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Braz. J. Aquat. Sci. Technol., 2009, 13(1):45-52. 45 INTRODUÇÃO O principal objetivo deste artigo é identificar e classificar os principais grupos de aqüíferos e propor um zoneamento, utilizando os compartimentos tectônicos, os padrões e a densidade de drenagem, juntamente com as direções preferenciais das fendas e fraturas que controlam a rede de drenagem. O pres- suposto deste tema, é que as fendas e fraturas que controlam a rede de drenagem são fundamentais para a acumulação circulação da água, tanto em superfície quanto em subsuperfície, de acordo com o conceito de “riacho-fenda” amplamente utilizado na locação de po- ços em aqüíferos fissurais. A elaboração do mapa hidrogeológico é a princi- pal justificativa para identificar, classificar e zonear os grupos de aqüíferos do Estado para posteriormente caracterizar, por meio de estudos específicos, as uni- dades aqüíferas. A concepção desse trabalho ocorreu a partir da observação da drenagem das bacias hidrográficas do Estado, na qual se destaca uma diversidade de pa- drões e áreas com densidade de drenagens diferencia- das, bem como, variações nas direções preferenciais dos rios. O zoneamento também é de fundamental impor- tância para avaliar, em cada área individualizada, as características hidrogeológicas e a densidade de fratu- ras, uma das variáveis a ser utilizada na determinação da vulnerabilidade intrínseca dos aqüíferos. Densidade de drenagem A densidade de drenagem se traduz como a re- lação entre o comprimento total dos cursos d’água de uma bacia hidrográfica e sua área. A estimativa da den- sidade de drenagem depende da escala carta topográ- fica uma vez que nas cartas de menor escala não são representados os pequenos cursos d’água, tampouco as bacias elementares. A caracterização da densidade de drenagem como muito alta geralmente está relacionada a um substrato impermeável e de relevo acentuado e a muito baixa está relacionada a um substrato permeável de relevo suave. A densidade varia diretamente com a ex- tensão do escoamento superficial e fornece uma indi- cação sobre a eficiência da drenagem natural da bacia, por exemplo, se a densidade é menor que 0,5 Km/ Km 2 , a bacia é mal drenada , e densidade entre 0,5 e 3,5 Km/Km 2 é uma bacia bem drenada. As bacias com maior densidade de drenagem tendem a estar mais sujeitas a cheias e alagamentos do que as com menor densidade de drenagem. A determinação da densidade de drenagem foi realizada em cada uma das áreas individualizadas neste trabalho, utilizando mapas e imagens de satélite em escala adequada. ZONEAMENTO DOS AQÜÍFEROS DO ESTADO DA BAHIA Maia, P. H. P. 1 ; Cruz, M. J. M. 2, & Sampaio, M. C.³ 1. Instituto de Gestão das Águas e Clima. Av. Antônio Carlos Magalhães nº 357, Itaigara, 41825-000 - Salvador, BA - Brasil 2. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, Departamento de Geoquímica. Rua Barão de Geremoabo S/N, Campus Ondina, 40170115 - Salvador, BA – Brasil 3. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências. Rua Barão de Geremoabo S/N, Campus Ondina40170115 - Salvador, BA – Brasil ABSTRACT Maia, P. H. P.; Cruz, M. J. M. , & Sampaio, M. C. 2009. Zoning of Aquifers the State of Bahia. Braz. J. Aquat. Sci. Technol. 13(1): 45-52. ISSN 1808-7035. The main objective of the research is to propose a zoning for the aquifers of Bahia state based on tectonic compartments , drainage patterns and directions of the main rivers of the state. The drainage is controlled by faults and fractures that result from various geological events. Assumption these structures that control the drainage are essential for accumulation and circulation of either surface water or groundwater. The result of this research was the emergence of large groups of aquifers in the State likely Hydrogeological Provinces and indication of different aquifer zones. The granular aquifers were divided into five provinces Hydrogeological with eleven different areas. The Karstic aquifers were targeted in eight provinces or areas Hydrogeological differentiated. The Metassedimentary aquifers were separated into nine distinct zones or units hydrogeological. And the Crystalline aquifers were divided into twenty-a Hydrogeological Provinces or areas aquifer from the analysis performed. Keywords: zoning, aquifers, hydrogeological provinces

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Braz. J. Aquat. Sci. Technol., 2009, 13(1):45-52.

