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8/19/2019 3lima Miguel Nonografia
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A TRAJETÓRIA DO NEGRO NO BRASIL E A IMPORTÂNCIA DACULTURA AFRO
INTRODUÇÃO
Desde o momento em que os portugueses, levados pela escassez de mão de obra
no período colonial no Brasil, decidiram importar escravos, não tinham conhecimento
do tratamento desumano que seria impostos aos cativos. Por certo, também não
tinham ciência de que os descendentes desta raça sorida, viveriam, séculos maistarde, contribuindo para o mundo das artes, dos esportes, da política, enim, da vida
social brasileira.
Dos negros trazidos para o Brasil e eitos escravos, restou sua cultura que orgulha
não somente as pessoas que são deinidas como descendentes aro!brasileiro, mas
a todos os que vivem neste país. "ão tradiç#es, costumes, atos e mais uma
ininidade de coisas que se transmitem de orma duradoura por v$rias geraç#es.
%onclui!se que os estudos nas escolas do Brasil se apresentam pouco generosos
com relação a tra&et'ria dos negros em nosso país. (ão e)atamente por omissão,
mas pela ausência da conscientização de que o negro oi importante para o Brasil,
de que sua cultura deve ser preservada e conhecida, além de que a cultura aro!
brasileira é a de todos os que vivem neste país. *ive!se num país aparentemente
sem preconceitos raciais.
*ibra!se com gols de &ogadores negros, com m+sicas que embalam os momentos
inesquecíveis, mas ainda se convive com um preconceito retido no undo das almas.
"e&a no tratamento, se&a nos espet$culos televisivos ou teatrais, no ambiente de
trabalho, sente!se que os espaços ainda não estão devidamente preenchidos por
esta parcela tão sorida da sociedade.
b&etivou!se no presente estudo mostrar aos alunos um pouco mais da hist'ria do
negro no Brasil, sua tra&et'ria, sua vida em nosso país, sua cultura, seus momentos
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de amargura que não raras vezes se transormavam em danças, m+sicas e
momentos em que esqueciam o sorimento do dia a dia.
-eve!se ainda a intenção de conscientizar sobre o preconceito que e)iste em nossosdias. le est$ contido nas rases, nas aç#es, nos espet$culos, ou se&a, em tudo que
inluenciam a mídia. %onsidera!se ser preciso arrancar as raízes que e)istem as
pessoas que orgulham de ser preconceituosas e não compreendem o negro como
um irmão que est$ do lado do bem.
1 DEFININDO CULTURA
/ cultura é uma palavra que tem v$rios signiicados. Pode ser reerente aos
conhecimentos que uma pessoa tem sobre artes, ou se&a, ligados ao saber como
orma geral. (o entanto, no sentido que interessa como estudo e pesquisa seu
sentido é bem maior. (o im do século 010 começaram a ser deinidas as idéias de
cultura como o con&unto de modos de pensar, sentir, agir de um determinado grupo
de pessoas.
s estudiosos da vida do ser humano e das sociedades acreditam que na base da
vida social é que se encontra a capacidade de simbolizar o ser humano, atribuindo a
eles as palavras, os gestos, comportamentos, que permitem aos mesmos a
transmissão de sentimentos, idéias, e regras estabelecidas. / maneira de como se
compartilham os sentidos é o que ormam a cultura, com propriedades do seu grupo,
azendo com que se acredite nas mesmas coisas, entenda os mesmos gestos
gr$icos e saiba se comportar diante de situaç#es diversas.
%onorme observa "ouza 2344567
8 claro que muitas vezes pode haver mal!entendidos entre os membros deuma mesma cultura, assim como e possível entender coisas de culturas 9squais não pertencemos. :as no geral, para entendermos bem outra cultura,temos de passar por um aprendizado dos seus c'digos b$sicos, senãoestaremos apenas pro&etando sobe os signiicados que aprendemos na nossapr'pria ormação, ao longo do nosso processo de socialização, de nostornarmos parte de um corpo social. / cultura é algo que nos permite azerparte de um grupo e nos diiculta sermos um membro integral de um grupoque não o nosso, a não ser que nos transormemos radicalmente. 2";
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Brasil é um país rico em diversidade cultural. %onseq>ências de uma colonização
construída por diversos povos que aqui se integraram trazendo &untamente com
suas esperanças e planos, o seu patrim?nio cultura. (osso povo adotou essas
culturas em sua bagagem cultural, na m+sica, na religião, no modo de alar. Pode!se
deinir, em nível de Brasil, que a cultura que cerca seus habitantes é uma herança
social provinda dos portugueses, italianos, espanh'is, índios e negros. "obretudo os
+ltimos dei)aram sua cultura evidente principalmente considerando sua tra&et'ria
pelo Brasil, sua hist'ria carregada de sorimentos e preconceitos que se perpetuam,
ao lado da cultura, até os dias de ho&e. / hist'ria do negro no Brasil, contada nas
escolas, em sua maioria, vale!se de descrever o período da escravidão e os
horrores do caminho percorrido, e menciona supericialmente a cultura aro!brasileirae a tradição negra.
/rau&o deiniu7
Penso, por im, na ambig>idade desta nossa hist'ria de que são vítimas osnegros, numa sociedade que os e)clui dos beneícios da vida social, masque, no entanto, consome os deuses do candomblé, a m+sica, a dança, acomida, a esta, todas as estas de negros, esquecida de suas origens. penso também em como, em vez de registrar simplesmente o racasso dosnegros rente 9s tantas e inumer$veis in&ustiças soridas, esta hist'riatermina por registrar a sua vit'ria e a sua vingança, em tudo o que elesoram capazes de azer para incorporar!se 9 cultura brasileira. ;ma culturaque guarda, através de sua hist'ria, um rastro proundo de negros aricanose brasileiros, mulatos e cauzos, construtores silenciosos de nossaidentidade. não se pode dizer que não houve aetividade ou cumplicidadenessa relação. / mestiçagem é a maior prova dessa hist'ria de purasedução, da sedução suscitada pela dierença, que ameaça e atrai, masacaba sendo incorporada como convívio tenso e sedutor, em todos osmomentos da nossa vida. -udo isso é mem'ria. -udo isso az parte danossa hist'ria. ;ma hist'ria escamoteada que &$ não poder$ mais icaresquecida pela hist'ria oicial. 2/@/;A. 344=, p.6
A$ oi escrito por v$rios autores que o Brasil é um país culturalmente pobre e que a cultura
não é valorizada. "egundo eles, as escolas se restringem a assegurar aos alunos um pouco
sobre os índios, o que apesar de ser importante não é suiciente para se ensinar aos alunos,
conceito de cultura de um país. Perguntam onde est$ a cultura dos portugueses, italianos,
&aponeses, alemães que est$ limitada ao seu meio, sem que as demais regi#es tenham
conhecimento dela. (ovamente se salienta a cultua aro!brasileira como a que dei)ou mais
marcas e que se vê na quase totalidade do país.
