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Brasília, outubro de 2010 25 anos criando oportunidades

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Brasília, outubro de 2010

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Os autores são responsáveis pela escolha e apresentação dos fatos contidos neste livro, bem como pelas opiniões nele

expressas, que não são necessariamente as da UNESCO, nem comprometem a Organização. As indicações de nomes e a

apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte da UNESCO a

respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região ou de suas autoridades, tampouco da delimitação

de suas fronteiras ou limites.

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Um projeto Em parceria com a

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© 2010 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e TV Globo

Coordenação geral: Marlova Jovchelovitch NoletoRevisão técnica: Rosana Sperandio PereiraRevisão gramatical: Denise MartinsCapa, diagramação e projeto gráfico: Edson FogaçaFotografias: Mila PetrilloLogística: Christiane Nogueira Silva

FSB ComunicaçõesProjeto editorial, redação e edição: Gabriela AthiasReportagem: Tiago Petrik e Simone MirandaPesquisa: Simone Miranda

Equipe de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO no Brasil Marlova Jovchelovitch Noleto Fabio Soares EonBeatriz Maria Godinho Barros CoelhoRosana Sperandio PereiraAlessandra Terra MagagninLuciana dos Reis Mendes AmorimKarla Fernandes SkeffFlávia Helena Maia CostaRafael Marques CavalcanteAna Thereza Botafogo ProençaFlávia Santos Porto MarinsManuela Pinheiro de Moraes RêgoChristiane Nogueira SilvaRonaldo de Souza FariasSofia Keller Neiva

SAUS, Quadra 5, Bloco H, Lote 6, Ed. CNPq/IBICT/UNESCO, 9º andar70070-912 - Brasília - DF - BrasilTel.: (55 61) 2106-3500Fax: (55 61) 2106-3967Site: www.unesco.org/brasiliaE-mail: [email protected]

Rede Globo Rua Lopes Quintas, 303Jardim Botânico22460-010 – Rio de Janeiro

Criança Esperança 25 anos criando oportunidades. – Brasília: UNESCO; Rio de Janeiro: TV Globo, 2010.180 p.

ISBN: 978-85-7652-132-7

1. Transformações sociais 2. Crianças desfavorecidas 3. Participação social4. Projetos educacionais 5. Brasil I. UNESCO II. TV Globo

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O programa Criança Esperança completou este ano um quarto de século de existência. E, ao longodesses 25 anos, muitas são as pessoas a quem gostaríamos de agradecer pela dedicação e entusiasmocom que trabalham para criar um mundo de oportunidades para as crianças e os jovens do Brasil.

Para a UNESCO no Brasil, o Criança Esperança é uma ocasião para unir os diversos talentos de cadaum de nossos colegas e transformá-los em ações concretas em benefício do Programa.

Agradeço ao representante da UNESCO no Brasil, Vincent Defourny, pela confiança com que noshonra e o estímulo permanente a esse importante trabalho, e a toda a equipe de seu gabinete, emespecial a Roberta Macêdo Martins Guaragna, todos parceiros imprescindíveis para a tarefa.

Aos colegas do UNICEF, em especial a John Donohue e Salvador Herencia, que iniciaram estaparceria com a TV Globo; e a Agop Kayayan e Jair Grava, entre outros, que ajudaram a construir ahistória de sucesso do programa, o meu reconhecimento.

O programa Criança Esperança na UNESCO é coordenado pela Setor de Ciências Humanas e Sociais.É um esforço coletivo de vários colegas que se dedicam, sem medir esforços, a tudo o que fazemos.Minha gratidão a Fabio Eon, Beatriz Coelho, Alessandra Terra, Karla Skeff, Flavia Porto, Manuela Rêgo,Ronaldo Farias, Sofia Neiva, Ana Thereza Botafogo e, em especial, ao pequeno grupo, dentro de nossaequipe, que cuida do Criança Esperança: Rosana Sperandio, Luciana Amorim, Flávia Costa, Rafael Caval-cante e Christiane Silva, aos quais se somam João Ferreira, na prestação de contas, e Bianca Maciel, natesouraria. A todos, o meu reconhecimento.

Meu agradecimento a Rosana, com quem divido a coordenação do Programa desde o seu início e quetem sido uma companheira de trabalho entusiasmada e comprometida, dando sempre o seu melhor parao sucesso do Criança Esperança.

