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Livreto Sermões Perdidos de Spurgeon – vol1_DIVULGACAO

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Vol. 1

os Sermões Perdidos de

C. H. SpurgeonSeus Primeiros Esboços e Sermões

Entre 1851 e 1854

Editado com Introdução e Notas por CHRISTIAN T. GEORGE

bvbooks

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À crescente geração de pastores, acadêmicos, estudiosos e todos a quem Spurgeon – apesar de já falecido – ainda fala

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SUMÁRIO

Prefácio ............................................................................... xiPrefácio do editor ........................................................................... xivAgradecimentos ............................................................................ xxiiLista de abreviações .................................................................. xxviiLinha do tempo 1800-1910 .......................................................... xxix

PARTE 1: Introdução .....................................................................................1Um homem fruto de seu próprio tempo .......................................... 9Um homem antiquado para o seu próprio tempo ........................ 15Os Sermões Perdidos ...................................................................... 21Fontes e métodos ............................................................................ 28Análise do Sermão: Caderno 1 (sermões 1-77) .............................. 33

PARTE 2: Os Sermões, Caderno 1 (Sermões 1 – 77) .................................48Capa do caderno 1 .......................................................................... 49Páginas introdutórias do Caderno 1 Índice do Caderno 1 ........... 51Esqueletos .............................................................................. 61Sermão 1 Adoção – Ef 1:5 .................................................... 67Sermão 2 A necessidade da pureza para entrar no céu – Ap 21:27 ................................................. 77Sermão 3 Abraão justificado pela fé – Gn 15:6 ................... 81Sermão 4 Um contraste – Ef 5:8 .......................................... 87Sermão 5 O complacente amor de Jesus – 2 Co 8:9............ 91Sermão 6 O julgamento vindouro – Cl 3:25 ........................ 95Sermões 7 e 77 A regeneração e os leprosos – 2 Rs 7:3-4 ............ 99Sermão 8 A perseverança final – Sl 94:14 ........................ 107Sermão 9 Pecadores devem ser punidos – Sl 9:17 ........... 115Sermão 10 Eleição – Ef 1:4 .................................................. 121Sermão 11 Salvação – Hb 7:25 ............................................ 127Sermão 12 Morte: a consequência do pecado – Ez 18:4......... 133

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SUMÁRIO

Sermão 13 Livre graça – Ap 21:6 ........................................ 137Sermão 14 A graça de Deus que nos foi dada – 1 Co 15:10 ..........141Sermão 15 Cristo sobre os negócios de seu Pai – Lc 2:49 ..... 147Sermão 16 O amor manifestado na adoção – 1 Jo 3:1 ....... 151Sermão 17 O cristão e a salvação – Is 45:17 ....................... 155Sermão 18 A soberania de Deus – Sl 10:16 ......................... 159Sermão 19 A exigência de uma resposta – 2 Sm 24:13 ...... 163Sermão 20 A planta de renome – Ez 34:29 ......................... 167Sermão 21 Fazendo pouco caso de Cristo – Mt 22:5 ........... 173Sermão 22 Cristo é tudo – Cl 3:11 ....................................... 179Sermão 23 Preciosa fé – 2 Pe 1:1 ......................................... 183Sermão 24 Salvação em Deus somente – Jr 3:23 ............... 187Sermão 25 O povo peculiar – Dt 14:2 .................................. 193Sermão 26 Os que desprezam são alertados – Pv 29:1 ...... 197Sermão 27 A renúncia de Paulo – Fp 3:9 ........................... 201Sermão 28 Os preparativos do céu – Jo 14:2 ..................... 205Sermão 29 Começando por Jerusalém – Lc 24:47 ............. 209Sermão 30 Salvação da fome – Pv 10:3 ............................... 215Sermão 31 Ignorância: seus males – Pv 19:2 ..................... 219Sermão 32 Os caminhos errados – Pv 14:12 ...................... 223Sermão 33 Salvação do pecado – Mt 1:21 ........................... 227Sermão 34 O Cordeiro e o Leão unidos – Ap 5:5-6 ............. 231Sermão 35 A vereda dos justos – Pv 4:18 ............................ 235Sermão 36 Garantia do cumprimento das promessas – Js 21:45 .................................. 239Sermão 37a A luta e as armas – 2 Co 10:4 ........................... 243Sermão 37b A luta – 2 Co 10:4 .............................................. 249Sermão 38 O amor do Filho por nós, comparado ao amor de Deus por Ele – Jo 15:9 .................... 253Sermão 39 Fariseus e saduceus repreendidos – Mt 3:7 ..... 259Sermão 40 Alegria cristã – Fp 4:4 ....................................... 263Sermão 41 A estima de Deus para com os homens – Êx 11:7 ....267Sermão 42 Rei de Justiça e Paz – Hb 7:2 ........................... 273Sermão 43 Jesus, a chuva do céu – Sl 72:6 ........................ 277Sermão 44 A fé e a oração de Elias – 1 Rs 18:43 ................ 281Sermão 45 Os autores da condenação e da salvação – Os 13:9 ....................................... 285Sermão 46 Regeneração: causas e efeitos – 1 Pe 1:3-5 ......... 289Sermão 47 O Pai e os filhos – 2 Sm 7:14 ............................. 295Sermão 48 Intercessão dos santos – 1 Tm 2:1 ................... 299Sermão 49 A eloquência de Jesus – Jo 7:46 ....................... 303

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SUMÁRIO

Sermão 50 Arrependimento e salvação – Is 55:7 ................ 309Sermão 51 A prosperidade cristã e suas causas – Sl 1:1-3 ...... 313Sermão 52 Ele não assumiu a natureza dos anjos – Hb 2:16 ........................................... 319Sermão 53 Prazer nas pedras de Sião – Sl 102:14 ............. 325Sermão 54 O pequeno fogo e a grande combustão – Tg 3:5 ............................................ 333Sermão 55 Descanso para o cansado – Mt 11:8 ................. 341Sermão 56 Deus glorificado nos salvos – Gl 1:24 ............... 345Sermão 57 A aflição de Acaz – 2 Cr 28:22 .......................... 351Sermão 58 A oferta dos homens sábios – Mt 2:11 ............. 357Sermão 59 A primeira promessa-Gn 3:15 .......................... 367Sermão 60 A paz de Deus – Fp 4:7 ...................................... 371Sermão 61 O aprimoramento dos nossos talentos – Mt 25:19 ................................ 377Sermão 62 Deus, o Guia de seus santos – Sl 73:24 ............ 383Sermão 63 A tristeza do Getsêmani – Mt 26:38 ................. 389Sermão 64 A parábola da semente má e da semente boa – Mt 13:25 ..................................... 395Sermão 65 Não confie no coração – Pv 28:26 ...................... 401Sermão 66 Josias – 2 Rs 22:2 ............................................... 405Sermão 67 Escandalizando os pequeninos de Deus – Mc 9:42 .............................................. 409Sermão 68 A justificação e a glória dos santos – Is 45:25 ....... 413Sermão 69 Imitação de Deus – Ef 5:1 ................................. 417Sermão 70 Os homens possuídos pelos demônios – Mc 5:15 .......................................... 423Sermão 71 O que pensais vós do Cristo? – Mt 22:42 ......... 429Sermão 72 Uma exortação à coragem – Dt 20:1 ................. 437Sermão 73 Escravidão exterminada – Rm 6:17 ................. 443Sermão 74 O Médico e os seus pacientes – Mc 2:17 .......... 447Sermão 75 A Igreja e sua glória – Sl 22:31 ......................... 455Sermão 76 Podem dois caminharem juntos, se não estiverem de acordo? – Am 3:3 .............. 461

Índice do Caderno 2 / Doxologia ...................................................... 469Contracapa do Caderno 1 ................................................................ 477 PROMOCIO

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PREFÁCIO

Em 1856, Elias Lyman Magoon, pastor da Igreja Batista de Oliver Street, em Nova Iorque, publicou uma coleção de sermões de Charles Haddon Spurgeon. Magoon havia visitado a Grã-Bretanha na década

anterior e continuou a receber jornais do Reino Unido. Fora autor de dois li-vros sobre grandes realizações oratórias no passado e no presente. O pastor de Nova Iorque ficou, portanto, fascinado ao descobrir que um jovem prega-dor de sua própria denominação havia se tornado um fenômeno em Londres. Spurgeon, embora fosse apenas um adolescente quando aceitou o púlpito da Capela Batista da rua New Park, no bairro de Southwark, em 1854, tornou--se o assunto da capital britânica. Sua capela lotava em todos os domingos, os cultos que ministrava eram procurados por toda a cidade, e seus sermões eram publicados em abundância pela imprensa. Magoon decidiu publicar uma amostra nos Estados Unidos. Spurgeon, segundo o americano, era “tão original em suas ideias, quanto desenvolto em sua expressão”.1 Ao longo dos anos, até sua morte em 1892, Spurgeon provou ser o maior pregador do sé-culo. Qual seria, questionou-se Magoon, o motivo de tamanha influência?

Em primeiro lugar, explicou, havia a inteligência de Spurgeon. A ha-bilidade mental, aperfeiçoada pelo devotamento à educação, permitia ao pregador de Londres fornecer uma profusão de ricas ilustrações. A opinião de Magoon foi confirmada pelas posteriores pesquisas. Spurgeon era um ávi-do leitor, acumulando uma biblioteca pessoal de mais de doze mil volumes. A cada mês, a revista de sua igreja, A Espada e a Espátula, trazia perspica-zes e críticas considerações a respeito de sua leitura mais recente. Um fato é que ele não superestimava os autores clássicos da antiguidade, os quais constituíam então a base de uma educação elevada, observando que “a sabe-doria nem sempre fala latim”.2 No entanto, como notou Magoon, Spurgeon era capaz de, dotado de conhecimento, fazer alusão a Homero e Virgílio em um sermão. Mais tarde, em 1869, passou a ser ridicularizado pelo ensaís-ta Matthew Arnold como um homem que não apreciava a doçura e a luz

1 E. L. Magoon, The Modern Whitfield: Sermons of the Rev. C. H. Spurgeon, of London, with an Introduction and Sketch of His Life. Nova Iorque: Sheldon, Blakeman, & Co., 1856.

2 C. H. Spurgeon, John Ploughman’s Talk. Londres: Passmore & Alabaster, 1868, p. 177.

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PREFÁCIO

provenientes das fontes clássicas, um contestador do valor da cultura.3 No entanto, tal acusação era completamente injusta. Spurgeon respeitava a erudição e havia absorvido grande parte dela. Magoon aproximou-se mais da verdade ao declarar que o pregador de Londres adquiriu uma “cultura primitiva e variada”.4

Em segundo lugar, de acordo com ele, Spurgeon era notável por sua independência. O americano contrastava a originalidade dos sermões de Spurgeon com as opiniões padrão expressas no púlpito pela maior parte dos pregadores. Estava disposto a compartilhar seus pensamentos, expressan-do opiniões sólidas que divergiam das visões predominantes da época. Ele era produto da Ânglia Oriental rural, desafiando alegremente os valores da capital onde pregava. “Via de regra,” Spurgeon dizia aos alunos da faculda-de que fundara, “odeio os modismos da sociedade e detesto convencionalida-des.”5 O pregador repudiava a noção de que os ministros deveriam pertencer a uma classe refinada, distinta do povo comum. Seus alunos eram obriga-dos a morar nos lares de membros comuns da igreja, em vez de conviverem em uma habitação estudantil coletiva, para que não se tornassem presunço-sos em julgarem-se parte de uma classe separada de homens. A ideia vito-riana de um cavalheiro, detentor de um estilo de vida refinado e superior ao de seus companheiros, era anátema para ele. Contra o modelo do cavalheiro, Spurgeon estabeleceu a imagem de um homem. “Não raro, apenas um den-tre doze homens no púlpito”, queixou-se, “fala, de fato, como um homem”. 6 Essa qualidade trouxe-lhe condenação em muitos lugares, mas atraiu suas congregações.

Em terceiro lugar, Magoon destacou a honestidade do propósito de Spurgeon. Ele era um pregador do evangelho cujo “comportamento era do-tado de franqueza e generosidade”.7 Ao contrário da maioria de seus con-temporâneos, Spurgeon estava preparado para levar o humor ao púlpito. “Não há mandamento algum na Bíblia”, observou, “que diga: ‘não rirás.’”8 Ele também estava disposto a denunciar opiniões que considerasse erradas. Com frequência, censurava o clero da Igreja Anglicana, criticando até mes-mo os fieis ocupantes de cargos dentro dela por permanecerem leais a uma instituição cujo ensino incluía o novo nascimento das crianças no batismo. Ele era particularmente hostil com a Igreja Católica Romana devido ao te-nebroso poder que exercia no mundo, tanto no passado como no presente. Se uma melhor compreensão das pessoas se dá ao conhecer seus heróis, é útil apontar que Spurgeon enaltecia Martinho Lutero, um homem “sempre

3 Matthew Arnold, Culture and Anarchy, ed. J. Dover Wilson. Cambridge: Cambridge University Press, 1935, p. 173.

4 Magoon, Modern Whitfield, xix.5 C. H. Spurgeon, Lectures to My Students. Londres: Marshall, Morgan & Scott, 1954, p. 21.6 Ibid., p. 111.7 Magoon, Modern Whitfield, xxxi.8 Ibid.

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PREFÁCIO

autêntico”.9 Lutero não tinha medo de expressar suas opiniões genuínas, a despeito das consequências. Isso também era verdade sobre Spurgeon.

Este notável pregador – inteligente, independente e honesto quanto ao seu propósito – ainda é amplamente lido. Esta série de volumes inclui quatrocentos sermões inéditos, os primeiros pregados por Spurgeon. Ele era um gênio precoce. Pregou seu primeiro sermão quando tinha apenas dezes-seis anos. Os volumes carregam não apenas o que Spurgeon escreveu, como também comentários que contextualizam os sermões. Notas detalhadas per-mitirão ao leitor compreender a mente em desenvolvimento de Spurgeon. É mostrado neste primeiro volume, por exemplo, que 44% de seus primeiros textos tiveram base no Antigo Testamento. Ao comparar tais números com uma amostra de sermões evangélicos americanos no século XXI, quando apenas 31% são baseados em textos do Antigo Testamento, temos algo em que refletir.10 Talvez Spurgeon estivesse mais familiarizado com a comple-tude de sua Bíblia do que muitos pregadores de tempos posteriores. O edi-tor, Christian George, como curador da biblioteca de Spurgeon no Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste, é excepcionalmente qualificado para a ta-refa, pois dispõe de muitos volumes do próprio pregador aos seus cuidados. Magoon imaginou-se dizendo a Spurgeon que através de sua seleção de ser-mões publicados nos Estados Unidos, o pregador inglês “logo... seria lido... desde o Atlântico Leste até o grande Pacífico do Oeste.”11 Agora, os primeiros esboços de Spurgeon estarão disponíveis para o mesmo público – e para um ainda mais amplo.

DAVID BEBBINGTONAgosto de 2016 Universidade de Stirling

9 The Freeman, 1883, p. 803.10 Notas pessoais de 200 sermões.11 Magoon, Modern Whitfield, xxxvi.

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PREFÁCIO DO EDITOR

Em 1859, um ministro americano chamado “Rev. H.” viajou para Londres com o objetivo de conhecer o famoso pastor da capela da rua New Park. Quando Spurgeon descobriu que seu convidado era

do Alabama, sua “cordialidade diminuiu consideravelmente.” Uma viagem de seis meses pregando pelos Estados Unidos aceleraria a construção do Tabernáculo Metropolitano, mas poderiam os sulistas tolerar o posiciona-mento de Spurgeon contra a escravidão? Quando questionou seu convidado a respeito do assunto, o cidadão do Alabama lhe disse que “seria melhor não adotar tal conduta.”1

O conselho pode ter salvado a vida de Spurgeon. No mesmo ano, S. A. Corey, pastor da Igreja Batista da rua 18 em Nova York, convidou o jovem de vinte e quatro anos para pregar no teatro lírico Academy of Music pelo valor de dez mil dólares.2 A notícia da visita de Spurgeon foi recebida com grande expectativa no norte, e hostilidade no sul do país. De acordo com um jornal do Alabama, Spurgeon seria recebido com um espancamento “tão ter-rível que o faria envergonhar-se”.3 Em 17 de fevereiro de 1860,4 cidadãos de Montgomery, Alabama, protestaram publicamente contra o “notório aboli-cionista inglês”5 reunindo-se no pátio da prisão local para queimar seus “li-vros perigosos”6:

1 Spurgeon’s Anti-Slavery Mission to America. The Times-Picayune. 22 de outubro de 1859.2 Ver Spurgeon and His $10,000 Offer. The Brooklyn Daily Eagle, 5 de fevereiro de 1859.3 They Want Spurgeon. Daily Confederation. 30 de outubro de 1858.4 Há certa confusão acerca da data das fogueiras em Montgomery. Alguns jornais britânicos alegaram

ter ocorrido em 17 de janeiro (Mr. Spurgeon’s Sermons Burned by American Slaveowners. The Southern Reporter and Daily Commercial Courier. 10 de abril de 1860). Fontes americanas afirmam que a data mais provável seria dia 17 de fevereiro (Book Burning. Pomeroy Weekly Telegraph. 13 de março de 1860).

5 A citação inteira é: “Um cavalheiro desta cidade nos pede para convidar, e por meio desta convidamos, todas as pessoas em Montgomery que possuam cópias dos sermões do notório abolicionista inglês, Spurgeon, a enviá-los para o pátio da prisão a fim de serem queimados na próxima sexta-feira (desta semana). Há também uma lista de contribuição para a compra de todas as cópias dos ditos sermões agora disponíveis nas lojas de nossos livreiros, para que sejam queimadas na mesma ocasião (Montgomery Mail. Spurgeon’s Sermons – a Bonfire. Nashville Patriot. 15 de março de 1860). Ver também The Barbarism of Slavery. The Cleveland Morning Leader, 3 de julho de 1860; e Randolph County Journal, 5 de julho de 1860). A queima dos sermões de Spurgeon em Montgomery suscitou respostas cáusticas nos estados do norte, como a de Poughkeepsie Eagle em Nova Iorque: “Haverá – a não ser que cesse em breve esse fanatismo – uma grande fogueira onde haverá de ser queimado um outro Livro, do qual há certa circulação no sul, e o qual declara que é dever de todo homem ‘permitir ao oprimido ir livre’”. 8 de março de 1860.

6 Para um relato mais detalhado sobre a queima dos sermões de Spurgeon em Montgomery, Alabama, ver Burning Spurgeon’s Sermons, The Burlington Free Press, 30 de março de 1860.

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PREFÁCIO DO EDITOR

No sábado passado, dedicamos às chamas um grande número de cópias dos sermões de Spurgeon. Confiamos que as obras do detestável londrino vociferador receberão o mesmo tratamento em toda a região sul. E se o autor farisaico ousar aparecer por aqui, decerto uma corda robusta rapidamente encontrará seu caminho ao redor de sua eloquente garganta.7

Em 22 de março, um “Comitê de Vigilância”8 em Montgomery seguiu o exemplo e queimou os sermões de Spurgeon em praça pública. Uma sema-na depois, o Sr. B. B. Davis, dono de uma livraria, preparou “uma grande fo-gueira com gravetos de pinheiro” antes de reduzir cerca de sessenta volumes de sermões de Spurgeon “a fumaça e cinzas.”9 Os jornais britânicos observa-ram com sarcasmo que os Estados Unidos tinham dado a Spurgeon caloro-sas boas-vindas, “uma recepção literalmente radiante.”10

Fogueiras anti-Spurgeon iluminavam pátios, livrarias e tribunais em todos os estados sulistas. Em Virgínia, o Sr. Humphrey H. Kuber, um pre-gador batista e “cidadão altamente respeitável” do Condado de Matthews, queimou sete volumes de sermões de Spurgeon em capa de couro “no fun-do de um barril de farinha.”11 O ateamento de fogo foi assistido por “muitos cidadãos da mais alta posição”.12 Na Carolina do Norte, o famoso sermão de Spurgeon “Converta-se ou Queime”13 encontrou um destino semelhan-te quando um tal Sr. Punch “converteu-o em cinzas ao queimá-lo por intei-ro.”14 Em 1860, pastores proprietários de escravos “espumavam de ira por não poderem colocar as mãos no jovem Spurgeon”.15 Sua vida foi ameaçada, seus livros queimados, seus sermões censurados,16 e abaixo da divisa dos estados do norte, a mídia catalisou sua difamação. Na Flórida, Spurgeon era conhecido como “comilão, roliço, orgulhoso, farisaico presunçoso e

7 Mr. Spurgeon’s Sermons Burned by American Slaveowners. Ver também The Morning Advertiser, 2 de abril de 1860. Há uma afirmação similar emu ma carta de um ministro da Virgínia, James B. Taylor: “Admiro-me que a terra não tenha se aberto e engolido Spurgeon. É uma pena que aquela corda do sul não esteja ao redor de sua garganta eloquente!” Review of a Letter from Rev. Jas. B. Taylor, Richmond, The Liberator. 6 de julho de 1860, p. 108.

8 News from All Nations, The Bradford Reporter, 22 de março de 1860.9 Book-Burning in Montgomery, Ala., Randolph County Journal, 29 de março de 1860. Ver também

Another Bonfire of Spurgeon’s Sermons, The Wilmington Daily Herald 12 de março de 1860.10 The Morning Advertiser, 2 de abril de 1860. Ver também The Rev. C. H. Spurgeon in Scotland, The

Morning Advertiser, 11 de março de 1861.11 Para uma versão mais acurada deste relato, ver Mr. Spurgeon’s Sermons: Why They Were Burned by

Virginians, The New York Times, 9 de julho de 1860.12 Virginia News, Alexandria Gazette and Virginia Advertiser, 22 de junho de 1860. Ver também Burning

Spurgeon, Richmond Dispatch, 5 de junho de 1860, e Brooklyn Evening Star, 22 de junho de 1860.13 Spurgeon pregou o sermão Turn or Burn (PRNP 2, Sermão 106) em 7 de dezembro de 1856.14 Our Politeness Exceeds His Beauty, North Carolina Christian Advocate, 10 de julho de 1857.15 Espionage in the South, The Liberator, 4 de maio de 1860.16 As reportagens a seguir sugerem que a censura aos sermões de Spurgeon foi amplamente divulgada

pelos jornais americanos: “Beecher apontou que a edição americana dos sermões de Spurgeon não contém seu posicionamento a respeito da escravidão como contém a edição inglesa. Foi feita uma comparação entre as duas edições e o apontamento é inequívoco.” (Spurgeon Purged, Ashtabula Weekly Telegraph, 26 de novembro de 1859). Em abril do ano seguinte, o jornal reportou que “graves acusações foram feitas a respeito de interpolações e modificações na edição americana de seus sermões, para fins de adequação aos escrúpulos americanos e para garantir os rendimentos de seu trabalho”. 14 de abril de 1860. Ver também Ex- Spurgeon, Ohio State Journal, 29 de novembro de 1859.

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PREFÁCIO DO EDITOR

inglês tagarela.”17 Na Virgínia, era denominado um “rapaz gordalhufo”;18 em Louisiana, um “inglês digno do inferno”;19 e na Carolina do Sul, um “jo-vem vulgar” com “cabelos sujos, dentes proeminentes e um ar de autos-satisfação”.20 Os georgianos foram encorajados a “não prestarem atenção nele”.21 Os carolíngios “gostariam de ter uma boa oportunidade com o pre-gador hipócrita” e ressentiram-se das suas “opiniões diabólicas, contra a nossa Constituição e os nossos cidadãos.”22 O Registo Semanal de Raleigh reportou que qualquer um que vendesse os sermões de Spurgeon deveria ser preso e acusado de “disseminar publicações incendiárias”.23

Os batistas do sul estão entre os principais antagonistas de Spurgeon. 24 O jornal Batista de Mississippi esperava que “nenhum batista do sul ad-quirisse qualquer um dos livros incendiários.”25 Os colportores batistas da Virgínia foram forçados a devolver todas as cópias de seus sermões à edi-tora. 26 O Batista do Alabama e o Batista do Mississippi diziam que “tira-riam-lhe o couro”.27 O Batista do Sudoeste e outros jornais denominacionais levariam a “criança mimada à devida punição.”28

Em meio a tamanho caos, Spurgeon tentou publicar vários cader-nos de sermões do início de seu ministério. Contudo, a promessa aos seus leitores, feita em 1857, não seria cumprida devido às dificultosas circuns-tâncias da vida em Londres. Que poético fora, portanto, que 157 anos após O Patriota De Nashville ter caluniado Spurgeon por seu “espírito intro-metido”29, uma editora de Nashville completasse a tarefa que ele falhara em realizar. Quão acertado é que os primeiros sermões de Spurgeon sejam publicados não por Passmore & Alabaster em Londres, mas por america-nos. E não somente americanos, como americanos sulistas. E não somente

17 A Southern Opinion of the Rev. Mr. Spurgeon, The New York Herald, 1 de março de 1860.18 The Great Over-Rated, The Daily Dispatch, 17 de agosto de 1858. 19 Spurgeon on Slavery, The Bossier Banner, 24 de fevereiro de 1860. 20 Spurgeon and the Lady, Charleston Courier, 15 de junho de 1858. 21 Macon Weekly Telegraph, 25 de fevereiro de 1860.22 Rev. Mr. Spurgeon, The North Carolinian, 18 de fevereiro de 1860.23 Rev. Mr. Spurgeon, The Weekly Raleigh Register, 15 de fevereiro de 1860.24 Spurgeon tinha dez anos de idade quando as tensões devido à escravidão resultaram em convenções

reunindo batistas do sul em Augusta, Georgia, para formar a Convenção Batista do Sul em 1845 (ver A. H. Newman, A History of the Baptist Churches in the United States, Nova Iorque: The Christian Literature Co., 1894, p. 443–47). De 20 a 22 de junho de 1995, a CBS adotou uma resolução em Atlanta, Georgia, admitindo que “nosso relacionamento com os afro-americanos foi prejudicado desde o início, devido ao papel que a escravidão teve na formação da Convenção Batista do Sul,” e “Muitos dos nossos batistas do sul toleraram e defenderam o direito à posse de escravos, e até mesmo participaram, apoiaram ou aquiesceram com a natureza particularmente desumana da escravidão americana.” A resolução também afirmava que eles “firmemente condenam o racism, em todas as suas formas, como um pecado deplorável.” (Resolution on Racial Reconciliation on the 150th Anniversary of the Southern Baptist Convention”, 1995. Último acesso em 18 de maio de 2016 <www.sbc.net/resolutions/899/ resolution-on-racial-reconciliation-on-the-150th-anniversary-of-the-southern-baptist- convention>.

