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2019 Semana 07
01 a 05 de Julho
Semiextensivo ENEM
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Biologia
Engenharia Genética
Resumo
A engenharia genética engloba técnicas de manipulação e recombinação do material genético (DNA) a partir
de conhecimentos científicos como a bioquímica e a biologia molecular. Com isso, criam-se técnicas
capazes de modificar os seres vivos, e até criar novos seres. É usada em vários campos de estudo, como
medicina, agricultura e pecuária.
Para todas essas técnicas serem possíveis de acontecer, a engenharia genética utiliza ezimas, sendo as
principais delas:
• Enzimas de Restrição: responsáveis por cortar o DNA em pontos específicos
• DNA Ligase: unem os fragmentos de DNA
Clonagem
É a produção de indivíduos geneticamente idênticos. Ela pode acontecer de maneira natural, como divisão
binária de bactérias ou brotamento em esponjas, ou com a ação humana pela engenharia genética. Neste
caso, coloca-se o núcleo de uma célula somática de um ser vivo em um óvulo anucleado de um outro ser
vivo.
O primeiro caso de clonagem que se tornou popular na mídia foi o da ovelha Dolly, que foi clonada em 1996
no Reino Unido. No Brasil, o primeiro mamífero clonado foi uma bezerra, chamada de Vitória, nascida em
2001. Estudos como estes são importantes para a clonagem reprodutiva, onde o objetivo é criar um novo ser
idêntico a um já existente. Na agropecuária, este processo é importante para manter animais mais fortes e
eficientes no gado ou haras, sem precisar contar com as incertezas de um cruzamento (que não
necessariamente dará uma prole com as características desejadas).
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Biologia
A clonagem terapêutica é outra aplicação das técnicas de clonagem, e tem como objetivo a formação de
células-tronco para substituição de células doentes ou adicionar novas células a tecidos de diferentes
órgãos, fazendo com que eles voltem a funcionar novamente.
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Biologia
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
Nesta técnica, ocorre a desnaturação da molécula de DNA ao coloca-la em altas temperaturas. Estas
moléculas de CNA são adicionados junto com primers, moléculas que iniciam a autoduplicação, e com
enzimas chamadas de TAQ Polimerase. Quando a temperatura abaixa, a TAQ Polimerase trabalha em
conjunto com os primers para a formação de novas cadeias de DNA. Estas novas cadeias serão cópias das
moléculas de DNA formados com a quebra do DNA.
Testes de DNA (DNA Fingerprint)
A partir do DNA Fingerprint, é possível reconhecer fragmentos de DNA, sendo utilizada principalmente
quando é necessário fazer o reconhecimento de pessoas, seja em um teste de paternidade ou em uma
análise criminalista. Neste processo, o DNA é cortado em diversos fragmentos por enzimas de restrição e
são colocados para análise em Eletroforese. Na eletroforese, temos uma placa, por onde passa uma corrente
elétrica, e um gel, onde são colocados os fragmentos de DNA. A corrente faz com que os fragmentos se
desloquem, sendo que os fragmentos maiores não se movem tanto, e os menores percorrem uma maior
distância. A partir disto, é possível ver quais fragmentos são iguais nas diferentes amostras.
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Biologia
No caso de uma análise criminalística, o DNA testado e o DNA do culpado apresentação as mesmas faixas
(que podem ser chamadas de bandas) coloridas, indicando que ali há um fragmento de DNA. No caso de
testes de paternidade, o DNA da criança terá obrigatoriamente faixas oriundas do pai ou da mãe.
Transgenia
Os transgênicos são organismos geneticamente modificados (OGM) onde são incluídos genes de uma
determinada espécie no material genético de outra espécie diferente.
O objetivo dos transgênicos é dar novas características aos organismos, visando aumentar a produtividade,
como por exemplo promovendo a resistência em certos alimentos agrícolas, ou otimizar a produção de
determinadas substâncias, como a produção de insulina por bactérias que é utilizada por diabéticos. Mas
nem todo OGM será um transgênico: caso o organismo receba material genético de outra célula dele próprio,
ou de outro indivíduo da mesma espécie, ele será um Transgênico mas não será um OGM. Outros casos de
OGM podem ser organismos que sem seu material genético alterado, sem adição de nenhum outro tipo de
material.
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Biologia
Dentre as vantagens e desvantagens da utilização de transgênicos, podemos citar:
Vantagens
• Podem evitar ou prevenir o risco de pragas e doenças nas plantações;
• Aumento da produtividade e rendimentos das colheitas;
• Podem ser mais resistentes aos agrotóxicos;
• Produção de alimentos enriquecidos com mais proteínas e vitaminas específicas;
• Retirar características que podem ser nocivas para as pessoas (por exemplo: retirar a lactose presente
no leite, para as pessoas que são alérgicas a este componente).
Desvantagens
• Desencadeamento de novos tipos de alergias, devido as diferentes proteínas criadas a partir da
manipulação genética;
• Podem criar efeitos inesperados no produto, ou seja, os efeitos podem ser imprevisíveis;
• Podem ser produzidas substâncias tóxicas, quando há uma perda no controle da manipulação dos
transgênicos;
• As alterações genéticas podem provocar sérios desequilíbrios ecológicos, afetando a cadeia alimentar
de determinado ecossistema;
• Diminuição da biodiversidade.
Células-tronco
Células-tronco são células com capacidade de originar diferentes células do corpo humano e formar
diferentes tecidos. Elas podem ser encontradas em embriões, sendo chamadas de células-tronco
embrionárias, que podem ser totipotentes (totalmente indiferenciadas) ou pluripotentes (com grau de
direrenciação equivalente ao seu folheto embrionário) e em vários outros órgãos e tecidos humanos, como
a medula óssea e a pele (células-tronco adultas, também chamadas de multipotentes). As células-tronco do
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Biologia
sangue do cordão umbilical do recém-nascido tem hoje o uso clínico comprovado para o transplante de
medula óssea.
Projeto Genoma Humano
É um projeto que determinou a sequência das bases do DNA humano, identificando e mapeando genes dos
23 pares de cromossomos, armazenando essa informação em bancos de dados onde seria possível estudar
e reconhecer padrões de doenças ou outras características hereditárias.
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Biologia
Exercícios
1. O milho transgênico é produzido a partir da manipulação do milho original, com a transferência, para
este, de um gene de interesse retirado de outro organismo de espécie diferente. A característica de
interesse será manifestada em decorrência
a) do incremento do DNA a partir da duplicação do gene transferido.
b) da transcrição do RNA transportador a partir do gene transferido.
c) da expressão de proteínas sintetizadas a partir do DNA não hibridizado.
d) da síntese de carboidratos a partir da ativação do DNA do milho original.
e) da tradução do RNA mensageiro sintetizado a partir do DNA recombinante.
2. Um instituto de pesquisa norte-americano divulgou recentemente ter criado uma “célula sintética”,
uma bactéria chamada de Mycoplasma mycoides. Os pesquisadores montaram uma sequência de
nucleotídeos, que formam o único cromossomo dessa bactéria, o qual foi introduzido em outra espécie
de bactéria, a Mycoplasma capricolum. Após a introdução, o cromossomo da M. capricolum foi
neutralizado e o cromossomo artificial da M. mycoides começou a gerenciar a célula, produzindo suas
proteínas. GILBSON et al. Creation of a Bacterial Cell Controlled by a Chemically synthesized Genome. Science v. 329, 2010 (adaptado).
A importância dessa inovação tecnológica para a comunidade científica se deve à
a) possibilidade de sequenciar os genomas de bactérias para serem usados como receptoras de
cromossomos artificiais.
b) capacidade de criação, pela ciência, de novas formas de vida, utilizando substâncias como
carboidratos e lipídios.
c) possibilidade de produção em massa da bactéria Mycoplasma capricolum para sua distribuição
em ambientes naturais.
d) possibilidade de programar geneticamente microrganismos ou seres mais complexos para
produzir medicamentos, vacinas e biocombustíveis.
e) capacidade da bactéria Mycoplasma capricolum de expressar suas proteínas na bactéria
sintética e estas serem usadas na indústria.
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Biologia
3. Segundo Jeffrey M. Smith, pesquisador de um laboratório que faz análises de organismos
geneticamente modificados, após a introdução da soja transgênica no Reino Unido, aumentaram em
50% os casos de alergias. “O gene que é colocado na soja cria uma proteína nova que até então não
existia na alimentação humana, a qual poderia ser potencialmente alergênica”, explica o pesquisador. Correio do Estado/MS. 19 abr. 2004 (adaptado).
Considerando-se as informações do texto, os grãos transgênicos que podem causar alergias aos
indivíduos que irão consumi-los são aqueles que apresentam, em sua composição, proteínas
a) que podem ser reconhecidas como antigênicas pelo sistema imunológico desses consumidores.
b) que não são reconhecidas pelos anticorpos produzidos pelo sistema imunológico desses
consumidores.
c) com estrutura primária idêntica às já encontradas no sistema sanguíneo desses consumidores.
d) com sequência de aminoácidos idêntica às produzidas pelas células brancas do sistema
sanguíneo desses consumidores.
e) com estrutura quaternária idêntica à dos anticorpos produzidos pelo sistema imunológico desses
consumidores.
4. Em um laboratório de genética experimental, observou-se que determinada bactéria continha um gene
que conferia resistência a pragas específicas de plantas. Em vista disso, os pesquisadores
procederam de acordo com a figura.
Do ponto de vista biotecnológico, como a planta representada na figura é classificada?
a) Clone.
b) Híbrida.
c) Mutante.
d) Adaptada.
e) Transgênica.
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Biologia
5. A palavra "biotecnologia" surgiu no século XX, quando o cientista Herbert Boyer introduziu a
informação responsável pela fabricação da insulina humana em uma bactéria, para que ela passasse
a produzir a substância. Disponível em: www.brasil.gov.br Acesso em 28 jul 2012 (adaptado)
As bactérias modificadas por Herbert Boyer passaram a produzir insulina humana porque receberam
a) a sequência de DNA codificante de insulina humana.
b) a proteína sintetizada por células humanas..
c) um RNA recombinante de insulina humana..
d) o RNA mensageiro de insulina humana.
e) um cromossomo da espécie humana.
6. Atualmente deixou de ser novidade a criação de plantas transgênicas, capazes de produzir
hemoglobina. Para que isso seja possível, essas plantas recebem:
a) o fragmento de DNA, cuja sequência de nucleotídeos determina a sequência de aminoácidos da
hemoglobina;
b) o RNAm que carrega os aminoácidos usados na síntese de hemoglobina;
c) somente os aminoácidos usados nessa proteína;
d) os anticódons que determinam a sequência de aminoácidos nessa proteína;
e) os ribossomos utilizados na produção dessa proteína.
7. A Engenharia Genética consiste numa técnica de manipular genes, que permite, entre outras coisas, a
fabricação de produtos farmacêuticos em bactérias transformadas pela tecnologia do DNA
recombinante. Assim, já é possível introduzir em bactérias o gene humano que codifica insulina, as
quais passam a fabricar sistematicamente essa substância. Isto só é possível por que:
a) o cromossomo bacteriano é totalmente substituído pelo DNA recombinante;
b) as bactérias são seres eucariontes;
c) os ribossomos bacterianos podem incorporar o gene humano que codifica insulina, passando-o
para as futuras linhagens;
d) as bactérias possuem pequenas moléculas de DNA circulares (plasmídeos), nas quais podem ser
incorporados genes estranhos a elas, experimentalmente;
e) as bactérias são seres muito simples, constituídos por um único tipo de ácido nucleico (DNA).
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Biologia
8. A égua, o jumento e a zebra pertencem a espécies biológicas distintas que podem cruzar entre si e
gerar híbridos estéreis. Destes, o mais conhecido é a mula, que resulta do cruzamento entre o jumento
e a égua. Suponha que o seguinte experimento de clonagem foi realizado com sucesso: o núcleo de
uma célula somática de um jumento foi transplantado para um óvulo anucleado da égua e o embrião
foi implantado no útero de uma zebra, onde ocorreu a gestação. O animal (clone) produzido em tal
experimento terá, essencialmente, características genéticas:
a) de égua.
b) de zebra.
c) de mula.
d) de jumento.
e) das três espécies.
9. As principais ferramentas empregadas na tecnologia do DNA recombinante são as enzimas de
restrição, que têm a propriedade de cortar o DNA em pontos específicos. O papel biológico dessas
enzimas bacterianas na natureza é, provavelmente:
a) proteger as bactérias contra os vírus bacteriófagos.
b) reparar o DNA bacteriano que sofreu mutação deletéria.
c) auxiliar no processo de duplicação do DNA.
d) auxiliar no processo de transcrição do mRNA.
e) auxiliar no processo de tradução do DNA.
10. A ovelha Dolly, primeiro clone animal oficialmente declarado, após adulta foi acasalada com um macho não aparentado. Desse cruzamento resultou o nascimento de um filhote com características “normais”. Esse filhote:
a) é geneticamente idêntico à sua mão, a ovelha Dolly.
b) é geneticamente igual à sua avó, mãe da ovelha Dolly.
c) não tem nenhum parentesco genético de seu pai.
d) tem todo seu patrimônio genético herdado de seu pai.
e) tem parte do material genético de seu pai e parte de sua mãe.
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Biologia
Gabarito
E
O DNA recombinante irá ser transcrito a RNA mensageiro que, por sua vez, será traduzido em proteínas
de interesse.
D
A inovação é poder expressar as proteínas em outro ser vivo, podendo trazer vantagens e desenvolvimento em diversas áreas, médicas e econômicas.
A
A alergia ocorre quando substâncias chamadas de alérgenos são reconhecidos pelo organismo como
algo potencialmente agressivo, como um corpo estranho, gerando uma resposta imunológica.
E
Por receber material genético de um ser de outra espécie, a planta é considerada transgênica.
A
Para produzir a proteína desejada continuamente, a bactéria deve receber o DNA que codifica a insulina.
A
As plantas deve receber o fragmento de DNA que codifica a hemoglobina, com a sequência correta de
nucleotídeos que determinarão a sequência correta dos aminoácidos
7. D
As bactérias possuem plasmídeos, DNA circular extracromossomial, que pode ser utilizado para
incorporar informações úteis a partir de técnicas de transgenia, tudo isto sem interferir no metabolismo
próprio desse ser procarionte.
8. D
O núcleo retirado, contendo o DNA, possui as informações que serão expressas. Sendo assim, as
características genéticas originadas serão as de um jumento.
9. A
As enzimas de restrição, naturalmente de bactérias, são utilizadas como mecanismo de defesa contra
ataques de vírus, sendo os vírus que atacam especificamente bactérias chamados de bacteriófagos.
10. E
A partir desse acasalamento, como qualquer outro, o filhote receberá parte do material genético do pai
e outra parte da mãe.
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Biologia
Gametogênese e embriogênese
Resumo
A gametogênese é o processo de produção dos gametas em seres que fazem a reprodução sexuada. Nos
humanos, a divisão celular fudamental para este processo é a meiose, que divide diploides originando células
haploides. A gametogênese masculina é chamada de espermatogênese, com formação de espermatozoide,
enquanto a feminina é chamada de ovulogênese, com a formação do óvulo.
Espermatogênese
Ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos. As células germinativas, também chamadas de
espermatogônias, são aquelas que darão origem aos espermatozoides, e são nutridas pelas células de
Sertoli, que se localizam ao redor deste túbulos.
A espermatogênese apresenta 4 fases:
• Fase proliferativa: Inicia-se na vida embrionária (intrauterina) e dura durante a vida inteira. Nesta fase,
as espermatogônias sofrem sucessivas mitoses, aumentando seu número, e mantendo a célula diplóide
(2n).
• Fase de crescimento: As etapas a partir daqui ocorrem após a puberdade, também durando a vida inteira.
Há aumento no volume citoplasmático das espermatogônias, tornando-as espermatócitos I ainda
diplóides (2n).
• Fase de maturação: Nesta fase ocorre a meiose, onde cada espermatócito I (2n) originará dois
espermatócitos II haplóides (n), e com a ocorrência da meiose II, estes espermatócitos II originam
quatro espermátides, também haploides (n).
• Espermiogênese: Aqui as espermátides se diferenciam em espermatozoides, com perda de citoplasma
e formação do acrossomo pelo complexo golgiense (com enzimas que corroem os envoltórios do
ovócito no momento da fecundação). Também há a migração dos centríolos para a região posterior da
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Biologia
célula, para a formação do flagelo, e na peça intermediária (entre a “cabeça” e o flagelo), encontra-se
uma alta quantidade de mitocôndrias.
Ovogênese
Nos ovários, os gametas são originários de um grupamento de células germinativas chamadas de folículos
ovarianos de Graff. As células foliculares também irão produzir hormônios sexuais femininos (estrogênio e
progesterona) e serão resonsáveis pela manutenção das células germinativas.
A cada ciclo menstrual, apenas um folículo ovariano amadurece, sendo apenas um gameta maduro formado
e liberado em média a cada 28 dias. A cada ciclo menstrual, um dos ovários que faz a maturação folicular,
alternando esta produção.
A ovogênese apresenta 3 fases:
• Fase de proliferação: Ocorre apenas durante a vida intrauterina. Aqui ocorrem consecutivas mitoses,
aumentando a quantidade de ovogônias diplóides (células germinativas = 2n). Quando esta etapa é
interrompida, no indivíduo ainda na barriga da mãe, há cerca de 400 mil ovogônias formadas.
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Biologia
• Fase de crescimento: As ovogônias dão início à primeira divisão meiótica, que é interrompida na prófase
I. Elas crescem, com aumento do citoplasma e acúmulo de substâncias nutritivas (vitelo), que é
responsável pela nutrição do embrião durante seu desenvolvimento. Ao final do período de crescimento,
as ovogônias se transformam em ovócitos primários (ovócitos I). Nas mulheres, essa fase dura até a
puberdade, quando a menina inicia a sua maturidade sexual.
• Fase de maturação: inicia quando a menina alcança a maturidade sexual (entre 11 a 15 anos de idade).O
ovócito primário completa a primeira divisão meiótica, originando duas células: uma das células é o
ovócito secundário (ovócito II), célula grande e rica em vitelo; a outra célula é o primeiro corpúsculo
polar (polócito I), que recebe pouco citoplasma e, na maioria das vezes, desintegra-se sem iniciar a
segunda divisão meiótica. O ovócito II sofre a segunda divisão meiótica que é interrompida na metáfase.
Caso haja fecundação, a segunda divisão meiótica se completa dando origem ao óvulo e ao segundo
corpúsculo polar (polócito II), que também se desintegra.
Na ovogênese a divisão meiótica é desigual, não se reparte igualmente o citoplasma entre as células-
filhas (ovócito II e polócito I), permitindo que o ovócito II formado seja rico em substâncias nutritivas.
Fecundação
O ovócito II ovulado apresenta duas camadas de proteção: a corona radiata, mais externa, e a zona pelúcida
formada principalmente por glicoproteínas. As enzimas presentes no acrossoma dos espermatozóides
rompem essas camadas, fazendo com que seja possível um espermatozoide se fusionar ao ovócito II.
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Biologia
Neste momento onde as duas camadas de proteção foram rompidas, há a fusão da membrana dos gametas,
e para evitar a entrada de mais de um espermatozoide no ovócito (poliespermia), há a liberação de grânulos
corticais. É neste momento que a meiose II do ovócito II finaliza, formando um corpúsuclo polar e o óvulo
propriamente dito. Importante lembrar que neste momento apenas os citoplasmas foram unidos, mas ainda
não houve a fusão dos núcleos.
Após a fusão das membranas e a finalização da meiose II, o núcleo do espermatozóide e do óvulo se unem,
em uma etapa chamada de cariogamia. Aqui, com a fusão dos núcleos, temos a formação do zigoto diplóde
(2n) que irá originar o novo ser.
O processo da fecundação ocorre no terço posterior da tuba uterina, com a locomoção dos espermatozóides
pela movimentação dos flagelos, e após a fecundação o zigoto migra para o útero.
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Biologia
Embriogênese O desenvolvimento embrionário, também chamado de embriogênese, ocorre após a fecundação. Neste
processo, ocorrem inúmeras divisões celulares por mitose, que originam outras células. Estas divisões são
chamadas de clivagem. Durante o desenvolvimento podemos observar as seguintes etapas:
• Zigoto: é uma célula única, formada logo após a fecundação; a divisão ocorre por clivagem, e são
formadas células idênticas entre si.
• Mórula: aglomerado que contém entre 12 e 32 células, todas formadas também por clivagem; as células
se mantém identicas entre si, indiferenciadas. Estas são as células tronco totipotentes, e podem se
diferenciar em qualquer tipo de célula e tecido.
• Blástula: as células da mórula se organizam e dão origem a um espaço oco, chamado de blastocele, e
aqui as células também são indiferenciadas totipotentes.
• Gástrula: A blástula sofre uma invaginação, formando um espaço oco circundado por uma camada
dupla de células. A camada mais externa é o ectoderma e a mais interna, o endoderma, iniciando a
diferenciação dos folhetos embrionários, que são tecidos embrionários. O espaço oco é chamado de
arquêntero (tubo digestivo primitivo) e há também um orifício chamado de blastóporo. Com a
diferenciação dos tecidos embrionários, as células passam a ser células tronco pluripotentes, ou seja,
cada célula de cada folheto possui a capacidade de gerar qualquer tecido, desde que este seja derivado
do respectivo folheto embrionário.
Em animais protostomados, a abertuta do blastóporo origina a boca, e em deuterostomados, esta abertura
origina o ânus. Os animais diblásticos (cnidários) possuem o desenvolvimento embrionário até esta etapa.
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Biologia
• Nêurula: fase final da embriogênese, ocorre um dobramento das células do ectoderma, formando um
tubo neural, que dará origem ao sistema nervoso. Nos animais triblásticos, algumas células do
endoderma darão origem ao mesoderma, e este pode ou não formar um espaço que abriga os órgãos
internos dos animais, chamado celoma. A presença ou não de celoma diferencia os animais triblásticos
em acelomados, pseudocelomados ou celomados.
Os animais possuem diferentes tipos de ovos. A quantidade e a distribuição do vitelo determinam o tipo de
segmentação que o zigoto pode ter:
• Holoblástica: há divisão por total do ovo, pode ser igual (todas as células se dividem igualmente, como
nos ovos oligolécitos) ou desigual (divisão em pólo animal e vegetal, como nos ovos heterolécitos)
• Meroblástica: divisão parcial das células, apenas onde não se tem vitelo, pode ser discoidal (as divisões
ocorrem no disco germinativo, como nos ovos telolécitos) ou superficial (divisões ocorrem na periferia
do ovo, como nos ovos centrolécitos)
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Biologia
Anexos embrionários não fazem parte do corpo do embrião, mas derivam dos folhetos embrionários e
auxiliam no desenvolvimento e proteção do embrião. São eles:
• Vesícula vitelina ou saco vitelínico: é uma estrutura que envolve o vitelo, auxilia na nutrição;
• Âmnio ou bolsa amniótica: delimita a cavidade amniótica e protege o embrião contra choques
mecânicos e evita a sua desidratação;
• Cório: membrana que recobre o embrião e os outros anexos embrionários, ajuda nas trocas gasosas.
Nos mamíferos, essa estrutura origina a placenta;
• Alantoide: auxilia nas trocas gasosas. Nos répteis e aves, ele armazena o produto da excreção do
embrião;
• Placenta: exclusiva dos mamíferos, faz a troca de substâncias da mãe com o filhote, como nutrição,
respiração e excreção
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Biologia
Exercícios
1. Entre as várias diferenças que existem entre o gameta masculino e o feminino na espécie humana
está a quantidade de mitocôndria. No espermatozoide existem mitocôndrias em duas regiões:
acrossomo e na peça intermediária. No óvulo existem mitocôndrias distribuídas ao longo de todo o
seu gigante citoplasma. Assinale a opção que apresenta corretamente a consequência dessa
diferença entre espermatozoide e óvulo.
a) Em todos os filhos, independentemente do sexo, os produtos gênicos mitocondriais são
produzidos a partir de genes herdados da mãe.
b) Os óvulos são mais ativos que os espermatozoides por possuírem mais mitocôndrias, fonte de
energia da célula.
c) Há uma maior transcrição nos óvulos do que nos espermatozoides, pela presença de maior
quantidade de mitocôndrias nos primeiros.
d) Os espermatozoides são células diferenciadas não secretoras enquanto que os óvulos são
células diferenciadas secretoras.
2. Com relação à gametogênese masculina, pode-se dizer que:
a) das células germinativas primordiais originam-se espermátides que, por mitose, formam
espermatozoides.
b) o homem, antes da puberdade, possui um número suficiente de espermatozoides capacitados
para a fecundação.
c) ela se passa nos testículos, onde ocorre a espermiogênese.
d) a espermatogênese independe de qualquer ação hormonal.
e) o recém-nascido apresenta nos túbulos seminíferos pequena quantidade de espermatozoides.
3. A meiose é um tipo de divisão celular que conduz, nas gônadas, a produção dos gametas masculinos
(espermatozoides) e dos femininos (óvulos). Sabe-se que a sequência da espermatogênese é a
seguinte:
Com base nisso, assinale a alternativa que relaciona apenas as células diploides da sequência.
a) Espermatogônias e espermatócitos de 1a ordem.
b) Espermatócitos de 1a ordem e de 2a ordem.
c) Espermatócitos de 2a ordem e espermátides.
d) Espermátides e espermatozoides.
e) Espermatozoides e espermatogônias.
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Biologia
4. A figura abaixo serve de suporte para esta questão e mostra a parede de um túbulo seminífero humano,
em corte transversal. Nessa figura estão representadas as diversas fases de formação dos
espermatozoides (espermatogênese).
Considerando os processos de proliferação, divisão e diferenciação celular ocorridos durante a
espermatogênese, é correto afirmar que o número cromossômico é:
a) 23, nos espermatócitos primários.
b) 46, nos espermatócitos primários, e 23, nos espermatócitos secundários.
c) 46, nos espermatócitos primários e secundários, e 23, nas espermátides.
d) 23, nos espermatócitos primários e secundários.
e) 23, nos espermatócitos secundários, e 46, nas espermátides.
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Biologia
5. Assinale a alternativa correta:
a) Gametogênese é um processo de formação de células destinadas à reprodução, onde se verifica
apenas a divisão mitótica.
b) Na espermatogênese, cada espermatogônia dá origem a um espermatozóide fértil e três glóbulos
polares não-funcionais.
c) Na ovogênese formam-se quatro óvulos férteis a partir de cada ovogônia.
d) Na espécie humana, a ovogênese completa-se apenas quando ocorre a penetração do
espermatozóide no ovócito II. O ovário libera o ovócito II que penetra no oviduto (Trompas de
Falópio) e só completa a segunda divisão meiótica quando fecundado pelo espermatozóide.
e) Os gametas são células diplóides que têm a função de garantir a reprodução das espécies.
6. O estudo do desenvolvimento embrionário dos animais foi organizado, de forma geral, em três etapas
principais: segmentação, gastrulação e organogênese.
Com relação a essas etapas, assinale a proposição correta.
a) Durante o processo de formação do embrião dos mamíferos, ocorre formação do anexo
embrionário alantoide cuja função é permitir a troca de gases e nutrientes e a eliminação de
excretas fetais dissolvidos.
b) Através da placenta, o feto recebe da mãe nutrientes e oxigênio e retorna excretas nitrogenadas
e gás carbônico.
c) Os embriões de todos os animais apresentam os três folhetos germinativos sendo, por isso,
denominados de triblásticos.
d) As células ovo ou zigoto são classificadas com base na quantidade e distribuição de vitelo. Assim,
os ovos classificados como telolécitos são aqueles que apresentam uma grande quantidade de
vitelo que ocupa boa parte da célula e estão presentes em mamíferos.
7. O desenvolvimento embrionário é diversificado entre os diferentes grupos animais, e ocorre, de
maneira geral, em três fases consecutivas. Assinale a alternativa correta quanto ao desenvolvimento
embrionário dos anfioxos.
a) A organogênese é a fase em que o arquêntero, ou intestino primitivo, é formado a partir da
blastocele
b) A gastrulação é o processo de formação dos órgãos, sendo possível visualizar o tubo neural e o
intestino, ao final dessa fase.
c) A organogênese é o processo de transformação da blástula em gástrula.
d) A segmentação é um processo em que o zigoto sofre clivagens (divisões), originando os
blastômeros.
e) A neurulação é o início da formação dos folhetos embrionários denominados ectoderme e
endoderme, a partir da gástrula.
11
Biologia
8. Gêmeos monozigóticos podem compartilhar um único cório, um único âmnio e uma única placenta
quando durante o desenvolvimento embrionário ocorrer:
a) A divisão de uma gástrula em dois blastocistos.
b) A divisão de um blastômero em duas mórulas.
c) A divisão de uma mórula em duas blástulas.
d) A divisão do disco embrionário.
e) A divisão do embrioblasto.
9. Com relação à embriologia humana e seus anexos embrionários, assinale a alternativa correta.
a) O âmnio, situado externamente ao cório, tem função de eliminar as excretas e realizar as trocas
gasosas.
b) A gástrula é formada por uma massa de células justapostas sem formar cavidades.
c) Nos humanos, a ectoderme formará a derme, os ossos, os músculos, as cartilagens, os órgãos
excretores e genitais, os órgãos do aparelho circulatório, o peritônio e o mesentério.
d) O saco vitelínico não aparece em nenhum estágio da embriogênese humana.
e) Ao longo do dorso do embrião dos cordados, a ectoderme forma um sulco que se aprofunda e
cujos bordos superiores se soldam, originando um tubo ou canal neural.
10. A estrutura tubular apontada, na figura abaixo, tem origem a partir de um processo de invaginação de
células ectodérmica, que ocorre no dorso do embrião e tem por função originar o(a):
a) Celoma.
b) Placenta.
c) Notocorda.
d) Intestino primitivo.
e) Sistema nervoso.
12
Biologia
Gabarito
1. A
A mitocôndria terá origem materna pois quando ocorre a fecundação, apenas a região da cabeça do
espermatozoide se fusiona com o ovócito II. Como as mitocôndrias paternas estão na região da peça
intermediária, ela não entra na formação do zigoto. Assim, tanto meninos como meninas recebem o
material genético mitocondrial da mãe.
2. C
Todo o processo de formação dos espermatozoides ocorre no interior do testículo.
3. A
As células diploides estão presentes até antes de se iniciar a divisão meiótica, sendo as
espermatogônias e espermatócitos primários células diplóides (2n). A partir dos espermatócitos
secundários, as células são haploides (n), pois houve a meiose.
4. B
Como espermatogônias e espermatócitos primários são células 2n, eles apresentarão 46 cromossomos.
A partir dos espermatócitos secundários, como houve a meiose, eles terão 23 cromossomos.
5. D
A alternativa a está incorreta, pois, durante o processo de gametogênese, deve ocorrer tanto a mitose
(para aumento do número de células germinativas) quanto a meiose (para redução do material genético
pela metade e aumento de sua variabilidade genética). A alternativa b está incorreta, pois cada
espermatogônia dá origem a quatro espermatozóides e, durante a gametogênese masculina, não há
formação de corpúsculos polares. A alternativa c está incorreta, pois na ovogênese formam-se apenas
um grande ovócito secundário fértil a partir de cada ovogônia. As outras células pequenas formadas
(corpúsculos polares) se degeneram. A alternativa d está correta, pois, de fato, o gameta feminino
liberado durante a ovulação é o ovócito II, que encontra-se estacionado na fase de metáfase II. Esse
gameta só completará a divisão meiótica após a fecundação. A letra e está incorreta, pois os gametas
são células reprodutivas haplóides.
6. B
A placenta é o local de troca entre a mãe e o feto (atenção! O sangue não se mistura, ocorre a passagem
por difusão), recebendo nutrientes e oxigênio e retornando ao sangue materno os produtos nitrogenados
e CO2
7. D
A clivagem consiste em sucessivas divisões celulares sem aumento de citoplasma, que se inicia após a
formação do zigoto e ocorre durante a fase de mórula.
8. D
Quando a separação dos gêmeos monozigóticos ocorre em menos de três dias da fecundação, cada um
terá seu próprio anexo embrionário (até a fase de mórula). Caso a separação ocorra entre o 3º e o 9º dia
de gestação (fase de blástula), o que é mais comum, os gêmeos irão compartilhar os anexos
embrionários, como citado na questão. Isto ocorre pois nesta fase de blástula podemos dividir o embrião
em trofoblasto e embrioblasto. O trofoblasto formará os anexos embrionários, enquanto o embrioblasto
13
Biologia
formará o embriãose diferenciando em disco embrionário (aglomerado que dá origem aos folhetos
embrionários). Caso o disco embrionário se divide em dois, temos gêmeos com anexos embionários
compartilhados.
9. E
A ectoderme é responsável, além da formação do revestimento externo corporal, pela origem do SNC
que, nos cordados, ocorre na região dorsal do corpo.
10. E
Esse processo mostra a invaginação do tubo neural a partir da ectoderme, que originará o sistema
nervoso.
1
Física
Impulso e quantidade de movimento
Resumo
Forças de grande intensidade, ainda que atuem por curtos intervalos de tempo, provocam grandes variações
na quantidade de movimento dos corpos. Por exemplo, as forças que atuam em um carro durante um teste
de colisão (crash test), apesar de atuarem sobre o veículo durante um pequeno intervalo de tempo, provocam
uma grande variação na quantidade de movimento do carro, pois o vetor quantidade de movimento do
veículo, que possuía módulo não nulo, torna-se nulo em uma pequena fração de segundo.
Considere uma força constante F atuando sobre um corpo durante um intervalo de tempo ∆t.
O impulso I da força F é a grandeza física que mede o efeito de uma força F atuando sobre um corpo durante
um intervalo de tempo ∆t. O impulso I é definido como o produto da força F pelo intervalo de tempo ∆t.
I = F.∆t
Como ∆t é uma grandeza escalar positiva, o vetor impulso possui as seguintes características:
Módulo: I= F∆t
Direção: A direção de I é a mesma de F.
Sentido: O sentido de I é o mesmo de F.
A unidade do impulso no SI é o kg.m/s. Como 1 N é igual a 1 kg.m/s2, outra unidade do impulso é o N.s.
Método gráfico para se calcular o impulso
A expressão I= F.∆t, assim como a expressão usada para se calcular o valor do trabalho realizado por uma
força (W = F.cos θ.d), somente pode ser utilizada se o módulo da força F for constante, o que não acontece
em muitas ocasiões. Quando o módulo da força F for variável, podemos calcular o módulo do impulso I por
meio da área sob a curva do gráfico de força versus tempo. Nesse caso, o cálculo deve levar em consideração
2
Física
o sinal da força, ou seja, áreas acima do eixo do tempo têm sinal positivo, e áreas abaixo do eixo do tempo
têm sinal negativo no cálculo algébrico do impulso.
Quantidade de movimento
Em diversos fenômenos físicos, é necessário agrupar os conceitos de massa e de velocidade vetorial. Isso
ocorre nas colisões mecânicas e nas explosões, por exemplo. Nesses casos, torna-se conveniente a
definição de quantidade de movimento (ou momento linear), que é uma das grandezas fundamentais da
Física.
Considere uma partícula de massa m que, em certo instante, tem velocidade vetorial igual a v.
Por definição, a quantidade de movimento da partícula nesse instante é a grandeza vetorial Q, expressa por:
Q=mv
Obs.:
• A quantidade de movimento é uma grandeza instantânea, já que a sua definição envolve o conceito de
velocidade vetorial instantânea.