A Ana Thereza Botafogo, cuja energia contagia todos que a cercam, meu agradecimento por suasideias criativas e inovadoras e seu profissionalismo na coordenação dos eventos do nosso Setor.

E um agradecimento especial, por 10 anos de companheirismo, a Beatriz Maria Godinho Barros Coelho,cuja dedicação e competência têm me ajudado a tornar realidade a imensa diversidade do que faze-

Agradecimentos

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mos no Setor de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO no Brasil. À Bia, a quem costumo chamar demeu braço direito, o meu carinhoso muito obrigada.

Aos colegas coordenadores das áreas programáticas da UNESCO no Brasil, Paolo Fontani, JuremaMachado, Celso Schenkel, Guilherme Canela, o meu agradecimento pelas estimulantes discussões sobreos diversos temas de nosso mandato, que nos auxiliam, especialmente durante a seleção de projetos.

Agradeço aos colegas da UCIP, Ana Lúcia Guimarães, Maria Luiza Bueno, Isabel de Paula, PauloSelveira e Mônica Salmito, que sempre contribuem de forma criativa em todas as atividades do Programa.E um agradecimento especial a Edson Fogaça, que com sua inquestionável habilidade artística contribuiupara a beleza da obra.

Um reconhecimento especial a todos os colegas da administração da UNESCO no Brasil, por conti-nuamente assegurarem as condições e nos dar o suporte imprescindível para o perfeito funcio-namento do Programa no âmbito da UNESCO. E a Michel Bonenfant, administrador da UNESCO noBrasil, pelo apoio permanente.

A Gabriela Athias, por dar vida às minhas ideias, e a Mila Petrillo, pelas suas lindas imagens queretratam a beleza dos nossos projetos.

Não podemos deixar de agradecer à diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, entusiasta deste Programa,e que tem sempre demonstrado a importância da parceria, inclusive nas visitas aos Espaços CriançaEsperança. Na sua pessoa, estendemos este agradecimento ao seu Gabinete, pela atenção ao Programa.

Aos nossos colegas do Setor de Ciências Humanas e Sociais da sede da UNESCO, na pessoa dasubdiretora geral Maria del Pilar Alvarez-Laso, pelo apoio a programas inovadores como esse.

A Raphael Vandystadt, gerente do Programa, e à sua equipe, em especial a Monica Pantoja e MárciaBalster; a todos, o nosso carinho pela parceria diária.

Um agradecimento especial a Luis Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação (CGCOM), ea Albert Alcouloumbre, diretor de Planejamento e Projetos Sociais da CGCOM. É um prazer e umaprendizado permanente partilhar com vocês a gestão deste Programa.

Registro aqui meu profundo agradecimento ao Dr. Octavio Florisbal, diretor-geral da TV Globo e atodos os parceiros da emissora, que contribuem para o sucesso do Programa.

José Roberto Marinho, vice-presidente de Responsabilidade Social das Organizações Globo, temdemonstrado ao longo dos anos seu entusiasmo e compromisso com a responsabilidade social corpo-rativa. A ele, nosso muito obrigada.

Aos projetos que apoiamos esses anos com os recursos do Criança Esperança, em especial aosEspaços Criança Esperança e à Pastoral da Criança, nosso agradecimento. Vocês ajudam a escrever ashistórias do Programa e criam oportunidades que transformam vidas e empoderam pessoas.

A toda a sociedade brasileira, agradeço a generosidade e solidariedade demonstrada ao CriançaEsperança nesses seus 25 anos de vida.

A todos vocês, meus sinceros agradecimentos.Nos encontraremos nos próximos 25 anos!

