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SiStema de avaliação educacional de Pernambuco
SaePe2012
iSSn 1948-560X
Seção 1
avaliação: o ensino-aprendizagem como desafio
Seção 2
interpretação de resultados e análises pedagógicas
Seção 3
os resultados desta escola
Seção 4
desenvolvimento de habilidades
eXPeriÊncia em Foco
reviSta PedaGÓGica
língua Portuguesa4ª série/5º ano do ensino Fundamental
Saepe
ISSN 1948-560X
Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco
Revista PedagógicaLíngua Portuguesa
4ª série/5º ano do Ensino Fundamental
Saepe
govERnAdoR dE PERnAmBUCoEDUARDO CAMPOS
viCE-govERnAdoRJOÃO LYRA NETO
SECRETáRio dE EdUCAçãoRICARDO DANTAS
SECRETáRio EXECUTivo dE PlAnEjAmEnTo E gESTãoLEONILDO SALES
SECRETáRiA EXECUTivA dE dESEnvolvimEnTo dA EdUCAçãoANA SELVA
SECRETáRiA EXECUTivA dE gESTão dA REdECECÍLIA PATRIOTA
SECRETáRio EXECUTivo dE EdUCAção PRofiSSionAlPAULO DUTRA
gEREnTE dE AvAliAção E moniToRAmEnTo dAS PolÍTiCAS EdUCACionAiSEPIFÂNIA VALENÇA
CARoS EdUCAdoRES,
modernizar a gestão escolar, de forma democrática e atenta ao desempenho pedagógico dos estudantes,
sempre foi uma das prioridades do governo Eduardo campos. Este material, que anualmente chega
às mãos de professores, gestores e técnicos, é um diagnóstico detalhado da educação no Estado
de Pernambuco. Sua função é fornecer todos os subsídios necessários para a tomada de decisões
pedagógicas no ambiente escolar e a formulação de políticas públicas para promover a melhoria do
ensino e a evolução da aprendizagem.
o Sistema de avaliação Educacional em Pernambuco (SaEPE), reestruturado e aplicado desde 2008 nas
escolas das redes estadual e municipal, monitora as habilidades dos estudantes nas disciplinas de Língua
Portuguesa e matemática em três etapas do ensino básico: 3°, 6º e 9º anos do ensino fundamental, e 3º
ano do ensino médio. além disso, neste volume são apresentados também os índices de profi ciência e
participação na edição 2012 do SaEPE.
de posse destas informações, os gestores educacionais – estejam eles diretamente na escola, na
gerência Regional de Educação, ou na Secretaria de Educação – assumem o papel de protagonistas na
estruturação da escola como um efetivo ambiente de transformação social. com este quadro, é possível
mapear necessidades, localizando-as em seu contexto social, estabelecer prioridades, e determinar que
tipo de ações devem ser implementadas para que, na outra ponta, o estudante atinja o potencial que
dele se espera.
Este caderno deve ser encarado como uma ferramenta de uso cotidiano para gestores que, como você,
se comprometem com o aperfeiçoamento da educação básica em Pernambuco. Refl etir com base no
diagnóstico aqui apresentado é reafi rmar a luta por uma escola cada vez melhor, formando cidadãos
críticos e conscientes de seu papel na transformação da realidade ao seu redor.
Ricardo Dantas, Secretário de Educação do Estado.
SumáRIo
2. INtERPREtação dE RESuLtadoS E
aNáLISES PEdagógIcaS PágINa 16
1. avaLIação: o ENSINo-aPRENdIzagEm como dESaFIo PágINa 10
EXPERIÊNcIa Em Foco
PágINa 67
4. dESENvoLvImENto dE habILIdadES PágINa 53
3. oS RESuLtadoS dESta EScoLa PágINa 51
10 Saepe 2012
1
um importante movimento em busca da qualidade da educação
vem ganhando sustentação em paralelo às avaliações tradicionais:
as avaliações externas, que são geralmente em larga escala e
possuem objetivos e procedimentos diferenciados daquelas
realizadas pelos professores nas salas de aula. Essas avaliações são,
em geral, organizadas a partir de um sistema de avaliação cognitiva
dos estudantes e aplicadas, de forma padronizada, a um grande
número de pessoas. os resultados aferidos pela aplicação de testes
padronizados têm como objetivo subsidiar medidas que visem
ao progresso do sistema de ensino e atendam a dois propósitos
principais: prestar contas à sociedade sobre a eficácia dos serviços
educacionais oferecidos à população e implementar ações que
promovam a equidade e a qualidade da educação.
a avaliação em larga escala deve ser concebida como instrumento
capaz de oferecer condições para o desenvolvimento dos estudantes
e só tem sentido quando é utilizada, na sala de aula, como uma
ferramenta do professor para fazer com que os estudantes avancem.
o uso dessa avaliação de acordo com esse princípio demanda o
Caro(a) Educador(a), a Revista Pedagógica apresenta os fundamentos, a metodologia e os resultados da avaliação,
com o objetivo de suscitar discussões para que as informações disponibilizadas possam ser debatidas e utilizadas
no trabalho pedagógico.
AvAliAção: o EnSino-APREndizAgEm Como dESAfio
Revista Pedagógica 11
seguinte raciocínio: por meio dos dados levantados, é possível
que o professor obtenha uma medida da aprendizagem de seus
estudantes, contrapondo tais resultados àqueles alcançados no
estado e até mesmo à sua própria avaliação em sala de aula. verificar
essas informações e compará-las amplia a visão do professor quanto
ao seu estudante, identificando aspectos que, no dia a dia, possam
ter passado despercebidos. desta forma, os resultados da avaliação
devem ser interpretados em um contexto específico, servindo para a
reorientação do processo de ensino, confirmando quais as práticas
bem-sucedidas em sala de aula e fazendo com que os docentes
repensem suas ações e estratégias para enfrentar as dificuldades
de aprendizagem detectadas.
a articulação dessas informações possibilita consolidar a
ideia de que os resultados de desempenho dos estudantes,
mesmo quando abaixo do esperado, sempre constituem uma
oportunidade para o aprimoramento do trabalho docente,
representando um desafio a ser superado em prol da qualidade
e da equidade na educação.
o SiSTEmA dE AvAliAção dE PERnAmBUCo
o Sistema de avaliação Educacional de
Pernambuco (Saepe) foi criado em 2000 e tem
seguido o propósito de fomentar mudanças em
busca de uma educação de qualidade. Em 2012
avaliou as escolas da rede pública de Pernambuco
nas disciplinas de Língua Portuguesa e matemática
da 2ª série/3° ano, 4ª série/5º ano e 8ª série/9º
ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino
médio. Na linha do tempo a seguir, pode-se verifi car
a trajetória do Saepe e, ainda, perceber como
tem se consolidado diante das informações que
apresentam sobre o desempenho dos estudantes.
SÉrie AVALiADA:
2ª série/3º ano EF, 8ª série/9º ano EF,3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa (leitura e escrita) - matemática e ciências
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa (leitura e escrita) e matemática
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa (leitura e escrita) e matemática
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa (leitura e escrita) e matemática
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa (leitura e escrita) e matemática
SÉrie AVALiADA:
2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa (leitura e escrita) e matemática
SÉrie AVALiADA:
2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa (leitura e escrita) e matemática
SÉrie AVALiADA:
2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa (leitura e escrita) e matemática
ESTADUAL
MUNICIPAL
2000
113.677
2008
274.301
2002
274.603
2005
177.302
2000
178.421
2002
164.131
2005
72.396
2008
141.413
12 Saepe 2012
TRAjETóRiA
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa e matemática
N° De EstUDANtes PreVistos: 333.156
PArticipAÇÃo (%): 80,6
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa e matemática
N° De EstUDANtes PreVistos: 200.143
PArticipAÇÃo (%): 70,0
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa e matemática
N° De EstUDANtes PreVistos: 315.949
PArticipAÇÃo (%): 81,2
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa e matemática
N° De EstUDANtes PreVistos: 188.409
PArticipAÇÃo (%): 72,5
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa e matemática
N° De EstUDANtes PreVistos: 306.336
PArticipAÇÃo (%): 82,1
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa e matemática
N° De EstUDANtes PreVistos: 178.745
PArticipAÇÃo (%): 76,1
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa e matemática
N° De EstUDANtes PreVistos: 312.307
PArticipAÇÃo (%): 82,0
SÉrie AVALiADA: 2ª série/3º ano EF, 4ª série/5º ano EF, 8ª série/9º ano EF, 3º ano Em
DiscipLiNAs eNVoLViDAs: Língua Portuguesa e matemática
N° De EstUDANtes PreVistos: 163.382
PArticipAÇÃo (%): 79,1
ESTADUAL
MUNICIPAL
N° De EstUDANtes AVALiADos
2009
268.433
2010
256.446
2011
251.549
2012
256.051
2009
140.070
2010
136.649
2011
136.056
2012
129.175
Revista Pedagógica 13
14 Saepe 2012
o diagrama a seguir apresenta, passo a passo, a lógica do sistema de avaliação de forma sintética,
indicando as páginas onde podem ser buscados maiores detalhes sobre os conceitos apresentados.
Para ter acesso a toda a Coleção e a outras informações sobre a avaliação e seus resultados, acesse o site www.saepe.caedufjf.net.
(Matriz de Referência) Página 18
Esse recorte se traduz em habilidades consideradas essenciais que formam a Matriz de Referência para avaliação.
Para realizar a avaliação, é necessário definir o conteúdo a ser avaliado. Isso é feito por especialistas, com base em um recorte do currículo e nas especialidades educacionais.
A avaliação em larga escala surge como um importante instrumento para reflexão sobre como melhorar o ensino.
A educação apresenta um grande desafio: ensinar com qualidade e de forma equânime, respeitando a individualidade e a diversidade.
A AvAliAção EdUCACionAl Em lARgA ESCAlA
Revista Pedagógica 15
Os resultados da avaliação oferecem um diagnóstico do ensino e servem de subsídio para a melhoria da qualidade da educação.
As informações disponíveis nesta Revista devem ser interpretadas e usadas como instrumento pedagógico.
A análise dos itens que compõem os testes elucida as habilidades desenvolvidas pelos estudantes que estão em determinado Padrão de Desempenho.
Com base nos objetivos e nas metas de aprendizagem estabelecidas, são definidos os Padrões de Desempenho.
As habilidades avaliadas são ordenadas de acordo com a complexidade em uma escala nacional, a qual permite verificar o desenvolvimento dos estudantes.
(Escala de Proficiência) Página 22
(Composição dos cadernos) Página 21
Através de uma metodologia especializada, é possível obter resultados precisos, não sendo necessário que os estudantes realizem testes extensos.
(Os resultados desta Escola) Página 51
(Itens) Página 41
(Padrões de Desempenho) Página 38
(Experiência em foco) Página 67
16 Saepe 2012
2
mATRiz dE REfERÊnCiA
Para realizar uma avaliação, é necessário definir o
conteúdo que se deseja avaliar. Em uma avaliação
em larga escala, essa definição é dada pela
construção de uma matRIz dE REFERÊNcIa,
que é um recorte do currículo e apresenta as
habilidades definidas para serem avaliadas. No
brasil, os Parâmetros curriculares Nacionais
(PcN) para o Ensino Fundamental e para o Ensino
médio, publicados, respectivamente, em 1997 e
em 2000, visam à garantia de que todos tenham,
mesmo em lugares e condições diferentes, acesso
a conhecimentos considerados essenciais para o
exercício da cidadania. cada estado, município e
escola tem autonomia para elaborar seu próprio
currículo, desde que atenda a essa premissa.
diante da autonomia garantida legalmente
em nosso país, as orientações curriculares
de Pernambuco apresentam conteúdos com
características próprias, como concepções e
objetivos educacionais compartilhados. desta
forma, o estado visa a desenvolver o processo de
ensino-aprendizagem em seu sistema educacional
com qualidade, atendendo às particularidades de
seus estudantes. Pensando nisso, foi criada uma
matriz de Referência específica para a realização
da avaliação em larga escala do Saepe.
a matriz de Referência tem, entre seus fundamentos,
os conceitos de competência e habilidade. a
comPEtÊNcIa corresponde a um grupo de
Esta seção traz os fundamentos da metodologia de avaliação externa do Saepe 2012, a matriz de Referência, a Teoria de
Resposta ao item (TRi) e a Escala de Proficiência.
inTERPRETAção dE RESUlTAdoS E AnáliSES PEdAgógiCAS
Revista Pedagógica 17
habilidades que operam em conjunto para a obtenção
de um resultado, sendo cada habILIdadE entendida
como um “saber fazer”.
Por exemplo, para adquirir a carteira de motorista
para dirigir automóveis é preciso demonstrar
competência na prova teórica e competência na
prova prática específica, sendo que cada uma
delas requer uma série de habilidades.
a competência na prova teórica demanda
algumas habilidades, como: interpretação de
texto, reconhecimento de sinais de trânsito,
memorização, raciocínio lógico para perceber
quais regras de trânsito se aplicam a uma
determinada situação etc.
a competência na prova prática específica, por
sua vez, requer outras habilidades: visão espacial,
leitura dos sinais de trânsito na rua, compreensão
do funcionamento de comandos de interação
com o veículo, tais como os pedais de freio e de
acelerador etc.
É importante ressaltar que a matriz de Referência
não abarca todo o currículo; portanto, não deve ser
confundida com ele nem utilizada como ferramenta
para a definição do conteúdo a ser ensinado em sala de
aula. as habilidades selecionadas para a composição
dos testes são escolhidas por serem consideradas
essenciais para o período de escolaridade avaliado
e por serem passíveis de medição por meio de
testes padronizados de desempenho, compostos,
na maioria das vezes, apenas por itens de múltipla
escolha. há, também, outras habilidades necessárias
ao pleno desenvolvimento do estudante que não se
encontram na matriz de Referência por não serem
compatíveis com o modelo de teste adotado. No
exemplo acima, pode-se perceber que a competência
na prova teórica para habilitação de motorista inclui
mais habilidades que podem ser medidas em testes
padronizados do que aquelas da prova prática.
a avaliação em larga escala pretende obter
informações gerais, importantes para se pensar a
qualidade da educação, porém, ela só será uma
ferramenta para esse fim se utilizada de maneira
coerente, agregando novas informações às já
obtidas por professores e gestores nas devidas
instâncias educacionais, em consonância com a
realidade local.
