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Dicas
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Ana Paula Assuno Rodrigues
Dicas de Portugus - Ana Paula Assuno Rodrigues
TRT10 CDTEJ SCEAD
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A autora Ana Paula Assuno Rodrigues servidora no TRT desde 1993 e atua como revisora de textos em gabinete. Graduada pela UnB em Letras e ps-graduada em Produo Textual, lecionou no Ensino Mdio e em cursinho pr-vestibular nas cadeiras de Literatura, Redao e Lngua Inglesa.
Sumrio Dica 1 - Estilo de Redao ......................................................................................................... 2
Dica 2 - Pronome Demonstrativo .............................................................................................. 4
Dica 3 - Registro de data e hora ................................................................................................ 7
Dica 4 - Uso dos "porqus"........................................................................................................ 9
Dica 5 - O Novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa .................................................... 11
Dica 6 - Uso correto de expresses latinas ............................................................................. 15
Dica 7 - Uso do "Se" ................................................................................................................. 20
Dica 8 - Uso de "no h falar", "o mesmo" e "verso" ............................................................ 25
Dica 9 - Esttica Textual e Vcios de Linguagem ...................................................................... 29
Dica 10 - Uso do acento grave - CRASE ................................................................................... 35
Dica 11 - Neologismo .............................................................................................................. 42
Dica 12 - Uso da vrgula - parte I ............................................................................................. 50
Dica 13 - Uso da vrgula - parte II ............................................................................................ 55
Dica 14 - Uso de "cujo" ............................................................................................................ 58
Dica 15 - Uso de verbos abundantes e da expresso "daqui a" .............................................. 62
Dica 16 - Uso do infinitivo ....................................................................................................... 66
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Dica 1 - Estilo de Redao Escrito por Ana Paula Rodrigues
(...) Como ho de ser as palavras? Como as estrelas. As estrelas so muito distintas e muito claras. O estilo pode ser muito claro e muito alto. To claro que o entendam os que no sabem. E to alto que tenham muito que entender nele os que sabem[...] O discurso, para ser claro, no precisa ser raso, como os regatos; a profundidade nem sempre faz turvas as guas (...)
Padre Antnio Vieira
Sermo da Sexagsima Pregado na Capela Real, no ano de 1655 PEIXOTO, Afrnio. Os Melhores Sermes de Vieira. Rio de Janeiro: Ed. Americana, 1931.
(...) Mas que significa isso? - perguntou o moo insatisfeito - No entendi nada. Nem eu - respondeu a moa - mas os contos devem ser contados e no entendidos; exatamente como a vida.
Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Entendimento dos Contos, in: Contos Plausveis. Rio de Janeiro: Ed. Jos Olympio, 1985.
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Nossos mais ilustres autores servem de base para estudos lingusticos de toda ordem, desde as mais corriqueiras lies de gramtica at as lies de estilo. Mas os recados transmitidos pelos dois autores citados diferem entre si, concordam? Bem, para comeo de conversa, os textos literrios propriamente fictcios vivem num mundo muito maior que o dos textos tcnicos. Aqueles alcanam uma linguagem universal e atemporal, falam diretamente s emoes comuns a todos ns, seres humanos. por isso que costumamos afirmar que Shakespeare eterno, que Homero fala a nossa lngua e que Machado de Assis atualssimo. Eles tm, tambm, a chamada licena potica, o que permite aos artistas transgredir regras gramaticais em nome da criatividade, do estilo pessoal. Drummond transmite o recado de absorver o hermetismo do conto como se vive a vida, ao invs de se tentar explicar e racionalizar sua poesia, o que a destruiria. Apesar de haver uma linha interpretativa, a hermenutica, que estuda os textos literrios como se fossem uma equao matemtica... mas ai j outro assunto. J as palavras de Padre Antnio Vieira que tinha habilidade rara com elas - trazem grande lio de estilo, atual e til a ns no mbito do TRT, pois tratam da clareza no ato de escrever aplicvel ao texto em prosa no fictcio, ao texto tcnico. Tendo em mente essa distino e dela advm inmeros desdobramentos na pontuao, concordncia etc vamos nos concentrar no estilo de redao de textos oficiais e jurdicos. Aqui, temos de fazer nossos textos explicveis e acessveis ao jurisdicionado. Por mais hermtico que seja um tema, pode ser traduzido em palavras que o mais comum dos leitores compreenda. Ento, sabedores de que nosso estilo de trabalho no permite licenas poticas, vamos s dicas:
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Conciso
No lugar de:
neste momento ns acreditamos, diga acreditamos; Travar uma discusso, escreva discutir; ato de natureza hostil, ato hostil; deciso tomada no mbito da diretoria, deciso da diretoria; fazer uma viagem coloque viajar; pr as ideias em ordem, ordenar as ideias.
Diga o que , no o que no
Ele no assiste regularmente s aulas. troque por Ele falta com frequncia s aulas.
voz ativa deixa o texto atraente, vigoroso, enquanto a passiva o deixa mole, sem graa:
Os alunos fizeram a redao melhor que A redao foi feita pelos alunos.
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A frase:
Na cmara dos deputados, os parlamentares discutiram em sesso. Tornaram pblicas suas desavenas melhor que Na cmara dos deputados, os parlamentares discutiram em plenrio tornando pblicas suas desavenas.
Leia as duas frases em voz alta. Depois, escolha a que soa melhor:
Fui livraria e comprei os dois livros de Direito daquele autor indicado pelo professor do curso e a gramtica.
Fui livraria e comprei a gramtica e os dois livros de Direito daquele autor indicado pelo professor do curso.
A segunda frase agrada mais, concorda? Pela seguinte razo: o termo mais curto ficou na frente do mais longo. Quando o verbo tiver mais de um objeto, direto ou indireto, ponha o mais curto na frente.
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Dica 2 - Pronome Demonstrativo Escrito por Ana Paula Rodrigues
Sculo XVI, Japo feudal, samurais. Famlia Ichimongi, com o patriarca Hidetora ao centro, seus trs filhos, o bobo da corte. Famlias rivais prestes a selar amizade aps anos de intriga. Essa a segunda cena do brilhante filme RAN, 1985, de Akira Kurosawa, consagrado diretor japons. Ultrapassada a barreira da nossa ansiedade ocidental, podemos nos deixar enlevar ao ritmo das nuvens do cu do Japo, que acompanham as cenas como se observassem os acontecimentos humanos. Aproximadamente 1 hora e 53 minutos do filme, temos o dilogo entre os irmos Sue e Tsurumaru:
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Passadas 2 horas e 3 minutos do filme, ouvimos:
Incitados pelas frases extradas de RAN - palavra que, a propsito, significa conflito, algo com o que todos os que lidam com processo no TRT esto habituados vamos a alguns esclarecimentos sobre pronomes demonstrativos.
Concebe-se o uso do pronome demonstrativo a partir do ponto central de orientao do sujeito falante, que o referencial, e tem o propsito de expressar tempo, espao, posio no texto (sobre o que ou quem se trata) para a mensagem ser transmitida com exatido.
1) Critrio espacial:
a) este(s), esta(s), isto: referem-se primeira pessoa gramatical, indicam que o objeto est perto da pessoa que fala (aqui).
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Exemplo: Este livro em meu colo timo;
b) esse(s), essa(s), isso: referem-se segunda pessoa gramatical, indicam que o objeto est perto da pessoa com quem se fala (a).
Exemplo: Esse livro na sua mo bom?
OBSERVAO: O objeto pode at estar perto de mim, mas a frase se refere ao meu ouvinte. Imaginem a cena: estou vendo um livro nas mos de um amigo, me aproximo, pego o livro tambm, sem tir-lo das mos dele e pergunto: Onde voc comprou esse livro?
c) aquele(s), aquela(s), aquilo (l, a): referem-se terceira pessoa gramatical, indicam que o objeto est distante do falante e do ouvinte.
Exemplo: Voc viu aquela livraria nova na outra comercial?
2) Critrio temporal:
a) este(s), esta(s), isto: tempo presente.
Exemplo: Esta semana, este ms (outubro), este ano (2012).
b) esse(s), essa(s), isso: tempo passado recente ou futuro prximo.
Exemplos: Conheci voc em 2008. Nesse tempo, voc ainda no tinha filhos; Esse ano de 2013 ser timo!
c) aquele(s), aquela(s), aquilo: tempo passado, bem distante, vago, remoto. Exemplo: Bons tempos aqueles da minha juventude!
3) Critrio da posio no texto ou critrio cognoscitivo:
a) este(s), esta(s), isto: emprego catafrico indica que a frase ser pronunciada, o pronome se refere quilo que aparecer no texto, aps o pronome; chama
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ateno sobre o que vamos dizer.
Exemplo: A Escola Judicial publicou esta frase: Terceira turma do curso de portugus jurdico a distncia tem incio dia 10
b) esse(s), essa(s) isso: emprego anafrico indica que a frase foi pronunciada, est sendo retomada, o pronome se refere quilo que j apareceu no texto.
Exemplo: Terceira turma do curso de portugus jurdico a distncia tem incio dia 10, essa frase foi publicada pela Escola Judicial.
empregado, tambm, quando nos referimos ao que foi dito por nosso interlocutor.
Exemplo : - Voc no dormiu bem, aceita um caf para despertar?
- J tentei isso.
4) Critrio distributivo:
Quando queremos aludir, discriminadamente, a termos j mencionados, servimo-nos dos demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo para o referido primeiro lugar e dos este(s), esta(s), isto para o que foi nomeado por ltimo.
Exemplo: A pressa inimiga da perfeio, esta no admite aquela.
Trailler do filme RAN 1985
http://ead.trt10.jus.br/ran/
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No posso ficar Nem mais um minuto com voc Sinto muito amor Mas no pode ser. Moro em Jaan, Se eu perder esse trem, Que sai agora s onze horas, S amanh de manh.
