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84 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade 3.2. OS DESAFIOS DAS MEGACIDADES 3.2.1 AS INFRA-ESTRUTURAS Na medida em que uma cidade evolui para uma megacidade, a sensação de seus habitantes divide-se entre admiração e espanto, entre conforto e insegurança, acesso aos serviços ou sua exclusão dos mesmos, entre multidão e solidão. Para a economia, as megalópoles são vistas como motoras do desenvolvimento da economia global, conectando de modo eficiente o fluxo de mercadorias, os indivíduos, suas culturas e conhecimentos. Constituem portanto, um grande potencial para concentrar habilidades e recursos técnicos de ponta, que podem trazer melhor qualidade de vida àqueles que os alcançam. No entanto, não há como negar que as megacidades evocam também uma visão mais sinistra – enormes desafios como poluição, congestionamentos, epidemias, violência, insegurança, inadequação de serviços básicos como saneamento e atendimento à saúde, escassez de habitações, devido ao peso da demanda excessiva. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com)

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84 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

3.2. OS DESAFIOS DAS MEGACIDADES

3.2.1 AS INFRA-ESTRUTURAS

Na medida em que uma cidade evolui para uma megacidade, a sensação de seus habitantes divide-se

entre admiração e espanto, entre conforto e insegurança, acesso aos serviços ou sua exclusão dos

mesmos, entre multidão e solidão. Para a economia, as megalópoles são vistas como motoras do

desenvolvimento da economia global, conectando de modo eficiente o fluxo de mercadorias, os

indivíduos, suas culturas e conhecimentos. Constituem portanto, um grande potencial para

concentrar habilidades e recursos técnicos de ponta, que podem trazer melhor qualidade de vida

àqueles que os alcançam.

No entanto, não há como negar que as megacidades evocam também uma visão mais sinistra –

enormes desafios como poluição, congestionamentos, epidemias, violência, insegurança,

inadequação de serviços básicos como saneamento e atendimento à saúde, escassez de habitações,

devido ao peso da demanda excessiva.

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Nos países em desenvolvimento, existe ainda outro fator complicador – o rápido crescimento das

favelas. De acordo com o relatório Estado das Cidades do Mundo6, de 2006, , quase um terço da

população urbana no mundo vive em favelas.

Uma pesquisa de duas organizações independentes (GlobeScan, Toronto e MRC McLean Hazel,

Edinburgh), patrocinada pela Siemens reuniu opiniões e perspectivas de administradores, prefeitos e

6 Relatório do anos de 2006, divulgado pela UM-HABITAT.

Fonte: DENING, STEFAN, Desafios das Megacidades. Munich: Siemens AG, 2007. 68. (página 15)

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outros especialistas, sobre as maiores necessidades e desafios de infra-estrutura local de cidades

como Istambul, Lagos, Londres, Moscou, Mumbai, Nova Iorque, Shanghai, e São Paulo, entre outras. A

pesquisa identificou então as seguintes questões:

As megacidades priorizam a competitividade econômica em relação à geração de empregos;

As questões ambientais são importantes, porém, podem ser sacrificadas em benefício do crescimento;

Entre todas as preocupações relacionadas a infra-estrutura, o tema transportes é o principal;

Uma melhor governança é um passo vital na direção de cidades melhores;

Soluções holísticas são muito desejáveis, entretanto, consideradas difíceis de serem alcançadas;

As cidades buscarão melhorar os serviços, porém, deveriam fazer mais para administrar a demanda;

A tecnologia poderá ajudar a prover transparência e eficiência nos serviços e na administração das

cidades;

O setor privado tem um papel a desempenhar no aumento da eficiência dos serviços da cidade.

