04 RA Gosto Moderno 070210

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    1/1892

         A     R     Q  T  E  X  T  O   1

      4

    GOSTO MODERNO: O DESIGN DA EXPOSIÇÃO E A EXPOSIÇÃO DO DESIGNMODERN TASTE: EXHIBITION DESIGN AND DESIGN EXHIBITION

    Renato Luiz Sobral AnelliTradução português-inglês: Renato Luiz Sobral Anelli

    1

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    2/1893

    A R   QT E X T  O 1 4 

    A PROPAGAÇÃO DO GOSTO MODERNOEste texto versa sobre a contribuição de alguns arqui-

    tetos e artistas de formação italiana na difusão do gostomoderno na Itália e no Brasil.

    O conceito de gosto aqui utilizado deve ser entendido naformulação de Lionello Venturi ,1 ou seja, como um “conjuntode preferências no mundo da arte da parte de um artistaou um conjunto de artistas,” as quais se condensam em um

    estilo. Essa definição de Venturi destinada a desenvolveruma forma de entendimento da arte como expressãoda subjetividade de cada época através da obra de umartista é desenvolvida por Edoardo Persico para pensar oestilo da época moderna.2 Ao observar a intensidade docontraste entre cotidiano da vida moderna e o de séculospassados, Persico alerta que o estilo moderno não édecorrente de fatores objetivos tais como a materialidadedas coisas, mas sim uma “troca de sinais convencionais.”Seu desenvolvimento depende de um acordo amplo paraque as formas modernas possam ter um “conteúdo vivo.”Assim, a construção do novo estilo passa pela construção

    de um novo gosto comum, compatível com a nova época,mas não expressão automática dela.

    Trata-se de uma formulação que sugere estratégias es-pecíficas para o desenvolvimento da arquitetura moderna,diversas daquelas aonde o moderno seria a expressão do“espírito do tempo” ou do processo produtivo industrial.Também diversa da estratégia de representação do esta-do nacional como modo de propagação na sociedade,posição que caracterizou a arquitetura moderna no Brasil.

    Esta opção foi tentada na Itália pelos arquitetos agru-pados no M.I.A.R. (Movimento Italiano de ArquiteturaRacional) em 1931. A proposta de tornar a arquiteturaracionalista o estilo oficial do estado fascista foi apresen-tada, sem sucesso, por Pietro Maria Bardi a Benito Mus-solini. Com a reação contrária dos principais expoentesdo fascismo, restou aos arquitetos italianos de orientaçãomoderna um campo restrito de atuação, explorando no-vas formas de conquistar espaço para sua produção.

    Arquitetos e artistas plásticos italianos contribuírampara construir visualmente a nova sensibilidade moderna,muitas vezes impossível de ser explicada em palavras pelacrítica, auxiliando o desenvolvimento da nova arquiteturae facilitando a sua aceitação pelo público. A construção

    de espaços onde essa nova arquitetura fosse experimenta-da, mesmo que o fosse através da cenografia de teatro ecinema, constituiria instrumentos eficientes para a sua pro-pagação, uma vez que ela apresentaria para as pessoaso que é correspondente, na arquitetura, ao estilo modernoque elas já vivenciam de forma difusa. Assim, a moderni-

    THE PROPAGATION OF MODERN TASTEThis text focus on the contribution of some Italian gra-

    duated architects and artists in diffusing modern taste inItaly and Brazil.

    The concept of taste used here must be understood informulating Lionello Venturi,1 as a “set of preferences in theworld’s art, part by an artist or a team of artists” in whichcondenses into a style. This definition of Venturi to develop

    a way of understanding art as an expression of subjectivityof each period through the work of an artist, is developedby Edoardo Persico to ‘think’ the style of modern times. 2

    By observing the intensity of the contrast between dailymodern life and the past centuries, Persico, warns that themodern style is not due to objective factors such as ma-terializing things, but yes, an “exchange of conventionalsigns.” Its development depends on a broad agreementthat the modern forms could have a “live content.” Thus,the construction of the new style is replaced by building anew common taste, compatible with the new time, but notautomatic expression.

    This suggests specific strategies for the developmentof modern architecture, diverse from where the modernitywould be an expression of “spirit of time” or of the indus-trial production process. The position that has characteri-zed the modern architecture in Brazil, is also diverse fromstrategy of representing the Nation State as a mode ofpropagation in society.

    This option has been tried in Italy by architects groupsin the M.I.A.R. (Movimento Italiano per l’Architettura Ra-zionale or “Italian Movement for Rational Architecture”)in 1931. The proposal to make the Rationalist architec-ture the official style of the Fascist regime was presentedunsuccessfully by Pietro Maria Bardi to Benito Mussolini.With the backlash of the main exponents of Fascism leftthe Italian architects of modern orientation a restricted fieldof action, exploring new ways to conquer space for itsproduction.

    Italian architects and artists contributed to visually buildthe new modern sensibility, many times impossible to beexplained by the critical ones, assisting the developmentof new architecture and facilitating its acceptance by thepublic. The construction of spaces where this new archi-tecture was tested, even if it were through the scenogra-

    phy of theatre and cinema, would be efficient tools for itspropagation, since it would present to the people what iscorresponding in architecture, the modern style that theyalready experience in diffuse form. Thus, modernity wouldnot need to be imposed by the State. Instead society wouldbe widely disseminated.

    1 Edoardo Pérsico e Marcello Nizzoli, Loja Parker,Milão, 1934.1 Edoardo Pérsico and Marcello Nizzoli, ParkerShop, Milan, 1934.

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    3/1894

         A     R     Q  T  E  X  T  O   1

      4 dade não necessitaria ser imposta pelo Estado. Amplamen-te difundida, a sociedade passaria a aspirar por ela.

    O DESENVOLVIMENTO DAS FORMAS EXPOSITIVAS NAITÁLIA

    Não é de se estranhar que algumas formulações sobreformas de expor desenvolvidas em outros países tenhamsido tão rapidamente absorvidas na Itália. Ao comentar a

    obra museográfica do alemão Alexander Doner e as ins-talações propostas por El Lissitzky, Antonella Huber apon-ta para uma transformação na concepção expositiva.3 Afruição pela intelecção é substituída por outra baseada naexperiência. A construção do gosto não depende de umaintelecção da obra exposta, uma vez que o juízo estéticose estende a relações visuais e espaciais que não passamnecessariamente por uma objetivação. Os italianos trans-formam todas as oportunidades que se lhes apresentamem momentos de educação do público visitante a umasensibilidade moderna, tornando muitas vezes o tema es-pecífico da exposição um objeto secundário. Entretanto,

    devido à importância que objetos arqueológicos e obrasde arte de outros períodos históricos apresentam para acultura italiana, a construção moderna enfrentará sempreo tema da relação com a história, construindo assim umaespecificidade italiana em meio à produção moderna.Esse é uma postura que permite ligar a experiência italia-na do entre guerras com a do pós-guerra e ambas com otrabalho museográfico e de design desenvolvido por LinaBo, P. M. Bardi e Giancarlo Palanti no Brasil.

    Pode ser identificado o desenvolvimento de uma formaespecífica de expor objetos e imagens que atravessa aparticipação nas Bienais de Monza e Trienais de Milão, amontagem de inúmeras mostras de propaganda do regi-me fascista, o projeto de lojas e vitrines comerciais, expe-riências que acabam sendo transpostas para a exposiçãode objetos de arte e daí para a museografia.

