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GESTÂO HIDRÁULICA NA AMÉRICA LATINA E ESPANHA/GESTIÓN HIDRÁULICA EN AMÉRICA LATINA Y ESPAÑA

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha

Gestión hidráulica en América Latina y España

CONSEJO EDITORIAL

Sérgio Arruda de Moura; Leandro Garcia Pinho; Maura da Cunha; Maria da Glória Alves; Janie

Mendes Jasmim; Maridelma de Souza Pourbaix

CONSEJO CONSULTIVO

Juan Manuel Matés Barco (Universidad de Jaén, Jaén, España); Jesús R. Navarro-García (CSIC,

Sevilla, España);

Luis Alonso Álvarez (Universidad de A Coruña, A Coruña, España); José Manuel Castillo López

(Universidad de Granada-CSIC, Granada, España);

Óscar M. Castillo Rivadeneira (Asociado del Instituto de Estudios Peruanos, Lima, Perú);

Fernando Díaz del Olmo (Universidad de Sevilla, Sevilla, España); Javier Escalera Reyes (Uni-

versidad Pablo de Olavide, Sevilla, España);

Marcelo Gantos (Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos, Brasil);

José Newton Coelho Meneses (Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil);

Leandro del Moral Ituarte (Universidad de Sevilla, Sevilla, España); Pilar Paneque Salgado

(Universidad Pablo de Olavide, Sevilla, España);

Jesús R. Navarro-GarcíaSimonne Teixeira

Alejandro Tortolero Villaseñor(Coords.)

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha

Gestión hidráulica en América Latina y España

SEVILLA

CAMPOS DOS GOYTACAZES

2014

Reservados todos los derechos por la legislación en materia de Propiedad Intelec-tual. Ni la totalidad ni parte de este libro, incluido el diseño de la cubierta, puede reproducirse, almacenarse o transmitirse en manera alguna por medio ya sea elec-trónico, químico, óptico, informático, de grabación o de fotocopia, sin permiso previo por escrito de la editorial. Las noticias, asertos y opiniones contenidos en esta obra son de la exclusiva responsabilidad del autor o autores. La editorial, por su parte, sólo se hace responsable del interés científico de sus publicaciones.

SEMINARIO PERMANENTE

C S I C

agua / territorio / medio ambiente

© Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

© ATMA-Seminario Permanente Agua, Territorio y Medio Ambiente. CSIC

Cubierta: Puente sobre el río Ésera, Graus, Huesca (España)Diseño y maquetación: Juan Gallardo (CSIC)Cuidado de la edición: Jesús R. Navarro-García

ISBN: 978-85-89479-29-5Impreso en Brasil - Printed in Brasil

Este livro se insere dentro do projeto de excelencia da Junta de Andalucía, in-titulado “Andalucía-América Latina: Intercambios y transferencias culturales” (HUM 03215) do qual é pesquisador principal e coordenador Jesús R. Navarro--García. O livro se insere também, como resultado da atividade de pesquisa de professores do Programa de Pós-Graduaçao em Políticas Sociais, vinculados à Rede Agua, Territorio y Medio Ambiente.

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca do CCH - UENFG393 Gestão hidráulica na América Latina e Espanha = Gestión hidráulica en América Latina y España / coordenação de Jesús R. Navarro-García, Simonne Teixeira e Alejandro Tortolero Villaseñor. – Campos dos Goytacazes, RJ : EdUENF, 2014. 312 p. : il

ISBN: 978-85-89479-29-5Textos em português, inglês e espanhol.

1. Recursos Hídricos. 2. Gestão Hidráulica – América Latina. 3. Gestão Hidráulica – Brasil. I.Título

CDD – 551.482

Índice

Prólogo (Marcelo Carlos Gantos) ....................................11

Introdução (Jesús R. Navarro-García, Simonne Teixeira, Alejandro Tortolero ..................................................

17

Rosangela Aparecida de Medeiros Hespanhol e Anto-nio Nivaldo Hespanhol

O Programa de Microbacias Hidrográfi cas no con-texto brasileiro ...................................................

25

Maria Eugênia Totti e Sérgio de Azevedo

Governança e governabilidade das águas na bacia hidrográfi ca do rio Paraíba do Sul (Brasil) .......

45

Simonne Teixeira

El Canal Campos-Macaé y la red de canales en el norte fl uminense: análisis de algunas fuentes documentales para una investigación ..............

67

Teresa de Jesus Peixoto Faria

O Canal Campos-Macaé e a rede de canais no norte fl uminense: recursos para circulação, saneamen-to, urbanização e embelezamento das cidades ...

85

Vanesa Valverde Camiña

Regulación del agua en América Latina. Una visión pa-norámica de la diversidad institucional de la región enfocada en los casos de Argentina, Brasil y Chile ....

99

Inmaculada Simón Ruiz

El negocio del agua y la creación de opinión en la ciudad de México 1884-1935 .............................

123

Alejandro Tortolero Villaseñor

En el país de la sed: los intereses franceses en pro-yectos hidráulicos en el México Porfi rista ........

141

Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos en la Región Hidrológica Lerma, Santiago, Pací-fi co (México) .......................................................

161

R. Arturo Román Alarcón

Benefi cios y perjuicios del agua entubada en un espa-cio urbano del Noroeste de México, 1890-1908 ...

183

César Aguilar Soto

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa, México, 1900-1960 ...............

199

Julio Contreras Utrera

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Esta-do de Chiapas (1873-1940) ................................

221

Eduardo Frías Sarmiento

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa: del Canal Rosales a la presa Adolfo López Mateos ..............................

251

Lucía Martínez Moctezuma

El viaje del agua: imágenes y representaciones en el libro escolar mexicano, francés y español ....

279

Alice Poma

Confl ictos ambientales y cambio cultural: una propuesta de estudio de casos entre España y México ................

299

David Sampedro Sánchez

La modernización del regadío en Andalucía: una aproximación a sus efectos sociales, económi-cos y ambientales ...............................................

323

Jesús R. Navarro-García y Frederico Alvim

Landscape and Thermalism: Proposals for Health and Welness in the Guadaíra Basin, Spain .......

339

Mauricio Onetto Pávez

Genealogía de una distancia medioambiental: guerra, catástrofes y aguas. Chile, siglos XVI-XIX ......................................................................

361

Nota sobre os autores .....................................................392

Índice Onomástico ..........................................................401

Índice Topográfico ..........................................................411

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 11-15

Prólogo

Esta publicação em forma de livro é mais um importante passo na consolidação programática das relações acadêmicas e cientificas estabe-lecidas entre o Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais (PPGPS) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e o grupo de pesquisadores liderados pelo pesquisador Jesús Raúl Navarro García, atualmente congregados em torno ao “Seminario Permanente Agua, Territorio y Medio Ambiente (ATMA)”, sediado na Escuela de Estu-dios Hispano-Americanos (EEHA) do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), Sevilla, Espanha.

Em 2006, como motivo de meu interesse em desenvolver atividades de pós- doutoramento na EEHA, conheci o pesquisador Raúl Navarro, Di-retor à época, quem aceitou generosamente minha petição e coordenou minha estância naquela instituição onde fui acolhido para desenvolver meu trabalho, ao longo de um ano. Desde esse momento, e como fruto daquele encontro, foi criado e desenvolvido um sólido projeto de parceria acadêmica entre o Seminário e o PPGPS. Esta associação foi se afirmando no tempo, agregando a participação de outros professores do Programa no projeto e produzindo ao longo dos sete anos de vigência, resultados estimulantes que vão desde a participação de reuniões cientificas regu-lares, publicações cientificas até intercâmbios acadêmicos e formação de pesquisadores. O conjunto dessas atividades têm servido para alavancar a co-produção de obras, como esta publicação, baseadas no compartilha-mento do conhecimento de especialistas e expertos de diversos países de América Latina e da Península Ibérica nucleados na ATMA, dispostos a dis-cutir e trabalhar, desde uma perspectiva crítica, multidisciplinar e dialó-gica, aspectos históricos, geográficos, sociológicos, políticos e ambientais da problemática da água.

Um dos principias desafios civilizatórios da época é, indubitavel-mente, a gestão dos recursos naturais do planeta. A vigência desta cons-tatação, hoje unânime a escala global, é fruto de décadas de trabalho de múltiplos atores sociais representados principalmente por cientistas, políticos e movimentos sociais do mundo inteiro que patrocinados por organismos multilaterais, especialmente pelas Nações Unidas, desde os finais da década de 1960, promovem discussões, buscam soluções e pro-põem marcos reguladores para os problemas do meio ambiente gerados pelo desenvolvimento desenfreado. Desde então, em diversos países, um nutrido número de conferência e fórum internacionais foram produzidas e centradas em temas como Médio Ambiente Humano (Estocolmo,1972),

12 Marcelo Carlos Gantos

População (Bucarest,1974), Alimentação (Roma), Mulheres (México DF, 1975), Assentamentos Humanos (Vancouver,1976), Água (Mar del Plata, 1977), Desertificação (Nairóbi,1977), Fontes de Energia Novas e Renová-veis (Nairóbi, 1981), Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio de Janeiro, 1992), População (Cairo, 1994), Mulheres (Beijing, 1995), Alimentação (Roma,1996), Assentamentos Humanos (Estambul,1996), Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável (Johannesburgo, 2002).

Com relação exclusiva ao tema dos recursos hídricos, desde a pu-blicação da Carta da Água de Estrasburgo, de 1968 até os dias de hoje, temos presenciado a massiva incorporação da temática da Água nos foros das políticas mundiais. Esta preocupação crescente serviu de fundamento para a Declaração de Estocolmo (1972) e para o Plano de Ação de Mar del Plata (1977), ambas consideradas pedras angulares da política hídrica vi-gente, logo consolidadas em Dublin (1992) e em Bonn (2001), e proclama-das na Declaração do Milênio das Nações Unidas (2001). Nesta ultima, por primeira vez na historia, se estabeleceu como meta global para o planeta, reduzir até 2015, a metade do numero de pessoas sem acesso a água po-tável no mundo; fato acompanhado do comprometimento de dar acesso a 1.600 milhões de pessoas à água limpa e a 2.400 milhões a serviços de saneamento. Nessa trilha em dezembro de 2003 a Assembléia das Nações Unidas estabeleceu o chamado “Decênio Internacional para a Ação 2005-2015” (Nova Iorque, 2003) sobre o lema “A Água fonte de vida”, período onde se aprofunda a discussão da relação entre água e pobreza, e se in-tensificam ações de fomento relacionadas à questões relativas a água em todos os níveis, visando a execução de programas e projetos orientados a alcançar objetivos traçados no marco do Programa Agenda 21 (capitulo 18, 1992), na Declaração do Milênio e no Plano de Aplicação de Johan-nesburgo (2002).

Uma das razões que contribuiu para a mudança de percepção global da questão hídrica foi o reconhecimento, tanto individual como coletivo da, cada vez maior, degradação dos recursos naturais e sua inevitável re-lação com o desenvolvimento econômico e social dos países e mais especi-ficamente, com a qualidade de vida de seus habitantes.

Assim, a relevância adquirida pela água, como fator de vida, somen-te se pode entender, no contexto do papel político que desempenha no mundo atual. A água se constitui como um elemento físico, emocional e cultural que sustenta a vida, porém deve ser considerado como algo mais que um simples recurso econômico. Compartilhar a água tem sido ao logo da historia humana um dever ético assim como uma expressão da identi-dade e da solidariedade humana. Hoje, o acesso irrestrito a água não mais existe, ele é juridicamente concebido como um serviço econômico.

Prólogo 13

No nível regional, verifica-se nos países latino americanos em desen-volvimento que as relações entre áreas urbanas e rurais estão mudando rapidamente interferindo profundamente no problema da gestão dos recursos hídricos. Estas alterações implicam uma mudança do papel dos recursos hídricos e a chegada de novos atores sociais, transformando sua relação com o crescimento econômico, com a segurança da subsistência, a pobreza, e a sustentabilidade ecológica. O cenário presente de injustiça ambiental desenha novos padrões de “vencedores” e “perdedores” que incorporam no debate politico da água perspectivas de classe, gênero e étnicidade renovadas.

Desta forma, o acesso a água possui uma forte significação social. A distribuição desigual da água nas cidades de América Latina é, antes de tudo, o resultado de relações sociais. De maneira geral, os níveis dos serviços de água correspondem a posição dos indivíduos na hierarquia social. Desta maneira, percebemos que os discursos atuais sobre o acesso a água para todos, para reforçar a coesão social e territorial estão em con-tradição com as sociedades urbanas cujas bases mesmas repousam sobre as desigualdades sociais e de acesso a água.

Porém, o lugar exclusivo que a água ocupa na vida humana tem lhe assegurado uma posição econômica e sociocultural, e portanto política, elevada. A idéia contemporânea de que a água constitui um direito hu-mano, enquanto fator essencial para o exercício pleno do direito humano universal a “um nível adequado de […] saúde bem-estar” (Art. 25, Decla-ração Universal de Direitos Humanos), junto com a crescente competência entre os usuários da água, é um elemento recente e conflitante do embate da globalização com a “nova questão social”. Esta ponderação tem modi-ficado o cenário, incorporando ao debate as noções de “ambiente total” e justiça ambiental assim como a categoria do “cidadão consumidor”, ao conjunto dos atores e variáveis políticas em jogo, motivando importantes conflitos de interesses e debates inacabados para conseguir que, a água seja hoje, um assunto político destacado da agenda das políticas públicas e sociais em muitas regiões do mundo.

Simultaneamente em muitos países se observa também uma cres-cente tendência à valoração de processos ecológicos como resultado do aumento da contaminação e outros desastres naturais. A destruição em grande escala das paisagens naturais, já não é nem política nem social-mente aceitável. Desde as ultimas décadas do século XX a sociedade pas-sou a valorizar (e dimensionar), cada vez mais, o nível de saúde de seus ecossistemas e conseqüentemente, tem lutado para promulgar leis nacio-nais e estabelecer internacionalmente acordos juridicamente vinculantes para a proteção do ambiente e sua preservação em longa escala.

Historicamente, como os textos que constituem esta obra o eviden-ciam, a interação entre as pessoas e seus ambientes está arraigada em

14 Marcelo Carlos Gantos

cada cultura e território. Os modos com que a sociedade percebe e valo-riza, reparte e administra, usa e abusa, venera ou profana a água, depen-de marcadamente do contexto cultural e socioambiental. A diversidade cultural, o resultado de milênios de evolução humana, possui um tesouro oculto de enfoques analíticos e práticos sobre as formas de entender no tempo e no território a “correta” administração da água. Assistimos nos dias de hoje, ao interesse local recuperado pela força da herança cultural e étnica de povos originários de muitas sociedades contemporâneas, fato que vem provocando a retomada de estudos de cunho patrimonial, histó-rico, antropológico e até arqueológico, acerca de numerosos rituais tra-dicionais, festivais, hábitos sociais e produtivos e formas atuais de lazer, muitas das quais contam com a água, como elemento chave.

A questão da água permeia todas as esferas da vida e atravessa mui-tas disciplinas científicas. Os problemas da água são muitas vezes tomados como questões técnicas, sem prejuízo à racionalização. No entanto, nas últimas três décadas, as questões da água provaram ser altamente mobi-lizadoras, e polêmicas, produzindo debates acalorados, enunciados desde pontos de vista tão diversos como seus sujeitos.

Valorar a água como elemento natural, socioeconomicamente de-terminado, incluindo a sustentabilidade e o fomento da diversidade, so-mado ao legado e o conhecimento histórico e cultural relativos ao ele-mento hídrico, se converte numa estratégia de suma importância para aumentar nossa capacidade de adaptação a um mundo em constante mudança.

Esta publicação propõe colaborar nesse sentido ao oferecer ao leitor uma visão articulada das possibilidades atuais de abordagens e discursos do fenômeno hídrico, e acentua a necessidade de que a aquisição e inte-gração do conhecimento sobre ele produzido se converta cada dia mais, em responsabilidade dos interessados. Isto se apóia, por um lado, na con-fiança e na eficácia dos processos participativos de produção e gestão de conhecimento que, como no caso do Seminário Permanente capitaliza o saber transatlântico (tanto local como autóctone) e, por outra parte, en-fatiza a troca de experiências entre expertos, facilitando o acesso a base de conhecimento global e as redes profissionais disponíveis, integrando competências a fim de alargar o enfoque, buscando a cooperação e o au-mento de todas as capacidades existentes. Somente é possível encontrar e promover soluções aos desafios contemporâneos quando se objetivam, compreendem e analisam problemas e contextos diversos com um olhar multifacetado. Nesse entorno o papel da universidade cresce.

Corroborando esta hipótese, considero oportuno e necessário com-partilhar esta co-produção editorial transatlântica que congrega capaci-dades, pesquisas e avaliações exaustivas dos diversos temas abordados em torno da temática da Água com o fim de contribuir à socialização do co-

Prólogo 15

nhecimento produzido e debatido no marco das atividades do Seminário Permanente ATMA e o Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da UENF. Entendo a edição conjunta, como uma prova cabal da potencia-lidade e da efetividade de redes de conhecimento como vetor dos pro-cessos de cooperação acadêmica. Esta modalidade de internacionalização dos modos de gestão da produção editorial, possibilita aos atores envol-vidos uma importante ampliação dos canais de comunicação acadêmica, o fortalecimento dos atores institucionais e a circulação para um público cada vez mais amplo e diversificado das idéias do grupo, mostrando a importância vital da divulgação cientifica na construção da integração de novas institucionalidades.

Marcelo Carlos Gantos

Campos dos Goytacazes 27 de junho de 2013

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 17-23

Introdução

A relação entre os povos no planeta pode ser entendida como um processo dinâmico, múltiplo e interconectado. Esse processo, a partir do século XV, converte o globo terrestre num cenário único, onde se desen-volvem as atividades humanas, intensificando as trocas, as difusões cultu-rais, os intercâmbios e, sobretudo, as paisagens.

Ao longo do século XV, a Europa alcança o contato com as mais distantes partes do globo terrestre, conferindo maior dinamismo, am-pliando a interconectividade nas relações entre povos. Embora o motor impulsionador destas relações tenha como base a exploração econômica destes novos territórios, no bojo do processo se estabelecem inúmeras transferências culturais que passam por outros níveis de interesses, como as trocas de conhecimento que dizem respeito às formas de apropriação da natureza.

Enquanto formas de apropriação da natureza, se inclui o uso dos recursos hídricos, fundamentais à vida e às formas de reprodução social. Na origem das civilizações, o uso e domínio da água faz emergir a estra-tificação social e o Estado. Neste sentido é que, nestas novas inter-rela-ções planetárias, se dá um confronto radical no tocante às estratégias de reprodução social. As consequências deste confronto reverberam ainda hoje nas disputas pelos recursos hídricos.

Por certo que tratar de temas relacionados aos recursos hídricos é tratar de um dos temas mais pujantes na atualidade. A água tem sido, ao logo dos tempos, objeto das bciências naturais —química, geologia, física— e das ciências biológicas, mas, a cada dia, torna-se também objeto das ciências sociais tanto em sua condição material, quanto no plano sim-bólico. Enquanto nas primeiras pesa principalmente sua condição mate-rial, nas ciências sociais há uma articulação refinada entre o aspecto mate-rial, que abrange as esferas social e econômica, e o imaterial, que abrange as esferas politica e cultural. Neste sentido podemos dizer que, no âmbito das Ciências Sociais, a água é vista tanto como um elemento da natureza, como um elemento social, conferindo maior complexidade às análises que se produzem a seu respeito. A água é, portanto, elemento fundamental tanto na reprodução material quanto simbólica das sociedades. A água constitui-se num elemento social fundamental, e, por não poderem viver sem a mesma, os seres humanos se agruparam ao redor de fontes e cursos d’água. Por isso em diferentes ambientes, a disponibilidade e a qualida-de da água doce determinaram em grande parte a conformação social, os esquemas de localização e o desenvolvimento de povoados e cidades.

18 Jesús R. Navarro, Simonne Teixeira, Alejandro Tortolero

Reciprocamente, a natureza da sociedade determina a função e o valor da água, assim como as formas de acesso a este recurso.

As redes de água potáveis que se construíram nas cidades, desde o século XIX, exemplificam estas relações. Símbolos da modernidade urba-na, não são somente um objeto técnico, senão que requerem uma pers-pectiva integrada, que inclui desde o uso do recurso, até seu retorno a natureza. Este novo olhar produz consequências importantes no tocante à gestão da água: disponibilidade de recursos em um território, preserva-ção e eliminação das águas residuais (incluindo a reutilização).

Há mais de duas décadas, a pesquisa sobre a água vem se realizando em escala internacional. A água ocupa um lugar de destaque desde a Cúpula da Terra (ECO-92), no Rio de Janeiro, passando pela de Johannes-burgo, no contexto dos objetivos do milênio. Em todo o mundo se traba-lha em rede e de modo comparativo, compartilhando objetos e campo comuns. Este é um dos desafios que assumimos com o seminário “Agua, Territorio y Medio Ambiente”, a respeito do qual aqui apresentamos al-guns dos resultados alcançados até o momento.

Mais que em outras áreas de pesquisa, a água atenta para a questão da participação cidadã. Assim as correntes de pensamento que permeiam a sociedade se refletem, em maior ou menor grau, nos estudos. As pesqui-sas sobre a água estão em relação direta com a gestão e com os debates internos ao mundo da ciência; são interpelados pelo pensamento proce-dente dos meios econômicos, políticos e da sociedade civil. O pesquisador se vê influenciado pela mídia, pela escola e pelos atores econômicos e políticos. Deve manter, em todo momento, um difícil equilíbrio entre sua vocação analítica e a pressão da demanda social, entre os períodos de recesso da pesquisa e as urgências da gestão cidadã. A expressão “Água e Desenvolvimento Humano” sintetiza os desafios contemporâneos. Desa-fios aos quais o pesquisador deve responder contribuindo na elaboração de agendas futuras.

Substância essencial à vida e às sociedades, a água é hoje mais do que nunca objeto de políticas de gestão. Os problemas que enfrentamos —de preservação e de esgotamento dos mananciais, de abundancia e es-cassez, poluição e controle de qualidade—, relativos aos mais diferentes usos, impõem uma enorme capacidade de gestão social da água. Em pai-sagens tão diversas quanto as da América Latina, de sul a norte, e da Península Ibérica, mas ao mesmo tempo, repletas de semelhanças, são de fato, diferentes as especificidades e as soluções encontradas na gestão dos recursos hídricos.

Os estudos reunidos neste livro nos permitem conhecer e examinar alguns problemas da gestão hídrica em diferentes latitudes Latino Ameri-cana e Peninsular na modernidade. Os capítulos que tem como fio condu-

Introdução 19

tor a gestão hidráulica se articulam a alguns eixos temporais e espaciais: os estudos se concentram, sobretudo, entre a segunda metade do século XIX e princípios do século XXI, com ênfase na passagem do século XIX-XX e, na quase totalidade dos casos, se referem à bacias hidrográficas ou re-giões hídricas bem determinadas.

Esta articulação entre o espacial e temporal se dá por meio de abor-dagens mais horizontais: a questão da regulação dos recursos hídricos pelo Estado no embate com os interesses privados, projetos hidráulicos (irrigação, navegação, balneários, contenções, etc.) e conflitos ambien-tais, que perpassam o conjunto dos estudos. Embora possamos encontrar traços comuns nas práticas que envolvem a gestão da água, podemos ob-servar que os problemas hídricos, são problemas regionais, quase que lo-cais, o que exige soluções pouco generalizadas. Os estudos se concentram em quatro países Latino-Americanos (Argentina, Brasil, Chile e México) e na Espanha (região da Andaluzia). No caso do Brasil e do México, que contam com maior numero de trabalhos reunidos no livro, as pesquisas se concentram no sudeste, no primeiro caso, e nas regiões sul, centro e sobretudo noroeste, no segundo.

Uma parte significativa dos capítulos possuí uma abordagem histó-rica, que pretende dar conta dos processos sociais que envolvem a intera-ção entre homem e natureza. Destacam-se as diferentes paisagens ame-ricanas e peninsulares como resultado de uma construção humana tanto física como mental. Na prática, a gestão dos recursos hídricos supõe uma intervenção no meio que é passível de interpretações cognitivas. Neste sentido, as paisagens resultantes são um produto da História, da História que permeia a relação entre homens e meio ambiente. O componente his-tórico é, portanto, fundamental para se compreender as relações sociais que plasmaram uma certa paisagem. Neste sentido os artigos de Teixeira, Sampedro, Navarro e Alvim, e Onetto, ressaltam esta afirmação e, como diz este último autor, o meio ambiente não deixa de ser um espaço evolu-tivo, construído através de mediações simbólicas e materiais com as dife-rentes naturezas que foram consideradas relevantes. Teixeira se centra na restruturação paisagística provocada pelos canais construídos no norte do Estado do Rio de Janeiro, graças ao impulso da economia agro-açucareira no século XIX. Hoje em dia, fruto dos reveses que este patrimônio sofreu, podemos inserir seu estudo dentro das políticas de gestão espacial, dado os graves problemas sociais e ambientais que gerou o seu abandono. Sam-pedro nos fala de como foram evoluindo as paisagens agrícolas na região espanhola de Andaluzia como resultado lógico da aplicação de particula-ridades políticas de gestão da água, que incidem também na qualidade do meio ambiente e nas características socioeconômicas do âmbito rural. Navarro, pelo contrário, se concentra no estudo de um ambiente rural

20 Jesús R. Navarro, Simonne Teixeira, Alejandro Tortolero

—com água de alta qualidade, rica em minerais e recomendada para uso médico-terapêutico—, a fim de propor a gestão sustentável de toda uma bacia espanhola (a do alto Guadaíra) através de mecanismos de proteção que preservem sua qualidade ambiental e paisagística, bem como sua co-nexão com a cultura e o patrimônio termal, desenvolvidos na Europa nos últimos séculos. Por ultimo, Onetto analisa o que denomina genealogia da distância, que tem como referencial, as catástrofes que determinam a construção do espaço público na cidade Santigo, no Chile.

Nesta perspectiva histórica podemos entrever as relações entre cen-tro e periferia como desdobramento do processo de colonização. No en-tanto, para o século XIX, é preciso admitir o sentido de periferia também para a Península Ibérica. Lembremos que, no contexto da Europa Central, Espanha e Portugal são países periféricos. Nos países Latino-Americanos, a instalação e gestão dos serviços de abastecimento e esgoto, assim como os de desenvolvimento de sistemas de irrigação, na passagem do século XIX para o século XX, apontam para a presença de empresas estrangei-ras (inglesas, francesas ou norte-americanas). Para atender aos próprios interesses econômicos, tais empresas entram, na maioria das vezes, em confronto com a sociedade e o Estado. Neste volume, incorporamos vários trabalhos que abordam esta realidade.

O capítulo de Tortolero introduz uma completa e sedutora imagem do México para os franceses, na passagem do século XIX para o século XX, e o papel que a França, então uma potência europeia, desempenharia para estimular os grandes projetos hidráulicos do México. Aguilar Soto aborda um tema semelhante, centrando seu estudo nos empresários agrí-colas do norte do Estado de Sinaloa, durante a primeira metade do sécu-lo passado. Os empresários agrícolas conseguiram desenvolver uma das agriculturas comerciais mais exitosas do México. Frías Sarmiento, por sua vez, aprofunda esse acontecimento da história mexicana, abordando os fatores que o tornou possível. Dentre tais fatores, Frías destaca o desen-volvimento de uma ampla infraestrutura hidráulica.

A gestão da água é, de fato, uma gestão ambiental. As grandes con-centrações populacionais e a intensidade das atividades econômicas, além de promoverem o desequilíbrio do meio-ambiente, são lugares marcados por profundas desigualdades sociais, desigualdades que, em geral, se tra-duzem no acesso à água. Esta é a importância dos marcos regulatórios, que devem reduzir as desigualdades sociais, garantindo um melhor uso do recurso hídrico e um maior equilíbrio ambiental. Em outras palavras, devem incorporar o selo da sustentabilidade —ainda mais numa época como esta, em que a participação privada e transnacional explicitou a necessidade de melhorar a gestão e o adequado aproveitamento da água para sua sustentabilidade. Isso exige uma ampla articulação entre o Es-

Introdução 21

tado, os usuários e o conjunto da sociedade civil, através da participação popular, com o objetivo de equilibrar os interesses públicos e privados. O artigo de Totti e Azevedo, precisamente aborda a experiência do Comitê para Integração do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP), analisando a gestão que realiza dos recursos hídricos, valorizando sua capacidade de eficiência e de alentar a cooperação entre as esferas administrativas e os demais se-tores sociais. O trabalho de Hespanhol e Medeiros Hespanhol também discute como, desde a década de 1980, se colocou em prática alguns pro-gramas de microbacias hidrográficas para combater os efeitos negativos na área ambiental das políticas de modernização agrícola, principalmente no Estado de São Paulo. O que podemos ver nos capítulos que seguem é que, da tensão entre Estado e sociedade, surgem soluções diversas, em-bora nem sempre atendam aos interesses dos usuários, nem solucionem adequadamente os conflitos ambientais. Contudo, no embate entre Esta-do e Sociedade, bem como, em especial, no exercício da democracia, des-tacam-se as soluções locais como mais equilibradas e sustentáveis. A partir da análise de três casos em países Latino-Americanos, o artigo de Valver-de assinala as chaves fundamentais que permitem estabelecer um sistema hídrico competitivo em nível regional, face à necessidade de fortalecer a função reguladora do Estado. E o trabalho anteriormente menciona-do, de Hespanhol e Medeiros Hespanhol, conclui que a qualidade dos resultados obtidos nas microbacias do estado de São Paulo dependem, em grande medida, do interesse dos municípios e da população afetada, e fa-vorecem os caminhos para uma maior organização social e econômica das comunidades rurais e, consequentemente para uma melhora ambiental.

Desenvolvimento Sustentável, segundo o Relatório de Brundtland da OEA, é aquele que “satisfaz as necessidades presentes sem comprome-ter a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessida-des”. Sendo assim, uma gestão pública que pretenda o desenvolvimento sustentável deve administrar adequadamente os recursos hídricos, evitan-do que ele não fique submetido a nenhuma forma de poder e garantin-do o acesso a toda a sociedade de forma justa e igualitária. Isto implica a administração da abundância e/ou a escassez, dependendo da região geográfica a que nos referimos. O papel do Estado é, portanto, regular o acesso ao recurso, com base em princípios éticos bem definidos, e distri-buí-lo com equidade. Neste sentido, o artigo de Aguirre e Morán ressalta que, se quisermos mesmo resolver o problema da escassez da água, as políticas de gestão devem conferir prioridade ao uso eficiente e a conser-vação dos recursos hídricos.

Por “gestão” entendemos não apenas os problemas de distribuição, mas também os que advertem sobre a qualidade das águas: poluídas, es-tagnadas e residuais que favorecem a proliferação de inúmeras doenças. Doenças que, em alguns casos, é acentuada pela precariedade da infra-

22 Jesús R. Navarro, Simonne Teixeira, Alejandro Tortolero

estrutura e por uma cultura higiênica não adaptada ao contexto moder-no. O estudo de caso realizado pelo professor Román Alarcón é uma boa mostra disso, pois as soluções para o problema de gestão e abastecimento do porto de Mazatlán, no século XIX, não foram acompanhadas pelo ne-cessário sistema de drenagem, situação que favoreceu à propagação de diversas doenças, tais como a peste bubônica. A gestão da epidemia de malária caminha pari passu com própria gestão urbana, como é o caso o estudo de Contreras sobre o Estado de Chiapas, no México. Do controle desta epidemia, dependia a entrada da nação na “modernidade” e na “civilização”.

Podemos observar em vários estudos o papel da educação tanto na construção de representações sociais sobre a água, quanto como meca-nismo essencial de tomada de decisões por parte da sociedade civil. A construção de representações sociais sobre a água se relaciona diretamen-te com a problemática apontada anteriormente: a construção de uma cultura higienista e de um mundo em intenso processo de mudança (a passagem do século XIX para o século XX). Neste sentido, podemos men-cionar o artigo de Martínez Monteczuma, no qual a autora se centra na importância que adquirem os preceitos higiênicos na educação escolar, utilizando contos e narrações ilustradas para alcançar objetivos que, em muitas ocasiões, veem propostos nos manuais escolares franceses, os quais são muito utilizados tanto na Espanha como no México. A imprensa foi também, junto à educação, um dos principais instrumentos de divulgação das grandes conquistas modernizantes do México Porfirista e Revolucio-nário, sobre tudo na cidade do México, como assinala Simón Ruiz, que vincula em seu artigo, o processo de modernização ao abastecimentos da água. Este processo suscitou um longo debate sobre o caráter do serviço: se este era um serviço público ou um negócio que permitia o lucro.

O trabalho da educação e da imprensa tinha seu complemento na atuação de engenheiros como Saturnino Brito, estudado no trabalho de Peixoto Faria. Aqueles engenheiros souberam ver como os avanços técni-cos aplicados às canalizações abriam um leque de possibilidades para atu-ar no âmbito sanitário das cidades brasileiras, contribuindo, assim, para a modernização em todo o Brasil. Esse conceito higienista de certa forma está anunciando um novo tempo em muitos âmbitos.

No trabalho de Poma, abre-se uma janela para a dimensão cultural dos conflitos ambientais da água. Essa dimensão dos conflitos tem como exemplo as insatisfações em relação aos grandes empreendimentos hi-dráulicos. Com o avanço e fortalecimento dos movimentos sociais e com a presença de grupos sociais mais bem organizados, tais empreendimen-tos —outrora símbolos da modernidade— passam a ser questionados. Em seu estudo, Poma analisa como as experiências de conflito são capazes de gerar processos de reconstrução de valores, crenças e identidades entre os

Introdução 23

afetados por grandes empreendimentos hidráulicos, favorecendo, assim, mudanças culturais importantes no conjunto da população, similar aos que se produzem a partir de processos educativos, como os antes men-cionados. Esta compreensão que a autora explora —da dimensão cultural que relaciona a população com seu território—, somente é passível de planificação e gestão, de forma muito mais sustentável do ponto de vista social, ecológico e econômico, quando praticado pelas comunidades.

Antes visto como signo do progresso, as grandes obras hidráulicas e as intervenções ambientais de grande impacto, sofrem a resistência das comunidades, que anseiam tomar parte nos processos de decisão.

