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Ano II Número 82 Data 22 e 23/05/2012

22 e 23 Maio 2012

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AnoII

Número82

Data22 e 23/05/2012

o estado de sp - p. a11 - 23.05.2012

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Thais de LunaÚnico mamífero de grande porte descoberto pe-

los cientistas nos últimos 50 anos pode desaparecer da Terra devido à caça intensa e à má gestão das reservas ambientais onde vive. O saola, animal da família dos bovinos e aparência semelhante à de um cervo, foi cata-logado há apenas 20 anos, quando pesquisadores o en-contraram em seu hábitat, as *Montanhas de Annamite, que ocupam parte do território do Laos e do Vietnã. O bicho, de aparência estranha, tem um par de chifres que pode chegar a 50cm de comprimento e tem pontas afia-das, além de manchas brancas no rosto que contrastam com seu pelo, geralmente marrom.

Preocupado com a possibilidade de a espécie de-saparecer antes mesmo de grande parte da humanida-de tomar conhecimento de sua existência, o Grupo de Trabalho do Saola (SWG, na sigla em inglês) está em campanha para alertar o mundo sobre o grave risco que ela corre. Embora faltem cálculos precisos, a popula-ção total do animal é estimada em “poucas centenas, no máximo, e poucas dúzias, no mínimo”, segundo Sarah Bladen, diretora de comunicação do Fundo Mundial para a Natureza da Grande Mekong (WWF GM, na si-gla em inglês).

Também chamado de “unicórnio do Laos”, o saola foi descoberto em 1992, quando uma equipe do Minis-tério do Ambiente vietnamita e uma equipe do WWF fizeram um levantamento das florestas da fronteira en-tre a nação asiática e seu vizinho, o Laos. Ao entrar na casa de um caçador, o grupo viu um crânio com chifres estranhamente longos e retos que consideraram “extra-ordinário”.

O saola é considerado uma das maiores priorida-des para a conservação ambiental na região da Indo-china, por viver apenas naquele local. “Se ele sumir de seu hábitat, significa que sumiu definitivamente. Não é possível encontrá-lo em um lugar diferente”, alerta o diretor do Programa da Ásia da Sociedade de Conser-vação da Vida Selvagem (WCS, na sigla em inglês), Joe Walston. Diferentemente de outras espécies em ris-co de extinção, como o tigre (veja quadro), esse animal tampouco sobrevive em cativeiro, mais um fator que complica a tentativa de protegê-lo.

É uma missão tão complexa encontrar tal mamífe-ro que os cientistas ficaram de 2000 a 2009 sem saber se ainda havia exemplares na natureza. Em 2009, po-rém, moradores de uma aldeia próxima às Montanhas de Annamite, na província de Bolikhamxay, no Laos, capturaram um indivíduo do grupo, que morreu pou-

cos dias depois. “Os aldeões sabiam da existência desse bovino, que considero um dos animais mais esquisitos do planeta, bem antes da comunidade científica. Essas pessoas, no entanto, acabam caçando os saolas enquan-to tentam capturar outros mamíferos, como búfalos, gambás e veados”, afirma Walston. “Um grande desafio na conservação do saola é detectar sua presença. Esses bovinos são raros, solitários e vivem em um terreno de difícil acesso em uma floresta densa e remota. Além disso, eles se mostraram arredios à tentativa de fotogra-fá-los”, completa Sarah Bladen.

A ausência de parâmetros definidos para distinguir os rastros do bicho – como pegadas, esterco e sinais de alimentação – dos de outros animais com cascos nas patas é mais um item que dificulta o trabalho dos pro-tetores. “Sabe-se tão pouco sobre esse mamífero que ele está na Lista Vermelha de Deficiência de Dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês)”, diz a representante da WWF. Por isso, grupos de proteção ao meio ambien-te buscam trabalhar cada vez mais na área onde esses animais vivem, a fim de tentar estudar seu comporta-mento e encontrar mecanismos eficientes de preservar sua vida.

Sabe-se que o bovino está desaparecendo princi-palmente por causa da caça ilegal. “Os saolas são cap-turados em armadilhas de arames feitas por caçadores para pegar diversos animais que são destinados ao co-mércio de espécies selvagens. As vendas são impulsio-nadas pela demanda da medicina tradicional chinesa e pelo mercado de alimentos tanto do Vietnã quanto do Laos”, critica a funcionária da WWF, que trabalha na capital vietnamita, Hanói. A invasão da área florestal devido ao desenvolvimento das cidades é mais um fator de risco para a espécie.

sÍMBoLo O saola é um símbolo da diversidade em Annamite,

uma vez que o local abriga diversas espécies raras de animais. “Além dele, duas espécies de veado, o mun-tiaco de grande galhada e a muntiaco truong son, foram descobertos nas florestas dessa região em 1994 e 1997, respectivamente”, salienta Bladen. Os esforços para salvá-lo ficaram ainda mais intensos após o rinoceronte de Java vietnamita, outro animal símbolo da região, ter sido dado como extinto em 2011, devido à caça inten-sa. Nesse sentido, mais do que proteger esse bovino, diversas organizações não governamentais lutam para preservar seu hábitat. “Assim, salvaremos animais de outras espécies que ficam isolados nas montanhas”, es-

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Na lista de extinção Identificado há apenas 20 anos, saola, que vive no Laos e Vietnã, corre sério risco de extinção

tima Walston. O que fazer, então, para ga-

rantir que um animal conhecido há tão pouco tempo não suma da natureza? Desde que o bovino foi descoberto, os governos do Viet-nã e do Laos estabeleceram uma rede de áreas protegidas e estão buscando novas abordagens para combater a caça desenfreada.