Marlova Jovchelovitch NoletoCoordenadora do Setor de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO no Brasil

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Sumário

Poder nas mãos da sociedade, Vincent Defourny. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Uma corrente pela vida, Central Globo de Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Parte da história, Gabriela Athias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Criança Esperança: uma parceria de múltiplos atores, Marlova Jovchelovitch Noleto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

O início de tudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

1 Pastoral da Criança • Resgate da vida: Júlia Santana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2 Associação Saúde Criança • Saúde e cidadania: Giulya Abreu da Silva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 3 Ação Social Comunitária (AFMA) • Infância resgatada: Alexandre Ferreira Dias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364 Associação Projeto Providência • Direito de brincar: Maria Luiza Martins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 5 Grupo Viva Rachid • A celebração da vida: Lucas Henrique Silva de Assis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 6 Galpão de Arte • Sonho de bailarina: Samara Santos Ferreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 7 Instituto Cultural São Francisco de Assis • Acordes mágicos: Vitor Hugo Ferreira Borba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 8 Escola de Dança e Integração Social para Criança e Adolescente (Edisca)

O desafio do futuro: Priscila Sheryda Barbosa da Silva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 9 Centro Recreação de Atendimento e Defesa da Criança e Adolescente – Circo de Todo Mundo •

Circo da vida: Fernanda Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 1 0 Casa da Arte de Educar • Infância dividida: Sérgio dos Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 1 1 Instituição Caruanas do Marajó Cultura e Ecologia •

Crescendo entre lendas: Jéssica Socorro Costa dos Reis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 1 2 Movimento República de Emaús • Mudando a história: Aline Cristina Oliveira Cavalcanti . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 1 3 Centro Projeto Axé de Defesa e Proteção à Criança e ao Adolescente •

Gente é pra brilhar: Alice Silva de Santana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 961 4 Clube Náutico Belém Novo • Maré de campeão: Maikou André Brunhera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 1 5 Grupo Cultural AfroReggae • Música para o mundo: Beatriz de Araújo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 1 6 Associação Pracatum Ação Social • Tradição renovada: Géssica Emily da Silva Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 1 7 Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (CENDHEC) •

Militante de corpo e alma: Stéfany Heleno dos Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 1 8 Central Única das Favelas (CUFA) • Personagem da vida real: Marcos Vinícius Galdino da Silva . . . . . . . . . . . 126 1 9 Associação Carnavalesca Bloco Afro Olodum • Batuque da vida: Juan Carlos dos Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 20 Centro de Documentação e Informação Coisa de Mulher • Força de raiz: Dayane e Dayana Conceição . . . . 13821 Associação de Formação e Reeducação Lua Nova • A força da maternidade: Esther Souza de Brito . . . . . . 14422 Instituto Lixo e Cidadania • Sustentando sonhos: Taís de Oliveira Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15023 Instituto Pró-Educação e Saúde (PROEZA) • Costurando o futuro: Isabela Rodrigues dos Santos . . . . . . . . . . 15624 Organização Fênix • Escultor do amanhã: Patrício Cordeiro da Silva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162 25 Programa Criança Esperança • Construindo oportunidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168

Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178

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Poder nas mãos da sociedade

A capacidade de gerar empoderamento de comunidades locais é uma das mais importantes emenos reconhecidas virtudes do programa Criança Esperança. Muito se fala na ampla mobilizaçãofeita no país por meio da campanha de arrecadação de fundos para projetos sociais, mas poucosenxergam a diferença que isto faz para pequenas organizações que atuam no interior do Brasil.

Imagine como a realidade de uma comunidade local muda quando a sociedade civil organizadarecebe algum recurso para implantar projetos que beneficiam crianças e jovens em situação de riscoe vulnerabilidade social. Pense no círculo vicioso que se cria em um lugar desfavorecido onde insti-tuições constroem soluções de acordo com as necessidades da população, recebem apoio para isso eexecutam ações efetivas para a transformação social! Conseguem ainda ganhar sustentabilidade,credibilidade e visibilidade.

É pelo alcance de objetivos sociais como estes, de fortalecimento da sociedade civil brasileira e deredução das desigualdades, que a UNESCO, parceira do Criança Esperança, parabeniza a TV Globo peloaniversário de 25 anos do programa. Para a Organização, é um privilégio contribuir para a soma deesforços em benefício de crianças e jovens sem oportunidades, que buscam um futuro de dignidade.

O forte compromisso da UNESCO com os direitos humanos e com a educação, no seu sentidomais amplo, faz que as iniciativas locais apoiadas pelo Criança Esperança se tornem propostas paraaprender ao longo da vida e, dessa forma, ganhem aos poucos o poder de influenciar na elaboração depolíticas públicas.

Temos, sem dúvida, no Criança Esperança um instrumento para conectar o local com o global. É porisso que a UNESCO procura mostrar o exemplo bem-sucedido desta iniciativa a outros países queenfrentam desafios semelhantes e buscam saídas criativas e inovadoras para seus problemas sociais.