Jesús R. NAVARRO

Simonne TEIXEIRA

Alejandro TORTOLERO

Sevilla; Campos dos Goytacazes e México D.F.

Setembro de 2013

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 25-43

O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto

brasileiro1

Rosangela Aparecida de Medeiros HespanholUniversidade Estadual Paulista

[email protected]

Antonio Nivaldo HespanholUniversidade Estadual Paulista

[email protected]

INTRODUÇÃO

Desde as décadas de 1940 e 1950 os segmentos agrícolas mais dinâ-micos do Brasil, situados principalmente nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, vinham alterando lentamente a sua base técnica de pro-dução, por meio da utilização de máquinas, implementos, fertilizantes e defensivos químicos importados.

A partir de meados da década de 1960, o processo de alteração da base técnica, econômica e organizacional da agropecuária brasileira foi impulsionado, sendo promovida a incorporação integral do pacote tec-nológico da “Revolução Verde” pelos segmentos mais dinâmicos da agri-cultura nacional.

O principal instrumento utilizado para promover o crescimento in-tensivo da produção agropecuária foi o crédito rural subsidiado. Esse de-sempenhou papel de destaque e teve importância crescente entre mea-dos da década de 1960 e o final dos anos 1970, mantendo-se fundamental até os primeiros anos da década de 1980, quando as crises fiscal e finan-ceira do Estado brasileiro se aprofundaram, sendo eliminados os subsídios até então concedidos ao crédito rural oficial.

Além de fornecer crédito rural subsidiado para investimento, comercializa-ção e custeio da produção realizada por médios e grandes produtores rurais, o governo federal estimulou a pesquisa agropecuária, construiu e modernizou ar-

1 A pesquisa contou com o apoio financeiro do CNPq e a FUNDUNESP concedeu auxí-lio para a participação no evento.

26 Rosangela A. de Medeiros Hespanhol e Antonio N. Hespanhol

mazéns e disponibilizou recursos financeiros às cooperativas e agroindústrias para a realização de investimentos por tais empresas.

Assim, a partir de meados da década de 1960 e, sobretudo, da década de 1970, o ritmo do processo de modernização da agropecuária foi acelerado e a sua abrangência espacial foi ampliada com a implantação no país de indústrias de bens de produção e de insumos para a agricultura.

A partir do início dos anos 1980, o agravamento da crise econômica e a con-seqüente incapacidade do Estado em continuar subsidiando a agropecuária, pro-vocaram a estagnação do processo de modernização. Desde então, houve a rede-finição da dinâmica da agricultura moderna, a qual passou a contar cada vez mais com recursos privados e a se utilizar de mecanismos alternativos de financiamento, como a venda antecipada de matérias-primas às agroindústrias e a realização de operações em bolsas de valores. Não obstante a redução da oferta de recursos públicos para o financiamento da agricultura, o crédito rural oficial a taxas de juros mais favoráveis do que as vigentes no mercado, continuou tendo grande impor-tância para a agricultura moderna.

Embora a modernização tenha propiciado o crescimento da produção e da produtividade de muitos produtos agrícolas, especialmente de exportáveis e matérias-primas agroindustriais voltadas ao mercado interno, as suas repercussões sociais e ambientais foram desastrosas, o que suscitou a emergência de movimen-tos visando a reverter ou a amenizar os seus efeitos negativos, especialmente no que diz respeito à degradação dos recursos naturais.

No Brasil, as experiências mais promissoras se deram no âmbito dos progra-mas de microbacias hidrográficas, os quais foram instituídos com certa magnitu-de nos estados do sul do país e em São Paulo, a partir dos anos 1980. Tendo em vista esse cenário e a importância dos programas de microbacias hidrográficas, o presente texto tem como objetivo principal analisar as características desses pro-gramas instituídos em alguns estados da federação, com ênfase na sistemática de trabalho e nos resultados obtidos no âmbito do Programa Estadual de Microba-cias Hidrográficas do Estado de São Paulo.

DEGRADAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS, CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E INSTITUIÇÃO DE PROGRAMAS DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS

A degradação dos recursos naturais do país, derivada da implan-tação de sistemas agrícolas inadequados, foi agravada a partir dos anos 1950 e 1960, em razão do emprego indiscriminado de técnicas veiculadas pelo pacote tecnológico da “Revolução Verde”. Os três estados situados na Região Sul do Brasil e o Estado de São Paulo foram os que apresenta-ram as maiores alterações na base técnica e econômica da agricultura e passaram, em conseqüência, a conviver não somente com os problemas

O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto brasileiro 27

sociais por ela gerados ou agravados, mas também com intensos proble-mas ambientais.

Nos anos 1980 houve a tomada de consciência em relação aos pro-blemas ambientais provocados pela adoção indiscriminada do pacote tecnológico da Revolução Verde, sendo desencadeadas ações, em algu-mas regiões do país, visando a combater os graves problemas ambientais gerados e/ou agravados pela agricultura moderna. Tais ações foram im-plementadas nas áreas em que a erosão dos solos, a perda do potencial hídrico e a contaminação das pessoas, do solo e da água, atingiram pata-mares preocupantes, comprometendo a capacidade produtiva das terras, com repercussões negativas sobre os níveis de produtividade das lavouras e sobre a renda dos agricultores.

Apesar da tomada de consciência por alguns segmentos da socieda-de em relação aos problemas sociais e ambientais gerados ou agravados pela agricultura moderna, os interesses econômicos vinculados à produ-ção de commodities agrícolas persistiram, embora tenham sido incorpo-radas algumas melhorias tecnológicas, a exemplo do plantio direto na palha.

O Estado do Paraná foi o pioneiro a combater a degradação dos re-cursos naturais, passando a empregar sistemas agrícolas ambientalmente menos impactantes por meio do estabelecimento do Programa de Micro-bacias Hidrográficas no início dos anos 1980. Os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul também intensificaram as discussões sobre os proble-mas ambientais e desencadearam ações com o intuito de reverter os seus respectivos quadros de degradação dos recursos naturais, principalmente dos solos e das águas.

De acordo com Navarro (2001), a mudança na mentalidade de mui-tos engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas e a atuação política das suas associações, principalmente a dos Engenheiros Agrônomos do Estado do Paraná, tiveram destacado papel na tomada de consciência em relação aos problemas ambientais provocados pela agricultura moderna e na mu-dança no manejo dos recursos naturais.

Michellon (2001) enfatiza que no Congresso Nacional de Engenhei-ros Agrônomos, promovido pela Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado do Paraná (AEAPR) no ano de 1979, houve o reconhecimento pleno da necessidade de se instituir o manejo adequado do solo-água e de proteger os recursos naturais, mudando, a partir de então, radical-mente a mentalidade e os procedimentos de muitos profissionais da área agronômica.

“o movimento pró-meio ambiente como um todo, e, já com os ares das mu-danças políticas ocorridas a partir de 1983, a AEAPR encabeçou o movimento

28 Rosangela A. de Medeiros Hespanhol e Antonio N. Hespanhol

pela aprovação de uma legislação estadual de preservação do solo agrícola, surgida dos seus quadros, fruto de vários encontros e congressos, e defen-dida com entusiasmo pelos deputados engenheiros agrônomos, obtendo-se êxito em 14 de dezembro de 1984, com a Lei nº 8.014, e sua regulamentação em 13 de agosto de 1985, pelo Decreto nº 6.120”.2

Posteriormente, os Estados de Santa Catarina e São Paulo também aprovaram Leis de Uso do Solo Agrícola. No Rio Grande do Sul, a ba-talha dos engenheiros agrônomos para instituir normas e limitar o uso indiscriminado de agrotóxicos data do início dos anos 1980, quando foi aprovada a Lei que exige o receituário agronômico para a aquisição de tais produtos.

As ações para reverter o quadro de degradação dos recursos natu-rais passaram a se dar no âmbito dos programas de combate à erosão dos solos, os quais foram convertidos, posteriormente, em programas de microbacias hidrográficas, por adotarem as sub-bacias hidrográficas como recorte territorial para a execução das ações de manejo do solo e da água.

As microbacias hidrográficas compreendem superfícies que variam de 700 a 10 mil hectares. São áreas situadas entre os fundos de vale e os espigões divisores de água. A microbacia pode ser definida como:

“uma área geográfica de captação de água, composta por pequenos canais de confluência e delimitada por divisores naturais, considerando-se a me-nor unidade territorial capaz de enfocar as variáveis ambientais de forma sistêmica”.3

As ações e os resultados positivos alcançados pelos programas de microbacias hidrográficas, notadamente do Estado do Paraná, e a ação política dos engenheiros agrônomos do sul do país, levaram o governo federal a instituir, no ano de 1987, o Programa Nacional de Microbacias Hidrográficas (PNMH). O PNMH sucedeu o Programa Nacional de Con-servação de Solos, instituído no ano de 1975, cujos efeitos e ações foram poucos expressivos.

O PNMH teve duração efêmera, pois se restringiu ao período de 1987 a 2000. A meta do programa era atuar em 4.000 microbacias em todo o país (uma por município), selecionar e equipar 26 bacias-piloto (uma por estado), treinar 1000 técnicos anualmente e equipar 1000 ofici-nas locais de serviços de extensão e planificação de microbacias.

Constituiu-se em objetivo principal do PNMH:

2 Michellon, 2001, 8. 3 Sabanés, 2002, 79.

O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto brasileiro 29

“promover o planejamento e a ocupação racional do espaço rural dentro de um novo padrão de desenvolvimento integrado (microbacias hidrográficas) que viabilize o aumento sustentado de produção e produtividade agro-silvo--pastoril, a elevação dos níveis de renda e a obtenção da melhoria das con-dições de vida da população rural brasileira”.4

De acordo com Dorigon (1997)5, o Programa Nacional de Microba-cias Hidrográficas

“priorizava a organização da base comunitária pela criação de associações de produtores e a incorporação das já existentes nas bacias, que atuariam como articuladoras de seus interesses. Estas associações de produtores repre-sentariam seus interesses junto à Comissão Municipal de Coordenação e esta, por sua vez, participaria no plano estadual, culminando em uma Comissão Nacional de Microbacias Hidrográficas. Assim, o PNMH foi envolvido pelas comunidades das bacias definindo o programa em termos nacionais, com um fluxo de decisões de baixo para cima. O PNMH propunha a extensão rural de cada estado como órgão ideal para coordenar o planejamento nas bacias, mas este projeto terminou com o governo Sarney por não ter técnicos espe-cíficos, estrutura, nem recursos próprios para se manter”.

Na verdade, se pretendia que as ações nas microbacias-piloto esti-mulassem os estados e municípios a darem continuidade à execução das ações, o que efetivamente não ocorreu, em razão da escassez de recursos humanos e financeiros, da desarticulação dos órgãos ambientais e agro-pecuários nos âmbitos federal e estaduais e, principalmente, da falta de empenho e de vontade política para a implementação do programa por parte da maioria dos estados e municípios.

Além do Brasil, foram implantados programas de microbacias hidro-gráficas em outros países da América Latina, como Colômbia, Venezuela, Costa Rica, Bolívia e Guatemala, sendo que a maioria contou com finan-ciamento do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD – Banco Mundial).

De acordo com Lanna,6 os programas de microbacias têm sido con-templados com pelo menos três fontes de financiamento: 1) recursos de organizações e bancos internacionais; 2) recursos públicos nacionais; e 3) recursos do setor privado nacional diretamente beneficiado. Os recursos internos, segundo o mesmo autor, são obtidos de duas formas: “através do orçamento do governo (nacional, estadual ou municipal), votado anu-almente e, de forma permanente, na forma de imposto especificamente criado ou percentual de impostos existentes”.

4 PNMH, 1987, apud Oliveira, 2004, 45-46. 5 Apud Oliveira (2004, 48). 6 Lanna, 2000, 79-80.

30 Rosangela A. de Medeiros Hespanhol e Antonio N. Hespanhol

No caso brasileiro, os programas têm sido executados utilizando-se tanto recursos externos, captados diretamente pelos governos estaduais no BIRD, com o aval do governo federal, como com recursos internos, dos próprios orçamentos estaduais, normalmente em contrapartida aos recur-sos captados no exterior. Os municípios também têm financiado parte das ações, especialmente no que diz respeito ao fornecimento de recursos físi-cos e humanos para a execução dos trabalhos nos seus limites territoriais.

Após algumas ações pioneiras no âmbito das microbacias hidrográ-ficas, especialmente nos estados do sul do país, foram instituídos novos programas de microbacias hidrográficas a partir do final dos anos 1980 e no decorrer dos anos 1990.

No Estado do Paraná, por exemplo, foi implantado o “Programa de Manejo das Águas, Conservação dos Solos e Controle da Poluição em Mi-crobacias Hidrográficas” entre os anos de 1989 e 1996, o qual passou a ser conhecido como Paraná Rural.

No Estado de Santa Catarina foi implantado o “Projeto de Recupe-ração, Conservação e Manejo de Recursos Naturais em Microbacias Hidro-gráficas” entre 1991 e 1999, o qual ficou conhecido como Programa de Microbacias.

No Estado de São Paulo encontra-se em implementação desde o ano 2000 o “Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas”, cuja primeira fase – Microbacias I - financiada pelo Banco Mundial se encerrou no mês de novembro de 2008. No caso paulista, se encontra em fase de definição a segunda edição do programa, denominado de Microbacias II - Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável.

O Paraná Rural contou com recursos da ordem de 161,87 milhões de dólares, sendo 98,87 milhões (61,1%) oriundos de recursos locais e 63,00 milhões (38,9%) provenientes do BIRD.

O Programa de Microbacias de Santa Catarina contou com recur-sos da ordem de 161,87 milhões de dólares, sendo 98,87 milhões (61,1%) oriundos de recursos locais e 63,00 milhões (38,9%) do BIRD.

O Programa de Microbacias do Estado de São Paulo contou com re-cursos da ordem de 124,74 milhões de dólares, dos quais 69,39 milhões (55,6%) foram financiados pelo BIRD e 55,39 milhões (44,4%) se constitu-íram em contrapartida do governo estadual.

Os dois estados do sul (PR e SC) do país ultrapassaram as metas es-tabelecidas no programa em termos de produtores atendidos e de su-perfície abrangida. No Estado de São Paulo, houve muitos problemas na execução do programa, não sendo atingidas as metas estabelecidas, mas mesmo assim, houve significativo avanço no nível de conscientização am-

O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto brasileiro 31

biental e muitas ações relevantes foram implementadas em virtude do programa.

CARACTERÍSTICAS GERAIS, DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS DOS PROGRAMAS DE MICROBA-CIAS HIDROGRÁFICAS

De acordo com Bragagnolo & Pan,7 “quando se trabalha nesta esca-la os resultados são mais rápidos e evidentes, pois há maior visualização dos problemas e participação da comunidade e do município na solução e equacionamento das questões ambientais”.

Os mesmos autores enfatizam que ao se executar as ações no âmbi-to das microbacias devem ser levados em conta os interesses das comuni-dades situadas à jusante, bem como as relações existentes com as micro-bacias contíguas e o meio urbano, numa perspectiva gradualista, visando a atingir uma bacia hidrográfica em maior escala.8

Apesar das diferentes situações entre os estados e regiões do país, os problemas ambientais gerados pelo processo de ocupação predatória e pelo pacote tecnológico da “Revolução Verde” são comuns em muitos aspectos, destacando-se: a erosão; a perda de potencial hídrico; e a polui-ção das águas e dos solos.

Bragagnolo & Pan (2001) enfatizam que a erosão hídrica e a polui-ção dos mananciais têm como causas principais a ocupação fundiária, o uso da terra e o preparo inadequado dos solos. Segundo os mesmos au-tores, a ocupação predatória e sem planejamento adequado, deu origem a lotes estreitos, distribuídos no sentido da pendente, os quais possuem linhas divisórias rígidas que desconsideram o comportamento hídrico, não permitindo a realização de operações agrícolas em nível. Além do mais, a locação das estradas rurais normalmente foi feita sem se considerar o comportamento hídrico.

A utilização intensiva e predatória e a falta de planejamento de uso do solo provocaram a redução drástica e indiscriminada da cobertura flo-restal, redundando na exploração tanto das áreas aptas ao cultivo como das marginais, desencadeando e intensificando processos erosivos.9

A adequação de estradas rurais e carreadores é de crucial importân-cia para a contenção dos processos erosivos nas microbacias. Essa deve se integrar às práticas conservacionistas entre as explorações agropecuárias e as vias de circulação e vice-versa, de maneira que a água se infiltre nos

7 Bragagnolo & Pan, 2001, 184. 8 Ibidem. 9 Idem.

32 Rosangela A. de Medeiros Hespanhol e Antonio N. Hespanhol

solos. Para tanto, se faz necessária a implantação de sistemas de terra-ceamento ou de caixas de contenção visando à captação, distribuição e absorção da água nos domínios das propriedades rurais, não permitindo assim que a água escoe em direção às estradas e córregos.

De acordo com Bragagnolo & Pan10 as obras nas estradas

“compunham-se basicamente de: quebra de barranco, elevação e correção do leito, construção de lombadas e caixas de retenção, realocação de trechos e revestimento primário em pontos críticos. Assim sendo, a adequação de estradas e carreadores, de modo integrado às práticas de manejo do solo e água, propicia um melhor controle da erosão, garante sua trafegabilidade mesmo nos períodos de chuva intensas, bem como reduz significativamen-te os seus custos de manutenção, representando uma substancial economia para o município e o produtor rural”.

A adaptação das estradas rurais se constitui num dos aspectos mais impor-tantes para que os municípios se interessem pela execução de projetos de micro-bacias hidrográficas, conforme enfatizam Freischfresser (1999), Bragagnolo & Pan (2001) e Navarro (2001). Após a adaptação das estradas, os serviços necessários para a manutenção são drasticamente reduzidos, o que diminui os custos finan-ceiros e o desgaste político dos prefeitos.

Os problemas, diretrizes, estratégias e planos de ação dos diferen-tes programas de microbacias são mais ou menos parecidos e constam nos manuais operativos dos respectivos programas. A forma, o ritmo e as características da operacionalização das ações dependem da estrutura, da dimensão e do perfil dos recursos humanos direta e indiretamente envolvidos.

Navarro (2001) ao estabelecer comparações entre os programas de microbacias hidrográficas empreendidos nos Estados do Paraná, Santa Ca-tarina e São Paulo, chama a atenção para alguns aspectos relevantes, os quais são importantes para o aprimoramento das ações e a melhoria dos resultados dos projetos. De acordo com o referido autor, os projetos de microbacias dependem essencialmente do comportamento dos governos estaduais, principalmente no que se refere à situação financeira e aos padrões de organização política.

Para o aprimoramento dos projetos há a necessidade de maior des-centralização visando a ampliar

“a divisão das responsabilidades entre os agentes e instituições. [...] No caso brasileiro, onde os municípios assumem um grande conjunto de atribuições, é essencial que as prefeituras possam ser co-responsáveis por um conjunto

10 Ibidem, 189.

O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto brasileiro 33

maior de tarefas e o risco é exatamente a ‘partidarização’ dos projetos, em função do jogo político local. [...] Normalmente, quando os conselhos muni-cipais de desenvolvimento rural (que é a denominação mais usual) ou outros mecanismos de representação de menor âmbito (como os conselhos de mi-crobacias) são representativos em alguma medida, a margem de manobra das prefeituras para decidir isoladamente sobre as ações e as escolhas a se-rem feitas torna-se menor, sendo este o mais efetivo mecanismo de proteção conhecido para garantir transparência, racionalidade nas decisões e menor índi ce de problemas possíveis”.11

A participação direta das prefeituras municipais é fundamental para a agilização dos projetos, além de favorecer a adesão dos beneficiários e possibilitar o encaminhamento mais rápido das soluções de problemas locais.

De acordo com Navarro (2001), o papel exercido pelos técnicos ex-tensionistas é de suma importância. Os agentes locais devem executar as ações sob o comando do técnico governamental ligado diretamente ao programa em âmbito estadual e, por isso, mais independente do jogo político local. Para o referido autor, este técnico exerce a decisão de su-cesso ou fracasso do projeto no município, devendo se manter distante da política local.

Os projetos devem ser flexíveis para tratar das diferenças de toda ordem que existem na implementação, assegurando, no entanto, que as alterações estejam em consonância com as normas e diretrizes gerais do programa.12

O mesmo autor enfatiza que existe uma

“descompassada relação entre manejo de recursos naturais e desenvolvi-mento social. [...] Esta relação, de fato, inexiste logicamente na formatação dos projetos e sua implementação. As ações empreendidas dirigem exclusi-vamente ao ‘rearranjo da paisagem’ (ou dos sistemas produtivos e sua rela-ção com os recursos naturais) e, se eficazes, poderão repercutir em outras esferas”.13

Nota-se, assim, que o programa de microbacias se constitui essen-cialmente num conjunto articulado de ações que visa a propiciar a explo-ração sustentável das atividades agropecuárias.

Ao se implementar cada projeto vinculado ao programas de micro-bacias podem surgir

11 Navarro, 2001, 16-17. 12 Ibidem, Relatório preliminar. 13 Ibidem, 24.

34 Rosangela A. de Medeiros Hespanhol e Antonio N. Hespanhol

“situações novas de cooperação social e, assim, ampliarem a possibilidade de também construir as condições para novas iniciativas sociais e econômicas, estas sim, tendentes a promover o desenvolvimento rural e, portanto, asse-gurar maior eqüidade e bem estar para as famílias rurais”.14

Embora os programas de microbacias hidrográficas implementados a partir do final dos anos 1980 tenham também como objetivo fomen-tar o desenvolvimento das comunidades beneficiárias, eles visam, essen-cialmente, promover o manejo ambientalmente adequado dos recursos naturais, notadamente dos solos e das águas e, apenas residualmente, poderão favorecer o desenvolvimento econômico e social da população beneficiária.

As ações dos programas de microbacias hidrográficas são dotadas de grande complexidade, pois envolvem várias instituições, agentes e in-teresses, além de requererem a participação efetiva da comunidade be-neficiária.

Trata-se, portanto, de um programa amplo que requer a coopera-ção e a ação integrada dos agentes envolvidos para que os objetivos se-jam plenamente atingidos. Os seus resultados dependem do compromisso e da coordenação efetiva do programa em âmbito estadual, da capaci-dade e do comprometimento dos técnicos executores, da confiança e da participação ativa dos beneficiários diretos, ou seja, dos produtores rurais, e do envolvimento efetivo de autoridades locais, conforme enfatiza Na-varro (2001).

O PROGRAMA DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

A Microbacia Hidrográfica foi instituída como unidade de planeja-mento e intervenção no Estado de São Paulo, por meio do Decreto nº 27.329 datado de 03 de setembro de 1987, sendo, no mesmo ano, instituí-do o Programa de Microbacias Hidrográficas, com o objetivo de conservar os recursos naturais e promover a organização coletiva dos produtores rurais.

Entre os anos de 1987 e 1999 o programa foi executado com recur-sos do Governo Estadual e as suas ações se restringiram à conservação dos solos, por meio da construção de terraços e da adequação de estradas rurais. Tais ações foram realizadas pela Companhia de Desenvolvimento Agrícola do Estado de São Paulo (CODASP).

No ano de 1994, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) solicitou recursos ao Banco Internacional para Reconstrução e De-

14 Ibidem, 25.

O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto brasileiro 35

senvolvimento (BIRD) para o financiamento do programa de microbacias. No ano de 1998 as ações do programa foram intensificadas, sendo para tanto alocados recursos do orçamento do Estado de São Paulo para a “capacitação do público operacional e à discussão, com os municípios, das questões relacionadas à pobreza e degradação ambiental no meio rural”.15

O processo de solicitação de recursos ao BIRD para o financiamen-to do Programa de Microbacias Hidrográficas paulista tramitou durante cinco anos e, após reformulações, a liberação dos recursos foi aprovada no final do ano de 1999, para a sua aplicação no período compreendido entre os anos de 2000 e 2006.

A gestão do programa em âmbito estadual ficou a cargo da Co-ordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI, cuja sede se localiza na cidade de Campinas, e dos seus 40 Escritórios Regionais de Desenvol-vimento Rural (EDRs) distribuídos no território paulista. A execução dos projetos de microbacias hidrográficas foi realizada a partir de parcerias estabelecidas entre a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento e os municípios.

No Estado de São Paulo, a área média das microbacias é de 3.000 hectares, abrangendo cerca de 60 propriedades rurais cada uma delas. Primeiramente é elaborado o Plano da Microbacia Hidrográfica e, pos-teriormente, os Projetos Individuais de Propriedade (PIPs). No Plano da Microbacia são definidas as ações necessárias para o conjunto da sua área de abrangência e nos PIPs são indicadas as ações a serem implementadas em cada uma das propriedades localizadas na microbacia.

A CATI estabeleceu como metas abranger 4,5 milhões de hectares, executar 1.500 projetos de microbacias e atender 90.000 produtores rurais (30% do total do estado) entre os anos de 2000 e 2006, período de vigên-cia do financiamento concedido pelo BIRD.

As regiões agrícolas do Estado de São Paulo foram classificadas em três níveis de prioridade para a implementação do programa, consideran-do-se a susceptibilidade à erosão, a maior proporção de pequenos produ-tores rurais e o índice de pobreza dos municípios, estabelecido com base em dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA).16

A partir dos índices de erosão e de pobreza do Estado de SP foram selecionadas as áreas prioritárias do programa, 1, 2 e 3 como se verifica no

15 Fontes, 2006, 209. 16 World Bank, 1997.

36 Rosangela A. de Medeiros Hespanhol e Antonio N. Hespanhol

mapa 1, que ficaram com 70%, 27% e 3%, respectivamente, dos recursos disponibilizados pelo PEMH.17

O Programa de Microbacias Hidrográficas paulista teve como obje-tivo principal:

“amenizar e reverter o quadro de degradação do meio ambiente, promoven-do técnicas preservacionistas e metodologias que produzam menor impacto sobre os nossos recursos naturais. Ao mesmo tempo, o programa objetiva organizar as comunidades de pequenos produtores, desenvolvendo estraté-gias que promovam a melhoria do padrão de vida e amenizem o quadro de indigência e marginalização em que convivem atualmente”.18

Mapa 1. Áreas prioritárias do PEMH no Estado de São Paulo.

Os produtores rurais foram classificados em pequenos, médios e grandes, com base nos seguintes critérios:

a) Pequeno (PP) – área total explorada até 50 ha. e 70% ou mais da renda familiar proveniente da agropecuária e residir na proprie-

17 CATI, 2001. 18 CATI, 2000, 1.

O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto brasileiro 37

dade ou no município onde está localizada a propriedade ou em município vizinho;

b) Médio (MP) – área total explorada maior que 50 ha. até 200 ha. ou área total explorada menor ou igual a 50 ha. e que não atende aos critérios de fonte de renda e/ou local de residência, necessários para a classificação como pequeno produtor;

c) Grande (GP) – área explorada maior que 200 ha. (CATI, 2005).

A partir de tal classificação foram definidos os níveis de subvenção a serem concedidos para a execução de serviços, a implantação de benfei-torias e a aquisição de equipamentos coletivos destinados ao atendimen-to das demandas dos produtores rurais. As subvenções foram concedidas com o intuito de adaptar os sistemas agrícolas aos princípios do progra-ma, sendo exigida menor contrapartida financeira dos pequenos proprie-tários do que dos médios e grandes.

Por meio do programa, os produtores rurais das microbacias sele-cionadas puderam pleitear os seguintes benefícios: aquisição de semente para adubação verde; compra de materiais para a construção de cercas destinadas às Áreas de Proteção Permanentes (APPs) e ao isolamento de voçorocas; pagamento de mão-de-obra para o cercamento de manan-ciais; controle de erosão; aquisição de calcário e de sistemas de divisão de pastagens (kit para cerca elétrica e bebedouro); e construção de fossas sépticas biodigestoras. O limite máximo de subvenção a cada produtor beneficiário do programa foi estabelecido em US$ 3.000,00 (três mil dó-lares norte americanos).

Para cada tipo de benefício foi estabelecido um teto e um valor de referência, bem como um limite máximo para a concessão do apoio fi-nanceiro, sendo definida a proporção a ser ressarcida ao agricultor com recursos do programa.

Além dos incentivos limitados a US$ 3.000,00 por beneficiário e com ressarcimento de 80 a 90% aos pequenos produtores e entre 60 e 90% aos médios, cada propriedade incluída no programa foi credenciada a receber até 5.000 mil mudas de árvores para o plantio nas áreas de APPs e o pro-dutor, após um ano, foi remunerado em US$ 0,17 por muda desenvolvida.

O programa de microbacias também concedeu incentivos financei-ros a grupos informais de agricultores das microbacias selecionadas para a construção de abastecedouros comunitários, a aquisição de escarificador, subsolador, distribuidor de calcário, roçadeira e semeadeira de plantio direto. O ressarcimento do valor aplicado, considerando o teto estabele-

38 Rosangela A. de Medeiros Hespanhol e Antonio N. Hespanhol

cido, foi de 80% aos grupos com mais de 60% de pequenos produtores e de 60% aos grupos com menos de 60% de pequenos produtores.19

No âmbito das microbacias, ou seja, nas áreas comuns (públicas), fo-ram realizadas a adaptação de estradas rurais e o controle de voçorocas. Além disso, foram doados equipamentos de informática para as associa-ções de produtores rurais das microbacias hidrográficas selecionadas pelo programa.

Em razão de inúmeros problemas operacionais e de empecilhos bu-rocráticos, houve atraso na execução do programa de microbacias e o cronograma de desembolso dos recursos do BIRD foi protelado inicial-mente até o mês de julho de 2007 e, posteriormente, até novembro de 2007, quando foi efetivamente fechada a fase parcialmente financiada pela referida instituição.

A CATI, nos primeiros anos de vigência do financiamento concedi-do pelo BIRD, ainda não havia adaptado a sua cultura institucional para gerir um programa desta envergadura e com tais características, o que retardou a execução das ações do programa. A excessiva burocracia exi-gida pela própria natureza do programa também comprometeu a sua implantação.

Até o ano de 2005 poucos investimentos foram realizados no âmbi-to do programa de microbacias e os produtores rurais enfrentaram mui-tas dificuldades para terem acesso aos incentivos nele previstos, o que comprometeu a sua credibilidade frente aos agricultores, autoridades municipais e aos próprios técnicos executores. De acordo com Raschia-tore & Moreira,20 até “31 de dezembro de 2005, apenas 31,77% dos US$ 124.740.200,00 previstos para o programa tinham sido gastos, e até 31 de dezembro de 2004 apenas 17,50% haviam sido consumidos”.

Além da reduzida aplicação dos recursos disponíveis, outro proble-ma enfrentado pelo programa foi a valorização da moeda nacional (real) frente à moeda norte americana (dólar). Com isso, os valores de referên-cia estabelecidos para o programa não eram suficientes para cobrir as despesas com equipamentos e serviços por ele incentivados, o que desen-corajou os produtores rurais a utilizarem os recursos disponíveis.

No mês de agosto de 2007 foi elevado em 25% o valor, em dólar, referente ao limite máximo que poderia ser destinado a cada produtor rural das microbacias. O referido valor passou de US$ 3.000,00 para US$ 3.750,00. Os demais valores de referência dos produtos e serviços tam-bém foram reajustados em 25%, com o intuito de aproximar a tabela de referência do programa à realidade do mercado e, assim, encorajar os

19 CATI, 2005. 20 Raschiatore & Moreira, 2006, 522-523.

O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto brasileiro 39

produtores rurais das microbacias a usufruírem dos benefícios financeiros disponibilizados pelo programa.

A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento de São Paulo por intermédio da CATI executou ações em 986 microbacias hidro-gráficas distribuídas em 518 municípios paulistas, atingindo 3.290.200 hectares e 70.400 produtores rurais, conforme se verifica na tabela 1. Por-tanto, as metas estabelecidas para o período de vigência do financiamen-to do BIRD não foram plenamente atingidas em termos do número de microbacias, de área de cobertura e de número de produtores atendidos.

Tabela 1. Resultados do PEMH no Estado de São Paulo (2008).

INDICADORES RealizadoMunicípios envolvidos 518 Produtores beneficiados 70.400 Microbacias trabalhadas 986 Área total trabalhada (ha) 3.290.200Projetos Individuais de Propriedade – PIP elaborados 26.000 Associações de produtores formadas/fortalecidas 369 Estradas rurais adequadas em 300 municípios 1.232 km Produtores beneficiados com incentivos diretos 16.284 Recursos destinados aos incentivos diretos R$24,9 milhões Agentes ambientais capacitados 600 Voçorocas controladas em áreas degradadas 830 Mudas de espécies nativas produzidas e distribuídas 2.500.000Mata ciliar recomposta (ha) 1.300 Cerca de proteção construída em nascentes ou riachos 602 km Práticas conservacionistas implantadas 46.525

Fonte: Neves Neto & Hespanhol (2009).

De acordo com o gerente estadual do programa, engenheiro agrô-nomo José Luiz Fontes, o microbacias estimulou a criação de cerca de 400 associações de agricultores que, por sua vez, estão congregadas na Fe-deração das Associações de Microbacias Hidrográficas do Estado de São Paulo (FAMHESP); recuperou 1.232 quilômetros de estradas; distribuiu e plantou 3,2 milhões de mudas de árvores nativas em 1,3 mil hectares. Além disso, o programa incentivou o controle da erosão do solo, a cala-gem, a construção de cercas para a proteção de mananciais, a aquisição de equipamentos por grupos de produtores, a cessão às associações de

40 Rosangela A. de Medeiros Hespanhol e Antonio N. Hespanhol

produtores rurais de equipamentos para plantio direto, a construção de abastecedouros comunitários e de fossas sépticas biodigestoras.

AVANÇOS E PROBLEMAS ENFRENTADOS PELO PROGRAMA DE MICROBACIAS HIDRO-GRÁFICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Os resultados das ações do programa de microbacias hidrográficas têm sido muito variáveis em todo o Estado de São Paulo e, mesmo em cada uma das suas regiões agrícolas, sendo que o maior ou menor êxito dependeu basicamente do interesse e do empenho das autoridades mu-nicipais, da atuação dos técnicos executores e do envolvimento e nível de organização dos produtores rurais.

