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A FOME QUE ME COMIA

1 A FOME QUE ME COMIA universal, em jornada de luta, em eterno aprendizado e em marcha evolutiva. “A Fome que me Comia” é, sobretudo, um estonteante navegante poético que enaltece

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A FOME QUE ME COMIA

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ATHYLLA BORBOREMA

A FOME QUE ME COMIA

PRIMEIRA EDIÇÃO: 2016

SÃO PAULO

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COPYRIGHT©2016 ATHYLLA BORBOREMA CARDOSO

Capa: DEEJAY DESIGNER Revisão: A. ZARFEG

Dados Internacionais de Catalogação na

Publicação (CIP)

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C268 CARDOSO, Athylla Borborema, 1970– A Fome Que Me Comia/Athylla Borborema Cardoso. São Paulo: PerSe, 2016. 68pp.

ISBN 978-85-464-0208-3 1. Literatura brasileira. 2. Poesia. 3. Poesia brasileira. I. CARDOSO, Athylla Borborema. II. Título

CDD: B86.91

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Catalogação na publicação

PS AUTOPUBLICAÇÃO E PRESTAÇÃO DE

SERVIÇOS LTDA

Rua Turiassu, 390 – Conj. 86 - Perdizes - São Paulo - CEP: 05005-000 - CNPJ:

11.053.820/0001-68 Contato: [email protected]

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APRESENTAÇÃO Caro leitor, não sou um indomável escultor

das letras e das palavras, mas o convido para um entretenimento, bem como incitar-nos a viver intensamente a vida através das lições grafadas nas páginas de “A Fome que me Comia”. Este livro vai nos proporcionar profundas lições de amor e sabedoria, na certeza que a vida é uma promessa e que devemos concretizá-la.

Um livro de poemas que traz uma trajetória eclética e laboriosa, delineada na apresentação do assunto, a “fome”. Revela o que somos todos em essência e, ao mesmo tempo, convida-nos a viajar pelos trilhos que inevitavelmente nos conduzirão ao descobrimento da nossa real identidade de seres em busca do conhecimento, da verdade e da felicidade.

Esta obra nos chama para trabalharmos juntos a fim de promover os direitos humanos e superar a pobreza. Ensina-nos que mudar o mundo é mais simples do que parece. Começa com você. E nos pergunta: Então por que não trocar aqueles presentes de que você não precisa mais por uma causa? Pode ser no Natal, na Páscoa ou em qualquer data que seja importante para você. Porque o mais importante é ajudar a mudar vidas!

Este livro traz uma sintonia que deve unir as produções do esforço intelectivo da alma das

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pessoas através das gerações, fato que nos coloca na condição de mediadores na tarefa de disseminar através da sua reflexão os conhecimentos que deverão contribuir no âmago do espírito humano, expressando plenamente este compromisso medianeiro.

A Arte e a Cultura, que são a síntese produtiva e existencial de um povo, não se prendem a um só segmento. Suas tonalidades expandem-se multifacetadamente por todas as localidades onde o homem possa penetrar e espalhar-se pelo mundo como um pólen fecundante. Por isso, devem e têm que ser exercitados desencadeando um esforço harmonizador das relações humanas, atuando como elos de convergência social; e nunca como mero instrumento de sublimação personalista ou partidária.

Faço minha a frase do grandioso poeta austríaco Sigmund Freud, que assim se expressou: “Em todo lugar que eu vou, aí descubro que já esteve um poeta antes de mim”. É a óbvia constatação a que chegarão quando folhearem o livro “A Fome que me Comia”, feito com muita dedicação, trabalho árduo e amor, em cujas páginas muitos leitores se enxergarão pela trajetória reveladora das qualidades primordiais que dormem latentes no Ser em todos os momentos históricos da vida, nas rimas harmoniosamente arquitetadas e na essência de que somos todos filhos de Deus e neste livro nos encontraremos irmanados na grande família

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universal, em jornada de luta, em eterno aprendizado e em marcha evolutiva.

“A Fome que me Comia” é, sobretudo, um estonteante navegante poético que enaltece também os valores éticos que devemos cultivar para que a vida possa ser embalada por um sentido maior, fazendo com que tenhamos mais esperanças no futuro e nas gerações que nos sucederão. Fala de amor verdadeiro, numa mensagem mágica e impressionante e transcende os estreitos limites das faculdades inerentes ao ser mortal.

Através da leitura deste livro envolvente, imponente e descontraída não será difícil sentir as vibrações harmoniosas que difundem do coração do poeta e dirigem-se à consciência de todos nós, num brado sonoro alerta, dizendo-nos: “Ouçam os que têm ouvidos para escutar”. Caro leitor (a), faça uma fascinante leitura e chegue ao fim com espírito crítico e disposição para adentrar o seu próprio coração, mas não precisa se desesperar, continue enxergando o mundo pela sua própria essência, mas é preciso conhecer a sua verdadeira essência.