AUTO ESCOLA
CARTEIRA DE HABILITAÇÃO
18 Saepe 2012
mATRiz dE REfERÊnCiA dE lÍngUA PoRTUgUESA – SAEPE4ª SéRE/5º Ano do EnSino fUndAmEnTAl
i - PRáTiCAS dE lEiTURA
d6 localizar informação explícita em um texto.
d7 inferir informação em um texto.
d8 inferir o sentido de palavra ou expressão a partir do contexto.
d9 identificar o tema central de um texto.
d10 distinguir fato de uma opinião.
d11 interpretar textos não verbais e textos que articulam elementos verbais e não verbais.
ii - imPliCAçÕES do SUPoRTE, do gÊnERo E/ oU do EnUnCiAdoR nA ComPREEnSão do TEXTo
d12 identificar o gênero do texto.
d13 identificar a finalidade de diferentes gêneros textuais.
iv - CoESão E CoERÊnCiA
d16 Estabelecer relação de causa e consequência entre partes de um texto.
d17 Estabelecer relações lógico-discursivas entre partes de um texto, marcadas por locuções adverbiais ou advérbios.
d18Reconhecer relações entre partes de um texto, identificando os recursos coesivos que contribuem para sua continuidade (substituições e repetições).
d21 Reconhecer o conflito gerador do enredo e os elementos de uma narrativa.
tópico
o tópico arupa por afinidade um conjunto
de habilidades indicadas pelos
descritores.
mATRiz dE REfERÊnCiA dE lÍngUA PoRTUgUESA4ª série/5º ano do Ensino fundamental
Descritores
os descritores associam o conteúdo curricular a operações cognitivas,
indicando as habilidades que serão avaliadas por
meio de um item.
Elementos que compõem a matriz
Leia o texto abaixo.
5
10
A origem do rio Solimões
Há muitos anos a Lua era noiva do Sol, que com ela queria se casar, mas, se isso acontecesse, se chegassem a se casar, destruir-se-ia o mundo. O amor ardente do Sol queimaria o mundo e a Lua com suas lágrimas inundaria toda a Terra. Por isso, não puderam se casar. A Lua apagaria o fogo. O Sol evaporaria toda a água.
Separaram-se, então, a Lua para um lado e o Sol para o outro. Separaram-se. A Lua chorou todo o dia e toda a noite; foi então que as lágrimas correram por cima da Terra até o mar. O mar embraveceu e, por isso, não pode a Lua misturar as lágrimas com as águas do mar, que meio ano corre para cima e meio ano para baixo.
Foram as lágrimas da Lua que deram origem ao nosso Rio Amazonas, também chamado de Rio Solimões.
LISBOA, Henriqueta. Literatura oral para a infância e a juventude – lendas, contos e fábulas populares no Brasil. São Paulo:
Petrópolis, 2002. p. 31. (P050433ES_SUP)
(P050433ES) Qual é o fato que dá origem a essa história?A) A braveza do mar com a Lua.B) A separação da Lua e do Sol.C) O incêndio provocado pelo Sol.D) O noivado da Lua e do Sol.
item
o item é uma questão utilizada nos testes de uma
avaliação em larga escala e se caracteriza por avaliar uma
única habilidade indicada por um descritor da matriz
de Referência.
Revista Pedagógica 19
mATRiz dE REfERÊnCiA dE lÍngUA PoRTUgUESA – SAEPE4ª SéRiE/5º Ano do EnSino fUndAmEnTAl
i - PRáTiCAS dE lEiTURA
d6 localizar informação explícita em um texto.
d7 inferir informação em um texto.
d8 inferir o sentido de palavra ou expressão a partir do contexto.
d9 identificar o tema central de um texto.
d10 distinguir fato de uma opinião.
d11 interpretar textos não verbais e textos que articulam elementos verbais e não verbais.
ii - imPliCAçÕES do SUPoRTE, do gÊnERo E/ oU do EnUnCiAdoR nA ComPREEnSão do TEXTo
d12 identificar o gênero do texto.
d13 identificar a finalidade de diferentes gêneros textuais.
iv - CoESão E CoERÊnCiA
d16 Estabelecer relação de causa e consequência entre partes de um texto.
d17 Estabelecer relações lógico-discursivas entre partes de um texto, marcadas por locuções adverbiais ou advérbios.
d18Reconhecer relações entre partes de um texto, identificando os recursos coesivos que contribuem para sua continuidade (substituições e repetições).
d21 Reconhecer o conflito gerador do enredo e os elementos de uma narrativa.
v - RElAçÕES EnTRE RECURSoS EXPRESSivoS E EfEiToS dE SEnTido
d22 identificar efeitos de humor no texto.
d23 identificar efeitos de sentido decorrente do uso de pontuação e outras notações.
vi - vARiAção lingUÍSTiCA
d26 identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e/ou o interlocutor.
20 Saepe 2012
TEoRiA dE RESPoSTA Ao iTEm (TRi)
a teoria de Resposta ao Item (tRI) é, em termos gerais, uma forma de analisar e avaliar os
resultados obtidos pelos estudantes nos testes, levando em consideração as habilidades
demonstradas e os graus de dificuldade dos itens, permitindo a comparação entre testes
realizados em diferentes anos.
ao realizarem os testes, os estudantes obtêm um determinado nível de desempenho nas
habilidades testadas. Esse nível de desempenho denomina-se PRoFIcIÊNcIa.
a tRI é uma forma de calcular a proficiência alcançada, com base em um modelo estatístico
capaz de determinar um valor diferenciado para cada item que o estudante respondeu
em um teste padronizado de múltipla escolha. Essa teoria leva em conta três parâmetros:
• Parâmetro "A"
a capacidade de um item de discriminar, entre os estudantes avaliados, aqueles que
desenvolveram as habilidades avaliadas daqueles que não as desenvolveram.
• Parâmetro "B"
o grau de dificuldade dos itens: fáceis, médios ou difíceis. os itens estão distribuídos
de forma equânime entre os diferentes cadernos de testes, possibilitando a criação de
diversos cadernos com o mesmo grau de dificuldade.
• Parâmetro "C"
a análise das respostas do estudante para verificar aleatoriedade nas respostas: se for
constatado que ele errou muitos itens de baixo grau de dificuldade e acertou outros de
grau elevado – o que é estatisticamente improvável, o modelo deduz que ele respondeu
aleatoriamente às questões.
o Saepe utiliza a tRI para o cálculo de acerto do estudante. No final, a proficiência não
depende apenas do valor absoluto de acertos, depende também da dificuldade e da
capacidade de discriminação das questões que o estudante acertou e/ou errou. o valor
absoluto de acertos permitiria, em tese, que um estudante que respondeu aleatoriamente
tivesse o mesmo resultado que outro que tenha respondido com base em suas habilidades.
o modelo da tRI evita essa situação e gera um balanceamento de graus de dificuldade
entre as questões que compõem os diferentes cadernos e as habilidades avaliadas em
relação ao contexto escolar. Esse balanceamento permite a comparação dos resultados dos
estudantes ao longo do tempo e entre diferentes escolas.
Revista Pedagógica 21
ComPoSição doS CAdERnoS PARA A AvAliAção
iiiiii
iiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiii
ii
iiiiiiiiiiii
i
iiiiiii
iiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiii
iiiiii
iiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiii
ii
iiiiiiiiiiii
i
iiiiiii
iiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiii
CaDeRNO
iiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiii
iiiii
iiiiii
iiiiiiiiiii
iiiiiiiiiii
i i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i i
i i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i i
= 1 item
matemática
língua Portuguesa
ao todo, são 21 modelos diferentes de cadernos.
4 blocos formam um caderno, totalizando 44 itens por caderno, sendo 22 itens de cada disciplina.
Na 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental, são 77 itens/disciplina, divididos em 7 blocos/disciplina, com11 itens/disciplina cada.
22 Saepe 2012
* As habilidades relativas a essas competências são avaliadas nas séries iniciais do Ensino fundamental.
** As habilidades envolvidas nessa competência são avaliadas na 8ª série/ 9º ano do Ensino fundamental e no 3º ano do Ensino médio.
ESCAlA dE PRofiCiÊnCiA Em lÍngUA PoRTUgUESA
a EScaLa dE PRoFIcIÊNcIa foi
desenvolvida com o objetivo de traduzir
medidas em diagnósticos qualitativos
do desempenho escolar. Ela orienta, por
exemplo, o trabalho do professor com relação
às competências que seus estudantes
desenvolveram, apresentando os resultados
em uma espécie de régua onde os valores
obtidos são ordenados e categorizados em
intervalos ou faixas que indicam o grau de
desenvolvimento das habilidades para os
estudantes que alcançaram determinado
nível de desempenho.
Em geral, para as avaliações em larga
escala da Educação básica realizadas no
brasil, os resultados dos estudantes em
Língua Portuguesa são colocados em uma
mesma Escala de Proficiência definida
pelo Sistema Nacional de avaliação da
comPEtÊNcIaS dEScRItoRES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Identifica letras * manifesta consciência fonológica * Lê palavras * Localiza informação d6 Identifica tema d9 Realiza inferência d7, d8, d11, d22 e d23 Identifica gênero, função e destinatário de um texto d12 e d13 Estabelece relações lógico-discursivas d16, d17 e d18 Identifica elementos de um texto narrativo d21 Estabelece relações entre textos ** distingue posicionamentos d10 Identifica marcas linguísticas d26
PadRõES dE dESEmPENho - 4ª SÉRIE/5º aNo do ENSINo FuNdamENtaL
domÍNIoS
Apropriação do sistema da
escrita
Estratégias de leitura
Processamento do texto
Revista Pedagógica 23
ESCAlA dE PRofiCiÊnCiA Em lÍngUA PoRTUgUESA
Educação básica (Saeb). Por permitirem
ordenar os resultados de desempenho, as
Escalas são importantes ferramentas para a
interpretação dos resultados da avaliação.
a partir da interpretação dos intervalos da
Escala, os professores, em parceria com a
equipe pedagógica, podem diagnosticar
as habilidades já desenvolvidas pelos
estudantes, bem como aquelas que ainda
precisam ser trabalhadas em sala de aula,
em cada etapa de escolaridade avaliada.
com isso, os educadores podem
atuar com maior precisão na detecção
das dificuldades dos estudantes,
possibilitando o planejamento e a
execução de novas ações para o
processo de ensino-aprendizagem.
a seguir é apresentada a estrutura da
Escala de Proficiência.
A gradação das cores indica a complexidade da tarefa.
Elementar I
Elementar II
Básico
Desejável
comPEtÊNcIaS dEScRItoRES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Identifica letras * manifesta consciência fonológica * Lê palavras * Localiza informação d6 Identifica tema d9 Realiza inferência d7, d8, d11, d22 e d23 Identifica gênero, função e destinatário de um texto d12 e d13 Estabelece relações lógico-discursivas d16, d17 e d18 Identifica elementos de um texto narrativo d21 Estabelece relações entre textos ** distingue posicionamentos d10 Identifica marcas linguísticas d26
PadRõES dE dESEmPENho - 4ª SÉRIE/5º aNo do ENSINo FuNdamENtaL
domÍNIoS
Apropriação do sistema da
escrita
Estratégias de leitura
Processamento do texto
24 Saepe 2012
A ESTRUTURA dA ESCAlA dE PRofiCiÊnCiA
Na primeira coluna da Escala são apresentados
os grandes domínios do conhecimento em
Língua Portuguesa para toda a Educação
básica. Esses domínios são agrupamentos de
competências que, por sua vez, agregam as
habilidades presentes na matriz de Referência.
Nas colunas seguintes são apresentadas,
respectivamente, as competências presentes na
Escala de Proficiência e os descritores da matriz
de Referência a elas relacionados.
as competências estão dispostas nas várias linhas
da Escala. Para cada competência há diferentes
graus de complexidade representados por uma
gradação de cores, que vai do amarelo-claro ao
vermelho. assim, a cor amarelo-claro indica o
primeiro nível de complexidade da competência,
passando pelo amarelo-escuro, laranja-claro,
laranja-escuro e chegando ao nível mais complexo,
representado pela cor vermelha.
Na primeira linha da Escala de Proficiência,
podem ser observados, numa escala numérica,
intervalos divididos em faixas de 25 pontos, que
estão representados de zero a 500. cada intervalo
corresponde a um nível e um conjunto de níveis
forma um PadRão dE dESEmPENho. Esses
Padrões são definidos pela Secretaria de Educação
de Pernambuco (SEE/PE) e representados em
verde. Eles trazem, de forma sucinta, um quadro
geral das tarefas que os estudantes são capazes
de fazer, a partir do conjunto de habilidades
que desenvolveram.
Para compreender as informações presentes na
Escala de Proficiência, pode-se interpretá-la de
três maneiras:
• Primeira
Perceber, a partir de um determinado domínio,
o grau de complexidade das competências a ele
associadas, através da gradação de cores ao
longo da Escala. desse modo, é possível analisar
como os estudantes desenvolvem as habilidades
relacionadas a cada competência e realizar uma
interpretação que contribua para o planejamento
do professor, bem como para as intervenções
pedagógicas em sala de aula.
• Segunda
Ler a Escala por meio dos Padrões de desempenho,
que apresentam um panorama do desenvolvimento
dos estudantes em um determinado intervalo.
dessa forma, é possível relacionar as habilidades
desenvolvidas com o percentual de estudantes
situado em cada Padrão.
