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Jornal da ABI Órgão oficial da Associação Brasileira de Imprensa 347 NOVEMBRO 2009 EDIÇÃO EXTRA

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Jornal da ABIÓrgão oficial da Associação Brasileira de Imprensa

347NOVEMBRO

2009

ED IÇÃO EXTRA

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200 Anos da Imprensa no Brasil

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EDITORIAL

Nosso jornalismo,desde 1808

MAURÍCIO AZÊDOPRESIDENTE DA ABI

A COMEMORAÇÃO DOS 100 ANOS DA ABI,transcorridos em 7 de abril de 2008, co-incidiu com a celebração dos 200 anosda criação da imprensa no Brasil, a qualteve dois marcos que agora foram evo-cados com a ênfase devida – o surgi-mento de A Gazeta do Rio de Janeiro,que veio à luz em 10 de setembro de1808 e que durante quase dois sécu-los foi festejada como o primeiro órgãode imprensa aparecido entre nós, e o lan-çamento do Correio Braziliense, que o ga-úcho Hipólito José da Costa Furtado de Men-donça passou a editar em Londres a partir de l de ju-nho desse ano marcante da vida nacional.

OS DOIS VEÍCULOS TINHAM PERFIL editorial e gráfico distintos etambém cumpriam papéis diferentes nas comunidades a que sedestinavam. A Gazeta era a folha oficial da Corte, dedicada à pu-blicação de notícias e informações de interesse da administraçãocolonial, incluindo as transações das monarquias européias paraampliar ou consolidar seu poder, através dos casamentos de con-veniência que seus hierarcas concertavam. O Correio de Hipólitotinha ambições políticas e institucionais de largueza maior, pois sedevotava à causa da independência do Brasil e mantinha forteengajamento nas questões que pudessem resultar, num futuropróximo, no fortalecimento econômico do Brasil soberano comque se sonhava.

DECORRERAM QUASE DOIS SÉCULOS PARA que se concedesse aoCorreio Braziliense o reconhecimento de que foi ele, por uma di-ferença de uns poucos meses, o precursor da imprensa no Brasil,o veículo que afinal pôde ser considerado como o primeiro criadono País, embora editado e impresso no exterior. Desde setembrode 1999, por força da Lei nº 9.83l, o lº de junho que assistiu aoaparecimento do jornal de HIPÓLITO é celebrado como o Dia Na-cional da Imprensa, que faz justiça àquele que durante 14 anos,sobrevivendo do comércio em território londrino, colocou em letrade forma, com regularidade e nitidez, a ambição de ver sua pátrialivre e próspera.

A LEMBRANÇA DESSES PRIMÓRDIOS Énecessária quando se cuida, como faz apresente edição do Jornal da ABI, de re-produzir e atualizar informações acer-ca da evolução da imprensa no Brasilao longo destes dois séculos. Em inú-meros momentos, a imprensa feita noPaís oscilou entre o oficialismo transmi-

tido longinquamente pela Gazeta do Riode Janeiro, a que não se negam virtudes agora

reconhecidas por destacados estudos histó-ricos, e oirredentismo, a ânsia de autonomia que

marcou o jornalismo engajado de Hipólito da Costa.A despeito desse pecado original, a imprensa pôde plas-

mar o Brasil que temos hoje, contribuir de forma vigorosa para adefinição do Estado e da sociedade que seríamos e somos, com nossasgrandezas e nossas misérias, nossos motivos de orgulho e, também,de frustração e vergonha pela existência de injustiças sociais e de-sigualdades econômicas, regionais e sociais que o esforço coletivonão logrou atenuar ou eliminar.

COMO SE VERÁ NAS PÁGINAS que se seguem, estão presentes nestalonga caminhada da imprensa traços que vêm dos seus primeirosanos, como a defesa da autonomia nacional nas lutas da indepen-dência; a coragem de jornalistas de enfrentar a repressão e a bruta-lidade do poder; a pregação incessante em favor da liberdade de im-prensa e da liberdade de expressão; a preocupação com o desenvol-vimento econômico e o progresso cultural do País; a renovaçãopermanente de contribuições decisivas para a formação e a preser-vação da nossa identidade nacional. Ver-se-á, também, que a cami-nhada se fez com tropeços, com violentos e prolongados momentosde repressão, desde os enfrentamentos que opuseram os defensoresdo partido brasileiro – a esquerda de que fala Nélson Werneck Sodré– aos arrebatamentos discricionários de Dom Pedro I, ele própriojornalista, às privações impostas a jornalistas e jornais pela intole-rância que se seguiu à Revolução de 30, pelo arbítrio transformadoem doutrina de Estado pelo Estado Novo e pela ditadura militar 1964-1985, pela incompreensão de segmentos da sociedade de que nãoexiste jornalismo a favor. Como disse Millôr Fernandes: jornalismoé oposição; o resto é armazém de secos e molhados

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200 Anos da Imprensa no Brasil

1706Os primeiros passos da palavra impressa no Brasilaconteceram no século XVIII. Há registro de maisde 300 obras de autores nascidos em territóriobrasileiro, incluindo não apenas livros, masimpressos anônimos, relatando festejos eacontecimentos, antologias e índices, além dealguns manuscritos inéditos de autores clássicos.Entretanto, grande parte desse material veio defora. A censura prévia aos impressos era exercida deforma drástica pelo poder civil (Ordinário eDesembargo do Paço) e pelo eclesial (Santo Ofício).E oficinas e prelos eram proibidos. Em 1706,instalou-se no Recife uma pequena tipografia paraimpressão de letras de câmbio e orações devotas. ACarta Régia de 8 de junho do mesmo ano logotratou de liquidar a tentativa. Quarenta anosdepois, nova tentativa, dessa vez no Rio de Janeiro.Antônio Isidoro da Fonseca, impressor em Lisboa,transferiu-se à colônia, trazendo na bagagem omaterial tipográfico com o qual montou suapequena oficina. Imprimiu alguns trabalhos, mas ametrópole rapidamente abortou o empreendimento.Além dessas experiências, os jesuítas instalaram, nocomeço desse século, quatro tipografias na regiãodas Missões, próximas aos Rios Paraná e Uruguai,em territórios hoje pertencentes à Argentina e aoParaguai, contíguos com o Brasil.

1778Desde esse ano, a Gazeta de Lisboa já circulava naAmérica portuguesa, inclusive no Rio de Janeiro.Antes disso, há notícia de que o mesmo já ocorriadurante o governo do Marquês de Pombal (1750-1777) com os 15 periódicos existentes em Portugal.

1808Depois de deixar Portugal para escapar das tropasnapoleônicas que se aproximavam de Lisboa, aesquadra portuguesa chega a Salvador, na Bahia, nodia 22 de janeiro. Transporta 15 mil pessoas, dentreas quais a Família Real. Em 28 de janeiro, o PríncipeRegente D. João assina o Decreto de Abertura dosPortos às Nações Amigas. Com a chegada da Corteno mês de março ao Rio de Janeiro, a capital doEstado do Brasil torna-se também capital do Reinode Portugal. Entre outras disposições, são abertas

escolas, instaladas fábricas em Minas Gerais e SãoPaulo e autorizado o funcionamento de tipografiascom a criação da Imprensa Régia, em maio.Estavam dadas as condições básicas para o início daimprensa no Brasil, mesmo que a censura e ooficialismo continuassem a varrer a sociedade.

Em 1º de junho é lançado o Correio Brazilienseou Armazém Literário, primeiro periódicopublicado por um brasileiro, HIPÓLITO

DA COSTA (à direita). Apesar de serconsiderado o marco inicial doperiodismo no Brasil, o jornal erafeito e impresso em Londres, naInglaterra. Mensal, tinha de 96 a150 páginas, formato in 8º.Abaixo do título, trazia os versosde Camões: “Na quarta partenova os campos ara / E se maismundo houvera lá chegara”. Naseção de Política, publicavadocumentos oficiais, nacionais eestrangeiros; em Comércio e Artes,vinham informações sobre negóciosdo Brasil e internacionais; Literaturae Ciências continha textos cominformações científicas e literárias, livrose críticas; Miscelânea apresentava matéria variada,informações do Brasil e de Portugal e polêmicas;Reflexões, novidades do mês e comentários; eCorrespondência, a comunicação recebida, assinadageralmente por anônimos, estranhos ou genteusando pseudônimos. Em seus 175 números, oCorreio só falou sobre questões da Inglaterraquando diziam respeito a Portugal e ao Brasil. Emdezembro de 1822, com a independência, Hipólitoda Costa deu sua missão como concluída e deixoude editar o jornal.

Três meses depois, em 10 de setembro, épublicada a GAZETA DO RIO DE JANEIRO (ao lado),primeiro periódico oficial impresso no Brasil.Diferente do Correio Braziliense, uma brochuradensa, de capa azul escuro, preço mais alto e muitomais doutrinário que informativo, a Gazeta separecia mais com um embrião dos jornaismodernos, saindo com periodicidade mais curta,formato peculiar aos órgãos impressos daqueletempo, poucas páginas e preço menor. Mais do quedoutrinar, informava sobre a vida administrativa e amovimentação social do Reino. Era censurada pelaCorte e dirigida por um funcionário do Ministériodas Relações Exteriores, Frei Tibúrcio da Rocha. Aotodo, são publicadas 32 edições normais e 19extraordinárias, com vendas avulsas em livrarias eassinaturas com entrega domiciliar. Os anúncios, aprincípio, eram gratuitos, mas com o tempo passama ser pagos. Sua última edição circulou em 31 dedezembro de 1821, quando foi sucedida peloDiário do Governo.

1811Em Salvador, antiga capital colonial, surge A Idaded’Ouro do Brasil, o primeiro publicado na Bahia.Escrito pelo bacharel Diogo Soares da Silva e pelopadre Inácio José de Macedo, ambos portugueses, ojornal circulava às terças ou sextas, tinha quatropáginas e formato in 4º .

Com a finalidade de se contrapor ao CorreioBraziliense, lido no Brasil e no exterior, o governode D. João estimula a publicação, a partir de

Londres, de O Investigador Português, depoissucedido por O Contemporâneo. Em 1814, outrosjornais independentes seriam editados no exteriore dirigidos também ao Brasil, como O Português ouMercúrio Político, Comercial e Literário e OCampeão Português.

1812Divulgando discursos, extratos de História

antiga e moderna, viagens, trechos deautores clássicos e anedotas, entre

outros ensaios de cultura, surge AsVariedades ou Ensaios deLiteratura, que dura dois anos eé considerada a primeira revistabrasileira.

1817A 6 de março eclode aRevolução Pernambucana ouRevolução dos Padres. Motivada

pela crise econômica da região eo absolutismo monárquico

português, e inspirada pelas idéiasdo Iluminismo, pela primeira vez no

Brasil se fala em uma Constituiçãorepublicana e em liberdade de imprensa.

1821A censura no Brasil é implacável. A situaçãocomeça a melhorar em 28 de agosto, quando, sobefeito da Revolução Portuguesa do Porto e dasCortes Constitucionais de Lisboa, em defesa dasliberdades públicas, o Príncipe Regente Dom Pedrodecreta o fim da censura prévia, tornando livre apalavra escrita.

Defendendo “a causa do rei e da nação”, élançada em 27 de março, em Pernambuco, a AuroraPernambucana.

Em 1º de junho surge o Diário do Rio de Janeiro,fundado e redigido pelo português Zeferino Vito deMeireles. Ao trazer relatos criminais,movimentação portuária, publicidade, leilões,venda e fuga de escravos, sendo omisso emquestões políticas, torna-se o primeiro jornalinformativo a circular no Brasil. Sairá até 1878.

Em 4 de agosto surge na Bahia o DiárioConstitucional, que mais tarde se transforma em OConstitucional. Junto com outros jornais locais,trava a primeira campanha eleitoral brasileira.

No dia 15 de setembro, é publicado na capital oprimeiro jornal político brasileiro, o RevérberoConstitucional Fluminense, de Gonçalves Ledo. Deoposição e clamando por um governo liberal contraos “interesses dinásticos lusitanos”, o veículo setornaria o órgão doutrinário da independênciabrasileira.

Luís Augusto May funda, em 18 de dezembro, noRio de Janeiro, A Malagueta. Político, ao estilopasquim, aparecia uma ou duas vezes por semana e,em geral, trazia um único artigo. A luta políticaacirrava-se.

1822Após a Corte portuguesa deixar o Brasil em 1821,instaura-se um processo que levará D. Pedro adeclarar a independência em 7 DE SETEMBRO DE

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1822. O ano da independência ficou marcado pelagrande tensão política vigente. Isso levou tambémao surgimento de um grande número de periódicos,na capital e nas províncias.

No dia 10 de abril, o português naturalizado JoãoSoares Lisboa lança o Correio do Rio de Janeiro,destacando “a convocação de uma AssembléiaConstituinte”. Preso em outubro e exilado poroito anos em Portugal, Lisboa ainda voltaria aoRio para relançar seu jornal. Depois de outraprisão, acaba em Pernambuco, lutando naConfederação do Equador.

Pioneiro da imprensa libertária no Brasil,Cipriano Barata de Almeida lança em abril, noRecife, o Sentinela da Liberdade, primeiro jornalrepublicano brasileiro. É preso, mas continuaeditando da cadeia a publicação, que passa a sechamar Sentinela da Liberdade na Guarita dePernambuco, Atacada e Presa na Fortaleza do Brumpor Ordem da Força Armada Reunida. Transferidopara a Bahia e depois para o Rio, Barata editava aSentinela por onde fosse. Assim vieram a Sentinelada Liberdade à Beira Mar da Praia Grande, NaGuarita do Quartel General de Pirajá na Bahia deTodos os Santos, Presa na Guarita de Villegagnon noRio de Janeiro e diversas outras. Republicava ojornal e era preso novamente.

A influência de Barata foi profunda. OutrasSentinelas surgiram imitando a sua, entre elas aSentinela da Liberdade à Beira Mar da Praia GrandeRefugiada em Buenos Aires, de Grandona, quecombatia Dom Pedro I no Rio da Prata; a Sentinelada Liberdade na Guarita ao Norte da Barra de SãoPedro do Sul, antimonárquica e incitadora darebelião farroupilha; a Sentinela Maranhense naGuarita do Pará, de Vicente Ferreira Lavor, oPapagaio, propagadora da Cabanagem, e Sentinelado Serro, de Teófilo Otoni.

1823A Constituinte instalada em maio é dissolvida emnovembro. A imprensa volta novamente a estar sobcensura. Dom Pedro I promulga nesse ano aprimeira Lei de Imprensa no Brasil, baseada na lei

portuguesa e punindo a veiculação de materialcontra a Igreja Católica.

Minas Gerais ganha seu primeiro jornal, OCompilador. Em São Paulo acontece o mesmo.Porém, como não havia prelo na província, OPaulista é feito à mão, com amanuenses pagos poruma sociedade patriótica. Um sistema quelembrava o dos copistas medievais.

Em abril, ainda no Recife, o Frei Joaquim doAmor Divino Caneca lança o Typhis Pernambucano,defendendo a liberdade de imprensa, condenando aescravidão e criticando o “jovem príncipe, semcaráter, rodeado de lisonjeiros, inimigosencarniçados do Brasil”. Frei Caneca morreriafuzilado em 13 de janeiro de 1825, no Recife, apósa derrota na Confederação do Equador.

Ao final do ano, a imprensa liberal e de oposiçãoestá praticamente liquidada. Apenas os veículosáulicos sobrevivem.

1824Como reação à política centralizadora e autoritáriade Dom Pedro I e à Constituição outorgada por ele,acontece no Nordeste a Confederação do Equador,movimento revolucionário comviés autonomista e republicano.

Em 1º de abril, começa acircular em Fortaleza o Diáriodo Governo do Ceará, primeirojornal da então província.

1825Em Recife, no dia 7 denovembro, é fundado o jornalDiário de Pernambuco, o maisantigo ainda em circulação naAmérica Latina.

1827Em tempos de agitação, aimprensa acompanha a cisãopolítica na sociedade e divide-seem direita conservadora, direita

liberal e esquerda liberal. A direita conservadoracongregará os órgãos da antiga imprensa áulica,agora chamada de absolutista; a direita liberal,aqueles que defenderão a monarquiaconstitucional; a esquerda liberal congregará boaparte dos mais importantes jornalistas da época. Acensura é interrompida e surgem os pasquins, quedominarão a imprensa nacional nas duas décadasseguintes. (Os conceitos de direita e esquerda paraa época são de Nélson Werneck Sodré em suaHistória da Imprensa no Brasil.)

São Paulo ganha seu primeiro jornal, desta vezimpresso: O Farol Paulistano.

Em 1º de junho começa a circular no Rio Grandedo Sul o oficialesco Diário de Porto Alegre.

É lançada no Rio a primeira publicação femininado Brasil, o Espelho Diamantino – Periodico dePolítica, Literattura, Bellas Artes, Theatro e ModasDedicado as Senhoras Brasileiras. Logo no editorialde seu primeiro número, seu fundador, o francêsPierre Plancher, deixa claro que “manter as mulheresem um estado de estupidez”, “pouco acima dosanimais domésticos”, era “uma empresa tão injustacomo prejudicial ao bem da humanidade”.

Em 1 de outubro, o mesmoPierre Plancher funda o JORNAL

DO COMMERCIO do Rio deJaneiro (ao lado), em circulaçãoaté hoje.

Também no Rio de Janeiro,em 21 de dezembro, começa acircular a Aurora Fluminense.

1828Depois de acirrados debates,começam a funcionar os cursosjurídicos de São Paulo e deOlinda.

1829Dom Pedro I usa o DiárioFluminense como seu mais forte

1706~1829O ano da independência marcou o surgimento de um grande número de periódicos, na capital e nas províncias.R

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canal de manifestação. Nele, denunciava supostoscrimes de imprensa daqueles que o combatiam etambém utilizava e excedia as mesmas armas elinguagem para atacar seus adversários. “Temosrazões bem fortes para clamar aos nossosconcidadãos que se ponham em guarda contra assugestões desses gritadores Universais, Astros depestífera influência, Faróis que só conduzem aestuosos cachopos, Astréias sem justiça, sem pejo esem tino, e outros cometas de mau gosto”, disse oDiário certa vez, referindo-se aos jornais que nãoparavam de surgir e crescer.

Em agosto, Luís Augusto May, redator de AMalagueta, é agredido de forma brutal no Rio erecebe o apoio de outros jornais de mesma linha,como a Aurora Fluminense, a Astréia e a Nova LuzBrasileira.

O médico italiano Giovanni Baptista Líbero Badarócria em São Paulo, em 23 de outubro, o jornal OObservador Constitucional, revolucionando a cidade,hostilizando o bispo, o ouvidor e o presidente eentrando logo na luta pela liberdade de imprensa.

1830No dia 20 de novembro, às 22 horas, quandovoltava para sua casa, LÍBERO BADARÓ (à esquerda)

é interpelado por quatro alemãesque queriam lhe entregar umacorrespondência que traria

provas contra o ouvidorCândido Ladislau Japiaçu.

Sem suspeitar de que setratava de uma cilada,Badaró ouve o grupo,

recebe forte tiro de bacamartee tomba mortalmente ferido.

Em seu leito de morte,proferiria uma frase queficaria famosa: “Morreum liberal, mas nãomorre a liberdade”.

1831Depois de ser hostilizado em fevereiro, em umaviagem a Minas Gerais, Dom Pedro I volta à capital,em março, e é recebido por forte oposição popular.Os conflitos entre apoiadores e opositores têm seuauge no dia 13, com a Noite das Garrafadas. Semcondições de manter o poder, Dom Pedro I abdicado trono no dia 7 de abril.

Observa-se a multiplicação dos pasquins naimprensa brasileira. Caracterizados por um estilopanfletário e extremamente engajados na vidapolítica, esses jornais, em geral, eram pequenos etraziam nomes bastante estranhos como oRepublico e o Pirilampo Popular. Com vida umtanto efêmera, usavam se fosse preciso delinguagem virulenta e até de calúnias. Guiadospela onipresente paixão doutrinária, depois doperíodo regencial, passariam a defender causascomo o abolicionismo e a República. “Se osprogressos da imprensa fossem os degraus certosdum termômetro para o adiantamento dacivilização, podíamos nos felicitar do nossoavanço, pois que de quatro anos para cá o númerodas publicações periódicas tem quadruplicado noBrasil. Em 1827, eram 12 ou 13. Hoje, já são 54;destas, 16 pertencem à Corte”, analisava O Beija-Flor, em seu quarto número.

Aparece no jornal humorístico Carcudão, deRecife, a primeira caricatura impressa no Brasil.

Em outubro é publicado no Rio de Janeiro oSemanário Político, Industrial e Comercial, a primeirarevista exclusivamente econômica do País.

1832Em 5 de novembro, Evaristo Ferreira da Veiga,redator da Aurora Fluminense, sofre atentado, sendoatingido por tiro de pistola.

1833A Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacionalpublica, logo no começo do ano, a revista OAuxiliador da Indústria Nacional. Dentro dosignificado amplo que indústria tinha na época,tratava dos mais diversos assuntos, sempre comanálises críticas: “No vasto, rico e importantíssimoImpério do Brasil, uma máquina é exótica; nãoexiste uma estrada perfeita; não se navega por umcanal”, dizia um de seus números, que aindacomparava o transporte de açúcar entre o Rio eCampos. Enquanto um barco a vela demorava 60dias para fazer o percurso, aquele a vapor vencia adistância em um único dia. A revista ainda traziaartigos traduzidos de publicações francesas,inglesas e norte-americanas.

1835Na província de São Pedro do Rio Grande do Sulcomeça a Revolução Farroupilha ou Guerra dosFarrapos, que durará até 1845, com caráterrepublicano e contrário ao governo imperial.Neste, como em outros movimentos que oseguiriam, a imprensa das províncias teriaimportante papel na preparação das revoltas, masseria quase que totalmente aniquilada durante osconflitos.

Sob a liderança de personalidades como o padreJoão Batista Gonçalves Campos e o jornalistaVicente Ferreira Lavor, o Papagaio, negros, índios emestiços se insurgem contra a elite política etomam o poder no Pará. A revolta é uma reaçãocontra a extrema pobreza das populaçõesribeirinhas e a irrelevância à qual a província forarelegada após a independência.

Samuel Morse desenvolve o Código Morse.

1837As agitações durante o Período Regencialcontinuam ocorrendo. No mês de novembro, naBahia, eclode a Sabinada, pela autonomia políticada província e contra a centralização monárquica.

1838Desta vez a revolta acontece no Maranhão: é aBalaiada, que se espalha depois pelo Piauí. Decaráter popular, o movimento lutava contra osdesmandos das autoridades.

1839Louis Jacques Mandé Daguerre patenteia odaguerreótipo e passa a divulgá-lo na Europa. Surgeassim a primeira forma popular de fotografia.

1840Em julho de 1840, encerrando longo processo deconfrontos regenciais, o Senado antecipa amaioridade de Dom Pedro II ao proclamá-lo

imperador aos 14 anos. Para uns, foi a reafirmaçãodo “pragmatismo parlamentar” e da força dasCâmaras; para outros, uma manobra política – ogolpe parlamentar da maioridade.

Depois da maioridade, com a monarquiarestabelecida e os conservadores consolidados pelarepressão das rebeliões regenciais, o último redutoliberal passa a ser Pernambuco. Ali, encontraria aimprensa um cenário bastante favorável à suaexpansão. Não apenas em órgãos conservadores,como o Diário de Pernambuco, mas principalmenteliberais, como o Diário Novo. Além deste, nachamada Imprensa Praieira destacam-se ospasquins de Borges da Fonseca, O Sete de Abril, dopadre e político Miguel do Sacramento LopesGama, e O Progresso, do jornalista doutrinárioAntônio Pedro de Figueiredo, precursor das idéiassocialistas no Brasil.

1844A circulação de jornais é estimulada com o trabalhodos Correios, que começam a entregarcorrespondências nos domicílios.

Lanterna Mágica, que trazia em seu subtítuloPeriódico Plástico-Filosófico, e circula no Rio, marcao início das publicações ilustradas, com caricaturase desenhos.

1845A primeira impressora rotativa é patenteada porRichard March Hoe. No ano seguinte AugustApplegath desenvolve uma impressora capaz derealizar 12 mil impressões por hora, baseado nosestudos de Hoe, William Bullock e Ippolito Marinoni.

1848Em 1842 surgira em Pernambuco o Partido Nacionalde Pernambuco, uma dissidência do grupo liberallocal, que se coloca contra os desmandos dasfamílias Cavalcânti e Rego Barros, que comandavama política na província. Nos dois anos seguintes, ojornal do grupo, o Diário Novo, do qual faz parteJosé Inácio de Abreu e Lima, trava uma guerra deidéias contra o conservador Diário de Pernambuco.Localizado na Rua da Praia, o Diário Novo defendiamedidas como a liberdade de imprensa, a extinçãodo poder moderador, o fim do monopólio comercialdos portugueses, mudanças econômicas e sociais eo voto universal. É uma época de grandecrescimento da imprensa local. A partir de então,o Partido da Praia toma a frente, elege deputados e

D. PEDRO II AOS 12 ANOS. ÓLEO DE LILIA MORITZ SCHWARCZ.

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assume a presidência da província. Isso, até 1848,quando o conservador Herculano Ferreira Pena énomeado na província com a missão de sufocar omovimento. Incontrolável, a Revolução Praieiraexplode em 7 de novembro. A insurreição éfinalmente sufocada em 1850.

