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DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA: A Influência de Fatores Ambientais e Genéticos
Anderson BraunCurso de Educação Física Licenciatura, 6º semestre
Greice Kellem de Souza FortunatoCurso de Educação Física Licenciatura, 6º semestre
Cirlei da Aparecida Brandão Professora da Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde (Orientadora)
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo realizar uma breve discussão bibliográfica a fim de investigar se os fatores hereditários que afetam o desenvolvimento motor da criança podem ser neutralizados pelos fatores ambientais. Partindo da problemática sobre os fatores hereditários que afetam o desenvolvimento motor da criança que podem ser ou não neutralizados pelos fatores ambientais. Consideramos que os fatores hereditários e os fatores ambientais tem um papel fundamental no ciclo de vida de uma criança desde quando gerada até a fase adulta, podendo ambos afetar o desenvolvimento motor dos mesmos como também ser neutralizados pelo meio social e biológico em que vive. Um dos problemas no desenvolvimento está ligado aos cuidados durante o pré-natal que influência no ciclo de vida da criança e muitas vezes são largados de lados devido às condições e ao meio social para ter o acompanhamento necessário durante essa fase edentre esses problemasestãoas anomalias cromossômicas, trissomias, doenças maternas, transtornos ligados ao sexo e transtornos autossômicos. No período pré-natal é um período que requer cuidados básicos para que o feto se desenvolva de forma eficaz com todos os elementos necessários para crescer com saúde tendo um acompanhamento médico necessário.
Palavras-chave: Desenvolvimento motor.Genética.Ambiente.Criança.
1 INTRODUÇÃO
A Educação Física no ambiente escolar proporciona através do movimento
oportunidades de desenvolvimento para a criança comoa de explorar o corpo
através do movimento edo contato corporal com o outro. Nessas interações consigo
e com o outro a criança aprende e realiza descobertas acerca de si e do mundo.
Aspráticas corporais são importantes ferramentas através das quais se constitui
sujeito autônomo através do processo de formação integral. Com relação ao
movimento, os Referencias Curriculares dispõe que:
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Trabalho com movimento contempla a multiplicidade de funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das crianças, abrangendo uma reflexão acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como atividades voltadas para a ampliação da cultura corporal de cada criança (BRASIL, 1998. p.15).
Ainda segundo os Referencias Curriculares, “ao movimentar-se, as crianças
expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do
uso significativo de gestos e posturas corporais” (BRASIL, 1998, p.15). O movimento
humano torna-se então algo além do deslocamento do corpo no espaço, mas
também em uma forma de linguagem, que permite que a criança se expresse,
atuando diretamente com o meio.
A criança aprimora a cada dia o seu desenvolvimento motor no espaço
escolar, pois através de brincadeiras e atividades diversas a criança passa a ser
estimulada. Para Gallahue e Ozmun (2005) o meio social e biológico são de grande
influência no desenvolvimento motor, onde este sofre alterações durante o processo.
O desenvolvimento motor é um processo de comportamento que interage
com o ambiente e a hereditariedade. Cada vez mais o comportamento das crianças
está relacionado com a influência do ambiente, pois quanto mais cedo o cuidado
familiar é trocado pelas creches e escolas que passam mais tempo cuidando da
educação da mesma pelo motivo do grande aumento da participação feminina no
mercado de trabalho, não devemos deixar de lado que o desenvolvimento motor tem
uma alteração no ciclo de vida e que os vários fatores que induzem mudanças,
podendo ser ao longo da vida, sendo a infância uma das fases mais importantes. É
nessa etapa que a criança desenvolve habilidades motoras básicas, como andar,
correr, saltar, arremessar, entre outras. E ao longo dessa trajetória, essas
habilidades são aprimoradas, acompanhadas pelo desenvolvimento psíquico e
social.
Partindo desse pressuposto, e considerando o ambiente e a genética como
fatores de grande influência no desenvolvimento motor, considerou-se como a
problemática deste estudo: Os fatores hereditários que afetam o desenvolvimento
motor da criança podem ser neutralizados pelos fatores ambientais?
A pesquisa teve como objetivo geral investigar se os fatores hereditários que
afetam o desenvolvimento motor da criança podem ser neutralizados pelos fatores
ambientais.