Adoniran Barbosa
Trecho do samba Trem da Onze
Clique aqui para ouvir a verso completa
O fragmento do clssico samba vem ilustrar o formato por extenso da notao de horas, redigido assim porque ser cantado sem abreviao. Trata-se de texto potico, de letra de msica que ser entoada tal como escrita. Para ns aqui no TRT esse formato no possvel. Devemos usar a norma culta aplicada aos textos oficiais. Vejamos, ento, como deve ser:
a) No se escreve no formato de relgio digital, portanto, 08:00 errado!
b) A representao de horas sem nada - sem dois pontos, sem ponto, sem plural, sem espao, sem maisculas;
Dica 3 - Registro de data e hora Escrito por Ana Paula Rodrigues
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c) Somente escreveremos o smbolo de minutos (min) caso haja segundos; os segundos no precisam ser denotados por smbolo, pois j esto implcitos e sempre optaremos pela forma mais econmica nas redaes; Exemplo: 14h, 14h30, 14h30min40.
d) Para jornada de horas permanece o numeral em algarismo arbico, mas os termos horas, minutos e segundos vm por extenso. Exemplo: O reclamante trabalhava 8 horas por dia; a autora usufruiu de apenas 1 hora de intervalo.
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Mais dicas:
a) Nas assinaturas dos documentos preciso registrar por extenso o ms, com o nome da localidade: Exemplo: Braslia, 5 de maio de 2010.
b) O primeiro dia sempre se escreve em numeral ordinal: Exemplo: 1 .5.2010.
c) O ano se apresenta com os quatro algarismos sem ponto: Exemplo: 2010.
d) Dispense os substantivos dia, ms e ano: Exemplo: em 12 de fevereiro de 1999. e no no dia 12 do ms de fevereiro do ano de 1999.
e) Para citao de lei, recomendvel que seja aposta a data da sua criao na primeira vez em que aparecer no texto, no formato sucinto: Exemplo: 5/5/2010.
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Porque - Conjuno explicativa ou causal
Usa-se em resposta ou indicao de causa.
Exemplos:
Ele se sente cansado porque o clima est muito seco. Abandonou o curso porque, tendo de cuidar dos filhos noite e
trabalhar de manh, sentiu-se no limite. Por que foram a juzo? Porque estavam cheios de razo. Ela sabe a razo da queda dos juros, porque alm do cargo detm
outros poderes. Porque trabalhamos em sala fechada, nem sempre percebemos a
mudana no clima. No foi palestra porque no se sentia bem.
Dica 4 - Uso dos "porqus" Escrito por Ana Paula Rodrigues
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Por que - Preposio + pronome interrogativo ou relativo
Usa-se em orao interrogativa direta (com ponto de interrogao grafado) e tambm na indireta (sem grafia da interrogao, esconde as palavras "razo", "motivo" ou "causa").
Quando usar:
a) em perguntas diretas e indiretas:
Exemplos: Por que voc no veio? Voc ainda no me contou por que no veio.
b) em frases afirmativas/negativas e exclamativas:
Exemplos: Vamos verificar por que os processos esto se acumulando nesse setor.
Sinceramente, no sei por que ela no veio.
c) em ttulos de obras/artigos:
Exemplo: POR QUE PRATICAR ATIVIDADE FSICA [ttulo de artigo]
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Por qu / Qu
O que passa a ser tnico em final de frase. Fica acentuado antes de pausa forte, do ponto de interrogao, exclamao ou final.
Exemplos:
Agradecida. No h de qu. O professor marcou novos testes, ningum sabe por qu. Quem foi ao show adorou. Voc quer saber por qu? Tanta correria para qu?! Voc especial, sabe por qu? Qual o qu! a mais pura especulao.
Porqu - Substantivo masculino
Usa-se precedido de artigo, numeral ou pronome.
Exemplos:
No entendo o porqu de tudo isso. Ah, se todos os nossos porqus tivessem resposta! Certos porqus no convencem o juiz.
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Alguns porqus da humanidade
"Tem sido dito que a astronomia uma experincia de humildade e formao de carter".
Essa frase foi dita por Carl Sagan em um interessante documentrio intitulado Um plido ponto azul. Clique no link abaixo para assistir:
"Um plido ponto azul" - Carl Sagan
http://ead.trt10.jus.br/carlsagan
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ltima flor do Lcio, inculta e bela, s, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela
Amo-te assim, desconhecida e obscura. Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela, E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu vio agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!" E em que Cames chorou, no exlio amargo, O gnio sem ventura e o amor sem brilho!
Olavo Bilac
BILAC, Olavo. Lngua portuguesa. In: Poesias. 29. ed. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1977. p. 268.
O Novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa est em vigor desde 1/1/2009 e o perodo de transio para implementao definitiva se encerrar no final de 2012 aqui no Brasil, pas que ter o dicionrio menos modificado dentre todos os envolvidos.
Dica 5 - O Novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa Escrito por Ana Paula Rodrigues
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A explicao mais usual para o Novo Acordo que simplesmente se quer unificar a Lngua Portuguesa entre os 8 pases que a adotam como oficial... mas, por qu? Se a lngua a expresso cultural de identidade de cada povo por excelncia,
patrimnio de cada um de ns e, como um organismo vivo, se modifica ao longo do tempo conforme influncias e premncias diversas, como se pode unific-la e impor mudanas aos seus falantes naturais? Bem, da mesma forma com que a norma culta imposta para que se possa escrever de modo inteligvel a todos, restringindo coloquialismos, regionalismos e variantes que poderiam atrapalhar a comunicao em larga escala, o Novo Acordo veio para que os 8 pases tenham maior integrao entre si e mais expressividade no cenrio mundial. Entretanto, h mais razes nem to simples assim que gostaria de lhes contar:
Razes Polticas
A lngua instrumento de poder. Em toda dominao de povos na histria da humanidade a lngua foi usada para aculturar os nativos ao levar paradigmas diferentes, viso de mundo, valores, todo um universo cultural que subjuga e aos poucos substitui a cultura local. O nosso portugus brasileiro est sendo privilegiado nessa reforma: apenas 0,5% do idioma ser modificado aqui, enquanto em Portugal, Angola, Cabo Verde, Guin-Bissau, Moambique, So Tom e Prncipe e no Timor-Leste, 1,6%, com alteraes que tornaro a Lngua Portuguesa mais brasileira que nunca. Em 1975, o Brasil foi o primeiro pas a reconhecer a independncia de Angola, do qual recebemos gratido. Todos os pases africanos ex-colnias guardam mgoas e ressentimentos de Portugal pela colonizao exploratria e discriminatria de mais de 4 sculos de durao. O Brasil para eles o grande irmo com quem
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simpatizam, a quem admiram em variados aspectos e so agradecidos por atitudes de aproximao recentes. O movimento imigratrio para c crescente desde 2010, pessoas de diversas naes esto vindo, como se estivesse havendo uma nova descoberta do Brasil. Com a unificao lingustica alcanaremos maior representatividade e prestgio em grandes fruns internacionais. Na ONU, por exemplo, somente a partir de 2008 comeou a haver traduo simultnea e possibilidade do Portugus ser utilizado nas intervenes de abertura e debate geral, apesar de contar com mais de 200 milhes de falantes no planeta, ser a 3 lngua ocidental e 5 mais falada no mundo e, ainda, ocupar a 4 posio dos idiomas mais usados na internet.
Razes Econmicas
O mercado editorial se ampliar e o lucro ser maior ao se poder publicar uma mesma obra nos 8 pases, uma vez que a Lngua ser una e facilitar divulgao do idioma e respectiva literatura O lobby das editoras, especialmente das brasileiras, tem forte peso para a implementao deste Novo Acordo, que visto como um tratado facilitador da penetrao no mercado africano a ameaar o das editoras portuguesas naquele continente. No cenrio mundial contemporneo, estamos em destaque economicamente em comparao com Portugal, que vivencia profundamente a crise na Europa. Somos o principal exportador dentre os pases lusfonos. O acordo ampliar cooperao internacional entre os 8 pases, facilitar intercmbio cultural e cientfico entre as naes. Todos esses fatores citados compem um pano de fundo em que se pode vislumbrar que no se trata de um simples novo conjunto de regras de Portugus que teremos que decorar, antes um acordo poltico que lingustico. A revolta em Portugal muito grande, a reforma nem sequer tem data para entrar em vigor, chamada de traidora da Ptria. Fala-se em inverso potica da colonizao, que a Lngua no evolui por decreto e est sendo descaracterizada.
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H quem lamente que Portugal errou ao deixar um filho enorme como o Brasil e no umas vinte repblicas pequeninas, todas menores que o reino-me! Alm das questes lingusticas complexas, tem-se um misto de sentimento colonialista transformado em subjugo e abandono, ao invs de cooperao e cultura. No se pode negar, ademais, que os portugueses demonstram um sentimento protetor e patritico muito grande e aparentemente maior que o dos brasileiros, a julgar pelo inconformismo, enquanto aqui se observa a simples e pura aceitao das mudanas impostas, que, ainda que mais favorveis, tambm so contra a ordem natural das coisas, afinal, j disse Fernando Pessoa, minha ptria a Lngua Portuguesa!
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Acredito que, melhor do que dispor neste espao lista de vocbulos cuja ortografia foi alterada ou mesmo destacar principais mudanas constantes do Novo Acordo - material em profuso em vrios meios de comunicao e objeto dos cursos e manuais da Escola Judicial, fornecer 3 fontes de consulta pela internet bastante teis:
Novo Acordo Ortogrfico na ntegra;
VOLP Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa, fornecido pela Academia Brasileira de Letras, j devidamente adaptado;
Conversor Ortogrfico - converte o vocbulo da escrita anterior para a nova!
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As msicas sugeridas tm letras muito educativas e plenas de significado. Pindorama, da dupla Palavra Cantada, voltada para as crianas, enquanto Lngua, de Caetano Veloso, cheia de referncias a obras e artistas da Lngua Portuguesa:
"Pindorama" "Lngua" - de Caetano Veloso
http://ead.trt10.jus.br/pindorama http://ead.trt10.jus.br/lingua
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Se h uma dica de Portugus infalvel para se escrever bem esta: leia bons livros. Mais do que tentar decorar as regras gramaticais, ler livros bem escritos nos permite memorizar a ortografia correta, a sintaxe perfeita, o uso adequado de expresses diversas, o estilo de que gostamos. A intuio lingustica vem a se desenvolver num patamar mais acurado de competncias que permitem ao falante se expressar melhor e redigir com assertividade.