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INTRODUÇÃO

O principal objetivo deste artigo é identificar eclassificar os principais grupos de aqüíferos e proporum zoneamento, utilizando os compartimentostectônicos, os padrões e a densidade de drenagem,juntamente com as direções preferenciais das fendase fraturas que controlam a rede de drenagem. O pres-suposto deste tema, é que as fendas e fraturas quecontrolam a rede de drenagem são fundamentais paraa acumulação circulação da água, tanto em superfíciequanto em subsuperfície, de acordo com o conceito de“riacho-fenda” amplamente utilizado na locação de po-ços em aqüíferos fissurais.

A elaboração do mapa hidrogeológico é a princi-pal justificativa para identificar, classificar e zonear osgrupos de aqüíferos do Estado para posteriormentecaracterizar, por meio de estudos específicos, as uni-dades aqüíferas.

A concepção desse trabalho ocorreu a partir daobservação da drenagem das bacias hidrográficas doEstado, na qual se destaca uma diversidade de pa-drões e áreas com densidade de drenagens diferencia-das, bem como, variações nas direções preferenciaisdos rios.

O zoneamento também é de fundamental impor-tância para avaliar, em cada área individualizada, ascaracterísticas hidrogeológicas e a densidade de fratu-

ras, uma das variáveis a ser utilizada na determinaçãoda vulnerabilidade intrínseca dos aqüíferos.Densidade de drenagem

A densidade de drenagem se traduz como a re-lação entre o comprimento total dos cursos d’água deuma bacia hidrográfica e sua área. A estimativa da den-sidade de drenagem depende da escala carta topográ-fica uma vez que nas cartas de menor escala não sãorepresentados os pequenos cursos d’água, tampoucoas bacias elementares.

A caracterização da densidade de drenagemcomo muito alta geralmente está relacionada a umsubstrato impermeável e de relevo acentuado e a muitobaixa está relacionada a um substrato permeável derelevo suave. A densidade varia diretamente com a ex-tensão do escoamento superficial e fornece uma indi-cação sobre a eficiência da drenagem natural da bacia,por exemplo, se a densidade é menor que 0,5 Km/Km2, a bacia é mal drenada, e densidade entre 0,5 e3,5 Km/Km2 é uma bacia bem drenada. As bacias commaior densidade de drenagem tendem a estar maissujeitas a cheias e alagamentos do que as com menordensidade de drenagem.

A determinação da densidade de drenagem foirealizada em cada uma das áreas individualizadas nestetrabalho, utilizando mapas e imagens de satélite emescala adequada.

ZONEAMENTO DOS AQÜÍFEROSDO ESTADO DA BAHIA

Maia, P. H. P.1; Cruz, M. J. M.2, & Sampaio, M. C.³

1. Instituto de Gestão das Águas e Clima. Av. Antônio Carlos Magalhães nº 357, Itaigara, 41825-000 -Salvador, BA - Brasil

2. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, Departamento de Geoquímica. RuaBarão de Geremoabo S/N, Campus Ondina, 40170115 - Salvador, BA – Brasil

3. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências. Rua Barão de Geremoabo S/N, CampusOndina40170115 - Salvador, BA – Brasil