Segundo os stakeholders7 entrevistados, os congestionamentos de trânsito causam enormes

prejuízos para a economia e o meio ambiente e demandam uma ação governamental muito mais

eficiente do que a oferecida atualmente na maioria das megacidades. A cobrança de taxas de

7 Mais de 500 especialistas dos setores público e privado,de 25 cidades, foram entrevistados comeste propósito.

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circulação nas áreas congestionadas tem obtido relativo sucesso em alguns casos, tendo ainda que ser

considerada com maior atenção. (DENING; STEFAN, 2007)

As megacidades, com seu espraiamento que parece não ter limites, criam um grande desafio para as

infra-estruturas de transporte: um transporte coletivo rápido e acessível, capaz de unir os pontos

extremos das manchas urbanas, implica em grandes investimentos e planejamento urbano.

Com relação à energia, os entrevistados consideram ser necessário um maior enfoque nas fontes

renováveis. Com a demanda sempre superando a oferta, o preço da energia deve ser determinado

pelo mercado e não subsidiado. Embora exista um tendência ao uso de combustíveis renováveis, o

aumento súbito da demanda pode levar muitas cidades em expansão a depender principalmente, em

um futuro imediato, de combustíveis fósseis mais baratos. (DENING; STEFAN, 2007)

Segundo os entrevistados na pesquisa, o tema da gestão das águas é ainda negligenciado pelas

autoridades. Em muitas megacidades, grande parte da população vive sem acesso à água limpa. Isto

acarreta problemas para a saúde da população, com alto custo econômico e social. Somente 3% dos

entrevistados mencionam a água como importante contribuinte para o crescimento e a

competitividade das cidades. (DENING; STEFAN, 2007)

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Embora se reconheça a importância do fornecimento de água em quantidade e qualidade suficientes

para a população, bem como do tratamento da água residuária, não podemos desconsiderar ainda o

fato de que ela é um recurso natural finito. A água potável poderá escassear progressivamente nos

próximos anos, como conseqüência do próprio crescimento urbano, podendo inclusive tornar-se um

fator limitante de crescimento.

Fonte: GANDOUR, RICARDO, Megacidades, Brasil, São Paulo: S.A. O ESTADO DE SÃO PAULO, 2008. 118. (página 56) – em reportage de Adriana Carranca.

CIDADE DO MÉXICO: A EVOLUÇÃO DA MANCHA URBANA X RECURSOS HÍDRICOS

Juntos os Lagos tinham 890 km2. Em 1519, os espanhóis encontraram um avançado sistema de pontes e aquedutos.

A mancha urbana já estendia por 219,4 km2 e a área alagada havia diminuído para 235,5 km2.

Somente a população da cidade tem, hoje, acesso aos 150 litros diários de água considerados pela OMS.

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Os entrevistados reconhecem a necessidade de maior investimento e melhor gestão da questão da

saúde nas megalópoles. Para eles, a maior eficiência e melhor compartilhamento da infra-estrutura

comum deve ser mais relevante do que a construção de novas instalações. Embora apontem a

necessidade de medidas preventivas, não é abordado o tema de saneamento básico (água, esgoto,

etc.) como gerador de saúde, indicando falta de uma visão mais holística para a solução dos

problemas. (DENING; STEFAN, 2007)

A falta de segurança e proteção, o crime organizado, a violência do dia-a-dia, constituem uma

ameaça maior do que o terrorismo. O crime organizado é identificado pelos entrevistados como o

maior desafio à segurança nas megacidades, sendo duas vezes mais importante que o próprio

terrorismo. A maioria das pessoas prefere priorizar a vigilância e proteção em detrimento da

privacidade. (DENING; STEFAN, 2007)

Porém, nem todos os dados sobre as megacidades mostram um cenário desfavorável. Elas também

podem proporcionar a diminuição da mortalidade infantil, o acesso a educação e cultura e o

crescente aumento da expectativa de vida.

