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DISCIPLINA: M. I. A. PROF ª MSc.RENATA LEAL MARTINSFone: 9956-7620
PREPARAR E PADRONIZAR UMA SOLUÇÃO AQUOSA
Denomina-se solução a mistura de duas ou mais
substâncias formando um sistema onde não podemos distinguir
os componentes mesmo com um poderoso microscópio porque as
moléculas ou íons dos componentes estão bem misturados.
Quando usamos o termo dissolver, queremos dizer o processo de
produzir uma solução. Geralmente o componente presente na
solução em grandes quantidades é chamado de solvente, e as
substâncias em menor quantidade (que se encontram
dissolvidas) são chamadas de solutos. Muitas soluções são
classificadas como sendo aquosas pois o solvente utilizado é
a água. As soluções aquosas são muito comuns no nosso dia-a-
dia e na rotina dos laboratórios.
Para prepararmos uma solução aquosa precisamos:
1°)Obter alguns dados do rótulo do recipiente que contém a
substância que pretendemos preparar a solução: massa
molecular, % de pureza (teor ou dosagem) e densidade (se
a substância estiver no estado líquido à temperatura
ambiente).
2°)Pensar em qual concentração desejamos preparar a solução.
3°)Pensar para qual volume queremos preparar a solução.
4°)Realizar os cálculos necessários para preparar a solução.
Elaborado pela Profª Renata Leal Martins
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5°)Escolher um padrão primário ou secundário para usarmos
durante a etapa de padronização da solução.
6°)Escrever a equação química que representa a reação entre
a substância contida na solução e a substância utilizada
como padrão.
7°)Realizar a análise titrimétrica entre a solução e o
padrão.
8°)Realizar os cálculos do fator de correção.
Vejamos um exemplo: suponhamos que desejamos preparar 250mL
de uma solução de HCl.
(1°) Obtemos alguns dados da substância que estão escritos
no rótulo do recipiente: m.m=36,46, densidade=1,16 e
%pureza=37%. Já escolhemos a concentração da solução,
0,1mol/L (2°) e para qual volume pretendemos preparar, 250mL
(3°).
(4°) Façamos os cálculos:
Um mol de qualquer substância é igual a sua massa molecular
em gramas, portanto:
1mol HCl ---------------- 36,46g
0,1mol HCl ------------- X X=3,646g
Como queremos preparar apenas 250mL:
1 Litro de solução ------------- 1000mL de solução
X ------------- 250mL de solução
X=0,25L
Elaborado pela Profª Renata Leal Martins
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(volume quequeremos preparar)
Como a massa calculada inicialmente de HCl era para 1 litro:
3,646g de HCl ----------------- 1 Litro de solução
X --------------- 0,25 Litro de
solução X=0,9115g
Como o HCl a temperatura ambiente encontra-se no estado
líquido, precisamos transformar a quantidade que precisamos
de HCl que está em massa para volume, para isso usamos a
fórmula da densidade:
d=m/v (densidade é igual à massa dividido pelo volume). Como
a densidade do HCl é d=1,16, temos:
1,16=0,9115g/v reorganizando para isolar o volume:
v=0,9115/1,16 logo o volume será v≈0,786mL
de HCl puro
Como a % de pureza é de 37%, isso indica que a cada 100ml de
HCl contido no recipiente apenas 37mL é de HCl puro, o
restante é de água e impurezas. Sendo assim,
100mL de HCl do recipiente ----------------- 37mL de HCl puro
X -----------------
0,786mL de HCl puro X≈2,12mL
Após fazer os cálculos devemos preparar a solução, para
tanto colocamos aproximadamente 1/3 da capacidade volumétrica
Elaborado pela Profª Renata Leal Martins
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de HCl do recipiente que
deverá ser usado para preparar a
solução
do balão volumétrico de água destilada, adicionamos o volume
necessário da substância que vamos preparar a solução (no
nosso exemplo é 2,12mL de HCl) e depois completamos o volume
com água destilada.
Depois de completarmos o volume com H2O destilada devemos
agitar o balão para homogeneizar o sistema.
