Upload
ufsc
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Espacios. Vol. 35 (NĀŗ 7) AƱo 2014. PĆ”g. 11
O processo de geraĆ§Ć£o de ideias para inovaĆ§Ć£o: estudo de casoem uma empresa nĆ”utica
The process of generating ideas for innovation: case study on a nauticalcompany
PatrĆcia Fernanda DOROW 1; JoĆ£o Artur de SOUZA 2; Gertrudes Aparecida DANDOLINI 3
Recibido: 23/04/14 ā¢ Aprobado: 18/06/14
Contenido
1. IntroduĆ§Ć£o
2. InovaĆ§Ć£o
3. GeraĆ§Ć£o de ideias
4. Procedimentos metodolĆ³gicos
5. Resultados
6. ConclusƵes
ReferĆŖnces
RESUMO:O trabalho tem como objetivo analisar o processo de geraĆ§Ć£o de
ideias em uma empresa que realiza inovaƧƵes. Para tanto, foi
realizado um estudo de caso onde foram coletados dados de
entrevistas com 7 (sete) indivĆduos da organizaĆ§Ć£o. O
instrumento de pesquisa utilizado foi a entrevista semi-
estruturada. Os dados obtidos nas entrevistas foram
submetidos Ć tĆ©cnica de anĆ”lise de conteĆŗdo. As informaƧƵes
coletadas possibilitam caracterizar o processo de geraĆ§Ć£o de
ideias utilizado pela empresa, assim como, comparar os
modelos presentes na literatura. Como resultado, sugere-se sua
aplicaĆ§Ć£o em outras empresas possibilitando obter algum tipo
de novo modelo futuro. Conclui-se que para a geraĆ§Ć£o de ideias
Ć© preciso a imersĆ£o em profundidade nos problemas e nas
pessoas, anĆ”lise e sĆntese dos dados gerados, seguido da ideaĆ§Ć£o
que consistem em atividades colaborativas resultando em ideias
inovadoras e finalmente a prototipaĆ§Ć£o que consiste na seleĆ§Ć£o
de ideias e validaĆ§Ć£o atravĆ©s de protĆ³tipos.
Palavras-chave: InovaĆ§Ć£o. GeraĆ§Ć£o de ideias. Conhecimento.
ABSTRACT:The paper aims to analyze the process of generating ideas in a
company that conducts innovations. To this end, a case
study where data from interviews with seven (7) individuals
in the organization were collected was performed. The survey
instrument used was a semi - structured interview. The data
obtained from the interviews were subjected to content
analysis technique. The information collected enables to
characterize the process of generating ideas used by the
company, as well as compare the models in the literature. As
a result, we suggest its application in other companies the
possibility to obtain some sort of new future model. It is
concluded that for the generation of ideas is necessary
immersion in depth the problems and the people , analysis
and synthesis of data generated , followed by ideation
consisting of collaborative activities resulting in innovative
and ultimately prototyping ideas that consists of selecting
ideas through prototyping and validation .
Key-words: Innovation. Generating ideas. Knowledge.
1. IntroduĆ§Ć£o
O contexto atual nas organizaƧƵes se caracteriza por mudanƧas dinĆ¢micas, seja no ambiente dos
mercados, seja nas tecnologias ou nos modelos das organizaƧƵes, bem como na substituiĆ§Ć£o de novasrotinas mais apropriadas para lidar com um ambiente em contĆnua transformaĆ§Ć£o. Ou seja, uma empresapara conseguir se adaptar a esse meio dinĆ¢mico necessita inovar (QUELHAS, MESQUITA, 2007).
O estudo da inovaĆ§Ć£o ganhou muita notoriedade a partir da dĆ©cada de 80 quando as empresasperceberam que a inovaĆ§Ć£o estava diretamente ligada ao futuro do negĆ³cio (BESSANT e outros, 2005).Segundo Brun, Saetre, Gjelsvik (2009) o processo de inovaĆ§Ć£o vem acompanhado de muitas incertezas ea falta de procedimentos bem definidos pode levar todos os empenhos ao fracasso. Neste sentido, a
inovaĆ§Ć£o passou a fazer parte da pauta das empresas, da estratĆ©gia de negĆ³cio e neste sentido, tem
recebido mais atenĆ§Ć£o tanto das organizaƧƵes quanto da academia.
Em 1991, Smith e Reinertsen propuseram uma nova forma de visualizar o processo de inovaĆ§Ć£o. Elesdividiram o processo de inovaĆ§Ć£o em trĆŖs estĆ”gios: front end da inovaĆ§Ć£o (FEI), desenvolvimento denovos produtos e comercializaĆ§Ć£o. Antes da contribuiĆ§Ć£o de Smith e Reinertsen (1991), o subprocessofront end da inovaĆ§Ć£o jĆ” era estudado (por exemplo, BOOZ, ALLEN, HAMILTON, 1982, COOPER,1988).
O foco deste artigo estĆ” no primeiro subprocesso do processo de inovaĆ§Ć£o, o FEI, ele representa as
atividades constantes antes do desenvolvimento e aprovaĆ§Ć£o de um conceito inovador, compreendedesde a identificaĆ§Ć£o de uma oportunidade ou geraĆ§Ć£o de uma ideia atĆ© a formaĆ§Ć£o de um conceito parao desenvolvimento. Este estĆ”gio geralmente envolve processos imprecisos e decisƵes ad hoc.
JĆ” o desenvolvimento de novos produtos consiste em uma sequĆŖncia de processamentos de informaƧƵesinter-relacionados, que transforma os dados originais do mercado, conhecimento das oportunidadestecnolĆ³gicas e as ideias sobre novos produtos em informaƧƵes necessĆ”rias para sua produĆ§Ć£o e posteriorcomercializaĆ§Ć£o.