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Especificamente, pretendeu-se: Identificar os fatores hereditários que
influenciam o desenvolvimento motor; Verificar os fatores externos ao sujeito que
influenciam no desenvolvimento motor e Investigar em que situações e/ou condições
os fatores hereditários podem ser neutralizados pelos fatores ambientais.
Diante disso, justifica-se o estudo pelo fato dos pesquisadores observarem
que o desenvolvimento motor tem um papel fundamental no desenvolvimento da
criança até a fase adulta e em relação a isso pretendem conhecer os fatores
hereditários que afetam o desenvolvimento dessas crianças, sabendo que esse
trabalho poderá sanar as duvidas não só dos acadêmicos mais professores que
convivem diretamente com crianças, sendo na educação física o principal meio de
se observar o desenvolvimento motor pelo fato de trabalhar com atividades que
auxiliam no aprendizado motor, acompanhando o desempenho do mesmo nas
condições de detectar possíveis problemas motores através das atividades físicas.
2 METODOLOGIA
Nesse trabalhoprimou-se pela pesquisa bibliográfica e através do diálogo com
os autores e suas contribuições, buscou-se estabelecer luz e sentidos aos conceitos
de desenvolvimento motor e sobre as influências genéticas e ambientais que
interferem neste desenvolvimento.
[...] Este tipo de pesquisa tem por finalidade, especialmente quando se trata de pesquisa bibliográfica, oferecer maiores informações sobre determinado assunto, facilitar a delimitação de uma temática de estudo, definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar(SILVA; SCHAPPO, 2002, p.54).
Após a familiaridade com o assunto e com as informações contidas,
elaboramos o trabalho a fim de auxiliaras pessoas a compreenderem sobre como os
fatores hereditários influenciam no desenvolvimento motor e em que situações e/ou
condições os fatores hereditários podem ser neutralizados pelos fatores ambientais.
Os Documentos legais citados, não fazem parte da análise, apenas
contextualizam a problemática da pesquisa.
3 REVISÃO E DISCUSSÃO DA LITERATURA
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3.1 O Desenvolvimento Motor e as influências Hereditárias e Ambientais.
De acordo com Haywood e Getchell(2004) o desenvolvimento motor possui
algumas características, dentre elas podemos relacionar alguns fatores:
a) É um processo cumulativo quanto às capacidades funcionais: viver, existir, trabalhar,
mover-se.
b) É relacionado com a idade, porém não é dependente dela, visto que os indivíduos
não se desenvolvem nas mesmas proporções, porém, ao passar dos anos o
desenvolvimento acontece.
c) É sequencial, um passo leva ao passo seguinte, de maneira ordenada.
Desenvolvimento motor é um processo sequencial e continuado, relativo à idade, no qual um indivíduo progride de um movimento simples sem habilidades até o ponto de conseguir habilidades complexas e organizadas e, finalmente, o ajustamento destas habilidades que acompanham o envelhecimento. (HAYWOOD; GETCHELL, 2010, p.7).
Corbin (1980) apud Benda (1999 p.115) também apresenta alguns princípios
que norteiam o Desenvolvimento Motor.
a)Princípio da Continuidade - o desenvolvimento se inicia antes do
nascimento e prossegue até a morte.
b)Princípio da Totalidade - o desenvolvimento ocorre em todos os seus
aspectos simultaneamente, quais sejam: intelectual, motor, social, emocional,
outros.
c) Princípio da Especificidade - apesar de ser global, desenvolvendo sempre
todos os aspectos (motor, intelectual, social, emocional e outros), o desenvolvimento
será enfatizado em um aspecto em cada situação.
d) Princípio da Progressividade - o desenvolvimento não ocorre de forma
rápida. E um processo longo e lento, porém está sempre em evolução. Princípio da
Individualidade - o desenvolvimento é diferente para cada pessoa, respeitando suas
características e experiências vivenciadas.
Caracterizam- se como principais influencias ao Desenvolvimento Motor os
fatores Intrínsecos (fatores genéticos) e Extrínsecos (fatores ambientais), os quais
ocorrem no período pré quanto pós-natal.