Agora iremos escolher o padrão. Padrão é uma substância
que deverá reagir de forma quantitativa com a substância que
preparamos a solução (no nosso exemplo o HCl) que passa a ser
chamada de solução problema, pois não sabemos se ela
realmente está na concentração que desejamos. Sabemos que nós
fizemos os cálculos para preparar, por exemplo uma solução
0,1mol/L de HCl mas na prática muitas vezes, durante o
preparo da solução não conseguimos obter tal concentração. Às
vezes erramos na hora de medirmos o volume da substância ao
retirarmos do recipiente que a contém, ou por exemplo,
podemos colocar algumas gotas a mais ou a menos de água
durante o preparo da solução, ou simplesmente pelo fato de
estarmos constantemente abrindo e fechando o recipiente que
Elaborado pela Profª Renata Leal Martins
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1º) colocamos um pouco de H2O.2°) colocamos o HCl.3°) completamos o volume com H2O.
contém a substância, a mesma pode estar em menor quantidade
(ter escapado no estado gasoso) ou até mesmo ter reagido um
pouco com a atmosfera e sendo assim, estaremos achando que
estamos retirando a quantidade exata da substância mas no
entanto não estamos. A quantidade ou teor da substância vai,
com o tempo diminuindo constantemente.
Como são muitos os fatores que podem durante o preparo
de uma solução nos levar ao erro, devemos padronizar a
solução. A padronização consiste em reagir a substância da
solução com outra substância (substância padrão) cuja
quantidade nós podemos calcular de forma precisa. Assim, de
forma comparativa, saberemos com precisão qual a concentração
real de nossa solução quando a mesma reagir com o padrão.
Existem dois tipos de padrão: padrão primário e padrão
secundário. Denomina-se padrão primário uma substância que
apresente as seguintes propriedades:
- Estar no estado sólido à temperatura ambiente.
- Reagir com a substância da solução.
- Ser solúvel no mesmo solvente da solução.
- Ter o menor grau de impureza possível.
- Não ser higroscópica.
- Ser estável à radiação ultravioleta.
- Não reagir facilmente com as substâncias contidas na
atmosfera.
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Denomina-se padrão secundário uma solução que tenha sido
preparada anteriormente e tenha sido previamente padronizada
a partir da reação com um padrão primário.
Continuando o nosso exemplo anterior, agora que já
preparamos a nossa solução 0,1mol/L de HCL (concentração
teórica) iremos escolher um padrão. Suponhamos que tenhamos
escolhido como padrão o Na2CO3. Não se esqueça que observamos
as propriedades citadas anteriormente para escolhermos o
padrão. O Na2CO3 possui pouquíssimas impurezas, sua % de
pureza (escrita no rótulo do recipiente que o contém) é alta
99,95%, reage com o HCl e também é solúvel no mesmo solvente
(água). Sendo assim, podemos usá-lo como padrão primário.
Desta forma acabamos de fazer o item (5°) descrito na
primeira página.
Agora vamos fazer o (6°) item, escrever a equação
química que representa a reação química entre o HCl e o
Na2CO3.
Veja pela equação que são necessários 2 mols de HCl para
neutralizar cada mol de Na2CO3.
Agora poderemos realizar a análise titrimétrica.
Denomina-se análise titrimétrica (titulometria ou titulação)
a técnica mais comum para determinar a concentração de uma
substância (soluto) contida em solução. A solução a ser
Elaborado pela Profª Renata Leal Martins
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analisada passa a ser denominada de solução problema ou
analito. A determinação da concentração ou da quantidade da
substância problema é medida a partir do volume gasto da
solução durante a reação com um padrão (quando está
dissolvido passa a ser chamado de titulante). Para verificar
visualmente a reação entre a substância (contida na solução
problema) com o padrão, utiliza-se um indicador (uma
substância que irá demonstrar, geralmente pela mudança de cor
ou liberação de gases o ponto estequiométrico da reação entre
o analito e o titulante). Denomina-se ponto estequiométrico o
estágio no qual a quantidade de analito e/ou titulante
adicionado é exatamente aquela requerida pela reação
estequiométrica entre o titulante e o analito.
Para realizar a análise titrimétrica entre a solução de
HCl e o padrão primário (Na2CO3) devemos primeiro decidir qual
o volume de solução queremos gastar durante essa etapa.
Suponhamos que desejamos apenas gastar 20mL da solução de HCl
durante a análise titrimétrica, sendo assim, devemos realizar
os cálculos para saber qual o número de mols de HCl estão
contidos nesse volume, portanto,
1 Litro de solução ----------------1000mL de solução
X ----------------- 20mL de
solução X=0,02L
0,1mol de HCl --------------1L de solução
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X -------------- 0,02L de solução
X=0,002mol de HCl
Como vimos na equação são necessários 2mols de HCl para
neutralizar 1mol de Na2CO3.