Desses subprocessos, verifica-se que muito foi avanƧado em relaĆ§Ć£o ao desenvolvimento e acomercializaĆ§Ć£o, porĆ©m, os estudos relativos Ć primeira fase, mais especificamente geraĆ§Ć£o de ideias,somente agora tĆŖm recebido atenĆ§Ć£o tanto das organizaƧƵes quanto da academia (AAGAARD,GERTSEN, 2011). Alam (2006) jĆ” identificava uma escassez de pesquisas empĆricas nessa Ć”rea.Segundo Koen e outros (2001), o FEI apresenta incertezas que conjuntamente ao processo de inovaĆ§Ć£odetermina as maiores fraquezas e o posterior sucesso da inovaĆ§Ć£o. Ou seja, conclusƵes existentes indicamque a melhoria do FEI tem o maior potencial para melhorar a inovaĆ§Ć£o com o mĆnimo de esforƧo(NOBELIUS, TRYGG, 2002, PERTTULA, 2004, BACKMAN, BĆRJESSON, SETTERBERG, 2007,WILLIAMS, KOCHHAR, TENNANT, 2007, AAGAARD, GERTSEN, 2011). Assim, este estudoempĆrico tem como objetivo contribuir para o esclarecimento do processo de inovaĆ§Ć£o, principalmente naĆ”rea de geraĆ§Ć£o de ideias.
Para a pesquisa foi realizado um estudo de caso de natureza qualitativa, a fim de entender o processo degeraĆ§Ć£o de ideias em uma organizaĆ§Ć£o. A escolha da empresa deveu-se a trĆŖs aspectos: a) acessibilidadeĆ empresa, localizada em Santa Catarina; b) grande crescimento em um curto perĆodo de tempo,inovaƧƵes disponibilizadas no mercado nĆ”utico brasileiro; c) inovaĆ§Ć£o (barco) de maior sucesso comercialdo setor nĆ”utico nacional. A empresa gera em mĆ©dia 858 empregos diretos, possui duas fĆ”bricas em SCe registrou um faturamento de cerca de 200 milhƵes de reais em 2012.
O modelo escolhido para a pesquisa foi o modelo de Koen e outros (2001) chamado New ConceptDevelopment (NCD) dentre vĆ”rios outros modelos como Flynn (2003), Crawford e Benedetto (2006), aescolha desse modelo se deu devido as semelhanƧas encontradas entre esse modelo e o modelo nĆ£oformal da empresa.
O presente artigo estĆ” estruturado da seguinte forma: inicialmente, na introduĆ§Ć£o, foram apresentados osconceitos bĆ”sicos sobre inovaĆ§Ć£o, FEI, objetivo geral do artigo e justificativa. Em seguida Ć© realizada arevisĆ£o de literatura sobre inovaĆ§Ć£o e geraĆ§Ć£o de ideias. ApĆ³s, Ć© detalhada a metodologia utilizada napesquisa. Em seguida sĆ£o apresentados os resultados obtidos seguido da interpretaĆ§Ć£o e discussĆ£o.Finalmente, sĆ£o apresentadas as conclusƵes.
2. InovaĆ§Ć£o
A capacidade de gerar e incorporar inovaƧƵes vĆŖm sendo considerada, mais do que nunca, primordialpara que as empresas se tornem competitivas. Nesse sentido, Flynn e outros (2003) apontam que o
processo pelo qual as organizaƧƵes alcanƧam essas melhorias Ć© por meio da inovaĆ§Ć£o. A inovaĆ§Ć£o se
refere ao processo de criar ideias e colocĆ”-las em prĆ”tica. Pode ser tambĆ©m definida como fazer maiscom menos recursos, pois permite ganhos de eficiĆŖncia em processos, sejam eles produtivos,administrativos, financeiros ou mesmo na prestaĆ§Ć£o de serviƧos (OCDE, 2005).
Segundo Tidd, Bessant e Pavitt (2008, p. 32) "a inovaĆ§Ć£o estĆ” nos olhos de quem vĆŖ". Ou seja, mesmoque uma tecnologia jĆ” seja utilizada pelo mercado a partir do momento que a empresa passa a utilizar essatecnologia ela se torna uma inovaĆ§Ć£o para a empresa.
O termo "inovaĆ§Ć£o" jĆ” foi listado com pelo menos dezoito definiƧƵes diferentes (Hauschildt, 2004).Segundo o Manual de Oslo (2005), inovaĆ§Ć£o Ć© a implementaĆ§Ć£o de um produto (bem ou serviƧo) novoou significativamente melhorado, ou mesmo um novo processo, mĆ©todo de marketing, ou mĆ©todoorganizacional nas prĆ”ticas de negĆ³cios na organizaĆ§Ć£o do local de trabalho ou nas relaƧƵes externas.Dessa forma, uma inovaĆ§Ć£o refere-se a uma ideia, processo, serviƧo ou produto que chega ao mercado epode ser um pouco ou totalmente diferente a ponto de mudar um paradigma (OCDE, 2005).
Para entender melhor esse processo, Koen e outros(2001) propuseram um modelo para proporcionaruma linguagem comum e insights sobre as atividades do FEI. O modelo contĆ©m trĆŖs partes principais: omotor, localizado no centro, os fatores de influĆŖncia, uma camada externa que engloba e relaciona todasas outras partes e a Ć”rea interior com cinco elementos, onde estĆ” a geraĆ§Ć£o de ideias. Na Figura 1 estĆ”ilustrado o modelo e suas partes, neste modelo as entradas podem ser ideias/oportunidades e a saĆda umnovo conceito para o desenvolvimento de novos produtos (NCD).
Observa-se no modelo que o motor move e dinamiza as atividades do FEI, formado pela lideranƧa,cultura e estratĆ©gias de negĆ³cio, ou seja, o suporte da alta gestĆ£o. AlĆ©m disso, os fatores de influĆŖnciaafetam as decisƵes e, sĆ£o representados pelas capacidades organizacionais, o ambiente externo
(fornecedores/canais de distribuiĆ§Ć£o, clientes, concorrentes) e os avanƧos da ciĆŖncia e da tecnologia queserĆ£o utilizados (KOEN e outros 2001).
Figura 1- Modelo de front-end da inovaĆ§Ć£o
Fonte: KOEN et al (2001, p. 47)
Esse modelo apresenta uma forma interativa e nĆ£o sequencial entre os elementos, conforme indicado pelas
setas que mostram o movimento. Os autores definem o FEI como sendo as atividades que ocorrem antesdo produto formal e reforƧam a ideia de que essa etapa Ć©, muitas vezes, caĆ³tica imprevisĆvel e nĆ£o
estruturada.