25 The Weekly Mississippian, 14 de março de 1860.26 Spurgeon Repudiated, Newbern Weekly Progress, 20 de março de 1860. Ver também Spurgeon Rejected

in Virginia, Cincinnati Daily Press, 28 de março de 1860.27 Prof. J. M. Pendleton of Union University, Tenn., and the Slavery Question, The Mississippian, 4 de

abril de 1860.28 Mr. Spurgeon, The Edgefield Advertiser, 22 de fevereiro de 1860.29 Spurgeon’s Sermons – a Bonfire, Daily Nashville Patriot, 15 de março de 1860.

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PREFÁCIO DO EDITOR

americanos sulistas, como americanos sulistas e batistas com toda a baga-gem de seu passado manchado.

Como batista sulista do Alabama, permita-me confessar o meu pró-prio preconceito. Passei a maior parte da minha vida profissional dedicado a estudar Spurgeon. Encontrei nele (e compartilho com ele) um compromisso genuíno em tornar Jesus Cristo conhecido às nações. Assim como ele, tam-bém estou profundamente investido na igreja e assumo os mesmos impulsos evangélicos que alimentaram o ministério de Spurgeon. Admiro seu posicio-namento pela justiça social, seu amor pelos marginalizados e seu compro-misso com a ortodoxia Bíblica.

A linguagem de Spurgeon nem sempre é teologicamente precisa. Às vezes, sua retórica colorida, alegórica e experimental torna as observações acadêmicas desafiadoras. No entanto, Spurgeon não era um teólogo no sen-tido sistemático e nunca afirmou sê-lo. Ele era um pregador. E, como tal, sua preocupação final não era elaborar manuscritos perfeitos – embora gastas-se muito tempo revisando seus sermões para publicação. Sua maior preo-cupação era, como sugeria seu famoso título, tornar-se um Conquistador de Almas. Com a pena e o púlpito, Spurgeon devotou suas habilidades literá-rias e intelectuais a serviço da igreja. O seu dom extraordinário de apresen-tar ideias complexas no vernáculo da classe trabalhadora o distinguia de muitos dos seus contemporâneos e dava-lhe audiências

A pregação de Spurgeon não emergiu nas torres de marfim de Cambridge, mas nas humildes aldeias que a rodeavam. Ele estava mais preocupado em alimentar ovelhas do que girafas. 30

Spurgeon iniciou seu ministério como um pregador rural, não urbano. Os membros da Capela de Waterbeach eram agricultores e trabalhadores. Mesmo após se mudar para Londres, Spurgeon mantinha sua linguagem acessível inicial e usava ilustrações comuns à vivência vitoriana.

Sua pregação teve êxito em Southwark, região devastada pela cólera, próxima a depósitos, destilarias e fábricas de Londres. Isso deu a Spurgeon certa familiaridade às condições da população que, quando combinada aos seus próprios males físicos e mentais, produziu nele um incomum nível de empatia para com seus contemporâneos. Spurgeon “nunca sofreu de ausên-cia de sofrimento”.31

30 “Devemos pregar de acordo com a capacidade de nossos ouvintes. O Senhor Jesus não disse: ‘Apascenta minhas girafas’, mas ‘Apascenta minhas ovelhas’. Nunca devemos colocar a forragem no alto com nossa linguagem refinada, mas usar de simplicidade em nosso discurso.” C.H. Spurgeon, The Salt-Cellars: Being a Collection of Proverbs, Together with Homely Notes Thereon. Nova Iorque: A. C. Armstrong and Son, 1889, p. 56; “Alguns irmãos colocam o alimento em m nível tão alto, que as pobres ovelhas não conseguem se alimentar. Quando ouço nossos eloquentes amigos, os imagino pensando que o nosso Senhor tenha dito: ‘Apascenta minhas girafas.’ Somente girafas poderiam alcançar um alimento colocado em tão alto nível. Cristo diz: ‘Apascenta minhas ovelhas”, coloque o alimento entre elas, coloque-o junto delas.” (PTM 56, p. 406).

31 Christian George, Raising Spurgeon from the Dead, Desiring God, 5 de dezembro de 2015. Último acesso em 18 de maio de 2016. <http://www.desiringgod.com/articles/raising-spurgeon-from-the-dead>.

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PREFÁCIO DO EDITOR

No auge da minha doença em 2013, os primeiros sermões de Spurgeon tiveram um profundo efeito em mim. Durante uma série de cirurgias, meus olhos se depararam com uma frase no Caderno 1: “pense muito na graça, cristão.”32 Ao longo dos doze meses da minha recuperação, essas palavras trouxeram- me tanto encorajamento que duvido que acabem por cair no esquecimento.

Sempre que novas descobertas são feitas – sejam diários perdidos, cartas, hinos, poemas ou sermões – existe a oportunidade de aprofundarmos o nosso conhecimento acerca de determinado assunto ou pessoa. Em 2011, somente um punhado de estudantes de doutorado, no mundo inteiro, esta-vam escrevendo sobre Spurgeon. Hoje, cerca de duas dúzias estão entrando nesse campo de estudo. Ainda há muito trabalho a ser feito. Cavernas inex-ploradas repletas de recursos aguardam exploração. Minha esperança é que a publicação dos sermões perdidos de Spurgeon inspire gerações futuras de acadêmicos a minerar os tesouros teológicos ainda inexplorados.

Tenho também esperança de que este projeto promova um revigorado senso de unidade, de missão e de testemunho cristãos entre todo o evange-licalismo. O recente crescimento do interesse por Spurgeon pode e deve ser usado para benefício do Reino. Spurgeon pode se tornar um agente de cura. Todos podem reivindicá-lo, independentemente de linha teológica ou cam-po de estudo, e assim o fazem. O apelo de Spurgeon estende-se não somente através das barreiras denominacionais, mas também por toda a amplitude da tradição evangélica.

Com a vindoura acessibilidade dos sermões de Spurgeon no site re-paginado, spurgeon.org, e com os avanços dos estudos na Biblioteca de Spurgeon, do Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste, as gerações mais novas e mais velhas terão diante de si incríveis oportunidades de unirem-se como testemunhas perante o mundo em celebração pelo que Deus tem reali-zado na história. Quem poderá saber? Talvez, tenha sido por esta razão que os sermões foram perdidos no século XIX e encontrados no século XXI.

Em 1860, um artigo intitulado “O Sr. Spurgeon e os Americanos Proprietários de Escravos” trazia as seguintes palavras: “daqui em diante, os batistas do sul, ao visitarem Londres, não desejarão comungar com este fenômeno do século XIX. Arriscamos a profecia de que seus livros no futu-ro não encherão as prateleiras dos nossos mercadores de livros do sul. Isso não acontecerá. Não deve acontecer.”33 Em 1889, Spurgeon proferiu sua pró-pria profecia: “de minha parte, estou muito disposto a ser jogado aos cães pelos próximos cinquenta anos, mas o futuro mais distante haverá de me vindicar.”34

32 Ver God’s Grace Given to Us (Sermão 14).33 The Christian Index, repr. em Mr. Spurgeon and the American Slaveholders, The South Australian

Advertiser, 23 de junho de 1860.34 The Preacher’s Power, and the Conditions of Obtaining It (ST, agosto de 1889), p. 420.

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PREFÁCIO DO EDITOR

O futuro mais distante, de fato, vindicou Spurgeon. Seus sermões, de fato, enchem as prateleiras das livrarias sulistas. Como corretamente obser-vou Carl F. H. Henry, Spurgeon tornou-se “um dos imortais do cristianis-mo evangélico”.35 Por todo o Alabama, a Virgínia e pelos Estados Unidos da América, os livros do “notório abolicionista inglês” ainda queimam; irradiam luz e vida em um mundo escuro e moribundo.

Passada a Proclamação da Emancipação em 1863, a reputação de Spurgeon melhorou entre os batistas do sul. Muitas de suas igrejas foram nomeadas em homenagem ao Tabernáculo Metropolitano de Spurgeon, como a Igreja Batista Capitol Hill, de Mark Dever, em Washington, DC, que originalmente chamava-se “Igreja Batista Metropolitana”.36 Batistas do sul, como John A. Broadus, fundador do Seminário Batista do Sul em Louisville, Kentucky, reuniram-se como um rebanho na região de Elephant & Castle para ouvir a pregação de Spurgeon. Depois de sua visita em 1891, Broadus disse: “a coisa toda – o lugar, a congregação, a ordem, a adoração, a pregação – estava tão perto do meu ideal quanto acredito que verei nesta vida.”37 Em junho de 1884, a faculdade do seminário escreveu uma carta coletiva de re-comendação a Spurgeon:

Agradecemos a Deus por tudo o que Ele te fez ser e, por sua gra-ça, permitiu que te tornasses e alcançasses. Regozijamo-nos pelo seu grande e maravilhoso trabalho como pastor e pregador, tam-bém pelo orfanato e pela Universidade do Pastor [sic]; alegramo--nos ainda nos seus numerosos escritos, repletos de fulgurante inventividade, tão cheios do espírito do evangelho. E agora, hon-rado irmão, invocamos sobre você as bênçãos contínuas de nosso Deus do pacto. Que tua vida e saúde sejam poupadas por muito tempo, se for a vontade Dele; que a Providência ainda se agrade da tua variada obra, e que o Espírito Santo abençoe ricamente as tuas mensagens faladas e escritas à humanidade.38

Em 1892, B. H. Carroll, fundador do Seminário Teológico Batista do Sudoeste, em Fort Worth, Texas, refletiu sobre o duradouro legado de Spurgeon: “O fogo provou seu trabalho. Ainda não pôde consumi-lo.” E acrescentou: “Quando Bonaparte morreu, Phillips disse: ‘ele desceu ao tú-mulo.’ Quando Spurgeon morreu, o mundo disse: ‘ele ascendeu ao céu.’”39 O notável teólogo Augustus Hopkins Strong tinha tanta admiração por Spurgeon que, em 17 de junho de 1887, levou John D. Rockefeller a Londres

35 Carl. F. H. Henry, citado em Lewis Drummond, Spurgeon: Prince of Preachers (3a ed.; Grand Rapids, MI: Kregel, 1992), p. 11.

36 Ver Timothy George, Puritans on the Potomac, First Things, 2 de maio de 2016. Último acesso em 18 de maio de 2016.

37 A. T. Robertson, Life and Letters of John Albert Broadus. Philadelphia: American Baptist Publication Society, 1910, p. 243.

38 Ibid., 342.39 Essas duas citações foram retiradas do discurso de B. H. Carroll, em 1892, The Death of Spurgeon (J. B.

Cranfill, comp., Sermons and Life Sketch of B. H. Carroll. Philadelphia: American Baptist Publication Society, 1895. p. 25, 44).

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PREFÁCIO DO EDITOR

para conhecê-lo. Após duas horas de comunhão, os dois americanos concluí-ram que “o segredo do sucesso do Sr. Spurgeon era sua piedade e sua fé. Acima de tudo mais, ele parecia ser um homem de oração.”40

Em 1934, Georg W. Truett, pastor da Primeira Igreja Batista em Dallas, Texas, foi o único orador convidado a fazer um discurso de cinquen-ta e cinco minutos no Royal Albert Hall, em Londres, para a celebração do ano centenário do nascimento de Spurgeon.41 O sucessor de Truett na Primeira Batista de Dallas, W. A. Criswell, afirmou certa vez que Spurgeon fora “o maior pregador que já existiu.” E acrescentou: “Quando eu chegar ao céu, depois de ver o Salvador e minha querida família, quero ver Charles Haddon Spurgeon.”42 Billy Graham aplaudiu Spurgeon por ser “um prega-dor que exaltou a Cristo – eternamente.”43

Charles Spurgeon chegou aos Estados Unidos. Através das rotações de mil engrenagens da graça, seus primeiros sermões atravessaram um sé-culo e um oceano para serem lidos por novos públicos. Semelhante a Abel, que “depois de morto, ainda fala” (Hb 11:4 BKJ 1611), Spurgeon ainda tem algo a dizer. “Eu lançaria a minha sombra através de eras eternas se pudesse,”44 declarou certa vez. E, de fato, sua sombra estendeu-se à nos-sa era. Poucos pregadores são mencionados, transformados em memes, tui-tados e citados (ou citados equivocadamente) com tanta frequência quanto Spurgeon. Os historiadores do futuro terão razão em enxergar a publicação de seus Sermões Perdidos como pertencente a uma narrativa extraordinária e inesperada de redenção.

A publicação destes sermões atingirá seu pleno potencial quando guiar os leitores não apenas até Spurgeon, mas por Spurgeon até Jesus Cristo. À medida que as palavras de João Batista se tornarem nossas, “[Cristo] deve crescer, mas eu devo diminuir” (Jo 3:30 BKJ 1611), e à medida que os ser-mões informarem mentes, reformarem corações e transformarem vidas, então a energia valerá o dispêndio, e gerações futuras vislumbrarão não so-mente a sombra de Spurgeon, mas o Filho que provocou a sombra.45

B. H. Carroll uma vez disse: “a grande e gritante necessidade das nossas igrejas nos dias de hoje é fogo”46 Se pudermos compartilhar o desejo

40 Crerar Douglas, Autobiography of Augustus Hopkins Strong. Valley Forge, PA: Judson Press, 1981, p. 300. Ver também ST, julho de 1887, p. 369.

41 Ver Keith E. Durso, Thy Will Be Done: A Biography of George W. Truett. Macon, GA: Mercer University Press, 2009, p. 214. Truett também fez um discurso, intitulado Spurgeon: Herald of the Everlasting Evangel na Marble Collegiate Church em Nova Iorque, no dia 8 de maio de 1934 (ver Centenary Program in Honor and Recognition of Charles Haddon Spurgeon nos arquivos da Biblioteca Spurgeon).

42 W. A. Criswell, citado em PRNP, 1: sobrecapa.43 Billy Graham, citado em PRNP, 3: sobrecapa.44 W. A. Fullerton, C. H. Spurgeon: A Biography. Londres: Williams and Norgate, 1920, p. 181.45 Usei parte da verbosidade deste parágrafo e do anterior em inúmeras ocasiões em entrevistas, blogs,

mídias sociais e em minha entrevista para o documentário de Stephen McCaskell sobre Spurgeon, Through Spurgeon’s Eyes. Último acesso em 18 de maio de 2016 <www.throughtheeyesofspurgeon.com>. Contudo, escrevi este material pela primeira vez para a introdução contextual da linha do tempo The Man and His Times: Charles Haddon Spurgeon, que se encontra pendurado na parede da entrada da Biblioteca Spurgeon no Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste, em Kansas, Missouri.

46 Cranfill, Sermons and Life Sketch of B. H. Carroll, p. 42, ênfase adicionada.

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PREFÁCIO DO EDITOR

de Carroll por fogo, então as palavras de Helmut Thielicke a respeito de Spurgeon ainda soarão verdadeiras: “essa sarça da antiga Londres ainda arde e não mostra quaisquer sinais de que será consumida.”47

Christian T. GeorgeProfessor Assistente de Teologia Histórica Curador da Biblioteca de Spurgeon do Seminário Teológico Batista do Meio-OesteKansas, Missouri

47 Helmut Thielicke, Encounter with Spurgeon (trad. John W. Doberstein). Stuttgart, Alemanha: Quell-Verlag, 1961, p. 4.

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AGRADECIMENTOS

Ao longo dos últimos sete anos, fiquei em dívida com numerosos indi-víduos que emprestaram tempo e talento para a formação e publica-ção deste projeto:

David Bebbington se interessou por este projeto desde o início, e sou grato pela forma encorajadora como ele cuidou desses sermões. Steve Holmes, meu supervisor de doutorado na Universidade de St. Andrews, tam-bém contribuiu com oportunos conselhos e orientações ao longo dos anos. Tom Wright, Ian Randall, Mark Elliot e Ian Bradley foram fundamentais no aperfeiçoamento da minha escrita e no aprimoramento dos meus pensamen-tos sobre a Cristologia de Spurgeon. Timothy Larson, Brian Stanley, Mark Hopkins, Michael Haykin e Tom Nettles ampliaram minha compreensão do evangelicalismo do século XIX de maneiras que beneficiaram diretamente este volume atual.

J. I. Packer, Chuck Colson (1931-2012) e Mark Dever ofereceram am-plo direcionamento para a minha pesquisa. Estou em dívida com a sua orien-tação, seu apoio e investimento em minha vida. Àqueles em St. Andrews que testemunharam o estágio embrionário desta pesquisa, também permaneço grato: Liam Garvey, que à época era pastor da Igreja Batista de St. Andrews; meus colegas de doutorado; os alunos de quem fui tutor na Universidade de St. Mary; e, também, Lawrence Foster (1991-2010), cujas encantadoras con-versas sobre Spurgeon no Eden Golf Course fizeram as frequentes crateras que formei em seus bunkers sempre valerem a pena.

Quando Nigel Wright e Andy Brockbank da Universidade de Spurgeon assinaram o contrato comigo em 2010 para publicar os sermões de Spurgeon, eu não poderia ter previsto o escopo deste projeto. Os oportunos e-mails de Nigel ao longo dos anos estão entre as minhas correspondências mais apre-ciadas. Peter Morden, diretor da Universidade de Spurgeon, é um estudioso de Spurgeon do mais alto calibre, cuja amizade valorizo. Estou também em dívida com a bibliotecária da Universidade por muitos anos, Judy Powles, que auxiliou minha pesquisa nos Arquivos da Sala do Patrimônio, junta-mente com Mary Fugill, organizou prolongadas visitas de pesquisa.

Roger Standing, Helen Stokley, Annabel Haycraft, a junta de gover-nantes, e todos aqueles que servem na administração da Universidade de

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AGRADECIMENTOS

Spurgeon, recebam também a minha gratidão. Sua parceria contínua com a B&H Academic e com a Biblioteca Spurgeon tem resultado no excelente trabalho de manter vivo o legado de Spurgeon para gerações emergentes de acadêmicos, pastores e estudantes. O fotógrafo de Londres, Chris Gander, também merece reconhecimento especial por sua incansável determinação em fotografar cada página dos cadernos de Spurgeon.

Após me mudar de St. Andrews para lecionar na Universidade Batista de Oklahoma, o projeto se beneficiou da liderança do Presidente David Whitlock, do Reitor Stan Norman e do Diretor Mark McClellan. Meus co-legas da Universidade de Teologia Herschel H. Hobbs e de outros departa-mentos ofereceram úteis comentários sobre a edição inicial e a organização dos sermões. Também sou grato pelos assistentes de pesquisa que oferece-ram seu tempo para me ajudar na proposta original: Cara Cliburn Allen, Justine Kirby Aliff, Kasey Chapman, Raliegh White, e Christina Perry.

Durante o meu último semestre em Shawnee, Oklahoma, Jim Baird, vice-presidente da B&H Academic, manifestou interesse em publicar estes sermões. Não me escapam o entusiasmo de Jim, seu compromisso com as publicações cristãs e sua coragem para realizar um projeto de um milhão de palavras. Ele e sua competente equipe em Nashville estão em comuni-cação direta com o editor original de Spurgeon em Londres, Passmore & Alabaster, que teria publicado esses sermões em 1857-1858 se Spurgeon ti-vesse completado seu processo de edição. Um agradecimento especial para Chris Thompson, Dave Schroeder, Mike Cooper, Audrey Greeson, Jade Novak, Chris Stewart, Steve Reynolds, India Harkless, Debbie Carter, Judi Hayes, Lesley Paterson-Marx, Jason Jones, Ryan Camp, Roy Roper e Jennifer Day por darem forma ao projeto até agora. Também sou grato por Trevin Wax, Chris Martin e Brandon Smith. Tenho profunda gratidão pelo meu agente literário, Greg Johnson, um amigo e companheiro na obra.

Um momento crucial do projeto foi em 2014, quando Jason Allen, pre-sidente do Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste, me contratou para ensinar teologia histórica e servir como curador da Biblioteca Spurgeon. Sua aplicação de recursos e seu entusiasmo para com estes sermões me permi-tiram realizar uma publicação de tal escopo. Sou grato por sua amizade, liderança, iniciativa e visão de tudo o que Deus tem reservado para este se-minário. Connie e Bill Jenkins foram generosos contribuindo com a cons-trução da Biblioteca de Spurgeon, e seu apoio forneceu a plataforma sobre a qual este projeto se ergue. A oportunidade de fazer a curadoria dos milha-res de volumes que Spurgeon possuía, muitas vezes recheados de anotações, acrescentou inúmeras camadas de valor inesperado à pesquisa. Spurgeon dispunha de alguns dos livros dessa coleção durante o período em que escre-veu seus primeiros sermões.

A faculdade, a administração e a equipe do Seminário do Meio-Oeste têm sido fundamentais na criação de um ambiente onde a pesquisa e a colegialidade se sobressaem. Sou particularmente grato ao Reitor Jason

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AGRADECIMENTOS

Duesing, aos Diretores Thor Madsen e John Mark Yeats, ao Vice-Presidente das Relações Institucionais Charles Smith, e a todos aqueles que trabalham no Departamento de Comunicações, na biblioteca do seminário e na livraria que diariamente encarnam a bondosa providência de Deus.

Descobri um amigo para a vida inteira em Jared Wilson, diretor do setor de Estratégia de Conteúdo e Editor-Chefe da “For The Church” (www.ftc.co). Jared é um artífice das palavras por excelência que não cessa de falar sobre a graça, e cujas conversas semanais me sustentaram durante a edição destes sermões. Sou grato por Jared, pelas “cabecinhas pensantes” que se juntaram às nossas discussões semanais e por todos aqueles associa-dos à Biblioteca de Spurgeon. Aprecio a vida de Brian Albert, David Conte, dos assistentes de pesquisa Ronni Kurtz, Adam Sanders, Tyler Sykora e Phillip Ort, adições recentes, mas essenciais, que superaram abnegadamen-te o chamado do dever e sem os quais eu não poderia ter concluído o presente volume no prazo. Sou grato também pela equipe de Acadêmicos do Spurgeon que trabalhou em alguma medida no projeto: Allyson Todd, Cody Barnhart, Colton Strother, Austin Burgard, Gabriel Pech e Jordan Wade. Agradeço também a Chad McDonald, meu pastor na Igreja Batista de Lenexa, cujos ser-mões raramente sofriam a ausência de uma comovente citação de Spurgeon.

Durante a minha pesquisa em Oxford, Cambridge e Londres em no-vembro e dezembro de 2014, os seguintes bibliotecários ofereceram-me a sua experiência:

• Emily Burgoyne, assistente bibliotecária, Biblioteca e Acervo Angus, Universidade de Regent Park, Universidade de Oxford;

• Yaye Tang, assistente de arquivo, Acervo e Estudos Locais de Cambridgeshire, Shire Hall;

• Josh E. Acton, Myles Greensmith, Celia Tyler e Mary Burgess, as-sistentes de estudos locais com a Cambridgeshire Collection, Biblioteca Central;

• Anne Taylor, chefe do Departamento de Mapas, e Ian Pittock, biblio-tecário assistente, Sala de Mapas, Biblioteca da Universidade de Cambridge;

• Stephen Southall, Dorrie Parris, Marion Lemmon e Anne Craig, Biblioteca Independente de Waterbeach;

• John Matthews, arquivista, Igreja Batista da Rua St. Andrew;• Os bibliotecários da Biblioteca Pública de Cherry Hinton, da

Associação Bibliotecária da Comunidade de Bottisham e do Conselho de Informação e Serviço de Biblioteca do Condado de Suffolk; os bibliotecários da Biblioteca de Dr. Williams e da Biblioteca John Harvey, Londres.

Sou grato pela tremenda hospitalidade de Osvaldo e Kristen Padilla, bem como se seu filho Philip, durante essa temporada de pesquisa no Reino Unido.

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AGRADECIMENTOS

Também agradeço pela assistência prestada por Taylor Rutland, Pam Cole e Amanda Denton do Seminário Teológico Batista de New Orleans, juntamente com Jeff Griffin, Eric Benoy e Kyara St. Amant. Numerosos in-divíduos também contribuíram para este projeto à distância e merecem reco-nhecimento: Peter Williams na Editora Tyndale, Cambridge; Charles Carter, Robert Smith Jr., Gerald Bray, Paul House, Vickie Gaston e Le-Ann Little na Escola de Teologia Beeson; e David Dockery, Thomas Kidd, Nathan Finn, David Crosby, Fred Luter e meu amigo peregrino de longa data, David Riker. Também sou grato por Stephen McCaskell, cujo documentário Através dos Olhos de Spurgeon (www.throughtheeyesofspurgeon.com) permanece ven-cedor, e Jeff Landon, que advoga por Spurgeon através do site www.mis-sionalwear.com. Este projeto também encontrou apoio naqueles que estão histórica e até biologicamente conectados a Spurgeon. Sou grato a Darren Newman e a Mary McLean, residentes atuais da casa de Teversham, onde Spurgeon pregou seu primeiro sermão; a Martin Ensell, pastor da Capela Waterbeach, e sua esposa, Angela, por sua hospitalidade; e também a Peter Masters, pastor sênior do Tabernáculo Metropolitano. Sinto-me honrado por conhecer os descendentes vivos de Spurgeon: David Spurgeon (bisneto), que conheci pouco antes da sua morte, em 2015. Sua esposa, Hilary, e seus dois filhos, Susie (junto ao seu marido, Tim, e filhos, Jonah, Lily, Juliet e Ezra) e Richard (junto à sua esposa, Karen, e filha, Hannah), tornaram-se família para mim.

Eu gostaria especialmente de agradecer ao meu pai, que primeiro me inspirou a ler Spurgeon em uma peregrinação à Inglaterra, e que continua a modelar com excelência a pregação, a paternidade, a hospitalidade e os estudos cristãos. Minha mãe é uma das melhores escritoras que conheço, e os seus encorajamentos ao longo do caminho permitiram-me realizar com mais qualidade este projeto. Bayne e Jerry Pounds foram guerreiros de ora-ção para nós desde o início e seriam necessários parágrafos adicionais para agradecê-los por tudo o que fizeram. Hannah e Jerry (e Luke e Caroline) Pounds são família que se tornaram amigos preciosos, e também sou gra-to pela amizade de Stephanie e Nic Francis (e Andrew, Ella Grace e Caleb). Sou imensamente grato a Jane e a Jack Hunter, e a Dorothy Smith, uma editora extraordinária que trabalhou incansavelmente nos sermões durante os primeiros estágios da edição.

As palavras mais calorosas de gratidão, reservo à minha esposa, Rebecca – escritora, editora e acadêmica, cujas habilidades são excepcio-nais. A companhia de Rebecca fez com que valesse a pena caminhar por essa estrada. Quando encontrei os sermões em Londres, Rebecca estava comigo.

