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JULIANA MARIA CORREIA DE SOUZA A REALIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE EM JARAGUARI- MS

1 INTRODUÇÃO · Web viewProjeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação em nível

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1 INTRODUO

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JULIANA MARIA CORREIA DE SOUZA

A REALIDADE DO SERVIO PBLICO DE SADE EM JARAGUARI-MS

JARAGUARI MS

2011

JULIANA MARIA CORREIA DE SOUZA

A REALIDADE DO SERVIO PBLICO DE SADE EM JARAGUARI-MS

Projeto de Interveno apresentado Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para concluso do curso de Ps Graduao em nvel de Especializao em Ateno Bsica em Sade da Famlia.

Orientador: Prof. Dr. Alessandro Diogo De Carli.

JARAGUARI MS

2011

SUMRIO

1 INTRODUO05

2 OBJETIVOS09

2.1 OBJETIVO GERAL09

2.2 OBJETIVO ESPECFICO09

3 DESENVOLVIMENTO10

4 CONSIDERAES FINAIS18

5 REFERNCIAS20

RESUMO

O tema deste trabalho a realidade do servio pblico de sade em Jaraguari-MS, elaborado com o objetivo de analisar os ns crticos encontrados na implementao da Equipe Sade da Famlia (ESF) Rural deste municpio. Ao se avaliar, mesmo que de forma breve, o servio pblico prestado na rea da sade, constata-se um descompasso entre a necessidade e expectativa dos usurios e a qualidade de tais servios. Est havendo uma crescente conscincia do direito sade, acompanhada de um aumento das expectativas e exigncias por parte dos usurios, de forma a assegurar que suas necessidades sejam atendidas com presteza. Esse desequilbrio causa insatisfao das duas partes envolvidas: os profissionais e a populao que utiliza o sistema de sade. Em Jaraguari (MS) no diferente de outros milhares de municpios, o dia-a-dia nas unidades de sade apontam que a precariedade est presente, a demanda pelos servios est em alta, porm a oferta est em baixa. A prpria precariedade aumenta a demanda, pois a falta de qualidade faz com que surjam novas doenas, torne outras crnicas, apaream outras que estavam erradicadas, dentre outras mazelas. Percebe-se que a ESF Rural de Jaraguari foi criada por interesses eleitoreiros, sem maior comprometimento com a boa estrutura fsica, com a capacitao continuada dos profissionais envolvidos, bem como com a oferta de materiais e equipamentos necessrios a um servio de qualidade. Verifica-se que existe insatisfao dos usurios e dos servidores, sem que haja gestores competentes para resolverem a situao.

Descritores: Sade Pblica, Programa Sade da Famlia, Equipe Sade da Famlia, Servio nico de Sade.

1 INTRODUO

O Programa Sade da Famlia (PSF) teve incio em meados de 1993, sendo regulamentado de fato em 1994, como uma estratgia do Ministrio da Sade (MS) para mudar a forma tradicional de prestao da ateno em sade, visando estimular a implantao de um novo modelo de Ateno Primria que resolvesse a maior parte (cerca de 85%) dos problemas de sade. O PSF visa ao trabalho na lgica da Promoo da Sade, almejando a integralidade da ateno ao usurio, como sujeito integrado famlia, ao domiclio e comunidade. Entre outros aspectos, para o alcance deste trabalho, necessria a vinculao dos profissionais e dos servios com a comunidade, e a perspectiva de promoo de aes intersetoriais (BESEN, 2007).

Segundo dados do Ministrio da Sade (BRASIL, 2011), o Brasil conta com 30.328 Equipes de Sade da Famlia (ESF), em 5.251 municpios, ou seja, as ESF esto presentes em quase a totalidade das cidades brasileiras (cujo nmero de 5.565). H 18.982 equipes de sade bucal e 234.767 agentes comunitrios de sade.

A execuo da ESF compartilhada pelo governo federal, estados, Distrito Federal e municpios. Ao governo federal cabe estabelecer as diretrizes nacionais da poltica e garantir as fontes de recursos financeiros para o componente federal do seu financiamento.

Os processos de avaliao das ESF passaram a ocorrer com mais freqncia recentemente, pois no havia experincias suficientes para serem analisadas, devido a sua implantao muito recente. Nos ltimos anos, com o alcance de uma cobertura estimada de mais de metade da populao brasileira pela Estratgia Sade da Famlia (ESF) e uma cobertura populacional por outros modelos de Ateno Bsica (AB) que pode variar entre 20% e 40%, a questo da qualidade da gesto e das prticas das equipes de AB tem assumido maior relevncia na agenda dos gestores do Sistema nico de Sade (SUS) (BRASIL, 2011).

