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À minha família e à Filipa
IV
Agradecimentos
Agora que se conclui mais uma etapa da minha vida, não poderia deixar de agradecer a
todos quantos, individualmente ou representando instituições, se disponibilizaram, sem
qualquer contrapartida, a dar o seu contributo ao longo da realização do trabalho que
agora se apresenta.
Antes de mais queria agradecer à minha família por todo o apoio e auxílio que
demonstraram incondicionalmente nestes últimos dois anos e meio, e a quem devo
grande parte das soluções encontradas para a realização de algumas das mais complicadas
tarefas desempenhadas nas campanhas realizadas.
À Filipa que, por várias vezes, mesmo com dificuldades físicas, me auxiliou na difícil
tarefa de amostragem e realização de medições, para além de todo o apoio e incentivos
que foi dando no decurso de todo o trabalho.
Ao Doutor Rui Boaventura, por todo o apoio logístico, acompanhamento, atenção e
disponibilidade que demonstrou desde o primeiro momento da sua definição enquanto
orientador e que, com as suas sugestões e críticas sinceras, contribuiu de forma
determinante para o sucesso do estudo desenvolvido. Disponibilizou também os seus
laboratórios para a realização de algumas análises instrumentais que de outra forma não
seriam possíveis realizar.
À Dr.ª Gorete Gaio e ao Dr. Carlos Silva, directores do ISLA de Leiria, pela
disponibilidade e abertura que proporcionaram ao meu envolvimento nesta valorização
pessoal e profissional, materializada de forma determinante na disponibilização das
instalações, equipamentos e laboratórios, onde foram realizadas grande parte das análises
laboratoriais que aqui se apresentam, suportando inteiramente, sem quaisquer apoios,
todos os custos envolvidos.
V
Ao Eng. José Luís Caseiro, da Simlis, pelas preciosas indicações que forneceu na
definição do tema do trabalho e pela disponibilização de informações relevantes para o
conteúdo do estudo, designadamente, para a escolha dos locais de amostragem e
monitorização.
Não posso esquecer o meu grande amigo Carlos Parrilha, com quem partilhei grande
parte dos meus dias ao longo deste percurso, e que teve um papel determinante no
incentivo que me deu para iniciar esta nova etapa.
Tenho também que agradecer a todos os colegas e amigos que tão bem me acolheram no
Porto, principalmente à Sofia Góis e ao Ruca, que fizeram todos os possíveis para tornar
a estadia e o acolhimento agradáveis.
E porque este trabalho reflecte também o esforço e dedicação de todos, a todos o meu
profundo agradecimento.
VI
Resumo
A bacia hidrográfica do Lis constitui um dos mais importantes recursos naturais da região
de Leiria, do ponto de vista ambiental, mas também sócio-económico e cultural.
Embora seja reconhecida a sua importância, a qualidade dos ecossistemas aquáticos que
comporta não tem sido preservada como seria desejável.
A qualidade da água na bacia e em particular no principal curso de água, o Rio Lis, tem
vindo a ser continuamente degradada desde a década de 80 em resultado das práticas
agrícolas desenvolvidas nas zonas rurais e, principalmente, da actividade pecuária que se
estende um pouco por toda a área da bacia, com efeitos mais visíveis nas Ribeiras dos
Milagres e Souto.
O objectivo principal deste estudo consistiu, pois, na avaliação da qualidade da água e
identificação de fontes de poluição no Rio Lis, como contributo para a gestão integrada
das águas superficiais na respectiva bacia hidrográfica.
Com base neste objectivo procedeu-se à selecção de oito estações de monitorização,
estrategicamente localizadas ao longo da bacia.
O caudal foi medido em todas as estações, com excepção da estação situada na Ribeira
dos Milagres, com recurso ao método da secção-velocidade.
Mensalmente, todas as amostras recolhidas nas várias estações foram submetidas à
análise e medição de um conjunto de parâmetros básicos, incluindo o pH, temperatura,
condutividade, oxigénio dissolvido, CBO5, CQO, nitritos, nitratos, azoto orgânico e
amoniacal, sólidos totais e voláteis, sólidos suspensos totais e suspensos voláteis e
fósforo total.
VII
Trimestralmente, como complemento aos parâmetros básicos, foram analisados alguns
parâmetros complementares, designadamente, coliformes totais e fecais, enterococos e
COT.
Na primeira campanha trimestral realizada em Janeiro de 2005 foi ainda realizada uma
despistagem a um conjunto de parâmetros para avaliar a necessidade da sua regular
monitorização. Estes parâmetros incluíram a quantificação de alguns metais,
nomeadamente, ferro, cobre, zinco e chumbo, de óleos e gorduras e de detergentes
aniónicos.
As baixas ou indetectáveis concentrações obtidas levaram a concluir que, por motivos de
rentabilização de recursos, seria desnecessário voltar a realizar estas determinações.
A monitorização efectuada conduziu a um número elevado de valores correspondentes
aos parâmetros avaliados, tornando necessário realizar um tratamento adequado aos
resultados para identificar de forma objectiva as causas da reduzida qualidade da água em
alguns troços ou linhas de água ao longo da bacia.
O tratamento estatístico convencional mostrou ser uma ferramenta útil, mas a utilização
de índices de qualidade da água, em particular o desenvolvido pela Scotish Development
Department (SDD), proporciona uma análise mais simples e objectiva, na identificação
das fontes pontuais e difusas que afectam a qualidade da água na bacia.
Os resultados obtidos indicam uma forte predominância de fontes pontuais relacionadas
com a descarga de águas residuais de origem doméstica e de águas residuais provenientes
das suiniculturas, mas também de fontes difusas resultantes da actividade agrícola, com
efeitos na elevada concentração de nutrientes verificada.
Comprova-se também a influência de mecanismos de atenuação natural com efeitos na
melhoria da qualidade da água.
VIII
Abstract
The catchment of Lis River is one of the most important natural resource of Leiria region,
not only by the water itself, but also because the related social, economical and cultural
influences.
Although the recognition of its importance is unanimous, the water quality has not been
preserved as necessary.
The water quality in the river basin, particularly in its principal watercourse, the Lis
River, has come continuously decreasing since 80’s, as result of agricultural practices in
the rural areas and, mainly, as result of cattle breeding activity, performed all over basin
area, with particular effects in Milagres and Souto Brooks.
This research attempted to evaluate the water quality and identify the sources of pollution
in the Lis River, as a contribution for the integrated management of superficial waters in
the respective basin.
Considering this objective, eight monitoring stations have been strategically selected
along the basin.
Water flow was measured in all stations, except for the station located at Milagres Brook,
through the section-velocity method.
Monthly, all samples were measured or analyzed in basic parameters, including pH,
temperature, dissolved oxygen, BOD5, COD, nitrites, nitrates, organic nitrogen,
ammonia, total and volatile solids, total suspended and volatile solids and total
phosphorus.
Quarterly, as a complement of basic parameters, some complementary parameters,
including total and fecal coliforms, enterococos and TOC ware also analyzed.
IX
In the first campaign carried out in January 2005, it was also decided to depict some
additional parameters, including some metals, as iron, cooper, zinc and lead, oil and
grease and anionic surfactants.
The low concentrations verified and the necessity of maximizing the resources, had led to
conclude that it was no longer necessary to re-analyze this parameters.
All campaign produced a high number of results corresponding to the evaluated
parameters, becoming necessary to carry through an adequate treatment of results to
identify objectively the causes of the low water quality in some chunks or streams in the
basin.
Conventional statistical treatment methods showed to be a useful tool, but the use of
water quality indexes, in particular the one developed by the Scottish Development
Department (SDD) provides a simpler and objective analysis, in the identification of
topic and diffuse pollution sources, which affect the water quality in the basin.
The results indicate a strong predominance of topic sources related with the sewage-
effluent discharge and cattle breeding activity, but also from diffuse sources as a result of
the agricultural activity, with effect in the high nutrient concentrations.
They also prove the influence of mechanisms of natural attenuation with effect in
improving stream-water quality.
X
Índice
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 5
2.1. Qualidade da Água – Uma Preocupação Global ...................................... 6
2.2. Metodologias de Avaliação da Qualidade da Água ................................. 7
2.3. Selecção dos Locais de Amostragem, Medição e Monitorização ........... 12
2.3.1. Amostragem..................................................................................... 12
2.3.2. Medição e Monitorização .............................................................. 17
2.3.3. Selecção dos Locais ........................................................................ 19
2.3.4. Meios Auxiliares de Amostragem e Monitorização .................... 29
2.4. Parâmetros Medidos ou Analisados ......................................................... 30
2.4.1. Parâmetros Organolépticos............................................................ 32
2.4.2. Características Físico-Químicas ................................................... 32
2.4.2.1. Temperatura ......................................................................... 33
2.4.2.2. pH ......................................................................................... 34
2.4.2.3. Condutividade ...................................................................... 35
2.4.2.4. Oxigénio Dissolvido ............................................................ 36
2.4.2.5. Resíduos ............................................................................... 39
2.4.3. Substâncias Indesejáveis ................................................................ 41
2.4.3.1. Nutrientes ............................................................................. 42
2.4.3.2. Matéria Orgânica ................................................................. 45
XI
2.4.4. Substâncias Tóxicas ....................................................................... 47
2.4.5. Parâmetros Biológicos ................................................................... 49
2.5. Análise e Interpretação dos Resultados ................................................... 52
2.5.1. Análise Estatística .......................................................................... 53
2.5.2. Representação Gráfica e Através de Tabelas .............................. 55
2.5.3. Utilização de Índices de Qualidade da Água (IQA) .................... 58
2.6. Enquadramento Jurídico .......................................................................... 66
3. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO LIS .............................72
3.1. A Bacia Hidrográfica como Unidade Territorial de Gestão de Recursos Hídricos ....................................................................................... 73
3.2. Caracterização da Bacia Hidrográfica do Lis ......................................... 75
3.2.1. Geomorfologia e Geologia ............................................................. 77
3.2.2. Solos, Vegetação e Ocupação do Solo ........................................... 83
3.2.3. Clima ............................................................................................... 87
3.2.4. Caracterização Socio-Económica ................................................. 91
3.2.5. Usos, Necessidades de Água e Infra-Estruturas Hidráulicas e de Saneamento Básico .................................................................. 94
3.2.6. Caracterização do Estado do Ambiente ........................................97
4. PROCEDIMENTOS E METODOLOGIAS ........................................................... 110
4.1. Selecção dos Locais de Amostragem, Medição e Monitorização .......... 111
4.2. Metodologias de Amostragem, Transporte e Preservação das Amostras ..................................................................................................... 125
4.3. Medição do Caudal ................................................................................... 126
XII
4.4. Periodicidade da Realização das Campanhas Sinópticas ...................... 130
4.5. Parâmetros Monitorizados ....................................................................... 131
4.6. Análise dos Resultados – IQA .................................................................. 136
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ....................................... 138
5.1. Parâmetros Básicos ................................................................................... 139
5.1.1. Caudal ............................................................................................ 139
5.1.2. pH ................................................................................................... 142
5.1.3. Temperatura .................................................................................. 143
5.1.4. Condutividade ............................................................................... 145
5.1.5. Oxigénio Dissolvido ....................................................................... 147
5.1.6. Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5) ................................. 151
5.1.7. Carência Química de Oxigénio (CQO) ....................................... 154
5.1.8. Azoto Total Kjeldahl e Azoto Amoniacal, Nitritos e Nitratos .. 156
5.1.9. Fósforo Total ................................................................................. 161
5.1.10. Sólidos Totais (ST), Voláteis (SV), Suspensos Totais (SST) e Suspensos Voláteis (SSV) ......................................................... 163
5.2. Parâmetros Complementares .................................................................. 166
5.2.1. Microrganismos ............................................................................. 166
5.2.2. Carbono Orgânico Total (COT) .................................................. 169
5.3. Parâmetros de Despiste Inicial ................................................................ 171
5.3.1. Detergentes Aniónicos .................................................................. 171
5.3.2. Óleos e Gorduras ........................................................................... 172
5.3.3. Metais – Ferro, Cobre, Zinco e Chumbo .................................... 172
XIII
5.4. Interpretação dos Resultados Utilizando um Índice de Qualidade da Água ....................................................................................................... 173
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................... 182
7. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 195
ANEXOS
ANEXO A: EVOLUÇÃO DOS PARÂMETROS MONITORIZADOS
ANEXO B: ANÁLISE ESTATÍSTICA MULTI-VARIÁVEL
ANEXO C: EVOLUÇÃO DO IQA PARCIAL E GLOBAL
XIV
Índice de Figuras
Figura 2.1: Esquema Geral de Montagem dos Equipamentos Utilizados para Monitorizar e Proceder à Amostragem Automática de Cursos de Água ... 16
Figura 2.2: Exemplos de Amostradores Automáticos ................................................ 16
Figura 2.3: Esquema Simplificado dos Tipos de Monitorização Implícitos na DQA, Designadamente, Vigilância, Operacional e Investigação .............. 18
Figura 2.4: Esquema de Selecção dos Locais de Amostragem .................................. 21
Figura 2.5: Representação Gráfica da Concentração de Oxigénio, em Águas Não Poluídas, em Função da Pressão e Temperatura ........................................ 37
Figura 2.6: Efeitos da Ciclo Diário e da Presença de Matéria Orgânica na Percentagem de Saturação do Oxigénio em Águas Naturais ..................... 38
Figura 2.7: Classificação e Dimensões das Partículas Presentes em Águas Residuais .................................................................................................... 39
Figura 2.8: Tipos de Sólidos em Suspensão numa Água Residual ............................ 40
Figura 2.9: Características das Técnicas Existentes e Emergentes para Monitorização da Qualidade da Água ........................................................ 51
Figura 3.1: Influencia da Geologia na Delimitação de Bacias ................................... 74
Figura 3.2: Localização da Bacia Hidrográfica do Lis ............................................... 75
Figura 3.3: Rede Hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Lis ..................................... 76
Figura 3.4: Hipsometria Característica da Zona de Influência da Bacia Hidrográfica do Lis .................................................................................... 77
Figura 3.5: Perfil Longitudinal do Rio Lis ................................................................. 79
XV
Figura 3.6: Sistema Hidrográfico do Rio Lis ............................................................. 80
Figura 3.7: Representação Cartográfica dos Principais Tipos de Solos Característicos da Bacia Hidrográfica do Lis ............................................ 84
Figura 3.8: Representação Cartográfica dos Principais Usos do Solo Característicos na Bacia Hidrográfica do Lis ............................................ 86
Figura 3.9: Evolução das Principais Culturas e Áreas Regadas (ha) no Vale do Lis no Decénio 1990-2000 ......................................................................... 87
Figura 3.10: Mapa Representativo da Precipitação Total Anual Observada Entre 1959/60 e 1990/91, na Bacia Hidrográfica do Lis ..................................... 88
Figura 3.11: Variabilidade Interanual da Precipitação em Portugal Continental Entre 1930 e 2005 ...................................................................................... 89
Figura 3.12: Valores de Precipitação Medidos na Estação Meteorológica da Cela no Ano Hidrológico de 2004/05 ................................................................ 90
Figura 3.13: Distinção de Zonas com Temperaturas Médias Anuais Comuns na Bacia Hidrográfica do Lis .......................................................................... 91
Figura 3.15: População em 2001 dos Concelhos Englobados na Bacia Hidrográfica do Lis .................................................................................... 92
Figura 3.15: Densidade Populacional em 2001 dos Concelhos Englobados na Bacia Hidrográfica do Lis .......................................................................... 93
Figura 4.1: Localização das Estações de Monitorização da Qualidade da Água na Bacia ......................................................................................................... 113
Figura 4.2: Localização Geográfica das Estações de Monitorização ........................ 114
Figura 4.3: Aspecto Geral da Estação de Monitorização P1 e do Limnímetro e Restantes Instrumentos de Medição, Aquisição de Dados e Comunicação Instalados ........................................................................... 115
Figura 4.4: Aspecto do Ponto P2 Situado na ETA de S. Romão ............................... 117
Figura 4.5: Aparência da Estação de Monitorização P3 – Ponte das Mestras: Rio Lena ........................................................................................................... 118
XVI
Figura 4.6: Aspecto do P4 – Estação de Monitorização Situada no Rio Lis, a Jusante da Confluência com o Rio Lena ................................................... 119
Figura 4.7: Aparência do Ponto P5 Situado na Ponte da EN 109 Sobre a Ribeira dos Milagres, na Localidade de Regueira de Pontes, Evidenciando o Reduzido Caudal ....................................................................................... 121
Figura 4.8: Aspecto do Ponto P6 Localizado a Jusante da Confluência com a Ribeira dos Milagres ................................................................................. 122
Figura 4.9: Aspecto do Ponto de Monitorização P7, Situado na Ponte de Ferro de Monte Real ................................................................................................ 123
Figura 4.10: Aparência da Ponte da Bajanca Utilizada como Estação de Monitorização P8 ...................................................................................... 124
Figura 4.11: Aparato Adaptado para Medir a Profundidade do Leito na Secção do Leito nas Estações de Monitorização .........................................................127
Figura 4.12: Medição das Verticais para Definição do Perfil do Leito que Contribuem para o Escoamento numa Secção de uma Linha de Água .... 128
Figura 5.1: Representação Gráfica dos Caudais Médios e Desvios-Padrão Medidos nas Estações de Monitorização .................................................. 141
Figura 5.2: Representação Gráfica dos Valores Médios e Respectivos Desvios-Padrão do pH nas Várias Estações de Monitorização ............................... 142
Figura 5.3: Evolução da Temperatura Média da Água e Desvio-Padrão nas Estações de Monitorização ....................................................................... 144
Figura 5.4: Valores Médios e Desvios-Padrão da Condutividade Medida nas Estações de Monitorização ....................................................................... 145
Figura 5.5: Evolução das Concentrações Médias e Desvios-Padrão de Oxigénio Dissolvido ................................................................................................. 148
Figura 5.6: Taxas de Saturação em OD nas Estações de Monitorização .................. 149
Figura 5.7: Representação Gráfica dos Valores Médios da CBO5 e Respectivos Desvios padrão .......................................................................................... 152
XVII
Figura 5.8:Evolução dos Valores Médios e Desvios-Padrão da CQO nas Várias Estações de Monitorização ....................................................................... 155
Figura 5.9:Evolução dos Valores Médios e Desvios-Padrão das Várias Espécies de Azoto Quantificadas no Período de Monitorização ............................. 159
Figura 5.10: Evolução das Concentrações Médias e Desvios-Padrão de Fósforo Total Obtidas por Tratamento Estatístico dos Resultados da Monitorização ........................................................................................... 162
Figura 5.11: Valores Médios e Respectivos Desvios-Padrão Obtidos a Partir da Análise Estatística dos Resultados da Determinação de ST, SV, SST e SSV ........................................................................................................... 165
Figura 5.12: Valores Médios de Concentração (UFC/100 mL) de Coliformes Totais, Fecais e Enterococos e Respectivos Desvios-Padrão ................... 167
Figura 5.13: Representação Gráfica das Valores Médios Relativos Obtidos dos Resultados das Determinações Analíticas da CBO5, CQO e COT .......... 170
Figura 5.14: Aspecto da Vegetação Ripícula que se Desenvolve no Leito do Troço Situado nos Campos do Lis Entre as Estações de Monitorização P7 e P8 ...................................................................................................... 177
Figura 5.15: Classificação Qualitativa Obtida a Partir dos Resultados Agregados em Torno dos Valores Médios, Obtidos a Partir dos Resultados do Cálculo do IQA Constantes na Tabela 5.19 .............................................. 181
XVIII
Índice de Tabelas
Tabela 2.1: Coordenadas das Funções de Qualidade .................................................. 61
Tabela 2.2: Factores de Ponderação Utilizados no Cálculo dos Índices Considerando e Omitindo o Coeficiente Relativo aos Coliformes Fecais ......................................................................................................... 64
Tabela 2.3: Escala de Qualidade do Índice Geral de Qualidade da Água .................. 65
Tabela 3.1: Inventário dos Principais Cursos de Água ............................................... 80
Tabela 3.2: Distribuição dos Grupos Litológicos Característicos da Bacia Hidrográfica do Lis .................................................................................... 83
Tabela 3.4: Capacidade de Uso dos Solos na Bacia Hidrográfica do Lis ................... 85
Tabela 3.5: População, Superfície, Taxa de Variação e Densidade Populacional dos Concelhos que Pertencem à Bacia Hidrográfica do Lis ...................... 92
Tabela 3.6: Capitações para Consumo Municipal ...................................................... 95
Tabela 3.7: Carga Poluente Total Potencialmente Gerada pelo Sector Industrial, na Bacia do Lis .......................................................................................... 101
Tabela 3.8: Carga Poluente Total Diária Potencialmente Gerada pela Suinicultura, na Bacia do Lis .................................................................... 101
Tabela 3.9: Resultados da Avaliação da Qualidade da Água na B.H. do Lis ............ 102
Tabela 3.10: Grelha de Classificação Segundo os Múltiplos Usos da Água ............. 104
Tabela 3.11: Resultados da Classificação Segundo Usos Múltiplos ......................... 105
Tabela 4.1: Localização das Estações de Monitorização da Qualidade da Água ...... 112
XIX
Tabela 4.2: Características das Estruturas de Apoio Utilizadas como Referência na Medição do Caudal .............................................................................. 130
Tabela 4.3: Metodologias e Equipamentos Utilizados na Monitorização das Variáveis em Todas as Estações ............................................................... 132
Tabela 4.4: Metodologias Utilizadas na Quantificação Laboratorial dos Parâmetros Básicos ................................................................................... 134
Tabela 4.5: Metodologias Utilizadas na Quantificação Laboratorial dos Parâmetros Complementares .................................................................... 135
Tabela 4.6: Metodologias Utilizadas na Quantificação Laboratorial de Outros Parâmetros ................................................................................................. 136
Tabela 4.7 Readaptação dos Coeficientes de Ponderação Adaptados por MANO de SDD, Tendo em Conta os Dados em Falta nas Campanhas ................ 137
Tabela 5.1: Caudais Medidos nas Várias Campanhas Sinópticas Realizadas ........... 140
Tabela 5.2: Valores de pH nas Estações de Monitorização nas Várias Campanhas Sinópticas Realizadas ................................................................................ 142
Tabela 5.3: Temperatura da Água nas Várias Estações de Monitorização ................ 143
Tabela 5.4: Condutividade Medida nas Estações de Monitorização ......................... 145
Tabela 5.5: Oxigénio Dissolvido nas Estações Monitorizadas .................................. 147
Tabela 5.6: Taxas de Saturação em Oxigénio Dissolvido na Água Obtidas com Base nas Concentrações em Oxigénio Dissolvido (tabela 5.5) e Temperaturas da Água (tabela 5.3) ........................................................... 148
Tabela 5.7: Resultados da Determinação da Matéria Orgânica Quantificada Como CBO5 nas Amostras Recolhidas nas Estações de Monitorização .. 152
Tabela 5.8: Resultados da Determinação da CQO nas Estações de Monitorização .. 154
Tabela 5.9: Resultados da Quantificação do Azoto Total Kjeldahl e Azoto Amoniacal ao Longo do Período em que Decorreu a Monitorização ....... 157
XX
Tabela 5.10: Valores Obtidos na Determinação do Azoto na Forma de Nitritos e Nitratos nas Estações de Monitorização ao Longo do Estudo .................. 158
Tabela 5.11: Resultados da Determinação das Concentrações em Fósforo Total nas Várias Estações de Monitorização ...................................................... 162
Tabela 5.12: Resultados da Determinação de ST, SV, SST e SSV nas Estações de Monitorização ........................................................................................... 164
Tabela 5.13: Concentração em Coliformes Totais e Fecais e Enterococos nas Amostras Recolhidas Trimestralmente nas Estações de Monitorização ... 167
Tabela 5.14: Resultados da Quantificação do COT nas Várias Estações de Monitorização ........................................................................................... 169
Tabela 5.15: Resultados da Análise de Alguns Metais, na Campanha de Monitorização Trimestral Realizada no Dia 5 de Janeiro de 2005 ........... 173
Tabela 5.16: IQA Calculados com Base nos Parâmetros Medidos Mensalmente, Valores Médios, Máximos, Mínimos e Desvios-Padrão Respectivos, Omitindo os Coliformes Fecais ................................................................ 174
Tabela 5.17: IQA Calculados com Base nos Parâmetros Medidos Trimestralmente, Valores Médios, Máximos, Mínimos e Desvios-Padrão Respectivos, Considerando os Coliformes Fecais ........................ 175
Tabela 5.18: Códigos de Cores Utilizados na Classificação Qualitativa da Qualidade da Água Avaliada com Base no Cálculo do IQA .................... 179
Tabela 5.19: Classificação Qualitativa Com Base nos Valores de IQA, Obtidos Mensalmente, Omitindo os Coeficientes Relativos aos Coliformes Fecais ........................................................................................................ 180
Tabela 5.20: Classificação Qualitativa Com Base nos Valores de IQA Obtidos Mensalmente, Considerando os Coeficientes Relativos aos Coliformes Fecais ........................................................................................................ 180
1. INTRODUÇÃO
“Pensar Globalmente, Agir Localmente” Rene Dubos
1. Introdução
“Pensar Globalmente, Agir Localmente”
Este paradigma, proferido pela primeira vez em 1972, por Rene Dubos na Conferência
das Nações Unidas sobre Ambiente Humano, parece cada vez mais actual, tendo em
conta a crescente influência antropogénica a que se tem submetido o meio ambiente e
ecossistemas naturais.
Neste aspecto, os recursos hídricos têm sido submetidos a uma pressão crescente,
promovida não apenas pela introdução de substâncias estranhas ou alterações induzidas
nos meios naturais, causadores de fenómenos de poluição, mas também pelas alterações
que têm sido provocadas, de forma directa ou indirecta, nos mecanismos que controlam e
regulam o ciclo hidrológico natural.
Os problemas que afectam os recursos hídricos estão relacionados com o aumento
crescente da procura e do consumo, que conduzem inevitavelmente à produção crescente
de resíduos que necessitam de tratamento e eliminação adequadas.
Em consequência, apesar da controvérsia que tem suscitado a discussão da hipotética
relação entre a ocorrência de fenómenos meteorológicos naturais estranhos e as
alterações climáticas comprovadas, cada vez parece mais evidente a existência de uma
relação mais ou menos linear entre elas. Em Portugal, as recentes alterações no ciclo
hidrológico têm-se manifestado em modificações significativas no regime de
precipitação, com consequências a vários níveis.
Agora e cada vez mais, a tendência das autoridades responsáveis e a sociedade civil,
passa por encontrar mecanismos que conduzam a um ponto de equilíbrio entre a
necessidade de utilização dos recursos naturais e a sua capacidade de auto-regeneração e
adaptação dos fenómenos que os controlam, estabelecendo uma harmonia entre os
aspectos económicos, sociais e ambientais, no que se designa vulgarmente, como um
processo de desenvolvimento sustentável.
2
Com efeito, como é defendido na directiva quadro da água, este recurso deve começar a
ser valorizado não apenas pelo valor comercial que o caracteriza, enquanto fonte de
captação ou meio receptor de efluentes, mas principalmente pelos seus valores ambientais
e patrimoniais, tendo presente a sua importância enquanto:
- Recurso indispensável à vida tal como a conhecemos;
- Factor de produção necessário ou mesmo imprescindível para inúmeras actividades;
- Recurso de ocorrência espacial e temporal irregular;
- Recurso de utilização sectorial transversal.
A aplicação destes mecanismos só poderá tornar-se efectiva se forem promovidas acções
eficazes sobre as causas dos problemas ambientais, que constituem a base para a
resolução dos problemas globais que afectam o nosso planeta.
Para o efeito, a actuação ao nível da unidade básica do ciclo hidrológico, a bacia
hidrográfica, constitui o principal mecanismo de actuação ao nível local, que pode dar
frutos de âmbito mais global.
A escolha da bacia hidrográfica do Lis para a realização deste estudo foi consequência de
uma multiplicidade de factores.
Por um lado, a conclusão de um trabalho de investigação que permitisse concluir o
mestrado em Engenharia do Ambiente, do ramo Tratamento de Águas e Águas Residuais,
levado a efeito na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Por outro lado a noção de que, a proximidade e a facilidade e conhecimentos prévios das
características dos locais do objecto em estudo, favoreceriam a objectividade e precisão
dos resultados finais.
Por último, mas não menos importante, a caracterização da qualidade da água da bacia,
enquadrada num trabalho deste tipo, pretende dar um contributo importante para o estudo
de um dos principais problemas que afectam a bacia hidrográfica do Rio Lis – a
degradação da qualidade da água no seu curso principal.
3
Neste domínio, foram já sendo realizados vários trabalhos, alguns dos quais com
importância significativa, que deram um contributo para a elaboração de importantes
ferramentas de gestão dos recursos hídricos que a bacia encerra.
Um dos documentos elaborados na sequência dos estudos realizados é o Plano de Bacia
Hidrográfica (PBH) do Rio Lis, publicado em Diário da República, na forma de decreto
regulamentar (Decreto Regulamentar 23/2002, de 3 de Abril).
Não se pretende realizar um estudo exaustivo das utilizações deste curso de água, mas
antes conhecer quais as principais causas da degradação da qualidade da água,
relacionando-as com o tipo de utilização e efeitos que lhes são consequentes.
Uma vez que o estudo foi realizado num período hidrológico anormal, que conduziu a
uma situação de seca extrema em todo o território de Portugal continental, os resultados
não devem ser dissociados dos caudais aproximados que foram avaliados ao longo do
período em análise.
Por outro lado, não sendo exequível fazer uma análise exaustiva e comparável de todos
os parâmetros estudados, será realizada uma avaliação com base na aplicação de índices
de qualidade da água.
Pretende-se ainda, com a aplicação da presente metodologia, elaborar um trabalho, que
sendo a continuidade de outros já realizados, poderá fornecer um importante contributo
para a monitorização e estimativa do impacto das medidas estruturais e não estruturais
que estão a ser levadas a efeito, para proceder à gestão integrada dos recursos hídricos da
bacia hidrográfica do Rio Lis.
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
“Nos campos da observação, o acaso favorece apenas as mentes preparadas.”
Louis Pasteur
2. Revisão Bibliográfica
Neste capítulo, não pretendendo fazer uma revisão exaustiva de toda a bibliografia
consultada no âmbito do tema deste trabalho, é objectivo atender aos aspectos mais
relevantes do nível de desenvolvimento e estado da arte no domínio de técnicas de
estudo, análise e monitorização de linhas de água superficiais e evolução da respectiva
regulamentação aplicável.
2.1. Qualidade da Água – Uma Preocupação Global
A organização do espaço e o ambiente foram, durante muito tempo, negligenciados,
sobretudo em resultado da inexistência de uma sensibilidade para os problemas
ambientais e à falta de conhecimentos aprofundados nestes domínios.
No entanto, com a explosão demográfica, acelerada significativamente no período pós
revolução industrial e que se prolonga até aos nossos dias, que deu origem a um crescente
aparecimento de novos problemas ambientais, associados ao crescimento económico e à
tentativa de melhoria das condições de vida sucederam-se os problemas ambientais com
consequências, na sua grande maioria, irreparáveis, que começam a colocar em causa o
conceito de desenvolvimento e bem-estar que conhecemos.
As consequências mais graves deste crescimento não sustentado manifestam-se na
degradação dos ecossistemas naturais, que parece evidenciar a existência de uma relação
com a ocorrência de fenómenos ambientais progressivamente mais adversos e com
consequências cada vez mais catastróficas.
As sociedades modernas, através das práticas agrícolas e industriais, associadas ao
crescimento urbano localizado, têm conduzido à produção de uma grande variedade de
substâncias nas proximidades de massas de água, acabando por ter grande influência
sobre a qualidade dos ecossistemas aquáticos.
6
Torna-se imperativo, agora e cada vez mais, desenvolver mecanismos que visem a
correcta gestão dos recursos hídricos, como forma de protegê-los das pressões crescentes
a que têm vindo a ser submetidos.
Estes mecanismos de gestão dos recursos hídricos, só se tornam eficientes nos processos
e eficazes nos resultados obtidos, se tiverem em conta as várias vertentes da decisão,
designadamente, as vertentes científica, relacionada com a natureza dos problemas
ambientais e formas de os solucionar, social, que tem como principal suporte o
envolvimento do público, e motivacional, que se baseia na utilização de estímulos
económicos e outros incentivos financeiros (Said et al., s. data).
A vertente cientifica é aquela que pode dar um contributo mais efectivo de suporte à
decisão em matéria de gestão de recursos hídricos, sendo no entanto necessário
desenvolver metodologias rigorosas que traduzam com elevada precisão e exactidão os
fenómenos envolvidos que os condicionam.
2.2. Metodologias de Avaliação da Qualidade da Água
A comunidade científica há muito que procura desenvolver metodologias e mecanismos
que permitam monitorizar com eficácia os fenómenos que com eles interferem, de forma
a comprovar a existência de relações causa-efeito que permitam resolver, na origem e tão
depressa quanto possível, os problemas ambientais que se possam vir a verificar.
Neste particular, a Organização Mundial de Saúde, em associação com outras
organizações mundiais, designadamente, Nações Unidas, através dos seus programas
ambiental, educacional, científico e cultural e a Organização Mundial de Meteorologia,
deu um importante contributo em 1976, com o início da elaboração de um documento
designado GEMS/WOG (Global Environmental Monitoring System / Water Operational
Guide).
Desde então e com uma maior incidência, como forma de combater a degradação dos
ecossistemas aquáticos, têm vindo a ser desenvolvidos estudos que envolvem o
7
aperfeiçoamento e utilização de metodologias diversas com o objectivo de proceder à
avaliação da qualidade de várias massas de água, incluindo rios, lagos, albufeiras,
estuários, etc.
Estes estudos englobam a avaliação dos efeitos de actividades tão diversas como a
descarga de águas residuais urbanas tratadas ou não, a actividade agrícola e a actividade
industrial.
Os trabalhos desenvolvidos pela OMS (1977) tiveram como principal objectivo a
validação de uma metodologia que permitisse, de forma reprodutível, obter dados
comparáveis que permitissem a elaboração de um registo mundial que agregasse os
efeitos da poluição introduzida nos oceanos pelos rios em função da qualidade das suas
águas, permitindo simultaneamente estabelecer a relação com a acumulação de
substâncias persistentes e nocivas a longo prazo nas respectivas bacias hidrográficas.
Os principais aspectos desenvolvidos na elaboração deste documento procuraram dar
resposta às várias etapas de uma avaliação prática, que incluem:
- Selecção dos locais de amostragem, medição e monitorização, considerando o
planeamento e requisitos dos locais e onde devem ser definidos os requisitos, frequência
e tempo de amostragem, procedimentos e registos de informação dos locais;
- Parâmetros medidos ou analisados, com a decisão dos parâmetros a medir no local e
daqueles cuja análise apenas deve ser realizada em laboratório, destacando a importância
da escolha dos parâmetros e respectivas técnicas analíticas e instrumentais a utilizar;
- Análise e interpretação dos resultados, onde deverão ser considerados os
procedimentos relativos à forma como os resultados deverão ser analisados e
interpretados e como a sua comunicação deve ser preparada.
Este estudo tinha por base uma avaliação realizada com base na variação da evolução ao
longo de um período de um conjunto de parâmetros físico-químicos e biológicos.
Trabalhos mais recentes basearam-se, contudo, noutros parâmetros específicos das
actividades potenciais causadoras das perturbações na qualidade da água.
8
Em 1994, a TNRCC (Texas Natural Resource Conservation Commission), nos estudos
que envolveram a avaliação da qualidade da água na bacia hidrográfica do Rio Grande,
utilizou a temperatura, pH, condutividade, sólidos dissolvidos totais, cloretos, sulfatos,
oxigénio dissolvido, coliformes fecais, nutrientes e substâncias tóxicas, como parâmetros
físico-químicos e biológicos de controlo, no entanto no seu estudo utilizaram algumas
metodologias complementares.
O estudo dos sedimentos e dos tecidos dos peixes característicos na área da bacia
constituíram as metodologias complementares de avaliação da qualidade deste
ecossistema.
A análise dos sedimentos permite prever a evolução da qualidade dos ecossistemas
aquáticos, em resultado da libertação progressiva das substâncias neles acumuladas
durante longos períodos, mesmo muito depois das fontes de contaminação que lhe deram
origem terem cessado.
A análise dos tecidos da fauna piscícola facilita a compreensão dos fenómenos de
bioacumulação e assimilação de substâncias tóxicas libertadas para os meios aquáticos,
com efeitos mais diluídos ou concentrados no tempo, que têm como causas a
incorporação através da cadeia alimentar de que fazem parte, ou a absorção directa a
partir do meio onde se encontram, respectivamente.
Matthew et al. (2006) utilizam como metodologias complementares de avaliação da
qualidade da água, a análise da evolução da biodiversidade de macro-invertebrados e a
análise de sedimentos, relacionando os resultados com a monitorização de oxigénio
dissolvido (OD), carência bioquímica de oxigénio (CBO5), carência química de oxigénio
(CQO), amónia e sólidos suspensos, metais, incluindo Ag, Al, Be, Cd, Cr, Cu, Fe, Mn,
Ni, Pb e Zn, e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH’s).
Os resultados obtidos por estes autores evidenciaram a diminuição da biodiversidade, em
resultado, principalmente, da diminuição de OD e do aumento da CBO5, CQO e amónia,
das zonas rurais estudadas, situadas a montante, para as zonas urbanas de jusante,
9
destacando a influência das zonas urbanas nas alterações da biodiversidade dos habitats
aquáticos.
Lavado et al. (2006), tendo como objecto de estudo o Rio Ebro, utilizaram também uma
metodologia semelhante, avaliando os fenómenos de bioacumulação e resposta biológica
respectiva, à introdução de substâncias orgânicas persistentes, designadamente, bifenóis
policlorados (PCB’s), diclorodifeniltricloroetenos (DDT’s), hexaclorobenzenos (HCB’s),
lindano e metais, sobre a fauna piscícola característica dos ecossistemas aquáticos
contaminados, especificamente, sobre carpas (C. carpio) e barbos (Barbus graellsii).
Shrestha e Kazama (2006), nos seus estudos de interpretação de resultados da avaliação
da qualidade da água através de técnicas estatísticas multivariáveis, dão especial atenção
aos critérios da escolha dos parâmetros submetidos a análise, que têm em conta os níveis
potenciais de poluição, considerando as condições naturais, sem poluição, zonas de
reduzidos níveis de poluição, resultantes de fontes de contaminação pontual de origem
orgânica em resultado da descarga de águas residuais domésticas, tratadas ou não, a que
se somam os efeitos da actividade agrícola, característicos de zonas com níveis de
poluição média, e os efeitos da actividade industrial, que estão na origem da existência de
zonas com elevados níveis de poluição.
Ghosh e Mujumdar (2006) levaram a efeito estudos semelhantes, visando o estudo dos
níveis de poluição que, no máximo, devem ser garantidos para manter a qualidade da
água em níveis aceitáveis, que deverão ser avaliados através de análises estatísticas
adequadas.
Neal et al. (2005-a) e 2005-b)) realizaram estudos de avaliação da qualidade da água
também em função da existência de fontes pontuais ou difusas de poluição, e os efeitos
da geologia e da capacidade de diluição dos caudais sobre os respectivos valores,
utilizando para o efeito análises físico-químicas que envolveram a quantificação de
cálcio, alcalinidade, fósforo, entre outros parâmetros.
O estudo do comportamento dos nutrientes introduzidos nas massas de água por
descargas directas ou infiltrações em aquíferos e o seu transporte através do escoamento
10
superficial ou subterrâneo, comparando os resultados com a avaliação de outros
parâmetros, como os compostos orgânicos voláteis (COV’s), hidrocarbonatados ou
clorados, e os metais, realizado por Shepherd et al. (2005), constitui um exemplo de outra
adaptação de metodologias que visam a utilização de parâmetros fisíco-químicos para
avaliar a qualidade da água de ecossistemas aquáticos e de mecanismos de atenuação
natural fomentados nos solos ou linhas de água.
Neste sentido, os estudos de Verhoeven et al. (2006) visaram compilar a informação
existente, de forma a deduzir as reais causas e consequências da atenuação natural,
relativa aos nutrientes, promovida pelas zonas húmidas e vegetação ripícola.
Estudos semelhantes concretizados por Allan et al. (2006) procuraram fazer uma revisão
das principais metodologias de referência, recorrendo à avaliação qualitativa de
elementos biológicos ou ecológicos e à avaliação quantitativa de parâmetros
físico-químicos, orgânicos ou inorgânicos, potenciais causadores de fenómenos de
poluição, utilizadas com base na monitorização implícita na nova Directiva Quadro da
Água (DQA) (2000/60/CE).
De acordo com este estudo, os requisitos implícitos na DQA só podem ser alcançados
com eficácia se forem optimizadas as ferramentas actuais e incorporadas novas
metodologias emergentes na concretização de programas de monitorização da qualidade
da água, com vista à minimização de custos e ao aumento da precisão e exactidão dos
resultados.
Técnicas de amostragem passiva e monitorização têm também sido alvo de estudos
aprofundados, com especial desenvolvimento a partir de finais da década de 80. Estes
desenvolvimentos têm incidido sobre os mecanismos de planeamento, calibração, análise
e controlo de qualidade dos resultados da monitorização e sobre as vantagens e desafios
que se apresentam no procedimento de monitorização de ecossistemas aquáticos (Vrana
et al., 2005).
11
2.3. Selecção dos Locais de Amostragem, Medição e Monitorização
A selecção dos locais de amostragem, medição e monitorização constitui uma das
principais etapas de qualquer estudo de avaliação da qualidade da água e, em particular,
da qualidade da água característica de uma bacia hidrográfica.
Nas subsecções seguintes far-se-á uma revisão às principais metodologias de amostragem
medição e monitorização que se levam a efeito com vista à obtenção de resultados
objectivos e representativos das condições reais.
2.3.1. Amostragem
A amostragem constitui o procedimento através do qual se efectua a recolha de uma
porção representativa de material, no seu estado natural, que será sujeito a posterior
caracterização, geralmente noutro local.
Constitui, por isso, um complemento e/ou a base da monitorização, permitindo melhorar
a qualidade dos resultados obtidos por recurso a equipamentos e técnicas mais fiáveis,
apenas existentes em laboratório.
Os resultados finais devem reflectir quer a representatividade das amostras recolhidas
quer a exactidão e precisão dos resultados analíticos.
A escolha dos procedimentos que envolvem a amostragem deve ser feita tendo em conta
alguns factores importantes, como a variabilidade da qualidade da água e das suas
características.
Na realidade, a quantidade de massas de água que não apresentam qualquer variabilidade
nas características e composição ao longo do tempo são muito reduzidas para não dizer
mesmo inexistentes.
Alterações na composição provocadas pela introdução de substâncias naturais ou não, e
as alterações provocadas por fenómenos ambientais externos à massa de água, onde se
12
incluem as precipitações, secas, alterações diárias ou sazonais da temperatura,
caracterizam as massas de água, impedindo a recolha de amostras com características
constantes.
Para minimizar os erros decorrentes do procedimento de amostragem, existem várias
técnicas, a que se associaram um conjunto de classificações, aplicadas em circunstâncias
precisas, que podem facilitar a recolha de amostras representativas e fiáveis (Standard
Methods, 1998).
Relativamente às tomas proporcionais do material em estudo, a amostragem pode ser
realizada de acordo com três princípios básicos dependendo das tomas recolhidas:
(1) Amostragem e análise de todo o material recolhido.
A amostragem e análise de todo o material recolhido é muito comum em alguns tipos de
análises efectuadas a produtos alimentares ou, por exemplo, alguns animais de pequeno
porte, insectos, bactérias, etc.
As desvantagens deste procedimento consistem na dificuldade de, por vezes, analisar a
totalidade da amostra obtida, para além da dificuldade inerente às determinações
analíticas que, sendo destrutivas na sua maioria, não permitem determinar senão um
único parâmetro.
As principais vantagens da aplicação desta técnica residem na sua simplicidade e no
conhecimento da composição total do parâmetro em análise em toda a amostra.
(2) Amostragem e análise de uma porção aleatória de material.