A municipalização da agricultura paulista desencadeada nos anos 1990 provocou o esvaziamento da estrutura anteriormente existente nos Escritórios Regionais de Desenvolvimento Rural (EDRs) vinculados à CATI. Assim, a execução do programa de microbacias ficou na dependência dos técnicos contratados temporariamente pelos municípios. Tais técnicos, muitas vezes, além do trabalho nas microbacias, são incumbidos de outras atividades, o que gerou e ainda tem gerado, porém em menor proporção, sérios problemas na execução dos projetos, em razão da descontinuidade das ações.

Outro elemento importante para o andamento dos projetos de microbacias é a sua gestão participativa, tanto dos beneficiários diretos, quanto das associações e conselhos municipais e regionais de desenvolvi-mento rural. Neste aspecto reside um dos maiores problemas do progra-ma e isto não se deve à falta de canais ou de estímulo da CATI para que haja a participação, mas a falta de interesse geral e, em conseqüência, a debilidade e inoperância da maioria dos Conselhos Municipais de Desen-volvimento Rural (CMDRs) e dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento Rural (CRDRs).

Embora os CMDRs e CRDRs estejam constituídos, sendo esta uma das exigências para a aprovação dos projetos de microbacias hidrográficas nos municípios interessados, a existência dos mesmos, em muitos casos, é apenas formal, conforme demonstramos em trabalho anterior.21

Os conselhos, na maioria dos casos, se constituem apenas em instân-cias formais e, em geral, não participam da escolha e da gestão efetiva dos projetos de microbacias, se limitando a dar o seu aval quando requisi-tado pelas instâncias superiores de gestão do programa (o EDR e a CATI, por exemplo).

21 Hespanhol & Hespanhol, 2004.

O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto brasileiro 41

Outro elemento que tem dificultado a execução dos projetos de mi-crobacias é a falta de confiança dos beneficiários no poder público. A lentidão das ações em decorrência da burocracia que é própria da esfera pública, diante da urgência e da gravidade dos problemas ambientais, também faz com que os produtores rurais tenham resistências ao progra-ma, pois muitos não o conhecem e, de antemão, não confiam na serieda-de com que ele é executado.

O Programa de Microbacias no Estado de São Paulo, apesar das suas limitações, teve êxitos e suas ações têm sido muito positivas, especialmen-te no que diz respeito à adaptação de estradas rurais, reconstituição de mata ciliar e cercamento de APPs, abertura de poços semi-artesianos, con-trole da erosão e ao estímulo para a constituição e fortalecimento das associações de produtores rurais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os processos de ocupação e colonização empreendidos nas diferen-tes regiões do Brasil se deram com base na implantação de atividades agropecuárias predatórias, sem que houvesse a preocupação em preser-var e manejar adequadamente os recursos naturais. A partir dos anos 1960 passou a haver a adoção indiscriminada do pacote tecnológico da “Revolução Verde”, o que resultou na emergência ou no agravamento de problemas sociais e ambientais no espaço rural.

No início dos anos 1980, a partir do movimento de conscientização ambiental liderado pelos engenheiros agrônomos do sul do país, ações de combate à erosão e de reversão do quadro de degradação dos recur-sos naturais foram desencadeadas. A partir de então se tornou expressiva a preocupação com o desenvolvimento ambientalmente sustentável da agropecuária, sendo empreendidos programas de microbacias hidrográ-ficas nos Estados do Paraná e Santa Catarina. Na segunda metade dos anos 1980 foi, inclusive, instituído o Programa Nacional de Microbacias Hidrográficas, o qual durou pouco tempo e não se disseminou no país.

A partir do final dos anos 1980, os programas de microbacias hidro-gráficas foram intensificados, contando com recursos captados no exte-rior por alguns governos estaduais, com o aval do governo federal. Nos anos 1990, além do manejo integrado dos solos e das águas, foram incor-poradas preocupações com a organização das comunidades beneficiárias, o combate a pobreza e a promoção do desenvolvimento rural.

Apesar dos resultados obtidos por alguns programas de microbacias hidrográficas, especialmente nos Estados do Paraná e Santa Catarina, os procedimentos preconizados por eles ainda estão muito distantes de se-rem disseminados e aplicados em todo o país.

42 Rosangela A. de Medeiros Hespanhol e Antonio N. Hespanhol

No Estado de São Paulo, o programa vem sendo implementado des-de os anos 1980, mas tornou-se sistemático a partir de 2000, quando pas-sou a ser parcialmente financiado pelo BIRD. Os resultados das ações do programa, no caso paulista, têm dependido basicamente do interesse e do envolvimento dos municípios, dos técnicos executores e da população beneficiária.

Apesar das suas limitações, especialmente no que concerne à agili-dade da operacionalização das ações do programa e à participação quali-ficada dos atores sociais, especialmente dos CMDRs e CRDRs, o programa tem avançado e trazido benefícios ambientais, contribuído para ampliar o nível de organização social e econômica das comunidades rurais e res-gatado a auto-estima dos pequenos produtores rurais.

Os problemas vão sendo superados e, com o tempo, técnicos, políti-cos e agricultores, na medida em que conhecem os resultados do progra-ma começam a entendê-lo, a valorizá-lo e, em conseqüência, a fortalecê--lo.

Os Programas de Microbacias Hidrográficas são tecnicamente avan-çados e as suas ações resultam no combate a erosão, manejo adequado dos recursos naturais e, por meio de tais programas, tem sido dissemina-dos sistemas agrícolas ambientalmente menos impactantes. No que con-cerne ao desenvolvimento rural e a melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais beneficiários, os seus resultados são muito variáveis. No caso paulista tem se verificado que os resultados variam de região para re-gião e dependem basicamente do envolvimento dos técnicos executores, do compromisso das autoridades municipais com os respectivos projetos e da capacidade de articulação e de organização dos próprios produtores rurais beneficiários.

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O Programa de Microbacias Hidrográficas no contexto brasileiro 43

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 45-65

Governança e governabilidade das águas na Bacia Hidrográfica

do rio Paraíba do Sul (Brasil)

Maria Eugênia TottiUniversidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

[email protected]

Sérgio de AzevedoUniversidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

[email protected]

INTRODUÇÃO

A gestão da água vem enfrentado dificuldades1 para compatibili-zar metas, definir abordagens teóricas adequadas e processar conflitos de interesses envolvendo atores com pesos políticos assimétricos. No Bra-sil, procurou-se do ponto de vista institucional, responder a esse desafio através da Constituição Federal de 1988 e da chamada “Lei das águas” (Lei 9433 /1997), que propõe para as bacias hidrográficas um sistema de “gestão participativa”, envolvendo atores governamentais dos três níveis de governo, usuários e representantes da sociedade organizada.

Parte-se do suposto, neste trabalho, que as relações entre gover-nança e governabilidade nas novas democracias,2 dependem, fundamen-talmente, do desenho institucional a elas conferido e de sua adequação às condições societais, entre as quais os interesses e “recursos críticos” (financeiro, político e institucional etc) controlados pelos diversos atores sociais são extremamente importantes. Embora governança seja um atri-buto do Estado e governabilidade um atributo da sociedade, há de se

1 Parte das dificuldades, como se verá ao longo desse trabalho, se refere a dúvidas sobre o melhor caminho que se deve tomar para se conseguir a gestão integrada da água. Como esse processo de regulação e intervenção encontra-se em fase de institucionalização, os conflitos pelo uso da água seguem se agravando, enquanto que a capacidade para solucioná--los não tem acompanhado o mesmo ritmo. 2 Novas democracias: Governos democráticos nascidos na América Latina a partir dos anos 1970.

46 Maria Eugênia Totti e Sérgio de Azevedo

considerar que existe uma importante imbricação entre ambos, já que Estado e sociedade só podem ser pensados como entes relacionais.

Assim, o conceito de governança aqui utilizado não se limita ao for-mato institucional e administrativo do Estado e à maior ou menor eficácia da máquina estatal na implementação de políticas públicas.3 Se o conceito de governabilidade remete às condições sistêmicas sob as quais se dá o exercício do poder, ou seja, aos condicionantes do exercício da autoridade política, governança qualifica o modo de uso dessa autoridade. Envolve, portanto, além das questões político-institucionais de tomada de deci-sões, as formas de interlocução do Estado com os grupos organizados da sociedade, no que se refere ao processo de definição, acompanhamento e implementação de políticas públicas.4 Sendo assim, a natureza da relação entre Estado e sociedade afeta, concomitantemente, os graus e as formas de governança do Estado e de governabilidade da sociedade.

O conceito de governabilidade aplicado à água refere-se a capacida-de da sociedade em mobilizar energias de forma coerente para o desen-volvimento sustentável dos recursos hídricos. Em tal definição inclui-se a possibilidade de influir na elaboração de políticas públicas para que essas sejam socialmente aceitas além de fiscalizar e cobrar dos atores governa-mentais envolvidos sua efetiva implementação. O nível de governabili-dade de uma sociedade em relação à gestão da água se vê determinado, entre outras, pelas seguintes considerações: i) o grau de acordo social (implícito ou explicito) a respeito da natureza da relação entre a água e a sociedade; ii) a existência de consensos sobre as bases das políticas públicas que expressam tal relação e; iii) a disponibilidade de sistemas de gestão que possibilitem, efetivamente, um marco de sustentabilidade e a implementação de tais políticas.5

Do mesmo modo, normativamente o conceito de governança em relação à água supõe: i) a capacidade de gerar as políticas adequadas; e ii) a capacidade de colocá-las em prática. Essas capacidades passam pela busca de consensos, pela construção de sistemas de gestão coerentes (ins-tituições, leis, cultura, conhecimentos, práticas e tradições), e a adminis-tração adequada do sistema (que supõe participação e aceitação social e desenvolvimento de competências). Um elemento central da governança nesse setor é a possibilidade de construir (implantar e desenvolver) acor-dos institucionais que evitem ou minimizem as agressões aos ecossistemas mantendo a eficiência da máquina pública.

3 Melo,1996; Diniz,1996. 4 Melo, 1996; Coelho & Diniz, 1995. 5 Solanes e Jouravlev, 2006.

Governança e governabilidade das águas na Bacia Hidrográfica... 47

As normas são essenciais ao funcionamento de instituições, o que, no sentido moderno, significa não só uma forte redução dos gastos de energia – referentes a um grande número de decisões rotineiras – com im-pactos operacionais positivos, mas sobretudo aumento de confiabilidade em termos de seus objetivos e missões. Em outras palavras, o grande desa-fio enfrentado pelas instituições governamentais é que sejam capazes de responder minimamente pelas suas responsabilidades públicas, indepen-dentemente das qualidades e valores de seus dirigentes.

Nesse sentido, não se trata de privilegiar formatos institucionais que apresentem forte simetria com a correlação de forças dos atores envolvi-dos, buscando um equilíbrio “quase perfeito”. Como ressalta Reis (2000), nem todo equilíbrio é desejável per se, sendo que em alguns casos o pro-blema relaciona-se à busca de outro ponto de equilíbrio capaz de permitir a implementação de determinada política segundo certos pressupostos, tais como democracia, transparência, accountability etc. Tampouco inte-ressaria o extremo oposto, ou seja, um aparato completamente “descola-do” da realidade, pois nesse caso teríamos o esvaziamento da instituição enquanto arena de deliberação relevante.

Ressalte-se que a deserção dos atores mais importantes - que bus-cariam outras arenas ou estratégias para defenderem seus interesses – acarretaria o “formalismo” do órgão, onde suas decisões dificilmente se transformariam em ações efetivas de mudanças.

Interessa, pois, explorar questões relativas a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras dos sis-temas político e econômico. Incluem-se aí, “não apenas os mecanismos tradicionais de agregação e articulação de interesses (...), como também redes sociais informais (...), hierarquias e associações de diversos tipos”.6

Em suma, a maior ou menor capacidade de governança depende, por um lado, da possibilidade de criação de canais institucionalizados, le-gítimos e eficientes, de mobilização e envolvimento dos atores relevantes da sociedade na elaboração e implementação de políticas e, por outro, da capacidade operacional da burocracia governamental, seja nas atividades de atuação direta, seja naquelas relacionadas à regulação das políticas públicas.

Tais arranjos implicam em um exercício de engenharia institucional que permita transformar a democracia em um jogo interativo, jogado em

6 Santos, 1996.

48 Maria Eugênia Totti e Sérgio de Azevedo

múltiplas arenas7 e em um contexto decisório contínuo8 como o planejado para o sistema nacional de gestão de recursos hídricos.

Dentro desse contexto, este artigo propõe-se a analisar o CEIVAP (Comitê para Integração do Rio Paraíba do Sul) a partir da atuação de seus atores (poder público, usuários e sociedade civil organizada) inseridos em fóruns institucionais participativos (Plenária e Câmaras Técnicas).

METODOLOGIA

Tendo como pano de fundo a abordagem teórica acima, que busca integrar atores e formato institucional, foram utilizadas neste trabalho duas metodologias de pesquisa. No que se refere ao CEIVAP foi realizado inicialmente um “survey”, abrangendo todos os segmentos.9 Além da pes-quisa quantitativa foram analisados: legislação nacional sobre gestão de recursos hídricos; documentos internos do CEIVAP; bibliografia acadêmica sobre Gestão de Bacias Hidrográficas e, especialmente, todas as “Delibe-rações” e as “Atas da Plenária”, referentes ao período de 2005 a 2007. Buscando complementar as informações levantadas a autora assistiu a vá-rias reuniões plenárias e das Câmaras Técnicas (CTs). Além disso, realizou--se entrevistas abertas com membros do CEIVAP de diversos segmentos.

ÁREA DE ESTUDO

A bacia do rio Paraíba do Sul estende-se pelos estados de São Paulo (Vale do Paraíba), de Minas Gerais (Zona da Mata) e pela maior parte do interior do estado do Rio de Janeiro.

O rio Paraíba do Sul (RPS), principal rio da bacia, resulta da confluên-cia dos rios Paraibuna e Paraitinga no estado de São Paulo, a 1.800 metros de altitude, a partir de três reservatórios: Paraibuna, Paraitinga e Santa Branca. O rio segue fazendo o limite entre os estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro até desaguar no Norte Fluminense, entre os municípios

7 Tsebelis, 1990. 8 Tsebelis,1990; Sartori, 1994. 9 Para uma maior consistência dos dados foram desconsideradas as entrevistas feitas com aqueles membros do CEIVAP com participação inferior a 1 ano, deste modo o universo amostral caiu de 36 para 30 membros representantes dos segmentos do poder público, dos usuários e da sociedade civil. Os membros entrevistados apresentaram a seguinte composição: quatorze representantes dos Usuários de Água (47%), dez representantes da Sociedade Civil organizada (33%) e seis representantes do Poder Público (20%). Ressalte-se que dentre os en-trevistados 33% participam exclusivamente da “Plenária” do CEIVAP, 23% das Câmaras Técni-cas e os 44% restantes fazem parte de ambos fóruns de discussão: plenária e câmaras técnicas.

Governança e governabilidade das águas na Bacia Hidrográfica... 49

de São João da Barra e São Francisco de Itabapoana, depois de percorrer 1.150 km.

A área da Bacia é de 55.500 km2: São Paulo (13.900 km2), Minas Ge-rais (20.700 km2) e Rio de Janeiro (20.900 km2). Localizada em uma das regiões mais desenvolvidas, urbanizadas e exploradas do Brasil, a bacia abrange 180 municípios, com uma população total de 5,6 milhões de ha-bitantes, dos quais 89% vive nas áreas urbanas.10 Entretanto, quando con-siderados os 8,7 milhões de moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro, abastecidos com as águas transpostas do rio Paraíba para o rio Guandu, tem-se um total de 14,3 milhões de pessoas.

Entre a nascente e a foz, o rio Paraíba do Sul é o retrato de uma verdadeira demonstração de resistência: recebe toneladas de esgoto in natura e despejos industriais; tem suas margens destruídas, o leito e a sua vida aquática reduzida a limites mínimos; além de abastecer de água e energia milhões de pessoas.

Concomitante à complexidade institucional imposta pela existência de águas federais e estaduais tem-se um amplo conjunto de organismos voltados para a gestão das águas, sobrepostos à ação do CEIVAP e de for-ma, ainda, pouco articulada. Esses organismos de bacia são: i) comitês de trechos ou de sub-bacias, tais como o CBH-PS (Comitê da Bacia Hidrográfi-ca do Rio Paraíba do Sul), criado em 1991 no trecho paulista; ii) consórcios intermunicipais e interestaduais articulados em torno de determinadas sub-bacias e; iii) associações regionais de usuários de águas de determina-dos trechos. Atualmente, a bacia do rio Paraíba do Sul conta com, cerca de, 14 organismos.

Por sua vez, o amplo apoio mantido pela Agência Nacional de Águas (ANA) ao CEIVAP tem promovido e buscado facilitar a articulação entre os agentes destes diferentes organismos da Bacia e o CEIVAP, como a reali-zação, em janeiro de 2007, do workshop que reuniu 13 destes organismos em Itatiaia (RJ). Esta importante ação de cooperação da ANA em relação ao CEIVAP resultou, também, na implantação dos instrumentos de geren-ciamento, bem como da implantação, em 2002, da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP), a agência da bacia. Entre tais instrumentos destacam-se o Plano de Recursos Hídricos, o sis-tema de cadastramento e outorga dos usuários e a cobrança pelo uso da água, em 2003.

10 IBGE, Censo 2000.

50 Maria Eugênia Totti e Sérgio de Azevedo

CEIVAP–ANÁLISE INSTITUCIONAL (GESTÃO 2005 – 2007)

O Comitê para Integração do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP), fórum normativo, consultivo e deliberativo da bacia do rio Paraíba do Sul, conta, atualmente, com 60 membros, sendo dezenove representantes por esta-do (SP, MG e RJ) e três do governo federal. A atual composição do comitê é de 40% de representantes de usuários, 35% dos poderes públicos e 25% da sociedade civil, de acordo com a Resolução N0 05 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.11 O CEIVAP possui sede e foro na cidade de Resende (RJ) e jurisdição nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O Comitê é constituído por quatro instâncias: i) colegiado; ii) direto-ria; iii) secretaria executiva e; iv) câmaras técnicas.

O colegiado, como mencionado acima, é composto por 60 membros titulares, devendo cada titular ter um suplente, de acordo com as repre-sentações dos segmentos e setores.

Para contribuir com a discussão sobre os problemas e soluções para a Bacia e fornecer elementos para a tomada de decisões nas assembléias, o comitê se serve de 3 Câmaras Técnicas: Planejamento e Investimento, Institucional e Educação Ambiental. Cada Câmara Técnica é composta por 19 membros, representantes do poder público, dos usuários de água e das organizações civis, dos três Estados da bacia, sendo que parte destes é, também, representante no Comitê.

Na qualidade de poder regulador da política nacional de águas, pode-se entender que, para a União ocupar duas das três vagas para ela reservadas no CEIVAP não acarreta em maiores problemas. Afinal, a par-ticipação efetiva desses representantes no CEIVAP (dois) seria suficiente para manter um diálogo permanente com esse colegiado e ser informada das idiossincrasias do processo em curso - especialmente dos avanços e constrangimentos - bastante úteis para o seu trabalho de coordenação e acompanhamento da gestão em diversas bacias. Deste modo, dificulda-des encontradas em determinados locais podem ajudar outras bacias a enfrentar questões semelhantes, da mesma forma que iniciativas exitosas podem servir de inspiração para desafios parecidos em outras bacias. Nas Câmaras Técnicas a baixa participação da União não chega a comprome-ter o seu trabalho, uma vez que nesses colegiados técnicos somente inte-ressa agregar informações gerais sobre desempenho e formas de atuação e servir como interlocutor, através de Brasília, com atividades desse tipo

11 O Conselho Nacional de Recursos Hídricos regulamentou os comitês de bacias hidro-gráficas através da Resolução no 5. Esta resolução estabeleceu a composição dos comitês, onde o número de votos dos representantes dos poderes executivos da União, dos Estados, dos Mu-nicípios e do Distrito Federal não poderá exceder o limite de 40%, os da sociedade civil deverá ser de no mínimo de 20% e dos usuários de 40%.

Governança e governabilidade das águas na Bacia Hidrográfica... 51

realizadas em outras Bacias federais. Nesse sentido, trata-se fundamental-mente de difundir para outras realidades os procedimentos aqui utiliza-dos, uma vez que a Bacia do Paraíba do Sul é o plano piloto do governo federal em termos de gestão de águas.

No caso da participação dos Municípios, somente a representação paulista não conseguiu ocupar as vagas de suplentes das Câmaras Téc-nicas. Na falta de candidatos para as vagas disponíveis é normal que os representantes dos municípios tenham privilegiado a participação na ple-nária do CEIVAP, na medida em que sua representação é essencialmente política. Ressalte-se que essa dificuldade pode, em parte, ser explicada pelo pequeno número de municípios paulistas (39) que compõe a bacia, comparativamente ao Rio de Janeiro (53) e Minas Gerais (88). Na verdade, no caso em pauta, como se trata de preencher doze cadeiras (seis titulares e seis suplentes) seria necessário a participação ativa de 30% dos municí-pios o que não é uma tarefa simples. Como nos lembra a leitura de Olson, o fato de termos trinta e oito municípios pertencendo formalmente a uma única Bacia não significa que o interesse de cada um deles em rela-ção a esse tema tenha a mesma intensidade. Questões como localização na bacia (às margens do Paraíba do Sul ou de um pequeno tributário), grau de prioridade na agenda, recursos humanos disponíveis, maior ou menor potencialidade de realização de atividades, que requeiram um contato mais próximo com o CEIVAP, entre outros, são exemplos de que o “interesse comum” – especialmente para grupos médios e grandes - não é capaz por si só de mobilizar a maioria dos agentes potenciais – mes-mo imaginando um quadro idealizado em que todos fossem igualmente informados sobre as atividades e importância do CEIVAP para a Bacia. Nesses casos, para incrementar a ação coletiva seria necessário lançar mão de outros mecanismos como “incentivos seletivos” ou aguardar o possível surgimento de empreendedores olsonianos.12

Por fim, vale ressaltar a situação impar dos “usuários”, os únicos atores a ocupar completamente os cargos disponíveis. Destaca-se que o preenchimento dos cargos possui uma importância crucial, pois além dos suplentes poderem sempre participar com direito a voz em todas as ins-tâncias, em caso de falta do titular o setor não fica sub-representado. Mesmo que seja de difícil aferição, a “intensidade” da participação afeta fortemente o desempenho dos atores em uma determinada arena. O fato de os “usuários” ocuparem todos os cargos colocados à disposição - dife-rentemente dos demais atores - pode ser um indicador indireto de maior envolvimento relativo dos mesmos; da mesma forma que a capacidade de aglutinação de seus membros e de influenciar outros setores, como anteriormente relatado, corroboraria esse raciocínio.

12 Olson, 1999; Olson, 2000.

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Perfi l sócio educativo e tempo de atuação dos membros do CEIVAP

Os dados levantados através das entrevistas mostram que o perfil dos membros do CEIVAP pode ser caracterizado como: masculino, maior de 40 anos de idade e altamente qualificado, considerando que 100% dos atores possuem graduação completa e 83% deles possuem pós-graduação. Essa alta escolaridade não causa surpresa, tratando-se de uma arena que pressupõe alta qualificação técnica. Ressalte-se que apenas 32,4% da população ativa da re-gião sudeste, na qual a Bacia está inserida, possui 11 anos ou mais de instru-ção.13

Com relação à sociedade civil, a participação feminina é ligeiramente maior que a masculina (61%). Em termos de pós-graduação, os atores de maior escolaridade, por ordem decrescente são: os usuários (87%), a sociedade civil organizada (85%) e, finalmente, o Poder Público (75%). Em relação a esses úl-timos, deve-se remarcar que o índice de pós-graduados, um pouco mais baixo em relação aos demais atores, deve-se ao escore do sub-grupo “representantes municipais” (67%) – extremamente alto em relação à média da população – mas bem abaixo dos demais participantes.

A formação acadêmica dos membros do Comitê é marcadamente a engenharia (53% do total dos entrevistados são engenheiros): 67% dos re-presentantes dos usuários e 62% do poder público, exceção feita à sociedade civil que se dividiu entre engenheiros e advogados (31%). Esse predomínio das engenharias, como formação acadêmica, foi constatado, também, por Lucini (2007), através do projeto Marca D’água14 que pesquisou os comitês gaúchos dos rios Sinos e Tramandaí.

Considerando o caráter multidisciplinar que envolve esta e outras arenas ambientais, seria importante que as políticas públicas buscassem integrar, na medida do possível, tanto conhecimentos técnicos das chamadas “ciências exa-tas” como das denominadas “ciências humanas”, especialmente a economia e as ciências sociais no que se refere, particularmente, aos chamados “dilemas da ação coletiva”.

Entretanto, constata-se que uma articulação mais fina de conhecimen-tos aportados pelas chamadas ciências brandas (como economia, sociologia, antropologia, direito e política) e pelas chamadas ciências duras (engenharia, física, química, ecologia e biologia) para a tomada de decisões, na prática, não vem acontecendo no CEIVAP e, tão pouco, na maioria dos organismos de bacia no país.

13 No Brasil somente 27,2% da população ativa possui 11 anos ou mais de instrução (IBGE, 2008). 14 O projeto Marca D’água criado em 2001 tem o objetivo de acompanhar e analisar o desenvolvimento do novo sistema de gestão das águas, sobretudo os organismos de bacia. Mais detalhes em Abers, 2005.

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Um dos constrangimentos cognitivos na geração de ações e políticas mais consistentes na área ambiental decorre das dificuldades de interlocução simétrica entre as duas grandes áreas do conhecimento (ciências exatas versus ciências humanas ou ciências duras versus ciências brandas). Ainda que trans-cenda o escopo desse trabalho, uma análise mais profunda desse tema, sabe-se que a esmagadora maioria dos representantes dessas duas áreas do saber têm dificuldades de manterem entre si uma interlocução madura e fecunda.

É verdade que os cientistas sociais (lato sensu) possuem pouco conheci-mento das dimensões tecnológicas envolvidas nessa arena. Isso possibilita que para uma parte considerável desses pesquisadores seja passível assumir posi-ções pendulares aderindo ora a um “catastrofismo” inevitável ora a posições heterodoxas otimistas. Esses últimos afirmam ser exagerado e sem propósito o alarmismo dos ambientalistas, buscando demonstrar esse equívoco a partir de informações e dados que evidenciariam avanços consideráveis nas últimas dé-cadas de reversão positiva de vários problemas (reflorestamento, saneamento básico, despoluição de rios, entre outros).

Do mesmo modo, é interessante constatar que as correntes hegemônicas da área tecnológica são extremamente competentes para explicitar e matizar os diversos constrangimentos, potencialidades e desafios que se colocam para as diversas disciplinas técnicas que atuam nas questões ambientais. Entretanto, quando a discussão alcança a interface com as ciências sociais, não raro trocam a anterior discussão baseada em parâmetros científicos por uma retórica de senso comum, na qual não percebem a complexidade e os dilemas da ação coletiva. Nesse sentido, são relativamente comuns, especialistas das ciências exatas realizarem discursos que clamam pela “conscientização das pessoas”, pela convocação dos países em prol do bem comum da humanidade, por uma maior participação da sociedade em comunhão com as autoridades governa-mentais, entre outras - na verdade trata-se de uma retórica de senso comum sustentadas por pressupostos e chamamentos “mágicos”.

Com relação ao tempo de atuação no CEIVAP, os “Usuários” são os mem-bros que apresentaram um maior período, 27% deles têm entre 9 e 10 anos de participação. Seguidos pela sociedade civil que tem representantes novos e an-tigos e pelo poder público com 75% de seus representantes concentrados nas faixas de tempo de atuação “menor de 1 ano” e “entre 1 e 2 anos” . Contudo, quando estes dados são analisados em separado para Estados e Municípios, nota-se que o tempo de atuação do setor público no Comitê é puxado para baixo pelo setor municipal.

Assim, 33% dos entrevistados do setor público municipal participavam do Comitê a menos de um ano e os outros 67% a dois anos, enquanto que 100% dos representantes do setor estadual participavam do Comitê na faixa de tempo entre 6 e 8 anos.

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Os dados acima apresentados destacam dois atores bem definidos - em termos de experiência de atuação no Comitê: de um lado, temos os repre-sentantes dos usuários com grande tempo de permanência nesse colegiado e, no pólo oposto – apresentando grande rotatividade –, os representantes dos municípios. Pode-se dizer que enquanto a baixa rotatividade significa, geralmente, representantes com maior conhecimento do funcionamento do órgão, com maior prioridade acerca da temática gestão de recursos hídricos nas agendas desses atores e maior especialização em relação aos temas colo-cados para decisão. Por sua vez, a forte rotatividade entre os representantes municipais evidencia menor importância relativa do tema na agenda desse segmento, menor capacidade de articulação com os demais atores e menor conhecimento técnico dos temas analisados por este órgão colegiado. Essas características por si só, ou seja, independentemente do controle sobre “recur-sos críticos” escassos de vários tipos (financeiros, políticos, tecnológicos etc.), colocam os “usuários” na qualidade de atores extremamente relevantes no Comitê de Bacia. Do mesmo modo, explicita certa fraqueza da representação municipal e suscita diversas questões que merecem ser aprofundadas sobre esse importante ator em pesquisas posteriores.

Cultura de participação política dos membros entrevistados do CEIVAP

Considerando um âmbito mais geral concernente à participação política na sociedade, verificou-se que 100% dos representantes da sociedade civil par-ticipam ou já participaram de alguma outra associação ou sindicato, enquanto que 80% dos representantes do poder público e 60 % dos usuários afirmaram ter essa experiência.

O grau de associativismo entre todos os segmentos de representantes do CEIVAP é extremamente alto em relação a membros de outras “organizações híbridas” vinculadas às políticas públicas tradicionais, e muito maior quando comparado com a média da população das grandes cidades brasileiras.15

Metade dos representantes do poder público (50%) já participou ou participam de outro organismo de bacia, enquanto que entre os usuários e a sociedade civil somente 30% e 20% de seus representantes, respectivamente, declararam ter essa experiência. Essa situação indica por parte dos represen-tantes do poder público, uma maior experiência relativa, no que concerne à gestão de recursos hídricos através de comitês.

15 Ressalte-se, como exemplo, que o grau de associativismo dos Conselheiros Munici-pais da Região Metropolitana de Belo Horizonte era no início dessa década de 45,1% (Abran-ches & Azevedo, 2004). Por outro lado o percentual de associativismo médio da população da cidade do Rio de Janeiro em 2006 era de 15,6 % (Observatório das Metrópoles, 2006).

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Participação e prioridade do tema na agenda do representante

A prioridade do tema na agenda da instituição representada e/ou do seu representante no Comitê pode ser vista como um indicador positivo de participação às reuniões colegiadas e, por conseguinte, de envolvimento com as questões da bacia. O grau de envolvimento dos atores, por sua vez, pode ser dado através dos seguintes níveis de prioridade do tema nas suas agendas: alto, médio e baixo.

O tema água é de alta prioridade na agenda daqueles atores que têm a competência para mediar os diferentes interesses no interior da bacia e para aqueles que utilizam-na como meio de produção econômica. Deste modo, foi considerada de “alta prioridade” quando a atividade do representante está diretamente relacionada com o recurso água (ex. diretor de recursos hídricos e/ou autoridade do poder público) ou quando a água é de interesse direto da organização (ex. Companhia de abastecimento de água, irrigantes, pescadores e outros).

A água é de média prioridade na agenda do representante quando este ator possui interesses mais amplos relacionados ao meio ambiente (ex. secretá-rio de meio ambiente, pesquisadores universitários, e outros).

É de baixa prioridade na agenda do representante quando a função des-te na instituição não se relaciona com o tema em questão (ex. gerente de fi-nanças) ou quando a atividade fim da instituição não se relaciona diretamente com a água (ex. Transporte rodoviário).

A análise cruzada da prioridade do tema na agenda dos atores membros do CEIVAP e a freqüência de participação destes nas reuniões plenárias pode ser observada na Tabela 1.

Tabela 1. Percentual de comparecimento às reuniões plenárias do CEIVAP, segundo o grau de prioridade da temática nas agendas dos atores

Participação dos representan-tes no Comitê

Prioridade na agenda

Alta Média e baixa

% de comparecimen-to dos atores

% de compareci-mento dos atores

Estado 89,2 50,0

Usuários 80,8 54,2

Sociedade civil 76,6 68,3

Dados: Alta prioridade na agenda: quando a atividade principal do representante está diretamente relacionada com

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a água. Média prioridade, atividade principal indiretamente relacionada com a água (meio-ambiente); baixa prioridade na agenda: quando a principal atividade do representante não possui nenhuma relação com a água e nem com a ques-tão ambiental lato senso.

Os dados corroboram com o exposto acima de modo expressivo, considerando que a participação dos representantes do poder público e dos usuários que têm a água como alta prioridade na agenda foi de 89 e 81%, respectivamente. Por sua vez, aqueles que têm a água como média e baixa prioridade na agenda tiveram, simultaneamente, 50 e 54% de participação. No caso dos representantes das organizações da sociedade civil houve, no entanto, uma menor diferença na participação às reuniões plenárias entre os níveis e prioridade do tema nas suas agendas, “alta” e “média e baixa”, 76 e 68%, respectivamente.

Vale recordar que os membros da sociedade civil, sem exceção, pos-suem experiências associativistas anteriores. Além disso, todos eles pos-suem graduação e 85% deles possuem diplomas de pós-graduação. A partir dessas informações, poder-se-ia especular de forma exploratória de que no caso dos representantes da “sociedade organizada”, parte dessa menor diferença na tabela acima pode estar vinculada a existência de um maior “capital social” em relação aos outros segmentos. Como se sabe o capital social – diferente do capital financeiro – quanto mais se usa mais cresce.16

Em termos gerais, os dados acima deixam claro a importância da proximidade e do envolvimento do representante com as questões dos recursos hídricos da bacia como condição sine qua non de uma partici-pação ativa, isto é, quanto maior a proximidade com o tema maior é a participação no Comitê.

À GUISA DE CONCLUSÃO

A despeito de a água ser um recurso ambiental de uso comum, sua importância como bem essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social faz com que requeira uma gestão e uma legisla-ção especiais, voltadas para as suas características e peculiaridades. Deste modo, os novos conceitos que permeiam o Sistema Nacional de Gerencia-mento de Recursos Hídricos incorporam essa demanda, pois nasceram da necessidade de mudança para conter ou mitigar uma crise de qualidade e quantidade, resultante do desordenado e mau uso da água.