Vincent DefournyRepresentante da UNESCO no Brasil

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A TV Globo sempre procurou exercer, através de seu vídeo, um princípio fundamental, fruto da visãodo seu fundador, o jornalista Roberto Marinho: o de que uma empresa de comunicação social podeoferecer à sociedade uma contribuição que vá além de suas obrigações legais. Essa crença, surgida háquase cinco décadas, e que hoje se alinha aos mais modernos conceitos de Responsabilidade SocialCorporativa, explica os esforços que a Rede Globo sempre fez para desenvolver ações sociais para alémdo desafio básico de produzir entretenimento e jornalismo de qualidade.

Foi daí que nasceram diversas iniciativas pioneiras, como a exibição do Telecurso, os ProgramasEducativos, os conteúdos socioeducativos nas novelas, a veiculação gratuita de campanhas de cunhosocial e projetos, como o Amigos da Escola, a Ação Global e o Criança Esperança que dão à Globo umamplo – e muito provavelmente único – portfólio de ações no campo social.

Nesse contexto se destaca o Criança Esperança, completando agora 25 anos.Nascido originalmente para pôr em discussão os direitos de crianças e adolescentes, o projeto

enfrentou o desafio de evoluir e se manter moderno ao longo dessas décadas, incorporando novasparcerias, criando novos modelos – como os Espaços Criança Esperança – , inovando na comunicação,no espetáculo artístico e na forma de direcionar os recursos arrecadados na campanha.

Hoje, podemos dizer que as metodologias do Criança Esperança inspiram políticas públicas e sãoreferências de parcerias unindo os mais diversos agentes.

O sucesso recente da 25ª edição do Criança Esperança nos dá a convicção de que estamos no rumocerto. Olhar para trás e ver os resultados até agora obtidos é motivo de orgulho. Mas o que nos motivade fato é o imenso desafio que o país ainda tem pela frente no que diz respeito aos direitos dascrianças. Muito ainda precisa ser feito. As histórias que se seguem nesse livro são uma mostraexpressiva e inspiradora do que podemos continuar a fazer no futuro.

Central Globo de Comunicação (CGCOM)

Uma corrente pela vida

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O ano era 1986. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ainda não havia sido criado – meninose meninas que viviam nas ruas eram presos por “vadiagem” e enquadrados no Código de Menores, umconjunto de leis destinado a “ inadaptados”. Na prática, o Código era aplicado a crianças, adolescentes ejovens em situação de risco social – todos pobres. A mortalidade infantil apresentava taxa duas vezesmaior do que a atual e a poliomielite não estava erradicada no país. Nesse Brasil, foi ao ar a primeiracampanha do Criança Esperança, e ao longo de nove horas se falou sobre os direitos daquela populaçãoabsolutamente marginalizada.

Este livro “Criança Esperança 25 anos criando oportunidades” tem por objetivo contar a trajetória doPrograma que, ao longo de mais de duas décadas, vem mobilizando cidadãos de todas as classes sociaispara contribuir com a causa da infância e da juventude. O Criança Esperança também tem ajudado ainserir, de forma sistemática, os temas relativos a essa parcela da população na pauta do país, por meioda programação da TV Globo.

Veio então a pergunta: como contar uma história feita por tantos parceiros? Entre várias instituiçõese pessoas, destacam-se a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura(UNESCO), que faz a gestão programática do Criança Esperança; as instituições de ensino superior,que coordenam os quatro Espaços Criança Esperança; as comunidades do entorno dos Espaços, queregionalizam cada um deles, e o poder público das cidades, que disponibiliza sua estrutura física.

Existem ainda as ONGs que coordenam os projetos apoiados anualmente pelo Programa – são cercade cinco mil ao longo desses 25 anos. Também há os milhões de meninos e meninas, com suas históriasde superação, de desafios vencidos, de sorrisos, lágrimas e frustrações.

O livro foi organizado de modo a abranger tamanha multiplicidade. São 25 capítulos – um para cadaano de existência do Criança Esperança. Cada capítulo inicia com a história de vida de uma criança,adolescente ou jovem de 1 a 24 anos. Eles representam os quatro milhões de meninos e meninas atendidosao longo de todo o caminho. O primeiro capítulo é sobre a Pastoral da Criança e faz uma homenagemà sua fundadora, a médica Zilda Arns, morta em janeiro de 2010. O último capítulo trata do CriançaEsperança em si.