• Sendo m um escalar positivo, Q tem sempre a mesma direção e o mesmo sentido de v, isto é, em cada
instante é tangente à trajetória e dirigida no sentido do movimento.
• A energia cinética EC pode ser relacionada com o módulo da quantidade de movimento:
EC=Q22m
• A unidade da quantidade de movimento no SI é o kg.m/s (ou N.s).
Teorema do impulso
O impulso da resultante (impulso total) das forças sobre uma partícula é igual à variação de sua quantidade
de movimento:
I =∆Q
Obs.: A força cujo impulso é igual à variação da quantidade de movimento deve ser a resultante.
Podemos dizer que o impulso da força resultante é equivalente à soma vetorial dos impulsos de todas as
forças que atuam na partícula
3
Física
Exercícios
1. Considere dois astronautas com massas iguais a M que estão inicialmente em repouso e distantes de
qualquer corpo celeste. Um deles resolve lançar uma mochila de ferramentas também de massa igual
a M para o outro, empurrando-a com uma força de módulo F. Admitindo que uma jogada completa se
dá no início do arremesso até que o outro agarre a mochila e que o impulso permaneça o mesmo, a
quantidade de jogada(s) completa(s) que os astronautas conseguem realizar é
a) uma.
b) duas.
c) três.
d) quatro.
e) mais de quatro.
2. Considere uma esfera muito pequena, de massa 1 kg, deslocando-se a uma velocidade de 2 m/s, sem
girar, durante 3 s. Nesse intervalo de tempo, o momento linear dessa partícula é
a) 2 kg.m/s.
b) 3 s.
c) 6 kg.m/s.
d) 6 m.
e) 9 kg.m/s.
3. Um jogador de tênis, durante o saque, lança a bola verticalmente para cima. Ao atingir sua altura
máxima, a bola é golpeada pela raquete de tênis, e sai com velocidade de 108 km/h na direção
horizontal.
Calcule, em kg.m/s, o módulo da variação de momento linear da bola entre os instantes logo após e
logo antes de ser golpeada pela raquete.
Dado: Considere a massa da bola de tênis igual a 50 g.
a) 1,5.
b) 5,4.
c) 54.
d) 1500.
e) 5400.
4
Física
4. O airbag e o cinto de segurança são itens de segurança presentes em todos os carros novos
fabricados no Brasil. Utilizando os conceitos da Primeira Lei de Newton, de impulso de uma força e
variação da quantidade de movimento, analise as proposições.
I. O airbag aumenta o impulso da força média atuante sobre o ocupante do carro na colisão com o
painel, aumentando a quantidade de movimento do ocupante.
II. O airbag aumenta o tempo da colisão do ocupante do carro com o painel, diminuindo, assim, a
força média atuante sobre ele mesmo na colisão.
III. O cinto de segurança impede que o ocupante do carro, em uma colisão, continue se deslocando
com um movimento retilíneo uniforme.
IV. O cinto de segurança desacelera o ocupante do carro em uma colisão, aumentando a quantidade
de movimento do ocupante.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
5. Uma bola de futebol de massa m = 0,20 kg é chutada contra a parede a uma velocidade de 5,0 m/s.
Após o choque, ela volta a 4,0 m/s. A variação da quantidade de movimento da bola durante o choque,
em kg.m/s, é igual a
a) 0,2.
b) 1,0.
c) 1,8.
d) 2,6.
e) 5,4.
6. Considere uma esfera metálica em queda livre sob a ação somente da força peso. Sobre o módulo do
momento linear desse corpo, pode-se afirmar corretamente que
a) aumenta durante a queda.
b) diminui durante a queda.
c) é constante e diferente de zero durante a queda.
d) é zero durante a queda.
e) aumenta até um certo instante e depois permanece constante durante a queda.
5
Física
7. Uma esfera de massa m é lançada do solo verticalmente para cima, com velocidade inicial V, em
módulo, e atinge o solo 1 s depois. Desprezando todos os atritos, a variação no momento linear entre
o instante do lançamento e o instante imediatamente antes do retorno ao solo é, em módulo,
a) 2 mV.
b) mV.
c) mV²/2.
d) mV/2.
e) 0.
8. Os Jogos Olímpicos de 2016 (Rio 2016) é um evento multiesportivo que acontecerá no Rio de Janeiro.
O jogo de tênis é uma das diversas modalidades que compõem as Olímpiadas. Se em uma partida de
tênis um jogador recebe uma bola com velocidade de 18,0 m/s e rebate na mesma direção e em
sentido contrário com velocidade de 32 m s, assinale a alternativa que apresenta qual o módulo da
sua aceleração média, em m/s² , sabendo que a bola permaneceu 0,10 s em contato com a raquete.
a) 450.
b) 600.
c) 500.
d) 475.
e) 200.
9. O gráfixo abaixo mostra a intensidade de uma força aplicada a um corpo no intervalo de tempo de 0 a
4 s.
O impulso da força, no intervalo especificado, vale
a) 95 kg.m/s.
b) 85 kg.m/s.
c) 65 kg.m/s.
d) 60 kg.m/s.
e) 55 kg.m/s.
6
Física
10. Nas cobranças de faltas em um jogo de futebol, uma bola com massa de 500 gramas pode atingir
facilmente a velocidade de 108 km/h. Supondo que no momento do chute o tempo de interação entre
o pé do jogador e a bola seja de 0,15 segundos, podemos supor que a ordem de grandeza atua na bola,
em newton, é de:
a) 100.
b) 101.
c) 10².
d) 10³.
e) 104.
7
Física
Gabarito
1. A
2. A
3. A
4. B
5. C
6. A
8
Física
7. A
8. C
9. C
10. C
1
Física
Colisões
Resumo
Sistema Isolado
Um sistema isolado é aquele em que a resultante das forças externas é nula. Assim o impulso total é nulo.
A quantidade de movimento de um sistema isolado se mantém constante.
A relação anterior é conhecida como Princípio da Conservação do Momento Linear.
Colisões
As colisões são classificadas de acordo com a energia conservada no choque.
Vamos usar a queda de uma bola sem resistência do ar para classificar as colisões.
A bola é abandonada de uma altura h, a partir do repouso.
Se após a colisão a esfera atingir a altura inicial, isso significa que não houve transformação de energia
mecânica em outra forma de energia. O choque é classificado como perfeitamente elástico.
2
Física
Se após a colisão a esfera atingir uma altura menor, parte da energia mecânica foi transformada. O choque
é chamado parcialmente elástico.
Se após o choque os corpos ficarem unidos, ocorre a perda máxima de energia e o choque é classificado
de perfeitamente inelástico.
Para um choque entre duas partículas A e B, o coeficiente de restituição (e) é definido como a razão entre o
módulo da velocidade relativa entre A e B pouco depois do choque (velocidade relativa de afastamento) e o
módulo da velocidade relativa entre A e B pouco antes do choque (velocidade relativa de aproximação)
3
Física
Choque elástico: e= 1
Choque parcialmente elástico: 0<e<1
Choque inelástico: e=0 (corpos unidos)
Dica: Em uma colisão unidimensional perfeitamente elástica entre corpos de massas iguais, ocorre troca
de velocidades.
4
Física
Exercícios
1. Considere as três afirmativas abaixo.
I. Em qualquer processo de colisão entre dois objetos, a energia cinética total e a quantidade de
movimento linear total do sistema são quantidades conservadas.
II. Se um objeto tem quantidade de movimento linear, então terá energia mecânica.
III. Entre dois objetos de massas diferentes, o de menor massa jamais terá quantidade de movimento
linear maior do que o outro.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.
2.
A figura mostra uma colisão envolvendo um trem de carga e uma camionete. Segundo testemunhas,
o condutor da camionete teria ignorado o sinal sonoro e avançou a cancela da passagem de nível.
Após a colisão contra a lateral do veículo, o carro foi arrastado pelo trem por cerca de 300 metros.
Supondo a massa total do trem de 120 toneladas e a da camionete de 3 toneladas, podemos afirmar
que, no momento da colisão, a intensidade da força que
a) o trem aplicou na camionete foi 40 vezes maior do que a intensidade da força que a camionete
aplicou no trem e a colisão foi parcialmente elástica.
b) o trem aplicou na camionete foi 40 vezes maior do que a intensidade da força que a camionete
aplicou no trem e a colisão foi inelástica.
c) a camionete aplicou no trem foi igual à intensidade da força que o trem aplicou na camionete e a
colisão foi parcialmente elástica.
d) a camionete aplicou no trem foi igual à intensidade da força que o trem aplicou na camionete e a
colisão foi inelástica.
e) a camionete aplicou no trem foi igual à intensidade da força que o trem aplicou na camionete e a
colisão foi elástica.
5
Física
3. A lei de conservação do momento linear está associada às relações de simetrias espaciais.
Nesse contexto, considere uma colisão inelástica entre uma partícula de massa M e a velocidade V e
um corpo, inicialmente em repouso, de massa igual a 10 M.
Logo após a colisão, a velocidade do sistema composto pela partícula e pelo corpo equivale a:
a) V/10.
b) 10V.
c) V/11.
d) 11V.
e) 11V/10.
4. Um corpo A colide com um corpo B que se encontra inicialmente em repouso. Os dois corpos estão
sobre uma superfície horizontal sem atrito. Após a colisão, os corpos saem unidos, com uma
velocidade igual a 20% daquela inicial do corpo A.
Qual é a razão entre a massa do corpo A e a massa do corpo B?
a) 0,20.
b) 0,25.
c) 0,80.
d) 1,0.
e) 4,0.
5. Em uma mesa de sinuca, uma bola é lançada frontalmente contra outra bola em repouso. Após a
colisão, a bola incidente para e a bola alvo (bola atingida) passa a se mover na mesma direção do
movimento da bola incidente. Supondo que as bolas tenham massas idênticas, que o choque seja
elástico e que a velocidade da bola incidente seja de 2 m/s, qual será, em m/s, a velocidade inicial da
bola alvo após a colisão?
a) 0,5
b) 1
c) 2
d) 4
e) 8
6
Física
6. Dois carros de mesma massa sofrem uma colisão frontal. Imediatamente, antes da colisão, o primeiro
carro viajava a 72 km/h no sentido norte de uma estrada retilínea, enquanto o segundo carro viajava
na contramão da mesma estrada com velocidade igual a 36 km/h, no sentido sul. Considere que a
colisão foi perfeitamente inelástica. Qual é a velocidade final dos carros imediatamente após essa
colisão?
a) 5 m/s para o norte.
b) 5 m/s para o sul.
c) 10 m/s para o norte.
d) 10 m/s para o sul.
e) 30 m/s para o norte.
7. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto a seguir, na ordem em que
aparecem.
Nos quadrinhos, vemos uma andorinha em voo perseguindo um inseto que tenta escapar. Ambos
estão em MRU e, depois de um tempo, a andorinha finalmente consegue apanhar o inseto.
Nessas circunstâncias, pode-se afirmar que, imediatamente após apanhar o inseto, o módulo da
velocidade final da andorinha é _________________ módulo de sua velocidade inicial, e que o ato de
apanhar o inseto pode ser considerado com uma colisão _____________________ .
a) maior que o - inelástica
b) menor que o – elástica
c) maior que o – elástica
d) menor que o – inelástica
e) igual ao – inelástica
7
Física
8. Na Copa do Mundo de 2018, observou-se que, para a maioria dos torcedores, um dos fatores que
encantou foi o jogo bem jogado, ao passo que o desencanto ficou por conta de partidas com colisões
violentas. Muitas dessas colisões travavam as jogadas e, não raramente, causavam lesões nos atletas.
A charge a seguir ilustra a narração de um suposto jogo da Copa, feita por físicos:
Com base na charge e nos conhecimentos sobre colisões e supondo que, em um jogo de futebol, os
jogadores se comportam como um sistema de partículas ideais, é correto afirmar que, em uma colisão
a) elástica, a energia cinética total final é menor que a energia cinética total inicial.
b) elástica, a quantidade de movimento total final é menor que a quantidade de movimento total
inicial.
c) parcialmente inelástica, a energia cinética total final é menor que a energia cinética total inicial.
d) perfeitamente inelástica, a quantidade de movimento total inicial é maior que a quantidade de
movimento total final.
e) parcialmente inelástica, a quantidade de movimento total final é menor que a quantidade de
movimento total inicial.
8
Física
9. Para responder à questão, analise a situação a seguir.
Duas esferas – A e B – de massas respectivamente iguais a 3 kg e 2 kg estão em movimento
unidimensional sobre um plano horizontal perfeitamente liso, como mostra a figura 1.
Inicialmente as esferas se movimentam em sentidos opostos, colidindo no instante 1 t. A figura 2
representa a evolução das velocidades em função do tempo para essas esferas imediatamente antes
e após a colisão mecânica.
Sobre o sistema formado pelas esferas A e B, é correto afirmar:
a) Há conservação da energia cinética do sistema durante a colisão.
b) Há dissipação de energia mecânica do sistema durante a colisão.
c) A quantidade de movimento total do sistema formado varia durante a colisão.
d) A velocidade relativa de afastamento dos corpos após a colisão é diferente de zero.
e) A velocidade relativa entre as esferas antes da colisão é inferior à velocidade relativa entre elas
após colidirem.
9
Física
10. Perto de uma esquina, um pipoqueiro, P, e um “dogueiro”, D, empurram distraidamente seus carrinhos,
com a mesma velocidade (em módulo), sendo que o carrinho do “dogueiro” tem o triplo da massa do
carrinho do pipoqueiro. Na esquina, eles colidem (em O) e os carrinhos se engancham, em um choque
totalmente inelástico. Uma trajetória possível dos dois carrinhos, após a colisão, é compatível com a
indicada por
a) A.
b) B.
c) C.
d) D.
e) E.
10
Física
Gabarito
1. B
2. D
3. C
4. B
5. C
11
Física
6. A
7. D
8. C
12
Física
9. B
10. B
1
Química
Termoquímica
Resumo
Conceitos gerais
A maior parte das transformações físicas e químicas envolvem perda ou ganho de calor, e ele é sem dúvida
a forma mais comum de energia que acompanha as reações químicas. E isso acaba resultando a importância
do estudo do calor das reações na físico-química, denominamos termoquímica.
Termoquímica é o estudo das quantidades de calor liberadas ou absorvidas durante as reações químicas.
Para a Termoquímica, as reações químicas se classificam em:
1) Reações exotérmicas (∆H < 0): São as que produzem ou liberam calor, como por exemplo:
A queima do carvão: C + O2 → CO2 + Calor
A combustão da gasolina: C8H18 + 25
2 O2 → 8 CO2 + 9 H2O + Calor
Observe que, nesses exemplos, estamos considerando o calor como se fosse um dos “produtos” da reação
2) Reações endotérmicas (∆H > 0): São as que absorvem calor, como por exemplo:
A decomposição do carbonato de cálcio: CaCO3 + Calor → CaO + CO2
A síntese do óxido nítrico: N2 + O2 +Calor → 2 NO
Já nesses caso, veja que estamos considerando o calor como um “reagente” necessário ao andamento da
reação
Existem alguns conceitos básicos, porém importantes da termoquímica e da calorimetria, como por exemplo:
a) 1 cal é quantidade de energia necessária pra aquecer 1,0 grama de água pura em 1ºC (1 cal = 4,8 kJ)
b) Entalpia (H) é uma grandeza física que mede a energia térmica de um sistema e sua unidade pelo
sistema internacional é dado em Joule (J). O rompimento e reagrupamento das ligações nas
moléculas que geram esse calor, não há forma de se determinar a entalpia, porém conseguimos
determinar com precisão a variação de entalpia (H) que é a medida da quantidade de calor liberada
ou absorvida pela reação, a pressão constante.
2
Química
Gráficos termoquímicos
Vemos que o gráfico 1 representa uma reação exotérmica, ou seja, identificamos que a energia dos produtos
é menor que a energia dos reagentes, logo houve uma liberação de calor. Em contrapartida, no gráfico 2
percebemos que a energia do produtos é maior do que a energia dos reagentes, logo, houve uma absorção
de calor por parte dos reagentes.
Cálculo da variação de entalpia
Na termoquímica, como havíamos dito, não é possível medir a entalpia das substâncias. O que se pode medir
e calcular com precisão é a variação de entalpia ao longo das transformações químicas destas substâncias.
Definimos então a variação de entalpia(∆H) algebricamente como:
∆H = Hprodutos - Hreagentes
Considere o seguinte exemplo, com todas as substâncias no estado padrão:
H2(g) + 1
2 O2(g) → H2O(l) ∆H = - 286,6 kJ/mol
3
Química
Podemos interpretar o gráfico da seguinte maneira: o H2(g) e o 1
2 O2(g) estão no nível zero, logo tem valor
de entalpia igual a zero, pois são substâncias simples e estão no estado padrão.
Analisando o ∆H < 0 , concluímos que a reação é exotérmica e que o sistema em reação perde energia (calor)
para o meio ambiente. Consequentemente, o produto final (H2O(l) ) ficará em um nível de energia mais baixo
(- 286,6 kJ).
Podemos então provar o ∆H dado como:
∆H = Hprodutos - Hreagentes
∆H = HH2O - (HH2 + HO2) → ∆H = -286,6 - (zero + zero) → ∆H = - 286,6 Kj
Esse valor é chamado de entalpia (ou calor) padrão de formação do H2O(l) e é designado por ∆ H0f , em que
o expoente zero indica o estado padrão, e o índice f indica que se trata da entalpia de formação.
Definimos então:
Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância é a variação de entalpia verificada na formação
de 1 mol da substância, a partir das substâncias simples correspondentes, estando todas no estado padrão.
Lei de Hess
Em meados do século XIX o químico Germain Hess descobriu que a variação de entalpia (∆H) de um
processo dependia apenas do estado inicial e do estado final da reação.
Observe que a entalpia envolvida na transformação de A para C independe se a reação foi realizada em uma
única etapa (A→C), ou em várias etapas(A→B→C).
A partir deste conceito chegamos a conclusão de que é possível calcular a variação de entalpia de uma
reação através dos calores das reações intermediárias.
Exemplo:
A reação de combustão completa do carbono é representada por:
C + O2 → CO2 ∆Hglobal = ?
4
Química
Sendo esta a sua reação global com valor de ∆H desconhecido.
Porém, sabemos que está equação acontece em duas etapas:
Etapa 1: C + ½ O2 → CO ∆H1 = -110,0 kJ
Etapa 2: CO + ½ O2 → CO2 ∆H2 = -283,0 kJ
Portanto, conhecendo os valores de ∆H das reações intermediárias, é possível chegar ao valor de ∆H da
nossa equação global, somando estas equações intermediárias e cortando os reagentes com produtos
iguais de reações distintas:
Etapa 1: C + ½ O2 → CO ∆H1 = -110,0 kJ
+
Etapa 2: CO + ½ O2 → CO2 ∆H2 = -283,0 kJ
_______________________________________
=
Equação: C + O2 → CO2 ∆Hglobal = -393,0 kJ
global
Entalpia de Ligação
Imagine dois átomos ligados e no estado gasoso. A quebra da ligação que une estes dois átomos sempre
envolve absorção de energia, e a união destes dois átomos sempre envolverá liberação de energia.
Os processos de união e quebra são opostos, mas sempre envolverão a mesma quantidade de energia
quando estivermos falando da mesma ligação.
A energia de ligação é a energia necessária para quebrar 1 mol de ligações no estado gasoso.
Ligação Energia de ligação(kJ)
H - H 436
C - H 412
Cl - Cl 242
Cl - H 431
Pela lei de Hess, é possível determinar a variação de entalpia de qualquer reação se forem conhecidas as
energias de todas as ligações nas substâncias envolvidas.
Basta escrever a reação em duas etapas:
- Quebra de todas as ligações dos reagentes, com variação de entalpia igual à soma de todas as energias de
ligação;
5
Química
- Formação das ligações dos produtos, desta vez liberando a energia correspondente à soma das energias
de ligação dos produtos.
A soma das variações de entalpia nestas duas etapas fornecerá a variação de entalpia global da reação
completa.
PSIU!!
− Ligação dos reagentes é quebrada = absorve calor, sinal positivo.
− Ligação dos produtos é formada = libera calor, sinal negativo.
Exemplo 1:
Energia de ligação do composto CH4
4.(C - H) = 4 . 412 = 1648 kJ
Exemplo 2:
H2 + Cl2 → 2 HCl
(H - H) (Cl - Cl) (Cl - H)
+436 kJ +242 kJ 2.(-431 kJ) = - 862 kJ
(absorvidos = positivo) (liberado = negativo)
Energia dos reagente = +435 +242 = +678 kJ
Energia dos produtos = -862 kJ
∆H = ∆Hreagentes + ∆Hprodutos
∆H = +678 kJ + (-862 kJ)
∆H = -184 kJ = reação exotérmica
6
Química
Exercícios
1. Durante a manifestação das reações químicas, ocorrem variações de energia. A quantidade de energia
envolvida está associada às características químicas dos reagentes consumidos e dos produtos que
serão formados.
O gráfico abaixo representa um diagrama de variação de energia de uma reação química hipotética
em que a mistura dos reagentes A e B levam à formação dos produtos C e D.
Com base no diagrama, no sentido direto da reação, conclui-se que a
a) energia de ativação da reação sem o catalisador é igual a 15 kJ.
b) energia de ativação da reação com o catalisador é igual a 40 kJ.
c) reação é endotérmica.
d) variação de entalpia da reação é igual a -30 kJ.
e) variação de entalpia da reação é igual a -70 kJ.
2. Normalmente uma reação química libera ou absorve calor. Esse processo é representado no seguinte diagrama, considerando uma reação específica.
Com relação a esse processo, assinale a equação química correta.
a) 2(g) 2(g) 2 ( )
1H O H O 68,3 kcal2
+ → −
b) 2 ( ) 2(g) 2(g)
1H O 68,3 kcal H O2
− → +
c) 2 ( ) 2(g) 2(g)
1H O H O 68,3 kcal2
→ + +
d) 2(g) 2(g) 2 ( )
1H O H O 68,3 kcal2
+ → +
7
Química
3. A areia comum tem como constituinte principal o mineral quartzo (SiO2), a partir do qual pode ser
obtido o silício, que é utilizado na fabricação de microchips.
A obtenção do silício para uso na fabricação de processadores envolve uma série de etapas. Na
primeira, obtém-se o silício metalúrgico, por reação do óxido com coque, em forno de arco elétrico, à
temperatura superior a 1 900 °C. Uma das equações que descreve o processo de obtenção do silício
é apresentada a seguir:
( ) ( ) ( ) ( )2SiO s 2C s Si 2CO g+ → +
Dados:
0 -1f 2
0 -1f
H SiO 910,9 kJ · mol
H CO 110,5 kJ · mol
= −
= −
De acordo com as informações do texto, é correto afirmar que o processo descrito para a obtenção do
silício metalúrgico corresponde a uma reação
a) endotérmica e de oxirredução, na qual o Si4+ é reduzido a Si.
b) espontânea, na qual ocorre a combustão do carbono.
c) exotérmica, na qual ocorre a substituição do Si por C.
d) exotérmica, na qual ocorre a redução do óxido de silício.
e) endotérmica e de dupla troca.
4. O metanol é um álcool utilizado como combustível em alguns tipos de competição automotiva, por
exemplo, na Fórmula Indy. A queima completa (ver reação termoquímica abaixo) de 1L de metanol
(densidade 10,80 g mL )− produz energia na forma de calor (em kJ) e 2CO (em gramas) nas seguintes
quantidades respectivamente:
3 ( ) 2(g) 2 ( ) 2(g)2 CH OH 3 O 4 H O 2 CO ; H 1453 kJΔ+ → + = −
Considere: 13M(CH OH) 32 g mol−=
12M(CO ) 44 g mol−=
a) 318,2 10 e
31,1 10
b) 321,3 10 e
30,8 10
c) 321,3 10 e
31,1 10
d) 318,2 10 e
30,8 10
e) 336,4 10 e
31,8 10
8
Química
5. Os alimentos ao serem consumidos são digeridos e metabolizados liberando energia química. Uma
barra de cereal light de avelã com chocolate, que contém 77% de carboidratos, 4% de proteínas e
7% de lipídios, é um dos alimentos utilizados para adquirir energia, uma vez que a energia de
combustão das proteínas e dos carboidratos é de 14 kcal g− e, dos lipídios é de 19 kcal g .−
Com base nisso, calcule a quantidade de energia fornecida a um indivíduo que consome uma unidade
de 22 gramas dessa barra de cereal.
a) 3,87 kcal.
b) 7,37 kcal.
c) 162,1kcal.
d) 85,1kcal.
e) 387,0 kcal.
6. O hidróxido de magnésio, base do medicamento vendido comercialmente como Leite de Magnésia,
pode ser usado como antiácido e laxante. Dadas as reações abaixo:
I. (s) 2(g) (s)2Mg O 2MgO+ → H 1.203,6 kJ = −
II. 2(s) (s) 2 ( )Mg(OH) MgO H O→ + H 37,1kJ = +
III. 2(g) 2(g) 2 ( )2H O 2H O+ → H 571,7 kJ = −
Então, o valor da entalpia de formação do hidróxido de magnésio, de acordo com a reação
(s) 2(g) 2(g) 2(s)Mg H O Mg(OH) ,+ + → é:
a) 1.849,5 kJ−
b) 1.849,5 kJ+
c) 1.738,2 kJ−
d) 924,75 kJ−
e) 924,75 kJ+
9
Química
7. O carbono pode ser encontrado na forma de alótropos como o grafite e o diamante. Considere as equações termoquímicas seguintes.
grafite 2
grafite 2 2
diamante 2 2
1C O (g) CO(g) H 110 kJ2
C O (g) CO (g) H 393 kJ
C O (g) CO (g) H 395 kJ
+ → = −
+ → = −
+ → = −
A variação de entalpia da conversão de grafite em diamante, em kJ, é igual a
a) –788.
b) –2.
c) +2.
d) +287.
e) +788.
8. O 1,2 dicloroe tano− ocupa posição de destaque na indústria química americana. Trata-se de um
líquido oleoso e incolor, de odor forte, inflamável e altamente tóxico. É empregado na produção do
cloreto de vinila que, por sua vez, é utilizado na produção do PVC, matéria-prima para a fabricação de
dutos e tubos rígidos para água e esgoto.
A equação química que descreve, simplificadamente, o processo de obtenção industrial do
1,2 dicloroe tano,− a partir da reação de adição de gás cloro ao eteno, encontra-se representada
abaixo.
2 4(g) 2(g) 2 4 2( )C H C C H C+ →
Disponível em: <http://laboratorios.cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/sites/47/2013/11/dicloroetano.pdf>.
Acesso em: 3 set. 15. (Adaptado.)
Dados:
Ligação Energia de ligação (kJ / mol)
C H− 413,4
C C− 327,2
C C− 346,8
614,2
C C− 242,6
A variação de entalpia da reação acima é igual a
a) 144,4 kJ / mol.−
b) 230,6 kJ / mol.−
c) 363,8 kJ / mol.−
d) 428,2 kJ / mol.+
e) 445,0 kJ / mol.+
10
Química
9. Analise os três diagramas de entalpia.
O H da combustão completa de 1mol de acetileno, 2 2(g)C H , produzindo 2(g)CO e 2 ( )H O é
a) 1.140 kJ.+
b) 820 kJ.+
c) 1.299 kJ.−
d) 510 kJ.−
e) 635 kJ.−
11
Química
10. Uma alimentação saudável, com muitas frutas, traz incontáveis benefícios à saúde e ao bem-estar.
Contudo, a ingestão de fruta verde deixa um sabor adstringente na boca. Por isso, o gás eteno é
utilizado para acelerar o amadurecimento das frutas, como a banana.
Industrialmente, o eteno é obtido pela desidrogenação do etano, em altas temperaturas ( )500 C e na
presença de um catalisador (óxido de vanádio), conforme mostrado na reação a seguir
Energia de ligação ( )1kJ mol−
Ligação Energia
C H− 412
C C− 348
C C= 612
O valor absoluto da energia de ligação H H− em 1kJ mol ,− é, aproximadamente,
a) 124.
b) 436.
c) 684.
d) 872.
e) 1368.
12
Química
Gabarito
1. D
Alternativa [A]: Falsa. A energia de ativação sem catalisador vale 40 kJ.
Alternativa [B]: Falsa. A energia de ativação com catalisador vale 25 kJ.
Alternativa [C]: Falsa. A reação é exotérmica, pois a energia dos produtos é menor em relação à energia
dos reagentes, indicando que a reação liberou calor.
Alternativa [D]: Verdadeira. PRODUTOS REAGENTESH H – H 10 – 20 30kJ.Δ = = − = −
2. D
Ocorre liberação de energia, logo a quantidade de calor deve aparecer do lado direito da equação
química: 2 ( ) 2(g) 2(g)
Energialiberada
1H O H O 68,3 kcal.2
→ + +
3. A
Teremos:
( ) ( ) ( ) ( )+ → +
+
Oxidante Redutor
2SiO s 2C s Si 2CO g
4 0 (redução)
0 + 2 (oxidação)
( ) ( ) ( ) ( )
Δ
Δ
Δ
+ → +
− −
= −
= − − − = +
2
Pr odutos Reagentes
SiO s 2C s Si 2CO g
910,9 kJ 0 0 2( 110,5 kJ)
H H H
H 2( 110,5 kJ) ( 910,9 kJ ) 689,9 kJ
H 0; a reação é endotérmica.
4. A
m md 0,8 m 800g de metanol
V 1000
64g
= = =
1453kJ
800g
3
x
x 18,2 10 kJ
64g
=
288g de CO
800g
3
x
x 1,1 10 g=
13
Química
5. D
77% de carboidratos
1 barra 4% de proteínas
7% de lipídeos
Quantidade energética:
carboidrato: 4 kcal g
proteínas: 4 kcal g
lipídeos: 9 kcal g
77% 16,94 g de carboidratos ( 4) 67,76 kcal
22 g 4% 0,88 g de proteínas ( 4) 3,52 kcal
7% 1,54 g de lipídeos ( 9) 13,86 kcal
67,76 3,52 13,86 85,14 kcal
= =
= = = =
+ + =
6. D
Pela Lei de Hess, teremos:
(s) 2(g)2Mg O 2+ → Mg (s)O H 1.203,6 kJ
2
Δ = −
Mg (s)O 2+ 2H O 2(s)( )
2(g) 2(g)
2Mg(OH) H 2( 37,1) kJ
2H O 2
Δ→ = −
+ → 2H O ( ) H 571,7 kJΔ = −
(s) 2(g) 2(g) 2(s)2Mg 2H 2O 2Mg(OH)+ + →
7. C
+ → = −
+ → = −
+
grafite 2 2
diamante 2 2
grafite 2
C O (g) CO (g) H 393 kJ (manter)
C O (g) CO (g) H 395 kJ (inverter)
C O (g) → 2CO (g) = −1
2
H 393 kJ
CO (g) → +diamante 2C O (g) = +
→
= + = − + = +
2
grafite diamante
final 1 2
H 395 kJ
C C
H H H 393 395 2 kJ
14
Química
8. A
2 4(g) 2(g) 2 4 2( )C H C C H C
(C C) 4(C H) (C C ) (C C) 4(C H) 2(C C )
614,2 1653,6 242,6 346,8 1653,6 654,4
(2.510,4) (2.654,8)
2.510,4 kJ (absorvido) 2.654,8 kJ (liberado)
H 2.510,4 2.654,8
H 144,4 kJ
Δ
Δ
+ →
= + − + − → − + − + −
+ + → + +
→
+ → +
= −
= −
9. C
2 2 2 2 2
227 kJ 2 ( 393)kJ 286 kJ0 kJ
51 C H (g) O (g) 2CO (g) 1H O( )
2
H 2 ( 393 kJ) ( 286 kJ) 227 kJ 0 kJ
H 1.299 kJ
Δ
Δ
+ − −
+ ⎯⎯→ +
= − + − − + +
= −
10. B
A partir da análise das energias de ligação, teremos:
H [6(C H) (C C)] [4(C H) (C C) (H H)]
H 2(C H) (C C) (C C) (H H)
124 2(412) (348) (612) (H H)
(H H) 124 2(412) (348) (612)
(H H) 436 kJ / mol
Δ
Δ
= + − + − − − − = − −
= − + − − = − −
+ = + − − −
− = − + + −
− = +
1
Química
Propriedades coligativas: pressão de vapor, pressão osmótica,
ponto de ebulição e ponto de congelamento
Resumo
Quando adicionamos soluto não volátil a um solvente, o sistema resultante passa a ter um conjunto
específico de propriedades diferentes das do composto puro inicial, as quais chamamos de propriedades
coligativas.
Mas o que são solutos não voláteis (SNV)?
Volatilidade é uma propriedade física de líquidos que pode ser definida como a capacidade de ele virar
vapor. É perceptível para nós que a acetona e o álcool etílico viram vapor com facilidade muito maior que
a da água, por isso dizemos que são mais voláteis.
Sendo assim, SNVs são aqueles que não viram vapor ou gás com facilidade, à temperatura ambiente. Os
sais e as bases cujos cátions são metais (hidróxidos metálicos), por exemplo, são solutos não voláteis.
É muito importante saber que, quanto maior for o número de espécies dissolvidas no sistema, mais
intensa será a forma como essas propriedades irão ocorrer.
OBS: espécie é um termo genérico para designar todo e qualquer tipo de substância ou partícula presente
na natureza, bem como nas diversas reações que nela ocorrem. Por exemplo, um recipiente com NaCl
dissolvido em água não possui uma só espécie dissolvida, embora possua apenas um composto químico
dissolvido. Na verdade, este sistema possui duas espécies dissolvidas: um Na+ e um Cl-. Veja:
NaCl(aq) ⟶ Na(aq)+ + Cl(aq)
−
1 composto 1 espécie 1 espécie
Antes de estudarmos cada propriedade coligativa, é importante sabermos distinguir dois tipos de
solução:
a. Solução iônica: obtemos ao dissolvermos um composto iônico no solvente. Assim, as partículas
presentes serão íons. Exemplos: NaCl, Ca(OH)2, NH4Cl, etc.
b. Solução molecular: obtemos ao dissolvermos um composto molecular/covalente no solvente. Assim, as
partículas presentes serão moléculas. Exemplos: C6H12O6, C2H22O11, etc.
A diferença de comportamento de cada um desses tipos de soluto influi nos efeitos coligativos, uma
vez que compostos iônicos se dissociam no solvente, gerando mais espécies dissolvidas do que os
compostos moleculares, que não se dissociam.
2
Química
Tomemos como exemplos o NaCl e a C12H22O11:
NaCl(s) ⟶ Na(aq)+ + Cl(aq)
− C12H22O11(s) ⟶ C12H22O11(aq)
Dessa forma, no caso ilustrado, as propriedades coligativas na solução de cloreto de sódio serão
mais intensas do que na solução de sacarose.
Obs: Os ácidos, embora sejam compostos moleculares e não sofram dissociação iônica, eles sofrem
ionização em meio aquoso. Ou seja, o composto não é iônico, mas em água ele gera íons.
H2SO4(aq) ⇌ 2 H(aq)+ + SO4(aq)
2−
I. Tonoscopia (Pv)
É a propriedade coligativa que estuda a DIMINUIÇÃO da pressão máxima de vapor de um solvente,
quando se adiciona soluto não volátil (SNV).
