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Artigo Original Original Article AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014 ÍNDICES RANQUEADORES PARA A PREMIAÇÃO EM INOVAÇÃO: UMA COMPARAÇÃO METODOLÓGICA RANKING FOR AWARDS IN INNOVATION: A METHODOLOGICAL COMPARISON Juliana Benício Doutoranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense, UFF Mestre em Economia pela Universidade Federal Fluminense, UFF Diretora da Faculdade Cenecista de Rio Bonito, FACERB, Rio de Janeiro, Brasil . RESUMO O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise da importância de se melhor conhecer a dinâmica da inovação, aprofundando-se nas suas relações de causalidades entre as variáveis envolvidas no processo inovativo, variáveis ainda de difícil identificação, visto que, percebe-se, por meio da observação empírica, a multiplicidade de possibilidades da gênesis do processo inovativo nas diferentes empresas de diferentes atividades econômicas. Observou-se ainda, a investigação das metodologias utilizadas pela Forbes e pela FINEP para a premiação de empresas inovativas, procurando identificar em que medida tal ranqueamento se baseou no Manual de Oslo, e, seguindo caminho contrário, investigando que soluções foram encontradas para o ranqueamento que poderiam ser introduzidas na avaliação agregada de atividades inovativas. Palavras-chave: índices ranqueadores; processo de inovação; empresas inovativas. ABSTRACT The objective of this study is analyze the importance of better understand the dynamics of innovation , deepening their relations in causalities among the variables involved in the innovation process , variables still difficult to identify , because of the multiple possibilities of the genesis of the innovation process in different companies from different activities. Observed, also, the research methodologies used by Forbes and the FINEP prize for the innovative companies seeking to identify to what extent such a ranking is based on the Oslo Manual , and followed other way , investigating what solutions were found for the ranking could be made in the aggregate valuation of innovative activities. Keyworks: Ranking; innovation process; innovative companies.

ÍNDICES RANQUEADORES PARA A PREMIAÇÃO EM INOVAÇÃO: UMA COMPARAÇÃO METODOLÓGICA

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Artigo Original – Original Article

AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014

ÍNDICES RANQUEADORES PARA A PREMIAÇÃO EM INOVAÇÃO:

UMA COMPARAÇÃO METODOLÓGICA

RANKING FOR AWARDS IN INNOVATION: A METHODOLOGICAL

COMPARISON

Juliana Benício Doutoranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense, UFF

Mestre em Economia pela Universidade Federal Fluminense, UFF

Diretora da Faculdade Cenecista de Rio Bonito, FACERB, Rio de Janeiro, Brasil.

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise da importância de se melhor

conhecer a dinâmica da inovação, aprofundando-se nas suas relações de causalidades entre as

variáveis envolvidas no processo inovativo, variáveis ainda de difícil identificação, visto que,

percebe-se, por meio da observação empírica, a multiplicidade de possibilidades da gênesis do

processo inovativo nas diferentes empresas de diferentes atividades econômicas. Observou-se

ainda, a investigação das metodologias utilizadas pela Forbes e pela FINEP para a premiação

de empresas inovativas, procurando identificar em que medida tal ranqueamento se baseou no

Manual de Oslo, e, seguindo caminho contrário, investigando que soluções foram encontradas

para o ranqueamento que poderiam ser introduzidas na avaliação agregada de atividades

inovativas.

Palavras-chave: índices ranqueadores; processo de inovação; empresas inovativas.

ABSTRACT

The objective of this study is analyze the importance of better understand the dynamics

of innovation , deepening their relations in causalities among the variables involved in the

innovation process , variables still difficult to identify , because of the multiple possibilities of

the genesis of the innovation process in different companies from different activities.

Observed, also, the research methodologies used by Forbes and the FINEP prize for the

innovative companies seeking to identify to what extent such a ranking is based on the Oslo

Manual , and followed other way , investigating what solutions were found for the ranking

could be made in the aggregate valuation of innovative activities.

Keyworks: Ranking; innovation process; innovative companies.

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1. Introdução

O conceito de inovação e a compreensão de sua dinâmica no sistema econômico vêm

se modificando ao longo do tempo. Para Karl Marx (1974), o progresso técnico era a arma

dos empresários na busca por lucro; motor do capitalismo. Schumpeter (1978) também

defendeu que a inovação assume papel central no sistema. O conceito de destruição criativa

desenvolvido pelo autor assume que a economia de mercado revitaliza-se o tempo todo, de

dentro para fora, sucateando velhas empresas debilitadas e redirecionando seus recursos para

novas e mais produtivas. Desta forma, para Schumpeter, o impulso fundamental que

explicaria o movimento da máquina capitalista decorre da inovação: novos bens de consumo,

novos métodos de produção ou transporte, novos mercados ou novas formas de organização

industrial que as empresas capitalistas criariam incessantemente. O desenvolvimento

tecnológico talvez seja a única dimensão possível de identificação na realidade econômica

que estaria associada, indiscutivelmente a uma visão de progresso.

Normalmente se vê o problema de como o capitalismo administra as

estruturas existentes, enquanto o relevante é saber como ele as cria e

destrói. Enquanto não reconhecer isso, o pesquisador realizará um trabalho

sem sentido. E quando o reconhece, sua visão da prática capitalista e de

seus resultados sociais muda consideravelmente. (SCHUMPETER 1978,

114)

Atualmente, existe um consenso entre os pesquisadores sobre a importância de se

melhor conhecer a dinâmica da inovação, aprofundando-se nas suas relações de causalidades

entre as variáveis envolvidas no processo inovativo. Contudo, a compreensão das forças que

agem a favor da dinâmica inovativa está intrinsicamente ligada ao entendimento de como as

empresas aprendem e modelam suas ideias (CHRISTENSEN et RAYNOS, 2003). Desta

forma, a definição destas variáveis ainda é de difícil identificação, visto que, percebe-se, por

meio da observação empírica, a multiplicidade de possibilidades da gênesis do processo

inovativo nas diferentes empresas de diferentes atividades econômicas.