Para se alar sobre a cultura aro!brasileira não se poderia dei)ar de mencionar o período
escravo que se constitui numa mancha diícil de apagar. 8 impossível se alar sobre a
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cultura dos negros, sua passagem pelo Brasil e seus dias atuais se não or escrito sobre a
escravidão e suas conseq>ências. ste estudo pretende abranger, entre outros assuntos, a
escravidão, seus conhecidos males, sua travessia pelo /tlCntico, seu período angustiante, a
abolição, suas conseq>ências imprevisíveis e a tra&et'ria dos negros ap's a liberdade. 8importante salientar que o Brasil carrega um amargo detalhe na sua ist'riaE oi a +ltima
nação do mundo a abolir a escravidão.
2 A ESCRAVIDÃO COMO MÃO DE OBRA
Para se alar sobre a cultura aro!brasileira não se poderia dei)ar de
mencionar o período escravo que se constitui numa mancha diícil deapagar. 8 impossível se alar sobre a cultura dos negros, suapassagem pelo Brasil e seus dias atuais se não or escrito sobre aescravidão e suas conseq>ências. ste estudo pretende abranger,entre outros assuntos, a escravidão, seus conhecidos males, suatravessia pelo /tlCntico, índio brasileiro era tão desprezível naavaliação portuguesa que o preço de cada um não ultrapassava a casa dosquatro mil!réis, enquanto o negro nunca era vendido por menos de cem mil!réis, isto na inicio da escravidão. ram, pois, os aricanos, mercadoria dealto valor na época. Para isso concorria, de certo, sua $cil adaptação a
aina agrícola, uma vez que, acostumados a outras condiç#es de vida,decorrentes de civilização maias adiantada, seus h$bitos e temperamentomuito dieriam do nomadismo indígena. F...G 2H;(/, IJK5, p. IK6
:ais tarde, apro)imadamente na década de IKJ4, as regi#es de /ngola e de %osta da
:ina orneceram escravos para o Brasil. s provenientes da %osta da :ina se destinaram
em especial 9 Bahia, enquanto que os que vieram de /ngola oram localizados na região do
@io de Aaneiro. (o século 010, oram e)portados para o /tlCntico, apro)imadamente L,
milh#es de escravos.
(a primeira metade do século 00 a região %entro cidental da Mrica e)portou I, milhão,
tendo a triste marca de ser o maior ornecedor de cativos. /s e)portaç#es de escravos
passaram a ser cada vez mais lucrativas e na região acima se iniciou uma escassez de
pessoas. %omeçaram então as capturas por outras regi#es, desde a costa até as savanas.
s portugueses comerciavam os escravos principalmente nas regi#es de Huanda e
Benguela, nas quais os capturados eram trocados por tecidos, armamentos e por
aguardente brasileira.
/s negociaç#es envolviam v$rias etapas, eram lentas e com gestos cheiosde signiicados simb'licos. s navios tinham que pagar ta)as deancoragem, e os capitães oereciam presentes para os chees locais ou
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para os representas dos reis, que moraram no interior do continente. stesgeralmente eram presenteados com tecidos inos, como brocados, veludose sedas, com botas de couro, chapéus emplumados, casacos agaloados,punhais e espadas trabalhadas, pipas de bebidas destiladas, cavalos e uma
variedade de produtos que indicavam prestigio. 2"ouza, 3445, p. J6
processo de ancoragem e da negociação dominava um grande espaço de tempo. / cada
dia as trocas de escravos por mercadorias se arrastavam. Devido a este processo lento um
navio poderia levar até seis meses para completar a carga e retornar ao ponto de origem.
/s regi#es onde viviam os que oram escravizados e trazidos para o Brasil, possuíam
costumes, línguas, organizaç#es de sociedade, religi#es completamente dierentes umas
das outras. Nuando eram condenados pelas rígidas leis da sua sociedade, capturados nas
pequenas aldeias, ou até mesmo nas pequenas guerras, nos caminhos que percorriam,
quase indierentes ao que se passava, viam perspectiva de incertezas.
"ouza descreve que 23445, p.5O67
/lém de serem aastados das aldeias nas quais cresceram e que eram o centro de seu
universo, muito poucas vezes conseguiam se manter pr')imas de conhecidos e amiliares
mesmo quando todos eram capturados &untosQ.
Depois de capturados, em sua terra de origem, os que seriam vendidos, eram ligados, uns
aos outros com elos de erro que impediam as possíveis tentativas de uga. 1niciavam a
marcha até o porto, muitas vezes açoitados. alimento e a $gua eram insuicientes, pois
não se podia gastar muito tempo para alimentação, diante da pressa dos compradores. s
maus tratos e indierença por suas vidas ocasionavam muitas mortes pelo caminho. ssas,
quando ocorriam, o cad$ver era desprendido da argola de erro e &ogado em um ponto
qualquer do caminho. s que sobreviviam eram levados ao navio, atirados nos por#es onde
os espaços eram mínimos e tão escuros que não se sabia se era dia ou noite.
mpilhados nos por#es, recebendo parcas raç#es de comida e de $gua, eranatural que o morticínio osse acentuado. Perdia!se, invariavelmente, I4Rda carga, na melhor das hip'teses, e casos houve em que morreu a metadedos indivíduos transportados. /montoados no porão, quando o navio &ogava,a massa de corpos negros agitava!se como um ormigueiro, para beber umpouco desse ar l+gubre que se escoava pela estilha gradeada de erro.
