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5/10/2018 5- Avalia o do Idoso Cardiopata - slidepdf.com
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Avaliação do Idoso Cardiopata
© Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA.
C APÍTULO 5 Avaliação do Idoso Cardiopata
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Capítulo 5
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O paciente idoso exige uma abordagem diferente do exame clínico
tradicional. O primeiro ponto importante é identificar o tipo de idoso que
o procura e perceber o que ele ou ela precisa de você. Considerar a idadebiológica e não a cronológica, suas expectativas, seus interesses, seu estilo
de vida e seu ambiente domiciliar.
Outro ponto importante é a avaliação funcional do paciente. Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde no idoso é melhor me-
dida em termos de função. O estado funcional, mais do que a extensão
da doença, pode ser utilizado como um melhor preditor da necessidade
de recursos que serão requeridos pelo idoso na comunidade1. Existe ainda
uma correlação positiva entre o estado funcional e o senso de bem-estar
do paciente2.
O comprometimento da qualidade de vida, a perda de autonomia e
independência são preocupações muito mais prevalentes do que a morte
em si. Portanto, o cardiologista que cuida do idoso deve mudar o foco da
atenção exclusiva do sistema cardiovascular para uma abordagem funcio-
nal integral do paciente2.
O conceito de função em cardiogeriatria deve ir além da avaliação
cardiológica tradicional . O cardiogeriatra deve considerar que fatores psi-
cológicos, sociais e ambientais exercem influência sobre o bem-estar, a saúde
geral e o resultado terapêutico esperado. A abordagem dos aspectos psi-cológicos, sociais, cognitivos, nutricionais, físicos e das atividades de
vida diária (AVD) contribuem para se estabelecer de forma individualiza-da o melhor plano diagnóstico e terapêutico. Cada vez mais, o idoso é
encaminhado ao cardiologista pelo geriatra, que necessita de avaliação
cardiológica especializada de alguém que tenha esta visão integral do pa-
ciente.
O envelhecimento está associado a menor reserva funcional dos diver-sos sistemas orgânicos. Como há grande heterogeneidade no processo de
envelhecimento (Capítulo 1) entre pessoas de mesma idade, a estimativa
da idade biológica, levando-se em consideração a reserva fisiológica do
indivíduo, e não sua cronologia, pode caracterizar melhor sua capacidade
de tolerar um estresse fisiológico, incluindo um insulto por processo pato-
lógico como o infarto agudo do miocárdio ou de um procedimento cirúr-
gico de grande porte como a cirurgia de revascularização miocárdica. Dia-
riamente, estimamos a idade biológica subjetivamente. Não temosinstrumentos objetivos claros para se estimar a idade biológica, entretan-
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to, esta avaliação deve incluir uma estimativa do estado nutricional, massa
e força muscular, a mobilidade, o estado mental, as habilidades para cui-
dados pessoais e atividades de vida diária, o estado físico geral e a própriaimpressão do paciente em relação ao seu estado de saúde geral em relação
aos indivíduos de mesma idade. Exemplos:
1) �Como você avalia sua saúde em relação às pessoas de mesma ida-
de?� Resposta:
[1] ruim
[2] regular
[3] bom
[4] excelente
2) Convivência domiciliar:
[0] isolado
[1] 1 pessoa
[2] 2 pessoas
[3] três pessoas
[4] quatro pessoas[ ] cinco pessoas...
3) Grau de dependência (índice de Katz): 1 a 6 pontos (AVD)
[ ] banhar-se
[ ] vestir-se
[ ] ir ao sanitário
[ ] transferir-se
[ ] alimentar-se
[ ] continência
4) Atividades instrumentais de vida diária (AIVD):
[ ] uso de telefone
[ ] viagens
[ ] fazer compras
[ ] preparo de refeições
[ ] trabalho doméstico
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[ ] controle de medicações
[ ] lidar com dinheiro
5) Perguntas pertinentes relacionadas aos problemas comuns do enve-lhecimento:
[ ] quedas
[ ] constipação intestinal
[ ] osteoporose
[ ] insônia
[ ] disfunção erétil
[ ] instabilidade postural
6) Vacinação:
[ ] gripe
[ ] pneumonia
[ ] tétano
7) Lista de drogas em uso
8) Lista de drogas já utilizadas (ineficazes, reações iatrogênicas, alergias)9) Lista de comorbidades
10) Lista de fatores de risco e condições associadas a maior risco de
eventos cardíacos (HAS, tabagismo, dislipidemia, diabetes, obesidade ab-
dominal, sedentarismo, isolamento social, depressão, estresse, personalida-
de tipo A, placas ateroscleróticas nas carótidas, doença arterial periférica,
acidente vascular cerebral isquêmico prévio, revascularização prévia, IAM
prévio).
Para se realizar a avaliação funcional do idoso foram desenvolvidosinstrumentos específicos de fácil utilização e hoje obrigatórias na avaliação
do idoso que são: a escala de Folstein (Mini-mental Test)(4) para distúrbios
cognitivos (Tabela 5.1), a escala de Katz (5) para as atividades de vida diária
(Tabela 5.2) , a de Lawton (6) para as atividades instrumentais de vida di-
ária (Tabela 5.3) e a escala de depressão geriátrica de Yesavage (7) (Tabela
5.4) entre outras.