16 Putnam, 1996.

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É sabido, por sua vez, que o abastecimento de água está fortemen-te ligado ao conceito de equilíbrio ecológico, portanto, uma política de água envolve necessariamente, a política de meio ambiente com todo o seu aparato de regulamentação e fiscalização e as políticas municipais de ocupação e uso do solo.

Segundo a tipologia de política pública tradicional, a regulamen-tação do sistema nacional de gestão dos recursos hídricos se apresenta como um caso clássico de política regulatória que mesmo sendo manda-tária para a sua área de regulação corta transversalmente a sociedade e atinge as pessoas e os atores de forma individual, possibilitando a forma-ção de alianças policlassistas relativamente instáveis.17

Do mesmo modo, trata-se de uma política que - mesmo sendo fun-damental para a implementação de políticas distributivas e redistributivas – raramente garante ganhos a priori para qualquer ator, sendo que seus possíveis impactos positivos ocorrem de tal forma fragmentária e incre-mental, que os beneficiários, muitas vezes, sequer conseguem associar essas mudanças às respectivas políticas. Por outro lado, somente os que se sentem prejudicados nas suas atividades cotidianas em função de mudan-ças decorrentes de políticas regulatórias percebem a existência da mesma. Ocorre assim um aparente paradoxo, pois os poucos prejudicados normal-mente reagem fortemente aos constrangimentos das mesmas, através de diferentes táticas: pressão sobre o legislativo para mudar pontualmente a legislação,18 busca de reinterpretação da mesma, etc.

A política de gestão de recursos hídricos é uma política regulatória que se caracteriza por apresentar ao mesmo tempo baixa visibilidade da questão na agenda política e alta complexidade técnica, onde o proces-so decisório é fortemente influenciado por especialistas. Conforma-se um ambiente que propicia maiores possibilidades de recursos a mecanismos de persuasão de parlamentares e elites burocráticas, mediante argumen-tos técnicos, e atuação de burocracias insuladas com legitimidade técnica, capazes de influenciar atores políticos relevantes.

Nesse sentido, a reflexão postada na lista de discussão da Associação Brasileira de Recursos Hídricos pela representante da FIEMG (Federação das Indústrias de Minas Gerais) no CEIVAP vem ilustrar essas dificuldades enfrentadas pelo CEIVAP, na condição de comitê pioneiro:

“(...) O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos impunha mudança de cultura, exigia ousadia, era novo. Assim, a pouca pressa das

17 Lowi,1964, Santos,1987. 18 Um exemplo prático dessa situação foi a solicitação do atual diretor da ANEEL (Jer-son Kelman) para que se alterasse a legislação de licenciamento ambiental para o setor elétri-co, facilitando o processo.

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principais lideranças públicas, manifestada nos primeiros anos após a Lei das Águas; as decisões equivocadas daqueles responsáveis por essa agenda (das Secretarias de Estado e do Ministério do Meio Ambiente); e, mesmo as ma-nifestações temerosas de alguns setores organizados da sociedade diante da cobrança pelo uso da água, eram para mim apenas sinais de desconhecimen-to ou necessidade de amadurecimento. Entretanto, passaram-se 10 anos. (...) o que assistimos é efetivamente desanimador. (...) Como os órgãos públicos manifestam-se politicamente, ou seja, suas ações refletem, não raro, desejos, pressões da sociedade, pelos resultados apontados, é fato que a sociedade não clama pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Em síntese, o Sistema não dá visibilidade, retorno político, ou simplesmente votos. (...) Desde a promulgação da Lei 10.88119 luta-se ainda por um trâmi-te menos burocrático para os recursos da cobrança repassados às entidades delegatárias (...)”.20

Em relação aos dois órgãos colegiados permanentes que formam o CEIVAP, tanto a Plenária quanto as Comissões Técnicas, foram estrutura-dos na forma de organizações híbridas, isto é, formadas por representan-tes do Poder Público, dos Usuários e dos representantes da Sociedade Civil Organizada. Esses colegiados com poderes consultivo (Câmaras Técnicas) e deliberativo (Plenária) apresentam um formato institucional que per-mite aos atores envolvidos o que chamamos de participação ampliada ou neocorporativa. Esse tipo de participação ocorre através da inclusão de organizações reivindicativas e movimentos sociais em órgãos colegia-dos do tipo Conselhos e Comitês. Trata-se de substituir o corporativismo existente informal, não institucionalizado e que termina por beneficiar os grupos com maior poder econômico ou político, por uma arena institucio-nal. Um espaço onde todos os setores interessados em uma determinada política pública possam discutir os seus rumos em um fórum com regras claras e transparentes.

Seguramente, as diretrizes pactuadas em um grupo eclético e po-liclassista como este tenderão a possuir um caráter mais público e, por-tanto, menos “corporativista”, já que cada grupo para garantir suas prio-ridades será levado a negociar, abrindo mão do não essencial, ou seja procurará “entregar os anéis para não perder os dedos”. Em outras pala-vras, no atacado às decisões de políticas acordadas em um determinado período seguramente não serão às opções ótimas de cada ator em par-ticular, mas possivelmente se aproximarão das chamadas “negociações

19 Lei 10.881 de 2004: Dispõe sobre os contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas e entidades delegatárias das funções de Agências de Água, relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da União. Delegatárias: “Diz-se de, ou aquele a quem se delega encargo ou poderes”. Delegado: Aquele que é autorizado por outrem a representá-lo (Ferrei-ra, 1999). 20 Boson, 2007.

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coaseanas”, onde todos saem com o sentimento de que fizeram um bom negócio. Como vimos no caso do CEIVAP isso não significou em absoluto imaginar a possibilidade do mesmo peso real para todos os atores, mas, sem dúvida permite diminuir consideravelmente a assimetria existente anteriormente.

Deste modo, ao explicitar os conflitos, e ao colocar nas mãos de seus integrantes a responsabilidade pela decisão sobre o conjunto de medi-das necessárias para se alcançar os objetivos estabelecidos pela legislação, o Comitê termina por gerar mecanismos informais de auto-regulação21 que objetivamente tendem a conduzir ao estabelecimento de práticas de negociação para a solução das controvérsias advindas dos interesses con-flitantes que abriga. Como conseqüência, o Comitê cria condições para a produção do bem público, porque disciplina os diversos interesses e tende a, gradativamente, promover a internalização de externalidades negativas geradas pelos diversos usos e usuários dos recursos hídricos. E, ainda pode-se afirmar que o Comitê propicia uma solução possível para a realização de interesses parciais e de interesses coletivos. Para exemplifi-car: a Deliberação número 70 (de 19 de outubro de 2006) estabelece me-canismos diferenciados para o pagamento dos valores da cobrança pelo uso da água na Bacia, com o intuito de incentivar ações de melhoria da qualidade, da quantidade de água e do regime fluvial, que resultem em sustentabilidade ambiental da bacia.

O Comitê congrega mecanismos do mercado, assegurados nos pró-prios instrumentos de gestão, e mecanismos do fórum, assegurados nas competências para definir prioridades e dirimir conflitos. Em sua dinâmica interna, o Comitê se abre a discussões dos interesses dos setores que o re-presentam, através de um processo de interação face a face que, ao mes-mo tempo, limita excessos de atores auto-interessados e estimula a busca de soluções negociadas entre os diversos interesses. A interação face a face, ao impulsionar o diálogo entre os membros, abre condições para que os interesses sejam explicitados, e os problemas enfrentados pelos diversos usuários se tornem conhecidos de todos e, por isso, reconhecidos muitas vezes como comuns.22 Por exemplo, o problema da proliferação de macrófitas enfrentado no trecho paulista da Bacia, que tem abalado estruturas de pontes, pode comprometer o Rio de Janeiro em razão da medida tomada para minimizar o problema. A redução da vazão pode afetar a Usina do Funil que não consegue operar com nível muito baixo, podendo afetar o abastecimento de água do Estado do Rio de Janeiro.

21 Ostrom, 1999. 22 Souza, 2003.

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Vale frisar que entre os segmentos não governamentais há distintos tipos de associativismos com objetivos gerais bem diferenciados, por isso a importância de separar os dois segmentos não governamentais, ou seja, usuários e sociedade civil. O primeiro tipo de associativismo no qual se enquadra a sociedade civil é formado pelos movimentos sociais clássicos, que correspondem àquelas manifestações de organização coletiva que buscam assegurar ou transformar valores básicos que regulam a ordem institucional de uma sociedade, como por exemplo, direitos de cidadania e meio-ambiente, enfim, todo e qualquer movimento coletivo orientado primariamente para fins de natureza normativa ou ideológica.23

Esta definição não implica que movimentos sociais não possam se envolver em atividades coletivas voltadas para ganhos instrumentais ou reivindicações negociáveis no seu ambiente. Mas, nesses casos, essas ações são percebidas como um meio e/ou estratégia para se alcançar, no futuro, mudanças mais amplas.

Os usuários, no caso, podem ser definidos como movimentos de ca-ráter reivindicativo, teriam como principal objetivo o desenvolvimento de ações junto ao Estado, visando interesses corporativos. Em suma, trata-se de organizações típicas de articulação de interesses orientadas para a pro-dução de “bens coletivos de natureza negociável” tais como urbanização, abastecimento de água, obras de infra-estrutura, rede de saneamento bá-sico etc. Ou seja, não há questões de “princípio” ou de valores em jogo como no caso dos movimentos sociais.24

Em outras palavras, organizações reivindicativas caracterizam-se pela definição de objetivos limitados e negociáveis no ambiente. Essas organizações buscam o monopólio da representação o que qualifica seus resultados como bens coletivos.

Evidentemente a dinâmica social é muito mais rica que qualquer formato de política pública. Assim, na maioria das vezes a implementação de uma política enseja efeitos ”não esperados” que podem ser positivos, negativos (ou perversos) e indiferentes. No caso em pauta devido às ca-racterísticas mencionadas dessa arena, as Câmaras Técnicas, em princípio um colegiado consultivo, tem terminado por definir grande parte das de-cisões, uma vez que a Plenária dificilmente barra propostas das CTs.

Por sua vez, o segmento dos “usuários” foi o que apresentou maior dinamismo e capacidade de liderança entre os atores do CEIVAP. Pri-meiramente conseguiu prorrogar a instituição do aparato da cobrança (Agência da Bacia e cadastramento de usuários) que não era de seu in-teresse. Cobrança essa articulada pela direção do Comitê, então, contro-lado pelos representantes do setor público. Posteriormente, com apoio

23 Azevedo e Prates, 1991. 24 Idem.

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inclusive de representantes da sociedade organizada logrou eleger um novo presidente para o Conselho Administrativo. Por fim, vale lembrar que os “usuários”, os únicos atores que ocuparam todos os cargos dispo-níveis, possibilitando manter um nível de presença nos colegiados acima dos demais segmentos, mantendo sua capacidade de aglutinação de seus representantes e de influenciar outros setores.

Os representantes da sociedade organizada, sejam ONGs ambienta-listas e associações de profissionais liberais buscam na plenária reverter decisões ou não aprovar projetos considerados negativos para o meio am-biente. Entretanto, na maioria das vezes, não logra seus objetivos frente a um grupo majoritário – quase sempre capitaneada pelos “usuários”, com o apoio muitas vezes sutil ou envergonhado de representantes do setor público, especialmente municipais.

Em suma, quando os interesses em jogo são significativos - apesar de todos serem socializados institucionalmente com os mesmos valores de defesa do meio ambiente, o discurso racional na forma de uma “ação comunicativa” habermasiana proferido pelos representantes da “socieda-de organizada” não logra convencer a maioria dos membros da plenária.

Em relação aos municípios fica claro tratar-se do segmento que apresenta o menor percentual de participação no Comitê. Essa fragilida-de de ação dos municípios no comitê é, também, constatada nas atas das plenárias do Comitê onde seus representantes praticamente não se mani-festam, salvo raras exceções.

Outro dado que mostra a desarticulação do segmento é a existência de recursos financeiros disponíveis para obras estruturais municipais sem praticamente nenhum uso por falta de projetos. Repetindo o aparente paradoxo de que no Brasil de forma concomitante faltam muitos recursos e sobram muitos recursos por questões de governança.

São várias as causas que levam a esse desempenho relativamente medíocre dos municípios. Primeiramente há uma questão de representa-ção mal resolvida, aliás, tão mal resolvida que não se consegue municípios que queiram ser representantes de si mesmos (sobram vagas nas Câmaras Técnicas não preenchidas). Por sua vez, os municípios na sua grande par-te possuem pequena quantidade de pessoal qualificado, frágil estrutura administrativa e operacional sendo compreensível que não considerem interessante envolver grande parte de seus recursos humanos e materiais em projetos de média ou longa duração e, normalmente, de baixo retor-no eleitoral.

A estratégia de cooperação deixa de ser irracional para ser a me-lhor estratégia possível para o ator racional. Isto porque cooperar, tendo em vista as decisões relativas aos interesses gerais, é a melhor forma de assegurar seus próprios interesses através dos instrumentos de gestão do

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comitê. Entretanto, o ator deve se dispor a internalizar externalidades ge-radas, considerando que tem, também, a possibilidade de socializar cus-tos, na medida em que os benefícios produzidos o são para toda a Bacia. Deste modo, o arranjo institucional básico do sistema de gerenciamento de recursos hídricos está em funcionamento e, diferentemente do modelo anterior, que concentrava toda a responsabilidade nas mãos do Estado, contempla como parte do poder decisório os usuários, a sociedade orga-nizada e os Municípios – que começam a engatinhar no exercício dessa atividade.

Tendo em vista os resultados dessa pesquisa e com a finalidade de contribuir para com o processo de gestão de águas, faz-se aqui algumas observações pontuais, identificadas como fragilidades ao longo desse trabalho: 1) Com 11 anos de instituição da política nacional de recursos hídricos e 12 anos de CEIVAP, a bacia do rio Paraíba do Sul tem todos os instrumentos implantados, ainda que não seja em toda a Bacia. A ins-tituição de organismos de bacia e a implantação dos instrumentos de gestão são estabelecidos caso a caso, sub-bacia por sub-bacia em meio a muitas dúvidas e falta de conhecimentos. Deste modo, o investimento em capacitação técnica de possíveis atores e entidades para a gestão é recomendado para a bacia do Paraíba do Sul e para todo o país. Maior in-vestimento em formação, informação e transparência do processo - é um eficiente modo de ampliar o empoderamento e a consciente participação; 2) Constatou-se que o município é o setor que apresenta menor participa-ção e maior rotatividade de seus representantes no CEIVAP evidenciando uma menor importância relativa da temática na agenda desse segmento, menor capacidade de articulação com os demais atores e menor conhe-cimento técnico dos temas analisados no Comitê. Como os municípios,25 no seu conjunto, desempenham um importante papel na gestão da bacia é recomendável a realização de um diagnóstico mais aprofundado com a presença dos diversos atores e com o envolvimento direto dos próprios municípios. Buscar mecanismos que visem compatibilizar os Planos de Bacia com os Planos Diretores Municipais pode ser uma opção para in-centivar a maior participação dos municípios nos comitês de bacia, além de possibilitar melhor troca de informações e visão sistêmica da bacia. Uma outra alternativa seria incentivar a participação por áreas da bacia, representadas por consórcios ou associações de municípios; 3) Em termos gerais, os dados apresentados ao longo desse trabalho deixam clara a importância da proximidade e do envolvimento do representante com as questões dos recursos hídricos da bacia como condição sine qua non de

25 Para maiores informações relativas à atuação dos municípios frentes aos recursos hídricos consultar Totti e Carvalho, 2007.

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uma participação ativa, isto é, quanto maior a proximidade com o tema maior é a participação no Comitê.

O Comitê tem empreendido esforços para lograr uma articulação ins-titucional que enfrenta entre outras dificuldades aquelas relacionadas às agências ambientais e aos municípios, como verificado, também, através da análise da atuação do Ministério Público (MP) no Baixo Paraíba do Sul. Nesse estudo constatou-se que o MP está longe de atender a expectativa nele depositada de defesa ambiental, basicamente pela falta de articula-ção entre os vários agentes e a desestruturação das agências ambientais (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (SERLA), destacando-se o fato dos agentes públicos municipais figurarem como um dos maiores agres-sores dos corpos hídricos. Considerando que são carreadas para o MP, as denúncias de danos ou possibilidades de danos ao meio ambiente, neste caso, os corpos hídricos, conclui-se que uma análise da atuação do MP no controle do meio ambiente é uma boa estratégia metodológica, pois é aonde vão se confluir as explicitações dos conflitos ambientais locais e regionais e seus encaminhamentos. Vale também ressaltar que a vincula-ção metodológica entre MP e recursos hídricos constitui uma estratégia organizacional de conhecimento sistematizado, ainda pouco explorado no âmbito nacional, podendo ser escalonado em diferentes abrangências de tempo e espaço geográfico.

Mesmo com todas as dificuldades relativas à implantação e funcio-namento do sistema de gestão de recursos hídricos, o Comitê de Bacia mostra-se como uma instituição que tende a ser eficiente na gestão dos recursos hídricos. Isto porque, dentro do observado no CEIVAP, as suas re-gras, tanto aquelas estabelecidas pela legislação quanto as geradas pelo Regimento Interno, bem como as regras informais que se desenvolvem na dinâmica real do Comitê buscam favorecer o entrelaçamento e a coope-ração entre as esferas administrativas e entre os setores que o compõem. Ressalta-se que essa disposição para a articulação institucional e coopera-ção entre os atores pôde ser verificada no CEIVAP ao longo do seu histó-rico, e não somente, no período estudado.

A participação passiva e ativa e o engajamento nas câmaras técnicas e grupos de trabalho desses atores portadores de interesses diversos indi-cam que os custos de transação na bacia do Paraíba do Sul têm diminuído, surtindo resultados positivos, caso contrário o fórum estaria esvaziado. Isto é, as decisões têm sido razoáveis e aceitáveis para a grande maioria. As restrições estão implícitas no procedimento adotado, não porque se-

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jam previstas sanções, mas porque decisões prejudiciais a um ou a outro grupo não seriam aceitáveis, considerando-se as regras decisórias adota-das.26

Entretanto, é possível que melhorias ambientais objetivas só ve-nham a ser de fato percebidas depois de algum tempo de atuação dos comitês e a progressiva implantação dos instrumentos de gestão. Mas, no atual estágio, pode-se afirmar que há uma tendência positiva quanto ao sucesso do órgão na gestão dos recursos hídricos. Admite-se, ainda, que a prática da interação, embora recente do ponto de vista histórico, e a indeterminação quanto ao número de situações em que esses atores esta-rão partilhando poder decisório, tende a desenvolver maior disposição à adoção da cooperação como estratégia.

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 67-84

El Canal Campos-Macaé y la red de canales

en el Norte Fluminense: análisis de algunas fuentes

documentales para una investigación1

Simonne TeixeiraUniversidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

[email protected]

En los últimos años, los períodos de lluvia (meses de diciembre a febrero) en el Norte Fluminense han causado sistemáticamente daños te-rribles debido a las relaciones desequilibradas entre el hombre y la natu-raleza. Entre diciembre de 2008 y enero de 2009 este fenómeno climático inundó áreas que decenas de años atrás estuvieron a salvo de inundacio-nes. En otra oportunidad ya hice notar las características particulares de esta inmensa planicie formada a partir del sustrato depositado por el río Paraíba do Sul en su proceso de formación geológica. El río dejó a su paso un paisaje colmado de lagunas, pantanos, riachuelos y pequeños canales naturales que hacían de este área casi un “mar interior”.2 A principios del siglo XIX todavía presentaba al menos 106 lagunas3 que se interconecta-ban por medio de los innumerables canales presentes en la planicie.4 La impresión que debía causar esta inmensa planicie inundable puede ser apreciada en este texto:

1 Agradezco a Carlos J. Camargo y a Jesús Raúl Navarro García, la revisión del texto en español. Los errores y fallos, por supuesto, son de mi entera responsabilidad. 2 Monitor Campista, 30 de octubre de 2005. 3 Bidegain, 2002, 31. 4 A lo largo de los siglos XIX y sobretodo del XX estas lagunas y pantanos fueron dre-nados por medio de canales y diques. Los terrenos de las antiguas lagunas constituían tierras públicas, que desde entonces fueron ocupadas ilegalmente por propietarios rurales ambicio-sos, deseosos de ampliar el área destinada al cultivo de la caña de azúcar. Los diques para evitar que el agua siguiera su curso natural (llegar a las lagunas) producen no sólo un grave daño ambiental, sino social, pues su apresamiento produce inundaciones en muchas comunidades rurales esparcidas por la zona.

68 Simonne Teixeira

“O lugar considerado em si, era naquele tempo uma paragem das mais no-táveis e aprazíveis que há em todo este Brasil. São umas Campinas formosís-simas d’algumas vinte ou mais léguas de espaço, quase todo tão raso como o mesmo mar; tão verde, enfeitado e retalhado da Natureza, que parecem outros Campos Elíseos, e são chamados os Campos dos Goitacases, há neles alagoas e uma de tanta grandeza, que do meio dela mal se enxerga terra duma parte e doutra. São suas águas doces e habitadas de infinidade de patos e outras aves semelhantes...”.5

Este paisaje, resultante de la acción geológica natural correspon-diente al delta del río Paraíba do Sul, da origen a esta planicie cuajada de lagunas y otros cuerpos de agua, y continúa aún dominada por la fuerza del río. Así describe el paisaje formado por el río el eco-historiador Arthur Soffiati:

“Imaginemos um rio que atravessa um terreno com áreas planas e com co-linas, havendo, em suas margens, lagoas que dependem das oscilações do nível d’água. Nas cheias, as águas do rio trasbordam e ocupam as partes planas, que chamávamos de várzeas, e as lagoas marginais. Essas várzeas fun-cionam como áreas de escape. Ao se alastrarem pelas planuras, elas reduzem o ímpeto das cheias acima e abaixo do rio. Na estiagem, o nível do rio abaixa e as águas acumuladas nas várzeas descem lentamente”.6

Desde el punto de vista de la ocupación humana de esta región, el río Paraíba do Sul7 cumplió desde tiempos inmemoriales su función de eje vertebrador del espacio. Su cauce orienta el movimiento constante de los pueblos indígenas antes de la llegada de los colonizadores portugueses y después de éstos, los caminos que permitieron la explotación económica de la colonia.

Aunque fuera navegable hasta la ciudad de São Fidélis (unos cien km tierra adentro) a mediados del siglo XVIII, empezó paulatinamente a perder su capacidad para la circulación de barcos. La explotación de oro y sobre todo la intensa deforestación en sus orillas a lo largo de los siglos anteriores, seguramente, aceleró el proceso natural de colmatación de su cauce. Aun así, siguió hasta finales del siglo XIX, sirviendo como arteria de circulación de mercancías y pasajeros.

5 Simão de Vasconcelos, en Feydit, 1900, 19. 6 Soffiati, 2009. 7 Su cuenca posee unos 57.000 km2 y a su paso cruza tres estados de la federación – Sao Paulo, Minas Gerais y Rio de Janeiro – constituyéndose en la frontera misma ente estos dos últimos estados. A lo largo de la historia y aún en nuestros días la cuenca del Paraíba do Sul abriga importantes actividades económicas y la consecuencia es un profundo deterioro ambiental a lo largo de todo su recorrido.

El Canal Campos-Macaé y la red de canales en el Norte Fluminense 69

Para hacer llegar a la ciudad de Campos dos Goytacazes los dife-rentes productos extraídos del amplio territorio de su entorno, llamado sertão,8 lleno de malos caminos, desde finales del siglo XVIII empiezan a surgir propuestas para la apertura de canales de navegación. La existencia de esta densa malla formada por los cuerpos de agua, por un lado, y la in-fluencia del pensamiento Ilustrado que desde Europa alababa los canales como redención del transporte para el desarrollo de la economía por el otro, fundamentan estas proposiciones.

La importancia que tuvo la construcción de canales navegables en Francia e Inglaterra, alcanzó a Portugal y la Casa Litteraria do Arco do Cego. Esta importante imprenta comandada por el fraile brasileño, José Mariano da Conceição Velloso – destacado divulgador del pensamiento Ilustrado – tradujo y publicó la obra de Roberto Fulton, titulada Tratado do melhoramento da navegaçao por canaes, en el año 1800. En esta obra, a la que ciertamente tuvieron acceso muchos lectores en la colonia, se defiende con vehemencia la importancia de los canales para favorecer el comercio y el enriquecimiento del país, que por extensión distribuirá de forma más ecuánime la felicidad. Para él, en sus propias palabras, una

“communicação fácil com - as Nações estrangeiras, ou-com as partes distan-tes do mesmo paiz, extende o mercado, e facilita o trespasso; e a facilidade do trespas e só estimula os esforços do poder activo. Assim huma communi-cação fácil une em mais estreita alliança, as partes remotas, combina os es-forços dos homens , distribue seus trabalhos por huma variedade de canaes, e esparze com mór regularidade as felicidades da vida”.9

El Canal Campos-Macaé constituye quizá la proposición más impor-tante para el aprovechamiento de la configuración del ambiente natural para fines productivos y comerciales. Será también a lo largo de los siglos siguientes cuando se hará la intervención más contundente en el paisaje con el objetivo de controlar las aguas. Sin embargo, aquí trataremos tam-bién de los canales de Cacimbas y Nogueira, que al principio pueden ser tomados como marginales, pero que tenían gran importancia en el circui-to de los géneros producidos en esta zona. Así, en este texto me propon-go rescatar en los discursos de los presidentes de provincia, algunas ideas que orientaron la proposición para la construcción y continuidad de las obras de los canales, considerando su larga y costosa ejecución. Se trata,

8 Sertão es el término utilizado comúnmente en Brasil para las áreas interiores del territorio. Es sabido que la colonización portuguesa se estableció de forma más consolidada en el litoral. El sertão constituye un desierto interior; demasiado lejos, vacío de gentes (aunque densamente poblado por grupos indígenas) y de costoso acceso (sobre todo por la presencia de la Serra do Mar). Esta visión del colonizador cristalizó en la historiografía nacional: un interior vacío de gentes y una naturaleza tan exuberante como peligrosa. 9 Fulton, 1800, 12.

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en este caso, de aproximarnos a las representaciones que desde la Corte, ubicada en la ciudad de Rio de Janeiro, se hacían de la zona productora de azúcar más importante de Brasil en aquel momento. Desde el punto de vista metodológico, pretendemos, a partir de la lectura de los informes oficiales (Relatórios de Presidentes de Província), observar detenidamente algunos aspectos que contribuyan al entendimiento de los procesos histó-ricos, teniendo en cuenta el medio ambiente “natural”, las inversiones y los costes sociales de su construcción.

De hecho, este artículo es tan solo una aproximación a estas fuentes para una investigación que, aunque esté en curso, pretende redefinirse en el abordaje y en la perspectiva teórica, con un acercamiento a los tópi-cos propios de la llamada Historia Ambiental. La aportación principal de datos, en este caso, proviene de los informes oficiales, mientras que en otras ocasiones tuvimos oportunidad de explorar las fuentes secundarias. Desde el punto de vista de los procesos históricos de transformación del espacio, buscamos identificar algunos de los temas relevantes que apa-recen en los documentos, que nos permitan comprender los mecanismos sociales de uso y apropiación del territorio, y los discursos que se constru-yen acerca de ello.

Los informes sobre los que vamos a tratar constituyen un tipo de prestación de cuentas realizada por los presidentes de provincia a lo largo del siglo XIX, a los diputados y senadores en las Asambleas Legislativas Provinciales a finales de cada año. En nuestro estudio nos interesan los informes que tratan sobre la región Norte Fluminense en la Provincia de Rio de Janeiro, cuyo primer volumen es del año 1835. A partir del 1930, marcado por el fin de la República Vieja y la ascensión de Getúlio Vargas a la presidencia del país, dejan de ser producidos.

Estos informes constituyen documentos importantes sobre las dife-rentes provincias y tratan de temas muy diferentes: obras públicas, indí-genas, colonización, iglesia, policía, salud, abastecimiento, etc. Por cierto, teniendo en cuenta que se trata de un documento oficial y sobre todo de una “prestación de cuentas” pública, debemos tener precaución en su lec-tura para no tomar las “falas” como verdades incontestables. Sin embar-go, en algunas ocasiones estos informes traen anexos, como en nuestro caso los informes de los ingenieros responsables de llevar a cabo las di-versas obras, incluyendo la construcción de canales, circunstancia que nos permite acceder a innumerables informaciones significativas para nuestra investigación.

Los informes examinados y otros tantos documentos del gobierno brasileño, están íntegramente disponibles en la red mundial a través del proyecto The Latin American Microfi lm Project (LAMP) desarrollado por el Center for Research Libraries junto a la Biblioteca Nacional (Brasil), donde

El Canal Campos-Macaé y la red de canales en el Norte Fluminense 71

se encuentra depositado el acervo.10 Para llevar a cabo este proyecto se contó con el aporte financiero de la Fundación Andrew W. Mellon en el año de 1994.11

Por último, advertimos que para los fines de esta ponencia, traba-jamos con informes de entre los años 1835 y 1849, lo que constituye una década y media de documentación. Nuestra intención es continuar en la lectura y análisis de esta documentación hasta el año de 1930, cuando se deja de producir. Lo que nos interesa en este momento es sacar de las fuentes las ideas acerca de la naturaleza y las formas de su apropiación.

Considerado el segundo canal artificial de mayor longitud del pla-neta12 y la mayor obra de ingeniería del período imperial en Brasil,13 el Canal Campos-Macaé posee unos cien km de longitud. Su construcción fue onerosa, lenta y con un elevado coste social. Fueron necesarios casi treinta años para su completa conclusión, que iniciada en octubre de 1844 concluyó en 1872.14 El canal aprovecha en su recorrido diversos cuerpos de agua interconectando las cuencas del río Paraíba do Sul, de la Lagoa Feia y del río Macaé en un recorrido discontinuo que alcanza los 97 kilometros.

Es interesante observar que su construcción fue, en parte, contem-poránea a la apertura del canal de Suez (1859-1869), lo que generó en su tiempo, innumerables comparaciones. Nuestro canal es de dimensiones muy modestas si es comparado al de Suez, no sólo en longitud, sino tam-bién en volumen de agua ya que posee poca profundidad, no sobrepasan-do los dos metros en las zonas más hondas. Sin embargo, llevó casi veinte años más su terminación. La irregularidad de las inversiones públicas y privadas que debían hacerse cargo de la obra (con aportes económicos o con la cesión de sus esclavos) y la poca creencia de los terratenientes de la zona en su éxito, obligaban a menudo a la suspensión de los trabajos y al abandono de tramos enteros, que no tardaban, como en la canción de Caetano Veloso, en presentar un aspecto ruinoso cuando todavía estaban en construcción.15

10 Estos informes fueron casi totalmente publicados y se puede encontrar ejemplares de los mismos en otras instituciones de conservación de documentos en Brasil, como por ejem-plo el Archivo Nacional, el Instituto de Historia e Geografía Brasileiro (IHGB) y el Archivo do Itamaraty. También se encuentran ejemplares en archivos estaduales. 11 http://www.crl.edu/pt-br/brazil/about-project. 12 Soffiati, 2007, 15. 13 Silva Telles, 1994. 14 Aunque algunos autores consideren que su inauguración haya ocurrido en el año de 1861 (Soffiati, 2007), apenas una parte del canal era entonces navegable, y las obras no se concluyeron hasta el año de 1872. 15 “Aqui tudo parece Que era ainda construção E já é ruína” Fora de Ordem, letra y música de Caetano Veloso.

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Finalmente se decidió construir un canal navegable que, además de favorecer al transporte de mercancías y personas, contribuyese a drenar los terrenos no aptos para el cultivo de la caña de azúcar. A su paso por el núcleo urbano, drenaría las lagunas que estaban a lo largo de su trazado. Además, estaba el problema de las intensas inundaciones producidas por las crecidas del río en tiempos de lluvia (entre diciembre y febrero), que podrían reducirse con la presencia de los canales.

Las crónicas locales informan que antes de su conclusión ya había una frenética navegación en las partes concluidas. Júlio Feydit nos infor-ma que en el año de 1848 fue lanzada la primera “prancha”16 y Alberto Lamego observa que en el 1858 ya había “navegação cotidiana” en los tramos construidos.17 Charles Ribeyrolles, periodista francés que se exilió en Río de Janeiro, entre los años 1858-60, y estuvo visitando la región, ob-serva que, en pleno funcionamiento, “trinta ou quarenta pranchas (bar-cas achatadas) entram por dia no canal e carregam para Campos os gêne-ros alimentícios ou os produtos de exportação”.18 Considerando este dato y analizando algunos mapas producidos a lo largo del siglo XIX (como el mapa del Mayor Bellegard del año de 1837; el mapa del ingeniero francés Américo Plalon del 1840 y el producido por la empresa de abastecimiento y drenaje de aguas, The Campos Syndicate Ltda, de finales de la década de 1890) se puede constatar que el canal todavía no está plenamente concluido, esto es, todavía no está conectado con el río Paraíba do Sul. Las canoas y pranchas llegaban cargadas a Campos a la laguna do Osório, donde terminaba entonces el canal. La intensidad del movimiento, veri-ficada por los documentos y autores, reafirma su importancia y nos lleva a pensar que los productores acuden al canal para llevar sus productos al puerto fluvial de Campos que todavía se utilizaba:

“Não communica com o Parahyba: vai sahir á lagôa do Ozorio, que fica den-tro da cidade, e he rodeada de edifícios, servindo essa lagôa como de por-to de embarque e desembarque, distante da margem direita do Parahyba cousa de 20 a 25 braças,: nem há n’isso inconvenientes, antes vantagens, 1o. porque os grandes barcos, que navegão no Parahyba não são os próprios da navegação do canal; 2o. porque a communicação com o Parahyba, alem de grande despeza com uma forte eclusa, poderia introduzir no canal grande massa de águas nas ocasiões das enchentes; e o transporte dos gêneros da margem direita do Parahyba para o porto do Ozorio (25 braças) he sem duvi-da mais comodo do que até o Ururahy (duas leguas e tanto), quando mesmo fosse possível fazer-se a grande despeza, que demanda uma estrada de ferro n’essa extensão”.19

16 Embarcación del tipo chata o chalana, pero más sencilla. Feydit, 1900, 271. 17 Lamego, 1942, 41. 18 Ribeyrolles, 1980, 34. 19 Doc. 7 [1846-47], 44-45.