Diante destes desafios, o Manual de Oslo (FINEP, 2009), editado pela OCDE, é um

esforço internacional para a padronização do conceito e tem avançado na busca pela criação

de indicadores para a mensuração da atividade que dêem conta de interpretar com mais

profundidade a dinâmica inovativa nas empresas. Apesar da crescente compreensão da

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importância da inovação para o desenvolvimento das empresas a criação destes indicadores

ainda é bastante complexa, devido a alguns fatores como:

Diversidade de fatores geradores da inovação;

Multiplicidade de processos inovativos gerados pelas especificidades das

diferentes tecnologias;

Dificuldade de coleta de dados para critérios com alto teor de subjetividade;

Intangibilidade de bens que favorecem o processo inovativo.

Desta forma, uma análise da dinâmica inovativa acaba tendo melhor aplicação no

nível micro que no nível macro, visto que, no agregado, a padronização de critérios subjetivos

necessários para uma análise comparativa são mais difíceis de serem coletados.

Por outro lado, existe a real necessidade da criação de indicadores capazes de

mensurar a atividade inovativa, dado que tais indicadores possibilitariam:

A compreensão da evolução da atividade inovativa ao longo do tempo;

A comparação da dinâmica inovativa entre setores econômicos; tornando-se

importante ferramenta para a condução do investimento público;

A comparação intra-setor, visando indicar a necessidade de investimento

interno, por parte da empresa.

Nesta mesma linha, ressalta-se a dificuldade de se premiar empresas inovativas, dado

que a criação de um índice capaz de gerar um ranqueamento entre as empresas avaliadas

necessita de critérios baseados nos mesmos indicadores capazes de mensurar a atividade

inovativa.

Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo a investigação das metodologias

utilizadas pela Forbes e pela FINEP para a premiação de empresas inovativas, procurando

identificar em que medida tal ranqueamento se baseou no Manual de Oslo, e, seguindo

caminho contrário, investigando que soluções foram encontradas para o ranqueamento que

poderiam ser introduzidas na avaliação agregada de atividades inovativas.

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2. A Mensuração da Inovação Tecnológica sob a Perspectiva Histórica do Manual de

Oslo

O Manual de Oslo é a principal diretriz internacional para a mensuração da inovação

científica e tecnológica. Em todas as versões deste manual buscou-se a padronização da

definição de escopo a ser considerado na análise da atividade inovativa, tendo em vista a

necessidade da real interpretação da dinâmica desta atividade. A uniformização no tratamento

dos dados e a uniformização metodológica permitem a comparação da atividade inovativa nas

diferentes regiões, empresas e países. Desta forma, os resultados encontrados nas análises

podem ser comparados ao longo do tempo, proporcionando a avaliação da evolução da

atividade inovativa, assim como a mensuração do distanciamento entre empresas e setores

econômicos na produção da inovação.

Desde sua criação, o Manual de Oslo busca avançar no sentido de criar diferentes

ferramentas metodológicas que melhor interprete a atividade inovativa. A dificuldade no trato

com esta atividade está na subjetividade do conceito, visto que inúmeras variáveis podem

influenciar a forma com que a inovação é gerada ou desenvolvida nas empresas. Além disso,

tais variáveis, maioria das vezes, são de difícil mensuração, dado seu caráter subjetivo e até

mesmo de identificação para que sejam consideradas na análise.

Inicialmente, o conceito de inovação estava diretamente relacionado com a capacidade

das empresas de investirem em Pesquisa e Desenvolvimento. Principalmente no pós-2ª guerra

mundial, com o desaquecimento da indústria militar, o governo americano passou a

considerar a produção inovativa como um importante fator favorecedor do crescimento das

empresas americanas e sua difusão pelo mundo. A concepção anterior era a orientação dos

fundos públicos para a investigação de base e para a educação de nível superior visando

alcançar a supremacia militar, com alguma derrama no tecido produtivo, particularmente na

indústria e nos transportes. Posteriormente, essa política passou a ser revista e os

investimentos públicos foram aos poucos sendo realocados para o âmbito das empresas

(MENDES, 2011). Gastos do Governo Americano em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

passaram a ser dispendidos na indústria e universidades, ao invés de serem concentrados em

laboratórios do governo federal. Como resultado desta política, a partir de 1980, apenas

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12,2% da produção de P&D era gerada no setor público, 13,2% ocorreram em universidades,

e 71,1% foi produzida na indústria (MOWERY, 2001).

Considerando esta primeira etapa, a criação de um manual que fornecesse diretrizes às

análises do campo inovativo, estava diretamente relacionado à necessidade de mensuração da

capacidade das empresas e países em investirem em Pesquisa e Desenvolvimento. Em 1963, a

OCDE cria o Manual Frascati, um documento internacionalmente aceito que passou a servir

como uma linguagem comum para discussões de política científica e tecnológica para a

compreensão do papel da ciência e tecnologia no desenvolvimento econômico. O manual

inclui definições de conceitos básicos de P&D, diretrizes de coleta de dados, e classificações

para a compilação de estatísticas que se tornaram um padrão reconhecido em estudos de P&D

em todo o mundo (OCDE, 2002).