1852Tons mais feministas, em textos escritos pormulheres, são encontrados com o lançamento doJornal das Senhoras, na Bahia, comandado pelaprimeira mulher jornalista do Brasil, Cândida doCarmo Souza Menezes. Por “cooperar com todasas forças para o melhoramento social e para aemancipação moral da mulher”, como apublicação mesmo dizia, sofreu grande represáliamasculina sob a forma de cartas indignadas quechegavam à Redação.

Em São Luís, no Maranhão, João FranciscoLisboa lança o Jornal de Timon.

Se o período anterior, entre 1830 e 1850, podeser considerado fraco em técnica, artesanal naprodução, com distribuição restrita e emprestada,sua influência era enorme com os pasquins e seutom político. Agora, no entanto, o jornalismopolítico entra em declínio. As melhores condiçõesestruturais, econômicas, sociais e técnicaspermitem o lançamento de novos veículos,vinculados especialmente à literatura e à cultura.As publicações e revistas literárias tomam seulugar e os jornais publicam obras de grandes

escritores em capítulos, os folhetins. Jornalistasversados nas letras, como Justiniano José daRocha, tornam-se muito influentes. O CorreioMercantil publica entre junho de 1852 e julho de1853 Memórias de um Sargento de Milícias, deManuel Antônio de Almeida, que, desconfiado,preferiu assinar o texto como “Um brasileiro”,omitindo seu nome como autor.

1853Começa a ser publicado O Constitucional, primeirojornal diário de São Paulo.

1855Timidamente e prestando homenagem aoImperador, como era de bom tom na época, ojovem Machado de Assis começa sua carreirajornalística em A Marmota.

O Brasil Ilustrado inaugura a publicação regularde revistas de caricaturas no Império, trazendo pelaprimeira vez ao lado dos textos retratos e vistas doBrasil e desenhos humorísticos e de costumes.

1857Depois de publicar crônicas no Correio Mercantil,José de Alencar agora vai para o Diário do Rio deJaneiro, jornal em que publica, entre fevereiro eabril, o romance O Guarani.

1858O jornal Atualidade é lançado na capital porLafaiete Rodrigues Pereira, Pedro Luís e Flávio

Farnese, com colaboração de Teófilo Otoni. É oprimeiro jornal avulso vendido nas ruas. Negros,escravos e ex-escravos foram os primeirosjornaleiros cariocas.

1860Henrique Fleiuss lança na Corte a SEMANA

ILUSTRADA, que se notabiliza pelas caricaturas e

1829~1860O jornal O Observador Constitucional revoluciona São Paulo, hostilizandoo bispo, o ouvidor e o presidente e entra na luta pela liberdade de imprensa.

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litogravuras que publica e pela colaboração dosmais conhecidos jornalistas e escritores da época:Quintino Bocaiúva, Pedro Luís, Machado de Assis,Joaquim Manuel de Macedo, Joaquim Nabuco,Bernardo Guimarães – além daqueles que seriamseus correspondentes na Guerra do Paraguai:Joaquim José Inácio, futuro Visconde de Inhaúma,Antônio Luís Von Hoonholtz, que se tornaria oBarão de Teffé, e Alfredo d’Escragnolle Taunay.

Ressurge o Diário do Rio de Janeiro, querapidamente se torna um dos mais jornaispopulares da cidade. Agora dirigida por SaldanhaMarinho, Quintino Bocaiúva e Henrique CésarMuzzio, a publicação é bem redigida, tem feiçãocombativa e é forte em literatura. Entre seusrepórteres está Machado de Assis, que começa acobrir o Senado.

1862O primeiro Diário Oficial do Brasil é impresso.Continha editorial, atos oficiais, artigos sobrecomércio e política internacional e noticiário sobreos acontecimentos de interesse geral.

1863William A. Bullock obtém a patente da primeirarotativa para impressão de livros em papel contínuo,base para as futuras impressoras rotativas.

1864Começa em dezembro a Guerra do Paraguai.Depois de mais de cinco anos de batalhas e 300 milmortos, Argentina, Uruguai e Brasil derrotam osparaguaios, tomando parte de seu território eobrigando-os a pagar pesadas taxas a título deindenização pelo conflito.

Ao lado de Luís Gama, Sizenando Nabuco,Américo e Bernardino de Campos, ÂngeloAgostini funda em outubro, em São Paulo, o DiaboCoxo. Nele, além de mostrar seu estilo artístico,Agostini declara abertamente suas posiçõeslibertárias e, com muito humor e ironia, provocagovernantes e religiosos.

1867Joaquim Nabuco funda em São Paulo a TribunaLiberal para defender idéias inquietantes, como aabolição da escravidão.

Com as ferrovias e o telégrafo, principalmente nointerior do Rio e de São Paulo, a imprensa sebeneficia e se desenvolve.

1868À medida que a guerra contra o Paraguai vai seaproximando do fim, crescem as inquietações noPaís. A imprensa começa a dar seus primeirospassos no sentido de romper com a estagnaçãoimperial e voltar a ter maior ardor político. “Paz,paz! É o brado íntimo de um povo oprimido. Aguerra converteu-se em desastre, a sua prolongaçãotrará o cataclismo”, declara a Opinião Liberal, naCorte, em 28 de fevereiro.

1869Começa a circular em 12 de maio, no Rio, Reforma.Dirigido por Francisco Otaviano, torna-se o jornalmais prestigioso da época.

Surge a revista O Mosquito, de Rafael Bordalo.

1870A 3 de dezembro, também na Corte, começa a

circular A República, jornal do Partido RepublicanoBrasileiro. Logo, torna-se diário e passa a reunir osmelhores elementos da literatura e da imprensa.Em dois anos, surgem no País mais de 20 jornaisrepublicanos, sem contar as folhas já existentes queaderem à nova linha política.

1871Em 28 de setembro é aprovada a Lei do Ventre Livre.

1872Jornais e revistas começam a ser vendidos emquiosques nas ruas centrais de São Paulo e Rio deJaneiro, juntamente com livros, flores, doces,frutas, charutos, cigarros, café e refrescos.

1874Até então, notícias do exterior, somente por cartas.Nesse ano, instala-se no Rio a primeira sucursal daagência telegráfica Reuter-Havas, futura France-Presse. Na edição de 1 de agosto de 1877, o Jornaldo Commercio do Rio de Janeiro publica os primeirostelegramas, revolucionando o noticiário. Logo,todos os jornais teriam sua página de notíciasinternacionais, mesmo que fosse para dar a cotaçãodo café no exterior ou falar sobre o tempo em Paris.

1875Com direção de Rangel Pestana e Américo deCampos, apoio de um grupo de republicanos eabolicionistas, é criado o jornal Província de S.Paulo, com uma tiragem de 2 mil exemplares, masque rapidamente se multiplicaria.

1876No primeiro dia do ano começa a circular no Rio aREVISTA ILUSTRADA, que logo atingiria a tiragem de

ÂNGELO AGOSTINI PUBLICOU SÁTIRAS SEQÜÊNCIAIS DESDE 1865. SEU TRABALHO É CONSIDERADO UM DOS PRECURSORES DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS.

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O jornal de Eduardo Prado é apedrejado por atacar Deodoro. Independentementede orientação e partido, todos os grandes veículos assinam o repúdio ao crime.

1860~1895

4 mil exemplares, um recorde para uma revistailustrada na América do Sul. Mas não seria apenascom a qualidade da publicação que Ângelo Agostiniinovaria. Suas charges na revista se tornariam ummarco na campanha pela libertação dos escravos,tanto que a revista foi chamada de “A Bíblia daabolição daqueles que não sabem ler”.

Num episódio que gerou muita controversia,Alexander Graham Bell vence uma acirrada disputae consegue registrar a invenção do telefone numescritório de patentes no dia 14 de fevereiro, poucoantes de seu rival, Elisha Gray.

1877Thomas Edison inventa o microfone e o fonógrafo.

1878A revista ilustrada e humorística O Besouro,fundada em março pelo chargista português RafaelBordalo Pinheiro, no Rio de Janeiro, publica no dia20 de julho as primeiras fotos da imprensabrasileira, retratando crianças abatidas pela seca doNordeste. As fotos foram foram tiradas pelojornalista José do Patrocínio, então redator dojornal Gazeta de Notícias.

1884Surge, em São Paulo, o Diário Popular, fundado

por José Maria Lisboa e Américo de Campos.

Ottmar Mergenthaler cria a linotipo, máquina decomposição de tipos de chumbo em linhas medianteum teclado. Essa técnica revoluciona as artes gráficase substitui a composição manual, letra a letra.

George Eastman lança o filme fotográfico emrolo com base de papel e gelatina.

1885É aprovada a Lei Saraiva-Cotegipe, ou dos Lei dosSexagenários, que liberta os escravos com mais de60 anos, mediante compensação financeira aosproprietários.

O nome e o famoso logotipo da Coca-Cola são

criados por Frank Mason Robinson, contador esócio da empresa.

1887Os órgãos da imprensa republicana se multiplicampor todos os lados. No Brasil já são 74 jornais, sendo20 no Norte e 54 no Sul. Mesmo assim, os grandesjornais da capital são a Gazeta de Notícias e O Paíz.

1888Em 13 de maio, o governo imperial rende-se àspressões e a Princesa Isabel assina a Lei Áurea, queacaba oficialmente com a escravidão no Brasil.

Depois de ser vinculado às agitações na EscolaMilitar na defesa do sistema republicano, Euclidesda Cunha é contratado para ser correspondente deA Província de S. Paulo.

1889Em 15 de novembro a República éfinalmente proclamada no Brasil.

Após a proclamação da República,o jornal Província de S. Paulo passaa se chamar O Estado de S. Paulo.Dois anos depois, JÚLIO

MESQUITA (ao lado) destaca-seem suas páginas como um dosprincipais cronistas políticos daépoca; por fim, assume apropriedade da empresa e a direçãoda publicação.

1890Em artigos publicados no jornal ATribuna, Eduardo Prado desfere ferinosataques ao Marechal Deodoro da Fonseca. No dia29 de novembro, a sede da publicação, no Rio deJaneiro, é apedrejada. O protesto da imprensa éimediato e total: independentemente deorientação e partido, todos os grandes veículosassinam o repúdio ao crime.

1891A mudança do regime não altera o desenvolvimentoda imprensa, pelo menos de imediato. Os grandesjornais continuam os mesmos, com mais prestígio eforça os republicanos, com mais combatividade osmonarquistas. Só aos poucos surgem grandes jornaismais voltados para o lado empresarial. No Rio deJaneiro, Rodolfo Dantas funda o Jornal do Brasil,que assume a condição de livre e independente,sem vínculos partidários. Após a morte de DomPedro II e de sérios conflitos com os republicanos, ojornal transforma-se em sociedade anônima.

É promulgada a primeira Constituiçãorepublicana do Brasil.

1892Surgem as primeiras bancas de revistas e jornais.

O padre gaúcho Roberto Landell de Moura iniciaem Campinas, interior de São Paulo, as primeirasexperiências com a radiodifusão no Brasil.Utilizando uma válvula amplificadora com trêseletrodos, fabricada por ele mesmo, transmite erecebe a voz humana através do espaço.

1893Com Rui Barbosa como seu redator-chefe, o JB

assume clara postura antiflorianista. A publicação,no dia 31 de agosto, do habeas corpus impetrado porRui em favor do Almirante Wandenkolk fazirromper a ira dos florianistas, que atacam o jornal.No dia 6 de setembro, depois de mais um artigo, é avez de a Armada se revoltar. A edição de 1 deoutubro é apreendida e a crise ecoa pelos Estados:diversos jornais são compulsoriamente fechados.

Eclode a Revolta Federalista no Rio Grande do Sul.

1894O paulista Prudente de Moraes é o primeiro civil aser eleito Presidente do Brasil.

Landell de Moura realiza a transmissão de sonsdo alto da Avenida Paulista para o alto de Santana,em São Paulo, cobrindo uma distância de 8 km emlinha reta.

Os irmãos Auguste e Louis Lumièreinventam o cinematógrafo.

Com o a impressão litográfica e aart nouveau amplia-se o conceitode cartaz moderno. AlphonseMucha ganha notoriedade aocriar um cartaz da atriz SarahBernard em tamanho natural.

1895Surgem diversas inovações

técnicas na imprensa brasileira,que começa a se definir com uma

estrutura mais empresarial. O primeiroprelo Derriey, italiano, para impressão de

5 mil exemplares por hora, aparece nesse ano.Também os primeiros clichês obtidos porzincografia. A produção do jornal – já se pode usaresse termo sem incorrer na heresia damercantilização – é assim descrita na época:“Preparado assim, o jornal vai para as prensas, ondese tira a matriz; obtida esta, coloca-se o molde, emque se despeja o chumbo quente, formando o blocode cada página. Pronta esta primeira parte, aestereotipia, entra a folha nas prodigiosas máquinasrotativas Marinoni, máquinas que, montadas nofundo do térreo do edifício, ao lado da Rua doOuvidor, além de imprimir, contam e dobram, umpor um, todos os exemplares, que saem aosmilheiros”. Ainda assim, a distribuição continuasendo feita em carroças.

Ângelo Agostini funda a revista D. Quixote. masnão consegue obter o sucesso de sua publicaçãoanterior. A revista dura até 1903.

Surge em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, oCorreio do Povo, de Francisco Antônio Vieira CaldasJúnior. Junto com A Federação, que saiu em 1884 eé dirigida por Júlio de Castilhos, o veículotem papel de grande importância,abordando em suas páginas a chamadaQuestão Militar e suas conseqüências.

São lançados nos Estados Unidos osprimeiros suplementos dominicaiscoloridos que acompanham osjornais. O YELLOW KID, deRichard Fenton Outcault (ao lado),passa a ser publicado no New YorkWorld.

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10 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

1896No sertão baiano, irrompe a Guerrade Canudos, travada pelo Exércitobrasileiro contra os seguidores dobeato Antônio Conselheiro. Agrande imprensa admite a hipótesede grande conspiraçãomonarquista. A Gazeta de Notíciasclama contra o “monarquismorevolucionário”. Em O Estado de S.Paulo, o correspondente Euclidesda Cunha fala em “restauração” e“conspiração”. O clima de exaltaçãorepublicana cresce; no Rio, jornaiscomo A Liberdade, o Apóstolo e aGazeta da Tarde são empastelados eexemplares são queimados na rua,com a conivência da Polícia. Ojornal O Paiz, do Rio de Janeiro,dirigido por Quintino Bocaiúva,apelida Conselheiro de “o monstrode Canudos”.

No dia 5 de outubro o povoado deCanudos é destruído pelo Exército. Morrem 15.000pessoas. Na chamada Guerra de Canudos dá-se oinício da cobertura jornalística por enviadosespeciais. O Estado de S. Paulo reivindica para si acriação da figura do correspondente de guerra, poismandou EUCLIDES DA CUNHA (abaixo) paraCanudos. O escritor expede telegramas e relatórios,que serão reunidos em livro póstumo. Antes,

porém, em 1902, assombra e comove o País comOs Sertões, em que relata como um crime omassacre promovido pelo Exército.

1897O desenhista Rudolph Dirks cria os KatzenjammerKids, conhecidos no Brasil como SOBRINHOS DO

CAPITÃO (ao lado), iniciando uma longa tradiçãode crianças peraltas nos quadrinhos.

1899Primeira gravação magnética de som.

1900O Jornal do Brasil instala suas oficinas de fotografiae galvanoplastia. Também cria, pelas mãos deÁlvaro de Teffé, seu suplemento ilustrado, a Revista

DESENHO DE ANGELO AGOSTINI PUBLICADO NA REVISTA ILUSTRADA:ANTÔNIO CONSELHEIRO RECHAÇA A REPÚBLICA.

O novoséculo e

o fundadorda ABI

Passado quase um século após a sua cri-ação entre nós, a imprensa brasileira ga-nhou formas que a tornaram essencial paragrandes camadas da população, que en-contravam nos diferentes veículos a in-formação essencial para o comportamentono dia-a-dia de suas vidas: nas relaçõesfamiliares, nas atividades necessárias à suasubsistência, na aquisição de conhecimen-tos indispensáveis à formação de mentesarejadas pela introdução do saber.

Além de prestigiar-se no meio social, aimprensa do nascente século 20 vai ex-perimentar modificações que alteram ra-dicalmente a face e o conteúdo dos jor-nais e revistas que então se produziam. Aatividade jornalistica começa a deixar deser um exercício do mero beletrismo, emque varões ilustres marcavam a sua su-perioridade intelectual, seu refinamentocultural, e ganha contornos de produçãodestinada a influir em todos os camposda vida coletiva.

Os grandes quadros que ocupam as co-lunas oferecidas ao público não perdemsua expressão, mas pouco a pouco vãocedendo espaço a figuras profissionais atéentão desconhecidas no fazer jornalísti-co: o repórter, o editor, ainda que sem essadesignação, o chefe de reportagem, o se-cretário – este dotado de poder invejávele que definia, com sua competência, commestria ou não, o perfil, a cara com que apublicação chegaria às mãos do leitor. Énas primeiras décadas desse século 20 queo jornalismo dá origem a uma indústriapoderosa, aquela que hoje conhecemos.

Não incorre em impropriedade nem emdeslize histórico quem sustenta, como nós,que a ABI e outras instituições de jornalis-tas tiveram um papel fundamental na cri-ação dessa imprensa, graças à consciên-cia de militantes sociais do porte de Gus-tavo de Lacerda, fundador desta Casa, quecultivaram sempre a idéia de que o jorna-lista é um agente não de si próprio, masum profissional especializado a quem cabea missão de trabalhar pelo bem coletivo.

da Semana, e inaugura novos métodosfotoquímicos: o fotozinco e a fotogravura. A 2 deabril, o JB passa a ser o primeiro jornal brasileiro atirar duas edições no mesmo dia. A vespertinacircula às 15 horas. Com isso torna-se o jornal demaior tiragem da América do Sul, com mais de 50mil exemplares, superando o argentino La Prensa,de Buenos Aires.

O Governo brasileiro concede a Roberto Landellde Moura a patente de número 3.279 para “umaparelho apropriado à transmissão de palavras adistância, com ou sem fios, através do espaço, daterra e da água”. Ele se muda para os EstadosUnidos, onde em 1904 conseguirá construir epatentear o transmissor de ondas, o telefone semfio e o telégrafo sem fio. De volta ao Brasil, nãoconsegue apoio e desiste de suas invenções.

JOÃO DO RIO (à direita) publica na Gazeta deNotícias As religiõesdo Rio, consideradapor muitos aprimeira grandereportagem daimprensa brasileira.Di Cavalcântiqualifica João doRio, na verdadeJoão Paulo AlbertoCoelho Barreto,como “o tipoexemplar derepórter”.

Surge a Revista da Semana.

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1901Em 15 de junho sai o primeiro número do Correioda Manhã. Surge num momento em que ojornalismo do Rio é acusado de estar quase todo aserviço do Governo, sem independência e sem voz.O Correio toma posição contra as oligarquias,contra as forças governamentais que sedistanciavam dos direitos do povo. Editorial deEdmundo Bittencourt, seu fundador, na primeiraedição do jornal: “Compromisso com a verdade” /“Um jornal de opinião” / “Poucas palavras e muitasinceridade, porque desta coluna estamosescrevendo para o povo” / “O Correio da Manhãnão tem nem terá jamais ligação nenhuma compartidos políticos” / “Jornal que propõe, e quer,deverá defender a causa do povo, do comércio e dalavoura; entre nós, não pode ser um jornal neutro.Há de, forçosamente, ser um jornal de opinião, e,neste sentido, uma folha política” / “Mas destapolítica, desapaixonada e nobre, só uma imprensafrancamente independente pode se ocupar”. Emseu quadro de colaboradores estão Medeiros eAlbuquerque, Carlos de Laet, José Veríssimo,Alberto de Oliveira, Leão Veloso, Afonso Celso,Coelho Neto, Evaristo de Morais, Artur Azevedo,grandes expressões da intelectualidadade da época.

Guglielmo Marconi transmite mensagens atravésdo Atlântico pelo rádio-telégrafo.

1902No dia 20 desetembro surgeO MALHO, revistahumorística criadapor Crispim doAmaral. Entre seuscolaboradores,ilustradores derenome comoJ.Carlos, AngeloAgostini, MaxYantok, K.Lixto eTheo.

Richard FentonOutcault passa a

desenhar as aventuras de Buster Brown nos EUA.

1904O Correio da Manhã condena a vacinação obrigatória:“o monstruoso projeto” de Osvaldo Cruz.

É desenvolvido o sistema de impressão ofsete,que é utilizado até hoje.

1905Criada pelo jornalista LuísBartolomeu de Souza e Silva,começa a circular no dia 11 deoutubro a revista O Tico-Tico, quefoi a primeira a publicarhistórias em quadrinhos noBrasil. Entre seus famosospersonagens, estão Reco-Reco,Bolão e Azeitona, criados peloilustrador e caricaturista Luiz Sá,e Chiquinho, cópia nãoautorizada do personagemBuster Brown. A revista fezgrande sucesso não só entre agarotada, mas também entre

intelectuais como MonteiroLobato e Carlos Drummond deAndrade. Ela foi publicadadurante 60 anos.

Winsor McCay cria umaobra-prima dos quadrinhospublicada nos suplementosdominicais dos jornais: LittleNemo in Slumberland.

1906Fundada pelo jornalista AdolfoCampos de Araújo, A Gazetapassa a circular em São Paulo.Depois de um início de muitasdificuldades, o jornal passa a sercomandado pelo jornalista e empreendedor CásperLíbero, que assumiu o seu controle em 14 de julhode 1918. Cásper promoveu uma série de mudançasno vespertino, como a valorização de temáticasregionais, culturais, esportivas e sociais e investiuna criação de suplementos até então inéditos naimprensa brasileira, como a Gazeta Esportiva e AGazetinha, voltado ao público infanto-juvenil e quepublicou pela primeira vez no Brasil ashistórias do Super-Homem.

Surge a Revista de Cultura Vozes.

O Jornal do Brasil empreende reformagráfica inspirado no The Times e traz osclassificados para a primeira página.

Com o 14-Bis, Alberto SantosDumont consegue decolar, voar e pousarpor seus próprios meios com umequipamento mais pesado do que o ar nodia 23 de outubro no campo deBagatelle em Paris, na França.

1907Em janeiro, começa a circulara revista Fon-Fon. Entre seuscolaboradores estão grandesdesenhistas como Nair de Teffé, J.Carlos, Raul Pederneiras e Kalixto.

A Gazeta de Notícias, do Rio, é oprimeiro jornal a introduzir cores em suas edições.

1908É criada por GUSTAVO DE LACERDA (acima) e maisoito companheiros a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

IMPRENSA. A reunião aconteceu numa sala doterceiro andar do edifício dojornal O Paiz. Sobre GustavoLacerda, o jornalista Dunsheede Abranches que o sucedeu napresidência da instituição, odefiniu assim: “Homem deimprensa, amando sinceramentea sua profissão e reputando ojornal a força mais poderosa eeficiente para o progresso dassociedades civilizadas, Gustavode Lacerda vivia obcecado peloideal generoso e nobre de tornara sua classe próspera, feliz,prestigiosa e útil”.

Surge no dia 6 de junho a revista

humorística Careta, criada porJorge Schmidt. O grandedesenhista J. Carlos foi seu diretore principal ilustrador até 1921.

Começam a surgir ossintomas preliminares da lutaque, com a derrota domovimento civilista,encabeçado por Rui Barbosa,terminaria por desembocar noturbulento períodopresidencial do MarechalHermes da Fonseca.

A imprensa dividiu-se desde omomento em que, enfrentando o

poderio das forças dominantes, Rui Barbosa decidiudesencadear a campanha civilista. Ficaram com ele oCorreio da Manhã, o Diário de Notícias, O Século, ANotícia e A Careta; tomaram posição em favor deHermes da Fonseca o Jornal do Commercio, o Jornal doBrasil, O Paiz, A Tribuna, a Revista da Semana e OMalho. Júlio de Mesquita coloca O Estado de S. Paulo

ao lado da candidatura de Rui: é a fase de seusmelhores editoriais políticos.

1909Com a morte de Gustavo deLacerda, seu vice, Francisco

Souto, assume a Presidência daABI para completar o mandato do

colega, num momento em que aassociação passava por uma crise

de prestígio e sofria boicote de quasetodos os donos de jornais.

Gertie The Dinosaur, de WinsorMcCay, é o primeiro desenho-

animado em capítulos.

1910João Dunshee deAbranches Moura foiempossado na Presidênciada ABI no dia 13 de maio

de 1910, prometendodefender a liberdade de pensamento a

qualquer custo. Em 1911, foi reeleito paramais dois anos de mandato. Durante suaadministração foram tomadas várias providências,como a reforma estatutária e a mudança de nomepara Associação de Imprensa dos Estados Unidosdo Brasil. Constava do novo estatuto a criação dabiblioteca e do cargo de bibliotecário, para o qualfoi escolhido Victor da Veiga Cabral; doscongressos de jornalistas a serem promovidos acada cinco anos no Rio de Janeiro e de um tribunalde imprensa destinado a julgar conflitos dacategoria. Também foram instituídos a carteira dejornalista, como instrumento de identidade e doexercício efetivo da profissão; o distintivo de sócio,desenhado por Raul Pederneiras, e um fundo deauxílio-funeral. A Associação ganha uma sedemodesta no primeiro andar de um prédio daAvenida Central – atual Rio Branco.