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De acordo com a idade ocorrem mudanças específicas, estas são
responsáveis por formar as características individuais. Estas características sofrem
influências tanto genéticas como ambientais, ou seja, as características herdadas
pelos familiares, as características individuais e o ambiente em que o indivíduo
convive. De acordo com Davidoff (2001, p.51) “Do início até o fim da vida, os
organismos estão constantemente moldados tanto pela hereditariedade como pelo
ambiente. A natureza e a extensão de uma influência sempre dependem da
contribuição da outra”.
Ao abordarmos os aspectos que influenciam os processos de
desenvolvimento motor podemos destacar as influências hereditárias e a interação
com o meio ambiente.
Vários pesquisadores afirmam a relevância dos dois fatores, porém, dentro de
um sistema dinâmico, as duas influenciam e mostram-se necessárias para um
melhor desenvolvimento.
Durante anosreconheceram o papel interativo de dois sistemas básicos no
processo desenvolvimentista: hereditariedade e meio ambiente. Todavia, muitos
deles, agora, levaram essa consideração um passo a diante ao reconhecer que as
necessidades específicas da tarefa motora se relacionam com o indivíduo (isto é,
fatores hereditários ou biológicos) e com o meio ambiente (experiência ou fatores de
aprendizado) no desenvolvimento das habilidades motoras estabilizadoras,
locomotoras e manipulativas.
Tal modelo transacional aponta que os sistemas pertinentes à tarefa, ao
indivíduo e ao meio ambiente não somente interagem, mas também tem o potencial
para modificar e serem modificados um pelo outro, quando se luta para ganhar
controle motor e competência motora.
Gallahue e Ozmun (2005) afirmam que tanto a família quanto as heranças
genéticas desempenham um papel importantíssimo no desenvolvimento da criança
do 0 aos 6 anos de idade. E essas influências determinarão o tipo de adulto que a
mesma se tornará.
Ainda, segundo os autores acima, o aprendizado motor corresponde apenas a
um aspecto no qual o movimento desempenha parte principal, significando uma
alteração relativamente constante no comportamento motor em função da prática ou
de experiências passadas.
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De acordo com Haywood e Getchell (2004), o aperfeiçoamento das
habilidades motoras do indivíduo depende da interação das característicasfísicas e
estruturais, do ambiente em que está inserido e da tarefa a ser realizada.
3.2 Fatores Genéticos e Hereditários que influenciam no Desenvolvimento Motor e
as desordens cromossômicas.
De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006) a ciência da genética é o
estudo da hereditariedade, fatores que são herdados dos paise que afetam o
desenvolvimento. Segundo os autores, “quando o óvulo e o espermatozoide se
unem, eles dotam o futuro bebê de uma constituição genética que influencia um
amplo espectro de características, desde a cor dos olhos e o cabelo até a saúde, o
intelecto e a personalidade” (p.65).
As células humanas possuem 23 pares de cromossomos (em um total de 46). Óvulo e espermatozoide recebem cada um, apenas um membro de cada par das células germinativas. Consequentemente, quando se unem , o zigoto passa a ter um conjunto completo de 23 pares. Cada par tem formato e tamanho diferentes (DAVIDOFF, 2001, p.52).
De acordo com Bee e Boyd (2011) esses cromossomos carregam a
informações genéticas, tanto as que formam as características individuais como a
cor dos olhos, cabelos, temperamento e inteligência, como também carregam as
características que são partilhadas por todos os membros de nossa espécie, como
os padrões de desenvolvimento físico.
Na maioria dos casos esses cromossomos e genes permanecem inalterados
durante o período de gestação, porém, a variedade dos fatores genéticos tem
demonstrado algumas alterações no processo do desenvolvimento. Estima-se que
entre 15 % e 50 % das gestações no seu primeiro trimestre da gravidez devido a
algumas anomalias cromossômicas terminam em aborto espontâneo.
ConformeGallahue e Ozmun (2005)a síndrome de Down é umas das
principais doenças causadas pelas desordens cromossômicas, onde estão
presentes 47 cromossomos em vez de 46. Esta desordem é chamada de trissomias
21, pois são apresentadas três copias do cromossomo 21, e não duas como é
normal, e é responsável pela maioria dos casos de síndrome de Down.