2:/%D, apud. :/@-1(", IJ=O, p. 3J6
8 importante mencionar que na medida em que a caravana de escravos se apro)imava dolocal de embarque, o n+mero deles crescia, com a adesão obrigat'ria de novos negros nas
eiras. Por serem pessoas com culturas dierentes era natural que se sentissem sozinhas na
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nova etapa da vida que se iniciava, uma vez que os escravos trazidos não se destinavam a
uma s' região. 1nelizmente sobraram poucos, quase ine)istentes relatos dos que viverem
os horrores da travessia nos navios negreiros. nquanto isso, nas livrarias, sobram obras
que tentam e)plicar, com l'gica, a pr$tica deste transporte e da escravidão. Hogo que eramcapturados e negociados com os europeus, começavam as privaç#es. Por medida de
economia recebiam uma alimentação ínima, composta de um pouco de carne seca, arinha
de mandioca e arroz.
3 A TRAVESSIA DO ATLÂNTICO E A CHEGADA DOS AFRICANOS
AO BRASIL
/ média de escravos em cada porão dos navios negreiros eram de OO4 pessoas. / viagem
durava em média OL dias, caso a viagem partisse do centro sul da Mrica. (as partidas de
:oçambique dobravam os dias da viagem assim como as mortes que podiam chegar a
34R. (os por#es dos navios, a alta de alimentação e o contato muito pr')imo, uma vez que
via&avam amontoados, o calor e a e)posição dos corpos 9quela situação degradante,
izeram com que se disseminassem as doenças. ;ma das doenças mais comuns era oescorbuto, contraída pela alta de vitamina %.
/pesar de, no inicio do século 010, as condiç#es das embarcaç#es teremmelhorado um pouco, comparando!se com os séculos anteriores, poispassaram a contar com a presença de ao menos um cirurgião!barbeiro, decapelães, de uma botica, além da separação entre homens e mulheres, asviagens continuavam sendo muito penosas, com por#es superlotados dearicanos, que se apertavam para conseguir dormir durante meses sobre ochão duro. les passavam quase todo o tempo acorrentados e, no momentodo embarque, ou ainda nos barrac#es costumavam ter o corpo marcado a
erro quente com as iniciais ou símbolos dos propriet$rios. 2:/--", 344=,p. I446
avia ainda o medo crucial do comandante do barco e de seus au)iliares, de uma revolta
dos negros. stes passaram, apesar do sacriício da viagem, a contar com solidariedade
entre eles, levada pelo convívio prolongando. %hegavam a cogitar um motim e para que isso
osse evitado, era destacado algum tripulante capaz de entender o assunto travado entre os
escravos.
primeiro passo para se alterar a tra&et'ria dos aricanos no Brasil, oi a Hei usébio de
Nueir'z, promulgada pelo mesmo, então :inistro da Austiça entreI5O5 e I53. /provada
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em O de setembro de I54 devido a pressão e)ercida pela 1nglaterra, que oi o principal
motivo para que a lei osse sancionada.
(o entanto os eeitos imediatos da lei não oram alcançados rapidamente, chegando a haveruma intensiicação na entrada de aricanos ilegalmente no Brasil, ap's a promulgação da
Hei. /s press#es se tornaram mais intensas e o tr$ico interno de escravos continuou nas
províncias do @io de Aaneiro e "ão Paulo, que eram os mais produtivos no que se reere ao
cultivo do caé.
s motivos alegados pelo então :inistro, para sua Hei, não se revelavam simplesmente por
quest#es humanit$rias. )plicando as raz#es, e)planava que centenas de azendeiros, em
especial os do (orte do 1mpérioQ atravessavam um período de diiculdades com dívidascontraídas com traicantes de escravos.
avia, em sua maioria, os que hipotecaram suas azendas com grandes traicantes
portugueses. /legava assim que as possibilidades eram imensas de grandes propriedades
territoriais saírem das mãos de seus legítimos donos e se transormarem em territ'rios de
especuladores e traicantes. @eeria!se assim aos portugueses numa clara alusão 9s
possibilidades de os lusos voltarem a ameaçar a soberania nacional.
utra razão demonstrada por usébio de Nueiroz para sua Hei era a de que se 1mpério
continuasse autorizando a entrada de cativos aricanos em grande quantidade, como até
então, poderia haver um desequilíbrio quantitativo entre pessoas livres e escravos, o que
ameaçaria os brancos. / sociedade icaria desprotegida diante do grande n+mero de
escravos que poderiam, a qualquer momento, rebelar!se e sua insurreição espalharia o
terror entre os cidadãos.
Huna descreve7
/ importação não cessou até as vésperas da /bolição. mbora vigorassemleis proibitivas, os negreiros sempre encontravam meios de burl$!las,geralmente, com a complacência das pr'prias autoridades, o que não é deestranhar, sabendo!se que a classe dominante era constituída de senhoresde escravos, azendeiros de caé e donos de engenhos, seus parentes eaderentes, transormados, de uma hora para outra, em nobres da %ol?nia edo 1mpério F...G 2H;(/, IJK5, p.J56
4 OS ESCRAVOS NOS PORTOS BRASILEIROS
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Depois da incerta e terrível viagem chegavam os aricanos aos portos do Brasil. ram
retirados dos por#es e repartidos aos lotes independentemente de serem ou não da mesma
região, parentes, pais, mães ilhos ou não. (ão se dava importCncia a estes atos, era comose eles não tivessem alma, sentimento, amor ou ossem insensíveis a dor, a ome, aos maus
tratos.
s traicantes sempre traziam alguns escravos a mais, em n+mero superior as encomendas
para serem vendidos nas eiras ou leil#es. Desembarcavam quase sem roupas, com apenas
uma ai)a de tecido cobrindo uma parte do corpo. s cabelos e a barba eram cortados,
determinava!se que tomassem um banho, recebiam algumas toscas roupas de tecido
grosseiro, para que melhorassem a aparência e pudessem alcançar um maior preço no:ercado. ste era um imenso rancho, semelhante a uma cocheira. s que apresentavam
um quadro de debilidade em virtude de doenças adquiridas no transporte eram isolados e
recebiam cuidados, para mais tarde, serem oerecidos aos compradores.
(o @io de Aaneiro o :ercado icava em *alongo, pr')imo da Praça :au$. S porta do
:ercado colocavam um cartaz onde se anunciava7 negros ortes, bons e moços, chegados
na +ltima nau.Q 2:/%D, IJ=O6
/ chegada dos compradores azia parte de um ritual considerado inconcebível nos dias de
ho&eE os m+sculos dos negros eram apalpados, tinham os l$bios levantados para o e)ame
dos dentes e eram obrigados a saltar, dançar, para que osse e)aminado seu vigor ísico.
