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Reflexão do Padre Carlos Palácio, SJ Conferência Geral Canoas, outubro de 2014 Dia/02/10 Anotações livres de Ir. Araci M. Ludwig, snd Introdução O Google e a tradução simultânea não é de hoje. No dia de Pentecostes – todas as raças e culturas entendiam em sua própria língua a palavra de Pedro. Não vou discutir teorias de Vida Religiosa e nem entrar em questões polêmicas. Esta conferência é preparatória para o Capítulo Geral. E o que se espera do Capítulo Geral é que produza VIDA. No Capítulo Geral a Congregação se recolhe naquilo que é sua verdade mais profunda. Ou seja, salvaguardar o carisma. Significa guardar a qualidade da vida religiosa e fazer isto em confronto com o Evangelho. O Papa Francisco não se cansa em falar desta volta. O Evangelho não é evidente, não é obvio. É um espanto. Verificar a qualidade da vida da Congregação em confronto com o Evangelho em vista da vida do mundo. O papa insiste em uma temática: “eu espero de vocês... este testemunho: ou seja, os religiosos devem ser homens e mulheres capazes de despertar o mundo, de acordar o mundo”. O que significa acordar o mundo? Somos enviadas ao mundo que não é tabula rasa. Neste mundo já há uma presença de Deus profunda, oculta, oprimida, esquecida, mas Deus está aí. Ir ao mundo para acordá-lo. Para tirar dele o que há de melhor. Nem sempre é esta a maneira de nós vermos o mundo. Acordar o mundo significa ir ao encontro dos homens e mulheres que hoje carregam alegrias, dores, sofrimentos de todo o tipo. IR AO ENCONTRO deles. Esta aproximação é tornar-nos próximos. O mundo são os homens e mulheres concretas. Ir ao mundo é aproximar-se dessas pessoas. E sentir o que vivem e o que padecem. E exercer o que o papa chama de maternidade e paternidade. Este mundo precisa de pais e mães. A raiz da tristeza na vida material reside na ausência de maternidade e de paternidade e que vem de vivermos mal a nossa 1

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Reflexão do Padre Carlos Palácio, SJ

Conferência Geral Canoas, outubro de 2014

Dia/02/10 Anotações livres de Ir. Araci M. Ludwig, snd

Introdução O Google e a tradução simultânea não é de hoje. No dia de Pentecostes – todas as raças e

culturas entendiam em sua própria língua a palavra de Pedro.

Não vou discutir teorias de Vida Religiosa e nem entrar em questões polêmicas.

Esta conferência é preparatória para o Capítulo Geral. E o que se espera do Capítulo Geral é que produza VIDA. No Capítulo Geral a Congregação se recolhe naquilo que é sua verdade mais profunda. Ou seja, salvaguardar o carisma. Significa guardar a qualidade da vida religiosa e fazer isto em confronto com o Evangelho.

O Papa Francisco não se cansa em falar desta volta. O Evangelho não é evidente, não é obvio. É um espanto. Verificar a qualidade da vida da Congregação em confronto com o Evangelho em vista da vida do mundo. O papa insiste em uma temática: “eu espero de vocês... este testemunho: ou seja, os religiosos devem ser homens e mulheres capazes de despertar o mundo, de acordar o mundo”.

O que significa acordar o mundo? Somos enviadas ao mundo que não é tabula rasa. Neste mundo já há uma presença de Deus profunda, oculta, oprimida, esquecida, mas Deus está aí. Ir ao mundo para acordá-lo. Para tirar dele o que há de melhor. Nem sempre é esta a maneira de nós vermos o mundo. Acordar o mundo significa ir ao encontro dos homens e mulheres que hoje carregam alegrias, dores, sofrimentos de todo o tipo. IR AO ENCONTRO deles. Esta aproximação é tornar-nos próximos. O mundo são os homens e mulheres concretas. Ir ao mundo é aproximar-se dessas pessoas. E sentir o que vivem e o que padecem. E exercer o que o papa chama de maternidade e paternidade. Este mundo precisa de pais e mães.

A raiz da tristeza na vida material reside na ausência de maternidade e de paternidade e que vem de vivermos mal a nossa consagração que, na verdade, deveria levar-nos à fecundidade. O Capítulo deveria levar-nos a isto.

A conferência está articulada nas duas palavras: PALAVRA E MUNDO. Como se articulam estas duas palavras em nosso mundo NOTRE DAME?

Buscando caminhos novos, precisamos aproximar o conteúdo e a relação destas duas palavras. O enfoque será esta aproximação. Assim eu me situei.

Palavra e Mundo - buscando caminhos novos de vida e de missão

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Aproximar estes dois termos já nos diz que não podemos estar no mundo se não estivermos possuídos da experiência da PALAVRA, mas da palavra feita carne. O mundo não pode ser algo estranho de nossa experiência da Palavra.

Somos muitas vezes esquizofrênicos, em matérias religiosas! Vamos para a capela e depois vamos de qualquer jeito para o Mundo, para nossa missão. É preciso que percebamos que a mística da vida religiosa é integrar estas duas coisas: Palavra e Mundo. E ESPIRITUALIDADE só pode ser uma experiência encarnada. Não é qualquer tipo de prática religiosa e espiritual que nos pode levar para o mundo e também não é qualquer trabalho que nos questiona.

Focar-nos na PALAVRA. Temos que nos perguntar de que Palavra se trata, é lógico de que é a Escritura. Mas a palavra também pode ser morta. É uma Palavra que se fez carne. CARNE que se fez JESUS. Palavra feita carne, é perigosa. Mas aqui é confrontar-se com alguém, com JESUS. Esta palavra assim entendida tem relação e tem a ver com o mundo. Palavra feita carne com uma realidade intrínseca. A PALAVRA BROTA DE DENTRO DESTA REALIDADE mundana. Foi pronunciada de dentro do mundo.

A PALAVRA não é algo inocente, inofensiva. Não pode ser reduzida a um sentimento espiritual. Palavra que vive e que faz viver. A palavra me faz viver ou me deixa como está. Quando manejamos a PALAVRA é mais complexo e profundo do que à primeira vista poderíamos pensar.

O que podemos pensar do MUNDO? Faz-nos pensar o mundo físico, material, mas falamos do mundo cultural, social, não só da realidade concreta, mas do modo como o ser humano vai configurando este mundo. O ser humano vai criando cultura. Este mundo é cada vez mais secularizado. Neste sentido se conectaria ao que S. João fala de mundo. O mundo humano, enquanto resiste à palavra de Deus. Quando falamos MUNDO, temos que ter presente de que trata da realidade criada e configurada pelo ser humano, que é uma realidade querida e pensada por Deus.

Muitas vezes temos um olhar negativo. Só captamos os problemas, as contradições, as fragilidades; o que nos leva, então, a olhar o mundo como algo menos bom. Então corremos o risco de dizer: quando o mundo for melhor, vou levar o Evangelho. Jo 3,16: Deus amou tanto o mundo que lhe deu, lhe entregou seu próprio Filho. Precisamos olhar sobre este mundo com um olhar de ternura, de compaixão e de identificação que Deus tem com este mundo.

Quando falamos que naquele tempo era melhor, não temos condições de aceitar a realidade tal como ela é.

Por que o mundo moderno nos é tão difícil como MISSÃO? Somos impregnadas do mundo moderno. E nem sempre processadas evangelicamente, e depois criticamos o mundo. Nosso modo de pensar é igual ao do mundo. O que há de novo que nos obriga a repensar nossa espiritualidade e nossa atitude de ser enviadas ao mundo com novos desafios?

O que há de diferente no mundo de hoje, comparado a um século atrás? O problema da globalização é uma característica do nosso mundo atual. Estamos presentes no mundo de modo instantâneo. Mundo como aldeia global. As comunicações de todo o tipo, permitem que estejamos presentes em tempo real a qualquer momento. A globalização econômica e financeira é pior. Essa produz um arraso na humanidade.

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Hoje não sabemos para onde vamos. Ver Edgar Morin – livro sobre a viagem de avião sem piloto. Para onde estamos sendo levados? É um mundo descontrolado. Quem orienta, dá rumo a este mundo. Antigamente tínhamos claro o leste e o ocidente; o mundo comunista e o capitalista. Hoje não sabemos que mundo e em que mundo estamos.

Pergunta: Se Deus ama este mundo,Ele continua dando seu filho a este mundo? Não veio para

condenar, mas para que se realize e se salve. Em que sentido e como devem ser aproximados estes dois termos PALAVRA E MUNDO e que abram a Congregação para caminhos novos em termos de vida, de rumo e de mundo? Que consequências tem esta relação? O que significa, hoje, aproximar esses dois termos? Este mundo nos dói, nos incomoda, nos preocupa. E não sabemos como devemos estar presentes. Essa inquietação é a meu ver, a explicação de passados 50 anos do Vaticano II e ainda estamos buscando caminhos novos. Na macro História, 50 anos é nada. Na história pessoal é muito. Nesta busca estamos perplexos. Estamos colocando perguntas para as quais nem sempre temos respostas. Nessa busca entra tudo que há de essencial que há na vida religiosa. Não é uma questão periférica. Estamos buscando o sentido de nossa vida religiosa. Que não pode ser dado por evidente e por suposto. Trata-se de nossa vida e missão. Qual é o sentido?