    Além das formulações teóricas, foi Persico quem me-lhor explorou a potencialidade experimental da gráfica edas exposições. Sua contribuição se inicia na confecçãodas páginas da revista Casabella, que dirige em uma tu-multuada parceria com Pagano. Antonio D’Auria mostraque a atuação editorial de Persico conjugava a redaçãodos seus artigos com a forma gráfica da sua apresenta-

    ção, ambos, conteúdo e aparência visual, direcionadosa construir e difundir o gosto moderno.4 Em parceria comMarcello Nizzoli, Persico realizou entre 1934 e 1936diversos trabalhos que transferem para o espaço arqui-tetônico as experimentações desenvolvidas na gráfica. Acronologia se inicia com uma construção de propaganda

    THE DEVELOPMENT OF EXHIBITION FORMS IN ITALYNo surprising that some ways of establishing about for-

    ms of exposing developed in other countries have been soquickly absorbed in Italy. Referring to the museographicwork of German Alexander Doner and facilities proposedby El Lissitzky, Antonella Huber points out a transformationin the exhibition conception.3 The enjoyment by intellectionis replaced based on experience. The construction of taste

    does not depend on the intellection of the work displayed,since the aesthetic judgment extends to a relation betweenthe visual and space that are not necessarily an objectifica-tion. The Italians convert all the opportunities that presentto themselves in moments of education of the public visitorto a modern sensibility, often making the specific theme ofthe exhibition, a secondary object. However, due to thefact that archaeological objects and Art works of otherhistorical periods present to the Italian culture, the modernconstruction will always face the theme of the relationshipwith history, building therefore an Italian specialty in themidst of modern production. This is a posture that links the

    Italian experience between interwar with the post-war andboth, with the museographic work and design developedby Lina Bo, P.M. Bardi and Giancarlo Palanti in Brazil.

    The development of specific form of objects and ima-ges identify the exhibition that participated in the Biennialof Monza and the Milan Triennial. This assembly of manyexpressions of propaganda of the Fascist regime, resultedin a certain design of shops and commercial showcases,experiences that ended in transposing to the exhibition ofArt work and then to museography.

    Besides the some theoretical ways of establishing, itwas Persico who best explored the experimental potentiali-ty of the graphic art and of the exhibitions. His contributionbegan editing Casabella magazine, which runs a tumul-tuous partnership with Pagano. Antonio D’Auria showsthat the performance of Persico compounds the editorialwriting of their articles with the graphic art form of its pre-sentation, both content and visual appearance, addressingto construct and spread the modern taste.4 In associationwith Marcello Nizzoli, Persico held several works between1934 and 1936, and the trials conducted in graphic artare transferred to the architectural space. The chronologybegins with the construction of a political publicity held

    at Vittorio Emanuelle Gallery, following by two shops toParker, reaching the Gold Medal Hall of the Italian Ae-ronautical Exhibition and culminating in one of the mostimportant works of the period, the Room of Victoria of VITriennale of Milan.

    In the first project, performed for the elections of 1934,

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    4/1895

    A R   QT E X T  O 1 4 

    política realizada na Galeria Vittorio Emanuelle, segue emduas lojas para a Parker, chegando à Sala da Medalhade Ouro, na Mostra da Aeronáutica Italiana e culminandoem uma das obras mais importantes do período, a Salada Vitória da VI Trienal de Milão.

    No primeiro projeto, realizado para as eleições de1934, um conjunto de grandes ampliações fotográficasfoi disposto sobre uma grelha de tubos de aço, montada

    no cruzamento da movimentada galeria milanesa.5

     A li-nearidade e as cores pintadas nos tubos acentuavam ocaráter gráfico do conjunto, enquanto a transparência dosuporte e a ausência de fundo para as fotos permitiam asua percepção simultânea com o ambiente oitocentista dagaleria.

    Seu projeto para a loja Parker explorara a transparên-cia dos suportes, onde delicados perfis e tubos metálicosde seção quadrada somam-se a grandes planos de vidrona vitrine principal e na porta. Frente ao diminuto tama-nho das peças expostas, foram criadas vitrines de vidroe perfis metálicos que organizavam a mercadoria em vo-

    lumes suspensos, dispostos de forma paralela e perpendi-cular à vitrine principal. O logotipo da marca, feito comletras luminosas ocupava a parte superior do conjunto,conferindo-lhe um certo caráter bidimensional que afirma-va os limites do volume da sala. Paolo Fossati observouque a manutenção do contorno volumétrico da sala é in-tencional e apresenta analogias entre o volume e o campoconstituído pela folha de papel nas artes gráficas.6 

    A Sala da Medalha de Ouro compôs com outras sa-las montadas por Pagano, Ponti, Figini e Polini, Albini,Palanti e BBPR a Mostra da Aeronáutica Italiana, um dosmais ricos conjuntos de experiências expositivas da Itáliano período.7  Persico e Nizzoli conceberam uma malhaortogonal de delgados tubos apoiados no teto e no chão,onde foi disposta uma estrutura secundária composta porplanos vazados em grelha quadriculada que suportavamas ampliações fotográficas com feitos memoráveis. A dis-posição dos planos verticais de grelha criava uma novafruição do espaço expositivo, gerando percursos por entrea malha de tubos verticais e sugerindo percepções fron-tais de algumas imagens destacadas.

    A Sala da Vitória (1936), projeto em parceria comNizzoli e Giancarlo Palanti, foi vitoriosa em um concurso

    de propostas e construída após o seu falecimento. Aquio tema exigiu um tratamento solene onde apenas a es-cultura da Atenas à frente de dois cavalos, realizada porLucio Fontana, seria exposta. Desapareceram as imagensflutuando no espaço, das exposições anteriores, dandolugar a uma transformação dos planos que delimitam o

    an ensemble of great photographic enlargements was dis-played over a grid of steel tubes, assembled at the cros-sing of the busy gallery of Milan.5 The linearity and thecolors painted on the tubes accentuated the graph charac-ter of the ensemble, while the transparency of support andthe lack of background for the photos provided their per-ception simultaneously with the environment of eighteenth-century gallery.

    His design for the Parker shop explored the transpa-rency of supports where delicate outlines and metallic tu-bes of square section add itself to big planes of glass in themain shop showcase and at the door. Facing the diminu-tive size of the displayed pieces, were created showcasesof glass and metallic outlines that organized the productsin suspended volumes, arranged in perpendicular and pa-rallel form to the main showcase. The brand logo made inluminous letters occupied the top of the assembly with acertain 2D character that affirmed the limits of the volumeof the room. Paolo Fossati observed that the maintenanceof the volumetric outline of the room is intentional and it

    presents analogies between the volume and the field cons-tituted by the sheet of paper in the graphic arts.6

    The Gold Medal Hall of the Italian Aeronautic Exhibi-tion was composed with other assembled rooms by Paga-no, Ponti, Figini and Polini, Albini, Palanti and BBPR, itwas one of the richest ensembles of exhibition experienceof Italy in that period.7 Persico and Nizzoli conceived amesh of orthogonal thin tubes supported on the ceilingand floor, where a secondary structure composed byhollow planes in checkered grid supported the enlargedphotographs with a memorable effectg. The disposition ofvertical planes of grid created a new enjoyment of spacedisplay, generating pathways between the vertical tubesand suggesting a frontal perception of certain highlightedimages.

     The Victoria Room (1936), the project in partnershipwith Nizzoli and Giancarlo Palanti was victorious in acontest proposal, and was built after his death. Here, thetheme required a solemn treatment where only the sculp-ture of Athens, front of two horses, accomplished by LucioFontana, would be exhibit. From the previous exhibitions,disappeared the images floating in space, giving place toa transformation of the planes that delimit the exhibition

    space. Replacing the walls, the planes are made of spa-ced vertical panels, alternated and illuminated from outsi-de, transforming into a delicate permeable membrane thatinvolves the space of the sculpture. Ciucci considers thisinstallation a classic statement as something that transcen-ds it, a manifest against its instrumentation as an expres-

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    5/1896

         A     R     Q  T  E  X  T  O   1

      4 espaço expositivo. Substituindo as paredes, os planos sãoconstituídos por painéis verticais espaçados, alternados eiluminados por fora, transformando-se em uma delicadamembrana permeável que envolve o espaço da escultu-ra. Ciucci considera essa instalação uma afirmação doclássico como algo atemporal, um manifesto contra a suainstrumentalização como expressão de um determinadosistema político-social.8 

    Nestes trabalhos, Persico já apresenta o conjunto detemas que iriam dominar o desenvolvimento seguinte dosmodos expositivos italianos. Por um lado a exposição “in-terpreta” os objetos expostos, evitando uma apresentaçãoque só na aparência seria neutra. Por outro, a variaçãodas “interpretações” é delimitada pelo objetivo comum deconstrução de uma espacialidade moderna, gerando umatensão entre a figuratividade e a temporalidade do objetoexposto e o caráter abstrato do espaço expositivo. Emcomum a decisão de privilegiar a experiência espaciale visual do visitante, contribuindo para formar e difundirum gosto moderno. O recurso às técnicas gráficas e à in-

    teração das imagens com o espaço é apenas decorrentedessas intenções. A suspensão das imagens, que parecemflutuar no espaço, torna-se recorrente, pois constitui umasolução relativamente simples para permitir a coexistênciaem um único espaço, de objetos de natureza diversa epertencentes a diferentes tempos históricos.