• Terceira
Interpretar a Escala de Proficiência a partir da
abrangência da proficiência de cada instância
avaliada: estado, gerência Regional de Educação,
município e escola. dessa forma, é possível
verificar o intervalo em que a escola se encontra
em relação às demais instâncias.
Revista Pedagógica 25
competências descritas para este domínio
oS domÍnioS E ComPETÊnCiAS dA ESCAlA dE PRofiCiÊnCiA
Apropriação do sistema da escrita
Professor, a apropriação do sistema de escrita é condição para
que o estudante leia com compreensão e de forma autônoma.
Essa apropriação é o foco do trabalho nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, ao longo dos quais se espera que o estudante avance
em suas hipóteses sobre a língua escrita. Neste domínio, encontram-
se reunidas quatro competências que envolvem percepções acerca
dos sinais gráficos que utilizamos na escrita – as letras – e sua
organização na página e aquelas referentes a correspondências
entre som e grafia. o conjunto dessas competências permite ao
alfabetizando ler com compreensão.
Identifica letras
Reconhece convenções gráficas
manifesta consciência fonológica
Lê palavras
Para auxiliar na tarefa de acompanhar o desempenho dos estudantes, na seção desenvolvimento de habilidades, há
uma análise representativa relacionadas às habilidades de leitura, abordando a perspectiva do seu ensino para esta
etapa e sugestões de atividades e recursos pedagógicos que podem ser utilizados pelo professor. A escolha desse
exemplo foi baseada em um diagnóstico que identificou algumas habilidades que apresentaram baixo índice de acerto
na 4ª série/5º ano do Ensino fundamental nas avaliações educacionais realizadas em anos anteriores.
domÍnioS E ComPETÊnCiAS
ao relacionar os resultados a cada um
dos domínios da Escala de Proficiência e
aos respectivos intervalos de gradação de
complexidade de cada competência, é possível
observar o nível de desenvolvimento das
habilidades aferido pelo teste e o desempenho
esperado dos estudantes nas etapas de
escolaridade em que se encontram.
Esta seção apresenta o detalhamento dos níveis
de complexidade das competências (com suas
respectivas habilidades), nos diferentes intervalos
da Escala de Proficiência. Essa descrição focaliza o
desenvolvimento cognitivo do estudante ao longo
do processo de escolarização e o agrupamento
das competências básicas ao aprendizado da
Língua Portuguesa para toda a Educação básica.
26 Saepe 2012
idEnTifiCA lETRAS
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
uma das primeiras hipóteses que a criança formula com relação à língua escrita é a de que escrita e
desenho são uma mesma coisa. Sendo assim, quando solicitada a escrever, por exemplo, “casa”, a criança
pode simplesmente desenhar uma casa. Quando começa a ter contato mais sistemático com textos
escritos, a criança observa o uso feito por outras pessoas e começa a perceber que escrita e desenho são
coisas diferentes, reconhecendo as letras como os sinais que se deve utilizar para escrever. Para chegar a
essa percepção, a criança deverá, inicialmente, diferenciar as letras de outros símbolos gráficos, como os
números, por exemplo. uma vez percebendo essa diferenciação, um próximo passo será o de identificar as
letras do alfabeto, nomeando-as e sabendo identificá-las mesmo quando escritas em diferentes padrões.
cinza 0 a 75 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 75 a 100 pontos
Estudantes que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de diferenciar
letras de outros rabiscos, desenhos e/ou outros sinais gráficos também utilizados na escrita. Esse é um
nível básico de desenvolvimento desta competência, representado na Escala pelo amarelo-claro.
amarelo-escuro 100 a 125 pontos
Estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos são capazes de identificar as letras do alfabeto. Este
novo nível de complexidade desta competência é indicado, na Escala, pelo amarelo-escuro.
vermelho acima de 125 pontos
Estudantes com nível de proficiência acima de 125 pontos diferenciam as letras de outros sinais gráficos
e identificam as letras do alfabeto, mesmo quando escritas em diferentes padrões gráficos. Esse dado
está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha.
REConHECE ConvEnçÕES gRáfiCAS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
mesmo quando ainda bem pequenas, muitas crianças que têm contatos frequentes com situações de leitura
imitam gestos leitores dos adultos. Fazem de conta, por exemplo, que leem um livro, folheando-o e olhando
suas páginas. Esse é um primeiro indício de reconhecimento das convenções gráficas. Essas convenções
incluem saber que a leitura se faz da esquerda para a direita e de cima para baixo ou, ainda, que, diferentemente
da fala, se apresenta num fluxo contínuo e na escrita é necessário deixar espaços entre as palavras.
Revista Pedagógica 27
cinza 0 a 75 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 75 a 100 pontos
Estudantes que se encontram em níveis de proficiência de 75 a 100 pontos reconhecem que o texto é
organizado na página escrita da esquerda para a direita e de cima para baixo. Esse nível é representado
na Escala pelo amarelo-claro.
vermelho acima de 100 pontos
Estudantes com proficiência acima de 100 pontos, além de reconhecerem as direções da esquerda para
a direita e de cima para baixo na organização da página escrita, também identificam os espaçamentos
adequados entre palavras na construção do texto. Na Escala, este novo nível de complexidade da
competência está representado pela cor vermelha.
mAnifESTA ConSCiÊnCiA fonológiCA0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
a consciência fonológica se desenvolve quando o sujeito percebe que a palavra é composta de unidades
menores que ela própria. Essas unidades podem ser a sílaba ou o fonema. as habilidades relacionadas
a essa competência são importantes para que o estudante seja capaz de compreender que existe
correspondência entre o que se fala e o que se escreve.
cinza 0 a 75 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 75 a 100 pontos
os estudantes que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos identificam rimas
e sílabas que se repetem em início ou fim de palavra. ouvir e recitar poesias, além de participar de
jogos e brincadeiras que explorem a sonoridade das palavras contribui para o desenvolvimento
dessas habilidades.
amarelo-escuro 100 a 125 pontos
Estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos contam sílabas de uma palavra lida ou ditada. Este
novo nível de complexidade da competência está representado na Escala pelo amarelo-escuro.
vermelho acima de 125 pontos
Estudantes com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram essa competência e esse fato está
representado na Escala de Proficiência pela cor vermelha.
28 Saepe 2012
lÊ PAlAvRAS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Para ler palavras com compreensão, o alfabetizando precisa desenvolver algumas habilidades. uma delas,
bastante elementar, é a de identificar as direções da escrita: de cima para baixo e da esquerda para direita. Em
geral, ao iniciar o processo de alfabetização, o alfabetizando lê com maior facilidade as palavras formadas por
sílabas no padrão consoante/vogal, isso porque, quando estão se apropriando da base alfabética, as crianças
constroem uma hipótese inicial de que todas as sílabas são formadas por esse padrão. Posteriormente, em
função de sua exposição a um vocabulário mais amplo e a atividades nas quais são solicitadas a refletir sobre
a língua escrita, tornam-se hábeis na leitura de palavras compostas por outros padrões silábicos.
cinza 0 a 75 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 75 a 100 pontos
Na Escala de Proficiência, o amarelo-claro indica que os estudantes que apresentam níveis de proficiência
de entre 75 e 100 pontos são capazes de ler palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, o
mais simples, e que, geralmente, é objeto de ensino nas etapas iniciais da alfabetização.
amarelo-escuro 100 a 125 pontos
o amarelo-escuro indica, na Escala, que estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos alcançaram
um novo nível de complexidade da competência de ler palavras: a leitura de palavra formada por sílabas
com padrão diferente do padrão consoante/vogal.
vermelho acima de 125 pontos
a cor vermelha indica que estudantes com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram as
habilidades que concorrem para a construção da competência de ler palavras.
competências descritas para este domínio
Estratégias de leitura
a concepção de linguagem que fundamenta o trabalho com a língua
materna no Ensino Fundamental é a de que a linguagem é uma
forma de interação entre os falantes. consequentemente, o texto
deve ser o foco do ensino da língua, uma vez que as interações entre
os sujeitos, mediadas pela linguagem, se materializam na forma de
textos de diferentes gêneros. o domínio “Estratégias de Leitura”
reúne as competências que possibilitam ao leitor utilizar recursos
variados para ler com compreensão textos de diferentes gêneros.
Localiza informação.
Identifica tema.
Realiza inferência.
Identifica gênero, função e destinatário de um texto.
Revista Pedagógica 29
loCAlizA infoRmAção0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
a competência de localizar informação explícita em textos pode ser considerada uma das mais
elementares. com o seu desenvolvimento o leitor pode recorrer a textos de diversos gêneros, buscando
neles informações de que possa necessitar. Essa competência pode apresentar diferentes níveis de
complexidade - desde localizar informações em frases, por exemplo, até fazer essa localização em textos
mais extensos - e se consolida a partir do desenvolvimento de um conjunto de habilidades que devem
ser objeto de trabalho do professor em cada período de escolarização. Isso está indicado, na Escala de
Proficiência, pela gradação de cores.
cinza 0 a 100 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 100 a 125 pontos
Estudantes que se encontram em um nível de proficiência entre 100 e 125 pontos localizam informações em
frases, pequenos avisos, bilhetes curtos, um verso. Esta é uma habilidade importante porque mostra que
o leitor consegue estabelecer nexos entre as palavras que compõem uma sentença, produzindo sentido
para o todo e não apenas para as palavras isoladamente. Na Escala de Proficiência, o desenvolvimento
desta habilidade está indicado pelo amarelo-claro.
amarelo-escuro 125 a 175 pontos
os estudantes que apresentam proficiência entre 125 e 175 pontos localizam informações em textos
curtos, de gênero familiar e com poucas informações. Esses leitores conseguem, por exemplo, a partir
da leitura de um convite, localizar o lugar onde a festa acontecerá ou ainda, a partir da leitura de uma
fábula, localizar uma informação relativa à caracterização de um dos personagens. Essa habilidade está
indicada, na Escala, pelo amarelo-escuro.
laranja-claro 175 a 225 pontos
os estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos localizam informações em textos mais extensos,
desde que o texto se apresente em gênero que lhes seja familiar. Esses leitores selecionam, dentre as
várias informações apresentadas pelo texto, aquela(s) que lhes interessa(m). Na Escala de Proficiência, o
laranja-claro indica o desenvolvimento dessa habilidade.
laranja-escuro 225 a 250 pontos
os estudantes com proficiência entre 225 e 250 pontos, além de localizar informações em textos mais
extensos, conseguem localizá-las, mesmo quando o gênero e o tipo textual lhe são menos familiares.
Isso está indicado, na Escala de Proficiência, pelo laranja-escuro.
vermelho acima de 250 pontos
a partir de 250 pontos, encontram-se os estudantes que localizam informações explícitas, mesmo
quando essas se encontram sob a forma de paráfrases. Esses estudantes já desenvolveram a habilidade
de localizar informações explícitas, o que está indicado, na Escala de Proficiência, pela cor vermelha.
30 Saepe 2012
idEnTifiCA TEmA0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
a competência de identificar tema se constrói pelo desenvolvimento de um conjunto de habilidades que
permitem ao leitor perceber o texto como um todo significativo pela articulação entre suas partes.
cinza 0 a 125 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 125 a 175 pontos
Estudantes que apresentam um nível de proficiência entre 125 e 175 pontos identificam o tema de um
texto desde que esse venha indicado no título, como no caso de textos informativos curtos, notícias de
jornal ou revista e textos instrucionais. Esses estudantes começam a desenvolver a competência de
identificar tema de um texto, fato indicado, na Escala de Proficiência, pelo amarelo-claro.
amarelo-escuro 175 a 225 pontos
Estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos fazem a identificação do tema de um texto, valendo-
se de pistas textuais. Na Escala de Proficiência, o amarelo-escuro indica este nível mais complexo de
desenvolvimento da competência de identificar tema de um texto.
laranja-claro 225 a 275 pontos
Estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos identificam o tema de um texto mesmo quando
esse tema não está marcado apenas por pistas textuais, mas é inferido a partir da conjugação dessas
pistas com a experiência de mundo do leitor. Justamente por mobilizar intensamente a experiência de
mundo, estudantes com este nível de proficiência conseguem identificar o tema em textos que exijam
inferências, desde que os mesmos sejam de gênero e tipo familiares. o laranja-claro indica este nível de
complexidade mais elevado da competência.
vermelho acima de 275 pontos
Já os estudantes com nível de proficiência a partir de 275 pontos identificam o tema em textos de tipo
e gênero menos familiares que exijam a realização de inferências nesse processo. Esses estudantes
já desenvolveram a competência de identificar tema em textos, o que está indicado na Escala de
Proficiência pela cor vermelha.