/ arte de comprar e)igia e)periência do comprador. avia a prova do suor. comprador
passava o dedo pelo corpo do escravo e)posto e lambia para sentir se era suor verdadeiro
ou eeito de algum 'leo para tornar a pele brilhante, uma vez que o suor na pele do escravo
representava bom estado de sa+de. "ua barriga era apertada para detectar dor que
maniestasse alguma doença, seu peito era escutado, todo o corpo e)aminado.
Nuando se tratava de mulher, os seios eram bem e)aminados pois poderiavir a servir como ama de leite e bem assim as n$degas. -inha!se interesseem negras do traseiro grande, bem servido de carnes, porque isso era Tdiziam T indicio de orça, sa+de e qualidade de boa parideira, capaz de darnovos escravos ao senhor. 2:/%D, IJ=O, p. L36
/lguns aricanos, no caso de serem descartados, eram levados em comboios em barcos ou
a pé, em direção 9s cidades do interior onde seriam vendidos a tropeiros, a preços menores,conigurando!se assim o tr$ico interno de escravos.
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preço dos escravos era deinido pelo se)o, idade e especialização, mas dependia,
sobretudo, de sua condição ísica. destino dessas peças estava nas mãos dos senhores,
que podiam alugar, vender, hipotecar, segurar ou penhorar suas novas propriedades.
preço dos escravos variou muito durante os quatro séculos de sua comercialização. /p's oinal do tr$ico, em I54, o valor dos cativos dobrou, quase inviabilizando a sua utilização.
;m escravo homem e adulto podia valer mais do que uma casa na cidade ou três toneladas
de caé. 2:;@/, IJJK6
O.I 1(U%1 D/ (*/ *1D/ "%@/*/
s senhores nomeavam os aricanos que eram comprados e passavam a ser mercadoria,
da seguinte maneira. s que não entendiam, não alavam português e desconheciam os
costumes da terra, eram considerados os boçais. s que aprendiam a língua portuguesa, os
costumes da nova terra e desempenhavam as unç#es que lhe eram determinadas eram
chamados de ladinos. s que nasciam no Brasil e tinham o português como sua primeira
língua alada e se comportavam dentro dos padr#es portugueses, diante de seus donos,
eram chamados de crioulos.
(o século 010, a maioria era levada para trabalhar nas plantaç#es de caé. :as também as
cidades, a essa altura, maiores e com mais necessidade de trabalhadores, absorviam!nos
em grande quantidadeQ. 2";
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utro ato digno de descrição era a desproporção entre homens e mulheres escravos. ste
ato diicultava os casamentos entre eles, sendo as uni#es pouco toleradas pelos senhores.
(o entanto, em I5KJ oi criada uma lei que proibia que o marido osse separado da mulher edos ilhos com idade inerior a quinze anos.
escravo era considerado um patrim?nio, uma demonstração de ostentação. Perder um
escravo signiica um pre&uízo de grandes proporç#es. m I5KL uncionava no @io de
Aaneiro a %ia. :+tua de "eguro de *ida dos scravos, que se incumbia do ressarcimento,
ao senhor, dos pre&uízos causados por alguma eventual perda. (os conventos havia
escravos e ('brega, em carta ao @ei, pedia escravos.
:acedo descreve7
s conventos, a "ociedade de Aesus, rades e padres individualmente possuíam escravos,
por mais diícil que se&a entender como podiam conciliar a doutrina de %risto com a
e)ploração do homem pelo homem. 2:/%D, IJ=O, p. LK6Q
5 AS REVOLTAS DOS NEGROS CONTRA A ESCRAVIDÃO
/ vida dos escravos não era s' submissão. /pesar de se deinirem os cativos como pessoasque apenas aceitavam os maus tratos e a índole violenta da maioria dos senhores, havia
entre eles os que se rebelavam e carregavam consigo o dese&o de vingança. /s reaç#es
podiam se constituir em ugas, revoltas, massacres contra a amília dos seus donosE até as
mais pacíicas, como a negociação de uma carta de alorria. sta poderia ser mediante a um
pagamento em ouro ao seu propriet$rio, assim como poderia ser adquirida gratuitamente.
(o entanto, a carta era revog$vel em qualquer das duas hip'teses.
:attos descreve7
/ maioria das cartas de alorria era onerosa, pelas quais o escravo deveriapagar uma quantia em dinheiro para ressarcir o pre&uízo do propriet$rio ourecompens$!lo indiretamente com a prestação de serviços, permanecendoem sua companhia até a morte, servindo e não ser ingrato ou dar desgosto.2:/--", 344=, p I33.6
/s ormas de resistência não partiam apenas de grandes e programadas insurreiç#es, de
levas de escravos. (a sua maioria eram de pequenos grupos ou até mesmo de escravos
solit$rios que se aventuravam, embrenhando!se nas matas e não poucas vezes morriam de
ome, isso quando não retornavam ou eram resgatados. $ de se considerar que ap's a
revoltas de escravos em certos lugares, em alguns casos passou a haver um temor da orça
dos grupos que se uniam e na calada da noite plane&avam revoltas.
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(ada havendo mais nada a perder, ameaçavam a integridade ísica das amílias dos
senhores trazendo!lhes grandes inquietaç#es. Nuando algum escravo tentava uma uga
rustrada, em alguns casos, logo que era capturado por um %apitão do :ato, diante doscastigos que lhe seriam aplicados, tentava o suicídio. banzo era o mais comum deles.
%onstituía na ingestão de terra, dia ap's dia, levando!o a uma morte lenta. Por imposição
dos senhores, o escravo passava a portar uma m$scara de landres com uma espécie de
tranca na nuca, que lhe cobria a boca, evitando assim que ele ingerisse qualquer tipo de
bebida ou alimento anormal.
utro modo de suicídio era por aogamento que além de os livrarem da vida amarga e dos
castigos que lhe eram impostos, acreditavam que morrendo nas $guas dos rios, libertariama alma para azer a travessia de volta 9 sua terra.
%onorme escreve :oura7
/ escrava /nast$cia permanece na mem'ria popular como uma mulher que, ao reagir ao
cativeiro, oi obrigada a usar permanentemente uma dessas m$scaras.Q
(MOURA 1!!" #$ 22%$
Diante das ugas era preciso tomar alguma medida que as contivessem, tendo a duplainalidadeE recuperar o escravo e dar uma lição aos que ainda pensavam em se aventurar a
cometer a uga. "urgiu então a igura dos %apitães do :ato. stes eram contratados para
capturar os escravos nas matas ou onde estivessem, mediante recompensa. "eu prestigio
social entre os escravos, evidentemente, era mínimo, assim como ob&eto de vingança por
parte dos mesmos, se por um acaso lhe caíssem nas mãos.