Sendo assim, como temos 0,002mol de HCl em 20mL de solução:
2mol de HCl ----------------- 1mol de Na2CO3
0,002mol de HCl ----------- X X=0,001
mol de Na2CO3
Pelos dados obtidos no rótulo do Na2CO3: m.m.=106,0 %
pureza=99,95%
1mol de Na2CO3 ---------------106,0g
0,001mol de Na2CO3 ---------- X
X=0,106g de Na2CO3 puro
Como a % de pureza do Na2CO3 é de 99,95%, temos então:
100g de Na2CO3 (recipiente) ---------------99,95g de Na2CO3
puro
X ------------- 0,106g de Na2CO3
puro X≈0,106g
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de Na2CO3 do
recipiente que
deverá reagir com
Agora que já sabemos quanto de Na2CO3 do recipiente que
deverá reagir com 20mL da solução de HCl pegamos um
erlenmeyer acrescentamos 0,0106g de Na2CO3 que estava contido
no recipiente, acrescentamos ± 50mL de água destilada para
dissolver o Na2CO3, acrescentamos ±3 gotas de uma solução de
um indicador ácido-base, por exemplo uma solução de
alaranjado de metila (metilorange). Depois completamos o
volume de uma bureta de capacidade volumétrica de 50mL com a
solução 0,1mol/L de HCl, prendemos ela a suporte universal
através de uma garra metálica e iniciamos a análise
titrimétrica.
Veja a figura demonstrando o procedimento correto para
realizar a análise titrimétrica. Quando o indicador mudar de
cor de forma sutil (no nosso exemplo o metilorange mudará de
alaranjado para rosa claro) pare a adição do ácido, fechando
rapidamente a torneira da bureta e anote o volume que foi
gasto.
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É aconselhável realizar o mesmo procedimento três vezes
de modo a fazer a média dos volumes gasto para se obter maior
confiabilidade no resultado. Se obtiver algum valor muito
diferente, faça uma nova análise titrimétrica e despreze o
valor mais discrepante. Sendo assim, calcule a média
aritmética dos volumes medidos em cada etapa.
Vamos supor que fizemos três análises titrimétricas
consecutivas e obtivemos os seguintes resultados:
V1= 19,7mL V2= 19,8mL V3= 19,6mL
A média aritmética será então igual a
= (19,7+19,8+19,6)/3 = 19,7mL
Calculemos agora a concentração real ([ ]real) da solução de
HCl. Para tanto, podemos utilizar a equação: [ ]real . Vreal =
[ ]teórica . Vteórico
[ ]real . 19,7 = 0,1 . 20
[ ]real≈0,1015mol/L
Calculemos agora o fator de correção: Fator de correção
de uma solução é a relação entre sua concentração real e sua
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V=V1+V2+V3
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concentração teórica. Deve ser um número puro, sem unidades
de medida e próximo a 1,00, porque para podermos dizer que
preparamos uma boa solução, uma solução confiável, a
concentração real não deve ser um valor muito distante do
valor da concentração teórica. Sendo assim, o fator de
correção dessa solução será:
Fc=[HCl]real/[HCl]teórica
Fc=0,1015/0,1 Fc≈1,05
A maneira correta de se estocar uma solução é transferir
o restante da solução que não foi gasta durante a análise
titrimétrica para um fraco âmbar contendo um rótulo com os
dados da concentração real e do valor do fator de correção
obtido para essa solução, veja o exemplo abaixo.
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HCl
0,1mol/L
Fc=1,05 dia/mês/ano
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- ASSUMPÇÃO, R. M. V.; MORITA, T. Manual de soluções,
reagentes e solventes. São Paulo: Edgard Blücher, 1968.
- ATKINS, P. W. Química general. Barcelona: Ediciones
Omega, 1990.
- ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de química. Porto
Alegre: Bookman, 2001.
- ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando
a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman,
2001.
- BRADY, J. E.; HUMISTON, G. E. Química geral. Rio de
Janeiro: LTC, 2ª edição, v. 1 e 2.
- DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA (UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARANÁ). Bioquímica: aulas práticas. Curitiba: Editora da
UFPR, 1993.
- MAHAN, B. M.; MYERS, J. Química um curso universitário.
4ª ed. 5ª reimp., São Paulo: Edgard Blücher, 2002.
- OLIVEIRA, E. A. Aulas práticas de química. São Paulo:
Moderna, 1995.
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