Revista Pedagógica 31
REAlizA infERÊnCiA0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Fazer inferências é uma competência bastante ampla e que caracteriza leitores mais experientes, que
conseguem ir além daquelas informações que se encontram na superfície textual, atingindo camadas
mais profundas de significação. Para realizar inferências, o leitor deve conjugar, no processo de
produção de sentidos para o que lê, as pistas oferecidas pelo texto aos seus conhecimentos prévios,
à sua experiência de mundo. Estão envolvidas na construção da competência de fazer inferências as
habilidades de: inferir o sentido de uma palavra ou expressão a partir do contexto no qual ela aparece;
inferir o sentido de sinais de pontuação ou outros recursos morfossintáticos; inferir uma informação a
partir de outras que o texto apresenta ou, ainda, o efeito de humor ou ironia em um texto.
cinza 0 a 125 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 125 a 175 pontos
o nível de complexidade desta competência também pode variar em função de alguns fatores: se o texto
apresenta linguagem não verbal, verbal ou mista; se o vocabulário é mais ou menos complexo; se o gênero
textual e a temática abordada são mais ou menos familiares ao leitor, dentre outros. Estudantes com proficiência
entre 125 e 175 pontos apresentam um nível básico de construção desta competência, podendo realizar
inferências em textos não verbais como, por exemplo, tirinhas ou histórias sem texto verbal, e, ainda, inferir o
sentido de palavras ou expressões a partir do contexto em que elas se apresentam. Na Escala de Proficiência,
o amarelo-claro indica essa etapa inicial de desenvolvimento da competência de realizar inferências.
amarelo-escuro 175 a 225 pontos
Estudantes que apresentam proficiência entre 175 e 225 pontos inferem informações em textos não
verbais e de linguagem mista, desde que a temática desenvolvida e o vocabulário empregado sejam
familiares. Esses estudantes conseguem, ainda, inferir o efeito de sentido produzido por alguns sinais de
pontuação e o efeito de humor em textos como, por exemplo, piadas e tirinhas. Na Escala de Proficiência,
o desenvolvimento dessas habilidades pelos estudantes está indicado pelo amarelo-escuro.
laranja-claro 225 a 275 pontos
Estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos realizam tarefas mais sofisticadas como inferir o sentido
de uma expressão metafórica ou efeito de sentido de uma onomatopeia; inferir o efeito de sentido produzido
pelo uso de uma palavra em sentido conotativo e pelo uso de notações gráficas e, ainda, o efeito de sentido
produzido pelo uso de determinadas expressões em textos pouco familiares e/ou com vocabulário mais
complexo. Na Escala de Proficiência o desenvolvimento dessas habilidades está indicado pelo laranja-claro.
vermelho acima de 275 pontos
Estudantes com proficiência a partir de 275 pontos já desenvolveram a habilidade de realizar inferências,
pois, além das habilidades relacionadas aos níveis anteriores da Escala, inferem informações em textos de
vocabulário mais complexo e temática pouco familiar, valendo-se das pistas textuais, de sua experiência
de mundo e de leitor e, ainda, de inferir o efeito de ironia em textos diversos, além de reconhecer o efeito
32 Saepe 2012
do uso de recursos estilísticos. o desenvolvimento das habilidades relacionadas a esta competência
está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha.
idEnTifiCA gÊnERo, fUnção E dESTinATáRio dE Um TEXTo0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
a competência de identificar gênero, função ou destinatário de um texto envolve habilidades cujo
desenvolvimento permite ao leitor uma participação mais ativa em situações sociais diversas, nas quais
o texto escrito é utilizado com funções comunicativas reais. Essas habilidades vão desde a identificação
da finalidade com que um texto foi produzido até a percepção de a quem ele se dirige. o nível de
complexidade que esta competência pode apresentar dependerá da familiaridade do leitor com o
gênero textual, portanto, quanto mais amplo for o repertório de gêneros de que o estudante dispuser,
maiores suas possibilidades de perceber a finalidade dos textos que lê. É importante destacar que o
repertório de gêneros textuais se amplia à medida que os estudantes têm possibilidades de participar
de situações variadas, nas quais a leitura e a escrita tenham funções reais e atendam a propósitos
comunicativos concretos.
cinza 0 a 100 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 100 a 175 pontos
Estudantes que apresentam um nível de proficiência de 100 a 175 pontos identificam a finalidade de
textos de gênero familiar como receitas culinárias, bilhetes, poesias. Essa identificação pode ser feita
em função da forma do texto, quando ele se apresenta na forma estável em que o gênero geralmente
se encontra em situações da vida cotidiana. Por exemplo, no caso da receita culinária, quando ela traz
inicialmente os ingredientes, seguidos do modo de preparo dos mesmos. além de identificarem uma
notícia. Na Escala de Proficiência esse início de desenvolvimento da competência está indicado pelo
amarelo-claro.
amarelo-escuro 175 a 250 pontos
aqueles estudantes com proficiência de 175 a 250 pontos identificam o gênero e o destinatário de textos
de ampla circulação na sociedade, menos comuns no ambiente escolar, valendo-se das pistas oferecidas
pelo texto, tais como: o tipo de linguagem e o apelo que faz a seus leitores em potencial. Na Escala de
Proficiência, o grau de complexidade desta competência está indicado pelo amarelo-escuro.
vermelho acima de 250 pontos
os estudantes que apresentam proficiência a partir de 250 pontos já desenvolveram a competência de
identificar gênero, função e destinatário de textos, ainda que estes se apresentem em gênero pouco
familiar e com vocabulário mais complexo. Esse fato está representado na Escala de Proficiência pela
cor vermelha.
Revista Pedagógica 33
ESTABElECE RElAçÕES lógiCo-diSCURSivAS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
a competência de estabelecer relações lógico-discursivas envolve habilidades necessárias para que
o leitor estabeleça relações que contribuem para a continuidade, progressão do texto, garantindo sua
coesão e coerência. Essas habilidades relacionam-se, por exemplo, ao reconhecimento de relações
semânticas indicadas por conjunções, preposições, advérbios ou verbos. ainda podemos indicar a
capacidade de o estudante reconhecer as relações anafóricas marcadas pelos diversos tipos de pronome.
o grau de complexidade das habilidades associadas a essa competência está diretamente associado
a dois fatores: a presença dos elementos linguísticos que estabelecem a relação e o posicionamento
desses elementos dentro do texto, por exemplo, se um pronome está mais próximo ou mais distante do
termo a que ele se refere.
cinza 0 a 150 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 150 a 200 pontos
os estudantes que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 150 a 200, começam a desenvolver a
habilidade de perceber relações de causa e consequência em texto não verbal e em texto com linguagem
competências descritas para este domínio
Processamento do texto
Neste domínio estão agrupadas competências cujo desenvolvimento
tem início nas séries iniciais do Ensino Fundamental, progredindo
em grau de complexidade até o final do Ensino médio. Para melhor
compreendermos o desenvolvimento destas competências,
precisamos lembrar que a avaliação tem como foco a leitura,
não se fixando em nenhum conteúdo específico. Na verdade,
diversos conteúdos trabalhados no decorrer de todo o período
de escolarização contribuem para o desenvolvimento das
competências e habilidades associadas a este domínio. chamamos
de processamento do texto as estratégias utilizadas na sua
constituição e sua utilização na e para a construção do sentido do
texto. Neste domínio, encontramos cinco competências, as quais
serão detalhadas a seguir, considerando que as cores apresentadas
na Escala indicam o início do desenvolvimento da habilidade, as
gradações de dificuldade e sua consequente consolidação.
Estabelece relações lógico-discursivas
Identifica elementos de um texto narrativo
Estabelece relações entre textos
distingue posicionamentos
Identifica marcas linguísticas
34 Saepe 2012
mista, além de perceberem aquelas relações expressas por meio de advérbios ou locuções adverbiais
como, por exemplo, de tempo, lugar e modo.
amarelo-escuro 200 a 250 pontos
No intervalo de 200 a 250, indicado pelo amarelo-escuro, os estudantes já conseguem realizar tarefas
mais complexas como estabelecer relações anafóricas por meio do uso de pronomes pessoais retos, e
por meio de substituições lexicais. acrescente-se que já começam a estabelecer relações semânticas
pelo uso de conjunções, como as comparativas.
laranja-claro 250 a 300 pontos
No laranja-claro, intervalo de 250 a 300 pontos na Escala, os estudantes atingem um nível maior de
abstração na construção dos elos que dão continuidade ao texto, pois reconhecem relações de causa
e consequência sem que haja marcas textuais explícitas indicando essa relação semântica. Esses
estudantes também reconhecem, na estrutura textual, os termos retomados por pronomes pessoais
oblíquos, por pronomes demonstrativos e possessivos.
vermelho acima de 300 pontos
os estudantes com proficiência acima de 300 pontos na Escala estabelecem relações lógico-semânticas
mais complexas, pelo uso de conectivos menos comuns ou mesmo pela ausência de conectores. a
cor vermelha indica o desenvolvimento das habilidades associadas a essa competência. É importante
ressaltar que o trabalho com elementos de coesão e coerência do texto deve ser algo que promova
a compreensão de que os elementos linguísticos que constroem uma estrutura sintática estabelecem
entre si uma rede de sentido, a qual deve ser construída pelo leitor.
idEnTifiCA ElEmEnToS dE Um TEXTo nARRATivo0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
os textos com sequências narrativas são os primeiros com os quais todos nós entramos em contato
tanto na oralidade quanto na escrita. daí, observarmos o desenvolvimento das habilidades associadas
a essa competência em níveis mais baixos da Escala de Proficiência, ao contrário do que foi visto na
competência anterior. Identificar os elementos estruturadores de uma narrativa significa conseguir dizer
onde, quando e com quem os fatos ocorrem, bem como sob que ponto de vista a história é narrada.
Essa competência envolve, ainda, a habilidade de reconhecer o fato que deu origem à história (conflito
ou fato gerador), o clímax e o desfecho da narrativa. Esses elementos dizem respeito tanto às narrativas
literárias (contos, fábulas, crônicas, romances...) como às narrativas de caráter não literário, uma notícia,
por exemplo.
cinza 0 a 150 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
Revista Pedagógica 35
amarelo-claro 150 a 175 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra entre 150 e 175 pontos na Escala nível marcado pelo amarelo-
claro, estão começando a desenvolver essa competência. Esses estudantes identificam o fato gerador de
uma narrativa curta e simples, bem como reconhecem o espaço em que transcorrem os fatos narrados.
amarelo-escuro 175 a 200 pontos
Entre 175 e 200 pontos na Escala, há um segundo nível de complexidade, marcado pelo amarelo-escuro.
Nesse nível, os estudantes reconhecem, por exemplo, a ordem em que os fatos são narrados.
vermelho acima de 200 pontos
a partir de 200 pontos, os estudantes agregam a essa competência mais duas habilidades: o
reconhecimento da solução de conflitos e do tempo em que os fatos ocorrem. Nessa última habilidade,
isso pode ocorrer sem que haja marcas explícitas, ou seja, pode ser necessário fazer uma inferência. a
faixa vermelha indica o desenvolvimento das habilidades envolvidas nesta competência.
ESTABElECE RElAçÕES EnTRE TEXToS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Esta competência diz respeito ao estabelecimento de relações intertextuais, as quais podem ocorrer
dentro de um texto ou entre textos diferentes. É importante lembrar, também, que a intertextualidade é
um fator importante para o estabelecimento dos tipos e dos gêneros, na medida em que os relaciona
e os distingue. as habilidades envolvidas nessa competência começam a ser desenvolvidas em níveis
mais altos da Escala de Proficiência, revelando, portanto, tratar-se de habilidades mais complexas, que
exigem do leitor uma maior experiência de leitura.
cinza 0 a 225 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 225 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 225 a 275 pontos
os estudantes que se encontram entre 225 e 275 pontos na Escala, marcado pelo amarelo-claro,
começam a desenvolver as habilidades desta competência. Esses estudantes reconhecem diferenças
e semelhanças no tratamento dado ao mesmo tema em textos distintos, além de identificar um tema
comum na comparação entre diferentes textos informativos.
amarelo-escuro 275 a 325 pontos
o amarelo-escuro, 275 a 325 pontos, indica que os estudantes com uma proficiência que se encontra
neste intervalo já conseguem realizar tarefas mais complexas ao comparar textos, como, por exemplo,
reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado assunto.
36 Saepe 2012
vermelho acima de 325 pontos
a partir de 325 pontos, temos o vermelho que indica o desenvolvimento das habilidades relacionadas a
esta competência. os estudantes que ultrapassam esse nível na Escala de Proficiência são considerados
leitores proficientes.
diSTingUE PoSiCionAmEnToS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
distinguir posicionamentos está diretamente associado a uma relação mais dinâmica entre o leitor e
o texto.
cinza 0 a 200 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 200 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 200 a 225 pontos
Esta competência começa a se desenvolver entre 200 e 225 pontos na Escala de Proficiência. os
estudantes que se encontram no nível indicado pelo amarelo-claro distinguem, por exemplo, fato de
opinião em um texto narrativo.
amarelo-escuro 225 a 275 pontos
No amarelo-escuro, de 225 a 275 pontos, encontram-se os estudantes que já se relacionam com o texto
de modo mais avançado. Neste nível de proficiência, encontram-se as habilidades de identificar trechos
de textos em que está expressa uma opinião e a tese de um texto.
laranja-claro 275 a 325 pontos
o laranja-claro, 275 a 325 pontos, indica uma nova gradação de complexidade das habilidades
associadas a esta competência. os estudantes cujo desempenho se localiza neste intervalo da Escala
de Proficiência conseguem reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um
determinado assunto.
vermelho acima de 325 pontos
o vermelho, acima do nível 325, indica o desenvolvimento das habilidades envolvidas nesta competência.
Revista Pedagógica 37
idEnTifiCA mARCAS lingUÍSTiCAS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Esta competência relaciona-se ao reconhecimento de que a língua não é imutável e faz parte do
patrimônio social e cultural de uma sociedade. assim, identificar marcas linguísticas significa reconhecer
as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e
históricas em que é utilizada. Esta competência envolve as habilidades de reconhecer, por exemplo,
marcas de coloquialidade ou formalidade de uma forma linguística e identificar o locutor ou interlocutor
por meio de marcas linguísticas.
cinza 0 a 125 pontos
os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.
amarelo-claro 125 a 175 pontos
os estudantes que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 125 a 175 pontos na Escala, começam a
desenvolver esta competência ao reconhecer expressões próprias da oralidade.
amarelo-escuro 175 a 225 pontos
No intervalo de 175 a 225, amarelo-escuro, os estudantes já conseguem identificar marcas linguísticas
que diferenciam o estilo de linguagem em textos de gêneros distintos.
laranja-claro 225 a 275 pontos
No intervalo de 225 a 275, laranja-claro, os estudantes apresentam a habilidade de reconhecer marcas
de formalidade ou de regionalismos e aquelas que evidenciam o locutor de um texto expositivo.
laranja-escuro 275 a 325 pontos
os estudantes que apresentam uma proficiência de 275 a 325 pontos, laranja-escuro, identificam
marcas de coloquialidade que evidenciam o locutor e o interlocutor, as quais são indicadas por
expressões idiomáticas.
vermelho acima de 325 pontos
a faixa vermelha, a partir do nível 325 da Escala de Proficiência, indica o desenvolvimento das habilidades
associadas a essa competência. o desenvolvimento dessas habilidades é muito importante, pois implica
a capacidade de realizar uma reflexão metalinguística.