Contudo, a partir da década de 70, observou-se um o acirramento da competitividade

das indústrias, justificado pela inserção do Japão e da Alemanha. Estas economias

apresentaram um espetacular desenvolvimento industrial e com um modelo científico e

tecnológico totalmente diverso do descrito anteriormente (CARACOSTAS et MULDUR,

1997). Passou-se a observar que a promoção das tecnologias-chave nos diferentes setores

econômicos (principalmente eletrônica, informática, aeronáutica, militar e da energia) era

fator determinante para a ampliação da capacidade competitiva das empresas (Figura 1). Esta

mudança de configuração trouxe com ela a necessidade de reformulação da relação causal

entre P&D e inovação, incorporando ao debate novas variáveis, tão importantes como o

investimento em P&D, que pudessem explicar políticas de promoção à inovação bem

sucedidas.

A terceira fase (Figura 1), dominante atualmente, pode-se caracterizar pelo casamento

entre sociedade e inovação, começou no início da primeira metade dos anos 90. Nesta fase a

competitividade industrial deverá ser encarada como uma oportunidade para fazer crescer a

contribuição da ciência e da tecnologia para o crescimento, o emprego e para uma difusão

rápida das inovações, valorizando as potencialidades do conhecimento e do saber. Portanto, o

acúmulo de conhecimento dos envolvidos no processo inovativo, passa a ser encarado como

fator central para a dinamização e sustentabilidade da inovação ao longo do tempo (NELSON,

R., 1991). O conhecimento e a inovação são elementos chave para essa fase.

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Desta forma, conclui-se que nos últimos tempos emergiu um novo modelo da ciência e

da tecnologia, o qual favorece a investigação num contexto de aplicação socioeconômica.

Este modelo favorece as redes de atores heterogêneos, a interdisciplinaridade e o questionar

permanente sobre as finalidades e os resultados de parcerias que se organizam e se desfazem

em função das prioridades sociais e económicas. Neste sentido, passou-se a observar que os

fatores que influenciam a dinâmica inovativa se encontram em um ambiente de alta

subjetividade visto que a inovação passa a assumir uma personificação. Por este motivo, o

esforço de padronização e disseminação de diretrizes relacionadas à P&D do manual Frascati,

neste contexto apresentado, não é mais suficiente para fornecer ferramentas explicativas do

processo inovativo. Neste contexto, necessitava-se avançar, no sentido de incorporar à análise

um conceito de inovação que correspondesse às demandas apresentadas pelo novo tempo.

Demandas essas basicamente relacionadas à endogeinização da inovação na dinâmica

competitiva e à construção social das tecnologias.

Numa altura em que a inovação é reconhecida como um processo interativo,

articulando aspectos científicos, técnicos, organizacionais, comerciais e sociais, e associando

um conjunto alargado de atores privados e públicos, a investigação é, assim, obrigada a

alargar o seu campo de ação. Por este motivo, e sob essa conjuntura, em 1993, a OCDE lança

o Manual de Oslo tendo como principal objetivo a divulgação de diretrizes internacionais para

medir a inovação. A segunda edição, de 1997, incorpora, em anexo, coleção de dados da

inovação não tecnológica. A terceira e última edição do manual de Oslo, de 2005, inclui

inovações organizacionais e de marketing, ou seja, incorporam o conceito que as inovações

organizacionais não são apenas um fator de suporte para inovações em produtos e processos;

mas também podem ter um impacto importante no desempenho da empresa como um todo.

Figura 1: Evolução das políticas de investigação de inovação a partir de 1945.

Fonte: CORACOSTA et MULDUR, 1997.

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Diante deste contexto, o Manual de Oslo define a inovação como a implementação de,

um novo ou significativamente melhorado, produto (bens ou serviços) ou processo, um novo

método de marketing, ou de um novo método organizacional na prática de negócios, na

organização do local de trabalho ou nas relações externas (FINEP, 2005). Tal conceito não

apenas “se liberta” da relação de causa-consequência entre P & D e inovação, como também

incorpora a ideia de que a atividade inovativa não precisa, necessariamente, ser algo

totalmente novo.

Além disso, o Manual de Oslo incorpora a noção de que qualquer (e cada) economia

tem um Sistema Nacional de Inovação (SNI) que para ser compreendido, precisa de

indicadores que quantifiquem seus estoques e fluxos de conhecimento. Tais referências

esbarram na subjetividade de seus conceitos e dificuldade de mensuração, tendo em vista o

caráter qualitativo destes indicadores.

Considerando esse debate contemporâneo, acerca da subjetividade relacionada aos

indicadores que possam medir a inovação, o Manual de Oslo busca, na padronização de

diretrizes, medidas que deem conta de uniformizar as investigações e pesquisas na área da

inovação. Segundo Holbrook et Hughes (2011) o Manual de Oslo é tanto um livro-texto

sobre a natureza da inovação e sistemas nacionais de inovação, como também um roteiro

sumarizado de perguntas socioeconômicas sobre a natureza da inovação numa economia de

livre mercado. Portanto, espera-se que premiações e ranqueamentos de empresas inovadoras

sigam a metodologia analítica e tenham como base, critérios relacionados aos indicadores

propostos no Manual de Oslo.

Neste sentido, o presente estudo avança na investigação das metodologias utilizadas

pelo prêmio da FINEP e do ranqueamento da Revista Forbes das empresas mais inovadoras.

O que se buscará investigar é se tais metodologias são baseadas nos princípios propostos pelo

Manual de Oslo. Caso contrário, buscar-se-á investigar o porquê desta rejeição.

