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  • filosofia da arte

    carlos joo correia

    2011-2012 1Semestre

  • luca del baldo arthur c. danto steve pyke

  • O filsofo Maurice Mandelbaum reagiu posio antiessencialista de Weitz acerca da definio de arte assinalando que se levssemos a srio as afirmaes de Wittgenstein acerca das semelhanas de famlia, ento devamos reparar que aquilo que os membros de uma famlia biolgica tm em comum uma ligao gentica biolgica. este o atributo que causa o padro de semelhanas sobrepostas claramente visveis ao observador. [...] A sugesto de Mandelbaum que, tal como como h numa famlia uma caracterstica comum no visvel (a ligao gentica) , tambm analogamente, podero existir propriedades no visveis partilhadas por todos os jogos, ou mesmo por todas as obras de arte. Tal possibilidade no pode ser excluda como uma impossibilidade conceptual.Nigel Warburton. The Art Question. London/New York: Routledge. 2003, 83-84 [O que a arte? Trad. portuguesa de CliaTeixeira. Lisboa:Bizncio. 2007, 99-100].

  • state of the art/11. A TI [teoria da imitao] falsa como teoria da arte, mas no s constituiu o modelo dominante na histria da arte desde a Renascena (cf. Giorgio Vasari) at ao sculo XIX, como a ideia hamletiana da arte como espelho metafrico do mundo foi, e ainda, bem fecunda.

    2. A TI abandonada com o surgimento da fotografia e substituda pela tese de que a OdA uma presena real [o que a msica e a arquitectura foram sempre]. Surge, assim, na transio, entre o Impressionismo e o Ps-impressionismo, um novo modelo terico de interpretao da arte que v nas OdA entidades reais. A este novo modelo de compreenso, Danto designa-o como TR [teoria da realidade].

    3. Mas enquanto os ps-impressionistas sublinharam directamente nas suas OdA que no eram iluses, desde os anos 60 comearam a surgir OdA que eram prima facie indiscernveis dos objectos reais da vida quotidiana.

    4. Para se poder constituir uma teoria filosfica da arte como um todo importa compreender vrias ideias-chave, entre elas a da identificao artstica que se consubstancia numa reinterpretao da cpula .

  • pieter bruegel. paisagem com queda de caro. 1558

  • state of art/2A B

    biblioteca da cincia1 - 3 lei de newton

    1 Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha recta, a menos que seja forado a mudar aquele estado por foras aplicadas sobre ele3 A toda aco h sempre uma reaco oposta e de igual intensidade

    pares visualmente indiscernveis

  • state of art/2

    Para considerarmos toda a rea como um espao nico, teramos de tomar a horizontal do meio como uma linha que no uma extremidade. Mas isso requer quase uma identificao tridimensional de toda a pintura: a rea pode ser uma superfcie plana, e a linha estar acima dela (Voo de um jacto), ou abaixo dela (Trajectria de um Submarino)

  • H, com certeza, identificaes sem sentido: julgo que nenhuma pessoa sensata leria a horizontal como Loves Labours Lost ou como The Ascendency of St. Erasmus. Por ltimo, notemos como a aceitao de uma identificao em vez de outra significa, na realidade, trocar um mundo por outro. Com efeito, podamos entrar num mundo muito potico, identificando a rea superior com um cu limpo, sem nuvens, reflectido na superfcie das guas, que seria a rea de baixo, uma brancura separada de outra brancura apenas pela fronteira irreal do horizonte.

    state of art/2

  • Nesta altura, o nosso Testadura, que seguiu a discusso com alguma dificuldade, protesta, afirmando que apenas v tinta: um rectngulo pintado de branco, atravessado por uma linha preta. E tem toda a razo: ele apenas v isto, ele e qualquer pessoa, incluindo ns, os tericos da esttica. Portanto, se ele nos pedir para lhe mostramos que mais h para ver, para lhe demonstramos, apontando que, isto uma obra de arte (Mar e Cu), no podemos aquiescer, porque ele no ignorou nenhum elemento (e seria absurdo supor que tinha ignorado, que haveria uma coisa minscula para que pudssemos apontar, e que, examinando-a de perto, lhe permitisse dizer: Ah, ento isso! Afinal sempre uma obra de arte!). No podemos ajud-lo, enquanto ele no dominar o da identificao artstica, que lhe permite constituir o rectngulo como obra de arte. Se no for capaz de o fazer, nunca ser capaz de olhar para as obras de arte

  • Os crescidos no compreendem nada por eles prprios e cansativo para as crianas estarem sempre a explicar-lhes as coisas.