A pressão de vapor é aquela que o vapor de um solvente exerce sobre o meio onde está inserido. Se
temos uma panela tampada com água, mesmo à temperatura ambiente (digamos 30°C), parte da água
líquida vaporiza, por ser volátil. Esse vapor d’água, ao atingir um nível de saturação para aquele meio,
condensa-se, formando água líquida novamente, que vaporiza, e depois condensa, sucessivamente, gerando
um sistema em equilíbrio. Dessa forma, chega-se a um ponto em que a quantidade de água condensada e
vaporizada permanecem constantes. Nesse ponto, a agitação das moléculas de água vaporizadas no
recipiente exerce a chamada pressão máxima de vapor ali dentro (pelo número de moléculas em forma de
vapor ser o maior possível, já que o sistema já se encontra equilibrado).
Quando adicionamos SNV a esse sistema, no entanto, as partículas do tal soluto, dissolvidas, interagem
entre si e com as moléculas do solvente (água) com uma força de atração (explicada pela polaridade das
substâncias) que dificulta o desprendimento de moléculas deste último da fase líquida para a fase de vapor.
Com isso, o número de moléculas de água vaporizadas no recipiente é menor, e, portanto, exerce menor
pressão naquele meio, mesmo quando alcança uma situação de equilíbrio entre as fases.
Neste caso, então, dizemos que a pressão máxima de vapor (Pv) da água pura é maior que a de uma
solução de NaCl. Mas e uma solução de sacarose (C12H22O11) em relação à de NaCl (quantidades iguais dos
solutos)? Bem, neste caso, como a solução de NaCl possui maior número de espécies dissolvidas, a Pv será
menor que a da solução de C12H22O11.
IMPORTANTE À BEÇA:
a. Cada líquido possui um valor próprio de pressão de vapor, que pode variar somente com a alteração da
temperatura.
b. Quanto mais volátil for um líquido, maior será sua pressão máxima de vapor. Se os líquidos A e B estão
dentro de recipientes separados sob a mesma temperatura, e o B é mais volátil que o A, então ele libera
mais moléculas de vapor para o recipiente do que o A. Sendo assim, a pressão exercida por suas
moléculas vaporizadas será maior que a exercida pelas moléculas vaporizadas do A.
Total de 2 mol
1 mol 1 mol 1 mol
3
Química
II. Osmometria (Po)
Estuda o AUMENTO da pressão osmótica das soluções, ao adicionarmos SNV.
➢ Tipos de solução quanto à concentração de soluto:
Quanto mais soluto há em uma solução, mais concentrada ela é. Quanto menos soluto, mais diluída é a
solução. Ao compararmos duas soluções, surgem algumas classificações importantes para entendermos a
osmometria. São elas:
• Solução hipotônica: É a solução menos concentrada, ou seja, a que tem menos soluto por quantidade de
solvente, como sugere o prefixo “hipo”.
• Solução hipertônica: É a solução mais concentrada, ou seja, a que tem mais soluto por quantidade de
solvente, como sugere o prefixo “hiper”.
• Soluções isotônicas: São soluções que possuem concentrações iguais, ou seja, tem a mesma
quantidade de soluto pela mesma quantidade de solvente.
Se temos um recipiente dividido por uma membrana semipermeável (através da qual o solvente pode
atravessar, mas o soluto não), e os dois lados da solução possuem concentrações diferentes, o solvente
tende a se difundir para o lado HIPERTÔNICO, a fim de igualar as concentrações dos dois lados. A esse
processo damos o nome de osmose.
Hipotônica Hipertônica Isotônicas
5 g de NaCl em
100 mL de água
10 g de NaCl em
100 mL de água
5 g de NaCl em
100 mL de água
5 g de NaCl em
100 mL de água
4
Química
Vamos analisar:
A pressão osmótica é aquela que exercemos artificialmente para impedir a passagem natural de solvente
do meio hipotônico para o meio hipertônico. Se o acréscimo de soluto a um dos lados da membrana
semipermeável aumenta a tendência de o solvente se difundir para o meio hipotônico, então a pressão
osmótica que precisamos aplicar para impedir essa passagem também aumenta. Ou seja, quanto mais SNV,
maior é a Po da solução.
É bom saber:
A osmose reversa é um método usado para transformar água salobra em água potável; para dessalinizar
água de mar. Consiste na aplicação de pressão superior à pressão osmótica da água do mar, para
impulsionar o solvente (água pura) a passar para a solução mais diluída, sem levar junto os sais que havia
no conteúdo. Por ser contra o caminho natural da osmose, esse processo é caro e, portanto, difícil de ser
utilizado por países mais pobres, que geralmente são os que mais sofrem com a falta de água potável.
III. Ebulioscopia (Pe)
Estuda o AUMENTO do ponto de ebulição de um sistema aquoso ao acrescentarmos SNV.
O ponto de ebulição é a temperatura em que a pressão de vapor de um líquido se iguala à pressão do
ambiente em que está, fazendo com que a vaporização do mesmo ocorra de forma mais rápida e turbulenta.
Sendo assim, a temperatura de ebulição de uma substância varia sob diferentes valores de pressão
atmosférica: quanto menor for a pressão externa ao líquido, menor será sua temperatura de ebulição. A água,
por exemplo, ferve a menos de 100°C em altitudes mais elevadas.
Como vimos na tonoscopia, ao adicionarmos SNV a certa quantidade de água, suas partículas
dissolvidas interagem quimicamente com as moléculas de água, atrapalhando a vaporização dela. Com isso,
além de a Pv diminuir, o ponto de ebulição desse solvente aumenta. E quanto maior for a quantidade de
soluto adicionado e dissolvido, maior ficará o ponto de ebulição da solução.
Caminho do solvente
HIPO
- 5g NaCl
- 100 mL H2O
- C = 50 g/L
HIPER
- 15 g NaCl
- 100 mL H2O
- C = 150 g/L
Membrana
semipermeável Membrana
semipermeável
ISO
- 5 g NaCl
- 50 mL H2O
- C = 100 g/L
ISO
- 15 g NaCl
- 150 mL H2O
- C = 100 g/L
5
Química
Exemplo: Quando adicionamos 1 mol de NaCl em 1L de água, a solução final contém 2 mol de espécies
dissolvidas, segundo a proporção analisada na reação de dissolução acima. Mas se acrescentarmos a
mesma quantidade (1 mol) de MgCl2 a 1L de água, a solução final conterá 3 mol de espécies dissolvidas.
NaCl(s) ⟶ Na(aq)+ + Cl(aq)
− MgCl2 (s) ⟶ Mg (aq)2+ + 2 Cl (aq)
−
IMPORTANTE À BEÇA: Cada composto químico possui seu próprio valor de temperatura de ebulição.
É bom saber:
Quando cozinhamos algo na panela de pressão, o tempo de cozimento é menor do que quando usamos
a panela normal, e quem explica isso é a ebulioscopia. Como a pressão dentro da panela é superior à pressão
atmosférica normal, o ponto de ebulição da água aumenta e, assim, a água líquida que está em contato com
o alimento alcança temperaturas mais elevadas, acelerando a velocidade de cozimento (OBS: como
aprendemos em cinética química, a temperatura é um dos fatores que intervêm na velocidade das reações).
IV. Crioscopia (Pc)
Estuda a DIMINUIÇÃO do ponto de congelamento das soluções, ao adicionarmos SNV.
O ponto de congelamento é a temperatura em que um líquido passa para a fase sólida, ou seja, o ponto
em que as moléculas do líquido interagem entre si de maneira mais intensa, aproximando-se e assumindo
uma forma menos “espalhada” que a líquida, uma forma cristalizada.
Quando adicionamos SNV à água, por exemplo, seu ponto de congelamento se torna inferior a 0°C (o
normal à pressão de 1 atm). Isso ocorre porque as partículas dissolvidas de soluto se interpõem entre as
moléculas do solvente, dificultando a interação – aproximação – entre elas. Assim, faz-se necessária uma
temperatura mais baixa para que a água se cristalize.
É bom saber:
Algumas pessoas, para resfriarem mais rapidamente garrafas de bebida mantidas em recipientes com
gelo, jogam sal de cozinha no recipiente. Dessa forma, a temperatura de congelamento daquele gelo abaixa,
levando ao seu derretimento. Com isso, expõem as áreas mais internas (mais frias) do gelo ao contato com
as garrafas, resfriando-as.
RESUMINDO
Ao adicionarmos solutos não voláteis a um solvente,
Sua pressão de vapor diminui; Sua pressão osmótica aumenta; Seu ponto de ebulição aumenta; Seu ponto de congelamento diminui.
1 mol 1 mol + 1 mol = 2 mol 1 mol + 2 mol = 3 mol 1 mol
6
Química
➢ MACETE
P/ V O C Ê
V → pressão de vapor
O → pressão osmótica
C → ponto de congelamento
E → ponto de ebulição
7
Química
Exercícios
1. Observe o gráfico abaixo, referente à pressão de vapor de dois líquidos, A e B, em função da temperatura.
Considere as afirmações abaixo, sobre o gráfico.
I. O líquido B é mais volátil que o líquido A.
II. A temperatura de ebulição de B, a uma dada pressão, será maior que a de A.
III. Um recipiente contendo somente o líquido A em equilíbrio com o seu vapor terá mais moléculas
na fase vapor que o mesmo recipiente contendo somente o líquido B em equilíbrio com seu vapor,
na mesma temperatura.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
2. Considerar duas soluções de ácido clorídrico e outra de ácido acético (ácido etanoico), ambas 10-2M.
Pergunta-se:
Qual das duas soluções apresenta menor temperatura de congelação? Justificar.
8
Química
3. Alguns tipos de dessalinizadores usam o processo de osmose reversa para obtenção de água potável
a partir da água salgada. Nesse método, utiliza-se um recipiente contendo dois compartimentos
separados por uma membrana semipermeável: em um deles coloca-se água salgada e no outro
recolhe-se a água potável. A aplicação de pressão mecânica no sistema faz a água fluir de um
compartimento para o outro. O movimento das moléculas de água através da membrana é controlado
pela pressão osmótica e pela pressão mecânica aplicada.
Para que ocorra esse processo é necessário que as resultantes das pressões osmótica e mecânica
apresentem
a) mesmo sentido e mesma intensidade.
b) sentidos opostos e mesma intensidade.
c) sentidos opostos e maior intensidade da pressão osmótica.
d) mesmo sentido e maior intensidade da pressão osmótica.
e) sentidos opostos e maior intensidade da pressão mecânica.
4. Considere soluções aquosas diluídas e de mesma concentração das seguintes soluções:
1. 3 4 2Mg (PO )
2. 2 2 7K Cr O
3. 2 2 3 2Na S O x5 H O
4. 3 3A (NO )
A ordem crescente do ponto de ebulição dessas soluções é:
a) 2 = 3 > 4 > 1
b) 2 4 1 3
c) 2 4 1 3
d) 2 = 3 < 4 < 1
9
Química
5.
Dia de churrasco! Carnes já temperadas, churrasqueira acesa, cervejas e refrigerantes no freezer.
Quando a primeira cerveja é aberta, está quente! Sem desespero, podemos salvar a festa. Basta fazer
a mistura frigorífica. É simples: colocar gelo em um isopor, com dois litros de água, meio quilo de sal
e 300 mL de etanol (46 GL). Em três minutos, as bebidas (em lata) já estarão geladinhas e prontas
para o consumo. Basta se lembrar de lavar a latinha antes de abrir e consumir. Ninguém vai querer
beber uma cervejinha ou um refrigerante com gosto de sal, não é?
Sobre a mistura frigorífica, são feitas as seguintes afirmações:
I. O papel da água é aumentar a superfície de contato da mistura, fazendo todas as latinhas estarem
imersas no mesmo meio.
II. O sal é considerado um soluto não volátil, que, quando colocado em água, abaixa o ponto de fusão
do líquido. Esse efeito é denominado de crioscopia.
III. Ocorre uma reação química entre o sal e o álcool, formando um sal orgânico. O processo é
endotérmico, portanto o sistema se torna mais frio.
IV. O sal pode ser substituído por areia, fazendo a temperatura atingida pela mistura se tornar ainda
mais baixa.
V. Na ausência de álcool, outro líquido volátil, por exemplo, a acetona, pode ser utilizado.
Estão CORRETAS
a) I, II e III.
b) I, II e V.
c) II, III e V.
d) I, II e IV.
e) III, IV e V.
10
Química
6. A liofilização é uma técnica, que tem sido aplicada para a conservação de vários produtos alimentícios.
Indicada para produtos que tenham constituintes sensíveis ao calor, como proteínas e vitaminas, a
liofilização conserva as propriedades nutritivas, pois as membranas das células não se rompem com
a perda do vapor de água. O produto é colocado em câmaras herméticas, e o ar de dentro é removido
por meio de bombas de alto vácuo, criando a condição para que ocorra a sublimação da água, que é
retirada para compartimentos específicos. Adaptado de: http://www.unilago.edu.br/
Nesse processo, ocorre a
a) criossecagem diferenciada sob baixa temperatura e alta pressão.
b) retirada da água, que está na forma de gelo, pela aplicação de pressões muito altas.
c) criodesidratação, com passagem da água do estado sólido diretamente para o estado gasoso.
d) passagem da água do estado sólido diretamente para o estado gasoso, pela aplicação de
pressões muito altas.
e) passagem da água líquida para a água no estado vapor, pela aplicação de vácuo ao sistema
hermeticamente fechado.
7. A adição de determinados solutos em meio aquoso muda algumas das propriedades físicas do
solvente. Considere três recipientes que contenham 1,0 L de soluções aquosas com concentração
molar igual a 0,5 mol L das seguintes substâncias:
I. Sacarose – 12 22 11C H O .
II. Cloreto de sódio – NaC .
III. Nitrato de cálcio – 3 2Ca(NO ) .
Ao medir algumas das propriedades físicas dessas soluções, foi observado que
a) a solução de sacarose apresentava pontos de fusão e ebulição superiores ao da água pura.
b) a solução de cloreto de sódio apresentava ponto de congelamento inferior à solução de nitrato
de cálcio.
c) a solução de nitrato de cálcio é que apresentava o menor valor de pressão de vapor.
d) apenas as soluções iônicas possuíam pontos de ebulição superiores ao da água pura.
e) a maior variação entre os pontos de fusão e ebulição para essas substâncias será observada para
a solução de sacarose.
8. Quando se compara a água do mar com a água destilada, pode-se afirmar que a primeira, em relação à segunda, tem menor __________, mas maior __________.
a) densidade – ponto de ebulição
b) condutividade elétrica – densidade
c) pressão de vapor – condutividade elétrica
d) concentração de íons – ponto de ebulição
e) ponto de congelação – facilidade de vaporização do solvente
11
Química
9. O etilenoglicol é uma substância muito solúvel em água, largamente utilizado como aditivo em
radiadores de motores de automóveis, tanto em países frios como em países quentes.
Considerando a função principal de um radiador, pode-se inferir corretamente que
a) a solidificação de uma solução aquosa de etilenoglicol deve começar a uma temperatura mais
elevada que a da água pura e sua ebulição, a uma temperatura mais baixa que a da água pura.
b) a solidificação de uma solução aquosa de etilenoglicol deve começar a uma temperatura mais
baixa que a da água pura e sua ebulição, a uma temperatura mais elevada que a da água pura.
c) tanto a solidificação de uma solução aquosa de etilenoglicol quanto a sua ebulição devem
começar em temperaturas mais baixas que as da água pura.
d) tanto a solidificação de uma solução aquosa de etilenoglicol quanto a sua ebulição devem
começar em temperaturas mais altas que as da água pura.
10. O gráfico a seguir representa a pressão de vapor de quatro solventes em função da temperatura.
Ao analisar o gráfico foram feitas as seguintes observações:
I. Apesar de metanol e etanol apresentarem ligações de hidrogênio entre suas moléculas, o etanol
tem maior temperatura de ebulição, pois sua massa molecular é maior do que a do metanol.
II. É possível ferver a água a 60 C, caso essa substância esteja submetida uma pressão de 20 kPa.
III. Pode-se encontrar o dissulfeto de carbono no estado líquido a 50 C, caso esteja submetido a
uma pressão de 120 kPa.
Pode-se afirmar que
a) somente as afirmações I e II estão corretas.
b) somente as afirmações I e III estão corretas
c) somente as afirmações II e III estão corretas
d) todas as afirmações estão corretas.
12
Química
Gabarito
1. D
[I] Incorreta. Como a pressão de vapor de A é maior do que a pressão de vapor de B a uma dada
temperatura, conclui-se que A é mais volátil do que B.
[II] Correta. A temperatura de ebulição de B, a uma dada pressão, será maior que a de A, pois sua pressão
de vapor é menor, comparativamente.
[III] Correta. Um recipiente contendo somente o líquido A (maior pressão de vapor) em equilíbrio com o
seu vapor terá mais moléculas na fase vapor que o mesmo recipiente contendo somente o líquido B
(menor pressão de vapor) em equilíbrio com seu vapor, na mesma temperatura.
HCℓ: maior quantidade de íons dispersos.
2. E
Para que ocorra esse processo é necessário que as resultantes das pressões osmótica e mecânica
apresentem sentidos opostos e maior intensidade da pressão mecânica, assim o solvente migrará do
meio mais concentrado para o meio menos concentrado num processo não espontâneo.
13
Química
3. D
Quanto maior o número de mols de íons formados, maior o efeito coligativo, ou seja, maior será o ponto
de ebulição. Supondo 100 % de dissociação iônica, vem:
2
2
2
2
H O 2 33 4 2 4
5 mols de íons
H O 22 2 7 2 7
3 mols de íons
H O 22 2 3 2 2 3 2
3 mols de íons
H O 33 3 3
4 mols de íons
1. Mg (PO ) 3 Mg 2 PO
2. K Cr O 2 K 1Cr O
3. Na S O 5 H O 2 Na 1S O 5 H O
4. A (NO ) 1 A 3 NO
+ −
+ −
+ −
+ −
⎯⎯⎯→ +
⎯⎯⎯→ +
• ⎯⎯⎯→ + +
⎯⎯⎯→ +
Conclusão: 2 3 4 1.
4. B
I. Verdadeira. A água desempenhará o papel de aumentar a superfície de contato, colocando todas as
latas em contato com a mistura.
II. Verdadeira. A adição do sal irá diminuir a pressão máxima de vapor e, consequentemente, o ponto
de congelamento da água.
III. Falsa. Não ocorre uma reação química entre o cloreto de sódio e o etanol, trata-se apenas de uma
mistura.
IV. Falsa. Como a areia não possui as mesmas propriedades físico-químicas que o cloreto de sódio,
será formado apenas uma mistura heterogênea com a água, não provocando nenhuma alteração no
sistema em questão.
V. Verdadeira. O álcool é utilizado devido a sua volatilidade, assim a acetona poderia ser usada sem
prejuízo algum.
5. C
A criodesidratação ou liofilização é um processo de desidratação de produtos que ocorre em condições
especiais de temperatura e pressão e faz com que a água que está no estado sólido passe diretamente
para o estado gasoso, num processo físico chamado sublimação.
6. C
[A] Incorreta. Apenas a temperatura de ebulição será maior, a temperatura de fusão será inferior a da
água pura, pois a presença de soluto não volátil dificulta o congelamento da solução.
[B] Incorreta. A quantidade de íons formados para as soluções iônicas dadas será:
(aq) (aq)
23 2 (aq) 3(aq)
NaC Na C i 2
Ca(NO ) Ca 2NO i 3
+ −
+ −
→ + =
→ + =
Assim, dentre os compostos iônicos, a solução de nitrato de cálcio, irá apresentar a maior concentração
de partículas presentes em solução o que levaria a apresentar um menor ponto de congelamento quando
comparada ao cloreto de sódio.
14
Química
[C] Correta. Quanto maior a quantidade de partículas em uma solução, menor será a sua pressão de
vapor.
[D] Incorreta. Tanto solutos iônicos quanto moleculares irão apresentar pontos de ebulição superiores
ao da água pura.
[E] Incorreta. Será dada pelo composto que apresenta o maior número de íons em solução, no caso o
nitrato de cálcio.
7. C
Quando se compara a água do mar com a água destilada, pode-se afirmar que a primeira, em relação à
segunda, tem menor pressão de vapor (apresenta maior quantidade de partículas, maior efeito
coligativo) e maior condutividade elétrica (maior quantidade de íons).
8. B
A elevação do número de partículas de soluto provoca a diminuição da temperatura de solidificação e a
elevação da temperatura de ebulição como consequência do efeito coligativo.
9. D
[I] Correta.
Apesar de metanol e etanol apresentarem ligações de hidrogênio entre suas moléculas, o etanol tem
maior temperatura de ebulição, pois sua massa molecular (ou superfície de contato) é maior do que a do
metanol.
[II] Correta.
É possível ferver a água a 60 C, caso essa substância esteja submetida uma pressão de 20 kPa.
15
Química
[III] Correta.
A, aproximadamente, 50,2 C e 120kPa ocorre a ebulição do dissulfeto de carbono, logo a 50 C ele se
encontra no estado líquido.
1
Matemática
Porcentagem
Resumo
Porcentagem é uma fração de denominador 100.
Ex.: 3
100 = 0,3 = 3%
37
100 = 0,37 = 37%
Mas e se a fração não tiver denominador 100? É só transformarmos essa fração em uma que tenha
denominador 100.
Ex.: 2
5 =
40
100 = 40%.
3 42,9
7 100= = 42,9%
Obs.: Se quisermos calcular x% de algum valor y, basta multiplicarmos. Ou seja:
𝑥% 𝑑𝑒 𝑦 = 𝑥
100× 𝑦
Fatores multiplicativos
Para facilitar o cálculo de um valor resultante de um aumento ou desconto percentual, utilizam-se os fatores
multiplicativos.
Imagine uma quantidade C que será aumentada de x%. O resultado desse aumento pode ser calculado por:
→ Valor Final = .100
xC C+ = (1 )
100
xC +
Agora imaginemos que C sofra uma redução de x%.
Assim, temos que:
→ Valor final = .100
xC C− = (1 )
100
xC −
Resumindo:
→ Fator de aumento = 1100
x+
→ Fator de desconto = 1100
x−
2
Matemática
Exercícios
1. Uma concessionária de automóveis revende atualmente três marcas de veículos, A, B e C, que são
responsáveis por 50%, 30% e 20%, respectivamente, de sua arrecadação. Atualmente, o faturamento
médio mensal dessa empresa é de R$ 150 000,00. A direção dessa empresa estima que, após uma
campanha publicitária a ser realizada, ocorrerá uma elevação de 20%, 30% e 10% na arrecadação com
as marcas A, B e C, respectivamente.
Se os resultados estimados na arrecadação forem alcançados, o faturamento médio mensal da
empresa passará a ser de
a) R$ 180 000,00.
b) R$ 181 500,00.
c) R$ 187 500,00.
d) R$ 240 000,00.
e) R$ 257 400,00.
2. O tipo mais comum de bebida encontrado nos supermercados não é o suco, mas o néctar de frutas.
Os fabricantes de bebida só podem chamar de suco os produtos que tiverem pelo menos 50% de polpa,
a parte comestível da fruta. Já o néctar de frutas é mais doce e tem entre 20% e 30% de polpa de frutas. Superinteressante, São Paulo, ago. 2011.
Uma pessoa vai ao supermercado e compra uma caixa de 1 litro de bebida. Em casa ela percebe que
na embalagem está escrito “néctar de frutas com 30% de polpa”.
Se essa caixa fosse realmente de suco, necessitaria de um aumento percentual de polpa de,
aproximadamente,
a) 20%.
b) 67%.
c) 80%.
d) 167%.
e) 200%.
3
Matemática
3. Quanto A inclinação de uma rampa é calculada da seguinte maneira: para cada metro medido na
horizontal, mede-se x centímetros na vertical. Diz-se, nesse caso, que a rampa tem inclinação de x%,
como no exemplo da figura:
A figura apresenta um projeto de uma rampa de acesso a uma garagem residencial cuja base, situada
2 metros abaixo do nível da rua, tem 8 metros de comprimento.
Depois de projetada a rampa, o responsável pela obra foi informado de que as normas técnicas do
município onde ela está localizada exigem que a inclinação máxima de uma rampa de acesso a uma
garagem residencial seja de 20%.
Se a rampa projetada tiver inclinação superior a 20%, o nível da garagem deverá ser alterado para
diminuir o percentual de inclinação, mantendo o comprimento da base da rampa. Para atender às
normas técnicas do município, o nível da garagem deverá ser
a) elevado em 40 cm.
b) elevado em 50 cm.
c) mantido no mesmo nível.
d) rebaixado em 40 cm.
e) rebaixado em 50 cm.
4
Matemática
4. O gerente do setor de recursos humanos de uma empresa está organizando uma avaliação em que
uma das etapas é um jogo de perguntas e respostas. Para essa etapa, ele classificou as perguntas,
pelo nível de dificuldade, em fácil, médio e difícil, e escreveu cada pergunta em cartões para colocação
em uma urna. Contudo, após depositar vinte perguntas de diferentes níveis na urna, ele observou que 25%
delas eram de nível fácil. Querendo que as perguntas de nível fácil sejam a maioria, o gerente decidiu
acrescentar mais perguntas de nível fácil à urna, de modo que a probabilidade de o primeiro participante
retirar, aleatoriamente, uma pergunta de nível fácil seja de 75%. Com essas informações, a quantidade
de perguntas de nível fácil que o gerente deve acrescentar à urna é igual a
a) 10.
b) 15.
c) 35.
d) 40.
e) 45.
5. O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos e é também um dos campeões mundiais de
desperdício. São produzidas por ano, aproximadamente, 150 milhões de toneladas de alimentos e,
desse total, 2/3 são produtos de plantio. Em relação ao que se planta, 64% são perdidos ao longo da
cadeia produtiva (20% perdidos na colheita, 8% no transporte e armazenamento, 15% na indústria de
processamento, 1% no varejo e o restante no processamento culinário e hábitos alimentares).
O desperdício durante o processamento culinário e hábitos alimentares, em milhão de tonelada, é
igual a
a) 20.
b) 30.
c) 56.
d) 64.
e) 96.
6. Uma ponte precisa ser dimensionada de forma que possa ter três pontos de sustentação. Sabe-se que a carga máxima suportada pela ponte será de 12 t. O ponto de sustentação central receberá 60% da carga da ponte, e o restante da carga será distribuído igualmente entre os outros dois pontos de sustentação. No caso de carga máxima, as cargas recebidas pelos três pontos de sustentação serão,
respectivamente,
a) 1,8 t; 8,4 t; 1,8 t.
b) 3,0 t; 6,0 t; 3,0 t.
c) 2,4 t; 7,2 t; 2,4 t.
d) 3,6 t; 4,8 t; 3,6 t.
e) 4,2 t; 3,6 t; 4,2 t.
5
Matemática
7. O colesterol total de uma pessoa é obtido pela soma da taxa do seu “colesterol bom” com a taxa do
seu “colesterol ruim”. Os exames periódicos, realizados em um paciente adulto, apresentaram taxa
normal de “colesterol bom”, porém, taxa do “colesterol ruim” (também chamado LDL) de 280 mg/dL.
O quadro apresenta uma classificação de acordo com as taxas de LDL em adultos.
O paciente, seguindo as recomendações médicas sobre estilo de vida e alimentação, realizou o exame
logo após o primeiro mês, e a taxa de LDL reduziu 25%. No mês seguinte, realizou novo exame e
constatou uma redução de mais 20% na taxa de LDL. De acordo com o resultado do segundo exame,
a classificação da taxa de LDL do paciente é
a) ótima.
b) próxima de ótima.
c) limite
d) alta.
e) muito alta.
6
Matemática
8. Devido ao não cumprimento das metas definidas para a campanha de vacinação contra a gripe
comum e o vírus H1N1 em um ano, o Ministério da Saúde anunciou a prorrogação da campanha por
mais uma semana. A tabela apresenta as quantidades de pessoas vacinadas dentre os cinco grupos
de risco até a data de início da prorrogação da campanha
Qual é a porcentagem do total de pessoas desses grupos de risco já vacinadas?
a) 12
b) 18
c) 30
d) 40
e) 50
9. O Brasil é um país com uma vantagem econômica clara no terreno dos recursos naturais, dispondo de
uma das maiores áreas com vocação agrícola do mundo. Especialistas calculam que, dos 853 milhões
de hectares do país, as cidades, as reservas indígenas e as áreas de preservação, incluindo florestas
e mananciais, cubram por volta de 470 milhões de hectares. Aproximadamente 280 milhões se
destinam à agropecuária, 200 milhões para pastagens e 80 milhões para a agricultura, somadas as
lavouras anuais e as perenes, como o café e a fruticultura.
De acordo com os dados apresentados, o percentual correspondente à área utilizada para agricultura
em relação à área do território brasileiro é mais próximo de
a) 32,8%
b) 28,6%
c) 10,7%
d) 9,4%
e) 8,0%
7
Matemática
10. Os vidros para veículos produzidos por certo fabricante têm transparências entre 70% e 90%,
dependendo do lote fabricado. Isso significa que, quando um feixe luminoso incide no vidro, uma parte
entre 70% e 90% da luz consegue atravessá-lo. Os veículos equipados com vidros desse fabricante
terão instaladas, nos vidros das portas, películas protetoras cuja transparência, dependendo do lote
fabricado, estará entre 50% e 70%. Considere que uma porcentagem P da intensidade da luz,
proveniente de uma fonte externa, atravessa o vidro e a película.
De acordo com as informações, o intervalo das porcentagens que representam a variação total
possível de P é
a) [35; 63].
b) [40; 63].
c) [50; 70].
d) [50; 90].
e) [70; 90].
8
Matemática
Gabarito
1. B
Faturamento da marca A: 150 000 × 50% = 75 000,00. Com aumento de 20%, 75 000 × 1,2 = 90 000,00.
Faturamento da marca B: 150 000 × 30% = 45 000. Com aumento de 30%, 45 000 × 1,3 = 58 500,00.
Faturamento da marca C: 150 000 × 20% = 30 000. Com aumento de 10%, 30 000 × 1,1 = 33 000,00.
Novo faturamento = 90 000 + 58 500 + 33 000 = 181 500,00.
2. B
Primeiramente, é importante observar o que a questão considera como suco (no caso, 50% de polpa)
Considerando que os 30% de polpa é o total que há na caixa, pode-se dizer que correspondem a 100%
do "real". O "desejável" é que se obtenha mais que os 100%, ou seja, os 50%. Dessa forma:
30% ------ 100%
50% ------ x
x = 167%
Esse seria o total obtido, tem-se que diminuir 100%, pois ele pede o aumento percentual, ou seja, 67%.
3. A
4. D
5. A
150 × 2/3 = 100 toneladas no plantio 64% de perda dos quais 20% são perdidos na colheita, 8% no
transporte e armazenamento, 15% na indústria de processamento, 1% no varejo e o restante no
processamento culinário e hábitos alimentares.
20 + 8 + 15 + 1 + c = 64
9
Matemática
c = 20%
20% são devido ao desperdício no processamento culinário e hábitos alimentares 100 × 20/100= 20
toneladas.
6. C
A carga máxima suportada pela ponte é de 12 toneladas, assim, o ponto de sustentação central receberá
12% dessa carga, logo, 12/100 . 12 = 7,2 toneladas. Os outros pontos de sustentação receberão o resto
da carga igualmente, assim, 12 – 7,2 = 4,8 toneladas, como cada um vai receber a mesma quantidade,
2,4 toneladas cada um.
7. D
Pelo enunciado, vemos que a taxa inicial é igual a 280 mg/dL. Esta reduzirá, em um mês, 25%. Ou seja, a
taxa foi para 280 × 0,75 = 210 mg/dL.
No segundo mês, ele reduziu em 20% sua taxa em relação ao mês anterior. Dessa forma, a taxa final dele,
é de 210 × 0,8 = 168 mg/dL.
Consultando a tabela, sua taxa será considerada alta.
8. D
9. D
Usando as informações do enunciado, temos que a área utilizada para agricultura em relação a área do
território brasileiro é de:
80 milhões/853 milhões ≈ 0,094 = 9,4%
10. A
Considerando L como sendo a intensidade da luz que sai da fonte externa, a quantidade mínima que
passa do vidro é de 70% × 50% × L = 35% L e quantidade máxima é dada por 90% × 70% × L = 63% L.
Logo a porcentagem P da intensidade da luz que ultrapassa o vidro está num intervalo de 35% a 63%.
Matemática
Esferas e circunscrição
Resumo
Esfera é um sólido limitado por uma superfície esférica fechada e que tem todos os seus pontos à mesma
distância de um ponto em seu interior.
Área da superfície esférica:
Seja uma esfera de centro O e raio R. A área da superfície esférica é dada pela fórmula:
4 ²esfS R=
Volume de uma esfera:
Como Arquimedes deduziu a fórmula da esfera?
Arquimedes pegou um cilindro de raio r e encheu-o de líquido. Colocou um recipiente por baixo do cilindro e,
em seguida colocou dentro do cilindro uma esfera de raio r. Ao fazê-lo o líquido que estava dentro do cilindro
transbordou para o recipiente. Deitou fora o líquido que sobrou (dentro do cilindro) e colocou o líquido do
recipiente novamente dentro do cilindro verificou assim que o líquido da esfera ocupava 2/3 do cilindro:
22 2 2 4 ³2
3 3 3 3esfera cilindro b
rV V A h r r
= = = =
Matemática
Logo:
4 ³
3esf
RV
=
Secção em uma esfera:
Toda seção plana de uma esfera é um círculo. Sendo R o raio da esfera, d a distância do plano secante ao
centro e r o raio da seção, observe:
Assim, pelo triângulo pitagórico, temos que:
² ² ²R d r= +
Inscrição e circunscrição de sólidos
Esfera e Cubo
Esfera inscrita em cubo
O diâmetro da esfera será igual a aresta do cubo
22
ar a r= =
Esfera circunscrita em cubo
O diâmetro da esfera será igual a diagonal do
cubo
3
2 32
ar a r= =
Matemática
Prisma e cilindro
Prisma inscrito em cilindro
O raio da base do cilindro é o raio da
circunferência circunscrita à base do prisma.
Prisma circunscrito em cilindro
O raio da base do cilindro é o raio da
circunferência inscrita à base do prisma.
Pirâmide e cone
Pirâmide inscrita em cone
O raio da base do cone é o raio da circunferência
circunscrita à base da pirâmide.
Pirâmide circunscrita em cone
O raio da base do cone é a apótema da base da
pirâmide.
A geratriz do cone é o apótema da pirâmide.
Matemática
Cilindro e cone
Cilindro Circular reto inscrito em cone reto
Usando os elementos indicados nas figuras, temos:
g r H hADE ABC
G R H
G g R r hEDF ABC
G R H
g r H hADE EFC
G g R r h
− = =
− − = =
− = =
− −
Cilindro e esfera
Cilindro inscrito numa esfera
O raio da base r e a altura h de um cilindro inscrito
numa esfera de raio R possuem a seguinte
relação:
( ) ( )2 22
2 2r h R+ =
Cilindro circunscrito a uma esfera
O cilindro circunscrito a uma esfera é um cilindro
equilátero cujo raio da base é igual ao raio da
esfera
2h r=
1
Matemática
Exercícios
1. Para decorar uma mesa de festa infantil, um chefe de cozinha usará um melão esférico com diâmetro
medindo 10 cm, o qual servirá de suporte para espetar diversos doces. Ele irá retirar uma calota
esférica do melão, conforme ilustra a figura, e, para garantir a estabilidade deste suporte, dificultando
que o melão role sobre a mesa, o chefe fará o corte de modo que o raio r da seção circular de corte
seja de pelo menos 3 cm. Por outro lado, o chefe desejará dispor da maior área possível da região em
que serão afixados os doces.