3. Metodologias para o ranqueamento das empresas mais inovativas

O presente estudo selecionou dois prêmios de inovação que utilizam diferentes

metodologias para o ranqueamento das empresas concorrentes. O primeiro deles, o “The

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AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014 10

World’s Most Innovative Companies”, publicado pela Forbes1 é um ranqueamento baseado

em um índice que leva em conta a capacidade de inovar das empresas e o quanto o mercado

aposta no desenvolvimento de novos produtos dessas companhias. O segundo, segundo,

Prêmio FINEP de inovação, realizado pela FINEP2, fornece prêmios em dinheiro às empresas

vencedoras de diferentes categorias. Estes prêmios foram escolhidos pela sua visibilidade

internacional, no caso da lista da Forbes e pela visibilidade nacional, no caso do prêmio

FINEP.

3.1 – The World’s Most Innovative Companies

O Ranking da Empresa Mais Inovativa do Mundo promovido pela revista Forbes tem

como principal objetivo ordenar empresas em termos de seu potencial inovativo; ou seja,

uma empresa apresenta uma melhor posição na ordenação quanto maior seja a aposta dos

investidores de que esta empresa tenha capacidade crescer futuramente. A metodologia do

índice busca medir o quanto os investidores têm apostado na alta do preço das ações de uma

empresa, tendo em vista suas expectativas de futuros resultados inovadores (novos produtos,

serviços e mercados). Desta forma, o ranking de inovação avalia a aposta de investidores no

acréscimo de preço nas ações de uma empresa, acima do valor de seu negócio atual - tendo

como base a expectativa de resultados inovadores, que podem ser desde novos produtos,

serviços e até mercados.

O livro base para fundamentação metodológica do índice da Forbes, The Innovator’s

DNA (Dyer, GregersenetChristensen, 2011), tem como questionamento motor o entendimento

da dinâmica geradora das inovações radicais3. A metodologia proposta no livro para o

ranqueamento das empresas mais inovativas pode ser descrita em três etapas.

1 Revista americana conhecida pela publicação de suas listas que ranqueiam concorrentes em diferentes áreas

como: empresas mais inovativas, 100 maiores celebridades, 400 pessoas mais ricas do mundo, empresas lideres

do mundo entre outros. 2 Financiadora de Estudos e Projetos, FINEP, é uma empresa pública brasileira vinculada ao Ministério da

Ciência e Tecnologia. 3 Segundo Lastres (1995) inovações radicais são aquelas que representam um produto, processo ou forma de

organização totalmente novos.

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A primeira etapa do ranqueamento caracteriza-se pela avaliação do atual valor de

mercado da empresa. Tal análise é feita tendo como base os dados da HOLT4, onde analistas

estimam o fluxo de caixa5 para os próximos dois anos considerando-se a receita do atual

negócio. Para tal estimativa os especialistas também tomam como base a lucratividade e a

taxa de reinvestimento da empresa no momento da análise.

Na segunda etapa, HOLT projeta um fluxo de caixa para os próximos 38 anos com

base em um algoritmo de desconto6. O conceito do algoritmo incorpora a noção do senso

comum de que a competição é o alicerce principal do mercado livre. Neste sentido, mudanças

tecnológicas e na dinâmica do mercado, ocasionadas pela competição, atuam contra a

manutenção de altas taxas de lucro ao longo do tempo. O algoritmo de desconto estima o

atual valor das empresas estimando o fluxo de caixa futuro das empresas com base nos

pressupostos seguintes (Dyer, GregersenetChristensen, 2011, 265):

Os comportamentos da lucratividade e das taxas de retorno dos anos

passados estimam o nível da taxa de retornofutura –firmas com altas

lucratividades e taxas de retorno mantem estes índices no futuro. Contudo, a

experiência histórica comprova que a maioria das firmas apresenta uma

regressão da média, mostrando que as taxas de retorno gradualmente

diminuem. Além disso, observou-se que quanto maiores os lucros, maior

será a taxa de declínio.

Vulnerabilidade da Taxa de Retornodos anos passados estimam o

nível da taxa de retorno futura–quanto maior a variação da taxa de retorno

apresentada pela empresa estudada, mais rápido o decréscimo da taxa de

retorno médio apresentado.

Taxa de crescimento da empresa no passado estima a taxa de

reinvestimento futura – quanto mais rápido for a aceleração da taxa de

crescimento recente da empresa, maior a taxa de reinvestimento do caixa.

Na terceira etapa calcula-se valor presente líquido (VPL) do fluxo de caixa futuro

gerado pelas etapas 1 e 2. Sendo assim, compara-se o VPL dos fluxos de caixa futuros das

empresas com o valor de mercado atual. Caso uma empresa apresente uma capitalização de

mercado corrente acima do VPL dos fluxos de caixa, a metodologia adotada considera que

4 Uma divisão do CreditSuisse, que mantem uma base de dados para auxiliar na tomada de decisão de

investidores. 5 Direitos dos proprietários do Patrimônio Líquido medido pelos fluxos do Lucro Operacional, incluindo

Impostos, antes de qualquer remuneração aos donos de capital. 6 Tradução livre para “fade algorithms”.

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esta empresa tem um prêmio de inovação associado ao valor de suas ações. Quanto maior esta

diferença, maior o prêmio de inovação, portanto melhor sua posição no ranking.