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As crianças com síndrome de Down frequentemente nascem prematuras, e o ritmo de crescimento delas é mais lento do que o normal, resultando em baixa estatura. Nariz, queixo e orelhas tendem a ser pequenos; os dentes são poucos desenvolvidos e a visão, fraca. Equilíbrio deficiente, hipotônus, braços e pernas curtos e pele sem elasticidade são outras características (GALLAHUE; OZMUN, 2005,p.115).
Ainda de acordo com os autores, o desenvolvimento acontece de forma
sequencial, porém de maneira mais lenta as habilidades da linguagem e
conceitualização mostram-se deficientes e o funcionamento intelectual apresenta-se
limitado e também são comuns doenças cardiovasculares. Além da Síndrome de
Down, outras doenças também podem ser ocasionadas pela desordem
cromossômica como a síndrome de Patau e a Síndrome de Edward. “Pouco se sabe
sobre elas, a não ser que também estão associadas ao um cromossomo extra e que
resultam em graves deformidades, retardamento e mortalidade precoce”
(GALLAHUE; OZMUN, 2005, p.115).
3.3 Desordens Genéticas
Os defeitos genéticos variam conforme a mutação do gene, podendo estar ele
em cromossomos ou autossomos.Para Gallahue e Ozmun:
Os defeitos cromossômicosvariam largamente em suas consequências. A gravidade do efeito depende do fato de o gene mutante estar em um autossomo ou em um cromossomo ligado ao sexo e também se o gene mutante está em gene único ou também em seu par (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 115).
Comumente não se relacionam as mutações autossômicas dominantes ao
retardo e atraso mental e cognitivo, porém as mutações recessivas geralmente estão
associadas ao retardamento mental e motor. As principais doenças relacionadas
com mutações autossômicas que causam deficiência no desenvolvimento motor
estão: A) anemia falciforme; B) doença de Tay-Sachs; C)fenilcetonúria (PKU); D)
coluna bífida ;E)pés disformes.
A) Anemia falciforme:
Na anemia falciforme, o sangue não carrega oxigênio suficiente para manter
os tecidos saudáveis (BEE;BOYD, 2011).
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“Os efeitos da doença variam de pessoa para pessoa, anemia, dor, lesão dor
órgãos vitais e morte na infância (...). O crescimento e o desenvolvimento motor de
indivíduos com anemia falciforme são frequentemente deficientes”
(GALLAHUE;OZMUN, 2005, p.117).
B) Doença de Tay-Sachs
Gallahue e Ozmun (2005) apontam quea doença de Tay-Sachs é uma
desordem genética típica de descendente judeus da Europa central e Oriental,
manifesta-se na primeira infância, onde a criança perde o controle motor, seguindo
de cegueira e paralisia, não existe cura para a doença e normalmente a criança
portadora não resiste até os 05 anos de idade.
C) Fenilcetonúria (PKU)
É uma desordem genética que causa problemas de digestão do aminoácido
fenilalanina a toxina se desenvolve no cérebro do bebê, ocasionando retardo, se for
diagnosticada cedo, pode ser completamente tratável (BEE; BOYD 2011).
“A identificação é feita por meio de exame de sangue de rotina feito ao nascer
(...). O tratamento consiste em simplesmente seguir uma dieta, cientificamente
controlada que elimina os alimentos que contém fenilalanina” (GALLAHUE;OZMUN,
2005, p.118).
D) Coluna Bífida
É um defeito da coluna vertebral, causado pela ausência do arco vertebral, ou
formação enfraquecida. De acordo com Gallahue e Ozmun (2005), esta doença
pode assumir três formas:
A primeira pode ser tão leve que somente uma radiografia da coluna vertebral detectará sua presença. Este tipo raramente incomoda a criança. Na segunda forma, um nódulo ou cisto que contém a medula espinhal sobressai através da parte aberta da coluna. O nódulo pode ser removido por cirurgia permitindo que o bebê cresça normalmente. Na terceira é mais grave forma de coluna bífida, o cisto comprime mais profundamente as raízes dos nervos da medula espinhal (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p.118).