Desde então, ela se sacrificou muito em doar centenas de horas para editar, revisar, pesquisar, contribuir com ideias e melhorar todos os as-pectos deste projeto. Se não fosse a intrépida determinação de Rebecca em 2013, durante a minha doença, os Sermões Perdidos teriam permanecido tão perdidos hoje quanto estavam na época em que Spurgeon os abandonou

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AGRADECIMENTOS

em 1857, quando suas próprias circunstâncias de vida impediram a publi-cação. A Rebecca dou todo o crédito, não somente por salvar a vida deste projeto, mas também por salvar a vida do seu editor.

Quando a primeira cópia de seu comentário de sete volumes sobre os Salmos, O tesouro de Davi, foi encadernada, Spurgeon “olhou para ela com carinho, como se olhasse para um filho querido.”11 O lançamento des-te presente volume tem despertado um sentimento semelhante em nós e em muitos que têm desempenhado um papel na administração destes sermões. A eles, e a todos aqueles prestes a se juntarem à nossa jornada, continuo a ser um servo agradecido.

11 Eric Hayden, introdução de The Treasury of David, por C. H. Spurgeon. Londres: Passmore & Alabaster. Pasadena, TX: Pilgrim Publications, 1983, 1:iii.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

Autobiografia C. H. Spurgeon’s Autobiography. Compiled from His Diary, Letters, and Records, by His Wife, and His Private Secretary. (TL1: Autobiografia de C. H. Spurgeon. Compi-lada pelos seus diários, cartas e gravações, por sua esposa e seu secretário particular). 4 volumes. Londres: Passmo-re & Alabaster, 1899–1900. Biblioteca Spurgeon.

Aula Expositiva Lectures to My Students: A Selection from Addresses De-livered to the Students of the Pastors’ College, Metropoli-tan Tabernacle. (TL: Aulas expositivas para meus alunos: uma seleção dos discursos feitos para os estudantes do Pastors’ College, no Tabernáculo Metropolitano). Lon-dres: Passmore & Alabaster, 1893. Biblioteca Spurgeon.

PTM The Metropolitan Tabernacle Pulpit: Sermons Preached and Revised by C. H. Spurgeon. (TL: O Púlpito do Taber-náculo Metropolitano: sermões pregados e revisados por C. H. Spurgeon). Volumes 7-63. Pasadena, TX: Pilgrim Publications, 1970–2006.

Caderno Spurgeon Sermon Outline Notebooks. (TL: Cadernos de es-boços dos sermões de Spurgeon). 11 volumes. Sala do Patri-mônio, Universidade Spurgeon, Londres. K1/5, U1.02.

PRNP The New Park Street Pulpit: Containing Sermons Prea-ched and Revised by the Rev. C. H. Spurgeon, Minister of the Chapel. (TL: O púlpito da rua New Park: contém os sermões pregados e revisados pelo Ver. C. H. Spurgeon, ministro da capela). 6 volumes. Pasadena, TX: Pilgrim Publications, 1970–2006.

EE The Sword and the Trowel; A Record of Combat with Sin & Labour for the Lord. (TL: A espada e espátula; um registro do combate contra o pecado e do trabalho para o Senhor). 37 volumes. Londres: Passmore & Alabaster, 1865–1902. Biblioteca Spurgeon.

1 Tradução Livre.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

TD C. H. Spurgeon, The Treasury of David: Containing an Original Exposition of the Book of Psalms; A Collection of Illustrative Extracts from the Whole Range of Literature; A Series of Homiletical Hints Upon Almost Every Verse; And Lists of Writers Upon Each Psalm. (TL: O Tesouro de Davi: contém uma exposição original do Livro de Salmos; uma coleção de extratos ilustrativos de toda a Literatura; uma série de alusões homiléticas em quase todo verso; listas de escritores para cada salmo). 7 Volumes. Londres: Passmore & Alabaster, 1869–1885. Biblioteca Spurgeon.

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LINHA DO TEMPO 1800–1910

*As entradas relativas a Spurgeon estão em vermelho. As entradas contextuais estão em preto.

1800 O missionário batista William Carey e O Serampore Trio veem os primeiros convertidos na Índia.

1800 A Biblioteca do Congresso é fundada em Washington, DC., como biblioteca referência para o Congresso.

1 jan. 1801 O Ato de União une a Irlanda e a Grã-Bretanha para formar o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.

10 mar. 1801 O Censo do Reino Unido contabiliza uma população de nove milhões na Inglaterra e no País de Gales.

1802 Os Atos de Fábrica de 1802 limitam o trabalho infantil diário em fábricas de tecelagem a doze horas.

mar. 1802 O Tratado de Amiens promove paz temporária entre a Grã- Bretanha e a França durante as Guerras Revolucionárias Francesas.

30 abr. 1803 Os Estados Unidos compram 530 milhões de acres da França por USD $ 15 milhões na Compra da Louisiana.

18 mai. 1803 A Grã-Bretanha novamente declara guerra à França.

14 mai. 1804 Lewis e Clark partem de St. Louis em busca de comunicações entre as águas dos rios Missouri e Columbia.

2 dez. 1804 Napoleão Bonaparte coroa a si mesmo imperador em uma cerimônia de coroação na Catedral de Notre-Dame, em Paris.

20 nov. 1806 Morre Isaac Backus, o pioneiro batista da liberdade religiosa americana.

*

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

mar. 1807 No Reino Unido, a campanha de William Wilberforce tem sucesso na aprovação do Ato contra o Comércio de Escravos de 1807, no mesmo mês em que os EUA aprovam a Lei de Proibição da Importação de Escravos.

1807 Em resposta ao desrespeito britânico e francês aos navios mercantes dos EUA, Thomas Jefferson coloca um embargo às exportações dos EUA, na esperança de enfraquecer as economias da França e da Grã-Bretanha durante as Guerras Napoleônicas.

15 jul. 1810 Nasce John Spurgeon, pai de Charles, em Clare, Suffolk.

1810 Cornelius Vanderbilt, de dezesseis anos, começa sua carreira comprando uma barca e estabelecendo um serviço de balsa entre Staten Island e Manhattan.

19 fev. 1812 Os primeiros missionários comissionados da América, Ann e Adoniram Judson, navegam para a Índia e, eventualmente, para a Birmânia.

18 jun. 1812 Os EUA declaram guerra à Grã-Bretanha, dando início à guerra.

28 jan. 1813 Jane Austen publica Pride and Preýudice.

1813 É fundada a União Batista da Grã-Bretanha.

1814 Francis Scott Key escreve The Star-Spangled Banner.

3 mai. 1815 Nasce Eliza Jarvis, mãe de Charles, em Belchamp Otten, Essex.

7 mai. 1815 Morre Andrew Fuller.

18 mai. 1815 Napoleão é derrotado na Batalha de Waterloo e em poucos dias é exilado na ilha de Santa Helena, onde vem a falecer.

jan. 1818 Mary Shelley publica Frankenstein.

29 jan. 1820 Morre o rei britânico George III após 59 anos no trono. 1821 Friedrich Schleiermacher publica The Christian Faith.

fev. 1821 Sob o Tratado de Adams-Onís de 1819, a Espanha vende a Flórida aos EUA por USD $ 5 milhões.

1822 Usando a Pedra de Roseta, o egiptólogo francês Jean-François Champollion decifra os hieróglifos egípcios e publica suas descobertas iniciais em Lettre à M. Dacier.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

mar. 1830 Joseph Smith publica a primeira edição do Livro dos Mórmons.

mar. 1831 Victor Hugo publica The Hunchback of Notre Dame.

dez. 1831 Com Charles Darwin, aos 22 anos de idade, como naturalista do navio, o HMS Beagle parte para uma expedição de cinco anos ao hemisfério sul.

15 jan. 1832 Nasce Susannah Thompson, futura esposa de Spurgeon.

1833 Inicia-se o Movimento de Oxford.

1833 É aprovado o Ato de Abolição da Escravatura no Reino Unido.

1833 É escrita a Nova Confissão de Fé Batista de New Hampshire.

9 jun. 1834 Morre William Carey, em Serampore, Índia.

19 jun. 1834 Nasce Charles Haddon Spurgeon, o mais velho dentre dezessete filhos, em Kelvedon, Essex.

3 ago. 1834 Spurgeon é batizado ainda criança por seu avô, James Spurgeon, em Stambourne.

1835 Os pais de Spurgeon mudam-se para Colchester, enquanto Spurgeon muda-se para Stambourne, a fim de viver com seus avós, onde descobre alguns tomos puritanos no sótão.

1835 Charles G. Finney publica Lectures on Revivals.

6 mar. 1836 Davy Crockett e aproximadamente 200 texanos são mortos na Batalha do Álamo.

30 mar. 1836 Charles Dickens inicia uma série de publicações de sua primeira obra de ficção, The Pickwick Papers.

1836 Mary e George Müller estabelecem, em sua casa em Londres, o primeiro de vários orfanatos, chegando a cuidar de mais de 10.000 órfãos em cinco casas para órfãos.

1837 Oberlin College se torna a primeira universidade mista nos Estados Unidos a conceder diplomas de bacharelado para mulheres.

1838 Vitória, aos 18 anos, torna-se rainha da Inglaterra.

set. 1839 Edgar Allan Poe publica The Fall of the House of Usher.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

1840 Spurgeon retorna a Colchester para morar com seus pais.

1841 Morre John Leland, pioneiro batista da liberdade religiosa americana.

dez. 1843 Charles Dickens publica A Christmas Carol.

1844 “Esta criança um dia pregará o evangelho, e o fará a grandes multidões”. –Richard Knill, profetizando sobre Charles Spurgeon.

6 jun. 1844 Onze amigos se juntam a George Williams, de 22 anos, para fundar a ACM (Associação Cristã de Moços) em Londres.

1845 A grande fome assola a Irlanda.

mai. 1845 É formada a Convenção Batista do Sul em Augusta, Geórgia.

abr. 1846 É escrita a primeira obra conhecida de Spurgeon, uma revista feita à mão, intitulada Home Juvenile Society, em Colchester.

1846 George Eliot (Marian Evans) publica The Life of Jesus, uma tradução em inglês de Leben Jesu, pelo acadêmico alemão David Friedrich Strauss.

1846 É formada a Aliança Evangélica

24 jan. 1848 Inicia-se a Corrida do Ouro na Califórnia.

fev. 1848 Karl Marx publica The Communist Manifesto.

1848 Spurgeon frequenta o All Saints’ Augustine’s College, em Maidstone, Kent.

19 jun. 1849 Spurgeon comemora seu 15° aniversário.

17 ago. 1849 Spurgeon frequenta a Newmarket Academy como aluno e tutor.

~1849 Spurgeon faz desenhos de pássaros em seu caderno Notas sobre animais vertebrados.

10 set. 1849 Spurgeon faz seu primeiro discurso em um encontro missionário.

nov. 1849 Charles Dickens publica David Copperfield em forma de livro.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

23 dez. 1849 Spurgeon completa o ensaio escrito à mão, de 295 páginas, O anticristo e sua prole; ou O papismo desmascarado.

6 (ou 13) jan. 1850 Spurgeon converte-se na Igreja Metodista Primitiva, na capela da rua Artillery, em Colchester.

1850 O Congresso dos EUA aprova a Lei do Escravo Fugitivo.

mar. 1850 Nathaniel Hawthorne publica The Scarlet Letter.

4 abr. 1850 Spurgeon candidata-se para ser membro da igreja em Newmarket.

23 abr. 1850 Morre o poeta romântico inglês William Wordsworth aos oitenta anos.

3 mai. 1850 Spurgeon é batizado em River Lark, em Isleham Ferry, por W. H. Cantlow.

5 mai. 1850 A primeira comunhão de Spurgeon; ele começa a lecionar na escola dominical.

17 jun. 1850 Spurgeon se muda de Newmarket para Cambridge.

19 jun. 1850 Spurgeon comemora seu 16° aniversário.

ago. 1850 Spurgeon prega seu primeiro sermão em uma cabana em Teversham, perto de Cambridge.

set. 1850 Harriet Tubman conduz quase setenta escravos à liberdade pela Estrada de Ferro Subterrânea.

3 out. 1850 Spurgeon é recebido como membro da Igreja Batista da rua St. Andrew, em Cambridge.

1851 O número de irlandeses em Londres agora é 108.000.

fev. 1851 Spurgeon entrega Um esboço lido em fevereiro de 1851: Depravação.

9 fev. 1851 Spurgeon começa a escrever seu sermão do Caderno 1 e prega seu quarto sermão (A Necessidade da pureza para entrar no céu, sermão 2), em Barton, perto de Cambridge.

23 fev. 1851 Spurgeon prega A Necessidade da pureza para entrar no céu (sermão 2), em Grantchester.

9 mar. 1851 Spurgeon prega O complacente amor de Jesus (sermão 5), em Comberton.

30 mar. 1851 O Censo do Reino Unido de 1851 contabiliza uma população britânica de 21 milhões.

13 abr. 1851 Spurgeon prega Adoção (sermão 1), em Barton e Toft.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

20 abr. 1851 Spurgeon prega Adoção (sermão 1), em Cherry Hinton.

11 mai. 1851 Spurgeon prega Um contraste (sermão 4), em Comberton.

11 mai. 1851 Spurgeon prega O julgamento vindouro (sermão 6), em Comberton.

18 mai. 1851 Spurgeon prega A perseveraça final (sermão 8), em Barton.

18 mai. 1851 Spurgeon prega Pecadores devem ser punidos (sermão 9), em Barton.

25 mai. 1851 Spurgeon prega Morte: a consequência do pecado (sermão 12), em Coton.

jun. 1851 Spurgeon participa da Grande Exposição no Hyde Park, em Londres.

1 jun. 1851 Spurgeon prega Salvação (sermão 11), em Cherry Hinton.

2 jun. 1851 Spurgeon entrega Um esboço lido em 2 de junho.

5 jun. 1851 Harriet Beecher Stowe começa sua série de publicações de Uncle Tom’s Cabin.

15 jun. 1851 Spurgeon prega Livre graça (sermão 13), em Milton.

19 jun. 1851 Spurgeon comemora seu 17° aniversário.

29 jun. 1851 Spurgeon prega Livre graça (sermão 13), em Tollesbury.

1 jul. 1851 Spurgeon prega A Graça de Deus que nos foi dada (sermão 14), em Hythe.

8 jul. 1851 Spurgeon prega Cristo sobre os negócios de seu Pai (sermão 15), em Hythe.

13 jul. 1851 Spurgeon prega O cristão e a salvação (sermão 17), em Layer Breton.

13 jul. 1851 Spurgeon prega A soberania de Deus (sermão 18), em Layer Breton.

15 jul. 1851 Spurgeon prega Adoção (sermão 1), em Hythe.

24 jul. 1851 O imposto britânico sobre a janela é revogado.

27 jul. 1851 Spurgeon prega Fazendo pouco caso de Cristo (sermão 21), em Balsham.

3 ago. 1851 Spurgeon prega O cristão e a salvação (sermão 17), em Coton.

3 ago. 1851 Spurgeon prega Cristo é tudo (sermão 22), em Coton.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

10 ago. 1851 Spurgeon prega Preciosa fé (sermão 23), em Barton.

10 ago. 1851 Spurgeon prega Salvação em Deus somente (sermão 24), em Barton.

17 ago. 1851 Spurgeon prega O povo peculiar (sermão 25), em Milton.

31 ago. 1851 Spurgeon prega O cristão e a salvação (sermão 17), em Dunmow.

31 ago. 1851 Spurgeon prega A renúncia de Paulo (sermão 27), em Dunmow.

31 ago. 1851 Spurgeon prega Os preparativos do céu (sermão 28), em Dunmow.

6 set. 1851 Spurgeon prega O cristão e a salvação (sermão 17), em West Wratting.

6 set. 1851 Spurgeon prega Começando por Jerusalém (sermão 29), em Balsham.

13 set. 1851 Spurgeon prega O cristão e a salvação (sermão 17), em Toft.

3 out. 1851 Spurgeon prega na capela de Waterbeach pela primeira vez.

12 out. 1851 Spurgeon prega O cristão e a salvação (sermão 17), em Waterbeach.

18 out. 1851 Herman Melville publica Moby Dick.

out. 1851 Spurgeon torna-se pastor da Capela Waterbeach.

19 out. 1851 Spurgeon prega A necessidade da pureza para entrar no céu (sermão 2), em Waterbeach.

dez. 1851 Spurgeon registra seu primeiro convertido, o Sr. Charles (O pequeno fogo e a grande combustão, sermão 54).

fev. 1852 Spurgeon perde sua entrevista com Joseph Angus, tutor do Stepney College.

fev. 1852 Spurgeon tem uma experiência mística em Midsummer Common, Cambridge.

fev. 1852 Converte-se a Sra. Spalding (Os pecadores devem ser punidos, sermão 9).

fev. 1852 Spurgeon começa a pregar sermões do Caderno 2.

5 mar. 1852 Spurgeon prega O cristão e a salvação (sermão 17), em Trumpington.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

19 jun. 1852 Spurgeon comemora seu 18° aniversário.

5 jul. 1852 Frederick Douglass faz seu famoso discurso O significado do quatro de julho para o negro.

7 fev. 1853 Spurgeon envia uma carta a Richard Knill, o homem que profetizou sobre ele quando criança.

6 jun. 1853 A Capela de Waterbeach organiza um culto de jubileu, e o hino de Spurgeon, The One Request, é cantado.

19 jun. 1853 Spurgeon comemora seu 19° aniversário.

1853 Spurgeon publica seu Waterbeach Tracts.

out. 1853 Inicia-se a Guerra da Crimeia.

18 dez. 1853 Spurgeon prega pela primeira vez na Capela da rua New Park, emSouthwark, Londres, seu 673° sermão (O Pai da luz).

1854 O Japão abre o comércio com o Ocidente.

1 mar. 1854 O missionário Hudson Taylor chega à China.

20 abr. 1854 Spurgeon dá a Susannah Thompson uma cópia de O Peregrino, de John Bunyan.

28 abr. 1854 Spurgeon aceita o convite para servir como pastor da Capela da rua New Park.

10 jun. 1854 O Crystal Palace é inaugurado em seu novo local em Sydenham.

19 jun. 1854 Spurgeon comemora seu 20° aniversário.

2 ago. 1854 Spurgeon pede Susannah Thompson em casamento no jardim de seu avô.

1854 Surto de cólera se inicia em Londres; morrem mais de 10.000 pessoas.

ago. 1854 Spurgeon encontra George Müller pela primeira vez, perto de Bristol.

jan. 1855 Spurgeon publica o primeiro volume de O púlpito da rua New Park, mais tarde chamado de O púlpito do Tabernáculo/metropolitano, com os volumes subsequentes até 10 de maio de 1917, quando uma escassez de papel na Grã-Bretanha proíbe a impressão.

fev. 1855 Spurgeon prega pela primeira vez em Exeter Hall, Strand, Londres.

21 abr. 1855 Dwight L. Moody é convertido ao cristianismo.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

1855 O conde de Shaftesbury aprova um projeto de lei no Parlamento legalizando que clérigos anglicanos “imitem Spurgeon,” pregando ao ar livre.

19 jun. 1855 Spurgeon comemora seu 21° aniversário.

jul. 1855 Spurgeon prega na Escócia pela primeira vez.

jul. 1855 Thomas Medhurst começa a estudar sob a supervisão de Spurgeon, no início da Pastors’ College.

1855 David Livingstone descobre as Cataratas de Vitória.

1855 Benjamin Jowett publica Essays and Dissertations.

4 set. 1855 Spurgeon prega ao ar livre em King Edward’s Road, Hackney, para 14.000 pessoas.

1855 Edward Bouverie Pusey publica The Doctrine of the Real Presence.

out. 1855 Spurgeon publica novamente a Confissão de Fé Batista de 1689.

nov. 1855 A Rivulet Controversy é suscitada pela publicação de Thomas Toke Lynch Hymns for Heart and Voice, The Rivulet.

8 jan. 1856 Spurgeon casa-se com Susannah Thompson e embarca em uma viagem de lua-de-mel de dez dias para Paris, França.

fev. 1856 Finda-se a Guerra da Crimeia.

16 jun. 1856 O Comitê de Construção do Tabernáculo Metropolitano realiza sua primeira reunião.

20 set. 1856 Nascem os filhos gêmeos de Spurgeon, Thomas e Charles.

19 out. 1856 Morrem sete pessoas e vinte e oito ficam feridas no desastre do Surrey Gardens Music Hall. Spurgeon cai em uma depressão profunda.

23 nov. 1856 Após restaurado seu ministério, Spurgeon retorna ao púlpito.

1856 O número de membros da Capela da rua New Park chega a 860.

7 out. 1857 Spurgeon prega para 23.654 pessoas no Crystal Palace, Sydenham, seu maior ajuntamento.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

1857 E. J. Silverton é aceito como o segundo aluno da Pastors’ College.

1857 Spurgeon publica O santo e seu Salvador.

1858 Spurgeon visita a Irlanda pela primeira vez.

1858 O renomado artista John Ruskin visita Spurgeon durante o período de sua doença.

2 abr. 1858 Uma estrutura improvisada desmorona em Halifax, West Yorkshire, durante a pregação de Spurgeon; embora não haja mortes, muitos ficam feridos.

jun. 1858 Spurgeon prega no Hipódromo de Epsom para 10.000 pessoas.

1858 John L. Dagg publica A Treatise on Church Order.

1859 É fundado o Seminário Teológico Batista do Sul.

1859 James Baldwin Brown gera polêmica com a publicação de Divine Life in Man.

1859 Charles Darwin publica Origin of Species.

fev. 1859 Um concurso de arquitetura é realizado no Newington Horse and Carriage Repository para o levantar fundos para a construção do proposto Tabernáculo Metropolitano.

10 jul. 1859 Spurgeon prega sob uma árvore em Clapham Common para 10.000 pessoas.

16 ago. 1859 É colocada a pedra angular para a construção do Tabernáculo Metropolitano.

8 dez. 1859 O escravo fugitivo da Carolina do Sul, John Andrew Jackson, compartilha a plataforma com Spurgeon no Tabernáculo Metropolitano e, consequentemente, caem as vendas dos sermões de Spurgeon nos Estados Unidos.

1860 Os cultos de Spurgeon são agora realizados no Exeter Hall.

1860 Florence Nightingale abre a primeira escola de formação de enfermeiros com base científica.

1860 Spurgeon prega com a bata de João Calvino em Geneva.

1860 É publicada a obra Essays and Reviews de John William Parker.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

fev. 1860 Os sermões de Spurgeon são censurados e destruídos nos estados ao sul dos Estados Unidos.

jun. – jul. 1860 Spurgeon faz um tour pela Europa continental.

2 ago. 1860 A primeira reunião é realizada no inacabado Tabernáculo Metropolitano com o propósito de dar graças e arrecadar fundos.

6 nov. 1860 Abraham Lincoln é eleito o 16° presidente dos Estados Unidos.

18 mar. 1861 O Tabernáculo Metropolitano é aberto, livre de dívidas, com uma congregação de 1.200 pessoas.

12 abr. 1861 Inicia-se a Guerra Civil dos Estados Unidos.

1 out. 1861 Spurgeon dá a palestra Sobre o gorila e a terra que ele habita em resposta à publicação de Paul B. Du Chaillu, Explorações e Aventuras na África Equatorial.

6 dez. 1861 Spurgeon dá sua palestra Os dois Wesleys.

14 dez. 1861 Morre Albert, príncipe consorte do Reino Unido e marido da Rainha Vitória.

1861 A Pastors’ College realiza aulas no porão do Tabernáculo Metropolitano.

1862 Victor Hugo publica Les Misérables.

1861–1863 David Livingstone escreve em seu diário de exploração na África “Muito bom” em relação ao sermão de Spurgeon Acidentes, não punições.

1-3 jul. 1863 Trava-se a Batalha de Gettysburg.

1863 A Pastors’ College possui sessenta e seis alunos; são vendidas um milhão de cópias dos sermões de Spurgeon anualmente.

5 jun. 1864 Spurgeon prega seu polêmico sermão Regeneração batismal, que vende 300.000 cópias até o final do ano e meio milhão de cópias até o final do século.

1864 A congregação do Tabernáculo Metropolitano conta com 2.900 membros.

1865 Spurgeon se retira da Aliança Evangélica, mas depois reigressa.

1865 Susannah Spurgeon, aos trinta e três anos, é submetida a uma cirurgia no colo do útero e acaba por tornar-se incapaz de conceber mais filhos.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

1865 Spurgeon comemora seu 30° aniversário.

1 jan. 1865 Spurgeon publica a primeira edição da revista A espada e a espátula.

14 abr. 1865 O presidente Lincoln é assassinado por John Wilkes Booth, no Ford Theatre, em Washington, DC.

25 mai. 1865 Finda-se a Guerra Civil dos Estados Unidos.

1865 O conjunto de membros na Classe de Estudos Bíblicos para Moças do Tabernáculo Metropolitano conta com 700 jovens.

1865 A 13a Emenda da Constituição dos Estados Unidos abole a escravidão.

2 jul. 1865 Catherine e William Booth estabelecem a Missão Cristã, mais tarde conhecida como Exército da Salvação.

1866 Spurgeon publica Manhã após manhã.

27 jul. 1866 Um cabo telegráfico é estendido através do Oceano Atlântico, conectando Newfoundland à Irlanda.

ago. 1866 Anne Hillyard, a viúva de um clérigo anglicano, doa £20.000 para o desenvolvimento do Orfanato Stockwell.

1 nov. 1866 É formada Uma Associação de Colportagem do Tabernáculo Metropolitano para a distribuição e venda de literatura cristã.

24 mar. 21 abr. 1867 Os cultos de domingo são realizados no Agricultural Hall, Islington, com multidões de 20.000 ouvintes em cada culto, durante a reforma do Tabernáculo Metropolitano.

4 ago. 1867 James A. Garfield, mais tarde o 20° presidente dos Estados Unidos, ouve Spurgeon pregar no Tabernáculo Metropolitano.

out. 1867 Spurgeon sofre sua primeira crise da doença de Bright, uma inflamação dos rins.

6 jan. 1868 James Archer Spurgeon torna-se pastor assistente do Tabernáculo Metropolitano.

fev. 1868 Ventos fortes varrem o sul da Inglaterra, danificando o Orfanato Stockwell.

1868 Louisa May Alcott começa a publicar sua série de livros, Little Women.

1868 Spurgeon publica Manhã após manhã.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

3 dez. 1868 William Gladstone começa o primeiro de quatro mandatos como primeiro-ministro britânico.

1869 Spurgeon publica o primeiro dos sete volumes de O Tesouro de Davi, um comentário sobre os Salmos que leva vinte anos para ser concluído; Spurgeon mantém o preço em oito xelins para “alcançar o maior número possível de estudiosos da Palavra”.