A análise de uma porção aleatória de amostra não é cientificamente correcta, podendo
mesmo, em função das características do meio onde é efectuada a recolha, falsear
significativamente os resultados.
As suas principais vantagens residem na simplicidade com que se efectua a recolha das
amostras a analisar e, frequentemente, em função das características dos locais e
objectivos dos estudos acaba por se revelar uma metodologia extremamente versátil.
13
(3) Amostragem com selecção de tomas representativas analisadas posteriormente.
A selecção das amostras tendo por base critérios probabilísticos e estatísticos é a técnica
mais fiável, em termos de resultados obtidos. Permite a recolha de amostra em
quantidade apreciável e relativamente homogénea, de tal forma que se podem efectuar
várias determinações analíticas destrutivas sem se correr o risco de obter resultados
diferentes entre elas.
A desvantagem da aplicação desta técnica reside na complexidade que está subjacente ao
procedimento de amostragem, de tal modo que se deve estabelecer um plano de
amostragem, análise e monitorização.
Com base na aplicação deste procedimento, é frequente recorrer-se a uma associação de
equipamentos, de que é exemplo a associação representada esquematicamente na figura
2.1.
A composição das amostras recolhidas depende, de forma directa, das diferentes técnicas
de amostragem, isto é, nas técnicas (1) e (2) as amostras obtidas são simples, com uma
composição dependente das características do momento e local onde foi realizada a
amostragem; pela técnica (3) a amostra obtida pode ser simples ou composta pelas várias
sub amostras características do(s) local(is) e/ou período(s) de tempo em que foi recolhida.
Esta classificação da amostragem reflecte a composição da amostra, distinguindo
amostras simples de amostras compostas.
A periodicidade da recolha é outro dos aspectos a ter em conta quando se pretende
efectuar uma amostragem representativa. É pois, possível classificar a amostragem em
periódica, volumétrica e em função do caudal.
A amostragem periódica consiste na recolha em intervalos de tempo predefinidos, de uma
porção ou amostra do material em estudo. Este tipo de amostragem é o mais simples, no
entanto pode conduzir a erros significativos quando, por exemplo, na altura em que é
feita a recolha, de acordo com o plano definido, não passa qualquer caudal ou esse caudal
não é representativo.
14
As amostragens volumétricas têm por base a determinação do volume que atravessa
determinada secção do curso de água. Quando nessa secção passou um volume
correspondente a um valor definido, é recolhida uma amostra. É uma técnica mais fiável
do que a anterior, no entanto envolve um procedimento mais complexo, com a medição
prévia do caudal e a amostragem pode coincidir com um caudal muito baixo ou elevado
e, portanto, não representativo.
Por último, a amostragem em função do caudal consiste na recolha de uma amostra
sempre que numa secção de escoamento passe um caudal pré-estabelecido. Tal como a
técnica anterior, esta técnica envolve alguma complexidade relacionada com a necessária
determinação simultânea de caudal e, apesar de ser uma técnica que fornece melhores
resultados, também pode levar à irregularidade na recolha das amostras.
Mas, como referem Vrana et al. (2005), a presença de elementos traço em estudo,
associada à análise posterior em laboratório, mesmo utilizando uma amostragem
composta de tomas representativas, pode conduzir a resultados falíveis que apenas
reflectem as concentrações verificadas nos períodos em que foi realizada a amostragem.
Ainda de acordo com os mesmos autores, uma forma de ultrapassar esta fonte de erro
consiste no aumento da frequência da monitorização, o que torna, contudo, o processo
muito mais moroso, dispendioso e complexo.
Outra forma de ultrapassar esta lacuna, porventura mais eficaz, objectiva e económica,
consiste na implementação de sistemas de monitorização em contínuo como o que se
apresenta na figura 2.1.
Neal et al. (2005-b)), em estudos levados a efeito no Rio Thame, utilizaram uma
montagem deste tipo, utilizando para o efeito sondas específicas e respectivos medidores
de pH, condutividade, oxigénio dissolvido e temperatura, com registo electrónico de
dados cada 15 minutos num equipamento de armazenamento de dados (“Hidrolab”).
15
Figura 2.1: Esquema Geral de Montagem dos Equipamentos Utilizados para Monitorizar e Proceder à
Amostragem Automática de Cursos de Água
Figura 2.2: Exemplos de Amostradores Automáticos. À Esquerda – Aspecto Exterior; À
Direita - Aspecto Interior (Metcalf e Eddy, 2003)
16
Outra classificação possível tem em conta a forma como se efectua a amostragem. A
amostragem pode ser classificada como manual quando se faz uso apenas de
instrumentos rudimentares, operados por um operador de forma manual, ou como
automática quando se recorre a um instrumento específico denominado amostrador como,
por exemplo, o que se apresenta na figura 2.2.
Estes equipamentos podem ter ainda a possibilidade de manter as amostras refrigeradas,
minimizando a sua consequente degradação.
2.3.2. Medição e Monitorização
A medição é o acto ou procedimento que permite quantificar ou qualificar uma variável
utilizando para o efeito as características do parâmetro que se pretende conhecer.
A monitorização, por seu lado, é um procedimento mais complexo que pode envolver
apenas medições efectuadas directamente no local e/ou análises efectuadas em
laboratório, mas envolve sempre uma análise mais complexa do que a simples medição
pontual.
De facto a monitorização consiste no acompanhamento, medição, análise e interpretação
de dados correspondentes à evolução de um parâmetro ao longo do tempo.
No esquema da figura 2.3 apresenta-se uma relação entre os três tipos de monitorização
que podem ser adoptados para avaliar a qualidade da água de um ecossistema aquático ou
a sua evolução em resultado de alterações naturais ou antropogénicas.
De acordo com Liebetrau (1979), Herricks (1984), Canter (1985), Groot (1986),
Harmancioglu (1991) e Loftis (1991), citados por Gonçalves (1994), os principais
objectivos de um sistema de monitorização da qualidade da água consistem na
verificação do cumprimento dos requisitos legais, em função dos usos e descargas a que
os recursos hídricos são sujeitos, e a detecção de alterações e tendências, principalmente
de longo prazo, e o conhecimento dos factores que com elas se relacionam.
17
Figura 2.3: Esquema Simplificado dos Tipos de Monitorização Implícitos na DQA,
Designadamente, Vigilância, Operacional e Investigação. As metodologias emergentes estão assinaladas com (Allan et al., 2006)
De acordo com os estudos desenvolvidos pela OMS (1977), os principais objectivos da
constituição de redes de monitorização da qualidade da água consistem na avaliação do
impacto de actividades antropogénicas sobre a qualidade da água e, em consequência,
sobre os seus usos possíveis, na determinação da qualidade da água no seu estado natural
para inventariar e concluir acerca de possíveis utilizações futuras e, por último, manter
18
um controlo sobre as fontes e mecanismos que alteram o comportamento e forma de
substâncias tóxicas e nocivas presentes nos meios naturais.
Outros autores, monitorizando um conjunto de parâmetros específicos, procuram avaliar
a influência de fenómenos de bio-atenuação (Verhoeven et al., 2006) ou das
características geológicas de uma bacia (Neal et al., 2005, Shpherd et al., 2005) sobre a
qualidade da água nas zonas onde se exercem as respectivas influências.
Por outro lado, uma monitorização eficaz permite relacionar a biodiversidade das
espécies presentes num habitat aquático e os efeitos da bioacumulação nas cadeias
alimentares que neles se estabelecem (Lavado et al., 2006, Robson et al., 2006).
Esta abordagem é muito mais eficaz quando se dispõe de dados e registos sistematizados
de cursos de água ou bacias hidrográficas, permitindo mais facilmente compreender os
mecanismos que estão na base de alterações que se possam vir a verificar em resultado de
ocorrências invulgares ou modificações significativas nas condições existentes na área de
influência por eles drenada.
2.3.3. Selecção dos Locais
Uma vez clarificados os conceitos de amostragem, análise e monitorização, importa
agora abordar quais os critérios que devem ser observados na escolha dos locais de
amostragem, análise e monitorização, de forma obter os resultados mais representativos
da zona drenada que dá origem ao escoamento na secção em estudo.
De acordo com a OMS (1977), a definição dos locais onde deverá ser realizada a
monitorização deverá seguir uma metodologia que inclui, como estudo prévio:
1 – Identificação e registo das principais causas de alterações significativas, directas ou
indirectas, na qualidade da água.
Estas causas podem incluir não apenas as fontes de contaminação tópicas ou difusas, mas
também informações geológicas, de ocupação dos solos, de reservas ou utilizações de
19
recursos hídricos, de obras hidráulicas, meteorológicas, de urbanização, de propostas de
alterações significativas e quaisquer outras que se mostrem relevantes a curto, médio ou
longo prazos, para a alteração da qualidade da água drenada pela secção que contribui
para o escoamento no local monitorizado;
2 – Segue-se a avaliação da dimensão e importância relativa das informações recolhidas,
e a correspondente análise dos efeitos que se prevê possam vir a ter sobre a qualidade e
quantidade de água disponível;
3 – Eventuais situações ou alterações futuras que possam conduzir a efeitos significativos
na massa de água em estudo devem agora também ser tidas em consideração, assim como
a inventariação de recursos potenciais futuros, e possíveis reutilizações e reciclagens na
utilização da água;
4 – O passo seguinte deve consistir na recolha de informação relativa a análises e
monitorizações realizadas anteriormente e que possam servir como termo comparativo e
justificativo de eventuais resultados obtidos;
5 – O registo cartográfico da informação recolhida pode ser uma importante ferramenta
para a análise final dos resultados, já que permite, frequentemente, estabelecer uma
relação causa-efeito entre os resultados obtidos e a sua causa potencial.
Na figura 2.4 apresenta-se um esquema que resume o procedimento de selecção dos
locais de amostragem.
Depois de identificadas as principais causas potenciais de alterações nas massas de água e
analisadas todas as características da região alvo do estudo, devem ser definidos os
critérios técnicos que permitirão a escolha criteriosa do local específico onde deverão ser
realizadas as medições e amostragens.
20
Levantamento de informação relativa às utilizações actuais e
futuras
Inventário dos factores que influenciam a qualidade da água,
presentes e expectáveis
Análise de disponibilidades potenciais - actuais e futuras
Preparação de cartas de usos e qualidade da água
Estimativa dos consumos necessários
Estimativa dos efeitos sobre a qualidade
Utilização da informação necessáriaControlo Planeamento
Locais possíveis
Mapeamento dos locais
Inspecção da aptidão dos locais
Selecção dos locais
Amostragem e análise
Revisão
Sele
cção
das
info
rmaç
ões
Rec
olha
de
dado
sIn
form
açõe
s
Figura 2.4: Esquema de Selecção dos Locais de Amostragem (OMS, 1977)
Para este efeito, é indispensável ter em consideração algumas características
fundamentais que devem ser observadas no procedimento de monitorização, que incluem
a representatividade, medição de caudais, acessibilidade, distância ao laboratório,
segurança e influência de perturbações pontuais.
21
A. A representatividade constitui um dos aspectos mais relevantes que envolvem a
escolha de um local onde serão realizadas monitorizações e onde serão recolhidas
amostras para posterior análise em laboratório.
Como foi referido anteriormente, na descrição do procedimento de amostragem, o local
deve ser representativo das características do troço ou curso de água que se pretende
estudar.
Neste particular, a agitação no local de recolha das amostras e realização das medições é
fundamental para garantir homogeneidade no meio e, em consequência,
representatividade da amostra recolhida. Este factor é condicionado, principalmente, pela
velocidade do escoamento, turbulência e declive do curso de água.
Outras características, como a temperatura, podem também condicionar a difusão vertical
em locais onde a agitação não é tão relevante.
Para estimar o grau de homogeneidade da massa de água escoada numa secção de um
leito de um curso de água, pode ser necessário proceder à realização de estudos
específicos, com recolha de amostras em diferentes locais e profundidades do leito,
comprovando a eventual existência de heterogeneidades.
De acordo com o procedimento descrito pela OMS (1977), para cursos de água com um
escoamento inferior a 5 m3/s, não é necessário proceder a qualquer estudo de
homogeneidade, porque estará garantida à partida.
Para cursos de água com escoamentos médios, entre 5 e 150 m3/s, é necessário proceder à
recolha em 2 locais distintos, a profundidades médias. Para cursos de água com
escoamentos superiores a 150 m3/s é indispensável realizar amostragens para verificar a
homogeneidade do escoamento, em pelo menos 6 locais da secção de escoamento em
estudo.
Em qualquer caso, as amostras deverão ser recolhidas a uma profundidade mínima de
30 cm abaixo da superfície e, sempre que possível, a 30 cm acima do leito, evitando
perturbações neste.
22
A recolha de amostras em locais onde não esteja garantida a homogeneidade das
características do escoamento, pode tornar o procedimento de amostragem e medição
demasiado complexo.
A situação oposta, onde se procede à recolha de amostras em locais excessivamente
turbulentos, também pode acarretar alguns problemas, já que podem ser recolhidas
amostras contendo substâncias acumuladas no leito em períodos de escoamento pouco
turbulento, que se podem vir a libertar pontualmente.
Para minimizar estas dificuldades, é indispensável proceder à escolha de traçados onde o
caudal escoado seja relativamente constante ao longo do período em que decorre a
observação.
B. A medição do caudal é um dos requisitos para a obtenção de resultados fiáveis e sua
interpretação coerente.
Com efeito, esta medição permite concluir acerca do comportamento e capacidade de
adaptação do curso de água e ecossistema respectivo à introdução de substâncias
indesejáveis, condicionando, de forma significativa, as concentrações de substâncias que
se possam vir a determinar, através de mecanismos de diluição.
A quantificação do caudal deve ocorrer, necessariamente, no local onde se procedem às
restantes medições e amostragens. No entanto, caso não se verifiquem alterações
significativas no caudal e, sempre que seja inviável a medição no local onde é realizada a
monitorização, pode-se estimar o caudal a montante ou jusante sem que tal procedimento
afecte os resultados de forma significativa.
Esta situação é muito comum em locais onde já existem estações hidrométricas, mas onde
não se preveja existir uma representatividade de situações anormais inventariadas no
levantamento prévio de dados.
Relativamente às técnicas utilizadas na quantificação de caudais em cursos de água, isto
é, escoamentos em superfície livre de secções compostas, requerem algumas adaptações
23
dos métodos comuns de medição de caudais em secções constantes e caudais estáveis
sem turbulências significativas (Quintela, 2002).
O caudal (Q) que escoa em determinada linha de água é função da relação entre o volume
de água que atravessa essa secção (ΔV) num intervalo de tempo (Δt), de acordo com a
equação 2.1 (Lencastre e Franco, 1984).
tVQΔΔ
= (2.1)
Na classificação apresentada por Lencastre e Franco (1984), faz-se a distinção entre os
métodos directos utilizados na quantificação de caudais fluviais e os métodos indirectos.
Os métodos directos consistem na medição da totalidade do caudal que atravessa
determinada secção de um curso de água, por determinação volumétrica total e directa.
Os métodos indirectos, por outro lado, envolvem a medição do volume de água que
atravessa determinada secção, recorrendo a substâncias ou às propriedades físicas da
água, por forma a medir a velocidade desta e, deste modo, estabelecer a respectiva
relação com o caudal que atravessa essa secção (Lencastre e Franco, 1984):
_ Método da secção-velocidade;
_ Método estrutural;
_ Método da diluição;
_ Método ultra sónico;
_ Método electromagnético;
_ Método da embarcação em movimento.
Um dos métodos mais utilizados descritos por Lencastre e Franco (1984), que apresenta
melhor relação entre os resultados obtidos e a facilidade, simplicidade e os reduzidos
meios técnicos decorrentes da sua aplicação, é o método da secção – velocidade.
Esta técnica tem por base metodologias compostas, que envolvem o estudo do perfil do
leito na secção onde se pretende determinar o caudal, seguido de uma avaliação das
24
velocidades de escoamento em cada secção parcial. Isto decorre da irregularidade
verificada nas secções de escoamento das linhas de água, afectadas pela rugosidade dos
leitos e pela sua forma.
Como a própria descrição faz crer, esta metodologia consiste na determinação do caudal
escoado numa secção de uma linha de água em função da velocidade média da água e da
área transversal dessa secção.
Normalmente, divide-se a secção em subsecções de igual área e determina-se o caudal
respectivo a partir da velocidade da água em cada uma delas.
Apesar da relativa facilidade de aplicação, o método da determinação do caudal nas
várias divisões que se fazem na secção transversal do curso de água é muito trabalhoso,
aplicando-se preferencialmente em casos em que se pretenda determinar as velocidades
de escoamento numa secção com um rigor relativamente elevado.
Na prática, este método pode ser simplificado de acordo com aproximações matemáticas
apoiadas em estudos semi-empíricos.
Uma dessas simplificações consiste em determinar a velocidade média apenas numa ou
duas profundidades pré-estabelecidas, por exemplo, a 0,6 (equação 2.2) ou 0,2 e 0,8
(equação 2.3) da profundidade do local.
Posteriormente, recorre-se à equação 2.4 que permite estabelecer uma relação do caudal
escoado com a profundidade das várias subsecções, a velocidade da água em cada uma
delas e a distância à margem.
ih6,0i VV = (2.2)
( )
2V ii h8,0h2,0
i =VV +
(2.3)
( )∑−
=+
++ −×⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛ +×⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ +=
1n
0ii1i
1ii1ii ll2hh
2VVQ (2.4)
25
Em que:
Q – Representa o caudal na secção em estudo
iV - Representa a velocidade média medida a determinada profundidade
1iV + - Representa a velocidade média medida à profundidade imediatamente a seguir à iV
hi – Profundidade na vertical
li – Distância à origem (geralmente à margem)
As medições mais vulgares da velocidade da água fazem-se com recurso a molinetes, a
diferentes profundidades ao longo do perfil transversal de um curso de água, que é
traçado previamente com recurso, por exemplo, a técnicas ultra-sónicas.
Os molinetes são instrumentos constituídos por uma hélice solidária com um eixo que a
liga a um corpo de suporte acoplado a um cabo.
A velocidade de rotação da hélice é proporcional à velocidade da água, dependendo ainda
das características de cada aparelho.
A relação entre a velocidade da água e o número de rotações do molinete, permite
estabelecer esta relação biunívoca.
Outra forma, bastante menos complexa, mas também menos precisa, consiste em
determinar a velocidade do escoamento com recurso a um objecto flutuante.
Nesta circunstância é relevante ter em consideração que a velocidade da água não é
constante em toda a secção. Por outro lado a existência de correntes de ar superficiais
podem afectar de forma significativa as velocidades relativas do escoamento. Há ainda a
considerar a tendência de deslocamento dos flutuadores para os filetes centrais o que
provoca um aumento das velocidades de deslocamento.
Apesar destas desvantagens importantes, que conduzem a velocidades estimadas entre
20% e 30% superiores às velocidades reais, de acordo com Lencastre (1996), esta
metodologia apresenta vantagens importantes que vão para além da facilidade e
simplicidade que envolve a sua aplicação.
26
De facto, a medição da velocidade com recurso a molinetes pressupõe que existe uma
profundidade suficiente para submergir totalmente o equipamento e proceder a medições
tão rigorosas quanto possível. Porém, em pequenos cursos de água e em particular
quando estes estejam afectados de forma temporária ou prolongada por períodos de seca
e cujos caudais sejam essencialmente de tipo torrencial, a utilização de molinetes pode
tornar-se inviável.
Nestas circunstâncias, desde que não exista vegetação ou obstáculos superficiais, e
utilizando troços de cursos de água com secções de perfis constantes, como é o caso dos
locais onde existem pontes, a utilização de objectos flutuantes na estimativa da
velocidade pode mostrar-se um método muito atractivo.
C. A acessibilidade pode constituir um factor limitante da escolha de um local de
amostragem e monitorização.
A inexistência de acessos viários pode ser colmatada, desde que as extensões a percorrer
não sejam muito extensas ou os meios para as percorrer estejam facilmente disponíveis.
Este facto será tanto mais importante quanto maior for a quantidade de pontos de
amostragem que, obrigatoriamente, deverão ser visitados num dia, e quanto maior for a
quantidade e tipo de equipamentos e amostras que poderá ser necessário transportar.
Para além destas limitações há outras, onde se inclui a existência de barreiras naturais,
pela presença de vegetação densa, taludes íngremes ou outras barreiras que podem
impedir o acesso físico à secção em estudo e, deste modo, limitar a escolha desse local
(OMS, 1977).
D. Associado ao factor acessibilidade, a distância ao laboratório pode limitar a escolha
dos locais de amostragem, principalmente em locais onde a acessibilidade é difícil, o
tempo destinado à visita aos vários locais que constituem a rede de monitorização em
estudo pode ser demasiado extenso, não deixando muito tempo disponível para o
transporte das amostras para o laboratório.
Acresce o facto das metodologias de análise de alguns parâmetros, de que são exemplo os
parâmetros microbiológicos e a determinação da CBO5, imporem que as determinações
27
analíticas sejam realizadas, no limite, até 6 horas após a amostragem (Standard Methods,
1998).
Considerando estes condicionalismos, é de extrema relevância a definição de locais que
tenham uma acessibilidade facilitada e em que a distância ao laboratório permita o
transporte no menor tempo possível e nas condições de preservação adequadas (OMS,
1977).
E. A segurança, principalmente a dos técnicos responsáveis pela realização dos
procedimentos, é fundamental na escolha dos locais de monitorização, estando também
ela necessariamente associada ao factor acessibilidade.
A escolha de locais com acessibilidades difíceis aos locais de medição e recolha das
amostras pode por em causa a segurança dos técnicos e dos equipamentos.
Para além das características inerentes ao próprio local, é necessário tomar em
consideração as condições meteorológicas, existência de tráfego ou outro factor que
possa colocar em risco a operação.
Caso não seja possível optar pela escolha de locais que apresentem baixo nível de risco,
devem ser estabelecidos procedimentos rigorosos que incluam todas as precauções a
tomar, considerando as situações mais adversas, para minimizar o risco que pode decorrer
para a segurança de técnicos e equipamentos.
F. A existência de perturbações pontuais, quer no escoamento, quer pela existência de
locais anormalmente agitados ou estagnados pode conduzir à obtenção de resultados que
não reflectem necessariamente a situação real.
Por exemplo, locais de amostragem e monitorização localizados a montante de açudes,
represas ou barragens, são caracterizados, normalmente, por níveis de saturação de
oxigénio dissolvido muito inferiores aos locais situados a jusante destas estruturas,
principalmente quando situados nas proximidades de descarregadores turbulentos.
Deve também ser evitada a recolha de amostras na proximidade das margens e de locais
onde ocorram descargas poluentes pontuais frequentemente, que podem afectar a
28
representatividade das amostras recolhidas e medições realizadas, em resultado da
mistura dessas substâncias na massa de água.
Sobre este aspecto, Neal et al. (2005 – a)) concluem mesmo que o caudal, associado ao
potencial de diluição dos cursos de água, têm mais influência sobre a sua qualidade do
que a própria existência de fontes difusas de contaminação que lhes estão associadas.
2.3.4. Meios Auxiliares de Amostragem e Monitorização
Algumas estruturas e instrumentos podem auxiliar a ultrapassar com alguma facilidade as
barreiras criadas pela falta de acessibilidade ou segurança dos locais escolhidos para
proceder à monitorização e recolha de amostras.
As pontes constituem, nos cursos de água, uma das estruturas mais úteis que podem ser
utilizadas no auxílio das tarefas a desenvolver, sobretudo quando outras formas de acesso
podem colocar em risco as tarefas.
A regularidade do perfil transversal do leito do curso de água é outra das vantagens da
escolha das pontes como local de eleição.
Outra possibilidade consiste na utilização de embarcações que percorrem o curso de água
e permitem, com maior facilidade, proceder à realização das tarefas.
Não é um meio tão seguro como as pontes, já que a existência de regimes turbulentos,
situações de escoamento anormais ou situações climáticas adversas podem proporcionar
riscos acrescidos.
Outro instrumento auxiliar de grande versatilidade e utilidade é a corda ou cabo, que
pode ser utilizado em múltiplas tarefas no decurso da realização das medições ou
recolhas de amostras, especialmente nos casos em que a acessibilidade é limitada.
A utilização de bancos de areia naturais ou do próprio leito do rio, como acesso, quando
tal seja possível, pode facilitar as tarefas, mas estas possibilidades são muito remotas e
29
limitadas a poucos locais que permitem o acesso fácil durante todo o período em que
decorre o estudo.
A utilização de meios mais sofisticados e, também por isso mais dispendiosos, de que são
exemplo as aeronaves, como é o caso dos helicópteros, tem uma aplicabilidade muito
limitada, sendo apenas necessário quando a acessibilidade por outras vias se torna
totalmente inviável (OMS, 1977).
2.4. Parâmetros Medidos ou Analisados
É do conhecimento geral que a designação de “água pura” atribuído à água, não é mais
do que um estado relativo uma vez que, na natureza, não é viável a obtenção de água
líquida no estado puro.
De facto, mesmo a água que é submetida a processos de destilação ou processos de
tratamento avançados, como a osmose inversa, contém substâncias com concentrações e
naturezas variáveis, em função do processo de purificação seguido e da origem da água
bruta utilizada.
Por este motivo, é indissociável o estudo dos parâmetros e substâncias que se podem
encontrar normalmente numa água e o estudo dos parâmetros que conferem um grau de
poluição ou contaminação a essa mesma água.
A fronteira entre um contaminante e um composto que apenas faz parte da constituição
de uma água é muito ténue e relativa. Depende, entre outros factores, da natureza do
elemento presente, do seu estado físico, da sua associação física e química, da
temperatura, do tipo de utilização que se pretende dar à água e da dose.
Por exemplo, uma água mineral, com uma composição óptima para consumo humano,
não pode ser utilizada nesse estado num sistema de arrefecimento de uma central
termoeléctrica, tendo que ser submetida previamente a processos de purificação.
30
Mas o contrário também sucede, uma vez que a água purificada apresenta um paladar
extremamente desagradável.
Assim, há um conjunto de parâmetros que merecem uma atenção especial, pela sua
natureza ou influência que exercem sobre outros e que, em último caso, afectam a
qualidade dos ecossistemas aquáticos.
Estes efeitos fazem-se sentir maioritariamente a nível de desequilíbrios que provocam
nos ciclos biogeoquímicos.
É o exemplo dos excessos de azoto na forma de nitritos, nitratos, azoto orgânico e
amoniacal.
A caracterização dos parâmetros que mais contribuem para a alteração da qualidade das
massas de água é então fundamental, podendo dividir-se em três classes, de acordo com a
OMS (1977):
- Parâmetros básicos avaliados em todas as estações de monitorização da qualidade, que
permitem caracterizar, de forma global, a composição da água;
- Parâmetros opcionais, que permitem comprovar situações ou ocorrências excepcionais
que conduzem a alterações na qualidade da água em determinado local;
- Parâmetros globais, a ser avaliados sempre que seja necessário comprovar resultados
obtidos na determinação dos parâmetros básicos.
Outra classificação típica, adaptada da classificação apresentada por Metcalf & Eddy
(2003), utilizada com frequência, divide os parâmetros característicos das águas em
parâmetros organolépticos, físico-químicos, substâncias indesejáveis, substâncias
tóxicas e parâmetros microbiológicos.
Nas secções seguintes, far-se-á uma abordagem muito sintetizada e sistemática dos
principais parâmetros que caracterizam uma massa de água e que podem condicionar, de
forma muito significativa, os mecanismos naturais aí presentes e os usos possíveis desse
recurso.
31
2.4.1. Parâmetros Organolépticos
Os parâmetros organolépticos caracterizam todos os parâmetros que afectam, de forma
directa, os órgãos dos sentidos.
Uma vez que a sua quantificação é, salvo excepções, muito subjectiva, são associados aos
órgãos com que se relacionam, o mesmo sucede com as unidades em que se expressam:
por exemplo, a cor expressa-se em unidades de cor, o cheiro em unidades de cheiro e o
sabor em unidades de sabor. A análise dos parâmetros organolépticos das águas não
permite identificar, na maior parte dos casos, quais os compostos que afectam a qualidade
ou as características de uma água.
Este tipo de parâmetros, que englobam a cor, o cheiro, o paladar e a turvação são
normalmente designados parâmetros de “conforto”, uma vez que, por si só, não permitem
avaliar as características de uma água, mas antes, são o resultado da presença de
compostos, da sua associação, natureza, concentração, etc. (Sawyer et al., 2003).
Dadas as limitações inerentes à determinação destes parâmetros e, o facto de, apenas
através deles, não se poderem estimar os reais níveis de qualidade das águas, não será
feita uma abordagem mais extensa neste domínio.
2.4.2. Características Físico-Químicas
O aspecto que uma água natural apresenta tem por base, inevitavelmente, as suas
características físico-químicas. São necessariamente estas características que regulam as
relações que se estabelecem entre parâmetros e as suas concentrações relativas (Sawyer et
al., 2003).
Os parâmetros físico-químicos que mais se destacam pela sua importância, quando
presentes nas águas ou pelo valor que apresentam e que podem condicionar outras
características, incluem a temperatura, pH, condutividade, oxigénio dissolvido e resíduos,
entre outros (Metcalf e Eddy, 2003).
32
2.4.2.1. Temperatura
A influência da temperatura faz-se sentir muito para além das características do próprio
parâmetro.
As oscilações diárias ou sazonais verificadas têm normalmente como origem as
oscilações térmicas ambientais. No entanto, há circunstâncias que podem conduzir a
alterações na temperatura dos meios aquáticos. A descarga de águas residuais com
temperatura diferente da dos meios receptores constitui um desses motivos.
A temperatura de uma água residual, em geral, é superior à da água potável numa mesma
região. Tal facto deve-se à descarga de efluentes que geralmente fazem elevar a
temperatura da água.
Os motivos mais vulgares do aumento da temperatura de uma água residual são a
descarga de resíduos derivados do metabolismo humano, com temperaturas na ordem dos
37º C, ou derivados de outras actividades domésticas como as águas dos banhos ou das
lavagens de louça e roupa.
Geralmente, as ligeiras oscilações de temperatura, provocadas por alterações ambientais
ou pela descarga de águas residuais, não acarretam problemas de maior (Metcalf e Eddy,
2003, Shrestha e Kazama, 2006). Existem casos, contudo, em que elevação da
temperatura pode produzir alterações significativas nos meios aquáticos.
Estas alterações manifestam-se na diminuição do oxigénio dissolvido que pode ser
acompanhada por um aumento da velocidade das reacções de degradação da matéria
orgânica e consequente aumento do oxigénio consumido nas respectivas reacções, no
desenvolvimento de formas de vida estranhas ao habitat em condições normais.
No Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto, o valor limite de emissão (VLE) é definido
em termos da alteração provocada pela descarga de águas residuais no meio receptor,
medida a 30 m do ponto de descarga, que não poderá ultrapassar os 3º C.
A determinação da temperatura faz-se necessariamente no local para garantir a precisão e
exactidão dos resultados.
33
2.4.2.2. pH
Quando se faz referência ao pH de uma água, não é propriamente correcto falar da sua
origem, uma vez que todas as águas têm um pH característico em cada momento, que
varia em função da sua composição e temperatura. Nesse sentido, o pH de uma solução
representa a expressão do seu carácter ácido ou alcalino.
Na antiguidade, o carácter ácido ou alcalino de uma água era distinguido pelo gosto. Mais
tarde surgiram os indicadores que davam uma indicação bem mais precisa do pH das
soluções.
Em 1766, Cavendish descobriu o hidrogénio e, como consequência, chegou-se à
conclusão que todos os ácidos continham hidrogénio enquanto as bases continham aniões
hidróxido. Assim, pela teoria da ionização desenvolvida por Arrhenius em 1887,
concluiu-se que os ácidos são substâncias que, quando dissociadas produzem iões
hidrogénio e as bases são substâncias que quando dissociadas produzem aniões hidróxido
(Sawyer, 2003).
Em 1909, Sorensen propôs que a concentração de hidrogeniões se expressasse em termos
do negativo do seu logaritmo e que o valor fosse designado por pH+. Contudo, essa
designação passou apenas a pH, representada de acordo com a equação 2.5.:
logpH H +⎡ ⎤= − ⎣ ⎦ ou 1logpH
H +=
⎡ ⎤⎣ ⎦ (2.5)
Na água, e na ausência de compostos estranhos, [H+] é igual a [OH-]. O produto das duas
concentrações é conhecido por KW, que a 25º C tem o valor de 10-14 (Sawyer et al.,
2003).
1410WK H OH+ − −⎡ ⎤ ⎡ ⎤= =⎣ ⎦ ⎣ ⎦ (2.6)
A temperatura afecta o pH na medida em que afecta os coeficientes de dissociação dos
ácidos e da solubilidade do CO2. Geralmente o pH diminui cerca de 0,1 unidades quando
a temperatura aumenta de 20ºC (Sawyer et al., 2003).
34
Por este motivo, quando as determinações são realizadas a uma temperatura diferente da
temperatura ambiente normal (20º C), os valores devem ser corrigidos em função da
temperatura da amostra medida no momento da determinação.
Por outro lado, a libertação do CO2 para a atmosfera conduz a alterações até uma unidade
no pH, através de um mecanismo traduzido pela equação de reacção seguinte (Neal et al.,
2005 - b)).
3 2HCO CO OH− −→ ↑ +
O conhecimento do pH é importante no abastecimento de água às populações, em
processos de amaciamento e controlo da corrosão.
Para além disso, influencia os processos de tratamento que se aplicam para tratar águas
destinadas ao abastecimento público ou no tratamento de águas residuais,
designadamente, os tratamentos físico-químicos, desinfecção, oxidação química,
tratamentos biológicos, etc.
Geralmente, o pH das águas potáveis varia entre 7,2 e 7,6 (Sawyer et al., 2003).
2.4.2.3. Condutividade
A condutividade de uma água é uma medida da sua capacidade para conduzir a corrente
eléctrica. Está relacionada com a concentração total de substâncias ionizadas na água e
depende da temperatura.
Os factores que afectam a condutividade são a natureza das substâncias presentes e a sua
concentração, e a respectiva força iónica. Mesmo uma água não poluída pode apresentar
uma condutividade mensurável e significativa.
A condutividade de uma água destilada, relativamente pura, é de 1 μS/cm, após absorver
dióxido de carbono da atmosfera e outras substâncias durante o armazenamento (Sawyer
et al., 2003).
35
A existência na água de substâncias que são boas condutoras da corrente eléctrica, como
os ácidos, bases e sais inorgânicos, provoca um aumento da condutividade da água.
A presença de substâncias más condutoras, como algumas moléculas de compostos
orgânicos de que são exemplo a sacarose e o benzeno, ainda que em elevada
concentração, não afectam a condutividade da água.
Os principais objectivos que estão na base da determinação da condutividade de uma
água ou solução são (Standard Methods, 1998):
_ Estabelecer o grau de mineralização, de modo a conhecer o efeito da concentração
total de iões no equilíbrio químico, nas taxas de corrosão, na fisiologia dos animais,
etc.
_ Conhecer o grau de mineralização de águas destiladas e desionizadas.
_ Avaliar variações na concentração de minerais dissolvidos em águas residuais.
_ Estimar, de forma grosseira, os sólidos totais dissolvidos (mg/L), que se obtêm
multiplicando a condutividade (μS/cm) por um factor empírico que varia entre 0,5 e
0,9, por exemplo 0,5 para a água do mar, e entre 0,55 e 0,7 para águas superficiais.
Sempre que possível, a condutividade deve ser medida no local e a temperaturas
próximas de 20º C. Quando a temperatura for diferente deste valor, pode proceder-se à
correcção do valor obtido, multiplicando-o por um factor de correcção obtido a partir de
tabelas existentes.
2.4.2.4. Oxigénio Dissolvido
O oxigénio dissolvido (OD) é particularmente importante para as formas aeróbias
presentes nas águas, uma vez que sem este elemento, a vida aeróbia tornar-se-ia inviável.
A presença de oxigénio em solução condiciona a biodiversidade, bem como o estado de
oxidação das principais espécies em solução e, em consequência, do seu grau de
toxicidade.
36
A principal fonte de oxigénio das águas é a atmosfera e a sua concentração depende,
essencialmente, do estado de agitação da água, da pressão, concentração salina e
temperatura (figura 2.5).
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39
Temperatura, ºC
Oxi
géni
o D
isso
lvid
o, m
g/L
735740745750755760765770775780
Figura 2.5: Representação Gráfica da Concentração de Oxigénio, em Águas Não Poluídas, em
Função da Pressão e Temperatura (Adaptado de Metcalf & Eddy, 2003)
Em situações excepcionais, contudo, a presença de oxigénio pode ficar a dever-se à
existência de quantidades apreciáveis de algas na água que, durante o processo da
fotossíntese, são responsáveis pela produção de grandes quantidades de oxigénio.
Pelo contrário, quando se está perante situações em que predomina a actividade
metabólica de organismos heterotróficos, a concentração de oxigénio em solução pode
ser significativamente inferior ao esperado e conduzir mesmo à morte das formas de vida
37
aeróbias superiores. Esta é uma situação característica do período nocturno e/ou de águas
que apresentam poluição orgânica elevada (figura 2.6) (Neal et al., 2005 – b)).
Figura 2.6: Efeitos da Ciclo Diário e da Presença de Matéria Orgânica na
Percentagem de Saturação do Oxigénio em Águas Naturais (Adaptado de Ramalho, 1982)
Robson et al. (2006), em estudos realizados num pequeno curso de água – Charlton
Brook – concluem que os teores em OD tendem a diminuir das zonas rurais para as zonas
urbanas, em resultado, principalmente, dos efeitos de fontes pontuais de contaminação
resultantes da descarga de águas residuais de origem doméstica, tratadas ou não, com
cargas orgânicas relevantes.
38
2.4.2.5. Resíduos
Os resíduos, vulgarmente designados sólidos, existentes numa água, podem apresentar-se
em vários estados, dependendo das suas dimensões e características.
Todas as determinações deste parâmetro variam de acordo com o tipo de sólidos que se
pretendem determinar, isto é, variam com o estado em que os sólidos se encontram e com
as suas dimensões.
O método utilizado nas determinações dos vários sólidos é o método gravimétrico e varia
apenas no tratamento a que se submete à amostra de acordo com o tipo de sólidos que se
pretendem determinar.
Figura 2.7: Classificação e Dimensões das Partículas Presentes em Águas
Residuais (Adaptado de Degrémont, 1989)
Deste modo distinguem-se os seguintes tipos de sólidos:
- Sólidos Totais
- Sólidos Voláteis
- Sólidos Suspensos Totais
- Sólidos Suspensos Voláteis
39
- Sólidos Sedimentáveis
- Sólidos Coloidais
A figura 2.7 esquematiza os vários tipos de sólidos que se encontram em solução numa
água, bem como as relações que se estabelecem entre eles.
Figura 2.8: Tipos de Sólidos em Suspensão numa Água Residual (adaptado de Metcalf e Eddy, 2003)
Por seu turno, a figura 2.8 relaciona as dimensões da matéria em solução, na forma de
partículas ou quando insolúvel.
40
A principal importância da quantificação dos vários sólidos presentes nas águas naturais
está relacionada com a capacidade que os sólidos sedimentáveis e coloidais apresentam
para provocar a agregação e posterior sedimentação de algumas espécies em solução.
A agregação da matéria orgânica e metais que apresentam potencial de toxicidade,
principalmente quando se encontram na forma dissolvida, constituem apenas dois
exemplos da importância de que se pode revestir a quantificação dos teores em sólidos
(Allan et al., 2006, Korfali e Davies, 2004).
A quantificação dos sólidos suspensos e coloidais pode também dar uma importante
indicação acerca da turvação que afecta a qualidade da água e que pode ter importância
sobre a actividade biológica que se desenvolve na respectiva massa de água (Allan et al.,
2006).
Pode ainda traduzir a extensão da ocorrência de fenómenos de erosão em resultado das
actividades desenvolvidas na área da bacia que contribui para o escoamento (Simeonov et
al., 2003).
2.4.3. Substâncias Indesejáveis
As substâncias indesejáveis caracterizam-se como um conjunto de substâncias que,
embora se traduzam e possam estar incluídas nas características físico-químicas,
assumem importância no sentido em que a sua presença ou elevados valores traduzem,
normalmente, níveis de poluição significativos
Os nutrientes, na forma de azoto total ou amoniacal, nitritos e nitratos, os fosfatos, a
matéria orgânica, quantificada em termos de carbono orgânico total (COT), carência
bioquímica de oxigénio (CBO5) e carência química de oxigénio (CQO), constituem
exemplos destas substâncias consideradas indesejáveis.
Apesar de tudo, não traduzem a existência de situações graves de toxicidade ou
degradação irreversível da qualidade dos ecossistemas aquáticos onde são detectadas em
41
excesso, mas uma tendência para que este nível de degradação ambiental se venha a
verificar.
Podem ser, no entanto, a causa de alterações progressivas na biodiversidade e
bio-transformações características, por exemplo, do fenómeno da eutrofização (Lavado et
al., 2006, Allan et al., 2006, Shepherd et al., 2005).
2.4.3.1. Nutrientes
Os nutrientes são considerados substâncias indispensáveis ao metabolismo biológico
entrando na composição estrutural dos organismos ou utilizados como fonte de energia e
carbono.
Metcalf e Eddy (2003) dividem os nutrientes em macro-nutrientes e micro-nutrientes,
dependendo das proporções relativas necessárias a cada tipo de organismos. Os macro-
nutrientes devem entrar na dieta alimentar em concentrações entre os gramas e os
miligramas enquanto os micro-nutrientes devem ser consumidos na ordem dos
microgramas ou nanogramas.
Constituem macro-nutrientes essenciais para os seres heterotróficos, o carbono, azoto e
fósforo.
O enxofre, potássio, sódio, ferro, etc., constituem normalmente, para estes seres vivos,
exemplos de micro-nutrientes (Sawyer et al., 2003).
Contudo, para outros tipos de organismos, estes nutrientes podem não representar uma
importância tão significativa. São exemplo as bactérias redutoras de ferro ou sulfato, as
bactérias sulfurosas, etc., que utilizam grandes quantidades de compostos que, para nós,
apenas se apresentam como micro-nutrientes.
Nesta circunstância, a designação macro ou micro-nutriente depende do tipo de
necessidades alimentares de determinado organismo.
42
Os nutrientes revestem-se de particular importância nos sistemas de tratamento, podendo
condicionar significativamente a sua eficiência quando não estão presentes.
Na condição oposta, quando estão presentes no ambiente em concentrações excessivas,
podem levar ao aparecimento e desenvolvimento de espécies aquáticas que, na forma de
pragas, se podem tornar nocivas. Este processo é designado eutrofização.
A eutrofização constitui um dos maiores problemas associados ao excesso de nutrientes
que surgem nas águas naturais, com particular incidência sobre as águas paradas de
albufeiras e lagos, onde se desenvolvem espécies vegetais que impedem a penetração da
luz e a difusão do oxigénio e libertação do dióxido de carbono, com consequente
acidificação ou alcalinização das águas e desenvolvimento de processos de anaerobiose
que podem levar à rápida degradação da qualidade da água (Verhoeven et al., 2006).
Podem ainda conduzir ao desenvolvimento excessivo de algumas espécies de algas, que
têm a capacidade de sintetizar e libertar para o meio aquático compostos tóxicos, que
acabam por tornar imprópria a água onde se encontram (Schröder et al., 2004).
A presença de nutrientes, nas águas naturais, deve-se essencialmente a factores naturais e
antropogénicos.
Um dos factores antropogénicos que mais contribui para a presença de nutrientes nas
águas naturais é a descarga de águas residuais, tratadas ou não, que resultam das
actividades quotidianas, actividades industriais, agricultura, e do próprio metabolismo
(Verhoeven et al., 2006).
Através de uma análise às diversas formas de nutrientes presentes numa água,
nomeadamente às espécies de azoto, é possível estimar o tempo e, indirectamente, a
distância, a que se verificou uma descarga de águas residuais contendo valores não
desprezáveis de azoto orgânico.
Em resultado da descarga de águas residuais num meio aquático, verifica-se um conjunto
de transformações progressivas, através de uma conversão do azoto orgânico a azoto
amoniacal e, com a agitação do leito e o contacto com o oxigénio dissolvido aí existente,
43
a sucessiva oxidação, primeiro a nitritos e posteriormente a nitratos (Metcalf e Eddy,
2003).