Ainda segundo os autores, este cisto se localiza na parte inferior da coluna, a
pele não protege o nódulo, e o fluído espinhal pode vazar ocasionando casos de
paralisia, perda de sensação nas pernas de características irreversíveis.
E) Pés Disformes
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São defeitos congênitos e tem sido um dos principais problemas ortopédicos
nas crianças, possui três formas principais de pés disformes, sendo estas
equinovaro, calcâneo valgo, metatarso varo.
Com o equinovaro, os pés são virados para dentro e para baixo. O tendão calcâneo é, em geral, muito teso, tornando impossível colocar os pés em alinhamento normal. Calcâneo valgo é a forma mais comum de pés disformes. Eles ficam em ângulo agudo no calcanhar, apontando para cima e para fora. Essa condição é menos grave do que o equinovaro e mais fácil de corrigir. Metatarso varo é a forma mais moderada de pés disformes. Nesse caso, a parte frontal dos pés esta voltada para dentro e, frequentemente isso não é diagnosticado até que o bebê já tenha alguns meses (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 117).
De acordo com os autores, caso não haja tratamento de forma precoce e
persistente, poderá acarretar problemas com relação à locomoção de forma ereta e
normal.
3.4 Fatores Externos- Influências Ambientais que Interferem no Desenvolvimento
Motor
Não podemos descartar a influência do ambiente sobre o desenvolvimento
motor. Para melhor caracterizá-lo, traremos alguns conceitos sobre o que é
ambiente.
Segundo o Dicionário Michaelis, ambiente se define como: Que envolve os
corpos por todos os lados; Aplica-se ao ar que nos rodeia, ou ao meio em que vive
cada um; O ar que respiramos ou que nos cerca; O meio em que vivemos ou em
que estamos: Ambiente físico, social, familiar; Parte do ambiente humano que inclui
fatores puramente físicos (como solo, clima etc.).
Hawood e Getchell também caracterizam o as restrições ambientais de duas
maneiras, sendo estas o ambiente físico e o sociocultural. Estas restrições estão
diretamente ligadas ao movimento, trazendo a ideia de que as atitudes socioculturais
de um determinado grupo, ou pessoas podem incentivar ou desestimular certos
comportamentos motores. “Se essas atitudes são suficientemente penetrantes, elas
podem modificar o comportamento de alguém. Elas podem não ser óbvias, mas,
ainda assim, podem exercer uma influência poderosa sobre como o indivíduo se
movimenta” (HAWOOD; GETCHELL, 2010,p.255).[Digite texto]
Durante o processo de formação motora, o indivíduo é influenciado
positivamente ou negativamente pelo ambiente em que vive Gallahue e Ozmun
definem esse processo como teoria ecológica ou teoria contextual: “Basicamente, a
teoria ecológica ou teoria contextual considera o desenvolvimento como função
“contexto" ambiental e da estrutura temporal histórica na qual se vive” (GALLAHUE;
OZMUN 2005, p.35).
O desenvolvimento pode ser dividido em vários contextos ambientais
diferentes, como amigos, família, escola e trabalho, sendo o nível de interação com
cada um destes de maior ou menor influência na formação do mesmo.
O ambiente representa um papel fundamental no desenvolvimento do
indivíduo, sofrendo alterações de acordo com a idade, pois à medida que ele se
desenvolve o ambiente também sofre alterações, o que gera uma mudança nesta
relação. De acordo com os Referencias Curriculares da Educação Infantil:
As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação (BRASIL, 1998, p. 21).
Podemos analisar a teoria do marco de Jean Piaget (1952, 1954, 1969,1974),
onde o desenvolvimento é separado em diferentes faixas etárias, em que o
desenvolvimento ocorre por um processo de adaptação. “A adaptação requer que o
indivíduo faça ajustes às condições ambientais e intelectualize esses ajustes por
processos complementares de acomodação e assimilação” (GALLAHUE;
OZMUN,2005, p.44).