Os textos de Machado de Assis so muito bem cuidados, apresentam linguagem culta, clssica e acadmica, tudo conforme regras de correo gramatical; por tudo isso, servem muito bem ao propsito do estudo da norma.
Veja no texto de "O Alienista" exemplo de bom uso da expresso plus ultra:
Dica 6 - Uso correto de expresses latinas Escrito por Ana Paula Rodrigues
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MOON, Fbio e B, Gabriel. O Alienista de Machado de Assis: adaptao de Fbio Moon e Gabriel B. Coleo Grandes Clssicos em Graphic Novel. Rio de Janeiro: Agir, 2007.
A seguir, lista de palavras e expresses por vezes usadas
equivocadamente e seu correto significado:
A cerca de / Acerca de / H cerca de / Cerca de
A cerca de distncia aproximada, tempo futuro aproximado. Acerca de sobre, a respeito de. H cerca de indica tempo transcorrido, faz aproximadamente. Cerca de aproximadamente.
Aferir / Auferir
Eis que
No usar no sentido de causa. Empregar somente no sentido de de repente.
Face a face / Frente a frente
Nenhuma expresso composta de palavras repetidas tem acento grave. Nada de crase.
Grosso modo / A grosso modo
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Aferir avaliar, cotejar, medir, conferir. Auferir - obter, receber.
A fim / Afim
A fim para, com o objetivo de, finalidade. Afim - tem afinidade, semelhana.
medida que / Na medida em que
medida que proporo que, ao passo que, conforme. Nunca usar no sentido de causa. Na medida em que uma vez que, tendo em vista, pelo fato de que. Traz ideia de causa.
A nvel de / Ao nvel de / Em nvel de
A nvel de no existe. Ao nvel de altura de. Em nvel de nessa instncia, no mbito de. Geralmente dispensvel, pode-se cortar da frase sem perda de sentido.
A par / Ao par
A par ciente, informado, inteirado, por dentro do assunto. Ao par emparelhado, caminhar lado a lado.
Apud
Apud - Junto de.
A princpio / Em princpio
Grosso modo de modo grosseiro, aproximado, impreciso; A grosso modo no existe.
H / A / H muito tempo atrs
H diz respeito a tempo passado: trabalho aqui h anos; A no sentido de tempo, refere-se a futuro: daqui a 10 anos me aposentarei; H muito tempo atrs pleonasmo, no usar.
Isto posto / Isso posto / Posto isso
Isto posto isto refere-se ao que se dir, no ao que se disse, alm de estar antes do verbo, o que tambm inadequado; Isso posto A forma nominal do verbo (particpio ou gerndio) deve vir antes do pronome e nessa expresso a posio est invertida; Posto isso Expresso correta.
Junto a
Tem significado fsico: perto de, ao lado de. Exemplos: carrego a bolsa junto ao corpo; Parei junto ao carro. No use em frases do tipo: impetrou mandato junto Vara; solicitou emprstimo junto ao banco; est em negociao junto aos scios. Para essas, prefira:
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A princpio No comeo, inicialmente, antes de qualquer coisa. Em princpio em tese, teoricamente.
A quo
A quo juzo a quo aquele de cuja deciso se recorre. Dies a quo o dia em que um prazo comea a ser contado.
Atravs
Do verbo atravessar, s pode ser empregado no sentido de transpassar, passar de um lado para o outro ou passar ao longo de. Exemplos: o navio atravessa os mares; vejo atravs do vidro. No pode ser empregado no lugar de mediante, por meio de, por intermdio de, graas a, segundo ou por, sendo assim, no escreva, por exemplo, "peticionou atravs do advogado" ou "recorre atravs dos documentos".
Avocar / Invocar / Evocar
Avocar atribuir-se, chamar. Invocar pedir ajuda, chamar, proferir. Evocar lembrar, invocar.
Bastantes / Bastante
Bastantes quando acompanha substantivo, adjetivo, por isso, flexionado e pode ser substitudo
impetrou mandato na Vara; solicitou emprstimo ao banco; est em negociao com os scios.
Mutatis mutandis
Quer dizer mudando o que deve ser mudado, com a devida alterao de pormenores, uma vez efetuadas as necessrias mudanas.
Onde / Aonde
Onde - usa-se apenas ao se referir a lugar; significa local em que, no qual; Aonde - indica movimento para um lugar; usa-se somente com verbos que requerem a preposio "a" e indicam movimento.
Pedir vista / Pedir vistas
O correto "pedir vista", no singular.
Plus ultra
Plus ultra - Mais alm.
Posto que
Equivale a "embora", "apesar
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por muitos ou suficientes. Exemplos: tenho bastante dinheiro; tenho bastantes dvidas; ele obteve bastantes provas para o laudo; Bastante quando acompanha adjetivo ou verbo, advrbio, no flexiona e pode ser substitudo por muito. Exemplo: Trabalho bastante durante a semana.
Cada
pronome indefinido que no pode ser usado sozinho: acompanha substantivo, numeral ou pronome qual; portanto, no use ganharam 5 bombons cada e sim "ganharam 5 bombons cada um".
Cesso / Seo / Sesso
Cesso ato de ceder; Seo parte, trecho, setor, repartio; Sesso reunio; lapso de durao de um congresso, assembleia.
Com vista a / Com vistas a
Ambas so corretas e tm mesmo significado.
Custas / Custa
Custas despesa forense; Custa sempre no singular na
de" e no a "porque".
Se no / Seno
Se no - caso no; Seno - mas, a no ser, exceto pois, do contrrio, caso contrrio, defeito. Plural: senes.
Sequer / Nem sequer
Sequer - pelo menos, ao menos: o recorrido teria ido se a intimao sequer tivesse chegado; Nem sequer - nem ao menos - usa-se para expressar negao: o recorrente nem sequer juntou provas aos autos.
Sine qua non
Sem a qual no; indispensvel, essencial.
Sito em
No use "sito a", pois no indica movimento.
Vez que / uma vez que
Vez que - no existe; Uma vez que - dado que, visto que, como, j que; no caso de, caso, se.
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expresso custa de.
Deferir / Diferir
Deferir conceder, outorgar; Diferir discordar, diferenciar; retardar, adiar.
Descriminar / Descriminalizar / Discriminar
Descriminar e descriminalizar do Direito Penal, significa inocentar, absolver de crime; o prefixo des traz ideia de negao; Discriminar tratar de forma diferente.
Vultoso / Vultuoso
Vultoso - volumoso, relativo a vulto, grande vulto; Vultuoso - com a face congestionada.
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Central do Brasil. Drama, 1998, 113 minutos. Diretor: Walter Salles.
http://ead.trt10.jus.br/central
Aproxima-se o recesso forense e muitos de ns comeamos a planejar uma viagem... por falar em viagem, h um subgnero no cinema denominado road movie, ou filme de estrada, que Hollywood adora. um estilo que aborda a viagem por que passa um personagem como smbolo de sua transformao interna, pois a geografia, tanto a fsica quanto a humana, que ele desconhecia at ento, o afeta profundamente, de modo que mudanas na pessoa viajante ocorrem, pois, medida que se depara com o desconhecido, ela muda, como ns mudamos. Representa tambm a busca da liberdade e o esprito aventureiro do ser humano. um estilo de cinema que traz para o espectador a oportunidade de acompanhar no s belas imagens, mas a construo de uma nova personalidade, que, ao fim, se revela.
Destacamos Bagdad Caf, Paris/Texas, Sem Destino, Thelma e Louise, Pequena Miss Sunshine, Assassinos por Natureza, Corao Selvagem. Mas no s na terra do tio Sam esse estilo produzido, temos, por exemplo, o francs Mamute, o mexicano E Sua Me Tambm, os brasileiros Bye Bye Brasil, Na Estrada, Central do Brasil, os dois ltimos de Walter Salles,
Dica 7 - Uso do "Se" Escrito por Ana Paula Rodrigues
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diretor tambm de Dirios de Motocicleta, coproduo que envolveu Argentina, Brasil, Chile, Reino Unido, Peru, Estados Unidos da Amrica, Alemanha, Frana e Cuba.
Central do Brasil um filme maravilhoso, humanista, singelo e bem feito. A personagem de Fernanda Montenegro, Dora, recupera sua identidade e o afeto, se re-sensibiliza graas ao encontro do outro, que vem a ser o menino Josu, que a leva a uma viagem por um Brasil diverso daquele do Rio de Janeiro, cidade em que vivia. Ateno para a trilha sonora e para a construo das imagens, que vo se tornando fluidas e rarefeitas na mesma proporo em que Dora se torna livre da opresso e do pragmatismo em que se encontrava; vale tambm assistir s entrevistas com atores e diretor do filme.
Usaremos vrias frases extradas dessa pelcula e da msica Preciso me encontrar, integrante da trilha sonora, para exemplificar os tpicos da nossa dica sobre uso do se, que no um viajante pelas estradas, mas faz muita gente viajar na maionese na hora de escrever!
Nos textos do TRT, h corriqueiramente m aplicao do se principalmente como pronome na funo de partcula apassivadora ou de ndice de indeterminao do sujeito, como ver-se- a seguir:
O se tem duas acepes: conjuno ou pronome pessoal.
I) Na qualidade de conjuno, expressa subordinao ao principal. Pode ser:
1 - condicional
- indica hiptese, condio; no caso de. Se ele no vier, eu deponho. Do filme: Se ele estiver a, fala alguma coisa maluca.
- indica tempo; quando, enquanto. Se h depoimento, o secretrio de audincia digita.
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- indica causa; visto que, uma vez que. Se voc nem sequer precisa depor, por que est to ansioso?