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SUMÁRIO

NO LIXO A REVIRAR 11

PLANO DA VIDA 13

A FOME DOÍA 15

SOU FELIZ 17

SINTO FOME 19

FOME DE VIVER 20 FAMINTO 22 MATA-ME DE VEZ 23

DORMI COM FOME 24

O MUNDO TEM FOME 25

NAMORANDO A VIDA 26 FOME DE SAUDADE 28

SEU TEMPERO 30

SEDE DE QUÊ? 31 TEM TUDO, MAS NÃO TEM NADA 33

FOME DE CONHECIMENTO 35

A RUA QUE ME CONSOME 36

EU SABIA 37

O MENDIGO 39

NOITE FRIA 41

O MENINO E O PODER 43

MORRO 44

PROCURA-SE UM AMOR 46

NADA COMI 47

A FOME NA CIDADE 49

QUANDO A FEIRA TERMINA 51

AUTOR 55

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A FOME QUE ME COMIA A fome me visitava Todos os dias... Eu me recusava a abrir a porta Com medo que ela se instalasse Pra sempre em minha casa... Não adiantava; Ela insistia e vencia, Sempre! Entrava e ficava, e permanecia... E me comeu. Este poema pertence ao festejado poeta baiano de Jequié e radicado em Salvador desde 1993, Valdeck Almeida de Jesus. Um dos mais celebrados escritores que a Bahia já revelou para o mundo com 17 livros publicados e traduzidos para vários idiomas, além da coautoria em outras 110 obras literárias. O seu premiado poema “A fome que me comia” é o título deste livro como forma que encontrei de homenageá-lo e expressar toda a minha admiração por sua inteligência e dedicação em favor da arte e da literatura no planeta.

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NO LIXO A REVIRAR Simplesmente caminhava por uma rua Canto de um bairro sob o clarão da lua Enxerguei um lixão sob uma iluminada grua Vejo também ao meio uma figura E ela não estava nua Então não era um animal Era muita fome que parecia não ser sua A figura comia abóbora crua Parecia estar a capinar Na fedentina do entulho Parecia o melhor lugar Comia tudo sem examinar Engolia sem cheirar Quis de longe gritar Mas preferi me aproximar Era melhor de perto observar Surpreendi-me ao justificar A figura era uma pessoa acolá Quis questionar Faminta que nem queria cheirar Era a miséria humana que ali se passava Na luta pela sobrevivência no lixo a revirar Que estava para não se aguentar Na busca por detritos para se alimentar

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Só me restou acreditar Não tive outro jeito ao não ser rezar Livrai, meu Jesus-Cristinho, Onde vamos parar Desse jeito vamos nos alucinar Compadeça, nosso pai, Para que a fome não venha a se instalar Que tenhamos comida farta Nosso povo a capacitar Que dinheiro venha a circular Que saúde todos venham a acumular E feliz seja a nossa gente popular

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PLANO DA VIDA Como é bela a Vida Nascer não é difícil Viver não é impossível Crescer é infalível Deixar de ser criança é uma dívida A adolescência é uma grande avenida A juventude é para ser vivida E também para ser ouvida O ser humano adulto é pra ser promovido O amadurecimento deve ser resolvido O melhor julgamento é o da família O preconceito na família deve ser movido Na família todos devem sentar-se à mesa Quando a comida for servida Para que a importância seja exercida E a bênção dos pais seja concedida A intolerância deve ser comedida A família promove a sabedoria De melhor forma vai ser exibida E a ignorância será reprimida A deferência pelas pessoas é lida A estima pelos alimentos é cumprida A reverência pelas crianças é apreendida A veneração pelos idosos é seguro de vida

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Na família está a base para a vida Sem esta base a vida é dissolvida Valorize os seus e cresça na vida Será sempre uma pessoa polida Nunca será uma pessoa oprimida Nada de ninguém será bulida Toda sua fome será comida E sua finalidade será obtida Envelhecer faz parte de mais uma alegria Morrer é uma culminância atrevida Nascer, crescer e envelhecer feliz Morrer é mais uma etapa suprida Bom é aproveitar os momentos da vida

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A FOME DOÍA Devo prender minha respiração Para contar minha situação, Querida professora, Por ti tenho grande consideração Veja qual é minha preocupação Antes do livro queria um pouco de ração Não tomei café da manhã e tenho fome Meu estômago parece estar fumaçando Não me dê um livro Antes me dê um pão Ando muito fraco Por falta de alimentação A minha cabeça doía Da cadeira caía Não era doença Era a fome que me comia De barriga vazia Como doía A fome dói E tudo na gente corrói Matar a fome É a primeira lição Do menino pobre Que come com vibração