Verhoeven et al. (2006) realizaram uma pesquisa dos principais estudos realizados sobre
a evolução das concentrações de nutrientes ao longo de cursos de água e a respectiva
influência no nível de qualidade dos ecossistemas, em resultado da acção da vegetação
ripícula e mecanismos naturais característicos de zonas húmidas.
Neste estudo de revisão concluem que esta vegetação e este tipo de ecossistemas são
responsáveis por uma melhoria significativa na qualidade da água, por fixação de
quantidades importantes de nutrientes e posterior libertação para a atmosfera.
No entanto confirmam a existência de alguns fenómenos adversos que ocorrem neste
processo e que incluem o aumento da emissão de gases com efeito de estufa, a
diminuição significativa da biodiversidade e a consequente alteração dos ciclos
biogeoquímicos naturais.
As principais soluções apontadas para resolver estes problemas passam pelo controlo das
fontes pontuais de nutrientes para a água e a redução dos efeitos das fontes difusas
características da aplicação de fertilizantes, através da redução na aplicação de nutrientes,
da utilização de culturas grandes consumidoras de nutrientes e pela restauração ou
criação de zonas húmidas ao longo das regiões afectadas pelo excesso de nutrientes.
Neste particular, também as concentrações de fósforo nas águas têm sido alvo de estudo.
O principal objectivo dos trabalhos levados a efeito por Jarvie et al. (2005) consistiu no
estudo da importância das fontes pontuais, com origem na descarga de águas residuais, e
das fontes difusas, originadas pelas práticas agrícolas, sobre a concentração de fósforo
nas águas dos rios, que afectam a sua qualidade e que podem ter influência sobre os
mecanismos que conduzem à eutrofização.
As conclusões que obtiveram destacam a maior importância das fontes pontuais de
poluição sobre a qualidade da água que conduzem à eutrofização, do que as fontes
44
difusas características da libertação de fósforo em resultado das práticas agrícolas
características das zonas rurais.
2.4.3.2. Matéria Orgânica
Na química clássica, a matéria era dividida em orgânica ou inorgânica consoante
derivasse de animais e plantas ou de minerais. A definição contemporânea de matéria
orgânica e inorgânica, contudo, é bem mais distinta da clássica, sendo também mais
abrangente.
Hoje em dia, consideram-se como matéria orgânica todos os compostos que contenham
átomos de carbono e hidrogénio na sua composição, ainda que sejam produzidos
artificialmente, como os plásticos e outros compostos sintéticos.
A matéria orgânica presente numa água residual é muito heterogénea no que diz respeito
à sua composição, podendo apresentar-se em várias formas.
Em águas residuais de composição média, cerca de 75% de sólidos suspensos totais e
40% dos sólidos solúveis são compostos por matéria orgânica (Berardino, 1996).
A matéria orgânica existente numa água, sabe-se hoje, é uma característica que está
relacionada com os níveis de pureza de uma água na relação inversa, bem como é um
indicador excelente em casos de poluição orgânica provocada num meio aquático.
Esta matéria orgânica tem origem nas actividades humanas e nos processos biológicos
dos vários reinos de seres vivos.
Os principais grupos de compostos constituintes da matéria orgânica são as proteínas, em
cerca de 40 a 60%, os carbohidratos, com 25 a 50%, e os óleos e gorduras, com 10%. Nas
águas residuais pode ainda ser encontrada ureia, ainda que em quantidades relativamente
reduzidas, isto porque apesar de ser o principal resíduo resultante do metabolismo
humano, degrada-se muito rapidamente (Berardino, 1996).
45
A complexidade e quantidade de substâncias que constituem a matéria orgânica e que
podem estar presentes, de forma simultânea, numa água, tornam a sua quantificação
rigorosa inviável (Metcalf e Eddy, 2003).
Deste modo, considerando que o oxigénio, para além de ser um dos parâmetros que
melhor caracteriza a qualidade química de uma água, se relaciona com a quantidade de
matéria orgânica presente, tendo em conta a porção de oxigénio necessário para proceder
à sua oxidação, é possível efectuar determinações dos teores em matéria orgânica com
base nesta relação.
A carência bioquímica (ou biológica) de oxigénio (CBO) e a carência química de
oxigénio (CQO) constituem exemplos destas determinações.
(1) A Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO) permite estimar a quantidade de
matéria orgânica presente com base na quantidade de oxigénio necessária para oxidar
essa matéria orgânica, através de processos de oxidação biológica aeróbia.
(2) Por seu lado, a Carência Química de Oxigénio (CQO) mede a quantidade de
oxigénio necessária para produzir a oxidação da matéria orgânica existente numa
amostra susceptível de oxidação por uma solução ácida de dicromato em condições
experimentais bem estabelecidas.
Os valores obtidos para a CQO são superiores aos obtidos pela análise da CBO, em
resultado da maior extensão da oxidação química relativamente à oxidação biológica.
Uma das principais vantagens da quantificação da matéria orgânica com recurso à
determinação da CQO reside no facto de que, geralmente, as águas que contêm
substâncias tóxicas não podem ser biologicamente oxidáveis. A análise da CQO tem
também a vantagem, relativamente à análise da CBO, de necessitar de pouco tempo para
ser efectuada, com apenas algumas horas contra os 5 dias, no mínimo, necessários para o
teste da CBO (Metcalf e Eddy, 2003).
Estudos recentes, desenvolvidos com o objectivo de avaliar as potencialidades da
utilização destas técnicas analíticas em contínuo, para permitir a detecção e alerta precoce
46
da existência de fenómenos de poluição em resultado da introdução de substâncias
orgânicas nos ecossistemas aquáticos, têm vindo a fornecer resultados muito satisfatórios
que levam a admitir esta tecnologia como uma tecnologia emergente de grande
aplicabilidade e eficácia (Allan et al., 2006).
No que respeita à identificação e quantificação de substâncias orgânicas específicas, só
em situações muito concretas é realizada. Assim, opta-se normalmente pela pesquisa de
famílias de substâncias que apresentam características comuns, como é o exemplo da
análise de óleos e gorduras, detergentes e pesticidas.
Os estudos realizados por Robson et al. (2006), que procuraram evidenciar as relações
existentes entre as concentrações de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e a
biodiversidade de macro-invertebrados, e os estudos promovidos por Lavado et al.
(2006), que envolveram a pesquisa de compostos orgânicos persistentes, nomeadamente
PCB’s e DDT’s, acumulados em tecidos de algumas espécies piscícolas, constituem
exemplos de pesquisas de famílias de compostos de características semelhantes com
objectivos específicos.
2.4.4. Substâncias Tóxicas
As substâncias tóxicas, por seu lado, incluem substâncias químicas e, portanto, poderiam
ser incluídas na classificação relativa a substâncias físico-químicas. Tal não sucede em
resultado da sua natureza de particular nocividade para os ecossistemas aquáticos.
Estas substâncias têm vindo a ser identificados após os anos 60 como potenciais
causadoras de problemas de saúde e da degradação da qualidade do ambiente, com
efeitos nefastos ao nível da fauna e flora.
Algumas são importantes micronutrientes para grande parte dos seres vivos, variando as
proporções necessárias a cada indivíduo em função das suas necessidades e
características. A denominação de elementos traço está associada a esta característica,
47
mas também ao facto de que normalmente ocorrem em concentrações traço, mas nem por
isso menos nocivas.
Quando estão presentes em concentrações elevadas e durante períodos de tempo muito
alargados, podem causar doenças graves, atrasos no crescimento, malformações
congénitas, alterações mutagénicas, intoxicações e envenenamento.
Incluem-se nesta classificação alguns compostos orgânicos, de que são exemplo os
compostos halogenados, BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno), compostos
aromáticos como os mercaptanos, compostos inorgânicos, onde se incluem alguns metais
pesados particularmente prejudiciais à saúde e ao ambiente em geral, de que são exemplo
o chumbo, mercúrio, cádmio, arsénio, ou não metais como, por exemplo, os cianetos
(Sawyer et al., 2003).
A presença de substâncias tóxicas está normalmente associada à acção antropogénica. De
forma directa ou indirecta, a acção humana faz-se sentir nas descargas poluentes,
normalmente de origem industrial, nos derrames petrolíferos, nos lixiviados de aterros e
minérios, escorrimentos de solos agrícolas, precipitações em atmosferas poluídas, etc.
Mas também há factores naturais que podem contribuir para a presença de elementos
traço nas águas, que são exemplo o contacto das águas com o solo e minérios existentes
no solo e subsolo, resíduos vegetais e animais, etc.
Em resultado das concentrações vestigiais que normalmente se encontram, a pesquisa
destas substâncias é algo complexa, necessitando de análise específica elemento a
elemento ou família a família de elementos, com recurso a equipamentos
tecnologicamente avançados, de que são exemplo a cromatografia e a espectrofotometria.
Estudos recentes têm procurado as causas da degradação da qualidade da água e dos
ecossistemas aquáticos em resultado da presença de substâncias tóxicas em solução.
Shepherd et al. (2005) pesquisaram a existência de fenómenos de retenção e atenuação
natural nos solos de metais e compostos orgânicos voláteis (COV’s) hidrocarbonados e
clorados, tendo concluído que os dois primeiros são afectados por fenómenos de
48
atenuação no solo e que, por isso, têm uma influência limitada nas linhas de água que
drenam os lixiviados ou escorrências dessas substâncias, ao contrário dos últimos que não
sofrem uma atenuação significativa, acabando por contribuir para o fácil aumento da sua
concentração nos ecossistemas aquáticos.
Xue et al. (2003) realizaram estudos semelhantes para avaliar a influência de solos
agrícolas no transporte de zinco e cobre para as águas superficiais em pequenas bacias.
Concluíram que os solos que contêm maiores teores em matéria orgânica contribuem em
maior extensão para a retenção dos metais, ao contrário dos solos essencialmente
minerais que têm uma influência mais limitada.
No entanto, concluem também que os solos orgânicos prolongam os efeitos da libertação
dos metais ao longo do tempo, o que acaba por ser benéfico, minimizando as suas
concentrações nas águas superficiais para onde são arrastados.
Korfali e Davies (2004) desenvolveram uma pesquisa que visou analisar os efeitos das
águas e sedimentos calcários na capacidade de purificação dos rios, através da retenção
de algumas espécies metálicas, designadamente, ferro, chumbo, zinco e cádmio.
Constataram que os iões metálicos se associam, principalmente, às espécies carbonatadas,
formando associações químicas insolúveis. Mesmo as fracções respectivas encontradas
na forma dissolvida apresentam uma diminuição significativa no seu potencial tóxico.
2.4.5. Parâmetros Biológicos
Os parâmetros biológicos determinam muitas das possíveis utilizações da água,
permitindo, simultaneamente, identificar possíveis contaminações, por exemplo, com
origem fecal, que tenham sido introduzidas numa massa de água.
Os organismos que podem ser encontrados nas águas desempenham papéis distintos. Se
por um lado eles são indispensáveis para concluir o ciclo da matéria, por decomposição
da matéria orgânica em matéria mineral, por outro lado são frequentemente responsáveis
por várias doenças que afectam o ser humano e outras formas de vida.
49
Podem ser encontradas nas águas naturais diversas formas de vida, onde se incluem as
arquibactérias, bactérias, algas, fungos, protozoários e vírus, para além de outros seres
multicelulares (Standard Methods, 1998).
Relativamente à origem, a composição físico-química das águas naturais condiciona a
proveniência e tipo de microrganismos que aí se desenvolvem.
Há, contudo, outros factores extrínsecos que favorecem o aparecimento ou
desenvolvimento de alguns tipos de microrganismos. Entre estes factores incluem-se
(Metcalf e Eddy, 2003):
- A flora natural das águas onde ocorrem;
- A introdução de águas, solos ou lamas contaminadas, que derivam de
escorrências, processos de lixiviação, introdução ou derrame de águas residuais;
- A contaminação das águas com introdução de matéria orgânica e nutrientes;
- O desenvolvem-se preferencial a partir de resíduos do metabolismo humano.
Recentemente têm vindo a ser desenvolvidas metodologias que visam relacionar a
qualidade da água e a presença de substâncias específicas, com a biodiversidade, a
resistência de espécies específicas, as alterações no seu metabolismo e o desenvolvimento
anormal de organismos.
Lavado et al. (2006) constataram a existência de uma relação entre a variação de
parâmetros físico-químicos característicos e as alterações verificadas nos tecidos de
espécies piscícolas, nomeadamente, carpas (Cyprinus carpio) e barbos (Barbus graellssi),
em resultado da bioacumulação, com consequências nas respostas biológicas de organitos
celulares e enzimas específicas.
Azrina et al. (s. data) e Robson et al. (2006) estabeleceram relações entre a distribuição e
biodiversidade de macro-invertebrados e as variações na qualidade da água induzidas
pela actividade antropogénica.
Douterelo et al. (2003) e Kinzelman et al. (2003) realizaram estudos com o objectivo de
comprovar a existência de uma relação entre as concentrações de microrganismos
50
específicos, respectivamente cianobactérias e enterococos, e o nível de contaminação de
massas de água, com efeitos sobre a sua qualidade.
Por seu lado, Sakai (2002), utilizando Daphnia magna, realizou testes de avaliação da
toxicidade crónica sobre estes organismos, provocada pela presença de pesticidas.
Allan et al. (2006) e Vrana et al. (2005) referem o potencial da utilização de organismos
específicos e alterações a eles associadas, com recurso a sistemas automatizados, para
identificar e antecipar situações de poluição que conduzam à diminuição da qualidade da
água.
Figura 2.9: Características das Técnicas Existentes e Emergentes para Monitorização da Qualidade
da Água. As setas finas representam a relação entre a hidromorfologia e as propriedades físico-químicas da água. As setas mais grossas representam as possíveis estratégias de monitorização que podem ser utilizadas na avaliação da qualidade da água. As estrelas ( ) indicam os métodos de amostragem que podem ser utilizados em monitorizações alargadas no tempo. A seta curva ( ) indica a amostragem pontual simples (Allan et al., 2006).
Na figura 2.9 apresenta-se um esquema que resume as metodologias e técnicas utilizadas
na monitorização da qualidade da água, que envolvem a determinação de propriedades
físico-químicas da água e a interacção com as técnicas biológicas que podem ser
51
utilizadas na respectiva monitorização, tendo em conta os procedimentos implícitos na
Directiva Quadro da Água (DQA).
2.5. Análise e Interpretação dos Resultados
A modelação ecológica de uma bacia hidrográfica e de todos os processos que nela se
desenvolvem envolve a integração de um conjunto de factores, que incluem o clima, os
solos e respectivos usos e as actividades desenvolvidas na sua área de influência (Tong e
Chen, 2002).
Um dos principais problemas da modelação ambiental está relacionado com a dificuldade
de definir, em rigor, quantos e que parâmetros podem ser utilizados, de uma forma
representativa, para minimizar o excesso de dados e optimizar recursos (Anh et al., 2006)
A análise e interpretação dos resultados obtidos constitui, porventura, uma das maiores
fontes de erro dos trabalhos experimentais, já que traduz com frequência, não
necessariamente a realidade, mas uma expectativa do responsável ou responsáveis pelo
estudo (Karmakar e Mujumdar, s. data).
Como exemplo refira-se a possibilidade real de monitorizar, mensalmente, a qualidade da
água numa bacia hidrográfica, recorrendo para o efeito a 5 estações de medição e a 5 dos
parâmetros analíticos indicados, por exemplo, pH, condutividade, oxigénio dissolvido,
azoto orgânico total, CBO5. No final de uma campanha que se prolonga durante um ano
hidrológico, existem cerca de 300 resultados que devem ser analisados e interpretados
convenientemente!
Este exemplo serve apenas para demonstrar a complexidade da análise de resultados que
obriga mesmo ao recurso a ferramentas informáticas que conheceram desenvolvimentos
muito significativos nos anos mais recentes.
O software “Water Quality Risk Analysis Tool” (WaterRAT®), por exemplo, constitui
uma ferramenta informática desenvolvida para servir de suporte à decisão em matéria de
gestão de recursos hídricos, desenvolvido com base no tratamento estatístico de dados do
52
método de simulação de Monte-Carlo e métodos de primeira ordem (McIntyre e Wheater,
2004).
Outro exemplo é o do software desenvolvido pela EPA, o BASINS, que facilita a
caracterização da qualidade da água em resultado dos caudais drenados ou afluentes,
através da modelação da capacidade de difusão dos poluentes no meio hídrico (Tong e
Chen, 2002).
A definição de uma metodologia que permita interpretar com objectividade os resultados
é então fundamental para a exactidão das conclusões que se vêm a obter.
Neste aspecto, vários têm sido os estudos que visam o estabelecimento de metodologias
que visam minimizar os erros e a subjectividade na análise e interpretação de resultados
(OMS, 1977, Ott, 1978, Mano, 1989, Gonçalves, 1994, Tong e Chen, 2002, Elshorbagy e
Ormsbee, 2005, Anh et al., 2006, Ghosh e Mujumdar, 2006, Shrestha e Kazama, 2006,
Karmakar e Mujumdar, s. data).
A descrição realizada na secção 2.1.1. traduz um exemplo de uma metodologia, adaptada
ao procedimento da selecção dos locais de estudo onde deverão ser realizadas as
amostragens, análises e monitorizações.
Mas a escolha do local e dos procedimentos de análise e monitorização constitui apenas
uma parte das metodologias a desenvolver.
2.5.1. Análise Estatística
A análise estatística constitui, eventualmente, uma das mais poderosas ferramentas de
simplificação da análise de dados alguma vez desenvolvida.
Como refere Gonçalves (1994), as ferramentas estatísticas devem ser desenvolvidas e
adaptadas a todas as fases de um processo de monitorização, desde a definição dos
objectivos do trabalho, até ao tratamento final dos dados, que procura dar resposta aos
objectivos inicialmente formulados.
53
Algumas dessas ferramentas estatísticas englobam, por exemplo, o cálculo da média,
moda, máximos, mínimos, e desvios padrão. A correlação pode também ser utilizada,
constituindo uma ferramenta importante no estabelecimento de uma correspondência
entre parâmetros.
A média ( x ) constitui uma medida de tendência central, que permite reduzir um conjunto
de dados a um valor, por divisão do somatório do conjunto de dados (x), pelo número de
dados analisados (n), de acordo com a equação 2.7 (Spiegel, 1994). Apesar da grande
utilidade desta medida, tem a desvantagem de ocultar os extremos e, portanto,
descaracterizar eventuais situações de poluição pontual.
n
ii 1
xx
n==∑
(2.7)
A moda traduz o valor que, num conjunto de dados, surge com mais frequência. Tem
uma aplicação limitada neste contexto, permitindo apenas identificar situações
recorrentes durante o período em estudo.
A representação do máximo e mínimo permitem, tão-somente, identificar desvios
significativos ao valor central, traduzidos num valor médio, e constituem medidas de
dispersão.
A estimativa do desvio padrão (s) constitui outra medida de dispersão que mede a
amplitude de um conjunto de valores relacionados. Pode também caracterizar o grau de
incerteza na precisão da determinação de um valor. É determinado com recurso à equação
2.8 (Spiegel, 1994).
n2
ii 1
(x x)s
n 1=
−=
−
∑ (2.8)
54
A determinação da correlação permite estimar a relação existente entre dois intervalos de
valores, representados na forma de matrizes, evidenciando a existência de uma relação
entre propriedades ou parâmetros. A estimativa é feita com recurso à equação 2.9, que
relaciona a covariância de um conjunto de dados com os desvios padrão correspondentes
desses dados (Gonçalves, 1994).
x,yX y
ρ =Cov(X,Y)σ ×σ
(2.9)
A aplicabilidade de metodologias mais complexas, de que são exemplo as análises de
sensibilidade, a análise de confiança de primeira ordem (First Order Reliability
Analysis - FORA), a técnica de simulação de Monte-Carlo e as técnicas estatísticas
multivariáveis, têm vindo a ser estudadas para minimizar a incerteza na gestão dos
recursos hídricos e dos problemas ambientais que afectam as respectivas bacias
hidrográficas (Ghosh e Mujumdar, 2006, Shrestha e Kazama, 2006, Karmakar e
Mujumdar, s. data, Elshorbagy e Ormsbee, 2005).
No entanto, estes desenvolvimentos centram-se, necessariamente, em adaptações das
ferramentas existentes a medições que nem sempre são possíveis de interpretar através de
uma análise estatística.
Por outro lado, a análise estatística tende a negligenciar muitos dados que carecem de
uma análise mais pormenorizada, porque podem representar situações pontuais mas nem
por isso menos importantes ou relevantes no contexto da avaliação da qualidade da água
numa rede de monitorização instalada numa bacia hidrográfica.
2.5.2. Representação Gráfica e Através de Tabelas
A representação gráfica dos resultados proporciona uma interpretação visual muito mais
simples e, por vezes, objectiva, evidenciando eventuais relações que de outro modo,
mesmo com uma análise estatística cuidada, dificilmente seriam perceptíveis.
55
De acordo com Pombeiro (1991), as principais vantagens da representação gráfica
incluem a maior facilidade na detecção de:
- Tendências;
- Alterações do comportamento do objecto de estudo;
- Existência de valores anormais.
Ainda de acordo com o mesmo autor, a utilização do traçado gráfico favorece a
interpolação, extrapolação, diferenciação, integração, a comparação com outros dados e o
estabelecimento de uma relação matemática empírica entre variáveis e parâmetros.
Para este efeito, são vários os modelos que podem ser utilizados na representação gráfica
de resultados.
Os gráficos circulares permitem uma representação comparativa visualmente muito
apelativa das partes relativamente ao total, no entanto a sua utilização fica limitada a um
número muito reduzido de parâmetros e a apenas uma variável.
A utilização de gráficos de dispersão favorece a evidência de relações entre séries de
dados relativas a dois ou mais parâmetros.
Para este efeito, quando se utilizam no estabelecimento de relações entre variáveis e
quando se pretende estabelecer uma tendência, é frequente recorrer-se à construção de
linhas de tendência.
A utilização de gráficos de linhas é mais adequadas para apresentar tendências ao longo
do tempo, associa muitas das vantagens visuais da interpretação de resultados,
características dos gráficos circulares ou de barras, com as vantagens da evidência de
relações entre séries de dados características dos gráficos de dispersão.
Tem também a vantagem, relativamente aos gráficos circulares, de permitir a comparação
de um número extenso de parâmetros e até quatro variáveis, representadas distintamente
nos quatro eixos.
56
Os gráficos de barras favorecem a análise visual, através da utilização comparativa de
elementos visuais onde podem ser utilizadas cores ou padrões diversos.
É possível, com recurso a esta representação gráfica, realizar uma comparação gráfica de
bastantes parâmetros sem, no entanto, que estes representem uma tendência evolutiva
evidente.
A utilização de tabelas para apresentação de resultados não é graficamente tão apelativa e
a interpretação consequente também não tem tanta objectividade como a decorrente da
utilização de representações gráficas.
No entanto, as tabelas colmatam uma das grandes desvantagens da representação com
recurso a elementos gráficos – a perda de precisão dos resultados apresentados.
É, pois, de capital importância a definição criteriosa dos objectivos da apresentação de
dados, tendo em conta uma quantidade máxima de dados que pode ser apresentada em
tabelas e que favorece sua análise e o valor a partir do qual essa representação torna a
interpretação de dados demasiado exaustiva e inconclusiva.
Uma última possibilidade de tratamento gráfico-estatístico de dados, consiste na
representação com recurso a mapas, da rede de monitorização da qualidade, com
identificação dos pontos onde foram recolhidas as informações, associando-lhes gráficos
específicos que traduzem os resultados obtidos nesses locais.
O recente desenvolvimento das ferramentas baseadas em sistemas de informação
geográfica (SIG) tem dado um impulso significativo neste tipo de representação e análise
de resultados.
A demonstração da existência de fontes pontuais ou difusas com recurso a SIG,
utilizando software específico, como por exemplo o ArcView, constitui uma forma de
simplificar a análise dos resultados analíticos que estiveram na base da sua identificação
(Oguchi et al., 2000, Tong e Cheng, 2002).
57
2.5.3. Utilização de Índices de Qualidade da Água (IQA)
A procura de dados que visam traduzir, com a maior precisão possível, situações reais,
concentrações ou tendências, conduz muitas vezes à existência de um vasto número de
resultados e, consequentemente, de interpretações.
O desenvolvimento de equipamentos tecnologicamente mais avançados, que
proporcionam a recolha de dados de forma contínua ou quase contínua veio agravar uma
situação de excesso de dados que é necessário combater (Ott, 1978).
A utilização de ferramentas estatísticas, associadas a representações gráficas ou através
de tabelas, favorece a interpretação e objectividade dos resultados. No entanto, como foi
referido, nem sempre esta interpretação é suficiente, quer seja por imperativos
regulamentares, quer pela necessidade de estabelecer relações mais precisas e objectivas
entre parâmetros.
Por outro lado, a interpretação estatística ou gráfica pressupõem a existência de
conhecimentos técnicos especializados e nem sempre é tão célere quanto seria desejável.
Essa forma de apresentação constitui assim, para a maioria da população e decisores, uma
barreira extremamente importante (Ott, 1978).
Sobre este assunto, Train (1973), citado por Ott (1978), refere que para os decisores e
políticas ambientais que englobam o público em geral, os dados recolhidos durante os
procedimentos de monitorização devem traduzir-se em resultados fáceis de entender, na
forma de índices que devem agregar todos os dados.
Este autor conclui ainda que, uma vez desenvolvidos e aplicados esses índices, devem ser
utilizados como ferramentas que apoiam a decisão e permitem identificar tendências,
destacar condições ambientais específicas, e auxiliar nos processos de tomada de decisão,
que deverão ter em consideração outras vertentes, como os aspectos económicos, sociais,
culturais, etc.
Na fase posterior à tomada de decisão, no contexto do planeamento e desenvolvimento de
medidas de actuação, estes índices deverão servir como ferramenta de verificação do
58
cumprimento dos requisitos do funcionamento dos sistemas e programas, permitindo
adequar, de forma rápida e eficaz, as medidas às situações.
A principal desvantagem da utilização desta ferramenta reside na perda de informação
relevante durante o processo de simplificação.
Para minimizar eventuais perdas de informação, é indispensável definir claramente os
objectivos da sua aplicação e proceder ao registo e arquivo adequados da informação que
não ficará disponível através desta ferramenta (Claro, 1996).
Importa agora clarificar o conceito de índices de qualidade da água.
Os índices de qualidade da água (IQA) aglutinam os parâmetros ou variáveis
monitorizados no decurso do estudo e, através de uma função de agregação,
traduzem-nos num número adimensional a qualidade da água no local a que são
aplicados, num tempo definido (Claro, 1996).
Os resultados podem desta forma simples e objectiva e reprodutível tornar-se importantes
ferramentas que possibilitam o estabelecimento de relações espaciais e temporais (Barros
et al., 1992).
Os parâmetros agregados no IQA devem ser aqueles que melhor traduzem o objecto do
estudo, tendo em conta as suas características, variações espaciais e temporais e
alterações naturais ou artificiais a que está sujeito (Claro, 1996).
Outro dos aspectos relevantes tem a ver com os coeficientes de ponderação atribuídos a
cada parâmetro que reflectem a sua contribuição, de acordo com o grau de importância,
para o resultado final.
Várias têm sido as metodologias desenvolvidas por vários autores e organismos que
procuram adequar os resultados dos IQA de forma a reflectir, com a maior precisão
possível, os níveis de qualidade dos meios naturais.
Neste âmbito, a metodologia adaptada por Mano (1989), com base na metodologia
proposta pelo Scottish Development Department (SDD), constitui uma das mais
59
utilizadas e difundidas, tendo mesmo sido aplicada em estudos realizados anteriormente
sobre a bacia hidrográfica do Lis e outras bacias nacionais, como a bacia do Ave e Minho
(Barros et al., 1992, Jesus, 1996).
Nesta metodologia são utilizados alguns parâmetros medidos localmente, com recurso a
instrumentos ou ferramentas e outros determinados em laboratório, que incluem:
- Temperatura da água;
- pH;
- Carência bioquímica de oxigénio (CBO5);
- Carência química de oxigénio (CQO);
- Condutividade;
- Oxigénio dissolvido (OD);
- Sólidos suspensos totais (SST);
- Azoto amoniacal;
- Coliformes fecais.
Os coeficientes de ponderação atribuídos a cada parâmetro, construídos com base em
pareceres de um grupo de especialistas, têm como objectivo reflectir a importância
relativa de cada variável na definição do nível de qualidade da água.
Estes coeficientes são aplicados através de uma função de agregação que é adaptada para
o cálculo de uma média aritmética simples modificada (Barros et al., 1992), determinada
de acordo com a equação 2.10.
( )2
i iSub PIQA
100×
=∑ (2.10)
Em que:
Subi representa um sub índice ou valor de qualidade obtido através de uma função de
qualidade para cada parâmetro, de acordo com os valores e critérios apresentados na
tabela 2.1.
60
Pi indica o coeficiente de ponderação atribuído a cada variável como se indica na tabela
2.2.
Os valores apresentados por Mano (1989), para os coeficientes de ponderação, foram
adaptados dos valores originais da metodologia desenvolvida pelo SDD (1976), tendo
sido estabelecida uma proporcionalidade entre parâmetros. Esta adaptação foi necessária
em virtude das lacunas verificadas na disponibilidade de alguns dados relativos à
caracterização analítica de vários parâmetros, de que é exemplo a inexistência de dados
relativos à determinação de coliformes fecais.
Tabela 2.1: Coordenadas das Funções de Qualidade (SDD, 1976, citado por Mano, 1989) VARIÁVEL VALORES DA VARIÁVEL VALORES DE QUALIDADE
0 0,00
5 1,00 10 2,25 20 6,25 30 10,00 40 19,00 50 30,00 55 36,00 65 54,00 80 79,50 95 100,00
105 100,00 115 94,00 130 85,00 140 77,00 150 67,00 160 60,00 170 56,00 180 53,00
OD [% Sat]
200 50,00
61
Tabela 2.1 (cont) VARIÁVEL VALORES DA VARIÁVEL VALORES DE QUALIDADE
0,00 100,0 0,50 45,0 0,75 35,0 1,00 29,0 1,50 23,5 2,00 20,0 3,00 15,0 4,00 12,0 5,00 10,0 6,00 8,0 7,00 7,0 12,50 3,0
NH3
[mg/L]
20,00 0,0
0,0 100,0 1,0 96,5 1,5 93,5 2,0 90,0 2,5 83,0 3,0 76,0 4,0 62,0 5,0 50,0 6,0 39,0 7,0 30,0 8,0 22,0 9,0 15,0
10,0 10,5 11,0 7,5 13,0 4,0 18,5 1,0
CBO5
[mg/L]
20,0 0
0,00 100,0 16,0 99,0 17,0 97,0 17,5 94,0 25,0 10,0 26,0 5,0 27,0 2,5
Temperatura [º C]
30,0 0,0
62
Tabela 2.1 (cont) VARIÁVEL VALORES DA VARIÁVEL VALORES DE QUALIDADE
3,10 0,0
3,20 1,0 3,50 4,0 3,75 7,0 4,00 10,0 4,25 14,0 4,50 18,0 4,75 25,0 5,25 42,0 5,75 70,0 6,00 81,0 6,25 88,0 6,50 94,5 6,75 98,0 7,00 99,0 7,25 100,0 7,50 99,0 7,75 98,0 8,00 95,5 8,25 88,5 9,00 57,0 9,50 39,0 10,00 26,0 10,50 16,0 11,00 10,0 11,55 6,0 12,25 1,0
pH [Sörensen]
12,40 0,0
0 100 10 67
100 40 1000 20
10 000 10 100 000 5
Coliformes Fecais [UFC/100 mL]
1 000 000 0
63
Tabela 2.1 (cont) VARIÁVEL VALORES DA VARIÁVEL VALORES DE QUALIDADE
0 70,0 20 82,0 40 89,0 80 97,5
120 100,0 160 97,5 200 90,0 240 75,0 280 61,0 340 48,0 420 37,0 540 24,0 640 17,5
Condutividade [μS/cm]
1000 0,0
Com base nos resultados entretanto obtidos, é possível classificar a qualidade da água
com base numa escala de qualidade, como se apresenta na tabela 2.3.
Tabela 2.2: Factores de Ponderação Utilizados no Cálculo dos Índices Considerando e Omitindo o Coeficiente Relativo aos Coliformes Fecais (Mano, 1989)
VARIÁVEIS COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO T
pH Condutividade
OD CBO5
NH3
Coliformes fecais
0,06 0,12 0,08 0,24 0,20 0,15 0,15
0,07 0,14 0,09 0,28 0,24 0,18
- ∑ 1,00 1,00
Outra metodologia de classificação da qualidade da água consiste na utilização de uma
metodologia de Silva et al. (1994) adaptada por Jesus (1996) que, de acordo com
requisitos legais de qualidade tem como objectivo a classificação em quatro classes,
caracterizadas através da construção de uma grelha que contém os parâmetros mais
64
representativos dos usos identificados, com base nos valores limite que definem as
diferentes classes.
Tabela 2.3: Escala de Qualidade do Índice Geral de Qualidade da Água (adaptado de House, 1986, citado por Mano, 1989)
VALOR DO IQA QUALIDADE NÍVEL DE
POLUIÇÃO USO POTENCIAL DA ÁGUA
91 - 100 Excelente
A água pode ser utilizada para abastecimento público e para usos industriais e/ou agrícolas fortemente selectivos, sem tratamento específico, excepto quando a desinfecção for obrigatória. Água com características próprias para todas as espécies de peixes e para todas as actividades de recreio. A navegação deve ser restrita e sujeita a legislação adequada.
71 – 91 Muito boa
Água necessitando de tratamento físico-químico simples e desinfecção1, quando destinada ao abastecimento público e a algumas indústrias selectivas. Água com características próprias para todas as espécies de peixes e para todos os usos agrícolas, bem como para todas as actividades de recreio. A navegação deve ser restrita e sujeita a legislação adequada.
61 - 70 Boa
Água necessitando de tratamento físico-químico convencional2 quando destinada ao abastecimento público. Necessita igualmente de tratamento quando se destina a ser utilizada nos processos industriais. Água de qualidade duvidosa para trutas e outras espécies exigentes. Qualidade aceitável para todas as actividades de recreio.
51 – 60 Fraco
Água necessitando de tratamento físico-químico convencional, quando destinada ao abastecimento público. Necessita igualmente de tratamento quando se destina a ser utilizada nos processos industriais. Água de qualidade aceitável para espécies menos exigentes. Verifica-se uma degradação dos padrões estéticos, podendo no entanto ser considerada de qualidade aceitável para a maioria das actividades de recreio, com excepção das actividades que envolvem contacto directo com a água3.
41 – 50 Fraco – Moderado
Água necessitando de tratamento terciário4 quando destinada ao abastecimento público e generalidade dos usos industriais e/ou agrícolas. Aceitável para actividades de recreio com contacto indirecto. Qualidade aceitável para as espécies menos exigentes.
31 – 40 Moderado – Forte
Água necessitando de tratamento terciário para a generalidade dos usos industriais e/ou agrícolas. Qualidade aceitável para actividades de recreio com contacto indirecto5. Qualidade duvidosa para a generalidade das espécies piscícolas. Aceitável para a navegação.
21 – 30 Forte Qualidade aceitável somente para usos industriais sem requisitos de qualidade, para actividades de recreio em que não haja contacto com a água e para a navegação.
0 - 20 Excessivo Esteticamente agressiva. Somente utilizável para a navegação.
1 Classe A1, D.L. n.º 236/98, de 1 de Agosto 2 Classe A2, D.L. n.º 236/98, de 1 de Agosto 3 Contacto directo – natação e ski aquático 4 Classe A3, D.L. n.º 236/98, de 1 de Agosto 5 Contacto indirecto – pesca e vela
65
Em resultado da grande dependência dos requisitos legais em vigor que esta metodologia
apresenta, tende a sofrer alterações significativas sempre que esses requisitos são alvo de
revisão.
2.6. Enquadramento Jurídico
Esta revisão bibliográfica não poderia ficar completa sem a análise dos instrumentos
legais mais relevantes em matéria de gestão ambiental e, em particular, no que respeita
aos mecanismos de gestão dos recursos hídricos, tanto a nível nacional como a nível
comunitário e extra-comunitário.
No final do século XX, a preocupação dos líderes mundiais com as questões ambientais
atingiu o seu auge.
Portugal, neste particular, não é excepção, ainda que, contrariamente ao que tem sucedido
com outros sectores da gestão ambiental, a gestão da água tenha merecido atenção
particular, evidenciada na publicação de um conjunto de diplomas, o mais relevante dos
quais foi publicado no final do século XIX, mais propriamente em 1892, denominado
Regulamento dos Serviços Hidráulicos, que integrava um conjunto de decretos reais
publicados até então, no domínio da gestão das águas (Decreto Regulamentar n.º
23/2002, de 3 de Abril).
Posteriormente, em 1910, é publicada a primeira Lei da Água, que distinguia as águas
públicas e privadas, estabelecendo a titularidade dos recursos hídricos.
A importância deste diploma pode ser comprovada pelo período em que se manteve, total
ou parcialmente, em vigor, tendo sido revogada parcialmente, pelo Decreto-Lei n.º
468/71, de 5 de Novembro e mais recentemente, totalmente revogado pela Lei n.º
54/2005, de 15 de Novembro, que vem estabelecer a titularidade dos Recursos Hídricos,
principalmente do domínio público hídrico, que passa a pertencer ao Estado.
Entretanto, um conjunto de marcos históricos, na forma de planos ou da criação de
organismos com responsabilidades no domínio da gestão das águas, deram o seu
66
importante contributo para a minimização dos efeitos da acção humana sobre os meios
hídricos, designadamente (Adaptado do Decreto-Lei n.º 112/2002, de 17 de Abril e do
Decreto Regulamentar n.º 23/2002, de 3 de Abril):
- Em 1930 é criada a Junta Autónoma de Obras de Hidráulica Agrícola, que tinha a
seu cargo o planeamento, construção e exploração de obras de fomento agrícola.
- Em 1986, com a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE),
assume compromissos em matérias ambientais e de desenvolvimento sustentável que
terão consequências nas duas décadas seguintes;
- Em 1987 é publicada a primeira lei fundamental em matéria de gestão ambiental, a Lei
n.º 11/87, de 7 de Abril – Lei de Bases do Ambiente (LBA), que constituiu e ainda se
assume como o suporte fundamental de toda a legislação ambiental;
- Em 1995, na sequência da Cimeira do Rio de Janeiro de 1992 (CNUAD 92), sob a
égide das Nações Unidas, das linhas de orientação do 5º Programa de Política de Acção
Comunitária em matéria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e dos quadros
normativos e de apoio estrutural ao desenvolvimento regional contemplados no II
Quadro Comunitário de Apoio (QCA), é elaborado o Plano Nacional de Política de
Ambiente (PNPA), que resume os princípios defendidos nestes instrumentos
internacionais e os transpõe para a realidade nacional.
- A conferência Luso-Espanhola que decorreu em Albufeira, em Junho de 1998, e que
deu origem à Convenção sobre Cooperação para a Protecção e o Aproveitamento
Sustentável das Águas das Bacias Hidrográficas Luso-Espanholas, em vigor a partir
de Janeiro de 2000, veio constituir-se como um mecanismo de planeamento e gestão dos
recursos hídricos das bacias hidrográficas dos rios internacionais dos dois países;
- Os Decretos-Lei n.os 45, 46 e 47/94, de 22 de Fevereiro, que clarificaram os regimes
de planeamento, licenciamento económico e financiamento, respectivamente, dos
recursos hídricos, e que se encontram actualmente em fase de revogação;
- O Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (PNDES) para o período
2000-2006 constitui um dos mais recentes instrumentos que contemplam a gestão
integrada dos recursos hídricos, com enquadramento mais abrangente sobre os vários
67
descritores ambientais, tendo uma abordagem mais particular no Plano de
Desenvolvimento Regional (PDR) que lhe está associado para o mesmo período;
- Os objectivos constantes no PDR foram consubstanciados no Plano Estratégico de
Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais (PEAASAR) elaborado
para o período 2000-2006;
- Em 23 de Outubro de 2000 é publicada a Directiva n.º 2000/60/CE do Parlamento
Europeu e do Conselho, que introduziu um conjunto de princípios gerais em matéria de
gestão dos recursos hídricos, estabelecendo um conjunto integrado de medidas visando a
protecção das águas;
- Em 2002, são publicados os Planos de Bacia Hidrográfica (PBH) contemplados no
Decreto-Lei n.º 45/94, de 22 de Fevereiro, que vêm definir orientações de âmbito
regional para a gestão integrada dos recursos hídricos, com base no diagnóstico realizado,
propondo objectivos que deverão ser alcançados com base em medidas e acções neles
indicadas. O PBH do Rio Lis, com este enquadramento e conteúdo, foi publicado em 3
de Abril de 2002 – Decreto Regulamentar n.º 23/2002;
- Em 17 de Abril de 2002, surge o Decreto-Lei n.º 112/2002, que aprova o Plano
Nacional da Água (PNA), definindo-o como um “documento que define orientações de
âmbito nacional para a gestão integrada dos recursos hídricos”, reunindo as informações
e propostas sistematizadas e compiladas dos vários PBH’s elaborados, garantindo-lhes
uma unidade lógica e territorial;
- Recentemente, com a publicação da Lei da Água (Lei n.º 58/2005, de 29 de
Dezembro), pretende-se iniciar um novo quadro legal, em matéria de gestão de recursos
hídricos, transpondo para o direito interno a Directiva n.º 2000/60/CE do Parlamento
Europeu e do Conselho.
Paralelamente, com base nestes documentos de referência, foi sendo elaborado um
quadro legal muito mais vasto, que contempla, sobretudo, a protecção dos recursos
hídricos, através da definição de valores limite de emissão e formas de actuação em
situações normais ou excepcionais.
68
O Decreto-Lei nº 74/90, de 7 de Março, constituiu-se como um dos diplomas legais mais
relevantes, no seguimento da publicação da LBA, definindo pela primeira vez critérios e
normas de qualidade da água em função dos seus usos principais.
Na sequência deste diploma é publicado um conjunto de portarias sectoriais que
regulamentam as normas de descarga para um conjunto de actividades específicas. Estas
portarias procuraram então dar cumprimento às normas de protecção ambiental, sem
colocar em causa o desenvolvimento e manutenção de algumas actividades que, apesar de
apresentarem problemas para o ambiente, eram e continuam a ser consideradas vitais para
a economia do nosso país.
Estes diplomas abrangem as seguintes actividades:
- Matadouros: Portaria n.º 809/90, de 10 de Setembro, que aprova as normas de descarga
de águas residuais provenientes de matadouros e de unidades de processamento de
carnes;
- Suiniculturas: Portaria n.º 810/90, de 10 de Setembro, que aprova as normas sectoriais
relativas à descarga de águas residuais provenientes de todas as explorações de
suinicultura;
- Curtumes: Portaria n.º 512/92, de 22 de Junho, que estabelece normas de descarga de
águas residuais do sector dos curtumes;
- Pasta de Celulose: Portaria n.º 505/92, de 19 de Junho, que estabelece normas de
descarga das águas residuais do sector da pasta de celulose;
- Tratamentos de Superfície: Portaria n.º 1030/93, de 14 de Outubro, que estabelece
normas relativas à descarga de águas residuais no meio receptor natural (água ou solo) de
unidades industriais do sector dos tratamentos de superfície;
- Têxteis não incluindo sub-sector dos lanifícios: Portaria n.º 423/97, de 25 de Junho, que
estabelece normas de descarga de águas residuais especificamente aplicáveis às unidades
industriais do sector têxtil, excluindo o subsector dos lanifícios;
69
- Sector dos Cloretos: Portaria n.º 1033/93, de 15 de Outubro, que estabelece normas
relativas à descarga de águas residuais no meio receptor natural de unidades industriais
em que se processa a electrólise dos cloretos alcalinos utilizando células com cátodos de
mercúrio e tem por objectivo impor normas de rejeição aos efluentes provenientes
daquelas unidades industriais, muito especialmente ao mercúrio, no estado elementar ou
nos seus compostos, com vista à limitação da poluição das águas;
- Indústrias de Amianto: Portaria n.º 1049/93, de 19 de Outubro, que estabelece normas
de descarga de águas residuais de todas as actividades industriais que envolvam o
manuseamento de uma quantidade de amianto igual ou superior a 100 kg/ano de amianto
bruto;
- Indústrias de Dióxido de Titânio: Portaria n.º 1147/94, de 28 de Dezembro, que tem por
objecto o estabelecimento das condições de licenciamento para a descarga, armazenagem,
deposição ou injecção no solo de águas residuais ou de resíduos da indústria de dióxido
de titânio, tendo em vista a prevenção e, progressivamente, a eliminação da poluição
provocada por esta indústria.