2 - integrante
- exprime dvida, incerteza, interrogao indireta (se acaso, se por acaso, se porventura).
Neste caso encaixa-se o verso da msica em destaque, que, na ordem direta da frase, seria assim:
Diga que eu s vou voltar depois que eu me encontrar se algum por mim perguntar.
Tambm, as seguintes frases do filme:
V se pelo menos me aparece para conhecer seu filho.
Se por acaso voc mudar de ideia s voc vir, ', vir atrs de mim, numa boa.
II) Na qualidade de pronome pessoal, refere-se 3 pessoa do singular para os dois gneros; funciona como objeto do verbo ou complemento. Pode ser:
1 - objeto direto
- tranquilizar-se, ferir-se, agredir-se, recusar-se; Exemplo de fala do filme: Pai, vem aqui no Rio que minha me se machucou;
2 - com verbos pronominais, indica carter reflexivo ou recproco
- aposentar-se, arrepender-se, queixar-se; indignar-se; Exemplo extrado do filme: V l, se achegue!
3- partcula apassivadora
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- forma, juntamente com o verbo, a voz passiva sinttica, como lemos na placa da mesa de trabalho da Dora, escrevedora de cartas:
Escreve-se carta, ou carta escrita;
Escrevem-se cartas, ou cartas so escritas.
Registravam-se nas folhas de ponto horrios rgidos, sem anotarem-se com correo os intervalos para descanso e refeio, ou horrios rgidos eram registrados nas folhas de ponto, sem os intervalos para descanso e refeio serem anotados com correo.
Podem-se citar vrios exemplos, ou vrios exemplos podem ser citados.
erro bastante comum, talvez o mais encontrado em anncios, como os vistos no filme:
Faz-se mveis - o certo fazem-se mveis (mveis so feitos);
Conserta-se culos - o certo consertam-se culos (culos so consertados).
Dica: a voz passiva sinttica formada com verbo transitivo direto (h excees) + se e permite troca para a voz passiva analtica. A voz passiva analtica formada com verbo ser + particpio. Identifica-se o sujeito passivo da orao, principalmente na converso da forma sinttica (com se) para a forma analtica, como feito nos exemplos. Ento, o macete construir a frase com o verbo ser, se ele for para o plural, o verbo da frase com se tambm ir.
Na voz passiva sinttica, o verbo concorda com o sujeito, por isso, vai para o plural se o sujeito for plural.
4- ndice de indeterminao do sujeito - IIS
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- o verbo fica sempre na 3 pessoa do singular.
Dica: para no confundir com a partcula apassivadora (item 3), perceba que a transposio para a voz passiva analtica no possvel, pois neste caso no temos verbos transitivos diretos (exceo para os preposicionados), apenas verbos transitivos indiretos, intransitivos ou de ligao. No se identifica o sujeito da frase.
Por isso, o verbo nunca vai para o plural, pois no h sujeito com o qual concordar em nmero!
Vejamos:
Precisa-se de empregados. No possvel a construo "empregados so precisados", pois o verbo PRECISAR transitivo indireto, requer a preposio de, PRECISAR DE algo;
Aqui se feliz - verbo de ligao;
Morre-se de amores - verbo intransitivo;
Trata-se de embargos de declarao. No possvel a construo "embargos de declarao so tratados", o verbo tratar est na acepo de indicar qual a questo, o que se debate, sobre o que se discorre. Sintaticamente, apresenta-se como verbo transitivo indireto, com preposio de. As estruturas trata-se de e sua afim cuida-se de so, assim, invariveis.
erro, dessarte, redigir "tratam-se de embargos..." ou "cuidam-se de embargos", equvoco comum nos textos do TRT. O verbo tratar, na acepo desta frase, transitivo indireto, requer preposio de, forma a expresso verbal TRATAR-SE DE determinado assunto, e o sujeito indeterminado.
Obs: importante evitar o excesso de uso do pronome "se" como IIS; em muitos casos, ele pode ser subtrado sem perda do sentido da frase. Ex: Para atingir nossa meta h que evitar estrangeirismos (e no para se atingir...h que se evitar).
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Verso da msica Preciso Me Encontrar, Cartola, 1976.
Quanto colocao correta na frase, o se pode ocupar trs posies em relao ao verbo - antes, depois ou no meio do verbo, ou seja, em nclise, prclise ou mesclise, respectivamente, conforme regras a seguir:
1 - nclise
De modo geral, desta forma que se deve escrever, com o pronome posposto ao verbo. Exemplo: Escreve-se carta.
Ateno para a proibio:
1- Quando houver palavra de valor atrativo de prclise, que estudaremos a seguir.
Obs: Ao usarmos o pronome em nclise, temos mais chance de acertar, pois atende maioria dos casos de colocao pronominal!
2 - prclise
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H perda da fora encltica por motivo de anteposio, aos verbos, de partculas que atraem o pronome oblquo, normalmente para efeito de eufonia (bom som). Vejamos os 8 casos em que a prclise obrigatria:
a) Em oraes negativas, pois a palavra negativa, seja advrbio, pronome ou conjuno, atrai o "se" para antes do verbo. Exemplos: Nada se far; Ela no se examina nem se deixa examinar;
b) Com as conjunes alternativas ora...ora, ou...ou, j...j, quer...quer, agora...agora, quando...quando. Exemplos: Ora se expe, ora se esconde; quando se pensa que o aumento saiu quando se percebe que ainda h muito por vir;
d) Com pronomes adjetivos e relativos que, qual, quem, cujo. Exemplos: A est o processo cujas pginas se sujaram;
e) Com certas conjunes coordenativas aditivas (nem, no s, mas tambm, que). Exemplos: No comprou nem se lembrou de pedir para comprar;
f) Com os pronomes indefinidos (algum, algum, diversos, muito, pouco, tudo, vrios etc.), quando esto antes do verbo. Exemplos: Pouco se estuda o idioma ptrio. Tudo se tem aqui, recursos materiais e humanos.
g) Com os advrbios, sempre que precederem o verbo. Exemplos: Aqui se faz, aqui se paga; sempre se pede mais, quando a comida boa!
h) Com os pronomes demonstrativos. Exemplos: Aquilo se assemelha a uma assinatura forjada;
i) Com o verbo no gerndio, precedido da preposio em. Exemplo: Nesta terra, em se plantando, tudo nasce.
Proibio:
1- No se pode iniciar um perodo com pronome oblquo. Exemplo de erro: Me deram um presente (deve-se dizer: Deram-me um presente);
3 - mesclise
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A mesclise obrigatria quando as formas do futuro do presente e as do futuro do pretrito iniciarem o perodo e sempre que, mesmo sem iniciar o perodo, no houver partcula atrativa de prclise. Exemplos: Queixar-se-ia se no estudasse muito; Alegrar-se- com as peraltices de seu beb; mesmo que nada se faa, propor-se- o projeto novo.
Dica final: a prclise predomina sobre a mesclise, que predomina sobre a nclise, embora esta colocao atenda maioria dos casos!
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As frases destacadas nos quadros so contribuio da cultura popular para
exemplificar o quanto podemos aplicar elipses(1), zeugmas(2) e contraes
s palavras e ainda assim o objetivo da comunicao se efetivar. Depende
da inteno, do contexto, do registro que temos de usar em determinado
veculo e ambiente e, claro, da criatividade, da regio do Brasil e at
mesmo em decorrncia do grau de instruo. A comdia pa, traz
expresso baiana, enquanto o dilogo ao redor do "cafezinho"
regionalismo mineiro e foneticamente se assemelha ao som de uma
galinha!
Dica 8 - Uso de "no h falar", "o mesmo" e "verso" Escrito por Ana Paula Rodrigues
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Rotineiramente, lemos em textos jurdicos as expresses "no h falar",
"no h falar-se" e afins e a surge a dvida: esto corretas? De uma
primeira impresso, fica a sensao de que falta algo na frase, de que est
capenga, com algum termo elptico... mas no est!
Podem-se usar as expresses a seguir indistintamente, so sinnimas e
todas corretas:
-No h falar;
-No h falar-se;
-No h que falar;
-No h que se falar.
Por extenso, mesma explicao serve para outros verbos, como, por
exemplo, no h confundir, no h fugir, no h olvidar.
(1) elipse - omisso de um termo facilmente identificvel, que fica subentendido pelo
contexto ou por elementos gramaticais presentes na frase. Torna o texto mais conciso
e elegante;
(2) zeugma - caso especial de elipse, quando o termo omitido j tiver sido expresso
anteriormente na frase.
buuuuu
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O fantasma no elevador assombra. Chama-se o mesmo. Cuidado com ele!
Por isso, o aviso aos usurios em todo hall de elevadores:
Comunidades no orkut e facebook foram criadas e os mais descrentes
fizeram piada do fantasma (ou seria um manaco?).
Brincadeiras parte, vamos entender o porqu dessa frase estar errada.
1. Os termos o mesmo, a mesma, os mesmos e as mesmas no podem ser usados no
lugar de substantivo ou de pronome, e sim como um reforo de um nome ou
pronome ao qual se ligam; sendo assim, concordam com o termo a que se referem,
como nos exemplos:
- Ele mesmo trouxe as provas (prprio);
- As assistentes mesmas faro o voto (prprias);
- As mesmas testemunhas esto neste processo (de igual identidade);
- Os assistentes mesmos digitaram o texto (prprios);
2. O mesmo funciona como substantivo e flexiona em gnero e nmero quando
significa "a mesma coisa" ou "a mesma pessoa" (ateno, no substitui um
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substantivo e sim o prprio substantivo):
- Nos anos que se seguiram, sucedeu o mesmo (a mesma coisa);
- Continuam as mesmas na defesa da justia (as mesmas pessoas).
3. Invarivel fica o termo mesmo se utilizado no sentido de realmente, at, ainda
que, embora, como nos exemplos:
- Mesmo doentes, vieram testemunhar;
- As testemunhas colaboraram mesmo com o andamento do processo;
- Mesmo querendo, no vamos concluir todos os votos at o encerramento do ano.