El Canal Campos-Macaé y la red de canales en el Norte Fluminense 73

A partir de finales del siglo XVIII la región de Campos dos Goyta-cazes sustituye la ganadería como actividad principal por la producción agro-azucarera, destacándose a lo largo del siglo siguiente en el escenario nacional como el más importante centro productor de azúcar en Brasil. Por el río Paraíba do Sul pasó a fluir toda esta producción. De hecho, se puede decir que la necesidad de construir una vía fluvial alternativa crece con la importancia de esta industria. No obstante, como ya se señaló, la región Norte Fluminense destacaba por producir, además del azúcar y productos derivados, como la cachaça y la melaza, un sinfín de otros pro-ductos como la madera, el arroz, maíz, frijoles y café.

La necesidad de construir este Canal viene dada por la importancia de fijar una buena comunicación entre Campos y la capital de la Corte, la ciudad de Río de Janeiro, que siempre presentó dificultades. Los caminos por tierra, como se tuvo la oportunidad de explicar en otra ocasión, eran de los peores y no permitían el flujo regular de los productos hacia la Corte. Con la creciente importancia económica de este municipio como productor de diferentes géneros, sobre todo de azúcar, era de fundamen-tal relevancia establecer vías eficaces de comunicación para garantizar la circulación de productos y personas. Y además, la utilización de pequeños canales artificiales asociados a la Lagoa Feia desde siglos anteriores, cier-tamente sirvió de inspiración para que se planteara un canal de mayor envergadura.

La navegación hasta la Corte se debía realizar en aquel momento desde el puerto de São João da Barra hasta la ciudad de Macaé y después a la ciudad de Río de Janeiro. El Cabo de São Tomé hacía el viaje peligroso pues la mayor parte de este accidente geográfico se encuentra cubier-to por el agua: los barcos para cruzarlo debían adentrarse mucho en el mar, dejando la navegación de cabotaje, más cercana al litoral. Para em-peorar, como ya advertimos, el río Paraíba do Sul presentaba problemas de colmatación. Por esta última razón, fue en alguna ocasión propuesto dragar el río para hacer más fácil la circulación de los barcos. En el siglo XVIII, el obispo Azeredo Coutinho20 manifiesta su preocupación acerca de la existencia de bancales de arena en el río, que califica de “mutáveis e incertos”, dificultando la navegación. Continúa indicando la necesidad de hacer “uma barra artificial de pedra”.21 La solución que se plantea es la apertura de un canal, presentada por el propio obispo en el año de 1794,

20 José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho, nació en la ciudad de Campos dos Goyta-cazes en el año de 1742. Realizó sus estudios en Coimbra y después fue nombrado obispo de Olinda. Allí participó de la Junta Gubernativa de la Capitanía de Pernambuco y fundó el Se-minario de Olinda, de principios acentuadamente iluministas e importante en el marco de la educación en Brasil. 21 Coutinho, 1966, 107.

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cuando publica el libro Ensaio económico sobre o comércio de Portugal e suas colónias. Observa cómo

“Toda esta planície [entre os rios Macaé e Paraíba do Sul] é cortada de vários rios e lagoas, cujas águas correm umas para o rio Paraíba, outras para o rio Macaé, e pelo meio de toda aquela planície se pode fazer um canal de comu-nicação desde as nascentes dos dois rios Ururaí e Macabu que, nascendo da grande Serra do Mar, vão entrar na famosa lagoa Feia, que por um braço se estende para o lago de Quissamã e deste para as lagoas de Carapebus, até entrar no dito rio Macaé”.22

Sin embargo, en los informes aparecen como precursores de este proyecto, José Carneiro da Silva, el vizconde de Araruama y su hermano, el teniente coronel João Carneiro da Silva:

“Conhecedores das localidades, e levados d’aquelle nobre ardor de bem fa-zer, que anima as almas bem formadas, offerecerão em 1810 a S.M. o se-nhor D. João VI, de saudosa recordação, uma memória, em que mostravão as vantagens, que devião resultar aos Campos dos Goytacazes, que então comprehendiam a maior para do município de Macahé, se se levasse a effei-to a limpeza dos rios que esgotam a lagôa Feia, e a abertura de novas vallas para o dessecamento dos pântanos, que existião n’essa parte da província”.23

En su libro Campos: na taba dos Goytacazes, Rodrigues ya advirtió el equívoco acerca de considerar como proponente a José Carneiro da Silva, observando que su obra Memória sobre a abertura de um novo canal para facilitar a comunicação entre a cidade de Campos e a vila de Macaé, donde expone la necesidad y las ventajas de este canal, data del 1836. Sin embargo, como ya advirtió Soffiati, el vizconde de Araruama actuó como un gran incentivador de la obra “persuadindo o governo provincial de que ela contribuiria para o dessecamento dos pantanais da região, para a fluência das águas estagnadas, para o transporte por via fluvial e para a substituição do porto de São João Barra, com foz perigosa, pelo de Macaé”.24 De hecho, para nosotros esta es una discusión cerrada puesto que no va a aportar ningún dato relevante.

En el primer informe, del año de 1835, ya se puede leer acerca de la dificultad de navegación, el proceso de colmatación en la desemboca-dura y los perjuicios derivados de estos problemas, así como la urgente necesidad de solucionar el problema de transporte de los productos de la región. Como puede observarse en las transcripciones de los informes, los problemas persisten a lo largo de los años. El contenido del texto nos

22 Ibidem, 106. 23 Doc. 7 [1846-47], 42. 24 Soffiati, 2007, 14, en Silva, 1836.

El Canal Campos-Macaé y la red de canales en el Norte Fluminense 75

hace recordar, por su similitud, a la defensa que hace Fulton, ya citado anteriormente, de los canales para el comercio

“(...) necessidade de abertura e conservação de meios, que facilitem o trans-porte dos produtos de nossa agricultura, e tornem mais rápidas as comunica-ções, e as viagens do commercio interior, fôra por certo mais do que ocioso. Ninguém há ahi, que hoje desconheça, quanto a riqueza e a civilização de hum Paiz cresce na razão direta de seus meios de comunicação”.25

“Alêm de todas as demais vantagens resultaria dahi a facilidade da conduc-ção dos produtos de exportação de Campos para o Rio de Janeiro, por quan-to assim poderão as embarcações nisso empregadas hir toma-los a Macahé, que hoje são muitas vezes tres e mais mezes á espera de tempo proprio para sahirem a barra de Campos”.26

“As viagens que fazem as embarcações de cada um dos portos acima men-cionados, são mais ou menos breves e repetidas dentro do anno, por circuns-tancias que longo fôra enumerar. No porto de S. João da Barra, por exemplo, tem ellas de esperar fora da barra os sues para a entrerem, e dentro os nortes para sahirem. Por isso soffrem muitas vezes, depois de carregadas, semanas e mezes de demora”.27

Y desde el primer informe, la solución presentada “ao melhoramen-to da barra, obra de grande difficuldade” es la apertura de “communi-cação por via de canaes entre Campos e Macahé”.28

Como se observa en los discursos proferidos por los presidentes de provincia, está presente una idea de progreso que asocia la riqueza y la capacidad de circulación de los productos de la región. Pero sobre todo asocia la idea de una naturaleza “indomable” que necesita ser controlada y dominada por la razón y la ingeniería humana. Si por una parte, la na-turaleza sirvió de eje conceptual permitiendo comprender el universo, la historia humana se construyó en gran parte en oposición a la naturaleza – de ahí técnica versus naturaleza.29 Así que en este ambiente de terrenos anegadizos por las frecuentes inundaciones producidas por el río Paraíba do Sul, es necesario drenar los grandes lagos, dominar por medio de la técnica las aguas en sus nuevos cauces (artificiales), abrir los terrenos a nuevos cultivos....

“Alêm d’outras obras propostas por aquelle Official, como convenientes para deseccar varios terenos pantanosos e alagadiços, e para evitar funestros effeitos das innundações do Parahiba, parece de grande utilidade a com-

25 Doc. 1 [1835], 15. 26 Ibidem, 16. 27 Doc. 2 [1840], 21. 28 Doc. 1 [1835], 18. 29 Padua, 2010, 87.

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municação deste Rio com a Lagoa Feia por via do Ururahy; e desta com as Lagoas dos Coqueiros, Bananeiras, Jacaré, Saquarema, e Tay, da qual pode-ria tambem abrir-se communicação com o já mencionado Rio Parahiba. Esta obra, alêm de deseccar grandes pantanos, e restituir á agricultura extensa porção de fecundos terrenos, teria a vantagem de apresentar para transpor-te dos productos do grande numero de Fazendas, que occupão o Distrito de Campos, hum desenvolvimento de muitas léguas de caminhos hydraulicos. E pois que he possível, e até parece fácil, conforme opinião de hum Illustre Membro desta Casa, o encanamento da Lagoa Feia com o Rio Macahé”.30

Es interesante observar que los distintos cuerpos de agua que se mencionan son vistos como parte del problema de las inundaciones, cuan-do en realidad la característica propia de esta planicie es su ambiente de humedales. La relación del río con las distintas lagunas y pantanos debía funcionar como un sistema circulatorio para el agua a lo largo del año y a las temporadas de lluvias y sequía. La necesidad de expansión de terre-nos drenados, dictada por la economía azucarera interrumpe el funciona-miento del sistema sin antes haber pretendido comprenderlo.

En este mismo año de 1835, el mayor Henrique Luis de Niemeyer Bellegard, en su informe entregado por encomienda del presidente de la Provincia de Río de Janeiro, observa que “com toda a urgência reclama o progresso da Agricultura, do Commercio, e por consequência, da civili-zação da nossa província a proposta de abertura de hum Canal dividido em duas grandes sessões, huma entre os Rios Parahyba e o Macahé, e a outra entre este e a baia de Nitheroy”.31 Como nota, llamo la atención respecto a la propuesta de extender el canal hasta la ciudad de Niterói, cerca de 260 km de distancia de Campos. De hecho, las primeras proposi-ciones defendían una longitud mayor para la obra, pero las dificultades llevaron al rápido abandono de esta idea, limitando su longitud hasta la ciudad de Macaé.

El canal Campos-Macaé no fue el único canal llamado a ser construi-do en esta región. La presencia de lagunas por todo el área y la prolija productividad de estas tierras demandaron la necesidad de otros canales. Aunque es el de mayor longitud, otros importantes canales para la nave-gación fueron abiertos en el siglo XIX. Al canal Campos-Macaé se asocia hoy un intrincado sistema de canales de drenaje, ampliado a lo largo de este mismo siglo y sobre todo en la primera mitad del siglo XX, llegando a alcanzar los 1.500 km de longitud, presentando hoy en día graves pro-blemas de colmatación y obstrucción en diversos puntos.

El Informe de 1835 menciona la necesidad de construirse un canal interconectando el río Paraíba do Sul a lagoa do Campelo. De menor por-

30 Doc. 1 [1835], 16. 31 Bellegarde, 1837, 53.

El Canal Campos-Macaé y la red de canales en el Norte Fluminense 77

te, pero por lo que se desprende de la lectura del documento, importante para el tránsito de los productos: “(...) he a abertura de hum canal ao Nor-te do Parahiba, que comunique este Rio com o Brejo Grande, e permitta dest’arte o transporte por agua dos productos do fertilíssimo Sertão do Nogueira”.32

Dice Bellergard33 que el canal do Nogueira fue proyectado en el año de 1829 por el brigadier Antonio Eliziario de Miranda e Brito, cuyo obje-tivo era el de

“favorecer a exportação dos productos do Sertão do Nogueira em Campos dos Goytacazes, communicando o (...) Brejo Grande com o rio Parahyba, atra-vez de diversas Lagoas intermediarias. Foi este Canal projetado na hypothese de que devera ser alimentado pelas agoas do rio Parahyba, como na verdade convêm ao terreno”.34

Este canal, que como indica Bellegard, pretendía interconectar el río Paraíba do Sul a la laguna do Campelo (en la documentación llamada de Brejo Grande), incorporaría otras lagunas en su recorrido: Maria do Pilar, Taquaruçu, brejo da Olaria, do Fogo e Brejo Grande, da Saudade, Formosa, dos Coxos y Tigibibaia. Como se puede observar, la existencia de numerosos cuerpos de agua es un incentivo para la proposición de ca-nales, siempre que se aprovechen estos elementos naturales como forma para favorecer la construcción. En un área tan parca en recursos y con pro-blemas de comunicación, el aprovechamiento de las lagunas, pantanos y riachuelos permitía que el trabajo fuera ejecutado simplemente a fuerza de trabajo esclavo y sin el uso de demasiados recursos técnicos.

El proyecto original nunca fue plenamente ejecutado. Ya en su mo-mento Alberto Lamego lo consideró una obra suntuosa por haber sido revestida de cantería, sirviendo para el transporte de maderas nobles y la producción agrícola del sertão de Nogueira.35 En los informes del siglo XIX es frecuente encontrarse con relatos que aluden al abandono de las obras y a los perjuicios que conlleva su paralización

“As obras do Canal do nogueira, projectado e começado com tanto entusias-mo pela grande utilidade, que nelle há de prestar em todo o sentido até á hygiene publica nos arredores do Brejo Grande, achão-se paradas desde 8 de Novembro de 1840, e em effectivo abandono (...) A cantaria destinada para a eclusa acha-se coberta de mato nascido sobre densas e repetidas camadas de lodo envolto em ârea, que a ultima enchente do Parahyba lançou-lhe por cima (...) He pois de urgencia a continuação desta obra (...) Estou que a

32 Doc. 1 [1835], 17. 33 Bellegarde, 1837, 50. 34 Ibidem, 31. 35 Lamego Filho, 1934 en Soffiati, 2007.

78 Simonne Teixeira

Barreira nesse Canal depois de concluído, produzirá em alguns annos a renda necessaria para cobrir o capital gasto em sua construcção, e para conserval--o, pela frequencia, com que tem de ser navegado, attenta a população, que delle se hade servir”.36

A finales del siglo XIX y en las cuatro primeras décadas del siglo XX, se realizaron algunos esfuerzos para concluirlo o por lo menos para me-jorar la navegación por su cauce, pero los problemas nunca fueron com-pletamente resueltos, aunque su importancia hoy se deba a su capacidad de regulación del agua en esta zona, sobre todo en el período de lluvias.

Es el mayor Bellegard quien también destaca como defensor de la construcción de otro canal en el margen izquierdo del río Paraíba do Sul, ya próximo a la ciudad de São João da Barra, que abrigaba entonces el puerto más importante de este río, ubicado cerca de la desembocadura al mar.

En el 1843 ya se tienen noticias de esta vía fluvial nombrada en los informes como “Valla Navegável de Cacimbas”. Extrañamente no lo lla-man canal y sí vala, aunque su función no parece diferir en nada de las otras obras en curso.

“A Companhia empresaria d’esta valla acha-se bem organisada, com seu pa-gamentos em dia, e forceja para concluir a empresa quanto antes, mas seus esforços nem sempre tem sido coroados dos melhores resultados, por que taes trabalhos estão sempre subordinados á influencia da athmosphera. A ultima enchente do Parahyba conservou o terreno por muito tempo alaga-do, pertubou o andamento do serviço, de maneira que no anno passado pouco adiantamento teve. Esta valla já tranpoz a lagôa do Silva, que se su-põe o meio, o publico utilisa-se constantemente da parte prompta, pela qual navegão diariamente de 10 a 12 canôas de todos os portes, carregadas de taboado, e das producções agrícolas de todos os portes”.37

En esta amplia área, había una densa vegetación nativa de gran exu-berancia, alabada por distintos naturalistas que la recorrieron a lo largo del siglo XIX. Entre ellos destaco Burmeister, Tshud, Pfeiffe y Reys, que demostraron verdadera admiración por la vasta extensión del bosque, ob-servando también el sistemático proceso de deforestación a que estaba sometido. Quizás el mejor relato sea el de Antônio Muniz de Sousa, uno de los pocos brasileños que viaja por los sertões dejando sus impresiones a modo de los cronistas europeos. Este autor observa la intensa actividad maderera en la zona y sus consecuencias:

36 Doc. 4 [1843], 39. 37 Idem.

El Canal Campos-Macaé y la red de canales en el Norte Fluminense 79

“estas não só são destruídas pelos agricultores, sem especulação e calculo, que não sabem o modo de beneficiar os terrenos, assim destroem as florestas em prejuízo seu e do Brasil. (...) He dolorozo ver reduzir a cinzas legoas de matas aformozeadas de preciozos troncos, tornando os fecundos terrenos ornados d’aquellas, a vis charnecas, e a péssima mondas”.38

De hecho, el problema de la tala de árboles parece ser una preocu-pación en estos tiempos. J. da C. Barboza, segundo secretario de la So-ciedade Auxiliadora da Industria Nacional, escribe un artículo en el pe-riódico editado por esta Sociedad, donde trata de la intensa actividad de deforestación emprendida por los agricultores, de modo predatorio y sin cuidados.

“Muitos são os objectos de Economia rural, que em nossas circustancias se deveriao tratar, (…) eu só me ocuparei hoje do abuso, que em muitas partes do Brazil se comette quando derrubao arvores seculares, e magestosas, que nos deveriao merecer todo o respeito, em certas circunstancias: e condem-nando-se a destruição de hum incêndio, á titulo de estrumarem as terras com suas cinzas; operando as vezes a machado e o fogo a destruição de huma obra, em que a natureza gastara longos anos”.39

En su artículo pretende comparar las graves consecuencias de la tala sistemática de bosques en la región de la Normandía con el proceso de tala masiva de los bosques en Brasil, sin olvidar el problema ocasionado en los manantiales por esa destrucción de la cubierta vegetal. Como se puede comprobar, el proceso sistemático y continuo de destrucción de estos bosques, ya preocupaba a algunos sectores de la sociedad, incluso a aquellos vinculados al sector productivo.

La extensa área en la cual se construyeron estos canales está carac-terizada por un conjunto de vegetación que se asocia a la unidad geoló-gica formada por la zona cristalina baja y la Formación de Barreiras. La cobertura vegetal se caracteriza como la de un bosque estacional semi-decidual, con la presencia de algunas especies numerosas en esta parte como Caesalpinia echinata (pau-brasil), Cariniana (jequitibá), Parateco-ma peroba (peroba-de-campos), Parapiptadenia (angico), Peltophorum (cana-fístula), Tabebuia (ipê-amarelo) y Astronium (aroeira), entre otras de menor importancia.40 Los árboles mencionados destacan por su mo-numental envergadura y por la excelente calidad de su madera, de gran utilidad tanto por su uso en edificaciones como por toda una suerte de útiles que de la madera se elaboran. Hubo una creciente demanda de estos recursos, no sólo en la región, sino también en la Corte, sobre todo

38 Sousa, 1834, 77. 39 Barbosa, 1833. 40 Soffiati, 2005.

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a raíz de la expansión extraordinaria que tiene efecto a partir del año de 1808, tras la transferencia de la Corte Real de Portugal a Brasil. Convertida en capital del Imperio, la ciudad no tan solo se expande territorialmen-te, sino que pasa igualmente a acoger instituciones de gran importancia, como la Biblioteca Nacional, la Academia Militar y la Marina, la Imprenta Regia y el Jardín Botánico, entre otras. La intensa extracción de madera que señalamos, exigía mejores medios para su traslado. Que el tema fuera mencionado con manifiesta preocupación cada año, en los informes, re-fleja la importancia que el aporte de maderas provenientes de esta región suponía entonces y la necesidad de tener en uso los canales.

La cuestión es que, reiteradamente en los informes, se observa, jun-to a la defensa de su importancia y la necesidad de realizar las obras en los canales, por las razones ya mencionadas, referencias a los problemas enfrentados para su conclusión: trabajos mal ejecutados, abandono de las obras y despilfarro de recursos públicos. De hecho, parece que los tres as-pectos son parte de un mismo problema, el que enfrentan los dos canales propuestos para la margen izquierda del río Paraíba do Sul.

El Canal do Nogueira, como ya advertí, no tuvo su proyecto original concluido. Una de las razones seguramente fuera el abandono invariable de las obras. En los informes del año 1846-1847, se hace alusión a los pro-blemas de interrupción de los trabajos y a las consecuencias de ello, como ya mencionamos más arriba. Y en estos casos:

“Esta obra, que começou em 1833, achei parada quando tomei posse da presidencia d’esta província, e mandei continuar em data de 24 de julho de 1844 com consignação mensal de 1:500$”.41

“Fui pessoalmente examinar parte ‘essa obra quando em novembro preteri-to estive em Campos, e observei que as primeiras porções começadas d’esse canal estão cubertas de grandes matos: a necessidade de se não perder a despeza feita, e a importancia do canal exigem sua propta conclusão”.42

En el informe que corresponde al Canal Campos-Macaé también en-contramos referencias a los problemas enfrentados:

“Se por um lado as obras administradas ficão muito mais caras do que arre-matadas, muito principalmente quando para ellas se concedem nas leis do orçamento consignações muito diminutas, como tem sido pratica quase cons-tante com o fim talvez de se procurar satisfazer ao mesmo tempo ás reclama-ções mais ou menos justas de todos os municípios da província, pois que taes consignações são apenas sufficientes para se pagar aos primeiros emprega-dos das obras, restando quase nada para os jornaes dos trabalhadores e para materiais, por outro lado tambem não é menos certo que das arrematadas

41 Doc. 7 [1846-47], 47. 42 Idem.

El Canal Campos-Macaé y la red de canales en el Norte Fluminense 81

algumas tem ficado caríssimas á província, e tão mal construídas que dentro em pouco tempo se tem achado arruinadas, exigindo concertos”.43

Respecto a la precariedad de ejecución, el canal Campos-Macaé ya fue objeto de comentarios por parte de Ribeyrolles, quien observando la ausencia de revestimiento advirtió un acentuado proceso de colmatación de su cauce

“As ribanceiras e os flancos não se achavam revestidos, fortalecidos contra infiltrações e os desmoronamentos. Enfim, será mister estabelecer um ser-viço permanente, quer para impedir os obstáculos, quer para remediar os desastres”.44

Estos problemas parecen persistir a lo largo de los años. Lamego indica que en 1891, Júlio Feydit “propõe na sessão da Câmara de 31 de Dezembro, que fosse aberta concurrência para o aprofundamento do ca-nal entre o Paraíba e a eclusa da Olaria”.45 Todavía en nuestros días estos problemas persisten. La mayor parte de su curso no posee revestimiento y algunos tramos se encuentran completamente colmatados e inutilizables. Con respecto al río Paraíba do Sul también los problemas persisten; hay una intensificación de los que venimos apuntando desde el principio y una ausencia de intervenciones para reducirlos. Hoy día podemos procla-mar el fin del Paraíba do Sul como una “estrada líquida”.46

Como se evidencia en los informes, el aspecto ambiental predomi-nante, esto es, el amplio “mar interior” formado por los diversos cuerpos de agua, es mencionado en todo momento, vinculándolo a la necesidad de construcción de los canales, y a los problemas para su mantenimiento. En este sentido, las inundaciones frecuentes del río Paraíba do Sul y de la planicie son un mal a combatir por la necesidad de mejorar los accesos, por el control de las aguas, por la creación de nuevos terrenos de plantío y por la sanidad ambiental. Pero este es uno de los problemas persistentes relacionado a las obras en cuestión y quizá al abandono de las mismas, ya sea durante la construcción o bien avanzados los trabajos.

Alberto Lamego dijo que el “fracasso de todas estas vias artificiais deve-se antes de tudo, à inexistência de um estudo conjunto de toda essa complexíssima hidrografia da planície”.47 Para él, sólo a partir del año 1940, cuando el Departamento Nacional de Obras de Saneamento/DNOS sea creado habría estudios “científicos” de esta compleja hidrografía. Sin embargo, todavía se cometieron entonces muchos equívocos, aunque la

43 Ibidem, 18. 44 Ribeyrolles, 1980, 34-35. 45 Lamego, 1942, 50. 46 Rodrigues, 1988, 94. 47 Lamego, 1945, 157.

82 Simonne Teixeira

red de canales estuviera esparcida por toda la planicie. De hecho, ni antes ni después de la actuación del DNOS, hasta la década de 1990, se gozaba de un conocimiento profundo de la delicada y compleja hidrología de esta zona. Fue a partir de entonces que se hizo objeto de innumerables investigaciones científicas cuyas intenciones no eran las de drenar y/o dis-ciplinar las aguas para optimizar los terrenos para la actividad agrícola sino para generar conocimientos científicos sobre los ecosistemas. Pero esta sería otra discusión.

Como se pudo observar en la lectura de los informes, la necesidad de apertura de los canales estaba directamente asociada a los problemas de navegabilidad en el río Paraíba do Sul, a la precariedad de los caminos existentes, a la expansión de las actividades económicas vinculadas a la producción de azúcar y a la instalación de nuevos equipamientos y mo-dernización de los procesos industriales. El desarrollo urbano de la ciudad de Campos dos Goytacazes intensificó la circulación de personas y de pro-ductos destinados a una clase económica acaudalada.

La continuidad de nuestro estudio, que supone proseguir con la lectura cuidadosa de estas fuentes, impone entender cómo este espacio/región fue construido (desde el punto de vista de las representaciones) a lo largo de los siglos, de forma que se puedan revisar las concepciones elaboradoras sobre la naturaleza y el paisaje local. Resulta fundamental tener en cuenta que es a partir de estas representaciones, que son toma-das las decisiones que inciden sobre el medio ambiente. Establecer la rela-ción entre la concepción de la naturaleza y las dinámicas económicas, nos puede aportar datos interesantes para que actuemos en los días de hoy.

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INFORMES ANALIZADOS PARA ESTE ARTÍCULO

Falla que o Presidente da Provincia do Rio de Janeiro, o Conselheiro Joaquim José Rodrigues Torres, abriu a 1a. sessão da 1a. legislatura da Assembléa Legislati-va da mesma Província, no dia 10. de fevereiro de 1835 (Nitheroy).

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Relatório do Presidente da Província do Rio de Janeiro o Conselheiro Paulino José Soares de Souza na abertura da 1a. sessão da 3a. legislatura da Assembléa Provincial acompanhado do orçamento da receita e despeza para o anno de 1840 a 1841 (Nitheroy, 1851).

Relatório do presidente da provincia do Rio de Janeiro, 1842.Relatório do Presidente da Província do Rio de Janeiro João Caldas Vianna na aber-

tura da 2a. sessão da 4a. legislatura da Assembléa Provincial acompanhado do orçamento da receita e despeza para o anno de 1843 a 1844 (Nitheroy, 1851).

Rio de Janeiro (Província) [...] 1844; inclui o Relatório da Quarta Secção das Obras Publicas da Província do Rio de Janeiro, apresentado á respectiva Directoria em janeiro de 1844, por José Xavier Garcia D’Almeida, Major do Imperial Corpo de Engenheiros e Chefe da mesma secção.

Relatório do Presidente da Província do Rio de Janeiro, o Visconde da Villa Real da Praia Grande, na abertura da Assemblea Legislativa Provincial no 1o. de Março de 1845 (Rio de Janeiro).

Relatório do Presidente da Província do Rio de Janeiro o senador Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho na abertura da Assemblea Legislativa Provincial no 1o. de Março de 1846 acompanhado do orçamento e despeza para o anno finceiro de 1846 e 1847 (Niterói, 1853).

Relatório do Presidente da Província do Rio de Janeiro o senador Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho na abertura da Assemblea Legislativa Provincial no. [.] Março de 1847 acompanhado do orçamento e despeza para o anno finceiro de 184[.] (Rio de Janeiro, 1847).

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 85-98

O Canal Campos-Macaé e a rede de canais no Norte Fluminense:

recursos para circulação, saneamento, urbanização e

embelezamento das cidades1

Teresa de Jesus Peixoto FariaUniversidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

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INTRODUÇÃO

A rede de canais da qual trata este artigo, localiza-se na região con-formada pela planície deltaica do Rio Paraíba do Sul, denominada Baixa-da Campista ou Baixada dos Goytacazes, situada no Norte do Estado do Rio de Janeiro, na Região Sudeste do Brasil.

Essa vasta planície é constituída de terrenos alagadiços com depres-sões pantanosas, que não favorecem, portanto, ao desenvolvimento de certas atividades produtivas. Desse modo, ao longo de seu processo de ocupação e exploração, sofreu várias intervenções, modificando profun-damente os seus espaços e ambiente.

A Baixada Campista vem sendo sistematicamente estudada, des-de o relatório produzido, em 1785, pelo capitão de infantaria, Manoel Martins do Couto Reis (Reis, 1785), onde essa eco-região foi destacada por sua complexidade e peculiaridades. Essas características geográficas peculiares, desde então, se consagraram como fatores determinantes de um modo de ocupação e de relação particulares com o ambiente, desde as culturas indígenas, que foram os habitantes anteriores à chegada dos colonizadores europeus.

1 Este texto contempla parte da pesquisa “Transformações na paisagem da restinga, inundações e os impactos da construção do Complexo Portuário do Açu: a construção da me-mória coletiva”, desenvolvida em parceria com Luiz de Pinedo Quinto Jr., que já resultou em duas publicações conjuntas: Faria, Quinto, 2008, e Quinto, Faria, Carvalho, Crespo, 2010. Ele é o resultado de um lado, de nossas preocupações com os impactos na região a partir da instala-ção do Complexo Portuário do Açu e, de outro dos avanços, de meus estudos sobre a história urbana da região, iniciados com a elaboração da minha tese de doutorado (Faria, 1998).

86 Teresa de Jesus Peixoto Faria

Alberto Ribeiro Lamego publicou, nos anos 1940, diversos trabalhos2 sobre a Baixada Campista, a qual chamava de “Baixada dos Goitacases”, tornando-se conhecido como o autor que mais se deteve na análise das peculiaridades da região, discutindo, principalmente, a relação do ho-mem com o meio. Seus estudos se estenderam a todo o estado do Rio de Janeiro e continuam sendo referência para os estudos regionais.

Na atualidade, podemos citar trabalhos mais recentes de pesquisa-dores como Esteves (1998), Soffiati (2001), Muehe (1998) e Carneiro (2004) que estudam a região sob diferentes prismas, histórico, ambiental, geo-morfológico, econômico, geográfico.

PRINCIPAIS MUDANÇAS ECONÔMICAS E TRANSFORMAÇÃO DO AMBIENTE

A Baixada Campista ou Baixada dos Goytacazes, devido às suas ca-racterísticas, sofreu várias intervenções motivadas por razões sanitaristas, como erradicação de doenças, e pela necessidade de expansão das ativi-dades econômicas. Essas intervenções se incluíam no projeto moderniza-dor das elites brasileiras, voltado, sobretudo, para a estruturação do com-plexo agro exportador. Esse processo de modernização tem seus inícios, nos anos 1830, quando ocorre o ressurgimento agrícola e a transformação do modo de produção voltado para a exportação. Neste período, o muni-cípio de Campos dos Goytacazes passa a ser um importante centro produ-tor de açúcar, vendo-se obrigado a reestruturar seus espaços, dotando-os de infraestrutura, para inserir-se no complexo agro exportador.3

É nesse contexto, que ocorre a construção do canal Campos-Macaé, relacionada, de um lado, à criação de novos meios de transportes mais eficientes e econômicos, já que a economia exportadora dependia dos custos de transportes que consumiam mais de 80% do custo de produção, de outro, à ampliação de áreas de cultivo e, finalmente, à necessidade de saneamento de brejos, lagoas e áreas alagadiças consideradas insalubres pelos sanitaristas, dinamizando a circulação de mercadorias e as comuni-cações.

A introdução, por volta de 1854, da ferrovia e da hidrovia modernas, faz uma enorme revolução nos caminhos e nas infraestruturas de trans-porte, no Brasil. Até meados do século XIX, os sistemas eram baseados em caravanas de tropeiros e navegação de monções. Podemos afirmar que a consolidação da economia brasileira, no final do século XIX, coincide com um processo de acumulação em nível mundial, com a construção das ferrovias e grandes obras de infraestrutura e serviços urbanos, e acele-

2 As mais conhecidas e difundidas obras de Alberto Ribeiro Lamego são: O Homem e a Guanabara; O Homem e a Restinga e O Homem e o Brejo. 3 Quinto, Faria, Carvalho e Crespo, 2010.

O Canal Campos-Macaé e a rede de canais no norte fl uminense 87

rarão dos fluxos de circulação de mercadorias através das cidades e dos territórios.

Claro que essas mudanças não são remarcáveis somente no campo da economia. A partir da segunda metade do século XIX, mudanças im-portantes se instauraram no Brasil: a introdução de novos valores —os da sociedade européia— e de novas configurações socioeconômicas, que tiveram como conseqüências mais marcantes a abolição da escravidão e a instituição da República.

Um verdadeiro movimento de crítica e de modernização social e es-pacial estava florescendo, acompanhado de mudanças sensíveis na com-posição social e nos fundamentos do sistema produtivo brasileiro. O mo-vimento de progresso e desenvolvimento não foi, evidentemente, linear. O projeto modernizador, embora pretendendo a integração do território e a construção de uma identidade nacional, não resolveu as contradições e nem apagou os contrastes entre as cidades do litoral, prontas para se inserirem na lógica capitalista e aquelas situadas no interior do país, ainda ligadas à tradição agrícola.4

A cidade de Campos dos Goytacazes, apesar de coadunar com o per-fil de cidade de interior, devido à importância de sua produção açucarei-ra, vai vivenciar, nas últimas décadas do século XIX e início do século XX, uma completa transformação para adaptar-se às exigências do capitalis-mo. Sua indústria açucareira modernizou-se, ao mesmo tempo em que a cidade ganhava equipamentos modernos, infraestrutura e novos serviços. Bancos, companhias de seguro, companhias de navegação, foram criados; construíram-se vias férreas; instalaram-se água, esgoto e iluminação elé-trica.5

No ciclo econômico que se inicia no período que vai dos anos 20/30 até os anos sessenta do século XX, a economia e o mercado interno bra-sileiros saem extremamente fortalecidos com a crise da economia mun-dial, resultante da Crise de 1929 e da II Guerra. A desestruturação dos mercados europeu e asiático, em função da guerra, destruiu a produção industrial e agrícola.

No Brasil, observamos a passagem de uma economia agrícola para uma economia industrial. Inicia-se um processo de crescimento dos mer-cados internos de consumo e das áreas agriculturáveis, com a abertura de novas fronteiras agrícolas e a recuperação das áreas inundáveis.