Outra maneira de formular a questão: Perguntar-se o que significa ENCONTRAR-SE COM A PALAVRA E COMPROMETER-SE COM O

MUNDO, é perguntar-se o que somos. Trata-se da IDENTIDADE. Quem somos no mundo em contínua transformação?

A pergunta para reflexão pessoal:Qual a relação entre PALAVRA – MUNDO e a compreensão que eu tenho da VIDA

RELIGIOSA NOTRE DAME?Até que ponto a relação entre Palavra e Mundo interfere na minha maneira de

compreender ND?- continuo com o desafio de aculturação- Espiritualidade inculturada e de AÇÃO. Como Congregação apostólica, nossa missão (apostolado) é parte de nossa vocação-chamado. Não são acessórios, um tempo do trabalho, e outro de espiritualidade, de oração.- ver Filipenses 2,5-11- Encarnação de Jesus – um Deus que se tornou próximo, “Deus que se fez gente como a gente”. Deus que se fez PALAVRA e armou a sua tenda entre nós.- Desafio de aprofundar um texto e fundamentação do CARISMA: “A Bondade de Deus e seu amor providente”. O bom Deus – o beau Dieu – Jesus de Nazaré (1804 e 1850)

Palácio: Vou retomar como um todo as questões acima, porque são aspectos relacionados. A Palavra feita carne é Jesus. Porque aqui temos o que é a espiritualidade, o envio. Aqui

temos pistas para compreender a nossa identidade de seguidoras de Jesus. É a nossa diferença de estarmos presentes no mundo!

Talvez um dos dramas mais difíceis da VR, é recuperar a identidade do que ela é. Falava de esquizofrenia. A VR não é o que cada uma vive, mas falo da VR como comunidade, de vida e missão, como totalidade. Desta VR, se perdeu o que dava unidade, sentido e dinamismo para se entregar a uma missão concreta. A VR apostólica não sobrevive se não recuperar a unidade. Não podemos viver fragmentadas. A fragmentação é mortal

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para a VR. Temos que recuperar a unidade de vida. Sem essa recuperação não sabemos quem somos e a quem somos enviadas. Muitas vezes nos dedicamos exaustivamente, mas não testemunhamos, porque são atitudes individuais.

O ícone de Jesus feito carne – é o SER enviado a nós. A identidade de Jesus é inseparável do que Ele é para nós. A sua identidade é ser enviado e para nós. Não posso dizer: Sou religiosa de um lado, e a minha missão é outra coisa. A minha missão é o que eu sou. Por exemplo, na China, ainda não podemos explicitamente dizer quem somos, mas nosso modo de ser deve transmitir o que somos, mesmo que não o formulamos. Jesus, de alguma maneira ao ser enviado pelo Pai para ser um de nós, se faz presente, sem ter palavras, o que Ele é.

ENFANT(INFANTE) – não tem palavras para explicar-se, mas a presença do Menino Jesus fala. É uma presença inseparável do que ele é. A identidade dele é inseparável do Ser que ele é. Ele não fala, mas diz tudo. Antes de falar, ele realiza sua missão, que diz tudo d`Ele. Temos que nos espelhar no ícone de Jesus. Nossa identidade, nossa missão é inseparável do que somos e transmitimos.

Isso é fundamental do que vivemos na VR e na Igreja. Uma das feridas da VR é a desestruturação da missão na vida religiosa. Separar o ser e o fazer. Qual foi o resultado dessa separação? A gente pode ser de uma maneira e agir de outra maneira, e tanto um e outro pode ser totalmente incoerente. O meu ser religioso não pode se reduzir a práticas religiosas que identificariam meu ser religiosa. O meu ser religioso não pode se reduzir a tarefas. Interessa o que eu sou e no que eu sou, eu transpareço. Superar a fragmentação é trabalhar para que nossas casas de formação transmitam que se as jovens entram na VR, se optam por uma maneira, tem que mostrar que se saiu de um lugar para outro. Muitas vezes entramos na VR e não nos damos conta da mudança de mentalidade do que a VR exige. Isso pode parecer um juízo muito duro. Não se trata do juízo das pessoas. O que se dá no interior das pessoas, só Deus julga, mas como um todo da VR. É preciso que ajudemos as jovens para que sejam coerentes com aquilo que querem. Que as jovens percebam a seriedade do passo que dão. Entram para um modo de ser. Não são teorias, não são dois modos de ser. O que significa ser uma forma de vida. Os que entram na vida religiosa, captem isso; eu posso ser acadêmico por missão. Mas o que dá o sentido não é isso. A VR atrai pela forma evangélica de ser profissional ou não.

A visibilidade da VR é o ser; se por trás do que fazemos não transparece o que somos, perdemos tudo. Chamados a uma vida religiosa apostólica: o que eu sou é inseparável para os outros, eu sou para ser enviado. Se um jovem quer ser religioso, deve ser pelo que somos e fazemos e não pelo que temos. A unidade da vida deve ser recuperada.

Fazendo a experiência da identidade, fraternidade e missão, recuperamos a unidade. Esta é a mística da VR. Não pode ser o trabalho, por mais generoso que seja, nem a oração na capela, por mais devota que seja. Voltemos a Jesus.

Ele manifesta seu sentido na relação com o Pai que envia a Jesus. É a presença do Pai que o

habita que transparece. Nossa espiritualidade nos faz viver e alimentar essa vida. Exige momentos

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de oração. Jesus se afastava dos outros, para voltar a eles plenamente entregue. Nesta vida de Jesus podemos encontrar a UNIDADE da VR apostólica.

Ver Fil 2,5-11:Nosso dilema é, muitas vezes, agarrar-nos ao que fazemos, é muito humano, isso não é

mau, mas isso me faz perder a liberdade,e se digo que sem isso não sou mais eu, não sei mais quem sou. Temos que amar as pessoas como Jesus com uma suprema liberdade. As armadilhas dos fariseus: chamavam-no mestre: “autoridade” porque essa vida tem essa força. Jesus abre mão de ser filho. Aceita a aprender de outra forma. Aceita ser filho de modo humano. Nessa fragilidade humana que Jesus vai ser a expressão viva de Deus. João diz: a Deus ninguém viu. O Filho o revela. “Quem me viu, tem visto o Pai”. Essa é a identidade, a mística de Jesus. Depois poderá fazer uma infinidade de coisas. Mas isso só tem força porque causa de sua identidade. Aceitou livremente, abre mão do que era para ser de outra forma.

O mundo é um mundo em mutação, não só de mudanças. Neste mundo não podemos esperar muito tempo para dar respostas, temos que dar respostas; a provisoriedade neste tempo faz parte de nosso mundo. Devo dar uma resposta hoje, amanhã preciso dar outra resposta. É diferente, parece igual, mas é diferente. Precisamos dar respostas imediatas. A dimensão de hospital se insere na economia de mercado e então não responde aos pobres, muda o contexto social e cultural. Hoje quem utiliza o hospital é para outra finalidade, a não ser que seja a partir do SUS (Sistema Único de Saúde).

A VR só poderá sobreviver se existir a unidade entre vida e missão. É isto que lhe dá sentido e dinamismo. Sem isto a VR corre o risco da fragmentação. Temos que recuperar a liberdade que o mundo de hoje exige.

A Identidade deve ser a expressão de nosso ser e do nosso fazer. Algumas questões apresentadas:Pergunta:

É evidente que a vida comunitária de uma congregação apostólica, não tem o mesmo sentido da vida monástica. Nós somos enviadas para os outros, a urgência dos outros tem que passar na frente dos demais compromissos. A vida comunitária é para a gente se dispersar e não para nos manter juntas. A vida religiosa apostólica não é para estarmos juntas a fim de estarmos bem. Se estamos juntas é para sermos enviadas.

Vida comunitária significa vida em comum. Sim, mas em comum temos poucas horas, a denominação vida comunitária não ajuda avançar, mas talvez a gente poderia se perguntar: por que estamos juntas e para que estamos juntas? Estar juntas aponta para uma vida fraterna. Fomos chamadas e Ele nos coloca juntas para enviar-nos. A missão é do grupo e não da pessoa. A missão de uma ND não é o somatório do que cada uma realiza. É muito mais. Somando o que cada uma faz, não temos o todo do corpo. Fazemos parte de um corpo para sermos enviadas em missão. De modo que se eu sou enviada, sou uma parte do corpo. Comungo do que a Irmã lá na outra ponta está fazendo.

Palácio pergunta: o que vocês fazem aqui? O que as mantém unidas? Isso não é normal no mundo lá fora. Vivemos em rupturas, num mundo fragmentado. Islã contra o ocidente. A força da convivência das raças, das culturas, esta é a força da vida religiosa. Estarmos juntas sem nos ter

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escolhido. Isso é a fraternidade, podemos viver na tensão dos conflitos, respeitar, abrir-nos aos outros.

Vida fraterna é melhor que vida comunitária. O horário é como nós queremos, o critério é a vida e não as práticas. O conceito de vida comunitária está modelado à vida monástica. Temos que investir na vida fraterna. SP diria, precisamos nos suportar uns aos outros. Assim se tecem laços afetivos, isso já é um questionamento para esse mundo afora.