Nos processos de acomodação, Piaget propõe que os esquemas cognitivos
são renovados conforme a necessidade ou exigência de novas habilidades. "Através
da acomodação, reorganizamos nossos pensamentos, melhoramos nossas
habilidades e mudamos nossas estratégias" (BEE; BOYD, 2011, p.169). Piaget trata
a assimilação como um processo onde o indivíduo passa a dominar uma habilidade
nova, e que esta passará a fazer parte de seu esquema. “A assimilação é o termo de
Piaget para a interpretação de novas informações, baseadas nas interpretações
presentes. Envolve retirar informações do meio ambiente e incorporá-las às
estruturas cognitivas existentes no indivíduo” (GALLAHUE; OZMUN, 2005 p.44).
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Os processos de adaptação e assimilação estão presentes durante toda a
vida do indivíduo, portanto, o mesmo tendea ter um equilíbrio, pois é impossível
ocorrer uma assimilação sem acomodação e nenhum objetivo é igual a outro ou a
situação é exatamente igual à outra.
3.5 Interação Ambiente, Genética e Hereditariedade
O desenvolvimento humano é relacionado diretamente com as influências
hereditário-genética e ambientais, sendo a interação de ambas necessária paraum
melhor desenvolvimento. Segundo Haywood e Getchell (2004), o processo de
desenvolvimento se dá através de contínuas mudanças, estas, são resultados de
interações dentro do indivíduo e de interações do indivíduo com o meio.
De acordo com Defilipo (2012), recentes estudos apontam que os problemas
biológicos podem ser agravados por ambientes não estimuladores, assim como um
ambiente estimulador pode amenizar um problema biológico, isto ocorre porque o
ambiente considerado positivo possui estímulos variados, tende a se tornar
facilitador do desenvolvimento, pois proporciona à criança a exploração e a
interação com o meio. No entanto, quando o ambiente é considerado negativo ou
desfavorável, seus estímulos são insuficientes ou proporcionados de maneira
inadequada, diminuindo ou restringindo as possibilidades de uma melhor
aprendizagem do indivíduo.
Para Rodrigues e Gabbard (2007) a casa e o convívio com os pais é um dos
principais agentes determinantes para a criação de um contexto ambiental
ondeocorra o desenvolvimento infantil. Além do convívio pessoal, a estrutura física
da casa torna-se importante na criação de estímulos para a criança em
desenvolvimento, tipos de solo, ambiente interno e externo, presença de escadas,
rampas e também a variedade de brinquedos e a prática de atividades com caráter
lúdico são importantes para a casa se tornar um ambiente positivo para o
desenvolvimento da criança.
Nesse sentido, considera-se a criança em desenvolvimento como uma
exploradora do mundo que a cerca, tendo sua casa e posteriormente a escola como
principais ambientes estimuladores ao seu aprendizado.
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Se tratarmos especificamente da Síndrome de Down, que tem como uma das
principais características a deficiência intelectual, ainda assim não podemos dizer de
forma precisa qual será o nível de desenvolvimento do indivíduo, pois o
desenvolvimento não é advindo apenas da alteração cromossômica, mas também
de outros fatores genéticos e da interação com o meio. Segundo Pereira (2012)
pesquisas recentes apontam a família como unidade terapêutica para um melhor
desenvolvimento de portadores da Síndrome de Down.
Tratar a família como unidade terapêutica é fazê-la participar do tratamento e considerar que cada membro é responsável pela dinâmica familiar e pela sua manutenção. Sendo assim, a família deve agir de forma equilibrada para favorecer o processo de desenvolvimento dos sujeitos do grupo. Considerar o micro-universo familiar deste modo é aceitar que o desenvolvimento de um sujeito do grupo não pode ser isolado do desenvolvimento da família (PEREIRA, 2012, p.14).
Destaca-se também como de fator relevante no desenvolvimento da criança o
ambiente escolar, pois além de proporcionar à criança uma estrutura física
diferenciada do ambiente domiciliar, proporciona também o convívio sócio moral,
através das relações interpessoais tanto na relação com seus pares quanto na
relação aluno-professor. Além destes fatores, na escola a criança passa a ter acesso
a novos conhecimentos, a sala de aula, os espaços externos, são organizados para
que haja constante progresso no desenvolvimento infantil, a cooperação dos
colegas, dos professores e funcionários da comunidade escolar tornam-se grandes
aliados para a criação de valores morais e equilíbrio emocional do indivíduo.