:as eram também considerados inimigos da sociedade pela unção ign'bil que
desempenhavam. :uitas vezes denominados de cães perdigueiros, podiam ser e)!escravos, assim como pessoas que deviam avores ou dividas aos azendeiros e pagavam
assim, com seu repugnante trabalho, as obrigaç#es contraídas.
Diante das vinganças impostas pelos escravos quando conseguiam, numa inversão de
papéis, capturar um capitão do mato, a proissão dei)ou de causar interesse. ouve casos
de azendeiros que icavam est$ticos diante das ugas maciças de escravos e chegavam a
oerecer a enorme quantia de duzentos mil!réis para quem desempenhasse a unção.
%onorme pensamento de Huna7
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:as quando as ugas se tornaram calamidade nas azendas paulistas, havia quem pagasse
até duzentos mil!réis 9 pessoa que capturasse um escravo oragido.Q 2H;(/, IJK5, p.III6.
.I " N;1H:B"
s escravos que conseguiam ugir, quando não eram recapturados, passavam a viver nos
quilombos. (o início, apenas aglomerados de palhoças entregues a pr'pria sorte e sem
uma organização que os protegessem. que inicialmente representavam apenas um
esconderi&o de negros que temiam uma captura passou a ser o seu mundo temido pelos
brancos que por ali se aventurassem. s rebelados, agora livres, passaram então a pensar
não s' na sobrevivência, mas em assaltar, matar quando osse preciso, espalhando o
pCnico entre as cidades. /s azendas mais vulner$veis eram saqueadas e se carregavam
mantimentos, armas, munição e em alguns casos, escravos das senzalas que se
dispusessem a acompanh$!los.
/ partir de I=O4 todas as habitaç#es com mais de cinco pessoas eram consideradas um
quilombo. avia quilombos com mais de vinte mil pessoas, ormando uma verdadeira cidade
onde &')' *+ #,-., /,+*+ 0* ' *-'+-.' ' 0*'0* 0*),+6,7 ' 8'
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tempo, a ser um verdadeiro e)ercito de guerrilheiros negros. ram milhares de pessoas
dispostas a viver em liberdade em seu pequeno mundo e temidas por todos.
s locais escolhidos para a construção dos quilombos eram geralmente pr')imos a $reasbem servidas de $gua. Pelo lado de ora da comunidade eram abertos ossos onde eram
colocados troncos com pontas aiadas, com o ob&etivo de impedir a passagem de estranhos
que por ali se aventurassem. (os grandes quilombos como Palmares e
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" A CULTURA E AS RELIGIES DOS ESCRAVOS NAS SEN?ALAS E
UILOMBOS
s aricanos, apesar dos percalços da vida escrava, dos maus tratos, &amais abandonaram
seus costumes e sua religião. (ão obstante o trabalho estaante, o pequeno ciclo de vida, o
escravo teve seus momentos de diversão. rganizavam suas estas, os adornos no corpo e
esquecendo temporariamente seus desencantos com a sorte, em estas, lembravam suas
origens. ;ma das mais típicas e interessantes era a do @ei do %ongo, também conhecida
por %ongada, esta ao mesmo tempo proana e religiosa.
(a sua m+sica, os sons e as e)press#es eram carregados de sorimento e aziam umcurioso contraste com os raros momentos de alegria. / língua de origem sobressaia no
canto. %om autorização dos senhores, os escravos organizavam pequenos desiles em
torno da casa grande, dançando e cantando. / %ongada tinha um rei, eleitos pelos
companheiros, uma rainha, os príncipes, os idalgos e os embai)adores.
"obre a cultura dos escravos sabe!se que a arte de cantar e dançar ez parte de sua alma
sorida. utra dança muito apreciada era o batuque, batidas de tambores e demais
primitivos instrumentos de percussão que acompanhavam as danças.
;m bambolear sereno do corpo, acompanhado de um pequeno movimento dos pés, da
cabeça e dos braçosQ 2:/%D apud /H:1D/, IJ=O, p. K36.
Aongo era uma dança apreciada pelos cativos em virtude do grande n+mero de
participantes, além de ser uma e)ibição de talentos individuais de cada um. cantador, com
um chocalho que ele mesmo agitava, embalado pelo som de três tambores, situava!se no
meio de uma roda. %antava um verso que era respondido pelo coro, enquanto sapateava
reneticamente.
Nuase ao inal do coro o cantador passava a participar do circulo de pessoas que
respondiam e um assistente ia para o centro da roda vazio. novo cantador cantava os
versos que poderiam ser repetidos ou não, dependendo de sua habilidade. /contecia de, 9s
vezes, um homem era provocado por uma mulher que dançava no centro da roda, travando!
se entre os dois um duelo de dança e sapateado entre os dois.
utra dança nascida nas senzalas da Bahia oi o Hundu. ra marcado pela introdução de
palmas e pelo movimento do corpo de orma constante. ra também chamado de umbigada,
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uma vez que era realizada aos pares e em determinados momentos os corpos dos
participantes avançavam um em direção ao umbigo do outro. *eio para o Brasil diretamente
de /ngola e do %ongo e era ob&eto de estimação entre os escravos. %om o passar o tempo
oi introduzido na sociedade, chegando a ser perseguida e posteriormente proibida pelasautoridades que viam nela uma sensualidade e lascívia pouco coerentes com a época.
%omo m+sica era dolente e sentimental, como coreograia era sensual.
s participantes desta dança acham!se sentados 9 espera do início doolguedo. ;ma mulher levanta!se e dirige!se para o centro do círculo, commeneios provocantes. ;m homem teve a atenção despertada pelos seusrequebros e segue seus movimentos. s instintos entram em ebulição. avol+pia apodera!se dos dançarinos em escala crescente. dançam emvolteios sensuais até que a mulher cai nos braços do homem e cobre orosto com um lenço que traz, para ocultar a sua emoção. 2:/%D. IJ=O.
pE K6
utra cultura trazida pelos escravos oi a capoeira, que mistura luta, dança, cultura popular
e m+sica. Desenvolvida no Brasil, é caracterizada por golpes e movimentos $geis e
comple)os, utilizando os pés, as mãos, a cabeça, os &oelhos, cotovelos, e algumas vezes,
golpes deseridos com bast#es e ac#es. ;ma característica que a dierencia das artes
marciais é o ato de ser acompanhada por m+sica. "eu desenvolvimento se deu durante a
escravatura, certamente com inalidade de e)travasar sentimentos e paralelamente
perpetuar a cultura.