1869 A Universidade de Harvard muda seu lema de Veritas pro Christo et ecclesia (verdade para Cristo e a igreja) para uma única palavra: Veritas (Verdade).

10 dez. 1869 É concluída a primeira ferrovia transcontinental nos Estados Unidos.

1869 A família Spurgeon muda-se para Helensburgh House, em Nightingale Lane, Clapham.

9 set. 1869 É inaugurado oficialmente o Orfanato Stockwell para meninos.

nov. 1869 É aberto o canal de Suez.

dez. 1869 Spurgeon sofre de neuralgia, ou varíola.

8 dez. 1869 O Papa Pio IX convoca o Primeiro Concílio Vaticano em Roma, Itália.

1870 Os sermões de Spurgeon vendem 25.000 cópias por semana.

1870 John A. Broadus publica On the Preparation and Delivery of Sermons.

10 dez. 1870 A Vanity Fair publica uma caricatura satírica de Spurgeon.

1871 Spurgeon visita Mentone, França, para obter alívio de sua enfermidade.

1871 Charles Darwin publica The Descent of Man.

8 out. 1871 O Grande Incêndio de Chicago mata cerca de 300 pessoas e causa mais de US $ 200 milhões em danos.

1 mar. 1872 O Congresso dos EUA cria Yellowstone, o primeiro parque nacional do mundo.

1872 Claude Monet pinta Impression, Sunrise, inaugurando o movimento impressionista.

1872 Friedrich Nietzsche publica The Birth of Tragedy.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

1 abr. 1873 Nasce o compositor e pianista russo Sergei Rachmaninoff.

8 mai. 1873 Morre o filósofo inglês John Stuart Mill.

14 out. 1873 A pedra fundamental do novo prédio do Colégio de Pastores foi lançada.

2 nov. 1873 A rainha Vitória entra sem ser notada em uma igreja presbiteriana em Crathie, Escócia, para receber a comunhão, acrescentando plausibilidade ao boato de que ela também entrou sem ser notada no Royal Surrey Gardens Music Hall para ouvir Spurgeon pregar.

1873 Spurgeon é convidado pela Universidade de Yale para dar as Palestras Lyman Beecher sobre Pregação, mas ele recusa o convite.

1873 Morre David Livingstone.

1874 A Pastors’ College migra para Temple Street, no sul de Londres.

abr. 1874 George Rogers, um Congregacionalista, é selecionado como diretor da Pastors’ College.

19 jun. 1874 Spurgeon comemora seu 40° aniversário.

21 set. 1874 São batizados os filhos gêmeos de Spurgeon, aos dezoito anos.

1875 Susannah Spurgeon inaugura um fundo para livros.

1875 Spurgeon publica o primeiro volume de Aulas expositivas para meus alunos.

1875 Thomas Johnson, um ex-escravo da Virgínia, matricula-se na Pastors’ College.

1876 Spurgeon publica Exposições e comentários.

1876 Samuel Clemens (Mark Twain) publica The Adventures of Tom Sawyer.

14 fev. 1876 Alexander Graham Bell submete uma patente para um método de transmissão de sons que viria a se tornar o telefone.

20 mar. 1876 Hudson Taylor visita o Tabernáculo Metropolitano pela terceira vez.

jul. 1878 Spurgeon publica A Bíblia e o jornal.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

28 jul. 1878 Spurgeon prega para uma multidão de aproximadamente 20.000 pessoas em Rothesay, Ilha de Bute, Escócia.

1878 Spurgeon publica Discursos em casa e no exterior.

1878 Noventa e quatro colportores vendem £78.276 de literatura cristã e pagam 926.290 visitas por meio da Associação de Colportagem do Tabernáculo Metropolitano.

1878 Julius Wellhausen desenvolve sua Documentary Hypothesis.

1879 É inaugurada a ala feminina do Orfanato Stockwell.

15 jan. 1879 Spurgeon volta a visitar Mentone, França.

20 mai. 1879 Spurgeon completa seu 25° ano como pastor do Tabernáculo Metropolitano.

17 ago. 1879 Mark Twain assiste a um culto no Tabernáculo Metropolitano para ouvir a pregação de Spurgeon.

out. 1879 Um soldado na Índia faz circular os sermões semanais de Spurgeon entre os homens de sua 73ª divisão; os sermões retornam “sujos e com marcas devido ao uso e desgaste”.

1880 A família Spurgeon muda sua residência para Westwood, em Beulah Hill, Upper Norwood.

ago. 1880 É publicado John Ploughman’s Pictures.

10 jan. 1881 Os Spurgeon celebram seu 25° aniversário de casamento.

1881 Thomas Spurgeon é aceito como pastor da Igreja Batista Wellesley, que fora renomeada para Tabernáculo de Auckland, em Auckland, Nova Zelândia.

1881 O Savoy Theatre em Londres se torna o primeiro edifício público do mundo a usar eletricidade para iluminação.

1881 Nasce J. Gresham Machen.

17 mai. 1881 É publicada a versão revisada do Novo Testamento, com o Antigo Testamento sendo lançado quatro anos depois.

20 nov. 1881 D. L. Moody prega no Tabernáculo Metropolitano a pedido de Spurgeon.

8 jan. 1882 O primeiro-ministro William Gladstone comparece a um culto noturno no Tabernáculo Metropolitano.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

29 abr. 1882 Morre John Nelson Darby.

jun. 1882 Spurgeon publica Sermões da fazenda.

1883 Os sermões de Spurgeon são transmitidos por telégrafo para Boston, Chicago, Filadélfia e St. Louis.

jan. 1883 Um homem na Jamaica lê um trecho do sermão de Spurgeon pouco antes de ser enforcado, dizendo que “aquela lhe fora uma grande bênção em meio à sua terrível condição”.

24 mai. 1883 É inaugurada a Ponte do Brooklyn como a ponte suspensa mais longa do mundo.

1883 Robert Louis Stevenson publica a Treasure Island.

2 jan. 1884 Morre Johann Oncken, missionário batista pioneiro na Europa.

mar. 1884 Spurgeon publica O vestígio da incerteza.

18 jun. 1884 É realizada a celebração do Jubileu no Tabernáculo Metropolitano.

19 jun. 1884 Spurgeon comemora seu 50° aniversário.

1884 Lord Rosebery é o primeiro a descrever o Império Britânico como uma “comunidade de nações”.

1885 Spurgeon publica o último volume de O tesouro de Davi.

29 jan. 1886 O engenheiro alemão Karl Friedrich Benz patenteia o Benz Patent-Motorwagen, o primeiro automóvel movido a gasolina do mundo.

abr. 1886 Spurgeon prega na Sociedade Missionária Metodista Wesleyana.

10 mai. 1886 Nasce Karl Barth em Basel, Suíça.

jun. 1886 Spurgeon publica Tudo de graça.

1886 Augustus H. Strong publica Systematic Theology.

28 out. 1886 O presidente Grover Cleveland dedica a Estátua da Liberdade.

20 jun. 1887 Inicia-se a celebração de dois dias do Jubileu de Ouro da Rainha Vitória.

jul. 1887 Augustus Hopkins Strong e John D. Rockefeller passam duas horas com Spurgeon e doam fundos para o Orfanato Stockwell.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

ago. 1887 Spurgeon escreve seu primeiro artigo “de declínio” em A espada e espátula.

15 set. 1887 “Lottie” Moon escreve uma carta da China apelando às mulheres batistas do sul dos EUA para que coletassem uma oferta de Natal para missões internacionais.

1887 B. B. Warfield é nomeado à cadeira de Charles Hodge no Seminário Teológico de Princeton.

13 jan. 1888 Uma delegação da União Batista pede a Spurgeon que reconsidere sua remoção; Spurgeon propõe que a União adote uma declaração de fé evangélica.

18 jan. 1888 O Conselho da União Batista aceita a remoção de Spurgeon e vota pela sua censura.

fev. 1888 Spurgeon escreve uma Declaração de Fé; sofre a oposição de oitenta ex-alunos do Pastors’ College.

abr. 1888 Spurgeon retira-se da Associação Batista de Londres.

mai. 1888 Mulheres delegadas de doze estados estabelecem o Comitê Executivo das Sociedades Missionárias da Mulher, Auxiliar à Convenção Batista do Sul, com Annie Armstrong eleita como a primeira secretária correspondente.

23 mai. 1888 Morre Eliza Jarvis, a mãe de Spurgeon.

31 ago. 1888 “Jack estripador” assassina suas primeiras vítimas em Londres.

1889 Oswald Chambers, de quinze anos, é convertido após ouvir Spurgeon pregar.

jun. 1889 Spurgeon publica seu primeiro volume de Salt-Cellars, seguido pelo segundo volume, em novembro.

15 out. 1889 Spurgeon participa de uma Convenção de Missões em apoio aos jovens missionários que partem para a China.

1890 Spurgeon publica Em torno do portão perverso.

mai. 1891 Spurgeon viaja para Stambourne, para visitar os lugares de sua infância.

1891 O atleta canadense e futuro ministro James Naismith inventa o jogo de basquete em uma faculdade da ACM, em Massachusetts.

7 jun. 1891 Spurgeon prega seu último sermão no Tabernáculo Metropolitano.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

1891 É fundado o Conselho da Escola Dominical da Convenção Batista do Sul.

26 out. 1891 Spurgeon parte para Mentone, França, pela última vez.

Nov. 1891 Spurgeon publica Memórias de Stambourne.

1891 Sigmund Freud publica sua primeira obra, On Aphasia.

1 jan. 1892 Ellis Island é inaugurada como uma estação de recepção para imigrantes nos Estados Unidos.

8 jan. 1892 Spurgeon posa em Mentone, França, para sua última fotografia.

1892 A Pastors’ College treinara 900 alunos que batizaram mais de 100.000 pessoas desde 1865.

31 jan. 1892 Às 11h05, Spurgeon, aos 57 anos de idade, entra em coma no Hotel Beau- Rivage, em Mentone, França, e não se recupera.

11 fev. 1892 Spurgeon é enterrado no cemitério de Norwood.

1 mai. 1893 É realizada a Feira Mundial em Chicago, Illinois.

1893 O comentário de Spurgeon sobre Mateus, O Evangelho do Reino, é concluído por Susannah e publicado.

1895 É formada a Convenção Batista Nacional.

6 abr. 1896 Os primeiros Jogos Olímpicos modernos são realizados em Atenas, Grécia.

20 jun. 1897 A rainha Vitória celebra seu Jubileu de Diamante.

1897 George W. Truett é nomeado pastor da Primeira Igreja Batista, em Dallas, Texas.

20 abr. 1898 O Tabernáculo Metropolitano é destruído por um incêndio.

1900 Orville e Wilbur Wright testam seu planador biplano em Kitty Hawk, Carolina do Norte.

1900 Inicia-se a Revolta dos Boxers na China.

19 set. 1900 Thomas Spurgeon abre novamente o Tabernáculo Metropolitano.

22 jan. 1901 Morre a Rainha Vitória na Ilha de Wight, encerrando seu reinado de sessenta e três anos; seu filho, Alberto Eduardo, torna-se o rei Eduardo VII.

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LINHA DO TEMPO – 1800–1910

31 mar. 1901 Em cinquenta anos, a população do Reino Unido chega a quase dobrar para 38 milhões de habitantes.

2 out. 1903 Morre Susannah Spurgeon.

1904 O Conselho da Escola Dominical da Convenção Batista do Sul publica seu primeiro hinário.

1905 Albert Einstein publica cinco novas teorias científicas, incluindo a da relatividade especial e E = mc2.

jul. 1905 É formada a Aliança Batista Mundial em Londres, durante a primeira reunião do Congresso Batista Mundial; Alexander Maclaren é eleito seu primeiro presidente.

1905 Inicia-se o Avivamento do País de Gales.

1908 Henry Ford apresenta seu Modelo T.

1908 B. H. Carroll forma o Seminário Teológico Batista do Sudoeste.

1909 Thomas Johnson, aluno de Spurgeon, publica seu livro de memórias, Vinte e oito anos de escravidão.

31 mar. 1909 Inicia-se a construção do RMS Titanic em Belfast, Irlanda do Norte.

1909 C. I. Scofield publica sua Bíblia de Referência Scofield.

1910 D. W. Griffith dirige o primeiro filme de Hollywood, InOld California.

jun. 1910 É realizada a Conferência Missionária de Edimburgo, que dura dez dias.

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INTRODUÇÃO

“ SEN HOR , FA L A AT R AV É S DE M I M A A L GU NS, A M U I TOS.”

Charles Spurgeon

(Caderno 3, Sermão 175, 1853)

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

Charles Haddon Spurgeon nasceu em uma época de modernização e de decadência.1 Ao longo de sua vida, lâmpadas substituíram lampiões de gás, motores substituíram animais, e com as publicações de Essays

and Reviews, The Life of Jesus, e On the Origin of Species (t.l. Ensaios e Resenhas, A Vida de Jesus, e Sobre a Origens da espécies), o evangelicalismo do século XIX provocou tanta controvérsia quanto a eletricidade. Uma crise de fé2 – ou melhor ainda, uma crise de dúvida3 – percorreu os corredores das recém iluminadas capelas da Inglaterra. Jesus era Deus? Os milagres acon-teciam? A fé e a Ciência poderiam coexistir.

Quando a rainha Vitória foi coroada em 1838, o mundo de Wesley e Whitefield estava desaparecendo. Dispositivos movidos por engrenagens e invenções de todos os tipos aliviavam os desconfortos que as gerações ante-riores haviam tolerado. Era a idade das tiras de borracha e dos alfinetes de segurança. Máquinas de costura podiam coser espantosas mil jardas de teci-dos por dia.4 Cortadores de grama e destorroadores de solo revolucionaram a agricultura.5 A fotografia, uma indústria ainda em sua infância, capturava a história enquanto ela ocorria.

Na medicina, as sangrias se tornaram amplamente desacreditadas. Seringas hipodérmicas aumentaram o controle de doenças. Álgebras sim-bólicas e booleanas expandiram o campo da matemática. Máquinas calcu-ladoras, como a máquina diferencial de Charles Babbage, estabeleceram as bases para invenções posteriores como o computador moderno. Na músi-ca, Beethoven e Schubert cederam lugar aos talentos crescentes de Wagner, Chopin, Strauss, Debussy e Liszt. Em 1846, Adolphe Sax inventou um novo instrumento que combinava todo o poder do metal com todas as complexida-des de um instrumento de madeira.

1 Parte deste material foi adaptado de Christian T. George, The Man and His Times: Charles Haddon Spurgeon, uma linha do tempo contextual que se encontra pendurada na parede da entrada da Biblioteca Spurgeon, no Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste em Kansas City, Missouri. Esta introdução também contém material reelaborado da introdução de Christian T. George: Jesus Christ, The ‘Prince of Pilgrims’: A Critical Analysis of the Ontological, Functional, and Exegetical Christologies in the Sermons, Writings, and Lectures of Charles Haddon Spurgeon (1834 – 1892) (Tese de PhD, Universidade de St. Andrews, 2012), p. 1-9.

2 Ver Richard J. Helmstadter e Bernard Lightmanm eds., Victorian Faith in Crisis: Essays on Continuity and Change in Nineteenth-Century Religious Belief (Londres: The MacMillan Press, 1990).

3 Timothy Larsen, Crisis of Doubt: Honest Faith in Nineteenth-Century England (Oxford: Oxford University Press, 2006).

4 Sewing Machine, The Stirling Observer (2 de maio de 1850).5 To Farmers and Agriculturalists, Notthingham Guardian (6 de setembro de 1860).

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introduÇÃo

No lar, novos utensílios domésticos aliviavam os serviços braçais. Pratos podiam ser lavados ao acionar uma manivela. Carnes podiam ser refrigeradas. Vegetais, enlatados. Em 1851, levava-se apenas um minuto para resfriar uma garrafa de água no “funil de resfriamento”.6 A popula-ção estava comendo melhor e vivendo mais. A expectativa de vida da gera-ção de William Carey era de trinta e quatro anos. Para a geração de Andrew Fuller, esse número subiu em quatro. A Spurgeon foram prometidos quaren-ta anos quando nasceu em 1834 (ele superou sua expectativa de vida em de-zessete anos).7 No final do século XIX, um recém-nascido podia esperar viver cinquenta longos anos de vida.

Estava na hora de Londres passar por uma transformação. Execuções públicas, outrora um entretenimento público, haviam saído de moda. As care-tas decapitadas de traidores e criminosos, exibidas nas gerações anteriores, já não recebiam os visitantes. Fundada em 43 d.C., o forte romano de Londinium tomou Pequim na década de 1820 para se tornar a maior e mais poderosa ci-dade no mundo,8 uma conquista superada apenas pela cidade de Nova Iorque um século depois.9 A afirmação de Spurgeon em 1871 de que Londres era uma “cidade de três milhões”10 se provou correta com 3,2 milhões no condado de Londres e 3,8 milhões na grande Londres.11 No final da vida de Spurgeon, uma superpotência urbana havia emergido, dando novo sentido à famosa fra-se de William Cowper “Deus fez o campo, e o homem fez a cidade.”12

Mas forjar uma metrópole do século XIX com uma infraestrutura do século XVIII não seria fácil. Sustentabilidade havia se tornado a questão do momento, uma que a tecnologia certamente iria responder. Jardins substi-tuíram as alagadiças ruas repletas de estalagens e gramados. Praças pú-blicas foram pavimentadas e monumentos históricos erguidos. Na Praça Trafalgar, quatro leões de bronze foram incumbidos de guardar a eminente estátua de Horatio Nelson. Até mesmo cemitérios como “Bone Hill” (poste-riormente chamado de Bunhill Fields) passaram por paisagismos e homena-gens. Todos os três predecessores pastorais de Spurgeon foram enterrados lá: John Gill, John Rippon, e Benjamin Keach. Ele provavelmente visitou seus túmulos em 21 de maio de 1860, antes de fazer um discurso na inau-guração do túmulo remodelado de John Bunyan. A peregrinação de Londres à urbanização testemunhou alguns setores progredindo mais lentamente que outros. Até meados do século XIX, excrementos humanos ainda eram

6 A Modern Luxury Always at Hand, Bell’s Life in London and Sporting Chronicle (27 de julho de 1851).7 Max Roser, Life Expectancy, OurWorldInData.org, 2016, último acesso em 18 de maio de 2016,

<www.ourworldindata.org/life-expectancy>.8 8 David Satterthwaite, The Transition to a Predominantly Urban World and Its Underpinnings em

Human Settlements Discussion Paper Series: Theme: Urban Change – 4 (International Institute for Environment and Development, 2007) p. 9.

9 Growth of the World’s Urban and Rural Population: 1920–2000 (Department of Economic and Social Affairs, Population Studies 44, United Nations, 1969), p. 36.

10 PTM 17:179.11 P.J. Waller, Town, City, and Nation: Inglaterra 1850 – 1914 (Oxford: Oxford University Press, 1983), p. 25.12 Jennifer Speake e John Simpson, eds., The Oxford Dictionary of Proverbs (6ª ed.; Oxford: Oxford

University Press, 2015), p. 129.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

depositados em banheiros secos (essencialmente baldes) que eram esvazia-dos sob o assoalho das casas. Sanitários melhoraram o saneamento, mas seus canos davam em fossas ao invés de esgotos. Com a lei de remoção de distúrbios e doenças contagiosas em 1848 e legislação adicional, os londri-nos foram encorajados a livrar suas casas de “distúrbios.” Como resultado, o rio Tâmisa, outrora azul e repleto de salmão, tornou-se um esgoto aberto. Durante o primeiro ano de Spurgeon em Londres, um surto de cólera matou 10.000 pessoas. A pandemia, originalmente considerada o resultado de uma doença transmitida pelo ar, na verdade se espalhava por meio da água con-taminada, e devastou a congregação de Spurgeon. Ele relatou: “Todo o dia, e às vezes toda a noite, fui de casa em casa, e vi homens e mulheres morren-do, e, oh, como ficavam felizes em ver meu rosto. Quando muitos estavam com medo de entrar em suas casas com medo de pegarem a doença mortal, nós que não tínhamos medo de tais coisas nos encontramos sendo ouvidos de bom grado quando falamos de Cristo e de coisas divinas.”13 Biógrafos ainda não entendem completamente como Spurgeon sobreviveu à pandemia.

Ao invés de beber dos 60 milhões de galões de água do rio bombeados para os bairros que cercavam sua igreja, a água de Spurgeon vinha dos po-ços profundos perfurados pela Kent Company próximo a Greenwich, a única fonte não poluída em Southwark.14 Quando a cólera atacou novamente em 1866, Spurgeon afirmou: “Parece-me que esta doença está, em grande medi-da, em nossas próprias mãos, e que se todos os homens tomassem um cui-dado minucioso quanto à limpeza, e se melhores habitações fossem providas aos pobres, e se as aglomerações fossem efetivamente evitadas, e se o supri-mento de água pudesse ser maior, e se outras melhorias sanitárias pudes-sem ser realizadas, a doença, muito provavelmente, não ocorreria.”15

O Tâmisa que outrora “deslizava conforme sua doce vontade”,16 como William Wordsworth escreveu em 1802, havia, nos dias de Spurgeon, apo-drecido. Em 1858, exatamente um século depois de Robert Binnell cha-mar suas águas de “excessivamente sadias [sic]”,17 o jornal satírico Punch retratava um esqueleto remando rio abaixo em busca de vida para cei-far.18 Spurgeon pintou um retrato similar em seu sermão de 1866 “Campos Brancos Para a Colheita”: “Você pode olhar esta grande cidade como o cam-po a ser colhido, e a cada semana os boletins de mortalidade nos dizem o quão constante e seguramente a foice da morte se move de um lado para o

13 Autobiografia 1:371.14 Noel A. Humphreys, ed., Vital Statistics: A Memorial Volume of Selections from the Reports and

Writings of William Farr (Londres: The Sanitary Institute of Great Britain, 1885), 361. Ver também Annual Summary of Births, Deaths, and Causes of Death in London, ad OTher Large Cities (Londres: George E. Eyre e William Spottiswoode, 1871), p. xxxii – xxxiv.

15 PTM 12:445.16 William Wordsworth, Composed upon Westminster Bridge, September 3, 1802 em The Collected Poetry

of William Wordsworth: With an Introduction and Biography, The Wordsworth Poetry Library (Ware, Hertfordshire: Wordsworth Editions, Ltd., 1994), p. 269.

17 Robert Binnell, A Description of the River Thames, &C. with The City of London’s Jurisdiction and Conservacy (Londres: T. Longman, 1758), p.4.

18 The ‘Silent Highway’–Man, Punch (10 de julho de 1858).

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introduÇÃo

outro, e como um caminho é aberto em meio a nossa população, e aqueles que já foram homens vivos são levados como feixes ao celeiro, levados ao ce-mitério e deixados de lado. Não se pode impedir que morram.”19

O novo sistema de esgoto de 1870 não poderia ter chegado em me-lhor hora. A bem-vinda adição aliviou a metrópole de sua odorífera reputa-ção e garantiu à população que verões sufocantes como o “Grande Fedor” de 185820 nunca voltariam a ocorrer.

As correntes da linguagem também estavam se alterando. Em comu-nidades rurais e religiosas onde a Bíblia King James 1611 (BKJ1611 tradu-ção do português) e a literatura puritana eram prevalentes, ainda se ouviam pronomes arcaicos. Mas nas cidades do século XIX, thy se tornou your, thi-ne havia se tornado yours e thou (o informal de you) havia, em grande parte, abandonado o vocabulário. Joseph Worcester atualizou o inovador dicioná-rio de Samuel Johnson,21 e no final do século, um agrupamento de variadas expressões havia sido enxertado no vernáculo.

Se um vitoriano desejasse andar em uma carruagem de três cavalos, um unicorn carman (cocheiro unicórnio)22 era chamado. Alguém poderia dese-jar um copo de balloon-juice (uma bebida gaseificada)23 ou de belly-washer (li-monada).24 Em vez de dizer Excuse me (com licença), um vitoriano poderia murmurar, Mind the grease (uma expressão para “deixe-me passar, por fa-vor”).25 Dizia-se que uma dama bem vestida estava afternoonified (t.l. apresen-tável).26 Se uma mulher era muito tagarela, era chamada de church-bell (sino de igreja).27 Uma má criação poderia produzir um half-hour gentleman (cava-lheiro de meia hora)28 ou um broad faker (um jogador de cartas suspeito).29 Um carpinteiro medíocre era um wood-spoiler (estraga-madeira),30 um policial, um mutton shunter (pendurar a conha).31 Se um ator esquecesse suas falas, o pú-blico poderia dizer que ele é um capitão Macfluffer.32 Debater-se era chamado batty-fang (t.l. bater completamente / danificar além do reparo / esmagar até a morte),33 e muito batty-fanging poderia resultar em enthuzimuzzy (t.l. Um termo sarcástico

19 PTM 12:466.20 Ver Stephen Halliday, The Great Stink of London: Sir Joseph Bazalgette and the Cleaningof the

Victorian Metropolis (nova ed.; Gloucertershire: The History Press, 2001).21 O Dicionário de Samuel Johnson é citado ao longo dos primeiros sermões de Spurgeon, dada sua

proeminência antes do dicionário atualizado de Worcester. Ver Abreviações e também Henry Hitchings, Defining the World: The Extraordinary Story of Dr. Johnson’s Dictionary (Nova Iorque: Picador, 2005).

22 J. Redding Ware, Passing English of the Victorian Era (Londres: George Routledge & Sons, Limited, s.d., provavelmente 1909), p. 255.