    Através de Persico encontramos na raiz dessa formade expor uma maior proximidade à experiência abstra-ta alemã, soviética e holandesa do que uma recorrênciaàs postulações corbusianas da insigne presença. Já nasua obra crítica essa filiação era clara, expressando-se napreferência pela vertente alemã e na reserva frente à obrade Le Corbusier, o que alimentou polêmicas com a revistaQuadrante . Também a obra gráfica e expositiva de Per-sico se aproxima da linha construtiva alemã, tanto com agráfica quanto com as exposições realizadas por Gropiuse por Moholy Nahgy. Algumas destas foram produzidassimultaneamente às do italiano, o que revela uma sintoniade métodos e objetivos e não apenas uma influência dosalemães sobre o italiano. Uma única visualidade que seexpressa na gráfica e na exposição, englobando o objetoexposto dentro dela, fazendo-o cumprir a função abstra-ta de linha, plano ou volume, segue um caminho diverso

    daquele da síntese das artes e muito mais próximo do de-sign. A espacialidade moderna que as exposições perse-guiam apresenta paralelos com a linha de desenvolvimen-to que liga os interiores de Van De Velde ao Gabinete doDiretor da Bauhaus, projetado por Gropius, onde todosos componentes de um ambiente são projetados dentro

    sion of a particular socio-political system.8

    In these works, Persico already has an ensemble ofthemes that would dominate the next development of theItalian exhibition modes. On the one hand the exhibition“interprets” the objects displayed, avoiding a presenta-tion that would only be apparently neutral. By the otherhand, the variation of the “interpretations” is delimited bythe common goal of building a modern space, creating

    a tension between figuration and temporality of the ob-ject displayed and the abstract character of the exhibitionspace. In common decision to focus on visual and spaceexperience of the visitor, contributing to form and dissemi-nate a modern taste. The use of graphic techniques andthe interaction of the images with the space are only due tothese intentions. The suspension of the images that seemsto float in space is relatively a simple solution allowing thecoexistence in a single space, of objects of various kindsand belonging to different historical times.

    Through Persico we find the root of this form of exhibi-ting a greater proximity to the abstract experience of Ger-

    man, Soviet and Dutch than recurrence of the postulatesof Le Corbusier distinguished eminent presence. Alreadyin its critical work this relationship was clear, expressingpreference for the German side and the reserve forwardto the work of Le Corbusier which fed the polemics with ofthe magazine, Quadrante . Also the Graphic art and exhi-bits of Persico approaches to the German constructive lineboth with the graphic as to the exhibitions accomplishedby Gropius and by Moholy Nahgy. Some of them wereproduced simultaneously to the Italian, which reveals syn-tony of methods and goals and not just a German influen-ce over the Italian. A unique visual expressed in graphicand in exhibiting, encompassing the displayed object init, makes its function an abstract line, plane or volume,following a path other than the synthesis of Arts and muchcloser to the design. The modern space that the exhibitionspursued presents parallels with the line of developmentthat links the Interiors of Van De Velde to the Office of theDirector of Bauhaus, designed by Gropius, where the com-ponents of an environment are designed within a uniqueaesthetic intent and express a single interpretation of thespirit of time. So, it is not a coincidence that there is a si-milarity between several of these exhibitions and German

    examples, but that there is a manifested similarity of thesame conceptual root.After his death in 1936, the production of Persico will

    have two types of development. One by Nizzoli, whichtransfers to the commercial products, the technique of cre-ating the suspension of object and of creating an environ-

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    6/1897

    A R   QT E X T  O 1 4 

    de uma única intenção estética e expressam uma únicainterpretação do espírito do tempo. Portanto, não é frutodo acaso a semelhança entre várias dessas exposições eos exemplos alemães e sim manifestações semelhantes deuma mesma raiz conceitual.

    Após sua morte em 1936, a produção de Persico terádois tipos de desenvolvimento. Um através de Nizzoli,que transfere para os produtos comerciais a técnica de

    criação da suspensão do objeto e da criação de uma am-biência ao redor da obra, assunto que trataremos mais àfrente em conjunto com a Olivetti. Outro com a obra deFranco Albini, que se tornaria um dos maiores produtoresde museografia no pós-guerra.9 

    Albini desenvolveu diversas montagens de exposiçõesseguindo linhas semelhantes às de Persico. Mas foi namostra do artista italiano Il Scipione, realizada na Galeriade Brera (Milão, 1941) que transportau para o campodas artes plásticas a experiência acumulada nas expo-sições comerciais e políticas. Nesta mostra, Albini traba-lhou com o curador Guglielmo Pacchini, que fora um dos

    primeiros reorganizadores de museus italianos a seguircritérios modernos, tendo produzido a Galleria Sabaudaem Turim e o museu da cerâmica de Pesaro (1936). Emmeio ao velho edifício de Brera, Albini soltou os quadrosno espaço das salas, estruturando-os em delgados perfismetálicos apoiados com a extremidade inferior no chãoe a superior em uma grelha de cabos de aço, impedindoque eles encostassem no teto. Uma segunda moldura en-volveu os quadros, criando aquilo que Faggiolo denominacomo uma espécie de aureola ao seu redor.

    Ao defender a mostra nas páginas da revista LoStile , Pacchioni ataca os defensores do “ambienteneutro” museográfico como aqueles que renunciaram acontragosto à imitação e à cópia dos estilos históricos econsideram apenas ser impossível outra homenagem “ànossa grande arte passada que não a isolar de contatoscontemporâneos, como múmia em um sarcófago.”10 Pacchioni sublinha a necessidade de “dar sentido deatualidade” tanto à obra de um artista moderno, falecidoalguns anos antes, quanto ao pesado ambiente acadêmicoda Galeria de Brera. Expor uma obra de arte significadar um valor que a leva, “seja antiga ou moderna, paraum plano de atualidade” tornando-a facilmente acessível

    ao maior número de observadores. Se para Persico asuspensão da obra em meio ao espaço com procedimentosabstracionistas sugeria uma atemporalidade clássica,Pacchioni a entende como uma forma de inserção nopresente. Argumento que aprofunda, ao defender que “omodo de se aproximar à compreensão de uma sempre

    ment around the Art work, an issue which we’ll get aheadwith Olivetti. And another one, with the work of FrancoAlbini which would become one of the largest producersof museography in the post-war period.9

    Albini has developed several assembles of exhibitionsalong similar lines of Persico. But it was in the Exhibition ofthe Italian artist Il Scipione, held at the Brera Gallery (Mi-lan, 1941) that he transported to the field of Fine Arts, the

    accumulated experience in exhibitions and politics. In thisshow, Albini worked with the curator Guglielmo Pacchini,who was one of the first to reorganize the Italian museumsin following the modern criteria, having produced the Sa-bauda Gallery in Turim and the Museum of Ceramics ofPesaro (1936). Amid to the old building Brera, Albini dro-pped the paintings in the space of the rooms, structuringthem in thin metallic poles supported with the lower endon the floor and the superior end on a grid of steel cables,preventing them from touching the ceiling. A second frameinvolved the paintings, creating that what Faggiolo wouldcall as a kind of aureole around it.