ABSTRACT

Maia, P. H. P.; Cruz, M. J. M., & Sampaio, M. C. 2009. Zoning of Aquifers the State of Bahia. Braz. J. Aquat. Sci.Technol. 13(1): 45-52. ISSN 1808-7035. The main objective of the research is to propose a zoning for the aquifers ofBahia state based on tectonic compartments, drainage patterns and directions of the main rivers of the state. Thedrainage is controlled by faults and fractures that result from various geological events. Assumption these structuresthat control the drainage are essential for accumulation and circulation of either surface water or groundwater. Theresult of this research was the emergence of large groups of aquifers in the State likely Hydrogeological Provinces andindication of different aquifer zones. The granular aquifers were divided into five provinces Hydrogeological with elevendifferent areas. The Karstic aquifers were targeted in eight provinces or areas Hydrogeological differentiated. TheMetassedimentary aquifers were separated into nine distinct zones or units hydrogeological. And the Crystalline aquiferswere divided into twenty-a Hydrogeological Provinces or areas aquifer from the analysis performed.

Keywords: zoning, aquifers, hydrogeological provinces

Maia et al.: Zoneamento dos aquíferos da Bahia

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Padrões de drenagemDefinidos como o arranjo espacial dos cursos de

água em uma bacia hidrográfica, são condicionadospelo: controle estrutural, disposição das camadas, tipolitológico, declividade do terreno e evoluçãogeomorfológica da região. Uma ou mais baciashidrográficas podem ser englobadas na caracterizaçãode uma área por um determinado padrão de drenagem.Na seqüência são definidos os principais padrões dedrenagem (Figura 1).

DendríticoÉ típico de áreas cobertas por rochas horizontais nãofraturadas e isotrópicas em relação à erosão. Constituium padrão onde os talvegues têm comprimentos varia-dos e não possuem nenhuma orientação preferencial.Comum em rochas sedimentares horizontais, podendotambém ocorrer em rochas de baixo grau metamórfico,horizontais ou subhorizontais. Pode também ocorreralguns derrames de lavas ou sedimentos de origem vul-cânica.

RetangularOs cursos d’água se encontram em ângulos retos.Ocorre em rochas que foram submetidas a processosde diaclasamento e falhamentos. A drenagem é condi-cionada pelas estruturas das rochas. Podem ocorrerem arenitos, derrames de lavas, rochas ígneasplutônicas, nas quais as diáclases se formam no pro-cesso de resfriamento. Comum também em rochasmetamórficas submetidas a falhamentos efraturamentos.

ParaleloPadrão de drenagem onde os talvegues são paralelosa subparalelos entre si. Típico de regiões onde houvefalhamento intenso em uma única direção ou em ca-

madas sedimentares levemente inclinadas emregiões de topografia suave, onde os contatos geológi-cos se apresentam mais ou menos retilíneos.

TreliçaPadrão caracterizado pela existência de cursos d’águalongos com um conjunto de tributários curtos que de-sembocam em ângulos retos no curso maior. É umpadrão que se desenvolve em regiões dobradas, comuma sucessão de sinclinais e anticlinais de eixos hori-zontais a subhorizontais, onde os cursos maiores seencaixam em vales sinclinais e os cursos menoresdescem pelas abas das dobras.

RadialPadrão caracterizado por talvegues que se dispõe radi-almente a uma estrutura ou região mais elevada. Ocor-re em estruturas vulcânicas, em áreas sedimentaressoerguidas por domos salinos e em áreas onde afloramplutões ígneos que devido à erosão diferencial são real-çados na topografia.

AnelarPadrão caracterizado por drenagem radial na qual al-guns cursos se colocam como segmentos de arcos aoredor de um ponto mais elevado a montante da drena-

A B C

D E F

Figura 1. Principais padrões de drenagem: (A) Dendrítico; (B) Re-tangular; (C) Paralelo; (D) Treliça; (E) Radial; (F) Anelar.

Figura 2 – Classes de Aqüíferos

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gem radial. Muito comum em regiões que foramsoerguidas por domos salinos ou intrusões ígneas. Asfraturas são decorrentes da intrusão e soerguimentodas rochas.