O Brasil entrava num ciclo em que as cidades adquirem o papel he-gemônico na economia nacional, e isso acelera os deslocamentos da po-pulação que deixa o campo e migra para as cidades, atraindo os migran-tes através dos empregos melhores na indústria, no serviço e no comércio.

4 Faria, 1998. 5 Faria, 2001.

88 Teresa de Jesus Peixoto Faria

Assim, aos poucos, o país saía de uma economia de subsistência para uma economia capitalista do tipo urbano-industrial, onde o custo de reprodu-ção da força de trabalho estava baseado no acesso a produtos alimentí-cios básicos e baratos para a população urbana.

A produção de açúcar, principal atividade econômica brasileira, até meados do século XIX, era centrada nos engenhos movidos à tração ani-mal ou por escravos, com um sistema produtivo que não mudara nos úl-timos séculos.

O processo de industrialização iniciou-se nas últimas décadas do sé-culo XIX, e dependia dos recursos hídricos para movimentar as caldeiras a vapor e os processos produtivos dele decorrentes, fazendo com que as indústrias procurassem a se localizar próximas a fontes abundantes de água como, por exemplo, rios e canais.

Vale lembrar que a industrialização não ocorreu em todo o país si-multaneamente e com a mesma intensidade. O seu pólo dinâmico situa-va-se no sudeste, particularmente em São Paulo, onde se localizava a mais poderosa economia exportadora: a cafeicultura.

No Norte Fluminense, a partir do renascimento agrícola apoiado por uma política de Estado de incentivo a concentração da produção açu-careira, a industrialização dos engenhos de açúcar também passa pela introdução, por volta de 1850, da máquina a vapor. Este processo vai cul-minar na construção dos engenhos centrais6 e, mais tarde, das grandes usinas de açúcar. Lamego (1978) nos informa que na primeira metade do século XIX, existiam 700 engenhocas e um único engenho movido a vapor (1827), já em 1935, registra a presença de quatro, e em pouco mais de duas décadas reduzem-se para menos de 200 engenhocas coloniais e passam a mais de 50 engenhos a vapor.7

Com o desenvolvimento do complexo agro-exportador, a partir da segunda metade do século XIX, em função da nova divisão internacional da produção —a Europa com a produção industrial e as Américas com a produção de produtos agrícolas como café, açúcar, algodão, tabaco, carnes— e em consonância com a lógica de uma economia voltada para a exportação, notamos o início da formação de novas relações de produção não mais baseadas no mercantilismo clássico, mas numa lógica capitalista de produção, onde as questões dos suportes materiais e logísticos passam a ser determinantes nos custos de produção. O fator transporte passa a pesar no custo final da produção da usina ou da fazenda.

6 O primeiro engenho central do Brasil foi o de Quissamã (em Macaé), construído em 1877, pelo segundo visconde de Araruama, José Carneiro da Silva e seus irmãos, seguido do de Barcelos (em São João da Barra) construído pelo barão de Barcellos, Domingos Alves de Barcellos e inaugurado com a presença do imperador. 7 Lamego, 1978, 149.

O Canal Campos-Macaé e a rede de canais no norte fl uminense 89

A CONSTRUÇÃO DO CANAL CAMPOS-MACAÉ

Sem dúvida os canais são de extrema importância para uma região de baixada rica em recursos hídricos e sujeita às constantes inundações, além disso, a abertura de canais permitiria dinamizar a circulação e as co-municações, além de proporcionar a drenagem das áreas alagadiças. Ob-servamos que as discussões em torno da construção de canais ganhavam interesse público. Em 1840, o jornal O Monitor Campista8 publicava um artigo sobre as vantagens das vias de comunicação, mencionando a inicia-tiva de José Fernandes da Costa Pereira que havia publicado no mesmo periódico, um convite aos habitantes para colaborarem com seu projeto de abertura de um canal ligando a lagoa do Onça ao rio Muriaé (afluente do rio Paraíba). No artigo, que visava a encorajar a iniciativa privada e incitar as autoridades públicas a participar lia-se:

˝julgamos muito úteis todos os empreendimentos que tragam desenvolvi-mento e crescimento ao país. É com prazer que vemos desenvolver entre nós o espírito empreendedor (...). Ninguém ignora hoje as vantagens de se ter boas vias de comunicação: a agricultura e o comércio se consolidam e se enriquecem; as terras incultas se povoam; os despossuídos encontram traba-lho, (...) desde que um povo é feliz, a anarquia, os vícios e a desordem não mancham mais as páginas de sua história. Fazemos votos que M. Fernandes reúna outros espíritos empreendedores (...) Ainda que inicialmente o traba-lho não se realize exatamente como tínhamos desejado, o importante é que ele começa por impulsionar o governo Provincial a participar do projeto e a trazendo melhoramentos à região˝.

Ele cita como exemplo o canal de Cacimbas em São João da Barra, que foi construído a partir de iniciativa privada e mesmo sem estar per-feitamente concluído, já serve a exploração das riquezas da região que ele atravessa.9

A construção do canal do Nogueira é solicitada desde 182910 pelos moradores do Sertão do Nogueira, situado à margem direita do rio Para-íba, com a finalidade de ligar o Brejo Grande ao Rio Paraíba, servindo ao mesmo tempo para escoar as águas e para o transporte de mercadorias. Em 1840, os trabalhos já haviam iniciado e a Câmara Municipal convida oficialmente as empresas interessadas em concluir a 2° e a 3° sessão do

8 Jornal publicado na cidade de Campos dos Goytacazes desde 1834 com o nome de O Recopilador Campista. Até 2009, quando sua impressão foi interrompida, era o terceiro jornal mais antigo do Brasil em circulação. 9 O Monitor Campista, 28 de abril de 1840. 10 Ver as Atas da Câmara Municipal de Campos, 1829-1830.

90 Teresa de Jesus Peixoto Faria

dito canal, assim como as 20 braças (antiga referência de medida) da mu-ralha de contenção do rio Paraíba do Sul, a se manifestarem.11

Dentro desta conjuntura, é que podemos entender a construção do canal Campos Macaé, que vai procurar racionalizar o acesso ao porto de Macaé facilitando o escoamento da produção açucareira da Região de Campos para os centros consumidores e exportadores.

A construção do canal de Campos à Macaé foi motivo de discussões, na região desde 1808. José Carneiro da Silva, grande proprietário de ter-ras em Quissamã e, também, político, escreveu um texto intitulado: Me-mória sobre canais e estradas e a utilidade que resulta para a civilização, à agricultura e ao comércio da construção dessas obras e também Memória sobre a abertura de um canal para facilitar à comunicação entre a cidade de Campos e a vila de São João de Macaé.12

No Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, 14 de março de 1835, encontramos uma publicação da Assembléia Legislativa Provincial comu-nicando uma decisão do dia 22 de janeiro de 1835, assinada por José Car-neiro da Silva, segundo a qual:

“o direito de organizar uma sociedade para executar os seguintes trabalhos: uma ponte sobre o rio Paraíba do Sul, um canal comunicando as vilas de São Salvador dos Campos e Macaé— foi concedido com exclusividade à João Henrique Freeze (...)”.

Em seu Relatório de 1837, o engenheiro Bellegarde menciona os ca-nais existentes e os que estão em construção, na região. Ele cita os canais de Cacimba, em São João da Barra; o canal de Campello e o canal do No-gueira. Para Bellegarde, os canais “são o melhoramento material de que mais carecemos”.13 Ele considera os canais, elementos fundamentais para facilitar a circulação e encurtar as distâncias entre os sertões e a cidade; esta última sendo considerada como o lugar de consumo e exportação dos vários produtos da zona rural. Concebe um sistema de navegação interior interligando numerosos canais os quais propõe a construção, com os rios e lagoas existentes. O que, segundo Bellegarde, estimularia a pro-dução, aumentaria o número de fazendas, dinamizando assim, o comér-cio e as trocas.

As considerações de Bellegarde à propósito do canal o qual chama de Campos a Niterói confirmam a sua importância

11 O Monitor Campista, 28 de abril e 8 de maio, 1840, citado por Faria, 1998. 12 Encontramos referências desses escritos em Teixeira de Mello (1883) e no livro escri-to por Ribeyroles e ilustrado por litografias a partir das fotos de Victor Frond, Brazil Pittoresco (1881). 13 Bellegarde, 1837, 51.

O Canal Campos-Macaé e a rede de canais no norte fl uminense 91

“o progresso da agricultura, do comércio e, por conseguinte, da civilização de nossa Província, reclama urgentemente a abertura de um canal dividido em duas grandes secções: uma, entre os rios Paraíba e Macaé, e a outra entre este e a baía de Niterói (...). É a maneira de remediar as inconveniências da foz do Paraíba”.14

Os trabalhos de construção do canal Campos-Macaé só começaram efetivamente, em 1844 e sua inauguração ocorreu em 1872.

SATURNINO DE BRITO E SEUS PROJETOS DE CANAIS

No final do século XIX, a economia brasileira estava com grandes su-perávits na balança comercial (este persiste até 1913), possibilitando aos governos federais e estaduais contratarem grandes obras de urbanização e infraestrutura.

A modernização da sociedade e da economia brasileira se centrava na economia do complexo agro exportador, fundamental para a estrutu-ração das relações capitalistas no Brasil, impondo a implantação de um projeto modernizador.

Desse modo, coube aos médicos e engenheiros darem fim à estru-tura colonial ainda existente, transformando as cidades em símbolos do progresso e da civilização. Como dito, anteriormente, esse projeto não ocorreu em todo território brasileiro, não resolveu as contradições e nem reduziu os contrastes entre as cidades do litoral, prontas para se inserirem na dinâmica do capitalismo nascente, a exemplo de Santos, importante porto exportador de café, situada no Estado de São Paulo, e aquelas situ-adas no interior do país, como Campos dos Goytacazes - ainda ligadas à tradição agrícola.15

Além disso, os discursos sobre a higiene vão orientar as intervenções urbanas durante toda a primeira década do século XX, evidenciando as contradições existentes entre as várias representações possíveis da cidade, onde a crítica atinge principalmente «o urbano», que começa a ser enten-dido como um objeto de uma ciência específica, o urbanismo.

Durante esse período, o engenheiro civil se tornou responsável por todas as obras de ferrovias e portos, obras de saneamento, reformas, me-lhoramentos, extensão ou criação de cidades.16 Dentre os inúmeros profis-sionais que atuavam à época, o engenheiro Saturnino Rodrigues de Brito se destacou, pois os seus projetos tinham um princípio de racionalidade

14 Idem. 15 Faria, Quinto, 2008, 16 Andrade, 1991.

92 Teresa de Jesus Peixoto Faria

técnica e econômica. Ele observa e analisa a cidade, interpretando seus problemas urbanos e apontando soluções. Desse modo, Saturnino de Bri-to se tornou responsável por vários planos para diversas cidades brasilei-ras como Vitória, Santos, Recife, Rio Grande, Petrópolis, Pelotas, Campos dos Goytacazes.

Consideramos que o conhecimento sobre drenagem urbana que existia no século dezenove tem como grande referência às cidades dos países baixos. Este é um aspecto importante a ser notado, na construção dos referenciais urbanísticos em várias cidades que tiveram projetos de Saturnino de Brito. Apesar de Saturnino de Brito não citar a importância da experiência holandesa ou belga, nos permitimos sugerir que foi nesta experiência que vamos encontrar a principal fonte de inspiração de Satur-nino de Brito na adoção dos canais para a drenagem das cidades.17

Os autores esclarecem que a rua nas cidades holandesas tem três dimensões: a primeira é o canal, como elemento técnico de correção do problema da dificuldade de drenagem; segunda, a rua e o canal estarem lado a lado como solução de desenho urbano; a terceira é o alinhamen-to urbano. Diremos que estas soluções típicas das cidades holandesas e belgas que foram construídas de forma empírica, ao longo dos séculos, se transformaram em referência para as soluções de drenagem urbana. Observamos que os projetos de Brito seguem este partido do canal como elemento estruturador do seu projeto urbanístico e sanitário.18

OS CANAIS: ESTÉTICA E FUNCIONALIDADE, EMBELEZAMENTO E SANEAMENTO

As mudanças técnicas permitem novas instalações urbanas e abrem novas oportunidades nos vários setores da indústria. A industrialização é o mote do processo de modernização e urbanização brasileiro. Sob o ponto de vista da história das técnicas, do urbanismo e infraestrutura ur-bana, devemos ressaltar que na obra de Saturnino de Brito não aparece de forma explícita a importância da contribuição das técnicas urbanísticas que os holandeses desenvolveram ao longo de vários séculos na busca de respostas inovadoras para resolverem os problemas de drenagem urbana e os transformarem em soluções urbanísticas universais. Porém, no livro O Saneamento de Campos,19 ao tratar das vias de circulação cita como refe-rência o Congrès International de Hygiène et Démographie de Bruxelles, nos dando pistas de onde buscava seus referenciais teóricos, confirmando nossa hipótese.20

17 Faria, Quinto, 2008. 18 Idem. 19 Brito, 1943, 197. 20 Faria, Quinto, 2008.

O Canal Campos-Macaé e a rede de canais no norte fl uminense 93

Esses autores afirmam que existem dois tipos de ocupação urbana perante a existência de cursos d’água que cortam a cidade: uma é colocar o curso d’água como eixo de estruturação das vias públicas, e da vida ur-bana. As cidades holandesas adotam o partido urbanístico, onde as vias de circulação fluvial equivalem às vias de circulação urbana, e mantêm um afastamento do alinhamento do canal para as edificações. No Renas-cimento, vamos observar uma estetização desta solução ímpar holandesa, que é diferente de outras experiências como a francesa e italiana (Veneza é um exemplo). Os canais urbanos apresentam, então, três funções impor-tantes e indissociáveis: circulação, embelezamento urbano e drenagem/saneamento.

O CANAL CAMPOS MACAÉ NO PROJETO SANEAMENTO DE CAMPOS

O município de Campos dos Goytacazes, no período do renascimen-to agrícola brasileiro, passou a ser um importante produtor de açúcar abastecendo o mercado interno. Nas últimas décadas do século XIX, pe-ríodo áureo dessa produção e do seu processo de urbanização, a cidade de Campos dos Goytacazes vivia o mesmo dilema dos principais centros urbanos brasileiro: sua indústria açucareira que se modernizava acompa-nhando às exigências do capitalismo, em uma estrutura urbana colonial e meio ambiente “insalubre”.

Para inserir a cidade nesse movimento de modernização mais amplo (social, industrial e espacial) por que passava o Brasil, diversas obras de infraestrutura de grande porte foram realizadas. A maioria oriunda de investimentos do capital público ou privado com forte participação do capital inglês. A introdução das máquinas a vapor vai favorecer tanto o aumento da produção de açúcar quanto à dinamização dos transportes. Desse modo, verifica-se a instalação de uma moderna rede de transportes assim como a expansão das atividades comerciais e financeiras, industriais e de serviços.21

E para vencer o meio insalubre, as enchentes, e eliminar a presença de brejos, pântanos e alagados em pleno centro urbano, em 1901, o médi-co Benedito Pereira Nunes ao assumir a presidência da Câmara Municipal de Campos, solicita ao engenheiro Saturnino de Brito a elaboração de um projeto de saneamento geral para a cidade. Este projeto, publicado no livro intitulado O Saneamento de Campos,22 é considerado pelos estu-diosos uma obra completa que inaugura uma nova leitura sobre a cidade

21 Faria, 2001. 22 Brito, 1943.

94 Teresa de Jesus Peixoto Faria

enquanto organismo em crescimento e como meio em relação ao qual o engenheiro deverá intervir, redefinindo suas condições de salubridade.

O livro O Saneamento de Campos foi organizado em três partes abrangendo os vários aspectos relativos à problemática urbana. A pri-meira parte é dedicada ao levantamento da planta topográfica onde comenta as plantas já existentes da cidade, apontando seus defeitos e incorreções, como no caso da elaborada pelo Engenheiro Pralon que, se-gundo Brito, não apresentou o estudo topográfico dos terrenos por onde deveriam correr os arruamentos projetados; na segunda parte, Brito exa-mina primeiramente as condições ambientais do Município e da cidade, fazendo um diagnóstico do estado dos rios, lagoas, pântanos e analisa as condições climáticas. Examina também a situação das estradas, das ruas, das praças, fazendo um diagnóstico detalhado a partir do qual ele indi-cava as soluções. Ressalta que o Canal de Campos a Macaé e a Lagoa Feia merecerão especial atenção; a terceira parte aborda a problemática do saneamento da cidade. Sendo este o objeto principal do seu projeto, é o maior dos três capítulos. Neste presente estudo, nos interessa, em particu-lar, a atenção dispensada por Brito ao Canal Campos-Macaé.

Logo na introdução, Brito anuncia seu propósito: ”Preocupa-nos, digamo-lo desde já, chamar a atenção para a necessidade de educar as populações nos bons princípios da higiene”. Ao descrever a cidade de Campos traçou um quadro desolador do traçado das ruas, e do estado das habitações: “Vemos aqui generalizada a antiga e detestável construção colonial, tanto para o miserável casebre, como para as habitações comuns e para os próprios casarões com pretensões a palacetes: sempre a falta de ar e de iluminação no interior (...)”.23

Para Brito, o canal de Campos a Macaé, “como todos os cursos que atravessem cidades, deveria ocupar o eixo de uma avenida, impedindo que se transformasse em coletor de impurezas. (...), pois considera que projetos de melhoramentos, as previsões de progresso têm que se basear nas cartas topográficas completas e não desprezarem o relevo do terreno e outros acidentes naturais”,24 facilitando os trabalhos de saneamento.

Sem dúvida, o canal Campos-Macaé é a espinha dorsal do projeto de Brito, visando o saneamento da cidade de Campos, um divisor e um cole-tor das águas advindas das enchentes e também pluviais, como podemos extrair dessa sua observação ao tratar de esgotos, de águas pluviais: “Ele-mentar observação da planta [se refere à planta elaborada pela empresa The Campos Syndicate] mostra que nosso emissário de águas pluviais é

23 Ibidem, 76. 24 Ibidem, 34.

O Canal Campos-Macaé e a rede de canais no norte fl uminense 95

o Canal: o terreno desce da margem do rio para o interior e as cotas de enchente do rio são superiores às do Canal”.

O projeto de Brito para Campos deve ser ressaltado, pois ele não se atém apenas às questões sanitárias, ele planeja a extensão da cidade numa visão holística, intervindo num tecido urbano em pleno projeto de expansão, inaugurando assim a planificação urbana no Brasil.

OS CANAIS DE DRENAGEM DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE: CAMPOS E SÃO JOÃO DA BARRA

Saturnino de Brito percebeu que o dessecamento das terras, onde foi erigida a cidade de Campos dos Goytacazes, exigia uma macro-drena-gem que envolvesse toda a planície fluvio-marinha. Além de transferir as águas de lagoas e brejos da malha urbana para o rio Paraíba do Sul, deste para o canal Campos-Macaé e, deste para a Lagoa Feia, era necessário lançá-las ao mar.

Em período anterior, o engenheiro Marcelino Ramos, no final do século XIX, elaborou um projeto concentrando o escoamento das águas da Lagoa Feia para o mar num único canal chamado Jagoroaba. Entretan-to, essa e outras tentativas não solucionaram as enchentes que causavam prejuízo à economia agropecuária e agro industrial da baixada.

Desse modo, entre 1925 e 1929, Saturnino de Brito retornou à re-gião e elaborou um projeto mais abrangente, visando solucionar o pro-blema das freqüentes enchentes. O projeto tinha o intuito de defender os núcleos urbanos e a economia rural dessas cheias.25

Ele concebeu uma ligação permanente entre as bacias do rio Para-íba do Sul e da Lagoa Feia, através de cinco canais. Além disso, propôs a abertura permanente das barras da praia de Grussaí e Açu, em São João da Barra, e Lagamar, na Praia do Farol de São Tomé, em Campos; a cons-trução de diques na parte baixa do rio Paraíba do Sul, entre outras inter-venções. Segundo Soffiati (s/d), Brito pretendia restaurar o antigo delta do Paraíba do Sul. Ele via as restingas como uma barreira intransponível pelos rios da planície fluvio-marinha.

A construção dos canais pelo DNOS, cem anos depois da construção do Canal Campos-Macaé, foi baseada na drenagem de terras para aumen-tar a capacidade produtiva das Usinas de açúcar. O Norte fluminense era um dos principais centros produtores de açúcar do Brasil, naquele mo-mento, não existindo uma concorrência forte no sudeste, já que a produ-ção do Estado de São Paulo ainda era marginal. A ampliação do mercado

25 Soffiati, 2002.

96 Teresa de Jesus Peixoto Faria

consumidor em função do crescimento da população urbana coloca a ne-cessidade de expansão da produção das Usinas de Açúcar.

Com a expansão da produção, principalmente após os anos 70, com o surgimento de outros pólos importantes como o norte e noroeste do Estado de São Paulo, aliados a retomada da produção nordestina, em Alagoas e Pernambuco, e a baixa produtividade da cana, levam a per-da da importância da produção campista. Nos anos setenta, começa um progressivo processo de crise das usinas de açúcar campistas, que de vinte passaram a três usinas. Pode-se considerar que, devido à pouca diversifica-ção produtiva na região, se não fosse a descoberta e extração de petróleo, na Bacia de Campos, nos anos 80, os impactos da crise açucareira seriam enormes.

OS INVESTIMENTOS RECENTES E OS IMPACTOS NA REDE DE CANAIS

A rede de canais da baixada Campista já vem sofrendo a longo tem-po com o seu abandono. Atualmente, a construção do Complexo Indus-trial e Portuário do Açu, dentro da concepção das Maritime Industrial Development Areas (MIDAS), na localidade do Açu, no município de São João da Barra, acrescenta uma nova dimensão nas históricas transforma-ções da paisagem da Baixada Campista.

As MIDAS são as formas predominantes na concepção dos portos na atualidade. Desde os anos 1960, na Europa, começaram a ser desenhadas a fusão entre os grandes portos e as grandes concentrações industriais e, a partir da reestruturação produtiva dos anos 90, as MIDAS tornam-se o modelo de concepção de novas áreas portuárias.26

Essa transformação recente no ambiente e paisagem da baixada Campista para atender a construção do complexo industrial e portuário do Açu é, certamente, a mais radical interferência antrópica na região, e deveria ser ordenada com projetos que visem controlar a ocupação do território assim como a manutenção do equilíbrio desta frágil estrutura geomorfológica dos canais. Já existem, na região, canais que desempe-nham a função de drenagem urbana como o canal Campos Macaé, dos Coqueiros, do Cula, que já estão impactados pelo processo de urbaniza-ção.

Na região de São João da Barra, os canais de São Bento e Água Preta serão diretamente afetados pelas instalações do complexo portuário do Açu. Esses canais, a exemplo do que apontou e realizou Saturnino de Bri-to em seus projetos, devem ser tratados como elementos estruturadores

26 Quinto, Iwakami, 2009.

O Canal Campos-Macaé e a rede de canais no norte fl uminense 97

diante dos grandes impactos urbanos e ambientais decorrentes da opera-ção deste complexo portuário.

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 99-122

Regulación del agua en América Latina. Una visión panorámica de la

diversidad institucional de la región enfocada en los casos

de Argentina, Brasil y Chile

Vanesa Valverde CamiñaCSIC

Universidad de [email protected]

INTRODUCCIÓN

La gestión eficiente del agua en América Latina es todavía un reto para muchos países y una prioridad en la lucha contra la pobreza y la desigualdad. Sin embargo, los grandes avances que se han ido realizando en los albores del siglo XXI quedan solapados por la realidad de los datos.

A pesar de que América Latina albergue más del 30% de los recursos hídricos del mundo, la distribución de estos es notablemente desigual e irregular. Así, por ejemplo, gran parte de estos recursos se localizan en zonas de la Amazonia, Perú, Colombia y Brasil, que tienen una baja den-sidad poblacional. Mientras que zonas sobrepobladas y con una climato-logía árida como el norte y centro de México sufren una constante esca-sez de este recurso. Esta situación queda fielmente reflejada en términos cuantitativos, dado que tres cuencas hidrográficas (Golfo de México, la cuenca del Atlántico y la Cuenca de la Plata) suministran agua al 25% del territorio que comprende el 40% de la población y sin embargo éstas sólo disponen del 10% de los recursos hídricos de toda la región.1

Según el “Informe de Desarrollo Humano 2006” del PNUD,2 los datos para América Latina son preocupantes. Apunta que una cuarta parte de la población carece de acceso al saneamiento más básico. Asimismo señala que, en la región, menos del 14% de los residuos humanos recibe alguna forma de tratamiento, siendo el resto arrojado a ríos y lagos o dejando que se filtre a aguas subterráneas. Más concretamente, el PNUD estable-

1 PNUMA, 2003, 3. 2 Disponible en http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2006/chapters/spanish/

100 Vanesa Valverde Camiña

ce que, en 2004, el número de personas en el mundo sin acceso a agua limpia es de 1.100 millones de personas, de los que 49,4 corresponden a ciudadanos de América Latina y el Caribe. Mientras que cerca de 2.600 millones de personas, casi la mitad de la población de los países en desa-rrollo, no tienen acceso a un saneamiento adecuado, que en el caso de América Latina y el Caribe corresponde a 119,4 millones de habitantes.3

Los datos apuntados indican la necesidad de analizar cómo se está gestionando un recurso estratégico como es el agua, determinante para el desarrollo regional y que se enfrenta a grandes limitaciones.4 Para avanzar en la superación de estas limitaciones, en este trabajo se preten-de llevar a cabo un análisis comparativo de los modelos de gestión del agua de Argentina, Brasil y Chile, por la singularidad de los mismos y con-siderando que su estudio puede arrojar importante información de cara a identificar qué aspectos pueden ser rescatados de los modelos de gestión hídrica analizados por sus resultados eficientes y qué aspectos han de ser mejorados para garantizar la efectividad de la gestión del agua.

La selección de los tres casos de estudio se justifica, como se ha apun-tado, por la singularidad de los mismos. Así, Argentina sobresale como modelo de análisis dadas las deficiencias que ha mostrado su marco re-gulatorio, en los últimos tiempos, en materia hídrica. Mientras que Brasil y Chile ejemplifican modelos más eficientes, bajo diferentes marcos, que ponen de manifiesto el escepticismo frente a la imitación e importación de modelos que puede derivar en isomorfismos institucionales5 ineficien-tes e inaplicables en otros países dada la omisión de las características propias del país en el que pretenden ser implantados.

Esta necesidad de considerar las condiciones, tradiciones, capaci-dades y necesidades de cada país, región y cuenca a la hora de diseñar e implementar un modelo de gestión del agua determinado, ponen de manifiesto la importancia de analizar cada caso en profundidad y limita la posibilidad de establecer generalizaciones. Aunque sí se considera que los elementos destacados de un determinado modelo de gestión hídrico

3 Para más información sobre estos datos consultar http://hdr.undp.org/en/media/02-Chapter%201_ES.pdf, p. 33. 4 Los Objetivos de Desarrollo del Milenio (ODM) reconocen las limitaciones que buena parte de la población enfrenta para acceder a suministros de agua potable y la ausencia de redes de saneamiento. Concretamente, dentro del séptimo objetivo, “Garantizar la sostenibi-lidad del Medio Ambiente”, el indicador o meta 7A establece reducir a la mitad, para el año 2015, el número de personas que carezcan de acceso sostenible a agua potable. Al que añaden dos subindicadores que establecen la necesidad de reducir la proporción de la población que utiliza fuentes de abastecimiento de agua potable mejoradas y la proporción de la población que utiliza servicios de saneamiento mejorados. Sobre los ODM véase la página del PNUD http://www.undp.org/spanish/mdg/ 5 Ramió, 2007, 16.

Regulación del agua en América Latina... 101

por su eficiencia pueden ser adoptados como principios inspiradores del diseño de nuevos modelos.6

En tal sentido, el objetivo de este trabajo es llevar a cabo un análisis comparativo de los marcos regulatorios del agua de Argentina, Brasil y Chile, centrado en el diseño institucional y, más concretamente, en los organismos de gestión y regulación del agua existentes en dichos países.

El trabajo se estructura en cuatro apartados que siguen a esta breve introducción. En el primero se aborda el contexto histórico regional en el que se desarrolla la prestación de servicios de agua potable y sanea-miento y las implicaciones estructurales derivadas. El segundo apartado corresponde al análisis institucional propiamente dicho, dividiéndose en tres epígrafes correspondientes al estudio de la estructura institucional del sector hídrico para los tres casos seleccionados. En el tercer apartado, se apuntan reflexiones futuras para mejorar la efectividad de la gestión hídrica centrada en principios sociales de universalización y en la necesi-dad de revisar los esquemas actuales para caminar hacia una gestión in-tegrada del agua. Finalmente, el último apartado recoge las conclusiones más destacables del análisis.

AGUA POTABLE Y SANEAMIENTO EN AMÉRICA LATINA

El desarrollo de la prestación del servicio de agua potable en América Latina tuvo lugar entre las décadas de los años cuaren-ta y setenta. El modelo adoptado en la región varió en gran medi-da del europeo y el norteamericano. En el caso latinoamericano la prestación del agua siguió un modelo de titularidad pública que evolucionó desde sistemas locales hacia la centralización de las ac-tividades en una entidad nacional de naturaleza jurídica variada.7

La inclinación por este modelo público y centralista encuentra jus-tificadas razones en el intervencionismo y proteccionismo estatal que caracterizaba a la mayoría de gobiernos de la época y a las directrices marcadas por una matriz estado-céntrica que poco o nada dejaba a la iniciativa privada. Sin embargo, junto a este matiz de carácter ideológico, también podemos apuntar dos razones de contenido social. En primer lugar, el rechazo a la empresa privada como prestadora de este servicio también se centraba en la desconfianza en la empresa privada como ga-rante del principio de universalización. Y, en segundo lugar, el desarrollo industrial del siglo XX trajo consigo la necesidad inminente de montar las redes de servicios públicos para resolver los problemas sanitarios y promo-

6 CEPAL, 1998. 7 Corrales, 1998, 354.

102 Vanesa Valverde Camiña

ver ese desarrollo industrial que era una premisa central de los gobiernos de la época.

Por otra parte, esta vía pública podría considerarse una opción muy meditada dado el carácter de monopolio natural que define al recurso hí-drico y que dificulta la competitividad, que en aquellas épocas era práctica-mente inexistente, y que podía situar al ciudadano en una situación de ex-plotación tarifaria. No obstante, este modelo de gestión pública nacional, pronto mostró deficiencias y distorsiones tales como insuficiente inversión, baja calidad de servicios y cobertura, deficiencias técnico-gerenciales, ba-jos incentivos a comportamientos eficientes en las entidades prestadoras, bajos niveles de tarifas que perpetúan la dependencia presupuestaria o in-defensión de los usuarios ante la inexistencia de centros de reclamación.8

A finales de la década de los años setenta las distorsiones en el cre-cimiento y la globalización mostraron el agotamiento del modelo de Esta-do desarrollista latinoamericano. Este agotamiento se materializó en una profunda crisis de gobernanza9 —principalmente se trataba de una crisis fiscal— que dio lugar a grandes reformas estructurales de carácter neolibe-ral. Estas reformas estructurales se implementaron siguiendo las recomen-daciones establecidas en el Consenso de Washington,10 y se basaban en la necesidad de privatizar los servicios y bienes hasta el momento prestados con desigual resultado por el Estado.

Así, durante los años ochenta la región vivió una ola de privatizacio-nes que limitó fuertemente el papel interventor del Estado. Sin embargo, las privatizaciones no se llevaron a cabo con la misma celeridad o bajo el mismo formato en todos los países, ni tuvieron el mismo resultado. Por ejemplo, en los casos seleccionados en este trabajo las reformas estruc-turales realizadas y sus resultados fueron muy diferentes. Así en Chile, la implantación de las reformas estructurales estuvo muy sujeta a las particu-laridades del país y los resultados de las mismas han llegado a otorgarle la etiqueta de “el milagro económico de América Latina”. Por su parte Brasil ha realizado esas reformas muy paulatinamente y sus resultados se están mostrando poco a poco. Finalmente, Argentina importó plenamente el

8 Ibidem, 355. 9 La Comisión para la Gobernanza Global de la ONU define “gobernanza” como la suma de las muchas formas en las que los individuos e instituciones, públicas y privadas, gestio-nan sus asuntos comunes. Es un proceso continuo a través del cual intereses diversos o en con-flicto pueden ser acomodados y pueden adoptarse acciones cooperativas. Incluye instituciones formales y regímenes autorizados a imponer su cumplimiento así como acuerdos informales que personas e instituciones acuerdan o perciben de acuerdo con sus intereses (UN Comisión for Global Governance (1995) Our global neighbourhood, Oxford, OUP, 2, en Closa Montero, 2003, 486). 10 Para un análisis sobre las recomendaciones del Consenso de Washington y sus efec-tos, Stiglitz, 2003.

Regulación del agua en América Latina... 103

modelo de ajuste estructural que marcaban las recomendaciones de Wash-ington y sus efectos en los primeros tiempos fueron realmente positivos, sin embargo, en el año 2001 mostró su vulnerabilidad y se vio sumida en una profunda crisis económica que aún hoy resiente su desarrollo político, económico y social.11

Esta disparidad en los tiempos y formas de llevar a cabo la privati-zación de los servicios y bienes públicos tiene su mejor referente en los servicios de agua potable y saneamiento donde los modelos finalmente adoptados presentan importantes diferencias. No obstante, no puede ob-viarse la posibilidad de establecer generalizaciones tales como la tendencia privatizadora que ha marcado todas estas reformas. Tendencia que, en la década de los noventa, puso de manifiesto la necesidad de continuar refor-mando el Estado hacia su papel como regulador, dada la profunda crisis de gobernanza en la que éste estaba sumergido.