Fraternidade sim, mas trabalhada para sermos enviadas. Não para nosso bem-estar, é preciso uma grande mística. Pergunta:

Evidente que uma das questões a ser resolvida pela VR na sua maneira de ser na Igreja é determinar que lugar ocupa na comunidade eclesial. Temos uma situação difícil, muitos séculos todas as formas de VR foram obrigadas a entrar num mesmo tipo de vida. Esse artifício só é possível no Direito Canônico. O Espírito não entra no DC. A VR, no Vaticano II, foi chamada às fontes, então não pode ser normatizada pela DC.

A VR perdeu o prestígio na igreja, e com isso perdeu o apreço evangélico. Hoje, socialmente, somos desprestigiados. A sociedade se secularizou, a vida religiosa não tem mais sentido.

Na vida eclesial, a VR não tem boa fama; para alguns perdeu sua mística; para outros se mundanizou; deixou de ser religiosa; Vida Consagrada é seguimento de Jesus. Muitos bispos querem mão de obra para sua diocese, podemos até fazer, mas a VR não é para ocupar a vida presbiteral.

Há tensão entre ajudar a hierarquia; eles não estão aí com o que podemos ensinar. O diálogo aberto é muito difícil. O papa Francisco rompe estes esquemas; hoje temos um grande aliado no papa. Pergunta:

Como estar presente de forma significativa hoje; me sentir desafiada e engajada significativamente, no contexto de nosso mundo?

Palácio: As duas perguntas ajudam a aprofundar mais concretamente a necessidade de construir

a UNIDADE da VR. É uma unidade entre a mística e espiritualidade fundante. A vida fraterna se ilumina e não pode ser articulada separadamente.

Qual deveria ser a nossa melhor presença na realidade, para qualifica-la significativamente? Insensivelmente escorregamos na quantidade; a qualidade nem sempre pode ser medida. Trata-se de qualidade de vida. Como qualificar uma presença, sem cair na tentação de quantificá-la? O que não é quantificado, não presta. Quem não produz, não serve. Uma pessoa de idade pode não produzir, mas pode ser qualificativa; uma presença qualificada deve-se notar de uma maneira. Podemos ser enviados a uma zona de conflito. (Islã e comunidade católica): há religiosos que foram enviados a essas fronteiras. É desafiador. Porque este envio, esta missão, não poderá ser vivida em termos quantitativos. O que significa a minha presença para os outros? Sou enviada a um contexto que não me quer e nem sabe quem sou. É uma presença desarmada.

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Começo por estar. Estou com os outros pelo que sou. Ele não tem nada a ver comigo. Exemplo: os religiosos assassinados na Argélia. Começaram convivendo. Esta presença não foi suportada. Nossa missão não pode começar pelo explícito da missão. Na China, não podemos entrar anunciando o evangelho. É um tipo de presença, aparentemente inútil. E nesta insignificância aparece a ENCARNAÇÃO DE JESUS. Jesus se encarna de modo gratuito, insignificante.

Jesus confia a missão a um grupo de homens e mulheres tímidos, temerosos,confia a missão a esses, nossa presença sempre anseia por tornar-se visível. A única maneira que temos para agir é o DISCERNIMENTO. A missão começa pelo que somos e o que nossa presença deixa entrever. Luanda e Ruanda – guerra étnica. PERMANECER significa ser fiel ao que Ele era em meio a essa contradição. (Jesuítas em lugar de conflito) - O que o faz ser jesuíta é o que lhe dá força para permanecer em situações contraditórias. Em nossa cultura ocidental, de somas e de administração, o modo de se fazer presente depende do modo de como somos enviadas. Que tipo de presença exige esta ou aquela realidade de nós? O discernimento é muito importante. Avançando – Pe. Palácio

Muitas perguntas destas que nós fazemos, podem estar nesta questão:

Mc 8,27-33: este texto responde ao movimento do Evangelho. Jesus aparece com todo o dinamismo da missão. “vs 34: Quem quiser seguir-me, carregue a sua cruz e me siga”. O resto do evangelho é para confrontar os discípulos, se querem ou não seguir Jesus.

A pergunta de Jesus é curiosa:“quem dizem os homens que eu sou” – Jesus está pouco interessado na imagem que os outros tem d’Ele. Não é a opinião dos diversos setores da sociedade que o incomoda. Diante desta variedade de opiniões, Jesus quer que os discípulos tomem posição e Jesus faz esta pergunta no caminho. Mais de uma vez aludi à necessidade de termos uma resposta a nossa identidade de VRC. “Que dizem os outros da VRC”? dizem pouco da VRC. Perdemos o prestígio. Estamos entregues às traças, estamos abandonados. Há uma maldade em querer caracterizar a VRC como rebelde, que entra em conflito com a hierarquia, ou se politizou, virou uma ONG. Neste contexto nos é dirigida a pergunta: “E você, que você diz desta vida?” pode ser uma pergunta supérflua ou indiscreta. Mas é fundamental. Não podemos responder de uma vez por todas. Talvez um dos males, é responder de uma vez por todas. O que é evidente, é perigoso. Isto significa que já nos acostumamos. Perdeu a força e o dinamismo e então fazemos reestruturações, reformas e voltamos ao mesmo xadrez.

Em nível pessoal, porque eu estou na vida religiosa hoje, e porque permaneço na vida religiosa? Quem opta hoje pela vida religiosa, deve saber dizer o porquê. Esta resposta deve ter consistência, temos que ter muito cuidado na seleção das vocações. Se queremos recuperar a radicalidade, precisamos ter coragem. “Qual é a razão pela qual você quer a VRC”. Algo deve ser feito para o corpo apostólico.

Quem somos, o que queremos? Não podem ser respostas decoradas, mas dadas com nossa vida e missão.

Esta pergunta poderia ser traduzida pela nossa IDENTIDADE, não abstrata, que é um mal da Teologia da VR. E nem respostas descontextualizadas. Este tipo não responde ao que é nossa responsabilidade pela vida VR. Nossa IDENTIDADE é uma responsabilidade histórica e por isso aberta, não completa, nós estamos respondendo pelo que somos e não por aquilo que temos formulado. Nossa identidade é histórica e isso nos remete ao contexto e à realidade que nos

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interpela. A identidade é uma identidade em construção. Nós nascemos seres humanos. Tornamo-nos humanos à medida que estamos nos tornando, isso é uma experiência humana. É um modo processual. Identidade aberta e incompleta, não se esgota no que fazemos. Se definimos, isto é parte de nossa identidade, isto é limitar a identidade a que nós fomos capazes de definir. Rahnner dizia: “em termos de vida cristã não passamos de noviços.”

Este recomeçar vem da realidade a que somos enviadas. Vamos avançando e sempre recomeçando. Formar nossos formandos, não é transmitir verdades ou ensinamentos fixos. Precisamos ensinar experiências que os marquem profundamente. Assim preparamos jovens dentro de um dinamismo. Dizer a nível pessoal podemos querer parar, mas não como corpo. Precisamos formar diferentemente, de outro modo as novas gerações.

Muitos dos obstáculos, no tempo pós-concílio, vieram da própria igreja: desarticulação. A Igreja ficou confundida no pós-concilio, isto passou para a VR. Outros obstáculos viram da sociedade. Em pouco tempo passamos de uma sociedade estruturada para algo completamente novo. Somos filhos deste tempo, precisamos respirar o ar. A gente não pode não estar nesta sociedade. Respiramos as conquistas e os desafios deste mundo. É neste sentido que a VR experimentou a fragmentação ou a desestruturação da unidade. Cada um foi procurar sentido, meio desarticulado. Agora precisamos reunir estes fragmentos, unificá-los e dar a mística que deve animar.

O que é para você hoje a VR? Só podemos viver com sentido e ajudar a construir com sentido. Se soubermos e pudermos responder a pergunta: porque estou na VR e porque fico nesta VR? Muitos estão na VR vegetando, são um peso morto. São parte do corpo do qual faço parte. E deve ser carregado por nós de modo evangélico. Este peso não pode decidir o que deve fazer a vida religiosa. É um corpo atrofiado. Isto pode ser doloroso para nós. Mas precisamos colocar o dedo na chaga.

Para os jesuítas, no Brasil, o desafio não é apenas reunir as províncias. Para RECRIAR precisamos ver onde estão as chagas que nos doem. Temos que ter coragem de dar nome às coisas e não simplesmente fechar os olhos. Há paliativos para vida espiritual, temos que ter coragem de dar nome, reconhecer e ter coragem de curar. Os jesuítas estão criando algo NOVO e não é só reunir.

A nossa tentação é a de Pedro; ele agarrou Jesus, levou-o para o lado: “Deus te livre...” – e Jesus disse:“vai para trás satanás. Não passa na minha frente. Não tente dizer qual é o meu caminho”.

Vamos ficar com esta pergunta: não é para desanimar, mas ABRIR OS OLHOS PARA A REALIDADE, que deve ser encarada, para dar solução.

Duas coisas importantes: a realidade pode dar de si muito mais que a gente imagina. A gente tem uma visão de momento, quando se insiste, aprofunda, empenha, a realidade acaba mostrando outras coisas. A realidade não é o que temos na cabeça. Muitas vezes trabalhamos com ideias pré-concebidas. Temos medo do perigo e do fracasso. Para não fracassar, não se faz nada.