Para atingir todos os seus objetivos, o chefe deverá cortar a calota do melão numa altura h, em
centímetro, igual a
a) 5 - √91/2
b) 10 - √91
c) 1
d) 4
e) 5
2
Matemática
2. Oscar Niemayer é um arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na arquitetura
moderna internacional. Ele contribuiu, através de uma doação de um croqui, para a construção do
planetário da UFSM, um marco arquitetônico importante da cidade de Santa Maria.
Suponha que a cobertura da construção seja uma semiesfera de 28 m de diâmetro, vazada por 12
partes iguais, as quais são aproximadas por semicírculos de raio 3 m. Sabendo que uma lata de tinta
é suficiente para pintar 39 m2 de área, qual a quantidade mínima de latas de tinta necessária para
pintar toda a cobertura do planetário? (Use π = 3)
a) 20.
b) 26.
c) 40.
d) 52.
e) 60.
3
Matemática
3. A tira seguinte mostra o Cebolinha tentando levantar um haltere, que é um aparelho feito de ferro, composto de duas esferas acopladas a um bastão cilíndrico.
Suponha que cada esfera tenha 10,5cm de diâmetro e que o bastão tenha 50cm de comprimento e diâmetro da base medindo 1,4cm. Se a densidade do ferro é 7,8g/cm³, quantos quilogramas, aproximadamente, o Cebolinha tentava levantar? (Use: π = 22/7)
a) 8
b) 16
c) 15
d) 12
e) 10
4. Em um casamento, os donos da festa serviam champanhe aos seus convidados em taças com
formato de um hemisfério (Figura 1), porém um acidente na cozinha culminou na quebra de grande
parte desses recipientes.
Para substituir as taças quebradas, utilizou-se um outro tipo com formato de cone (Figura 2). No entanto, os noivos solicitaram que o volume de champanhe nos dois tipos de taças fosse igual.
Sabendo que a taça com o formato de hemisfério e servida completamente cheia, a altura do volume de champanhe que deve ser colocado na outra taça, em centímetros, é de
a) 1,33.
b) 6,00.
c) 12,00.
d) 56,52.
e) 113,04.
4
Matemática
5. Na fotografia abaixo, observam-se duas bolhas de sabão unidas.
Quando duas bolhas unidas possuem o mesmo tamanho, a parede de contato entre elas é plana,
conforme ilustra o esquema:
Considere duas bolhas de sabão esféricas, de mesmo raio R, unidas de tal modo que a distância
entre seus centros A e B é igual ao raio R.
A parede de contato dessas bolhas é um círculo cuja área tem a seguinte medida:
a)
b)
c)
d)
6. Uma esfera de raio R está inscrita em um cilindro. O volume do cilindro é igual a:
a) ³
3
r
b) 2 ³
3
r
c) ³r
d) 2 ³r
e) 2 ³r
5
Matemática
7. Uma metalúrgica recebeu uma encomenda para fabricar, em grande quantidade, uma peça com o
formato de um prisma reto com base triangular, cujas dimensões da base são 6 cm, 8 cm e 10 cm e
cuja altura e 10 cm. Tal peça deve ser vazada de tal maneira que a perfuração na forma de um cilindro
circular reto seja tangente as suas faces laterais, conforme mostra a figura. O raio da perfuração da
peça é igual a:
a) 1 cm
b) 2 cm
c) 3 cm
d) 4 cm
e) 5 cm
8. Uma esfera de centro A e raio igual a 3dm é tangente ao plano de uma mesa em um ponto T. Uma
fonte de luz encontra-se em um ponto F de modo que F, A e T são colineares.
Observe a ilustração. Considere o cone de vértice F cuja base é o círculo de centro T definido pela
sombra da esfera projetada sobre a mesa. Se esse círculo tem área igual à da superfície esférica, então
a distância FT, em decímetros, corresponde a:
a) 10
b) 9
c) 8
d) 7
6
Matemática
9. Uma embalagem em forma de prisma octogonal regular contém uma pizza circular que tangencia as faces do prisma.
Desprezando a espessura da pizza e do material usado na embalagem, a razão entre a medida do
raio da pizza e a medida da aresta da base do prisma é igual a:
a) 2 2
b)
3 2
4
c)
2 1
2
+
d) ( )2 2 1−
10. Um cone circular reto está inscrito em um paralelepípedo reto retângulo, de base quadrada, como
mostra a figura. A razão b/a entre as dimensões do paralelepípedo é 3
2 e o volume do cone é π.
Então, o comprimento g da geratriz do cone é
a) 5
b) 6
c) 7
d) 10
e) 11
7
Matemática
Gabarito
1. C
Observando o triângulo pitagórico OAB, temos 4OA = O.
Logo, h + 4 = 5. h = 1.
2. B
Observe:
3. E
O volume de cada esfera é
24 10,5
606,37 cm³3 2
e o volume do bastão é
21,4
. .50 77,00 cm³2
. Assim o haltere tem volume igual a 606,37 ⋅ 2 + 77,00 = 1 289,74 cm³ e
que corresponde a 1 289,74 ⋅ 7,8 ≅ 10 kg .
4. B
Sendo o volume E de uma semiesfera igual a e o volume C de um cone igual a, e tendo os noivos solicitado
que ambos os formatos de taça tenham o mesmo volume, tem-se: 4 ³ ²
6 3
R R =
Substituindo na equação os dados fornecidos pela questão, obtém-se h = 6 cm.
5. C
Considerando um ponto C pertencente à circunferência de contato das duas bolhas, têm-se
AB AC BC R= = = e o triângulo equilátero ABC.
Prolongando-se a altura relativa ao vértice C até o ponto D da mesma circunferência, tem-se o diâmetro
CD do círculo de contato. O raio X desse círculo corresponde à altura do triângulo equilátero ABC.
8
Matemática
Assim, 3
2
Rx = .
Portanto, a área do círculo é
2
3 3 ². ²
2 4
R RS x
= = =
6. E
De acordo com a figura, o raio da esfera possui a mesma medida do raio da base do cilindro e a altura
do cilindro vale o dobro do raio.
² ²(2 ) 2 ³cilindroV R h R R R = = =
7. B
9
Matemática
8. C
Considere-se o raio do círculo definido pela sombra igual a x. A área desse círculo será igual a ²x .
A esfera possui raio r = 3 dm. Logo, a área de sua superfície corresponde a:
4 ² 36r =
Como a área do círculo é igual à da superfície esférica:
² 36 6 dmx x = =
Observe agora a figura:
Os triângulos FMT e AFN são semelhantes. Sua razão de semelhança é expressa por:
Sabe-se assim que cada lado do triângulo maior equivale ao dobro do lado correspondente do triângulo
menor. Pode-se estabelecer a seguinte equivalência:
No triângulo AFN:
Então:
10
Matemática
9. C
A figura abaixo representa a vista superior da pizza na embalagem.
Como o octógono é regular, e o triângulo AOB é isósceles, têm-se os seguintes ângulos:
Considere no triângulo OMB:
Portanto:
11
Matemática
10. D
==
=
b 3xb 3
a 2xa 2
Aplicando Pitágoras em ABC: g²= x² + 9x², =g x 10
O volume do cone é . Logo:
= = =3
.
Assim =g 10
1
Matemática
Pirâmides e cones
Resumo
Pirâmide
Pirâmide é um sólido geométrico caracterizado por uma base sendo um polígono plano (mais comuns são
quadrados, triângulos ou hexágonos) e por um ponto externo a ela, onde de cada vértice se liga um segmento
de reta até o ponto.
Uma pirâmide regular é uma pirâmide cuja base é um polígono e a projeção ortogonal do vértice sobre o
plano da base é o centro da base. Nesse tipo de pirâmide, as arestas laterais são congruentes e as faces
laterais são triângulos isósceles congruentes.
Exemplo: Pirâmide de base quadrada
Uma pirâmide pode ser classificada de acordo com as bases:
→ Pirâmide triangular – a base é um triângulo;
→ Pirâmide quadrangular – a base é um quadrilátero;
→ Pirâmide pentagonal – a base é um pentágono;
→ Pirâmide hexagonal – a base é um hexágono;
E assim por diante.
Área da base Área lateral Área Total
t b lA A A= +
Volume
Base: ABCD
Arestas das bases: AB, AD, BC, CD
Arestas Laterais: AV, BV, CV, DV
Altura: h
Números de Faces = 5
Apótema da pirâmide: g (segmento com uma extremidade no vértice P e outra
em alguma parte da base). Na pirâmide regular, teremos:
h² + m² = g²
A área da base será o
polígono formado.
A área da lateral será a
soma das áreas das faces
laterais.
t b lA A A= +
1
3B
V A h=
2
Matemática
Onde: Ab = Área da base
Al = Área lateral
At = Área total
Cone: Elementos e classificação
Cone é um solido geométrico caracterizado pela reunião de todos os segmentos de reta que têm uma
extremidade em um ponto P (vértice) e a outra num ponto qualquer da região circular que forma a base.
Um cone pode ser classificado conforme a inclinação da geratriz em relação à base:
Reto: o cone circular é reto quando o segmento de reta PO é perpendicular à base.
Oblíqua: o cone circular é oblíquo quando o segmento de reta PO é oblíquo à base.
Quando planificado, a área lateral do cone é um setor circular:
Base: Círculos de raio r
Altura: h
Geratriz: segmento com uma extremidade no
vértice P e outra em alguma parte da
circunferêcia da base.
3
Matemática
O ângulo do setor circular pode ser calculado por regra de 3, já que o comprimento do setor equivale ao
perímetro da base:
360º ____ 2
_______ 2
g
x r
Área da base Área lateral Área Total
2A = r
b A = r
bg
A = A
( )
t b l
t
A
A r g r
+
= +
Volume
2
1
3
1
3
BV A h
V r h
=
=
Onde: Ab = Área da base
Al = Área lateral
At = Área total
h = altura
r = raio
g = geratriz
4
Matemática
Exercícios
1. Uma indústria fabrica brindes promocionais em forma de pirâmide. A pirâmide é obtida a partir de
quatro cortes em um sólido que tem forma de um cubo. No esquema, estão indicados o sólido original
e a pirâmide obtida a partir dele.
Os pontos A, B, C, D e O do cubo e da pirâmide são os mesmos. O ponto O é central na face superior
do cubo. Os quatro cortes saem de O em direção às arestas AD, BC, AB e CD, nessa ordem. Após os
cortes, são descartados quatro sólidos.
Os formatos dos sólidos descartados são
a) todos iguais.
b) todos diferentes.
c) três iguais e um diferente.
d) apenas dois iguais.
e) iguais dois a dois.
2. Um telhado tem a forma da superfície lateral de uma pirâmide regular, de base quadrada. O lado da
base mede 8m e a altura da pirâmide 3m. As telhas para cobrir esse telhado são vendidas em lotes
que cobrem 1m². Supondo que possa haver 10 lotes de telhas desperdiçadas (quebras e emendas), o
número mínimo de lotes de telhas a ser comprado é:
a) 90
b) 100
c) 110
d) 120
e) 130
5
Matemática
3. A grande pirâmide de Quéops, antiga construção localizada no Egito, é uma pirâmide regular de base
quadrada, com 137m de altura. Cada face dessa pirâmide é um triângulo isósceles cuja altura relativa
à base mede 179m. A área da base dessa pirâmide, em m2, é:
a) 13272
b) 26544
c) 39816
d) 53088
e) 79 432
4. A base de uma pirâmide reta é um quadrado cujo lado mede 8 2 cm. Se as arestas laterais da
pirâmide medem 17cm, o seu volume, em centímetros cúbicos, é:
a) 520
b) 640
c) 680
d) 750
e) 780.
5. Um técnico agrícola utiliza um pluviômetro na forma de pirâmide quadrangular, para verificar o índice
pluviométrico de uma certa região. A água, depois de recolhida, é colocada num cubo de 10cm de
aresta. Se, na pirâmide, a água atinge uma altura de 8cm e forma uma pequena pirâmide de 10cm de
apótema lateral, então a altura atingida pela água no cubo é de :
a) 2,24 cm
b) 2,84 cm
c) 3,84 cm
d) 4,24 cm
e) 6,72 cm
6
Matemática
6. Um torneiro mecânico construiu uma peça retirando, de um cilindro metálico maciço, uma forma
cônica, de acordo com a figura 01 a seguir: (Considere 3 )
Qual é o volume aproximado da peça em milímetros cúbicos?
a) 52,16 10
b) 47,2 10
c) 52,8 10
d) 48,32 10
e) 53,14 10
7. Uma tulipa de chopp tem a forma cônica, como mostra a figura abaixo. Sabendo-se que sua
capacidade é de 100 ml, a altura h é igual a:
a) 20cm
b) 16cm
c) 12cm
d) 8cm
e) 4cm
7
Matemática
8. Um vasilhame na forma de um cilindro circular reto de raio da base de 5 cm e altura de 30 cm está
parcialmente ocupado por 625 mL de álcool. Suponha que sobre o vasilhame seja fixado um funil
na forma de um cone circular reto de raio da base de 5 cm e altura de 6 cm, conforme ilustra a Figura
1. O conjunto, como mostra a Figura 2, é virado para baixo, sendo H a distância da superfície do álcool
até o fundo do vasilhame.
Considerando essas informações, qual é o valor da distância H?
a) 5cm
b) 7cm
c) 8cm
d) 12cm
e) 18cm
9. Depois de encher de areia um molde cilíndrico, uma criança virou-o sobre uma superfície horizontal.
Após a retirada do molde, a areia escorreu, formando um cone cuja base tinha raio igual ao dobro do
raio da base do cilindro.
A altura do cone formado pela areia era igual a
a) 3/4 da altura do cilindro.
b) 1/2 da altura do cilindro.
c) 2/3 da altura do cilindro.
d) 1/3 da altura do cilindro.
8
Matemática
10. A prefeitura de certo município realizou um processo de licitação para a construção de 100 cisternas
de placas de cimento para famílias da zona rural do município. Esse sistema de armazenamento de
água é muito simples, de baixo custo e não poluente. A empreiteira vencedora estipulou o preço de 40
reais por m 2 construído, tomando por base a área externa da cisterna. O modelo de cisterna pedido
no processo tem a forma de um cilindro com uma cobertura em forma de cone, conforme a figura
abaixo.
Considerando que a construção da base das cisternas deve estar incluída nos custos, é correto afirmar
que o valor, em reais, a ser gasto pela prefeitura na construção das 100 cisternas será, no máximo, de:
Use: π = 3,14
a) 100.960
b) 125.600
c) 140.880
d) 202.888
e) 213.520
9
Matemática
Gabarito
1. E
2. A
Temos que medir a área total das quatro faces da pirâmide. Para tal, precisamos saber o valor da base
e da altura das faces. Como a pirâmide é regular, todas as faces laterais são iguais, e já sabemos que a
base mede 8. Agora, só nos falta calcular a altura. Observe a figura:
Por Pitágoras, descobrimos que h = 5. Assim, a área de cada face é dada por:
. 8.520
2 2
4.20 80 m²t
b hS
S
= = =
= =
Como precisamos de uma margem de 10 m² de sobras, temos que comprar 90 m².
10
Matemática
3. D
Seja 2
L metade do lado do quadrado da base. Por Pitágoras, temos:
( ) ( )
2
2 2
2
2 2
2
2
137 1792
179 137 179 137 179 1372
132734
53088
L
L
L
L
+ =
= − = + −
=
=
4. B
Observe a figura:
O segmento em vinho mede 8, pois é a metade da diagonal da base. Como sabemos, a base é um
quadrado, e a diagonal de um quadrado mede L√2, ou seja, d = (8√2) √2 = 16. Como queremos a
metade, temos que o segmento vale 8.
Por Pitágoras, calculamos h = 15.
Calculando o volume da pirâmide:
. (8 2)²15640
3 3
Sb hV = = =
5. C
H = altura da água no pluviômetro
A = lado da base quadrada da superfície da água no pluviômetro
a = 8 = apótema da pirâmide
b = 10 = lado do cubo
11
Matemática
h = altura da água no cubo
2
2 2
2
2 2
2
8 102
12
AH a
A
A
+ =
+ =
=
Volume da água:
2 23. 12 .8
384 cm3 3
A HV = = =
Volume do cubo:
2
2
.
384 10 .
3,84 cm
V b h
h
h
=
=
=
6. A
O volume da peça é o volume do cilindro menos o volume do cone retirado.
( ) ( )
= = =
= = =
− = − = =
2 2
2 2
.3 .10 90
' 3 618
3 3
cilindro
cone
cilindro cone
V r h
r hV
V V
7. C
Sabemos que o volume do cone é dado pela fórmula = 21
3V r h . Assim:
= 21100 (5)
3h
Resolvendo a equação, encontramos H = 12 cm.
8. B
12
Matemática
9. A
Como o volume de areia é o mesmo, segue que:
10. E
Observe:
1
Matemática
Função logarítmica
Resumo
Função Logarítmica
A função logarítmica é uma função que associa cada número real positivo x ao seu logaritmo em uma
determinada base a, que deve ser um número real positivo diferente de 1.
Lembre-se de que o logaritmando é sempre positivo, assim, o domínio dessa função deve ser
obrigatoriamente positivo, ou seja, é o conjunto dos números reais positivos.
Obs: A função logarítmica é a inversa da função exponencial.
Gráfico
Já que a função logarítmica é a inversa da exponencial, usamos o gráfico da exponencial como base. Assim,
como na função exponencial, podemos dividir as funções em dois casos, de acordo com o valor da base.
Função crescente: base > 1
2
Matemática
Função decrescente: 0 < base < 1
3
Matemática
Exercícios
1. Seja f uma função a valores reais, com domínio D , tal que f(x) = log10 (log1/3 (x² - x + 1)), para todo
xD. Qual é o domínio de f?
a) ;0 1x x
b) ; 0 1x x ou x
c) 1
; 103
x x
d) 1
; 103
x x ou x
e) 1 10
;9 3
x x
2. As populações de duas cidades, M e N, são dadas em milhares de habitantes pelas funções
( )
( )
6
8
2
( ) log 1
( ) log 4 4
M t t
N t t
= +
= +
Onde a variável t representa o tempo em anos. Após certo instante t, a população de uma dessas
cidades é sempre maior do que a da outra. O valor mínimo desse instante t é:
a) −1
b) 0
c) 2
d) 3
e) 4
4
Matemática
3. Na figura abaixo, dois vértices do trapézio sombreado estão no eixo x e os outros dois vértices estão
sobre o gráfico da função real f(x) = logk x, com k 0 e k 1. Sabe-se que o trapézio sombreado tem
30 unidades de área; assim, o valor de k + p - q é
a) −20
b) −15
c) 10
d) 15
e) 20
4. O gráfico da função y = log(x + 1) é representado por:
a)
c)
b) d)
5
Matemática
5. A representação
é da função dada por y = f(x) = logn (x) O valor de logn (n3 +8) é
a) 2
b) 4
c) 6
d) 8
e) 10
6. A expectativa de vida em anos em uma região, de uma pessoa que nasceu a partir de 1900 no ano x ( x ≥ 1900), é dada por:
( ) 12.(199.log 651)L x x= −
Considerando log 2 = 0,3, uma pessoa dessa região que nasceu no ano 2000 tem expectativa de viver:
a) 48,7 anos.
b) 54,6 anos.
c) 64,5 anos.
d) 68,4 anos.
e) 72,3 anos.
7. Suponha que o nível sonoro β e a intensidade I de um som estejam relacionados pela equação
logarítmica β = 120 + 10 log10 I, em que β é medido em decibéis e I, em watts por metro quadrado.
Sejam I1 a intensidade correspondente ao nível sonoro de 80 decibéis de um cruzamento de duas
avenidas movimentadas e I2 a intensidade correspondente ao nível sonoro de 60 decibéis do interior
de um automóvel com ar-condicionado. A razão I1/I2 é igual a:
a) 1
10
b) 1
c) 10
d) 100
e) 1 000
6
Matemática
8. A intensidade de um terremoto na escala Richter é definida por 10
0
2log ( )
3
EI
E= , em que E é a energia
liberada pelo terremoto, em quilowatt-hora (kwh), e 3
0 10E −= kwh. A cada aumento de uma unidade
no valor de I, o valor de E fica multiplicado por:
a) 10
b) 10
c) 310
d) 20/3
9. Em setembro de 1987, Goiânia foi palco do maior acidente radioativo ocorrido no Brasil, quando uma
amostra de césio-137, removida de um aparelho de radioterapia abandonado, foi manipulada
inadvertidamente por parte da população. A meia-vida de um material radioativo é o tempo necessário
para que a massa desse material se reduza à metade. A meia-vida do césio-137 é 30 anos e a
quantidade restante de massa de um material radioativo, após t anos, é calculada pela expressão:
M(t) = A . (2,7)kt
Onde A é a massa inicial e k é uma constante negativa.
Considere log 2 = 0,3. Qual o tempo necessário, em anos, para que uma quantidade de massa do césio-
137 se reduza a 10% da quantidade inicial?
a) 27
b) 36
c) 50
d) 54
e) 100
10. O altímetro dos aviões é um instrumento que mede a pressão atmosférica e transforma esse resultado
em altitude. Suponha que a altitude h acima do nível do mar, em quilômetros, detectada pelo altímetro
de um avião seja dada, em função da pressão atmosférica p, em atm, por 10
1( ) 20.log ( )h p
p= . Num
determinado instante, a pressão atmosférica medida pelo altímetro era 0,4 atm. Considerando a
aproximação log2 = 0,3, a altitude h do avião nesse instante, em quilômetros, era de
a) 5.
b) 8.
c) 9.
d) 11.
e) 12.
7
Matemática
Gabarito
1. A
Como x² - x + 1 > 0 para todo x real, segue que os valores de x para os quais f está definida são tais que
2. D
Supondo M(t) N(t), para algum t real positivo, vem
Portanto, após 3 anos, a população da cidade M será sempre maior do que a da cidade N.
3. B
Como a função f passa pelos pontos (p,1) e (q, 2), segue que
Sabendo que a área do trapézio é igual a 30 u.a, vem:
Daí, obtemos:
K² - k – 20 = 0
K = - 4 ou k = 5.
Portanto, como k > 0, temos que
k + p – q = 5 + 5 – 25 = - 15
4. D
A raiz da função y = log(x + 1) é tal que
log(x + 1) = 0
x + 1 = 100
x = 0.
8
Matemática
Daí, o gráfico intersecta o eixo das abscissas no ponto (0, 0). Portanto, a alternativa correta é a [D],
cujo gráfico passa pela origem.
5. B
6. D
L(x) = 12(199 . log x - 651)
x = 2000
L(2000) = 12(199 . log 2000 - 651)
L(2000) = 12(199 . log 2.1000 - 651)
L(2000) = 12(199 . (log 2 + log 1000) - 651)
L(2000) = 12(199 . (0,3 + 3) - 651)
L(2000) = 12(199 . 3,3 - 651)
Log(2000) = 12(5,7)
Log(2000) = 68,4
7. D
Primeiro, vamos calcular I1:
1
1
1
4
1
80 120 10log
8 12 log
log 4
10
I
I
I
I −
= +
= +
= −
=
Agora, vamos calcular I2:
2
2
2
6
2
60 120 10log
6 12 log
log 6
10
I
I
I
I −
= +
= +
= −
=
Queremos I1/I2, assim: 4 6
6 4
10 10100
10 10
−
−= =
9
Matemática
8. C
Vamos colocar E em função de I:
I = (2/3).log10(E/Eo)
3I/2 = log10(E/Eo), usando a propriedade do logaritmo da divisão,
3I/2 = log10E - log10Eo
3I/2 = log10E - log1010-3
3I/2 = log10E - (-3)
3I/2 = log10E + 3
3I/2 - 3 = log10E, aplicando a definição de logaritmo,
E = 103I/2 - 3
Agora se acrescentarmos uma unidade em I, obteremos outro valor de E, que chamarei de E'. O valor de
E' será:
E = 103I/2 - 3
E' = 103(I + 1)/2 - 3
E' = 10(3I + 3)/2 - 3
E' = 10(3I + 3 - 6)/2
E' = 10(3I - 3)/2
O problema pergunta por quanto o valor de E fica multiplicado quando aumentamos uma unidade em I,
ou seja, por quanto temos que multiplicar E para chegar em E'. Digamos que tenhamos que multiplicar
E po x para chegar em E':
E.x = E'
10(3I/2 - 3).x = 10(3I - 3)/2
x = (10(3I - 3)/2)/(103I/2 – 3)
Na divisão de duas potências de mesma base, subtraímos os expoentes:
x = 10(3I - 3)/2 - (3I/2 - 3)
x = 103I/2 - 3/2 - 3I/2 + 3
x = 10-3/2 + 3
x = 103/2
Resposta: "C" fica multiplicado por 103/2 (isso é igual à raiz quadrada de 1000).
10
Matemática
9. E
10. B
Substituindo os valores fornecidos no enunciado, temos:
1
10
1(0,4) 20.log ( ) 20log(0,4) 20( log 0,4)
0,4
(0,4) 20( log 4 /10) 20[ (log 4 log10)] 20[ (log 2² log10)]
(0,4) 20[ (2log 2 log10) 20[ (2.0,3 1)] 20[ (0,6 1)]
(0,4) 20[ ( 0,4)] 20.0,4 8 atm
h
h
h
h
−= = = −
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Geografia
Conflitos no campo e a reforma agrária
Resumo
Os resultados dos investimentos em melhorias para alavancar a produção do campo em um contexto de
Revolução Verde, podem ser vistos sob duas óticas distintas, pois geraram aumento da produtividade e
possibilidade de safras cada vez maiores, e praticamente acabaram com qualquer medo de que o aumento
populacional pudesse criar uma situação de escassez de alimentos, ideia disseminada por alguns,
principalmente no século XVIII, através das proposições da teoria Malthusiana. Por outro lado, entretanto, a
modernização no campo causou impacto sobre a estrutura agrária. Pequenos produtores que não
conseguiram se adaptar às novas técnicas de produção não atingiram produtividade suficiente para
competir com grandes empresas agrícolas e se endividaram com empréstimos bancários solicitados para o
investimento na mecanização das atividades, tendo como única forma de pagamento a venda da
propriedade para outros produtores.
Outras consequências podem ser destacadas, tais como:
• As plantations monocultoras utilizam grandes extensões de terra e acabam se expandindo para áreas
de florestas nativas por pressão dos ruralistas. Isso reduz a biodiversidade e apresenta enormes riscos,
já que uma praga ou a queda do preço do produto no mercado podem pôr a perder toda a cadeia
produtiva regional. Além disso, há a possibilidade da falta de alimentos, que pode ocorrer devido a
plantação de apenas um tipo de vegetal.
• Aumento dos latifúndios, devido à falta de competitividade dos pequenos agricultores, fazendo com que
os mesmos tenham que vender as suas terras.
• Mecanização do campo e o aumento de tecnologia, que diminuíram drasticamente a utilização do
trabalho humano, causando desemprego e o êxodo rural, obrigando o trabalhador a buscar emprego
nas fábricas e serviços nos centros urbanos, aumentando a população nas periferias das grandes
cidades, colocando essas pessoas em condições precárias e de praticamente exclusão social.
É preciso destacar que, ao mesmo tempo que a revolução agrícola gerou o aumento da produtividade, todas
essas novidades implantadas na produção agrícola trouxeram à tona diversas consequências, tais como
os conflitos no campo.
Grande parte dos conflitos no campo brasileiro decorrem da má distribuição de terras, em que poucos detém
grandes extensões de terras enquanto muitos detém pouca terra. Os grandes monopólios agrícolas
permitiram o crescimento da economia brasileira, sempre puxando a balança comercial para cima,
principalmente através das plantações de soja, no entanto, são reflexo das grandes desigualdades expressas
2
Geografia
no campo, principalmente pela existência de grandes porções de terras nas mãos de poucos, com índices
que apontam 2,3% dos proprietários concentrando 47,2% de toda área disponível à agricultura no País.
Outro aspecto a se destacar é que boa parte das terras são inutilizadas, 175,9 milhões, de um total de 400
milhões de hectares, são improdutivos no Brasil. Em relação a outras propriedades, percebe-se que nos
últimos anos os minifúndios caíram de 8,2% para 7,8% da área total de imóveis; as pequenas propriedades,
de 15,6% para 14,7%; e as médias, de 20% para 17,9%. As grandes propriedades foram de 56,1% para 59,6%
da área total.
Essas disparidades geram revolta nos trabalhadores pela diminuição da oferta de trabalho, possibilitando a
formação de grupos articulados como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que
reivindica a reforma agrária através da ocupação de latifúndios como forma de pressionar o governo a
distribuir melhor as terras. O que ocorre em muitos casos é que as ocupações empreendidas pelo MST nem
sempre são solucionadas pacificamente pelo Estado brasileiro, desencadeando assim conflitos no campo.
Como visto, ao mesmo tempo que a revolução agrária possibilitou um aumento na produção agrícola e
impactou significativamente na economia, se tornando um pilar econômico de muitos países, percebemos
que o uso de novas tecnologias acarretou em consequências sociais graves, acentuando as disparidades e
conflitos no campo.
A área do Bico do papagaio, por exemplo, é uma região de intenso conflito até hoje. No dia 17/04/96, dia da
luta brasileira pela reforma agrária, 19 pessoas foram assassinadas pela PM por ocupar terra de fazendeiro
na região. Esse conflito ficou conhecido como conflito de El Dorado dos Carajás. A região do Maranhão, Piauí,
Tocantins, Bahia e parte do recôncavo mineiro são até hoje as áreas mais violentas por conta de conflitos
por terra.
Principais atores envolvidos nos conflitos no campo
Posseiro e Grileiro
Os posseiros são pessoas que tomam a posse de uma terra que não é sua. Essa atitude é justificada pela lei
do Usucapião que faz um indivíduo ganhar a posse definitiva da terra se a desenvolveu produtivamente e
morou nela por pelo menos 5 anos. Os grileiros falsificam documentos para se apropriar de terras que já têm
posseiros, que já pertencem a outras comunidades ou ocupadas, mas com interesse de ser explorada. A
falsificação do documento acontece com a prática de guardar o documento falso com grilos, o que deixa a
aparência do papel mais antiga. Essa prática normalmente foi feita por gente importante dificultando a
denúncia por parte dos grupos que na correlação de forças que sempre saem em desvantagem.
Madeireiros e Mineradoras
A exploração do pau Brasil, da cana de açúcar e da soja já representava um grande impacto ambiental, visto
que para o desenvolvimento destas atividades o desmatamento é uma prática comum. O avanço da soja, do
milho e da pecuária são os maiores responsáveis pela destruição da Amazônia, mas também houve o
desmatamento causado pela criação de rotas de deslocamentos.
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Geografia
As famílias quando trabalhavam com a soja tinham o interesse indireto de que a agropecuária derrubasse a
madeira, e passam muitas vezes a ser extratoras de madeira legal e sustentável podendo comercializar. A
retirada deixa de ser a esmo e passa a ser planejada e controlada e é melhor para as famílias reduzindo os
conflitos das pequenas famílias que trabalhavam com a soja.
Outra questão é que diferente da agricultura e da pecuária, atividades que podem ser adaptadas a vários
espaços diferentes, a mineração só pode ocorrer onde o minério está. Isso faz com que as áreas que
possuem minério sejam quase que automaticamente das mineradoras, gerando conflitos até com o
agronegócio, não trazendo a população rival para dentro da mineradora. Essa prática comum até hoje no
Brasil gera muitos impactos sociais e ambientais. Temos como exemplo Belo Monte e Mariana, onde o
mercúrio polui fortemente o solo e as águas.
Além disso há esquemas de escravidão por dívida por meio dos “Gatos”. Esses atores sociais são pessoas
que chegam até famílias que não tem o mínimo, oferecendo emprego, leva pra Amazônia paga a passagem
de ônibus a mudança da família, um pouco de comida prometendo trabalho. Mas quando a pessoa chega é
surpreendida com a notícia de que está devendo tudo que foi cedido para que ela trabalhasse no local. Sendo
iludidos, chega longe da terra natal e trabalha em regime de escravidão por estar devendo tudo para esse
gato, ao invés de receber o salário, o trabalho tenta compensar uma dívida gigante, por dever a passagem
dele, da família, a mudança, a comida, a casa, o material de trabalho. Com uma dívida gigante, a pessoa não
pode receber salário nem sair dali até pagar, trabalhando sem receber nada em regime similar ao da
escravidão.
Criação de reservas indígenas e ambientais
A constituição de 88, dita constituição cidadã, visa o reconhecimento dos povos presentes no Brasil numa
maior política de inclusão com teórico respeito aos indígenas e quilombolas. O nosso país tem número
razoável de reservas, 12% das terras são de reservas sendo a região norte a que tem a maior concentração.
A maior parte das reservas tem um contingente populacional pequeno em relação a sua área. Também por
isso a fiscalização das reservas é falha. Apesar da lei, os conflitos de interesse dos atores que querem usar
as terras como agronegócio, madeireiras, tráfico internacional, etc, não permitem que a reserva se
mantenha. Os dados mostram que houve mais desmatamento em áreas de reserva do que fora da Amazônia.
O código florestal aprovado em 2012 favoreceu a bancada ruralista e não os ambientalistas transformando
cada vez mais o espaço do campo num território hegemônico, violento e desigual.
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Geografia
Exercícios
1.
Como indicam os episódios retratados nas reportagens, os conflitos pela posse da terra no Brasil nas
últimas décadas persistem. Esses conflitos são decorrentes do seguinte processo:
a) desqualificação do trabalhador rural
b) encarecimento de insumos agrícolas
c) reformulação de legislação específica
d) concentração da propriedade fundiária
e) expansão do crédito rural
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2. No Brasil há uma elevada concentração de terras. Os latifúndios predominam, ocupando a maior parte
da área enquanto os minifúndios têm pouca expressividade percentual. Sobre as características da
estrutura fundiária brasileira, é correto afirmar que:
a) Nas grandes concentrações fundiárias, geralmente existem grandes parcelas de terras ociosas.
b) Os pequenos produtores não têm problemas de endividamento no campo, em virtude das linhas
de crédito oferecidas pelo Governo Federal.
c) A mecanização das lavouras nas grandes propriedades tem contribuído para a fixação do homem
no campo.
d) No Brasil as maiores áreas de tensão e conflitos por disputa de terras estão localizadas na região
Sul.
e) A Revolução Verde possibilitou que todos tivesse acesso à terra, o que levou à diminuição do
número de conflitos no campo.
3. Álcool, crescimento e pobreza O lavrador de Ribeirão Preto recebe em média R$ 2,50 por tonelada de cana cortada. Nos anos 80, esse
trabalhador cortava cinco toneladas de cana por dia. A mecanização da colheita o obrigou a ser mais
produtivo. O corta-cana derruba agora oito toneladas por dia. O trabalhador deve cortar a cana rente
ao chão, encurvado. Usa roupas mal-ajambradas, quentes, que lhe cobrem o corpo, para que não seja
lanhado pelas folhas da planta. O excesso de trabalho causa a birola: tontura, desmaio, cãibra,
convulsão. A fim de agüentar dores e cansaço, esse trabalhador toma drogas e soluções de glicose,
quando não farinha mesmo. Tem aumentado o número de mortes por exaustão nos canaviais. O setor
da cana produz hoje uns 3,5% do PIB. Exporta US$ 8 bilhões. Gera toda a energia elétrica que consome
e ainda vende excedentes. A indústria de São Paulo contrata cientistas e engenheiros para desenvolver
máquinas e equipamentos mais eficientes para as usinas de álcool. As pesquisas, privada e pública,
na área agrícola (cana, laranja, eucalipto etc.) desenvolvem a bioquímica e a genética no país. Folha de S.Paulo, 11/3/2007 (com adaptações)
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Geografia
Confrontando-se as informações do texto com as da charge acima, conclui-se que
a) A charge contradiz o texto ao mostrar que o Brasil possui tecnologia avançada no setor agrícola.
b) A charge e o texto abordam, a respeito da cana-de-açúcar brasileira, duas realidades distintas e
sem relação entre si.
c) O texto e a charge consideram a agricultura brasileira avançada, do ponto de vista tecnológico.
d) A charge mostra o cotidiano do trabalhador, e o texto defende o fim da mecanização da produção
da cana-de-açúcar no setor sucroalcooleiro.
e) O texto mostra disparidades na agricultura brasileira, na qual convivem alta tecnologia e
condições precárias de trabalho, que a charge ironiza.
