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Diagramação: Antônio Neto. Revisão: Assis Nunes EDITORIAL No dia 19 de outubro foi realizada a Reunião Ordinária de nossa academia a primeira no novo horário de 16 horas e no endereço da Rua Santana Nº 202, Bairro de Casa Forte. Essa reunião foi a primeira sob a gestão da diretoria em- possada no mês de setembro. A presença de grande número de acadêmicos foi bastante festejada pelo presidente que destacou este sinal promissor na ocasião da abertura dos trabalhos. A tônica geral foi de aprovação ao mode- lo apresentado de realizar a reunião nos moldes de um sarau literário com os pre- sentes distribuídos em mesas e um servi- ço de chá servido no decorrer da apre- sentação dos textos literários. Melchiades Montenegro Filho Escritor, Poeta e Artista Plástico. Fone: (81) 986960041 @@@@@ Coloco a minha tristeza. Dentro de um saco vazio Coloco a minha tristeza Levo lá pro meio do rio Solto bem na correnteza Deixo que se vá boiando Até sumir fico olhando Pois quero ter a certeza. Antonio Neto REDATOR: Melchiades Montenegro. E-mail: Melchiades [email protected] Fone: (81) 986960041 ANO: 02 Outubro/2017 Nº 18 Autor: Melchiades Montenegro. HERANÇA DE UMA ERA O conjunto arquitetônico da cidade de Triunfo é o retrato de uma época marcada bela pujança de uma sólida economia baseada nas plantações de cana, fabricação de rapadura e no plantio e comércio do café e de frutas variadas. Pela sua altitude, clima ameno e chuvas regulares, o café arábico, de melhor qualidade que o café robusto, vicejava em toda Serra da Baixa Verde disputando o espaço agrícola com os canaviais e as fruteiras que também eram uma grande fonte de comercio. As rapaduras produzidas em Triunfo abasteciam todo o sertão nordestino, seu café era exportado ou absorvido pelas torrefações do Recife e suas frutas, principalmente as bananas e goiabas eram transformadas em doces em quase todas as grandes cidades do sertão e do agreste de Pernambuco e da Paraíba. As tradicionais famílias triunfenses, no final do século XIX e início do século XX, época descrita acima, rivalizavam-se na cons- trução de residências e casas de comércio, cada uma querendo suplantar a outra em rebuscamento das suas fachadas, surgindo daí um dos mais belos conjuntos arqui- tetônicos do Brasil. Herança de uma Era. Melchiades Montenegro

EDITORIAL · Marques, que representa o reconhecimento do trabalho personagens incorporados às paisagens e rotina e Olinda, tão cantados e versados, ainda têm o potencial,

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Page 1: EDITORIAL · Marques, que representa o reconhecimento do trabalho personagens incorporados às paisagens e rotina e Olinda, tão cantados e versados, ainda têm o potencial,

Diagramação: Antônio Neto. Revisão: Assis Nunes

EDITORIAL

No dia 19 de outubro foi realizada a Reunião Ordinária de nossa academia a primeira no novo horário de 16 horas e no endereço da Rua Santana Nº 202, Bairro de Casa Forte. Essa reunião foi a primeira sob a gestão da diretoria em-possada no mês de setembro. A presença de grande número de acadêmicos foi bastante festejada pelo presidente que destacou este sinal promissor na ocasião da abertura dos trabalhos. A tônica geral foi de aprovação ao mode-lo apresentado de realizar a reunião nos moldes de um sarau literário com os pre-sentes distribuídos em mesas e um servi-ço de chá servido no decorrer da apre-sentação dos textos literários. Melchiades Montenegro Filho Escritor, Poeta e Artista Plástico. Fone: (81) 986960041

@@@@@ Coloco a minha tristeza.

Dentro de um saco vazio Coloco a minha tristeza Levo lá pro meio do rio Solto bem na correnteza Deixo que se vá boiando Até sumir fico olhando Pois quero ter a certeza.