    When defending the show in the pages of the maga-zine Lo Stile , Pacchioni attacks the advocates of the mu-seography “neutral atmosphere,” as those who gave upunwillingly to the imitation and the copying of the histori-cal styles and they consider just to be impossible anothertribute “to our great art of the past that would not isolatethe contemporary contacts, such as a mummy in sarcopha-gus.”10 Pacchioni, dead several years earlier, stressed theneed “to make contemporary sense,” as to the work of amodern artist as for the heavy academic environment ofBrera Gallery. To exhibit a masterpiece means to give it agreater value which it deserves “be it ancient or modern,to a contemporary plane” making it easily accessible tothe largest number of observers. If for Persico, the suspen-sion of work in the midst of the space with abstractionismprocedures suggested something classical that transcendsit, Pacchioni understands it as an insert to the present. Anargument that deepens when he claims that “the way ofapproaching the understanding of an ever greater part ofthe public, that would spread to the most humble peoplea ever greater sensitivity for the things of our art is not ingiving artistic expression a common character and illus-trative of the pauperum Bible , but on the opening to the

    people the way to know how to approach to the Art work,to understand, and more, accept with confidence the wordemotive.”

    When commenting that the museums constituted a privi-leged field for architectural culture of the post-war period,Tafuri develops a comparison with the exhibition experien-

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    7/1898

         A     R     Q  T  E  X  T  O   1

      4

    2 Edoardo Pérsico e Marcello Nizzoli, Sala daMedalha de Ouro na Mostra da AeronáuticaItaliana, Milão, 1934.2 Edoardo Persico and Marcello Nizzoli, Hallof the Gold Medal of the Italian AeronauticalExhibition, Milan, 1934.

    3 Franco Albini, Mostra de Il Scipione, Milão,1941.3 Franco Albini, Show of Il Scipione, Milan,1941.

    2

    3

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    8/1899

    A R   QT E X T  O 1 4 

    maior parte do público, de difundir até no povo maishumilde uma sempre maior sensibilidade pelas coisas danossa arte não está em dar às expressões artísticas umcaráter popularesco e ilustrativo da biblia pauperum, masno abrir ao povo o caminho para saber se aproximar daobra de arte, para entender, e mais, acolher com seguraconfidência a palavra emotiva.”

    Ao comentar que os museus constituíram um campo pri-

    vilegiado para a cultura arquitetônica do pós-guerra, Tafuridesenvolve uma comparação com as experiências expositi-vas do entre-guerras aqui apresentadas.11 Enquanto estes ex-perimentavam uma espacialidade moderna abstrata, um dostemas centrais daquele período, os museus também sintetiza-vam os assuntos que dominaram o debate arquitetônico italia-no nos anos após o encerramento do conflito. Tafuri destacao “papel cívico da forma no encontro entre a memória e onovo,” temas que iriam se expressar plenamente nas concep-ções da relação entre arquitetura e a densidade histórica pre-sente nas cidades, e que encontraram nos museus do períodoum primeiro campo experimental.

    A opção de instalar seus museus em edifícios de valorhistórico leva, na Itália, à sobreposição do debate mu-seográfico com o da intervenção em pré-existências. Aconstrução de um novo olhar sobre os objetos artísticosde outros tempos acaba por se mesclar com as técnicasde restauro e renovação de uso dos velhos palácios e cas-telos. Com poucas exceções, o foco das intervenções erao interior desses edifícios, constituindo assim aquilo queVittorio Gregotti denominou de “museu interno,” principalcaracterística da experiência italiana na área de museusnesse período.12 

    Aqui surge novamente Franco Albini, que em paraleloa seus trabalhos na montagem de exposições, realizou em1950-51 o Museu do Palazzo Bianco, em Genova. Aocomentar a obra, Argan aponta a preciosa colaboraçãoentre o arquiteto e a diretora do museu, Caterina Mar-cenaro, que pretendia valorizar a obra de arte em si.13 Colaboração que resultou na perfeita adequação entreos critérios científicos de museografia e os princípios daarquitetura moderna. Apesar dos dispositivos expositivosserem derivados diretamente da experiência das mostras,Argan ressalta o seu respeito pelas obras de arte expos-tas, com os visitantes e com a arquitetura pré-existente.

    Contrariando os críticos desse museu, Argan destacaa mobilidade dos suportes, alguns feitos com tubos cra-vados em fragmentos de capitéis de pedra, chegando aelogiar a criação de um fundo branco para separar asobras do teto ainda ornamentado do velho palácio. Nãoconsidera excessivo o mecanismo de suporte do fragmen-

    ces of interwar as presented here.11 While they were ex-periencing a modern abstract space, one of the centralthemes of that period, the museums also synthesized thesubjects that dominated the Italian architectural debate inthe years after the closure of the conflict. Tafuri highlightsthe “civic role of form in meeting between memory andthe new,” topics that would fully express the conceptionsof the relationship between architecture and the historic

    density present in the cities, that was found in museums ofthe period, a first experimental period.The option of installing its museums in historical buildin-

    gs leads in Italy, the overlap museographic debate with theintervention in pre-existence. The construction of the newlooks to the Art work of other times, starts to merge with thetechniques of restoration and renewal of the use of old pa-laces and castles. With few exceptions, the focus of inter-ventions was the interior of such buildings, thus constitutingwhat Victor Gregotti called “internal Museum,” the maincharacteristic of Italian experience in the area of museumsin that period.12

    Franco Albini raises here again, in parallel to his workin exhibition held in 1950-51, the Museum Palazzo Bian-co, in Genova. When commenting on the work, Arganpoints out the valuable collaboration between the archi-tect and the Director of the Museum, Caterina Marcenaro,who intented to enhance the artwork in itself.13 This colla-boration resulted in a perfect match between the scientificcriteria of museography and the principles of the modernarchitecture. In spite of the exhibits devices are deriveddirectly from the experience of shows, Argan stresses hisrespect for the masterpieces on display, with visitors andpre-existing architecture.

    Contesting the critics of this museum, Argan contrastthe mobility of supports, some made with tubes nailed infragments of stones, some praising the creation of a whi-te background to separate the ornamented Art works ofthe ceiling still of the old palace. It isn’t consider excessi-ve the mechanism of support of the mortuary fragment ofMargherita di Brabante, that through a pneumatic pistonelevates and lowers the piece for observation in severalangles.14 In the following projects, Albini emphasizes thissoftness delicacy in the placement of the pieces and in thedesign of their supports, creating a middle term between

    intense interference of the architects in the project of theexhibition (the excessive “comments”) and the so-calledneutrality upheld by the main museologics currents.

    Before these art works related here the museographicjob of Lina Bo, in Brasil, should be analyzed. Her link withPersico position is clear, not only in the form of devices has

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    9/18100

         A     R     Q  T  E  X  T  O   1

      4 to funerário de Margherita di Brabante, que através de umpistão pneumático eleva e abaixa a peça para uma obser-vação de vários ângulos.14 Nos projetos seguintes, Albinienfatiza essa delicadeza na colocação das peças e nodesenho dos seus suportes, criando um meio termo entre ainterferência intensa do arquiteto no projeto da exposição(os “comentários” excessivos) e a pretensa neutralidadedefendida pelas principais correntes museológicas.

    É frente ao conjunto desses trabalhos aqui relatadosque a obra museográfica de Lina Bo no Brasil deve seranalisada. Seu vinculo com a posição de Persico é níti-do, não apenas na forma dos dispositivos que destacamas obras do solo e das paredes. Seu objetivo também éo de criar uma ambiência que condicione a fruição daobra, primeiro como uma experiência vital, depois comointelecção, o que é explicitado pela colocação das eti-quetas de identificação na parte posterior do suporte. Atrajetória da sua obra museográfica é contemporânea aosmuseus italianos do pós-guerra, percebendo-se um acom-panhamento à distância. A maior proximidade se dá com

    os trabalhos de Albini, tanto por constituírem uma maiorcontinuidade com a abordagem de Persico, quanto peloapego de Lina Bo à sua poética formal, explicitada maisde uma vez pelo seu design. Mas se a obra expositiva dePersico desenvolve seu trabalho gráfico, o mesmo aconte-ce com a de Lina Bo em relação às suas ilustrações paraa revista Lo Stile , momento de intensa pesquisa de formaspara a apresentação de objetos artísticos de períodos his-tóricos e estilos diversos.

    Com isso não pretendemos afirmar uma maior perti-nência da obra de Lina Bo Bardi com o ambiente muse-ológico italiano do que com o brasileiro. Isso seria nãoreconhecer o esforço de Lina Bo e Pietro Maria Bardi deentender a situação cultural brasileira e projetar a partirdaqui a sua atuação.