4. Coube aos Xavante e aos Timbira, povos indígenas do Cerrado, um recente e marcante gesto
simbólico: a realização de sua tradicional corrida de toras (de buriti) em plena Avenida Paulista (SP),
para denunciar o cerco de suas terras e a degradação de seus entornos pelo avanço do agronegócio. RICARDO, B.; RICARDO, F. Povos indígenas do Brasil: 2001-2005. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2006 (adaptado).
A questão indígena contemporânea no Brasil evidencia a relação dos usos socioculturais da terra com os atuais problemas socioambientais, caracterizados pelas tensões entre
a) A expansão territorial do agronegócio, em especial nas regiões Centro-Oeste e Norte, e as leis de
proteção indígena e ambiental.
b) Os grileiros articuladores do agronegócio e os povos indígenas pouco organizados no Cerrado.
c) As leis mais brandas sobre o uso tradicional do meio ambiente e as severas leis sobre o uso
capitalista do meio ambiente.
d) Os povos indígenas do Cerrado e os polos econômicos representados pelas elites industriais
paulistas.
e) o campo e a cidade no Cerrado, que faz com que as terras indígenas dali sejam alvo de invasões
urbanas.
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5. TEXTO I “A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso
país. Cerca de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras. Fazemos pressão por meio da
ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social,
como determina a Constituição de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem
de terras públicas.” Disponível em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).
TEXTO II O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário de loja: quanto menor o negócio mais
difícil de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor de
propriedades produtivas e sustentáveis e que gerem empregos. Apoiar uma empresa produtiva que
gere emprego é muito mais barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária. LESSA, C. Disponível em: www.observadorpolítico.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).
Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relação à reforma agrária se opõem. Isso acontece porque os autores associam a reforma agrária, respectivamente, à
a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio camponês.
b) ampliação da renda nacional e à prioridade ao mercado externo.
c) contenção da mecanização agrícola e ao combate ao êxodo rural.
d) privatização de empresas estatais e ao estímulo ao crescimento econômico.
e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao agronegócio.
6. Leia a notícia. “Um grupo de indígenas que protestava contra a mudança no processo de demarcação de terras
cercou nesta quinta-feira [18.04.2013] o Palácio do Planalto. De acordo com um dos representantes
do movimento, Neguinho Tuká, a população indígena não foi ouvida durante o processo de elaboração
da PEC 215 e teme perder suas terras com as mudanças. “Índio sem terra não tem vida”, declarou o
coordenador das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Marcos Apurinã. “Não aceitamos e
não vamos aceitar mais esse genocídio.” O grupo é o mesmo que, na última terça-feira, 16, invadiu o
plenário da Câmara dos Deputados em protesto contra a PEC 215, que transfere do Poder Executivo
para o Congresso Nacional a decisão final sobre a demarcação de terras indígenas no Brasil.” Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br. Adaptado.
São processos que vem contribuindo para o acirramento da tensão social envolvendo a população
indígena no campo brasileiro:
a) o avanço das atividades agrícolas, mineradoras e pecuárias de grande porte; a instalação de
usinas hidrelétricas em terras indígenas; e a permanência da concentração de terras no país.
b) a expansão da reforma agraria; o aumento do desemprego no campo; e a ausência de políticas
de assistência social destinada a população indígena.
c) o avanço das atividades agrícolas, mineradoras e pecuárias de grande porte; a expansão da
reforma agrária; e a reivindicação da população indígena de direitos não previstos na
Constituição Federal.
d) a expansão da reforma agrária e da agricultura familiar; a instalação de usinas hidrelétricas em
terras indígenas; e a permanência da concentração de terras no país.
e) a expansão da agricultura familiar no país; o aumento do desemprego no campo; e a ausência de
políticas de assistência social destinada a população indígena.
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7. As disputas territoriais podem ocorrer em diferentes escalas geográficas, envolvendo agentes sociais
também diversificados.
Os quadrinhos acima abordam simultaneamente a violência dessas disputas nas seguintes situações:
a) invasão de terras indígenas - guerras convencionais deflagradas por potências regionais
b) conflitos fundiários no campo - intervenções militares realizadas por governos nacionais
c) apropriação de terras improdutivas - extermínio de minorias efetuado por exércitos regulares
d) ocupação de reservas ambientais - perseguição de populações civis promovida por milícias
locais
e) invasão de reservas ambientais – conflitos por habitação no espaço urbano
8. “Tem muita gente sem terra tem muita terra sem gente" Cartaz do MST, inspirado nos versos de lavradores de Goiás.
A luta pela terra no Brasil existe há décadas e já fez várias vítimas entre trabalhadores do campo,
religiosos e outros. Entre as principais razões dos conflitos de terra no Brasil, pode-se citar:
a) a disputa pelas poucas áreas férteis em nosso território, típico de terras montanhosas.
b) a concentração da propriedade da terra nas mãos de poucos e a ausência de uma reforma agrária
efetiva.
c) a divisão excessiva da terra em pequenas propriedades, dificultando o aumento da produção.
d) a perda do valor da terra agrícola pelo crescimento da industrialização no nosso país.
e) a utilização intensiva de mão-de-obra permanente, onerando o grande produtor rural.
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9. CANÇÃO DOS SEM-TERRA A enxada sobe e desce na terra encharcada
Sobe e desce
A vontade do homem que a sustenta,
de ser dono da terra lavrada,
da terra tratada.
A enxada sobe e desce no massapé moreno,
Desde o nascer do sol ao cair do sereno.
A enxada cortando e a terra cavando
vai no homem plantando
a noção da injustiça que faz dele um escravo.
E a noção da injustiça lhe traz outra noção,
Que a ele pertence o tesouro maior,
A força do braço, a vontade do bravo,
Os caminhos da terra.
Então vai percebendo e daí entendendo
uma nova noção, que os caminhos da terra conduzem eles a libertação.
Extraído do Livro – Crônicas do Milênio - Olival Honor de Brito – Membro do Instituto Cultural do Cariri – Coleção Itaytera –
Nº 25
No texto acima, verificam-se tanto um alerta quanto à necessidade de uma reforma agrária quanto
um fato evidenciado nos últimos anos, que é o da necessidade dos trabalhadores se organizarem para
conquistar seus objetivos.
A alternativa abaixo que expressa corretamente os processos que envolvem as relações de trabalho e
produção no campo brasileiro é:
a) O processo de modernização na agropecuária brasileira somente foi possível a partir da
promulgação da “Lei de Terras” de 1850, onde a mesma permitiu uma lenta mas efetiva reforma
agrária ao longo dos anos.
b) Estudos da pastoral da Terra apontam que a diminuição dos conflitos no campo vem ocorrendo
de forma vertiginosa, e que os mesmos são decorrentes, por um lado, da ação histórica arbitrária
e opressiva do Estado e, de outro, da ofensiva dos trabalhadores rurais sem-terra na ocupação
dos latifúndios.
c) O modelo agrícola de exportação brasileira é baseado na monocultura e apoia-se na
concentração da propriedade rural, como por exemplo o cultivo da monocultura soja.
d) Com a mecanização e o avanço tecnológico, as atividades agrícolas não estão sujeitas à
influência dos fatores naturais.
e) Uma política consistente de soberania alimentar no Brasil não tem relação com a necessidade de
Reforma Agrária e adoção de uma política agrícola de apoio às pequenas unidades de produção.
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10. Em texto publicado no jornal "O Estado de São Paulo", no dia 8 de junho de 2012, Aldo Rebelo explica
que “o objetivo central do novo Código Florestal é deixar o agricultor trabalhar em paz e em harmonia
com o meio ambiente”, de forma que se possa conciliar preservação e crescimento econômico. O
deputado assegura que, com base na nova legislação, é “possível enfrentar a ilegalidade de boa parte
da atividade agrícola e da pecuária em razão das restrições impostas, com um mínimo de criatividade,
que permita aos estados, dentro das exigências atuais, preservar os porcentuais mínimos de cada
bioma, adaptando-se às condições locais, ao modelo de ocupação do território e à estrutura da
propriedade da terra”.
O projeto do novo Código Florestal é muito polêmico em razão de:
a) opor interesses da bancada ruralista aos da bancada ligada à área ambiental.
b) propor o uso de áreas de preservação para projetos turísticos.
c) propor a diminuição de áreas de reflorestamento com a ampliação de áreas para cultivo e criação.
d) defender o uso de espaços de floresta para construção de usinas hidrelétricas.
e) não ser tão rígido com o desmatamento florestal.
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Gabarito
1. D
A questão aborda as consequências de um processo histórico da concentração de terras na mão de
poucas pessoas, que são grandes grupos que se utilizam da terra principalmente para o mercado externo.
2. A
O Brasil é caracterizado pelo pequeno número de latifúndios, ou seja, pouco imóveis rurais, mas que
ocupam grandes extensões de terras, as quais os donos só utilizam em parte. Deste cenário surgem
inúmeras reinvindicações e conflitos em busca de uma reforma agrária que utilize essas terras
improdutivas para tal fim.
3. E
O texto destaca os dois lados da modernização da agricultura. De um lado a mão de obra humana
tentando alcançar o mesmo nível de produtividade das máquinas, e de outro as máquinas cada vez mais
desenvolvidas. A charge reforça a problemática das precárias condições de trabalho apontadas no texto.
4. A
Incialmente, o avanço da fronteira agrícola se deu da região Sul em direção ao Centro-Oeste e atualmente
está indo em direção à região Norte. Esse avanço criou conflitos entre os chamados posseiros e os povos
indígenas. Esse conflito se dá pelo avanço das áreas agricultáveis sob as terras indígenas. Cabe destacar
que a terra para os povos indígenas está ligada às questões culturais, fazendo com que o governo crie
áreas de proteção indígena e ambiental para manutenção de sua cultura.
5. E
Os textos apresentados apontam duas visões distintas sobre a Reforma Agrária. O primeiro destaca a
importância dessa medida pois quase metade das terras no Brasil estão concentradas nas mãos de
poucas pessoas, o que faz com que muitas outras não tenham acesso a ela. O segundo texto traz uma
visão diferente, ele defende o investimento em grandes latifúndios como forma de gerar empregos, ou
seja, subordinando o trabalhador rural aos desígnios do grande latifundiário.
6. A
A opção destaca corretamente as principais causas das reivindicações dos grupos indígenas no Brasil,
tais como, o avanço de atividades como o cultivo da soja que vem demandando grandes extensões de
terra e causando um grande impacto ambiental e social, a questão energética com a construção de
hidrelétricas que acabam gerando o alagamento de grandes áreas e a inalterada estrutura fundiária
brasileira.
7. B
As cenas de tiros de revólver e os diálogos associados às cenas do quadrinho remetem ao contexto dos
conflitos fundiários rurais, envolvendo a apropriação ilegal de terras por parte de agentes sociais
poderosos. Ao mesmo tempo, a indagação acerca das formas modernas de resolução de conflitos de
terras no mundo moderno e a explosão da bomba no último quadrinho reportam o observador às
intervenções militares realizadas pelas grandes potências mundiais em defesa de seus interesses.
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8. B
A frase aponta a existência da concentração de terras no Brasil, onde há poucos latifúndios, mas de
grande extensão e que se concentram nas mãos de alguns pouco proprietários rurais. Esse cenário
acaba impulsionou a formação de movimentos que reivindicam a reforma agrária como uma forma de
distribuição mais igualitária da terra.
9. C
A soja é uma das principais commodities brasileiras e encontra-se em processo de expansão em direção
à região norte do país, com a formação de latifúndios agrícolas, exercendo assim pressão sobre os
grupos sociais locais.
10. A
As legislações brasileiras referentes ao espaço rural refletem as disputas que permeiam esse espaço,
sendo possível identificar as demandas dos grupos envolvidos, formando assim uma complexa rede
normativa. O projeto do novo Código Florestal é marcado por opor a bancada ruralista e a bancada ligada
à área ambiental.
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Agricultura brasileira e concentração fundiária
Resumo
Para compreender o cenário agrário do Brasil, um dos mais violentos do mundo e também base de nossa
economia, é preciso compreender o histórico que faz com que, até os dias atuais, o Brasil tenha grandes
índices de concentração fundiária. Com a consolidação da colonização, o Brasil ficou conhecido
internacionalmente como um grande exportador de café. Contando com a mão de obra da população
escravizada, o algodão e o açúcar, nos modelos dos grandes engenhos e propriedades dos portugueses e
europeus, eram produzidos em larga escala. Nossa dependência do modelo agroexportador, ou seja, da terra,
passou por altos e baixos, estando novamente consolidada no presente.
Histórico da cenário agrário e da concentração fundiária
Os europeus que vieram para o Brasil com a colonização, receberam políticas que facilitaram o acesso à
terra e a fixação de propriedades exploratórias e produtivas. A política das sesmarias foi uma estratégia da
coroa Portuguesa para conceder lotes aos europeus, estimulando a ocupação de terras no território
brasileiro. A posterior Lei de Terras (1850) é considerada a primeira lei que oficializa a terra enquanto
mercadoria, onde só quem consegue o acesso a essa propriedade são os que possuem dinheiro para entrar
no leilão. Essas políticas foram os marcos iniciais de um processo intenso de concentração fundiária, que
perdura e possui diversas consequências.
É importante ressaltar que os grandes produtores de café possuíam muito poder e influência política, uma
vez que eram a base da nossa economia. Com a abolição do regime escravocrata até então vigente, houve
um intenso processo de migração de mão de obra sobretudo japonesa para trabalhar na produção agrícola
dessas fazendas. Em 1930, com o governo de Vargas, houve o início do processo de industrialização do
Brasil, que freou o avanço desse tipo de produção, motivado sobretudo pela política de substituição de
importações, onde o Brasil focou na produção para consumo interno. Essas indústrias porém foram
instaladas no lugar de grandes fazendas no sudeste. A escolha dessa localização não foi à toa. No sudeste
existia a grande acumulação de capital advinda da era do café, uma elite consolidada e um sistema de
transporte integrado que facilitava a produção industrial. Essa elite portanto, com o sistema de heranças, foi
também beneficiada nesse período, perdurando sua influência política enquanto detentora de propriedade
no Brasil.
Pode-se dizer que Juscelino Kubitschek priorizou o investimento na área urbana, no seu modelo
desenvolvimentista. Porém, um dos pontos de sua política foi o investimento em transportes que visou, entre
outros motivos, realizar uma integração regional no Brasil. Foi a primeira política econômica integrada para
as regiões brasileiras, uma vez que antes disso, as regiões eram consideradas arquipélagos econômicos.
Nesse momento, grande parte da elite europeia que possuía produção agrícola – como soja, milho, gado e
vinho – estava concentrada no Sul. O Centro-Oeste era considerado um vazio em termos de ocupação do
grande capital. Sendo assim, a criação de Brasília e a integração realizada pela construção de rodovias,
facilitou o acesso. Grande parte da elite do sul foi estimulada, por meio de políticas públicas, a adquirir terras
no Centro Oeste e investir na produção agropecuária. Atualmente, existem exemplos como a cidade de
SINOP, dessa elite imobiliária que criou cidades voltadas para o agronegócio. A monocultura nessa região
passou a crescer muito e não à toa no período da Revolução Verde (1970) a região recebeu muito
investimento, com a introdução de capital e tecnologia na forma de produzir do campo.
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Nesse momento também João Goulart e JK consideraram pautar a reforma agrária, que na verdade foi um
disfarce para uma política não bem sucedida de ocupação de áreas de Amazônia. Apesar disso, esta política
beneficiou pequenos proprietários que conseguiram título de posse em regiões do Mato Grosso e Tocantins.
Todas essas políticas possuem profundo impacto social que deve ser considerado no cenário de conflito no
campo. Dados da CPT – Comissão Pastoral da Terra em 2018 revelaram que mais de 16 mil famílias sofrem
com essa violência. A monocultura e a necessidade de grande quantidade de terra para produção, assim
como a introdução de tecnologia no campo, pressionam o pequeno produtor a sair de sua propriedade.
Muitos grupos que não possuíam título de posse como o caso de propriedades de uso comum, ou grupos
marginalizados que foram vítimas de grilagem perdem o acesso. Os indígenas também sofrem muito com
os cercamentos das áreas que antes acessavam para usufruir dos bens naturais. Com isso, em 1980 o
Movimento dos Sem Terra se consolidou. Entre posseiros, atingidos por barragens, migrantes, meeiros,
parceiros, antigos camponeses e pequenos agricultores que se viram desprovidos do seu direito de produzir
alimento. Esse grupo reivindica pela ocupação de propriedades improdutivas, regularização de propriedades
de grupos marginalizados e pela reforma agrária no geral.
É importante citar que durante a ditadura militar, houve um incentivo ao investimento de grande capital no
campo. Isso ocorreu por meio do PRODECER (Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o
Desenvolvimento dos Cerrados), que estimulou a expansão da soja no Centro-Oeste por meio de capital
brasileiro e japonês, acarretando grande expansão agrícola. A agropecuária penetrou no Centro-Oeste e
houve a modernização da agricultura brasileira. Embora a agricultura cresça muito, a terra continua
concentrada nas mãos de poucos, além do fato de a vegetação do Cerrado e Pantanal estarem devastadas
devido a essa expansão agrícola.
Nas décadas de 1980 e 1990, a agricultura continuou crescendo e desempenhando um papel cada vez mais
importante na economia brasileira. Com isso, o agronegócio foi se desenvolvendo ao longo da gestão de
Fernando Henrique Cardoso e Lula. Todavia, a agricultura moderna, relacionada à Revolução Verde, vem
acompanhada da manutenção de uma relação de trabalho atrasada e da concentração fundiária. Portanto,
o processo de desenvolvimento da economia agrícola é chamado de modernização conservadora, pois, ao
mesmo tempo que evolui tecnicamente, mantém algumas características arcaicas. Como visto, ao mesmo
tempo que a Revolução Verde possibilitou um aumento na produção agrícola e impactou significativamente
na economia, tornando-se um pilar econômico, percebe-se que o uso de novas tecnologias acarretou
consequências sociais graves, acentuando as disparidades e conflitos no campo.
Apesar do investimento industrial realizado, o Brasil é um país de industrialização tardia. Estamos sempre
um passo atrás, dependentes do investimento do capital internacional para desenvolver nossos modelos
produtivos. Enquanto os países de industrialização primária investem em tecnologias e novas descobertas,
produtos caros e competitivos, o Brasil e demais países subdesenvolvidos ao redor do mundo se veem
estratificados no cenário internacional como exportadores de commodities (produtos que servem como
matéria prima industrial e que possuem alta capacidade de estoque sem perder a qualidade, como petróleo,
boi, café e soja). Essa dependência do campo remete aos tempos coloniais de regime escravocrata e possui
graves consequências sociais e ambientais. É preciso refletir qual modelo de crescimento beneficiara a
população brasileira, para que não percamos por meio da venda, grande parte de nosso território e bens
naturais para companhias que visam a exportação.
Contudo, é importante frisar que a agricultura familiar, realizada por comunidades tradicionais, quilombolas
ou pequenos produtores, ainda resiste no Brasil. Esse tipo de cultivo pode acontecer em reservas
3
Geografia
extrativistas, parques ou em pequenas propriedades regularizadas ou de posse. Essa população planta com
grande diversificação e vende nas feiras. Existiram programas assistencialistas da era PT que estimularam
a compra dos pequenos produtores para abastecer as escolas públicas, e também a concessão de crédito
para o pequeno produtor rural. Pela constituição de 88, é dever do Estado regularizar a propriedade de
posseiros pelo Brasil, lei que possui várias dificuldades para se cumprir, dentre elas a burocracia inacessível
para grande parte da população, a falta de interesse do Estado, e as terras de uso comum, típicas da herança
colonial brasileira que não se adequam as exigências para regularização. A concentração fundiária portanto
é isso, grande parte da população brasileira tem que dividir uma pequena quantidade de área de terra
produtiva, abastecendo a produção interna, enquanto um grupo pequeno e seleto, concentra em suas mãos
grande parte do território brasileiro para exportação.
4
Geografia
Exercícios
1. A agricultura ecológica e a produção orgânica de alimentos estão ganhando relevância em diferentes
partes do mundo. No campo brasileiro, também acontece o mesmo. Impulsionado especialmente pela
expansão da demanda de alimentos saudáveis, o setor cresce a cada ano, embora permaneça
relativamente marginalizado na agenda de prioridades da política agrícola praticada no país. AQUINO, J. R.; GAZOLLA, M.; SCHNEIDER, S. In: SAMBUICHI, R. H. R. et al. (Org.). A política nacional de agroecologia e
produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo desenvolvimento rural sustentável. Brasília: Ipea, 2017 (adaptado).
Que tipo de intervenção do poder público no espaço rural é capaz de reduzir a marginalização
produtiva apresentada no texto?
a) Subsidiar os cultivos de base familiar.
b) Favorecer as práticas de fertilização química.
c) Restringir o emprego de maquinário moderno.
d) Controlar a expansão de sistemas de irrigação.
e) Regulamentar o uso de sementes selecionadas.
2. A expansão da fronteira agrícola chega ao semiárido do Nordeste do Brasil com a implantação de
empresas transnacionais e nacionais que, beneficiando-se do fácil acesso à terra e água, se voltam
especialmente para a fruticultura irrigada e o cultivo de camarões. O modelo de produção do agro-
hidronegócio caracteriza-se pelo cultivo em extensas áreas, antecedido pelo desmatamento e
consequente comprometimento da biodiversidade. Disponível em: www.abrasco.org.br. Acesso em: 22 out. 2015 (adaptado).
As atividades econômicas citadas no texto representam uma inovação técnica que trouxe como
consequência para a região a
a) intensificação da participação no mercado global.
b) ampliação do processo de redistribuição fundiária.
c) valorização da diversidade biológica.
d) implementação do cultivo orgânico.
e) expansão da agricultura familiar.
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Geografia
3. Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser possível por meio da compra com
pagamento em dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à terra para os
trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade. OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes. In: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp.
2009.
O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de
a) reforma agrária.
b) expansão mercantil.
c) concentração fundiária.
d) desruralização da elite.
e) mecanização da produção.
4. Durante as três últimas décadas, algumas regiões do Centro-Sul do Brasil mudaram do ponto de vista
da organização humana, dos espaços herdados da natureza, incorporando padrões que abafaram, por
substituição parcial, anteriores estruturas sociais e econômicas. Essas mudanças ocorreram,
principalmente, devido à implantação de infraestruturas viárias e energéticas, além da descoberta de
impensadas vocações dos solos regionais para atividades agrárias rentáveis. AB’SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003 (adaptado).
A transformação regional descrita está relacionada ao seguinte processo característico desse espaço
rural:
a) Expansão do mercado interno.
b) Valorização do manejo familiar.
c) Exploração de espécies nativas.
d) Modernização de métodos produtivos.
e) Incorporação de mão de obra abundante.
6
Geografia
5.
GIRARDI, E. R. Atlas da questão agrária brasileira. Disponível em: www.fct.unesp.br. Acesso em: 7 ago. 2012 (adaptado).
A formação do território da soja no Brasil refletiu a seguinte característica espacial:
a) Inclusão de regiões com elevadas concentrações populacionais.
b) Incorporação de espaços com baixa fertilidade natural dos solos.
c) Integração com espaços de consolidação de reservas extrativistas.
d) Necessidade de proximidade física com os principais portos do país.
e) Reutilização de áreas produtivas decadentes da tradicional cultura canavieira.
7
Geografia
6. Canto dos lavradores de Goiás Tem fazenda e fazenda
Que é grande perfeitamente
Sobe serra desce serra
Salta muita água corrente
Sem lavoura e sem ninguém
O dono mora ausente.
Lá só tem caçambeiro
Tira onda de valente
Isso é que é grande barreira
Que está em nossa frente
Tem muita gente sem terra
Tem muita terra sem gente.
MARTINS, J. S. Cativeiro da terra. São Paulo: Ciências Humanas, 1979
No canto registrado pela cultura popular, a característica do mundo rural brasileiro no século XX
destacada é a
a) atuação da bancada ruralista.
b) expansão da fronteira agrícola.
c) valorização da agricultura familiar.
d) manutenção da concentração fundiária.
e) implementação da modernização conservadora.
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Geografia
7. Observe a figura a seguir
Disponível em: www.cetecambiental.eco.br. Acesso em: 5 ago. 2018.
“A chamada modernização do campo é a fase mais evoluída da agricultura e da pecuária,
apresentando elevado grau de integração com a indústria, com os capitais ou investimentos e com a
ciência.” COELHO, Marcos de Amorim; TERRA, Lygia. Geografia geral: o espaço natural e socioeconômico. São Paulo: Moderna, 2001,
p. 388.
A modernização do campo no espaço geográfico brasileiro está relacionada, respectivamente, aos
seguintes impactos ambiental e social:
a) recuperação dos solos e execução de uma política de reforma agrária
b) inversão térmica e redução da fome com a produção dos transgênicos
c) perda da biodiversidade e concentração da propriedade fundiária
d) aumento do reflorestamento e promoção da legislação trabalhista no campo
e) erosão do solo e desconcentração fundiária devido à facilidade do crédito rural
8. Apesar do aumento da produção no campo e da integração entre a indústria e a agricultura, parte da
população da América do Sul ainda sofre com a subalimentação, o que gera conflitos pela posse de
terra que podem ser verificados em várias áreas e que frequentemente chegam a provocar mortes.
Um dos fatores que explica a subalimentação na América do Sul é
a) a baixa inserção de sua agricultura no comércio mundial.
b) a quantidade insuficiente de mão de obra para o trabalho agrícola.
c) a presença de estruturas agrárias arcaicas formadas por latifúndios improdutivos.
d) a situação conflituosa vivida no campo, que impede o crescimento da produção agrícola.
e) os sistemas de cultivo mecanizado voltados para o abastecimento do mercado interno.
9
Geografia
9. A modernização da agricultura brasileira, que no início do século XXI está presente em quase todas as
regiões do país, ainda é tratada na literatura como sendo de cunho “conservador”, uma vez que essa
modernização
a) reduziu o crescimento desordenado das cidades.
b) restringiu a capacidade produtiva do campo.
c) limitou a quantidade de áreas destinadas ao desmatamento.
d) distribuiu alimentos à população de baixa renda.
e) manteve inalterada a estrutura fundiária do campo.
10. A soma das exportações do agronegócio brasileiro no período de 12 meses terminado em março
registrou um novo recorde. Com US$ 79,8 bilhões em vendas entre abril de 2010 e março de 2011 e a
alta dos preços das commodities (...), o país deve superar, em breve, a marca dos US$ 80 bilhões (...)
As exportações no período, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), cresceram 19,7% em relação ao período de abril de 2009 a março de 2010. Disponível em: www.exame.com
Assinale a alternativa que identifica a tendência provocada pela evolução do agronegócio no Brasil.
a) Apoio dos produtores ao Código Florestal em vigência desde 1965, porque a modernização
produtiva permite a reconstituição da vegetação removida por sistemas produtivos precários.
b) Nova condição do país no cenário econômico internacional, porque, no futuro, as novas potências
serão produtoras de commodities.
c) Retenção da população no campo, aumentando o contingente rural, que estava declinando desde
os anos 1970.
d) Freio importante no ritmo do desmatamento, em especial, das zonas do norte do Mato Grosso,
devido ao aumento da produtividade agrícola.
e) Grande demanda por terras agrícolas, especialmente nos biomas do Brasil central e do Norte do
país.
10
Geografia
Gabarito
1. A
No Brasil, a agricultura familiar é a principal responsável pela produção voltada para o mercado interno.
A produção orgânica é, geralmente, desenvolvida por esses estabelecimentos familiares. Nesse contexto,
subsidiar os cultivos de base familiar seria a melhor opção para estimular a expansão desse tipo de
cultivo.
2. A
A questão apresenta termos como “empresas transnacionais e nacionais” e “agro-hidronegócio”, que
apontam para um contexto da agricultura após a Revolução Verde, no qual a agricultura passou por uma
modernização produtiva (formação de Complexos Agroindustriais – CAIs). Tal modernização
possibilitou a ampliação da produção, principalmente commodities, destinada ao mercado externo.
3. C
A Lei de Terras de 1850, como mencionado no texto, definiu que o acesso à terra só poderia se dar por
meio de compra. Por conta disso, pobres, imigrantes e negros livres ficaram excluídos, o que contribuiu
para a expansão da concentração fundiária.
4. D
O Mato Grosso é considerado o coração do agronegócio do Brasil. As novas formas produtivas
expandiram a fronteira agrícola do Sul em direção ao Centro Oeste. Hoje, essa contínua expansão já
ameaça a Amazônia. Essa transformação regional só foi possível pela implementação de tecnologia e
modernização dos métodos produtivos.
5. B
A formação do território da soja no Brasil incorporou áreas com solos de baixa fertilidade, como no caso
dos solos lixiviados da Amazônia, ácidos do Centro-Oeste e laterizados do Nordeste.
6. D
O cenário do Brasil agrário é marcado por conflitos que advêm de um histórico de injustiças ao acesso
à terra, que se reflete em uma estrutura fundiária extremamente concentrada.
7. C
O agronegócio apresenta como uma das suas principais características a produção em grandes
propriedades, consolidando a concentração de terras. O avanço da produção gera, por sua vez, o
desmatamento e a perda da biodiversidade.
8. C
A principal característica da estrutura fundiária brasileira e de países da América do Sul é a concentração
de terras. Muitas vezes, essas propriedades são improdutivas e atendem apenas à especulação
imobiliária, aguardando a valorização da propriedade para posterior venda. A Revolução Verde
aprofundou essa desigualdade de acesso à terra.
9. E
A modernização agrícola é considerada conservadora, pois não alterou a estrutura fundiária, contribuindo ainda mais para a concentração de terras.
11
Geografia
10. E
O crescimento da exportação de gêneros agrícolas do Brasil exerce uma pressão ambiental sobre as
Regiões Centro-Oeste e Norte, pois são áreas que a soja, um dos maiores produtos de exportação
brasileiro, tem ocupado e se expandido.
1
História
A Primeira República no Brasil: crise
Resumo
A sociedade antes da revolução de 1930, estava em um grau de agitação muito alto, diversos grupos
desde os primeiros anos da república contestaram o modelo vigente ou os políticos dentro desse modelo.
As revoltas da armada, as greves gerais dos primeiros vinte anos do século XX, o cangaço, o Arraial de
Canudos e a Guerra do Contestado são exemplos de como o governo tratava as questões sociais.
Influenciados pelos ideais positivistas os militares e os civis no poder tratavam as questões sociais
como casos militares e com extrema violência, logo, a revolta das camadas mais pobres acabava
aumentando com as reações desmedidas do governo. Não somente a população civil estava descontente
com o governo, a baixa oficialidade do exército não via com bons olhos essa alternância de poder entre os
cafeicultores de São Paulo e Minas Gerais.
Assim, surgiram movimentos dentro dos quartéis, o tenentismo é um movimento dos jovens oficiais
do exército que mesmo sem um projeto ideológico claro eles defendiam a moralização da política nacional
e o voto secreto. Esse movimento foi um dos mais marcantes do Brasil, a revolta do Forte de Copacabana
em 1922 foi o início do movimento, onde dezessete militares e um civil se revoltaram contra a presidência
de Arthur Bernardes.
Esse movimento com o tempo ganhou apoio da burguesia industrial, banqueiros e as oligarquias
dissidentes, as que não estavam ligadas no esquema de sucessão da república do “café com leite”. Assim
com esses apoios o movimento cresceu e ganhou mais adeptos e mais tarde financiamento para a
empreitada revolucionária de 1930.
O Crescimento da Crise Econômica e Política
Além das políticas sociais a crise de 1929 afetou completamente a economia agroexportadora do café
o que abalou o poder econômico das elites cafeeiras do Sudeste, a inerência em ir ao socorro das populações
mais carentes e a diminuição do poder econômico foram importantíssimos no início da revolução de 1930.
Além disso o rompimento da aliança entre o PRM (Partido Republicano Mineiro) e o PRP (Partido
Republicano Paulista) acabou por enfraquecer ainda mais as velhas oligarquias, que no setor político vinham
enfrentando oposições armadas desde os primeiros anos de seus governos. A cisão ajudou de tal forma na
queda do regime, que as eleições de 1929 foram marcadas não somente pelas fraudes em favor das velhas
oligarquias, mas com diversos casos de partidários mortos dos dois lados.
Assim, o terreno para a tomada do poder por Getúlio Vargas estava preparado, uma população que
nunca apoio de fato os governantes, com as baixas oficialidades do exército e a população urbana já
cansada da exclusão do poder político e por advir do exército havia também um forte pensamento
2
História
nacionalista de integração nacional, o que era o contrário do federalismo implementado do durante os
governos oligárquicos.
3
História
Exercícios
1. “Em 1º de março, primeiro dia de carnaval, foram realizadas as eleições de 1930. Apuradas as urnas, venceu o candidato governista Júlio Prestes com mais de um milho de votos, contra 737 000 para Getúlio Vargas. A Aliança Liberal estava derrotada! O slogam ‘O Programa é mais do povo que do candidato’ não conseguiu desbancar a máquina eleitoral montada pelo governo em 17 Estados. A fraude, praxe na época, dominou o pleito de parte a parte”.
(In Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural. v. 5. p. 34).
É fácil notar que o trecho está tratando do contexto político-eleitoral de 30, em relação ao qual é correto dizer mais que:
a) Tais eleições tiveram seus resultados plenamente respeitados pelos atores do processo
respectivo;
b) Consagrou uma alternância legal e legítima de poder à frente da presidência da república;
c) Imerso o Brasil em profunda crise social, mas com economia vigorosa e sem sobressaltos, a
presidência Júlio Prestes foi das mais profícuas que o Brasil conheceu em sua história
republicana;
d) São Paulo foi vanguardista das mudanças impostas ao país, e o fez pelo levante popular de 9 de
julho, enquanto que o Piauí também se levantava em prol da “revolução” emergente;
e) a Aliança Liberal acabou por triunfar sob a liderança de uma fração militar e de Getúlio Vargas,
quebrando a ordem constitucional vigente e organizando novo governo federal.
2. "A década de 1920 foi marcada pela instabilidade política. Até então, a governabilidade do país era
garantida por um pacto entre as elites agrárias (as oligarquias). Este pacto se expressava na política
dos governadores, na aliança café-com-leite, no coronelismo e na dominação regional das
oligarquias." (ARRUDA, J. J. de A. & PILETTI, N. Toda História: História Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2002. p. 355.)