Posteriormente, com base na necessidade de regulamentar o tratamento e descarga de
águas residuais de origem urbana, é publicado o Decreto – Lei 152/97, de 19 de Junho,
transpondo para o direito interno a Directiva n.º 91/271/CEE, do Conselho, de 21 de
Maio de 1991, relativamente ao tratamento de águas residuais urbanas.
Este diploma vem definir os requisitos para as descargas das estações de tratamento de
águas residuais urbanas para a generalidade dos ecossistemas receptores ou para a
descarga em zonas sensíveis sujeitas a eutrofização.
Em 1998, com a entrada em vigor do Decreto – Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto,
procedeu-se à revisão das normas, critérios e objectivos de qualidade das águas com a
finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos
seus principais usos, revogando o Decreto-Lei n.º 74/90, de 7 de Março.
A publicação deste diploma ajudou também a clarificar as competências das várias
entidades intervenientes no domínio da qualidade da água.
70
Mais recentemente, a publicação do Decreto – Lei n.º 243/2001, de 5 de Setembro, teve
por objectivo a regulação da qualidade da água destinada ao consumo humano com vista
à protecção da saúde humana dos efeitos nocivos resultantes de qualquer contaminação,
assegurando a sua salubridade e limpeza.
Com base na publicação da nova Lei da Água, o actual quadro legal em vigor será alvo
de alterações que se prevêem significativas, procurando actuar ao nível da melhoria da
qualidade ambiental, por recuperação dos ecossistemas degradados em consequência da
inexistência de uma política de planeamento, monitorização e controlo eficaz.
71
3. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO LIS
“O futuro das organizações – e nações – dependerá cada vez mais de sua capacidade de aprender colectivamente.”
Peter Senge
73
3. Caracterização da Bacia Hidrográfica do Lis
3.1. A Bacia Hidrográfica como Unidade Territorial de Gestão de Recursos Hídricos
Segundo Cunha et al. (1980), um dos princípios orientadores de uma política de gestão
das águas passa por considerar a bacia hidrográfica como a unidade básica de gestão dos
recursos hídricos.
As bacias hidrográficas assumem uma importância relevante, na medida em que
proporcionam uma análise limitada de uma fracção do ciclo hidrológico. De facto, o
estudo de uma bacia hidrográfica permite, de uma forma simplificada, conhecer todos os
fenómenos que condicionam o funcionamento do ciclo hidrológico global em
determinada região, em função, por exemplo, das características climáticas e geográficas.
A bacia hidrográfica é definida como uma área de drenagem superficial, dando origem ao
escoamento num conjunto de linhas de água que fazem a sua drenagem, ou seja,
representa o espaço físico que contribui para a formação de caudais que escoam
superficialmente através de uma secção.
Estes caudais provêm dos escoamentos superficiais das precipitações e da drenagem das
reservas acumuladas no solo, em determinada área.
A delimitação superficial da bacia hidrográfica faz-se tendo em conta as características
topográficas e geológicas da região onde se insere, ao longo de linhas de cumeada que se
prolongam através de linhas de maior declive até ao fecho na secção de referência da
bacia.
Apesar da delimitação das bacias hidrográficas à superfície ser relativamente simples, o
mesmo já não se pode dizer da delimitação de “bacias subterrâneas”, isto é, de zonas de
drenagem subterrânea que alimentam determinados caudais.
De facto, uma bacia hidrográfica superficial pode não coincidir com uma bacia
subterrânea. A figura 3.1 explicita precisamente esta situação.
74
Figura 3.1: Influencia da Geologia na Delimitação de Bacias
O estudo integral de uma bacia hidrográfica, com reconhecimento e identificação de
todas as suas potencialidades e disponibilidades, é indispensável para a gestão e
planeamento do seu aproveitamento optimizado em função das necessidades a satisfazer
e do desenvolvimento a promover.
A investigação do ciclo hidrológico com recurso à divisão territorial através da
delimitação de bacias hidrográficas conheceu o seu desenvolvimento máximo entre as
décadas de 30 e 50 (Campar et al., 1989).
Neste capítulo, Portugal não foi excepção, tendo sido realizados estudos por Girão (1922
e 1953) e Martins (1940), citados por Campar et al. (1989), que envolveram as bacias
hidrográficas do Vouga e Mondego.
Relativamente à bacia hidrográfica do Lis, ainda de acordo com os mesmos autores,
foram realizados estudos na década de 40 com vista à definição de aproveitamentos
hidroagrícolas.
Mais recentemente foram realizados estudos relacionados com a preservação do meio
ambiente que envolveram a bacia hidrográfica do Lis, tendo como principal objectivo a
75
definição de uma política de gestão dos recursos hídricos. É disto exemplo, o trabalho de
investigação levado a efeito por Jesus (1996), intitulado “Gestão Integrada de Recursos
Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Lis: Estado Actual e Medidas para o seu
Desenvolvimento”.
Estes estudos deram um importante contributo para a elaboração do PBH do Lis e, bem
assim, para a elaboração do PNA publicado em 2002.
3.2. Caracterização da Bacia Hidrográfica do Lis
A bacia hidrográfica do Rio Lis, localizada entre as bacias do Mondego e do Tejo, como
se pode observar na figura 3.2, entre 39º31’ e 39º58’ de Latitude N e 8º36’ e 8º58’ de
Longitude W, abrange uma área aproximada de 850 km2, confinando a Norte com a bacia
hidrográfica do Rio Mondego, a Leste com a bacia hidrográfica do Rio Tejo e a Sul com
a bacia do Rio Alcoa (PBH do Lis, 2002).
Figura 3.2: Localização da Bacia Hidrográfica do
Lis (Adaptado de INAG, 2006)
76
Figura 3.3: Rede Hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Lis (INAG, 2003)
77
Apresenta um desenvolvimento, essencialmente, meridiano, com uma orientação
Norte-Sul, em consonância com a orientação dos seus principais elementos – o Rio Lis e
o Rio Lena, como se pode observar na figura 3.3.
A área geográfica da bacia hidrográfica do Rio Lis abrange o distrito de Leiria, nos
concelhos da Marinha Grande, Alcobaça, Batalha, Leiria, Pombal e Porto de Mós e o
distrito de Santarém, no concelho de Ourém.
3.2.1. Geomorfologia e Geologia
Figura 3.4: Hipsometria Característica da Zona de Influência da
Bacia Hidrográfica do Lis (INAG, 2003)
78
O principal curso de água da bacia hidrográfica do Lis, o Rio Lis, nasce na Serra de Aire
e Candeeiros, no maciço calcário estremenho, na localidade de Fontes, a uma altitude de
400 metros, percorrendo até à foz, na Praia da Vieira, aproximadamente 39,5 km.
Tem como principais afluentes os rios Lena e Fora e a ribeira do Rio Seco (Jesus, 1996).
A topografia é pouco acidentada, já que predominam os terrenos situados a cotas
inferiores a 200 metros, como se pode observar na figura 3.4.
A zona sudoeste da bacia é a excepção. Localizada no planalto do Maciço Calcário
Extremenho, atinge cotas que ultrapassam os 400 metros, chegando mesmo, na zona mais
elevada (Pedra do Altar) aos 562 metros.
Neste troço inicial os declives são muito elevados, com escarpas que podem atingir os
200 metros, passando para regiões onde a cota não ultrapassa os 100 metros. O perfil
longitudinal do Rio Lis apresenta-se na figura 3.5. (Campar et al., 1989).
De acordo com a DGRAH (1980), estão identificadas 55 linhas de água na bacia, com a
respectiva caracterização do comprimento e áreas de drenagem.
Para além dos principais cursos de água já identificados, o Rio Lena e o Rio Fora, há a
destacar a importância de três cursos de água, o Rio Alcaide, afluente do Rio Lena, e a
Ribeira da Caranguejeira, com uma contribuição de caudais significativa, e a Ribeira dos
Milagres pela elevada densidade de suiniculturas, que se desenvolveram ao longo do seu
troço, e que contribuem para a degradação da qualidade da água do Rio Lis.
Na figura 3.6 representa-se, de forma esquemática, o sistema hidrográfico do Rio Lis,
com a indicação dos seus principais afluentes e, na tabela 3.1 apresenta-se um inventário
dos principais cursos de água constituintes da Bacia Hidrográfica do Lis, com indicação
do comprimento e áreas das respectivas bacias.
79
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450N
asce
nte
Rib
ª Rio
Sec
o
Rib
ª Val
e de
Aba
dio
Rib
ª Car
vach
inho
Rib
ª Car
angu
ejei
ra
Rib
ª de
Am
or
Rio
Len
a
Rib
ª dos
Mila
gres
Rib
ª da
Car
voei
ra
Vala
da
Pedr
a
Rio
de
Fora
Rib
º da
Tábu
a
Foz
Figura 3.5: Perfil Longitudinal do Rio Lis (Silva et al., 1994)
80
Rio de Fora Ribª dos MilagresRibª da
Caranguejeira
Rio Lena
Rio Alcaide
Rio LisOceanoAtlântico
Figura 3.6: Sistema Hidrográfico do Rio Lis (Jesus, 1996)
Tabela 3.1: Inventário dos Principais Cursos de Água (Adaptado de Jesus, 1996)
Rio ou Ribeira Comprimento
(km) Área da Bacia
(km2)
Lis 39,5 850
Lena 26,8 188,9
Fora 22,0 126,2
Caranguejeira 19,5 117,1
Alcaide 14,5 59,6
Milagres 18 57,4
Relativamente à forma, utilizando indicadores como o coeficiente de compacidade,
determinado de acordo com a equação 3.1.c) e o coeficiente de forma, calculado como se
indica na equação 3.2.b), verifica-se, para o primeiro, um valor de 1,353, próximo da
unidade e, por isso, indicando uma forma arredondada, que favorece a ocorrência de
cheias, e para o segundo um valor de 0,606, que comprova as características do
coeficiente de compacidade (Jesus, 1996).
- Coeficiente de compacidade ou índice de Gravelius (KC) – Relação entre o perímetro
da bacia (P) e a circunferência de um círculo de igual área (A) de raio (r) (Lencastre e
Franco, 1984).
81
r2
PKcπ
= (3.1.a))
π
=π=Ar ;rA 2 (3.1.b))
Logo,
AP28,0Kc ×= (3.1.c))
Este coeficiente é adimensional e varia com a forma da bacia, independentemente do seu
tamanho. Quanto mais irregular for a bacia em estudo, maior será o coeficiente de
compacidade, variando a partir da unidade (no caso hipotético de uma bacia circular).
Em igualdade dos restantes factores, a tendência para a ocorrência de grandes cheias será
tanto mais acentuada quanto mais próximo da unidade for o valor deste coeficiente.
- Factor de Forma (Kf) – Relação entre a largura média e o comprimento axial da bacia
(L), desde a secção de referência até à cabeceira mais distante da bacia. Define-se a
largura média da bacia ( l ), como a relação entre a área e o comprimento da bacia
(Lencastre e Franco, 1984).
LA
=l (3.2.a))
2f LA
LK ==
l (3.2.b))
Este factor define a maior ou menor tendência para a ocorrência de cheias numa bacia
hidrográfica.
De facto, entre duas bacias, terá maior tendência para a ocorrência de cheias, aquela em
que se verifique um factor de forma maior.
Relativamente aos caudais escoados pelos principais cursos de água que fazem a
drenagem da bacia, podem-se classificar de regime, essencialmente, torrencial, com
grande variabilidade nos regimes de escoamento, em função da precipitação que afecta a
área da bacia (Campar et al., 1989).
82
Alguns cursos de água constituintes da bacia podem mesmo classificar-se efémeros, tal é
a relação que se verifica entre a ocorrência de precipitação e os caudais drenados.
Dados disponibilizados pelo INAG, recolhidos entre 1938 e 1954 na estação de Monte
Real, indicam caudais fortemente variáveis, com um valor médio de 5,35 m3/s, e com
valores máximos na ordem de 90 m3/s.
A aplicação de um índice, apresentado por Pardé (1943), citado por Campar et al. (1989),
que relaciona os caudais anuais máximo e mínimo num posto hidrométrico, aplicado aos
dados anteriormente indicados, resulta num valor sempre superior a 4.
Esta característica do escoamento explica-se pelas características geológicas da bacia,
localizada no Maciço Calcário Estremenho que, em virtude da sua elevada
permeabilidade, favorece a drenagem hipogeia1 através de falhas, que dão origem a
surgências abundantes (Campar et al., 1989).
No que respeita à geologia, a bacia hidrográfica ocupa terrenos pertencentes à Orla
Mesocenozóica Ocidental, onde são encontrados materiais pertencentes a todas as idades,
desde, por exemplo, margas do Triássico Superior às Aluviões Modernas (Campar et al.,
1989).
A produtividade aquífera na zona da bacia hidrográfica do Lis situa-se em valores de 250
a 400 m3/dia.km2, valores característicos da região do país onde se localiza (CCRC,
1992).
A formação litológica, que influencia de forma significativa, como já se fez referência, o
escoamento e a capacidade de infiltração dos solos, intervém, de forma directa, na
difusão de poluentes no solo e na sua retenção ou aparecimento nas linhas de água
drenantes. Na tabela 3.2 mostra-se a distribuição dos principais grupos litológicos
característicos da bacia hidrográfica do Lis.
1 Abaixo da superfície do solo
83
Tabela 3.2: Distribuição dos Grupos Litológicos Característicos da Bacia Hidrográfica do Lis (Campar et al., 1989)
Grupos Litológicos % Média
Areias dunares 6,3
Aluviões 5,6
Areias e arenitos terciários 44,8
Arenitos secundários 20,9
Calcários (Malm) 11,4
Calcários (Dogger) 8,1
Calcários margosos e margas 0,5
Argilas e calcários 2,4
3.2.2. Solos, Vegetação e Ocupação do Solo
Na área da bacia hidrográfica do Lis predominam os solos podzolizados, os cambissolos
e os luvissolos, nas proporções aproximadas indicadas na tabela 3.3 e com uma
distribuição característica representada na figura 3.7.
Os aluvissolos, solos profundos e férteis, também presentes na área da bacia, encontram-
se maioritariamente nos vales aplanados enquanto os afloramentos rochosos em conjunto
com os litossolos, são muito característicos nas regiões calcárias, intervalados por
luvissolos cálcicos (Campar et al., 1989).
Tabela 3.3: Tipo de Solos Característicos da Bacia Hidrográfica do Lis (Campar et al., 1989)
Tipo de Solos % Aproximada
Aluvissolos 7
Solos podzolizados 40
Cambissolos 28
Luvissolos 20
Afloramentos rochosos + Litossolos 5
84
Figura 3.7: Representação Cartográfica dos Principais Tipos de Solos
Característicos da Bacia Hidrográfica do Lis (INAG, 2003)
Desta forma, limitada pelas características dos solos predominantes na bacia, a ocupação
do solo revela uma forte aptidão florestal. No entanto, no fundo dos vales a ocupação
agrícola é mais frequente, beneficiando da fertilidade destes solos.
85
Tabela 3.4: Capacidade de Uso dos Solos na Bacia Hidrográfica do Lis (Campar et al., 1989)
Capacidade de Uso % Média2
Agrícola 35,0
Florestal 59,0
Agrícola + Florestal 4,0
Agrícola + Agrícola condicionada 0,8
Florestal + Agrícola condicionada 0,4
Sem qualquer aptidão 0,8
Aptidão agrícola total 37,0
Aptidão florestal total 63,0
Na tabela 3.4 apresenta-se uma caracterização dos principais usos do solo, em função das
suas características, enquanto a figura 3.8 mostra uma representação cartográfica dos
usos do solo na área da bacia hidrográfica do Lis.
No que respeita às utilizações florestais do solo, a área da bacia hidrográfica do Lis é
maioritariamente ocupada por pinheiro bravo, com cerca de 53% de área, decorrente de
uma forte acção antropogénica com objectivo de constituir uma fonte de matéria-prima
para a construção de embarcações, no tempo dos descobrimentos e, simultaneamente,
como protecção dos sistemas dunares contra os avanços do mar e erosão dos ventos fortes
que se fazem sentir nesta região.
Esta área de pinheiro é conhecida como “Pinhal de Leiria” ou “Pinhal do Rei”, devendo
respectivamente estas designações à zona onde se localiza e ao principal responsável, Rei
D. Dinis, pela existência desta área florestal.
A vinha é outra das utilizações com uma percentagem de ocupação significativa na área
da bacia, com 14,3 %, mas que tenderá a deter uma importância cada vez menor, em
resultado do abandono de terrenos com aptidão para este efeito e das dificuldades por que
têm passado as principais Adegas Cooperativas locais, nomeadamente as da Batalha e
Cortes.
2 Calculada por amostragem linear sistemática
86
Figura 3.8: Representação Cartográfica dos Principais Usos do Solo
Característicos na Bacia Hidrográfica do Lis (INAG, 2003)
As ocupações de oliveira, culturas arvenses de sequeiro e regadio representam ocupações
muito semelhantes, à volta de 8% de área, sendo a restante área ocupada por eucalipto,
carvalho e macieira, com áreas de ocupação inferiores a 1% (Campar et al., 1989).
87
Relativamente às culturas e áreas regadas no vale do Lis, verifica-se uma evolução no
sentido do aumento das áreas ocupadas por culturas de milho, tomate e horta,
constatando-se também uma diminuição da importância das culturas de arroz,
comparativamente com as décadas de 50 e 60 (IDRHA, 2006). Esta evolução pode ser
observada no gráfico da figura 3.9, relativamente ao decénio 1990 – 2000.
Figura 3.9: Evolução das Principais Culturas e Áreas Regadas (ha) no Vale do Lis no Decénio
1990-2000 (IDRHA, 2006)
3.2.3. Clima
O conhecimento do clima de uma região é fundamental para o planeamento e gestão das
actividades sócio-económicas, e também indispensável para minimizar os efeitos
climáticos adversos.
Relativamente à bacia hidrográfica do Lis, o clima predominante é característico das
regiões mediterrânicas, apresentando duas estações bem distintas tanto em termos de
temperatura como no que respeita à precipitação.
Dados médios recolhidos na mais antiga estação meteorológica existente na bacia
hidrográfica, na Marinha Grande, no período de 1930 a 1960, registam um total
pluviométrico anual de 856 mm (Campar et al., 1989).
88
Na figura 3.10 apresenta-se um mapa da precipitação total anual na bacia hidrográfica do
Lis, obtido com base na análise da média obtida entre os anos hidrológicos de 1959/60 e
1991/91.
Figura 3.10: Mapa Representativo da Precipitação Total Anual Observada
Entre 1959/60 e 1990/91, na Bacia Hidrográfica do Lis (INAG, 2003)
89
Apesar destas características, o período durante o qual decorreu o presente estudo
mostrou-se muito incaracterístico, apresentando valores de precipitação média anual
muito abaixo dos valores médios, rondando os 400 mm (INMG, 2005).
Este facto foi comum em todo o território do continente, como se pode comprovar pela
análise da figura 3.11.
Figura 3.11: Variabilidade Interanual da Precipitação em Portugal Continental Entre 1930 e 2005. O
tracejado indica o valor médio no período 1961-1990 (INMG, 2005)
Ainda a comprovar este facto, apresentam-se na figura 3.12 os valores obtidos na estação
meteorológica da Cela, no ano hidrológico de 2004/05 que, apesar de localizada fora da
bacia hidrográfica do Lis, é aquela cujos dados disponibilizados se mostram mais
recentes.
No entanto, esta disparidade territorial manifesta-se pouco relevante tendo em conta a
constância de características no decurso desse ano hidrológico que afectou, de igual
forma, em termos de défice de precipitação, todo o território do continente.
90
Figura 3.12: Valores de Precipitação Medidos na Estação Meteorológica da
Cela no Ano Hidrológico de 2004/05 (INAG, 2006)
No que respeita à temperatura, a bacia hidrográfica do Lis apresenta, tal como no caso da
precipitação, valores característicos do clima mediterrânico onde se insere, com
temperaturas médias mensais a variar de forma gradual entre Janeiro, com 9,3º C, e
Agosto, com 20 ºC.
De acordo com o sistema classificativo de Deveau (1985), citado por Campar et al.
(1989), a bacia hidrográfica do Lis pode ser dividida em três regiões, muito
características, como se apresenta na figura 3.13, onde se identifica uma zona mais
litoral, com Verões suaves e Invernos tépidos, uma zona alta, com Verões moderados e
Invernos frescos e o restante território, com Verões e Invernos moderados.
91
Figura 3.13: Distinção de Zonas com Temperaturas Médias Anuais Comuns
na Bacia Hidrográfica do Lis (INAG, 2003)
3.2.4. Caracterização Socio-Económica
O distrito de Leiria, onde se insere a bacia hidrográfica do Lis, é o 13º maior distrito
português, com uma área de 3515 km2 e possuía em 2001 uma população residente de
431 130 habitantes e uma densidade populacional de 122,74 hab/km2 (Diciopédia, 2005).
92
O concelho de Leiria é, dos 6 concelhos que fazem parte da bacia, aquele que apresenta
maior população residente, seguido do concelho de Pombal (figura 3.14 e tabela 3.5).
Figura 3.15: População em 2001 dos Concelhos Englobados na Bacia Hidrográfica do Lis
(Diciopédia, 2005)
Tabela 3.5: População, Superfície, Taxa de Variação e Densidade Populacional dos Concelhos que Pertencem à Bacia Hidrográfica do Lis (Adaptado de INE, 2003 e Jesus, 1996)
Concelho Pop. 81 Pop. 91 Pop. 2002
Variação 81/2001
(%)
Área em
2003 (km2)
Dens. Pop. 91
(hab/km2)
Dens. Pop. 2002 (hab/km2)
N.º Freguesias
Batalha 12 588 13 329 15 002 17,3 102,8 129,7 148,0 4 Leiria 96 517 102 762 119 870 20,5 568,0 180,9 213,7 29
Marinha Grande 31 284 32 234 34 153 16,4 185,4 182,5 201,8 3
Ourém 41 376 39 815 46 196 13,4 416,2 95,8 114,8 18 Pombal 53 727 51 357 56 300 6,0 625,7 82,1 91,3 17 Porto de
Mós 21 700 23 343 24 271 10,9 260,1 88,3 93,6 13
93
No que respeita à densidade populacional, também aqui o concelho de Leiria é o que
apresenta um valor mais elevado, seguido de perto pela Marinha Grande, como se pode
observar na figura 3.15.
Figura 3.15: Densidade Populacional em 2001 dos Concelhos Englobados na Bacia Hidrográfica do
Lis (Diciopédia, 2005)
Na área ocupada pela bacia hidrográfica do Lis, de acordo com estudos realizados pela
HIDROVIA em 1994, estimava-se uma população aproximada de 180 000 habitantes e
uma densidade populacional de 190 hab/km2, com um aumento, relativamente aos censos
de 1991, de 165 000 habitantes, como resultado do acentuado crescimento demográfico
das áreas urbanas de Leiria e Marinha Grande.
No que respeita à economia local, no distrito de Leiria são produzidos alguns produtos e
serviços extremamente importantes para a economia nacional.
94
Neste particular, merece destaque a actividade agrícola, com produção de azeite, cereais,
vinho, frutas e batatas, a actividade florestal, com produção de madeira proveniente do
Pinhal de Leiria, a actividade agro-pecuária, sendo actualmente a região do país que
apresenta maior produção de suínos, a indústria extractiva, com a exploração de pedreiras
e areeiros, a indústria transformadora, com produção de cimentos, vidro, cerâmica,
moldes e plásticos, a actividade piscatória, quer através da arte chávega, quer através das
artes de pesca convencionais, com particular relevo para a Nazaré e, por último, mas não
menos relevante para a região, a actividade turística, onde a outrora reconhecida região
de turismo Rota-do-Sol, deu origem à actual região de turismo Leiria-Fátima, onde se
realça a riqueza ambiental e cultural que a região encerra.
As indústrias e actividades agro-alimentares são, porventura, as que representam maior
importância para a bacia hidrográfica do Lis, quer em termos de consumo de água, nos
seus processos produtivos e transformadores, mas também, e principalmente, pela
rejeição de substâncias orgânicas com efeitos significativos nos meios receptores.
De acordo com estudos realizados por Parrilha. e Saragoça, D. (2001), as principais
indústrias agro-alimentares presentes na área da bacia hidrográfica do Lis eram as
indústrias de bebidas, suiniculturas, aviários, rações, matadouros, transformação de
carnes, transformação de hortifruticulturas, lacticínios e cunicultura.
3.2.5. Usos, Necessidades de Água e Infra-Estruturas Hidráulicas e de Saneamento Básico
Com base nos estudos levados a efeito pela DRAOT-Centro em 2001, no âmbito da
elaboração do PBH do Lis, que apontavam para uma população estimada de 170 000
habitantes na área do PBH, sustentada em dados demográficos de 1995, foram estimados
os usos e necessidades de água com valores de 2,3×106 m3/ano.
Nesse estudo, a metodologia seguida para o cálculo dos consumos baseou-se na aplicação
de capitações que integram num único valor os consumos doméstico, público (5%),
serviços e indústria inserida na malha urbana (20%) e perdas (25%), determinados sobre
95
os quantitativos populacionais ao nível da freguesia. Incorporou-se também, de acordo
com o estudo, a população flutuante na área, estimada em 5 400 habitantes equivalentes.
As capitações utilizadas, estimadas com base nos critérios indicados, apresentam-se na
tabela 3.6.
Tabela 3.6: Capitações para Consumo Municipal (DRAOT-Centro, 2001)
População Total da Freguesia (hab)
Capitação Municipal (L/hab.dia)
<2 000 130
2 000 – 5 000 180
5 000 – 10 000 200
10 000 – 50 000 250
Para o sector agrícola foi estimado um consumo médio de 31×106 m3/ano, com base na
identificação de 8 200 ha de área regada.
A quantificação dos consumos industriais foi realizada por via indirecta, através da
utilização de coeficientes de emissão específicos para cada tipo de indústria, em função
da actividade e com recurso ao número de trabalhadores (através da base de dados
SISED, do Ministério do Emprego e Solidariedade) como indicador da dimensão da
unidade industrial.
Foram estimadas, para consumo industrial, necessidades de 2,3×106 m3/ano.
O sector da pecuária, constituiu outro dos alvos desta avaliação, que incidiu sobre as
suiniculturas e boviniculturas, tendo-se contabilizado um consumo próximo de
1,4×106 m3/ano, quase totalmente devido às suiniculturas.
Estas estimativas conduziram a um consumo total aproximado de 48×106 m3/ano, onde a
rega corresponde a um consumo de 65% e os restantes 35% seriam repartidos pelos
restantes consumos – público, industrial e agro-pecuário.
96
Importa realçar que estes dados, necessariamente, carecem de uma actualização, não
apenas pela evolução económico-social e ambiental que se verificou desde então, mas
também pela evolução tecnológica que conduziu a diminuições drásticas, em algumas
unidades industriais, dos consumos de água e mesmo do número de trabalhadores.
Também no que respeita aos consumos agrícolas, na área em causa, tem-se verificado um
progressivo aumento dos pousios e uma alteração das culturas e áreas regadas, que
conduzem, invariavelmente, a uma desactualização destes dados.
Apesar destes condicionalismos naturais, os dados apresentados constituem importantes
elementos de referência na análise actual dos usos e necessidades de água.
Estes dados conduzem inevitavelmente à análise do nível de atendimento da área da
bacia.
Neste aspecto, verificam-se valores relativamente elevados, desde 100% no concelho de
Alcobaça, até 76% no concelho de Pombal, sendo que nos restantes os níveis de
atendimento se situam entre 91% e 98% (DRAOT-Centro, 2001).
No que respeita às origens de água potável ou água destinada à produção de água potável,
a situação é um pouco distinta, em virtude da enorme dispersão de pequenos sistemas e
captações com insuficiente controlo e, consequentemente, falta de garantia de qualidade,
e insegurança na garantia de disponibilidade de água, que tem conduzido a situações de
cortes no abastecimento de água potável em importantes centros urbanos, de que é
exemplo a situação verificada em Leiria no final do Verão de 2003.
Para colmatar as principais necessidades de água para rega e, simultaneamente, garantir
alguma regularização de caudais, encontravam-se, em 2001, identificados 26 açudes para
rega, localizados no Rio Lis e afluentes, como garantia do abastecimento de redes de rega
com uma área abrangida de 2255 ha e uma extensão aproximada de 216 km
(DRAOT-Centro, 2001).
Ainda com base em dados recolhidos pela DRAOT – Centro em 2001, constatava-se que
apenas 43% da população era servida por redes de drenagem, apresentando três dos
97
concelhos valores acima de 50%, nomeadamente, Marinha Grande, com 67%, Alcobaça,
com 60% e Batalha com 57%. Ourém e Pombal eram os concelhos que apresentavam
valores mais baixos, com 20 e 26%, respectivamente, da população servida.
Em termos de tratamento de efluentes, de acordo com o mesmo estudo, a situação é mais
grave ainda, com um nível de atendimento de 40%. Neste particular também a Marinha
Grande apresenta valores relativamente mais elevados, com uma taxa de população
servida de 67%.
Recentemente a situação tem vindo a ser invertida com a construção e entrada em
funcionamento de sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais industriais e
urbanas, de que são exemplo a recente inauguração das ETAR’s de Fátima e Juncal,
respectivamente nos concelhos de Ourém e Porto de Mós.
Outro dos exemplos é o início da construção da ETAR Norte e todo o sistema de
emissários e estações elevatórias que permitirão encaminhar e proceder ao tratamento de
efluentes de origem doméstica, industrial, pluvial e efluentes das unidades agro-pecuárias
de vários concelhos que fazem parte da bacia hidrográfica do Lis, principalmente, Leiria
e Marinha Grande.
3.2.6. Caracterização do Estado do Ambiente
Em resultado da crescente pressão sobre o meio ambiente, promovida pelo Homem na
busca de conforto, bem-estar, crescimento económico ou, somente, de diversão, a
qualidade do ambiente e ecossistemas naturais tem vindo a ser gravemente prejudicada.
A intensidade desta acção apresenta expressões, significados e amplitudes bem distintas,
em resultado dos mecanismos próprios do tipo de acção sobre cada bacia hidrográfica.
A avaliação quantitativa dos impactes ambientais sobre o meio ambiente é extremamente
importante ainda que nem sempre seja viável e exequível a identificação e quantificação
de fontes de degradação da qualidade ambiental.
98
As fontes de poluição tópicas, localizadas no tempo e espaço, são aquelas que apresentam
uma análise mais facilitada, permitindo estabelecer uma relação causa-efeito.
Já o estudo e quantificação das fontes de poluição difusas apresentam outro nível de
dificuldade, apesar dos seus efeitos, principalmente os que se fazem sentir a longo prazo,
afectarem de forma mais gravosa e irreversível a qualidade do ambiente. Estas
dificuldades prendem-se com o facto de se tratarem de fontes de contaminação difusas no
tempo e espaço, tornando-as dificilmente identificáveis, e onde se torna difícil, ou mesmo
inexequível, o estabelecimento de uma relação causa-efeito com a degradação ambiental
observada.
Neste âmbito, também a bacia hidrográfica do Lis se enquadra no comportamento tipo
das unidades naturais que representa.
Do ponto de vista industrial, algumas das principais fontes tópicas de poluição existentes
na bacia hidrográfica do Lis ou nas suas proximidades, incluem as cimenteiras, as
indústrias de vidro, plásticos, rações e moldes, com efeitos limitados sobre os recursos
hídricos, as indústrias de pasta de papel, curtumes, cerâmicas e agro-pecuárias e
matadouros, com efeitos muito significativos sobre os ecossistemas aquáticos.
Os efeitos destas fontes pontuais podem fazer-se sentir localmente, como é o caso das
cerâmicas e matadouros, ou a nível regional, pela dimensão, típica das cimenteiras e
indústrias de pasta de papel, tipo de actividade, de que são exemplo as empresas de
curtumes, ou quantidade de explorações que as caracterizam, como é o caso das
explorações agro-pecuárias.
Os aglomerados populacionais urbanos, de onde são drenados e tratados importantes
volumes de águas residuais, quando não tratadas convenientemente, podem constituir,
nos locais de descarga, importantes focos de contaminação biológica e orgânica.
Relativamente à poluição difusa, a principal origem é a utilização desajustada de
fertilizantes, pesticidas e herbicidas artificiais que acabam por difundir-se através dos
solos, por infiltração ou escoamento, conduzindo à contaminação de importantes reservas
de água retida nos aquíferos ou escoada nos cursos de água que drenam a bacia.
99
Um outro tipo de poluição difusa, que se tem vindo a desenvolver mais recentemente, e
que se manifesta de uma forma menos evidente, é a alteração nos regimes de florestação
e uso dos solos, quer por alteração directa das espécies vegetais características locais,
quer por acção de incêndios florestais.
As principais medidas para mitigar os efeitos da poluição difusa são medidas não
estruturais que passam pela sensibilização dos utilizadores de substâncias tóxicas e
perigosas, para que a sua utilização seja feita de forma racional e, sempre que possível,
sejam substituídas por outras menos tóxicas e perigosas ou por práticas mais ecológicas e,
por outro lado, pelo planeamento dos regimes de florestação e minimização dos riscos de
deflagração e alastramento dos incêndios florestais.
A minimização dos efeitos sobre o ambiente das fontes pontuais de poluição passa por
medidas de fiscalização e aplicação de legislação e por uma actuação ao nível do
investimento em melhores técnicas disponíveis (MTD’s), que permitam reduzir na fonte
os níveis e efeitos da poluição.
Outra das soluções passa por uma actuação, com recurso a medidas estruturais, que
envolvem o investimento em infra-estruturas de sistemas de drenagem e tratamento
eficazes das águas residuais produzidas nos centros urbanos e em unidades industriais ou
agro-pecuárias que não tenham capacidade para realizar este tratamento de forma eficaz.
No entanto, tais medidas só poderão tornar-se eficientes quando tomadas em
conformidade com a rigorosa identificação das situações anormais que conduzem a
fenómenos de poluição.
Neste sentido, vários estudos têm sido desenvolvidos, tendo a bacia hidrográfica do Lis
como objecto de estudo, que tiveram como principal objectivo avaliar os principais
problemas ambientais que a afectam.
O ponto de partida para os estudos mais recentes, teve lugar em 1994 com a supervisão
do MARN (Ministério do Ambiente e Recursos Naturais – Direcção de Serviços de
Recursos Hídricos), onde se procurou efectuar a análise e diagnóstico da situação da
bacia.
100
Na sequência, uma conjunto de estudos levados a efeito com supervisão da DRA-Centro
(Direcção Regional do Ambiente do Centro), serviram de base para a elaboração do plano
de bacia hidrográfica do Lis, publicado em 2002.
Estes trabalhos, na forma de relatórios, foram sendo apresentados ao conselho de bacia
para sustentar as decisões tomadas no documento final.
Em todos os estudos são identificadas situações que mereceram atenção especial. Estas
situações anormais de poluição são associadas aos sectores doméstico e industrial onde se
incluem as pecuárias.
No documento apresentado pela DRA-Centro em 1999, a avaliação da carga doméstica
foi realizada com base na utilização de capitações específicas para a CBO5, CQO e SST,
respectivamente 60, 135 e 90 g/hab/dia, relativamente à população existente na bacia.
Aos caudais calculados foram retirados os valores correspondentes às perdas (25%) e aos
consumos efectivos (20%), não tendo sido subtraídos quaisquer valores relativos aos
consumos industriais, comércio e serviços, por terem sido consideradas actividades
produtoras de efluentes equiparados aos domésticos.
Com base nestes pressupostos, concluiu-se que Leiria contribui com uma carga poluidora
potencialmente gerada pelo sector doméstico na ordem dos 62%, enquanto que a Marinha
Grande produzia 23% e a Batalha 7%.
O peso destes concelhos para a carga total potencialmente gerada não poderá ser
dissociado da área respectiva que ocupam na bacia, bem como das respectivas
populações.
A poluição de origem industrial, ainda de acordo com o mesmo relatório, foi estimada
com recurso a coeficientes de emissão, com excepção das instalações abrangidas pela
Directiva PCIP (Prevenção e Controlo Integrados da Poluição) e de todas aquelas para
que existia informação, tendo-se chegado aos resultados apresentados na tabela 3.7.
101
Tabela 3.7: Carga Poluente Total Potencialmente Gerada pelo Sector Industrial, na Bacia do Lis (DRA-Centro, 1999)
Concelho Efluente m3/dia
CBO5 kg/dia
CQO kg/dia
SST kg/dia
Batalha 189,37 155,11 310,07 146,66 Leiria 3021,58 2321,38 5460,41 2434,77
Marinha Grande 2145,32 1188,94 3263,28 1529,17 Porto de Mós 147,07 51,47 106,90 69,20
Ourém 3,04 1,17 2,55 1,95
Totais 5506,38 3718,07 9143,20 4181,70
Pombal não consta nestes dados por se admitir que contribuía com valores
negligenciáveis relativamente aos restantes concelhos.
Neste estudo, as actividades agropecuárias foram tratadas de forma independente das
indústrias em geral, no entanto a metodologia seguida foi semelhante, utilizando
capitações características em função do tipo de animais (porco de engorda ou bovinos).
Os resultados apresentados, com base no número de animais inventariados nos três
concelhos com maior relevância, Batalha, Leiria e Porto de Mós, apresentam-se na tabela
3.8.
Tabela 3.8: Carga Poluente Total Diária Potencialmente Gerada pela Suinicultura, na Bacia do Lis (DRA-Centro, 1999)
Carga Poluente Concelho Nº de Suínos
Efluente m3/dia CBO5
kg/dia CQO kg/dia
SST kg/dia
Batalha 37037 444,44 6666,66 16666,65 9999,99 Leiria 199005 2388,06 35820,90 89552,25 53731,35
Porto de Mós 30680 368,16 5522,40 13806,00 8283,60
Totais 266722 3200,66 480009,96 120024,90 72014,94
Comparando os resultados do estudo realizado, conclui-se que, relativamente aos
efluentes gerados, a maior percentagem é de origem doméstica, correspondendo a um
102
valor de 73%. No entanto, quando se consideram os valores da carga orgânica, a situação
altera-se, correspondendo o sector da pecuária a 77% da carga orgânica total produzida
na bacia.
Estes dados permitem constatar a importância que a agropecuária e, em particular as
suiniculturas, representam para os níveis de qualidade dos recursos hídricos na bacia
hidrográfica.
Com base nestes dados de partida, ainda no âmbito deste estudo, foi realizada uma
avaliação de um conjunto de parâmetros em oito pontos identificados como
representativos da zona drenada por esses cursos de água.
Os parâmetros analisados foram a carência bioquímica de oxigénio (CBO5), carência
química de oxigénio (CQO), azoto amoniacal (NH3/NH4+), nitratos (NO3
-), ortofosfatos
(expressos em P), coliformes fecais (CF), e Oxidabilidade (Oxid).
Os pontos de amostragem escolhidos foram Porto de Mós, Mil Homens e Ponte das
Mestras, no Rio Lena, Fontes, Arrabalde, Amor e Monte Real, no Rio Lis e Ribeira dos
Milagres, a montante da confluência com o Rio Lis.
Os resultados desta monitorização, expressos numa escala qualitativa de A (sem
poluição) a E (extremamente poluído) permitiram extrair as conclusões constantes da
tabela 3.9.
Tabela 3.9: Resultados da Avaliação da Qualidade da Água na B.H. do Lis (DRA-Centro, 1999) Parâmetros Curso
de Água Ponto de
Monitorização CBO5 CQO NH3/NH4+ NO3
- P2O5 CF SST Oxid
Porto de Mós B D A A A B A A Mil Homens C D D A D D A D Rio
Lena Ponte Mestras D E D A D E D D
Fontes B D C A D C A D Arrabalde C E E A D D D D
Amor E E E A D E E E Rio Lis
M. Real D D E A D D D D
R. Mil. Rib. Milagres D E E A D D E E
103
Este estudo comprova resultados obtidos por outros realizados até então, nomeadamente,
as cartas de usos da água, de 1988/89, 1989/90, 1990/91, 1991/92, 1992/93, coordenados
pelo Ministério do Ambiente e Recursos Naturais (MARN), no âmbito da definição dos
níveis de qualidade da água (NQA) (Jesus, 1996).
Resultados semelhantes são apresentados por Silva et al. (1994), decorrentes de um
estudo levado a cabo igualmente com supervisão do MARN e promovido pelo Instituto
da Água.
Neste estudo é sublinhada a teoria de que a contaminação das águas drenadas pela bacia
começa a montante, na zona carcificada, em virtude de, nesta região, não se verificar
qualquer processo de filtração das águas no decurso da infiltração.
A falta de saneamento básico é outro dos factores apontados como causa de uma
contaminação precoce na bacia.
No entanto, a contaminação a jusante, relacionada com a actividade agrícola,
agro-pecuária industrial e resultante da descarga de efluentes domésticos sem tratamento
ou com tratamento deficiente, é apontada como a principal causa de degradação da
qualidade dos recursos hídricos na bacia.
Esta situação é observada nas várias estações de amostragem dispersas na bacia,
nomeadamente, Fontes, Ponte Arrabalde e Amor no Rio Lis e Ponte das Mestras no Rio
Lena, onde se constata o seguinte:
- As principais cargas poluentes são originadas pela actividade agro-pecuária,
principalmente suiniculturas, que funcionam, na generalidade, sem qualquer tratamento
de efluentes;
- Grande parte dos aglomerados urbanos que se desenvolveram de forma dispersa na
bacia, não tem qualquer sistema de saneamento básico que promova a recolha das águas
residuais produzidas;
104
- As práticas agrícolas inadequadas, com particular destaque para os campos do Lis, são
responsáveis pela introdução de substâncias que contribuem para a poluição difusa e
respectiva degradação dos recursos hídricos.
De um modo geral, considerando a classificação para usos múltiplos apresentada,
verifica-se que a qualidade da água é, geralmente, aceitável, apresentando contudo
algumas situações de má qualidade que inviabilizam algumas utilizações importantes,
como a utilização para produção de água potável e aptidão para a vida piscícola e rega,
verificadas, principalmente, na estação de amostragem de Amor.
Tabela 3.10: Grelha de Classificação Segundo os Múltiplos Usos da Água (adaptado por Jesus, 1996 de Silva et al., 1994)
CLASSE CRITÉRIO USOS ACTUAIS E POTENCIAIS
C1
OD ≥ 70% NH4 ≤ 0,5 mg/L CBO5 ≤ 3 mg/L PO4 ≤ 0,2 mg/L NO3 ≤ 5 mg/L
CF ≤ 100/100 mL
Apta para todos os usos: - Produção de água para abastecimento (A1); - Salmonídeos; - Ciprinídeos; - Rega; - Recreio com contacto directo e indirecto.
C2
OD ≥ 60% NH4 ≤ 1 mg/L
CBO5 ≤ 5 mg/L PO4 ≤ 0,4 mg/L NO3 ≤ 25 mg/L
CF ≤ 2 000/100 mL
Apta para: - Produção de água para abastecimento (A2); - Ciprinídeos; - Rega; - Recreio com contacto directo e indirecto.
C3
OD ≥ 50% NH4 ≤ 2 mg/L
CBO5 ≤ 7 mg/L PO4 ≤ 0,94 mg/L NO3 ≤ 30 mg/L
CF ≤ 20 000/100 mL
Apta para: - Produção de água para abastecimento (A3).
C4
OD ≥ 30% NH4 ≤ 4 mg/L
CBO5 ≤ 10 mg/L PO4 ≤ 3,1 mg/L NO3 ≤ 50 mg/L
CF ≤ 50 000/100 mL
Apta para: - Produção de água para abastecimento (>A3); - Qualidade mínima das águas doces superficiais.