/ capoeira oi, no inicio, praticada nas senzalas, 9 noite, ocasião em que os escravos
icavam com os braços acorrentados. Austiica!se assim o ato de a capoeira ser praticada
com os pés. (o entanto e)iste outra versão para a origem da capoeira. ra quando os
negros, denominados negros de ganho, escravos ou libertos que vendiam alimentos pelas
ruas viam as perspectivas de suas mercadorias serem roubadas. Para protegerem sua
mercadoria movimentavam o corpo numa coreograia dierente e com o movimento brusco
dos pés, aastavam os que os ameaçavam. %omo sua mercadoria icava em cestoschamados de capoeiras, os movimentos de deesa passaram a ter este nome.
/lguns historiadores escreveram que o Nuilombo dos Palmares certa vez se deendeu dos
invasores portugueses em busca de escravos amotinados, utilizando as habilidades de
capoeiristas. /pesar de armas dos oponentes e de maior n+mero, oram necess$rias v$rias
outras incurs#es ao local para derrotar a técnica de ginga, braços e pernas.
/ cultura se perpetuou ap's a Hei Murea e passou a ser não mais um esporte praticado por
negros. m IJL3 a primeira academia de capoeira do Brasil oi undada em "alvador, Bahia,por :estre Bimba, apelido dado a :anoel dos @eis :achado, que desenvolveu uma técnica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lutahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dan%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dan%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_popularhttp://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bast%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bast%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Fac%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_marciaishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_marciaishttp://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dan%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_popularhttp://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bast%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Fac%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_marciaishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_marciaishttp://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Luta
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dierente que dava mais elasticidade e acrescentou movimentos de artes marciais. Passou a
ser um &ogo matreiro, cheio de malícia no qual a violência cedeu seu lugar a ludibriarão.
:attos e)plica7
/ capoeira pode ser vista, da mesma orma que as irmandades religiosas eas reuni#es em batuques, como um espaço construído por escravos elibertos, aricanos e crioulos, para encontros e airmação de apoio e desolidariedade entre os membros de um mesmo grupo. sses gruposdistintos de capoeira eram conhecidos por maltas. F...G 2:/--". 3445,p.I56
/p's dias e dias de trabalho penoso, normalmente aos domingos, dias santos e estas
religiosas, escravos e libertos deslocavam!se de seus recantos e azendas indo para
povoados e cidades para se encontrar com seus companheiros aricanos de v$rias origens e
crioulos. /li se divertiam e compartilhavam costumes e maniestaç#es culturais.
sses encontros eram quase sempre incentivados ou tolerados pelos propriet$rios, uma vez
que se temia que a proibição poderia gerar um descontentamento que levaria a uma
rebelião, ato que estava se tornando comum na épocaE quem se diverte não conspiraQ,
alegavam os mais compreensivos. /s maniestaç#es eram severamente vigiadas pelos
membros da sociedade branca temendo que os e)cessos e o desconorto que lhe causava
se transormassem numa perigosa revolta, uma vez que eram muitos negros em liberdade
nas ruas.
batuque era uma maniestação cultural marcada pela m+sica e pela dança. Depois de
alguns anos o batuque oi incorporado 9 pr$tica da religião cat'lica ao ser realizado em
rituais e estas em homenagens aos santos. Para os aricanos a m+sica e a dança tinham
uma ligação com o mundo religioso, sendo que através delas, se comunicavam com o
mundo espiritual.
ouve uma época em que o batuque era controlado rigorosamente pelas autoridades, como
&$ oi destacado anteriormente, uma vez que era uma ocasião oportuna para uma revolta. /s
autoridades eclesi$sticas também, não viam com bons olhos a pr$tica do batuque
envolvendo a religião cat'lica, condenando o que chamavam de costume b$rbaro e imoral
que, movido pelos instrumentos e ritmos, levavam as mulheres a movimentar reneticamente
o corpo, em especial, as ancas.
Voram diversas maniestaç#es culturais que marcaram a época dos escravos. Dependiam
ainda das regi#es. bumba!meu!boi, o maracatu, o busca!pé, eram culturas que se
sobressaiam mais no norte e nordeste. (o sudeste era mais comum o lundu e batuque.
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K.I /" @H1W1X"
S medida que o aricano se integrou 9 vida do brasileiro tornou!se aro brasileiro e mais que
isso, tornou!se um brasileiro. termo aro!brasileiro é usado para indicar produtos das
mestiçagens de ascendentes portugueses e aricanos. /lém dos traços ísicos, nas danças,
na m+sica e na religiosidade é que encontramos a presença dos aricanos no nosso sangue.
/ religião tem presença marcante na cultura aricana. /s religi#es oram transormadas, ritos
e crenças de alguns povos se misturaram a outros. ouve uma disseminação dos
calunduzeiros que eram pessoas que reverenciavam espíritos com capacidade de proteger
e de orientar aos que a eles recorriam. s mais conhecidos e de comprovada orça &unto
aos espíritos, eram procurados até por brancos, senhores de escravos. -odos que tinham &$
esgotado os recursos da medicina viam nos calunduzeiros a +ltima esperança para seus
males.
Durante o século 010 oram substituídos por pais e mães!de!santo nos candomblés e das
umbandas. /s religi#es aro!brasileiras cresceram sempre, não apenas levadas pelo
aumento crescente da população, mas também pelo n+mero de adeptos que crescia a cada
dia. (os ritos a presença aricana é evidente quando se observa, nos terreiros de
candomblé e umbanda, a postura dos corpos, os gestos, a dança em circulo, sempre sob o
som nost$lgico dos tambores. /li$s, estes são considerados sagrados e não podem ser
tocados por qualquer um.