Quanto ao aviso do elevador, o erro est em ter utilizado o mesmo como substituto
de elevador, o que proibido, conforme explanao no item 1. Vrias maneiras de
se redigir o aviso seriam melhores, tais como:
- Antes de entrar no elevador, verifique se esse encontra-se parado neste andar;
- Antes de entrar no elevador, verifique se ele encontra-se parado neste andar;
- Antes de entrar, verifique se o elevador est no andar.
Mesmo raciocnio se aplica s redaes oficiais e votos no TRT. Exemplos de erro:
a) A recorrente solicitou juntada de provas, mas a mesma foi indeferida.
Frase errada porque a mesma no pode substituir o substantivo juntada.
Correta:
- A recorrente solicitou juntada de provas, mas esta foi indeferida.
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b) O juiz recebeu o processo e analisar o mesmo rapidamente.
Errado porque o mesmo est no lugar de processo mas no pode
funcionar como seu substituto. Correto:
- O juiz recebeu o processo e o analisar rapidamente.
c) Irei ao escritrio do meu advogado e l combinarei com o mesmo a melhor
defesa.
Texto incorreto pelo mau uso de o mesmo no lugar do pronome pessoal,
indica estilo fraco e falta de recursos sintticos. Ficaria melhor:
- Irei ao escritrio do meu advogado, com quem combinarei a melhor
defesa;
- Irei ao escritrio do meu advogado para combinar com ele a melhor
defesa;
- Irei ao escritrio do meu advogado. Combinarei com ele a melhor defesa.
Por fim, vejamos a notao correta para indicao de verso da folha.
Especificar que o assunto est localizado no verso da pgina (quando ela no
numerada) importante e economiza tempo, pois o leitor pode ir direto ao ponto que
interessa.
Temos em frase do tipo "as contrarrazes esto fl.21, verso" adjuntos adverbiais que
devem ficar separados por vrgula. Identificam-se dois adjuntos adverbiais de lugar, o
primeiro expressa que a informao est contida na folha 21 e o segundo, que o
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contedo tem prosseguimento no verso da referida folha.
Recomenda-se evitar o uso da notao "v." para no ser confundida com a abreviatura
de "vide" ou "veja".
Sugerimos, ento, a notao no formato a seguir:
O recurso tempestivo, fl. 121, verso e a representao est regular, fl. 45,
verso.
Por falar em verso, h um trecho do filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989,
EUA, drama, direo de Peter Weir) em que encontramos inspiradora
explanao do professor Keating a seus alunos que cabe bem neste momento
de fim de ano, vejam:
Trecho de Sociedade dos Poetas Mortos. DISNEY e BUENA VISTA. 1989
http://escolajudicial.trt10.jus.br/joomla/videos/dica8/trecho_sociedadepm.flv
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O que belo? O que vem a ser beleza?
Ao longo da histria da humanidade, essas questes sempre se fizeram
presentes e as respostas certamente foram bem diversas das que
obtemos no mundo contemporneo.
ECO, Umberto. Histria da Beleza, Rio de Janeiro: Record, 2004.
No livro Histria da Beleza, organizado por Umberto Eco, temos breve
anlise da cultura ocidental sobre o tema-ttulo desde a Antiguidade at o
Dica 9 - Esttica Textual e Vcios de Linguagem Escrito por Ana Paula Rodrigues
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sculo XX. Embora sua fonte de pesquisa se atenha Europa e no
abranja to detidamente as belezas das Amricas, partilhamos dos
mesmos ideais e podemos observar o quanto o conceito de belo continha
princpios sublimes, duradouros, nada absolutos. O que hoje se tem, ao
menos popularmente, a beleza concebida como mero produto de
consumo por vezes descartvel, fruto de processo miditico e um fim em
si mesma.
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Mron, Discbolo, 460-450 a.C.
Na Grcia antiga, o belo, o bom e o verdadeiro
eram indissociveis, exsurgindo da princpios
ticos e estticos. Ligada proporo e
harmonia, a beleza relacionava-se ao cosmo e
natureza.
Miniatura do Cdigo Manessiano, sculo XIV
Na Idade Mdia, luz e cor compunham o conceito
do belo, ligado tambm poesia. A proporo, a
integridade e a claritas (luminosidade) eram
necessrias beleza, conforme Toms de Aquino.
Surpreende saber que ao tempo em que filsofos,
telogos e msticos eram todos homens de igreja e
de rigor moralista surgiram cantos como Carmina
Burana (sculos XII-XIII) e composies poticas
pastoris em que se descreviam as belezas
femininas muito sensualmente.
Botticelli, Alegoria da Primavera, 1482
Nos sculos seguintes, passou-se a relacionar a
beleza com a mimesis: imitava-se no no sentido
de cpia, mas de representao da natureza, pois
o conhecimento do mundo visvel seria meio para
o conhecimento da realidade suprassensvel. O
simulacro tornou-se nobre porque reproduzia a
beleza.
Na Renascena, a mulher da Corte ocupava-se da
moda sem esquecer de cultivar a prpria mente
com capacidades discursivas, filosficas e
polmicas e tinha participao ativa nas belas
artes. O homem demonstrava poder e fora e
colocava-se no centro do mundo. A opulncia e a
brancura dos corpos indicava nobreza, uma vez
que fartura de alimentos era para poucos, sendo a
magreza atributo dos plebeus e ligada a pobreza,
doena e mazelas em geral, assim como as peles
bronzeadas pelo sol era indicativo de pessoa
trabalhadora braal.
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A condessa Hanssonville, 1845
O belo se manifesta na arquitetura e nas artes em geral conforme a poca e mesmo uma paisagem passa por
essa conceituao, que se transformou ao longo dos sculos at chegarmos ao minimalismo, praticidade,
funcionalidade e outros atributos relacionados ao nosso tempo, que requer velocidade at na hora de
apreciarmos a beleza! Se antes um texto podia apresentar floreios e divagaes tal qual uma vestimenta
rebuscada, hoje tem que primar pela facilidade de leitura ao apresentar perodos curtos, declaraes diretas,
conciso, preciso, simultaneamente com preocupaes de passar o mximo de informao til e ainda ser
politicamente correto.
Vila Chigi, em Centinale, Siena Caspar Friedrich, Rochedos em Rgen, 1818
Roscea norte da Catedral de Notre Dame em Paris Caspar Friedrich, Viajante diante do mar de nuvens, 1818.
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Frank Lloyd Wright, Casa Kufmann, Bear Run, 1936
O belo em temas diversos - jardim, paisagem, arquitetura
Paremos por aqui na apreciao da beleza histrica.
Vamos, afinal, nos deter nas quatro regras a seguir:
Sobre essas regras funda-se o senso comum grego da beleza, e no que
cabem perfeitamente ao nosso tema da dica?
Esttica textual
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A beleza de um texto alcana seus leitores de modo a conduzi-los
agradavelmente a mximos entendimento e compreenso da mensagem;
tem carter social e coletivo na medida em que colabora para que o
objetivo da comunicao seja atingido.
A esttica textual refere-se correo lingustica, ao esmero com que se
escreve e a aspectos tcnicos e estruturais como os estabelecidos pela
ABNT. Visualmente aprazvel, transmite o cuidado com organizao por
parte do escritor e que este se importa com seus leitores.
Boa concatenao de ideias, expresso clara e lgica do pensamento tm
implicao na aparncia: os pargrafos devem ser mais curtos, com uma
ideia central apenas.
VCIOS DE LINGUAGEM
O bom senso esttico e a procura do belo ao redigir evita os denominados
vcios de linguagem:
1 - Ambiguidade - falta de clareza no discurso, gera possibilidade de uma
mensagem ter dois sentidos.
Exemplos:
O reclamante andava de lotao, ao final do contrato j no andava
mais (no andava porque adquiriu deficincia, porque passou a ir a
p ou porque comprou um automvel?);
A presidncia noticiou aos servidores a mudana de suas funes
(foram mudadas as funes da presidncia ou dos servidores?).
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2 - Barbarismo - desvio da norma culta e uso de palavra estrangeira no
lugar da equivalente em Portugus.
Exemplos:
A empresa mantinha servio de delivery (servio de entrega);
Houve justa causa face a conduta do reclamante ( francesismo, em
portugus "em face de");
O PJE ser implantado nos diversos TRT's (anglicismo, pois em
Portugus no se usa apstrofo "s" para o plural; a forma correta
para o plural de uma sigla com o "s" ao final, sem apstrofo: TRTs,
CPFs, PMs;
O adevogado chegou a tempo (desvio da norma quanto grafia da
palavra advogado).
3 - Paradoxo vicioso - consiste numa anttese extrema intil e
desnecessria ao contexto de uma sentena.
Exemplos:
Tenho relativa certeza quanto s provas dos autos;
As crianas entraram para fora ao amanhecer.
4 - Plebesmo - uso de palavras de baixo calo, grias ou termos informais
para o contexto.
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Exemplos:
"...ver um servidor da prpria Justia Federal cuspindo no
produto...";
E a, velho, o que acha?
5 - Solecismo - desvio em relao s regras da sintaxe
Exemplos:
Fazem anos que no fao um curso de reciclagem (Faz anos ...);
Aluga-se salas nesse edifcio (alugam-se...);
Eu no respondi-lhe nada do que perguntou (Eu no lhe respondi...).
6 - Eco - dissonncia provocada pela utilizao de palavras com
terminaes iguais ou semelhantes na frase;
Exemplo: Responde pessoalmente pelo que corresponde.
7 - Cacfato ou cacofonia - encontro de slabas de palavras diferentes que
resulta num som desagradvel ou inconveniente;
Exemplos:
Tem que ter f demais para ir em frente (fede mais);
A gorjeta era dividida por cada um dos garons (porcada);
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Diz que o recorrente... (disque).
8 - Coliso - quando o uso legtimo da aliterao no convm e causa um
efeito estilstico ruim ao receptor da mensagem
Exemplo: alegada ilegalidade;
9 - Preciosismo - afetao, falta de naturalidade ao redigir;
Exemplo: Nomeou o insigne e indefectvel depositrio fiel.