A Tabela 1 apresenta as 10 primeiras companhias colocadas no ranqueamento feito

pela metodologia descrita acima:

Tabela1: Companhias mais Inovativas do Mundo segundo índice da revista FORBES7

2011

Ranking

Empresa

Prêmio de Inovação

1 Salesforce.com 75.1

2 Amazon.com 58.9

3 IntuitiveSurgical 57.6

4 Tencent Holdings 52.3

5 Apple 48.2

6 Hindustan Unilever 47.7

7 Google 44.9

8 Natura Cosméticos 44.5

9 Bharat Heavy Electricals 43.6

10 Monsanto 42.6

Fonte: FORBES, 2011

Os autores da metodologia defendem que a principal vantagem do ranqueamento é que

ele evita que empresas sejam selecionadas com base na performance passada8, visto que neste

método as empresas conseguem uma melhor posição no ranking, quanto maior a demanda por

suas ações. Portanto, tal método identifica as empresas que os investidores escolhem em suas

carteiras de investimento e que, por este motivo, são as corporações que eles consideram ter

maior potencial inovativo atualmente e no futuro.

Os próprios autores assumem fragilidades no método como (Dyer,

GregersenetChristensen, 2011), por exemplo o fato de se não poder correlacionar o índice

gerado pelo prêmio de inovação com a taxa de retorno futura. O prêmio de inovação

7Membros da lista devem ter, pelo menos, U$ 10 bilhões em capitalização de mercado, gastar pelo menos 1% de

sua base de ativos em P & D e ter sete anos de dados públicos. 8 Segundo os autores da metodologia do índice das Forbes o índice da BusinessWeek apresenta este problema.

Os executivos são solicitados a identificarem as empresas mais inovativas segundo suas opiniões e, desse modo,

seria um índice de popularidade, contaminado pelas informações do passado.

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caracteriza-se por ser um índice que relaciona a expectativa dos investidores com o valor

estimado da empresa com base no comportamento recente de suas receitas, lucratividade e

crescimento. Sendo assim, este índice não tem caráter de previsão9.

Contudo, o grande problema desta análise está na aceitação de que uma valorização de

ações está apenas ligada à percepção dos investidores que estas empresas inovaram. A

valorização das ações das empresas tem interpretações difusas e pode estar relacionada a

diferentes fundamentos como: mudança de cenário macroeconômico, uma aposta especulativa

em busca de diversificação da carteira, alteração do comportamento dos concorrentes, entre

outros. Desta forma, relacionar a apostas dos investidores em empresas no mercado de ações

com a crença de que os mesmos fazem isso por acreditarem que inovações implementadas

pelas empresas irão gerar lucros futuros é bastante infundada teoricamente. Conclusivamente,

o índice proposto pela Forbes é um índice que avalia a aposta dos investidores no crescimento

das empresas, e não um índice que mede a inovação. Por este motivo, a lista da Forbes

poderia se chamar Lista das Empresas que os Investidores mais Apostam no Mercado.

3.2 – O Prêmio da FINEP

A FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) é uma empresa pública vinculada ao

governo federal brasileiro, e uma importante articuladora das políticas de promoção à

inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia. Ela atua financiando, difundindo

conhecimento ao ambiente institucional e provendo prêmios como formas de fomentar a

inovação.

Os financiamentos são alocados tendo em vista a necessidade de se dinamizar a

inovação diante de uma visão estratégica de desenvolvimento. Os fundos setoriais de Ciência

e Tecnologia dão conta de interpretar as demandas específicas de cada região do país

promovendo o financiamento de pesquisa e desenvolvimento e articulando a transferência de

conhecimento para as empresas regionais.

9 Os autores defendem que a partir da análise histórica pode-se perceber uma correlação entre altos prêmios de

inovação com maiores taxas de crescimento.

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A difusão do conhecimento ao ambiente empresarial como principal forma de se

promover atividades inovativas é apoiado pela FINEP por meio de programas como Prime10

,

14 Bis11

, PNI12

(Programa Nacional de Incubadoras e Parques Tecnológicos), que não apenas

financiam um empreendimento, mas também acompanham a condução do processo. Esses

programas têm como principal objetivo financiar atividades específicas na empresa que

contribuirão para a sua sustentabilidade econômica e atuam apoiando:

(I) A inovação em empresas;

(II) As Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs);

(III) A cooperação entre empresas e ICTs;

(IV) As ações de C&T para o Desenvolvimento Social

Os prêmios promovidos pela FINEP têm como principal objetivo reconhecer esforços

feitos pelas empresas brasileiras em produzir inovação e manter-se competitiva ao longo do

tempo. Dentre os prêmios da FINEP13

, destaca-se o Prêmio FINEP de Inovação. Este prêmio

ocorre em âmbito nacional e é oferecido anualmente pela instituição.

Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica visa estimular os esforços inovadores das

empresas no campo tecnológico, premiando projetos que gerem resultados de impacto para a

sociedade brasileira. Com isso, a FINEP desenvolve uma ação de sensibilização no ambiente

empresarial, induzindo-o a ampliar seus investimentos na área tecnológica em conformidade

com as diretrizes do Ministério da Ciência e Tecnologia e a política operacional da empresa.