A segunda lição: com quem você conta para isso? Conto com os meus irmãos, não com o que dizem que são, mas com o que são de verdade. Na maioria das vezes vivemos na superfície e

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as pessoas não deixam se transparecer. Quando mergulhamos nas pessoas, vemos que tem possibilidades que não foram incentivadas. Esta não é a função da superiora? Não houve alguém que soube olhar dentro. Esta era uma das características de Jesus:“ninguém te condenou” nem eu te condeno, isto nós perdemos na VR. A função de superiora virou um guarda de transito, passa, fica, não pode, agora pode! Com a licença do superior se pode fazer as maiores barbaridades. A questão é até que o ponto o superior me devolve a liberdade, você é responsável pela sua vida. O que você faz? Muitas vezes as pessoas não dão nada, porque ninguém as desafiou.

Temos razões de sobra para ver que o momento que estamos vivendo é de graça. Sabemos olhar este momento como dom de Deus, como desafio? Dia/03/10Pe. Palácio: Reflexão a partir da carta do Papa – ALEGRAI-VOS

De certo modo, o papa está nos introduzindo no diálogo entre o Mundo e a Palavra de Deus.

O papa Francisco através de opções concretas e de maneiras de viver,está interpretando para nós o que significa o diálogo entre DEUS E MUNDO. Entre PALAVRA E MUNDO. Isto é iluminador. Isto só se realiza quando encontramos em nós o diálogo, vida e missão.

Ver Const. 42, “Quando oração e trabalho constituírem uma única resposta de amor, nossa vida terá realizado a unidade”. A unidade se faz na vida, no modo de viver, nas opções concretas, e se faz entre a escuta da Palavra e a Missão. Trata-se de encontrar um modo de ouvir a Palavra que nos ajuda a encarná-la na vida e na missão. A Palavra está no mundo e o mundo está na Palavra.

Situando isto no contexto mais amplo – trata-se em saber levar adiante a palavra orante; é integrar Palavra e Mundo:

Leitura Orante: trata-se da Palavra de Deus dirigida a alguém. A Palavra de Deus não é a escritura, mas é uma palavra dirigida a uma comunidade concreta. Isto vale para o Antigo Testamento e para o Novo testamento. Deus dirige a palavra que lhe dá sentido na vida. No novo Testamento ajuda a explicitar de que vive esta comunidade. A palavra explicita. O sujeito interpreta a palavra, este sujeito é a comunidade.

Lc 4: Tentações de Jesus. Jesus é empurrado pelo Espírito ao deserto.

- Pedra: se és filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão. Jesus recorre à Palavra para dizer qual é o sentido da vida dele. O homem não vive só de pão. Também para nós, buscamos vida e encontramos sentido para a vida. O texto remete a uma comunidade que o carrega. As comunidades carregam as palavras dos apóstolos. Os textos abrem um horizonte de compreensão. A palavra desperta um sonho de um mundo. Nós pertencemos a um outro tempo. Os textos não foram escritos para nós. Nós somos de outro tempo, mas entramos em diálogo com esta palavra. Nós vivemos em um outro contexto. Temos nossas dúvidas e contextos. Vamos com estes desejos na Bíblia e entramos em diálogo. Deus fala a nós na convergência das palavras da Bíblia e da realidade, e a escritura me devolve uma resposta. A palavra antiga ao ser lida com a nossa preocupação, nos dá uma resposta nova. Toda a leitura da Bíblia é uma releitura. Estamos lendo com outros olhos com outra perspectiva, estamos reinterpretando.

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No AT, por exemplo, as alianças. São várias leituras, mas é uma mesma ALIANÇA. As situações mudaram. É uma aliança. Assim no NT a carta aos hebreus, é uma carta escrita aos cristãos judeus. Pela perseguição tiveram que fugir pela Asia, Siria e começam a olhar para o passado, lembrar com saudades o que deixaram para trás. O autor da carta entra na experiência espiritual e faz compreender que o TEMPLO agora é Jesus Cristo. O lugar onde vão encontrar Deus, não é a casa, mas é a pessoa de Jesus. Os rituais não são mais para estar em paz e quites com Deus, porque a entrega foi feita por Jesus uma vez por todas. O sacrifício se faz quando a PESSOA se entrega.

Em Marcos – os discípulos de João jejuam, e vocês - enquanto o noivo estiver com os amigos - como vão fazer penitencias? Devem desfrutar.

João retoma esta imagem do noivo, nas BODAS DE CANÁ. A presença de Jesus trás alegria para a festa. O que João e Marcos fazem com a figura dos esposos é reler o que Ezequiel fez: esposa, prostituta. A fidelidade agora é do esposo e não da prostituta.

Ver o texto da escritura: como se relacionam nele a Palavra e o Mundo. São dois exemplos:

Lc 1,26-38: Lucas faz um paralelismo entre Jesus e João: anuncio do anjo a Maria e a Zacarias. Como aparece nesse texto a Palavra e o Mundo.

No sexto mês Deus enviou o anjo. “O Espírito Santo virá sobre ti, pois nada é impossível para Deus!” – “Realize-se em mim tal como diz esta palavra.”

O Mundo: Alegra-te, a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré.Maria faz parte do mundo.Perturbação. Reflete o que significa: Não sou casada... Tua parente, Isabel, concebeu em sua velhice! Aqui está a serva do Senhor!”

Sinal: tua prima está grávida. Maria se dobra à PALAVRA...

Lc 2,1-20: - Mundo: Neste tempo – Augusto – realidade mundana... ordena um recenseamento.

- Quando Quirino era governador da Siria - isto perturba o povo. Maria grávida.- Se completa a gestação e Maria dá à luz e o coloca na manjedoura, porque não havia lugar para eles...- Os pastores que se dirigem a Belém para ver o que aconteceu- Maria não entende e medita no seu coração

- Palavra: anjo aparece aos pastores, os envolve de esplendor e eles ficam atemorizados. Não tenhais medo! Eu vos trago uma grande notícia que é grande alegria para o povo: nasceu para vós o Salvador, o Messias, o Salvador.

Sinal – criança envolta em panos e deitada em manjedoura.Os pastores então contaram o que lhes tinha sido dito a respeito do menino.Louvor dos anjos a Deus.

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Page 11: reserved.snd1.orgreserved.snd1.org/.../2015/08/PalacioThemeTalk2014-P.docx · Web viewA raiz da tristeza na vida material reside na ausência de maternidade e de paternidade e que

Leitura orante de S. Inácio, na qual se aproxima do texto com as preocupações e o imaginário que ele tem: contemplação da encarnação. O que isso nos ensina, para o modo de lermos a escritura e a palavra em relação com o mundo.

- a história: contemplar como as 3 pessoas da Santíssima Trindade contemplavam o mundo...

- o mundo de hoje: As pessoas vivem de maneira tal que tornam impossível a vida e fechando-se ao amor de Deus, se perdem e vão para o inferno.

- não é tanto ficção: o Filho se fez carne. Deus amou tanto o mundo que lhe entregou o Filho! Como Deus olhou o mundo! Como Deus foi tocado por este sofrimento.“Quando chegou a plenitude dos tempos, o filho nasceu de uma mulher, sujeito à lei.” Gal 4,

- nós temos que contemplar o mundo, a realidade humana, este mundo ao qual somos enviados, temos que contemplá-lo na sua concretude e sentidos, como se apresenta tantas vezes,em cor, em línguas ... Como Deus olha para este mundo. O que predomina no mundo é o mal. Isto nos choca; contemplar este mundo com o olhar de Deus.

- Vamos contemplar este ícone 3 típticos:

Deus – Maria – Menino – ver as pessoas do mundo, mas ver como Deus enxerga esta realidade. E ver Maria, Nossa Senhora em Nazaré e o anjo que se aproxima dela.

- ouvir o que falam estas pessoas. No mundo, OUVIR o que falam estas pessoas: gritos, blasfêmias. Ver e ouvir o que falam as pessoas da Trindade. A Trindade: façamos a REDENÇÃO. E ouvir a conversa entre o anjo e Maria.

- olhar o que fazem as pessoas, no mundo, a Trindade. Enviar o Filho para que seja UM nesta realidade e olhar o que fazem o anjo e Maria.

Onde vamos chegar: - a algo que é fundamental, se quisermos que a Palavra interpele o mundo...

1 – a realidade é mais do que a gente consegue ver: isso é importante. Frequentemente nossos desânimos e decepções vem assim: fazemos assim com a sociedade, precisamos descobrir a realidade, dá mais de si do que conseguimos captar. Quando fazemos um juízo da realidade, estamos pensando que Deus está nisso? Em geral não pensamos. Mas Deus está. Como Deus está na Igreja contraditória, na injustiça do mundo, na vida religiosa desintegrada. A Palavra feita carne é para valer. Se Deus está, temos que aprender a reconhecê-lo...

2 – vocês acreditam que Deus está presente neste mundo? Agindo? Onde Deus está? No que estamos, no que fazemos, na perturbação de Maria? Ela se dobra sem entender que se faça, disse Maria. O que posso eu fazer?