O motor Ʃ a parte que dirige os cinco elementos do front end e Ʃ abastecido pela lideranƧa e a cultura da
organizaĆ§Ć£o (KOEN e outros 2001). JĆ” os fatores de influĆŖncia, ou o ambiente na periferia, consistem decapacidades organizacionais, estratĆ©gia de negĆ³cios, o mundo exterior (por exemplo, canais de
distribuiĆ§Ć£o, clientes e concorrentes), e a habilidade da ciĆŖncia que serĆ” utilizada. Esses mesmos fatores de
influĆŖncia afetam o processo de inovaĆ§Ć£o como um todo, incluindo o FEI, o Desenvolvimento e aComercializaĆ§Ć£o (KOEN e outros 2001). JĆ” os elementos do modelo NCD sĆ£o: identificaĆ§Ć£o de
oportunidade; anĆ”lise da oportunidade; geraĆ§Ć£o e aperfeiƧoamento de ideias; seleĆ§Ć£o de ideias;desenvolvimento do conceito e da tecnologia. Na geraĆ§Ć£o de ideias sĆ£o concebidos novos conceitos para
um novo mercado, tecnologia, produto ou processo. Ć o nascimento, desenvolvimento e maturaĆ§Ć£o deuma oportunidade em uma ideia concreta. Ela representa um processo evolutivo em que as ideias sĆ£o
construĆdas, destruĆdas, combinadas, modificadas e atualizadas (KOEN e outros 2001).
3. GeraĆ§Ć£o de ideias
A geraĆ§Ć£o de ideias Ć© caracterizada pela evoluĆ§Ć£o iterativa da ideia, por meio da criaĆ§Ć£o, combinaĆ§Ć£o,
modificaĆ§Ć£o, atualizaĆ§Ć£o, ou seja, seu refinamento (KOEN e outros, 2002). TĆ©cnicas de criatividade (por
exemplo, os seis chapĆ©us do pensamento, modelos mentais, entre outras) e o contato com os clientes,assim como a participaĆ§Ć£o de diferentes perfis de pessoas, auxiliam na geraĆ§Ć£o de novas ideias.
Para Bjƶrk e Magnusson (2009) quanto maior e mais diversificado o nĆŗmero de pessoas envolvidas noprocesso de geraĆ§Ć£o de ideias melhor serĆ” a qualidade das ideias, ou seja, a visĆ£o de Ć”reas distintas
ajudam no processo de formulaĆ§Ć£o de uma ideia. Dessa forma, a gerĆŖncia deve incentivar os funcionĆ”riosa trabalharem em equipe dentro da organizaĆ§Ć£o para compartilhar seus conhecimentos e suas ideias.
Segundo Blohm e outros (2011), a maioria das inovaƧƵes nĆ£o Ć© resultado de um Ćŗnico inventor, mas sim
da interaĆ§Ć£o de diversas pessoas que convergem seus conhecimentos e experiĆŖncias. Na maioria dasvezes, o que leva ao surgimento de uma ideia pode ser um problema, uma necessidade ou uma
oportunidade relacionada Ć produĆ§Ć£o e comercializaĆ§Ć£o de bens e serviƧos (BAREGHEH, ROWLEY,SAMBROOK, 2009).
Existem na literatura, vĆ”rios modelos para geraĆ§Ć£o de ideias e a escolha por cada um depende de
caracterĆsticas especĆficas de cada empresa. A seguir apresenta-se uma breve descriĆ§Ć£o de oito modelos:
Cooper (1993): O modelo Stage Gate, possui estƔgios e portƵes por onde as ideias devem passar
e onde sĆ£o enriquecidas. O modelo inicial se apresenta bem linear e preconizava a disciplina ao
longo de todo processo. Ao longo dos anos ele foi aprimorando seu modelo que sofreu evoluƧƵesimportantes (por exemplo, COOPER, 2008, COOPER; 2011), porƩm, mantƩm sua forma inicial
baseada no conceito de estƔgios e portƵes.Koen e outros (2001): Ʃ um modelo interativo, possui um motor que Ʃ nutrido pela lideranƧa e
cultura da organizaĆ§Ć£o e impulsiona os cinco elementos do modelo: geraĆ§Ć£o de ideias, seleĆ§Ć£o deideias, anĆ”lise de oportunidade, identificaĆ§Ć£o de oportunidades e desenvolvimento do conceito e
tecnologia. Possui um formato circular para sugerir que as ideias devem fluir e interagir entre oscinco elementos.
Nobelius e Tryg (2002): destaca a importĆ¢ncia da declaraĆ§Ć£o da missĆ£o, antes que o projeto inicie.Os autores enfatizam o perigo de dar ĆŖnfase a uma atividade, deixando de lado as outras. Nesse
modelo cada projeto tem sua prĆ³pria rota.Flynn (2003): o autor criou uma metodologia para gestĆ£o das ideias, com um software chamado
"creations". Toda a infraestrutura do modelo Ć© voltada a criatividade.
Crawford e Benedeto (2006): o modelo trabalha a relaĆ§Ć£o entre mercado e tecnologia de formainterativa. Tem foco em produto (serviƧo) e tambĆ©m sugere a utilizaĆ§Ć£o de gates como Cooper.
Whitney (2007): organiza um conjunto de ferramentas para serem utilizadas no processo deinovaĆ§Ć£o. Ć interativo e possui um feedback que ajuda a equilibrar e controlar todo processo.
Brem e Voitg (2009): o modelo divide o processo de inovaĆ§Ć£o em trĆŖs fases: geraĆ§Ć£o de ideias,
aceitaĆ§Ć£o da ideia e realizaĆ§Ć£o da ideia. Os autores criaram o tĆŗnel de ideias que se baseou no funilde desenvolvimento. Ć um modelo construĆdo com base em dados empĆricos.
Verworn (2009): o autor criou um modelo linear, com foco em produto. Seu modelo consideraaspectos comportamentais. Indica que a visĆ£o da equipe deve ser definida inicialmente e enfatiza a
comunicaĆ§Ć£o durante todo processo.