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Tabela 5.1
Miniexame do Estado Mental
Orientação � 10 ptos
Identificar:
Ano/Estado do ano/ Dia da semana
Mês/dia do mês/local/andar
Bairro/cidade/estado
Registro � 3 ptos
Memorizar: �copo, mala, carro�
Atenção e Cálculo �5 ptos
Subtrair 7 de 100, e sucessivamente por 5 vezes
Soletrar �mundo� de trás para frente
Memória de Evocação � 3 ptos
Repetir: �copo, mala, carro
Linguagem
Nomear �lápis e relógio�� 2 ptos
Repetir: �nem aqui, nem ali, nem lá� � 1 pto
Seguir comando em 3 etapas: �pegue este papel com a mão direita, dobre ao
meio, e ponha no chão� � 3 ptos
Seguir comando escrito: �feche os olhos� � 1 pto
Escrever sentença com sujeito, verbo e predicado � 1 ptoCopiar o desenho � 1 pto
Adaptado de: Folstein, M. E. et al. J. Psychiat. Res. 1975; 12:189-198.
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Tabela 5.2
Escala de Atividades Básicas de Vida Diária (Escala de Katz)
1. BanhoI. Não recebe assistênciaA. Assistência para uma parte do corpoD. Não toma banho sozinho
2. VestuárioI. Veste-se sem assistênciaA. Assistência para amarrar sapatosD. Assistência para vestir-se
3. Higiene PessoalI. Vai ao banheiro sem assistênciaA. Recebe assistência para ir ao banheiroD. Não vai ao banheiro para eliminações fisiológicas
4. TransferênciaI. Deita, levanta e senta sem assistênciaA. Deita, levanta e senta com assistênciaD. Não levanta da cama
5. ContinênciaI. Controle esfincteriano completoA. Acidentes ocasionais
D. Supervisão; uso de cateter ou incontinente
6. AlimentaçãoI. Sem assistênciaA. Assistência para cortar cortar carne/manteiga no pãoD. Com assistência, ou ondas, ou fluidos IV
I. independência A. dependência parcial D. dependência total
Adaptado de: Katz, S. et al. JAMA 1963; 185(12): 914-916.
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Adaptado de: Lawton, M.P. & Brody, E.M. Gerontologist 1969; 9: 179-186.
Tabela 5.3
Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária(Escala de Lawton)
1. Telefone Recebe e faz ligações sem assistência (3)
Assistência para ligações ou telefone especial (2)
Incapaz de usar telefone (1)
2. Viagens Viaja sozinho (3)
Viaja exclusivamente acompanhado (2)Incapaz de viajar(1)
3. Compras Faz compras, se fornecido transporte (3)
Faz compras acompanhado (2)
Incapaz de fazer compras (1)
4. Preparo de Planeja e cozinha refeições completas (3)
refeições Prepara só pequenas refeições (2)Incapaz (1)
5. Trabalho Tarefas pesadas (3)
doméstico Tarefas leves, com ajudanas pesadas (2)
Incapaz (1)
6. Medicações Toma remédios sem assistência (3)
Necessita de lembretes ou de assistência (2)Incapaz de tomar sozinho (1)
7. Dinheiro Preenche cheques e paga contas (3)
Assistência para cheques e contas (2)
Incapaz (1)
1. dependência total 2. dependência parcial 3. independência
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Tabela 5.4
Escala de Depressão Geriátrica, Abreviada de Yesavage
1. Satisfeito (a) com a vida? (não)
2. Interrompeu muitas de suas atividades? (sim)
3. Acha sua vida vazia? (sim)
4. Aborrece-se com freqüência? (sim)
5. Sente-se de bem com a vida na maior parte do tempo? (não)
6. Teme que algo ruim lhe aconteça? (sim)7. Sente-se alegre a maior parte do tempo? (não)
8. Sente-se desamparado (a ) com freqüência? (sim)
9. Prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? (sim)
10. Acha que tem mais problemas de memória que outras pessoas? (sim)
11. Acha que é maravilhoso estar vivo (a) agora? (não)
12. Vale a pena viver como vive agora? (não)
13. Sente-se cheio (a) de energia? (não)
14. Acha que sua situação tem solução? (não)15. Acha que tem muita gente em situação melhor? (sim)
0= quando a resposta for diferente do exemplo entre parênteses
1= quando a resposta for igual ao exemplo entre parênteses
Total > 5 = suspeição de depressão
Adaptado de: Yesavage, J.A. et al. J. Psychiat. Res. 1983; 17(1): 37-49.
No Mini-mental Test, um escore menor que 24/30 é consistente comdisfunção cognitiva, mas não diagnóstico de demência. Nível de corte maisbaixo (17/30) é necessário para pacientes com baixa escolaridade8. O diag-nóstico de demência requer uma documentação do declínio da funçãocognitiva suficiente para interferir com o funcionamento pessoal ouocupacional9.
O estado nutricional não pode ser ignorado porque o idoso tem maior
risco de desenvolver deficências nutriconais devido a redução das reservasde nutrientes associada ao envelhecimento ou inabilidade para responder
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adequadamente aos períodos de estresses2. A causa da desnutrição é um
reflexo da doença atual, depressão, inabilidade para fazer compras ou cozinhar,
inabilidade para se alimentar ou dificuldades financeiras (fator importanteem nosso meio) ou uma associação destes fatores.
Observar o paciente levantar-se e caminhar é um bom teste para ava-
liar a mobilidade, marcha e equilíbrio2.
Assim como ocorre em geriatria, uma equipe interdisciplinar especializa-
da no atendimento ao idoso portador de cardiopatia poderá agilizar e tor-
nar mais eficaz as estratégias de abordagem diagnósticas e terapêuticas4.
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