38 Saepe 2012
Além disso, as competências e habilidades agrupadas nos Padrões não esgotam tudo aquilo que os estudantes
desenvolveram e são capazes de fazer, uma vez que as habilidades avaliadas são aquelas consideradas essenciais
em cada etapa de escolarização e possíveis de serem avaliadas num teste de múltipla escolha. Cabe aos
docentes, através de instrumentos de observação e registro utilizados em sua prática cotidiana, identificarem outras
características apresentadas por seus estudantes que não são contempladas pelos Padrões. isso porque, a despeito
dos traços comuns a estudantes que se encontram em um mesmo intervalo de proficiência, existem diferenças
individuais que precisam ser consideradas para a reorientação da prática pedagógica.
*o percentual de respostas em branco e nulas não foi contemplado na análise.
DesejávelBásicoElementar IIElementar I
PAdRÕES dE dESEmPEnHo ESTUdAnTil
os Padrões de desempenho são categorias
definidas a partir de cortes numéricos que
agrupam os níveis da Escala de Proficiência, com
base nas metas educacionais estabelecidas pelo
Saepe. Esses cortes dão origem a quatro Padrões
de desempenho – Elementar I, Elementar II,
básico e desejável –, os quais apresentam o perfil
de desempenho dos estudantes.
desta forma, estudantes que se encontram em um
Padrão de desempenho abaixo do esperado para
sua etapa de escolaridade precisam ser foco de
ações pedagógicas mais especializadas, de modo
a garantir o desenvolvimento das habilidades
necessárias ao sucesso escolar, evitando, assim, a
repetência e a evasão.
Por outro lado, estar no Padrão mais elevado
indica o caminho para o êxito e a qualidade da
aprendizagem dos estudantes. contudo, é preciso
salientar que mesmo os estudantes posicionados
no Padrão mais elevado precisam de atenção,
pois é necessário estimulá-los para que progridam
cada vez mais.
São apresentados, a seguir, exemplos de itens*
característicos de cada Padrão.
Revista Pedagógica 39
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
até 125 pontos
ElEmEnTAR i
Neste Padrão de desempenho, os estudantes já desenvolveram as habilidades
relativas à apropriação do código e começam a desenvolver habilidades, ainda muito
elementares, relativas à compreensão de textos.
Eles revelam ter desenvolvido algumas habilidades indicativas da participação em
eventos sociais e escolares de letramento. Eles identificam a finalidade e o gênero de
textos que circulam em contextos ligados à vida cotidiana, como bilhetes, receitas e
convites. Já conseguem, em textos simples, localizar informação explícita, identificar o
assunto, podendo, também, reconhecer expressões próprias da linguagem coloquial.
Isso mostra que ainda não podem ser considerados leitores autônomos, pois
necessitam, para isso, desenvolver habilidades que lhes permitam interagir de modo
mais com textos.
40 Saepe 2012
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
de 125 a 175 pontos
ElEmEnTAR ii
Neste Padrão, manifestam-se habilidades que evidenciam uma maior autonomia
de leitura de textos de alguns gêneros que circulam no contexto escolar e que
apresentam temáticas familiares aos estudantes. Nota-se que, neste Padrão, eles
realizam operações relativas à inferência de sentido de palavra ou expressão, de uso
de pontuação, de informações em texto com estrutura simples e de efeitos de humor.
também identificam a finalidade de textos.
Na apropriação de elementos que estruturam o texto, manifestam-se operações de
retomada de informações por meio de pronomes pessoais retos, por substituição
lexical e por reconhecimento de relações lógico-discursivas no texto, marcadas por
advérbios e locuções adverbiais.
constata-se, assim, que começam a desenvolver um leque habilidades que lhes
permitirá avançar para um nível mais complexo de leitura.
Revista Pedagógica 41
Leia o texto abaixo.
(P04459SI_SUP)
(P04459SI) De acordo com esse texto, por que soltar balões pode “acabar com a festa”?A) Porque os balões são soltos ao final das festas juninas.B) Porque a polícia pode exigir que a festa seja encerrada.C) Porque causam incêndios que assustam a população.D) Porque os balões só podem ser soltos durante o dia.
o item avalia a habilidade de inferir informação
num texto que conjuga linguagem verbal e não
verbal. o texto que serve de suporte ao item é
o cartaz de uma campanha de conscientização
sobre o perigo de soltar balões. a mensagem
do cartaz apresenta a ideia de que soltar balões
pode estragar a festa porque o fogo pode acabar
com tudo. mas essa relação de causalidade está
implícita no texto verbal e necessita da observação
do texto não verbal para ser inferida.
os estudantes que marcaram a alternativa a
provavelmente não compreenderam o texto, pois
não perceberam o alerta que ele faz sobre o perigo
de incêndios. Esse alerta pode ser compreendido
pela integração dos textos verbal e não verbal.
os estudantes que marcaram a alternativa b
observaram a figura do bombeiro diante da casa
em chamas, mas não compreenderam que a
advertência sobre estragar a festa se refere aos
incêndios. tal compreensão poderia se dar com
apoio do texto não verbal.
Estudantes que marcaram a alternativa c
demonstraram ter desenvolvido a habilidade avaliada
pelo item, pois inferiram corretamente sobre a
referência a “estragar a festa”. Para isso observaram
tanto o texto verbal quanto o texto não verbal.
os estudantes que assinalaram a alternativa d não
observaram a advertência feita pelo texto verbal
sobre o fato de que soltar balões é crime, sem
distinção do período do dia em que isso é feito.
55+45percentual de acerto
55,5%
A B C D
16,4% 14,6% 55,5% 11,5%
42 Saepe 2012
Leia o texto abaixo.
Iara
Iara, ou mãe-d’água, é uma sereia, metade mulher, metade peixe. É belíssima e seu canto enfeitiça os pescadores. Quando eles escutam o seu canto, mergulham no rio e são levados por ela. Alguns voltam para a terra; outros, não. Aqueles que retornam contam ter visto um maravilhoso palácio encantado.
BELLINGHAUSEN, Ingrid Biesemeyer. Personagens encantados. São Paulo: DCL, 2004. p. 13. (P050003EX_SUP)
(P050003EX) De acordo com esse texto, Iara é umaA) feiticeira. B) mãe.C) rainha.D) sereia.
a habilidade avaliada pelo item é a de localizar uma
informação que pode ser encontrada na superfície
textual, ou seja, que está explícita no texto. o texto
que dá suporte ao item é um trecho descritivo,
de um parágrafo, sobre a personagem folclórica
Iara. Neste trecho são apresentadas diversas
informações sobre a referida personagem e os
estudantes deverão localizar, dentre elas, aquela
solicitada no comando do item. tal informação
pode ser localizada na primeira linha do texto.
Estudantes que marcaram a alternativa a podem
ter observado a informação, apresentada na
segunda linha do texto, de que a Iara enfeitiça
os pescadores. No texto, entretanto, ela não é
descrita como uma feiticeira.
os estudantes que marcaram a alternativa b
provavelmente observaram a informação sobre
a outra denominação da Iara – mãe d’água, -
apresentada na primeira linha. Esses estudantes
demonstraram ter encontrado dificuldade em
compreender o texto, pois essa denominação não
tem a ver com o fato de a Iara ser mãe.
aqueles estudantes que marcaram a alternativa c
podem ter observado a informação, apresentada
na última linha do texto, de que os pescadores viam
um maravilhoso castelo quando eram arrastados
pela Iara para o fundo mar. No texto, entretanto, a
Iara não é descrita como uma rainha
os estudantes que marcaram a alternativa d
demonstraram ter desenvolvido a habilidade
avaliada pelo item, pois localizaram, na primeira
linha do texto, a informação solicitada.
62+38percentual de acerto
62,3%
A B C D
11,6% 19,2% 5,3% 62,3%
Revista Pedagógica 43
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
de 175 a 225 pontos
BáSiCo
os estudantes cujas médias de proficiência estão situados neste Padrão de
desempenho ampliam suas habilidades de leitura, sendo capazes de interagir com
textos de temática menos familiar e de estrutura um pouco mais complexa.
No que diz respeito à percepção de posicionamentos no texto, esses estudantes
conseguem distinguir fato de opinião e identificar a tese e os argumentos que
a defende.
Na apropriação de elementos que estruturam o texto, manifestam-se operações de
retomada de informações por meio de pronomes pessoais e, também, de indefinidos,
por substituição lexical e por reconhecimento de relações lógico-discursivas no
texto, marcadas por advérbios e locuções adverbiais e por marcadores de causa e
consequência.
No que diz respeito ao tratamento das informações globais, esses estudantes inferem
o assunto de textos de temática do cotidiano.
Revelam a capacidade de selecionar informações do texto, distinguindo a principal
das secundárias.
No campo da variação linguística, identificam interlocutores por meio das
marcas linguísticas.
com relação às operações inferenciais, eles depreendem informações implícitas, o
sentido de palavras ou expressões, o efeito do uso pontuação e de situações de humor.
além disso, reconhecem o efeito de sentido de notações em um texto de
linguagem mista.
Leia o texto abaixo.
5
10
Para a água, pinguins!
Um atrás do outro, os pinguins vão tomar banho.– Para o banho ! Para o banho! – cantarolam, alegres.Pinguinu caminha a passos arrastados.– Já tomei banho ontem. – resmunga. – Estou limpinho e o frio hoje está demais.– Vamos para a água! – grita mamãe-pinguim. – E imediatamente!– Nãoooo! – berra Pinguinu.– Atenção, olhe que o lobo branco vem comê-lo! – diz mamãe-pinguim.Rápido, Pinguinu salta na água e nada depressa.No banco de gelo, todos os pinguins riem, pois mamãe-pinguim pregou mais uma peça
no filhinho Pinguinu!VIDEAU, Valerie. 365 Histórias para Sonhar. São Paulo:Ciranda Cultural. 2009, p.15. (P030122C2_SUP)
(P030122C2) Nesse texto, o Pinguinu resolveu saltar na água porqueA) gostava de nadar.B) queria rir com os irmãos.C) sentia frio.D) tinha medo do lobo.
a habilidade avaliada pelo item é a de estabelecer
relações de causa e consequência entre as partes
de um texto. No texto em questão, os estudantes
devem compreender que a informação de que o
pinguim resolveu saltar na água está implicitamente
ligada à consequência da fala da mãe, quando
afirma que o lobo branco viria para comê-lo.
marcaram a alternativa a os estudantes que
entendem a ação do pinguim como advinda do
fato de que ele gostava de nadar. Esses estudantes
podem ter se prendido à parte do texto em que o
autor narra que os pinguins estão caminhando em
fila para tomar banho, desconsiderando as demais
informações que aparecem no texto.
os estudantes que escolheram a alternativa b
como resposta podem ter observado a informação,
que aparece na segunda linha do texto, de que os
pinguins cantarolam alegres, entendendo que o
pinguim queria se divertir com os irmãos. ou, ainda,
a que aparece ao final do texto em que o autor
descreve que os pinguins estão rindo da peça que
a mamãe pinguim pregou em seu filhote. Esses
estudantes não consideraram a sequência narrativa
para estabelecer a relação de causalidade solicitada
pelo comando do item, demonstrando que ainda
não desenvolveram a habilidade avaliada.
aqueles estudantes que assinalaram a alternativa c
a exemplo dos que optaram pela letra a, podem ter
pautado sua resposta numa informação específica,
desconsiderando o sentido global do texto, nesse
caso, a informação que aparece na quarta linha:
“Estou limpinho e o frio hoje está demais.” No texto,
o sentido atribuído à colocação sobre o frio é o
oposto ao sugerido pelo comando do item, ou seja,
o frio foi usado como justificativa exatamente para
que o pinguim não entrasse na água.
os estudantes que marcaram a alternativa d e
acertaram a tarefa entenderam que o pinguim só
saltou na água porque teve medo de virar comida
de lobo, demonstrando terem desenvolvido a
habilidade avaliada.
54+46percentual de acerto
53,7%
A B C D
14,3% 11,2% 19,2% 53,7%
44 Saepe 2012
Leia o texto abaixo.
5
10
15
20
A história do brinquedo
Desde tempos antigos, os brinquedos tiveram um importante papel na vida das crianças. Por milhares de anos crianças brincaram com brinquedos dos mais variados tipos. Bolinhas de gude foram usadas por crianças no continente africano há milhares de anos. Na Grécia Antiga e no Império Romano, brinquedos comuns eram barquinhos e espadas de madeira, entre os meninos, e bonecas, entre meninas. Durante a Idade Média, fantoches eram brinquedos muito comuns entre as crianças.
Até o final do século XIX, a maioria dos brinquedos era fabricada em casa, ou fabricada artesanalmente. A partir da segunda metade do século XX, vários países criaram leis que proíbem a venda de brinquedos considerados perigosos – por exemplo, por conterem materiais tóxicos ou partes que se soltam facilmente – ou que não possuem claros avisos – por exemplo: “ATENÇÃO! Não recomendado para menores de três anos por conter partes pequenas que podem ser engolidas pela criança”. Tais leis também dão ao governo o direito de recolher do mercado todos os produtos que não atendem às especificações necessárias.
Como todo produto industrializado, o brinquedo também tem a sua embalagem. No começo de sua industrialização, os brinquedos tinham caixas de madeira, depois surgiu o papelão e, com a descoberta do plástico, esse material assumiu primordial importância na elaboração das embalagens.