MATERIAIS E MÉTODOS

As unidades litológicas representadas no mapageológico, na escala 1:1.000.000, foram classificadasem, com base na litologia, tipo de porosidade e com-portamento hidrogeológico, em Classes de Aqüíferos:Granulares, Cársticos, Metassedimentares e Cristali-nos que resultou em um mapa derivado, denominadode Classes de Aqüíferos (Figura 2).

Posteriormente, as informações espaciais con-tidas neste mapa foram superpostas com as poligonaisque definem os principais compartimentos tectônicos,obtidas no Mapa Tectônico do Estado da Bahia (Figura3) com o objetivo de delimitar as divisões regionais sig-nificativas dos aqüíferos. O resultado obtido foi um mapacontendo os recortes das prováveis ProvínciasHidrogeológicas do Estado.

O mapa com essas poligonais foi utilizado comobase, na qual foram lançadas a rede de drenagem detodas as bacias hidrográficas, obtida a partir da redu-ção da base cartográfica na escala de 1:100.000, para

caracterizar as Províncias Hidrogeológicas e identifi-car as zonas aqüíferas.

Em cada poligonal foram avaliados, os padrões,a densidade e as direções dos lineamentos da rede dedrenagem, esses dados foram tabulados e tratados parapermitir a indicação de zonas aqüíferas a sereminvestigadas em detalhe e confirmar sua validade pos-teriormente.

O resultado, expresso por meio de um Mapa deZoneamento dos Aqüíferos do Estado da Bahia (Figura4), propicia uma melhor visualização das zonasidentificadas, nas quais os poços tubulares serão pos-teriormente plotados, e seus dados tratados com a fi-nalidade de validar o zoneamento proposto.

Trata-se de um trabalho importante que irá con-tribuir para identificar, por meio de estudos, as princi-pais Unidades Aqüíferas no contexto da elaboração domapa hidrogeológico do Estado.

RESULTADOS

A sistematização adotada para classificar e or-ganizar os aqüíferos do Estado foi planejada conside-rando os principais fatores que, direta ou indiretamen-te, interferem na acumulação e movimentação da água

Tabela 01 - Aquíferos do estado da Bahia

Maia et al.: Zoneamento dos aquíferos da Bahia

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em subsuperfície, tais como: litologia, estruturas, tiposde porosidade e permeabilidade do substrato rochoso,declividade do terreno, evolução geomorfológica egeotectônica.

A investigação realizada aponta os caminhos paraa individualização de unidades nas classes de aqüíferos:Granulares, Cársticos, Metassedimentares e Cristali-nos. A identificação das prováveis ProvínciasHidrogeológicas e a indicação de zonas diferenciadasna pesquisa encontram-se nas Tabelas 1 e 2.

1 - Aqüíferos GranularesOs Aqüíferos Granulares abrangem as Cobertu-

ras Cenozóicas, as Bacias Sedimentares do Recôncavo,Tucano, Urucuia e Parnaíba, cuja pequena faixa daborda da bacia aflora próximo à cidade de Campo Ale-gre de Lurdes, na fronteira com o estado do Piauí.

Sob a denominação genérica de CoberturasCenozóicas, este grupo engloba o aqüífero Barreiras,de grande importância regional que deve ser individuali-zado como uma unidade aqüífera independente queocorre ao longo do litoral Atlântico, principalmente na

região sul do estado, onde a densidade de drenagem éalta com uma freqüência acentuada do padrão de dre-nagem paralelo.

Essas coberturas ocorrem dispersas na regiãocentral do Estado, predominantemente no setor noro-este no Vale do rio São Francisco, onde áreas combaixa densidade de drenagem e padrão paralelo alter-nam-se com áreas de densidade média a alta e padrãode drenagem dendrítico, sugerindo a existência de zo-nas aqüíferas com características diferenciadas nestesistema.

As direções dos lineamentos da rede de drena-gem nessas coberturas são variáveis a depender daunidade geotectônica que esteja recobrindo, denotan-do um forte controle estrutural do embasamentosubjacente.