Antonio Neto

REDATOR: Melchiades Montenegro. E-mail: Melchiades [email protected] Fone: (81) 986960041

ANO: 02 Outubro/2017 Nº 18

Autor: Melchiades Montenegro. HERANÇA DE UMA ERA

O conjunto arquitetônico da cidade de Triunfo é o retrato de uma época marcada bela pujança de uma sólida economia baseada nas plantações de cana, fabricação de rapadura e no plantio e comércio do café e de frutas variadas.

Pela sua altitude, clima ameno e chuvas regulares, o café arábico, de melhor qualidade que o café robusto, vicejava em toda Serra da Baixa Verde disputando o espaço agrícola com os canaviais e as fruteiras que também eram uma grande fonte de comercio.

As rapaduras produzidas em Triunfo abasteciam todo o sertão nordestino, seu café era exportado ou absorvido pelas torrefações do Recife e suas frutas, principalmente as bananas e goiabas eram transformadas em doces em quase todas as grandes cidades do sertão e do agreste de Pernambuco e da Paraíba.

As tradicionais famílias triunfenses, no final do século XIX e início do século XX, época descrita acima, rivalizavam-se na cons-trução de residências e casas de comércio, cada uma querendo suplantar a outra em rebuscamento das suas fachadas, surgindo daí um dos mais belos conjuntos arqui-tetônicos do Brasil. Herança de uma Era.

Melchiades Montenegro

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Cariri Cangaço 2017 – Floresta e Nazaré do Pico.

Foi com muita emoção que participei, entre os

dias 12/15 de outubro do corrente ano, do encontro Cariri Cangaço.

Floresta, a Terra dos Tamarindos, torrão natal do meu avô paterno, Theophanes Ferraz Torres e da minha avó, sua esposa e prima, Amélia Leite Leal, foi o quartel general que recebeu, carinhosamente, os estudiosos e curiosos da temática cangaço.

O Cariri Cangaço, caríssimos amigos, da qual sou um dos conselheiros, já alcançou oito anos de franca atividade. Foram realizados 19 eventos, contabilizando-se 98 conferências, 45 mesas de debates, 70 visitas técnicas, com mais de 80 livros lançados. Chegando a cidade, fui convidado pelo primo Marco De Carmelita para participar de uma entrevista na Bodega, que estava inaugurando suas dependências. Em gostoso bate papo, filmado pela TV Floresta e regado por gostoso licor, preparado por Nivaldo Carvalho, demos início aos trabalhos. Com a mediação de Marcos De Carmelita, juntei-me aos escritores João de Souza Lima, Leonardo Gominho, Dênis Carvalho e o genealogista, Nivaldo Carvalho. Foi conversa para mais de uma hora!

Juntamente com a conselheira, Juliana Pereira, fizemos a apresentação oficial do Cariri Cangaço. Em seguida, falei, dentre outras coisas, sobre a importância do trabalho do meu avô; quando da implantação do prédio do antigo 3º Batalhão da Força Pública de Pernambuco, bem como, a abertura da estrada de rodagem Serra Talhada/Floresta, passando por Nazaré do Pico, fruto do prestígio dele perante o governo do Estado. Na oportunidade, entre lágrimas, fui contemplado com uma bela escultura, em papel machê, do artista plástico e

também conselheiro do Cariri Cangaço, Archimedes

Marques, que representa o reconhecimento do trabalho do bravo e lendário militar pernambucano.

No dia seguinte, dentre outros pontos de interesse histórico e cultural de Floresta, fomos até a Rua Theophanes Torres e em sua antiga e bela residência, hoje propriedade dos Valgueiros.

O terceiro dia foi dedicado à cidade de Nazaré do Pico, que estava comemorando 100 anos e é considerada a terra da resistência contra o banditismo rural. Uma terra de bravos homens, boa parte deles, parentes e compadres de Theophanes, que não se intimidaram com as peripécias de Lampião e foram seus mais perigosos inimigos.

Atenciosamente, Geraldo Ferraz.