Por volta de 1910, os brinquedos diminuíram de tamanho e, assim, foi possível utilizar papelão em suas caixas. No começo, eram caixas simples apenas com uma etiqueta lateral para indicação do conteúdo. Com o aprimoramento dos processos de impressão, foi possível a colocação de rótulos.
Disponível em: <http://www.ki-legalbrinquedos.com.br>. Acesso em: 25 dez. 2009. (P050071B1_SUP)
(P050071B1) De acordo com esse texto, na Grécia Antiga e no Império Romano, brinquedos comuns eramA) fantoches.B) barquinhos e espadas de madeira.C) bolinhas de gude e barquinhos.D) carrinhos.
Revista Pedagógica 45
a habilidade avaliada pelo item é a de localizar uma
informação que pode ser encontrada na superfície
textual, ou seja, que está explícita no texto. o texto
que serve de suporte ao item é um texto informativo
que apresenta várias informações sobre a história
do brinquedo. a informação que o estudante deverá
localizar se encontra ao final do primeiro parágrafo
e diz respeito aos brinquedos que eram comuns na
grécia antiga e no Império Romano.
os estudantes que marcaram a alternativa a
localizaram a última informação do primeiro
parágrafo, que faz referência ao fantoche como
o brinquedo mais usado na Idade média, e não
na grécia antiga e no Império Romano, como
especificado no comando do item.
os estudantes que marcaram a alternativa b
demonstram ter desenvolvido a habilidade avaliada,
uma vez que reconheceram os “barquinhos” e as
“espadas de madeira” como os brinquedos comuns
na grécia antiga e no Império Romano.
os estudantes que optaram pela alternativa c
como resposta identificaram corretamente o
barquinho, mas desconsideraram que a presença
do brinquedo “bolinha de gude”, que era comum
entre as crianças do continente africano. Esses
estudantes não leram o texto globalmente para
localizar a informação solicitada no item.
aqueles estudantes que optaram pela alternativa d
como resposta provavelmente fizeram sua escolha
com base em seu conhecimento de mundo, sem
buscar no texto a informação solicitada, uma vez
que nele não há referência a esse brinquedo.
48+52percentual de acerto
48,5%
A B C D
14,8% 48,5% 24,8% 9,1%
46 Saepe 2012
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
acima de 225 pontos
dESEjávEl
Neste Padrão de desempenho encontram-se habilidades mais elaboradas, exigindo dos estudantes uma
autonomia de leitura em face das atividades cognitivas que lhes são exigidas e, também, dos textos
com os quais irão interagir. Esses estudantes já interagem com textos expositivos e argumentativos com
temáticas conhecidas e são capazes de identificar informações parafraseadas e distinguir a informação
principal das secundárias.
Em relação ao conhecimento das relações que conjunções, preposições, pronomes e advérbios
estabelecem para que o texto se construa coeso e coerente, produzindo os efeitos de sentido pretendidos
pelo autor, os estudantes reconhecem essas relações estabelecidas no texto, expressas por advérbios
e por conjunções, inclusive as de causa e de consequência. também recuperam informações em textos
por meio de referência pronominal (além dos pronomes pessoais e dos indefinidos, acrescentem-se os
pronomes demonstrativos e os possessivos). Recuperam, ainda, informações referenciais baseadas na
omissão de um item, elipse de uma palavra, um sintagma ou uma frase.
Quanto à variação linguística, os estudantes identificam expressões próprias de linguagem técnica e científica.
No que se refere à intertextualidade, fazem a leitura comparativa de textos que tratam do mesmo tema,
revelando um avanço no tratamento das informações presentes no texto.
o processo inferencial, durante a leitura, é feito por esses estudantes pelo reconhecimento do tema
do texto; do sentido de expressões complexas; do efeito de sentido decorrente do uso de notações
em textos que conjugam duas ou mais linguagens; do efeito de sentido decorrente do uso de recursos
morfossintáticos. observa-se, assim, uma ampliação das ações inferenciais realizadas pelos estudantes
que apresentam um desempenho que os posiciona neste Padrão.
com relação à leitura global de textos, os estudantes conseguem identificar a tese e os argumentos
que a sustentam; reconhecem a função social de textos fabulares e de outros com temática científica,
identificando, ainda, sua finalidade.
Percebe-se, pois, que os estudantes que se localizam neste Padrão de desempenho já desenvolveram
habilidades a uma leitura autônoma.
Revista Pedagógica 47
Leia o texto abaixo.
5
10
A origem do rio Solimões
Há muitos anos a Lua era noiva do Sol, que com ela queria se casar, mas, se isso acontecesse, se chegassem a se casar, destruir-se-ia o mundo. O amor ardente do Sol queimaria o mundo e a Lua com suas lágrimas inundaria toda a Terra. Por isso, não puderam se casar. A Lua apagaria o fogo. O Sol evaporaria toda a água.
Separaram-se, então, a Lua para um lado e o Sol para o outro. Separaram-se. A Lua chorou todo o dia e toda a noite; foi então que as lágrimas correram por cima da Terra até o mar. O mar embraveceu e, por isso, não pode a Lua misturar as lágrimas com as águas do mar, que meio ano corre para cima e meio ano para baixo.
Foram as lágrimas da Lua que deram origem ao nosso Rio Amazonas, também chamado de Rio Solimões.
LISBOA, Henriqueta. Literatura oral para a infância e a juventude – lendas, contos e fábulas populares no Brasil. São Paulo: Petrópolis, 2002. p. 31. (P050433ES_SUP)
(P050433ES) Qual é o fato que dá origem a essa história?A) A braveza do mar com a Lua.B) A separação da Lua e do Sol.C) O incêndio provocado pelo Sol.D) O noivado da Lua e do Sol.
48 Saepe 2012
Esse item avalia a habilidade de o estudante
identificar o conflito gerador de uma narrativa.
Nesse texto, o estudante deverá compreender
que há vários elementos e fatos que compõem
a história, mas que somente um é aquele que
desencadeia toda a narrativa.
os estudantes que optaram pela alternativa a
podem ter se baseado somente na informação
presente no trecho “o mar embraveceu” e a
consideraram como o fato desencadeador da
narrativa. Este trecho, entretanto, é uma descrição
de como o mar ficou após a separação da Lua e do
Sol, e não o fato que dá origem à história.
os estudantes que marcaram a alternativa b como
resposta demonstram ter compreendido que o
conflito da narrativa ocorre no momento em que
a Lua e o Sol se separam. a partir desse momento
é que começam as ações que culminam com o
desfecho da história.
os estudantes que escolheram a alternativa c
possivelmente entenderam que o fato apresentado
nesta alternativa – um incêndio provocado pelo
Sol – seria o conflito gerador, sem perceber
que tal fato faz parte do início da descrição dos
acontecimentos, mas não se trata do conflito
gerador das demais ações.
os estudantes que escolheram a alternativa d
podem ter considerado que o conflito gerador
seria o primeiro fato descrito na narrativa, em
“a Lua era noiva do Sol”. Esses estudantes não
compreenderam que essa informação não é o fato
que desencadeou os demais eventos da narrativa,
e sim uma descrição dos personagens que faz
parte do início do texto.
51+49percentual de acerto
50,8%
A B C D
14,5% 50,8% 8,5% 24,9%
Revista Pedagógica 49
Leia o texto abaixo.
Disponível em: <http://www.telaquente.com.br>. Acesso em: 12 set. 2009. (P050053B1_SUP)
(P050053B1) No primeiro quadrinho, as palavras foram escritas com letras grandes paraA) destacar uma informação importante.B) indicar que o texto está começando.C) mostrar que as crianças gritavam.D) mostrar que várias crianças falaram.
a habilidade avaliada pelo item é a de inferir o
sentido de uma determinada notação num texto
que conjuga linguagem verbal e não verbal.
Neste caso, a notação são as letras em tamanho
maior e mais escuras numa tirinha, indicando que
as personagens estão gritando, o que pode ser
compreendido com o auxílio da expressão das
personagens, com bocas muito abertas.
os estudantes que marcaram a alternativa a, não
observaram a expressão dos personagens ao
fazerem sua escolha.
aqueles estudantes que marcaram a alternativa
b fizeram sua escolha provavelmente porque a
notação citada no comando do item é apresentada
no primeiro quadro. Esses estudantes não
consideraram o contexto da história em quadrinhos.
os estudantes que marcaram a alternativa c
demonstraram ter desenvolvido a habilidade
avaliada, pois reconheceram o sentido das letras
maiores e mais escuras na história em quadrinhos.
Para isso, conjugaram os elementos do texto
verbal ao texto não verbal: a imagem das crianças.
os estudantes que marcaram a alternativa d
observaram que o balão de fala está na direção de
todas as crianças da cena, mas não observaram
a expressão das crianças – a boca muito aberta,
indicando que estão gritando. Esses estudantes
não fizeram, portanto, uma leitura adequada do
texto não verbal.
43+57percentual de acerto
43%
A B C D
18,7% 14,2% 43% 21,9%
50 Saepe 2012
3
os resultados desta escola no Saepe 2012 são apresentados sob seis aspectos, sendo que quatro deles estão impressos
nesta revista. os outros dois, que se referem aos resultados do percentual de acerto no teste, estão disponíveis no Cd
anexo à coleção e no Portal da Avaliação, pelo endereço eletrônico www.saepe.caedufjf.net. o acesso aos resultados,
no Portal da Avaliação, é realizado mediante senha enviada ao gestor da escola.
oS RESUlTAdoS dESTA ESColA
Revista Pedagógica 51
RESUlTAdoS diSPonÍvEiS no PoRTAl dA AvAliAção
• Percentual de acerto por descritor:
apresenta o percentual de acerto no teste para cada uma das habilidades avaliadas.
Esses resultados são apresentados por gRE, município, escola, turma e estudante.
• Resultados por estudante:
é possível ter acesso ao resultado de cada estudante na avaliação, sendo informado o
Padrão de desempenho alcançado e quais habilidades ele possui desenvolvidas em
língua Portuguesa para a 4ª série/5º ano do Ensino fundamental. Essas são informações
importantes para o acompanhamento de seu desempenho escolar.
RESUlTAdoS imPRESSoS nESTA REviSTA
• Proficiência média
apresenta a proficiência média desta escola. É possível comparar a proficiência com
as médias do estado, da gerência Regional de Educação (gRE) e do município. o
objetivo é proporcionar uma visão das proficiências médias e posicionar a escola em
relação a essas médias.
• Participação
Informa o número estimado de estudantes para a realização do teste e quantos,
efetivamente, participaram da avaliação no estado, na gRE e na escola.
• Percentual de estudantes por Padrão de desempenho
Permite acompanhar o percentual de estudantes distribuídos por Padrões de
desempenho na avaliação realizada pelo estado.
• Percentual de estudantes por nível de proficiência e Padrão de desempenho
apresenta a distribuição dos estudantes ao longo dos intervalos de proficiência
no estado, na gRE e na escola. os gráficos permitem identificar o percentual de
estudantes para cada nível de proficiência em cada um dos Padrões de desempenho.
Isso será fundamental para planejar intervenções pedagógicas, voltadas à melhoria do
processo de ensino e à promoção da equidade escolar.
52 Saepe 2012
4
o artigo a seguir apresenta uma sugestão para o trabalho de um tópico em sala de aula. A proposta é que o
caminho percorrido nessa análise seja aplicado para outras habilidades. Com isso, é possível adaptar as estratégias
de intervenção pedagógica ao contexto escolar no qual atua para promover uma ação focada nas necessidades
dos estudantes.
dESEnvolvimEnTo dE HABilidAdES
Revista Pedagógica 53
54 Saepe 2012
"Toda tarefa didática
contribui para
imprimir na mente dos
estudantes quais tipos
de comportamento
cognitivo devem ser
adotados diante dos
diferentes exercícios e
avaliações pedidas. "
A lEiTURA noS AnoS iniCiAiS do EnSino fUndAmEnTAl
um dos objetivos das didáticas para o ensino da leitura de textos
escritos é o de definir atividades que ajudem os estudantes a
desenvolverem estratégias para realizar leituras de qualidade, a
tornarem-se leitores assíduos e a terem uma relação prazerosa com os
textos que leem. a concretização desse objetivo é facilitada quando
se propõe, para a aula de leitura, um relacionamento entre os saberes
que os estudantes trazem de sua vida cotidiana e os conhecimentos
que os textos a serem lidos oferecem. Se considerarmos que o bom
leitor é aquele que raciocina e reflete enquanto lê, as ações didáticas
que promovem o intercâmbio entre texto e leitor valorizam e legitimam
a interpretação dos estudantes sobre os textos lidos, conferindo
sentido e finalidade para os seus atos de leitura.
Entretanto, muito embora não haja quem discorde dessas afirmações,
o ensino de leitura continua se baseando na suposição de que
se define um bom leitor mensurando quanta informação explícita
do texto ele consegue recuperar – algo que apenas perpassa
superficialmente a relação do ser humano com os textos escritos.
Essa afirmação se comprova ao se verificar que a grande maioria
das atividades de leitura dos livros didáticos de língua materna
e também de outras disciplinas, como, por exemplo, história e
geografia, que baseiam a transmissão de conhecimentos na
leitura, concentram-se no recorte-colagem de conteúdos, ou
seja, na reprodução de informações explícitas dos textos. E, para
a avaliação das respostas, o gabarito do livro ou outro material
disponível é sempre tido como o certo, e tratam-se como erradas
as respostas diferentes. uma das justificativas para a alta incidência
dessas perguntas é o fato de que, para alguns autores, não é
produtivo elaborar atividades de leitura baseadas em informações
não explícitas no texto, porque nesses casos seria difícil definir a
exatidão e a correção das respostas dos estudantes.