A bacia sedimentar do Recôncavo deverá serobjeto de uma análise detalhada, considerando a suacomplexidade devido à ocorrência de várias unidadesaqüíferas. A densidade de drenagem alta, o padrãodendrítico e as direções dos rios, individualizam esta

Figura 3 – Mapa Tectônico do Estado da Bahia

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bacia como uma zona a parte, diferente da bacia doTucano, na qual a baixa densidade da drenagem e apredominância do padrão de drenagem paralelo e se-cundariamente o dendrítico, juntamente com as dire-ções dos lineamentos dos rios, sugerem a existênciade pelo menos três compartimentos distintos: Uma zonaa sul, outra na região central e a terceira localizada nonorte da bacia.

A observação da drenagem na bacia do Urucuiapermite visualizar um notável controle estrutural nos riosque sugere a existência de três zonas no aqüífero: umaonde o controle é mais acentuado, a sul, nas baciasdos rios Corrente e Itaguari, nas quais predomina umpadrão de drenagem paralelo, outra na zona central,localizada no sul da bacia do rio Grande, na qual adrenagem passa de um padrão intermediário, entre oparalelo ao dendrítico, para um padrão dendrítico ple-no, a norte da bacia sedimentar. A densidade de drena-gem é baixa em toda a região e a direção predominan-te dos rios é WEE, com inflexões para SW-NE, nabacia do rio Grande e NW-SE, na bacia do rio Corren-

Zonas Aqüíferas

Tabela 2- Zoneamento dos aqüíferos do estado da Bahia

te. Em ambos os casos os rios que correm na direçãodo rio São Francisco mudam abruptamente de direção.

2 - Aqüíferos CársticosEste sistema foi subdividido, com base nos com-

partimentos geotectônicos, litologia predominante (ro-chas carbonáticas) e porosidade cárstica, em oito uni-dades hidrogeológicas: São Francisco, Irecê, Salitre,Utinga, Ituaçu, Curaçá, Salobro e Estância. Excetuan-do o aqüífero Salobro que apresenta um padrãodendrítico e uma densidade de drenagem média a alta,nos demais aqüíferos prevalece o padrão dendrítico/paralelo com densidade de drenagem baixa.

Quanto às direções dos lineamentos da drena-gem, as unidades aqüíferas: Utinga, Salitre, Irecê eItuaçu apresentam as mesmas direções preferenciaispara NW-SE/NE-SW/E-W. Os aqüíferos São Francis-co e Salobro apresentam as mesmas direções prefe-renciais para NW-SE/NE-SW, enquanto que nosaqüíferos, Estância e Curaçá as direções preferenciaissão para NW-SE/ SE-NW/N-S.

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Figura 4 - Proposta de Zoneamento dos Aqüíferos do estado da Bahia

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3 - Aqüíferos MetassedimentaresTambém com base nos compartimentos

geotectônicos, litologia constituída por rochasmetassedimentares e porosidade fissural este sistemafoi segmentado em nove unidades hidrogeológicas: For-mosa do Rio Preto, Santo Onofre, Espinhaço, ChapadaDiamantina, Riacho do Pontal, Riacho Tamboril, BarraBonita, Contendas Mirante e Sergipano.

Os padrões de drenagem dessas unidades vari-am de dendrítico, nos aqüíferos de Formosa do Rio Pre-to, Riacho Tamboril, Barra Bonita e o Sergipano adendrítico/paralelo, com característica dos dois padrões,tais como Chapada Diamantina, Riacho Pontal e Con-tendas Mirante e retangular/paralelo, em áreas onde ocontrole estrutural sobre a drenagem é maior, comonos aqüíferos Santo Onofre e Espinhaço.

A densidade de drenagem também é predomi-nantemente elevada, variando de alta e média, comexceção dos aqüíferos, Riacho Tamboril e Barra Bonitaque apresentam uma densidade Baixa, provavelmentereflexo da permeabilidade do substrato, possível de serconfirmada com a análise estatística dos dados dospoços tubulares.