Nesse sentido, o Ministrio da Sade (MS) prope vrias iniciativas centradas na qualificao da AB e, entre elas, destaca-se o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Ateno Bsica (PMAQ).

O PMAQ foi institudo pela Portaria n 1.654 GM/MS, em 19 de julho de 2011, sendo produto de um importante processo de negociao e pactuao das trs esferas de gesto do SUS que contou com vrios momentos nos quais o Ministrio da Sade e os gestores municipais e estaduais, representados pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Sade (CONASEMS) e Conselho Nacional de Secretrios de Sade (CONASS), respectivamente, debateram e formularam solues para viabilizar um desenho do Programa que possa permitir a ampliao do acesso e melhoria da qualidade da Ateno Bsica em todo o Brasil (BRASIL, 2011).

Em contrapartida, destaca-se a crescente conscincia do direito sade, acompanhada de um aumento das expectativas e exigncias por parte dos usurios, de forma a assegurar que suas necessidades sejam atendidas com presteza.

Nesse contexto, surge o conceito de qualidade dos servios de sade como tema central das polticas pblicas, sendo esta considerada uma caracterstica essencial quando se almeja a excelncia do servio (SANTOS, 2008).

Essa anlise considera uma constante e ntima relao entre poltica econmica, poltica social e trabalho profissional, havendo com isso trocas recprocas entre eles. Assim, a poltica social est subordinada poltica econmica, interferindo diretamente na qualidade dos servios pblicos que so prestados populao, bem como reflete nas condies de trabalho dos profissionais que atuam (CAVALCANTE; PRDES, 2010).

Como reflexo disso, no municpio de Jaraguari (MS) existem atualmente a ESF Urbana encarregada pelo atendimento populao urbana e a ESF Rural, responsvel pelo atendimento s famlias que residem na rea rural do municpio.

Ocorre que desde a criao da ESF, a Administrao do referido municpio passa por uma grande dificuldade no que se refere ao planejamento estratgico, ou seja, dificuldades no processo gerencial que diz respeito formulao de objetivos para a seleo de programas de ao e para a sua execuo, principalmente na rea da sade.

Dessa forma, tanto os profissionais que atuam na rea da sade, como a populao que anseia um atendimento que satisfaa as suas necessidades, so diretamente afetados pela precariedade na organizao do sistema.

Configura-se relevante tanto para a populao como aos profissionais que atuam na rea da sade, a necessidade de explanar as deficincias, bem como possveis solues visando a melhoria na utilizao do Sistema de Sade Pblica no Municpio de Jaraguari, especificamente na implementao da ESF.

Esse trabalho, apresentado como sntese crtico-reflexiva, tem por objetivo analisar os ns crticos encontrados na implementao da ESF Rural no Municpio de Jaraguari (MS), para que, futuramente, possamos nos articular, intervir, redirecionar e reorganizar a ateno sade dessa comunidade.

2 OBJETIVO GERAL

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar as fragilidades encontradas na implementao da ESF Rural no Municpio de Jaraguari (MS).

2.2 OBJETIVO ESPECFICO

Propor direcionamentos iniciais para a adequao da ESF realidade dessa comunidade.

3 DESENVOLVIMENTO

A Estratgia Sade da Famlia (ESF) entendida como uma reorientao do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantao de equipes multiprofissionais em unidades bsicas de sade. Estas equipes so responsveis pelo acompanhamento de um nmero definido de famlias, localizadas em uma rea geogrfica delimitada. As equipes atuam com aes de promoo da sade, preveno, recuperao, reabilitao de doenas e agravos mais freqentes, e na manuteno da sade desta comunidade (BRASIL, 2011).

De acordo com a Portaria n 648, de 28 de Maro de 2006 (BRASIL, 2006), alm das caractersticas do processo de trabalho das equipes de Ateno Bsica, ficaram definidas as caractersticas do processo de trabalho da Sade da Famlia:

1) Manter atualizado o cadastramento das famlias e dos indivduos, e utilizar, de forma sistemtica, os dados para a anlise da situao de sade considerando as caractersticas sociais, econmicas, culturais, demogrficas e epidemiolgicas do territrio;

2) Definio precisa do territrio de atuao, mapeamento e reconhecimento da rea adscrita, que compreenda o segmento populacional determinado, com atualizao contnua;

3) Diagnstico, programao e implementao das atividades segundo critrios de risco sade, priorizando soluo dos problemas de sade mais freqentes;