105
Silva et al. (1994) apresentam ainda uma grelha de classificação, adaptada por Jesus
(1996) (tabela 3.10), composta por quatro classes, de C1 a C4, segundo os múltiplos usos
da água, obtidos com base nas normas e critérios de qualidade de água definidas no
Decreto-Lei 74/90, de 7 de Março, com os seguintes pressupostos:
- A base temporal é o ano hidrológico;
- A classificação deve ser feita parâmetro a parâmetro considerando a sua inclusão
numa classe quando pelo menos 90% dos seus valores correspondentes a um ano
hidrológico satisfazem as exigências da classe;
- A classificação final corresponde à do parâmetro mais desfavorável
Na tabela 3.11 apresenta-se um resumo das classificações segundo usos múltiplos obtidas
a partir dos estudos levados a efeito nos anos hidrológicos de 1988/90 a 1992/93, pelo
INAG, em quatro estações de amostragem: Fontes, Ponte Arrabalde, Amor (a partir do
ano hidrológico 1991/92) e Ponte das Mestras. Tabela 3.11: Resultados da Classificação Segundo Usos Múltiplos (Jesus, 1996)
Ano Hidrológico Nome da Estação Parâmetro Classe Correspondente Resultado Final
OD C1 NH4 C1
CBO5 C3 PO4 C1 NO3 C2
Fontes
CF C3
C3
OD C1 NH4 C1
CBO5 > C4 PO4 C4 NO3 C2
Ponte Arrabalde
CF > C4
> C4
OD > C4 NH4 C4
CBO5 > C4 PO4 > C4 NO3 C2
1988/89
Ponte das Mestras
CF > C4
> C4
106
Tabela 3.11 (cont.)
Ano Hidrológico Nome da Estação Parâmetro Classe Correspondente Resultado Final
OD C1 NH4 C1
CBO5 C1 PO4 C1 NO3 C2
Fontes
CF C3
C3
OD C3 NH4 C1
CBO5 C2 PO4 C2 NO3 C2
Ponte Arrabalde
CF > C4
> C4
OD > C4 NH4 > C4
CBO5 > C4 PO4 C4 NO3 C2
1989/90
Ponte das Mestras
CF > C4
> C4
OD C1 NH4 C1
CBO5 C1 PO4 C1 NO3 C2
Fontes
CF C4
C4
OD C2 NH4 C1
CBO5 C2 PO4 C1 NO3 C2
Ponte Arrabalde
CF > C4
> C4
OD > C4 NH4 > C4
CBO5 > C4 PO4 > C4 NO3 C2
1990/91
Ponte das Mestras
CF > C4
> C4
107
Tabela 3.11 (cont.)
Ano Hidrológico Nome da Estação Parâmetro Classe Correspondente Resultado Final
OD C1 NH4 C1
CBO5 C2 PO4 C2 NO3 C2
Fontes
CF C4
C4
OD C1 NH4 C1
CBO5 > C4 PO4 C3 NO3 C2
Ponte Arrabalde
CF > C4
> C4
OD > C4 NH4 > C4
CBO5 > C4 PO4 > C4 NO3 C2
Amor
CF -
> C4
OD > C4
NH4 C4
CBO5 > C4
PO4 > C4
NO3 C2
1991/92
Ponte das Mestras
CF > C4
> C4
OD C1 NH4 C1
CBO5 C2 PO4 C3 NO3 C2
Fontes
CF C3
C3
OD C1 NH4 C1
CBO5 C4 PO4 C3 NO3 C2
1992/93
Ponte Arrabalde
CF > C4
> C4
108
Tabela 3.11 (cont.)
Ano Hidrológico Nome da Estação Parâmetro Classe Correspondente Resultado Final
OD C2 NH4 C4
CBO5 > C4 PO4 > C4 NO3 C2
Amor
CF > C4
> C4
OD C3
NH4 C3
CBO5 > C4
PO4 C4
NO3 C2
1992/93
Ponte das Mestras
CF > C4
> C4
Estes resultados parecem confirmar a reduzida qualidade da água dos Rios Lis e Lena, no
primeiro caso, mesmo na nascente, que a tornam inapta para a maioria dos usos.
Os elevados teores de nutrientes comprovam a ocorrência de práticas agrícolas
desajustadas e a poluição orgânica e microbiológica evidenciam os efeitos provocados
pela actividade pecuária e pela deficiência nos sistemas de drenagem e tratamento de
águas residuais de origem doméstica.
Jesus (1996), adaptando a utilização de um índice de qualidade da água desenvolvido por
Mano (1989) – Média Aritmética Ponderada Modificada (APM) – aos resultados de uma
campanha sinóptica realizada em quatro estações de amostragem – Fontes, Ponte
Arrabalde, Amor e Ponte das Mestras – conclui que:
- 74% dos troços apresentavam qualidade inferior a A3;
- Mais de 90% dos troços apresentavam água com qualidade inferior à exigida para fins
piscícolas;
- 100% dos troços apresentavam água com qualidade imprópria para rega e recreio;
109
- 74% dos troços apresentavam água com qualidade inferior à mínima em águas doces
superficiais.
Apesar destes resultados não foi possível estabelecer uma correspondência tão elevada
quanto seria desejável entre os IQA e os sistemas que adoptaram classes de qualidade da
água como metodologia de avaliação.
4. PROCEDIMENTOS E METODOLOGIAS
“Tentar e falhar é, pelo menos, aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável
perda do que poderia ter sido.” Geraldo Eustáquio
4. Procedimentos e Metodologias
4.1. Selecção dos Locais de Amostragem, Medição e Monitorização
A grande extensão ocupada pela bacia hidrográfica do Lis e as limitações de recursos
técnicos e humanos condicionaram, de forma significativa, a selecção dos locais de
amostragem, medição e monitorização.
Numa fase inicial foi necessário estabelecer objectivos concretos para o estudo, planificar
de forma rigorosa e definir metodologias que se adaptassem ao estudo que ora se
apresenta.
Nessa fase teve-se em consideração, por um lado, as indicações e opinião dos
responsáveis pela principal entidade encarregue da gestão integrada dos efluentes na
bacia – SIMLIS: Saneamento Integrado dos Municípios do Lis, S.A., bem como os
estudos levados a efeito sobre esta unidade territorial de gestão de recursos hídricos, quer
pelo INAG, pela CCDRC (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Centro), ou por entidades públicas ou privadas, com objectivos múltiplos.
A análise de todos os dados permitiu estabelecer uma rede de amostragem, medição e
monitorização da bacia, definindo estações de monitorização ao longo da principal linha
de água (Rio Lis), ou nas proximidades da confluência de algumas das linhas de água que
se encontram referenciadas como as principais causadoras da reduzida qualidade da água
na bacia.
Esta rede foi constituída em oito pontos identificados como:
P1 – Fontes
P2 – S. Romão – ETA
P3 – Ponte das Mestras a montante da confluência do Rio Lena com o Rio Lis
P4 – Rio Lis a jusante da confluência do Rio Lena e ETAR da Ponte das Mestras
111
P5 – Ribeira dos Milagres, na ponte da EN 109, a montante da confluência com o Rio
Lis, na localidade da Ponte da Pedra.
P6 – Rio Lis – estação elevatória de Amor, a jusante da confluência da Ribeira dos
Milagres
P7 – Monte Real – Ponte de ferro situada a montante do Açude das Salgadas.
P8 – Ponte da Bajanca – Travessia entre Vieira de Leiria e Pedrógão, a jusante da
confluência com o Rio de Fora
As características geográficas bem como a distância à nascente do curso de água
principal, o Rio Lis, apresentam-se na tabela 4.1. Os dados relativos à latitude, longitude
e altitude são aproximados, tendo sido obtidos com recurso a equipamento GPS e a
distância à nascente estimada com base no trajecto rodoviário mais aproximado da
configuração do leito.
Tabela 4.1: Localização das Estações de Monitorização da Qualidade da Água ESTAÇÃO DE
MONITORIZAÇÃO DISTÂNCIA À
NASCENTE [km] LONGITUDE LATITUDE ALTITUDE [m]
P1 1 O 8º46’ N 39º41’ 388 P2 7 O 8º47’ N 39º43’ 117 P3 12 O 8º49’ N 39º44’ 106 P4 12,5 O 8º49’ N 39º45’ 82 P5 16,5 O 8º49’ N 39º46’ 92 P6 17 O 8º50’ N 39º47’ 72 P7 26 O 8º51’ N 39º51’ 58 P8 36,5 O 8º56’ N 39º52’ 15
Na figura 4.1 apresenta-se uma representação da rede de monitorização estabelecida, com
a identificação das estações de monitorização ao longo da bacia hidrográfica,
representadas na figura 4.2 sobre um mapa rodoviário que permite clarificar as
respectivas localizações e aspecto dos locais.
112
113
Os motivos que conduziram à escolha dos locais de monitorização estão relacionados
com um conjunto de factores, onde se inclui a existência de fontes de contaminação
identificadas, acessibilidade, segurança, perfil do leito, perturbações no escoamento e
outras.
Figura 4.1: Localização das Estações de Monitorização da Qualidade da Água na Bacia
(Adaptado de INAG, 2002)
114
Figura 4.2: Localização Geográfica das Estações de Monitorização
A utilização preferencial de pontes rodoviárias permitiu ultrapassar alguns dos principais
obstáculos físicos e técnicos à realização dos procedimentos de monitorização,
principalmente, acessibilidade, segurança e características do perfil do leito da secção
estudada.
P1
O ponto P1, situado na ponte que dá acesso ao Lugar de Fontes, constitui a estação mais
próxima da nascente do Rio Lis (figura 4.3).
Figura 4.3: Aspecto Geral da Estação de Monitorização P1 e do Limnímetro e
Restantes Instrumentos de Medição, Aquisição de Dados e Comunicação Instalados
Este local já apresenta um caudal significativo, não afectado de forma determinante pelas
várias nascentes dispersas a montante e que poderiam afectar os resultados quer em
115
termos de caudal, quer em termos da presença de contaminação em algum das nascentes,
nem afectado pela existência de fontes de poluição significativas a montante, servindo
deste modo como referência em termos de qualidade da água ao longo do rio.
O leito apresentava-se com um perfil relativamente regular, sem variações relevantes,
com uma lâmina de água de características adequadas para a medição de caudal.
Existe também instalado neste local um limnímetro e um equipamento que permite a
monitorização em contínuo de alguns parâmetros. No entanto, os dados dessa
monitorização são recolhidos pelo INAG, que nem sempre os torna tão acessíveis como
seria desejável. A esta dificuldade acresce o mau funcionamento dos equipamentos em
resultado das excepcionais condições meteorológicas no ano hidrológico em que decorreu
o estudo (2004/05).
Assim, os resultados aqui apresentados poderão ficar disponíveis para eventuais
comparações com os dados recolhidos pelo equipamento instalado e, desta forma, avaliar
a sua real eficácia.
P2
O segundo ponto de monitorização, situado a montante da cidade de Leiria, coincidiu
com o local de captação da ETA de S. Romão (figura 4.4).
Avaliando a qualidade da água neste local, e comparando os resultados obtidos com os
resultados da monitorização a jusante da cidade, em P4, é possível comprovar a
influência que a transposição da cidade confere à qualidade da água.
Apesar das dificuldades inerentes à realização de medições apenas a partir da margem,
apresenta muitas vantagens no que respeita à acessibilidade e segurança, mas também no
que respeita à constância de características do leito, indispensáveis para o bom
funcionamento da ETA.
116
O ponto P2 mostrou-se muito favorável na medida em que, mesmo nos períodos mais
secos da campanha, nunca proliferaram plantas aquáticas que interferissem de forma
evidente com os resultados. E quando tal aconteceu, rapidamente as entidades
procederam à sua remoção, por imperativos sanitários e de bom funcionamento da
estação.
Tal como na estação P1, também aqui se encontra instalada uma estação de
monitorização da qualidade da água, controlada pelo INAG e com as mesmas
características dos equipamentos instalados em P1.
Figura 4.4: Aspecto do Ponto P2 Situado na ETA de S. Romão
No entanto, a existência de um açude a jusante do local de captação da ETA e, bem
assim, do local de monitorização, condiciona de forma significativa o escoamento,
tornando as velocidades de escoamento relativamente baixas e, deste modo, podendo
inviabilizar ou limitar a medição do caudal.
117
P3
O ponto P3, localizado no Rio Lena, mais precisamente, na Ponte das Mestras – Leiria, a
jusante do Matadouro de Leiria (Mapicentro, S.A.) e imediatamente a montante da
confluência com o Rio Lis, encontra-se identificado como um local onde a qualidade da
água permite avaliar a influência deste afluente na qualidade da água global da Bacia
(figura 4.5).
Figura 4.5: Aparência da Estação de Monitorização P3 – Ponte das Mestras: Rio
Lena
As medições foram realizadas a partir da ponte, num local onde existe uma
impermeabilização, de secção e características constantes, que tem vindo a ser utilizada
na monitorização de caudais e qualidade da água desde o 2º quartel do século XX, e que
por este motivo apresenta todas as vantagens para poder ser utilizado para a realização de
estudos como o que aqui se apresenta.
118
A segurança do local, acessibilidade e facilidade de adaptação às necessidades da
metodologia utilizada constituíram os outros motivos da escolha.
A utilização de uma única estação de monitorização no Rio Lena não permite, contudo,
deduzir qual a evolução verificada na qualidade da água drenada ao longo desta linha de
água.
P4
Uma vez monitorizada a qualidade da água a montante da cidade de Leiria, torna-se
indispensável proceder de forma semelhante a jusante da cidade, para compreender a sua
influência sobre os ecossistemas aquáticos do Rio Lis e, em consequência, de toda a bacia
hidrográfica.
Figura 4.6: Aspecto do P4 – Estação de Monitorização Situada no Rio Lis, a Jusante
da Confluência com o Rio Lena
119
A existência da ETAR da Ponte das Mestras, que efectua a descarga para a secção do Rio
Lis a montante, identificada como estrutura sub-dimensionada em fim de vida, e a
confluência com o Rio Lena também a montante, foram os outros motivos que presidiram
à escolha deste local para fazer parte da rede de monitorização.
A segurança e acessibilidade, associados à representatividade do local e à constância de
características da secção do escoamento, constituíram os outros motivos da escolha do
local, que apresenta, contudo, um leito relativamente irregular, com uma rugosidade
significativa, em virtude da presença de rochas (figura 4.6).
A jusante desta estação situam-se os campos do Lis, que se encontram identificados como
potenciais causadores da poluição difusa que mais contribui para a degradação da
qualidade da água na bacia, em resultado da infiltração nos ecossistemas aquáticos de
substâncias fosfatadas e azotadas resultantes da intensa actividade agrícola que aqui se
desenvolve.
Desaguam também as Ribeiras dos Milagres e Souto, identificadas como problemáticas
do ponto de vista da drenagem de águas contaminadas em resultado da descarga de fontes
pontuais de poluição, com origem na actividade agro-pecuária que se desenvolve ao
longo dos seus traçados.
P5
A estação P5 situa-se na Ribeira dos Milagres, a montante da confluência com o Rio Lis,
na ponte da EN 109 na povoação de Regueira de Pontes, exactamente numa das linhas de
água referenciadas como potencial responsável pelas perturbações na qualidade da água
do rio Lis, em resultado da intensa actividade agro-pecuária que se desenvolve na área
drenada por esta linha de água.
Com a escolha deste ponto pretendiam-se avaliar os reais efeitos de descargas pontuais
ou diluídas no tempo sobre a qualidade da água do Rio Lis.
120
O reduzido percurso até à zona de confluência com o Rio Lis minimiza eventuais
alterações nos parâmetros favorecendo o estabelecimento de uma relação causa-efeito
entre eventuais descargas na Ribeira e a degradação da qualidade da água do Rio.
Outros motivos que estiveram na base da escolha deste local relacionam-se com a
segurança e a acessibilidade que oferece, possibilitando realizar as amostragens e
medições sem interferências externas.
Apesar destas vantagens, o local apresenta desvantagens importantes. A mais relevante
prende-se com a impossibilidade de quantificar o caudal recorrendo à metodologia
utilizada nos outros locais, em virtude da reduzida altura de água e do perfil irregular do
leito, como se pode observar na figura 4.7. Esta situação foi agravada pelo extenso
período de seca verificado durante a realização deste estudo.
Figura 4.7: Aparência do Ponto P5 Situado na Ponte da EN 109 Sobre a Ribeira dos
Milagres, na Localidade de Regueira de Pontes, Evidenciando o Reduzido Caudal
121
P6
O ponto P6 constituiu a estação de monitorização mais próxima, a jusante do local de
descarga da Ribeira dos Milagres, situada junto à estação elevatória de Amor, na ponte
que une Regueira de Pontes à povoação de Barreiros e a cerca de 4,6 km da última
perturbação pontual (ETAR da Ponte das Mestras).
Como na estação P3, também aqui o leito se encontra impermeabilizado para facilitar a
captação de água que é utilizada na rega nos campos do Lis (figura 4.8).
Imediatamente a jusante existe ainda uma estrutura que pode ser adaptada para instalar
um açude temporário que proporciona um nível de água necessário à elevação.Por estes
motivos, a secção é constante, com um leito regular, e o caudal apreciável, permitindo
realizar as recolhas de amostras e medições de forma fácil e em segurança, sem
interferências significativas.
Figura 4.8: Aspecto do Ponto P6 Localizado a Jusante da Confluência com a Ribeira
dos Milagres
122
P7
A estação de amostragem P7 situa-se na ponte de ferro de Monte Real, a montante do
açude das Salgadas e Rio de Fora e alguns metros a jusante da descarga da Ribeira do
Souto que, de alguma forma, pode ter influência na qualidade da água do rio nesta
secção.
O leito apresenta, neste local, um perfil relativamente constante, com materiais de
granulometria baixa e uma secção constante favorecida pela inexistência de quaisquer
pilares de sustentação da ponte (figura 4.9).
Figura 4.9: Aspecto do Ponto de Monitorização P7, Situado na Ponte de Ferro de
Monte Real
À semelhança das restantes estações, também a escolha deste ponto teve por base
critérios que primaram pela segurança, acessibilidade e facilidade de adaptação a
condições excepcionais.
123
A distância à foz (cerca de 13,5 km) impede que existam influências das marés sobre os
caudais escoados e sobre as características fisíco-químicas das águas.
Outro dos motivos para a escolha deste local prendeu-se com a instalação e entrada em
funcionamento do sistema norte, concluído com a construção da ETAR norte, prevista
para meados de 2007, onde serão tratados grande parte dos efluentes gerados na área
drenada pela bacia do Lis, e que se prevê possa vir a afectar a qualidade da água a jusante
da descarga, localizada a jusante do Açude das Salgadas e, portanto, a jusante deste
ponto.
P8
O último ponto de monitorização, antes do rio desaguar no Oceano Atlântico, localiza-se
na Ponte da Bajanca, a jusante da confluência com o Rio de Fora, do Açude das Salgadas
e do local de descarga da futura ETAR norte, e a montante da descarga da ETAR de
Vieira de Leiria (figura 4.10).
Figura 4.10: Aparência da Ponte da Bajanca Utilizada como Estação de
Monitorização P8
124
Tal como em quase todos os outros pontos, a utilização da ponte como estrutura de apoio
proporciona maior segurança e facilidade para recolha de dados e amostras.
Acresce o facto de que o leito apresenta uma configuração relativamente uniforme e
regular, constituído por materiais de granulometria fina e uma profundidade
uniformemente crescente com orientação sul-norte. A existência de dois pilares não
parece afectar de forma significativa as características do escoamento e o perfil do leito.
Em resultado da proximidade do mar, é um local que se encontra afectado pela influência
das marés, não de uma forma directa, já que a cota é superior à que a maior das marés
atinge, mas de uma forma indirecta, dificultando o escoamento e, por este motivo,
afectando o caudal medido.
Para minimizar esta interferência, a escolha da hora para a realização das medições teve
em conta as marés, procurando realizá-las sempre com a maré baixa.
Nesta estação, com a excepção da descarga da ETAR de Vieira de Leiria, não se
identificam claramente outras fontes de degradação da qualidade da água e, portanto, os
parâmetros avaliados reflectem a influência de todas as actividades desenvolvidas que
afectam de forma directa ou indirecta este ecossistema natural.
4.2. Metodologias de Amostragem, Transporte e Preservação das Amostras
A utilização de pontes na maioria das estações de medição facilitou a acessibilidade e a
segurança. No entanto a dificuldade em contactar com a água conduziu à necessidade de
realizar algumas adaptações.
Outra das limitações prendeu-se com o reduzido caudal e o consequente baixo nível de
água, acrescido da necessidade de recolha de um volume suficiente de amostra para a
determinação dos vários parâmetros, o que condicionou a utilização de frascos de
mergulho para recolha das amostras.
125
A recolha das amostras foi então realizada com auxílio de um balde plástico, de 5 litros
de capacidade, utilizando uma corda de nylon.
Sempre que os movimentos do balde conduziam ao levantamento de sedimentos
depositados no leito, a operação foi repetida.
Em cada local de amostragem, o recipiente de recolha foi passado por água do rio, no
próprio local, sendo essa água rejeitada.
A transferência para os frascos devidamente identificados foi também sempre antecedida
de uma passagem prévia por uma porção de água, que era rejeitada.
As amostras destinadas à determinação de oxigénio dissolvido foram recolhidas
independentemente, utilizando para o efeito frascos de Winkler que foram descidos até ao
leito com auxílio de um fio e mantidos em repouso, totalmente submersos, durante 5
minutos, sendo depois recolhidos e tapados.
As amostras destinadas à quantificação de microrganismos foram também recolhidas de
forma independente para recipientes previamente esterilizados que também mergulhados
na água com auxílio de fio de nylon, depois fechados e transportados para o laboratório.
Até ao laboratório, as amostras foram sendo armazenadas sucessivamente numa mala
térmica onde se encontravam placas de gelo para minimizar os efeitos da temperatura
sobre as características das amostras.
Uma vez chegadas ao laboratório, as amostras foram submetidas aos procedimentos de
preservação descritos no Standard Methods (1998), na secção 1060 C, com base nos
parâmetros analíticos a quantificar.
4.3. Medição do Caudal
A metodologia utilizada na medição do caudal foi adaptada do método original da
secção-velocidade descrito na sub-secção 2.2.3.
126
Em cada campanha e em cada estação de monitorização, foi traçado o perfil do leito em
função das alturas de água e das alterações provocadas no leito entre campanhas.
Para este efeito foi utilizado um sistema, cujo aspecto se apresenta na figura 4.11,
constituído por uma barra de chumbo, com forma alongada e massa suficiente para não
sofrer arrastamento por acção da corrente de água, suspensa por corda de nylon. Para
medir a altura de água, utilizou-se um objecto flutuante, com um orifício central, por
onde passou a corda de sustentação da barra de chumbo, que se encontrava sustentada por
um fio, e que descia até à superfície do leito.
Figura 4.11: Aparato Adaptado para Medir a Profundidade do Leito na Secção do Leito nas
Estações de Monitorização
Este objecto flutuante foi calibrado para que o nível de água fosse rigorosamente medido
em função da fracção que submergia.
127
Uma vez descida a barra de chumbo e o objecto flutuante, fixam-se os fios de sustentação
e fazem-se subir em conjunto. A diferença entre a base de apoio da barra e a marca
calibrada do objecto flutuante correspondem à altura de água no local.
Este procedimento foi repetido ao longo da secção transversal do leito, tendo sido
utilizados tantos mais pontos quanto mais larga e irregular a secção, para definir áreas de
escoamento médias constantes e perfeitamente identificadas, como se mostra na figura
4.12.
Figura 4.12: Medição das Verticais para Definição do Perfil do Leito que Contribuem
para o Escoamento numa Secção de uma Linha de Água
Identificadas e estimadas as secções que, no seu conjunto, contribuem para o escoamento
global, torna-se então necessário estimar a velocidade da água.
Os molinetes são os equipamentos que melhores resultados fornecem para estimar
velocidades de escoamento mas, nem sempre se encontram facilmente disponíveis.
A sua utilização está também condicionada pela existência de profundidades que
permitam a realização de leituras por submersão do molinete na secção de escoamento
em estudo.
Estes condicionalismos levaram à adopção de outra metodologia que consistiu na
utilização de fragmentos de madeira como objectos flutuantes que se deslocam à
superfície, a velocidades proporcionais à velocidade do escoamento da água na secção
estudada.
128
Os fragmentos de madeira utilizados apresentavam uma configuração achatada para
minimizar os efeitos das correntes de ar superficiais e para, nos locais onde a água
apresentava profundidades reduzidas, reduzir a probabilidade de contacto com o leito.
Com esta configuração eliminaram-se alguns erros da adopção desta metodologia, sendo,
no entanto, necessário estabelecer alguns pressupostos:
- A área ocupada pelos pilares sobre o leito foi estimada em função das dimensões
médias, tendo sido subtraída às secções parciais que contribuem para o escoamento total;
- Nas pontes sustentadas por pilares que se encontram em contacto com a água, admite-se
que estes não interferem de forma significativa com a velocidade de escoamento e em
consequência, com o caudal drenado;
- A secção a montante e jusante da ponte não sofre alterações significativas de perfil (este
facto foi comprovado através da realização esporádica de medições do nível de água e
largura do leito;
- Uma vez em movimento, o flutuador não sofre desvios significativos nem alterações
relevantes de velocidade;
- O flutuador não sofre interferências de correntes de ar superficiais que lhe confiram
alterações de velocidade;
- Considerando as reduzidas alturas de água, admite-se que não existe uma estratificação
significativa nas velocidades de escoamento que conduzam a velocidades do flutuador
superiores a 20% relativamente à velocidade da água. Com base neste pressuposto, os
valores de velocidade da água foram corrigidos para 80% da velocidade do flutuador;
- A vegetação não afecta a velocidade de movimentação do flutuador;
- A velocidade foi medida com base no tempo utilizado pelo flutuador para percorrer uma
extensão equivalente à das pontes, com excepção da estação P2, onde o percurso foi
definido entre duas secções distanciadas de 10 metros. As dimensões das pontes
utilizadas apresentam-se na tabela 4.2;
- A largura do leito que contribui para o escoamento foi medida, com aproximação, a
partir da ponte, estabelecendo numa das margens uma referência utilizada
129
sistematicamente na definição das verticais a medir e das distâncias à linha de água a
partir da margem. Na estação P2, a largura foi medida directamente de uma margem à
outra.
Tabela 4.2: Características das Estruturas de Apoio Utilizadas como Referência na Medição do Caudal
ESTAÇÃO ESTRUTURA DE APOIO UTILIZADA
COMPRIMENTO DA PONTE / MARGEM (com
Base na Secção de Referência)
[metros]
LARGURA DA PONTE (Percurso do Escoamento)
[metros]
P1 Ponte 12,1 5,2 P2 Margem 10 8,95 P3 Ponte 24 7,5 P4 Ponte 33,6 4,3 P5 - - - P6 Ponte 14 4,3 P7 Ponte 32 6,4 P8 Ponte 58 8,2
4.4. Periodicidade da Realização das Campanhas Sinópticas
Considerando os objectivos que se pretendiam atingir com a realização deste trabalho,
julgou-se conveniente estender o período do estudo por um ano civil, uma vez que o
atraso no início do estudo não permitir a utilização do ano hidrológico como referência.
Dada a extensão do estudo e as referências existentes julgou-se adequado proceder à
realização de oito campanhas mensais e quatro campanhas trimestrais em todas as
estações de monitorização.
Em todas as campanhas, as medições realizadas no local foram semelhantes, diferindo
apenas nas determinações realizadas em laboratório.
Com base nestes pressupostos, estabeleceu-se a seguinte planificação para as várias
estações de monitorização:
130
- Monitorizar mensalmente, de forma sistemática, um conjunto de parâmetros básicos que
caracterizam a qualidade da água, avaliando simultaneamente os caudais instantâneos
nesses locais (com excepção da Ribeira dos Milagres);
- Monitorizar trimestralmente e de forma sistemática os parâmetros básicos e alguns
parâmetros complementares que caracterizam a qualidade da água nas várias estações,
com a avaliação simultânea dos caudais instantâneos respectivos;
- Monitorizar a qualidade da água de alguns dos afluentes mais problemáticos situados
nas proximidades dos referidos pontos (Rio Lena e Ribeira dos Milagres) que se supõe
afectar a qualidade da água da principal linha de água – o Rio Lis, utilizando as mesmas
metodologias e periodicidades das outras estações.
Por motivos relacionados com a disponibilidade do laboratório onde foram realizadas as
análises, a realização de algumas campanhas não foi realizada com a regularidade
desejada, tendo sido adiadas para as datas mais próximas.
A ausência de dados relativos a Dezembro de 2004 ilustra precisamente esta situação.
4.5. Parâmetros Monitorizados
A escolha das variáveis monitorizadas nas várias estações e os parâmetros analisados nas
amostras nelas recolhidas teve em consideração os objectivos do trabalho, a sua
importância na caracterização da qualidade da água e os dados necessários para a
utilização de ferramentas de avaliação da qualidade da água, de que são exemplo, os
índices de qualidade da água.
Como foi referido, a monitorização e análise de um vasto leque de parâmetros pode
permitir, de forma mais objectiva, classificar a qualidade da massa de água de um
ecossistema aquático. No entanto, uma quantidade excessiva de dados pode não ser, de
todo, desejável.
A necessidade de adequação os recursos utilizados às necessidades e aos objectivos
estabelecidos para o estudo, a dificuldade em tornar objectiva a interpretação de uma
131
grande quantidade de dados e as conclusões enviesadas consequentes, constituem apenas
alguns exemplos de que o excesso de dados pode não ser útil, tornando-se mesmo
inconveniente.
Tendo em conta estes pressupostos, procedeu-se à escolha dos parâmetros e variáveis
monitorizadas durante a realização deste estudo.
Para avaliar as características de algumas variáveis ambientais e o estado geral dos
ecossistemas foram medidos mensalmente em todas as campanhas, nas várias estações de
monitorização, o pH, a temperatura do ar e da água e a condutividade.
Na tabela 4.3 apresentam-se as variáveis medidas nas estações, equipamentos e
instrumentos utilizados, metodologias e resolução dos equipamentos e instrumentos
utilizados.
Tabela 4.3: Metodologias e Equipamentos Utilizados na Monitorização das Variáveis em Todas as Estações
VARIÁVEL MEDIDA UNIDADES METODOLOGIA EQUIPAMENTO / INSTRUMENTO UTILIZADO RESOLUÇÃO
pH Escala de Sörensen Electrometria
Medidor de pH Marca: WPA Modelo: CD 70 Gama de Medição: 0 - 14
0,01
Temperatura da água º C Termometria Termómetro de bolbo de mercúrio 0,5
Condutividade μS/cm Electrometria
Condutivímetro Marca: HANNA Instruments Modelo: HI933000 Gama de Medição: 0,0 μS/cm – 199,9 mS/cm
1 0,1 (mS/cm)
Como já foi referido, aplicou-se ainda o método da secção-velocidade com utilização de
objecto flutuante para avaliar mensalmente o caudal nas secções das estações e para
detectar eventuais relações entre oscilações das variáveis e parâmetros e o factor de
diluição do caudal.
132
Os restantes parâmetros careciam de determinação laboratorial. Para o efeito, a direcção
do ISLA de Leiria disponibilizou os seus laboratórios, para realizar algumas
determinações para as quais existia equipamento, reagentes ou outros recursos materiais.
Apesar de não se tratar de um laboratório acreditado para a realização de quaisquer
determinações analíticas, a proximidade com o objecto do estudo e a facilidade e
disponibilidade de recursos, constituíram importantes factores a ter em consideração.
Neste laboratório, também mensalmente, procedeu-se à realização de um conjunto de
análises básicas às amostras recolhidas, como complemento das medições realizadas no
local.
A determinação do oxigénio dissolvido, não podendo ser avaliada localmente com
recurso a equipamento específico, foi realizada recorrendo ao método de Winkler, que só
foi possível através da fixação do oxigénio dissolvido na água, adicionando localmente à
amostra, recolhida no frasco de Winkler utilizado na determinação laboratorial, sulfato de
manganês e azida.
A determinação foi efectuada em laboratório de acordo com os procedimentos
estabelecidos.
As análises básicas determinadas mensalmente no laboratório incluíram, para além da
quantificação do oxigénio dissolvido, a avaliação dos teores em matéria orgânica, através
da análise da CBO5, e da concentração em azoto amoniacal.
Incluíram ainda a determinação de outros parâmetros básicos que permitem comprovar os
resultados obtidos e identificar eventuais anomalias não detectadas por esses.
Os restantes parâmetros básicos quantificados foram CQO, ST, SV, SST e SSV, nitritos e
nitratos e azoto total Kjeldahl.
As metodologias utilizadas e respectivos limites de determinação apresentam-se na tabela
4.4.
133
Tabela 4.4: Metodologias Utilizadas na Quantificação Laboratorial dos Parâmetros Básicos VARIÁVEL MEDIDA
UNIDADES MÉTODO LIMITES DE QUANTIFICAÇÃO (LQ)
OD mg O2/L SM – 4500-O C:
Método de Winkler com Modificação da Azida
0,1 < LQ
CBO5 mg O2/L SM – 5210 B:
Método das diluições para determinação da CBO5 em 5 dias
Diferença entre OD inicial (entre 7 e 9 mg/L) e OD residual (1mg/L)
multiplicando pelo factor de diluição e com um consumo mínimo de 2 mg/L
NAmoniacal mg NH3/L SM – 4500-NH3 B e C:
Destilação preliminar seguida de titulação
5 < LQ < 100
NTotal Kjeldahl mg N/L SM – 4500-Norg B:
Método Macro-Kjeldahl com titulação
51 < LQ < 1002
CQO mg O2/L SM 5220 D:
Refluxo fechado do dicromato, método colorimétrico
253 <LQ < 90
ST mg/L SM – 2540 B: Gravimétrico 62,5 <LQ4 < 5000 SV mg/L SM – 2540 E: Gravimétrico 62,5 <LQ4 < 5000
SST mg/L SM – 2540 D: Gravimétrico 12,5 <LQ5 < 1000 SSV mg/L SM – 2540 E: Gravimétrico 12,5 <LQ5 < 1000
Nitritos mg NO2-/L SM – 4500-NO2
- B: Método Colorimétrico 0,01 < LQ < 1
Nitratos mg NO3-/L ASTM D992: Método do Sulfato
de Brucina 1 < LQ < 50
Fósforo total (Ortofosfatos) mg PO4
3-SM – 4500-P C: Método colorimétrico do ácido
vanadomolibdofosfórico 0,26 < LQ < 18
SM – Standard Methods, 20th Ed. (1998) 1 – A precisão a concentrações inferiores só pode ser garantida através de metodologias colorimétricas 2 – Valores superiores podem ser determinados através da diluição da amostra a um volume final de 300 mL 3 – Abaixo deste valor, os resultados devem ser interpretados como qualitativos 4 – Estimados com base nos volumes de amostra evaporados. Valores ou inferiores ao LQ devem ser interpretados como qualitativos. 5 – Estimados com base nos volumes de amostra filtrados. Valores inferiores ao LQ devem ser interpretados como qualitativos. 6 – Abaixo de 1 mg/L os valores devem ser interpretados como indicativos.
Por motivos relacionados com a inexistência de reagentes e/ou equipamentos, não foi
possível realizar a determinação de azoto amoniacal, nitritos e nitratos e fósforo total, na
campanha realizada no dia 18 de Novembro de 2004.
134
Trimestralmente, para além de todos os parâmetros básicos já indicados, foram
determinados alguns parâmetros complementares que permitiram aferir, comprovar e
complementar os resultados dos parâmetros básicos.
As análises trimestrais realizadas incluíram a determinação de coliformes totais e fecais,
enterococos, quantificados nos Laboratórios do ISLA de Leiria, e o carbono orgânico
total (COT), que foi quantificado no Laboratório de Ciências do Ambiente do
Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto (DEQ-FEUP), utilizando para o efeito os métodos indicados na tabela 4.5.
Tabela 4.5: Metodologias Utilizadas na Quantificação Laboratorial dos Parâmetros Complementares VARIÁVEL MEDIDA
UNIDADES MÉTODO LIMITES DE QUANTIFICAÇÃO (LQ)
Coliformes totais UFC/100 mL
SM – 9222 B: Filtração em membrana
filtrante e incubação em meio selectivo (M-Endo)
20 < LQ1 < 80
Coliformes Fecais UFC/100 mL
SM – 9222 D: Filtração em membrana
filtrante e incubação em meio selectivo (M-FC)
20 < LQ2 < 60
Enterococos UFC/100 mL
SM – 9230 C: Filtração em membrana
filtrante e incubação em meio selectivo (Bile esculin agar)
20 < LQ2 < 60
COT mg/L SM – 5310 B:
Método de combustão a alta temperatura
1 < LQ3 < 100
SM – Standard Methods, 20th Ed. (1998) 1 – Filtrando volumes de amostra de 1, 0,1, 0,001 e 0,0001 mL. Volumes máximos filtrados de 1000 mL. Valores inferiores ao limite mínimo são aceitáveis mas valores superiores a 80 UFC/100 mL e inferiores a 200 UFC/100 mL devem ser tomados apenas como valores indicativos. 2 – Filtrando volumes de amostra de 1, 0,1 e 0,001 mL. Volumes máximos filtrados de 1000 mL. Valores inferiores ao limite mínimo são aceitáveis mas valores superiores a 60 UFC/100 mL e inferiores a 200 UFC/100 mL devem ser tomados apenas como valores indicativos. 3 – Depende do equipamento e calibração realizada.
Na primeira campanha trimestral de monitorização foram ainda avaliados outros
parâmetros como forma de realizar um despiste inicial e comprovar concentrações que
justificassem a sua determinação regular.
135
Estes parâmetros incluíram a determinação da concentração de alguns metais, como o
ferro, cobre, zinco e chumbo, detergentes aniónicos e óleos e gorduras.
A determinação dos metais foi realizada no Laboratório do DEQ-FEUP utilizando para o
efeito um espectrofotómetro de absorção atómica de chama de ar-acetileno, seguindo as
metodologias constantes do Standard Methods 20th Edition (1998).
Os detergentes aniónicos e os óleos e gorduras foram determinados nos laboratórios do
ISLA de Leiria, tendo sido utilizadas para o efeito as metodologias apresentadas na tabela
4.6.
Tabela 4.6: Metodologias Utilizadas na Quantificação Laboratorial de Outros Parâmetros VARIÁVEL MEDIDA
UNIDADES MÉTODO LIMITES DE QUANTIFICAÇÃO (LQ)
Detergentes Aniónicos μg MBAS/L
SM – 5540 C: Colorimetria de determinação de
detergentes aniónicos enquanto substâncias activas ao azul-de-metileno (MBAS)
10 < LQ < 200
Óleos e Gorduras mg/L
SM – 5520 B: Método de separação-gravimetria
0,5 < LQ1
SM – Standard Methods, 20th Ed. (1998) 1 – Utilizando um volume de amostra de 250 mL.
4.6. Análise dos Resultados – IQA
Para facilitar a análise e interpretação dos resultados e evidenciar as características gerais
de qualidade da água nas várias estações de monitorização, para além de uma análise
estatística de correlação multi-variável, apresentada no Anexo B, foi adoptada uma
metodologia baseada na determinação de um Índice de Qualidade da Água (IQA).
Como se descreveu no capítulo 2, há vários exemplos de aplicação de IQA para avaliação
da qualidade de águas superficiais.
Para o cálculo deste índice foram utilizados como parâmetros, a temperatura, pH,
condutividade, oxigénio dissolvido, CBO5, NH3 e coliformes fecais.
136
Em resultado da inexistência de alguns dados relativos a coliformes fecais, procedeu-se a
algumas adaptações, como se fez referência na tabela 2.3.
Neste estudo, uma vez que a determinação de coliformes fecais apenas foi realizada
trimestralmente, nas restantes campanhas o índice foi calculado adoptando coeficientes
de ponderação recalculados e expressos naquela tabela.
A esta adaptação, acresce o facto de que, na campanha realizada em 18 de Novembro de
2004, não foi possível quantificar os teores em NH3 e na campanha de 23 de Março de
2005, por motivos anormais, a determinação da CBO5 não foi possível.
Assim, foi necessário readaptar, nestas datas, os coeficientes de ponderação aos restantes
parâmetros, como se indica na tabela 4.7, procurando minimizar a inexistência das
restantes variáveis e os efeitos na classificação de qualidade da água nas várias estações
de monitorização.
Tabela 4.7 Readaptação dos Coeficientes de Ponderação Adaptados por MANO de SDD, Tendo em Conta os Dados em Falta nas Campanhas
COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO Com Coliformes Fecais Sem Coliformes Fecais
VARIÁVEIS Com CBO5 e
NH3
Sem CBO5 com NH3
Com CBO5 e sem NH3
Com CBO5 e NH3
Sem CBO5 com NH3
Com CBO5 e sem NH3
T 0,060 0,075 0,071 0,070 0,092 0,085 pH 0,120 0,150 0,141 0,140 0,184 0,171
Condutividade 0,080 0,100 0,094 0,090 0,118 0,110 OD 0,240 0,300 0,282 0,280 0,368 0,341
CBO5 0,200 - 0,235 0,240 - 0,293 NH3 0,150 0,188 - 0,180 0,237 -
Coliformes fecais 0,150 0,188 0,176 - - -
∑ 1 1 1 1 1 1
137
5. APRESENTAÇÃO E
DISCUSSÃO DE RESULTADOS
"Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar."
Carlos Pecotche
5. Apresentação e Discussão de Resultados
Os resultados obtidos nas campanhas sinópticas levadas a efeito durante este estudo
apresentam-se nas secções seguintes agrupados por classes, que incluem os parâmetros
básicos, complementares e parâmetros de despiste inicial.
Em consequência da elevada quantidade de dados obtidos durante o estudo, não se
considerou viável a apresentação gráfica neste capítulo dos resultados individuais por
parâmetro e por estação de monitorização. Estes dados apresentam-se para consulta no
Anexo A.
Com efeito, apresentam-se em tabelas, para cada parâmetro, os resultados individuais por
estação e campanha e os resultados globais agregados em termos de valores médios,
máximos, mínimos e desvio-padrão, demonstrados graficamente com recurso aos valores
médios e desvios-padrão respectivos.
Depois de avaliados criticamente os resultados individuais, apresenta-se uma análise mais
complexa que envolve o cruzamento de dados tendo em conta as relações que se
estabelecem entre parâmetros, traduzida numa análise de correlação-multivariável, que se
apresenta no anexo B e recorrendo também ao cálculo de um índice de qualidade da água
(IQA), para facilitar a apreciação da situação, numa perspectiva espacial e temporal. A
evolução dos resultados calculados individualmente, representa-se no Anexo C.
5.1. Parâmetros Básicos
5.1.1. Caudal
Os resultados da monitorização do caudal expostos na tabela 5.1 evidenciam um longo
período de seca a que o território do continente esteve exposto durante o ano hidrológico
de 2004/05.
139
A diminuição de caudal ao longo do percurso do rio, como se verifica, por exemplo, no
dia 18 de Novembro de 2004, da estação P1 para a estação P2, ou no dia 20 de Setembro
de 2005 entre as estações P4 e P5, resulta da captação e desvios de caudal em secções
intermédias, nas estações elevatórias ou através de captações particulares.
Este facto é tanto mais visível quanto menor o caudal drenado em resultado do período de
estiagem.