3 – Kenose de Jesus Cristo: é contemplar Deus pelo avesso, na impotência, no silencio, isso tem que ser contemplado, ou contemplamos na natureza, que não tem nada de kenose. Inácio coloca a Palavra no coração do mundo. ELA fala alguma coisa para nós ou não. Contemplar o mundo numa dimensão MACRO e de outro lado, na casinha do rincão, perdida. Tensão entre o macro e o micro. O que Maria pode mudar? Do Sim de Maria depende que Deus possa se fazer CARNE. Maria introduz algo novo, germinal, impotente; esta é a salvação do mundo...

4 – A cura e a transformação do mundo dependem de uma mulher desconhecida, simples, jovem, pobre.

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5 – Uma das razões pelas quais nos debatemos entre uma vida espiritual e a missão pela qual nós entregamos, é que colocamos entre parênteses o quadro central. Agimos como se Deus não existisse. O grande perigo para a vida espiritual é pensarmos a transformação do mundo à margem do que Deus quis fazer. Deus transformou o mundo, não magicamente. Não somos nós que resolvemos os problemas. Agimos como se fôssemos nós a transformar, mas é DEUS QUEM TRANSFORMA. Agimos como se Deus estivesse longe, hipoteticamente falamos de Deus. Isto nos faz perder a ESPERANÇA.

6 – Temos que tomar consciência que dentro deste tríptico se não fazemos a experiência de Deus, deixamos de ser cristãos. Só sobra o mundo como campo de trabalho e nós que, queremos transformar este mundo. Deus fica fora. Que teria acontecido, se Maria, não tivesse aceito a palavra que o anjo lhe dirigiu? Maria vai ao encontro de Isabel, é o dinamismo dessa palavra que age através dela e se põem a serviço de Isabel.

7 – Ouvir a palavra, acolher a palavra que me surpreende como Maria. Esta palavra sempre vem de fora, não o que eu penso. Ideologia da missão secularizada, precisamos nos cuidar disto. Para muitos parecemos como participantes de uma ong que se organiza para fazer o bem. O que muda com a nossa presença?

Retomar as Constituições 42... UNIDADE. Não basta boa vontade, é preciso entrar no processo de transformação, é preciso se deixar perturbar pela palavra. Não é qualquer prática espiritual que alimenta, mas uma que deve dar vida e sentido ao que fazemos.

Nesta secção – vamos partilhar os aspectos da relação entre PALAVRA e MUNDO, o que isto significa para ND?

Intervenções

Conexão Palavra e Mundo x Constituições.Const. 44. Eucaristia:

Como é importante para nós lermos as Escrituras, ler a Palavra no contexto, entrar em diálogo entre a Palavra e o Mundo como SNDs. O que fazer então?

Nosso Carisma no Mundo- Intervenções do Pe. Palácio:

Duas intervenções muito simples a respeito do que foi dito. Interessante é que várias falaram que a partir do que foi dito, tiveram vários insights. Não é tanto o que falei, mas uma experiência. Com frequência lemos as Constituições de modo enfadonho: já li, já vi. E com isso perdemos o que tem de mais profundo dos textos fundacionais. Quando falamos, muitas vezes são textos decorados e isso não passou em nosso coração. Muitas vezes me faço dono, dizendo eu sei que isso tem significação. Uma das maiores grandezas da fé cristã é ser incompleta e humilde. Precisamos entrar cada vez mais, entrar naquilo que amamos.

Quando nos deixamos questionar por uma palavra que vem de fora, isto fala com uma força inesperada. Isto acontece com textos fundantes como o Evangelho e as Constituições.

Precisamos ter um conhecimento do que é a Escritura. Não necessito ser um exegeta profissional, ou especialista, mas precisamos ter um conhecimento prévio do que é esse livro da

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Bíblia. As Escrituras não são ditadas diretamente por Deus. Elas tem uma história. Elas devem ser entendidas em cada gênero literário em que se apresentam. Não podemos cair no fundamentalismo e nem em leitura subjetiva. De uma Palavra de Deus lida por mim, não posso fazer com que a palavra diga qualquer coisa ou o que eu quero. Respeitar o que ela quer dizer, os evangelhos não são biografias, nem textos para manipulação.

Para uma boa Leitura Orante precisamos ter conhecimento das Escrituras.

A Palavra escondida no Mundo. Precisamos aprofundar o que significa o núcleo duro da fé cristã. Ali onde se choca nossa fé racional. A Palavra se fez carne. Isso não é fácil de admitir. Ver isto em texto concreto: 1Jo4,2ss - “nisto reconhecereis o espírito de Deus, todo espírito que não confessa Jesus na carne, não vem de Deus.” Esse núcleo duro nos obriga a repensar nossa ideia de Deus. Deus se revela em Jesus feito carne. Só podemos pensar um Deus humanizado. Deus se fez carne, mundo, vulnerabilidade. Esta realidade foi transtornada por Deus, está chamada a ser mais. A Palavra escondida tem a ver com o núcleo central da fé cristã.

Outras partilhas

Gratidão porque ajudou a ver uma outra dimensão da Palavra e Mundo. Que consequências tem a Palavra e Mundo como renovação ND? Enviadas a encarnar o amor do bom e providente Deus – leitura do texto no contexto – nossa realidade no contexto - para sermos fiéis para aquilo que fomos criadas como NDs. Compaixão de Deus pela humanidade, ternura e compaixão neste mundo. Continua Pe. Palácio

Vocês estão focando algo muito forte nas Constituições. Refiro-me a algo que é fundamental. As Constituições falam com expressões contundentes. O Carisma ND está centrado em Jesus Cristo. Essa centralidade da vida e da missão em Jesus deveria ser mais elaborada para dar mais unidade. Esse centramento diz também qual é o centro da espiritualidade de vocês.

Encarnar o amor do bom e providente Deus dá responsabilidade para tornar visível esse amor encarnado.“Tornar visível” tem a ver com o lado quenótico da Encarnação. Acentua o fato de que o Filho de Deus na paixão Lhe será lhe aplicado o 4º Isaías, que a gente não queria nem olhar. Jesus faz visível a Deus de uma maneira em que a realidade humana está desfigurada. E pela qual não podemos ver Deus presente, e, no entanto, Jesus O revela. Marcos na morte de Jesus (15,37,ss), Jesus lançando um grito e expirou. O véu do templo se rasgou. O centurião que estava à frente, ao ver como expirou disse: “só um Deus podia morrer assim!” No escondimento da morte, um pagão reconheceu que só Deus podia morrer assim. Como ver Deus aí? Como isto purifica a ideia de Deus que nós temos? Muitas vezes associamos Deus à beleza, à natureza, mas o Deus cristão é o desfigurado. O que a Palavra faz é olhar de outra forma essa realidade. Deus cria tudo. E tudo era bom, mas qual é a beleza do injustamente desfigurado? Hans Von Baltazar, no texto – Herrllichkeit – Os Aspectos Estéticos da Revelação. A glória de Cristo aparece na glória do crucificado. A fé cristã é louca. Só quando conseguimos contemplar a beleza em Jesus, o crucificado, então a realidade humana oprimida é iluminada por essa Palavra. Como fazer a diferença, quando somos enviadas a essa realidade? Também, às vezes, impotentes e sem palavras, em certas realidades humanas, é calar e estar. Com frases bonitas, estragamos tudo. “Assim - só Deus pode morrer” não tem explicação. Ou se capta ou não se capta. Somos enviadas, muitas vezes ESTAMOS ENTRE OS POBRES. Estamos aí. Não fazemos nada. Isso pode ser

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compreendido quando a pessoa, como o centurião - aqui só está presente por amor e pura gratuidade - o outro tem que captar.

Por que você está aqui? É difícil compreender a densidade da presença, é uma presença silenciosa que introduz a esperança – e esta não se explica.

O que temos que fazer. Viver e estar presente de tal modo que se um dia nos dissessem ‘você foi um tolo, Deus não existe’ e nós poderíamos dizer: mas eu não me arrependo. O que vivemos vale por si mesmo, por graça de Jesus Cristo. Vivemos mesmo que nos digam que Deus não existe, tudo nos é colocado como graça. E tem valido a minha vida. O que é ser coerente, aderir e ser seguidor de Jesus que viveu e morreu por amor.

Texto e contexto - não deveríamos espiritualizar nossa experiência. O Evangelho está cheio de como a vida de Jesus incide sobre a vida humana. Ver os operários da vinha (8h 9h 12h), são desempregados mesmo. Jesus não disse que iria resolver o desemprego, mas no Reino há lugar e trabalho para todos. Ler no texto e contexto para não desvirtuar.

Relação: Palavra / Mundo e Constituições – Pe. Palácio

1 – DIMENSÃO CRISTOLÓGICA - da vocação NotreDame

Prólogo 3. - centradas em Jesus Cristo.Nr. 13 – Vocação da Castidade consagrada. Livremente aceitamos o convite de Jesus Cristo, fazendo d´Ele o centro de nossa vida. Resposta a um convite. Nr. 5 - JC redimiu-nos e pelo batismo chamou-nos capacitando-nos para sua missão;nr. 6 – em seu amor chamou-nos. Nr. 7 – respondemos livremente ao amor de Deus pela doação a J. Cristo e aceitamos o seu estilo de vida. “Estilo de vida” – forma de vida evangélica – forma de vida de Jesus. Forma de vida é mais forte que estilo de vida. Estamos configurados com a VIDA de Jesus. Estilo pode ser mais periférico, menos exigente. Nr. 32– Obediência de Jesus – JC despojou-se por amor, uma forma de vida significa uma pertença a Jesus. Nutridas por sua vida e seu corpo (nr. 34), somos enviadas a agir em seu nome. JC – está conosco onde quer que sejamos enviadas.