Na anĆ”lise dos modelos, existe uma predominĆ¢ncia por modelos teĆ³ricos, apenas um destes foidesenvolvido a partir de dados empĆricos (BREM, VOIGT, 2009). A maioria dos modelos apresenta
como foco o desenvolvimento de bens, ao contrĆ”rio dos modelos de desenvolvimento relacionados aosdemais tipos de inovaĆ§Ć£o (serviƧo, processo, marketing organizacional).
A maioria dos modelos encontrados na literatura nĆ£o apresentam uma percepĆ§Ć£o consistente sobre o
assunto, identificando e analisando as variĆ”veis presentes no processo. Da mesma forma, poucos fazemuma comparaĆ§Ć£o da teoria com a prĆ”tica no que tange ao processo de gestĆ£o de ideias. Na maioria dos
modelos, a gestĆ£o de ideias Ć© representada pela atividade de geraĆ§Ć£o de ideias.
4. Procedimentos metodolĆ³gicos
Como mĆ©todo de pesquisa, foi utilizado o estudo de caso Ćŗnico, sendo abordado uma empresa localizada
na RegiĆ£o Sul do Estado de SC. A empresa pesquisada estĆ” hĆ” vinte e dois anos no mercado e temconseguido sucesso e ganha espaƧo por meio de suas inovaƧƵes, o que permite que, hoje, seja referĆŖncia
internacional em luxo, conforto, tecnologia e seguranƧa (ACOBAR, 2012). Trabalha com um pĆŗblicoexigente e um mercado de alto padrĆ£o; como seus produtos nĆ£o sĆ£o baratos, se ela errar em seu
processo de inovaĆ§Ć£o, pode perder muito dinheiro, podendo trazer inclusive problemas de sustentaĆ§Ć£o
financeira.
A escolha da empresa deveu-se a trĆŖs aspectos: a) acessibilidade Ć empresa, localizada em Santa
Catarina; b) grande crescimento em um curto perĆodo, devido a inovaƧƵes disponibilizadas nomercado nĆ”utico brasileiro; c) inovaĆ§Ć£o (barco) de maior sucesso comercial do setor nĆ”utico
nacional.
Para a coleta de dados foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas e a anĆ”lise foi realizada por meio datĆ©cnica de anĆ”lise de conteĆŗdo (Bardin, 2011). Segundo Bardin (2011, p. 51):
O propĆ³sito a atingir Ć© o armazenamento sob uma forma variĆ”vel e a facilitaĆ§Ć£o do acesso ao
observador, de tal forma que esse obtenha o mĆ”ximo de informaĆ§Ć£o com o mĆ”ximo de pertinĆŖncia.
A coleta e anĆ”lise dos dados compreendeu seis etapas: primeiro a anĆ”lise da literatura, segundo aelaboraĆ§Ć£o de um roteiro para a realizaĆ§Ć£o das entrevistas, o qual foi construĆdo de acordo com a
literatura e revisado por especialistas, este era composto de duas partes: a primeira parte dasperguntas foi em relaĆ§Ć£o ao processo de inovaĆ§Ć£o de forma mais genĆ©rica, e depois foram feitas
perguntas aprofundadas sobre o processo de geraĆ§Ć£o de ideias. A terceira etapa foi a realizaĆ§Ć£o das entrevistas semi-estruturadas com cinco gerentes dos
seguintes setores: marcenaria, produĆ§Ć£o estofaria, manutenĆ§Ć£o e comercial; a quarta foi acompilaĆ§Ć£o e anĆ”lise das entrevistas utilizando a tĆ©cnica de anĆ”lise de conteĆŗdo de Bardin (2011); a
quinta etapa contemplou a verificaĆ§Ć£o dos resultados da anĆ”lise anterior pela alta gerĆŖncia que
incluiu mais duas entrevistas com o presidente e o diretor da empresa; a sexta etapa refere-se aanĆ”lise dos resultados que serĆ£o apresentados posteriormente.
5. Resultados
Os resultados que serĆ£o apresentados a seguir derivam da anĆ”lise realizada de acordo com uma lente
teĆ³rica que avaliou todo material coletado durante as entrevistas. A primeira parte das perguntas foi em
relaĆ§Ć£o ao processo de inovaĆ§Ć£o de forma mais genĆ©rica, e na sequĆŖncia foram feitas perguntas mais
especĆficas sobre o processo de geraĆ§Ć£o de ideias.
As inovaƧƵes ocorridas na empresa foram na maioria inovaƧƵes de processo, em segundo lugar, inovaĆ§Ć£o
de produto, e em Ćŗltimo lugar a inovaĆ§Ć£o de mĆ©todos organizacionais. Segundo Tidd, Bessant e Pavitt
(2008), muitas vezes, torna-se complicado identificar o tipo de inovaĆ§Ć£o, jĆ” que essa divisĆ£o, Ć s vezes,nĆ£o Ć© visĆvel. Outra caracterĆstica encontrada foi que a maioria das inovaƧƵes ocorridas na empresa foram
incrementais, ou seja, melhorias em produtos/processos/mƩtodos organizacionais, baseado em tecnologias
e mercados jĆ” existentes (REID, BRETANI, 2004).
Em relaĆ§Ć£o Ć organizaĆ§Ć£o do processo de inovaĆ§Ć£o, Ć© possĆvel notar que ele Ć© dividido de forma
semelhante por Khurana e Rosenthal (1997). Os autores dividem o modelo em trĆŖs fases. PrĆ©-fase zero;
fase zero; fase um. Na prĆ©-fase zero, ocorre segundo os autores, a identificaĆ§Ć£o preliminar de
oportunidade por meio da anĆ”lise do mercado e da tecnologia. Na fase zero, Ć© definido o conceito deproduto. Finalmente, na fase um, a empresa realiza a definiĆ§Ć£o do produto e planeja o seu projeto.
Ainda, segundo Khurana e Rosenthal (1997, p. 106) caso a oportunidade recƩm-definida tenha valor para
exploraĆ§Ć£o, entra-se na "fase zero", que Ć© quando a empresa atribui um pequeno grupo, Ć s vezes incluindofornecedores, para trabalhar em conjunto sobre o conceito e definiĆ§Ć£o do produto". Essa fase zero Ć©
identificada quando o diretor da empresa explica que "existe uma equipe entre os gerentes que Ć©
selecionada pela direĆ§Ć£o para fazer esse novo produto".