23 Ibid., p. 17.24 Ibid., p. 25.25 Ibid., p. 176.26 Ibid., p. 3.27 Ibid., p. 77.28 Ibid., p. 149.29 Ibid., p. 49.30 Ibid., p. 268.31 Ibid., p. 179.32 Ibid., 63.33 Ibid., p. 21.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

ou zombeteiro para se referir ao entusiasmo).34 Um vitoriano pode chuck a dummy (desmaiar),35 give beans (castigar),36 ou face the music (aceitar um desafio).37 No cortejo, nenhum cavalheiro digno iria tip the velvet (beijar)38 com sua sauce box (boca)39 antes que pudesse hang up the ladle (t.l. pendurar a concha) e casar-se.40

Outra palavra – “progresso”– tornou-se a virtude vitoriana quintes-sencial. Um ano antes de Spurgeon nascer, a Lei de Abolição da Escravidão foi aprovada no Reino Unido. O primeiro selo pré-pago, o “Penny Black” (t.l. centavo preto), entrou em circulação quando Spurgeon tinha cinco anos. A palavra “dinossauro” foi cunhada por volta do seu oitavo aniversário. Aos onze, Spurgeon pôde andar em uma calçada ao invés de paralelepípedos, e na adolescência ele pode até mesmo ter dado descarga no primeiro banheiro público na Grande Exposição de 1851, à qual ele compareceu em junho da-quele ano.41

Dois anos após Spurgeon hang up the ladle (casar-se) Vitória telegra-fou ao presidente dos Estados Unidos, James Buchanan, via cabos de cobre que se estendiam da Irlanda até Terra Nova. Spurgeon tinha vinte e oito anos quando o primeiro metrô do mundo escavou seu caminho sob as ruas de Londres. Ele podia fazer uma chamada telefônica aos quarenta e dois anos de idade, ler sob a luz de uma lâmpada incandescente aos quarenta e três, e em 1885, ele podia andar na nova “bicicleta de segurança” em vez de usar a penny farthing (t.l. um tipo de bicicleta com uma roda dianteira gran-de e uma roda traseira muito menor que era popular no século XIX) com sua grande roda – um desafio tremendo para um homem de apenas um metro e sessenta e cinco de altura.42 Os avanços da época maravilharam-no. Quando Spurgeon ouviu a voz de Thomas Edison emergir dos tubos do fonógrafo em 1888, o pastor “sentiu-se absorto pelo mistério.”43

Há, naturalmente, a tentação de se idealizar demais a Era Romântica – de vê-la por meio de lentes cor-de-rosa e ignorar a tenebrosa poluição que instalou-se durante o século. A Revolução Industrial prometia possibilidades

34 Ibid., p. 124.35 Ibid., p. 75.36 Ibid., p. 22.37 Ibid., p. 126.38 Ibid., p. 246.39 Ibid., p. 215.40 Ibid., p. 150.41 Sobre a visita de Charles à Exposição Universal de 1851, ver o primeiro sermão que ele pregou após seu

regresso, Fazendo pouco caso de Cristo (Sermão 21).42 De acordo com o Sr. Fulton, editor do The Baltimore American, que viajou a Londres para visitar a

capela da rua New Park, Spurgeon tinha “cerca de um metro e sessenta e cinco de altura, era bastante robusto, com um rosto redondo, claro, liso, rechonchudo e uma testa pequena. (The Rev. Mr. Spurgeon. Described by an American Editor, The Times-Picayune [31 de julho de 1859]). Spurgeon herdou a altura de sua mãe, Eliza, não de seu pai, John, que tinha quase 1,83 de altura (Henry Davenport Northrop, Life and Works of Rev. Charles H. Spurgeon: Being a Graphic Account of the Greatest Preacher of Modern Times [n.p.: Memorial Publishing Co., 1892], p. 21, 22).

43 PTM 34:532. Dada sua descrição da “cantiga infantil” de Edison, Spurgeon provavelmente ouviu à gravação em cilindro de cera de 1877 de Mary Had a Little Lamb (Thomas A. Edison, Mary Had a Little Lamb [West Orange, NJ: 12 de agosto de 1927, cerimônia do jubileu de ouro, originalmente gravado em 1877]). Para ouvir à gravação de Edison, visite <www.archive.org/details/EDIS-SCD-02>, último acesso em 18 de maio de 2016.

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introduÇÃo

interessantes, mas a população mais pobre absorveu seu custo. A demanda por mão de obra aumentou as divisões de classe. Desafios sociais, econômicos e administrativos permaneceram sem solução. Trabalho infantil, superpopu-lação, a vida nos guetos e o crime ainda faziam parte da experiência vitoriana.

Passados três anos do início do pastorado de Spurgeon em Londres, ha-viam identificado 8.600 prostitutas, ou mulheres “caídas”, vivendo em sua ci-dade.44 As brilhantes invenções da Inglaterra precisavam de mãos diligentes para manufaturá-las. A partir dos três e quatro anos de idade, crianças fre-quentemente trabalhavam ao lado de seus pais em fábricas têxteis, usinas e minas de carvão.45 Para limpar os estreitos dutos e chaminés eram necessá-rios corpos pequenos. Cânceres, úlceras e doenças respiratórias encurtavam as vidas dos limpadores de chaminés. De acordo com um relatório da prisão de 1837, um limpador de chaminés “esfarrapado e descalço” foi encarcerado por cometer uma contravenção. Quando foi forçado a tomar um banho, o jovem de dezesseis anos ficou “encantado”. Quando lhe ofereceram meias e sapatos, ele se encheu da “maior perplexidade”. “Devo mesmo vestir isto?” ele perguntou. Ao ser escoltado até sua cela, o adolescente “atingiu o ápice de sua alegria” quando viu a cama e percebeu que iria dormir confortavelmente aquela noite.46

Charles Dickens descreveu adequadamente a vida que muitos vitoria-nos eram forçados a viver em sua publicação de 1854, Hard Times. Bairros congestionados penavam para lidar com as populações em expansão, es-pecialmente quando imigrantes irlandeses fugiram da fome causada pelo phytophtora infestans – um fungo transportado pela água que dizimou as plantações de batata da Irlanda.47 Disparidade econômica e pobreza sistêmi-ca prevaleceram ao longo do século XIX.

No entanto, mesmo em meio às dores de crescimento de Londres – es-pecialmente entre a fome da década de 1840 e a grande depressão de 187348

– havia uma sensação real de que a vida estava melhorando. As linhas deabertura do romance de 1859 de Dickens A Tale of Two Cities (t.l. Um Contode Duas Cidades), embora escrito sobre a revolução francesa, pode tambémdescrever a Londres de Spurgeon: “Foi o melhor dos tempos, foi o pior dostempos.”49 A Inglaterra ainda não era eduardiana, mas também não erageorgiana. Um novo dia raiava para o império no qual o sol nunca se punha.

44 E.M. Sigsworth e T.J. Wyke, “A Study of Vicorian Prostitution and Venereal Disease” em Suffer and Be Still: Women in the Victorian Age, Rotuledge Revivals (ed. Martha Vicinus; Methuen e Co., 1972; reimpr., Nova Iorque: Rotuledge, 2013), p.79. Ver também Judith R. Walkowitz Prostitution and Victorian Society: Women, Class, and the State (Cambridge: Cambridge University Press, 1980).

45 Edward Royle, Modern Britain: A Social History 1750 – 1997 (3ª ed.; Londres: Bloomsbury Academic, 2012), p. 111. Ver também John Rule, The Labouring Classes in Early Industrial England, 1750 – 1850 (Londres: Longman Group Limited, 1986), p. 147.

46 Benita Cullingforde, British Chimeny Sweeps: Five Centuries of Chimney Sweeping (Chicago: New Amsterdam Books, 2000), p. 93.

47 Susan Campbell Bartoletti, Black Potatoes: The Story of the Great Irish Famine, 1845 –1850 (Boston: Houghton Mifflin Co., 2001), p. 36.

48 Ver Geoffrey Best, Mid-Victorian Britain: 1851–75 (Londres: Fontana Press, 1988), p. 19.49 O romance de Dickens foi publicado em partes. Esta citação é encontrada em “A Tale of Two Cities: In

Three Books. Book the First. Recalled to Life. Chapter 1. The Period” All the Year Round, A Weekly Journal Conducted by Charles Dickens (30 de abril de 1859), p.1

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

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UM HOMEM FRUTO DE SEU PRÓPRIO TEMPO

Três homens chamados Charles ganharam notoriedade no século XIX: Charles Dickens, Charles Darwin e Charles Spurgeon. Cada um deles popularizou sua profissão, e embora seja provável que nunca tenham

se conhecido,1 tornaram-se referências na literatura vitoriana, na ciência e na pregação. Um heterogêneo unicorn carman2 havia sido preparado, e jun-tos eles conduziriam o século a uma era de otimismo e ceticismo.

Spurgeon tinha 21 anos quando sua primeira biografia foi escri-ta.3 Ao final de 1857, ambos os lados do oceano Atlântico sabiam seu no-me.4 Ao final da década, ele se tornou o pregador mais popular do mundo.5

1 Para ler Dickens citado por Spurgeon, ver C. H. Spurgeon, The Soul-Winner; or, How to Lead Sinners to the Saviour. Nova Iorque: Fleming H. Revell, 1895, p. 98. Para ler Spurgeon citado por Dickens, ver Charles Dickens e Wilkie Collins, The Lazy Tour of Two Idle Apprentices; No Thoroughfare; The Perils of Certain English Prisoners . Londres: Chapman and Hall, 1890, pp. 7, 22, e 92. Spurgeon possuía cerca de vinte romances de Dickens em sua biblioteca pessoal, incluindo Christmas Stories, Little Dorrit, Great Expectations, Bleak House, e The Adventures of Oliver Twist. As leves anotações a lapis em Sketches by Boz podem ter sido feitas por Spurgeon (ver Black Sheep! pelo autor de Land at Last, Kissing the Rod, Livro III, Capítulo III, On the Balcony, All the Year Round, a Weekly Journal Conducted, de Charles Dickens. 29 de dezembro de 1866. The Spurgeon Library, p. 1–4).

2 Espécie de tandem puxado por três cavalos. (N.T.)3 Ver Magoon (ed.), ‘ The M oder n W hitfiel d,’ v–xxxvi.4 “[Spurgeon] sobe em um púlpito e já tem uma nação por audiência!” (Spurgeon, por Theodore L. Cuyler.

Kalamazoo Gazette. 13 de novembro de 1857).5 Esta informação foi reportada por inúmeros jornais, incluindo o artigo The Beginning of the World,

do The South-Western. 15 de junho de 1859. Um jornal do País de Gales afirmou que Spurgeon era “o pregador mais popular da atual geração”. (The Rev. C. H. Spurgeon’s First Visit to Wales, The Cardiff Times and Newport and South Wales Advertiser. 23 de julho de 1859). Segundo o Louisville Daily Courier, Spurgeon havia sido “ouvido por mais pessoas nos últimos anos do que qualquer outro pregador vivo”. (Louisville Daily Courier, 15 de maio de 1858).

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

A voz de barítono de Spurgeon foi descrita como “limpa e tonante como um sino”6, e era capaz de alcançar audiências de 3.000 ou 23.000 pessoas.7 Ele foi comparado a George Whitefield,8 Henry Ward Beecher9 e John Albert Broadus.10 Certo estudante americano chegou a pensar que Spurgeon fosse o primeiro-ministro da Inglaterra.11

A popularidade de Spurgeon no púlpito foi acompanhada por sua produtivida-de na imprensa. Seus sermões de domingo de manhã foram publicados em O púlpito da rua New Park, em O púlpito do Tabernáculo Metropolitano e, eventual-mente, totalizou sessenta e três volumes.12 Em 1917, uma escassez de papel causada pela Primeira Guerra Mundial impediu a publicação de seus ser-mões. Spurgeon também publicou uma revista mensal, aproximadamente 140 livros, além de sua magnum opus, um comentário sobre os Salmos intitulado O tesouro de Davi, que levou vinte anos para ser concluído. A soma das palavras publicadas por Spurgeon excedeu a da famosa 9a edição de 1875–89 da Enciclopédia Britânica.13

6 Eclectic Review (Vol. XII – New Series, Londres: Jackson, Walford, & Hodder; Edimburgo: W. Oliphant and Son; Aberdeen: G. e R. King; Glasgow: G. Gallie; e Manchester: Bremner, janeiro – junho de 1867), p. 359. O jornal The Liverpool Daily Post afirmou que “uma das suas principais características era a voz que soava limpa e clara como o tilintar de um sino, ressoando maravilhosamente”. (Mr. Spurgeon, 6 de setembro de 1870).

7 No dia 7 de outubro de 1857, a Rainha Victoria sancionou um dia nacional de oração, no qual Spurgeon falou para uma audiência de 23.654 pessoas no Crystal Palace. Ver notas de rodapé em Fazendo pouco caso de Cristo (Sermão 21) e em A paz de Deus (Sermão 60). Ver também Arthur Christopher Benson e Viscount Esher, eds., The Letters of Queen Victoria: A Selection from Her Maýesty’s Correspondence Between the Years 1837 and 1861, Published by Authority of His Maýesty the King (Londres: John Murray, 1908; repr., Teddington, UK: The Echo Library, 2010), 3:227.

8 E. L. Magoon incluiu a resposta de Spurgeon, que dizia: “Tenho sido acusado de ser um Whitfield, o maior pregador da época, o que certamente não sou, e nunca afirmei ser” [Magoon (ed.) ‘The Modern Whitfield,’ xxvi]. Ver também a referência a Whitefield feita por Spurgeon em seu sermão O que pensais vós de Cristo? (Sermão 71).

9 “Comparado ao Sr. Beecher, o Sr. Spurgeon é mais religioso, mais espiritual, menos profundo, menos semelhante a um filósofo, mas mais semelhante a um santo. Beecher é como Shakespeare, ou qualquer outro grande filósofo social, enquanto Spurgeon é como John Bunyan. Depois de ouvir Beecher, você vai embora impressionado com a grandeza do homem; depois de ouvir Spurgeon, você vai embora impressionado com a grandeza perscrutadora do Evangelho” (W. W. Barr, ed., The Evangelical Repository and United Presbyterian Worker [Primeiras Séries, Vol. LI. – 4a Série, Vol. I, Filadélfia, PA: Young and Ferguson, 1874], p. 301). Ver também An American View of Spurgeon, The Boston Recorder (2 de setembro de 1858), e The Rev. C. H. Spurgeon, The Essex Standard (18 de april de 1855).

10 “Broadus era mais parecido com Spurgeon e [Alexander] Maclaren do que qualquer um dos outros. Ele não tinha a intensidade da experiência de Spurgeon em um pastorado contínuo, mas o ultrapassava em instrução bíblica e cultura geral” (A. T. Robinson, The Minister and His Greek New Testament [Eugene, OR: Wipf & Stock, 2011], p. 139).

11 Rev. O. P. Gifford, pastor da Igreja Batista da Avenida Warren em Boston, Massachusetts, citado em C. H. Spurgeon, Mr. Spurgeon’s Jubilee: Report of the Proceedings at the Metropolitan Tabernacle on Wednesday and Thursday Evenin gs, June 18th and 19th 1884 (Londres: Passmore & Alabaster, n.d.), p. 34.

12 Ao longo do ministério de Spurgeon, seus sermões de domingo de manhã foram editados e publicados. Após sua morte em janeiro de 1892, Joseph Passmore e James Alabaster continuaram o processo de revisão e publicação dos sermões que Spurgeon pregara nas noites de domingo e durante a semana. Outros quarenta e cinco sermões extraídos de The Baptist Messenger foram publicados em 2009 (ver Terence Peter Crosby, C. H. Spurgeon’s Sermons Beyond Volume 63, An Authentic Supplement to The Metropolitan Tabernacle Pulpit [Day One Publications, 2009]).

13 Eric W. Hayden, Did You Know? Christian History, Issue 29. 2. Neste artigo do Christian History, Hayden observa o número total de volumes na nona edição da Encyclopædia Britannica. Na verdade, a nona edição contém vinte e quatro volumes com o volume de índice adicional, não vinte e sete volumes como indicado na pesquisa de Hayden e no artigo de John Piper Preaching Through Adversity (John Piper, Preaching Through Adversity, Founder’s Journal, p. 23 [Inverno de 1996]). Para mais informações, ver <www.britannica.com/EBchecked/topic/186618/Encyclopaedia-Britannica/2107/Ninth-edition>; Último acesso em 18 de maio de 2016.

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Até o ano de 1857, as vendas dos sermões de Spurgeon duplicaram.14 As exposições comerciais americanas vendiam mil cópias dos seus livros por minuto.15 Arremedadores logo descobriram que usar o nome de Spurgeon ge-rava receita. Um cavalheiro irlandês que “se passou por Spurgeon”16 recebeu tratamento de realeza em um hotel. Um palestrante golpista em Ohio ale-gou ser “E. H. Spurgeon”, o irmão de Charles. Quando o público o confron-tou, o homem “abruptamente esgueirou- se” de volta ao anonimato.17

Até mesmo os anglicanos invejavam o seu sucesso. Em meados do sé-culo XIX, tornou-se ilegal (embora fosse raramente executado) que igrejas implantadas realizassem cultos em espaços não- religiosos para multidões com mais de vinte pessoas. Em 1855, o Conde de Shaftesbury forçou a Lei da Adoração Religiosa18 ao Parlamento, permitindo que os clérigos “imitassem Spurgeon.”19 Alguns tentaram fazê-lo, mas descobriram que ninguém conse-guiria reunir as multidões que o batista moderno da rua New Park era ca-paz de organizar. Nem mesmo os locais mais espaçosos da maior cidade do mundo – o Surrey Garden Music Hall, o Exeter Hall e o Crystal Palace – po-diam acomodar adequadamente seu público que continuava a avolumar-se. Em uma carta para seu irmão, Spurgeon escreveu: “creio que eu poderia ga-rantir um auditório lotado na calada de uma noite de muita neve.”20

Em 1858, os americanos que retornavam de Londres ouviam as duas perguntas: “você viu a rainha?” e “você ouviu Spurgeon?”21 A própria Vitória há de ter assistido a um sermão, disfarçada de transeunte, um comporta-mento comum para a rainha.22

Spurgeon constantemente trocava chapéus com pastores, presidentes, editores, autores e evangelistas itinerantes. A congregação na rua New Park, outrora em declínio, logo se tornou a maior da Cristandade Protestante e teve de se mudar para um edifício maior, o Tabernáculo Metropolitano, que batizou cerca de 15.000 membros,23 mantendo a frequência de 6.000 pes-soas semanalmente, e que até junho de 1884, tinha dado origem a sessen-ta e seis ministérios paraeclesiásticos, incluindo uma faculdade teológica, dois orfanatos, um fundo de livros, uma organização de doações de roupas,

14 PRNP 3: prefácio.15 “Mais de 100.000 cópias dos sermões de Spurgeon foram vendidas nos Estados Unidos. Na quarta-feira

à noite, na liquidação, quando a lista de Sheldon, Blakeman & Co. foi alcançada, 20.000 cópias foram vendidas em vinte minutos. Nenhum livro publicado neste país teve uma venda tão grande” (Daily Confederation [vol. 1, no. 215]).

16 A False Spurgeonat Limerick,Daily National Intelligencer (30de agosto de1861).17 “Splurgin” by a Spurgeon, Plain Dealer (7 de novembro de 1857), p. 3.18 Ver Edwin Hodder, The Life and Work of the Seventh Earl of Shaftesbury, K. G. (Londres: Cassell &

Company, 1887), pp. 510–1819 Owen Chadwick, The Victorian Church: An Ecclesiastical History of England (Nova Iorque: Oxford

University Press, 1966), 1:525.20 Autobiografia 2:99.21 A. P. Peabody, Spurgeon, North American Review 86 (1858), p. 275.22 Autobiografia 4:183. Em 2 de novembro de 1873, Victoria participou de um culto presbiteriano em

uma igreja em Crathie, Escócia. Sem ser notada, ela “caminhou silenciosamente entre os comungantes” (Chadwick, 2:320–21).

23 Os arquivos do Tabernáculo Metropolitano contêm perguntas inéditas de entrevistas para aqueles que foram batizados sob o ministério de Spurgeon.

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uma escola dominical para cegos, lares de idosos e ministérios para poli-ciais, entre dezenas mais.24 Grande parte da receita gerada pelas vendas de seus sermões foi canalizada de volta para esses ministérios. Ao contrário de seu contemporâneo católico romano muito mais abastado, Henry Edward Manning, Spurgeon morreu com apenas £2.000 em seu nome.25

Em muitos aspectos, Spurgeon representava os ideais de sua época. Ele era “viril”,26 ambicioso, empreendedor, bem relacionado, carismático, in-fluente e fortemente envolvido com a política. Em 1880, sozinho, fez uma eleição virar-se a favor de seu candidato favorito.27 Um biógrafo o descreveu como aquele que “não era um caniço a ser agitado pelo vento, mas um vento que agitava os caniços”.28 E, de fato, sua influência religiosa e social é difícil de superestimar. Tomando emprestada uma das amplamente aceitas carac-terísticas atribuídas por David Bebbington aos evangélicos, Spurgeon esta-va profundamente investido na reforma social, era um ativista “ansioso para colocar a mão na massa.”29 Este impulso resultou em seu combate ao comér-cio de ópio no leste, ao antissemitismo no norte, à pobreza no sul e ao tráfico de pessoas no oeste.

Em nenhum lugar a oposição de Spurgeon à escravidão foi mais pro-nunciada do que nas memórias de Thomas L. Johnson, Vinte e oito anos de escravidão. Johnson ouvia seus mestres na Virgínia falando sobre Spurgeon, embora o pregador “não fosse muito apreciado”30 por eles. Após sua emanci-pação em 1865, Johnson viajou para Denver, Colorado, onde encontrou o panfleto de Spurgeon “Orações de pregadores”. Johnson escreveu: “nenhum livro que eu tenha possuído naquela época, exceto a Bíblia, me ofereceu ta-manha assistência.”31 Ele então viajou para Londres a fim de se encontrar com Spurgeon e se matriculou como estudante no Pastors’ College antes de se tornar um missionário e partir para a África.

24 C. H. Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle: Its History and Work (Pasadena, TX: Pilgrim Publications, 1990), p. 7.

25 “A Sra. Spurgeon comunicou ao Batista o fato de que o dinheiro deixado pelo Sr. Spurgeon era, na verdade, cerca de £2.000. Os £10.643 representados pelo inventário de seu testamento cobrem uma apólice de seguro de vida de £1.000, com acréscimos de bônus e as avaliações de todos os direitos autorais do Sr. Spurgeon; também a mobília, a biblioteca e outros bens em Westwood. Esses itens em si somam mais de £8.000. A Sra. Spurgeon não continuará a residir em Westwood (Mr. Spurgeon’s Property, The Nottingham Evening Post [31 de março de 1892]).

26 Ministerial Elocution, The Boston Recorder (21 de agosto de 1862), p. 133.27 Albert R. Meredith, The Social and Political Views of Charles Haddon Spurgeon 1834–1892 (PhD diss.,

Michigan State University, 1973), pp. 66–67. Ver também Christian T. George, How Would Spurgeon Vote? (The Ethics & Religious Liberty Commission of the Southern Baptist Convention, 17 de dezembro, 2015; ultimo acesso em 18 de maio de 2016, <www.erlc.com/article/how-would-spurgeon-vote>).

28 William Williams, Spurgeon: Episodes and Anecdotes of His Busy Life: With Personal Reminiscences by Thomas W. Handford (Chicago: Morrill, Higgins, 1892), p. 10. Esta frase, atribuída a João Batista em Mt 11:7 e Lc 7:24, era comumente usada em toda a literatura vitoriana.

29 David W. Bebbington, Evangelicalism in Modern Britain: The Age of Spurgeon and Moody (Leicester: InterVarsity Press, 2005), p. 36.

30 Thomas L. Johnson, Twenty-Eight Years a Slave; or, the Story of My Life in Three Continents (Londres: Christian Workers’ Depot, 1909), p. 102.

31 Ibid., p. 69.

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Spurgeon não foi o único pregador notável no século XIX. Afinal, aquela foi a era da “degustação de sermões”.32 A Catedral de St. Paul tinha Henry Liddon. A Capela de Westminster contava com G. Campbell Morgan. O Templo da Cidade gabava-se de Joseph Parker. Batistas como Alexander Maclaren e John Clifford também alcançaram notoriedade, mas não na ex-tensão internacional que adquirira Spurgeon. Caso desejasse, Spurgeon po-deria ter aberto uma denominação, e quase o fez inadvertidamente.33

Seus sermões foram traduzidos para quase quarenta línguas, incluin-do alemão, espanhol, francês, japonês e português.34 Uma diáspora de do-cumentos circuncidava o mundo – livros, comentários, panfletos e revistas. Os acessíveis “púlpitos por centavos” foram encontrados nas mãos de pes-cadores no Mediterrâneo, produtores de café no Sri Lanka, marinheiros em São Francisco e até mesmo católicos em peregrinação. Em maio de 1884, um cristão chinês preferiu “ficar sem uma refeição do que perder este ali-mento espiritual.”35 Após cinquenta a sessenta soldados do 73º Regimento terem manuseado um de seus sermões na Índia, devolveram o manuscrito “sujo e com marcas”.36 D. L. Moody comentou uma vez: “é uma bela cena ob-servar, aos domingos no Colorado, quando os mineiros saem das entranhas das colinas e se reúnem nas escolas ou debaixo das árvores, enquanto um velho mineiro inglês se levanta e lê um dos sermões de Charles Spurgeon.”37 Na Austrália, um fugitivo condenado foi convertido ao cristianismo depois de ler um sermão “manchado de sangue”, saqueado do bolso de sua víti-ma assassinada.38 A popularidade de Spurgeon foi meteórica e expansiva, e quando combinada à trajetória geográfica de sua adolescência, deu for-ma à silhueta de um vitoriano ideal. Com a invenção da locomotiva a vapor, as oportunidades industriais levaram a população da Inglaterra para fora das fazendas e para dentro das fábricas. Até 1859, metade dos cidadãos de Londres com menos de vinte anos havia nascido fora da cidade.39 A transição de Spurgeon para Londres espelhou a distribuição populacional da época. Com dezenove anos de idade, ele também se retirou das paisagens pastoris de Cambridgeshire e partiu para os bairros enevoados pela fumaça indus-trial da metrópole.

32 Robert H. Ellison, The Victorian Pulpit: Spoken and Written Sermons in Nineteenth-Century Britain (Londres: Associated University Press, 1998), p. 44.

33 Ver Spurgeonism Again (EE Junho de 1866:281-84); Spurgeonism, The Nation (13 de junho de 1857) 9; e Spurgeonism, Dundee, Perth, and Cupar Advertiser (2 de abril de 1861).

34 Autobiografia 4:291. As traduções dos sermões de Spurgeon incluem: Die Wunder unfres Hernn und Heilandes in 52 Predigten von C. H. Spurgeon (Hamburgo: Verlagsbuchhandling von J. B. Oncken Machfolger, 1897); Walda Predifningar af C. H. Spurgeon, Brebifant mib Metropolitan Tabernacle i London (Estocolmo: B. Balmqmifts Förlag, 1867); e Pulpito Metropolitano Do Revdo Charles Haddon Spurgeon (Blocos de notas de Spurgeon, comp. Susannah Spurgeon, Sala do Patrimônio, Universidade Spurgeon, Londres).

35 EE maio 1884:246.36 EE outubro 1879:496.37 William R. Moody, The Life of Dwight L. Moody (Nova Iorque: Fleming H. Revell, 1900), p. 456.38 Cranfill, p. 29.39 Chadwick, The Victorian Church, 1:325.

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A cidade ofereceu a Spurgeon mais recursos e oportunidades do que o campo poderia. O alcance global de seus sermões não teria sido possível se tivesse permanecido em Waterbeach. Também não teria conhecido seus editores, Joseph Passmore e James Alabaster. Spurgeon nunca buscou uma transição para Londres, mas quatro anos após ter sido batizado no rio sinuo-so de Isleham, ele ancorou seu ministério à margem sul do movimentado Tâmisa, cujas águas se abriam diretamente para o mar.