Estes tópicos mostram a dimensão cristológica de ND. Totalidade de vida e do modo de ser de Jesus é a dimensão de nossa unidade. Uma vocação que se afirma no Evangelho.

nr. 10 – uma vida de fidelidade diária à vocação. É um dom e ao mesmo tempo uma fidelidade.

A pergunta que temos que nos fazer é porque estou e porque permaneço na vida religiosa. A vocação não é algo do passado, que ficou para trás e vai empurrando a vida com a barriga. As constituições dizem que é uma fidelidade diária à vocação. Dia a dia como chamamento de Jesus. A recuperação da qualidade de vida como um todo só pode vir de uma fidelidade a Jesus. Isto Marcos fala do homem (jovem rico), trata-se de recuperar o chamado de Jesus a cada dia, como Isaías, que a cada dia nos dá OUVIDOS de discípulo. Marcos fala que Jesus olhou para ele e o amou. Nossa vocação é algo sempre presente, sempre a ser respondida. O modo de viver, a convivência fraterna, a vocação recebem outra conotação. Mas são conotações de resposta a Jesus.

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Nas constituições – vocação significa esse dom gratuito que foi feito a cada uma, é como

uma nascente diária, respondemos a vocação. É Deus quem chama, é Jesus quem chama. Neste sentido, um trecho da carta ALEGRAI-VOS – compreender a vocação como uma busca que não cessa, ou da peregrinação espiritual. O peregrino tem uma meta, não pára. O papa nos convida para uma peregrinação, um caminho sapiencial, nos convida a contemplar um caminho iniciado por Jesus quando convidou a abandonar as redes, ou o banco de negócios, nos convida a não abandonar o espírito de peregrinação.

A relação com Jesus deve ser alimentada por uma busca constante. Um sintoma de tranquilidade é maléfico. De que inquietação se trata? É algo que Sto. Agostinho, em seu itinerário de conversão, disse:” ... meu coração está inquieto enquanto não repousar em vós”. No seguimento de Jesus Cristo, se a gente parar, a vida acaba. Trata-se de uma impossibilidade de contentar-se com o lugar aonde se chegou. E saber que Jesus espera sempre mais de nós. A inquietação da busca significa a inquietação de conhecer sempre mais Jesus e sair sempre mais de nós (Alegrai-vos). Isto formula o que é a centralidade de Jesus Cristo. Amá-lo e conhecê-lo deve nos fazer sair sempre mais de nós e dá-lo a conhecer aos outros.

O segundo aspecto é a forma de vida – em diversos números aparece que a entrega da vida ao seguimento de Jesus, anseia constantemente por revestir-se do modo de ser de Jesus. Para REVESTIR-se do homem novo, em São Paulo.

Nr. 34 – incorporar em nossa vida a maneira de ser de Jesus. Aí podemos ver como é impossível separar o que somos e o que realizamos. Deixar-se configurar por Jesus. Assim a própria presença da pessoa é missão. Isto queremos levar aos outros.

Uma consequência disso deve nos levar a aprofundar o núcleo da fé cristã. Lá onde se chocam nossas ideias, nossos sentimentos. Ali onde Deus se manifesta ao avesso. Como corpo apostólico não podemos fugir da experiência da desconfiguração. Deus nos faz passar a todos por uma experiência de morte e de esvaziamento, querendo ou não. Falamos de identificar-nos com a cruz, mas quando ela chega não sabemos configurar-nos. Queremos identificar-nos e quando chega não a reconhecemos, ou a levamos pendurada no pescoço.Precisamos descobrir e fazer a experiência porque Deus se revela na fragilidade, no sofrimento, no empobrecimento das pessoas, na dor. Esta kenose faz parte da vida de Jesus.

Fil 3, - São Paulo - Ele reage aos que se opõem a seu apostolado, porque o ganho considero perda. Considero tudo como lixo em relação ao conhecimento de Cristo Jesus. O que identificava Paulo, sua coerência, fidelidade à lei, quando se confronta com Cristo. Tudo o que eram valores agora é lixo. O único que vale, é ser identificado com Cristo e estar unido a Ele. Não que eu já tenho alcançado, eu já fui alcançado por Cristo.

Esquecendo-me do que fica para trás, corro para a meta: Cristo Jesus. Aqui está um processo de seguimento: “me lanço adiante... para ver se chego à meta! “Essa identificação é o seguinte: que eu esteja unido a Ele e que eu conheça o poder e o dinamismo de sua ressurreição. Outros dois aspectos:

2 – MISSÃO APOSTÓLICA

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Jesus nos chama e nos põem junto para enviar-nos. No nr. 3 – o carisma e o espírito das SND continuam vivos pelo testemunho de nossa vida e pelo serviço apostólico. Pelo que somos e pela missão. O testemunho não é algo que a gente dá, a gente é ou não é TESTEMUNHA. Trata-se de identificar-se com Ele de modo que aquilo que somos se torne palavra viva. MARTYRIA é confessar com a vida, não é qualquer exemplo.Em fidelidade ao carisma participamos da missão de Jesus para que eles – os que nos ouvem - façam a experiência do amor. Esta é a finalidade da missão: despertar nos outros a configuração a Jesus.

“Pode ocorrer no trabalho apostólico que nos falte sucesso” – nr. 68. A missão não se mede pelos resultados, mas pela qualidade de vida que transmitimos. 3 – DIMENSÃO PNEUMATOLÓGICA

A vocação a ND exige docilidade, discernimento ao espírito. Nr. 1 – Carisma continua a ser enriquecido pela fidelidade criativa de cada Irmã ND. Enriquecido na diversidade e pela diversidade de pessoas, realidades e contextos.

Semelhante – em termos de abertura ao Espírito nr. 2–“na medida que orientamos nossa vida para Deus, experimentamos liberdade interior.” Acolher a dimensão do Espírito. Nessa medida somos livres e estamos disponíveis para acolher a dimensão do Espírito. A falta de liberdade, impede qualquer escuta ao Espírito. Se estamos apegadas a situações, não há condições de discernimento. INDIFERENÇA é liberdade interior.

Nr. 3 – “Abertas às necessidades dos tempos.“Como ser sensíveis? Estando atentas às situações.

Nr. 49 – “Um discernimento constante!” Parabéns se vivem! Revisando diariamente a nossa resposta. Não conseguimos discernir um grande assunto, se não nos afinamos em pequenos assuntos. Esta liberdade interior nos permite acolher.

Trata-se de LER AS CONSTITUIÇÕES a partir desses 3 eixos. Que nos levam para o resto das constituições. Isso dará uma consistência interna. Vocês não podem perder-se no meio do caminho. Para os grupos: Insights para minha vida ND

Comentários:

Os grupos sempre nos mostram onde há convergência. Há aspectos que podem ser mais explorados.

Vários grupos se referiram a fazer uma releitura. E a ajuda em 3 dimensões. Que possam deter-se e refletir pessoalmente como isto pode ser fecundo para a Congregação. Como as Constituições tocam algo real da Congregação e como nos podem incentivar à fecundidade. É preciso entrar com uma perspectiva. Pode haver várias chaves de leitura. Jesus ou Nossa Senhora. É importante encontrar a chave que neste momento seja melhor. Nunca REDUZIR.

Não seguimos Santa Júlia e as fundadoras, mas Jesus Cristo. É importante, mas pode ser chocante. Santa Júlia e as Irmãs são mediadoras para seguir Jesus Cristo.

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Todo o fundador inicia um caminho, tocado por Jesus e pelo Evangelho.Educação não é carisma. Isto não inspira nenhuma vida, ela pode ser um meio. Na origem da Congregação ND há uma inspiração Cristológica, isto deve ser resgatado.

Qual é a inspiração de Júlia e das irmãs de Coesfeld? Qual é sua experiência de Jesus? Não há uma dupla fundação, isto é, a dos fundadores e do Evangelho. É necessário que apareça nos fundadores a inspiração de Jesus. Os fundadores não esgotaram as facetas de Jesus. Os fundadores não apresentam uma Cristologia feita. Eles se apaixonaram por Jesus. Estas duas fontes devem se encontrar.