    O DESIGN DA EXPOSIÇÃO: AS MUSEOGRAFIAS DOMASP

    Na apresentação do primeiro MASP na Rua 7 de Abril,Lina Bo revela sua filiação ao defender que o objetivo domuseu é o de “formar uma atmosfera, uma conduta apta acriar no visitante a forma mental adaptada à compreensãoda obra de arte, e nesse sentido não se faz distinção entre

    a obra antiga e uma obra de arte moderna. No mesmo ob-jetivo a obra de arte não é localizada segundo um critériocronológico, mas apresentada quase propositadamente nosentido de produzir um choque que desperte reações decuriosidade e de investigação.”15

    A montagem das exposições pretendia que o repentino

    that highlighted the Art works of the floors and walls. Hergoal is also to create an environment that connects the en-joyment of the Art work, first as a vital experiment, then asintellection, which is explained by the placement of iden-tification labels on the top of the support. The trajectoryof her work as museographic is contemporary to Italianmuseums of the post-war period, which she supervises atdistance. The most effective approachment happens with

    the work of Albini, both because they constitute a greatercontinuity with the touch of Persico, as by the dedication ofLina Bo for its poetic form, explained more than once byher design. But if the work of Persico develops a graphicwork, so does it happens with Lina Bo in relation to herillustrations for the magazine Lo Stile , a time of intense re-search into ways to present art objects of historical periodsand various styles.

    With this we do not wish to assert greater relevance ofLina Bo Bardi work with the Italian museological environ-ment than with the Brazilian. This would not acknowledgethe effort of Lina Bo and Pietro Maria Bardi to understand

    the situation of Brazilian culture and project from here itsperformance.

    THE DESIGN OF EXHIBITION: THE MUSEOGRAPHIES OFMASP

    In the presentation of the first MASP at Rua 7 Abril, LinaBo it is revealed her interest to defend the goal of the Mu-seum, to “build an atmosphere, able to conduct the visitorto a mental form adapted to the understanding of the Artwork, and therefore, there is no distinction made betweenthe ancient work and modern Art work. In the same ob-jective Art work not located along chronological criterion,appears almost purposefully the purpose to produce a sho-ck to awaken reactions of curiosity and research.”15 

    The mounting of exhibitions intended that the suddencontact with several centuries of European art as presentedhere for the first time on a large scale, would generatea new look, contributing to the emergence of a new cul-ture. It allowed the “spectator pure observation and un-prepared,” unprejudiced to emphasis this or that piece ofart, avoiding the reproduction values settled in Europe forcenturies. The chronological order and hierarchy betweenworks of greater and lesser value are deviated. The labels

    are hidden to allow a spontaneous judgment of an uncul-tured eye, without vices. Without moving from the eruditeculture, Lina Bo manifests her interest in primitive and po-pular, seen as pure source of a new beginning.

    Dariane Pinto16  found in the exhibition “We and theOld,” held in Art Palma Studio in August 1948, a first

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    10/18101

    A R   QT E X T  O 1 4 

    4 Vista geral da pinacoteca original do MASP nasede da Avenida Paulista.4 Overview of the original gallery at the head-quarters of MASP at Avenida Paulista.

    4

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    11/18102

         A     R     Q  T  E  X  T  O   1

      4 contato com vários séculos de arte européia, apresenta-da aqui pela primeira vez em grande escala, gerasse umnovo olhar, contribuindo para o surgimento de uma novacultura. Permitia-se ao “espectador a observação pura edesprevenida,” sem preconceitos que destaquem esta ouaquela obra de arte, evitando a reprodução automáticados valores sedimentados na Europa ao longo de séculos.Afastam-se as ordens cronológicas e a hierarquia entre

    obras de maior e menor valor. Ocultam-se as etiquetaspara permitir o julgamento espontâneo de um olho inculto,sem vícios. Sem distanciar-se da cultura erudita, Lina Bomanifesta seu interesse pelo primitivo e popular, entendidocomo fonte pura de um novo começo.

    Dariane Pinto16  localizou na exposição Nós e o An- tigo,  realizada no Studio de Arte Palma em agosto de1948 uma primeira experiência expositiva de Lina Bo nadireção de “demonstrar que a arte não tem situações detempo e que é possível reunir em um mesmo espaço pe-ças antigas e contemporâneas sem outorgar ao conjuntoum estilo.”17 Exposição de arte antiga e contemporânea

    em um espaço moderno também destinado ao projeto ecomercialização de design moderno acentua um vínculoque ficaria explícito com a criação do Instituto de ArteContemporânea junto ao MASP.

    Ao comentar as perspectivas dos museus contempo-râneos, Argan parece narrar a ligação do IAC com oMASP: “Uma escola de indústria ou design que assumisseo museu como um fundamento da própria atividade didá-tica atingiria, seguramente, a resultados de uma novidadesurpreendente.”18 O patrimônio artístico mantido no mu-seu não serviria apenas à formação de especialistas ou àcuriosidade de visitantes ocasionais. Seria a base da cons-trução de uma nova cultura contemporânea, disseminadana produção industrial. O IAC, atuando nos campos dodesign, da propaganda, da gráfica, da moda nos remetea propostas como a da Bauhaus, mas a sua implantaçãoem um museu pode ser lida dentro dessa chave italiana.Mariana Lucchino mostra que seguindo esses objetivos, oMASP desempenhou um papel ativo na formação de umageração de intelectuais brasileiros.19 A museografia consti-tuía apenas um importante instrumento dessa ação.

    A ação cultural dos Bardi equipara o valor da arte antigaao da produção de vanguarda, retirando dos acadêmicos o

    monopólio da herança cultural. Ao fazê-lo procura destruira “aura” que afasta as pessoas simples da compreensão daobra de arte, mostrando-a como um “trabalho, altamentequalificado, mas trabalho; apresentado de modo que possaser compreendido pelos não iniciados.”20

    Os suportes dos quadros, feitos com delgados tubos de

    exhibition experience of Lina Bo toward “demonstratingthat art has no conditions of time and that is possible togather in a same space the old and contemporary pieceswithout granting a style to the ensemble.”17 The exhibitionof ancient and contemporary art in a modern space, des-tined to project and marketing of modern design, stressesa link that would be explicit with the creation of Institute ofContemporary Art at MASP.

    When commenting the prospects of contemporary mu-seums, Argan seems to report the connection of IAC withMASP: “A school of industry or design to take over themuseum as a foundation of academic activity itself, wouldcertainly result a new surprising.”18  The artistic heritagekept in the museum, served not only to the training of spe-cialists or to the curiosity of occasional visitors. It wouldbe the basis of building a new contemporary culture, wi-despread in the industrial production. The IAC, acting inthe fields of design, advertising, propaganda, graphic,fashion, lead us to proposals such as the Bauhaus, but itsdeployment in a museum can be read within this Italian

    key. Mariana Lucchino shows that following these goalsMASP played an active role in training a generation ofBrazilian intellectuals.19 The museography constituted onlyan important instrument of this action.

    The cultural action of Bardi equates the value of ancientart to the vanguard production removing from the acade-mic the monopoly of the cultural heritage. In doing so, ittries to destroy the “aura” that moves the simple peoplefrom understanding the Art work, showing it as a “work,highly qualified, but work, presented in a way that it canbe understood by the uninitiated.”20

    The supports of the paintings done with thin tubes ofsteel in the first MASP, and afterwards with crystal in themuseum of Av. Paulista in São Paulo, are fundamental ins-truments for the updating the collection and for its appro-ach for the visitor. It reproduced the condition of its ownproduction of paintings, and it is not casual that the authordenominates it as “crystal easel” - “because it is an easeland a frame that rise in the air, on an easel.”