Revista Pedagógica 55
os outros tipos de questão de leitura dos livros didáticos, geralmente,
giram em torno de opiniões pessoais dos estudantes sobre os textos.
algumas dessas perguntas sequer necessitam que os estudantes os
tenham lido para que possam ser respondidas, e para elas se aceita
toda resposta que for oferecida, o que reforça a impressão de que
em leitura não há parâmetros objetivos de avaliação.
ora, toda tarefa didática contribui para imprimir na mente dos
estudantes quais tipos de comportamento cognitivo devem ser
adotados diante dos diferentes exercícios e avaliações pedidas. as
tarefas de leitura, particularmente, ajudam a construir e consolidar
uma determinada ideia do que é ler e de quais processos cognitivos
a pessoa executa enquanto lê. Informam, também, quais tipos de
respostas são importantes em avaliações de interpretação de texto.
tal realidade, se discutida à luz do fato de que toda leitura inclui
inferências, interferências e intertextualidades por parte de quem
lê, mostra-nos que tarefas que apenas solicitam cópia-colagem
de informações explícitas, reforçando assim o entendimento da
leitura como reprodução de informações, contribuem para que
os estudantes não reconheçam o seu próprio raciocínio como
leitores, e não descubram, assim, sua própria competência cognitiva
e linguística.
a baixa qualidade do ensino de leitura, causada, entre outros motivos,
por um entendimento equivocado de que a pessoa, ao ler, apenas
captura e repete as informações dos textos, produz na mente dos
estudantes e agentes escolares uma visão que homogeneizadora
dessas informações, como se todas elas estivessem num mesmo
plano, e como se novas ideias também não pudessem emergir a partir
das leituras realizadas. Esse tratamento homogeneizador acarreta,
em última instância, os dois problemas centrais de competência e
habilidade nos procedimentos de leitura que conduzem aos resultados
insatisfatórios nas avaliações oficiais do Ensino Fundamental no brasil.
o primeiro problema é a não separação entre as informações
que, durante a leitura, advêm dos dados do texto, e as que são
fruto de inferências, pressuposições e acionamento de esquemas
de conhecimento de mundo realizadas pelos estudantes. muitos
estudantes afirmam que está localizada no texto uma determinada
ideia que é fruto da sua reflexão sobre o material lido; assim, ao supor
56 Saepe 2012
"Tarefas de leitura:
tarefas que abarquem
todos os níveis de
leitura possíveis;
tarefas que despertem
nos estudantes a
consciência das suas
ações cognitivas
enquanto eles estão
lendo, para que eles
possam alcançar a
sua autonomia como
leitores. "
que toda percepção da leitura vem do texto, eles não identificam as
suas próprias inferências.
o segundo problema é a não distinção qualitativa entre as
informações dos textos, o que impede os estudantes de observarem
quais informações textuais são centrais e quais são periféricas,
tanto nas narrativas quanto em textos dissertativos e descritivos.
Esse problema é agravado por um ensino de gramática muitas
vezes precário, que não auxilia os estudantes a compreenderem
que marcas gramaticais, como tempos verbais, pronomes pessoais,
subordinação, entre outras, são importantes para diferenciar, dentre
as informações de um texto, o que é figura do que é fundo, o
que é fato do que é opinião, o que é acontecimento de o que é
circunstância etc.
tendo-se como premissas esses dois problemas, a definição
das ações e estratégias que visem a melhorar didaticamente
a qualidade da leitura entre os estudantes brasileiros, a fim de
ajudá-los a desenvolverem uma consciência sobre o seu próprio
processo de leitura, pode seguir dois caminhos que se articulam
intimamente, em termos de formulação de tarefas de leitura: tarefas
que abarquem todos os níveis de leitura possíveis; tarefas que
despertem nos estudantes a consciência das suas ações cognitivas
enquanto eles estão lendo, para que eles possam alcançar a sua
autonomia como leitores. tais tarefas podem constituir um mesmo
planejamento de atividades, podendo inclusive estar presentes em
um mesmo enunciado.
a formulação de atividades preocupada com esses dois aspectos
pode proporcionar nos estudantes o entendimento de que a
detecção das informações do texto é apenas uma das ações de
leitura, e de que o raciocínio do ser humano é uma peça fundamental
para o seu amadurecimento como leitor e para o seu aprendizado.
desenvolvimento de habilidades na sala de aula
as questões conceituais mais importantes relacionadas à leitura
como ação cognitiva dizem respeito aos diferentes níveis de
leitura e ao amadurecimento e construção da autonomia do leitor.
tais questões estão diretamente relacionadas ao tratamento dado
Revista Pedagógica 57
"Ao não reconhecer
que estão não
apenas repetindo
dados do texto,
mas efetivamente
associando a eles as
suas próprias ideias,
os estudantes não têm
a noção de que estão
fazendo inferências
e incorporando muito
mais informações do
que as explicitadas."
às informações de um texto por parte do leitor, portanto algumas
habilidades e competências importantes, relativamente a esses
tópicos, dirão respeito à localização e à distinção qualitativa das
informações no texto. três dessas habilidades, a saber, localizar
informações explícitas em um texto, inferir uma informação implícita
em um texto e distinguir um fato da opinião relativa a esse fato, têm
seus aspectos desenvolvidos abaixo.
Quanto à localização de informações explícitas em um texto e as
ideias implícitas que podem ser realizadas a partir da sua leitura, tem-
se o conhecimento de que as pesquisas relacionadas à capacidade
de leitura dos estudantes revelam que eles são habilidosos em
reproduzir as informações do texto, por conta, provavelmente, da
assimilação das tarefas didáticas de leitura, que se limitam a essa
ação. Entretanto, esses mesmos estudantes, quando perguntados
sobre o seu interesse pela leitura e sobre a sua compreensão dos
significados e ideias dos textos, não demonstram terem se envolvido
com o material escrito, nem fazem associações entre os fatos e ideias
dos textos e as suas próprias. Isso acontece porque não se dá um
tratamento didático para a administração dos conhecimentos prévios
que os estudantes empregam para interagir com os textos. dessa
forma, ao não reconhecer que estão não apenas repetindo dados do
texto, mas efetivamente associando a eles as suas próprias ideias,
os estudantes não têm a noção de que estão fazendo inferências e
incorporando muito mais informações do que as explicitadas . aliás,
os estudos em processamento da leitura mostram que o que a mente
de fato compreende a partir do que lê são as informações implícitas
– as pressuposições, as inferências, os esquemas de conhecimento
de mundo –, e não os dados explícitos. Em função disso, quando
perguntados acerca da origem de alguma inferência que manifestaram
ter feito, eles respondem que a ideia se encontra no texto, o que de
forma alguma é o caso. diante desses resultados, é importante não
perder de vista o fato de que o nível de leitura direcionado para a
reprodução de informações é importante, mas não é suficiente para
que os estudantes possam realizar leituras de qualidade, que sejam
reflexivas, responsivas e se baseiem na troca entre conhecimentos
prévios e as informações do texto.
Quanto à distinção entre fatos e opiniões, habilidade ligada não
apenas à localização, mas também ao valor dessas informações para
a construção das ideias-chave do texto, as questões em foco dizem
58 Saepe 2012
"A atividade didática
de leitura que se
proponha a cobrir
todas as possibilidades
de aprofundar a
leitura de um texto
deve conter tarefas
relacionadas a esses
quatro níveis."
respeito à capacidade de observar o material textual em termos das
diferentes importâncias atribuídas às diversas informações que ele
traz, e ao uso das informações dos textos para fundamentar opiniões
sobre ele. Levando em conta a limitação das atividades didáticas de
leitura ao seu nível básico, o entendimento da leitura como mera
reprodução de informações explícitas faz com que o estudante trate
todas as informações do texto como qualitativamente iguais, não
percebendo que no texto muitas vezes fatos são narrados e descritos,
e qualificações, opiniões, em suma, intervenções de todo tipo são
levantadas sobre esses fatos. Nem as marcas linguísticas dessas
diferenças, a saber, diferentes usos de classes de palavras, tempos
e modos verbais, pronomes, orações subordinadas e coordenadas,
são percebidas.
o desenvolvimento das competências relacionadas, de um lado,
à distinção entre material textual implícito e as leituras inferenciais
(num sentido amplo), e, de outro lado, à distinção qualitativa entre
os dados dos textos, está ligado ao reconhecimento de que a leitura
de textos escritos se faz em diferentes níveis, enumerados a seguir:
1. Leitura literal: reprodução, ou seja, cópia-colagem de
informações explícitas do texto.
2. Leitura de baixo nível inferencial: manipulação das informações
explícitas. Pode consistir de:
• Paráfrases das informações do texto;
• Recuperação das relações lógicas entre as ideias: causa-
consequência, meio-fim, premissa-conclusão etc.
• detecção de informações que são secundárias no texto e
distinção entre essas informações e as que são relevantes;
• Especulações sobre fatos, consequências ou causas dos
fatos etc.
3. Leitura de alto nível inferencial: articulação entre informações
do texto e conhecimento prévio do estudante, com distinção
consciente entre esses dois universos. Elaboração de conclusões
lógicas e reflexões sobre dados do texto.
4. Leitura reflexiva global: leitura com reflexões sobre o texto
como um todo.
Revista Pedagógica 59
o que estamos estabelecendo aqui é que a atividade didática
de leitura que se proponha a cobrir todas as possibilidades de
aprofundar a leitura de um texto deve conter tarefas relacionadas
a esses quatro níveis. outro dado importante também é que tais
tarefas devem ser elaboradas de tal forma que o estudante precisa
ser conscientizado das ações cognitivas que ele está empregando
para realizá-las. Essa determinação é importante para que, na mente
dos estudantes, desenvolva-se uma compreensão clara da natureza
dos objetivos possíveis para o ato de ler, o que, em última instância,
representa um interesse e uma autonomia maior dos estudantes
diante das suas tarefas de aprendizado.
Proposta de atividade
as ações didáticas voltadas para promover uma maior qualidade da
leitura de textos escritos na escola e fora dela e uma maior possibilidade
de os estudantes interferirem sobre as suas próprias leituras, estão
diretamente voltadas para o estímulo ao reconhecimento, por parte
do estudante, das ações que está realizando e dos elementos que
entram em jogo durante a sua leitura. o estímulo sistemático desse
reconhecimento pode ser realizado progressivamente em todas
as séries do Ensino Fundamental, até que, na 8ª série/9º ano, os
estudantes estejam habituados a todos os tipos de perguntas. o
importante é respeitar a ordem das perguntas relativamente aos
diferentes níveis de leitura nas atividades didáticas relacionadas aos
diferentes gêneros textuais, cuidar para que as tarefas cubram todos
os níveis, e informar aos estudantes, em cada atividade, sobre as
fontes das informações em discussão – se provêm do texto ou do seu
conhecimento prévio – e das ações cognitivas que eles empreendem
para construir as respostas pedidas.
a seguir, é apresentado como exemplo uma atividade de leitura a
partir do texto “carta do Pleistoceno”, de marina colasanti. Essa
atividade apresenta tarefas que abarcam, de forma progressiva,
os quatro níveis de leitura do texto, trazendo para o estudante a
possibilidade de que ele compreenda a finalidade de cada atividade
e quais mecanismos cognitivos de construção de significado estão
sendo empregados para que ela seja realizada. Por essa razão, é
importante que o professor explicite ao estudante de que tipo de
60 Saepe 2012
pergunta se trata e qual a sua finalidade, em termos de qualidade
de leitura.
deve-se salientar que o que se verá abaixo são atividades-
modelo, que servem como indicações para os professores, por
isso os enunciados de questões a serem diretamente aplicadas
aos estudantes devem ser elaborados em função dos seus
conhecimentos linguísticos prévios.
Revista Pedagógica 61
Carta do Pleistoceno
Marina Colasanti
Senhores cientistas,
Quem daqui lhes escreve – daqui não sendo o além exatamente
mas uma espécie de ponto de vista – é o mamute. o mamute, aquele
que vocês trouxeram recentemente à luz lá pelos lados da Rússia – à
luz ofuscante dos flashes e dos holofotes de tv, é bom que se diga,
porque uma certa luz fraca e opalinada me alcançou sempre através
do gelo. E escrevo porque chegou-me a notícia – como chegam
depressa as notícias nesse tempo vosso! – de que estão tentando
me clonar.
Estão planejando tirar um pedaço de mim, daquilo que vocês
chamam de dNa, manipulá-lo de alguma maneira que para meu
cérebro parece assaz complicada, mas que deveria se concluir com
a minha presença implantada num óvulo de elefanta, decorrente
gravidez, e posterior nascimento.
Peço-lhes encarecidamente que não façam isso. Poderia invocar
os direitos do autor pois, embora mínimo, qualquer pedaço de mim
me pertence, mas receio não estar coberto por vossas leis autorais.
apelo então para aqueles sentimentos caridosos que dizeis habitar
vosso coração. E para o bom senso, que infelizmente nem sempre
tem esse mesmo endereço.
Estou, como os meus semelhantes, extinto desde o Pleistoceno.
boas razões tivemos para sumir, embora ainda não pudéssemos
prever o que vocês aprontariam no planeta. Não sumimos sozinhos.
outras coisas se foram desde então, outros animais. aparentemente
não fizeram falta. Nosso erro, talvez, foi ter deixado o retrato nas
paredes das cavernas. Sem querer, alimentamos saudades. E agora
nos querem de volta. mas, nascido outra vez, o que faria eu?
62 Saepe 2012
Único de minha espécie, que função me dariam vocês depois de me
fazerem atravessar à força 200 mil anos? uma jaula de zoológico ou
um viveiro de laboratório? Serviria para o turismo ou como cobaia?
Seria uma peça de museu viva ou criatura que escapou de algum
desses filmes de que vocês tanto gostam? E quem embolsaria o
cachê pelo uso da minha imagem?
No meu mundo, os homens que me caçavam com suas armas de
pontas de pedra me temiam, quase como a um deus, e à noite, ao
redor do fogo, falavam de mim com reverência. No mundo de vocês
eu seria apenas um monstro que não inspira respeito a ninguém.
um monstro solitário, sem sequer a possibilidade de apaixonar-me
por uma loura e carregá-la para o alto do Empire State building. um
monstro condenado à vida.