4) Prtica do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do conhecimento da estrutura e da funcionalidade das famlias, que visa propor intervenes que influenciem os processos sade- doena dos indivduos, das famlias e da prpria comunidade;

5) Trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando reas tcnicas e profissionais de diferentes formaes;

6) Promoo e desenvolvimento de aes intersetoriais, buscando parcerias e integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoo da sade, de acordo com prioridades e sob a coordenao da gesto municipal;

7) Valorizao dos diversos saberes e prticas na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criao de vnculos de confiana com tica, compromisso e respeito;

8) Promoo e estmulo participao da comunidade no controle social, no planejamento, na execuo e na avaliao das aes;

9) Acompanhamento e avaliao sistematica das aes implementadas, visando readequao do processo de trabalho.

Nesse mesmo documento, foi estabelecido que, para a implantao das ESF, deve existir (entre outros quesitos) uma equipe multiprofissional responsvel por, no mximo, 4.000 habitantes, sendo que a mdia recomendada de 3.000.

A equipe bsica composta por no mnimo: mdico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem (ou tcnico de enfermagem) e Agentes Comunitrios de Sade (em nmero mximo de 1 ACS para cada 400 pessoas no urbano e 1 ACS para cada 280 pessoas no rural). Todos os integrantes devem ter jornada de trabalho de 40 horas semanais, e funo da Administrao Municipal:

[...] assegurar o cumprimento de horrio integral jornada de 40 horas semanais de todos os profissionais nas equipes de sade da famlia, de sade bucal e de agentes comunitrios de sade, com exceo daqueles que devem dedicar ao menos 32 horas de sua carga horria para atividades na equipe de SF e at 8 horas do total de sua carga horria para atividades de residncia multiprofissional e/ou de medicina de famlia e de comunidade, ou trabalho em hospitais de pequeno porte, conforme regulamentao especfica da Poltica Nacional dos Hospitais de Pequeno Porte (BRASIL, 2006, p.21).

O municpio de Jaraguari, situado no interior do Mato Grosso do Sul, com cerca de 6050 habitantes, possui duas equipes de ESF, sendo uma equipe da rea urbana e uma para a rea rural, que se encontram numa mesma sede no municpio.

Em termos de diagnstico situacional, nessa unidade, so oferecidos populao atendimento mdico e odontolgico, servios de enfermagem, de nutricionista, de fisioterapia (ainda bastante restrito por falta de equipamentos) e psiclogo, bem como visitas domiciliares que so realizadas pelos Agentes Comunitrios de Sade (ACS) .

O municpio possui ainda uma Unidade Bsica de Sade, onde a populao encontra atendimento mdico 24hs, servio de enfermagem, ateno odontolgica e farmacutica (farmcia central), laboratrio de anlises clnicas (exames bsicos), sala de vacina.

A equipe de ESF atua em conjunto com os servios de assistncia social, Centro de Referncia da assistncia Social (CRAS), centro de convivncia do idoso, 01 escola Municipal e 01 estadual, Programa de Erradicao do Trabalho Infantil (PETI), Centro de Educao Infantil (CEINF), havendo uma parceria para realizao de palestras e atendimento comunidade quando necessrios.

A equipe de ESF-Rural tem realizado atendimento de forma precria. Isso se deve, principalmente, em decorrncia da falta de recursos e at mesmo de boa vontade dos agentes pblicos, concomitantemente com a falta de planejamento para a execuo das referidas aes, ocasionando diversos tipos de transtornos aos usurios, dentre os quais se podem mencionar a demora nos atendimentos, falta de medicamentos, condies precrias de leitos para internamentos ambulatoriais, falta de profissionais qualificados, entre outros.

Esse cenrio observado em nvel municipal reflete, como mencionou Gomes (2009), o quanto a situao da sade pblica dramtica, triste e, at mesmo, revoltante. Num pas em que a carga tributria uma das maiores do mundo, inadmissvel e incompreensvel que a sade pblica esteja envolvida por tantos mazelas, cuja imensa maioria decorrem da falta de recursos.

O municpio de Jaraguari no considerado um caso isolado em relao ao caos no setor sade. Essa uma realidade em diversos municpios, em diferentes estados no nosso pas, que por incompetncia da administrao pblica, encontra-se em uma realidade catica nos atendimentos em postos de sade, seja por nmeros insuficientes de profissionais, falta de planejamento estratgico da administrao local ou pela existncia de gestores em completo descompasso em relao s demandas da rede de Sade e da populao.