A respeito da História do Brasil da década de 1920, assinale a alternativa incorreta.
a) No ano de 1922, a guarnição militar do Forte de Copacabana se rebelou, exigindo a renúncia do
presidente Artur Bernardes. O levante foi derrotado, e o episódio ficou conhecido como "Os
Dezoito do Forte de Copacabana".
b) Constituído por jovens tenentes e capitães, o Tenentismo foi um movimento de enfrentamento ao
governo federal, exigindo mudanças políticas como voto secreto e reforma do ensino.
c) Na década de 1920, o café continuava sendo um dos principais sustentáculos da economia
brasileira, e, no meado da década, o Brasil já era responsável por 3/5 da produção mundial.
d) O descontentamento de vários segmentos sociais com a situação vivida no Brasil durante a
década de 1920 culminou na chamada Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.
e) A década de 1920 foi marcada também pela primeira eleição brasileira em que o Partido
Comunista elegeu uma grande bancada na Câmara Federal.
4
História
3. Em tempos de forte turbulência republicana, o ano de 1922 converteu-se em marco simbólico de
grandes rupturas e da vontade de mudança. Eventos como a Semana de Arte Moderna, o levante
tenentista, a criação do Partido Comunista e ainda a conturbada eleição presidencial sepultaram
simbolicamente a Velha República e inauguraram uma nova época. (Aspásia Camargo, “Federalismo e Identidade Nacional”, Brasil, um século de transformações. 2001.)
Pode-se afirmar que a situação descrita decorre, sobretudo,
a) do forte crescimento urbano e das classes médias.
b) do descontentamento generalizado dos oficiais do Exército.
c) da postura progressista das elites carioca e paulista.
d) do crescimento vertiginoso da industrialização e da classe operária.
e) da influência das vanguardas artísticas europeias e norte-americanas.
4. Em 1930, um golpe colocou Getúlio Vargas no poder. Esse ato foi justificado pelas acusações de que
a posteriormente chamada “República Velha” estava “carcomida”. Nesse sentido, quais as críticas do
grupo vitorioso com relação
a) à predominância de São Paulo na federação?
b) às práticas políticas imperantes nas eleições?
5. Num momento em que o Estado republicano oligárquico já apresentava sintomas de declínio o
problema criado pela sucessão, até então dividida entre São Paulo e Minas Gerais, desencadeou o fim
do regime. (Leonel Itaussu. História do Brasil).
Considerando que as atuais circunstâncias do país exigem de todos o sacrifício das suas
comodidades e interesses, em favor da defesa da causa pública, resolveram os abaixo-assinados
fundar um partido ao qual denominaram Partido Democrático, nome assaz significativo por inculcar o
seu principal objetivo, de obter para o povo o livre exercício da soberania e da escolha de seus
representantes. (“Manifesto à Nação”. In Edgar Carone. A Primeira República 1889-1930)
Os textos apresentam o cenário vivido pelo Brasil quando da disputa à sucessão do presidente
Washington Luís. Quanto ao envolvimento do Partido Democrático nesta eleição, aponte a alternativa
que demonstre qual era a composição do Partido Democrático (PD) e qual foi a sua posição na eleição:
a) O PD era composto por membros da aristocracia cafeeira e apoiou a candidatura de Júlio Prestes.
b) O PD era formado por dissidentes do Partido Republicano Paulista (PRP) e apoiou o candidato da
Aliança Liberal.
c) O PD era composto exclusivamente por membros da classe média e seguiu a atitude de Luís
Carlos Prestes que se recusou a apoiar algum candidato.
d) O PD surgiu como um movimento operário e seguiu as posições defendidas pelo Partido
Comunista.
e) O PD contava com intensa influência de militares e a exemplo dos tenentistas apoiou a
candidatura de Júlio Prestes, candidato lançado pelo governo.
5
História
6. Manifesto de Luís Carlos Prestes (maio/1930): “[...] Mais uma vez os verdadeiros interesses populares foram sacrificados vilmente, mistificado todo o povo, por uma campanha aparentemente democrática, mas que, no fundo, não era mais do que a luta entre os interesses contrários de duas correntes oligárquicas, apoiadas e estimuladas pelos dois grandes imperialismos que nos escravizam e aos quais os politiqueiros brasileiros entregam, de pés e mãos atados, toda a Nação. Fazendo tais afirmações, não posso, no entanto, deixar de reconhecer entre os elementos da Aliança Liberal grande número de revolucionários sinceros, com os quais creio poder continuar a contar na luta franca e decidida que ora proponho contra todos os opressores. [...] Contra as duas vigas mestres que sustentam economicamente os atuais oligarcas, precisam, pois, ser dirigidos os nossos golpes – a grande propriedade territorial e o imperialismo anglo-americano. Essas, as duas causas fundamentais da opressão política em que vivemos e das crises econômicas em que nos debatemos. [...] O governo dos coronéis, chefes políticos, donos da terra, só pode ser o que aí temos: opressão política e exploração não positiva”.
In: TÁVORA, Juarez. Memórias: uma vida e muitas lutas. Rio de Janeiro: Ed. José Olímpio, 1973.
De acordo com o texto e com seus conhecimentos, é correto afirmar que o Manifesto se posiciona
a) a favor de uma república comunista, nos moldes da soviética, e, para tanto, apoia a Aliança
Liberal, que ganhou as eleições de 1930.
b) contra a Aliança Liberal, por ela manter os privilégios oligárquicos associados ao imperialismo
anglo-americano, defendendo a ideia de uma revolução popular no Brasil.
c) contrário à Aliança Liberal, mantenedora da estrutura oligárquica de poder, ao defender, entre
outros pontos, o “voto de cabresto” e o livre comércio externo.
d) de forma neutra, uma vez que havia, na formação da Aliança Liberal, os Partidos Republicanos
Paulista, Rio-grandense e Mineiro, representantes da política do “café-com-leite”.
e) em prol da Aliança Liberal como meio para os trabalhadores urbanos e rurais chegarem ao poder,
seguindo o modelo do comunismo pregado por Mao-Tsé-Tung, quando da realização da “Longa
Marcha”.
7. O economista Celso Furtado, em seu livro Formação Econômica do Brasil, na última parte, analisa os
efeitos da Grande Depressão de 1929 sobre a Economia Brasileira, particularmente em relação à
produção de café e à industrialização. Dentre as afirmações de Furtado, podemos citar
a) a Grande Depressão de 1929 que provocou a crise do setor cafeeiro e induziu a diversificação das
exportações agrícolas.
b) a Grande Depressão de 1929 que provocou a crise do setor cafeeiro e a mudança do eixo dinâmico
da economia para a região nordeste.
c) a Grande Depressão de 1929 que não atingiu o setor cafeeiro, pois este produzia para o mercado
interno.
d) a Grande depressão de 1929 que provocou a crise do setor cafeeiro e induziu, indiretamente, o
crescimento da produção industrial para o mercado interno.
e) a Grande depressão de 1929 que provocou a crise do setor cafeeiro e induziu, indiretamente, o
crescimento da produção industrial para o mercado externo.
6
História
8. Desgraçado processo que escamoteia as tradições saudáveis e repousantes. O ‘café’ de antigamente
era uma pausa revigorante na alucinação da vida cotidiana. Alguém dirá que nem tudo era paz nos
cafés de antanho, que havia muita briga e confusão neles. E daí? Não será por isso que lamento seu
desaparecimento do Rio de Janeiro. Hoje, se houver desaforo, a gente o engole calado e humilhado.
Já não se pode nem brigar. Não há clima nem espaço. ALENCAR, E. Os cafés do Rio. In: GOMES, D Antigos cafés do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Kosmos, 1989 (adaptado).
O autor lamenta o desaparecimento dos antigos cafés pelo fato de estarem relacionados com
a) a economia da República Velha, baseada essencialmente no cultivo do café.
b) a ócio (“pausa revigorante”) associado ao escravismo que mantinha a lavoura cafeeira.
c) a especulação imobiliária, que diminuiu o espaço disponível para esse tipo de estabelecimento.
d) a aceleração da vida moderna, que tornou incompatíveis com o cotidiano tanto o hábito de “jogar
conversa fora” quanto as brigas.
e) o aumento da violência urbana, já que as brigas, cada vez mais frequentes, levaram os cidadãos
a abandonarem os cafés do Rio de Janeiro.
9. Vitoriosa a revolução, abre-se uma espécie de vazio de poder, por força do colapso político da
burguesia do café e das demais frações de classe para assumi-lo em caráter exclusivo. O Estado de
Compromisso é a resposta para essa situação.
Boris Fausto O texto nos permite concluir que, após a Revolução de 1930, estabeleceu-se no país:
a) A mesma estrutura política existente no período anterior.
b) A centralização, pelo governo, das decisões políticas e financeiras, dentro de um quadro de
alianças, em virtude da heterogeneidade das forças revolucionárias.
c) O total desaparecimento do poder e do prestígio das forças oligárquicas.
d) A ascensão da burguesia industrial, única classe que deu total apoio a Vargas no processo
revolucionário.
e) O isolamento das forças armadas e da máquina burocrática do Estado, que no participaram do
Estado de Compromisso.
7
História
10. Reflita sobre o texto. A Revolução de 1930 põe fim à hegemonia da burguesia do café (...). O episódio revolucionário
expressa a necessidade de reajustar a estrutura do país, cujo funcionamento, voltado essencialmente
para um único gênero de exportação, se torna cada vez mais precário. A oposição ao predomínio da
burguesia cafeeira não provém, entretanto, de um setor industrial (...). Pelo contrário, dadas as
características da formação social do país, há uma complementaridade básica entre interesses
agrários e industriais. (Boris Fausto. A Revolução de 1930. São Paulo: Brasiliense, 1972. p. 112-114)
O texto analisa elementos socioeconômicos importantes da sociedade brasileira na Primeira
República (1889-1930). As ideias do texto confirmam que:
a) o sistema agrário brasileiro sofreu transformações substanciais na década de 1930, com o
surgimento da indústria pesada e de bens de consumo duráveis.
b) a indústria brasileira se expandiu nas primeiras décadas do século XX devido, em grande parte, à
aplicação de capital cafeeiro na produção de artigos manufaturados.
c) a crise por qual passou a economia brasileira nas duas primeiras décadas do século XX estava
diretamente relacionada ao fato de os governos terem mantido o café como único produto de
exportação.
d) a burguesia cafeeira brasileira tornou-se revolucionária na medida em que foi agente do processo
de diversificação da produção econômica do país, ocorrido na primeira década do século XX.
e) as contradições entre os interesses dos setores agrários e dos setores industriais representaram
obstáculos para o desenvolvimento industrial do Brasil na década de 1930
8
História
Gabarito
1. E
depois de diversas fraudes eleitorais desde o início da república foram o meio da manutenção do poder
pelos paulistas e mineiros, provocando um maior descontentamento das classes urbanas e dos jovens
militares tenentistas.
2. E
o partido fundado em 1922 emplacou parlamentares em grande parte por causa dos descontentamentos
operários frente às políticas sociais que eram esquecidas pelo governo, sem contar que as fraudes
eleitorais acontecidas no campo desvalorizavam o voto dos habitantes urbanos.
3. A
as mudanças no texto causadas pelo crescimento das populações urbanas foi o que tirou o Brasil de
uma ordem impressa no fim do século XIX com a subida de Vargas ao poder essa ordem se moderniza
com a industrialização e as legislações trabalhistas.
4.
a) As oligarquias e os grupos dissidentes no movimento de 1930 criticavam, entre outros aspectos, o
predomínio dos interesses do setor ligado à produção cafeeira, representado pela burguesia paulista
tanto do ponto de vista político (política do café-com-leite), como do ponto de vista econômico (o
Convênio de Taubaté de 1906, por exemplo), ou seja, do uso que a mesma fazia do Estado para a
consecução de seus interesses.
b) A República instaurou o sufrágio universal, alargando significativamente o número de eleitores.
Todavia, tratava-se do sufrágio universal masculino, e o voto era aberto. Dado que a maioria da
população era rural, esta, transformada em eleitores, tornou-se cativa dos grandes proprietários
rurais que, por intermédio dos mais variados estratagemas – troca de favores, "voto de cabresto",
uso das mais variadas formas de coação – faziam com que as eleições se transformassem em um
"jogo de cartas marcadas", perpetuando no poder as oligarquias então dominantes. Para além
desses aspectos, não havia no período uma justiça eleitoral, ficando a fiscalização dos
procedimentos eleitorais e a diplomação de candidatos eleitos controladas pelos próprios
interessados.
As duas letras estão interligadas, assim podemos dizer que o predomínio Mineiro e Paulista no
cenário nacional era graças ás fraudes eleitorais e intimidações que imperavam nos processos e
fazia que as elites que dominavam a política sempre permanecessem dominando, assim as críticas
feitas pelos tenentistas se interligavam e davam um panorama da política nacional.
5. B
o partido era formado principalmente de integrantes das classes médias urbanas, principalmente os
ligados a Faculdade de Direito e ao jornal O Estado de São Paulo, assim estes tinham uma visão mais
democrática e liberal no sentido político.
6. B
após seu refúgio na Bolívia junto com a Coluna Prestes, o militar entra em contato com as ideologias de
esquerda e não compactua com as lideranças da Aliança Liberal que manteve a ordem capitalista
9
História
entrando em acordo com as velhas oligarquias e não emancipando de fato os trabalhadores em sua
visão.
7. D
antes mesmo da crise do café a velha oligarquia começa a investir na industrialização, principalmente
em São Paulo e no Rio de Janeiro para diversificar seus lucros, com a crise esse movimento financeiro
aumenta e influencia a industrialização brasileira.
8. D
o relato do texto é um exemplo da modernização e da entrada do Brasil no capitalismo industrial que
punha a nação em um novo ritmo de vida.
9. B
as alianças formadas durante o período revolucionário foram feitas a fim de instituir o comando sob a
égide de Vargas, que centralizou as decisões nacionais desmembrando os poderes dos estados e das
elites regionais.
10. B
a diversificação dos investimentos cafeeiros foi a resposta para a manutenção dos lucros frente a crise
de 1929, isso ajudou imensamente na industrialização brasileira.
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História
A Primeira República no Brasil: anos iniciais
Resumo
Proclamação da República
Apesar da monarquia brasileira ter experimentado mementos de equilíbrio e solidez - devido à
conciliação entre liberais e conservadores - esse período chegou ao fim, levando a ascensão do movimento
republicano. Vejamos as principais causas desse processo histórico.
Aos fins do Segundo Reinado, o governo de Dom Pedro II enfrentou esse quadro de tensões
responsável pela queda da monarquia.
Mesmo buscando uma posição política conciliadora, Dom Pedro II não conseguia intermediar os
interesses conflitantes dos diferentes grupos sociais do país. A questão da escravidão era um dos principais
pontos de tensão nesse período. Os intelectuais, militares e os órgãos de imprensa defendiam a abolição
como uma necessidade primordial dentro do processo de modernização sócio econômica do país.
De um lado, os cafeicultores do Oeste Paulista apoiavam a implementação da mão-de-obra
assalariada no Brasil. De outro, fazendeiros das oligarquias nordestina, sulista e do Vale do Paraíba faziam
oposição ao fim da escravidão e, no máximo, admitiam-na com a concessão de indenizações do governo.
Os abolicionistas, que associavam a escravidão ao atraso do país, acabavam por também considerar
o regime monárquico como sinônimo de atraso. É nesse contexto que as ideias republicanas ganham espaço.
O Brasil, única nação sul americana monarquista, se transformou num palco de uma grande campanha
republicana apoiada por diferentes setores da sociedade. D. Pedro II foi perdendo progressivamente suas
bases políticas.
A Igreja, setor de grande influência ideológica, também passou a engrossar a fila daqueles que
maldiziam o poder imperial. Tudo isso devido à crise nas relações entre os clérigos e Dom Pedro II. Naquela
época, de acordo com a constituição do país, a Igreja era subordinada ao Estado por meio do regime de
padroado. Nesse regime, o imperador tinha o poder de nomear padres bispos e cardeais.
Em paralelo a isso tudo, alguns representantes do poder militar do Brasil começaram a ganhar certa
relevância política. Com a vitória na Guerra do Paraguai, o oficialato alcançou prestígio. As instituições
militares dessa época também foram influenciadas pelo pensamento positivista, que defendia a “ordem”
como caminho indispensável para o “progresso”. Desta forma, os oficiais – que já se julgavam uma classe
desprestigiada pelo poder imperial – compreendiam que o rigor e a organização dos militares poderiam ser
úteis na resolução dos problemas do país.
Os militares passaram a se opor ferrenhamente a Dom Pedro II, chegando a repudiar ordens
imperiais e realizar críticas ao governo nos meios de comunicação. Em 1873, foram criados o Partido
Republicano e o Partido Republicano Paulista. Aproximando-se dos militares insatisfeitos, os republicanos
organizaram o golpe de Estado contra a monarquia.
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História
Nos fins de 1889, sob fortes suspeitas que Dom Pedro II iria retaliar os militares, o marechal Deodoro
da Fonseca mobilizou suas tropas, que promoveram um cerco aos ministros imperiais e exigiram a
deposição do rei. Em 15 de novembro daquele ano, o republicano José do Patrocínio oficializou a
proclamação da República.
D. Pedro II sendo “enxotado” pelo movimento republicano
A Primeira República é dividida em dois períodos:
• República da Espada – 1889 – 1894: governos militares de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Esse governo teve o propósito de impor o governo para evitar uma possível oscilação ou resistência podendo ocasionar uma volta para a monarquia ou separação do Brasil.
• República Oligárquica - 1895 – 1930: governos das oligarquias rurais de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. É o chamado coronelismo, praticado, principalmente, pelos cafeicultores.
Revolta da Armada
Ocorrido em 1893 e liderado por algumas unidades da Marinha Brasileira, foi motivado pela insatisfação
contra o governo do presidente Floriano Peixoto. Entre as principais causas estão as divergências e disputas
entre grupos políticos no começo da República, e a insatisfação com a ascensão política de civis, promovida
pelo governo de Floriano Peixoto.
A Primeira Constituição Republicana
A Constituição de 1891 surgia com o fim do Império brasileiro (1899e e o fim da escravidão. Havia
o desafio de uma sociedade onde muitos eram os conflitos de interesse: uma sociedade essencialmente
agracia e socialmente fragmentada.
A Constituição 1891, nossa primeira constituição republicana, instituiu a independência dos três
poderes e eliminou o Poder Moderador, através do qual o Imperador influenciava os demais. Com a adoção
do presidencialismo, ela ampliava o direito de voto para o cargo máximo do Executivo. Com o federalismo,
3
História
os Estados tinham mais autonomia e podiam criar suas próprias leis, embora sempre em consonância com
a Constituição.
A Constituição estabeleceu o sufrágio direto para Presidentes e Vice-Presidentes (mandatos de
quatro anos sem reeleição), senadores e deputados, acabando com o voto censitário(ou seja, restrição por
condições financeiras) da Constituição de 1824. No entanto, somente homens alfabetizados com mais de
21 anos, estando excluídos também mendigos e membros de ordens monásticas, o que restringia o número
de eleitores a uma ínfima parcela da população. A Constituição acabou com a vitaliciedade de senadores,
reduzindo seu mandato a nove anos, e, em tese, também não restringia a elegibilidade aos cargos por
condições econômicas. Na prática, como o voto era aberto (não secreto), manipulações e intimidações de
eleitores pelos candidatos da elite eram norma, resultando no fenômeno do coronelismo.
A Constituição aboliu os privilégios de nascimento, não mais reconhecendo títulos de nobreza ou
afins. No plano religioso, ela foi fundamental por determinar a laicidade do Estado brasileiro, retirando o
apoio oficial a qualquer religião e formalizando a liberdade irrestrita de culto.
Encilhamento
Política econômica implementadas pelo ministro das finanças Rui Barbosa, durante o governo do
marechal Deodoro da Fonseca (1889-1891), foi considerada um fracasso, devido aos seus efeitos negativos
para a economia. O seu principal objetivo era incentivar o desenvolvimento industrial, o que foi feito a partir
da facilitação excessiva de crédito, com o objetivo de facilitar e ampliar a abertura de empresas e da missão
de papel-moeda (aumento de dinheiro em circulação). Ao invés de promover a industrialização, o
encilhamento gerou um grande processo inflacionário.
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História
Exercícios
1. Sobre a Revolta da Armada (1893-1894), selecione a alternativa correta:
a) foi motivada pela insatisfação do exército com a violenta repressão do governo ao Arraial de
Canudos, no sertão baiano.
b) foi resultado da insatisfação da marinha, reduto de monarquistas, com o governo do Marechal
Floriano Peixoto.
c) foi uma rebelião dos membros da marinha brasileira contra os castigos físicos dedicados,
principalmente, aos soldados rasos.
d) foi uma revolta popular que alcançou o exército por causa das arbitrariedades cometidas pelo
governo no projeto de modernização da cidade do Rio de Janeiro.
e) foi um conflito travado no Rio Grande do Sul entre as duas forças que disputavam o poder daquele
estado.
2. Caracteriza o processo eleitoral durante a Primeira República, em contraste com o vigente no Segundo
Reinado:
a) a ausência de fraudes, com a instituição do voto secreto e a criação do Tribunal Superior Eleitoral.
b) a ausência da interferência das oligarquias regionais, ao se realizarem as eleições nos grandes
centros urbanos.
c) o crescimento do número de eleitores, com a extinção do voto censitário e a extensão do direito
do voto às mulheres.
d) a possibilidade de eleições distritais e a criação de novos partidos políticos para as eleições
proporcionais.
e) a maior participação de eleitores das áreas urbanas ao se abolir o voto censitário e se limitar o
voto aos alfabetizados
3. A crise do Encilhamento, ocorrida durante o primeiro governo republicano, provocou um grande
descontrole na economia nacional. Essa crise
a) culminou com o desenvolvimento da forte política de industrialização no Brasil.
b) foi consequência da política econômico-financeira de emissão de papel-moeda e do crédito
aberto, adotada por Rui Barbosa, então Ministro da Fazenda.
c) conteve a especulação, evitando a falência de banqueiros e industriais.
d) foi consequência da desvalorização dos preços do café no mercado internacional.
e) levou o Ministro Rui Barbosa e a elite agroexportadora a elaborarem o primeiro programa de
valorização do café.
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História
4. Leia o trecho e, em seguida, assinale a alternativa correta.
“Aconteceu, porém, que era difícil viver D. Pedro II a vida dupla que parece ter pretendido levar, indo
piedosamente à missa no Brasil e fazendo o pelo sinal aos olhos das multidões brasileiras e, na Europa,
ostentando espírito voltairiano; de modo que o Pedro II de feitio europeu – que talvez fosse dos dois
o mais autêntico – terminou superando, dentro do próprio Brasil, o de algum modo anti europeu e
antiprogressista. Daí em crises como a dos bispos e a militar ter se comportado exatamente como
qualquer político ou liberal, ou republicano e até anticlerical – empenhado em fazer valer o princípio
da autoridade legítima sobre o da insubordinação.” FREYRE, Gilberto. Ordem e Progresso. São Paulo: Global, 2004. p. 217.
No trecho acima, é correto dizer que Gilberto Freyre:
a) nega que D. Pedro II tenha tido qualquer tipo de responsabilidade na crise que levou o Império ao
seu fim.
b) deixa claro que não era de bom tom o Imperador mostrar sua postura religiosa aos brasileiros.
c) ressalta que a ambiguidade política de D. Pedro II acabou por colocá-lo em litígio com algumas
camadas da sociedade.
d) afirma que Dom Pedro II sempre gostou mais da Europa do que do Brasil.
e) afirma que Dom Pedro II não tinha habilidade política nem como conservador e nem como
progressista.
5. Os últimos 19 anos de vida do Império Brasileiro correspondem, historicamente, à fase de decadência
política do sistema instaurado em 1822 e que chegara a seu auge em 1850-60. Dentre os inúmeros
fatos políticos que demonstram essa situação de declínio, merecem destaque especial dois deles, não
apenas pelas intensas repercussões que tiveram mas, principalmente, por ajudar a demolir as já
instáveis bases de sustentação da monarquia. Trata-se das chamadas:
a) “Questões” Christie e Religiosa;
b) “Questões” queremista e civilista;
c) “Questões” religiosa e militar;
d) “Salvações” militar e eleitoral;
e) “Revoltas” de Beckman e da Chibata
6. A República brasileira emergiu no auge de um processo cujas raízes se encontravam no II Reinado.
Assinale a alternativa INCORRETA:
a) A campanha abolicionista acabou por se confundir com a campanha republicana.
b) Nos termos da primeira Constituição Republicana o Brasil era uma República Federativa
Presidencialista e o Estado permaneceu atrelado à Igreja.
c) Para certos segmentos da sociedade, entre eles os cafeicultores, a forma republicana de governo
era concebida como moderna, avançada e mais eficiente
d) No primeiro aniversário da implantação do regime republicano foi instalado o Congresso
Constituinte e em 24/02/1891 foi promulgada a Constituição.
e) Os militares, influenciados pelas ideias do positivismo, uniram-se à camada média da sociedade
contra os monarquistas.
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História
7. Pode-se considerar o Exército como força política influente no movimento Republicano porque
a) seus integrantes, tendo origens, predominantemente na classe média, eram contrários à vigência
de um Estado monárquico identificado com as camadas populares da sociedade.
b) seus oficiais, quase todos pertencentes à Maçonaria, solidarizaram-se com os bispos envolvidos
na chamada Questão Religiosa, agudizando a crise política deflagrada contra o Imperador.
c) o declínio do prestígio dos militares após a Guerra do Paraguai, tornava seus oficiais críticos
inexpressivos dos privilégios concedidos à Guarda Nacional.
d) seus oficiais mostraram-se descontentes com a recusa do Imperador em incorporá-los ao
processo de repressão organizada contra a rebeldia negra.
e) a influência do Positivismo entre os jovens oficiais imprimiu o ideal de uma República militar
como base do progresso nacional.
8. Os primeiros anos da república brasileira, e a República da Espada em particular, foram anos de
adaptação e, portanto, marcados por muitas crises. Uma dessas crises ficou conhecida como
Encilhamento. A respeito do Encilhamento, encontre a alternativa correta:
a) o Encilhamento foi uma crise política que marcou a disputa de Deodoro da Fonseca e Rui Barbosa,
com o presidente brasileiro tentando utilizar de seu cargo para destituir Rui Barbosa de sua
função a todo custo.
b) o Encilhamento foi uma rebelião que aconteceu no Rio Grande do Sul, quando tropas
monarquistas rebelaram-se e iniciaram uma luta contra as forças federalistas leais ao governo.
c) o Encilhamento foi uma forte crise econômica que atingiu o Brasil como fruto da desastrada
política econômica praticada por Rui Barbosa e gerou desvalorização da moeda e crescimento
da inflação.
d) os efeitos do Encilhamento só foram contidos durante a gestão de Epitácio Pessoa (1919-1922).
e) o Encilhamento foi a tentativa de golpe realizada por Deodoro da Fonseca em novembro de 1891.
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História
9. É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação da República no Brasil que não cite a afirmação de
Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu àquilo bestializado”. Essa
versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930, que não descuidaram da forma
republicana, mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo da fórmula
implantada em 1889. Isto porque o Brasil brasileiro teria nascido em 1930. MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura democrática e científica no final do Império.
Rio de Janeiro: FGV, 2007 (adaptado).
O texto defende que a consolidação de uma determinada memória sobre a Proclamação da República
no Brasil teve, na Revolução de 1930, um de seus momentos mais importantes. Os defensores da
Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa para os eventos de 1889, porque esta
era uma maneira de
a) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas.
b) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à Monarquia.
c) criticar a política educacional adotada durante a República Velha.
d) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse grupo ao poder.
e) destacar a ampla participação popular obtida no processo da Proclamação.
10. Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas
quais se limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na
conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e pelo “coronel”. Aí estão os votos de
cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural. LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega, 1978 (adaptado).
O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-1930), tinha como uma de suas
principais características o controle do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse
período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social
a) igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda.
b) estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes.
c) tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos como forma produtiva típica.
d) ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão mantido pelo exército e polícia.
e) agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político local e regional.
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História
Gabarito
1. B A Revolta da Armada iniciou-se em 1893, quando um grupo da Marinha brasileira rebelou-se contra o
governo do Marechal Floriano Peixoto. A Marinha era um reduto de monarquistas e estava insatisfeita
com o governo de Floriano Peixoto. Assim, partiram para essa revolta, tomando navios de guerra,
virando os canhões para a direção da capital federal – Rio de Janeiro – e bombardeando a cidade.
Tempos depois, fundiram-se com liberais que lutavam contra os federalistas durante a Revolução
Federalista, travada no Rio Grande do Sul. Esse movimento foi duramente reprimido pelo governo de
Floriano.
2. E Como a maior porcentagem de alfabetizados se encontrava nas zonas urbanas, o fim do voto censitário
e o critério de alfabetização vão fazer com que os eleitores urbanos cresçam.
3. B A política gerou um processo inflacionário.
4. C Freyre realça que ao menos parte da dificuldade do imperador de lidar com a crise instalada nos anos
1880 provinha da “vida dupla que parece ter pretendido levar”, alternando-se como conservador, para o
público brasileiro, e progressista, para o público europeu.
5. C Religiosa, devido a insatisfação com o ‘padroado’, e Militares, uma vez que estes desejam mais prestígio
e participação política após a vitória na Guerra do Paraguai.
6. B Estado e Igreja são separados.
7. E Tais ideais são centrais para entendermos a força que o movimento republicano adquire neste momento.
8. C O Encilhamento foi uma forte crise econômica que afetou a economia brasileira, particularmente de
1891 a 1897. Essa crise econômica foi resultado da política econômica desastrosa praticada por Rui
Barbosa, ministro da Fazenda, que facilitou o acesso ao crédito e permitiu que bancos privados
emitissem papel-moeda. O resultado foi a desvalorização da moeda brasileira e o crescimento do custo
de vida. O Encilhamento também é considerado pelos historiadores como resultado dos efeitos da crise
econômica que afetava o capitalismo desde 1873.
9. D O recurso é empregado, assim, para deslegitimar um período anterior, valorizando aquele que se
inaugura. Devemos problematizar tais colocações, compreendendo que são construções de memória.
9
História
10. E Essa estrutura agrária vai permitir que os coronéis detenham poder e exerçam diversas práticas de
manipulação eleitoral
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Português
Regência
Resumo
Após vermos a concordância verbal, veremos a relação subordinativa de termos principais sobre termos dependentes, em outras palavras, a regência verbal. Como abordamos acima, a regência é a relação de dependência entre os verbos e seus complementos. Podendo acontecer direta (sem preposição) ou indiretamente (com preposição). A regência é estabelecida, principalmente, pelos elementos: ● Posição dos termos na oração;
● Conectivos: preposições;
● Pronomes relativos;
● Concordância dos termos regidos com os regentes
Exemplo: O menino comeu a maçã. Na oração acima, o verbo “comeu” é transitivo e exige complemento, veja: comeu o quê? A maçã. Logo, “comeu” é transitivo direto e “o bolo” é objeto direto.
Regência e polissemia Polissemia é um conceito da área da linguística com origem no termo grego polysemos, que significa "algo que tem muitos significados". Dessa forma, dentro da estrutura sintática, um verbo pode levar à mudança de significado e apresentar diversas formas de acordo com a sua regência. Vejamos os principais verbos e suas colocações: Aspirar Aspirava o perfume das flores- Sentido de inalar (verbo transitivo direto). Aspirava ao cargo de professor- Sentido de almejar (verbo transitivo indireto) Assistir Os médicos assistiram os acidentados naquele dia.- Sentido de ajudar, prestar assistência (Verbo transitivo direto) Não pude assistir ao filme “Titanic” porque a sessão estava esgotada. - Sentido de ver, presenciar (verbo transitivo indireto) Atender Os artistas procuravam atender todos os espectadores- Sentido de acolher, receber com atenção (Verbo transitivo direto) Os novos carros atendem a um público mais exigente. - Sentido de levar em consideração (Verbo transitivo indireto) Implicar Infrações de trânsito implicam sérias multas. - Sentido de acarretar (Verbo transitivo direto) Aquele senhor implicava sempre com os garotos da vizinhança. - Sentido de indispor-se com alguém ou algo (Verbo transitivo indireto) Precisar Era difícil precisar a hora em que o ocorreu o roubo. – Sentido de indicar com exatidão (Verbo transitivo direto) Precisava de muito dinheiro para pagar a conta. - Sentido de necessitar (Verbo transitivo indireto)
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Português
Visar Não foi possível visar todas as páginas daquele contrato. - Sentido de dar visto (Verbo transitivo direto) Sempre visou a um cargo político. - Sentido de pretender (verbo transitivo indireto) Um texto necessita de parágrafos organizados com uma devida progressão temática, assim também com
elementos coesivos para uma boa estruturação, dessa forma, alguns mecanismos da gramática são
desenvolvidos para garantir esta coerência, tal como o paralelismo regencial.
Paralelismo
Entende-se que paralelismo tem, por significação semelhança, correspondência entre duas coisas ou entre
ideias e opiniões. Assim, sua definição na sintaxe acontece quando as construções de frases e orações são
semelhantes, sendo feitas, dentro da regência, por verbos que se assemelham. Veja o exemplo abaixo:
Vi e gostei do filme.
Na frase acima, há a presença de dois verbos (Ver- transitivo direto e Gostar- transitivo indireto) que
possuem transitividades diferentes, desse modo, verbos com regências diferentes não podem possuir o
mesmo complemento, quando em comum. A frase, então, ficaria certa deste modo:
Vi o filme e gostei dele.
Preposição antes do pronome relativo
Até aqui, vimos que a regência, nada mais é, que adequar os verbos em uma oração, de acordo com sua
subordinação. Aprofundaremos, agora, a utilização da preposição antes do pronome relativo, dentro da
regência verbal.
Primeiramente, um pronome relativo é uma classe de pronomes que substituem um termo da oração anterior
e estabelecem relação entre duas orações. Os pronomes podem ser variáveis e invariáveis e são os seguintes:
É importante lembrar que a preposição deve estar presente em frases complexas, se exigida pelo verbo,
diante dos pronomes relativos, que são aqueles que relacionam uma oração a outra. Vejamos um exemplo:
As moças as quais você saiu ontem ligaram agora.
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Português
Deve-se atentar à transitividade do verbo sair que, apesar de ser intransitivo, possui um complemento
nominal (as moças), dessa forma, quem sai, sai com alguém ou algo. Mostrando a utilização incorreta da
preposição. Se a frase quer dizer que “Você saiu com as moças ontem; as moças ligaram agora”, a forma
certa ficaria: As moças com as quais você saiu ontem ligaram agora.
Agora não ficou difícil entender essa parte da gramática, certo? Para fixar o conteúdo apresentado em aula,
resolveremos as questões abaixo.
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Português
Exercícios
1. Complete as frases abaixo com as formas corretas dos verbos indicados entre parênteses.
a) Quando eu _________________ os livros, nunca mais os emprestarei. (reaver)
b) Os alienados sempre ______________ neutros. (manter-se)
c) As provas que _____________ mais erros seriam comentadas. (conter)
d) Quando ele _________________ uma canção de paz, poderá descansar. (compor)
2. Assinale o item em que há erro quanto à regência:
a) São essas as atitudes das quais discordo.
b) Há muito já lhe perdoei.
c) Informo-lhe de que paguei o colégio.
d) Costumo obedecer a preceitos éticos.
e) Visava a um bom emprego.
3. As formas que completariam o período “Pagando parte de suas dívidas anteriores, o comerciante ________________ novamente seu armazém, sem que se __________ com seus credores, para os quais voltou a merecer confiança”, seriam:
a) proveu – indispusesse
b) proviu – indispuzesse
c) proveio – indispuzesse
d) proveio – indispusesse
e) n.d.a.
4. Não ocorre erro de regência em:
a) A equipe aspirava o primeiro lugar.
b) Obedeça aos mais experientes.
c) Deu a luz a vizinha a três crianças sadias.
d) O verdadeiro amor sucede frequentes contatos.