Os personagens retratados participam de projetos sociais apoiados pelo Programa em todas as regiõesdo país. As ONGs simbolizam todas as outras que igualmente receberam apoio e também são parte doque o Criança Esperança significa hoje para a sociedade brasileira.

Parte da história

Gabriela AthiasRedatora e editora*

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Cada capítulo tem uma sessão denominada “Contexto” – uma seleção dos principais fatos ocorridosna área da infância e da juventude naquele ano – de 1986 a 2009. O Contexto faz uma ponte entre aatuação do Criança Esperança e tais fatos, relevantes para a infância e a juventude no Brasil. A ediçãodos fatos fundamentou-se em diversas fontes de pesquisa, disponíveis na bibliografia.

Por meio dessa ponte, fica clara a participação do Criança Esperança em alguns dos movimentosque resultaram em conquistas importantes para a infância e a juventude brasileiras. A mobilizaçãono Congresso Nacional para a inclusão dos direitos delas na Constituição de 1988 é um exemploemblemático. Também se destaca a campanha maciça de divulgação sobre o direito de as criançasobterem certidão de nascimento gratuita. Mais recentemente, são marcantes as campanhas deconscientização sobre a importância da educação, só para citar algumas iniciativas.

Esses exemplos credenciam o programa Criança Esperança a se apresentar para a sociedade brasileiracomo parceiro das conquistas obtidas pela infância e pela juventude brasileiras nos últimos 25 anos.

Nas próximas páginas, há histórias de meninos e meninas que nasceram na dificuldade. Compar-tilham experiências de vida muitas vezes amargas, embora ainda sejam crianças. Mas souberam agarraroportunidades e realizar sonhos. É uma gente bonita que está nas páginas deste livro, graças àcontribuição da sociedade brasileira ao programa Criança Esperança.

* Nota da editora: os depoimentos contidos nos capítulos deste livro não necessariamente estão vinculados aos anosapresentados no contexto, mas refletem a opinião dos vários atores que fizeram parte do Criança Esperança em diferentesmomentos dos 25 anos do Programa.

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Criança Esperança:

uma parceria de múltiplos atores

Marlova Jovchelovitch NoletoCoordenadora do Setor de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO no Brasil

É agosto de 2010. O espetáculo vai ao ar dia 14. Praticamente um ano antes, em setembro de 2009, a equipe do Setor de Ciências Humanas e Sociais

da UNESCO no Brasil se reúne para iniciar o trabalho de seleção de projetos que serão apoiados com osrecursos obtidos das generosas doações da campanha de 2009.

É um trabalho intenso, pois fazemos a criteriosa leitura de cerca de 1000 projetos que chegam detodos os lugares do Brasil, de pequenos municípios do interior a cidades desenvolvidas, e que exigemtodos a nossa atenção. Esses projetos revelam um Brasil bonito, com problemas de diferentes ordens,mas que não deixa de nos comover, ensinar e entusiasmar.

Após a primeira leitura, dividimos os projetos pré-selecionados com os colegas das demais áreas demandato da UNESCO (Educação, Cultura, Ciências Naturais e Comunicação e Informação), para umanova leitura e a decisão final.

Na TV Globo a equipe da CGCOM (Central Globo de Comunicação) se debruça sobre a avaliação dosresultados da campanha de 2009. Artístico, jornalismo, divisão de propaganda, engenharia epraticamente todos os setores da TV Globo, sob a liderança da CGCOM, participam na preparação desteespetáculo único que vai ao ar em uma noite. É uma ação que começa na política de responsabilidadesocial da TV Globo, na cabeça de seus acionistas, na CGCOM, mas que se espalha por toda a emissoracomo um fio condutor de eletricidade e generosidade.

Meses antes daquela noite, uma campanha de prestação de contas vai ao ar, normalmente emjunho, para dar transparência à aplicação dos recursos, informando aos telespectadores em quaisprojetos e como os recursos arrecadados no ano anterior foram investidos. E, logo em seguida, comautorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), entra no ar a campanha para arreca-dação de doações via 0500, mobilizando fundos para apoio a projetos no ano seguinte.