O Presidente Hermes da Fonseca toma posse a 15de novembro.

Na noite de 22 de novembro o marinheiro JoãoCândido lidera a Revolta da Chibata.

1896~1910Um século depois de os primeiros jornais começarem a circular no Brasil, umpobre e visionário jornalista funda, em 1908, a Associação Brasileira de Imprensa.

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12 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

Na noite de 9 para 10 de dezembro, novomovimento militar alarma a cidade: na Ilha dasCobras, marinheiros e fuzileiros rebelam-se. Agora,entretanto, as reações são diferentes: a ilha ébombardeada e o Governo decreta estado de sítio:vai ajustar, de uma só vez, as contas com osparticipantes das duas revoltas. Nas solitárias Ilhasdas Cobras e a bordo do navio Satélite, a maioriados cabeças ou supostos responsáveis pelassublevações é exterminada, por ordem doComandante Marques da Rocha, na Ilha, e doTenente Francisco de Melo, naquele navio, empleno mar. A imprensa nada publica a respeito.

Em Pernambuco, o Palácio do Governo étiroteado; a Redação do Diário de Pernambuco,atacada a bala, mas pode funcionar, e as ediçõessão queimadas nas ruas. Os partidários do chefepolítico Rosa e Silva, adversário do GovernadorDantas Barreto, são obrigados a emigrar.

Surge a revista O Filhote da Careta, que dura sóeste ano.

Os grandes jornais do Rio e de São Pauloinstalam ou ampliam escritórios para os seuscorrespondentes em Londres, Paris, Roma, Lisboa,Nova York, Buenos Aires, Montevidéu e Santiagodo Chile. O livro ainda influi poderosamente noestilo do jornal e da revista. Eça de Queirós, RuiBarbosa e Joaquim Nabuco assinamcorrespondência do exterior ou textos locais.

1911A 18 de julho, Irineu Marinho faz circular A Noite.Com o reduzido capital de 100 contos de réis, lançaum jornal moderno, bem diagramado, feito porprofissionais competentes; em menos de um ano,

está em condições decomprar novas máquinasde impressão, linotipos,montar oficina de gravurabem aparelhada, fazer adistribuição emautomóveis.

É criada a revista O Riso,que se mantém até 1912.

Surge Faceira, que duraaté 1917.

O fotógrafo AugustoMalta, funcionário daPrefeitura do DistritoFederal, registra cenas doCarnaval carioca,tornando-se o primeirofotojornalista brasileiro.

1912Surge O Imparcial, comJosé Eduardo de MacedoSoares liderando um grupode bons jornalistas.

Em 2 de fevereiro PlínioBarreto lança em São Pauloa Revista dos Tribunais,quinzenário que logoconquista prestígio.

As forças dominantesnão têm contemplações com seus adversários. Aimprensa anoitece sob censura. Jornalistas daprimeira linha de combate são encarcerados:Edmundo Bittencourt, do Correio da Manhã, J. E.de Macedo Soares, de O Imparcial, VicentePiragibe, da Época, e Leônidas de Resende.Inúmeros civis e militares são presos; muitos têmde fugir para locais não atingidos pelo sítio.

A reação popular é tão violenta, após a saída deHermes, que se torna incontrolável.

Dois jornais polarizam no Rio as correntes deopinião: O Paiz, que defende o Governo, e oCorreio da Manhã, que capitaneia a oposição.

Assalto a O Paiz, de João Laje.

O primeiro S.O.S. radiofônico acontece a partirdo Titanic, já naufragando. A mensagem foirecebida pelo transatlântico Carpathia esimultaneamente pelo escritório de Marconiem Nova York. David Sarnoff, assistentede Marconi que recebeu as mensagens,passou todos os informes emprimeira mão ao jornal The NewYork Times, que fez do assunto umaalavanca para seu crescimento.

1913Surgem as revistas Caricatura, ASemana e O Rio-Ilustrado, que sóduram este ano.

Com apenas 27 anos de idade, ojornalista BELISÁRIO DE SOUZA (àdireita) substitui Dunshee de Abranches

na Presidência da instituição que, por suainiciativa, ganhou o nome atual: AssociaçãoBrasileira de Imprensa.

Charlie Chaplin assina contrato com a Keystone,produtora cinematográfica do lendário MackSennett. Em seu primeiro filme, Making a Living,(no Brasil, Carlitos Repórter), Chaplin faz o papelde um jornalista inescrupuloso. A produção foilançada nos Estados Unidos em fevereiro de 1914.

1914Começa a Primeira Guerra Mundial, em que haverámassacres de combatentes em escala de milhões.

Em 6 de março, Gelásio Pimenta coloca emcirculação A Cigarra, revista ilustrada.

Surge S. Excelência, que circula apenas este ano.

É criada a Revista do Brasil, que se mantém até 1944.

Fundado o jornal A Rua.

A Voz do Trabalhador, quinzenário,atinge tiragem vultosa para a épocae gênero: 4.000 exemplares. Entreseus colaboradores, IsaíasCaminha, pseudônimo de LimaBarreto, que depois dará essenome ao personagem de uma desuas obras mais importantes:Recordações do Escrivão Isaías

Caminha.

Em abril, é empastelado pelaPolícia, em Belém, o jornal local O

UM DOS FILMES MAIS POPULARES DE CHAPLIN, SHOULDER ARMS (CARLITOS NAS TRINCHEIRAS),DE 1918, MOSTRA AS DESVENTURAS DE UM SOLDADO DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL.

SOBRE A REVOLTA DA CHIBATA E O MOVIMENTO MILITAR DA ILHA

DAS COBRAS, O JORNAL A GAZETA, DE SÃO PAULO, PUBLICOU

UMA SÉRIE DE NOTÍCIAS EM VÁRIAS EDIÇÕES SOB O TÍTULO O RIO

SOBRE UM VULCÃO, ONDE DENUNCIA A RIGOROSA CENSURA ÀIMPRENSA IMPOSTA PELO GOVERNO: “A SUSPENSÃO DAS

GARANTIAS CONSTITUCIONAIS PESA TAMBÉM SOBRE A IMPRENSA,QUE NÃO TEM LIBERDADE DE EXTERNAR-SE SOBRE A SITUAÇÃO,DE VEICULAR PARA SUAS COLUNAS OS NOMES DOS INÚMEROS

ENCARCERADOS, BEM COMO OS FATOS DO DIA. OS

CORRESPONDENTES DOS JORNAIS DE S. PAULO NA CAPITAL

FEDERAL ESTÃO INCLUÍDOS NO ROL DOS PERIGOSOS. A POLÍCIA

VIGIA-LHES TODOS OS PASSOS, PRONTOS A DEITAR-LHES AS

GARRAS, NA PRIMEIRA OPORTUNIDADE.”

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13Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

Imparcial, por ter tomado a defesa de operáriosali em greve.

Em Manaus, em outubro, aparece A LutaSocial, redigida por Tércio Miranda.

Em 30 de setembro começa a circular no Rio omensário A Vida, redigido pelo engenheiro ejornalista gaúcho Orlando Correia Lopes.

Hermes da Fonseca termina seumandato a 15 de novembro.

1915Com a renúncia de Belisário de Souza,RAUL PEDERNEIRAS (ao lado, numaautocaricatura) assume o cargo dePresidente da ABI. Com o cartunista ainstituição adquiriu sua personalidade jurídica,publicando e registrando diversos atosadministrativos. Pederneiras pleiteou aos GovernosMunicipal e Federal o título de utilidade pública,que somente foi conferido à ABI na gestão seguinte einvestiu em melhorias para a nova sede, na RuaTreze de Maio, 58, no último andar do prédio daDiretoria do Liceu de Artes e Ofícios. Regulamentoutambém o funcionamento da Biblioteca e a obtençãoda carteira de jornalista; deu forma ao projeto para aEscola de Jornalistas; convocou o primeirocongresso nacional da categoria; conseguiu adiminuição da taxa telegráfica para os serviços deimprensa e incrementou a área de assistência social.

Surge Na Barricada, dirigida por OrlandoCorreia Lopes.

Começa a circular um escandaloso semanário: OParafuso, de Benedito de Andrade.

Aparecem os jornais O Rio e A Luta, que sócirculam nesse ano.

Nesta época é lançada a clássica garrafa da Coca-cola – um dos ícones mundiais do design – projetadapela Glass Company, de Tene Haute.

1916Surge o jornal A Razão.

1917João Guedes de Melo assume a Presidência da ABI,dedicando-se à fundação do Retiro dos Jornalistas eà concretização de dois projetos de seu antecessor –o Congresso Brasileiro de Jornalistas e a Escola deJornalistas – sem descuidar de outros temasimportantes, como o desenvolvimento do serviçode auxílio e assistência aos sócios. Durante suaadministração, o Governo Federal isentou a ABI de“todos os impostos, emolumentos e contribuiçõesmunicipais, relativos não só ao seu funcionamento,como também à aquisição de qualquer título,construção e manutenção de imóveis”, como suasede, ou qualquer outro estabelecimentoconcernente aos propósitos da Associação.

Surge a revista Rio-Chic.

Na segunda quinzena de julho de 1917 começa acircular no Rio O Debate, com a colaboração de LimaBarreto, Fábio Luz, A. J. Pereira da Silva, Théo Filho,Maurício de Lacerda, Agripino Nazaré, TeodoraMagalhães, José Saturnino de Brito, Adolfo Porto.

O Debate de 15 de setembro publicaprotesto do Comitê de Defesa dos

Direitos do Homem, acusando o Governode São Paulo, presidido por Altino Arantes,de ter mandado invadir casas, altas horas da

noite, maltratando mulheres e crianças; de termandado assaltar as oficinas de A Plebe, jornalanarquista, e de ter feito prisões ilegais.

Em 23 de outubro o Correio da Manhã temas edições suspensas em virtude do estadode sítio, mas obtém decisão judicialfavorável que lhe garante indenização pordanos sofridos.

Em 26 de outubro o Brasil entra naPrimeira Guerra Mundial.

Acontece a Revolução Russa em doistempos: em fevereiro o Czar Nicolau II é deposto etoda a sua família é executada. Em outubro, LÊNIN

(à direita) lidera o Partido Bolchevique paraderrubar o governo provisório e instalar osocialismo na futura União Soviética.

Por sua posição contra a guerra, a Semana Social,de Maceió, é fechada pela Polícia.

Com a entrada do Brasil na Primeira GuerraMundial, O Debate deixa de circular.

Em dezembro, começa a circular O Cosmopolita,órgão sindical dos empregados na indústriahoteleira.

O jornal O Imparcial, de Belém, é empastelado pelaPolícia por ter tomado a defesa de operários em greve.

1910~1917R

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14 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

1918Surge O Pasquim, revista de curta duração, quedeixaria de circular neste mesmo ano.

Surge o Rio-Jornal.

Em fevereiro, circula o primeiro folhetodefendendo a Revolução Russa: A Revolução Russa ea Imprensa, assinado por Alex Pavel, que mostracomo o noticiário sobre o movimento de outubrode 1917 na Rússia czarista vinha sendo deturpadopelos jornais. Em vão a Polícia procura o “perigosoagitador”, presumidamente estrangeiro, que oescrevera. Tratava-se do pseudônimo de jornalistaAstrojildo Pereira, que seria quatro anos depois umdos fundadores do Partido Comunista do Brasil-PCB.

No dia 10 de setembro a ABI instala o 1ºCongresso Nacional de Jornalistas. Entre outrasreivindicações, são aprovadas pelos presentes estasdecisões, algumas sob a forma de recomendações:tratar cada vez mais o trabalho de maneiraimpessoal e profissional, não sucumbindo aosexageros de linguagem; o jornalismo deve ser vistocomo um apostolado, sempre com ética; defesa eapoio à imprensa operária; evitar o sensacionalismono jornalismo policial; nacionalismo; luta pelacarteira de jornalista profissional; abertura de cursosuperior de Jornalismo; livre exercício da crítica,mediante a liberdade de imprensa; regulamentaçãodo direito de resposta nos moldes da legislaçãofrancesa; cuidado com os anúncios publicitáriosfeitos nos veículos; combate à censura. Esta só seriareconhecida em casos extremos, que envolvessemassuntos de ordem diplomática ou militar.

1919Surgem as revistas Guanabara, A Rajada, Zum-Zume a Revista Nacional.

O primeiro jornal a ser publicado em formatotablóide é o New York Daily News, nos EstadosUnidos.

É criada a revista A Atualidade, que dura até 1927.

Surge a revista Para Todos, que nesta sua primeirafase circula até 1932.

Surge o jornal A Folha.

Aparece o semanário proletário Spartacus.

Empastelamento de A Plebe, em São Paulo, em28 de outubro.

Em novembro aparece no Recife o diário HoraSocial, que dura apenas três meses e acabaempastelado pela Polícia.

O Jornal é fundado por Renato Toledo Lopes.

1920Em janeiro, surge em Aracaju A Voz Operária, órgãodo Centro Operário Sergipano.

Raul Pederneiras assume novamente aPresidência da ABI.

A Hora Social, como Alba Rossa, e Vanguarda, deSão. Paulo, publicam documentos do movimentorevolucionário russo e internacional.

CAPA DA REVISTA SEMANAL PARA TODOS, DE 12 DE JUNHO DE

1926, ILUSTRADA PELO GENIAL DESENHISTA J.CARLOS.

No Rio, a Federação Operária, com a ajuda dasgrandes uniões de trabalhadores de tecidos,construção civil, culinária, padarias, transportesterrestres e marítimos, metalúrgicos e outrascorporações, subscreve ações e funda um jornaldiário, A Voz do Povo, com oficinas próprias e umcorpo de redatores recrutado entre os militantesque lideram o movimento operário e têmreconhecidas qualidades como dirigentes. Só essejornal protesta contra as violências antioperárias,enquanto na Câmara o Deputado Maurício deLacerda luta sozinho contra nova lei derepressão aos trabalhadores.

A Voz do Povo tem suas ediçõesapreendidas pelas maltas de agentes dapolícia secreta, postadas dia e noite nasimediações da Redação; seus gráficos eredatores são presos, um a um; finalmente,o jornal tem de cessar sua publicação: nãoé empastelado, mas estrangulado.

Passa a circular em São Paulo a GazetaMercantil.

Surge A Pátria, de Paulo Barreto, nomecivil de João do Rio.

1921No Jornal do Brasil, dirigido por AníbalFreire, Osório Duque Estrada faz o registroliterário e o jovem jornalistapernambucano Barbosa Lima Sobrinho é onovo repórter político.

É relançado Figuras e Figurões, semanárioilustrado de Amadeu Amaral, que começara acircular em 1913. Entre seus colaboradores, RaulPederneiras, Kalixto, Vasco Lima, Seth e outroscaricaturistas.

Aparece o Almanaque do Eu Sei Tudo, da empresaEditora Americana, ilustrado.

Sai de circulação o jornal A Razão.

Em setembro, partindo do meio intelectual,surge a revista Clarté, versão brasileira dapublicação francesa.O grupo fundador reúneNicanor do Nascimento, Evaristo de Morais,Maurício de Lacerda, Luís Palmeira, AgripinoNazaré, Antônio Correia, Alcides Rosas, Pontes deMiranda, A. Cavalcante, Teresa Escobar,VicentePerrota, Francisco Alexandre, Everardo Dias ecerca de trinta dirigentes sindicais. A tiragem chegaa 2.000 exemplares, mas o movimento militar de1922 e o estado de sítio liquidam a iniciativa,inspirada na França, onde surgira sob a liderançade Henri Barbusse e se espalhara por vários países.

Tramita no Congresso o projeto de lei, transformadona Lei Adolfo Gordo, que limita os direitos civis e,entre outras coisas, a liberdade de imprensa.

Lima Barreto critica duramente a Lei AdolfoGordo em A Careta de 5 de agosto.

Surge em São Paulo em 19 de fevereiro a Folha daNoite, jornal de propriedade da empresa Folha daManhã e que vai revelar um caricaturistaexcepcional: BELMONTE, criador do imortal JUCA

PATO (abaixo).

Começa a circular em Recife em 13 de setembroo Diário do Povo, fundado e dirigido por RaulAzêdo e Joaquim Pimenta.

O Dia, jornal partidário do Presidente ArturBernardes, começa a circular em 24 de fevereiro,com Redação na Rua do Rosário, próximo à RuaGonçalves Dias, sob a direção de Azevedo Amaral,Virgílio de Melo Franco e Tristão da Cunha. Ojornal deixará de circular em agosto de 1922 com300 contos de dívidas.

O jornalista Assis Chateaubriand compra OJornal, com o auxílio de Epitácio Pessoa, AlfredoPujol e Virgílio de Melo Franco e com obeneplácito de Artur Bernardes. A partir daíChateubriand começa a construir o seu impériojornalístico. Sob sua direção, O Jornal toma feiçãonova, moderna, arejada, e conta com excelentescolaboradores no exterior e no País.

1922Surge a revista ilustrada A Maçã, fundada e dirigidapor Humberto de Campos, que se assina Conselheiro

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15Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

XX. A publicação é de frascarices, mas tem excelenteapresentação gráfica, ilustrada por artistas do portede Kalixto, Romano e Andrés Guevara.

Passa a circular o mensário MovimentoComunista, que dura até julho de 1923.

Em maio de 1922, dá-se a ocupação militar dacapital pernambucana; a Redação do Diário do Povoé atacada a bala, a circulação do Diário dePernambuco e do Jornal do Recife é suspensa, obacharel Tomás Coelho é assassinado por umapatrulha. Os órgãos governistas A Província e Jornaldo Comércio recebem garantias militares para oprivilégio de circular.

O Diário do Povo reaparece a 2 de julho, trazendoo retrato de José Martins, um dos operáriosassassinados nos dias de violência militar, de que sequeixaria até mesmo o órgão daarquidiocese, a Tribuna Religiosa,protestando contra “a invasão desuas oficinas por soldados doExército”.

Em 5 de julho ocorre a Revoltados 18 do Forte de Copacabana, aprimeira das ações armadas que sedestacariam no contexto dochamado tenentismo.

Surge a revista KLAXON, ligadaao movimento modernista,lançado um ano antes no TeatroMunicipal de São Paulo por umgrupo que reúne, entre outros,Mário de Andrade, Osvald deAndrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti,Manuel Bandeira, Heitor Vila-Lobos. Apublicação começa a circular a 15 de maio e duraaté janeiro de 1923. Organizada por Guilhermede Almeida, Tácito de Almeida e Couto deBarros, conta com a colaboração de ManuelBandeira, Plínio Salgado, Menotti del Picchia,Mário de Andrade, Sérgio Milliet, VictorBrecheret e Sérgio Buarque de Holanda.

Ressurge A Maçã, que dura até 1929.

É criada a revista Beira Mar.

Realiza-se no dia 7 de setembro a primeiratransmissão radiofônica oficial no Brasil, comoparte das comemorações do centenário daIndependência. A Westinghouse Electric, juntocom a Companhia Telefônica Brasileira, instala noalto do Corcovado, no Rio de Janeiro, uma estaçãode 500 W, inaugurada com um discurso doPresidente Epitácio Pessoa. Seguem-se emissõesde música lírica, conferências e concertos,captados pelos 80 aparelhos de rádio distribuídospela cidade. Após as festividades, as transmissõessão interrompidas.

1923Em 20 de abril surge a primeira estação de rádiono Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.Fundada por Edgard Roquette-Pinto e HenriqueMorize, tinha uma programação educativo-cultural e sobrevivia das doações de seus sócios.Mais tarde foi doada ao Ministério de Educação e

Cultura e recebeu o nome de Rádio Mec. Em seteanos, o País terá 80 estações de rádio. Durante osanos Vargas, as comunicações radiofônicasalcançam grande importância. Em 1943 o númerode emissoras se eleva a 120.

Rádios amadoras surgem em várias partes doPaís, como a Rádio Clube Paranaense, a RádioClube de Pernambuco, a Rádio Sociedade Rio-Grandense, a Rádio do Maranhão, a RádioSociedade Educadora Paulista e a Rádio Clube deRibeirão Preto. Todas nascem como clubes esociedades e, como a legislação proibia apublicidade, são sustentadas por seus associados.

Em novembro entra em vigor a Lei de Imprensa, atruculenta Lei Adolfo Gordo, senador por São Paulo.

Surge a revista Frou-Frou, que circulará até 1935.

1924“O certo é que O Paiz estavamorto. Mas não porque suacolaboração literária tivessebaixado de qualidade ou porque oseu noticiário já não fosse tão bemarranjado. O Paiz morrera... equem o matou... foi o estado desítio... (...) Com os adversárioscancelados da vida cívica, nacadeia, ou de boca tapada pelacensura, não tendo a quemresponder, não há órgão defensorde situação que se possa agüentar.”(Gilberto Amado, Presença naPolítica, citado por NélsonWerneck Sodré, História da

Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999).

Em 31 de agosto, por decisão doPresidente Artur Bernardes, o Correio daManhã é fechado sob o pretexto de queestaria imprimindo em suas oficinas umfolheto clandestino, o Cinco de Julho, paradivulgar propostas dos rebeldes do levantedos 18 do Forte. O Correio da Manhã éimpedido de circular até 20 de maio de1925, quando consegue na Justiça amanutenção de posse. Não era a liberdadede divulgar, porém apenas a de circular,conforme deixa claro o despacho do juiz:“Procede a justificação. Expeça-se omandado na forma requerida, assegurandoao Governo o direito de censura préviadas publicações do jornal dos suplicantese dos impressos de suas oficinas;prejudiciais à ordem pública segundo o“prudente arbítrio” das autoridades,excetuados os debates parlamentares ejudiciários, devidamente autenticados,nos termos da jurisprudência que temdefinido a extensão da liberdade deimprensa e do exercício das profissõesindustriais na vigência do estado de sítio”.

Sai de circulação o Rio-Jornal.

Aparece no Rio a revista modernistaEstética.

Em 2 de outubro, ASSIS CHATEAUBRIAND,aos 32 anos, registra o êxito de importantes

inovações em O Jornal, em cuja presidência figuraEpitácio Pessoa. Ele imprime ao jornal umaorientação de inspiração liberal, com simpatia porinvestidores estrangeiros e pela abertura daeconomia do País ao capital internacional. Contrataestrangeiros para a Redação. Para atrairanunciantes, abre um departamento depublicidade, substitui longos artigos porreportagens e separa informação de opinião. Passa,também, a publicar quadrinhos. Em pouco tempo,aumenta as vendas de 5 mil para 30 milexemplares, de terça a sábado, e 70 mil aosdomingos. Faz oposição ao nacionalismo de ArturBernardes, motivo pelo qual Epitácio Pessoa sedemite da presidência. Em represália, o GovernoFederal atrasa a liberação das matérias pelacensura. O Brasil está sob estado de sítio, que seprolonga por todo o Governo Bernardes.

1925Primeiro órgão do Partido Comunista, A ClasseOperária, começa a circular em maio de 1925, comtiragem de 5.000 exemplares. Em seu número 12 éproibido de circular.

As revistas modernistas Papel e Tinta e Revista doBrasil, do Rio de Janeiro, surgem e duram até 1926.

A 7 de janeiro começa a circular o Diário daNoite, que passa a integrar a rede de jornais deAssis Chateaubriand.

Em 1 de julho surge a Folha da Manhã, fundadapor Pedro Cunha e Olival Costa.

Surge A Manhã.

Irrompe a Coluna Prestes, em Mato Grosso,começando a sua longa peregrinação pelo interior

Finalmente, o jornal A Voz do Povo tem de cessar suapublicação: não é empastelado, mas estrangulado.

1918~1925

ASSIS CHATEAUBRIAND EM FOTO DE JEAN MANZON TIRADA EM 1948.

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16 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

do País durante os anos de 1925 e 1926, atéinternar-se na Bolívia, a 3 de fevereiro de 1927.

Em 1 de março é fundado em Porto Alegre oDiário de Notícias.

Em 20 de maio o Correio da Manhã é reaberto.Como Edmundo e Paulo Bittencourt encontram-sepresos, o Senador Moniz Sodré assume a direção dojornal. Em nova aparência o jornal valoriza fotos eilustrações.

Em 25 de julho IRINEU MARINHO funda OGLOBO. Menos de um mês depois, no dia 21 deagosto, sofre um ataque cardíaco fulminante.Naquela mesma noite, a edição das 17 horas de OGlobo publica a notícia de sua morte na primeirapágina: “Há mais de quinze minutos que estamos

com a pena imobilizada sobre o papel, sem que nosacuda ao espírito a palavra ou frase com quehavemos de iniciar o noticiário do descompassadosofrimento a que nos veio atirar a morte de nossogrande amigo e único mestre.”

Para promover seu jornal, Casper Líbero realiza aCorrida Internacional de São Silvestre no dia 31 dedezembro. O evento se torna a mais famosa corridade rua do Brasil e passa a acontecer anualmente nacidade de São Paulo.

1926Em 3 de janeiro passa a circular o jornal comunistaA Nação, dirigido por Leônidas de Resende e queorienta a campanha do Bloco Operário e Camponêsno Rio de Janeiro e em São Paulo. Nas eleições de24 de fevereiro de 1927, o Bloco alcança excelenteresultado, elegendo dois vereadores à Câmara doDistrito Federal, Otávio Brandão e Minervino deOliveira, este um dos fundadores do PCB.