O WWF, por sua vez, tem ajudado o governo vietnamita a fazer com que os guardas flo-restais gerenciem o trabalho na área selvagem. “Desde fevereiro de 2011, a nova equipe de patru-lha da reserva removeu mais de 12,5 mil armadilhas e fechou 200 campos de caça ilegal”, come-mora Bladen. O diretor da WCS diz que o trabalho tem de ir além disso. Para ele, atrair atenção para o perigo da extinção desses animais e compreender quem são e como vivem são duas medidas que podem auxiliar em seu sal-vamento.* FLorestas densas

Localizadas na fronteira en-tre o Laos e o Vietnã, as Mon-tanhas de Annamite têm clima tropical úmido. Elas têm floresta densa e contêm muitos animais selvagens, especialmente cervos.

O pico das cordilheiras, que fica ao leste do Rio Mekong, tem 2,5 mil metros de altura. A área florestal das montanhas está fi-cando cada vez menor devido à expansão da agricultura, explo-ração de minérios e construção de barragens e rodovias.

A região ecológica dos An-namites engloba, além da área do Vietnã e Laos, uma parte do Camboja. Com isso, sua área total chega a 23 milhões de hectares, embora apenas 3 milhões sejam protegidos, segundo o WWF.

eM perIGo

Veja quais são os 10 animais que correm mais risco de entrar em extinção, de acordo com o WWF:

TigreDe acordo com a organiza-

ção, há 3,2 mil desses animais na natureza. Encontrados princi-palmente na Ásia, eles têm, atu-almente, apenas 7% do hábitat natural disponível, uma vez que as demais áreas foram ocupadas pelo ser humano.Urso-poLar

Há entre 20 mil e 25 mil ur-sos-polares em todo o mundo. Esses animais vivem no Ártico, e como o aquecimento global está afetando a região, o aumento da temperatura põe em risco suas vidas. Morsa

Com 223 mil exemplares da espécie no mundo, as morsas en-traram em 2010 na lista dos ani-mais em maior risco de extinção. Como elas vivem em regiões geladas, como o Ártico, o aque-cimento global está reduzindo a quantidade de seus alimentos.pInGUIM-de-MaGaLhães

Com população estimada de 2 milhões de animais, os pin-guins-de-Magalhães se encon-tram no Sul do Oceano Atlânti-co, podendo ser vistos na costa da América do Sul. Devido ao aquecimento dos mares, esses pinguins precisam viajar cada vez mais para longe a fim de en-contrarem comida. tartarUGa-GIGante

Segundo o WWF, há cer-ca de 34 mil fêmeas da também chamada tartaruga-de-couro. No Oceano Pacífico, hábitat desse réptil, porém, há apenas 2,3 mil fêmeas. A poluição, o aumen-to da temperatura dos mares e a pesca fazem com que possa ser extinta.

atUM-azULApesar de não haver dados

precisos de quantos exemplares existem dessa espécie de peixe, sabe-se que ela está entrando em extinção devido à pesca preda-tória. Esses animais existem no Oceano Atlântico e no Mediterâ-neo e são um dos principais in-gredientes do sushi.

Gorila-das-montanhasEm estado crítico de extin-

ção, a população dos gorilas-das-montanhas é formada por apro-ximadamente 785 animais. Eles vivem nas florestas africanas e no Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo.BorBoLeta-Monarca

Encontrada do Canadá ao Nordeste da Argentina, essa borboleta vive em florestas de pinheiros. Não há informações claras de quantos exemplares existem, mas a crescente urba-nização e o aquecimento global ameaçam seu hábitat.rInoceronte-de-Java

Provavelmente, o rinoceron-te-de-Java é o mamífero de gran-de porte mais raro da natureza, com pouco mais de 50 indivídu-os na natureza e nenhum em ca-tiveiro. Eles costumam ser caça-dos de forma predatória porque partes do seu corpo são conside-radas remédio na medicina tra-dicional asiática. As plantações têm destruído seu hábitat.panda

Há apenas 1,6 mil exempla-res do animal símbolo do WWF na natureza. Como as cidades da China estão crescendo, o hábitat desses ursos, as florestas do país, está ficando cada vez menores. Atualmente, há 20 áreas de pro-teção ambiental para os pandas, que vivem nesses locais ou em zoológicos.

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