10 - Arcasmo - modo de escrever antiquado, uso de vocbulos ou
expresses que deixaram de ser usuais na norma;
Exemplo: Pediu dispensa do trabalho para ir matin (matin no
se usa h um tempo).
11 - Pleonasmo vicioso - repetio dispensvel de uma ideia, redundncia.
Exemplos: - de sua livre escolha;
- lapso temporal (lapso j significa intervalo de tempo)
- conviver junto;
- h anos atrs;
- outra alternativa;
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- motivo que motivou.
12 - Prolixidade - exposio repetitiva e intil de argumentos e
superabundncia de palavras para exprimir poucas ideias. Falta de
objetividade que compromete a clareza e cansa o leitor.
Para finalizar, leiamos exemplo extremamente antiesttico de texto cuja
arrogncia e plebesmo geram reaes diversas nos leitores - certamente
nenhuma agradvel - tomado emprestado com a devida autorizao do
stio www.migalhas.com.br (link ao final):
"A tese to brilhante que deve o autor lev-la ao relator do projeto do novo
CPC para que venha a ser acolhida no novo cdigo". A ironia est registrada em
sentena do juiz Federal substituto Guilherme Gehlen Walcher, de SC, ao negar
provimento aos embargos de declarao de servidor da JF que ajuizou ao
contra a Fazenda Nacional. Mas engana-se quem acha que as "lies" do
magistrado param por a. H trechos como : " lamentvel ver um servidor da
prpria Justia Federal cuspindo no produto (sentena) da atividade fim da
instituio a que pertence, que paga seu salrio e que sustenta sua famlia". E
completa com uma "humilde" constatao : "No perco a oportunidade de
registrar que, no dia em que o embargante for aprovado no concurso de Juiz
Federal, aos 27 anos de idade, em trs oportunidades, obtendo um primeiro e
um segundo lugares (sendo que neste ltimo caso o primeiro lugar somente foi
assumido por terceiro candidato aps a pontuao dos ttulos), ter condies
intelectuais de dar lies de processo civil a este julgador (...)". mole ou quer
mais ? Leia a ntegra da deciso, com todo o destemperado arroubo do jovem
magistrado. Jovialidade que, como se sabe, o tempo d jeito de curar. (Clique
aqui)
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Cenas do Filme Matrix - Warner Bros. 1999
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O filme Matrix marcou poca. Apresentou efeitos especiais inditos,
impressionou pelo roteiro enigmtico e repleto de referncias,
arrebanhou admiradores mundo afora. Vidas saram das salas de cinema
transformadas. Produziram-se verdadeiros tratados sobre ele, de
filosficos a msticos, passando pela Psicologia e pela Informtica.
Estudiosos de todas as reas opinaram: jornalistas, cineastas, psiclogos,
semilogos, designers, financistas e intelectuais, o encanto foi geral.
Mas Baudrillard dele no gostou.
Matrix, filme de fico cientfica dos diretores Lana e Andy Wachowski
produzido em 1999, parceria EUA/Austrlia, teve como fonte de
inspirao, segundo os prprios criadores, o livro de Jean Baudrillard -
filsofo, socilogo e fotgrafo francs - chamado Simulacros e Simulao,
lanado em 1981*.
Dica 10 - Uso do acento grave - CRASE Escrito por Ana Paula Rodrigues
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Na cena destacada do filme temos a vista do citado livro, dentro do qual o
personagem Neo guarda, em um fundo falso, dinheiro e o fruto de seu
trabalho hacker.
A metfora da pelcula remete, pelo vis poltico, obra de Guy Debord,
de quem Baudrillard foi contemporneo e a quem se refere em algumas
de suas publicaes. De forma muito simplificada: o mundo em que
vivemos no real. Todas as experincias humanas autnticas so
devoradas pelo capitalismo de consumo. Depois de engolidas, so
transformadas em produtos vendidos para ns mesmos por meio da mdia
e de seus mecanismos publicitrios (que vm a ser nada mais do que uma
caixinha de ressonncia dos desejos da sociedade!). O que h
substituio da experincia prpria por outras artificiais: as que vemos no
cinema, sries, jornais, reality shows, etc e a incapacidade por inteiro de
se formular alguma opinio objetiva sobre quase qualquer assunto devido
ao excesso de informao-desinformao que satura, do isolamento
advindo da tecnologia, do ensino alienante - tudo a nos desapropriar de
nossa natureza essencial.
Baudrillard concentrou sua anlise mais profunda na comunicao de
massas e na sociedade de consumo. O desejo de incluso no sistema de
consumo a motivao por trs do desejo do consumidor em adquirir
bens; o objeto no de fato desejado. O mais belo objeto de consumo
finalmente o corpo, ns mesmos.
Os signos (signo = significado + significante) so manipulados, h infinita
reproduo e sobreposio de imagens e signos a acarretarem o
apagamento de toda a distino entre o real e a imagem. O sistema de
signos tornou-se nossa hiper-realidade. Disso deriva a perda de
significados estveis e as sociedades ps-modernas assim esto, na quarta
fase: na fase inicial, o signo reflete uma realidade. Numa segunda, o signo
Dicas de Portugus - Ana Paula Assuno Rodrigues
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mascara e altera uma realidade. Numa terceira fase, o signo encobre a
ausncia de uma realidade e numa quarta fase o signo no tem qualquer
relao com realidade alguma: ele o seu prprio simulacro.
Todos os componentes da vida humana so convertidos em um show. O
espetculo um pesadelo do qual temos de acordar.
Neo escolhe a plula vermelha. E acorda do coma. E seus olhos doem
porque pela primeira vez esto sendo usados.
Baudrillard no aprovou o filme, afirmou que os roteiristas no
entenderam o que leram e que, alis, muitos intelectuais tambm no
compreenderam seu texto e estavam a popularizar conceitos equivocados
(vide entrevista, link ao final). Afirmou que Matrix o tipo de filme que a
prpria matriz criaria e, tendo em vista a banalizao e absorvio pelo
pop, que esvaziou de significado tudo o que o filme poderia trazer e hoje a
frase "saia da matrix" virou um bordo tolo, parece que o filsofo tinha
razo.
* BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e Simulao. Lisboa: Relgio d'gua, 1991.
Enfim, ao tempo em que lemos alguns trechos do livro Simulacros e Simulao, vamos estudar o acento grave, a temida crase?
Se outrora pudemos tomar pela mais bela alegoria da simulao a fbula de
Borges* em que os cartgrafos do Imprio desenham um mapa to detalhado
Dicas de Portugus - Ana Paula Assuno Rodrigues
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que acaba por cobrir exatamente o territrio (mas o declnio do Imprio assiste
ao lento esfarrapar deste mapa e sua runa (1), podendo ainda localizarem-se
alguns fragmentos nos desertos beleza metafsica desta abstrao arruinada,
testemunha de um orgulho medida do (2) Imprio e apodrecendo como uma
carcaa, regressando (3) substncia do solo, de certo modo como o duplo
acaba por confundir-se com o real ao envelhecer) esta fbula est terminada
para ns e tem apenas o discreto encanto dos simulacros da segunda categoria
[...] o real, e no o mapa, cujos vestgios subsistem aqui e ali, nos desertos que
j no so os do Imprio, mas o nosso. O deserto do prprio real. (pg. 8)
* BORGES, Jorge Lus, Do Rigor na Cincia.
1 - verbo assistir, transitivo indireto na acepo de presenciar, requer
preposio na regncia de seu objeto. Em " sua runa" temos crase
facultativa porque antes de pronome possessivo.
2 - locuo que significa "na proporo". Sempre com crase.
3 - verbo regressar, transitivo indireto na acepo de retornar, requer
preposio na regncia de seu objeto. Objeto indireto feminino
(substncia), somem-se preposio "a" e artigo "a", temos a crase.
Dissimular fingir no ter o que se tem. Simular fingir ter o que no se
tem. O primeiro refere-se a uma presena, o segundo, a uma ausncia
(4). (pg.9)
4 - verbo referir-se, bitransitivo e pronominal na acepo de reportar-se,
requer partcula "se" e preposio na regncia de seu objeto. Sem crase
porque proibida antes de artigo indefinido (uma).
...experincia americana de TV-verdade tentada em 1971 sobre a famlia Loud:
sete meses de rodagem ininterrupta, trezentas horas de filmagem direta, sem
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guio nem cenrio, a odisseia de uma famlia, os seus dramas, as suas alegrias,
as suas peripcias, non stop resumindo, um documento histrico bruto, e a
mais bela proeza da televiso, comparvel, escala da nossa cotidianidade,
ao filme do desembarque na Lua (5).(pg.40)
5 - " escala" - locuo de base feminina.
Reunidos em congresso em Lyon, os veterinrios preocuparam-se com as
doenas e perturbaes psquicas que se desenvolvem na criao industrial de
animais domsticos. Os coelhos desenvolvem uma ansiedade mrbida, tornam-
se coprfagos e estreis. Maior sensibilidade s infeces, ao parasitismo
(6)[...]Escurido, luz vermelha, gadget, tranquilizantes, nada resulta. Existe nas
aves uma hierarquia de acesso comida (7), o pick order[...]Quis-se ento
romper o pic order e democratizar o acesso comida mediante outro sistema
de repartio. Fracasso: a destruio desta ordem simblica leva confuso
total nas aves e a uma instabilidade crnica (8). Belo exemplo de absurdo:
conhecem-se os estragos anlogos que a boa vontade democrtica pde fazer
nas sociedades tribais. Os animais somatizam! Extraordinria descoberta!
Cancros, lceras gstricas, enfartes do miocrdio nos ratos, nos porcos, nos
frangos! (pgs.160/161)
6 - sensibilidade a algo, nesta acepo requer complemento nominal e
preposio na regncia do seu complemento. Complemento feminino
(infeces), somem-se preposio "a" e artigo "as", temos a crase.
7 - acesso a algo, requer complemento nominal e preposio na regncia
do seu complemento. Complemento feminino (comida), some-se
preposio "a" ao artigo "a", temos a crase.