Barbosa Lima Sobrinho assume pela primeira veza Presidência da ABI e logo convoca uma assembléia-geral para reformar os estatutos. Nesta gestão eleregulamenta a concessão da carteira de jornalista etítulo de sócio e estabelece intercâmbio com asassociações de imprensa dos Estados, proporcionandoa integração dos jornalistas em todo o País. Foiincansável nas negociações junto à Prefeitura doantigo Distrito Federal para que a ABI conseguissea posse definitiva do terreno no Castelo doado peloConselho Municipal. Também promove uminquérito nacional a respeito da lei de imprensa,cognominada “Lei Infame”

Sai de circulação A Folha.

Surgem em São Paulo as revistas modernistasTerra Roxa e Outras Terras.

Aparece o São Paulo Jornal, dirigido por OduvaldoViana e Quadros Júnior, que passam depois a

propriedade a Sílvio de Campos e Marcondes Filho.A direção no final é assumida por Alberto de Sousa.

No Rio, Mário Rodrigues rompe com EdmundoBittencourt e funda A Manhã, matutino vibrante,versátil, bem paginado, com excelente colaboração,contando com o talento do caricaturista AndrésGuevara, responsável por sua apresentação gráfica.

Surge a revista Vida Nova.

Em Londres, o inventor escocês John LogieBaird faz a primeira demonstração da televisãono mundo.

Suspensão do estado de sítio, a 31 de dezembro

1927Começa a circular no Recife, em 16 de abril, ojornal oposicionista Diário da Manhã, fundado porCarlos de Lima Cavalcânti.

É fechado o jornal A Rua.

A Nação fecha em 11 de agosto, com a vigênciada Lei Celerada.

Na segunda quinzena de dezembro, ocorre oencontro, em Puerto Suarez, na Bolívia, entreAstrojildo Pereira, representante do PartidoComunista, e Luís Carlos Prestes, chefe domovimento tenentista, ali asilado com participantesde sua Coluna desde o ano anterior. Do encontroresulta a adesão de Prestes ao marxismo-leninismo.

1928Segundo o jornalista Edmar Morel, biógrafo daABI, a eleição de Manuel Paulo Filho foi um dospleitos mais disputados da instituição, poisaconteceu num momento em que a classejornalística se encontrava desunida, após umperíodo de paz na gestão de Barbosa LimaSobrinho. Ele não conseguiu promover novamentea união da classe, como não era bem-visto peloGoverno Federal. As dificuldades para edificar asede definitiva da Associação numa área doantigo Morro do Castelo, doada pelo ConselhoMunicipal, prejudicaram ainda mais seu trabalhoà frente da ABI. Mesmo assim, sua administraçãoteve iniciativas relevantes, como a intervençãojunto ao Congresso para a organização dasCaixas de Pensões e Aposentadorias, quefuncionariam como seguro social para ostrabalhadores da imprensa.

Aparece no Recife O Tacape, fundado por RaulAzêdo, Joaquim Pimenta, Metódio Maranhão e JoãoBarreto de Menezes, quinzenário de crítica socialque circula de 1º de janeiro de 1928 a 1º de janeirode 1930.

Ainda no Recife surge O Libertador, tambémfundado e dirigido por Raul Azêdo e dedicado àdefesa da causa da Aliança Liberal.

De janeiro a abril, circula impresso o jornalclandestino, antes mimeografado, Jovem Proletário.

A Classe Operária reaparece.

Surge em São Paulo a modernista Revista deAntropofagia, de Osvald de Andrade.

ALTO COMANDO DA COLUNA MIGUEL COSTA-PRESTES NUMA FOTO DE OUTUBRO DE 1925, EM PORTO NACIONAL,GOIÁS: 1- DJALMA DUTRA; 2- SIQUEIRA CAMPOS; 3- LUÍS CARLOS PRESTES; 4- MIGUEL COSTA; 5- JUAREZ TÁVORA;6- JOÃO ALBERTO; 7- CORDEIRO DE FARIAS; 8- JOSÉ PINHEIRO MACHADO; 9- ATANAGILDO FRANÇA; 10- EMÍDIO DA

COSTA MIRANDA; 11- JOÃO PEDRO; 12- PAULO KRÜGER DE CUNHA CRUZ; 13- ARI SALGADO FREIRE; 14- NÉLSON

MACHADO; 15- MANUEL LIMA NASCIMENTO; 16- SADI VALE MACHADO; 17- TRIFINO CORREIA; 18- ÍTALO LANDUCCI.

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17Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

A revista Movimento Brasileiro, tambémmodernista circula de 1928 a 1930.

No dia 14 de julho começa a circular o DiárioNacional, tendo como superintendente JoaquimSampaio Vidal, principal acionista da empresa.Como diretores funcionam Paulo Nogueira Filho eJosé Adriano Marrey Júnior.

Aparece no Rio, no dia 17 de julho, o DiárioCarioca, fundado por José Eduardo de MacedoSoares, que, em 1912, fundara também O Imparcial.Sua finalidade é fazer oposição ao GovernoWashington Luís. Seria um dos órgãos principais dacampanha da Aliança Liberal.

De oposição, circula em Belém a Folha do Norte,de Paulo Maranhão, que guardava o prestígio muitoantes desfrutado pela A Província, incendiada quandoda queda de Antônio Lemos, chefe político local.

Passa a circular o jornal A Critica, de MárioRodrigues, que apóia a candidatura oficial de JúlioPrestes à Presidência da República.

É criado o jornal A Esquerda, órgão tenentista.

Em 5 de dezembro panfletos são jogados deaviões e do alto de arranha-céus: “Compre amanhãO CRUZEIRO, em todas as bancas, a revistacontemporânea dos arranha-céus...” / “...que tudosabe, tudo vê”. Banda de música nas ruas. Cartazesanunciando que a revista sairia todos os sábados.Empregando “a moderníssima técnica darotogravura”, no dia seguinte, O CRUZEIRO está nasbancas de todas as capitais e grandes cidades doBrasil e nos principais pontos de venda de BuenosAires e Montevidéu e sua tiragem se esgota empoucas horas. Fundada por Carlos Malheiros Dias,posteriormente, passaria a integrar com A Cigarra ogrupo jornalístico de Assis Chateaubriand. Arevista tem circulação nacional, no que é pioneira.

Com a quarta edição da Corrida de São Silvestre,Casper Líbero lança, em dezembro, a GazetaEsportiva, um dos primeiros periódicos dedicadosexclusivamente ao esporte.

1929Em fevereiro, O Cruzeiro, com dois meses apenas,já é a maior revista nacional.

Com 49 anos, Alfredo da Silva Neves acumulavaas funções de jornalista, médico, político efuncionário público quando recebe de Paulo Filhoo cargo de Presidente da ABI. O período era agitadoe a imprensa estava dividida entre os que apoiavama Aliança Liberal e os que apoiavam o Governo deWashington Luís. Foi difícil manter a ABI neutranum episódio que agitava todo o País, mas eleconseguiu organizar uma comissão de juristas paradefender os associados ameaçados, ao mesmotempo em que se manteve firme na luta pararecuperar o fôlego financeiro da instituição. Feztambém reformulações no Estatuto, introduzindo,entre outras, modificações que privilegiavam asnecessidades sociais.

Saem de circulação O Imparcial e a revista A Maçã.

A Redação de A Classe Operária é invadida edepredada, assim como numerosos sindicatos. Daípor diante, e durante quinze anos, é heróica a lutapara mantê-la: tipografias são empasteladas pelaPolícia, às dezenas, gráficos e redatores são presos,torturados, mortos; o jornal reaparece sempre, sobaspectos gráficos variados, em conseqüência darepressão e da clandestinidade.

Assis Chateaubriand apóia a candidatura deVargas, que o apoiou na fundação e incorporaçãode novos veículos à rede dos Diários Associados. Acorporação Diários é oficializada.

Assis Chateaubriand lança o Diário de São Paulo,que conquista o público com distribuição gratuita,por um mês, a assinantes potenciais.

Em 7 de março é fundado o Estado de Minas, queem 12 de maio passa a integrar os Diários Associados.

Ainda no primeiro semestre o Diário de Notícias,do Rio Grande do Sul, passa a integrar a rede dosDiários Associados.

Sai de circulação o jornal A Manhã.

Circula A Manha, jornalhumorístico de Aparício Torelly, depoisBARÃO DE ITARARÉ (caricatura ao lado,desenhada por Guevara).

1930No fim do seu mandato, AlfredoNeves indicou Barbosa LimaSobrinho para substitui-lo naPresidência da ABI. Em seusegundo mandato Barbosaempenhou-se outra vez nareivindicação da aquisição doterreno — que acabou sendo cedidopelo Prefeito Pedro Ernesto naadministração de Herbert Moses, em1932. Preocupou-se igualmente com aunidade da classe, que se encontravadividida entre a ABI, o Clube da Imprensa ea Associação da Imprensa Brasileira. A propostade unir todas numa só incluía sua renúncia. Planoaceito, um protocolo foi redigido e Herbert Mosesfoi escolhido para substituí-lo.

A perseguição continua: redatores e operários deA Batalha, A Esquerda, Diário Carioca, O Jornal eDiário da Noite são detidos.

Estimulado pelo sucesso cinematográfico BarroHumano, de 1929, Adhemar Gonzaga funda osEstúdios da Cinédia, no Rio de Janeiro. O projetoera inspirado nos estúdios de Hollywood quetinham uma produção regular de filmes.

A indicação do paulista Júlio Prestes comocandidato à Presidência da República porWashington Luís põe fim à política do café-com-leite, que alternava na Presidência da República umpaulista e, sucedendo-o, um mineiro. O País sedivide e forma-se a Aliança Liberal, com forçaprincipal em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.

Em 1º de março. Júlio Prestes vence as eleiçõescontra Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal.Em 2 de março o Diário Carioca publica: “O povose convenceu de que só há um meio de vencer odespotismo: a revolução. E é esta a causaverdadeira do não comparecimento de votantes àsseções eleitorais.”

Com a derrota da Aliança Liberal nas eleições,Assis Chateaubriand passa a conspirar para aRevolução de 30.

Os secretários e diretores de todos os jornais,convidados a comparecer ao Gabinete do Chefe dePolícia, recebem instruções quanto ao noticiáriopermitido. Alguns jornais deixam de circular.

Em 26 de julho é assassinado o Governador daParaíba, João Pessoa.

O movimento que ficaria conhecido comoRevolução de 30 estoura no Rio Grande do Sul eem Minas Gerais, no dia 3 de outubro; noNordeste, sob o comando de Juarez Távora, nodia 4 de outubro. Em 5 de outubro, OsvaldoAranha e Flores da Cunha tomam com apenas 50homens o quartel-general de Porto Alegre. Dentre

os fatores que levam à Revolução de 30está em primeiro lugar a emergência

de uma classe média, do tenentismo,de uma incipiente burguesia e do

movimento operário, todosinsatisfeitos com a República Velha.

Além disso, os demais Estados daFederação não aceitam a

exclusão imposta por São Pauloe Minas Gerais. Os outrossetores econômicos –charqueadores, produtores deaçúcar, de cacau, de borracha,

de arroz, os industriais, etc. –não vêem com bons olhos a

política de priorização do café,já que consideram que os

incentivos oferecidos peloGoverno são pequenos.

O Diário Carioca apóia omovimento. Dias antes da eclosão,

um encontro de líderes da AliançaLiberal é realizado na própria Redação do jornal.

Dele participam, entre outros, Antônio CarlosRibeiro de Andrada, Carlos Lima Cavalcânti, CaféFilho, Getúlio Vargas e Juarez Távora.

Secretários e diretores de todos os jornais, convidados a comparecer aoGabinete do Chefe de Polícia, recebem instruções quanto ao noticiário permitido.

1925~1930

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18 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

Em 24 de outubro, a guarnição do Rio de Janeirodepõe o Presidente Washington Luís. O DiárioCarioca estampa na primeira página: “A redençãobrasileira – vitoriosa em todo o país a cruzada santada liberdade nacional”.

O Diário da Noite estampa a primeira página coma manchete: “Viva o Brasil! Viva a República Novae Redimida!”.

Em 3 de novembro Vargas recebe o poder. Omovimento liquida praticamente a imprensa queapoiava a situação anterior.

Em novembro, José Eduardo de Macedo Soares,no Diário Carioca, conclama o Governo Provisórioa seguir seu programa e a cumprir suas promessas:“O Governo deve agir de acordo com o pré-estabelecido, a Nação o espera, impacientemente”.

No princípio de dezembro, o Diário Cariocarompe com a situação, criticando a gestão doGoverno Provisório: “Uma administraçãoincompetente e uma política mesquinha”.Dias depois, a edição que publica o editorialBalaio de caranguejos é impedida de sair.Mesmo assim, circula pela cidade.

O Jornal do Brasil, que tivera sua Redaçãoinvadida nos dias tumultuosos da Revoluçãoe fora forçado a ficar uma semana semcircular, reaparece com a substituição deAníbal Freire por Brício Filho em suadireção. Brício faz a autocensura,examinando toda matéria a ser publicada.

O Correio Paulistano é tomado e apossadopelo Governo de São Paulo, que em suasoficinas funda O Tempo, em 1931.

A redação do Diário Nacional, quehostilizava o interventor de São Paulo, éinvadida; sua edição, apreendida.

Surge o Diário de Notícias, fundado porOrlando Ribeiro Dantas, Nóbrega da Cunha

e Alberto Figueiredo Pimentel Segundo.

A Crítica deixa de circular.

Surge em Porto Alegre o Diário de Notícias,dirigido por Leonardo Truda.

Também o Jornal do Comércio do Recife passa aintegrar a cadeia dos Diários Associados.

Cásper Líbero inaugura em São Paulo o edifícioPalácio da Imprensa. Projetado para ser sede de AGazeta, era único no País, com característicasapropriadas para redação, gravura, composição,impressão e distribuição de um jornal.

Em 12 de outubro a revista OCruzeiro realiza cobertura dainauguração da estátua doCristo Redentor.

1931HERBERT MOSES (à direita)assume a Presidência daABI. O seu bomrelacionamento com asautoridades transformou asede da ABI, que era na Rua doPasseio, em ante-sala doItamarati. No primeiro ano de suaadministração, apesar da censura àimprensa e das prisões de jornalistas, ainstituição passou por uma grande reformulação,quando foi oficializada também a doação doterreno do Morro do Castelo. Bom negociador,Herbert conseguiu que Getúlio Vargas prometessesubstancioso auxílio financeiro para o início daconstrução da sua sede própria, fizesse uma doaçãoinicial de 13 mil contos de réis e criasse osprimeiros cursos de Jornalismo. No entanto,mesmo correndo o risco de abalar essas boasrelações, em nenhum momento de suaadministração Herbert Moses consentiu que a ABIse intimidasse e deixasse de se pronunciar arespeito da violação dos direitos de jornalistas e daliberdade de imprensa. O período é considerado agrande fase construtiva da instituição e ele, navisão de amigos e colaboradores, figura como oconsolidador material e espiritual da Casa do

Jornalista. Nos registros da própria ABI, ele aparececomo o homem que “tornou a fundação de Gustavode Lacerda conhecida e respeitada dentro e fora doPaís. Arrancou-a, por fim, dos apertados limites dassalas de aluguel para lhe dar uma sede imponente,bela, confortável, moderna como poucas nestasAméricas. Tudo isso, obra da sua dedicação, do seuentusiasmo, da sua energia”.

No dia 13 de março começa a circular no Rio deJaneiro o Jornal dos Sports.

Pára de circular o jornal tenentista A Esquerda.

Assis Chateaubriand, por sua defesa daabertura da economia ao capital

internacional, tem atritos com Vargas.

Inauguração da Rádio Record, emSão Paulo.

1932Em janeiro Horácio de CarvalhoJúnior assume o cargo de diretor-presidente do Diário Carioca.Macedo Soares, seu fundador, fica

com a orientação política do jornal.

Macedo Soares participa da fundaçãodo Clube 24 de Fevereiro, criado em 16 de

fevereiro para defender areconstitucionalização do País e se opor ao Clube

3 de Outubro, a mais importante organizaçãotenentista. O Diário Carioca assume severaoposição ao Governo Provisório. A represália érápida: no dia 25 de fevereiro, um grupo de oficiaise três caminhões de soldados, chefiados pelo filhode Pedro Ernesto Batista, então interventor noDistrito Federal, depredam a Redação do DiárioCarioca, situada na Praça Tiradentes. O jornal éforçado a suspender sua circulação por um tempo.

A crise desencadeada pelo empastelamento doDiário Carioca é grande. Como repulsa àdepredação do Diário Carioca, todos os jornaisparam de circular por 24 horas. Maurício Cardoso,Ministro da Justiça, que tinha conseguido pôr fim àcensura à imprensa, e Batista Luzardo, Chefe dePolícia do Distrito Federal, protestam, solidários

PÁGINA DA REVISTA O CRUZEIRO, QUE APOIOU OSTENSIVAMENTE

A REVOLUÇÃO DE 30 E A POSSE DE GETÚLIO VARGAS.

A GAZETA, DE SÃO PAULO, É OUTRO JORNAL QUE APÓIA A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932: ACIMA AS EDIÇÕES DE 9 E 11 DE

JULHO E 7 DE AGOSTO, QUE TÊM FORTE APELO PATRIÓTICO E MUITAS FOTOS QUE ILUSTRAM O AVANÇO DO EXÉRCITO REBELDE.

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19Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

com o jornal. O Ministro da Guerra, José FernandesLeite de Castro, e o próprio Vargas, apoiado porlíderes tenentistas, defendem o retorno à censura.Os gaúchos João Neves da Fontoura, MaurícioCardoso, Batista Luzardo e Lindolfo Collor, todospolíticos ligados ao Governo Provisório, são contraa medida. O impasse força-os a renunciarcoletivamente em 3 de março.

Tentativas de conciliação: um Heptálogopreparado por Assis Brasil pede o retorno àConstituição de 1891 no tocante aos direitos doscidadãos, para que sejam punidos os autores doempastelamento. Segue-se um Decálogo, enviado aVargas por Borges de Medeiros e Raul Pilla, no qualsão pedidos, entre outras coisas, a abertura deinquérito sobre o atentado ao Diário Carioca, oafastamento de Pedro Ernesto da Prefeitura doDistrito Federal, a realização de eleições para aAssembléia Nacional Constituinte até 31 dedezembro de 1932 e a liberdade de imprensa.

Vargas não dá mais que respostas evasivas. Tentareconciliar-se com os gaúchos, oferecendo oMinistério da Justiça a Flores da Cunha, interventorno Rio Grande do Sul, que recusa o convite.

Macedo Soares, fundador do Diário Carioca,candidata-se a deputado estadual pelo Estado doRio de Janeiro e se elege.

Surge o Correio de São Paulo, dirigido por Rubensdo Amaral.

Em 5 de abril o Diário Carioca volta a circular eacusa o Governo da República pelo empastelamento.

Em junho o Diário Carioca manifesta-se contra o“asfixiamento da liberdade de imprensa” e promovenovo ataque ao tenentismo, afirmando que Vargaspatrocina “uma política militarista... contrária àconsciência cívica do povo brasileiro”.

Em 9 de julho irrompe a RevoluçãoConstitucionalista de São Paulo. O movimento temo apoio integral do Diário Carioca e acaba derrotado.

Assis Chateaubriand toma o partido dosconstitucionalistas de São Paulo e se torna alvo darepressão. O Governo toma posse de O Jornal,prende e exila os diretores e mostra a intenção dedestruir os Diários Associados. O prédio de OJornal, com todo o equipamento, é desapropriado.Em suas oficinas o Governo funda e edita A Nação,dirigida por J. S. Maciel Filho.

Waldo de Abreu cria os primeiros anúncios derádio no Esplêndido Programa, da Rádio Clube doBrasil do Rio de Janeiro. Locutores paulistas usam orádio como instrumento para conseguir a adesãopopular à Revolução Constitucionalista de 1932.

1933Aparício Torelly, o popular Barão de Itararé, à frentede valente equipe, no Jornal do Povo, anuncia dezreportagens sensacionais sobre a vida de JoãoCândido, o líder da Revolta da Chibata. Saem duas.Na terceira, Torelly é seqüestrado por oficiais daMarinha e conduzido para a inóspita Barra daTijuca, onde é submetido a vexames.

Com uma diagramação bem ilustrada, passa a

circular no dia 5 deabril em São Paulo ojornal O DIA (Nomecompleto: O Dia dosEsportes e de OutrosAssumptos).

Surge em São Pauloo mensário Política,dirigido por CândidoMota Filho.

A AssembléiaConstituinte,finalmente instaladaem 1933, promulga aConstituição de 1934,substituindo a Lei deOrganização doGoverno Provisório.

Em 10 de dezembro é decretada a falência daempresa que editava O Jornal.

1934Surge em São Paulo a Revista do Arquivo Municipal.

Com caráter estritamente educacional, Roquette-Pinto funda a Rádio Escola Municipal do Rio deJaneiro.

É fundada a Folha de Minas.

Depois de uma viagem aos Estados Unidos,onde conhece os suplementos semanais dequadrinhos que são a grande sensação daimprensa local, o jornalista Adolfo Aizen lança,encartado no jornal A Nação, o Suplemento Infantilque publica pela primeira vez no Brasilpersonagens recém-lançados nos EUA, como FlashGordon, Príncipe Valente, Mandrake, Jim dasSelvas, Dick Tracy e muitos outros, além de darespaço para artistas brasileiros. Na capa daprimeira edição, uma ilustração de J.Carlos.

Getúlio Vargas é eleito Presidente da Repúblicapelo Congresso para um mandato de quatro anos.

Cresce a radicalização política. De um lado,Plínio Salgado, pelo Partido Integralista, e de outro aAliança Nacional Libertadora, de Luís Carlos Prestes.

Surge o primeiro sindicato dos jornalistas noBrasil, em Juiz de Fora, MG. No ano seguinte surgeoutro no Rio de Janeiro.

Inauguração da Rádio Mayrink Veiga, líder deaudiência por vários anos no Rio de Janeiro, até serfechada em 1964.

1935Em 4 de abril é editada a Lei de Segurança Nacional.

Em extenso editorial intitulado Em defesa daDemocracia, O Jornal mostra-se favorável à Lei deSegurança Nacional: “(...). O governo, armado dospoderes que lhe vai dar a Câmara, defenderá asegurança do regime. Não lhe aconselharíamosexcessos criminosos, que só serviriam para criarMártires. Mas de certo, a repressão aos mauselementos, aos agitadores, aos terroristas deve serinflexível e enérgica”.

Em 27 de novembro é deflagrada em Natal, RN,Recife, PE, e Rio o levante da Aliança NacionalLibertadora, liderado por Luis Carlos Prestes.

Com a insurreição, o Diário Carioca aproxima-seda situação.

Vargas declara estado de sítio e impõe a censuraà imprensa, a proibição de novos jornais e ofechamento de outros.

Começa a circular o Jornal de Notícias, dirigidopor José Carlos Pereira de Sousa.

Deixa de circular a Folha de Minas.

Surge A Ofensiva.

O jornalista Macedo Soares é eleito senador peloEstado do Rio de Janeiro.

Entra no ar a Rádio Jornal do Brasil, no Rio deJaneiro.

Instituição do programa oficial do Governo deGetúlio Vargas, A Voz do Brasil, transmitido até hoje.

A crise desencadeada pelo empastelamento do Diário Carioca é grande. Como repulsaà depredação do Diário Carioca, todos os jornais param de circular por 24 horas.

1930~1935

DUAS EDIÇÕES DE O DIA: 9 E 29 DE JUNHO DE 1933, FOTOS, DESENHO E TIPOLOGIAS DIVERSAS.

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20 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

A Rádio Kosmos, de São Paulo, cria os primeirosprogramas de auditório, que permitem aparticipação do público.

Aparecem os primeiros ídolos do rádio: LindaBatista, Araci de Almeida, Francisco Alves,Carmem Miranda, Orlando Silva, Sílvio Caldas,entre outros.

1936Em março de 1936, o escritor Graciliano Ramos,acusado – sem que a acusação fosse formalizada –de ter conspirado para o levante comunista denovembro de 1935, é demitido, preso em Maceió eenviado para o Recife, onde é embarcado no navioManaus, com outros 115 presos, com destino aopresídio da Ilha Grande, no Rio de Janeiro.

Começa a operar a Rádio Nacional, do Rio deJaneiro. A emissora é criada com uma estruturainédita para a época. Possui seis estúdios, umauditório com 500 lugares, transmissores de 25 kWe 50 kW, para ondas médias, e dois de 50 kW, paraondas curtas. Suas transmissões alcançam todo oterritório brasileiro e algumas partes da América doNorte, da Europa e da África. Para colocar aemissora em funcionamento há um corpo defuncionários igualmente grande: dez maestros, 124músicos, 33 locutores, 55 radioatores, 39radioatrizes, 52 cantores, 44 cantoras, 18produtores, 13 repórteres, 24 redatores, quatrosecretários de Redação e aproximadamente 240funcionários administrativos.

No Reino Unido, surge em 1936 o BBC TVService, o principal canal da BBC, com umaprogramação variada, permeada por notícias, artee documentários.