    Highlighted by any wall, the paintings “float” in asingle space, creating a space and temporal continuityamong the art works, the great “family” quoted by Aldovan Eyk in its praise for MASP.21  It subverts the projects

    of thematic rooms and chronological courses of the firstEuropean museums. It is ignored the technique of museo-graphic of building a gap around the Art work. The crystaleasels create a simultaneous perception of the collection,and an unusual freedom of course for the visitor. Diggingdeeper into the approach of the observer with the master-

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    12/18103

    A R   QT E X T  O 1 4 

    5 Giancarlo Palanti, Loja Olivetti, São Paulo,1958.5 Giancarlo Palanti, Olivetti’s shop, São Paulo,1958.

    5

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    13/18104

         A     R     Q  T  E  X  T  O   1

      4 aço no primeiro MASP e com cristal posteriormente no mu-seu da Av. Paulista, são instrumentos fundamentais paraa atualização do acervo e para a sua aproximação aovisitante. Reproduzem a condição da própria produçãodas pinturas, e não é casual que sua autora o denomine“cavalete de cristal” - “porque é um cavalete e um quadronasce no ar, num cavalete.”

    Destacados de qualquer parede, os quadros “flutuam”

    num único espaço, gerando uma continuidade espaciale temporal entre as obras, a grande “família” citada porAldo Van Eyk em seu elogio ao MASP.21  Subverte-se oesquema de salas temáticas e percursos cronológicos dosprimeiros museus europeus. Ignora-se a técnica museográ-fica de construir um vazio ao redor da obra. Os cavaletesde cristal criam uma percepção simultânea do acervo, euma inusitada liberdade de percurso para o visitante. Indomais fundo na aproximação do observador com a obrade arte, a transparência do vidro confunde os visitantescom os quadros.

    Até aqui temos uma situação que poderia ser enqua-

    drada no contexto italiano, e que pode ser comparada aosmuseus construídos pelos seus contemporâneos na Itália.No entanto as duas situações culturais se distanciavam. En-quanto lá os arquitetos tinham como pré-condição os limitesda adaptação de antigos palácios e castelos, tornando-os“museus internos;” em São Paulo os Bardi tiveram a liber-dade de construção de um edifício completamente novo.Nele extrapolam os limites do museu interno italiano.

    Longe de serem um capricho formalista da autora, asfachadas de vidro do MASP expandem o espaço da pi-nacoteca para a cidade. As transparências das fachadase dos suportes estabelecem uma continuidade entre obrade arte e vida quotidiana, que enterra de vez qualquerpretensão aurática e, conforme palavras da autora, tira“do museu o ar de igreja que exclui os não iniciados.”

    Fachadas e suportes transparentes são, portanto, re-cursos complementares no esforço de popularização domuseu. Uma popularização pedagógica, no sentido deajudar a “despertar uma natural consciência” e, comolembra Lina Bo, “adquirir consciência é politizar-se.”

    EXPONDO O DESIGN: AS LOJAS E STANDS DE GIANCAR-LO PALANTI

    Deixando na Itália sua sociedade com Franco Albini,Giancarlo Palanti chega ao Brasil em 1947.22 Membro dasegunda geração de arquitetos racionalistas formados em1929 em Milão, Palanti trazia uma larga experiência queabrangia, além de grandes projetos arquitetônicos e urba-nísticos desenvolvidos em equipe, o design de mobiliário

    pieces, the transparency of glass confuses the visitors withthe paintings.

    Until here we have a situation that could be framed inthe Italian context, and that can be compared to museu-ms built by its contemporaries in Italy. However, the twocultural situations were getting distant. While there, thearchitects had precondition limits of adaptation to ancientpalaces and castles, making them “internal museums;” in

    São Paulo, The Bardi’s had the freedom to build a com-pletely new building. Therein extrapolate the limits of theItalian internal Museum.

    Far from being a formalistic whim of the author, theglass facades of MASP expand the space of the pinaco-theca to the city. The transparency of the facades and thesupports establish continuity between art work and dailylife, that buries forever any aura claim and as in the wordsof the author, removes “from the museum, the air of churchthat excludes the uninitiated.”

    Façades and transparent supports are therefore, addi-tional resources in the effort to popularize the Museum.

    An educational popularization helps the sense to “awakena natural consciousness,” as Lina Bo recalls: “to acquireconsciousness is to politicize itself.”

    DESIGN EXHIBITION: SHOPS AND STANDS OF GIAN-CARLO PALANTI

    Giancarlo Palanti leaves in Italy his partnership Fran-co Albini, and arrives in Brazil, 1947.22 Member of thesecond generation of Rationalist graduated architects in1929, in Milan, Palanti brought remarkable experiencethat included great architectural and urban projects deve-loped in teamwork, in addition, design of furniture and ofinteriors. To give continuity to the work in this area, Palanti,established in 1948 a partnership with Bardi in Art PalmaStudio that lasted until 1950. During this society and afterits dissolution, Palanti produced several projects of diffe-rent shops and exhibition stands that brought to Brazil anew form of integration between design, graphic arts, Artwork and architecture.

    His affinity was in a line design that had resulted in theexperience promoted by Olivetti in Italy, company for whi-ch Palanti accomplished several projects of stands, shopsand offices in Brazil. It is therefore, it requires here a brief

    presentation of Olivetti’s role in the context of Italian de-sign, which refers to the role of Adriano Olivetti for themodernization of Italy since the early 1930’s.

    The performance that brings together a unique collabo-ration in the work of artists and architects is under the di-rection of an entrepreneur, the specific formulation in Italy

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    14/18105

    A R   QT E X T  O 1 4 

    e de interiores. Para dar continuidade ao trabalho nessaárea, Palanti estabeleceu em 1948 uma sociedade comos Bardi no Studio de Arte Palma que durou até 1950.Durante essa sociedade e após a sua dissolução, Palantiproduziu diversos projetos de lojas e stands expositivosque traziam para o Brasil uma nova forma de integraçãoentre design, artes gráficas, artes plásticas e arquitetura.

    Sua afinidade se dava com uma linha de design que

    resultara na experiência fomentada pela Olivetti na Itália,empresa para a qual Palanti realizaria diversos projetosde stands, lojas e escritórios no Brasil. Assim, é necessáriauma breve apresentação do papel da Olivetti no contextodo design italiano, que remete ao papel desempenhadopor Adriano Olivetti na modernização da Itália desde oinício da década de 1930.

    A atuação que congrega em uma única colaboraçãoo trabalho de artistas e arquitetos encontra sob a direçãode um empresário uma formulação específica na Itália en-tre a década de 1930 e 1960. Adriano Olivetti investeno design dos seus produtos, reestruturando a linha de

    produção das suas fábricas; contrata os melhores arquite-tos para os projetos das suas instalações produtivas e desuporte social aos seus operários; em duas ocasiões enco-menda planos urbanísticos para a cidade de Ivrea ondese localiza suas principais instalações e chega a investirna elaboração de planos de desenvolvimento regionaispara o Vale d’Aosta. A formulação original do paradigmado design - da colher à cidade - encontra nesse impor-tante empresário um adepto que a instrumentaliza parauma concepção social de vida comunitária. Desde quebem planejada, a sociedade funcionaria a contento paratodos, não explodindo nenhum conflito entre as classes.Uma idéia que elimina a pesada figura do Estado fascistaautoritário, e deposita nos empresários um papel diretivoque faria confluir os interesses de uma comunidade localou regional em uma condição de bem-estar social.

    Sua convicção nesse projeto ultrapassou o período fas-cista, tornando-se um dos elos de ligação com o pós-guer-ra. Olivetti investe no desenvolvimento do sul da Itália,para onde coordena um plano de desenvolvimento regio-nal e desloca investimentos para a implantação de umaunidade produtiva da empresa. São iniciativas que nãoconseguiram encontrar ressonância na sociedade italiana,

    restando isoladas até a morte de Olivetti em 1960, quandosob nova direção a empresa redefine suas prioridades.O fato dos princípios do design terem sido assumidos

    por um empresário do porte de Adriano Olivetti resulta emcaracterísticas que irão marcar a produção de desenhoindustrial italiano. Paulo Fossati aponta uma preocupação

    between the decades of 1930 and 1960. Adriano Olivettiinvested in the design of their products, re-structuring theline of production of their factories, hires the best architectsfor the projects of their productive facilities and of socialsupport to their workers; in two occasions, he orders urbanplans for the city of Ivrea where is located their main facili-ties and invest in the development of regional developmentplans for the Val d’Aosta. The original formulation of the

    paradigm of design - gathering the city - is found in this im-portant businessman adept with tools that implements a so-cial conception of community life. As long as well planned,the company would operate satisfactorily for everyone, notblowing any conflict among the classes. An idea that eli-minates the heavy figure of the Fascist authoritarian andit deposits in the entrepreneurs a directive role that wouldconverge the interests of the local or regional communityin a condition of social well-being.