Em dezembro de cada ano, o comitê diretivo do programa Criança Esperança, formado pela TVGlobo e a UNESCO, se reúne e anuncia os projetos que serão apoiados no ano seguinte, com divulgaçãofeita no site do Criança Esperança. A partir daí, começa a fase de elaboração de contratos, finalizaçãodos planos de trabalho, orçamentos e envio de documentação. A equipe do Setor de Ciências Humanase Sociais, e nela a equipe do Criança Esperança, trabalha arduamente para cumprir todos os prazos quepermitem repassar aos projetos apoiados a primeira parcela dos recursos. As demais parcelas só sãorepassadas com a comprovação de que a primeira foi investida adequadamente e com os devidosrelatórios técnicos e financeiros.

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Na UNESCO, além do Setor de Ciências Humanas e Sociais, o gabinete do Representante, a Unidadede Comunicação, Informação Pública e Publicações (UCIP), a área jurídica e toda a área adminis-trativa, financeira e de tecnologia da informação trabalham com eficiência nos ajudando a colocarem movimento aquilo que chamamos de “nossa parte” na parceria: receber as doações, zelar pelosrecursos recebidos, selecionar os projetos, acompanhá-los e monitorá-los.

Em janeiro o ciclo se reinicia. Em geral, no primeiro trimestre do ano, UNESCO e TV Globo se reúnem para discutir a campanha, o

tema sobre o qual ela irá se pautar, as datas de início de veiculação de matérias de prestação de contas,as inserções na grade de programação da emissora, entre outras questões.

Começa uma grande movimentação dos dois lados da parceria: TV Globo e UNESCO, de formasdiferentes, vão movendo as suas engrenagens para dar vida a esse grande projeto.

Quando a campanha mobilizando doações entra no ar, é lançado o edital de seleção de projetos; umprocesso público e transparente, com critérios bastante claros para as ONGs. A UNESCO se orgulhade ter aprimorado o processo seletivo, tornando-o ainda mais simples e acessível para as ONGs e,também, de ter publicizado seus critérios, pois accountability é um dos valores essenciais para a nossaOrganização.

Nesse momento, na TV Globo, a movimentação é intensa. O artístico da emissora, o jornalismo e aCGCOM estão trabalhando muito para assegurar um lindo espetáculo capaz de emocionar os teles-pectadores e mostrar a beleza desse trabalho de mobilização social.

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Vinte e cinco anos depois da primeira edição do Criança Esperança em 1986, Renato Aragão,Embaixador do UNICEF e das crianças do Brasil, nosso Embaixador, está lá, pronto para entrar no palco.

Wolf Maya e Ulysses Cruz criaram um palco incrível com a equipe de cenógrafos e, à medida queacompanhamos os ensaios, é difícil acreditar no que se vê. É tudo tão lindo e me sinto uma testemunhaprivilegiada desta história.

Emoção semelhante senti quando inauguramos nosso centro de inclusão digital no Espaço CriançaEsperança do Rio de Janeiro, no Cantagalo, com a presença da diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova,em maio de 2010, ou quando recebemos a princesa Matilda da Bélgica, ou a Sheika Mozah do Catar.Grandes personalidades, de lugares distantes, mas que vieram conhecer o trabalho que fazemos, frutoda generosa solidariedade do povo brasileiro, que todos os anos doa para o Criança Esperança. Ou,ainda, a mesma emoção que sinto quando Ana Lucia Paixão, diretora do Galpão de Arte, projeto queapoiamos em Feira de Santana, na Bahia, invade a minha sala na UNESCO, para contar sobre as meninasque ganharam a bolsa de estudos para dançar no Canadá.

Quando pensamos em comemorar os 25 anos do Criança Esperança, o que queríamos era contaresta história e homenagear todos aqueles que ajudaram a construí-la.

O Programa teve início em 1986, numa parceria entre a TV Globo e o UNICEF, que em seguida reuniuvários atores da sociedade civil e um conjunto de organizações dispostas a se engajar e contribuirpara a garantia dos direitos das crianças brasileiras. Desde então, muitas mãos se unem para dar vidaa essa iniciativa única, que alcança seus 25 anos com reconhecida maturidade para um projeto social,representando um fundo de multidoadores, que sistematicamente coloca na mídia temas derelevância social, cultural e educacional.