5. Indique a alternativa correta: a) Preferia brincar do que trabalhar.
b) Preferia mais brincar a trabalhar.
c) Preferia brincar a trabalhar.
d) Preferia brincar à trabalhar.
e) Preferia mais brincar que trabalhar.
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Português
6. Assinale a alternativa em que a regência verbal está de acordo com a norma culta. a) As crianças, obviamente, preferem mais os doces do que os legumes e verduras.
b) Assista uma TV de LCD pelo preço de uma de projeção e leve junto um Home Theater!
c) O jóquei Nélson de Sousa foi para Inglaterra visando títulos e euros.
d) Construir impérios a partir do nada implica inovação e paixão pelo risco.
e) A Caixa Econômica informou os mutuários que não haverá prorrogação de prazos.
7. Assinale a alternativa incorreta quanto à regência verbal:
a) Ele custará muito para me entender.
b) Hei de querer-lhe como se fosse minha filha.
c) Em todos os recantos do sítio, as crianças sentem-se felizes, porque aspiram o ar puro.
d) O presidente assiste em Brasília há quatro anos.
e) Chamei-lhe sábio, pois sempre soube decifrar os enigmas da vida.
8. Assinale o erro de regência verbal.
a) Ele assistia com carinho os enfermos daquele hospital.
b) Não quero assistir esse espetáculo.
c) Carlos sempre assistiu em Belo Horizonte.
d) Não deixe de assistir àquele jogo.
9. Assinale a alternativa gramaticalmente correta:
a) Não tenho dúvidas que ele vencerá.
b) O escravo ama e obedece a seu senhor.
c) Prefiro estudar de que trabalhar.
d) O livro que te referes é célebre.
e) Se lhe disseram que não o respeito, enganaram-no.
10. Assinale a alternativa que contém as respostas corretas. I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involuntariamente, prejudicou toda uma família.
II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a aceitar qualquer ajuda do sogro.
III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de destaque, embora fosse tão humilde.
IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfeitavam a sala, desmaiou.
a) II, III, IV
b) I, II, III
c) I, III, IV
d) I, III
e) I, II
6
Português
Gabarito
1.
a) reouver
b) mantêm / mantiveram
c) contivessem
d) compuser
2. C
o verbo informar e transitivo direto e indireto. O correto seria: informo-lhe que paguei o colégio
3. A
Segundo a regência verbal: proveu – indispusesse (3ª pessoa do singular).
4. B
a) Aspirava no sentido de almejar- verbo transitivo indireto.
c) Dar no sentido de conceber, no caso uma criança, necessita de preposição, portanto “à”.
d) Sucede, neste sentido, é verbo transitivo indireto.
5. C
Não há a necessidade da utilização de crase quando antecedida de verbos no infinitivo, assim como
apresenta a alternativa c.
6. D
O verbo “implicar”, nesta alternativa, é transitivo indireto, necessitando, portanto, de preposição.
7. A
O verbo, quando no sentido de difícil, custoso, necessita da preposição sobre o sujeito, no caso sendo
“ele”.
8. B
Assistir, quando no sentido de ver, observar, é verbo transitivo indireto, necessitando de preposição.
9. E
a. Necessita de preposição antes do pronome relativo. B. necessita de preposição antes do senhor por
ser um verbo transitivo indireto. C. a preposição correta seria “do” ou “à”. D. usar o pronome oblíquo,
nesse caso, traz ao pensamento de que o livro faz referência à pessoa e não que a pessoa se referiu ao
livro.
10. B
Visar, no sentido de almejar, deve ter uma preposição por ser verbo transitivo indireto.
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Português
Concordância
Resumo
A concordância é o princípio pelo qual certos termos se adaptam à algumas categorias gramaticais de
outros. Em outras palavras, a concordância verbal diz respeito ao verbo em relação ao sujeito, sendo que o
primeiro deve concordar em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª e 3ª) com o segundo.
Regra básica Como vimos acima, o verbo, termo essencial em uma oração, concorda com o sujeito em número e pessoa.
Mas, o que são esses atributos? Vejamos abaixo:
Quanto à pessoa: Sujeito simples: O verbo concorda com o sujeito, sendo singular ou plural, e pode estar colocado antes ou depois do sujeito. Exemplo: O menino é um jogador extraordinário Menino: Sujeito simples É: Verbo Lembre-se: Quando o sujeito for formado por substantivo coletivo ou expressão quantitativa, prevalece a concordância no singular Sujeito Composto: Neste caso, verbo é colocado em sua forma plural e o sujeito composto de elementos de 3ª pessoa gramatical. Exemplo: Estão em reunião o presidente, os ministros e os deputados. O presidente, os ministros e o deputado: Sujeito composto Estão: Verbo no plural
Uso do “se” ● Partícula apassivadora
Dentro da concordância verbal, o uso da palavra “se” é encontrado como partícula apassivadora, ou seja, faz
com que o objeto direto da frase assuma a função de sujeito numa oração na voz passiva, onde o sujeito
sofre a ação verbal. Assim, a concordância verbal deve ser feita sempre com o sujeito paciente, ou quem
recebe a ação, podendo ficar em ambas pessoas.
Exemplo: Venderam-se livros. (livros foram vendidos) ● Partícula de indeterminação do sujeito
Quando a frase não é formada por um objeto direto que assume a função de sujeito (ou seja, Oração principal
sem sujeito), todavia por um objeto indireto ou verbos intransitivos, a partícula “se” deve ser entendida como
um pronome indefinido. A concordância verbal, então, deve ser feita com a 3ª pessoa no singular.
Exemplo: Precisa-se de trabalhadores. (Alguém/Algo precisa de trabalhadores)
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Português
Uso do infinitivo A concordância verbal correta dos verbos no infinitivo ocorre por dois casos: O infinitivo pessoal sendo flexionado e o infinitivo impessoal não. Vejamos exemplos: Concordância verbal com infinitivo pessoal: Sempre haverá um sujeito na oração (mesmo que implícito ou indeterminado). Exemplo: Isso é para nós comermos durante o filme. Concordância verbal com infinitivo impessoal: Sempre que não houver um sujeito definido, verbo regido de uma preposição ou casos no imperativo. Exemplo: Parar! Exemplo: Ser feliz é muito bom! Por conta do amplo uso da língua portuguesa, há algumas particularidades e exceções, que veremos abaixo:
Expressões partitivas
As expressões partitivas caracterizam, como o próprio nome diz, uma parte ou quantidade de algo, como “a
maior parte”, “mais da metade”, “menos da metade” e porcentagens. Vejamos alguns exemplos de frase:
A maior parte dos funcionários votou para a diminuição de carga horária.
Mais da metade dos funcionários votaram para a diminuição de carga horária.
Você saberia dizer por que as duas frases acima estão corretas? A explicação é esta: quando o sujeito é
formado por uma expressão partitiva (“a maior parte”, “mais da metade”) acompanhada de um especificador
no plural (“dos funcionários”), o verbo pode ser conjugado das duas formas.
Expressões aproximativas
As expressões numéricas aproximativas podem ser “mais de”, “menos de”, “cerca de” e, diferentemente das
expressões partitivas, terão seu verbo concordado com o numeral.
Mais de mil pessoas foram ao casamento.
Neste caso, “mil” é plural, por conter mais de uma pessoa. Logo, o verbo é conjugado, também, no plural.
Verbo “ser”
No caso do “verbo ser”, a concordância verbal pode ser feita de acordo com o sujeito ou predicativo do sujeito.
• Concordância do verbo “ser” com o predicativo do sujeito São seis da tarde
Quem é este garoto?
Minha vida foram só desamores
3
Português
Note que, para a primeira situação, o verbo irá concordar com o numeral. Nas duas últimas orações, deve
concordar com a singularidade ou não do predicativo.
• Concordância do verbo “ser” com o sujeito
Quando se tratando do sujeito, o verbo “ser” irá concordar com a pluralidade ou singularidade do mesmo.
Eu fui uma boa atriz.
Marcos e Juliana são casados desde 1998.
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Português
Exercícios
1. Observe a concordância verbal: 1 – Algum de vós conseguirei a bolsa de estudo? 2 – Os Estados Unidos são um país muito rico. 3 – No relógio do Largo da Matriz bateu cinco horas: era o sinal esperado.
a) Somente a frase 1 está errada.
b) Somente a frase 2 está errada.
c) As frases 2 e 3 estão erradas.
d) As frases 1 e 3 estão erradas.
e) As frases 2 e 3 estão certas.
2. Se a altíssimo corresponde alto, a celebérrimo, libérrimo, crudelíssimo, humílimo, paupérrimo, respectivamente, há de corresponder:
a) célebre, líbero, cruel, úmido, pobre.
b) célebre, livre, cru, úmido, pobre.
c) célebre, livre, cruel, humilde, pau.
d) célebre, livre, cruel, humilde, pobre.
e) célebre, livre, cru, humilde, pobre.
3. Em todos os itens o pronome SE é apassivador, EXCETO:
a) Sabe-se que ele é honesto.
b) Organizou-se, ontem, esta prova.
c) Não se deverá realizar mais a festa.
d) Nada mais se via.
e) Assistiu-se à cerimônia inteira.
4. A frase em que a concordância está de acordo com o padrão culto escrito é: a) o povo daquela cidade ribeirinha, diante da previsão de enchente, mobilizaram-se no sentido de
reforçar os diques recém-construídos.
b) A principal associação que temos neste bairro também defendem a abertura das escolas no fim-de-semana para o lazer das crianças.
c) Não sei como aquela gente é tão receptiva, vivendo numa região tão inóspita e carente de qualquer apoio estatal.
d) O grupo escolhido para apresentar o projeto foram tão bem sucedidos que o técnico aprovou o início dos trabalhos.
e) Com relação àquele minúsculo exército que lhe destruíram as roseiras em poucas horas, nada havia a fazer senão admirar sua organização.
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Português
5. Observe a concordância verbal nas frases a seguir e assinale a alternativa correta: I. Qual de nós contaremos a verdade?
II. Boa parte dos funcionários recebeu aumento salarial.
III. No relógio da escola bateu dez horas, foi quando os alunos saíram para o recreio.
IV. Não devem haver muitas áreas verdes neste bairro.
a) Somente a frase I está correta.
b) Somente a frase II está correta.
c) As frases I e II estão corretas.
d) As frases II e III estão corretas.
e) As frases III e IV estão corretas.
6. Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal: a) Soava seis horas no relógio da matriz quando eles chegaram.
b) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários, ninguém foram demitidos.
c) José chegou ileso a seu destino, embora houvessem muitas ciladas em seu caminho.
d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão.
e) O impetrante referiu-se aos artigos 37 e 38 que ampara sua petição.
7. Assinale a alternativa incorreta, segundo a norma gramatical:
a) Os Estados Unidos, em 1941, declararam guerra à Alemanha.
b) Aqueles casais parecia viverem felizes.
c) Cancelamos o passeio, por conta do mau tempo.
d) Mais de um dos candidatos se cumprimentaram.
e) Não tínhamos visto as crianças que faziam oito anos.
8. – Já ... anos, ... neste local árvores e flores. Hoje, só ... ervas daninhas.
a) fazem/havia/existe
b) fazem/havia/existe
c) fazem/haviam/existem
d) faz/havia/existem
e) faz/havia/existe
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Português
9. Assinale a alternativa cujas formas verbais preencham corretamente as lacunas das orações:
I. ____________ - se estes apartamentos. (alugar - presente do indicativo).
II. ____________ - se muitos carros este mês. (vender- pretérito perfeito do indicativo).
III. ____________ - se de muitos voluntários para a campanha. (precisar - pretérito imperfeito do
indicativo).
IV. Todos os dias se ____________ as fechaduras das portas da escola. (consertar – pretérito
imperfeito do indicativo).
V. ____________ -se sempre pelas piores notícias. (esperar – pretérito perfeito do indicativo).
a) alugam, venderam, precisava, consertavam, esperou.
b) aluga, vendeu, precisou, consertou, esperava.
c) alugava, vendia, precisava, consertava, espera.
d) alugam, venderam, precisou, consertavam, esperava.
10. Complete as frases abaixo com as formas corretas dos verbos indicados entre parênteses. I. Os alienados sempre ______________ neutros. (manter-se)
II. Quando ele ______________ uma canção de paz, poderá descansar. (compor)
III. As provas que ______________ mais erros seriam comentadas. (conter)
IV. Quando eu ______________ os livros, nunca mais os emprestarei. (reaver)
a) I mantêm/mantiveram, II compuser , III contivessem, IV reouver.
b) I mantêm, II compor , III contivessem, IV reouver.
c) I mantiveram, II compuser , III conter, IV reaver.
d) I mantêm/mantiveram, II compor , III contivessem, IV reaver.
e) I mantêm/mantiveram, II compuser , III conter, IV reouver
7
Português
Gabarito
1. D
1. Vós conseguireis. 2. Correta. 3. Verbo “bater” não está em concordância por estar no singular.
2. D
célebre, livre, cruel, humilde, pobre.
3. E
A alternativa “e” compreende a partícula apassivadora por ser, também, o sujeito da ação.
4. D
“Foram tão bem sucedidos” deve concordar com “grupo”, dessa forma, necessita estar no singular.
5. B
I: Qual de nós contará a verdade? II: correta. III: bateram dez horas. IV: Não deve haver.
6. A
o verbo “soava” deve estar em concordância com as horas apresentadas, estando, então, no plural.
7. C
Aqueles casais parecia viverem felizes. A forma correta, quanto à concordância é “aqueles casais
pareciam viver felizes”.
8. D
O verbo fazer e haver, quando em termos temporais, não são flexionados de acordo com a pessoa.
9. A
alugam, venderam, precisava, consertavam, esperou.
10. A
I mantêm/mantiveram, II compuser , III contivessem, IV reouver.
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Literatura
Pré-modernismo
Resumo
O pré-modernismo
O pré-modernismo pode ser considerado um período de transição entre os movimentos literários situados
ao final do século XIX e início do século XX. Tal fato ocorre porque muitos autores daquele período passaram,
aos poucos, a se aproximarem de uma inovação temática, formal e linguística (características essas que só
se consolidarão na 1ª fase do Modernismo). No entanto, ao mesmo tempo, os autores ainda se sentiam
presos a valores conservadores que marcaram o século XIX (como exemplo, a valorização da linguagem
culta), por isso, a noção de transição. É muito importante observar como as obras pré-modernista
começaram a inserir, nos textos em prosa, uma preocupação com a identidade nacional.
Contexto histórico
O contexto histórico liga-se diretamente à produção literária, pois os ideais daquela época contribuíram para
a criação de textos com maior engajamento social. Além disso, tal período de transição começou próximo
ao início do século XX e terminou em 1922, ano da Semana de Arte Moderna. Entre os acontecimentos
históricos que motivaram uma maior preocupação social no âmbito literário, podemos destacar: A Revolta
de Canudos (1896-97), A Revolta da Vacina (1904), a Greve dos Operários (1917) e o período da República
Café Com Leite (1894- 1930).
Imagem da Guerra de Canudos. Disponível em: http://www.grupoescolar.com/a/b/915D6.jpg
2
Literatura
Características do pré-modernismo
Conheça os principais aspectos que marcaram o pré-modernismo:
• Preocupação e denúncia social;
• Uso de dialetos regionais nas prosas;
• Linguagem coloquial;
• Foco na classe marginalizada;
• Foco na região Nordeste;
• Sincretismo literário;
• Romances com engajamento sociopolíticos;
• Interesse na realidade brasileira;
• Tendências deterministas (provindas do movimento Realista-Naturalista).
Além disso, não podemos esquecer dos autores que mais se destacaram neste momento: na prosa, temos
João do Rio, Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha e Monteiro Lobato. Já no âmbito da poesia, o
autor Augusto dos Anjos se destaca por sua temática de cunho “orgânico”, fazendo alusão a micróbios,
decomposição orgânica e seu tom de intensa melancolia e pessimismo.
Textos de apoio
TEXTO I
[...] A entrada dos prisioneiros foi comovedora. [...]
Os combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-se, comoviam-se. O arraial, in extremis,
punha-lhes adiante, naquele armistício, uma legião desarmada, mutilada, faminta e claudicante, num assalto
mais duro que os das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela gente inútil e frágil saísse
tão numerosa ainda dos casebres bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os rostos baços,
os arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos em tiras não encobriam lanhos, escaras e escalavros –
a vitória tão longamente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele triunfo. Envergonhava. Era, com
efeito, contraproducente compensação a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de milhares de
vidas, o apresamento daquela caqueirada humana – [...], entre trágica e imunda, passando-lhes pelos olhos,
num longo enxurro de carcaças e molambos...
Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender uma arma, nem um peito resfolegante de campeador
domado: mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais, moças envelhecidas, velhas e moças
indistintas na mesma fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris desnalgados, filhos
encarapitados às costas, filhos suspensos aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de velhos; raros homens, enfermos opilados, faces
túmidas e mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante. [...]
[...] Uma megera assustadora, bruxa rebarbativa e magra [...] rompia, em andar sacudido, pelos grupos
miserandos, atraindo a atenção geral. Tinha nos braços finos uma menina, neta, bisneta, tataraneta talvez.
E essa criança horrorizava. A sua face esquerda fora arrancada, havia tempos, por um estilhaço de granada;
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Literatura
de sorte que os ossos dos maxilares se destacavam alvíssimos, entre bordos vermelhos da ferida já
cicatrizada… A face direita sorria. E era apavorante aquele riso incompleto e dolorosíssimo aformoseando
uma face extinguindo-se repentinamente na outra [...].
Aquela velha carregava a criação mais monstruosa da campanha. Lá se foi com seu andar agitante, [...]
seguindo a extensa fila de infelizes… [...]
CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.
TEXTO II
Enfim, arrasada a cidadela maldita! Enfim, dominado o antro negro, cavado no centro de adusto sertão, onde
o Profeta das longas barbas sujas concentrava a sua força diabólica, feita de fé e patifaria, alimentada pela
superstição e pela rapinagem.
BILAC, Olavo. Cidadela maldita. In: Vossa insolência: crônicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
TEXTO III
[...] a verdade nua manda dizer que entre as raças de variado matiz, formadoras da nacionalidade e metidas
entre o estrangeiro recente e o aborígene de tabuinha no beiço, uma existe a vegetar de cócoras, incapaz de
evolução, impenetrável ao progresso. Feia e sorna [preguiçosa], nada a põe de pé. [...]
Jeca Tatu é um piraquara [caipira] do Paraíba, maravilhoso epítome [resumo] de carne onde se resumem
todas as características da espécie.
De pé ou sentado as idéias se lhe entramam, a língua emperra e não há de dizer coisa com coisa.
De noite, na choça de palha, acocora-se em frente ao fogo para "aquentá-lo", imitado da mulher e da prole.
Para comer, negociar uma barganha, ingerir um café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posição será
desastre infalível. Há de ser de cócoras. [...]
[...]
Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...
Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da lei do menor esforço - e nisto vai longe. [...]
Um terreirinho descalvado rodeia a casa. O mato o beira. Nem árvores frutíferas, nem horta, nem flores -
nada revelador de permanência.
Há mil razões para isso; porque não é sua a terral porque se o "tocarem" não ficará nada que a outrem
aproveite; porque para frutas há o mato; porque a "criação" come; porque… [...]
"Não paga a pena".
Todo o inconsciente filosofar do caboclo grulha nessa palavra atravessada de fatalismo e modorra. Nada
paga a pena. Nem culturas, nem comodidades. De qualquer jeito se vive.
LOBATO, Monteiro. Urupês. 37 ed. São Paulo: Brasiliense, 2004.
4
Literatura
TEXTO IV
Versos íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos
TEXTO V
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o
desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O
andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros
desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência um caráter de
humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que
encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos
estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória
retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico
os meandros das trilhas sertanejas. (…)
É o homem permanentemente fatigado.”
CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.
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Literatura
Exercícios
1. Fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma "Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não
fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. ( ... ) o que o
patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. ( ... ) Não se sabia bem onde nascera,
mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse
encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro." BARRETO, Lima. "Triste fim de Policarpo Quaresma". São Paulo: Scipione, 1997.
Este fragmento de "Triste Fim de Policarpo Quaresma" ilustra uma das características mais marcantes
do Pré-Modernismo que é o:
a) desejo de compreender a complexa realidade nacional.
b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo.
c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo.
d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo.
e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista.
2. Uma atitude comum caracteriza a postura literária de autores pré-modernistas, a exemplo de Lima
Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Euclides da Cunha. Pode ela ser definida como
a) a necessidade de superar, em termos de um programa definido, as estéticas românticas e
realistas.
b) pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro à nossa literatura, que julgavam por
demais europeizadas.
c) a necessidade de fazer crítica social, já que o realismo havia sido ineficaz nessa matéria.
d) uma preocupação com o estudo e com a observação da realidade brasileira.
e) aproveitamento estético do que havia de melhor na herança literária brasileira, desde suas
primeiras manifestações.
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Literatura
3. Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré-
modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-
se marcas dessa literatura de transição, como
a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas, o vocabulário requintado, além
do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como
“Monstro de escuridão e rutilância” e “Influência má dos signos do zodíaco”.
c) a seleção lexical emprestada do cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis
da infância”, “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo,
dimensionada pela inovação na expressividade poética e o desconcerto existencial.
e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que
incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.
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Literatura
4. Negrinha Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e
olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha,
sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na
igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na
sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma
virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”,
dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva.
[...]
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de
escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e zera ao regime novo – essa indecência
de negro igual. LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000
(fragmento).
A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-
se, no contexto, pela
a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas.
b) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas.
c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças.
d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto.
e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos.
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Literatura
5. TEXTO I O Morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
"Vou mandar levantar outra parede..."
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
ANJOS, A. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.
TEXTO II
O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do
horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento
analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica. CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro:Cátedra, 1988 (adaptado).
Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O
morcego apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de:
a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho
existencial.
d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca
do cotidiano.
e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na
estrutura lírica da poesia.
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Literatura
6. Assinale a alternativa incorreta sobre o Pré-Modernismo:
a) Não se caracterizou como uma escola literária com princípios estéticos bem delimitados, mas
como um período de prefiguração das inovações temáticas e linguísticas do Modernismo.
b) Algumas correntes de vanguarda do início do século XX, como o Futurismo e o Cubismo,
exerceram grande influência sobre nossos escritores pré-modernistas, sobretudo na poesia.
c) Tanto Lima Barreto quanto Monteiro Lobato são nomes significativos da literatura pré-
modernista produzida nos primeiros anos do século XX, pois problematizam a realidade cultural
e social do Brasil.
d) Euclides da Cunha, com a obra "Os Sertões", ultrapassa o relato meramente documental da
batalha de Canudos para fixar-se em problemas humanos e revelar a face trágica da nação
brasileira.
e) Nos romances de Lima Barreto observa-se, além da crítica social, a crítica ao academicismo e à
linguagem empolada e vazia dos parnasianos, traço que revela a postura moderna do escritor.
7. "Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? nada. Levara toda ela
atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito bem, no intuito de contribuir para a
sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e, agora que
estava na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condenava? matando-
o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não
amara – todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não
vira, ele não provara, ele não experimentara.
Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades.
Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois se fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade
saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.
Lembrou-se das suas causas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas... Restava disto tudo
em sua alma uma sofisticação? Nenhuma! Nenhuma!" Lima Barreto
As obras do autor desse trecho integram o período literário chamado Pré-Modernismo. Tal designação
para este período se justifica, porque ele:
a) desenvolve temas do nacionalismo e se liga às vanguardas europeias.
b) engloba toda a produção literária que se fez antes do Modernismo.
c) antecipa temática e formalmente as manifestações modernistas.
d) se preocupa com o estudo das raças e das culturas formadoras do nordestino brasileiro.
e) prepara pela irreverência de sua linguagem as conquistas estilísticas do Modernismo.
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Literatura
8. Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades.
Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a
felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi?
Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo
em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção.
E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra
decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava
a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros,
inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de
decepções.
A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.
O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento
destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia
que
a) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar
inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.
b) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que
o personagem encontra no contexto republicano.
c) a construção de uma pátria a partir de elemento míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza
do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.
d) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de
Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.
e) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto
ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.
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Literatura
9. Adiante... Adiante... Não pares... Eu vejo. Canaã! Canaã!
Mas o horizonte da planície se estendia pelo seio da noite e se confundia com os céus.
Milkau não sabia para onde o impulso os levava: era o desconhecido que os atraía com a poderosa e
magnética força da Ilusão. Começava a sentir a angustiada sensação de uma corrida no Infinito...
— Canaã! Canaã!... suplicava ele em pensamento, pedindo à noite que lhe revelasse a estrada da
Promissão.
E tudo era silêncio, e mistério... Corriam... corriam. E o mundo parecia sem fim, e a terra do Amor
mergulhada, sumida na névoa incomensurável... E Milkau, num sofrimento devorador, ia vendo que
tudo era o mesmo; horas e horas, fatigados de voar, e nada variava, e nada lhe aparecia... Corriam...
corriam... ARANHA, G. Canaã. São Paulo: Ática, 1998 (fragmento).
O sonho da terra prometida revela-se como valor humano que faz parte do imaginário literário
brasileiro desde a chegada dos portugueses. Ao descrever a situação final das personagens Milkau e
Maria, Graça Aranha resgata esse desejo por meio de uma perspectiva
a) crítica, pois retrata o desespero de quem não alcançou sua terra.
b) idealizada, pois relata o sonho de uma pátria acolhedora de todos.
c) simbólica, pois descreve o amor de um estrangeiro pelo Brasil.
d) subjetiva, pois valoriza a visão exótica da pátria brasileira.
e) realista, pois traz dados de uma terra geograficamente situada.
10. A estrofe que NÃO apresenta elementos típicos da produção poética de Augusto dos Anjos é:
a) Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
b) Se a alguém causa inda pena a tua
chaga,
Apedreja a mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
c) Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora,
vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante
molho.
d) Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo…
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
e) Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial.
12
Literatura
Gabarito
1. A
Durante o período de transição conhecido como pré-modernismo, os autores enfrentaram mudanças em
suas temáticas, níveis formais e características que somente se consolidaram na 1ª geração modernista.
Entretanto, é nesse momento que os autores começam a inserir uma preocupação com a identidade
nacional em seus textos.
2. D
No Pré-Modernismo, os autores começam a voltar seus olhares para as questões sociais, já que se trata
de um período marcado por revoltas, como a de Canudos, da Vacina, a Greve dos Operários.
3. D
Apesar de se voltar para a mudança e modernização, os pré-modernistas estavam ainda presos aos
modelos estéticos e formais de seus movimentos antecessores.
4. D
A questão atenta para a contradição entre a ideia de que a senhora era boa e bem vista aos olhos dos
outros, mas versava na arte da tortura, por ser herança do período escravocrata.
5. D
Baseando-se no texto 2, tem-se a análise de que Augusto dos Anjos teve sua criação de olhar clínico,
analítico e frio com certa impessoalidade científica omitido/escondido pela imagem que recebeu de
poeta com gosto pelo macabro.
6. B
A alternativa se refere à primeira fase do Modernismo.
7. C
O Pré-Modernismo se configura como um período de transição para o Modernismo.
8. C
Policarpo Quaresma possuía ideais irreais para a Pátria que tanto amava. Por exemplo, queria que o Tupi
se tornasse língua oficial do Brasil. Tais pensamentos se mostraram ilusórios e o levaram à frustração.
9. A
A questão aqui é a busca pela Terra prometida, pela pátria ideal, pelas questões sociais vividas.
10. D
A alternativa mostra certa sensualidade e idealização romântica. Augusto dos Anjos possuía gosto pelo
macabro, pelo obscuro e, em certos momentos, visão crítica e olhar clínico sobre a realidade.
1
Redação
Análise da banca do ENEM
Resumo
Agora que já conhecemos a estrutura e alguns detalhes importantes sobre a produção textual, cabe analisar,
de maneira bem aprofundada, a banca do maior exame que vamos enfrentar, neste ano: o ENEM. Um
conhecimento completo de cada um dos critérios e suas especificidades é essencial para uma produção
coerente com o que o corretor precisa ver no seu texto e, por isso, é importantíssimo entender cada uma das
competências analisadas pela banca. Vamos lá?
Os critérios de correção do ENEM
Critério 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.
No primeiro critério, verifica-se, basicamente, correção gramatical e escolha de registro no texto. Isso
significa que, na produção, é importante que haja uma revisão atenta do texto, de forma que você, aluno, evite
problemas de acentuação, pontuação, construção dos períodos, ortografia e, é claro, as famosas letras e
palavras "comidas". Na mesma análise, é crucial que a redação mantenha um mesmo registro, um mesmo
nível de linguagem - que, no caso do ENEM, será necessariamente o culto -, evitando misturas e desvios.
Observação: Como já falamos na aula de planejamento textual, é essencial que separe um tempinho para
uma revisão atenta dos erros que você mais cometeu durante o ano. Como a nossa leitura fica, de certa
maneira, viciada depois de algumas repetições, o ideal é voltar ao texto, para a revisão, depois de algumas
questões objetivas. Isso, certamente, facilitará o foco e, consequentemente, a identificação de erros.
Critério 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Aqui, os objetivos são três: em primeiro lugar, é importante que o leitor, na sua redação, deixe claro o
entendimento do tema e seus comandos. Isso leva em consideração, é claro, a interpretação dos textos
motivadores. Além disso, espera-se que o texto esteja dentro dos limites da dissertação argumentativa - com
introdução, desenvolvimento e conclusão, além de, é claro, a defesa de uma tese clara. Por fim, a utilização
de outras áreas do conhecimento - como aquelas que você aprende no Ensino Médio - é bem interessante,
aqui, e dá os pontos necessários para chegar ao 1000.
Critério 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa
de um ponto de vista.
A ideia aqui é, basicamente, trabalhar a argumentação do texto. Isso envolve, é claro, a coerência, o sentido
que as informações passam - tanto com relação à própria construção do texto quanto o mundo em que ele
2
Redação
está inserido. É essencial, então, trabalhar bastante a comprovação das ideias, da tese, com exemplos, dados
estatísticos, argumentos de autoridade, explicações, saindo sempre do senso-comum - ou seja, trazendo
referências e argumentos além dos apresentados nos textos motivadores (configurando a famosa autoria).
Critério 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da
argumentação.
O foco, nesta competência, está em duas ideias: evitar repetições e trabalhar ligações no texto. Isso significa
que este é o momento de investir em sinônimos, hipônimos, hiperônimos, pronomes demonstrativos,
advérbios e outras ferramentas, a fim de evitar repetir palavras na redação e trabalhar referências, além de
variar o uso de conectivos e de ganchos no texto, trabalhando a conexão entre as orações, períodos e
parágrafos. É importante lembrar que a construção dos períodos também é muito avaliada aqui. Isso significa
que frases muito longas não são bem-vindas no seu texto!
Critério 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
A última competência ataca, basicamente, a produção de propostas de intervenção. Isso significa que, na
redação do ENEM, criar medidas para resolver um problema é uma exigência. Portanto, não deixe de
apresentá-las, ok? Essas soluções precisam ter três características importantes: em primeiro lugar, é
importante que estejam ligadas ao tema, ou seja, que falem sobre a temática apresentada pela prova, levando
em consideração todas as suas especificidades. Além disso, precisam estar ligadas à discussão apresentada
na redação - suas causas, consequências, argumentos apresentados. Por fim, é essencial que sejam
detalhadas, ou seja, que falem não só do que pode ser feito, mas de como as medidas podem ser tomadas e,
é claro, quem pode colocar isso em prática.
Como as partes do texto são avaliadas na prova?
Na introdução, a contextualização dá ao aluno a chance de utilizar outras áreas do conhecimento na
construção do parágrafo. Isso significa que a competência três, de coerência argumentativa, é diretamente
impactada aqui. Além disso, a apresentação de uma tese clara e consistente - bem defendida, é claro - é
essencial para que haja boas notas nos critérios de tema/tipo de texto e coerência, também.
O desenvolvimento, por trabalhar a parte argumentativa, tem influência direta na competência três. Porém,
por indicar a produção de uma dissertação, também tem impacto no critério dois e por sua construção formal,
na quarta competência (referente a coesão textual). O uso de argumentos de autoridade e referências
externas ao texto, resultantes do seu conhecimento de mundo, podem ajudar, também, na construção da
autoria exigida no critério três.
3
Redação
A conclusão, por retomar a tese, trabalha diretamente a coesão textual, avaliada na competência quatro, e a
coerência interna - uma vez que mantém o mesmo raciocínio durante todo o texto -, presente no critério três.
Além disso, por tratar de propostas, tem consequência direta na competência cinco, que trata apenas dessas
intervenções.
Resumindo as competências cobradas pelo ENEM:
4
Redação
Exercícios
Texto para as questões de 1 a 6.
Tema: Desastres ambientais: qual o preço do desenvolvimento?
José de Alencar e outros autores do romance indianista nos fizeram conhecer e entender a relação
do índio com a natureza: subsistência, exploração saudável e freada, cooperação. Esse modo de se utilizar
da fauna e da flora, no entanto, não é mais o que prevalece no mundo, já que o homem, desde muito antes de
essas histórias serem contadas, tem para si duas únicas palavras-chave: desenvolvimento e lucro. A fim de
satisfazer essas necessidades inventadas, viemos explorando, desenfreada e irresponsavelmente, o meio
ambiente, sem pensar que – um dia – a humanidade pode ser engolida por essas ações, como recentes
acontecimentos vêm sugerindo.
Primeiramente, é preciso compreender de que maneira ocorre a exploração de bens naturais.
Constantemente retiramos do meio ambiente muito mais do que necessitamos, do que o imprescindível para
a vida, isso porque nosso modo de viver está intimamente associado ao que é supérfluo. Exemplo disso são
as queimadas e desmatamento da Floresta Amazônica que cresceram cerca de 20% desde 2008 devido à
exploração ilegal de madeira e cortes de árvores para formação de pasto somados à falta de investimento
para fiscalizar e combater essa extração e sem a preocupação do reflorestamento das áreas devastadas.
Essas são, então, explorações totalmente irresponsáveis.
Nada disso, porém, seria tão prejudicial se tivéssemos consciência e o mínimo de preocupação com
a prevenção de desastres. Falta-nos entender que a natureza não é totalmente autor renovável e que, mesmo
se fosse, ela não teria uma força de regeneração diretamente proporcional à nossa capacidade de degradação.
Precisamos extrair menos, de forma consciente, para ajudar esse processo natural e agir ativamente para
reparar os danos que fazemos. Além disso, é necessário que tenhamos discernimento e que sejamos
consequentes ao nos utilizarmos do meio ambiente, para que verdadeiras tragédias, como o recente
rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, não voltem a acontecer.
Isso é possível com um planejamento de prevenção.
Fica evidente, portanto, que o jeito com que conduzimos as coisas até agora precisa ser mudado. Já
que o caminho mais certo – o de mudar nosso modo de vida e, por consequência, de consumo – é, também,
o mais árduo e demorado, deveríamos, pelo menos, nos preocupar com a extração consciente e com preparo
contra desastres. Para isso, instituições internacionais, como a ONU, deveriam, juntamente a organizações
como a União Europeia e os BRICS, pensar em políticas públicas de regulamentação sobre a utilização dos
recursos naturais, além de desenvolver medidas punitivas aplicáveis a empresas ou Estados responsáveis
por acidentes. A responsabilidade é a palavra-chave que, de fato, devemos seguir.