Participam do Prêmio, as empresas e instituições públicas ou privadas, com sede no

País, que tenham introduzido novos conceitos na geração, absorção e uso das tecnologias de

processos e produtos, e que representem progresso significativo para a sua modernização. Os

participantes são empresas que se inscrevem voluntariamente, que podem concorrer em mais

uma categoria, devendo, para tanto, apresentar propostas específicas. O Gráfico 1 mostra a

10

Apoia empresas nascentes com até dois anos de vida com recursos de subvenção econômica, durante 12

meses. As empresas que atingirem as metas estabelecidas nos planos de negócios poderão candidatar-se

posteriormente a um empréstimo do Programa Juro Zero. 11

Identifica, planeja e promove projetos inovadores que utilizem a imensa oportunidade aberta pelos eventos

esportivos de 2014 e 2016 para alavancar empresas brasileiras no país e no exterior e projetar uma imagem

positiva do Brasil. 12

Apoio ao planejamento, criação e consolidação de incubadoras de empresas e parques tecnológicos. 13

Pode-se citar o Prêmio Inovar ( para empresas gestoras de fundos de seed / venture capital /

privateequity e profissionais dessa indústria atuantes no Brasil).

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AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014 15

evolução do número de empresas inscritas para concorrerem ao prêmio desde sua fundação,

no ano de 1999, quando o prêmio era promovida apenas na região Sul do país.

Gráfico 1: Evolução no número de inscrito no prêmio FINEP de inovação

Fonte: (ROSSINO, 2006).

O prêmio é organizado em duas etapas, a primeira regional, e a segunda nacional.

Cada etapa tem um vencedor por categoria. As empresas podem se inscrever nas seguintes

categorias propostas, descritas nas tabelas 2 e 3.

Tabela 2: Descrição das Categorias da Etapa Regional

Categoria Podem Participar

Micro/Pequena

Empresa

Empresas brasileiras com faturamento bruto em 2010 de até R$16 milhões,

representadas pelo conjunto de suas ações inovadoras implementadas há pelo

menos 3 (três) anos.

Média Empresa Empresas brasileiras com faturamento bruto em 2010 acima de R$16 milhões

e até R$90 milhões, representadas pelo conjunto de suas ações inovadoras

implementadas há pelo menos 3 (três) anos.

Instituição

Científica

&Tecnológica –

ICT

Centros, departamentos, laboratórios ou outras unidades organizacionais de

instituições de pesquisa públicas ou privadas, sem fins lucrativos, cujo

conjunto de estratégias e/ou atividades de pesquisa e desenvolvimento, em

determinado setor, tenham sido desenvolvidas para atender às necessidades

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de mercado demandadas por empresas brasileiras há pelo menos 3 (três)

anos.

Tecnologia Social

(*)

Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs, públicas ou privadas,

Organizações Não Governamentais, OSCIPs, cooperativas e instituições

públicas e privadas sem fins lucrativos, por meio de projetos inovadores no

âmbito das tecnologias sociais, implantadas há pelo menos 3 (três) anos.

Inventor Inovador Pessoa física que seja inventor em uma patente (invenção ou modelo de

utilidade) concedida pelo INPI e em vigor na data do julgamento do prêmio.

(*)Tecnologias sociais são produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas

em interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social.

Fonte: (FINEP, 2011)

Tabela 3:Descrição das Categorias da Etapa Nacional

Categoria Podem Participar

Grande

Empresa

Empresas brasileiras com faturamento bruto em 2010 superior a

R$90 milhões, representadas pelo conjunto de suas ações inovadoras

implementadas há pelo menos 3 (três) anos.

Inovar

Empresas gestoras de fundos de seed, venture capital e

privateequity, constituídos no mínimo há dois anos sob as instruções

CVM 209 ou 391, e que sejam não proprietários e não exclusivos.

Demais

Categorias

Cada vencedor regional concorre automaticamente, em uma segunda

etapa, ao Prêmio Nacional dentro de sua categoria.

Fonte: (FINEP, 2011)

A metodologia do prêmio segue as seguintes etapas. Na primeira fase são constituídas

comissões julgadoras específicas por região. Na segunda fase, etapa nacional, a comissão

julgadora será composta, na sua maioria, pelas representações das comissões regionais. A

avaliação das comissões são altamente subjetivas. Cada avaliador é solicitado que dê uma

nota de 1 a 5 para cada critério anteriormente definido por categoria (Tabela 4).

As comissões das duas etapas são formadas por renomados profissionais das áreas de

ciência, tecnologia e comunicação, e por empresários e representantes de entidades do Setor

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AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014 17

Tecnológico. A escolha desses avaliadores busca um equilíbrio quanto à representatividade

das diversas regiões e instituições.

A coordenação da comissão julgadora de cada região ficará a cargo da organização do

Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica.

Tabela 4: Critérios avaliados por categoria

Categoria Critério

Micro/Pequena,

Média e Grande

Empresa

Dados quantitativos dos últimos três anos, considerando: faturamento e

seu crescimento anual; percentual do faturamento obtido com a

inovação; recursos humanos qualificados contratados; margem

operacional e seu crescimento; e recursos investidos em novos equipamentos adquiridos para a inovação.

Gestão da inovação nos seus sistemas de produção.

Esforço sistêmico e organizado da empresa em buscar, selecionar,

desenvolver, avaliar e introduzir no mercado novos produtos, processos e/ou serviços.

Parcerias com entidades no desenvolvimento da inovação

(universidades, centros de pesquisa etc.).

Instituição

Científica e

Tecnológica

Dados quantitativos dos últimos três anos (capacitação de recursos

humanos e capacitação laboratorial).

Apresentação de resultados e dos impactos econômicos, ambientais e

sociais dos projetos desenvolvidos.

Volume de recursos captados e número de operações e investimentos

em processos da inovação.

Parcerias estabelecidas com empresas e/ou centros de pesquisa para o

desenvolvimento da inovação.

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Tecnologia Social

Interação com a comunidade no processo de desenvolvimento da

tecnologia social.

Apresentação de resultados e dos impactos econômicos, ambientais e

sociais da reaplicação da tecnologia.