Quando a UNESCO entrou na parceria, nossa equipe, que já conhecia o padrão Globo de qualidade,se entusiasmou com o fato de poder ter contato com grandes nomes da cultura brasileira, a exemplode Fernanda Montenegro e Toni Ramos, e do jornalismo nacional, como Zeca Camargo, William Bonner,e Sandra Annenberg. Todos eles donos de uma simplicidade e um desejo de ajudar que comovem eencantam.

O Criança Esperança tem, no Setor de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO, a equipe responsávelpor sua gestão. Mas todos na Organização têm sua parcela de contribuição, demonstrando satisfaçãopor participar da iniciativa, emprestando seu tempo e talento ao Criança Esperança. E gostaríamos detraduzir em palavras e imagens o orgulho que sentimos em fazer parte da grande equipe que torna oPrograma único, exemplo para o mundo.

É um Programa feito para transformar vidas, criar oportunidades e empoderar pessoas, que temna seleção de projetos uma das razões de seu sucesso. A UNESCO é responsável pela seleção, oacompanhamento, o monitoramento e a avaliação dos projetos, sempre se certificando de que osrecursos são corretamente empregados e possibilitam criar oportunidades para crianças, jovens e suasfamílias. São muitos os projetos apoiados anualmente, cerca de 70 a cada ano, além da Pastoralda Criança, com ações em todo o Brasil, e dos quatro Espaços Criança Esperança, situados no Rio deJaneiro, São Paulo, Belo Horizonte e agora, a partir de 2011, em Jaboatão dos Guararapes, regiãometropolitana de Recife.

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É com as contribuições anônimas e individuais dos brasileiros e brasileiras, e com as doaçõescorporativas das empresas, que conseguimos esses resultados de sucesso: criar oportunidades e escrevernovos destinos, com finais felizes.

Quando falamos do Criança Esperança e do show que acontece uma vez por ano, falamos de umespetáculo. Um espetáculo feito para encantar o telespectador. Mas, falamos também de um outro tipode espetáculo. Um espetáculo com outros atores, que tem outros talentos. Talentos jovens, das ONGs,das organizações sociais, das voluntárias da Pastoral da Criança, dos colegas da UNESCO, dos parceirosda TV Globo, dos doadores anônimos, das empresas que contribuem e dos milhares de atores quevocê não vê na TV, mas que escrevem diariamente a história de um show que vai ao ar uma única noitee que contribui para transformar vidas há 25 anos.

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É um desafio contar uma história tão rica e de tanto sucesso como a do programa CriançaEsperança, construído por muitas mãos, corações e mentes contaminados pelo clima de um Brasilque, na segunda metade da década de 1980, se reabria para a democracia.

Foram muitos os arquitetos desta iniciativa que se transformou no maior programa de mobilizaçãosocial do mundo.

A história começa em 1986. Na TV Globo reuniu de Dr. Roberto Marinho, lembrado em váriosdepoimentos como um entusiasta das discussões iniciais que deram origem ao Programa, a umcompetente grupo de profissionais na Central Globo de Comunicação (CGCOM) que logo começou adesenhar o esboço do que viria a ser o Criança Esperança.

No UNICEF, a parceria foi pensada por John Donohue, na época Representante no Brasil, e SalvadorHerencia, chefe da Área de Comunicação, que ajudaram a formatá-la e obteve imediata aprovação deJames Grant, Diretor Executivo do UNICEF de 1980 a 1995.

A semente foi lançada durante as comemorações do aniversário de 25 anos do programa “OsTrapalhões” , quando a TV Globo resolveu homenagear as crianças e fazer algo diferente. Um showespecial no Teatro Fênix, com conteúdo voltado para a realidade da infância brasileira, mexeu com opaís. Pela primeira vez, a população sentia a força de uma mobilização feita ao vivo, na televisão, emfavor das crianças.

A primeira edição do Criança Esperança já contava com a liderança de Renato Aragão, o “Didi” , aolado dos então parceiros Mussum, Zacarias e Dedé. Até hoje Renato é figura central no Programa.

No primeiro ano, o show não arrecadou recursos. O principal objetivo era despertar a consciência ea sensibilidade dos brasileiros para os direitos da população infanto juvenil, contribuindo para criar umforte movimento que introduziu a questão da infância na agenda política.