Tabela 5.1: Caudais Medidos nas Várias Campanhas Sinópticas Realizadas
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 0,67 0,61 0,67 1,27 - 2,57 3,02 5,1705-01-2005 0,67 0,76 0,83 1,33 - 2,87 4,76 4,9026-01-2005 0,36 0,60 0,42 0,75 - 2,78 2,93 3,7522-02-2005 0,35 0,62 0,50 1,94 - 2,96 3,42 4,1123-03-2005 0,36 (b) 0,46 1,22 - 3,77 4,41 4,9328-04-2005 0,45 0,88 0,89 1,63 - 3,58 2,33 5,4230-05-2005 (a) 0,96 0,38 0,79 - 1,59 (f) 2,3320-06-2005 (a) 0,63 0,10 0,71 - 0,42 (f) 0,4219-07-2005 (a) 0,58 0,06 0,06 - 0,08 (f) (g)31-08-2005 (a) (c) (d) (e) - 0,99 (f) (g)20-09-2005 (a) (c) (d) 0,80 - 0,57 (f) 3,4706-10-2005 0,41 (c) (d) 0,67 - 0,23 (f) 3,05
Média 0,47 0,70 0,48 1,02 - 1,87 3,48 3,75Máximo 0,67 0,96 0,89 1,94 - 3,77 4,76 5,42Mínimo 0,35 0,58 0,06 0,06 - 0,08 2,33 0,42
Desvio Padrão 0,143 0,145 0,287 0,523 - 1,368 0,931 1,539
Caudal (m3/s)
Notas: As alíneas indicam a impossibilidade de medição do caudal em consequência: (a) Da existência de vegetação densa no leito; (b) Da realização de obras de limpeza do leito; (c) Do açude de jusante se apresentar fechado, com uma cota elevada para permitir a captação da ETA; (d) Do reduzido caudal e assoreamento do leito; (e) Do reduzido caudal, associado à irregularidade do leito; (f) Do fecho do açude das Salgadas e do reduzido caudal que conduziu a uma estagnação da água no leito; (g) Do caudal excessivamente reduzido, com alturas de água inferiores a 5 cm.
Estes resultados são ligeiramente inferiores ao que seria de esperar tendo em conta os
valores apresentados na sub-secção 3.3.1, disponibilizados pelo INAG, que apontam para
valores médios de escoamento de 5,35 m3/s, estimados na estação de monitorização
concordante com o P7.
140
Mais uma vez, a situação de seca registada no ano hidrológico de 2004/2005 será
responsável pela diferença. Os caudais onde foi possível realizar a medição variaram
entre 0,06 m3/s e 5,42 m3/s.
Na figura 5.1 apresentam-se os valores médios do caudal e respectivos desvios-padrão,
obtidos durante a realização do presente estudo, entre Novembro de 2004 e Outubro de
2005.
Analisando os dados é possível constatar que o Rio Lena, na secção de referência situada
imediatamente a montante da confluência com o Rio Lis (P3), contribui com um
escoamento médio semelhante ao que se verifica na estação P1.
0
1
2
3
4
5
6
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
m3 /s
Figura 5.1: Representação Gráfica dos Caudais Médios e Desvios-Padrão Medidos nas
Estações de Monitorização
É ainda possível constatar um incremento médio de caudal significativo entre as estações
P4 e P6 e entre P6 e P7, apesar da curta distância que as separa. Este facto deve-se, por
um lado, à reduzida influência que exercem as infra-estruturas de captação existentes, e à
contribuição de caudais das linhas de água afluentes entre estes troços e que não foram
consideradas no presente estudo.
141
O inverso sucede entre os pontos de monitorização P1 e P4, onde o reduzido crescimento
dos caudais medidos se fica a dever, essencialmente, às retenções nos açudes da ETA e
Arrabalde (Cidade) e captações para fins públicos na ETA e particulares para rega.
5.1.2. pH
O pH medido localmente nas amostras recolhidas nas estações de monitorização, como se
pode comprovar na análise da tabela 5.2 e figura 5.2, não apresenta uma variação
significativa em torno dos valores médios. A água é ligeiramente alcalina, com um valor
máximo de pH na ordem de 8,1.
Tabela 5.2: Valores de pH nas Estações de Monitorização nas Várias Campanhas Sinópticas
Realizadas
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 7,64 8,02 7,99 7,84 7,72 7,89 7,82 7,7205-01-2005 7,33 8,07 7,86 7,97 7,85 7,94 7,85 7,6026-01-2005 7,11 8,04 7,64 7,82 7,64 7,94 7,89 7,6222-02-2005 7,58 8,04 7,83 7,77 7,85 7,67 7,49 7,5723-03-2005 7,41 (a) 7,65 7,66 7,61 7,58 7,55 7,3728-04-2005 7,35 7,80 7,71 7,80 7,69 7,65 7,52 7,4830-05-2005 7,46 7,98 7,66 7,57 7,45 7,51 7,55 7,5220-06-2005 7,35 7,47 7,43 7,57 7,41 7,51 7,28 7,5819-07-2005 7,26 7,50 7,35 7,42 7,58 7,65 7,56 7,3031-08-2005 7,68 7,69 7,62 7,53 7,66 7,32 7,32 7,2120-09-2005 7,43 7,68 7,54 7,55 7,75 7,50 7,45 7,4306-10-2005 7,57 7,72 7,59 7,55 7,63 7,46 7,47 7,45
Média 7,43 7,82 7,66 7,67 7,65 7,64 7,56 7,49Máximo 7,68 8,07 7,99 7,97 7,85 7,94 7,89 7,72Mínimo 7,11 7,47 7,35 7,42 7,41 7,32 7,28 7,21
Desvio Padrão 0,17 0,22 0,18 0,16 0,14 0,20 0,20 0,15
pH (Escala Sörensen)
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a realização de medições.
142
7,27,37,47,57,67,77,87,98,08,1
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
pH (E
sc. S
ören
sen)
Figura 5.2: Representação Gráfica dos Valores Médios e Respectivos Desvios-Padrão do pH nas
Várias Estações de Monitorização
Esta variável, por si só, não aparenta evidenciar sinais de perturbações pontuais externas
ao ecossistema aquático nas várias estações de monitorização. Da mesma forma que não
é possível concluir acerca da influência de eventuais contaminações difusas nos mesmos
locais.
Admite-se, porém, que, pelo menos em algumas das estações de amostragem e em
algumas épocas do ano, a actividade fotossintética seja responsável pela elevação do pH.
5.1.3. Temperatura
Tal como para o pH, a temperatura da água foi medida directamente no local.
Os resultados obtidos nas várias campanhas encontram-se compilados na tabela 5.3 e os
valores médios e desvio-padrão estão representados na figura 5.3.
Tabela 5.3: Temperatura da Água nas Várias Estações de Monitorização
143
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 17,0 13,0 10,5 11,0 12,0 12,0 12,0 11,005-01-2005 19,0 14,0 15,0 12,0 12,0 12,0 19,0 14,026-01-2005 15,0 9,5 5,0 8,0 4,0 12,0 5,5 3,022-02-2005 15,5 12,0 10,5 11,5 10,5 11,5 11,0 10,523-03-2005 18,0 (a) 15,0 16,0 15,0 15,5 15,0 15,528-04-2005 23,5 18,0 16,0 17,5 14,0 16,5 11,0 15,530-05-2005 19,5 17,0 18,0 21,0 17,0 18,0 18,5 17,520-06-2005 19,0 17,5 18,0 19,0 17,0 18,0 18,5 18,019-07-2005 19,0 19,0 20,0 22,0 18,5 19,5 21,0 18,031-08-2005 18,5 19,0 19,0 21,5 19,0 19,5 19,5 19,520-09-2005 18,5 16,5 15,0 20,0 13,0 14,0 15,5 14,006-10-2005 18,5 15,0 12,5 19,5 11,0 13,5 14,5 10,5
Média 18,4 15,5 14,5 16,6 13,6 15,2 15,1 13,9Máximo 23,5 19,0 20,0 22,0 19,0 19,5 21,0 19,5Mínimo 15,0 9,5 5,0 8,0 4,0 11,5 5,5 3,0
Desvio Padrão 2,14 3,08 4,31 4,79 4,18 3,06 4,56 4,61
Temperatura da Água (º C)
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a realização de medições.
0
5
10
15
20
25
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
º C
Figura 5.3: Evolução da Temperatura Média da Água e Desvio-Padrão nas Estações de
Monitorização
Não se encontrando referenciadas quaisquer fontes pontuais de alteração da temperatura
da água nas proximidades das estações de monitorização, constata-se que as temperaturas
medidas ao longo do estudo correspondem às características climáticas verificadas e às
características morfológicas do leito.
144
A inexistência de grandes massas de água estagnada, associada à agitação provocada pelo
movimento da água e ao reduzido caudal, conduz a uma aproximação da temperatura da
água à temperatura do ar, em resultado da reduzida inércia térmica.
Tal como o pH, a temperatura, por si só, não traduz anormalidades na qualidade da água
na rede de monitorização. No entanto, as oscilações verificadas podem conduzir a
alterações significativas noutros parâmetros ou variáveis.
A solubilidade do oxigénio na água é um dos factores mais afectados pelas alterações de
temperatura, assim como as velocidades das reacções que conduzem a alterações nas
espécies químicas em solução.
5.1.4. Condutividade
A condutividade foi outro dos parâmetros básicos medidos localmente em todas as
campanhas sinópticas.
Tabela 5.4: Condutividade Medida nas Estações de Monitorização
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 718 718 1025 1020 666 975 868 85605-01-2005 691 730 953 1005 930 848 904 88626-01-2005 711 746 1042 1055 659 848 1066 95122-02-2005 745 670 1080 894 1100 1122 1141 85823-03-2005 750 (a) 1135 915 895 844 994 103428-04-2005 658 718 1026 885 672 733 970 88630-05-2005 655 722 1180 9500 480 670 920 74020-06-2005 726 776 1247 9500 723 1458 1664 125019-07-2005 741 773 1327 2600 680 733 2080 138531-08-2005 753 815 1342 2350 720 2220 1402 113020-09-2005 753 742 1150 3020 950 2140 1373 167406-10-2005 774 811 1176 3290 678 2160 1750 1284
Média 723 747 1140 3003 763 1229 1261 1078Máximo 774 815 1342 9500 1100 2220 2080 1674Mínimo 655 670 953 885 480 670 868 740
Desvio Padrão 38 43 122 3164 171 607 394 274
Condutividade (μS/cm)
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a realização de medições.
145
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Figura 5.4: Valores Médios e Desvios-Padrão da Condutividade Medida nas
Estações de Monitorização
Os valores medidos apresentam-se na tabela 5.4 e na figura 5.4 representam-se
graficamente os valores médios indicando os respectivos desvios-padrão.
Como foi referido no capítulo 1, a condutividade pode ser relacionada com a existência
de eventuais fontes de poluição por introdução de substâncias específicas que conduzem
ao seu aumento.
Dos parâmetros básicos determinados no local, para além do oxigénio dissolvido, a
condutividade fornece boas indicações da qualidade do ecossistema aquático, desde que
não esteja sob influência directa de águas naturais de condutividade anormalmente
elevada, de que são exemplo as águas marinhas.
Com base nestes pressupostos e analisando atentamente os resultados apresentados na
tabela 5.4, é possível constatar que o ponto P4 é aquele em que a condutividade apresenta
valores mais elevados, apresentando mesmo picos de 9500 μS/cm.
146
Este valor máximo só é verificado em duas ocasiões, sendo sempre globalmente elevado,
com valores superiores a 1000 μS/cm. Parece ser evidente a existência de uma fonte de
perturbação a montante, situada entre o ponto P2 e o próprio P4.
Quando confrontados os valores medidos na estação P4 com os valores da estação P3 é
possível concluir que o Rio Lena não constitui a causa da elevada condutividade
verificada.
Resta, pois, a influência a que está sujeito o troço que atravessa a cidade de Leiria, para o
qual é descarregado o caudal tratado da ETAR das Olhalvas, e a influência exercida pela
ETAR da Ponte das Mestras situada imediatamente a montante do P4.
Considerando que na data da realização de algumas campanhas que conduziram a valores
elevados de condutividade (por exemplo no dia 20 de Junho de 2005), o açude do
Arrabalde se encontrava fechado e o caudal que o transpunha era praticamente nulo, tudo
aponta para que a causa dos elevados valores esteja relacionada com a descarga de águas
residuais tratadas na ETAR da Ponte das Mestras.
Relativamente aos valores de condutividade medidos nas restantes estações de
monitorização, especialmente nas estações P6, P7 e P8, destaca-se o facto de que nos
meses mais quentes de Junho, Julho e Agosto, sofrem um aumento, provavelmente em
resultado da redução de caudais, como se pode comprovar na tabela 2.1, como
consequência do aumento da concentração de substâncias dissolvidas.
5.1.5. Oxigénio Dissolvido
O oxigénio dissolvido (OD) constitui um dos parâmetros mais relevantes na manutenção
da biodiversidade natural dos ecossistemas aquáticos, condicionando ainda a evolução da
biodegradabilidade de compostos estranhos que neles sejam depostos.
Pelo exposto, a análise dos resultados da determinação dos teores em oxigénio dissolvido,
indicados na tabela 5.5, é extremamente importante.
147
Tabela 5.5: Oxigénio Dissolvido nas Estações Monitorizadas
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 10,0 9,5 7,9 8,6 6,7 6,2 6,2 5,905-01-2005 10,9 8,8 9,5 8,6 7,5 7,5 5,5 7,126-01-2005 11,8 9,6 11,8 9,0 8,3 7,5 5,5 7,022-02-2005 8,6 8,5 8,5 7,8 2,8 6,2 7,1 7,323-03-2005 8,5 (a) 6,8 5,1 7,0 6,0 4,0 5,228-04-2005 8,9 9,0 7,7 8,4 8,1 7,4 4,3 5,330-05-2005 7,5 7,5 4,9 1,8 6,9 2,5 2,6 4,920-06-2005 8,8 8,6 6,6 0,8 6,1 0,3 1,8 4,019-07-2005 7,7 7,7 5,0 1,9 7,1 2,6 2,7 5,031-08-2005 7,3 7,8 4,9 3,5 6,8 0,0 1,5 2,720-09-2005 6,6 7,6 6,5 1,1 5,5 0,0 3,4 3,706-10-2005 8,5 7,4 6,1 0,7 7,2 0,3 1,8 4,2
Média 8,7 8,4 7,2 4,8 6,7 3,9 3,9 5,2Máximo 11,8 9,6 11,8 9,0 8,3 7,5 7,1 7,3Mínimo 6,6 7,4 4,9 0,7 2,8 0,0 1,5 2,7
Desvio Padrão 1,51 0,81 2,06 3,49 1,43 3,19 1,88 1,45
Oxigénio Dissolvido (mg/L)
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras.
Como complemento dos dados medidos, considerando a influência exercida quer pela
temperatura quer pela concentração de sais, sobre a solubilidade do oxigénio,
procedeu-se à estimativa da taxa de saturação, como foi indicado no capítulo 4,
apresentando-se os respectivos resultados na tabela 5.6.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
mg
O2/
L
Figura 5.5: Evolução das Concentrações Médias e Desvios-Padrão de Oxigénio
Dissolvido
148
Tabela 5.6: Taxas de Saturação em Oxigénio Dissolvido na Água Obtidas com Base nas Concentrações em Oxigénio Dissolvido (tabela 5.5) e Temperaturas da Água (tabela 5.3)
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 103,4 90,2 70,5 78,0 61,7 57,2 57,1 53,205-01-2005 117,7 85,4 94,3 79,5 69,6 69,3 59,8 69,026-01-2005 117,2 84,1 92,5 75,7 63,3 69,3 43,9 52,022-02-2005 85,9 78,5 75,8 71,4 25,3 56,9 64,4 65,723-03-2005 89,7 (a) 67,3 51,6 69,6 60,1 39,3 52,228-04-2005 104,5 95,0 78,4 88,1 78,4 75,7 39,2 53,630-05-2005 81,3 77,3 51,4 20,3 71,4 26,3 27,8 50,920-06-2005 95,2 89,9 69,4 8,5 63,2 3,6 19,3 41,819-07-2005 82,6 82,6 54,9 21,2 75,6 27,8 30,0 52,831-08-2005 77,9 84,7 53,2 39,4 73,8 0,0 15,9 29,320-09-2005 70,7 78,1 64,5 12,3 52,1 0,0 33,7 35,906-10-2005 91,1 73,4 57,6 7,4 65,0 3,3 17,9 37,7
Média 93,1 83,6 69,2 46,1 64,1 37,5 37,4 49,5Máximo 117,7 95,0 94,3 88,1 78,4 75,7 64,4 69,0Mínimo 70,7 73,4 51,4 7,4 25,3 0,0 15,9 29,3
Desvio Padrão 15,01 6,49 14,26 31,35 14,16 30,31 16,52 11,63
Oxigénio Dissolvido (% Sat)
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras.
Por seu lado, nas figuras 5.5 e 5.6 podem observar-se, respectivamente, os valores médios
da concentração de oxigénio em solução e taxa de saturação e respectivos desvios-padrão
para as estações monitorizadas.
149
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
% S
atur
ação
O2
Figura 5.6: Taxas de Saturação em OD nas Estações de Monitorização
Analisando os resultados obtidos (tabelas 5.5 e 5.6), é possível constatar que na estação
P6, por quatro ocasiões, e na estação P4, por duas vezes, a concentração de oxigénio
dissolvido na água se situava abaixo de 1 mg/L, referenciado na bibliografia como um
valor abaixo do qual a vida piscícola não é possível e a biodiversidade é drasticamente
afectada.
Na realidade, apenas nos ecossistemas das estações de monitorização P1, P2 e P3 as
concentrações se situam normalmente acima de 5 mg/L, enquanto que os valores
mínimos nos pontos P5 e P8 só muito pontualmente ficam abaixo de 3 mg/L.
Importa também referir que na estação P7, nos meses mais quentes de Maio a Outubro de
2005, apenas por uma vez o oxigénio dissolvido se situa acima de 3 mg/L.
Estabelecendo um raciocínio semelhante ao que foi apresentado para a justificação das
elevadas condutividades na estação P4, é possível identificar uma das principais fontes de
depleção do OD, a ETAR da Ponte das Mestras.
No entanto, neste caso, também o armazenamento a montante do açude do Arrabalde,
com reserva de um volume não desprezável de água, e uma profundidade média de 2
150
metros, associado ao aumento de temperatura nos meses mais quentes, pode ajudar a
explicar os valores relativamente baixos quantificados neste local.
Os motivos das baixas concentrações de OD nos pontos P6 e P7 aparentam estar também
relacionados com o armazenamento de água, uma vez que se localizam em zonas a
montante de açudes.
Este pressuposto pode ser comprovado tendo em conta que no período em que se
verificaram níveis de OD mais reduzidos, os açudes se encontravam fechados e a
velocidade de escoamento era excessivamente baixa de tal forma que em P7 não foi
mesmo possível proceder à medição de caudal de Maio a Outubro de 2005.
Nestas estações (P6 e P7) há ainda a considerar a influência de dois afluentes que
desaguam a montante do Rio Lis, a Ribeira dos Milagres e Ribeira do Souto, quer através
da introdução de matéria orgânica que entra em decomposição e conduz ao excessivo
consumo de oxigénio, quer através da descarga de águas com níveis reduzidos de OD.
No entanto, uma comparação com os resultados obtidos na quantificação do OD na
Ribeira dos Milagres (P5), não confirma a existência de água, descarregada no Rio Lis,
com reduzidos teores deste parâmetro.
Relativamente à Ribeira do Souto (que desagua a montante do P7), também não é
possível confirmar eventuais perturbações, uma vez que esta linha de água não foi
contemplada neste estudo.
Avaliando agora os resultados traduzidos em termos de taxas de saturação, que são
afectadas pelas baixas concentrações de OD, mas também têm em conta os efeitos da
temperatura e concentração salina, é possível confirmar os resultados obtidos e as
conclusões da análise às concentrações de OD.
Comprova-se assim que as baixas concentrações de OD não são devidas aos efeitos da
temperatura, mas devem-se ao consumo resultante da biodegradação da matéria orgânica
existente nessas massas de água.
151
No sentido oposto, em P1, nas campanhas realizadas em Novembro de 2004 e Janeiro de
2005, encontram-se valores de saturação superiores a 100%. Este efeito pode ser
considerado normal, tendo em consideração as baixas temperaturas verificadas na altura,
a agitação do leito, que conduz a uma sobre-oxigenação e a existência de plantas
aquáticas a montante que favorecem, nos períodos de maior luminosidade, o aumento da
concentração de OD em solução.
Os valores obtidos para as outras estações de monitorização consideram-se normais,
tendo em conta a localização das secções correspondentes a cada estação e as actividades
desenvolvidas e as proveniências de água a montante.
5.1.6. Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5)
A CBO5 é um dos parâmetros mais utilizados para quantificar a matéria orgânica presente
numa água e o seu potencial de biodegradabilidade.
Os resultados obtidos neste estudo encontram-se indicados na tabela 5.7. Os valores
médios e desvios-padrão obtidos para cada estação ao longo do estudo apresentam-se
graficamente na figura 5.7.
Na campanha sinóptica levada a efeito no dia 23 de Março de 2005, em resultado de uma
situação de análise anormal, não foi possível obter resultados da determinação da CBO5.
Os valores inferiores ao limite de quantificação indicado na tabela 4.4, que se apresentam
na tabela 5.7, devem ser interpretados como valores indicativos e não como valores que
caracterizam quantitativamente a amostra submetida à análise.
Tabela 5.7: Resultados da Determinação da Matéria Orgânica Quantificada Como CBO5 nas Amostras Recolhidas nas Estações de Monitorização
152
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 0,0 1,5 8,7 6,9 7,4 6,1 1,9 4,905-01-2005 1,0 0,7 1,9 10,8 15,9 3,0 14,0 2,726-01-2005 0,0 0,0 0,4 1,4 6,6 1,9 15,8 1,422-02-2005 0,0 0,4 1,8 10,6 27,1 28,2 10,8 10,823-03-2005 (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a)28-04-2005 1,8 1,2 2,3 5,5 21,7 3,0 6,5 1,630-05-2005 0,0 0,0 9,5 16,4 4,0 1,4 3,2 1,620-06-2005 0,0 0,0 4,1 24,7 5,4 11,3 9,0 1,119-07-2005 0,2 0,0 6,5 16,2 4,2 27,8 3,5 0,631-08-2005 0,0 0,0 0,9 10,8 0,9 59,4 2,2 2,720-09-2005 0,0 0,0 0,2 40,3 7,6 41,5 11,2 0,406-10-2005 0,0 0,0 0,0 47,7 2,3 26,1 4,5 2,5
Média 0,3 0,3 3,3 17,4 9,4 19,1 7,5 2,8Máximo 1,8 1,5 9,5 47,7 27,1 59,4 15,8 10,8Mínimo 0,0 0,0 0,0 1,4 0,9 1,4 1,9 0,4
Desvio Padrão 0,60 0,55 3,43 14,65 8,48 19,21 4,93 2,95
CBO5 (mg/L)
(a) Uma falha na análise não permitiu obtenção de resultados. Nota: Os valores inferiores a 1 mg de O2/L devem ser interpretados como valores indicativos, tendo em conta o limite de quantificação do método.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
CB
O 5 (m
g O
2/L)
Figura 5.7: Representação Gráfica dos Valores Médios da CBO5 e Respectivos
Desvios-Padrão
Ainda que os resultados obtidos na quantificação da matéria orgânica através da CBO5
não tenham uma precisão elevada, permitem comprovar e estimar, com relativa
facilidade, o nível de contaminação de um ecossistema aquático.
153
Neste estudo, os resultados apresentados comprovam algumas constatações já expostas,
nomeadamente no que respeita às situações de contaminação pontual produzidas pela
descarga das águas residuais tratadas na ETAR da Ponte das Mestras, com efeitos na
qualidade da água da estação de monitorização P4.
Quanto à qualidade da água na estação de monitorização P6, os elevados valores médios
de CBO5 não se ficam a dever à retenção no açude de jusante. As causas apresentadas
para os reduzidos teores em OD neste local não são, portanto, semelhantes.
De facto, observando os resultados da determinação da CBO5 na principal linha de água
que desagua imediatamente a montante deste local, a Ribeira dos Milagres, é possível
comprovar a existência de valores médios elevados que tendem a contribuir para a
elevação dos valores no P6. Acresce a esta contribuição o reduzido percurso entre o P4 e
o P6 sendo de esperar que os efeitos manifestados no primeiro se manifestem ainda no
segundo.
Os elevados valores da CBO5 na estação de monitorização P6 são, portanto, o resultado
da conjugação das influências dos caudais drenados pela Ribeira dos Milagres e dos
caudais provenientes da estação de monitorização P4.
Os valores da CBO5 apresentados na estação de monitorização P7 resultam, também eles,
da contribuição dos caudais afluentes da Ribeira do Souto e dos caudais provenientes da
secção P6, ainda que, tal como foi referido para o OD, não seja possível comprovar a
contribuição desta linha de água.
A redução gradual dos valores médios da CBO5 evidenciados ao longo do percurso do
Rio Lis, a partir da estação de monitorização P6 até à estação P8, revelam a capacidade
deste ecossistema para minimizar os efeitos da poluição pontual introduzida no leito,
mesmo em anos relativamente secos, desde que, como aparenta o presente caso, se trate
de matéria orgânica facilmente biodegradável.
Os resultados apresentados da análise realizada nas estações de monitorização P1 e P2
são expectáveis, uma vez que não se identificam causas de eventuais contaminações de
154
origem orgânica que provoquem alterações significativas na qualidade da água nestes
locais.
5.1.7. Carência Química de Oxigénio (CQO)
Outra forma de avaliar os teores em matéria orgânica presentes nos meios aquáticos,
consiste na determinação da CQO, tendo-se obtido os resultados que se apresentam na
tabela 5.8.
A figura 5.8 apresenta os resultados relativos entre estações de monitorização, com base
nos valores médios e desvios-padrão.
Tabela 5.8: Resultados da Determinação da CQO nas Estações de Monitorização
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 0,0 0,0 1,8 4,0 9,8 3,3 3,4 1,605-01-2005 5,0 5,5 20,5 30,8 57,2 20,5 31,3 20,026-01-2005 3,5 5,5 15,9 10,2 43,2 14,8 71,6 14,322-02-2005 0,0 8,1 19,2 20,5 78,3 85,6 12,0 8,623-03-2005 0,0 (a) 18,3 48,1 26,9 17,2 15,6 28,728-04-2005 2,1 0,0 6,8 8,9 21,5 19,9 11,0 4,830-05-2005 8,8 5,0 47,9 75,6 29,5 7,2 19,1 9,420-06-2005 0,0 0,3 9,0 76,3 29,6 20,9 32,8 19,619-07-2005 0,5 0,2 17,5 59,0 78,6 70,6 30,2 21,931-08-2005 0,2 0,5 5,5 38,6 10,7 78,2 27,6 9,320-09-2005 0,0 0,0 5,3 86,9 61,6 70,7 13,4 12,106-10-2005 6,6 0,0 6,6 85,4 15,6 66,9 35,8 16,8
Média 2,2 2,3 14,5 45,4 38,5 39,7 25,3 13,9Máximo 8,8 8,1 47,9 86,9 78,6 85,6 71,6 28,7Mínimo 0,0 0,0 1,8 4,0 9,8 3,3 3,4 1,6
Desvio Padrão 3,08 3,08 12,35 30,96 24,86 31,42 17,87 7,80
CQO (mg/L)
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras. Nota: Os valores inferiores a 25 mg/L devem ser interpretados como valores indicativos, tendo em conta o limite de quantificação do método.
O principal objectivo da interpretação dos resultados, tendo em conta a evolução deste
parâmetro, consiste na comparação e cruzamento de informação com os resultados da
CBO5, tendo em conta que a metodologia utilizada para a determinação da CQO é mais
precisa e fiável, estando menos susceptíveis a falhas na determinação.
155
A sua principal desvantagem reside na dificuldade em estimar a biodegradabilidade da
matéria presente, de forma a prever a sua evolução ao longo do curso de água.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
CQ
O (m
g O 2/L
)
Figura 5.8:Evolução dos Valores Médios e Desvios-Padrão da CQO nas Várias Estações
de Monitorização
Comparando os resultados obtidos, constantes da tabela 5.8, com os resultados da
determinação da CBO5, é possível comprovar, pelos mesmos motivos então apresentados,
que a qualidade da água na estação P4 se encontra afectada por uma fonte pontual de
contaminação. No entanto, relativamente às estações P5 e P6, parece existir uma
discrepância relativamente aos valores da CBO5.
O valor médio de CQO obtido a partir do tratamento estatístico das determinações
realizadas às amostras recolhidas na estação P5 é superior ao esperado. O inverso sucede
com os valores estimados para a estação de monitorização P6.
Os valores apresentados para os pontos P3 e P8, apesar de se mostrarem conformes,
tendo em conta os resultados das outras estações, aparentam ser mais elevados do que
seria de esperar.
156
Tendo em consideração que esta comparação foi realizada com base nos valores médios,
as divergências e incongruências identificadas não podem ser justificadas apenas com
base em eventuais falhas nas determinações analíticas realizadas. A justificação possível
para estas constatações pode estar relacionada com a taxa de biodegradabilidade das
substâncias existentes nas estações de monitorização.
A correspondência entre os resultados obtidos na determinação da CBO5 e da CQO pode
ser comprovada tendo em conta que o coeficiente de correlação entre estes dois
parâmetros apresenta um valor de 0,795.
A matéria presente nas estações P3, P5 e P8 aparenta ter uma biodegradabilidade fácil,
contrariamente ao que sucede com as substâncias presentes nos pontos P6 e P7.
5.1.8. Azoto Total Kjeldahl e Azoto Amoniacal, Nitritos e Nitratos
As formas químicas mais importantes em que o azoto se pode encontrar nos ecossistemas
aquáticos naturais englobam o azoto orgânico, aqui quantificado como azoto total
Kjeldahl (NTK), o azoto amoniacal e o azoto nas suas formas oxidadas, nitritos e nitratos.
A análise conjunta proporciona uma interpretação mais eficaz e coerente, isto porque as
várias formas de azoto se inter-convertem por acção quer de mecanismos e fenómenos
naturais, quer por acção biológica.
A introdução de matéria azotada num ecossistema aquático resulta num conjunto de
alterações no meio receptor, que conduzem à conversão sucessiva das espécies de azoto
introduzidas noutras.
Com base nesta teoria, já referida no capítulo 2, avaliando os valores relativos das
espécies de azoto presentes numa estação de monitorização, é possível deduzir se se trata
de uma fonte de contaminação tópica que se encontra próxima ou que efectuou uma
descarga recente (quando o azoto se encontra essencialmente nas formas orgânica e
amoniacal), ou se, pelo contrário, se trata de uma contaminação difusa, de origem
agrícola, ou tópica, mas cuja descarga foi realizada a uma distância considerável ou
157
decorreu algum tempo (características que conduzem a valores de nitritos e nitratos
consideráveis).
Tabela 5.9: Resultados da Quantificação do Azoto Total Kjeldahl e Azoto Amoniacal ao Longo do Período em que Decorreu a Monitorização
Data Parâmetro P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8Ntotal 0,7 0,7 2,1 7,0 9,1 5,6 4,2 2,8
Namoniacal (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a)Ntotal 1,5 0,6 1,4 9,1 32,9 6,3 10,8 4,6
Namoniacal 0,6 0,5 0,6 5,5 31,3 3,3 10,0 4,1Ntotal 0,1 0,1 2,2 7,4 24,1 5,9 19,3 4,2
Namoniacal 0,0 0,0 0,7 7,3 19,0 5,0 23,8 3,4Ntotal 19,2 20,0 22,0 27,9 94,2 45,4 10,5 5,2
Namoniacal 1,1 10,6 14,0 10,6 67,9 22,3 12,2 7,5Ntotal 0,0 (b) 0,6 0,6 39,9 3,9 5,3 3,1
Namoniacal 0,0 (b) 0,6 0,4 35,7 2,8 5,3 2,7Ntotal 0,0 0,4 1,0 7,0 15,5 4,6 9,2 9,0
Namoniacal 0,0 0,4 1,7 4,2 11,6 1,5 5,5 1,8Ntotal 3,4 0,0 7,0 30,4 2,8 5,3 2,5 3,6
Namoniacal 1,9 0,0 5,1 24,7 0,0 2,3 0,4 2,2Ntotal 0,0 0,0 2,1 36,4 7,8 11,8 14,8 9,2
Namoniacal 0,0 2,2 2,0 25,4 2,1 11,1 14,0 7,2Ntotal 0,1 3,1 3,6 48,4 7,3 41,0 23,1 3,1
Namoniacal 0,0 0,0 1,0 41,2 1,4 33,0 17,5 0,0Ntotal 0,3 0,0 3,6 72,8 0,6 84,3 17,4 8,7
Namoniacal 0,0 0,1 0,6 67,8 0,6 83,9 14,4 5,7Ntotal 0,6 2,5 2,5 108,4 60,8 87,4 25,2 15,7
Namoniacal 0,5 0,0 1,8 86,2 51,4 64,1 20,4 15,5Ntotal 1,8 3,4 3,5 108,4 10,6 76,3 54,7 12,0
Namoniacal 0,0 0,3 0,1 88,8 6,2 64,3 49,0 11,9Média 2,3 2,8 4,3 38,6 25,5 31,5 16,4 6,8
Máximo 19,2 20,0 22,0 108,4 94,2 87,4 54,7 15,7Mínimo 0,0 0,0 0,6 0,6 0,6 3,9 2,5 2,8
Desvio Padrão 5,41 5,85 5,81 38,70 27,96 34,00 14,10 4,14Média 0,4 1,4 2,6 32,9 20,7 26,7 15,7 5,6
Máximo 1,9 10,6 14,0 88,8 67,9 83,9 49,0 15,5Mínimo 0,0 0,0 0,1 0,4 0,0 1,5 0,4 0,0
Desvio Padrão 0,63 3,31 4,03 33,41 23,14 30,33 13,01 4,67
Namoniacal
06-10-2005
26-01-2005
18-11-2004
05-01-2005
22-02-2005
20-09-2005
19-07-2005
30-05-2005
23-03-2005
Azoto (Total e Amoniacal) (mg/L)
20-06-2005
31-08-2005
Ntotal
28-04-2005
(a) Parâmetro não quantificado nesta data. (b) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras. Nota: Os valores inferiores a 5 mg/L, para o azoto total ou amoniacal, devem ser interpretados como valores indicativos, tendo em conta o limite de quantificação dos métodos.
Os resultados da quantificação do azoto total Kjeldahl e do azoto amoniacal apresentam-
se na tabela 5.9 e os resultados da determinação do azoto na forma de nitritos e nitratos
na tabela 5.10.
158
Os valores médios e respectivos desvios-padrão de todas as espécies azotadas
encontram-se compilados graficamente na figura 5.9.
Tabela 5.10: Valores Obtidos na Determinação do Azoto na Forma de Nitritos e Nitratos nas Estações de Monitorização ao Longo do Estudo
Data Parâmetro P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8Nitratos (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a)Nitritos (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a)Nitratos 12,07 10,37 20,71 14,80 16,54 16,43 16,66 20,51Nitritos 0,01 0,01 0,35 0,22 0,34 0,62 0,25 0,16Nitratos 12,93 12,59 30,45 17,73 17,90 18,74 10,06 17,98Nitritos 0,02 0,03 0,61 1,45 0,05 0,29 2,29 0,41Nitratos 1,47 1,13 2,31 1,30 0,20 0,00 1,13 1,72Nitritos 0,02 0,03 0,59 0,61 0,02 0,02 0,35 0,43Nitratos 2,48 (b) 3,74 3,07 2,90 2,39 2,23 2,48Nitritos 0,03 (b) 0,02 0,02 0,03 0,02 0,02 0,02Nitratos 14,53 12,59 22,95 30,87 10,90 25,31 35,00 28,60Nitritos 0,02 0,12 0,10 0,03 0,68 0,03 0,52 0,03Nitratos 15,54 11,41 15,62 0,00 14,53 10,99 10,15 10,90Nitritos 0,01 0,01 1,45 0,02 1,14 1,33 1,56 0,89Nitratos 14,11 11,83 18,15 6,69 16,30 0,71 2,39 28,01Nitritos 0,04 0,05 0,02 5,31 0,07 0,27 1,51 2,14Nitratos 15,20 11,92 8,97 12,00 16,63 0,79 8,97 8,38Nitritos 0,03 0,04 0,99 1,21 0,12 0,07 1,70 0,30Nitratos 17,48 13,60 14,61 12,34 22,70 55,14 18,24 22,79Nitritos 0,07 0,14 0,02 13,53 0,06 1,80 0,58 0,02Nitratos 15,37 10,48 13,60 4,67 18,15 10,82 26,07 14,36Nitritos 0,05 0,03 0,07 4,28 1,12 12,30 0,38 0,76Nitratos 15,88 9,72 12,25 0,00 23,54 3,32 6,94 26,07Nitritos 0,11 0,02 0,28 0,88 3,24 1,02 5,70 4,55
Média 12,46 10,56 14,85 9,41 14,57 13,15 12,53 16,53Máximo 17,48 13,60 30,45 30,87 23,54 55,14 35,00 28,60Mínimo 1,47 1,13 2,31 0,00 0,20 0,00 1,13 1,72
Desvio Padrão 5,386 3,517 8,238 9,419 7,333 16,298 10,642 9,722Média 0,04 0,05 0,41 2,51 0,62 1,61 1,35 0,88
Máximo 0,11 0,14 1,45 13,53 3,24 12,30 5,70 4,55Mínimo 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
Desvio Padrão 0,029 0,043 0,468 4,066 0,969 3,594 1,618 1,361
06-10-2005
Nitratos
Nitritos
20-06-2005
19-07-2005
31-08-2005
20-09-2005
22-02-2005
23-03-2005
28-04-2005
30-05-2005
Azoto (nitritos e nitratos) (mg/L)
18-11-2004
05-01-2005
26-01-2005
(a) Parâmetro não quantificado nesta data. (b) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras. Nota: Os valores inferiores a 1,00 mg/L, para os Nitratos e 0,01 mg/L, para os Nitritos, devem ser interpretados como valores indicativos, tendo em conta o limite de quantificação dos métodos respectivos.
Examinando os resultados expressos na tabela 5.9 verifica-se que as estações de
monitorização P4, P5 e P6 apresentam valores médios de azoto total Kjeldhal
relativamente elevados comparativamente com as outras estações de monitorização.
159
0
10
20
30
40
50
60
70
80
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
mg/
LNtotalNamoniacalNitratosNitritos
Figura 5.9:Evolução dos Valores Médios e Desvios-Padrão das Várias Espécies de Azoto
Quantificadas no Período de Monitorização
Esta constatação é particularmente visível quando comparados com os resultados das
estações P1, P2 e P3.
A causa dos valores apresentados em P4 foi já identificada – ETAR da Ponte das
Mestras, servindo estes parâmetros apenas para comprovar a dedução então realizada
para a condutividade e OD.
Os valores elevados apresentados na estação P5 indiciam a existência de fontes de
contaminação já referenciadas, características de resíduos biológicos orgânicos azotados,
com origem nas suiniculturas situadas a montante na área drenada por esta secção da
Ribeira dos Milagres.
160
O nível de contaminação relativamente a estes parâmetros, que se observa na estação de
monitorização P6 é o resultado da junção dos efeitos provocados pelas fontes de
contaminação identificadas a montante de P4 e P5.
Os efeitos da concentração elevada no caudal proveniente da estação P4 sobre a
concentração verificada em P6 são mais relevantes do que os efeitos do caudal da Ribeira
dos Milagres. Este facto pode ser comprovado quando comparados os resultados obtidos
ao longo de várias campanhas, de que são exemplo as campanhas realizadas entre Maio e
Outubro de 2005, onde se pode verificar uma relação directa entre o nível de azoto total e
amoniacal na estação P4 e na estação P6.
O mesmo não sucede com os caudais afluentes da Ribeira dos Milagres que, apesar da
sua proximidade, se diluem no caudal do Rio, como se comprova na análise dos
resultados correspondentes às campanhas levadas a efeito em Janeiro, Março e Abril de
2005.
Na estação P7 é provável que os valores elevados verificados estejam ainda relacionados
com as situações a montante de P6. A diminuição do valor médio comparativamente com
o obtido na estação P6 parece comprovar esta dedução.
A eventual influência da Ribeira do Souto nos valores medidos em P7 não pode ser
comprovada devido à inexistência de dados de monitorização nesta linha de água.
Os efeitos da atenuação natural verificada ao longo do percurso do rio são evidentes
quando analisada a progressão dos valores médios entre a estação P6 e a estação P8 com
um decréscimo constante e relativamente linear.
Relativamente aos resultados apresentados na tabela 5.10, que traduzem os valores das
determinações de azoto na forma de nitratos, é possível constatar que os valores não
variam de forma significativa entre estações.
Os valores correspondentes aos nitritos, contudo, variam com maior extensão,
apresentando as estações P4, P6 e P7 os valores médios mais elevados, superiores a 1,5
mg/L e, no caso da estação P4, valores máximos que chegam a ultrapassar 13 mg/L.
161
Ainda assim a variabilidade para estes dois parâmetros não é significativa, parecendo
indiciar a existência de uma contaminação essencialmente de origem difusa em resultado
da actividade agrícola que se desenvolve um pouco por toda a área drenada pela bacia
hidrográfica.
Isto explica também que a concentração em nitratos não decresça ao longo do percurso
do rio em direcção à foz e o seu aumento pode mesmo ficar a dever-se à oxidação das
espécies reduzidas de azoto amoniacal, promovida por fenómenos naturais ou biológicos,
que se associam à introdução difusa em resultado da referida actividade agrícola.
Os elevados teores em nitratos detectados na estação P1, próximo da nascente, são,
também eles, resultado da actividade agrícola que se desenvolve nas proximidades desta
estação e que acaba por ter uma importância significativa nos resultados.
Quando cruzados os dados relativos à monitorização do azoto total e amoniacal com os
dados dos nitritos e nitratos é possível comprovar a existência de mecanismos naturais de
oxidação que actuam sobre os efluentes azotados descarregados a montante, a distâncias
consideráveis dos locais de monitorização e/ou descargas realizadas algum tempo antes
da recolha das amostras. Um exemplo deste facto é o que sucede na campanha de 30 de
Maio na estação de monitorização P5.
Por outro lado, quando a descarga é realizada nas proximidades do local de colheita das
amostras, os valores de azoto total e amoniacal são muito superiores aos valores da
concentração de nitritos e nitratos. Os resultados das campanhas realizadas em Setembro
e Outubro de 2005 são disso exemplo.
5.1.9. Fósforo Total
O fósforo total constitui outro dos parâmetros básicos indicativos do teor em nutrientes
presentes na água, pelo que foi quantificado ao longo do estudo.
162
Os resultados obtidos encontram-se compilados na tabela 5.11, apresentando-se, de forma
gráfica, na figura 5.10 a evolução das concentrações médias e desvios-padrão nas várias
estações.
Tabela 5.11: Resultados da Determinação das Concentrações em Fósforo Total nas Várias Estações
de Monitorização
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a) (a)05-01-2005 0,00 0,00 0,38 1,11 1,01 0,21 0,86 0,5926-01-2005 0,28 0,34 0,43 2,28 5,37 2,12 5,11 0,8622-02-2005 0,00 0,19 0,00 1,42 0,24 3,22 0,82 0,7123-03-2005 0,24 (b) 0,88 0,66 3,99 2,15 0,15 1,0328-04-2005 0,00 0,00 0,64 0,84 1,48 0,64 0,75 1,9730-05-2005 0,06 0,06 1,39 4,36 0,88 1,22 0,49 0,1720-06-2005 0,21 0,00 0,99 0,11 0,45 0,94 2,68 1,7819-07-2005 0,34 0,34 1,87 0,92 1,35 0,58 1,20 1,1431-08-2005 0,19 0,17 0,54 2,08 0,60 4,51 0,28 0,1320-09-2005 0,21 0,17 0,30 4,66 3,46 2,77 1,42 0,5406-10-2005 0,64 0,00 0,94 0,84 0,73 2,00 0,77 1,57
Média 0,20 0,13 0,76 1,75 1,78 1,85 1,32 0,95Máximo 0,64 0,34 1,87 4,66 5,37 4,51 5,11 1,97Mínimo 0,00 0,00 0,00 0,11 0,24 0,21 0,15 0,13
Desvio Padrão 0,191 0,137 0,533 1,496 1,700 1,301 1,431 0,617
Fósforo total (mg/L)
(a) Parâmetro não quantificado nesta data. (b) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras. Nota: Os valores inferiores a 0,2 mg/L devem ser interpretados como valores indicativos, tendo em conta o limite de quantificação do método utilizado.