F...G s ritmos acelerados que os tocadores tiram deles acompanham otranse dos médiuns, por meio dos quais as entidades do além semaniestam, req>entemente assumindo posturas corporais e vozesdierentes. %ada ritmo permite a incorporação de uma entidadesobrenatural, que tem toque, cores, adereços, roupas, comida e gestospr'prios. %ada terreiro tem seus ori)$s e espíritos, cada médium recebedeterminadas entidades, em n+mero limitado. ";
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Possuíam conhecimento de técnicas medicinaisQ. stas nada mais eram do que ervas,
rutos e produtos naturais encontrados acilmente nas regi#es. s curandeiros eram
considerados eiticeiros ou bru)os, mas com grande orça diante de doenças que eram
consideradas incur$veis.
(o entanto, não oram apenas as religi#es de origem aricana que a&udaram a construir
identidades. /os escravos oi ensinado o catolicismo, como obrigação dos senhores para
compor novas comunidades negras com devoção a algum santo. s principais santos de
devoção das irmandades de negros eram (ossa "enhora do @os$rio, "anta igênia e "ão
Benedito.
/lém do culto aos santos, os escravos começaram a valorizar os irmãos mortos, as missasem avor de suas almas, e amparavam as amílias desconsoladas. Hentamente os negros
se incorporaram ao mundo cat'lico, passando a crer que eram possuidores de almas. (o
inicio a religião cat'lica oi imposta aos escravos como religião oicial e obrigat'ria. /nos
mais tarde com inalidade de atrair os negros livres para a religião cat'lica, oram
canonizados alguns santos negros e oram incorporadas maniestaç#es culturais de origem
aricana aos rituais cat'licos.
"egundo "ouza 23445, p.LJ6utro sinal de que o catolicismo muitas vezes passou a azer parte da intimidade e da vida
cotidiana de aricanos no Brasil são algumas imagens de santos cat'licos, esculpidas em
madeiras e 9s vezes em osso.Q
A VIDA OS COSTUMES E A CULTURA PÓS LIBERDADE
-oda a hist'ria do Brasil que se conhece, com raras e)ceç#es, ainda não aproundou na
tra&et'ria da raça negra em nosso país. / decantada abolição da escravatura não conseguiu
livras os negros da discriminação racial e suas conseq>ências, tais como, a e)clusão e a
miséria. / discriminação de aspectos cruéis e eeitos inimagin$veis emergiu ap's treze de
maio. / opressão continuou durante v$rias décadas.
abandono intelectual e econ?mico aos negros recém libertados oi um ponto crucial parao aparecimento das avelas, da subcultura, da pobreza trazendo a eles o desencanto com a
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liberdade. /s inquietaç#es com relação 9s senzalas se perpetuaram no que se reere a
avelas. %omo traduz a rase contida no samba enredo da :angueira de IJ557 Hivre do
açoite da senzala, preso na miséria da avela.Q 2"ilva, IJ556
F...G /s diiculdades da ap's!/bolição, com a grande massa de libertos semter o que azer, entregues 9 pr'pria sorte, não oram cogitadas no momentodevido e tiveram como resultado a desorganização geral que se veriicoudepois, pre&udicando undamentalmente a vida nacional.2H;(/, IJK5, p.34L6
/ abolição oi decretada no Brasil sem que se preparasse para ela. /s conseq>ências oram
inevit$veis. s resultados decepcionaram os que lutavam para que ela se concretizasse.
:esmo os abolicionistas &$ não acreditavam no sucesso daquele ato. / Hei não previa nada
que trou)esse aos escravos libertos, uma garantia que lhes garantisse algum direitoadicional. :uitos negros continuaram na condição de escravos, não por dei)ar de entender
a situação em que se encontravam, mas por alta de opção.
%onorme descrição de Huna 2IJK5, p.34=67
Da cidade oi o negro, realmente, escorraçado. %om a intensiicação daimigração, os trabalhadores estrangeiros, que gozavam da preerência dosempregadores, passavam a se concentrar nos centros urbanos maisdesenvolvidos. / região sul, pelas suas condiç#es climatéricas e melhorespossibilidades oerecidas pelo mercado de trabalho, oi a que mais atraiu oimigrante europeu. /s cidades de "ão Paulo, %uritiba, e Desterro 2ho&eVlorian'polis6 oram, aos poucos, transormando velhos h$bitos e costumespelo processo de europeização. S medida que isso acontecia, aumentavamas diiculdades para negros e mulatos no mercado de trabalho, atingindotambém os demais.
s grandes caeicultores da época p's!abolição receavam que houvesse, por parte dos
negros, algum tipo de reação levada pela recente liberdade e pela lembrança da violência
que se constituía numa erida ainda não cicatrizada. De acordo com os pensamentos da
época, havia ainda uma orte tendência a se tomar medidas consideradas como a que
chamavam de branqueamento do povoQ. 1sso s' seria possível com a e)clusão dos negros
da sociedade, considerando!os um obst$culo aos est$gios avançados da sociedade.
(ovamente percebe!se que a abolição não livrou totalmente os negros, pois se acreditava
que o Brasil s' atingiria o nível das naç#es desenvolvidas se eliminasse o lado aricano do
país. @estava, aos e)!escravos, poucas opç#es de sobrevivência. Deparava!se com o
desemprego, a ome, as diiculdades e com uma rotina que havia melhorado sua vida, mas
não como sonhavam.
e)!escravo que trabalhava no campo muitas vezes preeriu permanecer
nas $reas rurais, ocupando pequenos pedaços de terra, geralmente em
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sistema de parceria nos quais cedia parte de sua produção ao dono da terraque cultivava. :as ao longo do século 00, e principalmente a partir dadécada de IJL4, a migração de negros e seus descendentes rumo $scidades cresceu cada vez mais. les geralmente desempenhavam as
unç#es mais subalternas, uma vez que s' alguns poucos aro!brasileirosconseguiam se educar, prosperar nos neg'cios e ascender socialmente.2";
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quilombada, ou se&a, a interpretação iel de sua identidade como descendente aro
brasileiro.
/tualmente os quilombos são considerados territ'rios de resistência, não contra osinvasores armados e dispostos a uma luta sangrenta, mas outro tipo de resistência
aquela cultural para manter grupos étnicos e raciais vivos com orça suiciente para
perpetuar sua hist'ria.
"em se ater a ritos religiosos, estas, danças e m+sicas observa!se a culin$ria
brasileira, em especial na Bahia, onde o uso do azeite de dendê e o uso da pimenta
leva os descendentes aro a acreditarem que seus ancestrais se esqueciam
momentaneamente de seus dissabores.