Este novo ambiente para a criança deve ser acolhedor e estimulador, além de
compreender a singularidade e aspectos culturais advindos do ambiente familiar do
aluno.
Um ambiente estimulante para a criança é aquele em que ela se sente segura e ao mesmo tempo desafiada, onde ela sinta o prazer de pertencer a aquele ambiente e se identifique com o mesmo e principalmente um ambiente em que ela possa estabelecer relações entre os pares. Um ambiente que permite que o educador perceba a maneira como a criança transpõe a sua realidade, seus anseios, suas fantasias. Os ambientes devem ser planejados de forma a satisfazer as necessidades da criança, isto é, tudo deverá estar acessível à criança, desde objetos pessoais como também os brinquedos, pois só assim o desenvolvimento ocorrerá de forma a possibilitar sua autonomia, bem como sua socialização dentro das suas singularidades (REGO, 2002, p. 47).
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Dentro desse contexto educacional e social, cabe aescola oportunizar
diferentes vivências para essas crianças, tanto em ambientes internos quanto
externos, sendo fundamental que o professor conheça as necessidades de cada
aluno, proporcionando-lhes dentro de suas características individuais um
desenvolvimento pleno.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo mostrou alguns aspectos dos fatores ambientais e
genéticosque influenciamno desenvolvimento motor da criança e que tem um papel
fundamental para o ciclo de vida, sem a pretensão de esgotar o assunto. Sendo os
fatores hereditários e os fatores ambientais ligados diretamente com influências para
um melhor desenvolvimento da criança. Portanto os fatores hereditários não se
desenvolvem sem um ambiente adequado, tal como o meio não terá efeito sem um
potencial genético, por isso, afirma-se que a hereditariedade e o meio interagem,
determinando o desenvolvimento orgânico, psicomotor, a linguagem, a inteligência,
a afetividade. Concluiu-seque os fatores hereditários sofrem grandes influencias nos
fatores ambientais, pois ao longo da vida ele sofre alteraçãono meio social e
biológico em que vive o individuo.
Devemos considerar que o ambiente em que a criança vive, tais como família,
escola, comunidade, é de suma importância, pois a criança que convive em
ambientes positivos tende a ser melhor nas escolas, nas habilidades motoras,
interagir com facilidade com crianças que correspondem às suas faixas etárias e é
nessa fase que determinarão que tipo de adulto ela irá se tornar.
Já nos fatores hereditários que muitas vezes é deixado de lado durante o
processo da gravidez, que são algumas das causas de incidência de anomalias
cromossômicas que influenciam no desenvolvimento da criança, que em muitos
casos crianças nascem com alterações cromossômicas, sendo este um dos fatores
que mais atinge as crianças que nascem com Síndrome de Down. Considerando
que durante o processo em que os pais decidem ter um filho cuidam neste processo
primeiramente com um acompanhamento médico para que possa ter uma gravidez
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saudável e a criança possa ter um bom desenvolvimentodurante todo o ciclo de vida
sem sofrer com as consequências dos fatores hereditários que os cercam.
REFERÊNCIAS
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HAYWOOD, M; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index. php>. Acesso em: Set/2015
PAPALIA, D. E; OLDS, S.W.; FELDMAN, D..Desenvolvimento Humano. 8ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.
PEREIRA, L. V.A influência do entorno familiar no desempenho comunicativo de crianças com síndrome de Down. Belo Horizonte, 2012.
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REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 13ª ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
RODRIGUES, L. GABBARD, C. Avaliação das oportunidades de estimulação motora presentes na casa familiar: Projecto affordances in the home environment for motor development. In Barreiros. Desenvolvimento Motor da Criança. Lisboa: Edições FMH; p. 51-60. 2007
SILVA, M. B.. SCHAPPO, V. L. Introdução a Pesquisa em Educação. Florianópolis: UDESC, 2002.
STORER, M. R. S. VOIVODICM. A. O desenvolvimento cognitivo das crianças com síndrome de Down à luz das relações familiares. Psicologia: Teoria e Prática, 2002.
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