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90 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

3.2.2. AS MEGAFAVELAS

Uma das características das megacidades, principalmente nos países em desenvolvimento, é a grande

desigualdade na distribuição de renda e de oportunidades econômicas. Em seu recente relatório

sobre tendências da urbanização, a UN-HABITAT descreve as cidades como "os novos locais da

pobreza". Segundo Dening, as estimativas do Banco Mundial prevêem que, até 2035, as cidades se

tornarão os locais predominantes da pobreza. (DENING; STEFAN, 2007)

Um aspecto interessante do crescimento das megacidades é o fato de que, como identificou o

desenvolvimentista Nigel Harris, ele não está associado diretamente ao crescimento e

desenvolvimento econômico. Mesmo durante períodos de alta de preços, queda de salários e

aumento de desemprego urbano, a expansão urbana no Terceiro Mundo surpreendeu muitos

especialistas que previam um feedback negativo da recessão urbana ou mesmo uma reversão da

migração vinda do campo.

“A situação na África foi especialmente paradoxal. Como as cidades da Costa do

Marfim, da Tanzânia, do Congo-Kinshasa, do Gabão, de Angola e de outros países,

cuja economia vinha encolhendo 2% a 5% ao ano, ainda conseguiram manter um

crescimento populacional anual de 4% a 8%? Como Lagos, na década de 1980,

pôde crescer duas vezes mais depressa que a população nigeriana, enquanto a sua

economia urbana estava em profunda recessão?” (DAVIS, 2007, P.25) Fonte: ALMEIDA, LALO - Folha de São Paulo.

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Constatou-se um êxodo da mão-de-obra rural excedente para as favelas urbanas, ainda que as

cidades deixassem de ser máquinas de empregos de massa. Nessas condições, o crescimento da

megacidade dá-se às custas da expansão das favelas. Desta forma, o principal desafio a ser

enfrentado pelas megacidades do século XXI passa ser o de como lidar com a expansão da pobreza e

das conseqüente expansão das favelas. (DENING; STEFAN, 2007)

Mike Davis nos aponta que, desde 1970, o crescimento das favelas em todo o hemisfério sul

ultrapassou a urbanização propriamente dita. Como resultado, as megacidades dos países em

desenvolvimento vêm sofrendo um processo de favelização progressiva.

Fonte: DENING, STEFAN, Desafios das Megacidades. Munich: Siemens AG, 2007. 68. (página 16)

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92 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

“Um pesquisador da Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou que o mercado

habitacional formal do Terceiro Mundo raramente oferece mais de 20% do estoque de

residências e assim, por necessidade, as pessoas recorrem a barracos construídos por elas

mesmas, a locações informais, a loteamentos clandestinos ou às calçadas. “O mercado

imobiliário ilegal ou informal”, diz a ONU, “forneceu terrenos para a maioria dos

acréscimos ao estoque de residências na maior parte das cidades do hemisfério sul nos

últimos trinta ou quarenta anos.” (DAVIS, 2007, P.27)

“De acordo com o UN-Habitat, os maiores percentuais de favelados do mundo estão na Etiópia

(espantosos 99,4% da população urbana), Tchade (também 99,4%), Afeganistão (98,5%) e Nepal

(92%). Mumbai, com 10 a 12 milhões de invasores de terrenos e moradores de favelas, é a capital

global dos favelados, seguida por Cidade do México e Daca (9 a 10 milhões cada) e depois Lagos,

Cairo, Karachi, Kinshasa-Brazzaville, São Paulo, Xangai e Délhi (6 a 8 milhões cada)”. (DAVIS, 2007, P.35)

A definição clássica de favela, segundo os autores de The Chalenge of Slums, define favelas como as

áreas de habitação caracterizadas por excesso de população, habitações pobres ou informais, acesso

inadequado a água potável e a condições sanitárias, com insegurança da posse de moradia.