/cara&é, vatap$, alu$, )in)im de galinha são alguns pratos que não são apenas
nomes e)'ticos, mas velhos sabores que enriquecem a gastronomia. inhame, o
car$, a banana, também azem parte de uma hist'ria que dei)ou um legado que não
se abateu diante do tempo.
5.I / :"-1Y/W:
/ mestiçagem oi um processo natural, diicilmente tolerada pela maioria das épocas
passadas e pouco paciica. 1niciou!se com a submissão das negras escravas diante
de seus donos brancos que eram propriet$rios, não somente das terras, mas dos
corpos das escravas que lhe interessavam.
*endo dessa maneira tem!se conhecimento de que a mestiçagem não oi um ato
programado e sim uma imposição do dono diante da mercadoria disponível.
Procede!se assim a construção lenta do mestiço. avia casos em que ilhos
mulatos, resultado do cruzamento do senhor com a escrava, eram alorriados,
aprendiam algum oicio, mas não herdavam terras, pois elas estariam disponíveis
apenas aos ilhos legítimos e brancos.
F...G /ssim, quando alamos em mestiçagem do povo brasileiro, estamos nosreerindo basicamente 9s misturas entre aricanos e os povos que elesencontraram aqui, principalmente portugueses e indígenas. Voi essa
mestiçagem que, apesar de atormentar as elites brasileiras que tentaramdiluídas com outras misturas, se imp?s como conseq>ência da importaçãode cerca de milh#es de aricanos ao longo de mais de trezentos anos.2";
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/ssim que o brasileiro dei)ou a personalidade radical com relação aos negros,
considerados ainda como uma raça inerior que perdeu sua inalidade no país,
iniciou!se uma tímida valorização dos mulatos. ssa importCncia ez com que se
aumentassem os relacionamentos entre brancos, negros e os pr'prios mulatos
acentuando a mestiçagem. ouve também uma contribuição para que se
perpetuasse a cultura aro!brasileira e embora os mestiços tivessem o devido
reconhecimento, os preconceitos contra todos ainda perduraram por muitos anos.
! OS PRECONCEITOS AOS AFROBRASILEIROS NOS DIAS DE
HOJE
)iste um questionamento requente sobre o preconceito contra os negros no mundo. m
especial, no Brasil constata!se que, por ter sido seu trabalho a orça motriz que impulsionou
o progresso das classes dominantes séculos atr$s, oi o que deu a eles esta situação de
desigualdade diante dos brancos. /s disparidades são evidentes no aspecto social e
aliadas a esta desproporcionalidade convive!se com o preconceito.
(as novelas e ilmes ainda causa espanto uma atriz branca viver um papel em que mantém
um relacionamento mais intimo com um ator negro. %erta vez, da Wonçalves, esposa do
ator :ilton Wonçalves que é de descendência aro, disse, em tom de desabao, que gostaria
de ver seu marido não se limitar a papéis de escravos ou bandido, mas sim bei&ando alguma
atriz loura das novela da oito. s papéis desempenhados pelos negros nas novelas, na
maioria das vezes são de bandidos ou de empregados em unç#es humildes.
n+mero de pessoas brancas bem sucedidas suplanta enormemente o n+mero de pessoas
negras. (ão seria uma situação anormal se não osse a mentalidade repleta de ironia de
que as coisas eitas pelos negros são mal eitas, ou então quando se reere a um negro
como pessoa de bom car$ter, ala!se7 é um negro da alma branca.Q numa declaração de
que o negro para ser bom tem de ter, necessariamente, alguma coisa branca. "ão coisas
ditas quase sempre sem maldade, mas que demonstram um preconceito enrustido em cada
um.
F...G m nosso país, apesar de todos se dizerem avessos ao racismo, nãoh$ quem não conheça cenas de discriminação ou não saiba uma boa piadasobre o tema. /inda ho&e o trabalho manual é considera aviltante e a
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hierarquia social reproduz uma divisão que data da época do cativeiro. %omnaturalidade absorvemos a idéia de um elevador de serviço ou de lugaresque se transormam em verdadeiros guetos raciais. 8 por isso que nãobasta condenar a hist'ria, ou encontrar her'is delimitados.
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/s instituiç#es escolares são colocadas como respons$veis de se isolar da limitada
concepção de que os aricanos e seus descendentes contribuíram apenas para a ormação
da nação brasileira, para criar nos alunos a consciência de que não pode e)istir preconceito
e que o negro pobre e mal vestido, da carteira do lado é nosso irmão, humano e sensível. 8um trabalho que se az também ora da escola, nos v$rios segmentos da sociedade &$ tão
enraizada nos conceitos de racismo. Para que estas aç#es se&am devidamente conduzidas
é preciso uma educação voltada para as bases da rele)ão e do amor ao pr')imo.
11 CONSIDERAÇES FINAIS
presente estudo ob&etivou identiicar e ao mesmo tempo, dar conhecimento aos quetiverem acesso ao mesmo, da tra&et'ria dos negros no Brasil. -entou!se buscar o
entendimento dos motivos que levaram o país a concretizar uma aventura tão desumana
durante o período em que durou a escravidão.
Procurou!se retratar o percurso eetuado pelos negros desde sua captura até o momento
atual onde convivem com a intolerCncia racial, passando pelos seus momentos de alegria
diante de suas estas e tradiç#es seculares. Buscou!se evidenciar o aro!brasileiro como
artista, como artesão, como seguidor de sua cultura tão rica, tão poderosa e duradouro.
Durante a elaboração deste trabalho houve uma integração irrestrita ao tema, buscando
e)por o caminho percorrido pelos negros durante os +ltimos séculos, assim como retratar a
relevCncia e os méritos da cultura aro!brasileira.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS7
/@/;A, manoel. V)' C*.*' V)' , P,, B'8)),. :useu (acional7 "ãoPaulo, 344=.
B@W", /ntonio Aosé. C,+#-), H)8.)' , B'8).. (acional7 "ão Paulo,IJ=3.
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:/--", @egiane /. H)8.)' /*.*' ',6'8))'. %onte)to7 "ão Paulo, 344=.
:;@/, Wl'ria. N'), N9),B'.*0* -, *),+6,. %((%-. "ão Paulo, IJJK.
@"(D, :aria igênia H. H)8.)' F*-'+-.' , B'8) . Mlvares7 Beloorizonte, IJ=I.
";