1937Alegando a existência do PlanoCohen, que denunciava umasuposta insurreiçãocomunista, o Governo Vargasconvence o Congresso aaprovar o estado de guerra epôr fim ao processo sucessório.

Em 10 de novembro, Vargasdissolve o Congresso e outorganova Constituição, que ficaconhecida como Polaca, por seassemelhar à Constituição daPolônia fascista. Tem início oEstado Novo.

Em 30 de novembro o DiárioCarioca anuncia: “Vão serextintos os partidos políticosexistentes no País”.

Assis Chateaubriand inaugura a Rádio Tupi, deSão Paulo. A cantora Linda Batista é eleita Rainhado Rádio.

1938Em maio, sob o comando do Tenente Severo

Fournier, os integralistas tentam tomar de assalto oPalácio Guanabara, residência do Presidente daRepública, para assassinar Vargas e tomar o poder.A Intentona Integralista, como ficou conhecida aação, foi esmagada em poucas horas; seusparticipantes são presos, processados e condenados.

O Decreto nº 910, de 30 de novembro,regulamenta a profissão de jornalista.

1939Depois de assinar contrato com o empresário LeeShubert, CARMEM MIRANDA (ao lado) parte denavio para os Estados Unidos no dia 4 de maio.

Referência na arquitetura moderna mundial, oPRÉDIO DA ABI é inaugurado oficialmente no dia13 de maio. O jornal Correio da Manhã noticia ofato com grande destaque.

É criada em 15 de maio a revista Planalto,quinzenário paulista editado pelo DepartamentoEstadual de Imprensa.

Surge o Correio da Noite.

Em 1º de setembro irrompe aSEGUNDA GUERRA MUNDIAL,com a invasão e ocupação daPolônia pelas tropas do lídernazista Adolfo Hitler,Chanceler da Alemanha. Como inicio da Segunda GuerraMundial, o totalitarismo sefortalece no Brasil. A censuraé dura.

Em 9 de dezembro épublicado um manifesto contraa censura. Assinam: ElmanoCardim, do Jornal doCommercio; Austregésilo deAthayde, do Diário da Noite;Paulo Bittencourt, do Correio

da Manhã; Roberto Marinho, de O Globo; OrlandoRibeiro Dantas, do Diário de Notícias.

ASSIS CHATEAUBRIAND FALA AO MICROFONE DA RÁDIO TUPI, PERTENCENTE AOS DIÁRIOS ASSOCIADOS.

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21Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

A maioria dos jornais toma o partido dos paísesque combatem o nazifascismo.

Em 27 de dezembro, Vargas cria o Departamentode Imprensa e Propaganda-Dip, chefiado porLourival Fontes, seguindo o modelo nazista deJoseph Goebbels, Ministro da Propaganda deHitler. O Dip controla a imprensa e o rádio, fixa elibera as quotas de papel de imprensa, entãoimportado, e baixa listas de assuntos proibidos.

Durante sua existência, o Dip veta o registro de420 jornais e 346 revistas. Apenas publicaçõesligadas politicamente ao Presidente sãoautorizadas a circular. Apesar da censura, Vargasemprega altos recursos governamentais napublicidade dos atos oficiais de seu Governo, oque acaba garantindo a expansão industrial daimprensa no período.

1940Em 25 de março, a Redação de O Estado de S. Pauloé ocupada pela Polícia Militar: acusando osproprietários e diretores de terem ali armasescondidas, o Governo do Estado se apossa dojornal, tomado da família Mesquita, suaproprietária, e suspende a sua circulação. O jornalreaparece sob a direção de Abner Mourão,nomeado pelo interventor Ademar de Barros e quevinha do Correio Paulistano, e fica subordinado aoGoverno do Estado. A expropriação se estenderáaté o fim do Estado Novo.

Em 5 de maio, Monteiro Lobato escreve a respeitoda política de petróleo até então seguida pelo Governo.

1941Em 20 de março, dois investigadores prendemMonteiro Lobato no escritório da União JornalísticaBrasileira. Ele é mantido incomunicável vários diasnum presídio em que se misturam presos comuns epresos políticos.

Sai de circulação a revista Beira Mar.

Surge no Rio o jornal governista A Manhã,dirigido por Cassiano Ricardo.

Depois de enfrentar muitos problemas durantesua produção, CIDADÃO KANE, de Orson Welles(esquerda), é lançado nos cinemas. O magnata damídia William Randolph Hearsttentou impedir a todo custo queo filme fosse lançado, poisconsiderava que o roteirodenegria sua imagem.

Em setembro de 1941 éfundada a AtlântidaCinematográfica, que passa aproduzir o cinejornalAtualidades Atlântida.

No contexto da guerra naEuropa, a Marinha da Grã-Bretanha apresa o navio SiqueiraCampos, que transporta carga dematerial bélico da Alemanhapara o Brasil.

Em 28 de agosto vai ao ar pela primeira vez naRádio Nacional o Repórter Esso, programa que iriamarcar o telejornalismo brasileiro. O programa éapresentado por Heron Domingues.

1942Surge em São Paulo o jornal governista A Noite,dirigido por Menotti del Picchia.

Em 1 de abril deixa de circular a revista Planalto.

A revista O Cruzeiro contrata o fotógrafo francêsJean Manzon para valorizar a imagem jornalística.Manzon passa a compor com David Nasser a primeiradupla de repórter e fotógrafo na imprensa do Brasil.

Em 22 de agosto o Brasil declara guerra àschamadas potências do Eixo: Alemanha, Itália eJapão, em represália ao torpedeamento de naviosmercantes nacionais no litoral do País.

Nesse mesmo ano, nos EUA, uma cooperaçãoentre americanos, ingleses e alemães inicia odesenvolvimento do computador eletrônico.

1943Em um acidente aéreo no Rio de Janeiro quetambém vitimou o Arcebispo de São Paulo, DomJosé Gaspar d’Afonseca, morre o jornalista CásperLíbero, em 27 de agosto, aos 54 anos.

1944Surge a Revista Industrial, órgão da Federação dasIndústrias do Estado de São Paulo, dirigida porHonório de Sylos.

Surge o Digesto Econômico, órgão da AssociaçãoComercial do Estado de São Paulo, dirigido por RuiBlóem, Rui Fonseca e Rui Nogueira Martins edepois por Antônio Gontijo de Carvalho.

Começa a circular no Rio a Folha Carioca,dirigida por Andrés Guevara.

O jornal tablóide O Globo Expedicionário éenviado para os pracinhas da Força ExpedicionáriaBrasileira-Feb que estavam participando da IIGuerra Mundial na Europa.

Inauguração da Rádio Globo, do Rio de Janeiro.

1945Em 22 de fevereiro, já em fins da Segunda GuerraMundial, o Correio da Manhã desafia a censura e

publica entrevista de CarlosLacerda com JOSÉ AMÉRICO DE

ALMEIDA (esquerda), ex-Ministroda Viação de Getúlio Vargas ecandidato à Presidência daRepública na eleição frustradapelo golpe estado-novista de1937. A entrevista desencadeia areação contra a ditadura e pelorestabelecimento da ordemdemocrática e marca o começodo fim do Estado Novo. Amatéria é suficiente para liquidaro Dip, restaurando a liberdadede Imprensa, e lançar acandidatura do BrigadeiroEduardo Gomes à Presidência daRepública pela nascente União

Democrática Nacional-UDN, principal partido deoposição a Vargas.

O jornalista Adolfo Aizen funda a EDITORA

BRASIL-AMÉRICA, que mais tarde seria conhecidatambém como Ebal. Especializada em quadrinhos,a casa publicadora passa a ser uma das principaisdo País a divulgar a oitava arte e a dar espaço paraos desenhistas nacionais.

O vespertino Folha da Tarde começa a serpublicado pela Folha de S. Paulo.

Com o apoio de Mário Lago e Oscar Niemeyer, élançada a Tribuna Popular, jornal de orientaçãocomunista.

Em 29 de outubro um golpe militar depõeGetulio Vargas, põe fim ao Estado Novo e entrega aPresidência da República ao Ministro José Linhares,Presidente do Supremo Tribunal Federal, a quemcaberá presidir as eleições de 2 de dezembro,convocadas pelo próprio Vargas.

Apesar de deposto, Vargas apóia a candidatura deseu antigo Ministro da Guerra, General EuricoGaspar Dutra, responsável militar pela instauraçãodo Estado Novo. Dutra concorre pelo Partido SocialDemocrático (PSD), formado por antigosintegrantes dos dois Governos Vargas.

Em 2 de dezembro Dutra vence as eleições.

É eleita nova Assembléia Constituinte,incumbida de elaborar a Constituição quesubstituirá a do Estado Novo.

Em agosto, o Diário Carioca, pioneiro namodernização do jornal impresso no País, publicauma série de artigos sob o título Cartas a um Foca,em que se divulgam os princípios do lide e regraspara redatores e repórteres.

O Dip controla a imprensa e o rádio, fixa e libera as quotas de papelde imprensa, então importado, e baixa listas de assuntos proibidos.

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200 Anos da Imprensa no Brasil

1946Para terminar as obras da sede da ABI, HerbertMoses consegue que o Presidente Dutra autorize oMinistério da Justiça a abrir um crédito de 2milhões de cruzeiros para os serviços deacabamento do prédio.

Para homenagear seu fundador, o PrefeitoHenrique Dodsworth muda o nome da RádioEscola, que passa a se chamar Rádio Roquette-Pinto.

Em 18 de setembro é promulgada a novaConstituição, a qual estabelece que as empresasjornalísticas devem ser de propriedade debrasileiros natos e veda a presença estrangeira nodomínio das empresas editoras de jornais e revistas.

No dia 20 de setembro é criada a FederaçãoNacional dos Jornalistas-Fenaj.

Sai de circulação a revista Vida Nova.

J.Mauchly e J. Eckert constroem ENIAC, oprimeiro computador totalmente eletrônico.

1947Na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, éaberto o primeiro curso de Jornalismo de nívelsuperior do Brasil.

O Governo Dutra põe na ilegalidade o PCB.Parlamentares do partido, entre eles o Senador LuísCarlos Prestes, eleito pelo Distrito Federal, sãocassados. Dezenas de sindicatos sofremintervenção. É fechada a Confederação dosTrabalhadores do Brasil-CTB, primeira centralsindical constituída no País.

O nacionalismo, presente na campanha que seinicia em defesa do monopólio estatal do petróleo,é apresentado como movimento criado pelo PCB eigualmente reprimido.

1948Surge o Jornal de São Paulo, dirigido por Guilhermede Almeida e que desaparece no mesmo ano.

O Governo Dutra rompe as relações diplomáticase comerciais com a União Soviética, estabelecidaslogo após o fim da Segunda Guerra.

Neste período, os meios decomunicação evoluemrapidamente e a pesquisatecnológica recebe um

novo impulso com apublicação da Teoriada Informação, de

Shannon e Weaver.Entre os inventos quemarcaram época nesseperíodo está osurgimento do discolong play, chamado

simplesmente de lp.

1949CARLOS LACERDA

(esquerda) funda ovespertino Tribuna

da Imprensa.

Em entrevista ao jornalista Samuel Wainer epublicada em O Jornal, Getúlio Vargas anuncia seuretorno. “Eu voltarei como líder das massas”.

Surge a Revista do Rádio, editada por AnselmoDomingos, que retratou a era de ouro do rádiobrasileiro. Inicialmente tinhaperiodicidade mensal, mas seusucesso a tornou semanal apartir de 1950.

A CompanhiaCinematográfica Vera Cruz éfundada em São Paulo.

1950Em 12 de julho de 1950 surgea primeira publicação daEditora Abril: O Pato Donald.Com ela é também fundada aeditora de VICTOR CIVITA

(acima). Os poucosfuncionários trabalhavam numpequeno escritório na RuaLíbero Badaró, no centro deSão Paulo.

Ressurge o Jornal de São Paulo.

É lançada em São Paulo, no dia 18 de setembro,a primeira emissora de televisão do Brasil, a TVTupi. No dia seguinte vai ao ar o programaImagens do Dia, o primeiro telejornal brasileiro,recebido pelos cerca de cem aparelhos de tvexistentes no País.

Em 3 de outubro, Vargas é eleito Presidente daRepública pelo voto popular, derrotando ocandidato da UDN Brigadeiro Eduardo Gomes, queconcorrera pela segunda vez à Presidência.

1951Em 31 de janeiro Vargas assume o mandatoconstitucional de Presidente da República, apósderrotar as tentativas da UDN de impedir a suaposse, sob a alegação de que ele não obtiveramaioria absoluta nas eleições de 3 de outubro.

Assis Chateaubriand passa à oposição contra onacionalismo de Vargas, especialmente quanto àquestão do petróleo.

Em 12 de junho surge o vespertino ÚLTIMA

HORA, fundado por Samuel Wainer, com apoio deGetúlio Vargas. Divulgador do ideário varguista, ojornal procura refletir em suas páginas oreconhecimento das classes populares urbanas

como interlocuçãolegítima em face dopoder governamental.De acordo com osCadernos deComunicação, “ÚltimaHora dirigia-seespecialmente àsclasses populares, masnão exclusivamente a

elas – precisava dispor detemas capazes de atendera diversos tipos deinteresses, refletindo dessemodo a ambigüidade que

marcava a prática populista”. O jornal mantém-sevinculado ao Governo Federal, defendendo asmedidas tomadas por Getúlio e adotando uma linhaeditorial nacionalista, antifascista e de busca dejustiça social. Para conferir status social ao jornal,Wainer convida Luís Fernando Bocayuva Cunha,Carlos Holanda Moreira, Armando Daudt de

Oliveira e Padre Antônio Dutrapara serem vice-presidentes daempresa que edita a publicação.

Em setembro, Última Horaalcança a circulação diária de18 mil exemplares.

Em 4 de novembro, RubemBraga, correspondente doCorreio da Manhã na Itália,publica reportagem sobre oaumento da imigração para oBrasil de europeus dos paísesderrotados na Segunda GuerraMundial.

O Diário Carioca inaugurasua nova sede na Avenida RioBranco, 25. O diretor Danton

Jobim convida Luís Paulistano para ser o chefe deReportagem e, com Pompeu de Souza na chefia daRedação, inaugura um novo estilo de apresentar anotícia. O jornal chega a vender 45 mil exemplaresnos dias úteis e 70 mil aos domingos.

Início da televisão comercial, com a TV Difusora(Canal 3, São Paulo), mais tarde TV Tupi, Canal 4.

Inauguração da TV Excelsior.

Entra em operação a TV Tupi do Rio de Janeiro.

É lançado nos EUA o primeiro computadorcomercial, Univaci.

Surge o videotape, mas sua popularizaçãoacontece somente a partir do final dos anos 60.

1952Desaparece A Pátria, fundado por Paulo Barreto, oJoão do Rio.

Em 18 de março, surge a edição paulista deÚltima Hora.

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Manchete, revista semanal ilustrada da BlochEditores, é lançada no dia 26 de abril.

Victor Civita lança Capricho, uma revista defotonovelas importadas.

Surge a revista Cinelândia.

A revista quinzenal Visão, cujoslogan é O sentido das notícias,chega às bancas.

A 4 de maio, o Repórter Essopassa para a TV Tupi, na qualpermanece até 31 de dezembro de1970.

É fundado em Belo Horizonte OBinômio, tablóide de sátira política,um dos precursores da imprensa alternativa dosanos 70, editado por José Maria Rabelo e EuroArantes.

Continuando a linha de quadrinhos da Disney, aEditora Abril lança a revista mensal Mickey.

1953Em abril é lançado o primeiro grande jornal

semanário brasileiro: Flan, editado pela ÚltimaHora de Samuel Wainer. Flan logo alcança atiragem de 180 mil exemplares e desperta a ira deChateaubriand, Adolpho Bloch e Carlos Lacerda. Ojornal sofre dura represália dos adversários; emcinco meses perde qualidade e desaparece.

Lacerda acusa Última Hora de dumping econquista o apoio de Chateaubriand e RobertoMarinho, que difundem campanhas contra SAMUEL

WAINER (abaixo) pela TV Tupi e pela Rádio Globo.Uma rumorosa Comissão Parlamentar de Inquéritoé instalada na Câmara dos Deputados parainvestigar a origem dos recursos que permitiram afundação do jornal. É instaurado processo criminalcontra Samuel Wainer, acusado de não serbrasileiro e, por isso, não poder presidir e dirigirum jornal. Wainer é preso, exila-se no Paraguai,perde nominalmente a propriedade de Última Hora,mas sobrevive ao ódio dos concorrentes.

O Cangaceiro, dirigido pelo cineasta paulistaLima Barreto, ganha no Festival de Cannes oprêmio de Melhor Filme de Aventura e de MelhorTrilha Sonora com a música Olê Muié Rendeira,

interpretada pela atriz Vanja Orico.

Em 12 de novembro entra emvigor nova Lei de Imprensa.

Chega à vitória a campanha OPetróleo é Nosso: em 3 de outubro ésancionada pelo Presidente GetulioVargas a Lei nº 2.004, que instituio monopólio estatal do petróleo ecria a empresa Petróleo BrasileiroS. A.-Petrobrás.

1954Em março é desencadeada violência

policial contra a Imprensa Popular, diário do PCB. Ojornalista João Batista de Lima e Silva, um de seusprincipais redatores, é preso ao sair da Redação econduzido à Delegacia de Ordem Política e Social-Dops, órgão permanente de repressão aosadversários do sistema político e social.

Em 13 de março, em Belo Horizonte, jornalistasdo Jornal do Povo, também vinculado ao PCB,sofrem violência; dois jornaleiros são presos eespancados. Em Salvador, Bahia, são presos osjornalistas Aristides Nogueira e Altamirando SimãoSchinitman em invasão, saque e depredação daredação de O Momento, também editado pelo PCB.

Em maio morre no Rio de Janeiro o jornalistaNestor Moreira, repórter de A Noite, brutalmenteassassinado dentro de uma delegacia policial, a 2ªDP, em Copacabana, por um guarda municipalalcunhado de Coice de Mula.

Em 5 de agosto morre o Major da AeronáuticaRubens Vaz num atentado contra o jornalista CarlosLacerda quando este chegava à sua residência, naRua Tonelero, em Copacabana. O atentado deflagrauma crise incontrolável pelo Presidente Vargas. que éameaçado de deposição ou compelido a renunciarpor militares da Aeronáutica reunidos na chamadaRepublica do Galeão, em cuja Base Aérea se realizavao inquérito para apurar a morte do oficial.

Última Hora publica: “Getúlio ao povo: ‘Só mortosairei do Catete’”

Em 24 de agosto Getúlio Vargas se suicida.Última Hora publica: “Ele cumpriu a promessa”.Multidões exasperadas atacam os grandes jornaishostis a Vargas, bloqueando suas saídas às ruas.Não só os jornais da capital são depredados: emPorto Alegre, o povo triste e indignado ataca oDiário de Notícias. No Rio o único a circular é aUltima Hora, que vende quase 800 mil exemplares.A oficina não parou de trabalhar: foram 20 horasrodando edições sucessivas. O povo nem sequeresperava que os exemplares chegassem às bancas –arrancava-os dos caminhões, distribuidores, ávidospor notícias sobre a tragédia.

Com a morte de Vargas, o Vice-Presidente CaféFilho assume a Presidência e a UDN ocupa osprincipais cargos da administração federal.

Inauguração da Rádio Bandeirantes, em São

Paulo, a primeira a divulgar notícias durante toda aprogramação.

O Brasil tem 120 mil aparelhos de tv, número quesobe para 6 milhõesdo início da década de70. Atualmente sãomais de 45 milhões.

Em 1954, ocorre aprimeira transmissãode tv em cores nosEstados Unidos.

A Editora Abrilpublica uma ediçãocomemorativa dos400 anos da cidadede São Paulo: REVISTA

DO IV CENTENÁRIO.

A Rio Gráfica e Editora lança, em dezembro, arevista Filmelândia.

1955Caio Prado Junior funda a Revista Brasiliense, dediscussão teórica, dirigida por Elias Chaves Neto.

Em 14 de julho, no Governo Café Filho, é criadoo Instituto Superior de Estudos Brasileiros-Iseb,orgão do Ministério da Educação e Cultura, com oobjetivo de estudar, ensinar e divulgar as ciênciassociais, cujos dados seriam aplicados à análise e àcompreensão crítica da sociedade brasileira. Dacongregação do Iseb fazem parte, entre outros,Hélio Jaguaribe, Guerreiro Ramos, Álvaro VieiraPinto e Nélson Werneck Sodré.

É criado o periódico nacionalista O Semanário,fundado por Osvaldo Costa e inspirado naideologia nacional-desenvolvimentista do Iseb.

Em outubro, a chapa Juscelino Kubitschek-JoãoGoulart, da coligação PSD-PTB, vence as eleiçõespresidenciais, derrotando os candidatos Juarez

Em 24 de agosto Getúlio Vargas se suicida. Última Hora publica: “Ele cumpriua promessa”. Multidões exasperadas atacam os grandes jornais hostis a Vargas.

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200 Anos da Imprensa no Brasil

Távora, da UDN, e Ademar de Barros, do PSP.Como JK não a vencera por maioria absoluta, aUDN, tal como fizera na eleição de Vargas, contestaa eleição e passa a pregar a impugnação da posse doPresidente eleito.

Em setembro, é invadida pela Polícia a GazetaSindical, ligada à revista Movimento SindicalMundial, publicação da Federação SindicalMundial-FSM, ambas dirigidas por Jocelyn Santos,conhecido sindicalista e respeitado sócio da ABI.

Em outubro, Samuel Wainer é preso, acusado defalsidade ideológica.

Em 22 de outubro, a revista O Cruzeiro publicareportagem de Mário de e Ubiratan de Lemos sobreos paus-de-arara (acima), vencedora do primeiroPRÊMIO ESSO DE JORNALISMO.

Em novembro, Café Filho alega problemas desaúde e se afasta da Presidência. Carlos Luz (PSD-MG), aliado da UDN e Presidente da Câmara dosDeputados, assume interinamente.

Em 10 de novembro, o General HenriqueTeixeira Lott demite-se do cargo de Ministro daGuerra, após ser destratado numa audiência naPresidência da República, no Palácio do Catete. Oagravo que sofrera gera reação dos chefes militares,que decidem mantê-lo no cargo e assegurar a possedo Presidente eleito.

No dia seguinte, no movimento que ficou conhecidocomo o 11 de Novembro, o Exército assegura amanutenção de Lott no cargo e, com os tanques nasruas, a Câmara dos Deputados impede Carlos Luz decontinuar na Presidência, na qual é empossado oSenador Nereu Ramos (PSD-SC), Presidente doSenado Federal. No poder, Nereu Ramos devolve oMinistério da Guerra ao General Lott.

O Presidente da ABI, Herbert Moses, faz apelo aNereu Ramos, no dia 11 de novembro, pelapreservação dos direitos democráticos e asuspensão da censura à imprensa.

No dia 21, a situação volta a ficar tensa em razãoda melhoria do estado de saúde de Café Filho e seupossível retorno à Presidência. Para neutralizar areação da UDN, Nereu Ramos, em articulação como General Lott, decreta estado de sítio por 30 dias esusta a volta de Café Filho à Presidência. Assim fica

assegurada a posse de JK eJango e, com esta, o respeitoà decisão das urnas.

Em 23 de novembroSamuel Wainer é absolvidopor unanimidade. Assucessivas investidasjurídicas contra ÚltimaHora não surtiram efeito.

Atentado contra VieiraMoe, diretor de O Combate,de Fortaleza.

Entre os avanços datecnologia, a Sony lança oprimeiro rádio transistor.

1956Estréia na TV Tupi o programa Rancho Alegre,apresentado por Abelardo Barbosa, o Chacrinha,um dos maiores comunicadores da televisãobrasileira. Nesse programa ele começou a fazer aDiscoteca do Chacrinha.

Em 31 de janeiro, tomam posse o PresidenteJuscelino Kubitschek de Oliveirae o Vice-Presidente João Goulart.

Ultima Hora volta ao centro dopoder. É o único jornal a apoiarsem restrições a criação deBrasília, onde instala umasucursal antes da inauguração danova capital.

Em junho, o Boletim da ABIpublica matéria com a seguintemanchete: “Mensagem aoPresidente Kubitschek no Dia daImprensa: Anistia aos jornalistas,presos e processados pela Lei deSegurança, no Período Getúlio”.

Lançada pela Abril a revista semanal femininaVocê, publicada até abril de 1959.

Inicia-se o primeiro serviço de telefone via caboatravés do Atlântico.

1957A Noite pára de circular..1958A Rádio Eldorado, de São Paulo, começasuas transmissões.

Pára de circular O Dia.

Com mais de 51 anos de existência, deixade circular em agosto a revista Fon-Fon.

O PCB lança a revista Estudos Sociais,sob a direção de Astrojildo Pereira e comcirculação trimestral.

Surge o semanário comunista Novos Rumos;

1959É lançada a revista Manequim com fotosfornecidas por agências estrangeiras.

Em março surge a revistaSENHOR, que marcariaépoca na imprensa brasileira.

Deixa de circular AManha, jornal humorísticode Aparício Torelly.

Chega aos cinemas oCanal 100, jornalcinematográfico semanaldirigido por CarlosNiemeyer.

Em 14 de novembro, o Ministro da Guerra,General Henrique Teixerai Lott, pede oenquadramento do Diário de Notícias na Lei deSegurança Nacional.