Em que pese a exatidão das estatísticas fornecidas pelos órgãos públicos com relação à população

pobre e favelada (geralmente sub-calculada), estima-se que embora apenas 6% da população urbana

de países desenvolvidos seja de favelados, este número cresce para uma porcentagem espantosa de

MUMBAI: 1 milhão de pessoas vivem em barracos amontoados na região central. Fonte: GANDOUR, RICARDO, Megacidades, Brasil, São Paulo: S.A. O ESTADO DE SÃO PAULO, 2008. 118. (página 38)

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78,2% nos países menos desenvolvidos (cerca de um terço da população urbana global)! (DAVIS; MIKE,

2007)

Quando bairros pobres e comunidades invasoras se fundem em cinturões contínuos de moradias

informais e de pobreza, geralmente nas periferias urbanas, formam-se as megafavelas – algumas,

segundo Davis, com mais de 1 milhão de pessoas. “Sozinhas, as cinco grandes metrópoles do sul da

Ásia (Karachi, Mumbai, Délhi, Calcutá e Daca) contêm cerca de 15 mil comunidades faveladas

distintas, cuja população total excede os 20 milhões de habitantes.” (DAVIS, 2007, P.37)

Fonte: DAVIS, MIKE, Planeta Favela. Brasil:Boitempo Editorial, 2007. 271. (página 34)

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Fonte: DAVIS, MIKE, Planeta Favela. Brasil:Boitempo Editorial, 2007. 271. (página 34)

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De acordo com Mike Davis, embora algumas favelas tenham uma longa história – a primeira favela do

Rio de Janeiro, no morro da Previdência, surgiu na década de 1880 –, a maioria das megafavelas

cresceu a partir da década de 1960. Ciudad Nezahualcóyotl, por exemplo, mal tinha 10 mil moradores

em 1957; hoje, esse subúrbio pobre da Cidade do México tem 3 milhões de habitantes. (DAVIS; MIKE,

2007)

No Brasil, como destaca Erminia Maricato, a taxa de crescimento das favelas, acompanhando a

tendência geral do Terceiro Mundo, aumentou em ritmo mais acelerado que o da população geral.

“O IBGE mostra que enquanto a população brasileira cresceu a 1,9% ao ano entre 1980 e

1991, e 1,6% entre 1991 e 2000, a população favelada cresceu respectivamente 7,65% e

4,18%. Em 1970, a cidade de São Paulo tinha apenas 1,2% da população morando em

favelas, segundo dados da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da

Prefeitura Municipal (Sehab). Em 2005, essa proporção sobe para 11% segundo a mesma

fonte.” (MARICATO, 2007, P.215)

A urbanização e o crescimento demográfico não foram os únicos fatores configuradores do que

Ermínia Maricato chama de a tragédia urbana brasileira. A rápida e crescente migração populacional

de áreas rurais para as favelas das cidades estimula o crescimento da pobreza urbana. Segundo o

IBGE 10% de nossa população morava em cidades em 1900 versus 81% em 2000. Onze metrópoles

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brasileiras abrigam 32,9% da população urbana do país e 82,1% das habitações de favelas, o que

revela o caráter concentrador da pobreza nas metrópoles. (MARICATO; ERMÍNIA, 2007)

Os problemas sociais das megalópoles são maiores nos países em desenvolvimento mas também

existem nos países desenvolvidos. Mesmo em regiões metropolitanas bastante dinâmicas, existem

bolsões persistentes de desemprego e desigualdades sócio-econômicas, com taxas de desemprego

acima da média nacional. A grande desigualdade social conduz a núcleos de pobreza e instabilidade,

gerando efeitos negativos na economia da megacidade, fechando assim, o que pode ser um círculo

vicioso.

Crescimento, qualidade de vida e meio ambiente são três fatores interdependentes que deveriam

sempre solicitar uma reflexão especial com relação ao desenvolvimento das cidades.

“Cidades ambientalmente limpas e modernas criam locais mais atraentes para uma grande

variedade de negócios, do que aquelas com muita poluição. Igualmente, as cidades com

populações urbanas ricas, com bom nível de escolaridade, estão em melhor posição para

atrair investimentos do que aquelas em que a pobreza e a desigualdade impedem grandes

contingentes da população de participar do crescimento econômico, o que sugere que, ao

longo do tempo, focar em apenas uma dessas preocupações em prejuízo das outras será

uma receita para o fracasso.” (DENING, 2007, P.16)

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As megacidades são acompanhadas de problemas de complexidade igualmente gigantesca em todos

os seus setores de infra-estrutura.