Reaplicabilidade e Sustentabilidade da Tecnologia

Características da inovação.

Parcerias desenvolvidas no processo de desenvolvimento e aplicação

da inovação efetuada.

Inventor Inovador

Apresentação do impacto social e ambiental da inovação desenvolvida.

Tipo de inovação, campo de aplicação, ganhos técnicos em relação às

tecnologias existentes (originalidade).

Patente concedida no exterior.

Investimento pessoal no processo da inovação desenvolvida e no

processo de sua introdução no mercado.

Retorno Financeiro esperado após o processo de introdução da

invenção no mercado, ou seja, depois desta se tornar uma inovação.

Inovar

Condições estabelecidas pela Área de Investimento da FINEP, que

norteiam a concessão do Inovar desde sua criação, para inclusão como

categoria especial do Prêmio FINEP.

Acessar http://www.finep.gov.br/premioinovar.

Fonte: (FINEP, 2011)

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AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014 19

Depois de dadas as notas para cada critério a ser avaliado, essas notas são somadas

intracategorias e o ranqueamento é feito. No caso de empate entre duas ou mais propostas

finalistas, o desempate se da pela pontuação dada a cada um dos critérios, na ordem

apresentada na tabela 4. Persistindo o empate, a comissão julgadora decidirá, por consenso, o

resultado final. O júri é soberano e do resultado do seu julgamento não caberá nenhum tipo de

recurso.

Os vencedores nos últimos 10 anos podem ser consultados na Tabela 5. A FINEP não

disponibiliza em seu site as notas recebidas pelas empresas.

Tabela 5:Vencedores dos últimos 10 anos

Grandes Média Pequena Instituição de Ciência e Tecnologia

Tecnologia Social

Inventor Inovador

Gestão da Inovação

22010

EMBRACO - Unidade

Compressores e

Soluções para

Refrigeração (SC)

Treetech Sistemas Digitais

Ltda (BA)

SoftwellSolutions em

Informática Ltda. EPP

(BA)

C.E.S.A.R - Centro de Estudos e Sistemas

Avançados do Recife

(PE)

Oficina Escola de

Lutheria da Amazônia

(AM)

Julio Abel Segalle (SP)

EMBRACO - Unidade

Compressores e Soluções

para Refrigeração

(SC)

22009

Natura Opto

Eletrônica (SP)

Angelus Indústria de

Produtos Odontológico

s (PR)

Fundação Certi (SC)

Embrapa Clima

Temperado (RS)

Roberto Zagonel (SC)

22008

Brasilata

Engineering Simulation Scientific Software

Ltda. (SC)

Centro Internacional

de Tecnologia

de Software - CITS (PR)

Instituto Palmas de

Desenvolvimento e

Socioeconomia Solidária

(CE)

Jaírton Dupont (RS)

22007

CristáliaProdutos

Químicos Farmacêutic

os

Nanox Tecnologia

(SP)

Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária

(DF)

Instituto Palmas de

Desenvolvimento e

Socioeconomia Solidária

(CE)

José Luiz Vieira Mattos

22006

Mectron - Engenharia Indústria e Comércio

Ltda

Nuteral Indústria de Formulações Nutricionais Ltda. (CE)

Centro Nacional de Pesquisa do

Algodão - Embrapa

Algodão (PB)

Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária

- Embrapa Milho e

Sorgo (MG)

Paulo Ferrara de Almeida Cunha

22005

Ouro Fino Participaçõe

s e Empreendim

entos

Megatécnica Ind. e Com. de Máquinas Ltda. (GO)

Parque de Desenvolvim

ento Tecnológico (PADETEC)

(CE)

Laboratório de Moluscos

Marinhos (UESC)

KentaroTakaoaka

22004

Bematech Ind. e Com.

PipeWay Engenharia

Centro de Estudos e

Juliana Benicio

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de Equipament

os Eletrônicos

Ltda

Ltda. (RJ) Sistemas Avançados do Recife

(C.E.S.A.R.) (PE)

22003

Smar Equipament

os Industriais

Ltda

Polymar Indústria Comércio

Importação e Exportação Ltda. (CE)

Instituto de Tecnologia

para o Desenvolvimento (Lactec)

(PR)

22002

Empresa Brasileira de Compressor

es S/A - Embraco

(SC)

Brapenta Eletrônica Ltda (SP)

Instituto de Pesquisas

Tecnológicas (IPT) (SP)

22001

Vallée S/A (MG)

Pollux Sistemas

Industriais de Visão (SC)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da(FINEP, 2011)

A partir desses dados, é importante destacar uma característica do prêmio FINEP. O

prêmio recicla seus vencedores a cada ano (Tabela 6). Tal característica é suportada pela

metodologia do prêmio, onde a subjetividade foi incorporada ao método analítico.

Tabela 6: Empresas que mais venceram os prêmios FINEP nos últimos 10 anos nas

diferentes categorias14

Categoria Empresa Vencedora Número de vezes

vencedora

Pequena Empresa

Não ocorreu um padrão de

repetição

Média Empresa

Não ocorreu um padrão de

repetição

Grande Empresa EMBRACO 2x

Instituição de Ciência e

Tecnologia

C.E.S.A.R - Centro de

Estudos e Sistemas

Avançados do Recife (PE)

2x

Tecnologia Social EMBRAPA15

2x

14

As categorias Gestão da Inovação e Inventor inovador não foram consideradas nesta análise. Gestão da

Inovação foi desconsiderada pelo fato do prêmio só ser oferecido no ano de 2010. E o prêmio de Inventor

Inovador não foi considerado, pois tal prêmio é oferecido à pessoa física não tem um caráter de repetição. 15

Duas divisões diferentes da Embrapa venceram os prêmios. A EMBRAPA Clima temperado venceu em 2009

e EMBRAPA Milho e Sorgo venceu em 2006.