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UM HOMEM ANTIQUADO PARA O SEU PRÓPRIO

TEMPO

Enquanto isso, o rio Mississippi produzia seu próprio autor, Samuel Clemens (Mark Twain). Antes de se tornar o célebre romancista ame-ricano, Clemens – que não era nem dois anos mais novo que Spurgeon

– trabalhou como capitão de um barco fluvial, navegando as águas muitas vezes traiçoeiras do “Big Muddy”. Na manhã de domingo do dia 17 de agos-to de 1879, os caminhos destes dois homens se cruzaram no Tabernáculo Metropolitano.

Foi um ano crucial para o homem de Missouri. Seu livro, The Adventures of Tom Sawyer, havia acabado de ser publicado, e sua mente es-tava ocupada com um novo romance, A Tramp Abroad. A turnê europeia que ocupara dezoito meses de sua vida havia chegado ao fim. Logo, ele partiria para casa na mais nova adição da Cunard, o RMS Gallia. Naquela manhã, Clemens documentou sua experiência em seu diário:

Domingo, 17 de agosto de 1879. Bruto e frio, e uma chuva que encharca. Fui ao Tabernáculo e ouvi o Sr. Spurgeon. Três quar-tos da casa cheios, digamos, 3.000 pessoas. Primeira hora, me-nos 1 minuto, ocupada com duas orações, dois hinos feios, e leitura das Escrituras. Sermão com três quartos de hora de du-ração. Uma fala fluida. Voz boa, sonora. O assunto foi tratado à desagradável moda antiga – o homem, uma criança muito ruim; Deus trabalhando nela de quarenta maneiras diferentes e tendo

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um mundo de problemas sobre ele. Uma congregação com cara de madeira. A música sacra inglesa parece ser sempre a perfei-ção do feio – a música de hoje não podia ser pior. Não comoveu nem agradou. É uma calúnia supor que Deus poderia desfru-tar qualquer canto congregacional. Spurgeon não estava em seu melhor estado hoje, creio eu – é provável que estivesse mesmo em seu pior. Estava tanto frio que eu congelava – a chuva tor-rencial tornou tudo sombrio. A congregação com cara de madei-ra não era uma inspiração, a música era deprimente... Então o homem não poderia pregar bem.1

Os “dois hinos feios” referenciados por Clemens foram escritos por Isaac Watts e Robert Grant (um terceiro hino de John Newton também foi cantado). Antes do sermão, Spurgeon havia lido Isaías 57:15-21, e também o capítulo 58. A leitura foi provavelmente pontuada com as suas habituais ex-posições extemporâneas. O tema que Spurgeon “tratou à desagradável moda antiga” é resumido pelo título de seu sermão: “Contenda encerrada e Graça reinante.”2

O primeiro ponto de Spurgeon foi: “a contenda divina é merecida.”3 Ao “pecador que busca”4, disse: “não me importa quem você é, você é culpa-do. Você cometeu traição contra Deus e já está condenado por sua inquestio-nável justiça.”5 Ele implorou a Deus para que “o diminuísse a essa condição de contrição, se ainda não o tivesse feito”.6 Dirigindo suas palavras ao povo de Deus, continuou: “rendam-se incondicionalmente, sejam santos ou peca-dores: destruam as armas da rebelião, abandonem as plumas do orgulho e supliquem pelo perdão com os joelhos dobrados. Sua Majestade é sempre misericordiosa”.7 Então, acrescentou: “sejam humildes, pois vocês não são ninguém.”8

Os encorajamentos certamente estavam por vir, pois “o próprio Deus encontra razões para acabar com a contenda”9 e “nunca é sua intenção des-truir seus próprios filhos.”10 O quarto ponto de Spurgeon assegurou à con-gregação que Deus “inventa e propõe outro método para acabar com suas contendas,”11 ou seja, a aplicação da misericórdia e da graça à condição do pecador. Spurgeon concluiu sua mensagem de 45 minutos com a exortação:

1 Frederick Anderson, Lin Salamo, e Bernard L. Stein, eds., Mark Twain’s Notebooks & Journals (1877–1883) (Berkeley: University of California Press, 1975), 2:338–39, itálicos no original.

2 Contention Ended and Grace Reigning (PTM 25, Sermon 1490).3 PTM 25:469.4 Ibid., 25:470, itálico no original.5 Ibid., 25:471.6 Ibid.7 Ibid., 25:473.8 Ibid., 25:474.9 Ibid., 25:475.10 Ibid., 25:477.11 Ibid., 25:478.

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uM HoMEM AntiQuAdo PArA o SEu PrÓPrio tEMPo

Oh, vinde, vós que andais sem rumo, e descansai em Jesus. Vinde vós, os mais perdidos, arruinados, desesperados, e encon-trai o céu que começa em Cristo. Oh, vós que estais assentados à beira da perdição, que fizestes um pacto com a morte e uma aliança com o inferno, vós cuja sentença de morte parece ter sido assinada e colocada em vossas mãos, para que a possais ler à luz das chamas do inferno, preparado para derramar a fú-ria pela qual você aguarda, vinde para Jesus e esse manuscrito de morte será apagado. O julgamento iminente parece, mesmo agora, ressequir as vossas almas; vinde e encontrai a libertação dele, pois o próprio Deus vos convida. Não vos demorais. Que Jesus vos conduza docemente a si mesmo. Amém.12

Dois dias depois, um barco a vapor transportou Clemens até o Lago Windermere para encontrar “o grande Darwin”.13 O naturalista inglês cer-tamente simpatizaria com a avaliação de Clemens sobre Spurgeon. Aos olhos de muitos cientistas modernos, a teologia de Spurgeon era desagra-dável e antiquada. Não havia a ciência superado milagres, mitos e supers-tições? Poderiam conceitos como pecado, julgamento, inferno e condenação eterna ainda ser mantidos? Já não se acreditava que a idade da Terra fosse de 6.000 anos. A seleção natural, não a seleção sobrenatural, determinava o destino da humanidade. Para muitos, a teologia de Spurgeon parecia-se com um fóssil de uma época passada, uma coisa a ser estudada ou digna de pena.

William Gladstone não estava de todo errado em chamar Spurgeon de “o último dos puritanos”,14 embora o descritor seja historicamente problemá-tico. As convicções teológicas de Spurgeon não foram forjadas nos salões da Alemanha, mas nos pântanos da Inglaterra. Ele havia conhecido o purita-nismo em sua infância, quando encontrou os tomos no sótão de seu avô, em Stambourne. Enquanto outros rapazes se ocupavam com aventuras lúdicas, Spurgeon gostava dos escritos de John Bunyan, Richard Baxter, Thomas Manton e John Owen.

Criado como um independente, educado em uma escola anglicana, e convertido em uma capela metodista, Spurgeon foi uma fusão única do sentimento não-conformista. Após sua conversão, a mãe de Spurgeon disse: “ah, Charles! Muitas vezes orei ao Senhor para te tornar um cristão, mas nunca pedi que te tornasse um ba-tista”. Ao que Spurgeon respondeu: “ah, mãe! O Senhor respondeu à tua oração com a sua generosidade habitual, e deu-te abundantemente mais do que pediste ou pensaste.”15 Quando, mais tarde, um estudante lhe perguntou se havia algum livro que detalhasse

12 Ibid., 25:480.13 Anderson, Salamo, e Stein, Mark Twain’s Notebooks & Journals, 2:339.14 O termo “último dos puritanos” é amplamente atribuído a William Gladstone, embora tenha sido

cunhado pela primeira vez por William Clarke., William Clarke: a Collection of His Writings with a Biographical Sketch [Londres: Swan Sonnenschein & Co., 1908], 278). Este título pode causar engano, uma vez que requer um relaxamento da definição de Puritanismo. Spurgeon pode ter sido puritano, mas a maioria dos estudiosos datam o fim do puritanismo do início do século XVIII, o mais tardar.

15 Autobiografia 1:69

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a doutrina do batismo do crente, Spurgeon respondeu: “sim, há um pequeno livro que você pode comprar... O Novo Testamento”.16 Através do prisma da tradição batista, Spurgeon iluminou as doutrinas que haviam sido redescobertas pelos reformadores pro-testantes, apropriadas pelos puritanos ingleses e realizadas nos despertamentos evangé-licos. As obras de Mathew Henry, Charles Simeon e John Gill nunca estiveram longe do alcance. Spurgeon também se aprofundou na história para consultar os escritos de Agostinho de Hipona, Bernardo de Claraval e Madame Guyon.

Spurgeon tinha sete anos quando Marian Evans traduziu para o in-glês a obra de Ludwig Feuerbach, Das Wesen des Christentums.17 Sua tra-dução de David Strauss, Das Leben Jesu, veio cinco anos depois. Na obra de Strauss, o autor argumenta: “era hora de substituir os sistemas anti-quados de supranaturalismo e naturalismo com um novo modo de conside-rar a vida de Jesus”.18 Acadêmicos ingleses como Frederick Maurice, John Colenso, Charles Gore, Benjamin Jowett e Thomas Huxley contribuíram para o desalojamento e a desmistificação dos principais axiomas do cristia-nismo ortodoxo. A explosão do que Spurgeon considerou a “neologia exangue do pensamento moderno”19 deixou muitos, como Charles Babbage, lutando para acomodar a ascensão do racionalismo, do ceticismo e da secularização. No mesmo ano que Babbage criou a “máquina diferencial”, ele publicou tam-bém um ensaio intitulado The Ninth Bridgewater Treatise no qual tentou “inventar uma nova imagem de Deus”20 que fosse compatível com os avan-ços da ciência.

Para Spurgeon, no entanto, não haveria adaptação. Para ele, a teolo-gia moderna estava enraizada no gnosticismo,21 uma separação da humani-dade da divindade. A predição de Spurgeon de 1888, “ainda veremos o deus macaco cair e a evolução será ridicularizada como merece,”22 não se torna-ria realidade em sua vida, pelo menos não nas principais denominações. Quando ele criticou a teoria da evolução em uma palestra pública, em ou-tubro de 1861, (acompanhado por um enorme gorila de pelúcia no palco), os jornais adotaram uma posição agressiva: “somos agora entretidos pela pa-lestra de Spurgeon sobre o gorila, mas, passados alguns séculos (de acordo com a teoria do desenvolvimento) veremos, sem dúvida, um gorila palestrar sobre Spurgeon.”23

16 Charles Spurgeon, Speeches by C. H. Spurgeon: At Home and Abroad (Londres: Passmore & Alabaster, 1878, Biblioteca Spurgeon), p. 18.

17 Parte desse material foi adaptado da obra de Christian T. George, Downgrade: 21st-Century Lessons from 19th-Century Baptists, em The SBC and the 21st Century: Reflection, Renewal, and Recommitment (ed. Jason K. Allen; Nashville, B&H Academic, 2016), pp. 127-37.

18 David Friedrich Strauss, The Life of Jesus Critically Examined (trans. Marian Evans; Nova Iorque: Calvin Blanchard, 1860), 1:5.

19 PTM 55:224.20 Anthony Hyman, Charles Babbage: Pioneer of the Computer (Princeton: Princeton University Press,

1982), p. 139. Ver também Charles Babbage, The Ninth Bridgewater Treatise: A Fragment (Londres: John Murray, 1837).

21 PTM 11:365.22 Ibid., 34:664.23 Autobiografia 3:51.

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Exceto surtos ocasionais de resistência, Spurgeon não deixou nenhum legado duradouro no desenvolvimento de uma pesquisa maior e mais crítica. Em Exposições e comentários, ele evidencia familiaridade com alguns auto-res alemães, mas a rejeição deles a doutrinas como a expiação fez Spurgeon “se sentir enojado”.24 Em 1887, uma controvérsia emergiu quando ele deixou de ser membro da União Batista. Seu próprio irmão James e muitos de seus alunos no Pastors’ College reprovaram a decisão de Spurgeon. De acordo com Susannah, a controvérsia ceifou-lhe a vida.25 Em um artigo intitulado “Outra palavra sobre o declínio” Spurgeon, lamentou: “A expiação é explora-da, a inspiração das Escrituras é questionada, o Espírito Santo é degradado a uma influência, a punição do pecado é transformada em ficção e a ressur-reição em um mito. A Alemanha foi tornada incrédula por seus pregadores e a Inglaterra segue seus passos”.26

A Alemanha havia, de fato, feito seus estragos. A inconformidade as-sumiu a posição defensiva. E não se deve perder a ironia de que, no dia 17 de julho de 1944, 52 anos após a morte de Spurgeon, um foguete V-1 ale-mão (Vergeltungswaffen, ou “arma de vingança”) tenha detonado perto de seu túmulo, no Cemitério de West Norwood. A explosão não somente deixou o caixão de Spurgeon exposto aos elementos, como também separou a Bíblia cimentada ao túmulo, lançando-a ao chão.

Pode ser difícil para aqueles que vivem no século XXI partilhar do grande otimismo daqueles que viveram no século XIX. A lacuna que sepa-ra os séculos é preenchida por duas guerras mundiais, a Grande Depressão, bombardeios, gases venenosos, a Guerra Fria, comunismo, Vietnã, o genocí-dio em Ruanda, ISIS e muitos outros filtros que obscurecem a perspectiva. Algures entre os horrores do Holocausto e a ameaça de aniquilação nuclear, a modernidade adquiriu um prefixo: pós. O pós-modernismo, ou melhor ain-da, o anti-modernismo, tornou-se a atitude da era.

Mas Spurgeon nunca conheceu um mundo em guerra. A maioria dos vitorianos não poderia imaginar que suas invenções produziriam algumas das piores atrocidades da história.

Eles estavam ocupados descobrindo os átomos, não os dividindo. A Grã-Bretanha Imperial permaneceu praticamente incontestada por todo o seu ministério. Napoleão havia sido derrotado em 1815, quando nasce-ra Eliza, a mãe de Spurgeon. Conflitos ocasionais surgiram na Crimeia, na Índia e no Oriente Médio, mas os temidos ataques aéreos, as sirenes de bom-bardeios e a guerra de trincheiras que C. S. Lewis e outros conheceriam

24 PTM 34:178.25 Ver Autobiografia 4:255.26 Charles Spurgeon, Another Word on the Down Grade, EE (agosto de 1887), notas manuscritas da coleção

pessoal de Dr. Jason K. Allen, Midwestern Baptist Theological Seminary, Kansas City, MO.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

eram pontos à distância. Winston Churchill tinha 17 anos quando Spurgeon morreu. Adolf Hitler ainda usava fraldas.

As fronteiras da Grã-Bretanha estavam se dissolvendo. A locomotiva a vapor podia transportar a população para lugares que antes ficavam ape-nas na imaginação, até as bordas não colonizadas da civilização. O aumento de velocidade produziu inovações náuticas sem precedentes. Os barcos len-tos que John Newton conhecia foram substituídos por barcos a vapor com ro-das de pás mais rápidos. A posterior invenção da hélice em parafuso abriu um mundo de turismo marítimo; já não levava um mês inteiro para atraves-sar o Oceano Atlântico. Em 1873, D. L. Moody podia navegar de Liverpool para Nova Iorque em oito dias.27 A obsessão por velocidade transformou--se numa obsessão por tamanho. Meia década depois da morte de Susannah Spurgeon, iniciou-se a construção de um navio tão grande, Titanic, que o próprio Deus não seria capaz de afundá-lo.

Os vitorianos não podiam deixar de olhar para o alto. Em 1843, Netuno foi descoberto. O primeiro planador pilotado estreou uma década de-pois. Em 1889, Gustave Eiffel construiu a torre mais alta da época, um títu-lo que Paris ostentou por quarenta e um anos, até que o Edifício Chrysler de Nova Iorque alcançou o céu.

Através da lente do telescópio, coisas grandes se tornaram pequenas. Através da lente do microscópio, coisas pequenas se tornaram grandes. Em ambos os extremos da existência, na escuridão do espaço e do mar, aventu-ras desconhecidas aguardavam. Dentro de cinco anos, Júlio Verne lançou seus leitores Da Terra à Lua, antes de Nautilus mergulhá-los a Vinte mil léguas submarinas.

27 A. W. Williams, The Life and Work of Dwight L. Moody: The Great Evangelist of the 19th Century: The Founder of Northfield Seminary, Mount Hermon School for Boys and the Chicago Bible Institute (n.p., 1900), p. 173.

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OS SERMÕES PERDIDOS

O século XIX foi chamado, adequadamente, de “oceano de horizontes em expansão”.1 Lytton Strachey desafia o acadêmico vitoriano a “re-mar sobre aquele grande oceano de matéria e, aqui e ali, mergulhar

um pequeno balde, que trará à luz do dia algum espécime característico da-quelas profundezas a ser examinado com cuidadosa curiosidade”.2

Com a publicação deste presente volume, o primeiro de doze “baldes” contendo os primeiros sermões inéditos de Charles Spurgeon, além de aná-lises adicionais, serão retirados daquele mar. Os volumes seguirão em par-celas regulares ao longo dos próximos anos.3 Até o final da expedição, um total de 400 sermões, preenchendo 1.127 páginas, e também um material adicional, serão oferecidos para estudo.4 Uma prequela para O púlpito da rua New Park, Os sermões perdidos de C. H. Spurgeon constitui a primeira edição crítica de qualquer de suas obras e adiciona aproximadamente 10% mais material à soma total de seus sermões.

Spurgeon começou a escrever os sermões no Caderno 1 como um pre-gador itinerante de dezesseis anos em Cambridgeshire, aproximadamente um ano após sua conversão em janeiro de 1850. Ele continuou escrevendo sermões ao longo de seu pastorado na Capela Waterbeach e concluiu seu nono e último caderno de sermões em 1854, como um pastor de dezenove

1 Owen Chadwick, The Victorian Church: An Ecclesiastical History of England (Nova Iorque: Oxford University Press, 1966), 1:1.

2 Lytton Strachey, Eminent Victorians: Cardinal Manning – Florence Nightingale – Dr. Arnold – General Gordon (Londres: Chatto & Windus, 1918), vii.

3 Os primeiros nove volumes de The Lost Sermons contém os sermões que Spurgeon pregou entre 1851 e 1854. Os três volumes subsequentes contêm ensaios teológicos, ilustrações feitas à mão, orações, gramáticas antigas e material adicional datado de 1849.

4 Neste primeiro volume, os sermões de Spurgeon consistem em esboços ou “esqueletos”, como ele os chamou. À medida que os cadernos avançam, os esboços se expandem em comprimento antes de resultarem em sermões manuscritos completos no nono volume.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

anos de idade da Capela da Rua New Park de Londres. Seus cadernos per-maneceram nos arquivos da Universidade Spurgeon, em Londres, e recebe-ram somente uma breve menção.5

Para ser claro, os sermões de Spurgeon nunca estiveram, de fato, “per-didos” para a história. Mas estavam perdidos para a história da publicação. Até agora, a única tentativa de publicá-los foi feita pelo próprio Spurgeon, em 1857, tentativa esta que abandonou por razões que Susannah articulou em sua Autobiografia:

O primeiro volume de esboços deve ter sido iniciado logo depois de o Sr. Spurgeon começar a pregar, pois o segundo nele escri-to era apenas o quarto discurso proferido pelo jovem evangelis-ta. O texto era Apocalipse 21:27, e foi pregado em Barton, perto de Cambridge, em 9 de fevereiro de 1851.6 Este fato determina, aproximadamente, a data do início daquele maravilhoso minis-tério mundial que o Senhor abençoou tanto e por muito tem-po, o qual ainda continua a conservar e a usar, com Sua infinita graça. Há tamanho empenho arraigado a estes primeiros regis-tros, que a Autobiografia estaria incompleta se não incluísse ao menos alguns espécimes dos primeiros esforços homiléticos do amado pregador. O próprio Sr. Spurgeon tinha a intenção, há muito tempo, de publicar uma seleção deles. No prefácio de O púlpito da rua New Park em 1857, ele anunciou que esperava em breve publicar um volume de seus primeiros sermões, en-quanto Pastor em Waterbeach, mas foi impedido pela pressão de seu trabalho em acelerado crescimento.7

O estímulo inicial do editor foi cumprir a promessa de Spurgeon, feita em 1857, de publicar seus sermões. No entanto, logo se tornou claro que uma enorme quantidade de tempo, energia, recursos e sacrifício seriam necessá-rios para terminar o que o vitoriano havia começado. Recém-saído do douto-rado, o “trabalho em acelerado crescimento” de um professor assistente em seu primeiro ano conturbou a realização do sonho. Mesmo assim, o trabalho progrediu, tomando forma nos curtos períodos de intensa dedicação entre semestres acadêmicos. Sete anos depois, após ter viajado de St. Andrews, Escócia, para Shawnee, Oklahoma, e eventualmente para Kansas, Missouri, o projeto passou a residir permanentemente em Nashville, Tennessee, com B&H Academic.8

5 Para uma menção recente aos cadernos, ver Patricia Stallings Kruppa, Charles Haddon Spurgeon: a Preacher’s Progress (PhD diss., Columbia University, 1968), p. 47, e Peter J. Morden, “Communion with Christ and His People”: The Spirituality of C. H. Spurgeon, (vol. 5, Centre for Baptist History and Heritage Studies; Oxford: Regent’s Park College, 2010), p. 51.

6 Ver A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2).7 Autobiografia 1:213, itálico no original.8 Os verdadeiros cadernos de sermões residem nos Arquivos da Sala do Patrimônio da Universidade

Spurgeon, em Londres. Com exceção de algumas visitas à universidade, o editor trabalhou com fac-símiles de alta qualidade dos originais.

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oS SErMÕES PErdidoS

Esta publicação é melhor vista como um ato de gerenciamento, não de propriedade. Como portadores da coleção, o editor e a editora procuraram transmitir os sermões com a maior transparência possível – quanto menos interferência entre o leitor e o texto, melhor. No entanto, logo se tornou evi-dente que os sermões exigiam um docente,

pois o grande problema de estudar o passado é que você e eu es-tamos presos ao presente. Nos Estados Unidos do século XXI, estamos separados de Spurgeon por duas barreiras intimidado-ras: a cronologia e a geografia. Para ultrapassá-las, o historia-dor deve viver em dois mundos. Ele deve viver no mundo que conhece e também no mundo que quer conhecer. Não é o sufi-ciente segurar a Bíblia em uma mão e um jornal na outra. Este projeto exige uma Bíblia em uma mão e dois jornais na outra: um do passado e um do presente.9

A lacuna que separa o leitor e os sermões não poderia ser preenchida de forma responsável por uma mera transcrição, embora fosse mais fácil de produzir. Referências culturais, políticas e teológicas precisam de contexto. Erros de gramática, pontuação e sintaxe requerem explicação. O uso erráti-co da pontuação de Spurgeon é difícil de interpretar. Seus períodos, vírgulas, travessões e elipses serviam senão como sinais visuais. Por vezes, Spurgeon rabiscava as palavras de maneira tão imprecisa que se torna difícil decifrá--las. Ocasionalmente, suas anotações nas margens fazem o leitor se indagar acerca de onde o autor pretendia inseri-las. Se Spurgeon tivesse publicado os sermões com Passmore & Alabaster, como fez com seu último trabalho em diversos volumes, As notas de meus sermões, ele certamente teria edita-do a coleção. Anotações a lápis no Caderno 1 sugerem que Spurgeon pode ter tentado realizar uma revisão editorial,10 mas seu trabalho é esparso e dei-xa a maioria de suas idiossincrasias e problemas textuais sem tratamento.

Por tais razões, foi decidido que uma edição crítica, não uma simplifi-cação popular, permitiria aos leitores do século XXI se engajarem significati-vamente com o material. Fac-símiles coloridos também foram incluídos para permitir que as transcrições fossem comparadas às suas fontes originais.

9 Christian T. George, Spurgeon’s Enduring Ministry in the 21st Century: An Interview with Christian George, (15 de outubro, 2015; ultimo acesso em 18 de maio de 2016,

<http://ftc.co/resource-library/blog-entries/spurgeons-enduring-ministry-in-the- 21st-century>).10 Para redações a lápis no Caderno 1, ver as notas referents a “K1 / 5” na primeira página e também

os sermões a seguir: Adoção (Sermão 1); Julgamento vindouro (Sermão 6); Regeneração (Sermão 7); Perseverança final (Sermão 8); Pecadores devem ser punidos (Sermão 9); O amor manifestado na adoção (Sermão 16); O cristão e sua salvação (Sermão 17); A planta de renome (Sermão 20); Salvação em Deus somente (Sermão 24); A renúncia de Paulo (Sermão 27); Os preparativos do céu (Sermão 28); A luta (Sermão 37b); A estima de Deus para com os homens (Sermão 41); Josias (Sermão 66); A justificação e a glória dos santos (Sermão 68); Os homens possuídos pelos demônios (Sermon 70); e O médico e seus pacientes (Sermão 74). Para uma análise passo a passo do processo editorial posterior de Spurgeon, ver a exibição na Biblioteca Spurgeon, localizada no campus do Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste em Kansas City, Missouri.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

Ao contrário de Susannah, que tomou grandes liberdades ao transcrever os esboços que preparou para a Autobiografia,11 uma rigorosa fidelidade ao tex-to tem sido priorizada, com a crença de que os erros tipográficos de Spurgeon – seus tachados, erros de ortografia e gramaticais – esclarecem melhor os mecanismos de sua mente.

Se a literatura do século XX falhou com Spurgeon em algum aspec-to, falhou em produzir estudiosos interessados na construção de retratos tri-dimensionais do pregador, defeitos e tudo mais.12 Verrugas podem ser tão informativas quanto covinhas. No entanto, no rescaldo da Controvérsia do Declínio, os biógrafos de Spurgeon (muitos dos quais eram seus amigos) sen-tiram a necessidade de melhorar sua reputação manchada. Sua apoteose resultou em décadas de relatos hagiográficos que exageravam suas forças enquanto minimizavam suas fraquezas.