Na "fase um", a empresa avalia a viabilidade comercial e tƩcnica do novo produto e faz o planejamento do
desenvolvimento do novo produto. A fase um na empresa acontece assim que o desenho do produto estĆ”
pronto, como se observa na fala a seguir: "a partir daĆ comeƧam as reuniƵes formais para o lanƧamento
desse produto, sĆ³ aĆ comeƧa a parte formal com reuniƵes e cronograma de elaboraĆ§Ć£o dos projetos,colocaĆ§Ć£o na linha de produĆ§Ć£o, desenvolvimento do produto, corte das formas, tudo sincronizado para
que se consiga ir montando o produto, com listas de tarefas para que se alcance o objetivo".
A geraĆ§Ć£o de ideias na empresa estudada acontece tambĆ©m de forma desarticulada e inconstante, comoapontam Murphy e Kumar (1997, p. 32): "ele Ć©, Ć s vezes, caĆ³tico, imprevisĆvel, e nĆ£o estruturado". Isso Ć©
evidenciado pela fala do diretor:
SĆ£o muitas as mudanƧas antes da ideia virar um desenho para a
linha de produĆ§Ć£o, Ć© impossĆvel controlar as atividades que existem
durante esse caminho, pois, de acordo com cada inovaĆ§Ć£o, elas
mudam. Isso seria resolvido por um encontro formal, onde todos
soubessem o que estĆ” sendo feito, nĆ³s temos essa noĆ§Ć£o, o que nĆ£o
temos hoje Ć© tempo para isso.
Segundo Boeddrich (2004, p. 274), "as primeiras fases do processo de inovaĆ§Ć£o tem que ser estruturadas
de forma sistemƔtica". De acordo com a teoria da tomada de decisƵes, desenvolver ideias embrionƔriasiniciais em propostas de projetos viƔveis de forma sistemƔtica reduz a incerteza (BOEDDRICH, 2004).
PorĆ©m, a empresa, Ć s vezes, nĆ£o consegue realizar esse processo por falta de tempo. Conforme fala do
presidente "em alguns casos nĆ£o Ć© possĆvel realizar um planejamento adequado. Por exemplo, quando a
necessidade vem da assistĆŖncia tĆ©cnica, nĆ£o existe tempo para planejamento".
Em relaĆ§Ć£o Ć captaĆ§Ć£o de ideias para o processo de inovaĆ§Ć£o, a empresa conta com pessoas especĆficas
que estĆ£o totalmente dedicadas Ć criaĆ§Ć£o de novas ideias, que sĆ£o as Ć”reas de engenharia e qualidade.
Segundo Cooper, Edgett e Kleinschmidt (2002) e McAdam e Leonard (2004), as ideias podem estar emqualquer lugar, dentro ou fora da organizaĆ§Ć£o. Perttula (2004) afirma que a inovaĆ§Ć£o deve ser intencional
e apoiada pelos processos da empresa.
NĆ£o existe um modelo de geraĆ§Ć£o de ideias adequado para todas as situaƧƵes, podendo variar de acordo
com o tipo de projeto e a situaĆ§Ć£o geral da organizaĆ§Ć£o. PorĆ©m, foi possĆvel identificar que o modelo deKoen e outros (2001) Ć© o que mais se assemelha ao modelo utilizado pela empresa pois, ele contempla o
maior nĆŗmero de caracterĆsticas identificadas na empresa.
Referente a essas semelhanƧas, primeiramente identificou-se no modelo nĆ£o formal utilizado pela empresauma interatividade presente entre as atividades que permeiam o processo de geraĆ§Ć£o de ideias, conforme
descrito em Koen e outros (2001). O inĆcio do processo tambĆ©m comeƧa com a identificaĆ§Ć£o de uma
oportunidade, ou pela geraĆ§Ć£o de uma ideia como em Koen e outros (2001).
Apresenta apenas uma saĆda, que seria o conceito finalizado para posterior desenvolvimento da mesma
forma que Koen e outros (2001). Esse ponto Ć© a ligaĆ§Ć£o com o processo de desenvolvimento formal, pois
atĆ© entĆ£o as reuniƵes sĆ£o apenas informais. A anĆ”lise de oportunidades na empresa Ć© realizada por grupos
especĆficos, que sĆ£o a engenharia e a qualidade, isso Ć© preconizado da mesma forma por Koen e outros(2001), que indica: grupos de discussĆ£o, estudos de mercado e/ou experimentos cientĆficos.
Existe uma interaĆ§Ć£o com os elementos, e estes sĆ£o influenciados pelos fatores de mercado que, no casoda empresa, seria o mercado nĆ”utico. O motor (lideranƧa e cultura) impulsiona todo o processo. Como
evidenciado na fala do diretor: "existe uma lideranƧa muito forte dentro da empresa, entĆ£o o empenho das
pessoas Ć© maior quando elas estĆ£o fazendo um projeto novo, elas tambĆ©m se entusiasmam fazendo isso e
elas sabem aonde elas precisam chegar". A cultura foi identificada na fala dos gerentes como muito
presente, segundo o gerente de marcenaria, "quando temos que terminar um projeto e o prazo estĆ” curtonĆ³s ficamos atĆ© a hora que precisar, vestimos a camisa e todos se empenham ao mĆ”ximo para cumprir o
prazo estipulado". PorĆ©m, a cultura, Ć s vezes, tambĆ©m prejudica o processo, segundo a fala do gerente de
estofaria "um dos maiores entraves que temos hoje na empresa Ć© o fator comportamental, a cultura das
pessoas que muitas vezes dificulta o processo, muitas vezes, a gente nĆ£o consegue implantar algo do jeitoque se quer por causa desse fator cultural, sĆ£o pessoas com baixa formaĆ§Ć£o que nĆ£o querem mudar".
Nessa direĆ§Ć£o, Flynn e outros (2003, p. 421) indicam que "a gestĆ£o da experiĆŖncia, do pensamento
criativo e da motivaĆ§Ć£o podem aumentar a capacidade criativa de uma organizaĆ§Ć£o por meio do
desenvolvimento de uma cultura inovadora."