Sabemos que no digno que continuemos deriva nesse prottipo, sem rumo e sem compromisso com a dignidade dos usurios dos servios de Sade, pois a gesto unilateral. Quando decide, no h alternativa negocivel, a soluo para mudarmos este cenrio que leva desconforto populao a luta coletiva e articulao de movimentos sociais (BELLONI, 2010).

O desgaste fsico e emocional aos quais as pessoas so submetidas nas relaes com o ambiente de trabalho um fator muito significativo na determinao de transtornos de sade relacionados ao estresse, como o caso das depresses, ansiedade, transtorno de pnico, fobias e doenas psicognicas (GOLEMAN, 1997). Por outro lado, identifica-se haver uma desmotivao e/ou a falta de responsabilidade de alguns dos profissionais que atuam no mbito do SUS, relacionados aos baixos salrios e s precrias condies de trabalho (PINTO et al, 2010)

Nesse sentido, em Jaraguari, a falta de organizao do trabalho e a ausncia de estrutura fsica para realizar um digno atendimento, se tornam muitas vezes agentes estressores ao trabalhador, que, por no poder realizar seu trabalho com excelncia (por falta de materiais, ou at mesmo por precariedade dos mesmos), acabam vivenciando muitos momentos de desgastes psicolgicos, fsicos e emocionais. A rotatividade de profissionais um dos fatores que identifica a falta de estabilidade por parte dos profissionais no municpio.

Segundo Pinto et al. (2010), a rotatividade de profissionais na ESF est relacionada flexibilizao do contrato de trabalho e oferta de empregos no mercado, o que possibilita a escolha por melhores salrios.

A populao jaraguariense se encontra carente de um digno atendimento, de um servio de sade estruturado e com equipamentos especializados. Por outro lado, observa-se a falta de estmulos aos profissionais, que devido ao desgaste fsico e emocional causados pelas deficientes condies de trabalho, ausncia de investimento na aquisio de materiais e equipamentos vitais ao funcionamento das unidades de sade, bem como m remunerao e incentivo, encontram-se insatisfeitos com o que fazem, o que implica impacto na ateno sade no municpio: que, no raramente, apresenta-se inadequada em termos tcnicos, devido diminuio da migrao de mo de obra especializada e a uma crise no setor sade do municpio.

Assim como ocorre em Jaraguari, Rodrigues (2001, p. 7) relatou que as duas primeiras ESF implantadas em Feira de Santana (BA),

[...] no funcionaram adequadamente, sem respaldo legal, fugindo dos critrios estabelecidos pelo Ministrio da Sade. Atualmente essas equipes esto em fase de reestruturao.

Assim como observamos em nosso municpio, considerou-se que a implantao da ESF em Feira de Santana, foi mais permeada por interesses polticos eleitoreiros do que por uma poltica pblica voltada para o atendimento das necessidades de sade da populao feirense. Assim, os autores destacaram a ausncia de polticas sociais claras e contnuas, para a transformao da realidade e melhoria das condies de vida desta populao. Muitas vezes, estas polticas so anunciadas apenas durante perodos eleitorais e depois esquecidas, evidenciando, infelizmente, o descaso do setor pblico para com a qualidade de vida dos cidados.

Alm disso, importante que Jaraguari assuma o desafio de formular polticas de sade mais eficientes e democrticas, descentralizando o poder poltico municipal por meio da disseminao de novos espaos de deciso, bem como pela adoo de uma conduta poltica na qual o atendimento s reais necessidades de sade da populao se processe (MONNERAT et al., 2002).

Em termos gerais, paulatinamente, a situao vem se tornando catica no apenas aos que precisam do servio pblico nesse municpio, mas para quem nele atua, pois se torna insustentvel a permanncia no local de trabalho, pois, conforme Ballone (1999), prprio inconformismo humano exige uma reciclagem constante, ou seja, exige mudanas continuadas e necessidades de adaptao a essas mudanas, favorecendo a ansiedade e consequentemente o estresse no ambiente de trabalho,

A falta de materiais considerada um dos piores acontecimentos dentro de uma unidade de sade, pois ns profissionais temos que dar explicaes e assumir como responsabilidade o fato acontecido, gerando desconforto e insatisfao no local de trabalho.

Quando elencamos os problemas relacionados sade pblica, devemos tambm ressaltar a falta de reconhecimento profissional, descaso com a sade do trabalhador, discusses tardias sobre planos de cargos e carreiras, o que foi mencionado por Braga et al. (2010), segundo o qual, a precarizao do trabalho tem sido responsvel pela piora das condies de sade e pela mudana do perfil epidemiolgico de adoecimento dos trabalhadores, com destaque para o aumento das doenas relacionadas ao trabalho ou atpicas e, entre elas, dos transtornos mentais.