Um conto de duas cidades

História do Recife e Olinda é feita de pioneirismo e fatos decisivos para Pernambuco e o Brasil. A história do Recife e de Olinda é a vitrine da grandeza pernambucana. Em quase cinco séculos de existência, as duas cidades acumulam episódios importantes para a formação brasileira e relevantes também em contexto mundial. Antes mesmo de ser considerado Patrimônio Mundial da Humanidade, Olinda já era nome de cometa. A capital do estado não fica atrás em questão de pioneirismo: foi o destino da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, há 95 anos. Em homenagem aos 480 anos do Recife e aos 482 anos de Olinda, comemorados neste domingo, o Diário revisita o passado em um guia dos segredos escondidos na memória dos cidadãos, em páginas de livros e nas paredes dos monumentos. O Recife é a capital mais antiga do país. A “Ribeira de Mar dos Arrecifes dos Navios” de Duarte Coelho e capital do Brasil Holandês comandado pelo Conde Maurício de Nassau esteve na vanguarda histórica em títulos e também feitos. É dela a primeira ponte de grande porte do país e também a primeira ponte pênsil (sustentada por cabos), erguida na Avenida Caxangá no século 19 e arrasada por uma enchente menos de 30 anos depois. Em um paralelo rápido com o presente, talvez seja até possível justificar a existência de tantas farmácias pela cidade. Há quem garanta que um dos estabelecimentos do gênero mais antigos do país é a Drogaria e Farmácia Conceição, que funcionou na antiga Rua da Cadeia (Bairro de Santo Antônio). Do céu à terra, Olinda também é sinônimo de pioneirismo e grandeza. Em novembro de 1710, o primeiro grito da república do país e das Américas foi dado no município, pelo sargento-mor Bernando Vieira de Melo - mais de um século depois, as cidades-irmãs seriam protagonistas na Revolução de 1817, responsável por transformar Per-nambuco numa república independente que durou 74 dias. A cidade patrimônio também foi referência no advento da modernidade, sendo a primeira do Norte e Nordeste a receber energia elétrica. Esses são alguns dos exemplos daquilo que se pode descobrir sobre as cidades-irmãs caminhando por suas ruas, lendo as placas turísticas, conversando com personagens incorporados às paisagens e rotinas. O Recife e Olinda, tão cantados e versados, ainda têm o potencial, aos mais de 400 anos de nascimento, de serem um mundo insólito aos seus habitantes.

Fonte: texto: Alice de Souza e Anamaria Nascimento | [email protected] Publicação: 11/03/2017 03:00

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Melchiades Montenegro Filho homenageado em Catende. Na sexta-feira próxima passada, 10 de novembro de 2017, o escritor, geógrafo, historiador e pes-quisador Melchiades Montenegro, filho ilustre de Catende, foi homenageado em sua terra natal, com a colocação de seu nome na biblioteca municipal da escola Athayde Accioly Lins, com o merecido título de:

“Biblioteca dos escritores de Pernambuco Melchiades Montenegro Filho”.

Melchiades Montenegro Filho

Pernambucano, nascido em 1942 na cidade de Catende, PE. Geógrafo com especialização em Solos e Aerofotogrametria, aposentado da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA. Escritor, Poeta e Artista Plástico, com inúmeros artigos, crônicas, contos, poemas e livros publicados. Presidente da Academia Recifense de Letras, Secretário Geral da Ordem do Mérito Literário Jorge de Albuquerque Coelho e Coordenador do Seminário de Historiologia Pernambucana da UBE, Acadêmico da Academia de Artes e Letras de Pernambuco - AALPE, da Academia de Letras, Artes de Ciências de Olinda – AALCO, da Academia Triunfense de Letras e Artes- ATLA e Presidente da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro – ALANE. Pernambucana de Letras em 2014. Autor das Aquarelas Iconográficas do Conjunto Arquitetônico de Triunfo – 2003. Ilustrador de vários livros científicos de literatura e de poemas como o de Haikai “O trajeto das Horas” e o infantil “A Chuva e a Árvore”. Produtor e ator do filme em Curta metragem – “TIRO NO PÉ” e do