O estudo tambĆ©m indica que cada atividade pertencente a geraĆ§Ć£o de ideias pode ser exercida de maneira
diferente, de acordo com a realidade da empresa. NĆ£o basta ter boas ideias, Ć© preciso ter espaƧo fĆsico
apropriado, fornecer treinamentos adequados, contratar mĆ£o de obra qualificada e destinar tempo eorƧamento para seguir com o processo de desenvolvimento dessas ideias.
Quanto Ć s formas como as ideias entram no processo de inovaĆ§Ć£o, a anĆ”lise realizada demonstra que
existem fontes internas e externas de ideias. Com relaĆ§Ć£o Ć s fontes externas, foi possĆvel verificar que aopiniĆ£o dos clientes, os fornecedores, a assistĆŖncia tĆ©cnica, as pesquisas e a concorrĆŖncia sĆ£o
responsĆ”veis por trazer a maioria das ideias. O processo de captaĆ§Ć£o de novas ideias utilizado pela
empresa estĆ” fortemente ligado Ć observaĆ§Ć£o dos concorrentes, seja por meio da participaĆ§Ć£o em feiras,
eventos nĆ”uticos, ou viagens ao exterior para conhecer os produtos que sĆ£o novidades no mercadonĆ”utico internacional. JĆ” com relaĆ§Ć£o Ć s fontes internas, foram citados o desenvolvimento que compreende
a engenharia, a direĆ§Ć£o e o setor de qualidade. Consideram-se as sugestƵes dos colaboradores, sendo
esses tanto o chĆ£o de fĆ”brica, quanto os gerentes das Ć”reas.
Com uma anĆ”lise geral, foi possĆvel constatar que os gerentes percebem a necessidade de um modelo
formal de inovaĆ§Ć£o, inclusive a empresa nĆ£o evidencia a existĆŖncia de ferramenta para o registro das ideias
o que segundo o gerente de produĆ§Ć£o atrapalha o processo "como nĆ³s nĆ£o temos uma forma de gravaĆ§Ć£o
das ideias, quando temos uma boa ideia, mas ela nĆ£o pode ser realizada por algum motivo, ela Ć© excluĆdae, Ć s vezes, a gente poderia trabalhar ela no futuro, mas nem lembra mais o que era". Segundo Cooper
(2002), todas as ideias rejeitadas devem ser armazenadas em um banco de ideias. Isso garante que as
boas ideias, que ainda nĆ£o estĆ£o prontas, nĆ£o sejam perdidas, ficando elas susceptĆveis a sugestƵes de
melhorias pelos prĆ³prios funcionĆ”rios.
Quanto aos processos formais para geraĆ§Ć£o de ideias, a empresa nĆ£o utiliza nenhuma das tĆ©cnicas formaiscitadas por Koen e outros (2001), Nagle, Westerski e Iglesias (2011), como sessƵes com grupos,
brainstorming, entre outros.
NĆ£o se identificou mĆ©tricas nem formalidades definidas para a seleĆ§Ć£o da ideia na empresa, elas variam deacordo com cada caso especĆfico, ao contrĆ”rio do preconizado por Koen e outros (2001), que garante
que esta Ć© uma atividade crĆtica, porĆ©m, ela pode ser simples, se formalizada como um mĆ©todo de
portfĆ³lio prescrito.
A cada novo projeto de desenvolvimento, a empresa comunica os funcionƔrios sobre sua estratƩgia e
aonde quer chegar, da mesma forma que indicado por Flynn e outros (2003). O planejamento ocorre
somente depois que o conceito do Ć© finalizado. Nobelius e Trygg (2002), Verworn (2009) sugerem um
planejamento avanƧado que deve ser realizado por uma equipe formada por uma mistura de pessoas,como: gerentes, engenheiros, gerentes de produto, um lĆder do futuro projeto, o gestor responsĆ”vel pelos
recursos financeiros e de pessoal e as pessoas que representam o futuro cliente, porƩm, o planejamento na
empresa Ć© realizado apenas pelas Ć”reas que estĆ£o envolvidas diretamente no novo projeto, sĆ£o elas que
definem a especificaĆ§Ć£o das tarefas, metas e recursos.
Quanto Ć comunicaĆ§Ć£o, observou-se que ela se mostrou um fator crĆtico devido a dificuldade de
encontros entre a alta gerĆŖncia e os gerentes. Como o desenvolvimento e a produĆ§Ć£o estĆ£o situados em
locais geograficamente distintos, os gerentes e a alta gerĆŖncia encontram-se esporadicamente,impossibilitando a troca de ideias. Essa necessidade de socializaĆ§Ć£o mostrou-se presente por parte dos
entrevistados durante todo o andamento da pesquisa. Devido Ć falta de tempo para concretizar esses
encontros, a comunicaĆ§Ć£o, muitas vezes, fica limitada ao uso do e-mail, que nĆ£o se mostrou uma
ferramenta efetiva para a resoluĆ§Ć£o de alguns assuntos. Verworn (2009) chama a atenĆ§Ć£o para acomunicaĆ§Ć£o e alerta que uma boa comunicaĆ§Ć£o durante a fase de execuĆ§Ć£o do projeto nĆ£o sĆ³ permite
um processo eficiente, mas tambĆ©m pode aumentar a satisfaĆ§Ć£o total do pessoal-chave com o projeto.
6. ConclusƵes
Demonstrou-se na pesquisa aqui relatada que no modelo informal utilizado pela empresa, primeiramente
cada inovaĆ§Ć£o Ć© discutida entre um grupo de especialistas que chegam ao conceito do produto, depois
sĆ£o realizados os testes de viabilidade tĆ©cnica, seguido pelo desenho do produto final para a linha de
produĆ§Ć£o.
Foi verificado que a empresa realiza a melhoria contĆnua dos processos, porĆ©m, em alguns casos eles
foram considerados inibidores por estarem mal estruturados. A cultura organizacional da empresa suporta
as constantes mudanƧas, a lideranƧa prioriza recursos financeiros e humanos mantendo o foco nasestratĆ©gias determinadas, tanto para inovaĆ§Ć£o como para operaƧƵes atuais do negĆ³cio.