    His belief in this project exceeded the Fascist period,becoming one of the connections with the post-war period.Olivetti invests in the development of southern Italy, whe-

    re he coordinates regional development plan and movesinvestments for the implantation of a productive unit of thecompany. They were initiatives that were unable to findresonance in Italian society, remaining isolated until thedeath of Olivetti in 1960, when under new direction thecompany redefines its priorities.

    The fact of the design principles have been made byan entrepreneur of great importance like Adriano Olivetti,results in features that will be relevant in the productionof Italian industrial design. Paul Fossati suggests a grea-ter concern in creating an atmosphere around the productthan with its development.23 He points out that since thedesign of the typewrite MP-1, the emphasis is on the formof the carcass, was assigned by various artists such asAlberto Magnelli, Xanti Scanwinsky (who approaches Oli-vetti to the proposals of Bauhaus, already mediated by theSwiss experience) and Marcello Nizzola. Tafuri shows thatthe projects of the many shops and the assembly of exhi-bitions of Olivetti products, confident to important namesof the Italian museography, they are not limited to displaythe object, but display “the value joined to which it re-fers, a ‘project’ of which is fragment.“24 The museographytechniques that are used here with another sense create

    emptiness around the object that isolates “from its materialcontext having to erase its market character.” This createsa style more important than the design to commercializethe object.

    From the more than 20 projects accomplished Olivettiin Brazil between 1957 and 1966, the shop located at

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    15/18106

         A     R     Q  T  E  X  T  O   1

      4maior em criar uma atmosfera ao redor do produto doque com o seu desenvolvimento.23 Ressalta que desde oprojeto da máquina de escrever MP-1, a ênfase é na for-ma da carcaça, confiada a diversos artistas como AlbertoMagnelli, Xanti Schawinsky (quem aproxima Olivetti daspropostas da Bauhaus, já mediada pela experiência sui-ça) e Marcello Nizzoli. Tafuri mostra que os projetos dasvárias lojas e a montagem de exposições dos produtos

    Olivetti, confiadas a importantes nomes da museografiaitaliana, não se limitam a exibir o objeto, devendo mostrar“o valor agregado ao qual ele se refere, o ‘projeto’ doqual é fragmento.”24 As técnicas museográficas, que sãoempregadas aqui com outro sentido, criam um vazio aoredor do objeto que o isola “do seu contexto material ten-dendo a apagar-lhe o seu caráter de mercadoria.” Cria-seassim um estilo mais importante do que o design, para acomercialização do objeto.

    Dos mais de 20 projetos realizados para a Olivetti emtodo o Brasil entre 1957 e 1966, a loja da Rua BrigadeiroTobias é exemplar. Um conjunto de hastes verticais fixadas

    do chão e no teto e dispostos ritmicamente ao longo davitrine principal apresentam as máquinas de escrever e decalcular ao nível dos olhos, destacada dos planos do solo ede qualquer parede. Ao fundo, um conjunto de mesas fixa-das na parede oferece ao visitante a possibilidade de expe-rimentar o produto com o conforto de cadeiras modernas eda iluminação adequada. Um painel de Bramante Buffonicom temas tropicais ocupa o restante da parede dos fundos.

    A forma dos suportes, das mesas e das cadeiras afastao produto dos planos do chão e das paredes, variandosobre o tema dos objetos soltos no espaço. Os suportesexpositivos da loja na Avenida Ipiranga são projetadoscomo uma estrutura espacial, onde delgadas hastes deferro preto definem os contornos de um volume virtual,mesmo recurso dos suportes da mesa da loja da RuaBrigadeiro Tobias. Os planos das divisórias nos escritóriosnão chegam até o teto, sendo a vedação apoiada emperfis verticais metálicos ou de madeira que são mantidosnessa posição através de dispositivos que pressionam oforro e o piso, sem danificá-los.

    Suportes, móveis e divisórias tornam-se componentespadronizados que além de cumprir uma função espacial,contribuem para a identificação das qualidades da mar-

    ca exposta. Assim, em projetos para outras empresas, ossuportes e móveis se transformam, ainda que sigam osmesmos princípios.

    A forma expositiva adotada nas lojas, escritórios eestandes da Olivetti realizam uma nova integração entredesign, artes plásticas e arquitetura, diversa daquela que

    Brigadeiro Tobias street, was an example. An ensembleof vertical poles set from the floor to the ceiling arrangedrhythmically along the main display showcase, typewritersand calculators were disposed at eye level, highlightedfrom the planes of the floor and of the wall. At the back-ground, a set of tables attached to the wall offers to thevisitors the chance to try the product with the comfort ofmodern chairs and appropriate lighting. A panel of Bra-

    mante Buffoni with tropical themes occupies the rest of theback wall.The form of the supports, tables and chairs kept the

    product displayed away from the floor and wall planes,varying the theme of objects released in space. The exhibi-tion supports of the store at Ipiranga avenue, were projectsof space structure, where thin black iron rod determinedthe contours of virtual volume, like the same supports oftables at the shop of Brigadeiro Tobias street. The planesof the partition offices, do not reach the ceiling, they aresupported in vertical shapes of metal or wood that are keptin this position through devices that pressures the ceiling

    and the floor, without damaging it.Supports, furniture and partitions became standardcomponents that besides serving as a space function, con-tributed to the identification of the qualities of the branddisplayed. Thus, in projects for other companies, the sup-ports and furniture are transformed even as they followedthe same principles.

    The form adopted in the shops, offices and stands exhi-bition of Olivetti, performed a new integration betweendesign, art and architecture, different from that which canbe identified in Brazilian modern architecture of the pe-riod, inspired by Le Corbusier based in pictorial panels of

    distinguished presence.25 They are projects that build anatmosphere around the products for sale, adding value tothem through paintings, supports, and lighting exhibitiondevices. They are projects that build atmosphere in whi-ch permeate the visitor’s, who are experiencing a modernspace, equipped with furniture and equipment producedindustrially with modern design, simulating the experienceof a modern daily life.

    Along with the museography of Bardi, such interven-tions of ephemeral life were of great importance to thepropagation of modern taste in Brazil.

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    16/18107

    A R   QT E X T  O 1 4 

    se pode identificar na arquitetura moderna brasileira doperíodo, de inspiração corbusiana baseada em painéispictóricos de insigne presença.25 São projetos que cons-troem uma atmosfera ao redor dos produtos à venda,agregando a eles um valor através de imagens, suportes,iluminação e dispositivos expositivos. Essa ambiência im-pregna o visitante, que experimenta um espaço moderno,dotado de móveis e equipamentos produzidos industrial-

    mente com design moderno, simulando a experiência deum cotidiano moderno.Ao lado da museografia dos Bardi, tais intervenções

    de vida efêmera foram de grande importância para a pro-pagação do gosto moderno no Brasil.