documentário “NOVENTA ANOS DO CINE TEATRO GUARANY”. Trabalhos cartográficos publicados: “Mapa Turístico de Triunfo - PE” e Mapa Fisiográfico de Olinda – PE. Antologias: “Poetas do Século XXI”; “Os rios e seus poetas”; “Contos Inesquecíveis”; Contos e Crônicas Inesquecíveis; O planeta feito Quintal; Histórias Curtas; Agenda do Poeta – 2009; Panorama Literário Brasileiro – Os Melhores Contos de 2010; O Fim da Velhice; Sonetos Eternos; Contos de Outono; Antologia de 64 Poetas Brasileiros Contemporâneos; Antologia Brasileira Diamantes. Livros: “Memórias Seletivas – Infância”; “Memórias Seletivas – Juventude; “O Tempo e a Fé; “Espreitando o Paraíso”; 16 Poemas Musicados”; “Histórias que o Tempo Esqueceu e “Contos de Canções”; “Cesário”; “Feliciana” e ”A Grande Pedra do Céu”. “Responsável pelas colunas “Fatos Esquecidos da Nossa História” e Vultos Esquecidos da Nossa História” do Jornal Ponto de Encontro, Recife–PE e “Pernambuco Histórico” do Jornal da Editora Novo Horizonte. Prêmio Vânia Souto Carvalho/Ficção - da Academia Pernam-bucana de Letras em 2014.

CICATRIZ

* Djanira Silva

A noite vagarosa chega enquanto Ventos de agosto cantam sem parar Um réquiem de tristeza e o contracanto De uma saudade a se denunciar E nos acordes de tão triste canto Olhei me olhaste e sem poder falar Vi no teu rosto esquálido o espanto E um triste adeus gravado em teu olhar E assim os ventos gélidos de agosto Deixaram estranhas marcas no meu rosto E na minha alma funda cicatriz Agora enfrento a dor sempre sorrindo Enquanto sofro por estar fingindo Os outros pensam que eu sou feliz *Djanira Silva é escritora, poetisa e contista.

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TOBIAS BARRETO DE MENESES Nasceu na vila de Campos, atual Tobias Barreto no o estado de Sergipe, a 7 de junho de 1839, e faleceu o Recife, aos 26 de junho de 1889. Concluiu o Curso Secundário na capital pernambucana, onde se fez Bacharel, doutor e lente da Faculdade de Direito. Foi renovador, deixando de sua passagem a chama-a-da Escola do Recife. Jurista advogado, filósofo, hu- manista, latinista, alemanista, jornalista, polemista e poeta. Sua obra, publicada postumamente, consta de vários livros, entre eles um de versos – “Dias e noites”.

À VISTA DO RECIFE

É a cidade valente Brio da altiva nação, Soberba, ilustre, candente. Como uma imensa explosão: De pedra, ferro e bravura, De aurora, de formosura, De glória, fogo e loucura... Quem é que lhe põe a mão? Mágoas têm que estão guardadas, Quando as vingar é sem dó! Raça das Romãs tombadas, Das Babilônias em pó, Quer ter louros que reparta; Vencer, morrer não farta... Grande, d’ altura de Sparta, Afronta o mundo ela só!... Estremecida, rodente, Como que espera alguém. Ouves um som de torrente? É a grandeza que vem ... Teu hálito alimpa os ares, Por cima do azul dos mares Prolongam-se os teus olhares, Que vão namorar além... Sejam meus votos aceitos, Dá-me ver tuas ações, Dá-me sugar esses peitos Que amamentaram leões... Saíste nua das matas, Não temes, não te recatas; Contra a frota dos piratas Açula os teus aquilhões...

Memórias do Recife.

Avenida Boa Viagem – anos 50.

Avenida Caxangá – 1940.

Poço da Panela. 1847.

F I M