No entanto, Spurgeon não é – e não deve ser – imune a críticas. Ele era capaz tanto da fraqueza como da grandeza. Sua dependência do Espírito Santo é evidente no decorrer de seus sermões e revela a força de sua espi-ritualidade. Na página de título do Caderno 1, sob as palavras “Esqueletos I a LXXVII”, ele escreveu: “e apenas esqueletos sem o Espírito Santo.” As orações escritas na conclusão de seus sermões também são esclarecedoras. Algumas destas orações incluem: “Deus, ajuda-me, ajuda essa pobre cria-tura,”13 “Oh Pai, ajuda-me por intermédio de Jesus,”14 “Deus, meu Pai, aju-da-me, rogo-te,”15 “Senhor, ajuda o teu fraco servo,”16 Senhor, ressuscita a mim e ao povo,”17 e “Senhor, faz reviver essa minha alma estúpida!”18 Aqui está um pregador em progresso e regresso. Alguns de seus primeiros há-bitos ele manteve para o resto de sua vida; outros, foram abandonados. A jovialidade de Spurgeon, seu comando da linguagem, a vitalidade espiri-tual, as metáforas, ilustrações, aplicações e exortações são tão evidentes em 1851 quanto em 1891. No entanto, torna-se óbvio para aqueles familia-rizados com seu estilo que o primeiro Spurgeon ainda tinha de afinar sua

11 Susannah registrou os seguintes esboços de sermões no primeiro volume da Autobiografia: Adoção (Sermão 1, Autobiografia 1:214); A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2, Autobiografia 1:216); Abraão justificado pela fé (Sermão 3, Autobiografia 1:216); Salvação do pecado (Sermão 33, Autobiografia 1:229-30); Pela fé, Jericó caiu (Caderno 2, Sermão 133, Autobiografia 1:218-19); A igreja de Antioquia (Caderno 3, Sermão 172, Autobiografia 1:223-25); De modo algum lançados fora (Caderno 4, Sermão 212, Autobiografia 1:225-26); Cristo, nossa certeza (Caderno 5, Sermão 243, Autobiografia 1:277-79); Cristo é precioso (Caderno 6, Sermão 311, Autobiografia 1:279-81); e Louvai ao Senhor (Caderno 7, Sermão 327, Autobiografia 1:282–84). Para uma análise de suas transcrições dos esboços deste volume, ver Adoção (Sermão 1), A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2) e Abraão justificado pela fé (Sermão 3).

12 Publicações recentes que oferecem uma análise mais crítica de Spurgeon incluem Morden, Communion with Christ and His People; Mark Hopkins, Nonconformity’s Romantic Generation: Evangelical and Liberal Theologies in Victorian England , Studies in Evangelical History and Thought (Waynesboro, GA: Paternoster, 2004); Timothy Larson, A People of One Book: The Bible and the Victorians (Oxford: Oxford University Press, 2011); e Tom Nettles, Living by Revealed Truth: The Life and Pastoral Theology of Charles Haddon Spurgeon (Ross-shire, Escócia: Christian Focus Publications, 2013).

13 O tabernáculo de Jacó e o Monte Sião abençoados por Deus (Caderno 3, Sermão 145).14 A alegria do céu (Caderno 3, Sermão 147).15 Profissão aberta exigida (Caderno 3, Sermão 158).16 Eu me glorio nas enfermidades (Caderno 3, Sermão 165). 17 As visitas de deus e seus efeitos (Caderno 2, Sermão 113).18 A humildade de Moisés (Caderno 3, Sermão 179).

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oS SErMÕES PErdidoS

homilética. Na verdade, parte de sua exegese experimental pode até mes-mo fazer um expositor rígido levantar a sobrancelha, especialmente sermões como “Regeneração”,19 que não contém sequer uma referência às Escrituras.

Mais de um punhado de sermões nem sequer eram originais de Spurgeon. Ele os retirou diretamente das obras de John Gill, Philip Doddridge, Richard Baxter, John Bunyan, Charles Simeon, George Whitefield, Jean Claude, John Stephenson e outros.20 Spurgeon manteve essa tendência depois de se mudar para Londres, uma vez dizendo: “aque-le que não utiliza os pensamentos dos cérebros de outros homens, prova que ele mesmo não possui um.”21 Em outra ocasião, chegou a quase repreender um jovem pregador na Pastors’ College que foi pego pregando a partir do esboço de Spurgeon. No seu livro Preaching and Preachers, Martyn Lloyd-Jones narrou a troca:

“Bem, agora”, disse o Sr. Spurgeon, “não precisas ter medo. Se fores honesto, não serás castigado. Somos todos pecadores, mas queremos chegar aos fatos. Tens pregado um sermão sobre tal e tal texto? “Sim, senhor.” E dividiu os assuntos da seguinte for-ma? “Sim, senhor.” E dizes que não tens pregado os meus ser-mões? “Isso mesmo, senhor.” Então, estás dizendo que é um sermão teu? “Oh não, senhor”, disse o jovem. Portanto, de quem é o sermão? “É um sermão de William Jay of Bath, senhor”, dis-se o estudante. O fato era que o Sr. Spurgeon também havia pregado o sermão de William Jay e o impresso junto a outros sermões dele.22

Alguns podem criticar o plágio nos primeiros sermões de Spurgeon, mas deve-se lembrar que antes de meados do século XIX, a propriedade in-telectual era muito mais flexível do que é hoje. Alguns vitorianos duvidavam que a ideia de originalidade fosse sequer possível. Robert Macfarlane obser-vou que Samuel Johnson ofereceu em seu dicionário uma terceira definição, “primeira cópia”, abaixo da palavra “original”23 para sugerir que “o escri-tor é apenas um rearranjador de pedaços: um administrador, em vez de um produtor”.24

19 Ver Regeneração (Sermão 7).20 Os sermões a seguir no Caderno 1 não eram originais de Spurgeon: Adoção (Sermão 1, John Gill);

Regeneração (Sermão 7, John Gill); Perseverança final (Sermão 8, John Gill); Salvação (Sermão 11, Philip Doddridge); Fazendo pouco caso de Cristo (Sermão 21, Richard Baxter); Começando por Jerusalém (Sermão 29, John Bunyan); O amor do Filho por nós comparado ao amor do Pai por Ele (Sermão 38, Charles Simeon); Regeneração, suas causas e feitos (Sermão 46, Charles Simeon); O que pensais vós do Cristo? (Sermão 71, George Whitefield); e A igreja e sua glória (Sermão 75, John Stephenson).

21 PTM 9:668.22 Martyn Lloyd-Jones, Preaching and Preachers (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1971), p. 294.23 “3. Primeira cópia; arquétipo; aquilo a partir do qual qualquer coisa é transcrita ou traduzida” (Johnson’s

Dictionary, s.v. “origin; original”).24 Robert Macfarlane, Original Copy: Plagiarism and Originality in Nineteenth-Century Literature

(Oxford: Oxford University Press, 2007), p. 4.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

O empréstimo ocasional de Spurgeon revela uma característica esque-cida no desenvolvimento de sua pregação, a saber, que ele não deu origem a um novo estilo; ele adotou um mais antigo e adaptou-o para se adequar ao seu contexto. Sua apropriação da Reforma e da doutrina puritana é comu-mente conhecida. Mas menos exploradas são as verdadeiras maquinações dessa apropriação. A estrutura do sermão de Spurgeon (introdução, divi-sões primárias, subdivisões e exortação final) pode ser amplamente credita-da à sua interação com o Ensaio sobre a Composição de um Sermão de Jean Claude (1619-1687), pastor da Igreja Reformada Francesa em Charenton, perto de Paris, no qual enfatizara que “um sermão deve ser como um teles-cópio”, e as divisões primárias são como lentes que “trazem o assunto de seu texto para mais perto”.25 O uso de Spurgeon da obra de Claude em seu ser-mão “O tesouro em vasos de barro” do Caderno 226 revela tanto sobre o de-senvolvimento de seu estilo quanto “A eloquência de Jesus” do Caderno 1, em que Spurgeon analisa as qualidades e características da homilética do próprio Jesus, que incluía “simplicidade”, “seriedade”, “sinceridade” e “obje-tividade”. 27

Os sermões de Spurgeon não surgiram ex nihilo, mas ele também não repetiu os puritanos, simplesmente. De maneira única e inovadora, ele apre-sentou suas exposições em uma linguagem que os vitorianos comuns podiam compreender. Nesse sentido, Spurgeon não foi um criador; ele foi um conver-sor. Sua pregação reformulou expressões mais antigas do evangelicalismo e as transferiu para novos públicos. Da mesma forma que a água absorve as propriedades de seu canal, os axiomas tradicionais da ortodoxia bíblica não foram alterados por Spurgeon, apenas aromatizados. Não é de se causar es-panto que Spurgeon tenha ganhado a reputação de “menino pregador dos pântanos”.28 Ele passou seus anos de formação imerso nos sermões, comen-tários e escritos dos maiores teólogos da Inglaterra e da França.

A característica mais óbvia dos primeiros sermões de Spurgeon é a progressão dinâmica do comprimento da página. Os cadernos 1 e 2 contêm esboços de esqueletos simples, geralmente com não mais do que uma ou duas páginas. No entanto, à medida que os cadernos avançam, a contagem de páginas aumenta, de modo que nos Cadernos 8 e 9, Spurgeon exibe uma prática incomum para ele de escrever à mão sermões inteiros que costuma-vam ocupar de oito a doze páginas cada um. Depois de aceitar o pastorado da Capela da rua New Park em Londres, porém, Charles voltou a pregar de forma simples, provavelmente devido às condições de seu tempo.29 Desta for-ma, seus primeiros sermões no Caderno 1 se assemelham àqueles que ca-racterizam seu ministério posterior, enquanto os sermões nos Cadernos 2-9

25 Hugh Evans Hopkins, Charles Simeon of Cambridge (Hodder and Stoughton, 1977; repr., Eugene, OR: Wipf & Stock, 2012), p. 59.

26 O tesouro em vasos de barro (Caderno 2, Sermão 80).27 A eloquência de Jesus (Sermão 49).28 Autobiografia 1:99.29 Ver ibid., 3:293.

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oS SErMÕES PErdidoS

são substancialmente mais longos. Spurgeon continuou produzindo esboços ao longo do seu ministério. Certa vez, ele disse: “apliquei muito trabalho ár-duo na manipulação de tópicos, ruminando sobre pontos de doutrina, fazen-do esqueletos de versos e, em seguida, enterrando cada um de seus ossos nas catacumbas do esquecimento... Acredito que, em quase todos os sábados da minha vida, preparo esboços suficientes de Sermões que, se me sentisse na liberdade de pregá-los, durariam um mês inteiro”.30

O volume final dos Sermões Perdidos dará um enfoque mais nítido ao contexto histórico da Cambridgeshire de meados do século XIX, com ênfase nas influências políticas, sociais, geográficas e homiléticas que moldaram o início do ministério de Spurgeon. Esse volume também oferecerá uma aná-lise mais aprofundada de todos os 400 primeiros sermões de Spurgeon, com atenção especial ao desenvolvimento da soteriologia, eclesiologia, escatolo-gia e outras categorias teológicas de Spurgeon.

30 Ibid., 1:207.

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FONTES E MÉTODOS

Uma ampla gama de fontes primárias e secundárias foi consultada, além dos onze diários manuscritos. Essas fontes incluem cartas não publicadas,1 notas de púlpito originais, notas redigidas pelo estenó-

grafo, provas tipográficas anotadas,2 recortes de jornal,3 livros que Spurgeon possuía e nos quais registrava seus apontamentos, os quais encontram-se

1 Consultei cartas e materiais diversos contidos na caixa D / SPU 1 na Biblioteca e Arquivo Angus no Regent’s Park College, Universidade de Oxford, e também os três volumes encadernados de cartas: Original Correspondence of Charles Haddon Spurgeon 1851-1893 (vol. 1); 1863-1868 (vol. 2); e 1887-1892 (vol. 3) nos Arquivos da Sala do Patrimônio da Universidade Spurgeon (4G).

2 Para comparações analíticas, uma ampla gama de notas de púlpito não publicadas, notas redigidas pelo taquígrafo e provas tipográficas anotadas foram consultadas.

3 “Álbuns de recortes de Spurgeon, volumes numerados,” “Álbuns de recortes de Spurgeon, dois volumes não numerados,” “Pastas de folhas soltas” e quatro volumes de “Pastas de Maroon Bound,” Universidade Spurgeon, Sala do Patrimônio.

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FontES E MÉtodoS

alojados na Biblioteca Spurgeon,4 as séries O púlpito da rua New Park e O púlpito do Tabernáculo Metropolitano, livros acadêmicos e populares, ma-pas, monografias, ensaios, artigos de periódicos, dissertações de doutorado, teses de mestrado e registros de igrejas.

As publicações dos sermões de Spurgeon costumam se dividir em dois campos: ou são apresentadas como reproduções exatas5 ou como resumos contemporâneos.6 Ambos os tratamentos contêm pontos fortes e fracos. As reproduções exatas são valiosas para os estudiosos porque constituem fontes primárias não editadas, mas requerem alguma familiaridade com o lingua-jar vitoriano e os usos arcaicos da linguagem. Resumos contemporâneos são

4 A Biblioteca Spurgeon no Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste em Kansas City, Missouri, contém informações úteis e anotações que beneficiaram este projeto. A seguinte história da biblioteca foi tirada de uma exibição na parede: “Na época de sua morte em 1892, Charles Spurgeon havia organizado aproximadamente 12.000 livros em sua biblioteca pessoal em sua residência em Westwood, no sul de Londres. Embora muitos dos volumes fossem teológicos, sua coleção também continha numerosos exemplares interdisciplinares, incluindo literatura popular, romances, guias de viagem, biografias, tomos científicos e históricos e hinários. Em 1904, os filhos de Spurgeon entregaram a maior parte da biblioteca de seu pai aos cuidados de um agente que tentou vender a coleção para uma faculdade britânica. A tentativa foi malsucedida e, no ano seguinte, a Associação Batista de Missouri manifestou interesse em sua aquisição. Liderada por J. T. M. Johnson, John E. Franklin, John Priest Greene e J. E. Cook, a Associação levantou $ 2.500 para a compra da biblioteca, que foi vendida a 50 centavos por volume. Sob a supervisão do Dr. JW Thirtle, a biblioteca de Spurgeon foi embalada em 38 caixas forradas com lona à prova d’água, carregada no SS Cuba e enviada através do Oceano Atlântico em 16 de dezembro. Depois de chegar em Nova Orleans, Louisiana, a biblioteca foi transportada para Kansas City, Missouri, pela Estrada de Ferro Central de Illinois antes de viajar cerca de 30 quilômetros para Liberty, Missouri, onde foi apresentada como um presente da Associação Batista de Missouri ao William Jewell College. Por 100 anos, a coleção permaneceu em exibição no nível inferior da Biblioteca Curry. Em um leilão cego em 10 de outubro de 2006, o Seminário Teológico Batista do Meio-Oeste comprou a biblioteca de mais de 6.000 volumes, muitos deles repletos de anotações de Spurgeon. Em 2014, sob a liderança do Dr. Jason K. Allen, o quinto presidente do seminário, uma generosa doação foi feita para a fundação do Centro Spurgeon. As reformas para transformar a antiga capela do Seminário foram concluídas em julho de 2015, com a inauguração após aquele mês de outubro. Hoje, a Biblioteca Spurgeon contém a maior coleção do mundo de obras de propriedade pessoal de Spurgeon e está comprometida com o avanço da bolsa de estudos de Spurgeon, promovendo a pregação bíblica e trazendo o ensino superior teológico ao serviço da igreja.”

5 The New Park Street Pulpit e The Metropolitan Tabernacle Pulpit, impressos pela Pilgrim Publications, são exemplos de reproduções fac- símile de Passmore & Alabaster. Reproduções não fac-símile também são encontradas em Spurgeon’s Sermon Notes: Over 250 Sermons Including Notes, Commentary and Illustrations (Peabody, MA: Hendrick son Publishers, 1997); Spurgeon’s Sermons on the Death and Resurrection of Jesus (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 2005); Kerry James Allen, ed., Call unto Me: Twenty Selected Sermons on the Topic of Prayer from the Works of Charles Haddon Spurgeon (Romeoville, IL: Fox River Press, 2007); The Spurgeon Collection vols. 1-7 (Belfast, Irlanda do Norte e Greenville, SC: Emerald House, 1998), nas quais estão inclusos os títulos: Comfort and Assurance, Evangelism, Miracles, Parables, Prayer, Psalms, and Revival; e Kregel Publications, C. H. Spurgeon Sermon Series (Grand Rapids, MI) incluindo Spurgeon’s Sermons on Christmas and Easter, Spurgeon’s Sermons on Soulwinning, Spurgeon’s Sermons on New Testament Women (2 vols.), Spurgeon’s Sermons on New Testament Men (2 vols), Spurgeon’s Sermons on the Parables of Christ, Spurgeon’s Sermons on Great Prayers of the Bible, Spurgeon’s Sermons on Angels, e Spurgeon’s Sermons on the Cross of Christ.

6 A Whitaker House publicou uma antologia dos sermões de Spurgeon que foi “editada para o leitor moderno” (Charles Spurgeon, Power Over Satan [New Kensington, PA: Whitaker House, 1997], notas do editor). O título inclui Tudo de graça, Fé (antes intitulado Forte Fé), Spurgeon no Espírito Santo, Ser Amigo de Deus, Graça de Deus para você, Alegria em sua vida, Como ter verdadeira alegria (antes intitulado A Alegria do Senhor), Spurgeon na Oração e na Guerra Espiritual, O poder em louvar a Deus e Manhã após manhã, entre outros. Em 1981, a Baker Books lançou o Spurgeon Devotional Bible: Selected Passages from the Word of God with Running Commentary (Grand Rapids, MI: Baker Books, 1981) no qual “as passagens omitidas costumam estar resumidas sempre que possível” (prefácio). Uma exceção é encontrada em Letters of Charles Haddon Spurgeon: Selected with Notes by Iain H. Murray (Edimburgo: Banner of Truth Trust, 1992) na qual o editor apresenta comentários.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

mais acessíveis ao mercado popular e atingem um público mais amplo, con-tudo, alteram o verbalismo a tal ponto que a redação original de Spurgeon não pode ser distinguida daquela do editor. Nesta edição, o editor tentou ofe-recer ao leitor uma terceira apresentação dos sermões de Spurgeon: uma obra crítica que pode ser acessada por acadêmicos e leigos. Tal feito deve--se ao deslocamento das anotações para páginas adicionais, de modo que a transcrição completa de cada sermão seja oferecida ao lado de seu fac-sími-le. Desta forma, o leitor casual e o erudito podem navegar pelos sermões, de-pendendo do propósito de uso do material.

Os ajustes técnicos e interpolações textuais feitos foram intencional-mente mínimos, para que o estilo, o idiomatismo e a estrutura do sermão de Spurgeon fossem mantidos. Pontos foram adicionados no lugar de traves-sões e outros recursos de pontuação improvisados que Spurgeon usava para sinalizar pausas. Quando necessário, dois pontos são inseridos antes das lis-tas. Sempre que possível, o espaçamento entre as linhas foi preservado, as-sim como a paginação, os grupos de palavras e as anotações marginais. Um espaço adicional foi adicionado antes das divisões primárias para maior cla-reza. Os títulos principais foram destacados em vermelho para facilitar a leitura, e as citações das Escrituras e paráfrases indicados imediatamente após os títulos estão em itálico. No topo de cada transcrição, os títulos dos sermões são escritos em maiúscula, com exceção dos artigos e preposições em itálico.

Palavras arcaicas não foram modernizadas. Revisões, erros tipográ-ficos, tachados e erros de pontuação e gramática foram mantidos, mas ex-plicados. Contrações ortográficas como “call’d” são mantidas no texto. Abreviaturas como “Xian” ou “Xn” (cristão), “emp” (ênfase) e “inf” (inferên-cia), entre outras, são indicadas. O “s” puritano foi modernizado. O excesso de pontos é explicado, bem como o uso de símbolos de Spurgeon. O “&” co-mercial foi substituído pela palavra “e”. Por vezes, a falta de apóstrofos faz o leitor se questionar se Spurgeon pretendia que a palavra fosse plural ou pos-sessiva. Na maioria dos casos, o contexto determina seu uso correto; no en-tanto, leituras alternativas são oferecidas quando apropriado.

As técnicas de numeração de Spurgeon nem sempre são consistentes. Quando ausentes do texto ou apresentadas de maneira confusa, o editor in-cluiu números entre colchetes. Cada detalhe da página foi considerado digno de análise; manchas, impressões digitais, marcas causadas pelo processo de envelhecimento do manuscrito e borrões de tinta foram explicados. As fer-ramentas usadas para dar ênfase, como sublinhado, itálico, negrito e letras maiúsculas são indicadas na transcrição ou nas notas de rodapé. As ilus-trações e anotações feitas à mão que Spurgeon escreveu nas folhas de rosto dos Cadernos 1 e 2 também foram analisadas e comparadas ao conteúdo dos sermões.

As grafias originais de palavras incomuns foram mantidas, mas ana-lisadas. Palavras possivelmente desconhecidas para o leitor moderno foram

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FontES E MÉtodoS

definidas a partir da cópia do dicionário de Samuel Johnson que Spurgeon possuía em sua biblioteca pessoal. Nos raros casos em que as definições de Johnson não auxiliaram na análise, o dicionário de Joseph Worcester de 1859 foi consultado.7 As referências culturais são explicadas usando lite-ratura secundária e jornais que datam da época em que Spurgeon pregou o sermão. Quando necessário, o editor oferece comentários sobre o desenvolvi-mento de certas doutrinas, temas ou tópicos específicos recorrentes ao longo dos sermões e, por vezes, direciona o leitor para literatura adicional. A da-tação dos sermões exigiu uma triangulação de fontes, incluindo cartas que Spurgeon escreveu para membros de sua família, referências autobiográfi-cas e datas escritas na conclusão de seus sermões.8 Para referências a indi-víduos específicos, os registros genealógicos foram acessados.

As referências bíblicas dos primeiros sermões de Spurgeon, os quais voltou a pregar mais tarde em seu ministério, são de interesse do editor. Ele indicou os sermões em que isso ocorre e ofereceu um julgamento relatando se as semelhanças estruturais entre os sermões são próximas o suficiente para sugerir que Spurgeon possa ter usado o esboço inicial para sua expo-sição posterior. Mais estudos são necessários para completar uma análise comparativa plena, mas espera-se que a inclusão desta informação exponha padrões na retórica e pregação de Spurgeon, que ajudarão o estudioso a res-ponder ao questionamento: como os primeiros sermões de Spurgeon se com-param aos seus posteriores?

Na introdução, o editor optou por usar o nome Spurgeon para se re-ferir ao pregador. No entanto, na análise do sermão em si, preferiu-se uti-lizar o primeiro nome de Spurgeon, Charles. No início dos sermões, o título do sermão é centralizado e em negrito, para que haja maior clareza. Abaixo dele está escrita a referência às Escrituras, retirada da Bíblia King James Version 16119 que Spurgeon possuía em sua biblioteca pessoal.10 Os nú-meros dos sermões, que Spurgeon justificou no canto superior direito ou es-querdo, foram centralizados. Referências bíblicas foram adicionadas quando o editor suspeitou que Spurgeon estivesse referindo-se a – ou aludindo a – certos personagens bíblicos, doutrinas ou outras instâncias das Escrituras não citadas.

7 Ver Salvação em Deus somente (Sermão 24).8 Ver O cristão e sua salvação (Sermão 17).9 Nesta tradução, foi usada a versão King James 1611. (N.T.)10 Spurgeon usou a Bíblia King James em seus primeiros sermões e também mais tarde em seu

ministério (ver The Illustrated Family Bible, Containing the Old and New Testaments, &c., &c., with the Self-Interpreting and Explanatory Notes, and Marginal References, of the Late Rev. John Brown, Minister of the Gospel at Haddington: to Which Is Appended, a Complete Concordance to the Old and New Testaments [Londres: Fisher, Son, and Co., n.d., Biblioteca Spurgeon]). Ele a celebrou como a “versão três vezes preciosa, que, para todos os efeitos, continua sendo a Rainha de todas as versões” (PTM 36:206). A Biblia King James 1611 era a versão Bíblica que Spurgeon utilizava. (Nota do editor: A Biblia King James 1611 foi publicada em português pela BV Books Editora).

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

A seguir, uma análise dos cadernos de sermões atualmente armaze-nados nos arquivos da Sala do Patrimônio da Universidade Spurgeon, em Londres:11

Caderno 1: 90 páginas no total(81 páginas de sermões, 4 páginas em branco12 e 5 páginas variadas13)Caderno 2: 140 páginas no total(135 páginas de sermões, 2 páginas em branco e 3 páginas variadas)Caderno 3: 140 páginas no total(135 páginas de sermões, 3 páginas em branco e 2 páginas variadas)Caderno 4: 123 páginas no total(114 páginas de sermões, 7 páginas em branco e 2 páginas variadas)Caderno 5: 120 páginas no total(115 páginas de sermões, 5 páginas em branco e 3 páginas variadas)Caderno 6: 128 páginas no total(120 páginas de sermões, 6 páginas em branco e 2 páginas variadas) Caderno 7: 125 páginas no total(113 páginas de sermões, 11 páginas em branco e 1 páginas variadas)Caderno 8: 178 páginas no total(167 páginas de sermões, 11 páginas em branco e 0 páginas variadas)Caderno 9: 164 páginas no total(147 páginas de sermões, 17 páginas em branco e 0 páginas variadas)Total de sermões: 40014

Total de páginas de sermões: 1.127

11 Os cadernos de sermões estão categorizados como “Caderno contendo os primeiros esqueletos de sermões, Vol. 1,” (K1.5); “Cadernos com esboços de sermões, Vols. 2-9” (U1.02). Os volumes de 10 a 12 de Os Sermões Perdidos incluirão o seguinte material além dos sermões: Gramática Francesa, A parábola do semeador, Os Talentos, Misc., Um ensaio lido em fevereiro de 1851: Depravação, Um ensaio lido em 2 de junho de 1851, O anticristo e sua prole; ou o papismo desmascarado, Notas sobre animais vertebrados, e Sonho de Waterbeach.

12 Ao usar as palavras “em branco”, refiro-me às páginas dos cadernos que não contêm texto. Algumas dessas páginas contêm vestígios de informações que podem ser significativas para o texto, o que é apresentado.

13 As páginas “variadas” incluem folhas de rosto, índices e páginas que contêm hinos.14 Este número também inclui os seguinte dezoito sermões que Spurgeon começou a escrever, mas não

concluiu: Filho, tenha bom ânimo (Caderno 4, Sermão 225); Ele enche os famintos com coisas boas (Caderno 4, Sermão 226); Ele julgará cada obra (Caderno 4, Sermão 228); Como aquele a quem sua mãe consola (Caderno 4, Sermão 229); Banquete para meninos e meninas (Caderno 5, Sermão 239); Banquete para jovens crentes (Caderno 5, Sermão 240); Jó, o homem perfeito (Caderno 5, Sermão 263); Enquanto cai a chuva e a neve do céu (Notebook 6, Sermon 291); Ó Senhor, sê gracioso para conosco (Caderno 6, Sermão 295); Tendo parte nos pecados de outros homens (Caderno 7, Sermão 324); Como enfrentar notícias ruins (Caderno 7, Sermão 325); Os meios da bênção (Caderno 7, Sermão 336); Os dois pássaros (Caderno 8, Sermão 352); Adoração dentro da corte (Caderno 8, Sermão 379); A comissão de Paulo (Caderno 9, Sermão 385); Uma congregação contente (Caderno 9, Sermão 386); Sem título (Caderno 9, Sermão 388); e Sem título (Caderno 9, Sermão 393).