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    17/18108

         A     R     Q  T  E  X  T  O   1

      4 NOTAS

    1 Lionello Venturi, “Il gusto dei primitivi,” em Architettura Italianadel ’900, orgs.  Giorgio Ciucci e Francesco Dal Co (Milano:Electa, 1926), 128.2 Edoardo Persico, “Stile,” Casabella 29 (1930), em ArchitetturaItaliana, orgs. Ciucci e Dal Co, 192.3 Antonella Huber, Il Museo italiano  (Milano: Lybra, 1997), 52.4 Antonio D’Auria, “Persico architetto e gráfico,” em EdoardoPersico , org. Cesare de Seta (Napoli: Electa, 1987), 131.5

      Alessandro Pasquali, “Una costruzione di propaganda,”Casabella  76 (1934): 36-37. Neste projeto além de Persicoe Nizzoli encontramos o fotógrafo e artista plástico BramanteBuffoni, que mais tarde viria para o Brasil no pós-guerra,trabalhando em várias obras de Giancarlo Palanti.6 Paolo Fossati, “Les transformations de l’image du produit,”L’Architecture d’Aujourd’hui  188 (1976): 50-51.7 Anna Maria Mazzucchelli, “Stile di una mostra,” Casabella 80(1934).8 Retoma assim a conhecida classificação de Crocce e Venturi,onde o clássico pode ser entendido de duas formas distintas:uma histórica, como expressão da cultura greco-romana, outrafilosófica, que se refere a “um momento eterno do espíritohumano que se renova sempre que se cria arte” - Venturi, “Ilgusto,” em Architettura Italiana, orgs. Ciucci e Dal Co, 160.9

    A filiação de Albini a Persico é confirmado por Fagiolo: “Albiniconfessa que a sua vocação de arquiteto moderno lhe foirevelada após um colóquio com Persico, em fevereiro de 1931”- Marcello Fagiolo, “L’astrattismo magico di Albini,” Ottagono  37 (1975): 20.10 Guglielmo Pacchioni, “Per una moderna presentazione delleopere d’arte,” Lo Stile  3 (1941): 4-5.11 Manfredo Tafuri, Storia dell’Architettura Italiana - 1944-1985  (Milano: Einaudi, 1986), 4112 Vittorio Gregotti, “Il território museo,” Casabella 574 (1990).13Giulio Carlo Argan, “La Galleria di Palazzo Bianco a Genova,”Metron 5 (1953): 25-38.14Esse mecanismo foi suprimido desse museu após o deslocamentoda obra para o Museu de Santo Agostino, construído entre1963 e 1969 com projeto de Franco Albini, Franca Helg, Marco

    Albini e Antonio Piva. A atual instalação fixa é situada sobreum plano elevado em meio à sala e vizinha à rampa, posiçãoque permite os variados ângulos da instalação anterior, só queagora através do deslocamento do visitante - conforme visita aambos museus em janeiro de 1998.15 Lina Bo Bardi, “O Museu de Arte de São Paulo - Função Socialdos Museus,” Habitat  1 (1950): 17.16 Dariane Bertoni Pinto, “Interlocuções entre arquitetura e designna obra de Lina Bo Bardi” (Dissertação de mestrado, EESC-USP,2001).17 Ainda que não tenhamos fotos da exposição, o fato doestúdio estar localizado em edifício projetado pelo arquitetoLucjan Korngold, de planta livre e fachadas de vidro nos permiteidentificar aí uma primeira experiência da museografia sugeridaa seguir para a sala da Casa de Vidro (1951), para o Museu de

    São Vicente (1951) e para o MASP.18 Giulio Carlo Argan, “Problemi di museografia,” Casabella 207 (1955): 64-67.19 Mariana Arruda Lucchino, “MASP 7 de Abril (1947-1955), aconcepção de ‘museu escola’” (Dissertação de mestrado, EESC-USP, 2003).20 Lina Bo Bardi, “Explicações sobre o Museu de Arte,” O Estado

    NOTAS

    1 Lionello Venturi, “Il gusto dei primitivi,” in Architettura Italianadel ’900 , eds. Giorgio Ciucci and Francesco Dal Co (Milano:Electa, 1926), 128.2 Edoardo Persico, “Stile,” Casabella 29 (1930), in ArchitetturaItaliana, eds. Ciucci and Dal Co, 192.3 Antonella Huber, Il Museo italiano  (Milano: Lybra, 1997), 52.4 Antonio D’Auria, “Persico architetto e gráfico,” in EdoardoPersico , ed. Cesare de Seta (Napoli: Electa, 1987), 131.5

      Alessandro Pasquali, “Una costruzione di propaganda,”Casabella 76 (1934): 36-37. In this project besides Persico andNizzoli, we find the photographer and plastic artist BramanteBuffoni, that later would come to Brazil in the post-war period,working in several art work of Giancarlo Palanti.6 Paolo Fossati, “Les transformations de l’image du produit,”L’Architecture d’Aujourd’hui  188 (1976): 50-51.7 Anna Maria Mazzucchelli, “Stile di una mostra,” Casabella 80(1934).8 Retakes the well-known classification of Crocce and Venturi,where the classic can be understood in two different ways, ahistorical one, as an expression of the Greek-Roman culture, andanother one as philosophic, which refers to “an eternal momentof the human spirit that renews whenever it creates art.” - Venturi,“Il gusto,” in Architettura Italiana, eds. Ciucci and Dal Co, 160.9

    The membership of Albini and Persico is confirmed by Fagiolo:“Albini confesses that his vocation as a modern architect hasbeen revealed after a colloquium with Persico, in Febuary, 1931”- Marcello Fagiolo, “L’astrattismo magico di Albini,” Ottagono37 (1975): 20.10 Guglielmo Pacchioni, “Per una moderna presentazione delleopere d’arte,” Lo Stile  3 (1941): 4-5.11 Manfredo Tafuri, Storia dell’Architettura Italiana - 1944-1985(Milano: Einaudi, 1986), 4112 Vittorio Gregotti, “Il território museo,” Casabella 574 (1990).13Giulio Carlo Argan, “La Galleria di Palazzo Bianco a Genova,”Metron 5 (1953): 25-38.14This mechanism was abolished of this museum after the displaceof the work to the Museum of St. Augustine, built between 1963and 1969 with project by Franco Albini, Franca Helg, Antonio

    Piva and Marco Albini. The current installation is situated on anelevated level in the middle of the room and the nearby ramp,a position which allows the various angles of the previousinstallation, but now by the visitor movements. As the visit to bothmuseums in January, 1998.15 Lina Bo Bardi, “O Museu de Arte de São Paulo - Função Socialdos Museus,” Habitat 1 (1950): 17.16 Dariane Bertoni Pinto, “Interlocuções entre arquitetura e designna obra de Lina Bo Bardi” (Master’s dissertation, EESC-USP,2001).17Although we do not have photos of the exhibition, the fact thatstudio be located in a building designed by the architect LucjanKorngold, with a free plan and glass facades allows us to identifythere the first experience of museography suggested afterwardsfor the Glass House living room, the Museum of São Vicente and

    the Museum of Art of São Paulo.18 Giulio Carlo Argan, “Problemi di museografia,”  Casabella207 (1955): 64-67.19 Mariana Arruda Lucchino, “MASP 7 de Abril (1947-1955), aconcepção de ‘museu escola’” (Master’s dissertation, EESC-USP,2003).20 Lina Bo Bardi, “Explicações sobre o Museu de Arte,” O Estado

  • 8/18/2019 04 RA Gosto Moderno 070210

    18/18

    A R   QT E X T  O 1 4 

    de São Paulo , 05 de abril de 1970 - Arquivo Instituto Lina Bo ePietro Maria Bardi (ILBPMB).21 Aldo Van Eyck, “Um dom superlativo,” em Museu de Artede São Paulo , org. Marcelo Ferraz (São Paulo: ILBPMB/Blau,1997).22 Angela Maria Rocha, “Uma produção do espaço em SãoPaulo” (Dissertação de mestrado, FAU-USP, 1991) e AlineCoelho Sanches, “A obra e a trajetória de Giancarlo Palanti:Itália e Brasil” (Dissertação de mestrado, EESC-USP, 2004).23 Fossati, “Les transformations,” em L’Architecture , 50-51.24

    Tafuri, Storia dell’Architettura, 41.25 Maria Cecilia França Lourenço, Operários da modernidade  (São Paulo: Hucitec/Edusp, 1995).

    de São Paulo , April 5, 1970 - Archive Lina Bo e Pietro MariaBardi Institute (ILBPMB).21 Aldo Van Eyck, “Um dom superlativo,” in Museu de Arte deSão Paulo , ed. Marcelo Ferraz (São Paulo: ILBPMB/Blau, 1997).22 Angela Maria Rocha, “Uma produção do espaço em SãoPaulo” (Master’s dissertation, FAU-USP, 1991) e Aline CoelhoSanches, “A obra e a trajetória de Giancarlo Palanti: Itália eBrasil” (Master’s dissertation, EESC-USP, 2004).23 Fossati, “Les transformations,” in L’Architecture , 50-51.24 Tafuri, Storia dell’Architettura, 41.25

    Maria Cecilia França Lourenço, Operários da modernidade(São Paulo: Hucitec/Edusp, 1995).

    Recebido: Maio/2009 Received: May/2009