A satisfao com os servios pode estar relacionada com a qualidade, porque pode influenciar a busca de determinados tipos de servios que influenciam o estado de sade. Os custos da ateno esto indiretamente relacionados qualidade porque influenciam quais servios podem ser custeados. Como os recursos financeiros disponveis para os servios so limitados, o dinheiro gasto em servios para as populaes menos necessitadas segue a lei de ateno inversa, pela qual aqueles que menos necessitam recebem mais servios (PDUA, 2004).

Para Negreiros (2009), os pobres, aqueles que realmente precisam, os que no podem pagar planos e seguros, so as nicas vtimas da iniqidade dos nossos governantes, completamente alheios ao sofrimento da populao. Gasta-se dinheiro com obras e projetos faranicos, alguns sem a menor lgica, e relega-se a sade pblica falta de vontade poltica, m gesto e improbidade administrativa.

4 CONSIDERAES FINAIS

Como ocorre em diversos municpios, em Jaraguari, considerando os problemas evidenciados, nota-se que a ESF Rural foi resultado de interesses polticos eleitoreiros do que de uma poltica pblica voltada para o atendimento das necessidades de sade da populao.

Assim, percebemos a ausncia de polticas sociais claras e contnuas, para a transformao da realidade e melhoria das condies de vida desta populao. Muitas vezes, estas polticas so anunciadas apenas durante perodos eleitorais e depois esquecidas, evidenciando, infelizmente, o descaso do setor pblico para com a qualidade de vida dos cidados, tornando ntido o despreparo do municpio na conduo e dos formuladores de polticas que assumiram a posio de sujeitos do processo, considerando o conceito de Sade e os princpios do Sistema nico de Sade.

A baixa capacidade gerencial dos profissionais vem agravando a situao da sade no pas. Associada ao sucateamento dos equipamentos e desqualificao dos recursos humanos agrava a precariedade do atendimento prestado nos servios pblicos de sade.

evidente a necessidade de reorientao do perfil gerencial como forma de melhorar o cenrio e o funcionamento dos servios pblicos de sade. Faz-se necessrio a aquisio de novos conhecimentos, o desenvolvimento da capacidade de anlise e de ao, o aprimoramento de prticas e a determinao em alcanar resultados para transformar o perfil gerencial que se busca, o que pode ser aplicado ao municpio de Jaraguari, para que o mesmo vislumbre melhoras na ateno sade da populao, em especial a populao rural.

Percebe-se que investir no gerenciamento em Unidades Bsicas de Sade faz com que o sistema de sade d passos importantssimos rumo melhoria da qualidade da assistncia prestada populao; h a necessidade de maiores investimentos na capacitao e preparo dos profissionais para a prtica gerencial.

Nota-se tambm que, em nosso municpio, os profissionais da rede bsica de sade esto submetidos a demandas psicolgicas elevadas, evidenciando-se fatores de estresse no trabalho. Tais caractersticas indicam necessidade de interveno, visando melhorar as condies gerais de trabalho e fornecer suporte social ao coletivo de trabalhadores.

Os resultados apontam tambm que h necessidade de motivar os profissionais da sade a refletir e redirecionar suas prticas, tendo como medida inicial o investimento e estmulo educao permanente e um monitoramento e avaliao das aes por eles desenvolvidas.

E, principalmente, considerando a existncia de verba especfica que repassada mensalmente ao municpio, inicialmente a Administrao Municipal deveria elaborar um planejamento tcnico para a implementao da ESF rural, constituindo um grupo de trabalho, incluindo profissionais da rea da sade, para o desenvolvimento de aes que possam solucionar as deficincias do setor.

5 REFERNCIAS

BALLONE, G J. Estresse. In. PsqWeb, programa de Psiquiatria Clnica na Internet, http://meusite.osit.com.br/ballone/, Campinas, SP, 1999.

BELLONI, F. Carta denncia sobre a situao da sade mental em Itabuna-BA. Julho, 2010. Disponvel em: http://abrasmesp.blogspot.com/2010/06/carta-denuncia-sobre-situacao-da-saude.html. Acesso em: julho 2011.

BESEN, Candice Boppr et al . A estratgia sade da famlia como objeto de educao em sade.Saude soc., So Paulo, v. 16, n. 1,Apr. 2007. Disponvel em: