Esprito Santo). Alm disso preciso escutar o que Ele nos diz: o Esprito Santo ensina por meio dos Pastores da Igreja e inspira interiormente o que Deus quer e espera de ns. Quando somos dceis a suas inspiraes, somos melhores e nos santificamos.

5. OS DONS DO ESPRITO SANTO Sabemos que o Esprito Santo o "doce hspede da alma", que est em ns quando vivemos em estado de graa. Da mesma maneira que tratamos ao Pai e a Jesus Cristo, temos de nos acostumar a falar com o Esprito Santo, nosso Santificador. Ao Esprito Santo temos de pedir, de modo especial, seus sete dons, to necessrios para viver de verdade como cristos: O dom da sabedoria, que nos faz saborear as coisas de Deus. O dom do entendimento, que nos ajuda a entender melhor as verdades da nossa f. O dom do conselho, que nos ajuda a saber o que Deus quer de ns e dos demais. O dom da fortaleza, que nos d foras e valor para fazer as coisas que Deus quer. O dom da cincia, que nos ensina quais so as coisas que nos ajudam a caminhar para Deus. O dom da piedade, com o qual amamos mais e melhor a Deus e ao prximo. . O dom do temor de Deus, que nos ajuda a no ofender a Deus, quando fraqueje o nosso amor.

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NASCIMENTO E MISSO DA IGREJA1. INTRODUO Ensina o Conclio Vaticano II que, sendo Cristo a luz das gentes..., deseja ardentemente iluminar a todos os homens (...) luz esta que resplandece sobre o rosto da Igreja, anunciando o Evangelho a todas as criaturas (Lumem Gentium, 1). Fica claro, pois, que a Igreja depende inteiramente de Cristo, como a luz da lua depende do influxo do sol. J dizia Santo Agostinho que a Igreja Cristo entre ns: suas mos continuam a nos curar (os sacramentos da Igreja), sua boca continua a nos falar (a doutrina santa que a Igreja prega). A Igreja continua a misso de Cristo, e foi para isso que Ele a fundou. Quando professamos a f, no Smbolo, dizemos: Creio na Igreja, Una, Santa, Catlica e Apostlica. Ela a Me que cuida de ns com os sacramentos e com a doutrina de Jesus Cristo, conduzindo-nos para o cu.

2. IDIAS PRINCIPAIS 1. Jesus Cristo fundou a Igreja para continuar sua obra na terra Jesus Cristo veio terra para nos remir e nos salvar, mas tinha que voltar ao Pai. Como a Redeno que Ele tinha conseguido para ns tinha necessidade de chegar a toda a humanidade, Cristo funda a Igreja com a misso de continuar na terra o plano divino da salvao, sua obra salvadora. A Igreja, portanto, no inveno humana, mas algo querido expressamente por Deus. 2. O que a Igreja A palavra igreja significa convocao, termo muito prprio porque a Igreja o novo povo de Deus convocado pela Palavra e constitudo pela graa que nos dada pelos sacramentos, fundado por Jesus Cristo e regido pelo Papa e pelos bispos, que conduzem os fiis cristos salvao sob a ao do Esprito Santo. Na Sagrada Escritura encontramos outras expresses que equivalem ao termo Igreja: Reino de Deus, Novo Povo de Deus, Corpo de Cristo. Comeamos a fazer parte da Igreja no dia de nosso Batismo, que nos faz discpulos de Cristo, como aqueles que seguiam ao Senhor. 3. A fundao da Igreja O Evangelho narra os passos sucessivos com os que Cristo fundou sua Igreja. Comeou pregando o Reino de Deus, escolheu logo os doze Apstolos aos quais deu poderes especiais, e a um deles - Pedro - o designou seu vigrio na terra, entregando-lhe o poder supremo sobre toda a Igreja. Fez muitos milagres para demonstrar que - com Ele - tinha chegado o Reino de Deus. Com sua morte na cruz conseguiu a salvao de toda a humanidade, e a ltima pedra desta construo magnfica foi a vinda do Esprito Santo, que enviou desde o cu, no dia de Pentecostes.