1. O autor procura um mecanismo para chamar a atenção do corretor à leitura, essencial para apresentar o tema e as ideias seguintes. Qual seria? Exemplificar.
2. É evidente que esta contextualização, mencionada no exercício 1, promove ao texto um encaminhamento para a tese. Apresentar esse recorte temático importantíssimo para o desenvolvimento restante da redação.
5
Redação
3. O autor, no segundo parágrafo, utiliza uma forma de reforçar sua argumentação seguinte (encontrada no terceiro parágrafo), qual seria ela?
4. Por que o autor utilizou os termos sublinhados em azul no terceiro parágrafo? Qual competência no ENEM ele contemplou?
5. Quanto à argumentação de um modo geral, como podemos observar que o autor atingiu às expectativas da banca?
6. Finalizando o texto e, assim, a conclusão, sabemos que é esperada uma proposta de intervenção clara e que não infrinja os direitos humanos. O autor contemplou esta competência? De que forma?
Texto para as questões 7, 8 e 9.
a) Tema: A importância da humanização no atendimento ao paciente no Brasil
Com o avanço tecnológico ao longo dos anos, as relações interpessoais têm se tornado cada vez
mais líquidas. Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, vivemos em uma época de artificialidade nas
relações humanas e dessa forma, a lógica do imediatismo atinge até mesmo a questão da saúde. Com essa
falta de empatia pelo outro, a desumanização no atendimento médico de pacientes tanto de redes públicas
quanto particulares tem se tornado frequente.
Em primeiro lugar, cabe ressaltar a perda dos médicos ditos da “família”. Em grandes clássicos da
literatura nacional e estrangeira, o exercício da medicina era retratado e reconhecido não só pelo seu “status”
social, mas também pelo cuidado e atenção que o profissional tinha com as pessoas que precisavam de
assistência e as respectivas famílias, tanto por analisar o contexto do enfermo quanto pela cura de sua
doença, por exemplo, o marido de Madame Bovary na obra de Flaubert.
A medicina, porém, tomou um caminho técnico e frio. À medida que os recursos avançam no
tratamento de doenças, os pacientes são cada vez mais tratados apenas como registros de identificação. A
atenção individual que os profissionais dedicavam foi perdida ao acompanhar o ritmo da sociedade que busca
rapidez e soluções impacientes. Logo, o médico deve saber aproveitar as altas tecnologias, mas também não
se esquecer dos valores humanísticos e filosóficos da profissão.
Fica claro, portanto, que se deve investir em recuperar valores passados nos quais o paciente era
tratado de forma mais humana, cuidar dele como uma vida única e respeitá-lo como um todo para poder tratar
sua doença, também analisando o contexto de vida, cultural, psicológico e religioso em que aquela pessoa
está inserida. O governo, dessa forma, aliado à iniciativa privada, pode trabalhar novas formas de abordagem
e atendimento tanto no setor público quanto no privado, refletindo, diretamente, o que a mídia mostra como
essencial - e resolvendo os problemas denunciados. Só assim, pode-se trazer de volta a visão de que médicos
lidam com vidas e mostrar a Bauman que podemos recuperar valores perdidos no passado.
7. Quanto à Competência 1 da banca de redação do ENEM, como pode ser avaliado o texto?
8. Através da análise e da compreensão do texto, se torna mais fácil para o vestibulando entender o que se pede na hora da prova. Quanto à utilização dos conhecimentos gerais para trazer mais comprovação dos argumentos, qual foi a abordagem do autor? Dê exemplos.
6
Redação
9. Em um texto dissertativo-argumentativo, o objetivo principal é defender um ponto de vista, de modo a organizar suas ideias, fato que compreende a competência 3. O autor atingiu a meta? Como pode ser exemplificado?
b) Tema: A imparcialidade da imprensa brasileira em discussão no século XXI
Com a invenção da imprensa no século XV e o advento do rádio e da televisão no XX, a comunicação
e a divulgação de ideias foram amplamente facilitadas. Graças a isso, hoje podemos saber das notícias em
tempo real e estar sempre informados sobre o mundo. A mídia é, então, detentora de uma grande função na
sociedade moderna. No entanto, seu papel principal, que é o de informar, vem sendo realizado sem a
responsabilidade devida, negando, muitas vezes, seus próprios preceitos.
Em primeiro lugar, é importante destacar o problema da parcialidade midiática no Brasil. O quarto
poder, no nosso país, não está longe dessa realidade alarmante. Assim como no resto do mundo, a imprensa
vem exercendo um papel bastante contrário ao original, mostrando-se extremamente tendenciosa e
manipuladora. Exemplo disso foi a cobertura jornalística das manifestações contra o aumento das passagens
em 2013, em que muito pouco se via a real situação das ruas pelo Brasil, o que foi uma clara tentativa de
esconder a repressão vivida pelos manifestantes.
Nesse panorama, cabe avaliar de que maneira essa parcialidade se dá na sociedade brasileira e sua
respectiva consequência. É comum que liguemos a televisão ou abramos um jornal e vejamos somente um
lado da moeda, principalmente quando a notícia ou reportagem é de cunho político. Isso gera não só uma
população desinformada, mas acrítica e manipulada. Por isso, é importante refletir que, embora a
imparcialidade seja difícil de ser alcançada, deve ser amplamente buscada, especialmente por aqueles que
assumem a grande responsabilidade desse papel social.
É preciso, portanto, que encaremos que temos um grande problema nas mãos que, principalmente
em um período político instável, precisa ser resolvido. Para tanto, o governo e a população em geral devem
agir em conjunto, aquele promovendo o projeto regulamentação da mídia, que não só estabeleceria regras de
ação, como punições para possíveis descumprimentos, esta denunciando massivamente tudo aquilo que
considerar um desvio. A escola, com palestras e debates, além de aulas de análise do discurso, pode investir
em um olhar diferente por parte de seus alunos, de forma que, ainda que existam produções parciais, o
indivíduo saiba interpretar e se posicionar com relação ao que foi apresentado. Dessa forma, a teórica
imparcialidade ficará um pouco mais próxima da prática, e a informação será, com verdade, um serviço de
utilidade pública.
10. O texto compreende de uma estrutura textual de introdução-desenvolvimentos-conclusão. Descrever a utilização do autor em mecanismos para garantir a progressão textual e de ideias (Apresentar exemplos).
11. Para escrever um texto, não é suficiente apenas uma argumentação, por isso a competência 4 compreende os mecanismos linguísticos para a efetivação dos argumentos. O autor atingiu este objetivo? Apresentar exemplos. Obs: lembre-se dos chamados “ganchos temáticos” visto na aula de coesão e coerência
12. Finalizando as competências, é imprescindível que o autor garanta ao texto uma síntese com proposta de intervenção clara e objetiva. Na redação acima, analisar se há ou não a compreensão total desta competência.
7
Redação
As questões 13, 14 e 15 contemplam de fragmentos de uma mesma redação, cujo tema é a exposição
exagerada no ambiente virtual.
13. Analisar a introdução em relação a promover no leitor o interesse da leitura e os mecanismos necessários para contextualizar o tema. Ademais, apresentar a tese.
Com o advento da World Wide Web – a Internet –, a vida das pessoas foi extremamente impactada e
sofreu inúmeras mudanças. A principal delas talvez seja o fato de que, hoje, tudo – ou quase tudo – o que
fazemos seja online. Nossos álbuns de fotos, blocos de anotações e até diários, neste século, são abertos a
visitação em nome da nossa busca desenfreada por visibilidade. Nessa conjuntura, cabe refletirmos sobre o
comportamento do ser humano no meio virtual que, tendo virado um escravo de “likes”, pouco se importa com
as consequências de seus atos.
14. O desenvolvimento, geralmente, é contemplado por dois ou três parágrafos. Tais estruturações complementam a ideia principal gerada pela tese. A seguir, analise o desenvolvimento do texto em relação aos “ganchos temáticos” e comprovação de argumentos.
Em primeiro lugar, é preciso entender a problemática da exposição online. Temos uma gama de sites
e aplicativos em que o único objetivo parece ser o de exibir nossas figuras – e fazemos isso com maestria.
Postamos, diariamente, tudo aquilo que fazemos, comemos, pensamos. Isso gera um grande impacto coletivo,
já que o rumo que estamos tomando é o de ser cada vez mais uma sociedade de espetáculo, em que cada
indivíduo busca ser motivo de aplausos. Além disso, muitos problemas pessoais podem surgir, já que nossa
individualidade e privacidade estão cada vez mais em risco.
Além da auto-exposição, estamos à mercê de outro perigo na internet, que é a exposição por parte de
terceiros. É muito comum, por exemplo, vermos uma notícia de que alguém teve um vídeo íntimo divulgado,
caso que aconteceu com a atriz Carolina Dieckmann. Isso revela que o meio virtual é encarado como um
ambiente sem leis, em que se pode fazer o que quiser, sem punição. No entanto, é necessário que se tenha
consciência de que essa tentativa de ganhar seguidores, curtidas e fama na internet não é uma atitude
inocente, mas um crime passível de graves punições.
É importante, no entanto, destacar que o problema não é a ferramenta tecnológica em si, mas o mau
uso que fazemos dela. A internet e as redes sociais vieram para facilitar nossas vidas. Por meio delas,
podemos nos comunicar instantaneamente, debater, expor ideias e até mesmo realizar atividades básicas do
dia a dia, como pagamento de contas e compras diversas. Porém, a simples e útil ferramenta de comunicação
vira uma arma perigosa quando a utilizamos para mostrar de nós e dos outros muito mais do que deveríamos.
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Redação
15. Como visto anteriormente, a conclusão para o vestibular do ENEM, deve possuir uma síntese dos argumentos apresentados e uma solução clara e objetiva para a problemática. Aponte, com exemplos do texto, quais foram os mecanismos utilizados pelo autor para contemplar –ou não- esta competência.
Fica evidente, portanto, que o problema está na falta de responsabilidade das pessoas ao usar as
redes. Assim, é preciso que haja uma reeducação para o uso dessa tecnologia, além do estabelecimento de
punições para o crime de exposição de terceiros. Para tanto, as escolas, em parceria com o governo, poderiam
divulgar cartilhas que incentivassem o bom uso da internet para crianças e adultos. Além disso, uma boa
medida para facilitar a punição dos criminosos virtuais poderia ser a obrigatoriedade de registro com CPF em
redes sociais e sites afins.
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Redação
Gabarito
1. O autor utiliza de um conhecimento geral, sendo este o resumo de um livro, para conectar o corretor com
a contextualização do tema, aproximando o que irá ser dito. “José de Alencar e outros autores do romance
indianista nos fizeram conhecer e entender a relação do índio com a natureza: subsistência, exploração
saudável e freada, cooperação.”
2. Após a contextualização do livro com a utilização da fauna e flora, o autor introduz a sua tese, levando
em consideração de que o ser humano não possui essa mesma visão indianista sobre a natureza, mas
sim uma visão lucrativa.
3. O autor aborda seu argumento no segundo parágrafo e, posteriormente utiliza de dados estatísticos para
comprovar o que ele está trabalhando, reforçando sua ideia.
4. O autor utilizou os termos sublinhados em azul no terceiro parágrafo para ser o que chamamos de
“gancho de ideias” entre os parágrafos, contemplando a competência de coesão textual, os argumentos
entre os dois parágrafos fazem uma conexão sobre o texto.
5. É imprescindível que, ao trabalhar um texto, os exemplos trazidos, tanto da coletânea quanto de autoria,
devem haver uma relação entre si. Dessa forma, a utilização dos dados estatísticos com o acontecimento
da atualidade sobre Mariana, culminam para um entendimento de que o ser humano está utilizando de
modo exacerbado a sua força sobre a natureza em prol do lucro.
6. Para um bom desenvolvimento textual, é necessário que a síntese possua uma conclusão final do
problema em prol de uma proposta de solução, assim, vemos que o autor propõe uma regulamentação
das questões em prol da natureza muito bem exemplificados e caracterizados com suas determinadas
organizações.
7. Quanto à competência 1, o autor não possui desvios gramaticais e erros de concordância.
8. O vestibulando trabalha com conhecimentos gerais como a teoria de Bauman e Madame Bovary para
aprofundar as relações mais líquidas e efêmeras, caracterizando a falta de humanização nos
atendimentos do Brasil.
9. O autor contempla a competência 3 por trazer a comprovação de ideias a partir de exemplos trazidos pelo
próprio vestibulando. Além disso, é importante ressaltar o entendimento do tema e a seleção dos
argumentos de modo linear, relacionando os parágrafos de desenvolvimento.
10. A progressão textual pode ser vista através de uma linearidade histórica nos parágrafos, iniciando com o
advento da imprensa na introdução e com os exemplos da atualidade como as manifestações contra o
aumento das passagens em 2013, valorizando o poder da imprensa.
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Redação
11. Os ganchos temáticos podem ser observados com os termos “nesse panorama”, “em primeiro lugar”, “é
preciso”, pois eles conectam as ideias entre os argumentos mencionados em cada texto e finalizam as
ideias com o parágrafo conclusivo.
12. A redação consegue descrever com ampla excelência a conclusão ao trabalhar todos os agentes da
problemática no texto, como mídia e escola e, além disso, desenvolver minuciosamente as atividades a
serem feitas.
13. A introdução contextualiza o tema ao descrever o mundo da internet e como pode haver as problemáticas
de uma exposição exacerbada.
14. Os ganchos temáticos vistos nos parágrafos de desenvolvimento são “Em primeiro lugar, além de, é
importante”, termos que conseguem relacionar as ideias dos parágrafos anteriores com o que está sendo
dito. Além disso, o desenvolvimento contempla de autoria argumentativa na comprovação de ideias ao
trazer casos da atualidade como da atriz Carolina Dickmann.
15. A conclusão e a proposta de intervenção abrangem uma autoria na solução a partir do momento em que
é trabalhado, detalhadamente, onde ocorrerão os agentes transformadores e, a partir disso uma inovação
trazida ao delimitar uma possibilidade de requisição de CPF para todos os cadastros de site.
1
Filosofia/Sociologia
Industria cultural: Adorno e Horkheimer
Resumo
A escola de Frankfurt (Frankfurter Schule, em alemão) foi um movimento intelectual criado por
filósofos e cientistas sociais de orientação marxista em 1924, na Alemanha, que ficou caracterizado por uma
análise crítica da sociedade contemporânea. Vários dos seus integrantes foram perseguidos e tiveram que
fugir do regime nazista, e uma de suas mais importantes contribuições para a teoria crítica da sociedade
ocorreu através do conceito de indústria cultural ou cultura de massas. Entre seus principais representantes
podemos citar Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich
Fromm, Jürgen Habermas, entre outros. Na sequência faremos uma breve exposição sobre o conceito de
indústria cultural desenvolvido por Theodor Adorno e Max Horkheimer.
Ao abordar as relações entre cultura e política, a Sociologia busca uma compreensão acerca do
modo como uma sociedade reproduz ou contesta as relações de poder nela vigentes.
No caso específico da teoria crítica desenvolvida por Adorno e Horkheimer em 1947, o conceito de
cultura de massas - intrinsecamente relacionado com a noção de indústria cultural - visava explicar o papel
fundamental que a massificação cultural desempenhou para que fosse possível a manutenção do domínio
sobre as classes trabalhadoras na Alemanha nazista, tão importante quanto o próprio totalitarismo político
adotado pelo regime de Hitler. O nazismo impedia a manifestação e a organização da classe trabalhadora
e se aproveitou da produção de bens culturais voltados para a grande massa para manter o seu domínio,
exatamente porque esses produtos culturais, veiculados pelos meios de comunicação, levavam ao
conformismo, ao mero divertimento, e não a uma reflexão crítica sobre a realidade.
Em suma, a Indústria cultural é um conceito sociológico que nos remete às sociedades capitalistas
contemporâneas, em que a classe dominante - aquela que domina os meios de comunicação de massas -
transforma o lazer em um momento de pura passividade. A sociedade de massas é, como o próprio nome
já indica, uma sociedade manipulável, moldável, em que se consegue capturar o lazer dos indivíduos com
produtos culturais que ajudam a manter a distorção da realidade, a manipulação e a alienação sofrida pelas
pessoas. Nessa sociedade, tudo é capturado pelo mercado, tudo se transforma em mercadoria para
consumo em larga escala, até mesmo os bens culturais, como filmes, séries, livros, obras de arte, etc.
O que Adorno e Horkheimer perceberam foi a relevância que os meios de comunicação de massas
(como tv, internet, radio…) tem na difusão da ideologia da classe dominante nas sociedades capitalistas
contemporâneas, perpetuando o capitalismo como um sistema político inabalável, hegemônico. De acordo
com eles, há uma degeneração da cultura operada pela sociedade industrial, que acaba por substituir as
obras de arte mais originais e que levam ao pensamento crítico por fórmulas repetitivas e superficiais que,
no entanto, possuem um alto valor de mercado. A cultura torna-se um produto que pode ser vendido para
2
Filosofia/Sociologia
um grande número de pessoas e uma importante ferramenta para a manutenção das relações de poder nas
sociedades capitalistas.
Os principais tipos de obras de arte apropriadas pela indústria cultural, segundo Adorno e
Horkheimer, foram o cinema e a música. Ainda hoje observamos uma grande predominância, por exemplo,
nos cinemas nacionais, de filmes de ação e de comédia, geralmente americanos, que ajudam a compor o
cenário de alienação a que as pessoas estão submetidas, não exercendo o seu papel - enquanto obra de arte
- de levar à reflexão e ao pensamento crítico. Dessa maneira, percebemos como o conceito de Indústria
Cultural e o de cultura de massas ainda se aplicam à nossa realidade social, bem como a das outras
sociedades industriais contemporâneas.
3
Filosofia/Sociologia
Exercícios
1. Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários,
que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para
dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres
para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete
sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é
sempre a mesma coisa. ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)
a) legado social.
b) patrimônio político.
c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
e) ilusão da contemporaneidade.
4
Filosofia/Sociologia
2. Observe a charge a seguir.
Disponível em: <http://framos.wordpress.com/2008/03/06/reflexoes-imageticas-1/>. Acesso em: 21 ago. 2008.
De acordo com a charge:
a) populações menos desenvolvidas intelectual e culturalmente são mais felizes quando dominadas
por aqueles com maior poderio militar.
b) indivíduos de países socialmente atrasados temem a ingerência estrangeira em seus territórios
por não compreenderem o seu caráter civilizador e humanitário.
c) os novos mecanismos de dominação de um país sobre o outro combinam violência com
consentimento, pelo uso, também, de diversos instrumentos ideológicos.
d) as intervenções militares representam o melhor caminho para a garantia da liberdade de
pensamento e o princípio de autodeterminação dos povos.
e) é inviável, no mundo moderno, a implantação de regimes democráticos sem o uso da força bruta,
praticada, em geral, com moderação, por parte da nação que se apossa de determinado território.
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Filosofia/Sociologia
3. A respeito da produção cultural moderna, considere as formulações de Renato Ortiz. “[...] o processo
de autonomização das artes é contemporâneo ao florescimento de uma cultura de mercado. [...]. A
burguesia permite, para usarmos uma imagem de Adorno, que a arte se consolide como um locus de
liberdade, mas em contraposição à própria lógica de mercado que funda a sociedade capitalista. [...]
historicamente, pela primeira vez, exprimem-se os conflitos entre cultura erudita e cultura popular de
mercado.” ORTIZ, Renato. Cultura e modernidade. São Paulo: Brasiliense, 1991. p. 66.
Considerando a interpretação clássica da Escola de Frankfurt a respeito da cultura de massa, assinale
a alternativa CORRETA.
a) O aprofundamento da reprodutibilidade técnica da obra de arte aumentou o acesso da cultura
erudita a setores mais amplos das sociedades modernas, auxiliando-os em uma crescente
ilustração.
b) A transição da fase concorrencial para a fase monopolista do capitalismo fez-se acompanhar
pela industrialização e crescente mercantilização da produção e do consumo culturais.
c) A industrialização da produção cultural contribuiu de maneira inédita para a manutenção da aura
da obra de arte, ao restringir seu acesso e consumo a poucos setores da população.
d) A intensificação da produção artística e a simultânea ampliação de seu público consumidor,
alavancadas pela mercantilização da cultura, contribuíram para a emancipação política de
amplos setores das sociedades modernas.
4. “Adorno e Horkheimer (os primeiros, na década de 1940, a utilizar a expressão ‘indústria cultural’ tal
como hoje a entendemos) acreditam que esta indústria desempenha as mesmas funções de um
Estado fascista (...) na medida em que o indivíduo é levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a
totalidade do meio social circundante, transformando-se em mero joguete e em simples produto
alimentador do sistema que o envolve.” COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural, São Paulo, Editora Brasiliense, 1987, p. 33. Texto adaptado
Adorno e Horkheimer consideram que a indústria cultural e o Estado fascista têm funções similares,
pois em ambos ocorre
a) um processo de democratização da cultura ao colocá-la ao alcance das massas, o que possibilita
sua conscientização.
b) o desenvolvimento da capacidade do sujeito de julgar o valor das obras artísticas e bens culturais,
assim como de conviver em harmonia com seus semelhantes.
c) o aprimoramento do gosto estético por meio da indústria do entretenimento, em detrimento da
capacidade de reflexão.
d) um processo de alienação do homem, que leva o indivíduo a perder ou a não formar uma imagem
de si e da sociedade em que vive.
e) o aprimoramento da formação cultural do indivíduo e a melhoria do seu convívio social pela
inculcação de valores, de atitudes conformistas e pela eliminação do debate, na medida em que
este produz divergências no âmbito da sociedade.
6
Filosofia/Sociologia
5. Segundo Adorno e Horkheimer, “a indústria cultural pode se ufanar de ter levado a cabo com energia
e de ter erigido em princípio a transferência muitas vezes desejada da arte para a esfera do consumo,
de ter despido a diversão de suas ingenuidades inoportunas e de ter aperfeiçoado o feitio das
mercadorias”. ADORNO, T. ; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar,
1985. p. 126.
Com base nessa passagem e nos conhecimentos sobre indústria cultural em Adorno e Horkheimer, é
correto afirmar:
a) A indústria cultural excita nossos desejos com nomes e imagens cheios de brilho a fim de que
possamos, por contraste, criticar nosso cinzento cotidiano.
b) A fusão entre cultura e entretenimento é uma forma de valorizar a cultura e espiritualizar
espontaneamente a diversão.
c) A diversão permite aos indivíduos um momento de ruptura com as condições do trabalho sob o
capitalismo tardio.
d) Os consumidores têm suas necessidades produzidas, dirigidas e disciplinadas mais firmemente
quanto mais se consolida a indústria cultural.
e) A indústria cultural procura evitar que a arte séria seja absorvida pela arte leve.
6. A cultura feita em série, industrialmente, para o grande número, passa a ser vista não como
instrumento de crítica e de conhecimento, mas como produto trocável por dinheiro e que deve ser
consumido como se consome qualquer outra coisa.” COELHO, 1980, p. 26.
Sobre o tema cultura de massas, é correto afirmar:
a) o conceito de “massa” se refere apenas ao proletariado ou aos trabalhadores braçais.
b) a industrialização e a economia de mercado possibilitaram as condições necessárias para sua
existência.
c) Esse tipo de cultura sempre existiu nas sociedades, independentemente da sua forma de
produção.
d) A busca de reflexão e de uma atitude ativa do consumidor caracterizam a demanda da cultura de
massa.
e) Sua produção é uma responsabilidade das mesmas pessoas que a consomem.
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Filosofia/Sociologia
7. Analise a charge a seguir
Disponível em: <https://sociologiareflexaoeacao.files. wordpress.com/2015/07/cena-cotidiana-autor-
desconhecidofacebook.jpg>. Acesso em: 20 abr. 2016.
Leia o texto a seguir.
As reações mais íntimas das pessoas estão tão completamente reificadas para elas próprias que a
ideia de algo peculiar a elas só perdura na mais extrema abstração: personality significa para elas
pouco mais que possuir dentes deslumbrantemente brancos e estar livres do suor nas axilas e das
emoções. Eis aí o triunfo da publicidade na Indústria Cultural. ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1985. p. 138.
A respeito da relação entre Indústria Cultural, esvaziamento do sentido da experiência e
superficialização da personalidade, assinale a alternativa correta.
a) A abstração a respeito da própria personalidade é uma capacidade por meio da qual o sentido da
experiência, esvaziado pela Indústria Cultural, pode ser reconfigurado e ressignificado.
b) A superficialização da personalidade e o esvaziamento do sentido da experiência são efeitos
secundários da Indústria Cultural, decorrentes dos exageros da publicidade.
c) A superficialização da personalidade resulta da ação por meio da qual a Indústria Cultural esvazia
o sentido da experiência ao concebê-la como um sistema de coisas.
d) O esvaziamento do sentido da experiência criado pela Indústria Cultural atesta a superficialidade
inerente à personalidade na medida em que ela é uma abstração.
e) O poder de reificação exercido pela Indústria Cultural sobre a personalidade consiste em criar um
equilíbrio entre sensibilidade (emoções) e pensamento (máxima abstração).
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Filosofia/Sociologia
8. Leia o texto a seguir. O modo de comportamento perceptivo, através do qual se prepara o esquecer e o rápido recordar da
música de massas, é a desconcentração. Se os produtos normalizados e irremediavelmente
semelhantes entre si, exceto certas particularidades surpreendentes, não permitem uma audição
concentrada, sem se tornarem insuportáveis para os ouvintes, estes, por sua vez, já não são
absolutamente capazes de uma audição concentrada. Não conseguem manter a tensão de uma
concentração atenta, e por isso se entregam resignadamente àquilo que acontece e flui acima deles,
e com o qual fazem amizade somente porque já o ouvem sem atenção excessiva.
ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. Em: Adorno et al. Textos escolhidos. São Paulo: Abril
Cultural, 1978. p.190. Coleção Os Pensadores.
As redes sociais têm divulgado músicas de fácil memorização e com forte apelo à cultura de massa.
A respeito do tema da regressão da audição na Indústria Cultural e da relação entre arte e sociedade
em Adorno, assinale a alternativa correta.
a) A impossibilidade de uma audição concentrada e de uma concentração atenta relaciona-se ao
fato de que a música se tornou um produto de consumo, encobrindo seu poder crítico.
b) A música representa um domínio particular, quase autônomo, das produções sociais, pois se
baseia no livre jogo da imaginação, o que impossibilita estabelecer um vínculo entre arte e
sociedade.
c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade de manifestar criticamente conteúdos
racionais expressos no modo típico do comportamento perceptivo inato às massas.
d) A tensão resultante da concentração requerida para a apreciação da música é uma exigência
extramusical, pois nossa sensibilidade é naturalmente mais próxima da desconcentração.
e) Audição concentrada significa a capacidade de apreender e de repetir os elementos que
constituem a música, sendo a facilidade da repetição o que concede poder crítico à música.
9. “A indústria cultural, com suas vantagens e desvantagens, pode ser caracterizada pela transformação
da cultura em mercadoria, com produção em série e de baixo custo, para que todos possam ter acesso.
É uma indústria como qualquer outra, que deseja o lucro e que trabalha para conquistar o seu cliente,
vendendo imagens, seduzindo o seu público a ter necessidades que antes não tinham”. PARANÁ. Livro didático de Sociologia. Curitiba, 2006, p.156.
Assinale a alternativa correta.
a) A indústria Cultural não é uma característica da sociedade contemporânea ela é um produto
natural em qualquer sociedade.
b) A indústria Cultural é responsável por criar no indivíduo necessidades que ele não tinha e
transformar a cultura em mercadoria.
c) A Indústria Cultural não influência nas necessidades do indivíduo com a sua produção em série
e de baixo custo.
d) A indústria cultural faz com que o indivíduo reflita sobre o que necessita, não desejando lucro.
e) A Indústria Cultural prioriza a heterogeneidade de cada cultura.
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Filosofia/Sociologia
10. O antropólogo americano Marius Barbeau escreveu o seguinte: sempre que se cante a uma criança
uma cantiga de ninar; sempre que se use uma canção, uma adivinha, uma parlenda, uma rima de
contar, no quarto das crianças ou na escola; sempre que ditos e provérbios, fábulas, histórias bobas e
contos populares sejam representados; aí veremos o folclore em seu próprio domínio, sempre em ação,
vivo e mutável, sempre pronto a agarrar e assimilar novos elementos em seu caminho. UTLEY, F. L. Uma definição de folclore. In: BRANDÃO, C. R. O que é folclore. São Paulo: Brasiliense, 1984 (adaptado).
O texto tem como objeto a construção da identidade cultural, reconhecendo que o folclore, mesmo
sendo uma manifestação associada à preservação das raízes e da memória dos grupos sociais,
a) está sujeito a mudanças e reinterpretações.
b) deve ser apresentado de forma escrita.
c) segue os padrões de produção da moderna indústria cultural.
d) tende a ser materializado em peças e obras de arte eruditas.
e) expressa as vivências contemporâneas e os anseios futuros desses grupos.
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Filosofia/Sociologia
Gabarito
1. E Theodor Adorno e Max Horkheimer apontam para o aspecto dialético do esclarecimento
alcançado na sociedade contemporânea: a liberdade vivenciada pelo indivíduo apresenta-se
como uma ilusão, uma mistificação, visto que a liberdade real não chega a ser experienciada
pelas pessoas.
2. C A indústria cultural é um importante instrumento de dominação dos países desenvolvidos sobre os mais
pobres, na busca de suas riquezas (principalmente naturais) e de seu apoio estratégico. Sendo um forte
(e pacífico) mecanismo de dominação ideológica, a inserção cultural das ideias predominantes em
sociedades mais desenvolvidas acaba por justificar junto às populações locais a dominação militar que
porventura venha a acontecer na sequência, como foi muito comum na política americana em relação
aos países da América Central ao longo do século XX. Junto a isso, os próprios produtos do capitalismo
também desempenham esse papel de dominação. A charge mostra isso claramente ao usar
personagens da Disney como soldados do exército, dominando uma ilha de feição típica centro-
americana. Outros ícones significativos do capitalismo também aparecem, como a Coca-Cola, a Texaco,
a IBM etc. e, por fim, a televisão como meio difusor dos conteúdos.
3. B
A afirmativa A está errada porque a reprodutibilidade técnica não significou aumento do acesso ou
interesse de grupos populares a obras eruditas. Na verdade, essa possibilidade voltou-se muito mais à
difusão de produtos culturais de massa e muitas vezes com baixa qualidade artística.
A afirmativa C está errada, a industrialização da cultura leva justamente a uma perda da aura da obra
de arte, pois os produtos da cultura podem ser reproduzidos e distribuídos em larga escala, fazendo
com que a obra perca o sentido de exclusividade.
A afirmativa D está errada porque, na verdade, a intensificação da produção artística e o aumento de
público não influíram na consciência política do público em larga escala. Em muitos casos, pelo
contrário, levaram a um processo de alienação de questões sociais e políticas, devido a um forte teor
de escapismo que algumas produções proporcionavam.
4. D A afirmativa A está incorreta, porque na indústria cultural a produção é posta à disposição da sociedade,
mas de forma alienante, que não permite que ela possua real significado artístico. Além disso, neste
contexto, a arte se torna mercadoria, e seu valor mercadológico se sobrepõe ao seu real valor cultural. A
afirmativa B está incorreta, porque a capacidade de julgamento sobre a arte é diminuída no contexto da
indústria cultural, assim como as representações de sociabilidade que ela poderia sugerir. A afirmativa
C está incorreta, porque, além de não haver um aprimoramento do gosto estético (embotado no meio
de tantas ofertas), há uma perda de capacidade de reflexão sobre a arte e seu significado. A afirmativa
E está incorreta, pois mistura vários conceitos e os apresenta de forma errada. Na indústria cultural não
há aprimoramento da formação do indivíduo. Os valores ficam mais dispersos e cria-se uma atitude
conformista, pois não se percebem realmente os significados artísticos; assim, faltam elementos para
o debate.
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Filosofia/Sociologia
5. D a) Incorreta. A indústria cultural excita nossos desejos para que consumamos mais e mais, e sem
questionamentos.
b) Incorreta. A fusão entre cultura e entretenimento empobrece a cultura e a torna consumível.
c) Incorreta. A diversão permite uma ruptura, mas a diversão oferecida pela indústria cultural
escraviza o indivíduo no trabalho, pois sem dinheiro não há como se divertir, dentro de sua lógica
de consumo.
d) Correta. Os indivíduos não são os autores de suas necessidades, suas necessidades são
produzidas, dirigidas e disciplinadas pela indústria cultural, por meio dos veículos de comunicação
de massa.
e) Incorreta. A indústria cultural não tem essa preocupação. Tudo se torna produto para consumo.
6. B Como vimos, a cultura de massas é um produto da indústria cultura e está relacionada com a rápida
industrialização do ocidente, que permite a reprodutibilidade em larga escala. A expansão dos meios de
comunicação aliada a economia de mercado tornou viável a transformação da cultura em mercadoria
através da saturação da sociedade por obras vazias de sentido e originalidade, fabricando gostos e
produzindo alienação, mantendo as relações de poder do sistema capitalista. 7. C
a) Incorreta. A abstração da qual trata o texto não apenas não implica necessariamente a uma
reconfiguração da experiência, mas, antes, implica a sua destruição.
b) Incorreta. A superficialização da personalidade e o esvaziamento da experiência são efeitos
inerentes à indústria cultural, podendo ser concebidos como essenciais ao modo de proceder da
Indústria Cultural.
c) Correta. Conceber a experiência como um sistema de gestão de coisas é por meio do qual a
personalidade é tornada superficial, uma coisa entre coisas.
d) Incorreta. A personalidade não é algo superficial, tampouco abstrato.
e) Incorreta. Justamente por não haver equilíbrio entre sensibilidade e pensamento que a
personalidade é reificada.
8. A a) Correta. Para Adorno, o poder crítico da música é destruído quando ela se torna produto de consumo.
Isso pode ser identificado no fato de que a condição para o sucesso da "música de consumo" é a
recusa do exercício racional exigido pela música crítica. Assim, a música de massa, caracterizada
pela desconcentração, encobre o poder crítico da música que consiste na audição concentrada e
na concentração atenta.
b) Incorreta. Adorno insiste na relação intrínseca entre arte e sociedade, não sendo possível dissociá-
las. Adorno entende que até mesmo o jogo da imaginação é marcado pelos condicionamentos
sociais; mesmo na particularidade da obra de arte musical, identifica-se a presença de motivações
sociais.
c) Incorreta. Para Adorno, o próprio termo "música de massa" aparece como a negação do poder crítico
da arte musical, expressando a impossibilidade de manifestar conteúdos racionais. Assim, há uma
disjunção entre "música de massa", por um lado, e racionalidade e criticidade, por outro.
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Filosofia/Sociologia
d) Incorreta. A tensão é uma disposição necessária para uma música que não se converteu em
mercadoria. Para Adorno, a manutenção da tensão revela que a música não é produto de
entretenimento, pois a tensão representa a disposição de apreender os elementos musicais
enquanto constituídos de racionalidade.
e) Incorreta. Para Adorno, a mera repetição não significa audição concentrada. Audição concentrada
refere-se a uma determinada capacidade perceptiva do indivíduo, possibilitada por uma música que
possui, na sua própria estrutura formal, uma organização que exige atenção.
9. B De acordo com Adorno e Horkheimer, a indústria cultural transforma a cultura em mercadoria a ser
vendida e consumida, além de gerar nas pessoas necessidades que elas não possuíam anteriormente
a partir do estímulo ao consumo.
10. A
O texto expressa de forma clara o quanto o folclore se atualiza e se modifica cotidianamente. Desta
forma, a única alternativa plausível é a [A].
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