0
1
2
3
4
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
mg/
L
Figura 5.10: Evolução das Concentrações Médias e Desvios-Padrão de Fósforo Total Obtidas
por Tratamento Estatístico dos Resultados da Monitorização
163
A introdução de fósforo nas águas está normalmente relacionada com a descarga de
esgoto doméstico ou de agentes de limpeza normalmente presentes nas águas residuais de
origem doméstica.
Avaliando os resultados obtidos, constata-se que as concentrações são, geralmente,
extremamente baixas, inferiores a 3 mg/L, valor definido como requisito legal a ser
observado em águas residuais descarregadas em ecossistemas sensíveis.
Só muito pontualmente foram detectadas concentrações mais elevadas, por duas vezes na
estação P4, três na estação P5 e apenas uma vez na estação P7, que coincide com um
valor elevado detectado em P5 e, portando, pode estar relacionado com eventual descarga
pontual nesta data (26 de Junho de 2005).
Na estação P4 os valores detectados, não apresentando uma relação directa com as
concentrações medidas na estação P3, parecem estar também relacionados com a
descarga da ETAR da Ponte das Mestras, a montante.
No entanto, para este parâmetro, o troço do Rio Lis que atravessa a Cidade pode também
contribuir para os resultados obtidos, uma vez que se verificam valores elevados mesmo
em períodos em que o açude do Arrabalde permitia a passagem de caudal. Não é, no
entanto, possível comprovar este efeito, em virtude de não ter sido direccionado o estudo
neste sentido.
É relevante ainda referir que as descargas introduzidas no Rio pelo efluente tratado da
ETAR e pelo caudal da Ribeira dos Milagres, são atenuadas de forma natural ao longo do
percurso do Rio, constatando-se uma diminuição gradual das concentrações entre as
estações de monitorização P6 e P8, como aliás se verifica claramente para as evoluções
da matéria orgânica e azoto total e amoniacal.
5.1.10. Sólidos Totais (ST), Voláteis (SV), Suspensos Totais (SST) e Suspensos Voláteis (SSV)
Os resultados das determinações dos teores de ST, SV, SST e SSV apresentam-se na
tabela 5.12 e podem ser visualizados, em termos de valores médios, na figura 5.11.
164
Tabela 5.12: Resultados da Determinação de ST, SV, SST e SSV nas Estações de Monitorização
Data Parâmetro P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8ST 422 422 588 1448 413 552 470 502SV 143 87 120 750 133 107 77 83
SST 4 1 11 11 9 17 25 31SSV 3 1 10 10 6 9 7 7ST 380 397 597 542 393 475 483 495SV 65 95 152 95 145 108 98 87
SST 12 20 19 24 22 31 31 13SSV 8 13 7 21 17 12 23 10ST 360 388 603 577 382 465 420 478SV 58 85 127 100 88 88 290 77
SST 4 12 3 16 23 14 61 10SSV 2 4 3 13 14 10 54 5ST 422 410 582 507 565 550 622 460SV 68 67 83 110 205 92 185 57
SST 12 29 8 21 168 57 19 23SSV 7 6 6 11 113 40 8 5ST 343 (a) 640 478 460 468 495 517SV 63 (a) 78 173 167 85 150 40
SST 3 (a) 3 4 13 9 14 33SSV 3 (a) 3 3 8 4 5 11ST 1230 388 1243 535 1693 345 452 595SV 817 120 488 135 1225 87 140 150
SST 2 1 2 11 22 10 17 30SSV 0 0 1 7 10 3 3 9ST 493 557 765 1208 378 1063 745 750SV 145 117 168 208 98 502 235 267
SST 3 10 11 39 11 5 15 33SSV 2 8 8 21 8 3 12 20ST 615 560 815 1695 437 945 1215 875SV 345 390 445 280 103 290 440 263
SST 4 16 11 32 39 7 58 36SSV 4 16 9 26 19 1 24 14ST 532 587 1032 1678 572 1370 1132 875SV 215 130 328 315 165 287 227 188
SST 6 8 8 18 156 27 37 39SSV 3 3 4 10 50 11 1 0ST 582 530 745 1063 397 1048 737 565SV 220 225 160 140 122 125 115 75
SST 0 9 12 13 10 31 40 45SSV 0 3 6 9 5 18 16 4ST 962 848 1388 2443 750 1040 1325 1305SV 232 125 253 185 148 133 135 142
SST 4 11 8 29 17 21 18 53SSV 1 3 4 25 8 16 1 12ST 935 1105 730 1572 355 973 905 710SV 340 505 180 143 100 105 113 120
SST 5 15 7 39 3 12 22 17SSV 2 8 2 31 3 8 6 9
Média 606,4 562,8 810,7 1145,5 566,3 774,3 750,2 677,2Máximo 1230 1105 1388 2443 1693 1370 1325 1305Mínimo 343 388 582 478 355 345 420 460
Desvio Padrão 284,81 225,57 269,81 637,05 372,48 332,36 322,77 247,66Média 225,9 176,9 215,0 219,4 224,9 167,4 183,7 129,2
Máximo 817 505 488 750 1225 502 440 267Mínimo 58 67 78 95 88 85 77 40
Desvio Padrão 212,52 142,27 136,44 180,63 316,86 128,31 102,53 76,00Média 4,9 11,9 8,5 21,4 41,1 20,1 29,8 30,3
Máximo 12 29 19 39 168 57 61 53Mínimo 0 1 2 4 3 5 14 10
Desvio Padrão 3,63 8,05 4,81 11,39 57,17 14,70 16,23 12,79Média 2,8 5,9 5,2 15,6 21,7 11,3 13,3 8,9
Máximo 8 16 10 31 113 40 54 20Mínimo 0 0 1 3 3 1 1 0
Desvio Padrão 2,49 4,90 2,91 8,88 31,20 10,47 15,01 5,25
ST
SV
SST
SSV
06-10-2005
22-02-2005
23-03-2005
28-04-2005
30-05-2005
20-06-2005
19-07-2005
31-08-2005
20-09-2005
Sólidos (mg/L)
18-11-2004
05-01-2005
26-01-2005
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras. Nota: Os valores inferiores a 72,5 mg/L para os ST e SV, e a 12,5 mg/L para os SST e SSV, devem ser interpretados como valores indicativos, tendo em conta o limite de quantificação dos métodos utilizados.
165
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
ST e
SV
(mg/
L)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
SST
e SS
V (m
g/L)
STSVSSTSSV
Figura 5.11: Valores Médios e Respectivos Desvios-Padrão Obtidos a Partir da Análise Estatística
dos Resultados da Determinação de ST, SV, SST e SSV
Neste contexto, a determinação dos sólidos enquanto parâmetro básico permite avaliar a
importância das diferentes fracções de matéria na qualidade geral da água das várias
estações de monitorização e relacioná-la com outros parâmetros, por exemplo, os
relativos à quantificação da matéria orgânica.
De uma forma aproximada, através da análise dos resultados da comparação entre os ST
e os SV é possível também identificar a presença de matéria orgânica em maiores ou
menores porções e estimar a fracção de matéria inorgânica presente.
Com base nestes pressupostos, é possível constatar que, de um modo geral, a matéria
presente na água analisada nas várias estações de monitorização se encontra dissolvida e
é, em larga medida, constituída por matéria inorgânica. Esta constatação é
particularmente visível nas estações P1, P4, P6, P7 e P8.
A estação que apresenta mais matéria dissolvida volátil, comparativamente com o resíduo
sólido total, é a estação P5.
166
É também neste local que se verifica uma maior proximidade entre os valores médios de
ST e SST, em resultado, principalmente, dos elevados valores do segundo parâmetro
comparativamente com os do primeiro.
Estes resultados parecem evidenciar a presença de matéria particulada em concentrações
apreciáveis. Esta matéria aparenta ser de origem orgânica já que os teores em SSV são
também significativos.
Já os elevados valores médios de SV observados nos pontos P1 e P2 podem-se ficar a
dever à existência de carbonados em concentrações elevadas, que interferem na
determinação analítica. Este facto pode ser comprovado quando analisados os resultados
obtidos na quantificação da matéria orgânica expressa em termos de CBO5 e CQO e pelos
reduzidos valores verificados para os SSV.
Na estação P4 os elevados teores médios de ST, comparativamente com os restantes
parâmetros, ficam a dever-se à presença de matéria inorgânica dissolvida.
Com base nestes resultados não é possível comprovar a influência de eventuais fontes
pontuais de alteração da qualidade da água.
5.2. Parâmetros Complementares
5.2.1. Microrganismos
A grande variedade de microrganismos que podem ser avaliados para estimar a qualidade
ou o grau de contaminação de um ecossistema aquático, e a necessidade de rentabilizar
recursos, conduziu, como já se fez referência oportunamente, à determinação de três
grupos de organismos considerados representativos de contaminações de origem fecal,
que incluíram os coliformes totais e fecais e os enterococos.
Os resultados obtidos encontram-se compilados na tabela 5.13, a partir dos quais se fez a
respectiva análise estatística por avaliação dos valores médios e desvios-padrão que
foram representados graficamente na figura 5.12.
167
Tabela 5.13: Concentração em Coliformes Totais e Fecais e Enterococos nas Amostras Recolhidas Trimestralmente nas Estações de Monitorização
Data Parâmetro P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8Coli Fecais 70 140 14000 83000 110000 24000 33000 29000Coli Totais 2000 2400 1000 39500 111000 150000 66000 71000
Enterococos 600 600 11500 55000 20000 13200 28500 14500Coli Fecais 660 (a) 2000 118000 46000 10250 21750 27500Coli Totais 3700 (a) 6000 197000 72250 25000 136000 157000
Enterococos 610 (a) 500 53500 51500 4000 10500 7250Coli Fecais 170 0 500 120000 1000 140000 6250 0Coli Totais 7000 9750 41000 278000 34000 240000 54000 24500
Enterococos 700 2000 1000 135000 7000 135000 500 9750Coli Fecais 765 30 1750 1060000 750 780000 28000 4500Coli Totais 42500 12000 58000 1950000 120000 2250000 190000 111000
Enterococos 500 300 2250 79000 11250 46500 15000 4000Média 416 57 4563 345250 39438 238563 22250 15250
Máximo 765 140 14000 1060000 110000 780000 33000 29000Mínimo 70 0 500 83000 750 10250 6250 0
Desvio Padrão 347 74 6326 476803 51628 365619 11617 15135Média 13800 8050 26500 616125 84313 666250 111500 90875
Máximo 42500 12000 58000 1950000 120000 2250000 190000 157000Mínimo 2000 2400 1000 39500 34000 25000 54000 24500
Desvio Padrão 19246 5021 27526 894746 39424 1059508 63611 56504Média 603 967 3813 80625 22438 49675 13625 8875
Máximo 700 2000 11500 135000 51500 135000 28500 14500Mínimo 500 300 500 53500 7000 4000 500 4000
Desvio Padrão 82 907 5178 38086 20117 59741 11622 4428
Enterococos
Microrganismos (UFC/100 mL)
Coli Fecais
Coli Totais
05-01-2005
23-03-2005
20-06-2005
06-10-2005
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras. Nota: Os valores inferiores a 20 UFC/100 mL e superiores a 800 000 UFC/100 mL, com base num volume filtrado de 0,1 mL e uma diluição prévia de 1:10, devem ser interpretados como valores indicativos, tendo em conta o limite de quantificação dos métodos utilizados.
1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02
1,0E+03
1,0E+04
1,0E+05
1,0E+06
1,0E+07
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
UFC
/100
mL
Coli TotaisColi FecaisEnterococos
Figura 5.12: Valores Médios de Concentração (UFC/100 mL) de Coliformes Totais, Fecais e
Enterococos e Respectivos Desvios-Padrão
168
Uma análise aos resultados apresentados na tabela 5.13 permite detectar valores elevados
de coliformes totais na última campanha de monitorização realizada a 6 de Outubro de
2005, de uma forma generalizada em todas as estações de monitorização.
Pormenorizando a análise aos resultados obtidos para a estação de monitorização P1,
constata-se que apresenta valores muito superiores à média, que só podem ser explicados
por eventual contaminação em resultado da descarga de resíduos ou em virtude da
reacção do ecossistema ao período de seca associado às elevadas temperaturas.
Não é possível comprovar esta relação com as características climáticas uma vez que só
se procedeu à determinação de microrganismos antes e depois do verão.
No entanto importa destacar o facto de que o aumento da concentração em
microrganismos, de um modo geral, se vinha a verificar com o aproximar do tempo
quente.
Cruzando os resultados obtidos nas várias estações nessa data com dados relativos à
determinação da matéria orgânica e azoto total, na mesma estação P1, é possível
identificar alguma relação, que parece comprovar a ideia da importância da diluição
sobre as concentrações de substâncias e microrganismos patogénicos neste ecossistema.
Relativamente aos restantes resultados importa destacar os elevados valores obtidos em
média nas estações P4 e P6, que ultrapassaram, frequentemente, os limites de
quantificação dos métodos utilizados e, por esse motivo, apenas podem ser analisados
como valores indicativos.
Estes resultados comprovam a generalidade das conclusões a que já se chegou na análise
a outros parâmetros, designadamente, no que respeita à influência exercida pelo efluente
descarregado pela ETAR da Ponte das Mestras, sobre o ponto P4, e os efeitos da
acumulação com o caudal da Ribeira dos Milagres sobre a qualidade da água no ponto
P6.
A água drenada na secção P5 da Ribeira dos Milagres, não sendo uma secção do Rio Lis,
apresenta valores médios consideráveis quando, por exemplo, comparados, com os
169
valores médios de microrganismos no Rio Lena (P3), denotando a sua contribuição para a
degradação da qualidade da água, em particular na estação de monitorização P6.
Nas restantes estações de monitorização os resultados encontram-se de acordo com o que
seria expectável, reflectindo os efeitos causados pelas actividades e efluentes por elas
produzidas sobre a concentração de microrganismos na água.
5.2.2. Carbono Orgânico Total (COT)
A determinação de COT, pelos motivos apresentados no capítulo 4, apenas foi realizada
trimestralmente. Os resultados obtidos, apresentados na tabela 5.14, complementam as
determinações analíticas efectuadas mensalmente para a quantificação da matéria
orgânica presente nos ecossistemas aquáticos nas várias estações de monitorização, que
incluíram a determinação da CBO5 e CQO.
Este parâmetro pode ser então utilizado para comprovar os resultados daquelas
determinações.
Tabela 5.14: Resultados da Quantificação do COT nas Várias Estações de Monitorização
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P805-01-2005 0,2 1,2 4,0 2,7 22,1 4,2 6,5 2,723-03-2005 20,2 (a) 9,5 18,7 6,9 11,4 8,3 18,320-06-2005 5,9 14,6 18,7 18,7 9,3 9,5 9,4 10,406-10-2005 4,8 1,1 6,4 16,6 9,4 12,5 8,3 4,0
Média 7,8 5,6 9,6 14,2 11,9 9,4 8,1 8,9Máximo 20,2 14,6 18,7 18,7 22,1 12,5 9,4 18,3Mínimo 0,2 1,1 4,0 2,7 6,9 4,2 6,5 2,7
Desvio Padrão 8,62 7,80 6,43 7,72 6,88 3,67 1,17 7,13
COT (mg/L)
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras. Nota: Os valores inferiores a 1 mg/L devem ser interpretados como valores indicativos, tendo em conta o limite de quantificação do método utilizado.
170
No gráfico da figura 5.13 comparam-se os valores médios da CBO5 e CQO, calculados
com base nos valores de todas as campanhas de monitorização realizadas mensalmente, e
os valores do COT das campanhas realizadas trimestralmente.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
mg/
L
CQO (mg/L)COT (mg/L)CBO5 (mg/L)
Figura 5.13: Representação Gráfica das Valores Médios Relativos Obtidos dos Resultados das
Determinações Analíticas da CBO5, CQO e COT
Analisando os resultados da tabela 5.14 é possível constatar que existem alguns
resultados aparentemente divergentes, como é exemplo o resultado da amostra recolhida
em Março de 2005 em P1, da amostra recolhida em Junho em P2 e da amostra recolhida
nos pontos P4 e P5 no dia 5 de Janeiro de 2005.
Estas incongruências podem estar relacionadas com eventuais contaminações das
amostras ou aprovisionamento inadequado que podem ter conduzido a resultados
anormalmente elevados no dia 23 de Março de 2005, em P1 em 20 de Junho de 2005 em
P2.
171
Também por este motivo, os valores médios apresentados no gráfico da figura 5.13
podem estar afectados por estas potenciais anomalias.
Assim, apenas se pode comprovar a existência de valores elevados nas estações de
monitorização P4, P5, P6 e P7 em todos os parâmetros comparados.
Da mesma forma, também se pode comprovar os reduzidos teores em matéria orgânica
presentes nas restantes estações de monitorização, comprovando os resultados obtidos
pelas metodologias utilizadas mensalmente.
5.3. Parâmetros de Despiste Inicial
5.3.1. Detergentes Aniónicos
Na primeira campanha de monitorização trimestral, procedeu-se à determinação analítica
para detectar e se possível quantificar os teores em detergentes aniónicos, como
substâncias activas ao azul-de-metileno (MBAS).
Para o efeito foi utilizada a metodologia descrita no capítulo 4.
Em todas as estações se obteve uma concentração inferior ao limite detectável e, em
consequência, inferiores aos limites de quantificação do método – 10 μg/L.
Para rentabilizar os recursos julgou-se conveniente não repetir esta determinação analítica
ao longo do estudo, admitindo que as condições existentes nessa data se manteriam
constantes.
De facto, durante a realização do estudo, durante a realização das campanhas sinópticas,
não se observou qualquer aspecto ou actividade que pudessem contribuir de forma
significativa para a presença de detergentes aniónicos na água, de tal forma que
alterassem o seu estado de qualidade.
172
5.3.2. Óleos e Gorduras
Apesar da metodologia utilizada não ser a mais adequada às concentrações expectáveis
na água de um rio com as características do Rio Lis, dificuldades relacionadas com a
adaptação de novas metodologias mais sensíveis nas gamas baixas de concentração
impediram a identificação e respectiva quantificação dos teores em óleos e gorduras
presentes nas amostras recolhidas.
Assim, os resultados obtidos na campanha de monitorização trimestral levada a efeito no
dia 5 de Janeiro de 2005 mostraram-se inferiores a 0,5 mg/L em todas as amostras,
recolhidas nas várias estações de monitorização.
Pelos mesmos motivos apresentados para os detergentes aniónicos, que se prenderam
com a necessidade de rentabilização de recursos e com a inexistência de situações
evidentes que conduzissem ao aumento deste parâmetro, não se realizaram quaisquer
outras determinações do teor em óleos e gorduras ao longo do estudo.
5.3.3. Metais – Ferro, Cobre, Zinco e Chumbo
A quantificação dos teores em alguns metais considerados mais representativos tendo em
conta as actividades industriais existentes e a sua influência sobre a área drenada pela
bacia hidrográfica do Lis, foi realizada por espectrofotometria de absorção atómica num
laboratório do DEQ-FEUP, utilizando para o efeito as amostras recolhidas na campanha
trimestral de monitorização realizada no dia 5 de Janeiro de 2005.
Os resultados obtidos nessas determinações apresentam-se na tabela 5.15.
De todos os parâmetros analisados, apenas foi possível quantificar os teores em ferro nas
amostras recolhidas nas estações de monitorização P3, P4, P5, P6 e P8.
Os valores mais elevados foram registados em P5 mas, ainda assim, não atingiram sequer
0,5 mg/L.
173
Tabela 5.15: Resultados da Análise de Alguns Metais, na Campanha de Monitorização Trimestral Realizada no Dia 5 de Janeiro de 2005
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8Cobre < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05Zinco < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1Ferro < 0,1 < 0,1 0,166 0,136 0,492 0,142 < 0,1 0,189
Chumbo < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1
Metais (mg/L)
Nota: Os valores precedidos do sinal “<” indicam resultados inferiores ao limite de quantificação do método.
Os restantes resultados são todos inferiores aos limites de quantificação dos métodos
utilizados.
Pelo exposto, considerou-se desnecessário, na mesma linha do que foi decidido para a
determinação de detergentes aniónicos e óleos e gorduras, proceder a outras
quantificações ou pesquisas da eventual presença destes e outros metais ao longo da
realização do estudo.
5.4. Interpretação dos Resultados Utilizando um Índice de Qualidade da Água
Constatando a dificuldade da interpretação dos resultados quando realizada
independentemente parâmetro-a-parâmetro, achou-se conveniente utilizar uma
metodologia simplificada que permitisse traduzir numa classificação simples o estado de
qualidade ou nível de poluição dos ecossistemas aquáticos nas estações de monitorização
consideradas neste estudo.
Deste modo, seguindo uma metodologia semelhante à utilizada para a apresentação dos
resultados dos parâmetros e variáveis medidos, apresentam-se na tabela 5.16 os
resultados do cálculo do IQA em todas as campanhas, desprezando os dados relativos aos
coliformes fecais.
Na tabela 5.17, com base na mesma metodologia, indicam-se os valores do IQA
calculados a partir dos valores dos parâmetros medidos nas campanhas trimestrais de
monitorização e, neste caso, como os dados da quantificação dos coliformes fecais se
174
encontram disponíveis em todas as campanhas, os resultados reflectem também a sua
influência.
As adaptações nos coeficientes de ponderação, apresentadas na tabela 4.7, têm em conta
os valores em falta, quer no caso das campanhas mensais onde não foi efectuada a
quantificação dos coliformes fecais, quer na campanha mensal de monitorização de 11 de
Novembro de 2004 em que não existem dados relativos à determinação dos teores em
azoto amoniacal, ou na campanha trimestral de monitorização de 23 de Março de 2005
onde, em resultado de uma anomalia na determinação da CBO5, não foi possível obter
resultados deste parâmetro.
Tabela 5.16: IQA Calculados com Base nos Parâmetros Medidos Mensalmente, Valores Médios, Máximos, Mínimos e Desvios-Padrão Respectivos, Omitindo os Coliformes Fecais
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 80,98 72,93 26,46 36,15 26,29 25,01 43,59 27,7731-12-2004 59,14 59,63 59,91 21,11 15,01 34,85 11,30 35,7526-01-2005 81,13 75,88 61,04 41,84 19,99 38,11 7,62 30,5022-02-2005 56,82 45,73 39,89 17,74 5,22 10,08 14,54 15,9623-03-2005 42,45 (a) 19,90 15,75 14,81 13,66 7,63 10,8928-04-2005 72,56 66,73 44,58 34,62 19,62 41,53 12,98 32,4330-05-2005 50,28 71,18 11,33 3,98 55,70 24,87 24,92 31,3720-06-2005 81,99 56,07 30,84 3,90 25,53 5,12 6,47 25,1019-07-2005 73,28 73,15 17,82 3,75 35,98 5,07 13,89 50,4131-08-2005 70,35 69,31 35,52 5,97 49,88 3,60 17,19 18,0920-09-2005 50,25 72,43 40,06 3,74 13,03 4,33 6,90 24,0906-10-2005 79,41 59,37 50,95 3,72 35,20 4,41 12,70 21,27
Média 66,55 65,67 36,53 16,02 26,36 17,55 14,98 26,97Máximo 81,99 75,88 61,04 41,84 55,70 41,53 43,59 50,41Mínimo 42,45 45,73 11,33 3,72 5,22 3,60 6,47 10,89
Desvio Padrão 14,08 9,33 16,07 14,44 15,25 14,55 10,41 10,41
IQA Mensal
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras. Nota: Os valores correspondentes ao cálculo do IQA na campanha de monitorização de 18 de Novembro de 2004 estão corrigidos em resultado da inexistência de valores relativos à quantificação do azoto amoniacal. Adaptação semelhante foi realizada nos valores do IQA da campanha de monitorização de 23 de Março de 2005 onde não foi possível quantificar a CBO5.
Também os valores apresentados na tabela 5.17, relativos à campanha realizada em
Março de 2005, estão corrigidos pelos mesmos motivos e seguindo metodologia similar.
175
Tabela 5.17: IQA Calculados com Base nos Parâmetros Medidos Trimestralmente, Valores Médios, Máximos, Mínimos e Desvios-Padrão Respectivos, Considerando os Coliformes Fecais
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P805-01-2005 42,56 42,87 43,11 15,44 11,03 25,13 8,28 25,7623-03-2005 46,61 (a) 22,64 17,56 16,64 15,11 8,71 12,4420-06-2005 58,75 40,40 22,25 2,87 18,50 3,74 4,71 17,9506-10-2005 56,87 42,51 36,30 2,74 25,38 3,24 9,14 15,25
Média 51,20 41,93 31,08 9,65 17,89 11,80 7,71 17,85Máximo 58,75 42,87 43,11 17,56 25,38 25,13 9,14 25,76Mínimo 42,56 40,40 22,25 2,74 11,03 3,24 4,71 12,44
Desvio Padrão 7,85 1,33 10,35 7,96 5,92 10,44 2,03 5,73
IQA Trimestral
(a) Realização de obras de limpeza do leito que impediram a recolha de amostras. Nota: Os valores correspondentes ao cálculo do IQA da campanha de monitorização de 23 de Março de 2005 estão corrigidos em resultado da inexistência de valores relativos à quantificação da CBO5.
Uma análise atenta aos resultados constantes da tabela 5.16 permite constatar que apenas
nas estações P1 e P2 a água apresenta alguma qualidade, apesar de em determinadas
circunstâncias apresentar já alguma poluição.
Quando comparados estes resultados com as variações individuais dos vários parâmetros
utilizados no cálculo do índice sobressai o facto de não existir qualquer parâmetro que
individualmente seja responsável pela diminuição da qualidade da água. Antes, este
decréscimo aparenta estar relacionado com a contribuição generalizada de todos os
parâmetros.
Estes dados apontam para a existência de poluição difusa que afecta estas duas estações
de monitorização situadas a montante, na área drenada pela bacia hidrográfica do Lis.
Conclusão semelhante pode ser deduzida quando se avaliam os resultados do IQA na
estação de monitorização situada no Rio Lena (P3).
No entanto, não tendo sido realizado qualquer levantamento de fontes de poluição
pontual ou difusa na área drenada por esta linha de água, não é possível concluir se os
reduzidos valores da qualidade global se ficam apenas a dever a fontes difusas de
contaminação ou se estão associadas à diluição e atenuação natural verificada ao longo
do percurso do Rio Lena.
176
Para esclarecer esta incerteza, seria adequado proceder de forma semelhante à que se
apresenta neste estudo, desta feita tendo como objecto o Rio Lena.
Os baixos índices verificados em média nas estações de monitorização P4, P6 e P7
parecem confirmar o que anteriormente se constatou, quando foram analisados os
parâmetros individualmente.
A influência da ETAR da Ponte das Mestras sobre a estação P4 e da mesma estrutura
associada à Ribeira dos Milagres, sobre a estação P6, traduzem-se aqui na obtenção de
um valor de IQA que indicia um nível de poluição excessivo e coloca em causa quaisquer
actividades que envolvam a utilização ou contacto com este tipo de águas.
A estação de monitorização P5, situada na Ribeira dos Milagres, também apresenta um
valor para o IQA muito baixo, comprovando a existência de causas de degradação da
qualidade da água situadas a montante e que estão relacionadas, como se comprovou
através da análise à concentração de azoto amoniacal e matéria orgânica, com a
actividade agro-pecuária que se desenvolve na área.
Os efeitos provocados na qualidade da água na estação de monitorização P7, pela
confluência da Ribeira do Souto imediatamente a montante, não puderam ser
comprovados pela análise dos vários parâmetros individualmente. No entanto, a
utilização do IQA aplicado a este ponto conduz a um resultado médio inferior ao que se
verifica na estação P6.
Considerando que entre estas duas estações existem mecanismos de recuperação natural
da qualidade da água, o valor inferior obtido só pode ser explicado por uma água de pior
qualidade proveniente da Ribeira do Souto.
É aconselhável portanto proceder, no futuro, a uma análise mais profunda através de um
estudo que deve incidir também sobre esta linha de água para comprovar a sua real
influência na qualidade do ecossistema aquático do Rio Lis.
A subida do valor médio do IQA na estação de monitorização P8, relativamente à estação
P7, indicia que o Rio Lis apresenta alguma capacidade de regeneração natural, como aliás
177
tem vindo a ser constatado, promovida essencialmente por acção biológica, em resultado
quer do desenvolvimento de bactérias decompositoras ao longo do percurso do Rio, quer
através do contacto com a vegetação ripícula que, em algumas secções situadas entre a
estação de monitorização P7 e P8, cobre áreas significativas do próprio leito (figura
5.14), e que aparenta desempenhar um papel fundamental na recuperação natural da
qualidade da água.
Figura 5.14: Aspecto da Vegetação Ripícula que se Desenvolve no Leito do Troço Situado nos
Campos do Lis Entre as Estações de Monitorização P7 e P8
Quando comparados os resultados do cálculo do IQA com a variação dos caudais
medidos durante a realização deste estudo, para a generalidade das estações, não parece
existir uma relação entre a redução dos caudais e a diminuição da qualidade da água,
existindo mesmo estações onde sucede o oposto, como nas estações P5 e P2.
178
179
Apesar disso, em algumas estações, aos baixos valores de IQA estão associados caudais
reduzidos.
As estações de monitorização P3, P4 e P6 são os exemplos de uma diminuição da
qualidade da água associada à diminuição dos caudais verificada dos meses mais frios
para os meses mais quentes.
Analisando ainda os resultados relativos ao cálculo do IQA adaptando os coeficientes de
ponderação em resultado da inexistência de dados relativos à quantificação do azoto
amoniacal, em 18 de Novembro de 2004, e à quantificação da CBO5, na campanha do dia
23 de Março de 2005, se no primeiro caso a ausência dos dados e a adaptação dos
coeficientes não parece ter uma influência significativa nos resultados, já a adaptação
tendo em conta os dados da CBO5 em falta parece conduzir a uma diminuição
generalizada nos valores do Índice.
Relativamente aos resultados do IQA apresentados na tabela 5.17, que reflectem as
concentrações em coliformes fecais nas amostras de água recolhidas nas estações de
monitorização nas campanhas trimestrais, é possível comprovar a existência de uma
influência directa da concentração de microrganismos na qualidade da água.
Esta relação traduz-se numa diminuição dos valores do IQA em todas as estações,
evidenciada na diminuição dos valores médios.
Fica demonstrada, através desta constatação, a importância da quantificação de
microrganismos e a sua consideração na classificação da qualidade da água de um
ecossistema, de que é exemplo o da bacia hidrográfica do Lis, em função das pressões a
que está sujeito.
A apreciação dos resultados individuais dos IQA nas campanhas realizadas
individualmente, torna-se mais evidente quando apresentados numa classificação
qualitativa, obtida com base nos critérios definidos na tabela 2.2.
180
Nesta representação é possível constatar que as estações de monitorização P4 e P6 são as
que apresentam uma qualidade da água pior, em todas as campanhas realizadas de
Novembro de 2004 a Outubro de 2005, de tal forma que a utilização da água se torna
inviável para quaisquer utilizações.
Na figura 5.15 apresentam-se os resultados agregados em torno dos valores médios,
obtidos a partir dos resultados da tabela 5.19, relativos às campanhas mensais de
monitorização omitindo os resultados das determinações trimestrais de coliformes fecais.
Nas tabelas 5.19 e 5.20 apresentam-se os resultados qualitativos obtidos a partir dos
valores registados nas tabelas 5.16 e 5.17, respectivamente, que permitem comprovar as
conclusões a que se chegou anteriormente.
Os valores constantes desta tabela, na gama de 0 a 60, referem-se ao nível de poluição
que apresentam os ecossistemas aquáticos, e entre 61 e 100, a classificação é feita com
base no nível de qualidade desses ecossistemas.
Se associadas a forma de representação dos resultados, em termos qualitativos, forem
associadas cores e tonalidades diferentes para cada classe, como se indica na tabela 5.18,
a análise geral dos resultados fica ainda mais simplificada.
Tabela 5.18: Códigos de Cores Utilizados na Classificação Qualitativa da Qualidade da Água Avaliada com Base no Cálculo do IQA
Valor do IQA Qualidade Nível Poluição91 - 100 Excelente
71 – 91 Muito boa61 - 70 Boa51 – 60 Fraco41 – 50 Fraco-Moderado31 – 40 Moderado-Forte21 – 30 Forte0 - 20 Excessivo
Tabela 5.19: Classificação Qualitativa Com Base nos Valores de IQA, Obtidos Mensalmente, Omitindo os Coeficientes Relativos aos Coliformes Fecais
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P818-11-2004 Muito Boa Muito Boa Forte Moderado-Forte Forte Forte Fraco-Moderado Forte05-01-2005 Fraco Fraco Fraco Forte Excessivo Moderado-Forte Excessivo Moderado-Forte26-01-2005 Muito Boa Muito Boa Boa Fraco-Moderado Excessivo Moderado-Forte Excessivo Moderado-Forte22-02-2005 Fraco Fraco-Moderado Moderado-Forte Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo23-03-2005 Fraco-Moderado Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo28-04-2005 Muito Boa Boa Fraco-Moderado Moderado-Forte Excessivo Fraco-Moderado Excessivo Moderado-Forte30-05-2005 Fraco Muito Boa Excessivo Excessivo Fraco Forte Forte Moderado-Forte20-06-2005 Muito Boa Fraco Moderado-Forte Excessivo Forte Excessivo Excessivo Forte19-07-2005 Muito Boa Muito Boa Excessivo Excessivo Moderado-Forte Excessivo Excessivo Fraco31-08-2005 Muito Boa Boa Moderado-Forte Excessivo Fraco-Moderado Excessivo Excessivo Excessivo20-09-2005 Fraco Muito Boa Fraco-Moderado Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo Forte06-10-2005 Muito Boa Fraco Fraco Excessivo Moderado-Forte Excessivo Excessivo Forte
Qualidade / Nível de Poluição da Água (Mensal - Omitindo Coliformes)
Tabela 5.20: Classificação Qualitativa Com Base nos Valores de IQA Obtidos Mensalmente, Considerando os Coeficientes Relativos aos Coliformes Fecais
Data P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P805-01-2005 Fraco-Moderado Fraco-Moderado Fraco-Moderado Excessivo Excessivo Forte Excessivo Forte
23-03-2005 Fraco-Moderado Excessivo Forte Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo
20-06-2005 Fraco Fraco-Moderado Forte Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo Excessivo
06-10-2005 Fraco Fraco-Moderado Moderado-Forte Excessivo Forte Excessivo Excessivo Excessivo
Qualidade / Nível de Poluição da Água (Trimestral - Considerando Coliformes)
181
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr
-05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago
-05
Set
-05
Out
-05
P1
P2
P3
P4
P5
P6
P7
P8
18/N
ov/2
004
05/J
an/2
005
26/J
an/2
005
22/F
ev/2
005
23/M
ar/2
005
28/A
br/2
005
30/M
ai/2
005
20/J
un/2
005
19/J
ul/2
005
31/A
go/2
005
20/S
et/2
005
06/O
ut/2
005
Excelente
Muito Boa
Boa
Fraco
Fraco - Moderado
Moderado - Forte
Forte
Excessivo
Qua
lidad
eN
ível
de
Polu
ição
Figura 5.15: Classificação Qualitativa Obtida a Partir dos Resultados Agregados em Torno dos Valores Médios, Omitindo a Contribuição dos
Coliformes Fecais
182
6. CONCLUSÕES E
RECOMENDAÇÕES
“Conhecimento real é saber a extensão da própria ignorância.”
Confúcio
6. Conclusões e Recomendações
A elevada complexidade geomorfológica e hidrográfica da bacia do Rio Lis, associada à
grande diversidade biológica, económica e social que dela dependem de forma directa ou
indirecta, condicionam a qualidade dos ecossistemas que alberga e as actividades que se
podem vir a desenvolver em função dos usos pretendidos.
Neste sentido, a realização de um trabalho como o que ora se apresenta assume um
carácter de extrema relevância, contribuindo para dar sequência a um conjunto de
trabalhos de carácter similar que contribuem para comprovar a eficácia e os impactos de
algumas medidas estruturais e não estruturais, definidas em planos sectoriais ou globais,
de que são exemplo as medidas explicitadas no Plano de Bacia Hidrográfica do Lis ou do
Plano Nacional da Água.
Os objectivos traçados para a sua execução e as metodologias utilizadas, especialmente
através da utilização de índices de qualidade da água e do tratamento estatístico,
contribuem para este tipo de abordagem que favorece a interpretação e análise dos
resultados e proporciona uma clarificação das causas potenciais que estão na base da
alteração da qualidade dos ecossistemas aquáticos nesta unidade territorial de gestão de
recursos hídricos.
Por outro lado, a utilização de um vasto conjunto de parâmetros, que caracterizam a
qualidade da água nas estações de monitorização, carece de um tratamento adequado
individualizado para garantir a objectividade, a eficácia e exactidão das ferramentas de
simplificação auxiliares utilizadas.
Os resultados foram analisados recorrendo a uma classificação entre parâmetros que, por
um lado permite avaliar a qualidade da água dos meios aquáticos e, por outro, teve em
conta a periodicidade das determinações analíticas.
Esta abordagem foi realizada tendo em consideração parâmetros básicos, parâmetros
complementares e parâmetros acessórios de diagnóstico.
183
Os resultados foram ainda analisados tendo em conta as características e localização das
estações de monitorização seleccionadas, de forma a caracterizar o mais fielmente
possível o estado geral dos ecossistemas aquáticos pertencentes à bacia hidrográfica do
Lis. Recorrendo a esta metodologia de análise, a identificação de situações críticas de
sobre-pressão, em determinadas áreas drenadas pela bacia, torna-se mais fácil.
As conclusões alcançadas que seguidamente se apresentam reflectem, precisamente, esta
sub-divisão da bacia com base na localização das estações de monitorização.
A zona sudeste da bacia, próxima da nascente, caracterizada pelo relevo acentuado e
formações geológicas calcárias, monitorizada na estação de monitorização P1, que se
situa na localidade de Fontes, reflecte quer as actividades agrícolas que se desenvolvem
de uma forma desorganizada característica do espaço rural onde se insere, quer das
actividades que se desenvolvem na cabeceira da bacia e que acabam por ter efeitos na
qualidade da água que aflora na nascente.
Estas conclusões são sustentadas pelos teores em nutrientes, principalmente nitritos e
nitratos, que têm normalmente origem nas práticas agrícolas onde são utilizados
fertilizantes de forma não controlada.
A existência de fontes de contaminação nas zonas a montante da nascente e que têm
influência sobre a qualidade da água que nela aflora, são evidenciadas por situações
pontuais de contaminações de origem microbiológica, mas também nos teores
relativamente elevados de azoto orgânico e amoniacal detectados pontualmente na
estação P1.
Não se evidenciam fenómenos de contaminação orgânica, quantificada em termos de
CBO5 e CQO. As taxas de saturação em oxigénio encontram-se também em níveis
bastante aceitáveis, mesmo nos meses mais quentes e de menor caudal, comprovando a
inexistência de contaminações pontuais de origem orgânica.
Outros parâmetros monitorizados, que incluem o pH, temperatura e condutividade, não
denotam também a existência de fenómenos ou situações anormais de pressão sobre a
qualidade da água neste ecossistema.
184
Os resultados de uma classificação mais abrangente, atribuída com base no cálculo de um
Índice de Qualidade da Água (IQA), reflectem os baixos níveis de poluição
característicos desta estação, mas que ainda assim não permitem atribuir-lhe, por
nenhuma ocasião, uma classificação de qualidade excelente, existindo mesmo alguns
resultados de campanhas que traduzem um nível de poluição fraco e fraco-moderado.
Esta classificação é também afectada negativamente quando se incluem os resultados
relativos à determinação de coliformes fecais, espelhando a importância da monitorização
deste parâmetro e a consequente actuação sobre as causas da contaminação
bacteriológica.
A variabilidade anual dos caudais, ainda que não tenha sofrido grandes alterações em
resultado do período de seca que coincidiu com a monitorização, não tem influência
evidente sobre a qualidade da água. O aumento da vegetação no leito do rio, no período
mais seco, pode ter sido responsável pela atenuação ou eliminação dos efeitos da redução
do caudal sobre a concentração de substâncias estranhas ao meio aquático, mas esta
conclusão carece de comprovação.
A estação de monitorização P2, situada na captação para a ETA de S. Romão, apresenta
características de qualidade da água muito semelhantes às da estação de monitorização
P1.
Os baixos teores em matéria orgânica e os valores do pH, condutividade e temperatura
reflectem precisamente esta semelhança de características.
A existência de situações anormais de contaminação evidenciadas por picos pontuais de
concentração de nutrientes, na forma de azoto orgânico e amoniacal, detectados por uma
ocasião, são também concordantes com os valores medidos em P1.
Esta semelhança de características verifica-se também nos elevados teores médios de
nitritos e nitratos e na variação detectada nas concentrações de microrganismos, ao longo
do período em que decorreu o estudo.
185
Estas semelhanças estão relacionadas com a proximidade entre as estações de
monitorização, mas sobretudo são o resultado da semelhança existente entre os usos da
água e do solo, com recurso a práticas agrícolas comuns.
A classificação obtida com base na utilização do IQA também reflecte algumas
semelhanças com a classificação atribuída à estação de monitorização P1, havendo, no
entanto, situações que evidenciam uma qualidade da água ligeiramente superior e, por
uma ocasião, obteve-se mesmo uma classificação correspondente a um nível de poluição
excessiva.
Estas diferenças indiciam uma ligeira degradação da qualidade da água entre a estação P1
e a estação P2 em resultado, sobretudo, da continuação das actividades causadoras da
diminuição da qualidade da água e que estão maioritariamente relacionadas com as
actividades agrícolas que se desenvolvem nesta região.
A estação de monitorização P3, único ponto localizado no Rio Lena, 500 metros a
montante da confluência com o Rio Lis, foi seleccionada para permitir avaliar a
influência desta linha de água e das actividades desenvolvidas na respectiva área drenada.
Da monitorização realizada conclui-se que a qualidade da água, apesar de por si só não
ser responsável pela degradação da qualidade da água do Rio Lis, contribui para a sua
diminuição.
A comprovar estas conclusões estão os resultados obtidos para a quantificação da matéria
orgânica em solução, em termos de CBO5 e CQO, e de nutrientes, determinados na forma
de nitritos, nitratos, azoto total e amoniacal, que apesar de não se terem detectado
frequentemente situações preocupantes, incluem alguns valores que se podem considerar
superiores aos valores aceitáveis, de tal forma que ficam condicionados muitos dos usos
da água drenada nessa secção.
A estes resultados não é alheio o longo período de seca verificado, que teve influência
directa na capacidade de diluição desta linha de água, indispensável para atenuar, de
forma natural, as alterações introduzidas.
186
Estes resultados reflectem a intensa actividade agrícola que se desenvolve um pouco por
toda a sub-bacia do Rio Lena e que está na origem dos elevados teores em nutrientes,
mais concretamente nitritos e nitratos, mas também outras actividades não identificadas
em pormenor neste trabalho, causadoras dos elevados teores de matéria orgânica, azoto
total Kjeldhal e amoniacal e ainda de microrganismos.
A principal influência deste curso de água sobre a qualidade da água do Rio Lis
manifesta-se em casos extremos, quando o caudal é de tal forma reduzido que se opta por
proceder à retenção nos açudes da cidade de Leiria dos caudais afluentes, conduzindo a
situações de caudal extremamente reduzido a jusante.
Como consequência, apenas o caudal do Rio Lena contribui com uma parcela importante
para a diluição do efluente tratado descarregado pela ETAR da Ponte das Mestras, com
consequências graves sobre a qualidade da água do Rio Lis nas secções a jusante.
Analisando ainda outros parâmetros, como é o caso do pH, temperatura, condutividade e
oxigénio dissolvido, que têm relevância na capacidade deste meio para albergar vida
piscícola ou outras actividades dependentes da qualidade da água, não se evidenciam
fenómenos de poluição preocupantes, tendo mesmo sido constatada a presença de alguns
espécimes de Cyprinus carpio (Carpa) de dimensões consideráveis.
A análise da monitorização realizada com base na utilização do IQA permite concluir que
este ecossistema está já afectado por um nível de poluição significativo, só por uma
ocasião tendo sido considerado de boa qualidade.