As megacidades deverão enfrentar neste século a difícil tarefa de solucionar diversas equações –

equilibrar crescimento e desenvolvimento com a preservação dos recursos naturais, a fim de garantir

sua própria sobrevivência; solucionar as deficiências dos meios de transporte, fornecimento de

energia, água, saneamento, habitação e saúde, entre as demais questões que envolvem a vida

urbana. Porém, sem dúvida, o maior de todos os desafios, será o de como combater a crescente

desigualdade social e pobreza nas megacidades. Não trazer respostas para essas questões poderá ser

uma receita para o colapso urbano, gerando um mundo não de megacidades, mas sim de

megafavelas.

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3.3. MEGACIDADES CONCENTRADAS

Embora seja inegável que as megacidades desempenhem um papel crucial como porta de entrada na

economia global, seu tamanho e complexidade constituem também um enorme desafio para o

desenvolvimento urbano sustentável. Existe no bojo das cidades, ao longo de toda a história, uma

certa tensão entre a natureza construída e o ambiente natural do qual as cidades dependem. Esta

tensão é tão maior quanto maior o tamanho e a densidade urbana, causando alguns dos maiores

problemas relativos às cidades contemporâneas.

Quanto maior a cidade, mais importante é o papel da arquitetura e do planejamento, estabelecendo

uma conexão positiva entre a forma construída e a coesão social, entre a densidade e a

sustentabilidade, entre espaço público e tolerância. Além do bom governo que melhora a maneira

como o cidadão vive sua vida, também o formato das cidades – quanto terreno elas ocupam, quanta

energia elas consomem, a organização de sua infra-estrutura de transporte, a localização das

habitações (em lugares remotos, segregados ou em vizinhanças integradas e próximas aos locais de

trabalho) – são todos fatores que afetam a sustentabilidade ambiental e econômica, social e, em

última análise, global. (BURDETT, RICKY; RODE, PHILIPP, 2007)

Fonte: DENING, STEFAN, Desafios das Megacidades. Munich: Siemens AG, 2007. 68. (página 13)

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3.3.1. DENSIDADES E MEGACIDADES

Consideradas essas questões, Deyan Sudjic sugere que talvez nos restem duas opções principais para

modelarmos a cidade: primeiro, a opção da cidade de alta densidade, um modelo anti-suburbano,

baseado de diversidade e inclusão – como oposição ao modelo de cidades européias de baixa

densidade. (SUDJIC; DEYAN, 2007)

Por outro lado, como afirma Sudjic, temos o modelo urbano de baixa densidade, equacionado com o

que pode ser considerado egoísmo destrutivo de uma comunidade murada. Os resultados ambientais

dos subúrbios de baixa densidade, carro-dependentes, chegam a ser considerados desastrosos e

podem mesmo tornar este estilo de urbanização insustentável, mesmo antes do esgotamento dos

combustíveis fósseis. No entanto, este urbanismo de baixa densidade é considerado por autores

como Frank Lloyd Wright, um modelo de liberdade e afirmação de escolha individual,o que descreve

em sua cidade suburbana ideal, Usonia. Para os adeptos do modelo de baixa densidade, a cidade de

alta densidade adquire o caráter claustrofóbico de um formigueiro superdesenvolvido e

desumanizado.

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100 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

“Será que não há nada entre estes dois pólos que possa ser usado como modelo para desenhar a cidade de um modo construtivo e positivo? Será que já existe suficiente compreensão das lições ensinadas pelas cidades fora dos terrenos tradicionais da Europa e América do Norte, que modelaram a maior parte das idéias a respeito de como uma cidade pode ser? O que pode ser feito para que as cidades assumam uma posição onde elas possam realmente melhorar a vida das pessoas que se agregam nelas – qual é afinal a principal justificativa para uma cidade?” (SUDJIC, 2007, P.44)

Talvez não haja um modelo de solução universal para os dois pólos (alta x baixa densidade). Não seria

necessário absorvermos intensamente as experiências de diferentes megacidades, em diferentes

regiões do mundo desenvolvido e subdesenvolvido, antes de termos a pretensão de propormos um

modelo de urbanidade?