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8 - verbo levar, transitivo indireto na acepo de conduzir, requer
preposio na regncia de seu objeto. Objeto indireto feminino
(confuso), somem-se preposio "a" e artigo "a", temos a crase. O
segundo objeto (uma instabilidade crnica) no tem crase porque proibida
antes de artigo indefinido.
Deixo considerao (9) se poder haver um romantismo, uma esttica do
neutro. No creio - tudo o que resta o fascnio pelas formas desrticas e
indiferentes, atravs da prpria operao do sistema que nos anula. Ora, o
fascnio (em oposio seduo (10) que se agarrava s aparncias (11), e
razo dialctica que se agarrava ao sentido) uma paixo niilista por
excelncia, a paixo prpria ao modo de desaparecimento. Estamos
fascinados por todas as formas de desaparecimento, do nosso desaparecimento.
Melanclicos e fascinados, tal a nossa situao geral numa era de
transparncia involuntria.(pg. 196)
9 - verbo deixar, bitransitivo na acepo de deixar algo a algum, requer
preposio na regncia de seu objeto indireto feminino (considerao),
some-se preposio "a" ao artigo "a", temos a crase.
10 - oposio a algo, requer complemento nominal e preposio na
regncia do seu complemento. Complementos femininos (seduo e razo
dialtica), somem-se preposio "a" e artigo "a", temos a crase.
11 - verbo agarrar, pronominal na acepo de prender-se, grudar-se,
requer preposio na regncia de seu objeto indireto feminino
(aparncias), some-se preposio "a" ao artigo "as", temos a crase. Antes
da palavra masculina "sentido", proibida a crase.
O termo crase vem do grego e significa fuso: unio de duas vogais
idnticas. Graficamente, a juno de "a" (preposio) com outro
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"a" (artigo ou pronome demonstrativo) representada pelo
acento grave.
Casos:
1. A preposio a + os artigos a, as:
Exemplos:
Prefiro o horrio corrido fixao de dois turnos.
Referi-me s funcionrias do gabinete.
2. A preposio a + os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo, a(s):
Exemplos:
Dirija-se quelas funcionrias de uniforme.
Referi-me quilo que voc citou no despacho.
Referi-me s que voc citou.
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Dicas importantes:
Substitua a palavra feminina por uma masculina. Se ocorrer "ao" ou "aos" sinal de que h crase.
Exemplos:
Fui a audincia. (?)
Fui ao salo plenrio.
Correto: Fui audincia.
Substitua o "a" por "para" ou "para a". Se ocorre "para a" sinal de que h crase.
Exemplos:
Reportou a histria a juza (?)
Reportou a histria para a juza.
Correto: reportou a histria juza.
No esquea que s pode ocorrer crase diante de palavra feminina que admita o artigo "a" e que dependa de outra palavra que exija a preposio "a", ou seja:
a) Se o termo regente exige a preposio a:
Exemplo: Sou contrrio ideia de demisso do gerente.
b) Se o termo regido aceita o artigo a/as: a palestra, chegar a
Exemplo: Chegou atrasado palestra.
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Caso
Uso obrigatrio
(diga SIM)
Uso proibido
(diga NO)
Uso facultativo
(INDIFERENTE)
Antes de palavras masculinas
Quando estiver implcito moda de:
Mveis Lus 15; bacalhau Gomes
de S.
Quando subentendido termo feminino:
Vou [praa] Joo Mendes.
Viver a seu bel-prazer;
viajar a convite; escrito a lpis; traje a rigor; sesso a portas
fechadas; passeio a p; sal a gosto; TV a cabo; barco a remo; carro a lcool; avio a jato etc.
Antes de verbos
Veio disposto a colaborar.
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Antes de pronomes
De tratamento - senhora, senhorita e dona:
Dirigiu-se senhorita Alice.
Antes da maior parte deles, inclusive pronomes de tratamento:
Disse a ela que no vir;
nunca se refere a voc;
dirigiu-se a V.Ex rudemente.
Pronomes possessivos:
Enviou a carta (a) minha famlia, no (a) sua famlia.
Antes de substantivo feminino de sentido indefinido e o "a" vem antes de plural
A juza no se referiu a mulheres;
no irei a festas nessa casa.
Expresses formadas por palavras repetidas
Cara a cara; ponta a ponta; frente a frente; gota a gota.
Depois de "para", "at", "perante", "com", "contra" outras preposies
O jogo est marcado para as 16h;
foi at a esquina; lutou contra as
americanas.
Antes de cidades, Estados, pases
Foi Itlia (voltou da Itlia).
Chegou Paris dos poetas (voltou da Paris dos poetas).
Foi a Roma (voltou de Roma).
Fez pssimas referncias a Braslia.
Locues de base feminina
s vezes moda s pressas primeira vista medida que noite custa de procura de beira de tarde vontade s cegas s escuras s claras distncia
(quando
A distncia (quando esta no for determinada)
Locues femininas de meio ou instrumento:
vela/a vela; bala/a bala; vista/a vista; mo/a mo.
Prefira crase quando for preciso evitar ambiguidade:
Vendeu vista (pois no vendeu os
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determinada), etc. olhos, a vista).
Aquele, aqueles, aquilo, aquela, aquelas
Referiu-se quilo; Foi quele
restaurante; Dedicou-se quela
tarefa.
Com
demonstrativo a
A capitania de Minas Gerais estava ligada de So Paulo;
Falarei s que quiserem me ouvir.
Na indicao de
numeral de hora
determinada
A audincia ser s 13h.
Perante nomes
femininos de
pessoas
A convocao dirigiu-se (a) Maria.
Depois do termo
"at"
Iremos at (a) sesso de julgamento.
Com os termos
"casa" e "terra"
Se for determinada:
Fui casa de meus netos no mesmo dia.
Viajarei terra de meus antepassados.
Fui a casa. Ao
desembarcarmos, fomos direto a terra (terra no sentido de oposio a mar).
Leia a entrevista com Jean Baudrillard, cujo livro inspirou os
diretores da trilogia Matrix. Ao final, h referncia a o que ele
pensava sobre o Brasil:
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JEAN BAUDRILLARD
A verdade oblqua
LUS ANTNIO GIRON
O professor baixo e mal-humorado hoje uma das figuras mais populares do novo sculo. O
pensador francs Jean Baudrillard, de 74 anos, recusa-se a falar em ingls. Mesmo assim, to
popular nos Estados Unidos por causa de suas anlises sobre a cultura de massa que foi convidado
a fazer um show de filosofia em Las Vegas. E seu nome est na boca dos espectadores da trilogia
Matrix. No primeiro filme dos irmos Wachowski, o hacker Neo (Keanu Reeves) guarda seus
programas de parasos artificiais no fundo falso do livro Simulacros e Simulao, de Baudrillard.
Keanu leu o livro e costuma mencionar o autor em todas as suas entrevistas sobre Matrix
Reloaded, o novo filme da trilogia. At porque o ensaio sobre como os meios de comunicao de
massa produzem a realidade virtual inspirou os diretores de Matrix a criar o roteiro.
Baudrillard no parece ligar para a fama. Ele esteve no Brasil para lanar seu novo livro, Power
Inferno (Sulina, 80 pginas, R$ 18), e participar da conferncia 'A Subjetividade na Cultura
Digital', na Universidade Cndido Mendes, no Rio de Janeiro, onde falou com POCA. Sempre
pautado por assuntos atuais, ele analisa no ensaio os atentados de 11 de setembro de 2001 como
um ato simblico contra o Ocidente. Nesta entrevista, ele fala sobre seu pensamento turboniilista,
11 de setembro e arte. Se a realidade j no existe e vivemos um permanente e conspiratrio
espetculo de mdia, como quer Jean Baudrillard, o pensador exerce a funo de entertainer s
avessas. Ele decreta o fim dos tempos, e todo mundo vibra.
POCA - Suas idias demolidoras esto mais em moda do que nunca. O mundo ficou mais
parecido com o senhor?
Jean Baudrillard - No aconteceu nada. O resultado de um consumo rpido e macio de idias s
pode ser redutor. H um mal-entendido em relao a meu pensamento. Citam meus conceitos de
modo irracional. Hoje o pensamento tratado de forma irresponsvel. Tudo efeito especial. Veja
o conceito de ps-modernidade. Ele no existe, mas o mundo inteiro o usa com a maior
familiaridade. Eu prprio sou chamado de 'ps-moderno', o que um absurdo.
POCA - Mas ps-modernidade no um conceito terico racional?
Baudrillard - A noo de ps-modernidade no passa de uma forma irresponsvel de abordagem
pseudocientfica dos fenmenos. Trata-se de um sistema de interpretaes a partir de uma palavra
com crdito ilimitado, que pode ser aplicada a qualquer coisa. Seria piada cham-la de conceito
terico.
POCA - Se no ps-moderno, como o senhor define seu pensamento em poucas palavras? Os
crticos o chamam de pensador terrorista, ou niilista irnico.
Baudrillard - Sou um dissidente da verdade. No creio na idia de discurso de verdade, de uma
Andre Arruda/POCA
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realidade nica e inquestionvel. Desenvolvo uma teoria irnica que tem por fim formular
hipteses. Estas podem ajudar a revelar aspectos impensveis. Procuro refletir por caminhos
oblquos. Lano mo de fragmentos, no de textos unificados por uma lgica rigorosa. Nesse
raciocnio, o paradoxo mais importante que o discurso linear. Para simplificar, examino a vida
que acontece no momento, como um fotgrafo. Alis, sou um fotgrafo.
POCA - Como o senhor explica a espetacularizao da realidade?