Se trataba, por lo tanto, de una reforma administrativa donde se insistía en la necesidad de crear una Nueva Gestión Pública (NGP)12 para América Latina. Esta nueva administración pública gerencial debía carac-terizarse por el control de los resultados, la autonomía de la burocracia estatal, la publicitación, la terciarización o la orientación de la acción del Estado hacia el ciudadano-cliente. Por lo tanto, la gobernanza se logrará, garantizando el éxito de la reforma del Estado, cuando el éste se torne más fuerte financiera, estructural y estratégicamente. Es decir, más fuerte pero más reducido.13

El desarrollo del papel regulador del Estado en la mayoría de los paí-ses de América Latina vino principalmente de la mano de la creación de agencias reguladoras, junto a los demás aspectos gerenciales de este mode-lo como la transparencia, la flexibilización o la profesionalización. Concre-tamente, este modelo se centra en la idea de establecer una organización basada en un tipo de descentralización de servicios públicos. De tal forma que éstos pasasen a ser provistos por agencias autónomas de gobierno. Y que la relación entre gobierno central y dichas agencias se regulara a través de un contrato con el gerente público a cargo de cada agencia, que especificaría los productos o servicios que la agencia debería generar y los incentivos económicos que recompensaría tal logro de objetivos.14

11 Encontramos un detallado análisis sobre los fallos de las políticas neoliberales de ajuste estructural recomendadas por el Consenso de Washington en el caso argentino, en Wi-lliamson (2003). 12 El origen concreto de la Nueva Gestión Pública o Nueva Gerencia Pública se localiza a principios de los ochenta en Nueva Zelanda, donde aparece esta corriente o movimiento de reformas de la administración pública que rápidamente se extiende al resto del mundo (Ferra-ro, 2007, 101). 13 Bresser Pereira, 1997, 518. 14 Ferraro, 2007, 103.

104 Vanesa Valverde Camiña

Así, en la década de los noventa comenzó la proliferación de estos organismos, a los que la región se ha mostrado ciertamente receptiva. En tal sentido, Jordana y Levi-Faur (2005) facilitan el análisis de las agencias reguladoras a través del estudio que llevaron a cabo en 19 países lati-noamericanos, centrándose en 12 sectores, desde principios de 1920. Este análisis corrobora el crecimiento exponencial de las mismas en la región, de tal forma que muestra cómo de las 43 agencias existentes en 1979 (la mayoría en el sector financiero), el número global se ha multiplicado por tres hasta alcanzar un total de 134 a finales de 2002.15

Esta regulación también llegó al servicio de agua potable y sanea-miento mediante numerosas reformas institucionales de la gestión de los recursos hídricos. Países como Brasil, Chile, Colombia, Jamaica y México, han reformado gran parte de la institucionalidad del sector, mientras que otros, la gran mayoría, están actualmente realizando cambios institucio-nales y legales.16 Reformas que, en un principio, parecen estar encamina-das hacia un modelo de regulación mediante agencias autónomas. Sin embargo, la autonomía alcanzada por los organismos reguladores del agua varía notablemente de unos países a otros, debido a la disparidad institucional de los modelos de regulación de este servicio en la región

No obstante, antes de analizar esta disparidad institucional y sus efectos, podemos señalar algunos elementos estructurales comunes que explican la situación regional y que reflejan la importancia del agua como factor estratégico para el desarrollo económico y social de un país. En tal sentido, los principales problemas a los que se enfrenta América Latina y el Caribe en materia de prestación de servicios y abastecimiento de agua potable y saneamientos, pueden resumirse, según establece Jouravlev, en tres puntos:17

— un elevado porcentaje de población que no tiene acceso ade-cuado a servicios de agua potable y saneamiento

— dificultad de la población de bajos ingresos de acceder a estos servicios:

— infraestructura obsoleta y colapsada y mala calidad de servicios de abastecimiento de agua potable y saneamiento.

A estos tres aspectos deben añadirse otros problemas derivados de la falta de acceso a agua potable y saneamiento que tienen importantes efectos sobre la estructura social: como el hecho de que las zonas rurales sean las más afectadas, dificultando un desarrollo que se basa principal-

15 Jordana y Levi-Faur, 2005, 5. 16 Jouravlev, 2001, 7. 17 Jouravlev, 2001.

Regulación del agua en América Latina... 105

mente en la agricultura, o el efecto que tiene la pro visión del servicio so-bre la pirámide poblacional, ya que mejorando esos problemas se reduce considerablemente la mortalidad infantil.

Todos estos efectos negativos obligan a regular este servicio e in-troducen la característica de la universalización como una garantía prio-ritaria a incorporar y perseguir en la función regulatoria. Principalmente cuando hablamos de países tradicionalmente desiguales como pueden ser Brasil y Argentina.

MODELOS DE GESTIÓN DEL AGUA

La prestación del servicio de agua potable y saneamiento en Améri-ca Latina ha estado en manos de los gobiernos locales en una gran mayo-ría de países. Así, los arreglos institucionales se han definido por un alto nivel de intervención de estos gobiernos locales, aunque la gestión del servicio siempre ha sido una cuestión permanente en la agenda política nacional. En los últimos años este intervencionismo se ha ido abandonan-do paulatinamente mediante privatizaciones que han conllevado cambios en la esfera jurídico-institucional. Esta búsqueda de la participación priva-da ha redefinido el rol del Estado, abandonando el tradicional papel de interventor para centrarse en el de regulador.18

Las reformas constitucionales y jurídicas realizadas en la región entre los últimos años de la década de los ochenta y la década de los noventa,19 estuvieron principalmente encaminadas a la aprobación de las privatizaciones de los servicios públicos. Estas privatizaciones se realizaron a distintos ritmos según el país y el sector, pero efectivamente, el sector del agua se diferenció del resto en la mayoría de los países

En otros servicios de red como las telecomunicaciones o la electrici-dad, el rol intervencionista del Estado fue abandonado con anterioridad ante la premura del Estado para superar la crisis fiscal de los años ochenta. Sin embargo, el servicio de agua potable y saneamiento presenta carac-terísticas particulares que limitaban la prestación del servicio por varios agentes. Estos factores se marcan en función del carácter de monopolio natural que define a la prestación del servicio en las fases de aducción, transporte y distribución, y se refieren a cuestiones como:20

— el abaratamiento en el abastecimiento a través de una sola red

18 Corrales, 1998, 343-345. 19 En el caso argentino la Ley de Reforma del Estado de 1989 y en el caso brasileño las reformas constitucionales de 1995. 20 Corrales, 1998, 346.

106 Vanesa Valverde Camiña

— el requerimiento de elevadas inversiones que limitan la entrada de nuevos operadores

— competencia sujeta a la disposición geográfica del recurso

Todos estos factores establecen condiciones de partida difíciles para la mejora del rendimiento del servicio en función de la competitividad. Además, debe añadirse el hecho de que la industria del agua no ha experimentado avances tecnológicos que prevean mayores ganancias como sí ha sucedido en otras industrias de red.

A estas características se les suma el hecho de que el agua tiene un rol social determinante para el desarrollo humano pues en función de los datos anteriormente presentados, se corrobora que la falta de acceso a agua potable y saneamiento afecta mayoritariamente a los estratos sociales más bajos y a las zonas rurales.

Por otra parte, el recurso hídrico presenta otra peculiaridad que le dife-rencia notablemente del resto de servicios de red: es la dicotomía que se esta-blece en torno a la propiedad del agua y a los derechos de uso. Así, en la mayo-ría de los países, mientras que el agua es de titularidad pública, los derechos de uso pertenecen a sujetos privados, quedando protegidos bajo las disposiciones de propiedad constitucionales nacionales, federales o provinciales.21 Esta divi-sión entre propiedad y uso del agua infiere complicaciones a la regulación del agua, pero al mismo tiempo la justifica. Principalmente cuando la legislación no recoge la necesidad de hacer un uso eficiente y razonable del agua y no establece caducidad a las licencias de los derechos de uso inutilizados.

La tendencia para superar estas limitaciones y garantizar un uso efectivo y beneficioso del agua en la región ha ido encaminada hacia el dictado de legislación ex-post para superar las limitaciones de los modelos institucionales previos, en ocasiones, realizados con celeridad fruto de las presiones interna-cionales para la reducción de la deuda externa y del déficit fiscal. Ejemplos de lo dicho son los casos de estudio seleccionados en este trabajo, de ahí la pertinencia de llevar a cabo un análisis pormenorizado de los mismos en los siguientes epígrafes.

Estructura institucional del sector hídrico en Argentina

La hiperinflación de finales de los ochenta y las presiones internacionales fruto de la apertura de los mercados junto al predominio de la corriente libe-ral en la época, forzaron la necesidad de reformar el Estado argentino. Esta

21 Solanes, 2002. La Ley de Agua Mexicana de 1992 ha creado un sistema de derechos de agua, registro y transferencia, con la visión de promover la seguridad y la estabilidad en la gestión y el uso del agua.

Regulación del agua en América Latina... 107

reforma comenzó con la aprobación de la Ley de Reforma del Estado de 1989, bajo la primera presidencia de Carlos Ménem, que autorizaba la privatización (a veces en forma de concesión) de las empresas públicas.

La privatización de las empresas en Argentina tuvo un carácter inmedia-to y, prácticamente, totalizador, lo que rápidamente mostró las debilidades de su diseño institucional y la pertinencia de regular los servicios y bienes pri-vatizados.

En sintonía con el resto de América Latina, las regulaciones en Argentina tuvieron lugar durante la década de los años noventa, concretamente entre 1990 y 1993 a través de la creación, por leyes del Congreso Nacional o decretos del Poder Ejecutivo Nacional, de entes reguladores.

En el caso del sector hídrico, desde la década de los años sesenta hasta 1980 los servicios de agua potable y saneamiento fueron provistos por una empresa pública nacional Obras Sanitarias de la Nación (OSN). Pero en 1980 se aprobó la Ley 18.586 que daba lugar a un proceso de descentralización que transfería el manejo del sector desde el gobierno nacional a las provincias, que-dando la OSN únicamente a cargo de la prestación de los servicios en el área del Gran Buenos Aires. A partir de este momento, el carácter provincial va a definir el sistema institucional del sector. No obstante, esta descentralización provincial se amplió mediante la delegación de la gestión de los servicios a dependencias municipales y cooperativas de usuarios.

La gran transformación institucional del sector tuvo lugar en la década de los noventa y estuvo promovida por el gobierno nacional, que otorgó con-cesiones, por períodos de treinta años, a empresas privadas y creó entes regu-ladores de los servicios privatizados. Así, en el año 1992 se crearon los entes reguladores Ente Tripartito de Obras y Servicios Sanitarios (ETOSS), mediante el Decreto 999/92, y el Organismo Regulador de Seguridad de Presas (ORSEP), a través del Decreto 2736/92, y en el año 1995 se creó el Ente Nacional de Obras Hídricas de Saneamiento (ENOHSA), a través de la Ley 24.583 de 1995.

Estos entes componen la estructura institucional del sector a nivel na-cional junto a la Subsecretaría de Recursos Hídricos, que tiene la potestad de ejecutar la política nacional de prestación de los servicios, y al Consejo Federal de Saneamiento (COFESA) que es un órgano de carácter consultivo encargado de considerar los programas a ser ejecutados a través del ENOHSA, que es el ente regulador nacional, dependiente de la Secretaría de Obras Públicas del Ministerio de Planificación Federal, Inversión Pública y Servicios, encargado de prestar asistencia técnica y financiera a entes prestadores de los servicios a nivel provincial y municipal.22

Por su parte, el ETOSS fue creado para regular la privatización de Obras Sanitarias de la Nación (OSN) en 1993, haciéndose cargo de la prestación del

22 Jouravlev, 2001.

108 Vanesa Valverde Camiña

servicio sanitario, durante treinta años, la empresa Aguas Argentinas S. A. La concesión del servicio abarcaba el área formada por Buenos Aires más trece municipios del Gran Buenos Aires. Esta área comprende a más de ocho mi-llones y medio de habitantes, de ahí la importancia de crear un ente como el ETOSS,23 para regular un contrato que establecía gestión privada más control estatal.

A nivel provincial, la estructura institucional del sector sanitario argenti-no ha quedado definida por la creación de entes de carácter específico y entes de carácter multisectorial tal y como se muestra en la tabla 1.

Finalmente, la estructura del sistema institucional de administración para la prestación de servicios de abastecimiento de agua potable y saneamiento es completada con otros entes provinciales y municipales que tienen incidencia indirecta en el sector hídrico.

Esta gran cantidad de entes reguladores no sólo corrobora lo que se-ñalamos acerca del carácter provincial del modelo de gestión del agua, sino que también pone de manifiesto el predomino de la participación privada en el sector, fruto de un intenso proceso de desnacionalización que encuentra su mayor exponente en el caso de la empresa pública Obras Sanitarias de la Nación (OSN). Tal y como se apuntaba anteriormente, su privatización era real-mente importante dada la gran cantidad de población a las que suministraba servicios.24

Tras el llamado a licitación pública nacional e internacional, la concesión de los servicios de agua potable y desa gües cloacales del área del Gran Buenos Aires quedó en manos del Consorcio Aguas Argentinas S. A., repartiéndose la participación accionarial ampliamente entre empresas nacionales e internacio-nales.25 A pesar de que el contrato de concesión establecía gestión privada más control empresarial, para lo que, tal y como señalábamos, se creó el ETOSS en 1993, la evaluación diez años después reflejaba incumplimientos de contrato a través de inversiones no realizadas, sectores no incluidos y endeudamiento de la empresa.

23 La dirección del ETOSS se compone de seis miembros representantes del Poder Eje-cutivo Nacional, Provincial y de la Ciudad de Buenos Aires, junto a dos representantes por cada una de las jurisdicciones que lo conforman (López, 1998). 24 Junto al ámbito de la Capital Federal, la prestación del servicio de agua potable y desagües cloacales de OSN se extendía a los municipios del Gran Buenos Aires, Almirante Brown, Avellaneda, Esteban Echeverría, La Matanza, Lanas, Lomas de Zamora, Morón, San Fernando, San Isidro, San Marín, Tres de Febrero, Tigre y Vicente López (López, 1998, 387). 25 Argentina mantuvo el 44% accionarial entre tres empresas (Soc. Comercial del Plata, 23%; Meller S.A., 12%; Banco de Galicia y Buenos Aires, 9%), pero la empresa con mayor par-ticipación accionarial independiente era la francesa Lyonnaise des Eaux-Dumez con un 28,23% (ETOSS, 1993).

Regulación del agua en América Latina... 109

Tabla 1. Entes provinciales reguladores del sector de abastecimiento de agua potable y saneamiento.

Entes provinciales Carácter Provincia

Organismo Regulador de Aguas Bo-

naerense (ORAB)Sectorial Buenos Aires

Ente Provincial del Agua y de Sanea-

miento (EPAS)Sectorial Mendoza

Ente Provincial Regulador de Agua y

Cloacas (EPRAC)Sectorial Misiones

Ente Regulador de Servicios Sanitarios

(ENRESS)Sectorial Santa Fe

Ente Regulador de los Servicios de

Agua y Cloacas (ERSAC)Sectorial Santiago del Estero

Ente Regulador de Servicios de Agua y

Cloaca de Tucumán (ERSACT)Sectorial Tucumán

Ente Regulador de Obras y Servicios

Públicos (EROSP)Multisectorial Formosa

Ente Único de Control de Privatizacio-

nes (EUCOP)Multisectorial La Rioja

Ente Regulador de Servicios Públicos

(ENRESP)Multisectorial Salta

Fuente: Elaboración propia en base a datos de A. Jouravlev, 2001.

Esta situación, junto a las demandas judiciales que Aguas Argentinas S. A. ha presentado en los últimos años contra el gobierno por discrepancias en materia tarifaria, llevó a la rescisión del contrato en 2006, bajo la presi-dencia de Néstor Kirchner, quien reestatalizó el servicio con la creación de la empresa Aguas y Saneamientos Argentinos S. A. (AYSA) mediante el Decreto 304/06.

Esta reestatalización del servicio de agua potable y saneamiento en el área del Gran Buenos Aires ha obligado a nuevas reformas institucionales que han quedado plasmadas en la elaboración de un nuevo marco regu-latorio a través de la Ley 26.221 de febrero de 2007. Con esta ley se ratifica el carácter obligatorio del Estado de prestamista del servicio y se disuelve el ETOSS creándose dos nuevos organismos reguladores para el control de la prestación del servicio en condiciones de universalidad y equidad social. Estos son la Agencia de Planificación (APLA) y el Ente Regulador de Agua y Sanea-miento (ERAS). Ambos se establecen como organismos autárquicos, pero ven fuertemente limitada su función reguladora por su dependencia del Minis-

110 Vanesa Valverde Camiña

terio de Planificación Federal que deja amplios espacios a la captura política en cuestiones como el nombramiento de sus directivos ya que compete al Poder Ejecutivo designar a los directivos de ambos organismos. Asimismo, las funciones del ERAS han sido fuertemente limitadas respecto a su antecesor ETOSS. Ahora no tiene potestad para fijar tarifas ni para establecer sanciones a AYSA.

En síntesis, este nuevo marco regulatorio parece limitar fuertemente el carácter regulatorio del Estado girando hacia un papel más intervencionista. Sólo queda esperar que este intervencionismo no se preste a capturas polí-ticas que persigan beneficios personales o réditos electorales. Sin embargo, dado el carácter de monopolio natural del sector hídrico, el papel de Estado como regulador debe ir encaminado a crear un mercado que se caracterice por la transparencia contable y tarifaria que premie la eficiencia e incentive la inversión garantizando procesos exentos de posibles capturas del regula-dor o del Estado.26

Las limitaciones y debilidades mostradas por el modelo argentino han quedado reflejadas en los argumentos precedentes. Principalmente, se cons-tata la falta de coordinación interinstitucional dada la elevada fragmenta-ción institucional que define al modelo.27 A lo que se suma la influencia de factores externos como la presión de las entidades financieras internaciona-les a Argentina para reducir su deuda pública y déficit fiscal, que conllevó el establecimiento de un sistema regulatorio cuyo proceso de ofertas públicas tuvo una racionalidad muy débil. Esto conllevó un oportunismo contractual que permitió al concesionario renegociar constantemente las condiciones de partida del contrato beneficiándose de las subidas de tarifas.28

Estructura institucional del sector hídrico en BrasilBrasil, a diferencia de Argentina y Chile que han realizado arreglos

integrales con diferentes resultados, como se verá posteriormente, per-tenece a ese grupo de países de la región que han llevado a cabo una reforma institucional del sector hídrico de forma parcial y paulatina, no exenta de dificultades.29

26 Solanes, 2002, 14. 27 Para paliar esta falta de coordinación interinstitucional se creó la Asociación de Entes Reguladores de Agua y Saneamiento de la República Argentina (AFERAS). Es una aso-ciación civil que difunde información sobre la actividad reguladora en el sector y promueve el intercambio de experiencias entre los entes que forman parte. 28 “A través del decreto 149/97 y las resoluciones 601/99 y 602/99 el contrato fue mo-dificado una y otra vez, alterando fundamentalmente la ecuación económica, que pasó de beneficiar a los usuarios a beneficiar al concesionario” (Enrique de la Calle, 2006, 2). 29 Corrales, 2003, 10. En este grupo encontraríamos a países como Bolivia, Colombia, Perú, Nicaragua, Venezuela, Honduras o Ecuador.

Regulación del agua en América Latina... 111

Las dificultades de los arreglos institucionales del sector hídrico en Brasil han estado fuertemente ligadas al factor geográfico de disposición natural del recurso dada su gran extensión territorial. El norte amazónico es la zona que cuenta con mayor abundancia de agua y mejores condi-ciones de salubridad, sin embargo, ésta es la región menos poblada del país. Por el contrario, en los núcleos urbanos del sur a la escasez se suma el problema de la contaminación del agua.30 Asimismo, la zona más pobre del país, principalmente el Polígono de la Sequía, se enfrenta permanen-temente al problema de la escasez de agua.31

A pesar de los datos apuntados, la mejora de la prestación del servi-cio de agua potable y saneamiento en los últimos años ha sido notable32 y ha estado directamente ligada a reformas en la gestión del recurso y prestación del servicio y a ayudas internacionales.

Estas reformas en el sector hídrico, y en otros sectores de red, al igual que en el resto de América Latina, en el Estado Brasileño tuvieron lugar a partir de 1990. Concretamente tras las reformas constitucionales de 1995 que permitían la participación de actores privados en determina-dos servicios públicos. Principalmente los servicios públicos que pasaron a ser provistos por empresas privadas fueron los de electricidad, agua y alcantarillado, telecomunicaciones y transportes, entre otros.

No obstante, los principios normativos para la gestión del agua y otorgamiento de derechos de uso se encuentran recogidos en la Ley 9.433, del 8 de enero de 1987, aprobada por el gobierno federal. Así se otorgaba la potestad de establecer un sistema nacional de gestión de los recursos hídricos al gobierno federal. Este sistema nacional de gestión de recursos hídricos comprende toda la estructura institucional de gestión del sector, que se caracteriza por la prestación descentralizada a nivel municipal.

La prestación del servicio de agua potable y saneamiento ha estado tradicionalmente en manos de empresas públicas, e incluso tras las reformas constitucionales de 1995, elaboradas bajo el gobierno de Fernando Henrique Cardoso, que establecían los contratos de concesión, el carácter público de prestación del servicio se ha mantenido. Actualmente, 27 empresas estatales, una en cada estado y una en el distrito federal, abastecen de agua potable a unos tres mil ochocientos municipios y garantizan el saneamiento a 1.200

30 Como en la mayoría de la región, la contaminación del agua deriva sobre todo de deficiencias en la gestión del saneamiento. De forma que, por ejemplo, en Brasil, únicamente el 20% de las aguas negras reciben tratamiento, mientras que el resto se vierte a flujos natura-les (PNUMA, 2003, 3) 31 Ibidem, 4. 32 Desde 1986 ha aumentado un 30% la cantidad de personas que tienen acceso a una fuente fiable de agua limpia en zonas rurales y un 96% en zonas urbanas (Ibidem,10).

112 Vanesa Valverde Camiña

municipios de unos cinco mil quinientos existentes en el país. Quedando la ini-ciativa privada relegada a una treintena de municipios de la región sudoeste.

Independientemente de la marcada tendencia pública, Brasil, ha consi-derado la necesidad de fortalecer la capacidad del Estado a través de su faceta como regulador en todos sus ámbitos. En el sector hídrico este fortalecimiento se ha fundamentado, por una parte, en la autorregulación de algunas empre-sas públicas nacionales, y por otra, en la regulación por parte de organismos reguladores municipales. A su vez, a nivel nacional se creó la Agencia Nacional de Aguas (ANA), vinculada al Ministerio de Medio Ambiente, por la Ley 9.984 del 17 de julio de 2000. La ANA es la entidad federal que implementa la políti-ca nacional de recursos hídricos, es decir, es la agencia encargada de coordinar a nivel nacional las actividades de regulación de la prestación de los servicios de agua potable y saneamiento.

A nivel federal son múltiples los organismos creados para la gestión del agua, que junto a ANA componen el primer nivel de la estructura del siste-ma nacional de gestión de recursos hídricos. En primer lugar está el Consejo Nacional de Recursos Hídricos dirigido por el Ministerio de Medio Ambiente, seguido de los consejos de recursos hídricos de los estados y del distrito federal, los comités de cuencas, los organismos de gobiernos federales, estaduales y del distrito federal relacionados con la gestión del agua y las agencias de aguas.

Tanto los comités de cuencas como las agencias de aguas fueron dos en-tidades nuevas creadas a partir de la Ley 9.433/00. Mediante estos organismos se establece la gestión de los recursos hídricos a nivel de cuencas de larga tradi-ción.33 Los comités de cuencas son ámbitos de diálogo e intercambio de infor-mación entre los diferentes niveles federales, estatales y municipales sobre la política nacional de recursos hídricos en función de la cuenca a la que se remita su creación. Por su parte, las agencias de aguas son “secretarías ejecutivas de los comités de cuencas”34 y su creación está condicionada a la existencia de su respectivo comité de cuenca.35

A través de la creación de los comités de cuencas36 y las agencias de aguas el modelo brasileño descentralizó la gestión del agua desde la sede del poder público hacia los poderes locales en pro de la participación di-

33 El art. 1 de la Ley 9.433/97 establece la cuenca hidrográfica como unidad territorial para la planificación y gestión. 34 Jouravlev, 2001, 38. 35 La gestión del agua a nivel de cuencas mediante Agencias de Agua tiene como mo-delo de referencia el caso francés. 36 Tucci, Hespanhol & Cordeiro, 2005, 49, señalan que el autor Christofidis (1999) iden-tificó 43 comités de cuenca hidrográfica que operan en Brasil, 31 en la región sureste (concen-trándose 21 en Sao Paulo), 9 en el sur, 1 en el noreste, 1 en el medio oeste y 1 en San Francisco. El mismo autor señala la existencia de 32 consorcios y asociaciones de cuencas, creados por iniciativa de los usuarios y los municipios, de los cuales 26 se localizan en la región sureste, 4 en el sur, 1 en el noreste y 1 en el centro-oeste.

Regulación del agua en América Latina... 113

recta de los actores intervinientes y de los usuarios. De tal forma, aunque competa a la Unión marcar las directrices en materia de prestación del servicio de agua potable y saneamiento, 17 estados (Alagoas, Bahia, Cea-rá, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe) y el Distrito Federal disponen de leyes estatales propias de gestión de recursos hídricos, aunque todas es-tán sujetas al sistema nacional de recursos hídricos establecido por la Ley 9.433/00 que define claramente la articulación entre la estructura federal y estatal.37

A nivel municipal, la estructura institucional del sector se divide en dos tipos de organismos. Por una parte están aquellos a través de los cua-les los municipios gestionan directamente la prestación del servicio de agua potable y saneamiento, estos son los Departamentos de Águas e Esgotos (DAE), y por otra parte, están organismos autónomos, adminis-trativa y financieramente, que gestionan el servicio a través de licencias o contratos de concesión, estos son los Serviços Autônomos de Água e Esgotos (SAAE). Aunque, en la mayoría de los casos los municipios dele-gan a empresas estatales la prestación del servicio a través de Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESB).38

Sintetizando, partiendo del hecho de que Brasil tiene poca trayec-toria institucional, lo que precede permite argumentar que la gestión del agua en este país se ha ido dotando de una férrea estructura cuya efecti-vidad dependerá de la fortaleza que vayan adquiriendo sus instituciones. Será determinante que la ANA, como organismo regulador a nivel nacio-nal, desarrolle su función de supervisión y coordinación de la manera más autónoma posible para evitar capturas por parte de las empresas o polí-ticos. Más aún en un momento en el que la tendencia hacia la privatiza-ción de los servicios de agua potable y saneamiento es una característica incipiente del modelo brasileño. Asimismo, es importante que el sistema de coordinación establecido a nivel de cuencas responda a los intereses de los usuarios, garantizando su participación, y a cuestiones geográficas de disponibilidad del recurso y no a réditos electoralistas.

Estructura institucional del sector hídrico en Chile

La experiencia chilena en prestación de servicios de agua potable y sa-neamiento es un caso de referencia en la literatura sobre gestión del agua,

37 Tucci, Hespanhol & Cordeiro, 2005, 51. 38 Jouravlev, 2001, 56.

114 Vanesa Valverde Camiña

tanto en eficiencia y cobertura de agua potable y saneamiento, como en su estructura institucional.

En sintonía con resto de la región, Chile durante la década de los ochenta llevó a cabo reformas de ajuste estructural basadas en políticas neoliberales que se materializaron en la privatización de empresas públi-cas. Tradicionalmente la prestación de este servicio ha estado en manos del poder público y las privatizaciones que se han ido realizando de forma gradual y paulatina, adquiriendo un carácter más inmediato en los últimos años.

En 1981 el Decreto con Fuerza de Ley 1.122 fija el Código de Aguas de Chile. Este código ha sido referencia de muchos países de América La-tina, pero su efectividad no sólo responde a su contenido sino también al contexto chileno donde un sistema fiscal firme y un desarrollo económico favorable han sido su mayor garantía.

Las privatizaciones del servicio de agua potable y saneamiento chi-leno se llevaron a cabo a través de empresas regionales en las cuales el Estado chileno ha continuado manteniendo un porcentaje de participación con derecho a veto.39 Esta prestación regional ha adquirido un carácter multisectorial y desconcentrado administrativamente a través de múltiples organismos.

Dicha desconcentración administrativa, ciertamente compleja, sol-venta los problemas de coordinación con la figura de la Dirección General de Aguas (DGA). Bajo la DGA se recogen las principales responsabilidades respecto a la gestión del agua y su implementación establecidas en el Códi-go de Aguas. Junto a este organismo, también se creo la Dirección de Obras Hidráulicas (DOH), ambos dependientes del Ministerio de Obras Públicas, que completa la estructura institucional en lo relativo al sector hídrico.

Las particularidades de la DGA como organismo articulador del siste-ma hídrico chileno se centran en su carácter multisectorial e independiente de los sectores usuarios. Así se garantiza la imparcialidad y efectividad de la función reguladora.

A finales de los ochenta Chile transformó el modelo de gestión del sector hídrico. Esta transformación, al igual que en Argentina, se realizó de forma integral, pero los resultados, ritmos y principios variaron de un caso a otro.40 En el caso chileno la reforma del servicio de abastecimiento de agua

39 La legislación chilena establece que el Estado puede mantener el 35% de la propie-dad de cada una de las empresas regionales, otorgándole el poder de veto sobre determinadas decisiones. Asimismo, puede reducir su participación en las empresas si no puede contribuir a un aumento de capital, pero mantendrá el poder de veto por diez años mientras su participa-ción no sea inferior al 10% (Ibidem, 58). 40 Corrales, 2003, 10.

Regulación del agua en América Latina... 115

potable y saneamiento tuvo dos vertientes. Una se centró en reformar el entorno regulador y la otra en transformar la modalidad de prestación.41

La reforma centrada en el entorno regulador se materializó median-te la creación de la Superintendencia de Servicios Sanitarios (SISS), por la Ley 18.902, de 27 de enero de 1990. La SISS es un organismo con persona-lidad jurídica y patrimonio propio adscrito al Ministerio de Obras Públicas, y funciona descentralizadamente. Mientras la transformación de la mo-dalidad de la prestación de los servicios de agua potable y saneamiento se focalizó en la creación de un régimen de concesiones otorgadas indefi-nidamente a empresas públicas, privadas o mixtas que funcionaran como sociedades anónimas abiertas. Asimismo, se estableció un sistema de 13 empresas públicas regionales con carácter de filiales de la Corporación de Fomento de la Producción (CORFO). Estas empresas públicas regionales abastecerían a más del noventa por ciento de la población siendo el resto de la población servido por pequeñas empresas privadas y una munici-pal.42

En 1998, bajo el gobierno de Eduardo Frei, el modelo chileno se inclinó hacia la privatización de los servicios públicos.43 Esta privatización se ha ido realizando gradualmente a través de la participación privada en las empresas públicas regionales con motivo de solventar problemas de fi-nanciación para llevar a cabo la universalización del servicio. No obstante, el gobierno chileno reforzó previamente el marco regulatorio mediante la Ley 19.549 para fortalecer la función reguladora, otorgándole más ca-pacidades de fiscalización y control a la SISS.

Actualmente, la propiedad y gestión de la prestación del servicio de agua potable y saneamiento ha quedado en manos de 53 empre-sas privadas,44 cuya efectividad en cuanto a cobertura y saneamiento45 ha sido modelo de referencia para otros países de la región. Sin embargo, el modelo de gestión hídrico chileno encaja en las particularidades del país,

41 Jouravlev, 2001. 42 Ibidem, 57-58. 43 En 1988 se aprobó la Ley General de Servicios Sanitarios que permitía la participa-ción privada en las 13 empresas públicas regionales prestadoras del servicio de agua potable y saneamiento. 44 Conforme al número de clientes, las 53 empresas prestadoras del servicio de agua potable y saneamiento quedan categorizadas como (datos a diciembre de 2006): Mayores: Aguas Andinas, ESSBIO Medianas: ESVAL, Aguas Nuevo Sur Maule, Aguas Araucania, SMAPA, ESSAL y Aguas del Vallle. Menores: Aguas de Antofagasta, Aguas del Altiplano, Aguas Cordillera, Aguas Cha-ñar, Aguas Magallanes, Aguas Décima, Aguas Patagonia de Aysén, Servicomunal, Aguas Man-quehue, Servilampa, Aguas Los Dominicos, Coopagua y otras 33 empresas menores (Superin-tendencia de Servicios Sanitarios, 2006, 10). 45 La cobertura urbana de agua potable a nivel nacional en 2008 alcanzó al 99,8% de la población y la de alcantarillado al 95,3% (Superintendencia de Servicios Sanitarios, 2008, 13).

116 Vanesa Valverde Camiña

recogidas en un entorno político estable y un desarrollo económico soste-nible, y es difícilmente exportable a otras realidades regionales.

La singularidad este caso se centra en los derechos de uso del agua, pues Chile es uno de los pocos países donde los derechos de agua se con-ceden sin obligación de uso efectivo o beneficioso, mientras que la ma-yoría de las legislaciones establecen requisitos a la concesión de derechos de agua para uso efectivo y beneficioso. Incluso en la mayoría de las le-gislaciones de agua provinciales de Argentina existe la noción de que los derechos de uso arriesgan caducidad si no son utilizadas o su uso vulnera los términos de la licencia.46

La concesión de derechos no condicionados en el caso chileno ha mostrado sus efectos hacia la implantación de barreras a la competiti-vidad, manteniéndose las características monopólicas del sector tras las privatizaciones del mismo. Para superar estas limitaciones, “la Corte Cons-titucional ha reconocido el derecho del Gobierno para regular las condi-ciones de los derechos de agua (Rol 60/1997). Adicionalmente, la Comi-sión Antimonopólica ha recomendado que ningún otro derecho de agua sea otorgado hasta que las provisiones que requieran un uso efectivo del agua sean incluidas en la ley de aguas (CPC 992/636; CR 480/97)”.47

Esta legislación ex post ha mostrado la flexibilidad y racionalidad del modelo chileno cuyos resultados se han materializado en mayor co-bertura y calidad del servicio de agua potable y saneamiento. Sin embar-go, la experiencia chilena, como modelo de referencia, debe ser analizada en su contexto institucional, pues la importación literal del modelo chi-leno a otros contextos institucionales ya ha mostrado diferentes fracasos en la región.

En síntesis, lo que precede permite argumentar que la estructura institucional de gestión del servicio de agua potable y saneamiento, en el caso chileno, se caracteriza por su eficiencia en términos de cobertura y fortalecimiento de la función reguladora. Sin embargo, la credibilidad del proceso de regulación requiere de una gestión integrada de los recursos hídricos para ser completa y solventar problemas derivados de la imple-mentación del modelo de regulación por agencia en el que las adminis-traciones públicas, aunque más desarrolladas que en el resto de la región, mantienen pautas clientelares dentro del sistema.