É preciso situar bem os fundadores, eles não estão no passado. Nós somos fundadores ou afundamos. O carisma é vivo. Percorreu a história e hoje, somos nós. Não somos fundadoras no mesmo sentido dos tempos de origem. Isto nos coloca diante de uma responsabilidade de nos perguntar: como eu sei que estou vivendo o mesmo carisma dos fundadores, em fidelidade? Como é essa fidelidade? Pura imitação, repetição das intuições deles? Dois séculos de distância: como sei se vivo o mesmo carisma dos fundadores? É uma continuidade histórica ou é continuidade de comunhão, de reconhecer-se neles. Aqui entra a dimensão pneumatológica. A única garantia de dar continuidade é o Espirito. O governo deve cuidar. Mas é o Espírito que dá continuidade. Nós somos e podemos viver o carisma de maneira diferente de nossos fundadores, não é cópia. Ele deve se encarnar em cada contexto e história. Ele se faz novo e diferente. O único que pode garantir que somos fiéis, é o Espírito; é o mesmo porque é diferente. Nós nos reconhecemos na mesma experiência fundante. A experiência é criatividade e não repetição. Devemos abrir-nos ao Espírito, é um modo de viver e não é para os tempos vagos. Quem pode garantir a continuidade - que não é o material - é continuidade de vida, é o Espírito. Se o espírito suscitou o carisma, ele vai garantir a dinamicidade. Não que devemos ser copiadores. Depois do Concilio – quando todas as congregações eram para voltar ao carisma, muitas se perderam. Não era para ficar no passado. Para muitas foi uma volta ao passado, petrificado. E agora o que era para fazer? Voltar à fonte para trazer esta fonte para a realidade.

Se são carismas diferentes, eles se realizam diferentemente.

Um dos grupos falou que a formação foi muito estruturada. Quando, hoje, se fala em reestruturação temos que saber o que falamos. Senão pode ser uma perdição. É para nós um convite para deixar cair as estruturas envelhecidas. A igreja é livre, é conduzida para frente e pelo Espírito. Devemos encontrar odres novos para esta novidade. Somos convidadas e construir uma dinâmica que gere vida,não simplesmente uma dinâmica administrativa: como movimento e graça; obra e espírito em cada pessoa e em direção ao mundo, como obra do Espírito. Somos convidadas a desestruturar modelos de estruturas sem vida. A formação foi muito estruturada e sofremos isto em todos os sentidos; essa estruturação significou a desestruturação da UNIDADE.

Que desafio tem isto para a formação para a vida religiosa? Se continuarmos assim, teremos os mesmos resultados. Isto não significa perder profundidade, mas ter certeza e clareza do que é FORMAR. Formamos mais na vida e pela vida do que por cursos que fazemos. Tendo idéias claras sobre o Carisma e Constituições, pode ir ali na formação, é engano. Nós nos formamos, quando passamos da cabeça para o coração e a vida: isto é FORMAÇÃO. Esta deve ser a nossa PAIXÃO, sem isto qualquer ventozinho derruba, não tem garra. Formar é dar um embasamento de vida e espiritual que lhes dê apoio para a vida. É preciso repensar a formação dentro desta perspectiva.

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Algo semelhante deveríamos dizer de formação permanente. Para muitas de nós formação

permanente significou fazer um aggiornamento. Não era só a teologia. Era o chão todo. A formação associada à tecnologia.Nos últimos anos, passamos da escrita a mão para a datilografia e ao computador. Este mundo que é feito por cientistas, conhecemos cada vez mais e sempre menos coisas... Sabemos alguma coisa e nada do todo. Isso trouxe uma mudança no comportamento humano que nos mexeu. Porque não podemos ser especialistas em tudo. Hoje os jovens tem acesso a tudo. Google. Mas isto não traz conhecimento. A formação permanente não é apenas adquirir conhecimentos, mas estarmos abertos às mudanças.

Os riscos manufaturados (ver Anton Giddens). Não podemos saber de tudo, mas temos que saber para onde vão as mudanças. As informações, o Google as oferece, mas precisamos de SABEDORIA. Dia/ 04/10 – Pe. Palácio

Texto: precisamos ter cuidado de não deixar de lado o essencial para nos fixar em aspectos secundários. Aprender os rudimentos da proposta e não nos fixar, erroneamente, nos passos da Leitura Orante. A aplicação disso à vida deve ser livre. Precisamos deixar a Palavra solta. O espírito agir. Com um texto diferente e uma aproximação diferente.

Ontem contemplamos a Palavra de Deus em Lucas, e a realidade de um rincão – casa de Maria.

Hoje: texto – situação histórica - rezar a vida. Rezar a vida é penetrar com olhar profundo e descobrir que Deus está aí e isto me dá sentido.

Jo 15,1-11 - No lado da realidade – vou falar de uma experiência viva, histórica.

O texto de João é a videira e os ramos. É uma parábola. É difícil separar o que fizemos ontem: o que é palavra e o que existencial. Na parábola está tudo junto. É uma metáfora da poda. Meu Pai é o agricultor que mete a tesoura, que poda. A metáfora é o que acontece com a videira e porque processo passa a videira.

Desde o início da poda, (temos que ter uma experiência mínima de estações fortes). A poda não é só cortar. Árvores começam a perder as folhas. E quem poda, vai cortar o ramo sem compaixão. Essa é a travessia do inverno. Ou do inverno existencial. Quando passa o inverno e desponta a primavera, começam a aparecer sinais de uma vida que parecia não existir. Aparece um raminho e há uma explosão de vida. Sem poda não há vida nova. É o que Jesus nos diz na parábola. Meu pai é o agricultor. Ele corta os ramos sem fruto. Corta também os ramos vivos. Corta para que tenham mais vida.

- Vocês já estão limpos. E acrescenta um verbo que se repete insistentemente na parábola: PERMANECEI em MIM.

Vou contar uma experiência da Companhia de Jesus: celebramos o bicentenário da Companhia. (Restauração). Quem foi atingido pela supressão da ordem: que experiência de Deus teve? Uma experiência de morte, de aniquilação, ser reduzido a um nada. Os que estavam por trás

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da aniquilação era para fazer desaparecer. Assim era o ódio. Durante 41 anos muitos jesuítas viveram esta experiência. 40 anos de inverno de processo pascal, de poda, poda que significa quebrar, arrancar, parecia que tudo tinha perdido a seiva.

Essa experiência começa com a expulsão dos jesuítas de Portugal, Brasil, Espanha, outras monarquias e foi atingindo o Vaticano. Os soldados vinham à noite, quando estavam dormindo. Só na AL mais de 2500 jesuítas sofreram esta experiência. Fizeram a experiência da loucura, não eram acolhidos. O papa Clemente XIV chancelou “essa poda”. Sentir-se perseguidos e malquistos por todos, sentir que são indesejáveis para toda a Igreja. “Dominus ac Redentor”. Em dois lugares este decreto não foi promulgado: na Russia – Catarina II e na Prússia. Houve um pequeno resto que conseguiu sobreviver. As forças do poder: (situar na história e que poderes estão atrás).

Tendo presente os dados históricos, ultrapassar os limites.

- Vocês estão limpos pela palavra.

Nos jesuítas também foram podadas as falhas que tinham, a poda era necessária.

Como viver esta poda? O que aparece é uma crueldade, arrasa com tudo. Era uma época das MISSÕES no Paraguai. E diante da perseguição que desabou sobre a Companhia, seria como dizer, isto é uma injustiça – como Jeremias profeta. Era como dizer que era um complô para acabar com a companhia.

Um mexicano escreveu e que dá a chave para compreender o que passaram os jesuítas que sobreviveram. A dor que padecemos é justa, mas os excessos são injustos. Não caiam na tentação de deixar-se abater pela tristeza. Não lamentem pelo que sofrem. Não deixem o desespero abater vocês. Não se abandonem ao medo. A maioria dos jesuítas acataram esta orientação mesmo sem entender. Choraram as perdas e fizeram o luto. No fundo dessa experiência se alimentaram da PALAVRA que João diz PERMANECER, identificar-se com Cristo.

A Companhia poderia ter sido reduzida a cinzas se alguns jesuítas não tivessem resistido. Dizer isto de fora, é muito simples. Permanecer com Jesus nesta situação, nesta injustiça – é NOITE ESCURA –Permanecer com Deus quando ELE CALA e não diz palavra alguma e sofrer na pele a aparente morte, este é o tempo do inverno. Esta experiência da companhia, foi uma experiência de humilhação. Descer até o chão e comer a poeira. Ela foi enterrada, experimentou a amargura.

Ao descer dessa forma ao inferno das realidades humanas, a Companhia fez a experiência dos nadas étnicos. Ao descer com Jesus aos limites humanos, eliminada politicamente e ser eliminada pelo papa, foi ao fundo do poço e se sentiu acolhida pelas mãos do Pai: a experiência de Jesus “nas tuas mãos eu me acolho”. Aos poucos a Companhia foi transformando a morte em vida.

Eu digo isso como pode haver em nossa vida pessoal ou instucionalmente, situações de sofrimento, noite escura que são as que nos permitem sentir na pele que Deus está presente, quando tudo diz que está ausente. Não podemos dizer que Deus está presente, se não passamos por essa experiência.

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Muitas vezes não sabemos interpretar esses infernos para levar uma palavra de esperança a quem vive essa situação. Não é dizer que Deus está no sofrimento, mas porque foi reduzido, cortado. Nessa experiência está Deus pelo avesso.

Essa parábola explica de outra maneira – PALAVRA E MUNDO, PALAVRA E VIDA – é fazer esse movimento da palavra ao mundo - porque Deus cala? Esse movimento deve ser feito em dois sentidos.

Essa experiência poderia ser percebida em outro texto:

Jo 12,24-26 - se o grão de trigo não morrer, não dá fruto. Quem se agarra desesperadamente à vida, morre. Onde eu estiver, lá deve estar o meu servidor.