O papel da lideranƧa mostrou-se fundamental e um fator de sucesso para a implementaĆ§Ć£o das inovaƧƵes,
por meio da criaĆ§Ć£o de uma cultura que permite aos funcionĆ”rios criarem soluƧƵes para problemasencontrados. O lĆder possui fortes competĆŖncias, habilidades e atitudes sobre o produto comercializado
pela empresa o que faz com que ele esteja envolvido na maioria do desenvolvimento das inovaƧƵes.
Sobre a geraĆ§Ć£o de ideias ela ainda Ć© discreta principalmente pela falta da utilizaĆ§Ć£o de tĆ©cnicas decriatividade e de tempo. Existem duas Ć”reas isoladas que trabalham na geraĆ§Ć£o de ideias, porĆ©m, sem
compartilhamento entre as demais Ɣreas. A falta de um registro para as ideias inviabiliza o armazenamento
das mesmas em um repositĆ³rio. Para melhorar sua gestĆ£o e encontrar novas ideias a empresa utiliza o
benchmarking prƔtica essa que se mostrou eficiente.
A comunicaĆ§Ć£o se mostrou ponto crĆtico, a intranet Ć© usada como uma das principais fontes decomunicaĆ§Ć£o para apoiar a transferĆŖncia de conhecimento ou compartilhamento de informaĆ§Ć£o, porĆ©m,
nĆ£o atende as demandas de forma satisfatĆ³ria.
Os gerentes durante as entrevistas indicaram a necessidade da criaĆ§Ć£o de um setor responsĆ”vel pelas
inovaƧƵes. PorĆ©m, depois das entrevistas com a alta gerĆŖncia, verificou-se que esse setor jĆ” existia,
porĆ©m, em outra sede da empresa o que demonstra a importĆ¢ncia de reuniƵes sistemĆ”ticas e periĆ³dicas
para o compartilhamento das informaƧƵes estratƩgicas da empresa.
Esse trabalho contribui na medida em que, identificou e evidenciou alguns problemas nos processos de
captaĆ§Ć£o e refinamento das ideias, fato discutido e certificado pelo diretor. JĆ” para as as empresas, ele
indica as oportunidades de melhoria e os facilitadores do processo de geraĆ§Ć£o de ideias.
De forma mais genƩrica, mesmo que cada empresa possua suas particularidades, alguns pontos podem
auxiliar na indicaĆ§Ć£o de atividades e tarefas que facilitam o processo de inovaĆ§Ć£o. Para a academia, a
contribuiĆ§Ć£o inicia com a construĆ§Ć£o de uma estrutura teĆ³rica que contempla os temas inovaĆ§Ć£o, geraĆ§Ć£ode ideias. Outro resultado do trabalho foi a constataĆ§Ć£o da necessidade de mais estudos empĆricos na
Ć”rea de geraĆ§Ć£o de ideias.
O trabalho de pesquisa mostrou que muitos mĆ©todos de inovaĆ§Ć£o apresentados, bem como de geraĆ§Ć£ode ideias e definiĆ§Ć£o de oportunidades, nĆ£o levam para um lado de mensuraĆ§Ć£o. Ou seja, nĆ£o se
preocupam em evidenciar um processo de mensuraĆ§Ć£o do ranqueamento das inovaƧƵes realizadas em
contrapartida ao processo utilizado no seu desenvolvimento. Assim, caberiam mais estudos nesse sentido
para a empresa conseguir visualizar efetivamente a relaĆ§Ć£o de seus processos com as inovaƧƵesrealizadas. Aplicar o estudo em outras empresas tambĆ©m ajudaria a refinar os resultados. No entanto,
apesar dessas limitaƧƵes o estudo fornece uma visĆ£o sobre a geraĆ§Ć£o de ideias e seu papel na inovaĆ§Ć£o.
Como trabalhos futuros evidenciou-se a necessidade de continuar o trabalho na empresa pesquisada,preparando e implementando, um processo formal de inovaĆ§Ć£o, ou mesmo, a ampliaĆ§Ć£o da polĆtica
vigente na empresa. Durante a pesquisa foi constatada a falta de estudos relacionados Ć qualidade da
ideia, tema esse importante para um processo de ranqueamento, por exemplo. E finalmente, a anƔlise do
processo de geraĆ§Ć£o de ideias em outras empresas que realizam inovaƧƵes seria muito interessante paracriaĆ§Ć£o de indicadores do processo de inovaĆ§Ć£o.
Conclui-se que a geraĆ§Ć£o de ideias necessita de um ambiente favoravel, rotinas e tecnicas para que seja
inplementada na empresa nao ocorrendo ao acaso. Ć preciso a imersĆ£o em profundidade nos problemas enas pessoas, anĆ”lise e sĆntese dos dados gerados, seguido da ideaĆ§Ć£o que consistem em atividades
colaborativas resultando em ideias inovadoras e finalmente a prototipaĆ§Ć£o que consiste na seleĆ§Ć£o de
ideias e validaĆ§Ć£o atravĆ©s de protĆ³tipos.
ReferĆŖncias
AAGAARD, A.; GERTSEN, F. Supporting radical front end innovation: perceived key factors of
pharmaceutical innovation. Creativity and Innovation Management, Malden, v. 20, n. 4, p. 330-346,
2011.
ALAM, I. Removing the fuzziness from the fuzzy front-end of service innovations through customer
interactions. Industrial Marketing Management, Amsterdam, v. 35, n. 4, p. 468-480, 2006.
ATUAHENE-GIMA, K. An exploratory analysis of the impact of market orientation on new product
performance a contingency approach. Journal of Product Innovation Management, Malden, v. 12, n. 4, p.
275-293, 1995.
BARDIN, L. AnĆ”lise de conteĆŗdo. Trad. LuĆs Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: EdiƧƵes 70,
2011.
BAREGHEH, A.; ROWLEY, J.; SAMBROOK, S. Towards a multidisciplinary definition of innovation.
Management Decision, United Kingdom, v. 47, n .8, p.1323-1339, 2009.