Em seguida, agregou-se a sociedade civil, com destaque para a Conferência Nacional dos Bispos doBrasil (CNBB), pelas mãos de Dom Luciano Mendes de Almeida e Dom Helder Câmara, o MovimentoNacional de Meninos e Meninas de Rua, a Pastoral da Criança, na época já sob a liderança da saudosaZilda Arns, e a Sociedade Brasileira de Pediatria, entre outros.

Como principais resultados dessa soma de esforços, podemos citar a contribuição dada para ainserção do artigo 227 na Constituição Federal de 1988 e a aprovação do Estatuto da Criança e doAdolescente (ECA) em 1990, que traduziram para o direito brasileiro a Convenção das Nações Unidaspara os Direitos da Criança.

O início de tudo

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A partir de 1987, o Criança Esperança passa a arrecadar recursos para apoiar projetos sociais emtodo o Brasil. O poder de comunicação da TV Globo e a solidariedade do povo brasileiro se transformamem generosas doações, que desde então chegam pelo telefone , ano após ano, graças ao apoio irrestritode um conjunto de operadoras de telefonia, que operam uma plataforma tecnológica cobrindo todo oterritório nacional.

Com o passar dos anos, novas formas de contribuição – feitas também pela internet, por meio decartões de crédito e depósitos bancários – foram sendo agregadas à medida que o Programa cresciaem importância e reconhecimento, permitindo ampliar o apoio às ONGs; não somente para aquelaslocalizadas nas capitais e grandes metrópoles, mas, também, para ONGs com projetos em pequenosmunicípios, em locais remotos, aumentando a capilaridade do Programa para todo o Brasil.

Paralelo a isso, o Programa foi se aperfeiçoando com a qualificação dos critérios e da metodologiade seleção de projetos, passando a considerar também o segmento jovem. Dessa forma, o Criança Espe-rança aumentou seu escopo de atuação, garantindo direitos a um número maior de crianças e jovens.

São 25 anos de história que comprovam a sustentabilidade e a credibilidade ímpares do programaCriança Esperança, um dos projetos sociais reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU)como exemplo para o resto do mundo.

UNICEF e UNESCO, duas agências do Sistema ONU, que ajudaram a construir esta história, partilhamcom a TV Globo o compromisso de um mundo mais igual e justo para as crianças e os jovens.

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“ O Criança Esperança é um programa de autores e atores, de instituições mas, principalmente, fazparte de uma história em que a solução para os problemas vividos pelas crianças brasileiras vêm sendoenfrentados porque os próprios brasileiros assumiram este desafio.

O Criança Esperança – um movimento coletivo, bonito e solidário – é hoje, em seus 25 anos, um dosmaiores exemplos no mundo de comunicação e mobilização social promovidos por uma rede de televisão,considerando sua contribuição metodológica para a socialização da informação e pela criação de umapedagogia de solidariedade e responsabilidade social e cidadã. Há muitas realizações do Criança Esperançaque podem ser destacadas nesta caminhada, que consolidou a imagem positiva da TV Globo como umícone de responsabilidade social para o mundo todo.

Além disso, o Programa continua sendo uma fonte de inspiração e aprendizagem na mobilização derecursos para investimento em projetos sociais. Suas técnicas de arrecadação de fundos, de merchandisingsocial, o desenvolvimento de campanhas de informação e sensibilização, o enfoque ético do jornalismo nainfância, entre outras coisas, constituem uma experiência que vale a pena avaliar e dar continuidade.

Todos os que participamos desta experiência, que contribuímos para ela, nos unimos num imensosentimento de solidariedade, afeto e respeito pelo povo brasileiro e suas crianças, que aprendemos a amare não esquecer. Uma experiência nascida do sonho de um grupo comprometido na Central Globo deComunicação (CGCOM), entre eles, João Carlos Magaldi e Luiz Lobo, além de Aluisio Legey e Alberico deSouza Cruz, em diferentes setores da emissora. Todos eles entusiasmados com o novo programa que surgia.A saudade está sempre presente, assim como o desejo de paz e vida em abundância para o CriançaEsperança, como dizia nossa querida e saudosa Zilda Arns” .

Salvador HerenciaChefe da Área de Comunicação e MobilizaçãoSocial do UNICEF no Brasil de 1986 a 1994 Fo

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