Baudrillard - Os signos evoluram, tomaram conta do mundo e hoje o dominam. Os sistemas de
signos operam no lugar dos objetos e progridem exponencialmente em representaes cada vez
mais complexas. O objeto o discurso, que promove intercmbios virtuais incontrolveis, para
alm do objeto. No comeo de minha carreira intelectual, nos anos 60, escrevi um ensaio
intitulado 'A Economia Poltica dos Signos', a indstria do espetculo ainda engatinhava e os
signos cumpriam a funo simples de substituir objetos reais. Analisei o papel do valor dos signos
nas trocas humanas. Atualmente, cada signo est se transformando em um objeto em si mesmo e
materializando o fetiche, virou valor de uso e troca a um s tempo. Os signos esto criando novas
estruturas diferenciais que ultrapassam qualquer conhecimento atual. Ainda no sabemos onde
isso vai dar.
POCA - A disseminao de signos a despeito dos
objetos pode conduzir a civilizao renncia do saber?
Baudrillard - Alguma coisa se perdeu no meio da histria
humana recente. O relativismo dos signos resultou em uma
espcie de catstrofe simblica. Amargamos hoje a morte
da crtica e das categorias racionais. O pior que no
estamos preparados para enfrentar a nova situao.
necessrio construir um pensamento que se organize por
deslocamentos, um anti-sistema paradoxal e radicalmente
reflexivo que d conta do mundo sem preconceitos e sem
nostalgia da verdade. A questo agora como podemos ser
humanos perante a ascenso incontrolvel da tecnologia.
POCA - Seu raciocnio lembra os dos personagens da trilogia Matrix. O senhor gostou do
filme?
Baudrillard - uma produo divertida, repleta de efeitos especiais, s que muito metafrica. Os
irmos Wachowski so bons no que fazem. Keanu Reeves tambm tem me citado em muitas
ocasies, s que eu no tenho certeza de que ele captou meu pensamento. O fato, porm, que
Matrix faz uma leitura ingnua da relao entre iluso e realidade. Os diretores se basearam em
meu livro Simulacros e Simulao, mas no o entenderam. Prefiro filmes como Truman Show e
Cidade dos Sonhos, cujos realizadores perceberam que a diferena entre uma coisa e outra
menos evidente. Nos dois filmes, minhas idias esto mais bem aplicadas. Os Wachowskis me
chamaram para prestar uma assessoria filosfica para Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, mas
no aceitei o convite. Como poderia? No tenho nada a ver com kung fu. Meu trabalho discutir
idias em ambientes apropriados para essa atividade.
POCA - Quanto arte, o senhor se dedicou a analisar o fenmeno artstico ao longo dos anos.
Em que p se encontra a arte contempornea?
Baudrillard - A arte se integrou ao ciclo da banalidade. Ela voltou a ser realista, a desejar a
restituio da reproduo clssica. A arte quer cumplicidade do pblico e gozar de um status
especial de culto, situao prefigurada nas sinfonias de Gustav Mahler. Claro que h excees,
mas, em geral, os artistas se renderam realidade tecnolgica. Desde os ready-mades de Marcel
'Matrix faz uma leitura ingnua da
relao entre iluso e realidade. Os
diretores se basearam em meu livro
Simulacros e Simulao, mas no o
entenderam. Prefiro filmes como
Truman Show e Cidade dos Sonhos,
cujos realizadores perceberam que a
diferena entre uma coisa e outra
menos evidente'
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Duchamp, a importncia da arte diminuiu, porque a obra de arte deixou de ter um valor em si. Os
signos soterraram a singularidade. Os artistas se submetem a imperativos polticos, e no mais
seguem ideais estticos. A arte j no transforma a realidade e isso muito grave.
POCA - Por que o senhor escreveu tanto sobre a cultura
americana mas nunca refletiu sobre o Brasil, que o senhor
tanto adora visitar?
Baudrillard - J me cobraram um livro sobre o Brasil.
Cito-o em minhas Cool Memories (trabalho no quinto
volume) e em outros textos, mas a cultura brasileira
muito complexa para meu alcance terico. Ela no se
enquadra muito em minhas preocupaes com a
contemporaneidade, no tem nada a ver com a americana,
com seus dualismos maniquestas, um pas que se
construiu a partir das simulaes, um deserto da cultura no
qual o vazio tudo. Os Estados Unidos so o grau zero da
cultura, possuem uma sociedade regressiva, primitiva e
altamente original em sua vacuidade. No Brasil h leis de
sensualidade e de alegria de viver, bem mais complicadas
de explicar. No Brasil, vigora o charme.
POCA - O que o senhor pensa da civilizao americana
depois dos atentados de 11 de setembro? O mundo mudou
mesmo por causa deles?
Baudrillard - Claro que mudou. Nunca mais seremos os
mesmos depois da destruio do World Trade Center.
Abordo o tema em Power Inferno, uma coletnea de
artigos sobre o imprio americano e a poltica. Considero os atentados um ato fundador do novo
sculo, um acontecimento simblico de imensa importncia porque de certa forma consagra o
imprio mundial e sua banalidade. A Guerra do Iraque apenas d seqncia s aes imperiais. Os
terroristas que destruram as torres gmeas introduziram uma forma alternativa de violncia que se
dissemina em alta velocidade. A nova modalidade est gerando uma viso de realidade que o
homem desconhecia. O terrorismo funda o admirvel mundo novo. Bom ou mau, o que h de
novo em filosofia. O terrorismo est alterando a realidade e a viso de mundo. Para lidar com um
fato de tamanha envergadura, precisamos assimilar suas lies por meio do pensamento.
JEAN BAUDRILLARD
Nascimento
Reims, na Frana, em 1929
Trajetria
Socilogo e fotgrafo. Em 1966
comeou a lecionar na Universidade de
Paris X-Nanterre. Atualmente, dedica-se
a escrever e fazer palestras
Livros principais
O Sistema dos Objetos (1968), Sombra
das Maiorias Silenciosas (1978),
Simulacros e Simulao (1981), Amrica
(1988), Cool Memories I (1990), A Troca
Impossvel (1999), O Ldico e o Policial
(2000)
fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT550009-1666,00.html
Dicas de Portugus - Ana Paula Assuno Rodrigues
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O recurso indenizatrio tornou-se imexvel
Onde est o erro nessa frase? Acertou quem apontou para o vocbulo
"indenizatrio".
Dialeticidade, juridiqus, inocorrer, inobstante, infraconstitucional,
autoexecutoriedade, inexecutividade, infralegal, prefalado, contrarrazes,
autoaplicvel, inincidncia, improver, inacolher, sobrenorma, sobredireito,
investigatrio, indenizatrio, sucumbencial, logicirio, negocial, fiduciante,
insuportabilidade, mensalo, internets, faturizao, insuportabilidade,
locatcio, improvimento, invivvel, inexigir, improver, imerecer, inaplicar,
induvidar, impagar, publicizar, inconciliar, sigilosidade... sabiam que
nenhuma dessas palavras existe? Ou melhor dizendo, nenhuma foi
catalogada e dicionarizada at o momento?
A criao de palavras configura neologismo, que vem a ser o contrrio de
arcasmo. Segundo Aurlio Buarque de Holanda, "a palavra, frase ou
expresso nova, ou palavra antiga com sentido novo". fenmeno
Dica 11 - Neologismo Escrito por Ana Paula Rodrigues
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lingustico legtimo, surge por necessidades variadas e de muitas
maneiras, vejamos algumas:
1 - Neologismo semntico - quando uma palavra j existente passa a
ter nova conotao, novo significado:
Exemplos:
estou a fim de fulano (estou interessada);
vou fazer um bico (trabalho provisrio).
2 - Neologismo lexical - quando de fato a palavra nova e detm
novo conceito:
Exemplos:
deletar (eliminar);
juridiqus (linguagem do Direito).
3 - Neologismo sinttico - combina elementos j existentes na
lngua para criar um novo vocbulo, por esquema de derivao ou
composio, entre outros:
Exemplos:
infralegal; indenizatrio; sucumbencial;
dialeticidade; saudadear; desinquieto; desfeliz;
avoamento.
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TRT10 CDTEJ SCEAD
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O processo neolgico exige duas condies:
1. estruturao adequada em nosso idioma e
2. ausncia de sinnimo em nossa lngua.
Se no conveniente nem corretamente formado, o neologismo passa a ser
barbarismo e a configurar vcio de linguagem.
Para se conferir se determinado vocbulo existe oficialmente na lngua (e
no s na nossa imaginao), devemos consultar dicionrios e,
especialmente, o VOLP - Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa,
catlogo de toda a lngua Portuguesa que detm a palavra oficial e final
sobre a matria, disponvel em
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23.
Curiosidades:
"imexvel", neologismo expressado pelo ex-ministro Magri nos
idos de 1991, agora palavra oficial, consta do VOLP e de dicionrios
em geral; exemplo, pois, de legitimao pelo uso dos falantes em
geral e, por ter passado pelo correto processo de formao de
palavras de nossa lngua, chegou a ser dicionarizado.
Reparem que os verbos criados so em sua maioria pertencentes 1 desinncia (final em AR).
O verbo elencar j consta do VOLP e do dicionrio Houaiss, mas ainda no aparece no Aurlio!
O VOLP excepcionou o termo improvido como adjetivo (como verbo, no). Pode-se redigir, ento, "o recurso foi improvido" - adjetivo, mas no "o juiz havia improvido o recurso" - verbo .
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Vejamos indagao Academia Brasileira de Letras, guardi da lngua e
instituto que elabora o VOLP, e sua respectiva resposta em duas ocasies
diferentes a respeito do tema:
ABL RESPONDE
"Pergunta : Por favor, por que no encontro o termo jurdico "contrarrazes" no VOLP? termo largamente utilizado aqui no tribunal onde trabalho e sempre acreditei que o VOLP registra todos os vocbulos da Lngua Portuguesa! Obrigada Resposta : Prezada consulente, embora o VOLP procure registrar o maior nmero possvel de palavras, no h como registrar todos os vocbulos possveis de serem formados na lngua portuguesa. Est para sair a 6 edio do VOLP com a incluso de novos termos e algumas outras atualizaes. Enviaremos sua sugesto para a equipe de Lexicografia, da ABL, responsvel pela elaborao do VOLP. Pode utilizar a palavra contrarrazo."
"Pergunta : Bom dia,