BESSANT, J.; LAMMING, R.; NOKE, H.; PHILLIPS, W. Managing innovation beyond the steady
state. Technovation, v. 25, n. 12, p. 1366-1376, 2005.
BJĆRK, J.; BOCCARDELLI, P.; MAGNUSSON, M. G. Ideation capabilities for continuous innovation.
Creativity & Innovation Management, Malden, v. 19, n. 4, p. 385-396, 2010.
BJĆRK, J.; MAGNUSSON, M. G. Where do good innovation ideas come from? Exploring the influenceof network connectivity on innovation idea quality. Journal of Product Innovation Management, Malden, v.
26, n. 6, p. 662-670, 2009.
BLOHM, I; BRETSCHNEIDER,U; LEIMEISTER, M.J; KRCMAR, H. Does collaboration among
participants lead to better ideas in IT-based idea competitions? An empirical investigation. International
Journal of Networking and Virtual Organisations, Olney, v. 9, n. 2, p. 106-122, 2011.
BOOZ, ALLEN AND HAMILTON INCORPORATED. New product management for the 1980s.
New York, 1982.
BREM, A.; VOIGT, K. I. Integration of market pull and technology push in the corporate front end andinnovation management-Insights from the German software industry. Technovation, Amsterdam, v. 29, n.
5, p. 351-367, 2009.
BRUN, E.; SAETRE, A. S.; GJELSVIK, M. Classification of ambiguity in new product development
projects. European Journal of Innovation, United Kingdom, v. 12, n. 1, p. 62- 85, 2009.
COOPER, R. G. How companies are reinventing their idea-to-launch methodologies. ResearchTechnology Management, Arlington, v. 52, n. 2, p. 47-57, 2002.
COOPER, R. G. Predevelopment activities determine new product sucess. Industrial Marketing
Management, Amsterdam, v. 17, n. 3, p. 237-247, 1988.
COOPER, R. G. Winning at new products: accelerating the process from idea to launch. Cambridge:
Perseus, 2001.
DWYER, L.; MELLOR, R. Organizational Environment, New Product Process Activities, and Project
Outcomes. Journal of Product Innovation Management, Malden, v. 8, p.39-48, 1991.
FLYNN, M; DOOLEY, D;O'SULLIVAN; CORMICAN, K; CIMRU. Idea management for
organizational innovation. International Journal of Innovation Management, Washington, v. 7, n. 5, p. 417-442, 2003.
GIROTRA, K., TERWIESCH, C.; ULRICH, K. T. Idea generation and the quality of the best idea.Management Science, Hannover, v. 56, n. 4, p. 591-605, 2010.
KHURANA, A.; ROSENTHAL, S. R. Integrating the fuzzy front end of new product development. SloanManagement Review, Cambridge, v. 38, n. 2, p. 103-120, winter 1997.
KOEN, P. A; AJAMIAN, E; BURKART, R; CLAMEN, A; DAVIDSON, J; D'AMORE, R; ELKINS,C; HERALD, K; INCORVIA, M; JOHNSON, A, KAROL, R; SEIBERT, R; SLAVEJKOV, A;
WAGNER, K. Providing clarity and a common language to the "fuzzy front end". Research Technology
Management, Arlington, v. 44, n. 2, p. 46-55, 2001.
MURPHY, S. A.; KUMAR, V. The front end of new product development: a Canadian survey. R&DManagement, Malden, v. 27, n. 1, p. 5-15, 1997.
NAGLE, T.; WESTERSKI, A.; IGLESIAS, C. A. The road from community ideas to organizationalinnovation: a life cycle survey of idea management systems. International Journal Web Based Communities,
Olney, v. 7, n. 4, 2011.
NOBELIUS, D.; TRYGG, L. Stop chasing the front end process: management of the early phases in
product development projects. International Journal of Project Management, Amsterdam, v. 20, n. 5, p.331-3340, 2002.
ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Oslo Manual:guidelines for collecting and interpreting innovation data. 3. ed. Luxemburg: OECD, 2005. DisponĆvel em:
<http://www.oecd.org>. Acesso em: 13 jun. 2012.
PERTTULA, M. K. Implications on cultural and formal processes of the front-end of new product
development. In: WORLD CONFERENCE ON PRODUCTION AND OPERATIONSMANAGEMENT, 2., Cancun, 2004. Anaisā¦ Cancun, 2004.
QUELHAS, O. L. G.; MESQUITA, M. Planejamento e Controle da ProduĆ§Ć£o. ColeĆ§Ć£o de LivrosDidĆ”ticos da ABEPRO, Rio de Janeiro: Campus, 2007.
REID, S. E.; BRENTANI, U. The fuzzy front end of new product development for discontinuousinnovation: a theoretical model. Journal of Product Innovation Management, Malden, v. 21, n. 3, p. 170-
184, 2004.
SHENHAR, A. J; TISHLER, A; DVIR, D; LIPOVETSKY, S; LECHLER, T. Refining the search for
project success factors: a multivariate, typological approach. R&DManagement, United Kingdom, v. 32,n. 2, p. 111-126, 2002.
SMITH, P. G.; REINERTSEN, D. G. Developing products in half the time. New York: Van NostrandReinhold, 1991.
TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. GestĆ£o da InovaĆ§Ć£o. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.
VERWORN, B. A structural equation model of the impact of the "fuzzy front end" on the success of newproduct development. Research Policy, Amsterdam, v. 38, p. 1571-1581, 2009.
VERWORN, B.; HERSTATT, C.; NAGAHIRA, A. The fyzzy front end of japanese new productdevelopment projects: impact on success and differences between incremental and radical projects. R&DManagement, Malden, v. 38, n. 1, p. 1-19, 2008.
WHITNEY, D. Assemble a technology development toolkit. Research Technology Management,Arlington, v. 50, n. 5, p. 52-58, 2007.
1 Universidade Federal de Santa Catarina PaĆs: Brasil E-mail: [email protected]
2 Universidade Federal de Santa Catarina PaĆs: Brasil E-mail: [email protected]
3 Universidade Federal de Santa Catarina PaĆs: Brasil E-mail: [email protected]
Vol. 35 (NĀŗ7) AƱo 2014
[Ćndice]
[En caso de encontrar algĆŗn error en este website favor enviar email a webmaster]