E como explicar, à elefanta de quem eu nasceria, nosso
estranho parentesco?
o desmonte daquilo que fui já começou, antes mesmo do sequestro
do meu dNa. Plantado no gelo durante séculos como uma árvore
submersa, permaneci, até vossa chegada, com a dignidade de um
ser grandioso. Eu era uma estátua da minha era. Intacto. Soberbo.
Logo acabaram com isso. Sequer tiveram a elegância de serrar inteiro
o bloco que me continha. Serraram apenas o que lhes interessava,
a porção que me manteria congelado. os dentes deixaram de fora.
E assim retangular, como uma embalagem de leite ou uma caixa de
polpa de tomate em que alguém tivesse cravado dois garfos, fui
içado por um guindaste diante dos olhos do mundo. Eu já não era
uma estátua, era um container.
Sei que para vocês eu nem mereço qualquer explicação, mas digam-
me, qual é exatamente sua intenção? Esquecendo o brilhareco
científico, suspeito que queiram trazer o passado de volta, com a
desculpa de estudá-lo diretamente.
Revista Pedagógica 63
mas se fomos extintos é porque já não nos encaixávamos nas
condições ao redor – a evolução ejeta seus antigos parceiros.
Para realmente trazer-nos de volta seria preciso clonar muito mais
do que o meu dNa, seria preciso duplicar tudo aquilo que nos
mantinha vivos. E uma vez recriado aquele universo, como vocês se
encaixariam nele?
Permitam-me uma última pergunta: encontrando restos do homo
sapiens dos quais fosse possível retirar o dNa, tentariam vocês
igualmente implantá-lo no ventre de uma mulher do século vinte e um?
(colasanti, m. a casa das palavras. São Paulo: ática, 2004, p. 17-19)
1. Perguntas de leitura literal:
• Qual a causa apontada no texto para a extinção dos mamutes?
• como a autora descreve no texto o processo de clonagem
do mamute?
• como está apresentada no texto a situação do mamute, se ele
revivesse, clonado, nos dias atuais?
2. Perguntas de baixo nível inferencial:
i. Paráfrases das informações do texto:
• Segundo o texto, quais são as consequências da clonagem de
espécies pré-históricas? Responda sem transcrever trechos
do texto.
• compare a importância que, de acordo com o texto, o mamute
tinha para os nossos ancestrais na época pré-histórica, e qual
teria agora. Na sua resposta, preocupe-se em não transcrever
partes do texto.
64 Saepe 2012
• Segundo o autor “mamute”, a clonagem de animais não é a
única ação necessária para que eles voltem a existir. Quais
são, segundo as informações do texto, as outras ações que
precisam ser realizadas além da clonagem?
ii. Recuperação das relações lógicas entre as ideias:
a conjunção mas sempre sinaliza uma relação entre ideias em que
se constrói uma possibilidade, ou hipótese, que não é concretizada.
Levando isso em conta, explique como essa relação acontece com
o uso do mas no terceiro parágrafo, considerando não apenas as
ideias que essa conjunção está ligando, mas também a relação entre
essas ideias e as informações do texto.
ao discutir as leis da natureza relacionadas à extinção, o mamute
afirma que “se fomos extintos é porque já não nos encaixávamos nas
condições ao redor”. ao usar a primeira pessoa do singular, a que
espécies ele se refere? aos mamutes? aos animais pré-históricos?
ou a algum outro conjunto de espécies da terra? Justifique sua
resposta usando dados do texto, mas sem copiar suas partes.
iii. Detecção de informações que são secundárias no texto e
distinção entre essas informações e as que são relevantes:
No início do texto, o mamute menciona que está “extinto desde o
Pleistoceno”. Logo abaixo, ele prevê que, no século vinte e um, ele
seria “apenas um monstro que não inspira respeito a ninguém”. Qual
dessas duas informações é mais importante para o desenvolvimento
do texto? Justifique sua resposta.
de que forma a maneira como o mamute foi retirado do gelo em que
permaneceu intacto por milênios está relacionada aos problemas
apontados no texto? Justifique a sua resposta.
Revista Pedagógica 65
iv. Especulações sobre fatos, consequências ou causas dos
fatos etc.
Por que motivo a carta do mamute está endereçada aos cientistas,
e não às pessoas leigas em relação ao assunto “clonagem”? Que
dados do texto levaram você a elaborar a sua resposta?
o que pode ter levado o mamute a reconhecer que não merece dos
cientistas uma explicação para a forma como foi tratado? Fundamente
sua resposta com informações do texto.
a partir dos problemas resultantes da clonagem apresentados
pelo mamute, o “autor” do texto, apresente reflexões sobre as
consequências da ação imaginada por ele no último parágrafo
do texto.
3. Perguntas de alto nível inferencial:
como se pode entender a expressão “condenado à vida”, usada
no texto? Responda comparando essa expressão com aquela
que a inspirou: “condenado à morte”. apresente sua resposta
fundamentando em informações oferecidas pelo texto.
Em sua “carta”, o mamute resume o processo iniciado com a sua
descoberta em meio ao gelo e desenvolvido com a sua clonagem
como “desmonte daquilo que sou”. Explique com suas palavras,
mas usando informações do texto, o que permite ao mamute usar
essa expressão.
4. Perguntas reflexivas globais:
o texto acima é argumentativo, ou seja, apresenta uma tese que é
defendida com argumentos que precisam ser consistentes para serem
comprendidos e aceitos. É interessante notar que, embora manifeste
um pedido, a tese do texto não é diretamente compreendida como
66 Saepe 2012
tal, mas é uma ideia que deve ser inferida a partir das falas do suposto
autor da carta: o mamute. diante desse fato, observe as três ideias
abaixo, que podem ser encontradas no texto, mas apenas uma delas
é a sua tese. aponte essa ideia e justifique a sua escolha, dizendo
também por que as outras ideias não podem ser consideradas o
argumento central do texto que você leu.
» muitos cientistas estão mais preocupados com a fama e a
admiração das pessoas do que com as possibilidades de
benefícios das suas descobertas para o desenvolvimento
da humanidade.
» as descobertas científicas não podem ser realizadas sem
a consciência dos seus efeitos e consequências para a
humanidade e o planeta.
» a inteligência do homo sapiens pode levar a feitos
extraordinários, como por exemplo trazer novamente à vida
espécies já extintas.
as informações do texto giram em torno do tema “extinção”, que
na terra pode acontecer por causas naturais ou por intervenção
humana.
» Qual é o tipo de extinção discutido pelo mamute, o “autor” do
texto? Justifique sua resposta.
» de que forma esse tipo se difere do outro tipo de extinção?
Revista Pedagógica 67
EXPERiÊnCiA Em foCo
Professores de todas as áreas precisam ter
consciência da importância da avaliação para que se
estruturem os processos de mudança
A ESColA ConqUiSTAndo ESPAçoS
Professora acredita que
avaliação externa possibilita
mudanças no ambiente escolar
Empenho, vocação e jogo de cintura. dessa forma,
Ivaneide de Souza oliveira trabalha há 14 anos
como professora. graduada em Letras e Pós-
graduada em Língua vernácula, ela atua na Rede
Estadual de ensino de Pernambuco. mas esse
caminho dedicado à educação vem sendo traçado
desde a infância.
“Sempre tive muita facilidade em ensinar
ou explicar os assuntos porque tenho muita
paciência”, conta Ivaneide. trabalhando em
uma escola com 377 estudantes matriculados e
com uma equipe de 16 professores, ela acredita
que é necessário saber resolver as questões do
cotidiano e incentivar os estudantes a vencerem
os obstáculos que aparecem. “a grande maioria
dos jovens da comunidade que trabalho concluía
o Ensino médio e não tinha oportunidade de
emprego, nem perspectiva de ingressar nas
universidades”, afirma, ressaltando a necessidade
de os estudantes descobrirem o prazer na leitura.
No entanto, essa é uma realidade que vem sofrendo
alterações. Para a professora, a implantação
de novas políticas públicas voltadas para a
educação está contribuindo para que o jovem
encontre outras perspectivas, tanto de trabalho
quanto de educação. “hoje, percebemos que é
crescente o número de jovens que ingressam nas
universidades públicas”, continuando assim seu
processo de formação.
Avaliação externa: uma ferramenta estratégica
Para vencer esses desafios, é preciso ter
resiliência. Em uma região onde predominam
atividades ligadas ao setor de turismo e essa é
a principal fonte de renda da população de mais
de 300 mil habitantes, o desafio da professora é
Ivaneide de Souza Oliveira Professora de Língua Portuguesa
68 Saepe 2012
insistir no comprometimento dos estudantes com
o processo de aprendizagem.
É nesse ponto que a avaliação externa se torna
uma importante ferramenta estratégica para as
atividades implantadas pela escola. “o resultado
obtido é fundamental para encontrar soluções que
amenizem os desafios existentes em sala de aula”,
acredita. através da análise dos indicadores de
resultado, a avaliação permite que os professores
revejam os conteúdos planejados e possam
detectar os pontos de maior dificuldade dos
estudantes. mas, para que eles reflitam a realidade,
é preciso que toda a comunidade escolar esteja
unida em torno da avaliação. “Professores de todas
as áreas precisam ter consciência da importância
da avaliação para que se estruturem os processos
de mudança. É importante também levar os
estudantes a se engajarem no processo avaliativo
da sala de aula, de tal modo que a avaliação
participativa desmistifique a avaliação final como
um modelo único”. dessa forma, é possível
estabelecer metas para o ensino e acompanhar se
elas serão atingidas.
Publicações auxiliam trabalho pedagógico
Ivaneide conta que os Padrões de desempenho
determinados pelo seu estado têm grande
utilidade pedagógica. “Nós empregamos esses
Padrões para nortear as estratégias. além disso,
os resultados são utilizados para termos um
parâmetro, pois trazem um comparativo com os
resultados obtidos no estado”. Quando a escola
não atinge determinado indicador, isso é uma
preocupação e logo a escola foca para melhorar
a área apontada.
a professora costuma planejar atividades com seus
estudantes a partir dos resultados publicados na
Revista Pedagógica. “Intervenções pedagógicas
melhoram o desempenho dos estudantes”, afirma.
as ações são pensadas a partir de cada análise:
projetos de leitura, literatura e peças teatrais.
Partindo dos resultados obtidos no ano de 2011,
foi criado o projeto Em cena. a primeira edição
trabalhou com a obra de machado de assis.
Estudantes do 2º ano fizeram leituras de textos
machadianos e apresentaram a peça teatral o
Relógio de ouro. No ano seguinte, a literatura
infantil de monteiro Lobato foi apresentada
aos estudantes do 1º ano, que realizaram um
esquete baseado no Sítio do Pica-pau amarelo.
“as apresentações aconteceram na escola,
envolvendo todos os estudantes. também levamos
o texto e os personagens do Sítio para uma creche
em nosso bairro, extrapolando os limites da escola
e realizando uma ação social”, finaliza.
CooRdEnAção gERAl do SAEPEMARIA EPIFÂNIA DE FRANÇA GALVÃO VALENÇA
EqUiPE PEdAgógiCAELIEZER CARLOS PIRESHEROCILDA DE OLIVEIRA ALVESJEANNE AMÁLIA DE ANDRADE TAVARESMARCOS ANTÔNIO HELENO DUARTEMARIA JOSÉ FERREIRA FRANÇAMÔNICA MARIA CAMPELO MELOVÂNIA RODRIGUES PEREIRA
EqUiPE dE ESTATÍSTiCA, AnáliSE E divUlgAção doS RESUlTAdoSANDRÉ LUIZ MAIA DE SENA MELOISABELLA DE FÁTIMA SILVA GUEDESJOSUÉ PAULO SANTIAGO JUNIORPATRÍCIA DANTAS BARBOSAPEDRO ALVINO BARATAJOANNA D’ARC COSTA DE BARROS E SILVA
PRESidEnTE ESTAdUAlHORÁCIO FRANCISCO DOS REIS FILHO
ComiSSão dA UndimE-PEMARIA DO SOCORRO DE ARAÚJO GOMES
REiToR dA UnivERSidAdE fEdERAl dE jUiz dE foRAHENRIQUE DUQUE DE MIRANDA CHAVES FILHO
CooRdEnAção gERAl do CAEdLINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA
CooRdEnAção TéCniCA do PRojEToMANUEL FERNANDO PALÁCIOS DA CUNHA E MELO
CooRdEnAção dA UnidAdE dE PESqUiSATUFI MACHADO SOARES
CooRdEnAção dE AnáliSES E PUBliCAçÕESWAGNER SILVEIRA REZENDE
CooRdEnAção dE inSTRUmEnToS dE AvAliAçãoRENATO CARNAÚBA MACEDO
CooRdEnAção dE mEdidAS EdUCACionAiSWELLINGTON SILVA
CooRdEnAção dE oPERAçÕES dE AvAliAçãoRAFAEL DE OLIVEIRA
CooRdEnAção dE PRoCESSAmEnTo dE doCUmEnToSBENITO DELAGE
CooRdEnAção dE dESign dA ComUniCAçãoJULIANA DIAS SOUZA DAMASCENO
RESPonSávEl PElo PRojETo gRáfiCoEDNA REZENDE S. DE ALCÂNTARA
PERNambuco. Secretaria de Educação de Pernambuco.
SaEPE – 2012/ universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, caEd.
v. 1 ( jan/dez. 2012), Juiz de Fora, 2012 – anual.
aRaÚJo, carolina Pires; mELo, manuel Fernando Palácios da cunha e; oLIvEIRa, Lina Kátia mesquita de; REzENdE, Wagner Silveira.
conteúdo: Revista Pedagógica de Língua Portuguesa – 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental.
ISSN 1948-560X
cdu 373.3+373.5:371.26(05)