1960Em fevereiro, Assis Chateaubriand é acometido poruma dupla trombose cerebral e fica quadriplégico.

É suspensa a publicação do Boletim da AssociaçãoBrasileira de Imprensa, criado em 1952.

ALBERTO KORDA tira, no dia 5 de março, oretrato de CHE GUEVARA

(abaixo) em Havana, Cuba,durante um memorial dedicadoàs vítimas da explosão de LaCoubre. A foto, que recebeu onome de Guerrilheiro Heróico, setransformou num dos maioressímbolos do século XX.

Brasília é inaugurada em 21 deabril. A revista MANCHETE, daBloch Editores, publica umaedição especial sobre a a novaCapital Federal.

Em agosto, chega a revistaQuatro Rodas, da Editora Abril,

de olho no crescimento do turismo e da indústriaautomobilística.

Chega às bancas Turma do Pererê, do Ziraldo, aprimeira série de revistas em quadrinhos brasileirafeita por um só autor. Ela também foi a primeirahistória em quadrinhos a cores totalmenteproduzida no Brasil.

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27Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

O Jornal e os Diários Associadosapóiam a candidatura do GeneralHenrique Teixeira Lott, candidatoda coligação PSD-PTB à Presidênciada Repúbnlica, na disputa comJânio Quadros, candidato da UDN,nas eleições de 3 de outubro.

Em dezembro é criada pela BlochEditores a revista Fatos & Fotos, deperiodicidade semanal.

A Abril lança a revista DiversõesEscolares, que traz atividades para crianças emidade escolar.

Vinte emissoras de tv estão espalhadas pelascapitais brasileiras e as transmissões são captadaspor cerca de 1,8 milhão de aparelhos. É tempo desucesso de programas infantis como Gincana Kibon¸Rin-Tin-Tin, Sabatinas Maizena e Sessão Zás-Trás.

Em 5 de dezembro CARLOS LACERDA éempossado como primeiro governador do recém-criado Estado da Guanabara e inicia uma amplareforma administrativa (foto abaixo, à direita).

1961Em janeiro, ZÉ CARIOCA

ganha sua revista, a primeiracom um personagemDisney totalmenteproduzida no Brasil.

Em 25 de agosto oPresidente Jãnio Quadrosrenuncia. Os MinistrosOdilo Denis, do Exército,Gabriel Grun Moss, daAeronáutica, e Sílvio Heck,da Marinha, tentam um

golpe de Estado e vetam a posse do sucessorconstitucional do renunciante, o Vice-PresidenteJoão Goulart, que se encontra em visita oficial àRepública Popular da China e é convocado àspressas para assumir a Presidência.

Os Diários Associados apóiam a posse deGoulart. Depois voltam-se contra ele, acusando-ode esquerdismo e nacionalismo.

Jornais contrários ao golpe são censurados peloGovernador da Guanabara, jornalista CarlosLacerda, que aciona o Chefe da Censura deDiversões Públicas, jornalista Ascendino Leite, paraimpedir a publicação de matérias acerca daresistência ao golpe militar.

Através da Rede da Legalidade, constituída poremissoras do Rio Grande do Sul e outros Estados,o Governador Leonel Brizola lança movimento deresistência ao golpe militar e mobiliza a BrigadaMilitar do Estado e o povo gaúcho para enfrentaros golpistas até no terreno militar. Sua pregação évitoriosa, com a derrota dos golpistas e a posse a7 de setembro do Presidente João Goulart,embora com os poderes reduzidos por umaemenda que instituiu o parlamentarismo no País.

1962Deixa de circular o Diário da Noite, vespertino dosDiários Associados editado no Rio de Janeiro.

O jornalista Amado Ribeiro,repórter policial de Ultima Hora,investiga a morte de um grupo demendigos, atirados às águas do Rioda Guarda. Ele descobre que aPolícia determinara a matança demiseráveis, após receber doGovernador a ordem de “limpar oRio de Janeiro”. O jornal publicarepetidas reportagens sobre o casoe passa a se referir a Lacerda,inimigo histórico de SamuelWainer, com o título de

“Governador Mata-Mendigos”.

O Diário Carioca apóia o Presidente Jangodurante todo o seu Governo. Segundo depoimentos,o Presidente teria ensejado auxílio material aojornal, que se encontrava em crise financeira e coma circulação em queda.

O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, comLeonardo Villar e Glória Menezes, ganha a Palmade Ouro no Festival de Cannes. É o primeiro filmeem língua portuguesa a receber o principal prêmiodo festival.

Surge a revista Claudia.

É lançada pela União Nacional dos Estudantes-Une a revista estudantil Movimento, editada porArnaldo Jabor.

O videoteipe é introduzido no Brasil. Ele dinamizae melhora a qualidade das produções, até entãorealizadas ao vivo, ao permitir gravar e editar as

imagens antes da exibição. O telejornalismo, que erafeito em película cinematográfica, ganha mais agilidade.

1963Com o aumento e popularização da programaçãotelevisiva, a Editora Abril lança em janeiro a revistasemanal Intervalo, especilizada em tv.

É criada na Câmara dos Deputados a chamadaCPI do Ibad, destinada a apurar a corrupçãoeleitoral que ensejou a eleição em outubro de1962 de dezenas de deputados em inúmerosEstados. O Ibad é a sigla do Instituto Brasileiro deAção Democrática, criado pelas correntesadversárias do Presidente João Goulart, comrecursos de doações empresariais, para promoveruma conspiração destinada a depô-lo.

Leonel Brizola lança vigorosa campanharadiofônica a respeito de empréstimos privilegiadosde instituições oficiais de crédito a jornais,particularmente aos Diários Associados e a O Globo.

No dia 15 de outubro começa a circular o jornalNotícias Populares.

É lançado o semanário católico Brasil Urgente,dirigido pelo frade dominicano Frei CarlosJosaphat. A publicação chega à tiragem de 40 milexemplares e conta entre seus editores com ojornalista e psicanalista Roberto Freire.

A TV Excelsior leva ao ar a primeira telenoveladiária brasileira, 2-5499 Ocupado¸ com TarcísioMeira e Glória Menezes. Transmitida no horáriodas 19h, tem duração de três meses.

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OVinte emissoras de tv estão espalhadas pelas capitais brasileiras e astransmissões são captadas por cerca de 1,8 milhão de aparelhos.

1955~1963

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28 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

Lançada a revista Contigo.

Entra em vigor o regulamento dos serviços deradiodifusão no País, elaborado pelo ConselhoNacional de Telecomunicações.

Em dezembro chega às bancas o Almanaque TioPatinhas, que em 1970 passa a ser chamadosimplesmente de Tio Patinhas.

1964Amigo de Herbert Moses, Celso Kelly é seusucessor na Presidência da ABI. Com o golpemilitar, a Comissão de Defesa de Liberdade deImprensa teve muito trabalho e a todo instanteeram enviados ofícios às autoridades do Governopedindo a liberdade de jornalistas presos. Kellyconseguiu promover três concursos jornalísticos erealizar um seminário em que foram debatidos osproblemas do ensino do Jornalismo. Nomeadodiretor-geral do Departamento Nacional de Ensinodo Ministério da Educação, Celso Kelly renunciouao cargo de Presidente da ABI em 9 de fevereiro de1966, a três meses de completar seu mandato.Elmano Cruz assime a Presidência para completaro mandato de Kelly.

O Correio da Manhã, um dos mais sólidos eprestigiosos formadores de opinião do País, publicaàs vésperas do golpe três editoriais exigindo oafastamento de João Goulart: “Basta!”, “Fora!” e“Não pode continuar”. É também o Correio aprimeira voz na grande imprensa a se opor à novaordem resultante do golpe militar. Sua posição édefinida no editorial A liberdade é um dogma.

Os Diários Associados e os veículos da grandeimprensa, à exceção de Última Hora e do DiárioCarioca, apóiam o golpe militar, deflagrado em 31de março em Minas Gerais pelo General Olímpio

Mourão Filho e vitorioso no dia 1º de abril, com arecusa do Presidente João Goulart de umenfrentamento militar, para evitar derramamento desangue, e a declaração da vacância do cargo docargo de Presidente da República, quando ele aindase encontrava no País, pelo Presidente do Senado,Senador Auro de Moura Andrade.

Antes de se declarar a vitória dos golpistas,Samuel Wainer pede asilo antecipado à Embaixadado Chile, já temendo violências contra ele e suafamília. Seu jornal deixa de circular nos dias 1 e 2de abril, por falta de segurança. No dia 1º, turbainsuflada pelo apresentador de televisão FlávioCavalcânti tenta destruir os equipamentos gráficosdo jornal; como não conseguem chegar à oficina,no térreo, pelas medidas de segurança adotadaspela empresa, seus integrantes sobem ao primeiroe ao segundo andares, onde funcionavam aRedação e a administração, e destruíram o quepuderam: máquinas de escrever,arquivos, ventiladores, telefones,mesas, cadeiras.

No dia 2, o Correio da Manhãpublica a primeira crônica políticade Carlos Heitor Cony, comcondenação ao golpe militar: Asalvação da pátria, um textorepassado de ironia.

Esgotam-se sem aprovação dosrelatórios finais os prazos defuncionamento da CPI do Ibad e daCPI da Imprensa, constituída namesma época. Os parlamentarescom mais destacada participação nas duas CPIsperdem seus mandatos: são cassados pelo AtoInstitucional nº 1, o primeiro editado peladitadura militar.

Os eleitos pelo Ibad ganham merecidarecompensa: tornam-se os árbitros da situação,feitos ministros, porta-vozes da ditadura, líderesnas duas Casas do Congresso Nacional.

É extinto o Iseb.

Com a vitória do golpe militar de 1964, sãoinvadidos pelos órgãos de repressão os jornaisvinculados aos partidos e movimentos deesquerda, os quais logo deixam de ser editados ecircular: Binômio, de José Maria Rabelo e EuroArantes; Novos Rumos, do PCB; Liga,órgão das LigasCamponesas, lideradas pelo Deputado FranciscoJulião (PSB-PE); Movimento, da União Nacional dosEstudantes; Brasil Urgente, dos frades dominicanos;O Semanário, de Osvaldo Costa; Panfleto, periódicovinculado ao Deputado Leonel Brizola, eleito peloEstado da Guanabara após deixar o Governo doRio Grande do Sul.

O diretor de Binômio, José Maria Rabelo, seguepara o exílio. Repórteres e redatores de seu jornalsão presos.

Panfleto, criado pela Frente de MobilizaçãoPopular, ligada a Brizola, e dirigido pelo jornalistaTarso de Castro, registrava tiragens crescentesdesde fins de 1963. Às vésperas do golpe, chegara avender quase 200 mil exemplares.

É suspensa a circulação da Revista Brasiliense.

É interrompida a coleção Cadernos do PovoBrasileiro, editados pela Editora CivlizaçãoBrasileira, de Ênio Silveira, e que chegou a vender50 mil exemplares.

Cessa a publicação da revista Estudos Sociais.

Na clandestinidade e em condições adversas dedistribuição continuam a ser publicados, comperiodicidade irregular, os jornais de partidos deesquerda: Libertação, da Ação Popular; A ClasseOperária, do PCdoB; Voz Operária, do PCB,Unidade Proletária, do Movimento RevolucionárioOito de Outubro- MR-8.

Desaparece a revista Publicidade e Negócios,veículo de posições nacionalistas, de Genival Rabelo.

Instala-se rigorosíssima censura no rádio e natelevisão. A grande imprensa, comraríssimas exceções, adota aautocensura e posições de apoio edefesa da situação dominante

Dezenas de jornalistas sãopresos, torturados, exilados,privados de seus direitos políticospor atos de cassação. Doisjornalistas são expressamenteproibidos de exercer a profissão:Antônio Callado, que fora doCorreio da Manhã, e LéoGuanabara, da Sucursal do Diáriode São Paulo no Rio de Janeiro.

Millôr Fernandes passa a publicar PIF-PAF,antes uma seção da revista O Cruzeiro e agoraindependente. O Pif-Paf é fechado no oitavonúmero.

NO DIA 16 DE ABRIL DE 1963, NO PALÁCIO DAS LARANJEIRAS, O PRESIDENTE JOÃO GOULART TEM À SUA

DIREITA OS GENERAIS CASTELO BRANCO, CHEFE DO EME, E PERI BEVILACQUA, COMANDANTE DO III EXÉRCITO;E À SUA ESQUERDA, OS GENERAIS OSVINO ALVES, DO I EXÉRCITO; AMAURI KRUEL, DO II EXÉRCITO; ALBINO

SILVA, CHEFE DA CASA MILITAR DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E JAIR DANTAS RIBEIRO, DO I EXÉRCITO.

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29Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

Surge a revista Cadernos de Jornalismoe Comunicação, criada e editada porAlberto Dines, Diretor de Redação doJornal do Brasil.

Sai de circulação a revista Senhor.

Em maio é fundado o jornal Zero Hora,no Rio Grande Sul, para substituir ÚltimaHora, jornal que havia sido fechado com ogolpe militar. É o maior veículo da mídiaimpressa da Rede Brasil Sul e o jornal demaior venda avulsa do Sul do País.

O campo da teoria da comunicaçãorecebe novas considerações e leituras apartir de Marshall McLuhan, que além decunhar a expressão “Aldeia Global” no livroUnderstanding Media, alimenta reflexõessobre a relação entre mídia e ideologia.

1965Em 27 de outubro o Presidente General CasteloBranco baixa o AI-2, que lhe permite violar aliberdade de imprensa.

Por considerar que o Governo Castelo Brancoadota uma linha estatizante, Assis Chateaubriand eos seus Diários Associados passam a lhe fazeroposição.

A Bíblia Mais Bela do Mundo, primeira coleçãoem fascículos publicada no Brasil, chega às bancasem maio, pela Editora Abril.

Em agosto, a edição paulista de Ultima Hora évendida ao Grupo Folha.

No dia 2 de setembro, começa a circular noRio, com circulação nacional, o jornal Folha daSemana, criado pelo PCB e dirigido por AlfredoTranjan, que renuncia à direção da publicaçãopor temer ser cassado. Arthur Poerner, queo substitui, é cassado por ato do PresidenteMarechal Castelo Branco. AndersonCampos, que assumira a direção, mantém-seà frente da publicação até seu fechamentopor portaria do Ministro da Justiça CarlosMedeiros Silva em 13 de dezembro de 1966.

É estabelecido boicote à publicidade em

Ultima Hora, por combater a linha dura do Exército,denunciar torturas, condenar a abertura ao capitalestrangeiro, defender redistribuição de renda.Apesar da falta de anúncios, o jornal alcançagrande tiragem e com as vendas em bancas serecupera financeiramente.

Surge a REVISTA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA,bimestral, criada e dirigida por Ênio Silveira,presidente da editora que dá nome à publicação.

É fundado em São Paulo o jornal Brasil Semanal,dirigido por Eusébio Rocha, participante dacampanha pelo monopólio estatal do petróleo.

Em 31 de dezembro o Diário Cariocapublica a sua última edição.

Início das transmissões de televisão viasatélite pela Empresa Brasileira deTelecomunicações-Embratel. Quatro anosdepois, a Embratel se consolida inaugurandoTanguá I, primeira estação terrestre paracomunicação por satélite do Brasil.

Fundada a TV Globo, Canal 4 do Rio deJaneiro, que logo assume a liderança de

audiência no País, investindo em telenovelas,programas de auditório, de humor e jornalísticos.Uma CPI é aberta na Câmara dos Deputados parainvestigar as relações entre a emissora e o gruponorte-americano Time-Life.

A TV Record leva ao ar O Fino da Bossa,apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues,abrindo caminho para a realização dos famososFestivais de Música Popular Brasileira.

Em 1965, o filósofo e sociólogo Ted Nelsonexpõe conceitos como hipermedia e hipertexto, apartir de suas experiências com o computador ecomenta as expectativas quanto à “democratizaçãoda informação”.

1966Eleito Presidente da ABI, Danton Jobim luta comdeterminação pelos direitos dos jornalistas, buscaformar uma frente única de combate à Lei de Imprensaimposta pelo Governo Castelo Branco e retoma aedição do Boletim da ABI, que havia sido interrompida.Com ele, a ABI volta a ser constantemente visitadapor personalidades internacionais.

O Correio da Manhã publica, camuflada comomatéria paga, carta do advogado Sobral Pinto aoMinistro da Justiça, Gama e Silva, protestandocontra a cassação de JK.

Instala-se rigorosíssima censura no rádio e na televisão. Dezenas de jornalistas sãopresos, torturados, exilados, privados de seus direitos políticos por atos de cassação.

1963~1966

ILUSTRAÇÃO PUBLICADA NA CAPA DA

REVISTA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA N°1.

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30 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

Sob o regime militar, o Serviçode Censura de Diversões Públicasrestringe a transmissão deprogramas estrangeiros e divulgaos critérios para a censura préviade filmes, programas evideoteipes, baseados na Lei deSegurança Nacional.

Em abril, a Editora Abril lançaa revista REALIDADE, passando aconcorrer com O Cruzeiro. Arevista era um marco dojornalismo de grandes reportagense de qualidade gráfica. Preocupado com aconcorrência, Assis Chateaubriand escreve: “Civitaé um apátrida, está no Brasil para ganhar dinheiro,e não passa de outro tentáculo do Time-Life”.

Sob a coordenação de Mino Carta, O Estado deS.Paulo lança o Jornal da Tarde.

É fundada no Rio de Janeiro a primeira agênciade notícias nacional, a Agência JB, do grupo Jornaldo Brasil.

Em setembro é lançada a enciclopédia em fascículosConhecer, o maior sucesso editorial do gênero.

1967É criado o Conselho de Segurança Nacional einstituida a Lei de Segurança Nacional.

Entra em vigor a Lei nº 5.250, que regula aimprensa no País sob uma ótica punitiva ecerceadora da liberdade de expressão.

Assis Chateaubriand apóia a escolha do GeneralArtur da Costa e Silva para suceder ao MarechalCastelo Branco na Presidência da República.

Quinze dias antes de deixar o cargo, o PresidenteCastelo Branco assina decreto-lei reduzindo a cincoo número de emissoras de televisão que podempertencer a um grupo privado. É um golpe mortalnos Diários Associados.

Surge a revistaExame.

Em maio surge aENCICLOPÉDIA BLOCH,revista mensal decultura. Na equipedirigida por José-Itamarde Freitas, osjornalistas MoacirJapiassu, Marcos deCastro, Lucas Mendes,Alberico de SouzaCruz, José Inácio

Werneck, Walter Firmo entre outros.

Em julho são lançadas pela Editora Brasil-América três revistas com os primeiros personagensda Marvel Comics no Brasil: Capitão América,Homem de Ferro, Thor, Hulk e Namor, o PríncipeSubmarino, faziam sua estréia apoiados numagrande campanha publicitária patrocinada pelaShell, que trazia também uma série de desenhosanimados lançada pela TV Bandeirantes com osmesmos personagens.

O filme Terra em Transe, de Gláuber Rocha,recebe o Prêmio da Crítica Internacional noFestival de Cannes.

No dia 21 de setembro o jornal O Sol chega àsbancas como encarte do Jornal dos Sports.

O jornalista Raimundo Rodrigues Pereira funda otablóide Amanhã.

Luís Fernando Veríssimo lança o alternativo Exemplar.

O Governo Federal institui a Fundação CentroBrasileiro de Televisão Educativa, visando àprodução e distribuição de material audiovisualeducativo. A Fundação é a responsável pela criaçãoda TV Educativa do Rio de Janeiro, a primeira dessecaráter no País.

1968Em janeiro, O Sol deixa de circular.

É fundada a revista Brasil Cinema.

Em 11 de setembro é lançada a revista VEJA, como jornalista Mino Carta à frente da Redação.

Em dezembro, sai de circulação a RevistaCivilização Brasileira.

Primeira série em fascículos sobre culinária, BomApetite é lançada com recorde de vendas: 1 milhãode exemplares em apenas uma semana.

Samuel Wainer retorna ao Brasil em 1968 eretoma o controle de Última Hora, que se encontravasob a direção do jornalista Jânio de Freitas. Wainerconvida para substituí-lo Danton Jobim, que foraeleito senador. O jornal modera os ataques diretos aoregime, substituindo-os por provocações sutis, comoEleições, só para concurso de Miss.

Com a PASSEATA DOS CEM MIL (foto baixo), oCorreio da Manhã dá destaque à morte doestudante Edson Luís. Dentre todos os jornais, oCorreio pagou o mais alto preço por resistir àditadura. Mal financeiramente, mas com um terçodo mercado de classificados do Rio, o jornal sofreum bloqueio tão forte que as empresas deixam deanunciar temendo retaliação.

Em 7 de dezembro é detonada uma bomba naagência de classificados do Correio da Manhãlocalizada na Avenida Rio Branco.

É editado em 13 de dezembro o Ato Institucionalnº 5, celebrizado tristemente como AI-5, que fechao Congresso Nacional, oficializa a censura,suspende as prerrogativas da magistratura e odireito de habeas corpus para crimes de naturezapolítica e restabelece o poder do Presidente daRepublica de cassar mandatos e direitos políticos.Simultaneamente à leitura do texto do ato numarede nacional de emissoras de rádio e televisão,jornalistas são presos, redações e oficinas de jornaissão invadidas, edições apreendidas, censoresmilitares ocupam redações e oficinas. O Correio daManhã e o Jornal do Brasil, entre os grandesveículos da imprensa do Rio, deixam de circular,seus diretores são presos. Em São Paulo, a ediçãodo dia 14 de O Estado de S. Paulo é confiscada porpublicar o editorial Instituições em Frangalhos,redigido por seu Diretor, Júlio de Mesquita Filho.

CAMPANELLA NETO

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31Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

É fundado o jornal alternativo Carapuça, deAlberto Graça, que daria origem a O Pasquim.

Fim do Repórter Esso no rádio. Surgimento dasprimeiras emissoras de freqüência modulada (FM).

Continuando a inventir no lançamento defascículos, Victor Civita apresenta a série GrandesCompositores da Música Universal. Pela primeira vezuma publicação periódica vem acompanhada deum disco a cada número.

A Bloch Editores lança a revista Pais & Filhos.

1969Em 7 de janeiro todos os administradores, o diretorde Redação e a Diretora-Presidente do Correio daManhã, Niomar Moniz Sodré Bittencourt, sãopresos e punidos com a cassação dos seus direitospolíticos por dez anos. É apreendida toda a ediçãodo jornal desse dia.

Em 26 de fevereiro, o Governo suspende porcinco dias a circulação do Correio da Manhã.

Em 11 de março, o Correio da Manhã ingressa naJustiça com pedido de concordata preventiva,propondo o pagamento de suas dívidas em doisanos. Logo depois o jornal é arrendado ao GrupoEcos, do empresário Maurício Nunes de Alencar,proprietário da Empresa Metropolitana deConstruções, poderosa empreiteira. O objetivo datransação, diz-se, é promover a candidatura do

Coronel MárioAndreazza, Ministrodo Interior, àPresidência daRepública, nosistema de eleiçãoindireta adotadopelo regime.

Pela primeira vez,uma série defascículos étotalmenteproduzida no Brasil:Grandes Personagensda Nossa História.

Gláuber Rocha édestaque novamente noFestival de Cannes. Destavez recebe o prêmio deMelhor Diretor por ODragão da Maldade Contrao Santo Guerreiro.

Outra série de sucesso,Arte nos Séculos, emfascículos, é lançada pelaAbril.

Surge a revista Desfile,da Bloch Editores.

O Governo do Estadode São Paulo institui aFundação Padre Anchieta,concedendo-lhe a TVCultura, Canal 2, comfinalidade educativa.

Em junho, é fundado o jornal alternativoO PASQUIM, tendo à frente nomes como Jaguar,Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ziraldo. Grandesucesso, a publicação se torna umfenômeno na imprensa brasileiranos anos seguintes.

Inaugurada a TV Bandeirantes,Canal 13 de São Paulo.

A Rede Globo leva ao ar aprimeira operação em rede do Paíscom o Jornal Nacional, que em trêsanos se torna o principal telejornalbrasileiro.

Nos Estados Unidos, a Arpanetconecta de maneiradescentralizada os computadoresdo Instituto de Pesquisas deStanford e das universidades daCalifórnia - Santa Bárbara,Califórnia - Los Angeles e Utah.Inicia-se a internet.

Em 20 de julho de 1969, omundo vê imagens do astronautaNeil Armstrong como o primeiro apisar na Lua.

Comemorando a chegada dohomem na Lua, a Bloch Editoreslança uma edição especial darevista FATOS & FOTOS. A revistaVeja presenteia seus leitores comuma série em fascículos sobre otema encartada na revista: AConquista da Lua.

A revista infantil Recreio, paracrianças em idade escolar, chegaàs bancas.

Em outubro, a Editora Brasil-América (Ebal), do jornalistaAdolfo Aizen, lança a revistaO JUDOKA, um herói brasileiro.Com roteiro de Pedro Anísio edesenhos de Eduardo Baron, o

personagem se tornaria o mais destacado super-herói brasileiro dos quadrinhos e ganharia umfilme com Pedro Aguinaga e Elisângela.

No Brasil, o Decreto-Lei nº 972 tornaobrigatório o diploma de nível superior para oexercício da profissão de jornalista. Com isso,

diversos anseios históricos dosjornalistas brasileiros sãoatendidos e há uma grandeevolução na regulamentação evalorização da profissão.