Jo 16 -vocês vão lamentar-se, chorar. Isso acontece com a mulher que vai dar à luz. Depois de passar por esse parto, é plenamente feliz, porque gerou a vida.

São outros dois exemplos de como devemos aprender a fazer o ponto entre PALAVRA E MUNDO. Apontar os problemas da vida para a Palavra e da Palavra para a Vida.

Esse seria o 1º momento de leitura mais existencial. Esse entrelaçamento mostra o que é a palavra e o que é mundo. A vida é inseparável da Palavra. Isso se vai aprendendo com a prática.

Daí surge algo importante para a formação: “as jovens devem ser formadas em Jesus a partir da Sagrada Escritura”. Não podemos fundamentar suficientemente nossa vida em devoções. Uma vocação apostólica é mais do que devoções!

Pergunta:- qual é a diferença entre o método da Leitura Orante e o método educativo de Paulo

Freire (TdL)?

A diferença entre o método de Paulo Freire – é educativo ou o método da Teologia da Libertação – tem a finalidade de despertar a consciência de suas situações, há uma questão mais de método.

A leitura orante é uma abordagem de fé. Não se opõem ao método pedagógico. Não se exige que sejam crentes. Mas para nós cristãos é importante que possamos explicitar diante de Deus nossa situação.

São âmbitos diferentes. Se estamos convencidas de que a Palavra se fez Carne, estes aprouch (abordagens) devem iluminar. Uma coisa é trabalhar socialmente e outra coisa é ajudar o povo à luz da Palavra e que Deus caminha com ele.

Sobre a Formação Inicial e Permanente

Considerações que foram sugeridas lendo as Constituições a partir da formação. Não vou dar diretrizes para a Formação. Vou comentar o que está aqui.

A formação começa antes da formação. Não sabemos ler o que Deus tem a nos dizer com a diminuição das vocações. No século XIX houve uma explosão da VR,uma grande expansão missionária e um crescimento institucional muito grande. Apresentou a VR como força e algo

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importante para a sociedade. Esse imaginário está dentro de todos nós e aparece como ideal. Mas a História está indo por outro caminho. O que Deus nos tem a dizer com essa diminuição? A questão não é número, mas qualidade! O caminho de Jesus é para poucos! Não é qualquer um que Jesus admite para o seu grupo! O Vat II diz que a perfeição é para todos, tirou o chão da VR. Muitos, no mundo leigo, realizam o que antes se buscava na VR. O que Deus tem a nos dizer com essa situação?Talvez tenhamos que redimensionar nossa vida de maior testemunho do que o número. A formação começa antes, na base humana. Para entrar na VR é preciso ter base, substrato, condições. Isto não é questão de elitismo. Há uma confusão e ambiguidade. A seleção não é sociológica, mas humana e espiritual. Posso encontrar jovens no meio dos pobres ou na classe média PESSOAS HUMANAS, por isso a seleção é uma questão apostólica. Vocês ND são internacionais, devem abrir-se a outras culturas, aprender outras línguas. Isso não é discriminação. Que tipo de candidatas precisamos para a missão?Precisamos candidatas com base humana, psicológica.

Porque digo isso? Porque sem base humana suficiente, não tem como fazer uma experiência de Deus no Noviciado. Buscar candidatas trabalhadas pela vida e pelo tempo. Jovens que tenham consistência e base humana e morder duro. Esses jovens com frequência se encontram na universidade. E no Brasil, na universidade está presente a classe baixa. Quem luta para chegar à universidade, chegou porque lutou. A PUC-RJ tem mais de 70% de bolsistas. Lá estão os que lutam.

Essa seleção é muito importante. Do contrário teremos duas coisas: pessoas problemáticas e pessoas não resolvidas. E ao mesmo tempo pessoas mais fragilizadas, porque foram adiante para ver se amadurecessem. Isso não leva a nada. Vamos aprendendo porque a experiência, vai amadurecendo. O pressuposto da seleção das vocações é importante. Olhar o substrato humano.

O segundo aspecto é como compreendemos a formação. É preciso passar de doutrina para uma formação mistagógica. A formação deveria introduzir, iniciar as pessoas que nos procuram, em uma forma de vida e uma experiência fundante. A gente forma não tanto pelos conteúdos, mas na medida em que as jovens são introduzidas numa experiência de vida, experimentam a alegria e o contentamento de estar vivendo isto. Const. 70 - nossa resposta ao chamado de Deus acontece em um processo de vida que nos transforma em Cristo. É um processo de vida que nunca se conclui, só com a morte. A primeira consequência disso é a distinção entre os formandos e formados. Essa distinção é perigosa. Há diferenças.Essa diferença é ambígua. Um processo de formação nunca se conclui. Formação permanente se introduziu porque foi exigido pela mudança cultural da sociedade, que exige que acompanhemos o que acontece; também porque na VR estávamos acomodados. Isso é pernicioso, porque nos formandos se incute que se passa sofridamente e acabado a formação, eu faço o que quero. Se uma jovem está na formação com este sentimento, se engana. Ela não está sendo introduzida na experiência, isso é degeneração da VR. Um processo de vida transformada nos dois sentidos: “Configurada por Cristo” e o processo de formação que é a pro-posta que fazemos.

Const. 71 – ajudamos aos novos membros a compreender o sentido do seu chamado – vida religiosa ativa -

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Etapas de formação ...

Não sei se no futuro podemos pensar a formação em casas separadas: noviciado e juniorato separados do corpo apostólico. Tem sua origem na expansão da vida religiosa. Postulantado, sim.

Creio que cada vez mais temos que pensar esta divisão. Há algo de artificial nas etapas de formação. A formação se faz em ambientes diferenciados que tiram um pouco a jovem do que é a vida concreta, a vida apostólica. Tem que ter ritmos diferentes, ocupações diferentes, mas isso não poderia ser vivido mais misturado às religiosas que estão plenamente na missão?

Muitas vezes criamos condições de vida totalmente artificiais, tem tudo à disposição para ser formados, não são exigidos. É uma vida fácil demais. Tem tudo ao alcance da mão, isto pode criar acomodação. Como encontrar uma maneira, que tenha uma vida mais inserida, que pudesse ter algum trabalho que fosse conjugada com o estudo e a formação. Isso seria salutar. Seria bom sob duas razões:

1 – mais contato com a missão concreta. Ver como a religiosa vive, como realiza a unidade da vida. E ela, como se prepara para isto. 2 - É necessário aproximar mais formação e missão. A gente forma para a vida, para a missão. Quanto mais próximo, mais se fecundarão. E para o corpo apostólico seria muito bom. Não se pode admitir que o corpo apostólico diga à formação isto é para as formadoras. O corpo apostólico não é neutro, e as casas de formação também não. Ou formam ou deformam. Precisar escolher a comunidade, não é normal; então esta comunidade deforma:“Agora devo me comportar” há um desafio mútuo da formação para a missão e missão e formação.

Que sentido tem as etapas. Ele pode ser vivido em modelos diferentes. A formação é um processo de vida: isoladas em si mesmas ou integradas. As etapas são necessárias, precisam ser vividas. O objetivo da formação é realizar a integração da vida - a unidade. As formandas devem aprender como articular na realidade a experiência de Deus, a vida fraterna e a missão. Os conhecimentos devem ser inseridos numa harmonia de vida, senão não valem para nada.

O nr. 80 – é mais ou menos isto que dizem as constituições no nr. 74. É mais, a resposta a Deus ao apostolado e ao povo na oração. Um outro aspecto é compreender as etapas de formação como discernimento, nr. 71.

O discernimento não termina no Noviciado. Tem uma função de discernimento, além de colocar essas bases de experiência espiritual-apostólica unificada.

A experiência mistagógica: pratiquem a cada dia o ESCUTAR o Espírito em uma conferência, ou capítulo, ou numa situação grave. Se cada dia não nos habituamos a OUVIR o Espírito e se não o aprendermos na formação, não o faremos na missão. No Noviciado não se abre mão da introdução ao Carisma ND e na experiência de Jesus Cristo. Isso tem que ser transmitido no Noviciado. O desejo de identificar-se com Ele, uma relação afetiva. E amar plenamente. A castidade é amar.

Na Formação, na parte da História da Congregação, é importante que haja momentos para refletir sobre o tempo em que se vive, isto é, a modernidade.Se tivermos vocações, virão dessa mentalidade, então a ajudar a essas pessoas a refletir sobre o que elas vivem. Nós não somos

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digitais nativos. Somos alfabetizados no digital. Esses jovens não. Ajudar a refletir, perceber os valores, porque por ser pós-moderno não posso admitir tudo. Essa juventude não é vítima, usufrui as mudanças tecnológicas da modernidade sem perceber o que está por trás disso. Ajudá-los a perceber a que pensamento os conduz. Eles não tem pensamento. A ciência fragmentou tudo. Estamos no momento da desconstrução do saber humano. Precisamos ajudar a reconstruir a sabedoria, não o conhecimento. O que está por trás dessa maneira de conhecer, deve ser reconstruído. Ajudar os jovens a perceber o que deve ser confrontado e criticado pelo Evangelho.

Os jovens são vítimas, são consequência de uma época. O que podemos fazer para ajudá-los a chegar à UNIDADE.

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