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ANÁLISE DO SERMÃO: CADERNO 1

(Sermões 1–77)

Ao longo dos setenta e sete sermões1 contidos no Caderno 1, Spurgeon incorporou uma variedade de hábitos literários. Alguns deles in-cluem abreviações,2 recursos de repetição,3 técnicas de numeração,4

1 Na verdade, existem setenta e oito sermões ao contar os sermões 37a e 37b.2 Abreviações são encontradas nos seguintes sermões: A necessidade da pureza para entrar no céu

(Sermão 2); Julgamento vindouro (Sermão 6); Regeneração (Sermão 7); Eleição (Sermão 10); Livre graça (Sermão 13); Cristo é tudo (Sermão 22); Salvação em Deus somente (Sermão 24); Ignorância, seus males (Sermão 31); O amor do Filho por nós comparado ao amor de Deus por Ele (Sermão 38); Fariseus e saduceus repreendidos (Sermão 39); Regeneração, suas causas e efeitos (Sermão 46); Prazer nas pedras de Sião (Sermão 53); A aflição de Acaz (Sermão 57); O aprimoramento dos nossos talentos (Sermão 61); Podem dois caminharem juntos, se não estiverem de acordo? (Sermão 76); e Os leprosos (Sermão 77).

3 Exemplos de recursos de repetição são encontrados nos sermões Julgamento vindouro (Sermão 6) e Começando por Jerusalém (Sermão 29).

4 Uma variedade de técnicas de numeração é encontrada nos seguintes sermões: O complacente amor de Jesus (Sermão 5); Regeneração (Sermão 7); “Cristo sobre os negócios de seu Pai (Sermão 15); Soberania de Deus (Sermão 18); A prosperidade cristã e suas causas (Sermão 51); A paz de Deus (Sermão 60); e O médico e seus pacientes (Sermão 74).

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

pontilhados,5 tachados,6 colchetes,7 ditografia,8 sublinhado,9 erros ortográfi-cos,10 sobrescritos,11 marcações diversas12 e impressões digitais.13 A débil ten-tativa de Spurgeon de indexar os sermões do Caderno 1 contém vários erros e talvez explique a descontinuação da prática nos cadernos subsequentes.14

O Caderno 1 também revela as influências, as pressões, as perso-nalidades e a política que moldaram o ministério inicial de Spurgeon. Algumas dessas alusões culturais e referências extra-bíblicas incluem as minas de ouro da Índia;15 os barqueiros;16 o sândalo e o pau-de-leite;17 os incêndios na América do Norte;18 a química, emplastros, cordiais, bitters

5 Exemplos de pontilhados são encontrados nos seguintes sermões: Adoção (Sermão 1); A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2); O complacente amor de Jesus (Sermão 5); Julgamento vindouro (Sermão 6); Pecadores devem ser punidos (Sermão 9); Começando por Jerusalém (Sermão 29); O Cordeiro e o Leão unidos (Sermão 34); A luta e as armas (Sermão 37a); Os homens possuídos pelos demônios (Sermão 70); e Uma exortação à coragem (Sermão 72).

6 Exemplos de tachados são encontrados nos seguintes sermões: Julgamento vindouro (Sermão 6); Fazendo pouco caso de Cristo (Sermão 21); Aqueles que desprezam são alertados (Sermão 26); A renúncia de Paulo (Sermão 27); Salvação da fome (Sermão 30); A vereda dos justos (Sermão 35); O amor do Filho por nós em comparação ao amor de Deus por Ele (Sermão 38); Alegria cristã (Sermão 40); A fé e oração de Elias (Sermão 44); Ele não assumiu a natureza dos anjos (Sermão 52); A oferta dos homens sábios (Sermão 58); A tristeza do Getsêmani (Sermão 63); Os homens possuídos pelos demônios (Sermão 70); Escravidão exterminada (Sermão 73); e “O médico e seus pacientes (Sermão 74).

7 Spurgeon usa colchetes nos seguintes sermões: A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2); Abraão justificado pela fé (Sermão 3); Salvação do pecado (Sermão 33); Josias (Sermão 66); e Escravidão exterminada (Sermão 73).

8 Exemplos de ditografia são encontrados nos seguintes sermões: Jesus, a chuva do Céu” (Sermão 43); O pequeno fogo e a grande combustão (Sermão 54); A aflição de Acaz (Sermão 57); Imitação de Deus (Sermão 69); e Podem dois caminharem juntos, se não estiverem de acordo? (Sermão 76).

9 Exemplos de sublinhados são encontrados nos seguintes sermões: A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2); Cristo sobre os negócios de seu Pai (Sermão 15); Os preparativos do Céu (Sermão 28); A fé e oração de Elias (Sermão 44); Os autores da condenação e da salvação (Sermão 45); Regeneração, suas causas e efeitos (Sermão 46); Deus, o guia de seus santos (Sermão 62); e O Médico e seus pacientes (Sermão 74).

10 Exemplos de erros ortográficos de Spurgeon são encontrados nos seguintes sermões: Regeneração (Sermão 7); A planta de renome (Sermão 20); Fazendo pouco caso de Cristo (Sermão 21); Salvação em Deus somente (Sermão 24); Começando por Jerusalém (Sermão 29); Salvação do pecado (Sermão 33); A luta (Sermão 37b); Fariseus e saduceus repreendidos (Sermão 39); “Rei da justiça e da paz (Sermão 42); A eloquência de Jesus (Sermão 49); Deus glorificado nos salvos (Sermão 56); A aflição de Acaz (Sermão 57); A oferta dos homens sábios (Sermão 58); A primeira promessa (Sermão 59); Josias (Sermão 66); Os homens possuídos pelos demônios (Sermão 70); O que pensais vós do Cristo? (Sermão 71); e O Médico e seus pacientes (Sermão 74).

11 Exemplos de sobrescritos são encontrados nos seguintes sermões: Adoção (Sermão 1); Abraão justificado pela fé (Sermão 3); Cristo sobre os negócios de seu Pai (Sermão 15); A exigência de uma resposta (Sermão 19); Salvação da fome (Sermão 30); Os caminhos errados (Sermão 32); Salvação do pecado (Sermão 33); Arrependimento e salvação (Sermão 50); Ele não assumiu a natureza dos anjos (Sermão 52); A aflição de Acaz (Sermão 57); A oferta dos homens sábios (Sermão 58); A paz de Deus (Sermão 60); O aprimoramento dos nossos talentos (Sermão 61); Deus, o guia de seus santos (Sermão 62); A tristeza do Getsêmani (Sermão 63); e Josias (Sermão 66).

12 Para exemplos de marcações diversas, ver Adoção (Sermão 1); A necessidade da pureza para entrar no céu (Sermão 2); A oferta dos homens sábios (Sermão 58); e Deus, o guia de seus santos (Sermão 62).

13 Para um exemplo de impressão digital nas páginas do manuscrito, provavelmente pertencente a Spurgeon, ver a página final do caderno.

14 Os índices iniciais e finais de Spurgeon contêm numerosos erros nas referências às Escrituras, títulos de sermões e posicionamento. Por exemplo, Spurgeon não incluiu quarenta e um dos títulos de seus sermões em seu índice final. No Caderno 2, Spurgeon parou de indexar seus sermões após sua única entrada, Autoengano (Caderno 2, Sermão 78).

15 Ver O complacente amor de Jesus (Sermão 5). 16 Ver A exigência de uma resposta (Sermão 19). 17 Ver A planta de renome (Sermão 20).18 Ver O pequeno fogo e a grande combustão (Sermão 54).

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AnÁLiSE do SErMÃo: CAdErno 1 (SErMÕES 1–77)

e panaceias;19 enfermeiros, médicos, sacristãos e marinheiros;20 xamãs cau-sadores de chuva e ciganos (gipsies);21 árabes, persas, Zaratustra, Virgílio, Suetônio, Tácito e as sibilas;22 além de política francesa.23 Este caderno também contém a descoberta de que o primeiro convertido registrado de Spurgeon, o “Sr. Charles”, provavelmente apostatou-se da fé,24 o que pode explicar o motivo pelo qual Spurgeon mais tarde afirmou que sua segun-da convertida registrada, a “Sra. Spalding,”25 fora, na verdade, a primeira. Spurgeon também fez alusão a movimentos religiosos que combatera, como o catolicismo romano e o puseísmo,26 o ateísmo e o deísmo,27 o arminianismo, o antinomianismo, o socinianismo,28 o sofismo,29 os mórmons e os arianos,30 além do islamismo (“maometismo”).31

O Caderno 1 registra a transição de Spurgeon da pregação itineran-te com a Associação de Pregadores Leigos, conectada à Igreja Batista da rua St. Andrew,32 ao seu serviço como pastor da Capela Waterbeach. Muitos dos primeiros trinta e dois sermões do Caderno 1 foram pregados em cabanas e capelas nas seguintes vilas: Balsham, Barton, Cherry Hinton, Comberton, Coton, Dunmow, Grantchester, Hythe, Layer Breton, Milton, Teversham, Toft, Tollesbury, Trumpington, Waterbeach e West Wratting. As dis-tâncias que Spurgeon viajou de sua residência, perto do centro da cidade em Cambridge, para essas aldeias variam de quatro quilômetros (Cherry Hinton, Grantchester e Trumpington) a cento e setenta quilômetros (Hythe). Em outubro de 1851, Spurgeon pregou seu primeiro sermão como pastor da Capela Waterbeach (“Salvação do Pecado”, Sermão 33). Ele permaneceu em Waterbeach até o dia 28 de abril de 1854, quando aceitou o pastorado da Capela da rua New Park em Londres.

19 Ver O Médico e seus pacientes (Sermão 74).20 Ver A aflição de Acaz (Sermão 57).21 Ver Imitação de Deus (Sermão 69).22 Ver A oferta dos homens sábios (Sermão 58).23 Ver A paz de Deus (Sermão 60).24 Ver “O pequeno fogo e a grande combustão (Sermão 54).25 Ver Pecadores devem ser punidos (Sermão 9). 26 Ver Salvação em Deus somente (Sermão 24).27 Ver Ignorância, seus males (Sermão 31).28 Ver Prazer nas pedras de Sião (Sermão 53).29 Ver Escandalizando os pequeninos de Deus (Sermão 67).30 Ver O que pensais vós do Cristo (Sermão 71).31 Ver O pequeno fogo e a grande combustão (Sermão 54).32 Autobiografia 1:200.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

Abaixo está uma lista das distâncias que Spurgeon viajou para pregar:33

Balsham – 10.0 mi = 16 km Barton – 4.1 mi = 6,60 kmCherry Hinton – 2.5 mi = 4,02 km Comberton – 5.7 mi = 9,18 kmCoton – 3.2 mi = 5,15 km Dunmow – 28.4 mi = 45,70 kmGrantchester – 2.5 mi = 4,02 km Hythe – 105 mi = 169 kmLayer Breton – 46.8 mi = 75,31 km Milton – 3.5 mi = 5,63kmTeversham – 3.4 mi = 5,47 km Toft – 6.8 mi = 10,95 kmTollesbury – 49.7 mi = 80 km Trumpington – 2.5 mi = 4,02 kmWaterbeach – 6.1 mi = 9,81 km West Wratting – 11.2 mi = 18,02 km

A distância média viajada foi de 16,0 milhas (25,7 quilômetros).

DISTÂNCIAS DO CENTRO DA CIDADE DE CAMBRIDGE ATÉ AS VILAS ONDE SPURGEON PREGOU (em milhas)

Mil

es

100

80

60

40

20

0

Bal

sham

Bar

ton

Ch

erry

Hin

ton

Com

bert

on

Cot

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Du

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mpi

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Wat

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Wes

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ratt

ing

33 Essas distâncias foram calculadas usando o Google Maps para gerar as rotas a pé mais curtas do centro da cidade de Cambridge até o centro de cada vila. A exceção é Waterbeach, que foi calculada usando o endereço específico da Igreja Batista de Waterbeach. Essas rotas são modernas e podem não refletir as trilhas reais percorridas por Spurgeon. Para chegar a algumas das vilas, em especial Dunmow, Layer Breton, Tollesbury e Hythe, Spurgeon viajava de trem ou carruagem.

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AnÁLiSE do SErMÃo: CAdErno 1 (SErMÕES 1–77)

No Caderno 1, Spurgeon escreveu quarenta e três sermões (55%) com base nos textos do Novo Testamento, trinta e quatro sermões (44%) com base nos textos do Antigo Testamento e um sermão sem base em algum tex-to das Escrituras. O número total de sermões no Caderno 1 é de setenta e sete (setenta e oito quando os sermões 37a e 37b são contados como dois ser-mões separados).

Em seu primeiro Caderno, Spurgeon pregou mais sermões com base em Mateus do que em qualquer outro livro bíblico (nove sermões), seguido pelos livros de Salmos (oito sermões) e Provérbios (seis sermões). Ele pregou quarenta e três sermões com base no Novo Testamento. De seus sermões do Novo Testamento, 21% são baseados em Mateus; 9% (quatro sermões) em Efésios; 7% (três sermões) cada em Marcos, João, 2 Coríntios, Filipenses, Hebreus e Apocalipse; 5% (dois sermões) cada em Lucas e Colossenses; e 2% (um sermão) cada em Romanos, 1 Coríntios, Gálatas, 1 Timóteo, Tiago, 1 Pedro, 2 Pedro e 1 João.34 Spurgeon pregou com base em dezoito dos vin-te e sete livros do Novo Testamento (67%). Ele não pregou nenhum sermão com base em Atos, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 2 Timóteo, Tito, Filemom, 2 João, 3 João ou Judas (33% dos livros do Novo Testamento).

Spurgeon também pregou trinta e quatro sermões com base no Antigo Testamento. De seus sermões do Velho Testamento no Caderno 1, 24% são baseados em Salmos (oito sermões); 18% em Provérbios (seis sermões); 9% em Isaías (três sermões); 6% (dois sermões) cada em Gênesis, Deuteronômio, 2 Samuel, 2 Reis e Ezequiel; e 3% (um sermão) cada em Êxodo, Josué, 1 Reis, 2 Crônicas, Jeremias, Oseias e Amós. Spurgeon pregou com base em quinze dos trinta e nove livros do Antigo Testamento (38%). Ele não pregou nenhum sermão dos livros de Levítico, Números, Juízes, Rute, 1 Samuel, 1 Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Eclesiastes, Cântico de Salomão, Lamentações, Daniel, Joel, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias ou Malaquias (62% do Antigo Testamento). No total, Spurgeon pre-gou em trinta e três dos sessenta e seis livros da Bíblia (50%).

Todos os sermões do Caderno 1 são esboços (ou “esqueletos”, como Spurgeon os chamava).35 Esses esboços variam em contagem de 85 palavras (Sermão 14, “A graça de Deus que nos foi dada”) a 571 palavras (Sermão 74, “O Médico e seus pacientes”). Essas contagens de palavras incluem nume-rais romanos e outros mecanismos de delineamento para títulos e subtítu-los, mas não incluem títulos de sermões, referências às Escrituras, textos das Escrituras, referências a vilas ou datas, nem anotações marginais feitas na página do sermão. Veja a seguir a contagem de palavras para os sermões do Caderno 1:

34 Todas as porcentagens foram arredondadas.35 Ver folha de rosto do Caderno 1.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

Sermão 1 = 265 palavrasSermão 2 = 152 palavrasSermão 3 = 143 palavrasSermão 4 = 117 palavrasSermão 5 = 157 palavrasSermão 6 = 173 palavrasSermão 7 = 159 palavrasSermão 8 = 116 palavrasSermão 9 = 98 palavrasSermão 10 = 150 palavrasSermão 11 = 119 palavrasSermão 12 = 134 palavrasSermão 13 = 116 palavrasSermão 14 = 85 palavrasSermão 15 = 145 palavrasSermão 16 = 102 palavrasSermão 17 = 152 palavrasSermão 18 = 130 palavrasSermão 19 = 161 palavrasSermão 20 = 119 palavrasSermão 21 = 135 palavrasSermão 22 = 93 palavrasSermão 23 = 129 palavrasSermão 24 = 137 palavrasSermão 25 = 131 palavrasSermão 26 = 142 palavrasSermão 27 = 129 palavrasSermão 28 = 144 palavrasSermão 29 = 143 palavrasSermão 30 = 124 palavrasSermão 31 = 134 palavrasSermão 32 = 192 palavrasSermão 33 = 221 palavrasSermão 34 = 200 palavrasSermão 35 = 185 palavrasSermão 36 = 212 palavras

Sermão 37a = 173 palavras Sermão 37b = 213 palavrasSermão 38 = 271 palavrasSermão 39 = 154 palavrasSermão 40 = 196 palavrasSermão 41 = 168 palavrasSermão 42 = 257 palavrasSermão 43 = 194 palavrasSermão 44 = 248 palavrasSermão 45 = 187 palavrasSermão 46 = 296 palavrasSermão 47 = 179 palavrasSermão 48 = 266 palavrasSermão 49 = 254 palavrasSermão 50 = 185 palavrasSermão 51 = 283 palavrasSermão 52 = 315 palavrasSermão 53 = 276 palavrasSermão 54 = 251 palavrasSermão 55 = 165 palavrasSermão 56 = 327 palavrasSermão 57 = 247 palavrasSermão 58 = 540 palavrasSermão 59 = 202 palavrasSermão 60 = 335 palavrasSermão 61 = 310 palavrasSermão 62 = 255 palavrasSermão 63 = 280 palavrasSermão 64 = 284 palavrasSermão 65 = 193 palavrasSermão 66 = 171 palavrasSermão 67 = 188 palavrasSermão 68 = 133 palavrasSermão 69 = 283 palavrasSermão 70 = 328 palavrasSermão 71 = 274 palavras

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AnÁLiSE do SErMÃo: CAdErno 1 (SErMÕES 1–77)

Ao excluir os dois sermões mais longos, “A oferta dos homens sá-bios” (Sermão 58, 540 palavras) e o Sermão 74, “O Médico e seus pacientes” (571 palavras), a contagem média de palavras dos sermões do Caderno 1 é de 196 palavras. A tendência geral parece indicar que quanto mais Spurgeon pregava, mais palavras ele escrevia para cada sermão.

CONTAGEM DE PALAVRAS POR SERMÃO:

600

500

400

300

200

100

00 10 20 30 40 50 60 70 80

Con

tage

m d

e pa

lavr

as

Número do Sermão

Sermão 72 = 289 palavrasSermão 73 = 215 palavrasSermão 74 = 571 palavras

Sermão 75 = 321 palavrasSermão 76 = 328 palavrasSermão 77 = 152 palavras

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40

Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

DISTRIBUIÇÃO DA CONTAGEM DE PALAVRAS DE TODOS OS SERMÕES DO CADERNO 1

.007

.006

.005

.004

.003

.002

.001

00 100 200 300 400 500 600

DISTRIBUIÇÃO DA CONTAGEM DE PALAVRAS COM EXCLUINDO OS SERMÕES 58 E 7436

.007

.006

.005

.004

.003

.002

.001

00 50 100 150 200 250 300 350 400

36 Nota do estatístico, ao excluir os Sermões 58 e 74, a contagem de palavras dos sermões no Caderno 1 forma uma distribuição normal quase perfeita (“curva em sino”) com uma média de 196 e um desvio padrão de 69. O eixo x representa a contagem de palavras e o eixo y representa a probabilidade.

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41

AnÁLiSE do SErMÃo: CAdErno 1 (SErMÕES 1–77)

PORCENTAGEM DE SERMÕES BASEADOS NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTOS

NOVO TESTA MENTO

ANTIGO TESTA MENTO

Porcentagem de Sermões:Antigo Testamento – 44% (34 sermões)Novo Testamento – 55% (43 sermões) Nenhum texto base – 1% (1 sermão)

Extensão dos Sermões:Sermão mais longo – 571 palavras Sermão mais curto – 85 palavrasMédia de extensão dos sermões – 196 palavras

Livros pregados com mais frequência:Mateus – 9 vezes Salmos – 8 vezes Provérbios – 6 vezes

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42

Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

PORCENTAGEM DE SERMÕES DO ANTIGO TESTAMENTO PREGADOS COM BASE EM CADA LIVRO

Todas as porcentagens foram arredondadas

NÚMERO DE OCASIÕES EM QUE FORAM USADOS TEXTOS DO ANTIGO TESTAMENTO NAS PREGAÇÕES

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alaq

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s9876543210

Gênesis – 6%Êxodo – 3%Deuteronômio – 6%Josué – 3%2 Samuel – 6%1 Reis – 3%2 Reis – 6%2 Crônicas – 3%Salmos – 24%Provérbios – 18%Isaías – 9%Jeremias – 3%Ezequiel – 6%Oseias – 3%Amós – 3%

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AnÁLiSE do SErMÃo: CAdErno 1 (SErMÕES 1–77)

PORCENTAGEM DE SERMÕES DO NOVO TESTAMENTO PREGADOS COM BASE EM CADA LIVRO

Todas as porcentagens foram arredondadas.

NÚMERO DE OCASIÕES EM QUE FORAM USADOS TEXTOS DO NOVO TESTAMENTO NAS PREGAÇÕES

9876543210

Mat

eus

Mar

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João

A

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Rom

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Cor

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Ped

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João

2 Jo

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João

Ju

das

Apo

cali

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Mateus – 21%Marcos – 7% Lucas – 5%João – 7%Romanos – 2% 1 Coríntios – 2%2 Coríntios – 5%Gálatas – 2%Efésios – 9% Filipenses – 7%Colossenses – 5%1 Timóteo – 2%Hebreus – 7%Tiago – 2%1 Pedro – 2%2 Pedro – 2%1 João – 2%Apocalipse – 7%

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44

Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

NUVEM DE PALAVRAS DA FREQUÊNCIA DE TÓPICOS

Nessa nuvem de palavras, quanto maior a palavra, com mais frequência ela aparece no Caderno 1.

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45

AnÁLiSE do SErMÃo: CAdErno 1 (SErMÕES 1–77)

A palavra final foi reservada para Spurgeon. No prefácio de sua obra posterior, As notas de meus sermões, ele lança luz sobre sua visão acerca de seus esboços:

Preparei essas estruturas, não para encorajar a indolência, mas para evitar uma execução desnorteada; e espero não ter escrito tanto a ponto de permitir que alguém pregue sem consideração, nem tão pouco a ponto de deixar uma mente exaurida sem au-xílio. Assim como despejamos um pouco de água em uma bom-ba para ajudá-la a puxar um riacho de baixo, As notas de meus sermões podem refrescar a mente fatigada de muitas pessoas e, então, colocá-la em funcionamento para desenvolver seus pró-prios recursos. Que o Espírito Santo use esses esboços para aju-dar Seus servos ocupados. A Ele todo o louvor, e à Sua Igreja.37

E agora, pela primeira vez em 160 anos, nós – o público deslocado de uma promessa há muito perdida – podemos ouvir as palavras de Spurgeon, originalmente dirigidas à sua época, mas divinamente desviadas para a nossa:

“Em breve publicarei um volume de minhas primeiras produções, enquanto Pastor de Waterbeach...

E gostaria de solicitar, desde já, uma recepção favorável.”38

CHARLES SPURGEON, dezembro de 1857

37 C. H. Spurgeon, My Sermon-Notes: A Selection from Outlines of Discourses Delivered at the Metropolitan Tabernacle with Anecdotes and Illustrations, from Genesis to Proverbs—I to LXIV (Nova Iorque: Robert Carter & Brothers, 1885 , Biblioteca Spurgeon), iii–v.

38 PRNP 3: prefácio.

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46

Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

Charles Spurgeon, 1854–1855, pregação de “O Cordeiro e o Leão juntos” (Sermão 34)

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Os primeiros cadernos dos Sermões de Charles Spurgeon. Cortesia do Spurgeon’s College e Chris Gander

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OS SERMÕES

CA DERNO 1 (SER MÕE S 1-77 )

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66

Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

SERMÃO 1

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SERMÃO 1

1 ✓1

ADOÇÃO2

Efésios 1:53

“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo a complacência da sua vontade.”

Significado do termo.4 Comum entre os romanos. Duas5 instâncias nas Escrituras: Moisés6 e Ester.7 Adoção difere de Justificação e Regeneração.

I. O SENTIDO EM QUE OS CRENTES SÃO FILHOS DE DEUS.8

Não como Jesus.9 Mais do que outras criaturas.10

—11 Em alguns aspectos, a adoção espiritual concorda com aadoção civil. 1. Em teoria e prática. 2. Quanto à herança.3.12 Voluntária por parte do adotante. 4. Posse do nomedo adotante. 5. Aceitos na família. 6. Considerados filhos.Alimento, proteção, vestimentas, educação, assistênciaprovidos. 7. Eles estão sob o controle do Pai.

— Em alguns aspectos, discorda.13 1. A adoção civil requer o consentimento do adotado.2. A intenção da adoção civil é aprovisionar pessoas quenão têm filhos.3. Na14 adoção civil, o adotado possui algo que orecomende.4. A natureza de filho não pode ser concedida.5. Os filhos não recebem a herança até a morte do pai.6. O Pontífice15 pode considerá-la inválida.

II. A CAUSA.16

1. A pessoa. Deus. Filho. Espírito.2. Motivo. Livre graça,17 não obras.18

III. OS OBJETIVOS DELE.Pecadores eleitos, não anjos.19 Todos os crentes.Não todos os homens,20 mas os justificados.

13 de abril de 1851 ................ Barton e Toft.21

20 de [abril]22 de [1851] ........Cherry Hinton23

15 de julho de [1851] .............Hythe.

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Os Sermões Perdidos de C. H. Spurgeon – Volume 01

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SERMÃO 1

IV. EXCELÊNCIA DISSO.1. É um ato de surpreendente graça.24 1Jo 3:1.25 Considera as

pessoas.26

2. Excede todas as outras.3. Torna homens honráveis.4. Conduz os homens às mais altas associações.5. Inclui todas as coisas.6. Imutável27 e eterna.28

V. EFEITOS DISSO.Participação no amor,29 na piedade, e no cuidado de Deus.Acesso com confiança.30

Conformidade à imagem de Jesus.31

O Espírito Santo.Herança.32

Encorajamento. Apelo aos santos e aos Pecadores.33

34

Barton ....................................13 de abril, [18]51 11. 12. 13. 26.35

Toft .........................................13 de abril, [18]51Cherryhinton36 .......................20 de abril, [18]51Hythe .....................................15 de julho, [18]51

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