O cálculo do IQA, considerando a monitorização de coliformes fecais, conduz a valores e
classificações ainda menos abonatórias, traduzindo a influência e relevância da
consideração deste parâmetro.
A qualidade da água avaliada na estação de monitorização P4, situada no Rio Lis a
jusante da cidade, da confluência com o Rio Lena e da descarga do efluente tratado pela
ETAR da Ponte das Mestras, reflecte necessariamente os efeitos adversos destas
influências negativas.
187
Para a análise dos resultados obtidos neste local, tomou-se em consideração que, em
grande parte do tempo, o açude do Arrabalde e os restantes açudes situados a montante
deste, não permitiram a passagem de caudais significativos e, portanto, as principais
alterações na qualidade da água detectadas se ficaram a dever, essencialmente, aos
caudais afluentes do Rio Lena e da ETAR da Ponte das Mestras.
Uma vez analisada a limitada influência do caudal do Rio Lena sobre a qualidade da água
do Rio Lis, conclui-se que a principal causa dos elevados níveis de poluição detectados
neste local se ficam a dever à descarga com origem naquela estrutura de tratamento.
De um modo geral, a sua influência negativa manifesta-se na generalidade dos
parâmetros analisados, quer nos elevados teores de matéria orgânica, com consequências
directas sobre os teores em oxigénio dissolvido, quer nos elevados teores de azoto
orgânico e amoniacal.
Tem ainda uma influência significativa sobre a biodiversidade característica desta secção,
predominando os microrganismos fecais e outros organismos unicelulares e excluindo a
capacidade para albergar vida piscícola.
No entanto, o aparente mau funcionamento desta instalação é agravado pela incapacidade
de diluição dos caudais afluentes, provenientes das secções a montante dos Rios Lis e
Lena, e pelos aspectos negativos neles verificados, principalmente nos elevados teores de
nitritos e nitratos resultantes da actividade agrícola, que acabam por potenciar os efeitos
do efluente da ETAR,
Estas conclusões são comprovadas quando agrupados os vários parâmetros através do
Índice de Qualidade da Água, sendo a classificação sempre traduzida em termos de
poluição, com predominância de níveis de poluição excessiva.
Quando considerada a influência dos coliformes fecais os resultados são ainda mais
desfavoráveis, tendo sida atribuída uma classificação correspondente a um nível de
poluição excessiva em todas as campanhas realizadas.
188
A estação de monitorização P5, situada na Ribeira dos Milagres, imediatamente a
montante da confluência com o Rio Lis, foi seleccionada pela importância que exerce
sobre a qualidade da água do Rio, em resultado da intensa actividade agro-pecuária que
se desenvolve ao longo do seu percurso.
A análise aos resultados obtidos permite concluir que, apesar de em algumas campanhas,
especialmente nas campanhas realizadas até Maio, a qualidade da água se situar abaixo
dos mínimos aceitáveis, apresentando teores em matéria orgânica e azoto orgânico e
amoniacal significativos, bem como concentrações em microrganismos extremamente
elevadas, a qualidade da água monitorizada nesta estação melhora nos meses mais
quentes.
Estes resultados carecem de comprovação, mas podem estar associados a eventuais
descargas de instalações suinícolas que se verificam nos meses mais de maior
pluviosidade.
Nos meses mais quentes a actividade agrícola dispersa assume uma importância mais
significativa, manifestada nos aumentos da concentração de nitritos e nitratos.
A utilização do IQA aplicado aos resultados obtidos na monitorização dos vários
parâmetros nesta estação de monitorização, comprova as conclusões e constatações
apresentadas, tornando clara a existência de níveis de poluição excessiva nos primeiros
meses do período de monitorização e, após a campanha de Abril, só por uma ocasião se
atribui uma classificação de poluição excessiva.
Nunca é possível, contudo, classificar este ecossistema como um ecossistema aquático
com qualidade mínima aceitável.
A qualidade da água na estação de monitorização P6, localizada a jusante da
confluência com a Ribeira dos Milagres, evidencia a influência exercida pelas actividades
que conduzem às alterações na qualidade nas estações P4 e P5 e que se associam
potenciando o aumento dos níveis de poluição nesta secção do Rio Lis.
189
Avaliando os resultados das determinações analíticas realizadas, é possível concluir que a
qualidade da água se vai degradando com a aproximação aos meses mais quentes e secos.
Nesta circunstância, o fecho do açude localizado a jusante contribuiu para a estagnação e
armazenamento da água e substâncias nocivas afluentes com origem nas secções de
montante.
Foi por isso notório o aumento dos teores em matéria orgânica, azoto total e amoniacal,
nitritos e nitratos e microrganismos, nos meses mais secos, que coincidiram com os
caudais mais reduzidos.
Os reduzidos teores em oxigénio dissolvido detectados em algumas campanhas, que
atingiram mesmo concentrações nulas, indiciam a incapacidade de sobrevivência de
espécies piscícolas e de utilização da água para vários usos, nomeadamente para rega. No
entanto, foi nestes períodos que se constatou a existência de captações de água para rega
neste local.
A aplicação do IQA aos resultados das determinações analíticas realizadas comprova
estas conclusões, detectando-se o aumento dos níveis de poluição, com a atribuição de
uma classificação correspondente a um nível de poluição excessiva, agravada nos meses
mais quentes.
Neste caso, a classificação não sofre alterações quando se considera os valores relativos à
quantificação de coliformes fecais e quando se omitem estes valores.
Na estação de monitorização P7, situada a jusante da Ribeira do Souto, na ponte de
ferro de Monte Real, ainda se fazem sentir os efeitos descritos para a estação P6, relativos
à associação dos caudais provenientes da secção a montante da bacia e da Ribeira dos
Milagres.
Apesar de ser já evidente existir, para um conjunto de parâmetros de que é exemplo a
matéria orgânica, nutrientes e microrganismos, relativamente aos valores médios, uma
diminuição gradual dos valores da estação P6 para a P7, resultante da existência de uma
190
atenuação natural, detectaram-se campanhas em que se verificou o oposto, com um
incremento nos valores.
Este facto, que pode ser constatado, por exemplo, na determinação da matéria orgânica,
aparenta estar relacionado com as substâncias introduzidas no rio pelo caudal afluente da
Ribeira do Souto. Não é, no entanto, possível comprovar esta causa, uma vez que não foi
realizada qualquer campanha nessa linha de água.
De um modo geral, a qualidade da água nesta estação de monitorização apresenta
características semelhantes às da estação P6, agravadas no período mais seco, com o
armazenamento de um volume apreciável de água no açude das Salgadas, situado a
jusante e que acabou por condicionar mesmo, no período mais seco, a medição do caudal.
A utilização do IQA permite comprovar a fraca qualidade da água neste local, com
classificações de poluição excessiva na quase totalidade das campanhas realizadas com e
sem consideração dos valores relativos aos coliformes.
A estação de monitorização P8, situada mais a jusante do percurso do Rio Lis,
encontra-se já muito próxima do estuário.
De um modo geral, analisando os resultados dos vários parâmetros relativos à
caracterização das estações de monitorização P6, P7 e P8, é possível constatar uma
evolução positiva, no sentido da diminuição dos níveis de poluição identificados.
Esta evolução está associada a fenómenos de atenuação natural, em resultado,
essencialmente, da vegetação ripícola que envolve o leito do rio.
É, no entanto, patente a influência exercida pela forte actividade agrícola que se
desenvolve nesta zona dos campos do Lis, sobre as concentrações em nitritos e nitratos,
verificando-se ligeiros aumentos no sentido de jusante.
A utilização do IQA permite comprovar a diminuição dos níveis de poluição ao longo do
percurso do rio, em resultado dos fenómenos de atenuação natural já indicados.
191
Ainda que a qualidade da água seja sempre considerada abaixo do nível mínimo
aceitável, os níveis de poluição identificados só pontualmente, se se omitirem os
resultados relativos à quantificação dos coliformes fecais, atingem uma classificação de
poluição excessiva.
A escolha deste local de monitorização, enquadrada numa perspectiva da realização de
trabalhos semelhantes no futuro em resultado da entrada em funcionamento do Sistema
Norte onde, através de uma ETAR comunitária serão tratados conjuntamente os efluentes
suinícolas, industriais e domésticos originados em diversas zonas da área de influência da
bacia hidrográfica do Lis, necessitou de alguns cuidados especiais, principalmente nos
procedimentos de quantificação dos caudais, para minimizar a influência exercida pelas
marés.
Globalmente, os resultados deste estudo comprovam outros resultados de estudos
semelhantes realizados anteriormente, não sendo evidente, apesar dos mecanismos de
gestão e programas e planos actualmente em vigor, uma melhoria da qualidade da água
em qualquer dos pontos comuns aos vários estudos.
Em trabalhos futuros seria útil e interessante analisar as causas deste aparente insucesso
das medidas que têm vindo a ser tomadas, bem como de outras actualmente em execução,
que se espera venham a representar uma inversão significativa na degradação da
qualidade dos recursos hídricos superficiais que constituem a bacia hidrográfica do Lis.
Ainda no âmbito de uma proposta apresentada por JESUS (1996), foi realizado um
despiste inicial à presença de alguns metais, designadamente, ferro, chumbo, zinco e
cobre, bem como outras substâncias que poderiam ter efeitos sobre a qualidade da água,
que incluíram a determinação de óleos e gorduras e detergentes aniónicos.
Deste despiste inicial concluiu-se não existirem concentrações significativas que
justificassem uma monitorização frequente de quaisquer destes parâmetros.
Relativamente à interpretação de resultados utilizando para o efeito ferramentas de
tratamento de informação como os Índices de Qualidade da Água é possível concluir que
a sua utilização simplifica e favorece a interpretação dos resultados.
192
No entanto, algumas situações pontuais, que traduzem situações anormais relativamente
às tendências, tendem a ser negligenciadas através da análise com recurso a este tipo de
metodologias.
Nesse sentido, considera-se indispensável a realização de uma comparação com os
resultados individuais de forma a detectar essas potenciais anomalias.
A utilização de um tratamento estatístico mais convencional proporciona também uma
análise fácil em termos evolutivos e comparativos, mas elimina, por vezes de forma mais
evidente do que sucede através da utilização dos IQA, a possibilidade de detecção de
eventuais anomalias pontuais.
As adaptações à metodologia original de análise através do IQA carecem também de uma
observação crítica. A omissão dos valores correspondentes à quantificação dos
coliformes fecais conduz normalmente a resultados mais favoráveis em termos de
classificação da qualidade da água.
O contrário sucede com a omissão dos resultados relativos à quantificação de CBO5, que
conduz normalmente a valores do IQA inferiores.
Este tipo de adaptações, a ser realizadas, deverão ter sempre presente a influência que
podem exercer os resultados e que não se fica a dever exclusivamente às características
da água, mas à selecção dos parâmetros considerados.
A aplicação de índices que incluam outros parâmetros relevantes, como o azoto na forma
de nitritos e nitratos, CQO e outros, pode minimizar estas falhas, em resultado da
diminuição do nível de importância dos vários parâmetros relativamente ao valor final
global.
Relativamente à escolha dos locais de monitorização, em trabalhos futuros seria
aconselhável considerar uma estação de monitorização na Ribeira do Souto, para avaliar
a sua influência sobre a qualidade da água do Rio Lis e detectar e comprovar a existência
de fenómenos semelhantes aos que afectam a qualidade da água na Ribeira dos Milagres.
193
Um dos maiores entraves à realização deste trabalho, relacionado com a disponibilização
e acesso à informação recolhida e dispersa por várias entidades com responsabilidades na
gestão dos recursos hídricos da bacia hidrográfica do Lis, foi também já identificado
como uma das maiores barreiras ao sucesso dos vários trabalhos que têm sido
desenvolvidos.
No próprio plano de bacia hidrográfica do Lis, aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º
23/2002, de 3 de Abril, a inexistência de sistematização e de disponibilização da
informação, são apontadas como as principais lacunas para o desenvolvimento,
implementação e avaliação de medidas que venham a ser tomadas no sentido de
promover a melhoria dos ecossistemas que a bacia encerra.
Uma proposta para a realização de trabalhos futuros passa pela compilação de toda a
informação tida como relevante, dispersa pelas várias entidades, com elaboração de um
documento de referência que poderá ter uma importância fundamental no cumprimento
de um dos requisitos mais importantes da directiva quadro da água – a recuperação do
bom estado ecológico dos ecossistemas aquáticos.
194
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Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro
Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro
Decreto-Lei n.º 468/71, de 5 de Novembro
Decreto-Lei n.º 74/90, de 7 de Março
Decreto-Lei n.º 45/94, de 22 de Fevereiro
Decreto-Lei n.º 46/94, de 22 de Fevereiro
Decreto-Lei n.º 47/94, de 22 de Fevereiro
Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho
Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto
Decreto-Lei n.º 243/2001, de 5 de Setembro
Decreto-Lei n.º 112/2002, de 17 de Abril
202
Decreto Regulamentar n.º 23/95, de 23 de Agosto
Decreto Regulamentar n.º 23/2002, de 3 de Abril
Portaria n.º 809/90, de 10 de Setembro
Portaria n.º 810/90, de 10 de Setembro
Portaria n.º 505/92,de 19 de Junho
Portaria n.º 512/92, de 22 de Junho
Portaria n.º 1030/93, de 14 de Outubro
Portaria n.º 1033/93, de 15 de Outubro
Portaria n.º 1049/93, de 19 de Outubro
Portaria n.º 895/94, de 3 de Outubro
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INAG – Instituto da Água: SNIRH – Serviço Nacional de Informação de Recursos
Hídricos, 2006. http://snirh.inag.pt/
203
ANEXO A
EVOLUÇÃO DOS PARÂMETROS MONITORIZAÇÃO
Anexo A – Índice
A-1: Evolução dos Caudais ...................................................................................... 206
A-2: Evolução do pH ................................................................................................. 207
A-3: Evolução do OD (Concentração) .................................................................... 208
A-4: Evolução do OD (% de Saturação) ................................................................. 209
A-5: Evolução da Temperatura da Água ................................................................ 210
A-6: Evolução da Condutividade ............................................................................. 211
A-7: Evolução dos Teores em Sólidos Totais .......................................................... 212
A-8: Evolução dos Teores em Sólidos Voláteis ....................................................... 213
A-9: Evolução dos Teores em Sólidos Suspensos Totais ....................................... 214
A-10: Evolução dos Teores em Sólidos Suspensos Voláteis .................................. 215
A-11: Evolução da CBO5 .......................................................................................... 216
A-12: Evolução da CQO ........................................................................................... 217
A-13: Evolução da COT ........................................................................................... 218
A-14: Evolução dos Teores em Azoto Total Keldhal ............................................. 219
A-15: Evolução dos Teores em Azoto Amoniacal .................................................. 220
A-16: Evolução dos Teores em Nitratos .................................................................. 221
A-17: Evolução dos Teores em Nitritos ................................................................... 222
A-18: Evolução dos Teores em Fósforo Total ......................................................... 223
A-19: Evolução dos Teores em Coliformes Totais ................................................. 224
A-20: Evolução dos Teores em Coliformes Fecais ................................................. 225
A-21: Evolução dos Teores em Enterococos ........................................................... 226
205
A-1: Evolução dos Caudais
Caudal P1 (m3/s)
0
1
2
3
4
5
6N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Caudal P5 (m3/s)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Caudal P6 (m3/s)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Caudal P7 (m3/s)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Caudal P8 (m3/s)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Caudal P2 (m3/s)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Caudal P3 (m3/s)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Caudal P4 (m3/s)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
206
A-2: Evolução do pH
pH P1
7,0
7,2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P5
7,00
7,20
7,40
7,60
7,80
8,00
8,20
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P6
7,00
7,20
7,40
7,60
7,80
8,00
8,20
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P7
7,00
7,20
7,40
7,60
7,80
8,00
8,20
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P8
7,00
7,20
7,40
7,60
7,80
8,00
8,20
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P2
7,0
7,2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P3
7,0
7,2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P4
7,00
7,20
7,40
7,60
7,80
8,00
8,20
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
207
A-3: Evolução do OD (Concentração)
OD P1 [mg/L]
0
2
4
6
8
10
12
14N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P5 [mg/L]
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P6 [mg/L]
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P7 [mg/L]
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P8 [mg/L]
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P2 [mg/L]
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P3 [mg/L]
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P4 [mg/L]
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
208
A-4: Evolução do OD (% de Saturação)
OD P1 [% Sat]
0
20
40
60
80
100
120N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P5 [% Sat]
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P6 [% Sat]
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P7 [% Sat]
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P8 [% Sat]
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P3 [% Sat]
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P4 [% Sat]
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P2 [% Sat]
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
209
A-5: Evolução da Temperatura da Água
Temperatura P1 (ºC)
0
5
10
15
20
25N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Temperatura P5 (ºC)
0
5
10
15
20
25
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Temperatura P6 (ºC)
0
5
10
15
20
25
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Temperatura P7 (ºC)
0
5
10
15
20
25
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Temperatura P8 (ºC)
0
5
10
15
20
25
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Temperatura P2 (ºC)
0
5
10
15
20
25
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Temperatura P3 (ºC)
0
5
10
15
20
25
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Temperatura P4 (ºC)
0
5
10
15
20
25
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
210
A-6: Evolução da Condutividade
Condutividade P1 (μS/cm)
450650850
1050125014501650185020502250
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Condutividade P5 (μS/cm)
450650850
1050125014501650185020502250
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Condutividade P6 (μS/cm)
450650850
1050125014501650185020502250
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Condutividade P7 (μS/cm)
450650850
1050125014501650185020502250
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Condutividade P8 (μS/cm)
450650850
1050125014501650185020502250
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Condutividade P2 (mS/cm)
450650850
1050125014501650185020502250
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Condutividade P3 (μS/cm)
450650850
1050125014501650185020502250
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Condutividade P4 (μS/cm)
0100020003000400050006000700080009000
10000
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
211
A-7: Evolução dos Teores em Sólidos Totais
Sólidos Totais P1 (mg/L)
0
500
1000
1500
2000
2500N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Totais P5 (mg/L)
0
500
1000
1500
2000
2500
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Totais P6 (mg/L)
0
500
1000
1500
2000
2500
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Totais P7 (mg/L)
0
500
1000
1500
2000
2500
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Totais P8 (mg/L)
0
500
1000
1500
2000
2500
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Totais P2 (mg/L)
0
500
1000
1500
2000
2500
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Totais P3 (mg/L)
0
500
1000
1500
2000
2500
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Totais P4 (mg/L)
0
500
1000
1500
2000
2500
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
212
A-8: Evolução dos Teores em Sólidos Voláteis
Sólidos Voláteis P1 (mg/L)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Voláteis P5 (mg/L)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Voláteis P6 (mg/L)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Voláteis P7 (mg/L)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Voláteis P8 (mg/L)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Voláteis P2 (mg/L)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Voláteis P3 (mg/L)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
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5
Ago-
05
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5
Out
-05
Sólidos Voláteis P4 (mg/L)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
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05
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-05
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05
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-05
Jun-
05
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5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
213
A-9: Evolução dos Teores em Sólidos Suspensos Totais
Sólidos Suspensos Totais P1 (mg/L)
020406080
100120140160180
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
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05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Sólidos Suspensos Totais P5 (mg/L)
020406080
100120140160180
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Sólidos Suspensos Totais P6 (mg/L)
020406080
100120140160180
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Suspensos Totais P7 (mg/L)
020406080
100120140160180
Nov
-04
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-04
Jan-
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Mar
-05
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-05
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05
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5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Suspensos Totais P8 (mg/L)
020406080
100120140160180
Nov
-04
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-04
Jan-
05
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05
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-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
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5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
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020406080
100120140160180
Nov
-04
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-04
Jan-
05
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05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Sólidos Suspensos Totais P3 (mg/L)
020406080
100120140160180
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Suspensos Totais P4 (mg/L)
020406080
100120140160180
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
214
A-10: Evolução dos Teores em Sólidos Suspensos Voláteis
Sólidos Suspensos Voláteis P1 (mg/L)
0
20
40
60
80
100
120N
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4
Dez
-04
Jan-
05
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05
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-05
Jun-
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5
Ago-
05
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5
Out
-05
Sólidos Suspensos Voláteis P5 (mg/L)
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
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-04
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05
Mar
-05
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-05
Jun-
05
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5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Suspensos Voláteis P6 (mg/L)
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
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-04
Jan-
05
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05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Sólidos Suspensos Voláteis P7 (mg/L)
0
20
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120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
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05
Mar
-05
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-05
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5
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Set-0
5
Out
-05
Sólidos Suspensos Voláteis P8 (mg/L)
0
20
40
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80
100
120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
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Mar
-05
Abr-
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-05
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5
Ago-
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5
Out
-05
Sólidos Suspensos Voláteis P2 (mg/L)
0
20
40
60
80
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120
Nov
-04
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-04
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Mar
-05
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Mai
-05
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Ago-
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5
Out
-05
Sólidos Suspensos Voláteis P3 (mg/L)
0
20
40
60
80
100
120
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
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05
Mar
-05
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-05
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Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5Sólidos Suspensos Voláteis P4 (mg/L)
0
20
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60
80
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Nov
-04
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-05
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-05
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5
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Set-0
5
Out
-05
215
A-11: Evolução da CBO5
CBO5 P1 (mg O2/L)
0
10
20
30
40
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60N
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4
Dez
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-05
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0
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-04
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Mar
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5
Out
-05
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0
10
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-05
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-05
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0
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Nov
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-04
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Mai
-05
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Out
-05
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10
20
30
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Nov
-04
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-04
Jan-
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Mar
-05
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-05
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Set-0
5
Out
-05
CBO5 P3 (mg O2/L)
0
10
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60
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
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Mar
-05
Abr-
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
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Set-0
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Out
-05
CBO5 P4 (mg O2/L)
0
10
20
30
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Nov
-04
Dez
-04
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05
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05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
CBO5 P2 (mg O2/L)
0
10
20
30
40
50
60
Nov
-04
Dez
-04
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05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
216
A-12: Evolução da CQO
CQO P1 (mg O2/L)
0102030405060708090
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
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05
Mar
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05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
CQO P5 (mg O2/L)
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Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
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05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
Jun-
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5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
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Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
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Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
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Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
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Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
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Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
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05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
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Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
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05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
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05
Set-0
5
Out
-05
CQO P4 (mg O2/L)
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Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
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05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
CQO P2 (mg O2/L)
0102030405060708090
Nov
-04
Dez
-04
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05
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05
Mar
-05
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05
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-05
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05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
217
A-13: Evolução da COT
COT P1 (mg/L)
0
5
10
15
20
25Ja
n-05
Fev-
05
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5
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-05
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0
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20
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05
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-05
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-05
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05
Jul-0
5
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05
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5
Out
-05
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0
5
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20
25
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05
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05
Mar
-05
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-05
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Jul-0
5
Ago-
05
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5
Out
-05
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0
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15
20
25
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05
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05
Mar
-05
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05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
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05
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5
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-05
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0
5
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15
20
25
Jan-
05
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05
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-05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
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5
Out
-05
COT P2 (mg/L)
0
5
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20
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Jan-
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05
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-05
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05
Jul-0
5
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5
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-05
COT P3 (mg/L)
0
5
10
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20
25
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
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05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
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5
Out
-05
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0
5
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15
20
25
Jan-
05
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05
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-05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
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5
Out
-05
218
A-14: Evolução dos Teores em Azoto Total Kjeldhal
N-total P1 (mg/L)
0
20
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100
120N
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4
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-05
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5
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05
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5
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-05
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0
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-04
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-04
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-05
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05
Jul-0
5
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05
Set-0
5
Out
-05
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0
20
40
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120
Nov
-04
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-04
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05
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5
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05
Set-0
5
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-05
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0
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-04
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05
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-05
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5
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5
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-05
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0
20
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60
80
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Nov
-04
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-04
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05
Mar
-05
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-05
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05
Jul-0
5
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Set-0
5
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-05
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0
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-04
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05
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-05
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05
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5
Ago-
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5
Out
-05
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0
20
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120
Nov
-04
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-04
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05
Mar
-05
Abr-
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-05
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05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
N-total P8 (mg/L)
0
20
40
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120
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-04
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-04
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05
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05
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-05
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05
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-05
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05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
219
A-15: Evolução dos Teores em Azoto Amoniacal
N-amoniacal P1 (mg/L)
0102030405060708090
Nov
-04
Dez
-04
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-05
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0102030405060708090
Nov
-04
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-04
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05
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-05
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Set-0
5
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-05
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-04
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-04
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Mar
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05
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5
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5
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-05
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0102030405060708090
Nov
-04
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-04
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05
Mar
-05
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05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
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-05
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0102030405060708090
Nov
-04
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Jan-
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05
Mar
-05
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5
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5
Out
-05
N-amoniacal P6 (mg/L)
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Nov
-04
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-04
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05
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05
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05
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5
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05
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5
Out
-05
N-amoniacal P7 (mg/L)
0102030405060708090
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P8 (mg/L)
0102030405060708090
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
220
A-16: Evolução dos Teores em Nitratos
Nitratos P1 (mg/L)
0
10
20
30
40
50
60N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitratos P2 (mg/L)
0
10
20
30
40
50
60
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitratos P3 (mg/L)
0
10
20
30
40
50
60
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitratos P4 (mg/L)
0
10
20
30
40
50
60
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitratos P5 (mg/L)
0
10
20
30
40
50
60
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitratos P6 (mg/L)
0
10
20
30
40
50
60
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitratos P7 (mg/L)
0
10
20
30
40
50
60
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitratos P8 (mg/L)
0
10
20
30
40
50
60
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
221
A-17: Evolução dos Teores em Nitritos
Nitritos P1 (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitritos P2 (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitritos P3 (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitritos P4 (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitritos P5 (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitritos P6 (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitritos P7 (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Nitritos P8 (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
222
A-18: Evolução dos Teores em Fósforo Total
Fósforo total P1 (mg/L)
0
1
2
3
4
5
6N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Fósforo total P2 (mg/L)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Fósforo total P3 (mg/L)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Fósforo total P4 (mg/L)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Fósforo total P5 (mg/L)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Fósforo total P6 (mg/L)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Fósforo total P7 (mg/L)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Fósforo total P8 (mg/L)
0
1
2
3
4
5
6
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
223
A-19: Evolução dos Teores em Coliformes Totais
Coliformes totais P1 (n.º UFC/100mL)
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes totais P2 (n.º UFC/100mL)
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes totais P3 (n.º UFC/100mL)
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes totais P4 (n.º UFC/100mL)
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes totais P5 (n.º UFC/100mL)
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes totais P6 (n.º UFC/100mL)
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes totais P7 (n.º UFC/100mL)
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes totais P8 (n.º UFC/100mL)
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
224
A-20: Evolução dos Teores em Coliformes Fecais
Coliformes fecais P1 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P2 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P3 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P4 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P5 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P6 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P7 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P8 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
225
A-21: Evolução dos Teores em Enterococos
Enterococos P1 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Enterococos P2 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Enterococos P3 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Enterococos P4 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Enterococos P5 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Enterococos P6 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Enterococos P7 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Enterococos P8 (n.º UFC/100mL)
1,E+00
1,E+01
1,E+02
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
226
ANEXO B
MATRIZES DE CORRELAÇÃO MULTI-VARIÁVEL
Anexo B – Índice
B-1: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação
de Monitorização P1 ........................................................................................ 229
B-2: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação
de Monitorização P2 ........................................................................................ 230
B-3: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação
de Monitorização P3 ........................................................................................ 231
B-4: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação
de Monitorização P4 ........................................................................................ 232
B-5: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação
de Monitorização P5 ........................................................................................ 233
B-6: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação
de Monitorização P6 ........................................................................................ 234
B-7: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação
de Monitorização P7 ........................................................................................ 235
B-8: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação
de Monitorização P8 ........................................................................................ 236
228
B-1: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação de Monitorização P1
Caudal pH Temperatura Condutividade CBO 5 CQO Ntotal Namoniacal Nitratos Nitritos FósforoCaudal 1pH 0,048 1Temperatura -0,103 -0,046 1Condutividade -0,179 0,333 -0,477 1CBO5 0,416 -0,283 0,743 -0,599 1CQO 0,205 0,092 -0,068 -0,325 -0,195 1Ntotal 0,093 0,324 -0,413 0,115 -0,183 0,918 1Namoniacal -0,107 0,236 -0,098 -0,444 -0,177 0,744 0,536 1Nitratos -0,399 -0,058 0,437 -0,177 0,040 -0,183 -0,629 -0,157 1Nitritos -0,154 0,487 0,005 0,667 -0,350 0,018 -0,227 -0,421 0,412 1Fósforo -0,146 0,035 -0,203 0,653 -0,461 0,041 -0,346 -0,499 0,298 0,817 1
B-2: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação de Monitorização P2
Caudal pH Temperatura Condutividade CBO CQO Ntotal Namoniacal Nitratos Nitritos Fósforo5
Caudal 1pH 0,402 1Temperatura -0,139 -0,748 1Condutividade -0,639 -0,659 0,459 1CBO5 0,411 0,446 -0,191 -0,498 1CQO 0,487 0,929 -0,811 -0,907 0,540 1Ntotal -0,014 0,235 -0,337 -0,517 -0,048 0,568 1Namoniacal 0,146 0,288 -0,383 -0,599 0,114 0,544 0,941 1Nitratos -0,052 -0,389 0,462 0,619 -0,086 -0,691 -0,963 -0,922 1Nitritos -0,167 -0,283 0,482 0,260 0,316 -0,551 -0,199 -0,117 0,373 1Fósforo -0,133 -0,003 -0,255 -0,024 -0,438 -0,029 0,201 0,061 -0,023 -0,041 1
229
B-3: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação de Monitorização P3
Caudal pH Temperatura Condutividade CBO 5 CQO Ntotal Namoniacal Nitratos Nitritos FósforoCaudal 1pH 0,748 1Temperatura -0,314 -0,502 1Condutividade -0,843 -0,764 0,647 1CBO5 0,190 0,121 0,297 0,097 1CQO 0,146 -0,012 0,166 -0,007 0,470 1Ntotal 0,008 0,229 -0,199 -0,012 -0,010 0,293 1Namoniacal 0,185 0,414 -0,216 -0,158 0,159 0,337 0,966 1Nitratos 0,278 0,052 -0,290 -0,358 -0,165 -0,082 -0,507 -0,456 1Nitritos 0,043 -0,029 0,024 0,069 0,771 0,839 0,345 0,329 -0,022 1Fósforo -0,317 -0,683 0,582 0,576 0,749 0,355 -0,323 -0,344 -0,120 0,500 1
B-4: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação de Monitorização P4
Caudal pH Temperatura Condutividade CBO 5 CQO Ntotal Namoniacal Nitratos Nitritos FósforoCaudal 1pH 0,735 1Temperatura -0,607 -0,862 1Condutividade -0,338 -0,494 0,521 1CBO5 -0,270 -0,561 0,533 0,336 1CQO -0,487 -0,753 0,736 0,661 0,860 1Ntotal -0,516 -0,664 0,613 0,207 0,875 0,715 1Namoniacal -0,586 -0,661 0,615 0,156 0,819 0,677 0,990 1Nitratos 0,036 0,356 -0,062 -0,260 -0,580 -0,574 -0,342 -0,263 1Nitritos -0,590 -0,390 0,383 0,121 0,026 0,108 0,428 0,486 -0,120 1Fósforo -0,154 -0,175 0,170 0,233 0,149 0,291 0,342 0,345 -0,163 0,112 1
230
B-5: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação de Monitorização P5
pH Temperatura Condutividade CBO CQO Ntotal Namoniacal Nitratos Nitritos Fósforo5
pH 1Temperatura -0,448 1Condutividade 0,702 -0,209 1CBO5 0,628 -0,308 0,624 1CQO 0,353 -0,127 0,555 0,409 1Ntotal 0,643 -0,398 0,887 0,702 0,631 1Namoniacal 0,732 -0,444 0,901 0,683 0,575 0,987 1Nitratos -0,242 0,081 -0,522 -0,865 -0,339 -0,656 -0,624 1Nitritos -0,065 -0,135 -0,270 -0,286 -0,335 -0,186 -0,187 0,444 1Fósforo 0,045 -0,537 0,032 -0,146 0,046 0,151 0,231 -0,066 -0,185 1
B-6: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação de Monitorização P6
Caudal pH Temperatura Condutividade CBO 5 CQO Ntotal Namoniacal Nitratos Nitritos FósforoCaudal 1pH 0,551 1Temperatura -0,468 -0,660 1Condutividade -0,599 -0,641 0,069 1CBO5 -0,540 -0,677 0,314 0,782 1CQO -0,490 -0,500 0,119 0,619 0,872 1Ntotal -0,632 -0,627 0,128 0,876 0,926 0,881 1Namoniacal -0,649 -0,648 0,188 0,899 0,930 0,804 0,973 1Nitratos 0,159 -0,191 0,190 0,294 0,442 0,236 0,288 0,391 1Nitritos -0,353 -0,279 -0,105 0,548 0,439 0,322 0,581 0,498 0,018 1Fósforo -0,076 -0,490 -0,047 0,638 0,781 0,595 0,661 0,666 0,608 0,301 1
231
B-7: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação de Monitorização P7
Caudal pH Temperatura Condutividade CBO 5 CQO Ntotal Namoniacal Nitratos Nitritos FósforoCaudal 1pH 0,652 1Temperatura -0,442 -0,450 1Condutividade -0,686 -0,525 0,446 1CBO5 0,527 0,365 -0,422 -0,240 1CQO -0,062 0,278 -0,231 0,244 0,494 1Ntotal -0,474 -0,233 0,020 0,678 -0,015 0,383 1Namoniacal -0,329 -0,032 -0,187 0,572 0,010 0,451 0,977 1Nitratos -0,094 0,045 -0,069 -0,240 -0,034 -0,241 -0,049 -0,150 1Nitritos -0,430 -0,013 -0,116 0,490 -0,241 0,471 0,835 0,846 -0,265 1Fósforo 0,024 0,411 -0,550 0,052 0,643 0,826 0,104 0,251 -0,126 0,213 1
B-8: Correlação Entre os Principais Parâmetros Monitorizados na Estação de Monitorização P8
Caudal pH Temperatura Condutividade CBO 5 CQO Ntotal Namoniacal Nitratos Nitritos FósforoCaudal 1pH 0,550 1Temperatura -0,521 -0,584 1Condutividade -0,450 -0,481 0,200 1CBO5 0,336 0,310 -0,280 -0,449 1CQO -0,213 -0,328 0,159 0,341 -0,398 1Ntotal -0,138 -0,249 0,094 0,685 -0,278 -0,120 1Namoniacal 0,025 0,052 -0,187 0,612 0,096 -0,150 0,858 1Nitratos -0,135 0,111 0,060 0,110 -0,510 -0,271 0,518 0,179 1Nitritos -0,175 0,147 -0,166 0,309 -0,082 0,106 0,472 0,535 0,407 1Fósforo 0,141 0,193 -0,062 0,136 -0,166 0,158 0,200 -0,042 0,455 0,406 1
232
ANEXO C
EVOLUÇÃO DO IQA PARCIAL E GLOBAL
Anexo A – Índice
C-1: Evolução dos IQA Relativamente ao pH, Omitindo o Índice dos
Coliformes ......................................................................................................... 235
C-2: Evolução dos IQA Relativamente ao pH, Considerando o Índice dos
Coliformes ......................................................................................................... 236
C-3: Evolução dos IQA Relativamente ao OD, Omitindo o Índice dos
Coliformes ......................................................................................................... 237
C-4: Evolução dos IQA Relativamente ao OD, Considerando o Índice dos
Coliformes ......................................................................................................... 238
C-5: Evolução dos IQA da Temperatura, Omitindo o Índice dos Coliformes .... 239
C-6: Evolução dos IQA da Temperatura, Considerando o Índice dos
Coliformes ......................................................................................................... 240
C-7: Evolução dos IQA da Condutividade, Omitindo o Índice dos Coliformes .. 241
C-8: Evolução dos IQA da Condutividade, Considerando o Índice dos
Coliformes ......................................................................................................... 242
C-9: Evolução dos IQA Relativos à CBO5, Omitindo o Índice dos Coliformes .. 243
C-10: Evolução dos IQA Relativos à CBO5, Considerando o Índice dos
Coliformes ......................................................................................................... 244
C-11: Evolução dos IQA Relativos ao Azoto Amoniacal, Omitindo o Índice
dos Coliformes .................................................................................................. 245
C-12: Evolução dos IQA Relativos ao Azoto Amoniacal, Considerando o
Índice dos Coliformes ...................................................................................... 246
C-13: Evolução dos IQA Relativos aos Coliformes Fecais .................................... 247
C-14: Evolução dos IQA Mensais Globais Omitindo os Valores dos
Coliformes Fecais ............................................................................................. 248
C-15: Evolução dos IQA Trimestrais Globais Considerando os Valores dos
Coliformes Fecais ............................................................................................. 249
234
C-1: Evolução dos IQA Relativamente ao pH, Omitindo o Índice dos Coliformes
pH P1: Sub-indice omitindo coliformes
13,013,514,014,515,015,516,016,517,0
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P5: Sub-indice omitindo coliformes
13,0013,5014,0014,5015,0015,5016,0016,5017,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P6: Sub-indice omitindo coliformes
13,0013,5014,0014,5015,0015,5016,0016,5017,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P7: Sub-indice omitindo coliformes
13,0013,5014,0014,5015,0015,5016,0016,5017,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P8: Sub-indice omitindo coliformes
13,0013,5014,0014,5015,0015,5016,0016,5017,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P2: Sub-indice omitindo coliformes
13,013,514,014,515,015,516,016,517,0
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P3: Sub-indice omitindo coliformes
13,013,514,014,515,015,516,016,517,0
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P4: Sub-indice omitindo coliformes
13,0013,5014,0014,5015,0015,5016,0016,5017,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
235
C-2: Evolução dos IQA Relativamente ao pH, Considerando o Índice dos Coliformes
pH P1: Sub-indice considerando coliformes
11,011,512,012,513,013,514,014,515,0
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P5: Sub-indice considerando coliformes
11,0011,5012,0012,5013,0013,5014,0014,5015,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P6: Sub-indice considerando coliformes
11,0011,5012,0012,5013,0013,5014,0014,5015,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P7: Sub-indice considerando coliformes
11,0011,5012,0012,5013,0013,5014,0014,5015,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P8: Sub-indice considerando coliformes
11,0011,5012,0012,5013,0013,5014,0014,5015,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P2: Sub-indice considerando coliformes
11,011,512,012,513,013,514,014,515,0
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P3: Sub-indice considerando coliformes
11,011,512,012,513,013,514,014,515,0
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
pH P4: Sub-indice considerando coliformes
11,0011,5012,0012,5013,0013,5014,0014,5015,00
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
236
C-3: Evolução dos IQA Relativamente ao OD, Omitindo o Índice dos Coliformes
OD P1: Sub-indice omitindo coliformes
05
10152025303540
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P5: Sub-indice omitindo coliformes
05
10152025303540
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P6: Sub-indice omitindo coliformes
05
10152025303540
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P7: Sub-indice omitindo coliformes
05
10152025303540
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P8: Sub-indice omitindo coliformes
05
10152025303540
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P2: Sub-indice omitindo coliformes
05
10152025303540
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P3: Sub-indice omitindo coliformes
05
10152025303540
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P4: Sub-indice omitindo coliformes
05
10152025303540
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
237
C-4: Evolução dos IQA Relativamente ao OD, Considerando o Índice dos Coliformes
OD P1: Sub-indice considerando coliformes
0
5
10
15
20
25
30N
ov-0
4
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
OD P5: Sub-indice considerando coliformes
0
5
10
15
20
25
30
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
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-05
238
C-5: Evolução dos IQA da Temperatura, Omitindo o Índice dos Coliformes
Temperatura P1: Sub-indice omitindo coliformes
0123456789
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0123456789
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0123456789
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0123456789
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0123456789
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5
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-05
239
C-6: Evolução dos IQA da Temperatura, Considerando o Índice dos Coliformes
Temperatura P1: Sub-indice considerando coliformes
012345678
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Temperatura P7: Sub-indice considerando coliformes
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012345678
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-05
240
C-7: Evolução dos IQA da Condutividade, Omitindo o Índice dos Coliformes
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-04
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-05
241
C-8: Evolução dos IQA da Condutividade, Considerando o Índice dos Coliformes
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2,5N
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Nov
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-05
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C-9: Evolução dos IQA Relativos à CBO5, Omitindo o Índice dos Coliformes
CBO5 P1: Sub-indice omitindo coliformes
0
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C-10: Evolução dos IQA Relativos à CBO5, Considerando o Índice dos Coliformes
CBO5 P1: Sub-indice considerando coliformes
0
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-05
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0
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-05
CBO5 P2: Sub-indice considerando coliformes
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-05
244
C-11: Evolução dos IQA Relativos ao Azoto Amoniacal, Omitindo o Índice dos Coliformes
N-amoniacal P1: Sub-indice omitindo coliformes
02468
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P2: Sub-indice omitindo coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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05
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5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P3: Sub-indice omitindo coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
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05
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-05
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05
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-05
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5
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05
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5
Out
-05
N-amoniacal P4: Sub-indice omitindo coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
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-04
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Out
-05
N-amoniacal P5: Sub-indice omitindo coliformes
02468
101214161820
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-04
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Out
-05
N-amoniacal P6: Sub-indice omitindo coliformes
02468
101214161820
Nov
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5
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05
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5
Out
-05
N-amoniacal P7: Sub-indice omitindo coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
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05
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05
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5
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05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P8: Sub-indice omitindo coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
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Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
245
C-12: Evolução dos IQA Relativos ao Azoto Amoniacal, Considerando o Índice dos Coliformes
N-amoniacal P1: Sub-indice considerando coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
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05
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-05
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05
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5
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05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P2: Sub-indice considerando coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
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05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P3: Sub-indice considerando coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
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05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P4: Sub-indice considerando coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
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05
Mar
-05
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05
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-05
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05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P5: Sub-indice considerando coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
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05
Mar
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-05
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05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P6: Sub-indice considerando coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
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05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P7: Sub-indice considerando coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
N-amoniacal P8: Sub-indice considerando coliformes
02468
101214161820
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
246
C-13: Evolução dos IQA Relativos aos Coliformes Fecais
Coliformes fecais P1: Sub-indice
02468
10121416
Jan-
05
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05
Mar
-05
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05
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-05
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5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P2: Sub-indice
02468
10121416
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
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Jul-0
5
Ago-
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Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P3: Sub-indice
02468
10121416
Jan-
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Mar
-05
Abr-
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-05
Jun-
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Jul-0
5
Ago-
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Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P4: Sub-indice
02468
10121416
Jan-
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Fev-
05
Mar
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Abr-
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-05
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Jul-0
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Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P5: Sub-indice
02468
10121416
Jan-
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05
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Abr-
05
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05
Set-0
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Out
-05
Coliformes fecais P6: Sub-indice
02468
10121416
Jan-
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Abr-
05
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Jul-0
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Ago-
05
Set-0
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Out
-05
Coliformes fecais P7: Sub-indice
02468
10121416
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
Coliformes fecais P8: Sub-indice
02468
10121416
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
247
C-14: Evolução dos IQA Mensais Globais Omitindo os Valores dos Coliformes Fecais
IQA mensal P1
0102030405060708090
100N
ov-0
4
Dez
-04
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Abr-
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-05
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Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
IQA mensal P2
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
IQA mensal P3
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
IQA mensal P4
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
IQA mensal P5
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
IQA mensal P6
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
IQA mensal P7
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
Mai
-05
Jun-
05
Jul-0
5
Ago-
05
Set-0
5
Out
-05
IQA mensal P8
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
Mar
-05
Abr-
05
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-05
Jun-
05
Jul-0
5
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05
Set-0
5
Out
-05
248
C-15: Evolução dos IQA Trimestrais Globais Considerando os Valores dos Coliformes Fecais
IQA trimestral P1
0102030405060708090
100
Nov
-04
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-04
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05
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IQA trimestral P2
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
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05
IQA trimestral P3
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05IQA trimestral P4
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
IQA trimestral P5
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
IQA trimestral P6
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
IQA trimestral P7
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
IQA trimestral P8
0102030405060708090
100
Nov
-04
Dez
-04
Jan-
05
Fev-
05
249