  • O poeta um fingidorFinge to completamenteQue chega a fingir que dorA dor que deveras senteFernando Pessoa. Autopsicografia

    Aixo era y no eraJakobson

  • Ele atingiu a abstraco mediante a rejeio das identificaes artsticas, regressando ao mundo real de que tais identificaes nos afastam (pensa ele), um pouco ao modo de Ching Yan*, que escrevia:

    Antes de ter estudado o Zen durante trinta anos, via as montanhas como montanhas e as guas como guas. Quando atingi um conhecimento mais profundo, cheguei a um ponto em que no via as montanhas como montanhas nem as guas como guas. Mas, agora, que atingi a substncia mesma, estou em paz. Muito simplesmente, voltei a ver as montanhas como montanhas e as guas como guas.

    *Ching-yan Hsing-ss / Qngyun Xngs /Seigen Gyshi / 660?-740

  • A diferena entre a sua afirmao e a de Testadura - Isto tinta preta e tinta branca e nada mais reside no facto de ele estar a usar o da identificao artstica, pelo que o seu uso Aquela tinta preta tinta preta no tautolgico. Testadura no est nesse estdio. Ver uma coisa como arte requer algo que o olhar no pode desprezar - uma atmosfera de teoria artstica, um conhecimento da histria da arte: um mundo da arte.

  • 1912

  • 1911

  • 1903

  • 1912

  • O Sr. Andy Warhol, o artista pop, expe fac-smiles de caixas de cera Brillo, em pilhas muito bem arrumadas, como se estivesse num armazm de um supermercado. Por acaso, so de madeira, pintadas para parecerem de carto, e por que no? Parafraseando o crtico do Times, se podemos fazer um fac-smile de um ser humano em bronze, por que no havemos de fazer um fac-smile de um caixa de cera Brillo em contraplacado? [...] Em todo o caso, por que precisa Warhol de fazer estas coisas? Por que no se limita a rabiscar a sua assinatura numa delas? [...] este homem uma espcie de Midas, que transforma tudo o que toca no ouro da pura arte? [...] Pouco importa que a caixa de cera Brillo possa no ser arte de boa qualidade, e muito menos uma grande obra de arte. O que impressiona o facto de ser arte. Mas, se arte, o que impede as indiscernveis caixas de cera Brillo que esto no armazm de o serem igualmente? Ou ter-se- desmoronado por completo a distino entre arte e realidade?

  • Em ltima anlise, aquilo que distingue uma caixa de cera Brillo de uma obra de arte que consiste numa Caixa de Brillo uma certa teoria da arte. a teoria que eleva ao mundo da arte e a impede de se reduzir ao objecto real que (num sentido de diferente do da identificao artstica). claro que, sem a teoria, improvvel que a vejamos como arte e, a fim de a vermos como parte do mundo da arte, temos de dominar uma srie de teorias da arte, alm de uma parte considervel da histria da pintura recente de Nova Iorque. No podia ter sido arte h cinquenta anos. Mas tambm no podia haver, por analogia, seguros de voo na Idade Mdia ou correctores etruscos de mquinas de escrever. O mundo tem de estar preparado para certas coisas, e isto tanto se aplica ao mundo real, como ao mundo de arte. O papel das teorias artsticas, hoje como sempre, tornar possvel o mundo da arte e a arte. Presumo que nunca tenha ocorrido aos pintores de Lascaux que estavam a produzir arte naquelas paredes. A no ser que no neoltico houvesse tericos de esttica.

  • As caixas de Brillo entram no mundo da arte com a mesma incongruncia tonificante que as personagens da commedia dellarte introduzem em Ariadne em Naxos. [...] E para regressar s opinies de Hamlet com que comemos esta discusso, as caixas de cera Brillo tm o mesmo poder que outra coisa qualquer de nos revelar a ns mesmos: como um espelho erguido diante da natureza, elas podem despertar a conscincia dos nossos reis.

    Arthur C.Danto. The Artworld. The Journal of Philosophy 61, 19 (15 de Outubro, 1964), 571-584 [trad. portuguesa de Vtor Silva; reviso de Maria Jos Figueiredo. Lisboa: O que a arte? Ed. de Carmo dOrey. Lisboa: Dinalivro/CFUL. 2007, 79-99].

  • "Danto inventou a expresso mundo da arte (artworld) que, segundo o autor, significa uma atmosfera de teoria da arte. A definio de Danto pode ser explicada (glossed) do seguinte modo:

    algo uma obra de arte se e s se:

    (i) tem um tema (subject)(ii) sobre o qual projecta alguma atitude ou ponto de vista (tem um estilo)(iii) atravs de uma elipse retrica (usualmente metafrica) em que essa elipse suscita na audincia a participao em preencher o que falta e(iv) em que a obra em questo e as suas interpretaes requerem um contexto histrico da arte. a clusula (iv) que torna a definio institucional."

    Thomas Adajian. "The Definition of Art" (23/X/2007)http://plato.stanford.edu/entries/art-definition/ [consultada em 3/XI/11]

    *elipse - omisso de uma ou mais palavras sem prejudicar a clareza da frase

  • antony gormley another place [1997]