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AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014 21

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da (FINEP, 2011)

Pode-se observar que o ranqueamento feito pela FINEP tem metodologia bastante

diversa da feita pela Forbes. Enquanto a primeira baseia-se em uma análise subjetiva de sua

comissão julgadora; o segundo baseia-se em uma análise de mercado feita a partir de dados

disponíveis. Além disso, o primeiro apenas avalia empresas inscritas, enquanto que o segundo

tem como base empresas de capital aberto e que, portanto, divulgam seus balanços anuais.

É importante salientar que para a geração de um ranqueamento de credibilidade feito

por meio da metodologia do prêmio FINEP é necessária a difusão e padronização dos

conceitos relacionados à dinâmica inovativa a serem avaliados pela comissão julgadora, para

evitar o fato de cada membro da comissão julgadora utilizar experiências pessoais na nota

escolhida, minimizando, assim, a subjetividade da análise.

4. Caracterização das Metodologias

Conforme pode ser verificado as metodologias propostas pelos ranqueamentos

descritos têm enfoques diferentes. Enquanto o prêmio da Forbes foca sua metodologia em

como o mercado recebe e avalia as empresas inovadoras, o prêmio FINEP ordena as empresas

inovadoras com base na avaliação de uma comissão julgadora que, por sua vez, têm como

fundamentação de análise conceitos difundidos no arcabouço teórico de inovação,

principalmente o Manual de Oslo.

Desta forma, pode-se propor a segmentação das metodologias de ranqueamento em

dois grupos classificatórios.

O primeiro, Ranqueamento segundo apreciação do mercado, busca, por meio de

sua metodologia afastar-se da subjetividade da análise do ser humano. Baseia-se em dados de

mercado que interpretem a propensão inovativa das empresas avaliadas. Neste sentido, tal

ranqueamento, tem como fundamento básico a crença de que o mercado é sábio em

identificar, de forma eficiente, os movimentos inovativos. No caso da Forbes, o ranqueamento

baseia-se em valores de ações, balanços patrimoniais, valor de faturamento esperado, entre

outros; dados, que segundo metodologia proposta, capazes de identificar o potencial inovativo

Juliana Benicio

AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014 22

da empresa avaliada. Como se pode notar, esta metodologia não tem qualquer

comprometimento de forma com os pressupostos difundidos pelo Manual de Oslo.

O segundo, Ranqueamento por comissão julgadora, tem uma grande relação com os

conceitos difundidos pelo Manual de Oslo. O ranqueamento depende da avaliação de uma

comissão julgadora. Tal julgamento, por sua vez, segue um roteiro predefinido fundamentado

pelos pressupostos do Manual de Oslo. Ressalta-se que por depender da avaliação de seres

humanos acerca de critérios estabelecidos, tal ranqueamento apresenta um viés subjetivo e

que, neste sentido apresenta pouca transparência.

Figura 2: Descrição das metodologias de ranqueamento das empresas inovadoras

Fonte: Elaboração Própria

Diante do exposto, observa-se que os dois prêmios apresentados representam, cada

uma deles, uma metodologia para a formação de rankings em inovação. As diferentes

metodologias para premiar a inovação, seguem pressupostos diferentes. A confluência com

esforço mundial de padronização dos conceitos básicos relacionados à inovação está presente

em um dos métodos, porém, neste método, a subjetividade da análise também trouxe falta de

transparência ao resultado.

• Forbes

• Evita subjetividade na análise

• Baseada em dados do mercado

• Pouco comprometimento com fundamentação teórica do Manual de Oslo

Ranqueamento segundo

apreciação do mercado

• FINEP

• Confluência com o Manual de Oslo

• Subjetividade

• Pouca transparência

Ranqueamento por comissão

julgadora

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AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014 23

Os dois grupos metodológicos descriminados foram representados por dois prêmios,

FINEP e FORBES, como forma de caracterizar os principais pressupostos dos métodos.

Contudo, cabe ressaltar, que existe uma tendência no mundo de se realizar prêmios em

inovação e que esses escolhem um dos dois caminhos apresentados como tendência.

5. Considerações finais

Existe uma difusão na mídia da necessidade de se premiar empresas inovativas. No

Brasil, os diferentes jornais como Valor Econômico e Brasil Econômico estão, recentemente,

realizando prêmios deste tipo para as maiores empresas brasileiras. Neste sentido, a

classificação metodológica de como se premiar empresas inovadoras, conforme feito neste

estudo, auxiliam na difusão das possibilidades neste campo e agregam valor, à medida que

trazem ao debate os pontos fortes e fracos de cada grupo classificado.

Conclusivamente, a escolha de uma metodologia, influenciará diretamente no

ranqueamento feito. Além disso, vislumbra a importância do esforço mundial de se continuar

as pesquisas que buscam criar indicadores para medir a inovação. O estudo apresentado

mostrou que prêmios, como o da FORBES, estão buscando outros caminhos, além daqueles

trilhados pelo Manual de Oslo. Desse modo, cabe-se destacar que, o esforço mundial de

padronização, como o feito pelo Manual de Oslo, não estão dando conta de fornecer suporte

metodológico às demandas do mercado; por este motivo outros caminhos metodológicos

estão sendo buscados.

6. Referências Bibliográficas

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