Independentemente do nível de desenvolvimento da nação à qual pertencem as megacidades, sua

densidade é um fator crítico para a sua viabilidade, sendo tanto fator de causa como de resultado de

sua prosperidade, gerando trocas e serviços. (POWER, ANNE, 2007)

A alta densidade não pode ser necessariamente relacionada a perda de qualidade de vida, assim

como a baixa densidade não implica em ganho de qualidade. Um bom exemplo deste fato é a Cidade

do México que, de acordo com Ricky Berdett e Philipp Rode, apresenta em seu interminável

espalhamento horizontal, 60% de seus 20 milhões de habitantes, residindo em habitações ilegais e

informais, exacerbando as tensões entre a ordem espacial e social. (BURDETT, RICKY; RODE, PHILIPP, 2007)

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101 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

Fonte: BURDETT, Ricky; SUDJIC, Deyan.The Endless City: The urban Age Project by the London School of Economics and Deutsche Bank´s Alfred

Herrhausen Society.New York: Phaindon, 2007. 510 p. (páginas 141, 152, 153)

LONDRES DENSIDADE DA MANCHA URBANA

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102 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

Fonte: BURDETT, Ricky; SUDJIC, Deyan.The Endless City: The urban Age Project by the London School of Economics and

Deutsche Bank´s Alfred Herrhausen Society.New York: Phaindon, 2007. 510 p. (páginas 169, 171, 172)

CIDADE DO MÉXICO DENSIDADE DA MANCHA URBANA

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103 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

Fonte: BURDETT, Ricky; SUDJIC, Deyan.The Endless City: The urban Age Project by the London School of Economics and Deutsche Bank´s Alfred

Herrhausen Society.New York: Phaindon, 2007. 510 p. (páginas 111, 106, 107)

SHANGAI DENSIDADE DA MANCHA URBANA

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104 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

3.3.2. AS MEGACIDADES COMO PALCOS DE TRANSFORMAÇÃO

Uma das principais conclusões do projeto Urban Age é de que as megacidades não são apenas uma

concentração de problemas – constituem também o lugar onde os problemas podem de fato ser

resolvidos. (BURDETT, RICKY; RODE, PHILIPP, 2007)

Podemos encontrar alguns exemplos surpreendentes de renovação urbana e melhoria da qualidade

de vida, como é o caso da cidade de Barcelona. De acordo com Anne Power, a cidade reconquistou

sua posição de cidade progressista através de um plano de espaços abertos. As autoridades

propuseram-se a criar espaços abertos, embora pequenos, em 140 bairros ao longo da cidade mais

densa da Europa. Neste projeto foram envolvidos tanto residentes como urbanistas. ( POWER; ANNE,

2007)

No Brasil, temos o bom exemplo da cidade de Curitiba. Aqui, as autoridades adotaram uma

abordagem diferente para a questão do transporte e da sustentabilidade urbana, criando um modelo

que serviu de exemplo para outras cidades do país e do mundo.