1970É lançado em São Paulo um jornalde linhagem existencialista: OBondinho. O jornal e seu sucessor,Ex, contam com o apoio deThomas Farkas, dono daFotóptica, e do Grupo Pão deAçúcar, que distribui a revista àsua clientela, gratuitamente, emsua rede de supermercados.Revista sofisticada, em quatrocores, com uma equipe de grandesprofissionais e uma tiragemquinzenal de 100 mil exemplares,com matérias sobre serviços econsumo em São Paulo, OBondinho faz sucesso editorial,mas não encontra boaprogramação na área comercial.Em 1972 a publicação entra emcrise. Procurando uma saída,passa a publicar reportagens e servendida em bancas. Dois grandesdepoimentos, com Chico Buarquee Walmor Chagas, motivam aapreensão da edição pela censura,mas a revista começa a tersucesso. Mesmo ganhando oPrêmio Esso de MelhorContribuição à Imprensa em1971, parou de circular.

Em fevereiro começa a circulara revista esportiva PLACAR, daEditora Abril.

Surge a revista Comunicação eArtes.

Luiz Carlos Maciel lança Flor do

Simultaneamente à leitura do texto do AI-5 numa rede nacional de emissorasde rádio e televisão, jornalistas são presos, redações e oficinas de jornais sãoinvadidas, edições apreendidas, censores militares ocupam redações e oficinas.

1966~1970

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32 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

Mal, jornalalternativo quevaloriza a “liberdadeda loucura de cadaum”. Por falta deanunciantes, Flor doMal não passou doquinto número.

Inauguração daTV Gazeta, pelaFundação CásperLíbero, em São Paulo.

Em maio, ospersonagens deMaurício de Sousa

chegam às bancas de todo o País através da revistaMÔNICA E SUA TURMA, da Editora Abril.

Também em maio é lançada a revista Setenta,procurando um enfoque mais moderno naspublicações femininas.

Começa a ser lançada em julho a História daMúsica Popular Brasileira, uma nova série emfascículos quinzenais com discos.

Em novembro é presa toda a Redação deO Pasquim. Seus diretores, editores e articulistaspassam o Natal reclusos na Vila Militar e o Pasquimcontinua a sair através do esforço de uma equipereduzidíssima comandada por Henfil (abaixo).

1971Começa a circular Fradim, do cartunista Henfil. Suaprimeira edição traz um histórico do antológicopersonagem e se torna um enorme sucesso.

Em 27 de abril, o jornal Ultima Hora é vendidopor 1,5 milhão de dólares para um grupo deempreiteiros, liderados por Maurício Nunes deAlencar, que já mantinha o controle do Correioda Manhã.

A revista EXAME ganha autonomia e é lançada emmarço pela Abril, deixando de ser um suplementode revistas técnicas.

São fundados os jornais alternativos GRILO, dequadrinhos, e Já.

Em Porto Alegre, LuísFernando Veríssimo lança o PatoMacho.

O Bondinho deixa de circular.

1972A TV em cores entra oficialmenteem funcionamento no Brasil coma transmissão da abertura daFesta da Uva de Caxias do Sul,no Rio Grande do Sul.

Eleito Presidente da ABI, oromancista Adonias de AguiarFilho, que também pertencia àAcademia Brasileira de Letras, épouco acostumado às lutaspolíticas enfrentadas pela Casa do Jornalista, masnem por isso deixou de cumprir suas obrigaçõesadministrativas e chegou ao final do seu mandatocom uma atuação considerada relevante na defesados jornalistas presos e dos jornais censurados.

Começa a circular a revista alternativa dequadrinhos O BALÃO, criada nos corredores daUsp e que se tornou um ícone dos anos 70,lançando artistas como Luiz Gê, Angeli, Laerte, osirmãos Paulo e Chico Caruso, Edgar Vasquez entretantos outros.

A Universidade São Paulo-Usp inaugura oprimeiro computador brasileiro, o Patinho Feio.

A revista Intervalo pára em agosto.

Em outubro, a EnciclopédiaBloch pára de circular nonúmero 66.

Em novembro surge OPINIÃO,semanário de oposição criadopor Fernando Gasparian.

Também em novembro surge arevista GERAÇÃO POP,precursora das publicaçõesdestinadas ao públicoadolescente.

1973Surge o jornal Ex, da mesmaeditora de O Bondinho, que saiude circulação. Mais tarde Ex ésubstituído por Mais Um, para

driblar a perseguição. Na segunda edição de Ex, acapa reproduzia um pôster americano em queHenry Kissinger, por meio de montagemfotográfica, aparecia deitado num lânguido nu. Aordem de apreensão não chegou a revista porque oendereço estava errado. A capa do número 3 traziao busto de Nixon – em pleno Watergate – deroupa de presidiário. Mas a ordem de apreensãodesta vez chegou e o editor, Sérgio de Souza, ficoutrês horas detido.

Ressurge o Jornal de Debates, que tenta retomar atrajetória do jornal com esse título que teveparticipação destacada ma campanha O petróleo énosso no fim dos anos 40 e começo da década de 50.

A Editora Trêslança a revistaHistória.

É fundado operiódico Politika,editado porSebastião Nery.

Em 11 desetembro, morre opresidente chilenoSalvador Allende. OJornal do Brasil, sobcensura, é proibidode dar manchete.Sai então com umtexto em quatrocolunas na primeira

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33Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

página sobre o “assalto ao Palácio de LaMoneda”.

A revista Nova, editada com materialda Cosmopolitan, dos Estados Unidos, élançada em outubro pela Abril.

1974Elmano Cruz é considerado um doslíderes mais resolutos da ABI. Se faltavadinheiro para o cumprimento dasdespesas administrativas, não se furtava arecorrer aos amigos para concluir seusprojetos na Presidência da ABI. Muitasvezes pagou despesas do próprio bolso.Mesmo quando adoeceu, manteve-secomo um presidente lutador, até seuestado de saúde se agravar demais.Combatido por uns e elogiado por outrosElmano renuncia ao cargo em 1975,numa das mais agitadas sessões doConselho Administrativo.

Uma nova tentativa de lançar quadrinhosnacionais: a revista CRÁS! chega às bancas emfevereiro pela Editora Abril, mas só é publicada atédezembro de 75.

Prudente de Morais, neto foi eleito Presidenteda ABI em 30 de setembro de 1975 e exerceu ocargo com uma dignidade invulgar. Foi em suagestão que aconteceu o episódio do assassinato dojornalista Vladimir Herzog.Prudente viajou para visitar oSindicato dos Jornalistas doEstado de São Paulo e afirmara solidariedade da ABI contrao ato criminoso praticadopelos órgãos de segurançapaulistas. Teve também firmeatuação, em março de 1976,quando foram presos MaurícioAzêdo e Luiz Paulo Machado.Segundo relato de EdmarMorel, o episódio aconteceuao mesmo tempo em queFichel Davit Chargel e mais 20jornalistas eram convocados adepor pelos órgãos desegurança. Prudente de Moraisconseguiu quebrar aincomunicabilidade dospresos, que, mais tarde, foram

absolvidos por falta de provas. Jornalistas,entretanto, continuaram sendo perseguidos peloregime. Nas reuniões do Conselho Administrativo,Prudente abordava esses episódios e dava conta desuas intervenções junto às autoridades sobre asituação de cada jornalista preso. Foi incansávelnessa postura, tanto que, depois de a ABI ter sidoinvadida por fuzileiros navais, uma bomba degrande potência destruiu parte do 7º andar do

edifício-sede. O atentadoprovocou reação indignada dasociedade em geral ediscursos contundentes noCongresso Nacional.Solicitado por um repórterpara falar sobre o assunto,Prudente de Morais foi breve,mas incisivo: “A provocaçãonão é à ABI, é ao Governo.”

Em 28 de abril, seis anosapós a morte de AssisChateaubriand, O Jornal deixa decircular para sempre.

Em 8 de junho é o Correio daManhã que deixa de circular.

A conceituada revista dehumor Mad, publicada nos

Estados Unidos desde 1952, finalmenteé lançada no Brasil pela Editora Vecchi,editada por Otacílio D’Assunção, o Ota,que lançou diversos desenhistas eredatores de humor brasileiro em suaspáginas.

Acontece I Salão de Humor dePiracicaba.

Em agosto é lançada a revista Status.

É suspensa a edição da revistaCadernos de Jornalismo e Comunicação.

Em agosto, um grupo de 77 jornalistasfunda a Cooperativa de Jornalistas dePorto Alegre, primeira e mais importanteexperiência brasileira no gerenciamentoautônomo de uma empresa decomunicação. Três anos mais tarde, acooperativa adquirirá equipamento

gráfico moderno para editar o Coojornal e maisonze publicações, tirando 142 mil exemplares. OCoojornal é um dos veículos de oposição ao regimemilitar e fecha as portas em 1983, por causa deboicote publicitário e de problemasadministrativos.

A Embratel implanta o Sistema Brasileiro deTelecomunicações por Satélite (SBTC).

Com projeto gráfico e nome que copiava aNational Geographic, dos Estados Unidos, aBloch Editores lança a REVISTA GEOGRÁFICA

NACIONAL em outubro.

1975O conselheiro Líbero Osvaldo de Miranda foiindicado para substituir Elmano Cruz depois queeste renunciou no dia 27 de agosto. Tinha então 73anos de idade e não chegou a presidir uma reuniãosequer, pois morreu de infarto 10 dias depois de serempossado, fato que causou muita consternação nomeio jornalístico.

Grande sucesso nos anos 60, A Turma doPererê, revista em quadrinhos com os personagensde Ziraldo, retorna pela Abril mas só é publicadaaté dezembro.

Em julho é fundado o jornal MOVIMENTO,

O COVARDE ATENTADO CONTRA A ABI, QUE DESTRUIU GRANDE PARTE DO 7° ANDAR, FOI

CLASSIFICADO POR PRUDENTE DE MORAIS, NETO COMO UMA PROVOCAÇÃO AO GOVERNO.

O atentado à ABI provocou reação indignada da sociedadeem geral e discursos contundentes no Congresso Nacional.

1970~1975

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34 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

criado e dirigido por Raimundo Rodrigues Pereira,que deixara a direção do semanário Opinião.

É lançada a REVISTA DO HOMEM, que deveria sechamar de Playboy, mas esse nome foi vetado pelacensura militar.

O cartunista Fortuna edita pela Codecri a revistaO Bicho, que lança diversos cartunistas.

Em julho, sai de circulação a revista O Cruzeiro.

No dia 25 de outubro, o jornalista VLADIMIR

HERZOG é assassinado nas dependências do Doi-Codi em São Paulo. As autoridades armam ocenário para fazer crer que ele teria se enforcado,mas tal versão logo cai por terra e a morte dojornalista torna-se um símbolo naluta pela democracia, pelasliberdades e pela justiça. Nasegunda-feira, dia 27, o Jornal daTarde publica matéria de páginainteira com chamada de capasobre o crime, além de dar osnomes dos jornalistas que aindaestavam presos: "Na noite desexta-feira, foi presa EggerMoellward, mulher do jornalistaGeorge Duque Estrada. Alémdeles, continuam presos no IIExército, os seguintes jornalistas:Sérgio Gomes, Marinilda Marchi,Paulo Sérgio Markum, Ricardo deMoraes Monteiro, Luiz Paulo daCosta, Anthony de Christo,Frederico Pessoa da Silva, RodolfoKonder e Luiz Pola Galé.”

Em novembro, o jornalistaAdolfo Aizen, diretor da EditoraBrasil-América (Ebal), recebe oprêmio Yellow Kid durante o 11ºCongresso Internacional deHistórias em Quadrinhos, deLuca, Itália, pelo seu trabalho emprol das histórias em quadrinhosno Brasil.

1976Em março, passa a circular a revista IstoÉ, dirigidapor Mino Carta.

Sai de circulação a revista Realidade.

É fundada a revista Ficção.

O Jornal do Brasil de 11 de abril apresenta umanovidade aos leitores: a REVISTA DE DOMINGO

passa a acompanhar semanalmente a publicação.Impresa em papel de melhor qualidade, a revistacomeça com 48 páginas e traz na capa a atrizCharlotte Rampling.

Passa a circular o Jornal da ABI, que dácontinuidade, após períodos de interrupção da

edição, sob nova denominação, aoantigo Boletim da AssociaçãoBrasileira de Imprensa e, maisrecente, Boletim ABI.

Com carta datada de 13 deoutubro, Hélio Fernandesencaminha à ABI cópia de tudo oque foi censurado na Tribuna daImprensa durante a ditaduramilitar.

Surgem duas publicaçõesdireitistas: O Expresso e A Carta,tentativas de rearticulação dalinha dura militar, que estavasendo deslocada de poder peloesquema da distensão lenta egradual iniciada no GovernoGeisel. Ambos de vida curta.

Em Porto Alegre, são lançadosPosição, Informação e CooJornal,criado pela Cooperativa deJornalistas de Porto Alegre. “Apósdivulgação de documentos sobreas guerrilhas do Araguaia e doVale do Ribeira, os anunciantescomeçaram a ser pressionados pelaPolícia Federal e as vendas, que

chegaram a atingir 35 mil exemplares, despencaram”,informa o jornal em uma de suas edições.

1977No dia 23 de janeiro é lançado o suplementodominical de cultura da Folha de S.Paulo, Folhetim,criado e dirigido por um dos fundadores doPasquim, o jornalista Tarso de Castro. Publicadocomo sendo uma “revista a cores”, o tablóide teveentre seus colunistas Paulo Francis, que escrevia deNova York. O assunto da primeira capa foi umareportagem com Tom Jobim feita pelo editor.

Março: apreensões de edições e censura naTribuna da Imprensa.

Pára de circular a revista Brasil Cinema.

Em abril deixa de circular o jornal Opinião,cuja circulação foi gravemente prejudicada pelosatentados terroristas contra as bancas de jornaisque vendiam publicações de resistência àditadura militar.

Em manifesto à Nação e dirigido ao Ministro daJustiça, 1.046 jornalistas, intelectuais e artistas dediferentes áreas dizem basta à censura. Um dosarticuladores da iniciativa é o jornalista Hélio Silva,Presidente do Conselho Administrativo da ABI ehistoriador que criou a expressão Ciclo de Vargas.

Em julho, morre assassinado numa discussãofútil de bar, no interior do Estado, o jornalista JoséCastelo, redator do Jornal dos Sports e Presidente daAssociação dos Cronistas Esportivos do Rio deJaneiro-Acerj. Castelo publicou no JS antológicasreportagens feitas na arquibancada e na geral doMaracanã e apresentadas na edição de segunda-feira do jornal sob o título O jogo da torcida.

Em novembro é fundado Em Tempo.

Também em novembro passa a rodar a revistaRepórter, trazendo em seu primeiro número longaentrevista com o dirigente da Anistia Internacional,na época entidade maldita no Brasil.

É inaugurada a sede da Representação da ABI emBrasília.

Inauguração da Rádio Cidade FM, no Rio deJaneiro, líder de audiência na década de 80.

Nos Estados Unidos, entre outras inovaçõestecnológicas, Steve Jobs e Steve Wozniak lançam oprimeiro computador pessoal comercial: o Apple II.

Após ocupar a cadeira dePresidente da ABI de dezembrode 1977 a fevereiro de 1978,durante licenciamento dePrudente de Morais, neto pormotivos de doença, FernandoSegismundo foi eleito parapermanecer no cargo até maiode 1978

1978BARBOSA LIMA SOBRINHO (aolado) é novamente eleitoPresidente da ABI e fica nocargo até o ano 2000.

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35Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

Em julho é lançada a revista Encontros com aCivilização Brasileira, criada por Ênio Silveira pararetomar a linha de reflexões iniciada pela RevistaCivilização Brasileira.

Passa a circular a revista Comum, publicaçãotrimestral da Faculdade de Comunicação HélioAlonso-Facha.

É fundada a revista Cadernos do Terceiro Mundo,do jornalista Neiva Moreira, que criara a publicaçãono exterior, durante seu exílio, e agora, com o seuretorno, passa a ter edição no idioma nacional.

Em janeiro, começa a ser distribuída a revistaMeio e Mensagem, especializada em mídia epublicidade.

Com uma censuramais branda,finalmente em julho, arevista PLAYBOY pôdeestampar seuverdadeiro nome nasbancas. Desde então, apublicação tornou-seuma das revistas demaior vendagem nomercado brasileiro.

Sai de circulação OFradim, do cartunistaHenfil.

Seqüestros, prisões e torturas de jornalistas noParaná, relata o Jornal da ABI.

Em outubro, o Jornal da ABI publica o textocompleto da sentença de condenação da Uniãocomo responsável pelo assassinato do jornalistaVladimir Herzog em 25 de outubro de 1975 numamasmorra do Departamento de Operações eInformações do Centro de Operações de DefesaInterna-Doi-Codi de São Paulo. O texto ocupa quatropáginas inteiras da edição, em formato standard.

Surgem no Rio de Janeiro Lampião da Esquina,defendendo direitos dos homossexuais;Companheiro, do Movimento de Emancipação doProletariado, e Convergência Socialista e Trabalho,ambos de orientação trotsquista.

1979Em abril começa a circular o jornal Companheiro.

Em setembro é fundado o jornal Hora do Povo.

Também passa a circular a Revista Nacional, criadapelo jornalista Mauritônio Meira para circularcomo encarte dominical de outras publicações,como o Jornal do Commercio de Rio de Janeiro.

É lançada a revista Comunicação e Sociedade.

Chega às bancas no dia 27 de agosto umapublicação exemplar: o JORNAL DA REPÚBLICA,editado por Mino Carta. Dirigido por RaymundoFaoro, o conselho de direção do diário eracomposto pelos jornalistas Armando V. Salém,Cláudio Abramo, Hélio de Almeida e Tão GomesPinto. A publicação dava destaque para fotos edesenhos e sua diagramação era limpa e moderna.O desenhista Jayme Leão abrilhantava as páginascom suas caricaturas. O grande repórter Joel

À ESQUERDA, AS

PRIMEIRAS PÁGINAS

DOS NÚMEROS 1 E 4(RESPECTIVAMENTE) DO

JORNAL DA

REPÚBLICA:GRANDE IMPACTO

VISUAL E QUALIDADE

GRÁFICA E EDITORIAL.À DIREITA, DELFIM

NETO, POR JAYME LEÃO.

A morte de Vladimir Herzog torna-se um símbolo naluta pela democracia, pelas liberdades e pela justiça.

1975~1980

Silveira assim descreveria sua satisfação em ler ojornal: "Não tenho como escapar ao lugar comum:São Paulo ganhou o jornal que lhe faltava – umjornal sem censura e também, o que é importante,sem autocensura, esta última infinitamente maisignominioso do que a primeira.”

Em dezembro cessa a circulação do Diário deNotícias de Porto Alegre.

Deixa de ser editada a revista Ficção.

O jornalista Tarso de Castro, um dos fundadoresdo Pasquim, cria o jornal alternativo Enfim.

No dia 23 de maio, jornalistas de São Pauloentram em greve. Pedem 25% de aumento eimunidade para os representantes sindicais nasRedações. Impressionante na capacidade demobilização, o movimento revelou-se desastrosoem sua organização e em seus resultados.

Em 16 de agosto, é fundada a AssociaçãoNacional de Jornais-ANJ.

1980O jornalista Tarso de Castro e o cartunistaFortuna revivem a revista Careta, que é lançadapela Editora Três.

Em março é publicada pela Codecri a segundaedição do primeiro número de FRADIM, relançadoagora em formato revista horizontal e sem censura.No editorial, Henfil explica que “a 1a edição tinhasido bem tesourada emuitas historinhaspraticamente perderam osentido. Nesta 2a ediçãotá tudo direitinho, comtodas as letras, todos osTop-Tops! Com liberdadeé outra coisa, meuirmão.” Nesse novoformato, a revista passa arepublicar todas asedições de Fradim.

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36 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

Em abril, éfundada A Voz daUnidade, semanáriodo PCB.

A revista BRASIL

SÉCULO 21, quetenta discutir ofuturo do País, élançada em maio.Da primeira ediçãoparticipam SamuelWainer, SeveroGomes, LaerteSetúbal, AloysioBiondi, Cirne Lima.

Em dezembro deixa de rodar a revista Repórter.

Multiplicam-se os atentados a bombas contrabancas que vendem jornais alternativos de resistência.

1981Silvio Santosinaugura suatelevisão, a TVS,que mais tardeganharia o nome deSistema Brasileirode Televisão-SBT.

A revista VIP

EXAME é lançadapela Abril, quetambém edita aPlayboy. A novarevista possui mais

conteúdo jornalístico com textos mais leves e asmulheres aparecem um pouco mais recatadas. Na

capa de estréia, o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor.Mais tarde a revista passaria a ser chamadasimplesmente de Vip.

A partir dos estudos de Philip Estridge e suaequipe, a IBM lança o computador IBM CXT, quepopularizou a produção de computadores pessoaisno mundo.

É lançado o jornal Fala Paraná, braço do jornalMovimento, de Londrina.

HÉLIO FERNANDES CHEGA ÀSEDE DA TRIBUNA DA IMPRENSA

COMPLETAMENTE DESTRUÍDA

PELO PODER DOS EXPLOSIVOS DE

UM ATENTADO TERRORISTA QUE

JAMAIS FOI APURADO. PARA

CONTINUAR, O JORNALISTA

CONTOU COM A SOLIDARIEDADE

DO BISPO DE NOVA IGUAÇU, DOM

ADRIANO HIPÓLITO, QUE RODOU ATRIBUNA NA GRÁFICA DA DIOCESE.

Em novembro deixa de circular o semanárioMovimento, de Raimundo Rodrigues Pereira.

Em dezembro deixa de circular o jornalCompanheiro.

Bancas que vendem O Pasquim passam a sofreratentados a bomba.

Bomba terrorista é detonada na Tribuna daImprensa no dia 26 de março (fotos acima).

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37Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

1982O Jornal da ABI publica lista de jornalistasenquadrados na Lei de Segurança Nacional.

O desenho animado Meow, de Marcos Magalhães,é consagrado na França ao receber o prêmio deMelhor Curta-Metragem de Animação no Festivalde Cannes.

Começa a rodar a revista Comunicarte.

Em julho é fundada a revista Ciência Hoje, daSociedade Brasileira para o Progresso da Ciência-SBPC.

bimestral Cinemin, editada porFernando Albagli.

1983Em janeiro surge a revista Em Foco.

Fecha as portas a Revista Nacional.

Inauguração da Rede Manchete deTelevisão.

1984Cresce o Movimento Diretas Já,lançado na ABI em ato sob apresidência do Senador TeotônioVilela (Arena-AL). A denominação doMovimento resulta de uma indagaçãodo cartunista Henfil ao Senador, aquem ele pergunta para quando serãoas diretas. “Já”, responde o Senador.Henfil acrescentou: “Então, DiretasJá?” Teotônio confirmou: “Diretas Já!”Em abril, 1 milhão de pessoasreúnem-se num comício naCandelária, no Rio.

No dia 25 de janeiro, comício naPraça da Sé, em São Paulo, reúne 300mil pessoas na defesa das Diretas Já.Enquanto alguns jornais como aFolha de S. Paulo encampam acampanha, a Rede Globo é criticada

por dar a entender em sua cobertura que se tratavade um simples show pelo aniversário da cidade.

Em uma ampla reforma, a Folha de S. Paulocoloca em prática o “Projeto Folha”, adotandouma série de medidas com o objetivo de“modernizar” o veículo sob uma ótica“empresarial”. Entre outras, a Folha adota oManual da Redação, racionaliza procedimentosjornalísticos e a divisão de cadernos, comextensivo uso de gráficos e tabelas e muito maiorcontrole da produção. Em pouco tempo, quasetodos os grandes jornais seguem pelo mesmocaminho. Por uma série de fatores, a Folha setornará o jornal de maior circulação no Brasil.

No dia 25 de abril , três meses depois da grandemanifestação na Praça da Sé, em São Paulo, aemenda Dante de Oliveira que pretendia a volta daseleições diretas inclusive para Presidente daRepública foi derrotada na Câmara dos Deputadosnuma seção que entrou pela madrugada. Eramnecessários 320 votos, mas apenas 298 deputadosvotaram a favor das Diretas Já.

Passa a circular a revista Opção.

É fundada a revista Afinal.

Pára de circular a revista Fatos & Fotos, da BlochEditores.

Começa a circular o jornal Folha Dirigida.

Novos avanços aceleram os meios decomunicação: a Apple lança o Macintosh. Embratellança a Renpac (Rede Nacional de Comunicação deDados por Comutação de Pacotes).Telesp lança oserviço de videotexto, que fornece informações pormeio de um terminal eletrônico.

Em julho pára de circular a revista Em Tempo.

Também deixa de ser editada a revista Encontroscom a Civilização Brasileira.

A Editora Brasil-América lança a revista

A FOLHA DE S.PAULO DÁ GRANDE DESTAQUE AO COMÍCIO DA

PRAÇA DA SÉ, ENQUANTO O ESTADO DE S.PAULO (ACIMA, ÀESQUERDA) É MAIS CONTIDO. AO LADO, A EDIÇÃO DE 17 DE ABRIL

REGISTRA “O MAIOR COMÍCIO JÁ FEITO EM SÃO PAULO” E ABAIXO AMANCHETE ESTAMPA A DECEPÇÃO DA DERROTA DAS DIRETAS JÁ.