As unidades aqüíferas, Formosa do Rio Preto,Espinhaço e Sergipano apresentam lineamentos dosrios com direções para NW-SE/ NE-SW. As unidadesSanto Onofre e Chapada Diamantina para as direçõesNNW/NNE/E-W. É notável a predominância dos linea-mentos da rede de drenagem nas direções NW-SE/NE-SW/NNE observadas nos aqüíferos de RiachoPontal, Riacho Tamboril, Barra Bonita e ContendasMirante .

4 -Aqüíferos CristalinosEste sistema deverá ser objeto de uma avalia-

ção criteriosa para confirmar a sua segmentação emcerca de vinte e uma unidades aqüíferas, com basenos compartimentos geotectônicos, litologia eporosidade. Este zoneamento poderá ser confirmadopor outros trabalhos complementares, tais como, aná-lise da densidade de fraturas utilizando o sensoriamentoe GIS e o tratamento estatístico dos dados dos poços.

Predominam os padrões de drenagem com ca-racterísticas de dendrítico e paralelo, observado nasunidades: Alagoas, Jacobina, Rio Itapicuru, Saúde,Costa Atlântica, Jequié, Serrinha, Sobradinho, Gavião,Paramirim, Guanambi e Lençóis, seguida pelo padrãodendrítico pleno nas unidades: Araçuaí, Canindé,Itapetinga, Rio Preto, Esplanada, Curaçá, Mairí eBarrinha. A única unidade que apresentou um padrãoretangular a paralelo, denotando um forte controle es-trutural foi a unidade de Itabuna.

Das possíveis vinte e uma unidadeshidrogeológicas identificadas, dezessete apresentam

densidade de drenagem média a alta, apenas quatrodelas, Alagoas, Canindé, Jacobina e Rio Itapicuru quepossui densidade Média. Este resultado deverá sercomparado com a densidade de fraturas e com a aná-lise estatística dos dados dos poços com a finalidadede confirmar a existência do zoneamento nessas áre-as.

Com relação às direções dos lineamentos da rededrenagem, os esforços que afetaram esse sistemaaqüífero produziram, em cerca de onze unidades:Alagoas, Canindé, Itapetinga, Rio Preto, Jacobina,Esplanada, Itabuna, Jequié, Mairí, Sobradinho e Ga-vião, lineamentos na drenagem, para as direções NW-SE/ NE-SW. Secundariamente apresentam lineamen-tos, nas unidades: Rio Itapicuru, Saúde, Curaçá,Serrinha, Barrinha e Lençóis para NW-SE/ NE-SW/N-S. Nas unidades de Paramirim e Guanambi as dire-ções preferenciais foram para NW-SE/ NE-SW/ N-S eas exceções ficam para Araçuaí e Costa Atlântica, aprimeira com direções dos lineamentos NW-SE/ N-S ea segunda para NW-SE/NNE.

CONCLUSÕES

O resultado da pesquisa foi à segmentação dosgrandes grupos de aqüíferos do Estado em prováveisProvíncias Hidrogeológicas e a indicação de zonasaqüíferas diferenciadas, (tabela 2). Os aqüíferos Gra-nulares, foram divididos em cinco ProvínciasHidrogeológicas com onze zonas distintas. Os aqüíferosCársticos foram segmentados em oito ProvínciasHidrogeológicas ou zonas diferenciadas. Os aqüíferosMetassedimentares foram separados em nove Unida-des Hidrogeológicas ou zonas distintas. E os aqüíferosCristalinos foram divididos em vinte e uma ProvínciasHidrogeológicas ou zonas aqüíferas, a partir da análiserealizada.

O resultado, expresso por meio da Tabela 2 e deum Mapa de Zoneamento dos Aqüíferos do Estado daBahia (Figura 4), propicia uma melhor visualização daszonas identificadas.

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Maia et al.: Zoneamento dos aquíferos da Bahia

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Submetido: Abril/2008Revisado: Dezembro/2008

Aceito: Fevereiro/2009

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