Fonte: BURDETT, Ricky; SUDJIC, Deyan.The Endless City: The

urban Age Project by the London School of Economics and

Deutsche Bank´s Alfred Herrhausen Society.New York: Phaindon,

2007. 510 p. (página 161)

Espaços públicos - Barcelona

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105 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

“O prefeito decidiu transformar as principais vias de acesso ao centro em rotas expressas

exclusivas para ônibus, criando zonas tranqüilas para pedestres na região central. Os carros

não são mais necessários graças a uma complexa rede de ônibus ligando todos os bairros

às rotas de ônibus principais. Um bilhete de ônibus unificado garante para a população

mais pobre, moradora de favelas e periferia da cidade (geralmente trabalhadores em

serviços essenciais) garante o acesso para o centro pelo mesmo preço do que pessoas mais

ricas, que moram mais próximas do centro. A melhora do desenvolvimento ambiental e

social de Curitiba correu em paralelo.” (POWER, 2007, P. 370)

3.3.3. DENSIFICAR PARA LIBERAR?

Considerando-se uma determinada população, pela ótica ambiental, as cidades densas são preferíveis

às pequenas cidades, pois concentram uma população que, se fosse dispersa, disputaria espaço com a

biodiversidade na natureza. Segundo Oliver Hillel, coordenador do programa de Biodiversidade e

Cidades da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas. “Do ponto de vista do uso dos

recursos naturais, é melhor ter uma cidade com 10 milhões de habitantes do que dez com 1 milhão”.

(HILLEL, 2008, P.12)

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106 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

A urbanização parece ser um fato inevitável. Estima-se que até 2030 70% das pessoas morarão em

cidades. Como fazer esta urbanização? Qual será o impacto sobre o meio-ambiente? Se densificada, a

urbanização pode ser considerada não um problema, mas sim uma vantagem, já que traduz uma

chance única de preservar uma importante parte da biodiversidade, através da concentração do

consumo de recursos nas cidades. Assim, áreas naturais mais vastas podem ser preservadas. (HILLEL,

OLIVER, 2008)

Como especialista em biodiversidade, Hillel reconhece que o crescimento das cidades deve ocorrer

inevitavelmente. Afirma, porém, que podemos incentivar uma ocupação mais intensiva e menos

extensiva, incorporando a biodiversidade no próprio planejamento urbano. (HILLEL, OLIVER, 2008)

Em algum momento no futuro próximo, o cidadão urbano terá que perceber que os ecossistemas fora

de sua urbe são essenciais para a sua sobrevivência. As autoridades não poderão mais considerar a

disparidade entre campo e cidade, já que são ambos parte de um mesmo sistema.

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107 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

Fonte: The urban Age Project by the London School of Economics and Deutsche Bank´s Alfred Herrhausen Society. (página 32) – MATERIAL GRÁFICO DA

CONFERÊNCIA URBAN AGE SOUTH AMERICAN, DEZEMBRO DE 2008.

Fonte: The urban Age Project by the London School of Economics and Deutsche Bank´s Alfred Herrhausen Society. (página 32) – MATERIAL GRÁFICO DA

CONFERÊNCIA URBAN AGE SOUTH AMERICAN, DEZEMBRO DE 2008.

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108 CIDADE CONCENTRADA Compactação Urbana na Escala da Megacidade

CIDADE DO MÉXICO JOHANESBURGO BERLIN

Fonte: BURDETT, Ricky; SUDJIC, Deyan.The Endless City: The urban Age Project by the London School of Economics and

Deutsche Bank´s Alfred Herrhausen Society.New York: Phaindon, 2007. 510 p. (páginas 252 ,253)

NOVA IORQUE XANGAI LONDRES

Área central: 15.361 hab/km2

Limite administrativo: 9,600 hab/km2

Pico de densidade: 53.000 hab/km2

Área central: 24.673 hab/km2

Limite administrativo: 2.590 hab/km2

Pico de densidade: 96.200 hab/km2

Área central: 7.805 hab/km2

Limite administrativo: 4.800 hab/km2

Pico de densidade: 17.200 hab/km2

Área central: 12.541 hab/km2

Limite administrativo: 5.880 hab/km2

Pico de densidade: 48.300 hab/km2

Área central: 2.270 hab/km2

Limite administrativo: 1.960 hab/km2

Pico de densidade: 38.500hab/km2

Área central: 7.124 hab/km2

Limite administrativo: 3.810 hab/km2

Pico de densidade: 21.700 hab/km2

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