Henfil acrescentou: “Então, Diretas Já?”Teotônio confirmou: “Diretas Já!”

1980~1984

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38 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

1985Em janeiro Tancredo Neves é eleito Presidente daRepública pelo colégio eleitoral indireto doCongresso Nacional, tendo como Vice-Presidenteo Senador José Sarney. Acometido de uma crise dediverticulite, Tancredo morre pouco mais de ummês após a data da posse, marcada para 15 demarço. Assume a Presidência interinamente oVice-Presidente José Sarney, que é efetivado nocargo com a morte de Tancredo, em 21 de abril,num hospital de São Paulo.

A FOTO DE LUIZ

PINTO CAPTOU

TODA A EMOÇÃO

DA CAMPANHA

TANCREDO JÁ.

O JORNAL O ESTADO DE S.PAULO FEZ UMA COBERTURA AMPLA DA ELEIÇÃO E DA DOENÇA DE TANCREDO NEVES. DEPOIS DE SUA MORTE PUBLICOU UMA SÉRIE DE CAPAS DE FORTE EMOÇÃO.

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39Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

É formada por iniciativa do Ministério daJustiça uma comissão de intelectuais e artistasdestinada a definir um projeto de lei dispondosobre o fim da censura.

Em maio, o Presidente da ABI, Barbosa LimaSobrinho, é convidado pelo Ministro da Justiça,Fernando Lyra, a elaborar uma proposta de revisãoda Lei de Imprensa.

Deixa de circular o jornal Última Hora, do Rio deJaneiro.

Em comemoração aos 17 anos da revista Veja,passa a circular como encarte regional dapublicação, a VEJA SÃO PAULO.

Em agosto chega a revista BIZZ, especializada emmúsica.

Em outubro de 1985 começa a circular o Jornaldo Vídeo, dirigido por Oceano Vieira de Melo, e que

teve entre sua equipe de editores e redatores osjornalistas Daniel Bruin, Paulo Gustavo Pereira,Maria Ângela de Jesus, além do especialista emcinema Paulo de Góes. A publicação era mensal,circulava restritamente entre os profissionais domercado de vídeo e foi considerada uma referênciano setor cinematográfico brasileiro.

1986No Festival de Cannes, Fernanda Torres recebe oprêmio de Melhor Interpretação Feminina, por EuSei que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor.

O Canal 100 pára de ser exibido nos cinemas eencerra suas atividades.

Chega a revista NOVA ESCOLA, da FundaçãoVictor Civita.

A revista TRIP chega às bancas.

Começa a ser publicada em março a revista

Começa a ser publicada Informática Exame,inicialmente como um encarte da revista Exame.Com o avanço das novas tecnologias ela se tornaindependente e muda de nome para Info.

1987Em junho, chega às bancas pela Editora Azul, arevista SET, especializada em cinema. Na capa,Mickey Rourke, “um novo mito nas telas.”

Em outubro é lançada a revista SuperInteressanteque se torna um grande sucesso editorial.

Em dezembro pára a revista Em Foco.

Também fecha a revista Status.

1988No dia 5 de outubro, é promulgada a novaConstituição do Brasil, a chamada “ConstituiçãoCidadã”, que consagra a plena liberdade deexpressão.

ULISSES GUIMARÃES DÁ

OS TRABALHOS POR

ENCERRADOS: ACONSTITUIÇÃO CIDADÃ

É UMA REALIDADE.

Acometido de uma crise de diverticulite, Tancredomorre pouco mais de um mês após a data da posse.

1985~1988

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40 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

É fundada a revistaELLE, da Editora Abril.

É suspensaprovisoriamente acirculação do Jornal deLetras, criado pelosirmãos João e JoséCondé.

Também pára arevista Afinal.

É lançado em Belémdo Pará o JornalPessoal, do jornalista

Lúcio Flávio Pinto, aguerrido e competentedefensor das causas da Amazônia.

O Conselho de Censura realiza a sua últimareunião. Acaba a censura no Brasil.

O Laboratório Nacional de ComputaçãoCientífica, com o apoio do Conselho Nacional dePesquisas (CNPq), interliga-se à rede acadêmicanorte-americana Bitnet, através da Rede Nacionalde Pacotes (Renpac). Outras instituições depesquisa brasileiras – como a Fundação de Amparoà Pesquisa do Estado de São Paulo-Fapesp e aUniversidade Federal do Rio de Janeiro também seconectam à Bitnet.

1989A Folha de S. Paulo lança a figura do ombudsmanna imprensa nacional, ocupando pela primeira vezo cargo o jornalista Caio Túlio Costa.

Em março, chega às bancas a revista Grid,especializada em automobilismo.

Em 9 de novembro, queda do muro de Berlim.Entra em colapso o sistema socialista do LesteEuropeu.

1990Em dezembro pára de circular A Voz da Unidade.

A Rádio Bandeirantes forma a primeira redenacional de rádio via satélite.

Inauguração da MTV Brasil (Music Television),nove anos após a criação da MTV norte-americana.Na época existiam apenas 128 videoclipes deartistas brasileiros disponíveis. Em sete anos, já sãorealizados mais de 1,2 mil clipes no Brasil compadrão de qualidade internacional.

Tim Berners-Lee desenvolve o protocoloHypertext Transport Protocol (http) e cria o códigobásico da World Wide Web (www). É umalinguagem que define como os programas e osservidores devem atuar, em rede. Serviriainicialmente para que os computadores dolaboratório do Centre Européen de RechercheNucléaire (Cern-Centro Europeu de PesquisaNuclear), em Genebra, pudessem conversar entre sie com outras instituições. Expansão da Internet,que alcança durante a década cerca de 3,2 milhõesde computadores em todo o mundo.

O Jornal Nacional, da TV Globo, é acusado defazer uma edição tendenciosa do último debate

entre os candidatos à Presidência,de forma a beneficiar o candidatoFernando Collor de Melo contraLuís Inácio Lula da Silva. AGlobo contestou a imputação demá-fé e justificou que a matériaadotou o mesmo critério de umapartida de futebol: selecionar osmelhores momentos de cadatime, no caso, dos candidatos.Como o próprio PT admitiudepois, Lula não foi tão bem, e aidéia era deixar claro que Collorhavia vencido a discussão. Porém, desde então, aemissora tem como padrão não editar debatespolíticos; eles devem ser vistos na íntegra e ao vivo.

Na tarde de sexta-feira, 23 de março de 1990,seis fiscais da Receita, dois agentes e um delegadoda PF invadiram o prédio da Folha de S. Paulo.Zélia Cardoso de Melo, Ministra da Economia,disse a Collor que a PF faria uma diligência nojornal. O Presidente autorizou que ela fosse levadaa cabo. A briga entre Folha e Collor valeu umprocesso pessoal do Presidente contra a empresa,após uma série reportagens do jornal levantandosuspeitas em licitações do Governo junto a agênciasde propaganda. A Folha de S. Paulo comparouCollor ao ditador fascista italiano Mussolini epublicou um editorial, intitulado Carta Aberta aoPresidente, veiculado na primeira página do jornal,como resposta ao processo ajuizado peloPresidente.

1991No dia 17 de janeiro começa a GUERRA DO GOLFO,entre Estados Unidos e Iraque. É a primeira vezque uma guerra é transmitida ao vivo pela tv paratodo o mundo. O canal por assinatura CNN, dosEstados Unidos, ganha enorme relevância a partirdesse evento.

É implantado no Brasil o sistema de televisão porassinatura. Os canais são distribuídos pela Net-Multicanal (ligada às Organizações Globo) e pela

TVA (ligada ao Grupo Abril).Além da diversidade de canais,um dos grandes atrativos da tvpor assinatura é a melhoria datransmissão dos canais abertos.

Com o slogan A rádio que tocanotícia, o Sistema Globo deRádio inaugura a CentralBrasileira de Notícias (CBN-AM), com 24 horas deinformações. A idéia surgiudepois das denúncias de

corrupção no Governo Fernando Collor, ochamado Caso PC Farias.

Em setembro, um novo encarte da Veja é lançado:VEJA RIO.

Em novembro cessa de circular O Pasquim.

1992Da cooperação entre a Fundação de Amparo àPesquisa do Estado de São Paulo-Fapesp, oMinistério das Comunicações e o Centro Nacionalde Pesquisas-CNPq surge a Rede Nacional dePesquisas, para coordenar o processo de montagemdo tronco de uma rede que abrangesse todo oterritório nacional. Conectadas à RNP, criam-seoutras redes institucionais voltadas para acomunidade acadêmica. O provedor Alternex, emparceria com a RNP, oferece acesso à internet aopúblico geral.

No final de maio, em entrevista à revista Veja,Pedro Collor, irmão mais novo do então Presidente,acusa o tesoureiro da campanha, PC Farias, de usara amizade com Fernando Collor para enriquecer.Ele entregou um dossiê e apontou operações ilegaisque envolviam o irmão e o tesoureiro. A partir demaio, a investigaçãoacontece em duasfrentes: de um lado,uma CPI, na Câmara;de outro, a imprensa,revelando contínuosescândalos, como nocaso das declaraçõesdo ex-motorista deCollor, FranciscoEriberto, em entrevistaà revista IstoÉ.

Comprovado oesquema de corrupçãoe o envolvimento doPresidente, a CPIapresenta seu relatórioao País. Entidades dasociedade civil,lideradas pela Ordemdos Advogados doBrasil-OAB e pela ABI,dão entrada nopedido deimpeachment doPresidente. Depois dese promover pelaimprensa como o“caçador de marajás”,é com o apoio destaque a Câmara dos

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42 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

200 Anos da Imprensa no Brasil

Deputados afasta Collor do poder, em 29 de setembro.

1993Raimundo Pereira lança o jornal alternativoPolítica, que ficou no primeiro número.

Inauguração da Central Nacional de Televisão-CNT, priginada da TV Tropical de Londrina,fundada em 1975.

Lançamento da revista Caras em novembro.

1994Em agosto é lançada a revistaCartaCapital, criada e dirigidapor Mino Carta.

Chega às bancas a revistaHome PC, para suprir a demandade informação gerada pelapopularização dos computadorespessoais.

1995Em março surge a Revista daCriação, que atualmente contaapenas com uma versão online.

É fundada a revista Lugar Comum.

Início da campanha das emissoras privadas derádio pelo fim da obrigatoriedade de transmissãodo programa oficial A Voz do Brasil.

A Igreja Católica forma a Igreja-Sat, maior rádiodo País.

O primeiro periódico brasileiro a entrar emtempo real é o Jornal do Brasil. Mas antes deleestavam na internet a Agência Estado e o Jornaldo Comércio do Recife. A eles se seguiram O Estadode S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, O Estado deMinas, Zero Hora, Diário de Pernambuco e Diáriodo Nordeste.

Portaria do Ministério das Comunicações permitea qualquer empresa oferecer serviço de acesso àinternet. São 10 milhões de pessoas no mundoconectados à rede; no Brasil, cerca de 120 mil.

É lançada a versão online da Folha de S. Paulo.

Chega a revista Viagem & Turismo, pela EditoraAzul. Depois passaria para a Editora Abril.

1996Em abril, numa iniciativa do Instituto para oDesenvolvimento do Jornalismo, surge na interneto Observatório da Imprensa, um projeto original doLaboratório de Estudos Avançados em Jornalismoda Universidade Estadual de Campinas-Unicamp.

Lançamento da CBN-FM, primeira rádio só denotícias em freqüência modulada.

O Governo envia ao Congresso projeto de lei queprevê a regulamentação do funcionamento daschamadas rádios piratas.

Em maio é lançada a PC Player, da Nova Cultural.

Entram em funcionamento os sistemas Sky, da

Net-Multicanal, e DirecTV, da TVA, que levam osinal de televisão diretamente do satélite aodomicílio do assinante. O usuário também temacesso ao sistema pay-perview, no qual paga umataxa extra para assistir a programas selecionados.

A Rede Globo inaugura em Jacarepaguá, Rio deJaneiro, o Projac, maior centro de produção de tv daAmérica Latina, com 1.300.000 metros quadrados.

Entra no ar o portal Universo On Line (UOL).

Em agosto de 1996, a Microsoftlança o Internet Explorer, dandoinício à "guerra dos navegadores".Em novembro, é lançado ocomunicador instantâneo ICQ.

1997Em abril é lançada em São Pauloa revista Caros Amigos, criada edirigida pelo jornalista Sérgio deSouza, um dos responsáveis peloêxito, nos anos 60, da revistaRealidade, da Editora Abril.

O percentual de domicíliosbrasileiros com aparelhos de

rádio chega a 90,3%, contra 84,9% em 1992,informa o IBGE. Na Região Sul, o índice é de94,8%; na Sudeste, 94,3%; na Centro-Oeste, 87,2%;e na Nordeste, 83,3%.

No mundo 16 milhões estão conectados à rede.Neste ano é desenvolvido o desenvolvido o WAP(Wireless Application Protocol), a internet começaa chegar a celulares e palmtops.

IstoÉ Dinheiro, revista de negócios, economia efinanças da Editora Três, é lançada em setembro.Na capa, o Ministro da Economia Pedro Malan.

Em outubro surge a revista BRAVO!, dedicada aartes e espetáculos, com circulação em bancas e porassinaturas. Lançada pela Editora D’Ávila, apublicação alcançou tal sucesso e tão elevado nívelde qualidade que foi incorporada pela Editora Abrilao seu elenco de revistas.

1998O Observatório da Imprensa ganhauma versão na tv produzida pelaTVE do Rio de Janeiro e TVCultura de São Paulo.

Deixa de circular a revistaComunicação e Artes.

Em abril chega a revista VocêS.A., da Editora Abril. Em maio, éa vez da revista Época chegar àsbancas, pela Editora Globo.

É lançada em São Paulo pelaEditora Bregantini a revista de arte e cultura Cult,que se apresenta, não sem razão, como “a maisinteligente revista brasileira de cultura”.

O Dia é o primeiro jornal totalmente impressoem cores da grande imprensa nacional.

Em 1998, segundo a pesquisa Ibope, 2 milhões

de brasileiros estão conectados à rede, no anoseguinte, este número saltará para 7,6 milhões. Emsetembro é lançado o Google – atualmente, oserviço de busca mais popular do mundo.

1999Em maio, com a falência da Bloch Editores,

desaparecem as revistas Manchete e Desfile.

Começa a circular a revista Jornal dos Jornais,criada em São Paulo pelo jornalista MoacyrJapiassu e dedicada a assuntos relacionados comjornalistas, jornais e publicações e diferentesaspectos da imprensa.

A revista National Geographic Brasil chega aomercado através da Editora Abril.

Pára de circular a Folha daTarde, que é substituída pelojornal Agora São Paulo, de tompopular.

Em junho, surge a revistasemanal BUNDAS, criada pelocartunista e escritor Ziraldo.

Com o crescimento da internet,a Revista da Web chega emsetembro nas bancas.

A revista MovieStar,especializada em cinema, élançada em outubro.

Entra no ar a Rede TV, no lugar da extinta Manchete.

2000Fernando Segismundo volta à Presidência da ABI.

Pára de circular a revista Jornal dos Jornais.

Em novembro, pára de circular a revista Bundas.

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43Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

Jornal da ABI DIRETORIA – MANDATO 2007/2010Presidente: Maurício AzêdoVice-Presidente: Tarcísio HolandaDiretor Administrativo: Estanislau Alves de OliveiraDiretor Econômico-Financeiro: Domingos MeirellesDiretor de Cultura e Lazer: Jesus ChediakDiretor de Assistência Social: Paulo Jerônimo de Sousa (Pajê)Diretor de Jornalismo: Benício Medeiros

CONSELHO CONSULTIVO 2007-2010Chico Caruso, Ferreira Gullar, José Aparecido de Oliveira (in memoriam), MiroTeixeira, Teixeira Heizer, Ziraldo e Zuenir Ventura.

CONSELHO FISCAL 2009-2010Geraldo Pereira dos Santos, Presidente, Adail José de Paula, Adriano Barbosa doNascimento, Jorge Saldanha de Araújo, Luiz Carlos de Oliveira Chesther, ManoloEpelbaum e Romildo Guerrante.

MESA DO CONSELHO DELIBERATIVO 2009-2010Presidente: Pery Cotta1º Secretário: Lênin Novaes de Araújo2º Secretário: Zilmar Borges Basílio

Conselheiros efetivos 2009-2012Adolfo Martins, Afonso Faria, Aziz Ahmed, Cecília Costa, Domingos Meirelles,Fernando Segismundo, Glória Suely Álvarez Campos, Jorge Miranda Jordão, JoséÂngelo da Silva Fernandes, Lênin Novaes de Araújo, Luís Erlanger, MárciaGuimarães, Nacif Elias Hidd Sobrinho, Pery de Araújo Cotta e Wilson Fadul Filho.

Conselheiros efetivos 2008-2011Alberto Dines, Antônio Carlos Austregesylo de Athayde, Arthur José Poerner, CarlosArthur Pitombeira, Dácio Malta, Ely Moreira, Fernando Barbosa Lima (in memoriam),Leda Acquarone, Maurício Azêdo, Mílton Coelho da Graça, Pinheiro Júnior, RicardoKotscho, Rodolfo Konder, Tarcísio Holanda e Villas-Bôas Corrêa.

Conselheiros efetivos 2007-2010Artur da Távola (in memoriam), Carlos Rodrigues, Estanislau Alves de Oliveira,Fernando Foch, Flávio Tavares, Fritz Utzeri, Jesus Chediak, José Gomes Talarico,

Editores: Maurício Azêdo e Francisco UchaProjeto gráfico e diagramação: Francisco UchaEdição de textos: Maurício AzêdoPesquisa: André Lima de Alvarenga, Marcos Stefano,Francisco Ucha e Rita Braga

Imagens: Acervo ABI/Biblioteca Bastos Tigre, Arquivo Jornal doCommercio do Rio de Janeiro, Arquivo Público do Estado de SãoPaulo, Agência Folha, Agência O Globo, Agência Estado, AcervoEdmar Morel, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, AcervoMemória Abril, Arquivo Roberto Marinho/Memória Globo.

Apoio à produção editorial: Alice Barbosa Diniz, ConceiçãoFerreira, Diogo Collor Jobim da Silveira, Fernando Luiz BaptistaMartins, Guilherme Povill Vianna, Maria Ilka Azêdo, Mário Luiz deFreitas Borges.

Publicidade e Marketing: Francisco Paula Freitas (Coordenador),Queli Cristina Delgado da Silva, Paulo Roberto de Paula Freitas.

Diretor Responsável: Maurício Azêdo

Associação Brasileira de ImprensaRua Araújo Porto Alegre, 71 - Rio de Janeiro, RJ - Cep 20.030-012Telefone (21) 2240-8669/2282-1292e-mail: [email protected]ção em São Paulo - Diretor: Rodolfo KonderR. Dr. Franco da Rocha, 137 PerdizesSão Paulo, SP - Cep 05015-040Telefone (11) 3675-0960

Impressão: Taiga Gráfica Editora Ltda.Avenida Dr. Alberto Jackson Byington, 1.808 - Osasco, SP

José Rezende Neto, Marcelo Tognozzi, Mário Augusto Jakobskind, Orpheu SantosSalles, Paulo Jerônimo de Sousa (Pajê), Sérgio Cabral e Terezinha Santos.

Conselheiros suplentes 2009-2012Antônio Calegari, Antônio Henrique Lago, Argemiro Lopes do Nascimento (MiroLopes), Arnaldo César Ricci Jacob, Ernesto Vianna, Hildeberto Lopes Aleluia,Jordan Amora, Jorge Nunes de Freitas, Lima de Amorim, Luiz Carlos Bittencourt,Marcus Antônio Mendes de Miranda, Mário Jorge Guimarães, Múcio Aguiar Neto,Raimundo Coelho Neto e Rogério Marques Gomes.

Conselheiros suplentes 2008-2011Alcyr Cavalcânti, Edgar Catoira, Francisco Paula Freitas, Francisco Pedro do Coutto,Itamar Guerreiro, Jarbas Domingos Vaz, José Pereira da Silva (Pereirinha), Mariado Perpétuo Socorro Vitarelli, Ponce de Leon, Ruy Bello, Salete Lisboa, SidneyRezende,Sílvia Moretzsohn, Sílvio Paixão e Wilson S. J. de Magalhães.

Conselheiros suplentes 2007-2010Adalberto Diniz, Aluízio Maranhão, Ancelmo Góes, André Moreau Louzeiro, ArcírioGouvêa Neto, Benício Medeiros, Germando de Oliveira Gonçalves, Ilma Martinsda Silva, José Silvestre Gorgulho, Luarlindo Ernesto, Luiz Sérgio Caldieri, MarceuVieira, Maurílio Cândido Ferreira, Yacy Nunes e Zilmar Borges Basílio.

COMISSÃO DE SINDICÂNCIAJarbas Domingos Vaz, Presidente, Carlos Di Paola, José Carlos Machado, LuizSérgio Caldieri, Marcus Antônio Mendes de Miranda, Maria Ignez Duque EstradaBastos e Toni Marins.

COMISSÃO DE ÉTICA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃOAlberto Dines, Arthur José Poerner, Cícero Sandroni, Ivan Alves Filho e Paulo Totti.

COMISSÃO DE LIBERDADE DE IMPRENSA E DIREITOS HUMANOSOrpheu Santos Salles, Presidente; Wilson de Carvalho, Secretário; Arcírio GouvêaNeto, Daniel de Castro, Germando de Oliveira Gonçalves, Gilberto Magalhães, LucyMary Carneiro, Maria Cecília Ribas Carneiro, Mário Augusto Jakobskind, MarthaArruda de Paiva e Yacy Nunes.

COMISSÃO DIRETORA DE ASSISTÊNCIA SOCIALPaulo Jerônimo de Sousa, Presidente, Ilma Martins da Silva, Jorge Nunes de Freitas,José Rezende Neto, Maria do Perpétuo Socorro Vitarelli e Moacyr Lacerda.

Número 347 - Novembro de 2009

A ABI inicia as comemorações de seu centenário de fundação, as quais incluem a ediçãode publicações que destaquem a contribuição da imprensa para o progresso do País.

1993~2009

É lançado na internet o Portal Estadão.

O provedor IG lança o primeiro jornal concebidoe produzido para a internet: Último Segundo, commaterial de agências e da equipe de repórteres.

Começam a terdestaque asrádios virtuais,que funcionamcomo parte desites.

No mundo há304 milhões decomputadoresconectados.

Os países doMercosuldiscutem umpadrão comumpara a TV digital.

2001Em fevereiro,surge O PASQUIM

21, publicadosemanalmenteem formatostandard.

Em maio chega nas bancas a revista TPM, ou TripPara Mulheres.

Pára de circular o jornal Notícias Populares.

O jornal Diário Popular muda de nome e passa ase chamar Diário de São Paulo.

2002Chega ao fim a circulação da revista Cadernos doTerceiro Mundo.

2003Em novembro, a Revista de Cultura Vozes é cancelada.

Também pára de circular a revista Comunicarte.

2004Numa eleição empolgante, a chapa Prudente deMorais, neto vence as eleições na ABI. Com esseresultado o jornalista Maurício Azêdo é o novoPresidente da ABI, sendo reeleito em 2007.

Em julho cessa a publicação de O Pasquim 21.Também não circula mais a revista Lugar Comum.

2005As informações circulam cada vez maisrapidamente na internet, um meio acessado pormilhões de pessoas a cada minuto. Neste ano, amorte do Papa entra para a História como oprimeiro evento com a maior cobertura virtual.

2006Em junho, Brasil anuncia o padrão japonês para ainstalação da tv digital.

Em outubro, é lançada a revista Piauí, queoferece textos e comentários sobre assuntosvariados, além de estampar com freqüênciahistórias em quadrinhos de artistas nacionais eestrangeiros.

É criada na internet a rede social Twitter. Umaferramenta de envio de informação em informaçãoque viria a se expandir entre jornais e outrosveículos de comunicação.

2007Brasileiros, revista mensal de reportagens, chega àsbancas.

No dia 2 de dezembro, acontece na Sala SãoPaulo, em São Paulo, a primeira transmissão da tvdigital no País.

2008A ABI inicia as comemorações de seu centenáriode fundação, as quais incluem a edição depublicações que destaquem a contribuição daimprensa para o progresso do País. Daprogramação consta a publicação pelo Jornal daABI da Edição Especial do Centenário, a qual sedesdobrará em três volumes, com um totalestimado de 250 páginas.

A eleição deBARACK OBAMA

nos Estados Unidosse transforma numverdadeiroespetáculomidiático: além deuma coberturaglobal com os maisdiversos veículos,a internet é usadaefetivamente comouma eficienteferramenta dedivulgação.

2009No dia 30 de abril, o Supremo Tribunal Federal-STF declara inconstitucional a Lei de Imprensa(Lei nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967), porincompatibilidade com o ordenamento jurídicodemocrático instituído pela Constituição de 5 deoutubro de 1988. Por sete votos a quatro, a lei érevogada na íntegra. Nas sessões em que o assuntofoi discutido, há participação direta da ABI.

No dia 17 de junho, o STF entende que anecessidade de diploma para exercício dojornalismo pode prejudicar a liberdade deexpressão e determina o fim de suaobrigatoriedade. Em sua justificativa, o MinistroGilmar Mendes compara o trabalho do jornalistaao de um cozinheiro: “Aprende-se na prática”.

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