O comeo e o crescimento da Igreja so significados pelo sangue e pela gua que saram do lado aberto de Jesus crucificado. Pois do lado de Cristo dormindo na Cruz que nasceu o admirvel sacramento de toda a Igreja. Da mesma forma que Eva foi formada do lado de Ado adormecido, assim a Igreja nasceu do corao traspassado de Cristo morto na Cruz.

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4. O mistrio da Igreja Podemos dizer que Cristo edificou sua Igreja dotando-a de caractersticas especiais, pelas quais distinta das demais sociedades que conhecemos. A Igreja humana e divina ao mesmo tempo, visvel e invisvel. Tambm hierrquica e carismtica, ainda que os carismas estejam subordinados hierarquia, que governa em nome de Cristo, sob a ao do Esprito Santo, doador dos carismas. 5. Cristo fundou uma nica Igreja e a Igreja Catlica esta verdadeira Igreja Cristo fundou uma nica Igreja; Ele falou de um s rebanho e um s pastor. A verdadeira Igreja fundada por Cristo UNA, SANTA, CATLICA e APOSTLICA, como dizemos no Credo. UNA, porque tem um s pastor visvel, o Papa, uma mesma f e os mesmos sacramentos. SANTA, porque Santssimo seu fundador, Jesus Cristo, santa a sua Doutrina e santos os Meios para nos fazer santos (os sacramentos). Ainda mais, sempre existiram e sempre existiro santos na Igreja. CATLICA, que significa universal, porque chama a todos a seu seio e est estendida por toda a parte. Durar at o fim do mundo e em todos os lugares a mesma: o mesmo Papa, o mesmo Credo, os mesmos Sacramentos. APOSTLICA, porque est fundamentada (alicerada) sobre os Apstolos e ensina a doutrina que eles ensinaram. O Papa e os bispos so os legtimos sucessores de Pedro e dos demais Apstolos. A Igreja de Jesus Cristo hoje a Igreja Catlica, porque s nela cumprem-se estas quatro propriedades e a nica que possui todos os meios de salvao que Cristo quis dar sua Igreja. 6. A Misso da Igreja A misso da Igreja anunciar e instaurar entre todos os povos o Reino de Deus inaugurado por Jesus Cristo. Ela constitui aqui na terra o germe e o incio desse Reino salvfico. Cristo ordenou: "Ide, pois, fazer discpulos entre todas as naes, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo" (Mt 28,19). Essa ordem missionria do Senhor tem a sua fonte no amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o seu Esprito porque "quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4). 7. Amar a Cristo amar a sua Igreja Diz So Cipriano que no pode ter a Deus por Pai quem no tem a Igreja como Me. Depois de saber um pouco mais o que a Igreja, entendemos ser um grande erro aceitar a Cristo e recusar a Igreja. Seria uma atitude contraditria, porque Jesus Cristo a instituiu para pregar sua doutrina e administrar a graa aos homens, como instrumento de salvao. 8. Deveres que temos para com a Igreja Que presente maior poderia ter-nos dado o Senhor do que este: ser membros de sua Igreja? Por isto, com agradecimento e amor, devemos dizer sempre: Creio na Igreja, Una, Santa, Catlica e Apostlica. Os deveres para com nossa Me, a Igreja so: Crer no que a Igreja nos ensina; Cumprir o que nos manda; Am-la de verdade, sentindo-nos felizes e honrados de pertencermos a ela; Rezar por seus pastores: o Papa, os bispos, os sacerdotes e todos os irmos Ajud-la em suas necessidades, segundo nossas possibilidades.25

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BIBLIOGRAFIABblia de Jerusalm Catecismo da Igreja Catlica Nossa F Segundo o Catecismo da Igreja Catlica Pe. Luiz Cechinato Conhea Melhor a Bblia Pe. Luiz Cechinato A verdade sobre Jesus Cristo Antonio Gonzlez Roser Apostilas do Curso Matter Eclesiae D. Estvo Tavares Bettencourt O.S.B. Para Entender o Antigo Testamento D. Estvo Tavares Bettencourt O.S.B.

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