46 Solanes, 2002, 3. 47 Ibidem, 5.

Regulación del agua en América Latina... 117

AGENDA DE FUTURO

La gestión de servicio de agua potable y saneamiento a través del modelo de regulación por agencia es un aspecto común a todos aquellos países de la región que han reformado la institucionalidad del sector hí-drico. Si bien este modelo favorece la gestión integral descentralizando a niveles de administración inferiores, también se enfrenta a una estructura administrativa local tradicionalmente ineficiente y vulnerable en América Latina.

Una opción alternativa, a modo orientativo, es el modelo de regu-lación por procesos que “se basa en la creación de un sistema descentra-lizado de instrumentos, prácticas e instancias de ejercicio de la función reguladora”.48 El máximo exponente de este modelo es el sistema de pres-tación de servicios de agua potable y saneamiento francés, que se caracte-riza por regular a través de la competencia por el mercado que se genera entre los agentes operadores dentro de un marco legal general adaptado a las condiciones locales establecidas en los contratos de concesión. No obstante, para que sea efectivo es necesario que se den las condiciones de mercado competitivo moderno a nivel local, hecho que no sucede en la mayoría de los países de América Latina.

La tendencia teórica en materia de prestación de servicios de agua potable y saneamiento camina hacia la gestión integrada del agua. Según la Asociación Mundial para el Agua (GWP) se trata de un proceso que fomenta la gestión y el aprovechamiento coordinado del agua, la tierra y los recursos relacionados, con la finalidad de ampliar el bienestar social y económico equitativamente, garantizando la sostenibilidad.49

Los índices de cobertura de agua potable y saneamiento de los grá-ficos 1 y 2 ponen de manifiesto que los tres casos de estudio han evolucio-nado positivamente en la prestación de este servicio, superando la media regional. Sin embargo, también se observa el estancamiento en el que se mantiene Argentina, aunque en 1990 partía de posiciones superiores a Brasil y Chile. Asimismo, a pesar del esfuerzo brasileño en términos de prestación de servicio de agua potable, respecto al servicio de saneamien-to los resultados son notablemente inferiores a los casos de Argentina y Chile.

48 Corrales, 1998, 372. 49 Jouravlev, 2004, 4.

118 Vanesa Valverde Camiña

Gráfico 1: Evolución de la cobertura de agua potable en Argentina, Brasil, Chile(% de la población)

0102030405060708090

100

1990 1995 2000 2005 2008

ARGENTINA BRASIL CHILE AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE

Fuente: Programa Conjunto de Seguimiento, OMS-UNICEF, 2008.

Gráfico 2: Evolución de la cobertura de saneamiento en Argentina, Brasil y Chile(% de la población)

0102030405060708090

100

1990 1995 2000 2005 2008

ARGENTINA BRASIL CHILE AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE

Fuente: Programa Conjunto de Seguimiento, OMS-UNICEF, 2008.

Como se ha señalado en el primer epígrafe de este trabajo, los secto-res más vulnerables de la sociedad son los que se ven directamente afec-

Regulación del agua en América Latina... 119

tados por la falta de agua potable y saneamiento. De ahí la necesidad de que la función reguladora controle la prestación del servicio universal obligando a los proveedores privados a asegurar el acceso de toda la po-blación a este servicio, al margen de su nivel económico o localización geográfica.50

Por otro lado, los propios gobiernos deben desarrollar políticas de ayuda directa a los sectores poblacionales de bajos ingresos para garanti-zar el acceso a fuentes de agua potable y saneamiento, dada la importan-cia del agua como factor de desarrollo humano. En este sentido encontra-mos los subsidios chilenos en protección de los pobres.

En definitiva, América Latina en los últimos años ha mejorado la co-bertura de agua potable y saneamiento a través de reformas instituciona-les encaminadas al fortalecimiento de la función reguladora del Estado. No obstante, para seguir avanzando en la universalización del servicio hay que caminar hacia una gestión integrada del mismo cuyos principios se basen en la cohesión social.

CONCLUSIONES

En la década de los ochenta se llevaron a cabo reformas de carácter neoliberal en toda la región dando lugar a numerosas privatizaciones de los servicios públicos, principalmente los servicios de red. Aunque el agua en América latina tradicionalmente ha estado en manos del Estado, este sector también ha sido privatizado a diferentes ritmos en los países de la región. De ahí que América Latina en los noventa comenzara a preocu-parse por la necesidad de fortalecer la función reguladora del Estado so-bre los servicios públicos que habían sido privatizados. Ello se debió en gran medida a la percepción de que la transferencia de bienes y servicios al sector privado requería el fortalecimiento de la capacidad de regula-ción y de fiscalización del mercado, y de control de estos servicios.51

El análisis comparativo desarrollado en estas páginas pone de ma-nifiesto notables diferencias entre los casos seleccionados, observándose puntos comunes y diferentes entre ellos. Originariamente, el Estado fue el prestador del servicio de agua potable y saneamiento en los tres países analizados: Argentina, Brasil y Chile. A partir de la década de los ochenta se observan importantes diferencias. Así, tanto Argentina como Chile han llevado a cabo procesos de privatización de los servicios de agua potable y saneamiento más profundos que Brasil, aunque el ritmo de privatización en el caso chileno ha sido más gradual que en el argentino. Asimismo,

50 Calzada, Costas & Jordana, 2009. 51 Saravia, 2004, 1.

120 Vanesa Valverde Camiña

Brasil en estos últimos años se está inclinando poco a poco hacia la priva-tización de sus empresas.

Por otro lado, los tres modelos analizados han descentralizado el servicio de prestación de agua potable y saneamiento. Argentina ha lleva-do a cabo una descentralización provincial, Brasil estatal y Chile regional. Sin embargo, la prestación a nivel local o municipal tiene mayor impor-tancia en el caso brasileño cuyo modelo se ha centrado en la participación de los usuarios intervinientes.

Las tres estructuras institucionales de gestión del agua se caracteri-zan por haber adoptado el modelo de regulación por agencia. Habiéndo-se creado en los tres casos organismos reguladores a nivel nacional, de-pendientes de los ministerios encargados de la gestión del agua, y cuyas funciones quedan normativamente recogidas en férreos marcos regulato-rios. Pero mientras que los organismos reguladores de Brasil y Chile tienen independencia sectorial, los entes reguladores argentinos tienen carácter sectorial, hecho que limita notablemente su capacidad reguladora. Que, en los últimos tiempos, se ha visto aún más limitada a través de la creación de dos nuevos entes —Ente Regulador del Agua y Saneamiento (ERAS) y Agencia de Planificación (APLA)— más dependientes de las directrices del Ministerio de Infraestructura y Vivienda.

En tal sentido, de los tres casos analizados, destaca el argentino por el giro que ha realizado desde 2006 hacia la renacionalización del servicio de agua potable y saneamiento. Si bien este modelo parece haber solucio-nado, en un principio, los grandes problemas que tenían las empresas pri-vadas proveedoras del servicio de agua potable y saneamiento con el Es-tado argentino, no debe obviarse la necesidad de que cualquier servicio, ya sea público o privado, requiere de su regulación a través de organismos técnicamente especializados y normativamente garantizados para llevar a cabo la función reguladora. Más aún cuando se trata de un servicio, que por su carácter natural de monopolio y la disponibilidad geográfica del recurso, requiere de una asignación de responsabilidades identificable.

Concluyendo, en este trabajo se ha hecho hincapié en la necesidad de analizar comparativamente cada país, pues los modelos de gestión del servicio de agua potable y saneamiento, así como de otros servicios y bie-nes privatizados, varían notablemente y responden al contexto en el que se insertan. No obstante, los puntos comunes entre los tres casos permiten identificar la gestión integrada como una agenda de futuro común, don-de la integración de actores, instituciones, aspectos técnicos, económicos y naturales junto a una gestión del agua a nivel de cuentas parecen ser el camino hacia la eficiencia de la gestión del servicio de agua potable y saneamiento.

Regulación del agua en América Latina... 121

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 123-139

El negocio del agua y la creación de opinión

en la ciudad de México 1884-1935

Inmaculada Simón RuizUniversidad Autónoma de Chile

[email protected]

Cuando nos acercamos a la historia de la ciudad de México entre 1884 y 1935 tenemos que tener en cuenta que nos encontramos ante un arco temporal limitado por el inicio del período conocido como el de la “pax porfiriana” y el de la etapa de consolidación e institucionalización de la Revolución mexicana, y ante un período de modernización que no fue interrumpido ni siquiera durante los duros años de la contienda.

Ambos momentos se distinguen también por la necesidad del go-bierno central de hacer públicos y notorios todos sus logros. Porfirio Díaz procurará dar continua muestra del progreso del país tanto en el interior como en el exterior para estimular la inversión, que contribuyó en buena medida a ese crecimiento. Años después, los gobiernos postrevoluciona-rios tendrán igualmente que dar una imagen de confianza para espantar el fantasma de la guerra y lo harán presentando a México como una nue-va nación, auténticamente mexicana y no mediatizada ni dependiente del capital extranjero.

Para ambos gobiernos un importante instrumento de divulgación de estos grandes logros será la prensa (a principios del siglo XX nace en México El Imparcial, que será órgano oficioso del régimen) y otro la edu-cación como vehículo para formar a la ciudadanía. De lo que hablaremos en estas páginas será de los efectos de este tipo de promoción en la so-ciedad de la época, de cómo fueron interiorizados estos discursos y cómo se convirtieron, en ocasiones, en armas de doble filo dirigidas contra sus propios promotores.

Durante este período el país sufrirá transformaciones científico-téc-nicas que sobre todo tendrán su aplicación en la capital mexicana. Quizás uno de los rasgos más notables de estas transformaciones se refleje en el crecimiento de la ciudad de México, tanto en extensión como en número de habitantes. Durante los primeros años del siglo XX contaba con unos 344.000 habitantes, mientras que en 1930 superaba ya el millón de capi-

124 Inmaculada Simón Ruiz

talinos.1 Esta población sufrirá y disfrutará de estas transformaciones pero su participación no se limitará a la de mero receptor sino que, con fre-cuencia, será miembro activo del cambio. En ocasiones, será impulsora de las transformaciones a través de manifestaciones que unas veces ocurrirán de manera espontánea y otras serán dirigidas por grupos o personas más o menos cualificadas en los temas que se debatían. Con frecuencia, la participación ciudadana contribuirá a que el gobierno emprenda nuevas políticas públicas que, a su vez, serán promocionadas desde arriba crean-do de forma paralela nuevas fuentes de demanda entre la población no satisfecha con el alcance o el funcionamiento de las mismas.

Analizaremos aquí estas relaciones en torno a un problema concre-to: el abastecimiento de agua en la capital mexicana y el debate suscitado en la opinión pública en torno a su tratamiento como servicio público o como negocio por parte de las diferentes partes en conflicto.

Tomaremos cuatro momentos clave en el proceso. En primer lugar, haremos referencia al conflicto que hubo en 1884-85 entre el gobierno del Ayuntamiento de México y un empresario particular a causa de un contrato realizado para el suministro de agua a la ciudad. Después vere-mos los enfrentamientos derivados del aprovechamiento maderero del Desierto de los Leones por parte de otro empresario, cuya actividad per-judicaba a los manantiales de los que se surtía de agua la capital durante el último tercio del siglo XIX y los primeros años de la década del XX. Más adelante nos ocuparemos de un motín ocurrido en la capital a causa de la rotura de unas bombas de agua en 1920 en el que se enfrentaron dos partidos políticos que se disputaban el Ayuntamiento, para terminar con el debate registrado en torno a la necesidad de emprender nuevas y cos-tosas obras de ingeniería para llevar a la ciudad las aguas del río Lerma en la década de los treinta.

Como veremos, se trata de conflictos por el agua en los que se en-frentan diversas instancias de poder: empresarios con instituciones, de-fensores de lo público frente a las privatizaciones, especuladores con de-fensores de la naturaleza… La mayoría de ellos harán uso de los canales de información para buscar apoyo a sus demandas intentando así influir en la opinión pública y con ello en la toma de decisiones por parte del Gobierno de turno. En este largo conflicto habrá un gran perdedor, el Ayuntamiento de la Ciudad de México y con él la ciudadanía, que dejó de contar con el único órgano representativo a nivel local.

1 Gutiérrez, 1995, 385.

El negocio del agua y la creación de opinión en la ciudad de México ... 125

1884-1885: EL DEBATE EN TORNO A LA GESTIÓN PÚBLICA O PRIVADA

En 1884, ante la propuesta de un ciudadano, José García, de ven-der 47 manantiales situados en Chimalhuacan, la Comisión de Aguas del Ayuntamiento de México llegaba a la conclusión de que, por el momento, la ciudad contaba con suficiente agua para abastecer cuatro mil casas, de las cuales unas tres mil disfrutaban de dicho servicio. Continuaba señalan-do que podría ser conveniente la compra pensando en el futuro pero que realmente el problema acuciante era la contaminación de las aguas que se consumían y que llegaban a la ciudad desde diferentes puntos por me-dio de un acueducto que las conducía “a cielo abierto”.2 La solución debía pasar por completar el sistema de entubación para que el agua llegara a todas las viviendas y por conseguir más presión con el fin de que también alcanzara a los pisos más altos.

Para la mejora del servicio se recibieron tres ofertas de diferentes empresarios, una de las cuales fue aceptada por el Consistorio. Se trata-ba de la presentada por Carlos Medina Ormaechea. Probablemente uno de los argumentos que convenció a la Comisión fue que este empresario garantizaba que el Ayuntamiento no perdería la titularidad de las aguas, que podría recuperar en cuarenta años así como la totalidad de las insta-laciones. El empresario se comprometía, además, a aumentar el caudal y a entubar el agua que llegaba por el acueducto para protegerla de elemen-tos contaminantes y para conseguir, así, darle la presión necesaria para que alcanzara a las viviendas situadas en los pisos más elevados. Asimis-mo, proponía la creación de un depósito para almacenar las aguas de la alberca de Chapultepec, que era de su propiedad. A cambio, recibiría las rentas del servicio durante los cuarenta años de vigencia del contrato así como una cantidad de agua de la que podría disponer a su criterio para arrendarla o venderla al mejor postor.3

Cuando la noticia de la contratación del agua de la ciudad llegó a la po-blación no fue bien acogida por amplios sectores que veían en la privatización del servicio la oportunidad de especular con un bien tan vital como el agua.

Se inició, entonces, un enconado debate que tuvo su reflejo en la prensa. Por parte de la defensa del contrato estaba el propio Medina Or-maechea, que buscó apoyo popular obteniéndolo de un grupo de 800 artesanos de la ciudad que remitieron al Consistorio un escrito en el que alegaban que, debido a la ineficacia del Ayuntamiento en el servicio del agua, se hacía necesario que se buscara una solución como la presentada por el empresario. Por la anulación del contrato se pronunciaron varios

2 Ayuntamiento Constitucional de México, Actas de Cabildo, México, 11 de enero de 1884. 3 Ayuntamiento Constitucional de México, Actas del Cabildo, 1 de julio de 1884.

126 Inmaculada Simón Ruiz

empresarios fabriles que aprovechaban la potencia hidráulica de las caí-das de agua que provenían de los manantiales cercanos a la ciudad de México y que temían que dicha potencia se viera mermada con el nuevo sistema propuesto.

La necesidad de buscar apoyo en los artesanos o en los empresarios para fortalecer sus posturas evidencia la importancia que había adquirido la opinión pública en esos años. Ariel Rodríguez Kuri, que ha estudiado el debate entre ambos sectores en los periódicos, señala que en los años ochenta la prensa era el espacio privilegiado para dirimir las diferencias políticas y el Gobierno no comenzó a afinar los mecanismos de control sobre ella hasta la década siguiente.4

Como resultado del debate, el nuevo gobierno del Ayuntamiento, impulsado por las instrucciones del presidente Porfirio Díaz que había vuelto al gobierno de la República después del interregno de Manuel González, decidió que se anularía el contrato por varias razones. En pri-mer lugar reflexionaba sobre el error de entregar a un particular un nego-cio que por sus características constituía un monopolio. Alegaba, además, razones prácticas como las dificultades que se presentarían a la hora de que un particular ordenara la entrada en las viviendas para comprobar el estado de las instalaciones, los contadores, etc. Si los ciudadanos ame-nazaban al Ayuntamiento con acogerse a su derecho de amparo cuando les cortaban el agua ¿qué ocurriría si la iniciativa no llegara del gobierno de la ciudad sino de un empresario? Otro tanto ocurriría si por cuestio-nes prácticas se hacía necesario emprender una expropiación o desviar el curso de una corriente. ¿Cómo podría un individuo tomar una decisión de tal envergadura? ¿con qué autoridad? Y, por otra parte, ¿cómo podría la lógica empresarial considerar la posibilidad de crear tarifas diferenciales para apoyar a los más desfavorecidos o subvencionar a los sectores más estratégicos?5

Además, señalaban que se perdería una fuente de ingresos que, para 1883, suponía casi el 13% de los ingresos totales del ayuntamiento.6

Como señala Rodríguez Kuri, el Ayuntamiento dio marcha atrás en el proyecto debido a las presiones recibidas:

“…no por motivos puramente doctrinales o de interés de cuerpo. Sabe que la prensa refleja no sólo un estado de ánimo de ciertos sectores de la ciudad,

4 Rodríguez Kuri, 1999, 174-175. 5 Estos argumentos están tomados de las Actas del Cabildo, julio de 1884 y de Díaz, 1896. 6 Perló, 1999, 293.

El negocio del agua y la creación de opinión en la ciudad de México ... 127

sino probablemente una percepción de lo que debe ser la administración de un servicio como el agua, una economía moral del servicio”.7

De este modo, estamos viendo cómo la prensa influye en la opinión pública y ésta en la toma de decisiones pero también que la iniciativa gu-bernamental, en este caso la mera propuesta de contratación del servicio de agua a un particular, está generando no sólo el debate sino que está contribuyendo a formar la opinión del público en torno a la gestión del agua de la ciudad, gestión que después de este debate quedó ligada al gobierno local como un servicio público.

No obstante, el que el servicio no pasara a manos privadas no puede contemplarse totalmente como un triunfo para la cosa pública puesto que el Ayuntamiento como institución quedó en entredicho al ver mer-mada su independencia y su integridad.

1875-1910: EL INTERÉS GENERAL FRENTE AL PARTICULAR

Ya hemos visto cómo la fuerza de la opinión pública logró que se diera marcha atrás a la contratación del servicio de agua potable. Pero el conflicto no se detiene aquí. La escasez del agua en la ciudad era pe-riódica y constituía un tema de interés general que difícilmente dejaba indiferente a la ciudadanía.

El continuo crecimiento de la capital mexicana, así como la divul-gación de los conocimientos científicos relacionados con el agua y con la higiene suponían el permanente crecimiento de la demanda de tan pre-ciado líquido. En la década de los ochenta y de los noventa del siglo XIX se celebraron diversos congresos higiénico-pedagógicos cuyos contenidos se divulgaban en la prensa y en los libros de texto. Incluso se introdujo en los programas escolares una asignatura dedicada a esta materia.8

Además, en los años setenta se notaron fuertes descensos en las llu-vias y la población de la capital notaba que la presión y la cantidad de agua que recibían en sus casas los más privilegiados —y en las fuentes el resto de la población— había disminuido en consecuencia.

Los expertos comenzaron a denunciar que el descenso de las lluvias así como el del agua que llegaba a la ciudad procedente de los manantia-les de Santa Fé y del Desierto de los Leones, se debía a la inmoderada tala de árboles que se estaba realizando en los montes cercanos. La prensa se hacía eco de estos temas y de los incendios, que también ocasionaban grandes destrozos en este sentido.

7 Rodríguez, 1999, 174. 8 Martínez, 2006 .

128 Inmaculada Simón Ruiz

Efectivamente, la madera se había convertido en una fuente de es-peculación de valor incalculable. Se explotaban los bosques para la cons-trucción de las nuevas colonias que iban surgiendo como setas en la capi-tal mexicana y para la obtención de combustible, tanto en las casas como en las fábricas; se explotaba la resina para el alumbrado público, había gran demanda de madera para los durmientes del ferrocarril, en plena expansión en esos momentos; se explotaban también las maderas precio-sas para la exportación y para el ornato de los edificios públicos y de las ricas residencias capitalinas… En consecuencia, se notaba una merma en la pluviosidad y en el agua de los manantiales, que se secaban por falta de árboles.

Para evitar que esto siguiera ocurriendo, y en atención a las deman-das de los expertos en relación al mantenimiento del buen estado de los manantiales, en 1876 el gobierno de Lerdo de Tejada decidió poner bajo protección el monte del Desierto y declararlo Zona de Reserva Forestal e Interés Público.9

Sin embargo, esta decisión no acabó con la especulación a que se veía sometido el bosque. Veamos algo de su historia para comprender el porqué de esta situación.

Desde 1786 se había comenzado a llevar a México el agua de los manantiales del Desierto de los Leones, situado al suroeste de la ciudad de México, pues se había hecho insuficiente la que se tomaba de Chapul-tepec y Santa Fe. Poco tiempo después, en 1803, por real cédula de 18 de noviembre, el gobierno real declaraba que los manantiales del Monte del Desierto eran propiedad exclusiva del vecindario de la ciudad de México.10 No obstante, el monte dependía del Gobierno de la República que tenía ahí instalado un cuartel y un campo de maniobras del cuerpo de artillería hasta que en el año 1845, al producirse la ocupación estadounidense, el Gobierno se trasladó a Querétaro y arrendó el Monte a un particular, Ramón Gamboa.

Con Ramón Gamboa comenzó la tala indiscriminada de árboles. Se-gún Dávila León los destrozos que hizo en la zona son difíciles de evaluar pues no se hizo un inventario en el momento del arrendamiento. Pero da como dato para calibrar la depredación de la zona que “durante el año de 1852 obtuvo [Gamboa] una utilidad líquida de sesenta mil pesos, tan sólo por concepto de árboles caídos”.11

Ante los desmanes de Gamboa, la Junta de Crédito Público puso una denuncia y a raíz de eso el monte fue restituido al Ayuntamiento de

9 Melo, 1978. 10 Dávila, 1935. 11 Ibidem, 17.

El negocio del agua y la creación de opinión en la ciudad de México ... 129

México, que quedó al cargo del cuidado de la conservación de las aguas a cambio de que cediera un lugar al ejército para que estableciera ahí una Escuela.

A pesar de que la Ley de 25 de junio de 1856 lo exceptuaba de la desamortización, porque estaba exclusivamente destinado al servicio pú-blico, fue incluido en la ley de desamortización como finca de comunidad, puesto en subasta pública y rematado al súbdito inglés Juan Burnaud, que llevaba tiempo instalado en las ruinas de un antiguo convento donde te-nía instalada, supuestamente, una fábrica de vidrio. El tal Burnaud había alquilado previamente el edificio a Gamboa y con él el derecho a tomar leña (palo caído o leña muerta) para alimentar los hornos de la fábrica.

Probablemente el hecho de estar instalado en el Monte al producir-se la subasta le valió el derecho a optar a su compra, que quedó estable-cida en cinco mil pesos. La compra, a todas luces, era ilegal pero a pesar de las denuncias del Ayuntamiento de la ciudad siguió adelante. Lo único que consiguió el Consistorio fue que se mantuviera la prohibición de talar en todo el bosque y de introducir ganado para evitar que destruyera los retoños. Como Burnaud hizo caso omiso y se dedicó a talar de manera ma-siva a pesar de que la fábrica llevaba tiempo sin funcionar, y como nunca pagó al Ayuntamiento el capital que le debía por la compra, el Gobierno de Miramón declaró nula la venta en 1859.

No obstante, Burnaud permaneció en el mismo sitio esquilmando el monte. Con absoluto cinismo llegó incluso a vender la mitad del mismo a otro empresario, Juan Rondero, el 24 de agosto de 1867. Fue poco des-pués cuando el Gobierno Federal decidió convertirlo en reserva forestal. Pero Rondero no se marchó del lugar y continuó talando a discreción por-que los desacuerdos entre el Gobierno Federal y el municipal en torno a quién correspondía vigilar el área y las responsabilidades sobre el terreno continuaron. En opinión de Dávila León:

“Con tan censurables y ruinosos procedimientos de funcionarios públicos, nada escrupulosos unos y sin asomo de energía otros, quedóse la Municipali-dad de México despojada del derecho tan vital para sus habitantes de vigilar la conservación de sus bosques, manantiales de agua y sus respectivos acue-ductos, y como si esto no hubiera sido bastante, tuvo que plegarse a la capri-chosa voluntad de un individuo, con el agravante de ser éste extranjero”.12

Con estos lamentos, Dávila está defendiendo la institución del Ayun-tamiento como algo perteneciente a los ciudadanos y también su derecho a vigilar el buen estado de los servicios públicos. Critica a los funcionarios,

12 Ibidem, 21.

130 Inmaculada Simón Ruiz

defiende el bien común frente a la iniciativa privada que, además, se la-menta ni siquiera es mexicana.

Dávila comenta que habían sido las continuas protestas por parte de la opinión pública las que habían llevado al gobierno de Lerdo de Tejada a convertir la zona en reserva forestal pero también señala que una cosa eran las disposiciones y otra muy diferente las prácticas. Por in-competencia de unos y otros, el Desierto continuó siendo esquilmado por los especuladores de la madera. Y los manatiales se fueron secando. La cantidad de agua que llegaba a la ciudad disminuía y, en ocasiones, llega-ba contaminada, al punto que empezaron a estudiarse nuevas formas de abastecimiento, optándose por idear un sistema que llevaba a la ciudad las aguas de Xochimilco.

Las obras de conducción procedentes de Xochimilco se realizaron entre 1903 y 1912 pero las voces a favor de aumentar la protección del Desierto no menguaron por esa razón. Ya no sólo se trataba de proteger el agua de los manantiales sino el bosque en sí. En este sentido, destaca la labor de un antiguo guarda forestal de primera de Los Leones, Agus-tín Tornel Olvera, quien a partir de 1911 emprendió una campaña en la prensa para sensibilizar a los ciudadanos y concienciar al Gobierno de la necesidad de tomarse más en serio la protección del lugar. La razón de esta iniciativa fue que varios empresarios habían entrado en negociacio-nes con el gobierno para levantar hoteles y restaurantes en la zona. Las opiniones del guardabosques fueron recogidas en un volumen publicado en 1922 como el primero de una serie de publicaciones propagandísticas de la Dirección Forestal de Caza y Pesca (perteneciente a la Secretaría de Agricultura y Fomento) para dar a conocer las riquezas forestales del país.13

El libro inicia con una frase de Humboldt en la que señala que:

“Abatiendo los árboles que cubren los flancos y las cumbres de las montañas, los hombres, bajo todos los climas, preparan a las generaciones futuras dos calamidades a la vez. Falta de combustible y escasez de agua”.14

Se trata de un argumento muy moderno en el que ya se ven impli-cadas las generaciones futuras, lo que le da una dimensión mucho más amplia que la mera defensa de los recursos para la subsistencia que había sido el argumento más utilizado hasta entonces.

Conocedor de la ideología dominante en los años centrales de la Revolución, apela al sentimiento nacional a la hora de defender el pa-trimonio natural, en un esfuerzo por ser escuchado por las autoridades:

13 Tornel, 1922. 14 Ibidem, 1.

El negocio del agua y la creación de opinión en la ciudad de México ... 131

“Obra de verdadero nacionalismo es el preocuparse por dar a conocer toda la riqueza de nuestro país, ya sea en sus riquezas naturales o bien en la raigambre de su historia”.15 Y más adelante insiste con una cita de Baudrillart: “la destrucción de los bosques es la señal precursora de la decadencia de las naciones”.16

El tono de su discurso hace explícita la intención de la Secretaría de Fomento de dar a conocer las riquezas de la nación al tiempo que pone de manifiesto cuáles son los principios con los que Tornel Olvera pretende influir sobre la población y sobre los responsables del gobierno en 1922. Pero a su vez nos da idea de los argumentos sostenidos durante la cam-paña de publicidad desarrollada en la prensa poco antes, en el período comprendido entre 1911 y 1917 y que culminó en una iniciativa guberna-mental de mucha importancia —máxime si tenemos en cuenta que fue puesta en práctica mientras el país estaba inmerso en plena Revolución— como fue la creación del Parque Nacional del Desierto de los Leones el 15 de noviembre de 1917.

Un año después de la disposición gubernamental, el 22 de enero de 1918, “sopló sobre el Bosque del Desierto un viento huracanado que aba-tió aproximadamente doscientos mil árboles de todos los tamaños, desnu-dando completamente las crestas de los montes Santa Rosa y Coloxtilla, lo cual dio origen a una absurda creencia del público sobre que el gobierno había ordenado una tala inmoderada con propósitos innobles”.17 A pesar de las dudas de Tornel sobre la hipotética presencia de la “mano negra” del Gobierno en dicho desastre, no es de extrañar la desconfianza de la opinión pública, que había aprendido a no tomar muy en serio las dispo-siciones gubernamentales con respecto al Desierto. Y no les faltaba razón, todavía en 1930 continuaban las labores de tala en el Parque Nacional como denuncia Dávila León, quien ignora “si dicha tala se está haciendo con autorización del Gobierno o sin ella”.18

1922. MOVILIZACIÓN POPULAR EN DEMANDA DE UN MEJOR SERVICIO

En el mismo año en que se publicó el libro de Tornel Olvera sobre el Desierto de los Leones ocurrió en la ciudad de México un motín contra el Ayuntamiento capitalino originado por la falta de agua. El motín ha sido suficientemente trabajado por Rodríguez Kuri.19 Sin embargo, él lo

15 Idem. 16 Ingeniero formado en los principios de la silvicultura alemana y fundador de la Escuela de Montes en Nancy, Francia (Métailié, 1999). 17 Tornel citado por Dávila, 1935. 18 Idem. 19 Rodríguez, 2005.

132 Inmaculada Simón Ruiz

analiza teniendo como objetivo primordial de estudio el conflicto político y aquí vamos a rescatar sólo uno de los aspectos por él señalados, el de la formación de la opinión en torno al servicio del agua potable, por mucho que la intención de los propagandistas fuera la movilización popular con fines políticos. Nos interesa también destacar la desconfianza de la opi-nión pública hacia los miembros del gobierno (fueran del Ayuntamiento o del Gobierno Federal) como ocurrió con el caso del Parque Nacional del Desierto de los Leones.

Como señalábamos antes, entre 1903 y 1912 se había ideado un nue-vo sistema de abastecimiento de agua consistente en acarrear agua desde los manantiales de Xochimilco a una casa de máquinas en la Hacienda de la Condesa, desde donde era bombeada a cuatro depósitos localizados en lugares estratégicos y de ahí a las tuberías que la redistribuían por la ciudad.

El 19 de noviembre de 1922 una de las bombas se rompió, quedán-dose sin agua buena parte de la capital. La noticia apareció publicada al día siguiente en los principales diarios de la capital e, incluso, en el Diario de debates de la Cámara de Diputados según el relato de Rodríguez Kuri. Casi todos coincidían en que se había tratado de un accidente, si bien no todos adjudicaban las responsabilidades a las mismas personas. Para algunos, la culpa había sido de los trabajadores de la Compañía de Luz y Fuerza encargados de la vigilancia de las bombas; para otros, la culpa era del Ayuntamiento, por no cambiar a tiempo las válvulas de las bombas o por haber traficado con las piezas de repuesto.20 Hubo quien llegó a seña-lar que se trataba de un sabotaje de algunos miembros del Ayuntamien-to, pertenecientes al Partido Liberal Constitucionalista; otros acusaban al gobernador del Distrito Federal y al jefe de Establecimientos Fabriles, que pertenecía al Partido Laborista. Todo ello sucede en un contexto de diná-mica de cambio casi permanente en el Ayuntamiento de México debido a que se renovaba anualmente.

Pero, como decíamos, no vamos a entrar en la polémica de las acusa-ciones y las responsabilidades sino en la percepción que la ciudadanía te-nía del servicio del agua y cómo se había formado dicha percepción. Para Rodríguez Kuri, parafraseando a George Basalla, la necesidad de tener en casa acceso al agua para atender las necesidades domésticas y de consu-mo es una “necesidad percibida” que sólo existe “cuando la población se confronta —vía la publicidad o la misma presencia física del servicio— con el nuevo producto o servicio”.21 Lo más interesante de todo es que buena parte de esta publicidad había sido generada precisamente por el gobier-no que vendía dicho servicio como un logro suyo y que promocionaba la

20 Ibidem, 174. 21 Ibidem, 177.

El negocio del agua y la creación de opinión en la ciudad de México ... 133

necesidad de mejorar la higiene desde las propias escuelas públicas,22 los congresos higienistas, la universidad y la prensa.

Cuando el gobierno publicitó la construcción del sistema Xochimilco estaba dando un paso adelante sin posibilidad de marcha atrás pues la población no estaba dispuesta a renunciar ya a lo que consideraba un derecho. La protesta frente al ayuntamiento demuestra que se hacía res-ponsable del accidente a la autoridad y que se esperaba de ella que solu-cionara el problema de inmediato.23

De esta manera, no siempre es el gobierno (ya sea local o federal) quien responde con políticas públicas a las demandas ciudadanas sino que también ocurre lo contrario: las obras públicas generan nuevas demandas y la prensa contribuye a canalizarlas para devolverlas de nuevo a la po-blación.

La importancia de la prensa en estos procesos se ve claramente en la actividad desarrollada desde la secretaría particular del presidente muni-cipal, Alonzo Romero, donde “intentaron un seguimiento sistemático de las opiniones de los periódicos respecto a la gestión del gobierno local. Tal seguimiento incluyó la elaboración de guiones y definición de prioridades para que Alonzo Romero estuviera capacitado para responder a los cues-tionamientos de los reporteros”.24

A pesar de los intentos del presidente municipal por evitarlo, el mo-tín se produjo el 30 de noviembre y entre cuatro y cinco mil personas se congregaron frente al Ayuntamiento exigiendo soluciones. La falta de mujeres entre los manifestantes (no se menciona su presencia ni hubo una sola entre los 11 o 12 muertos y los más de sesenta heridos consignados) hace pensar que no se trató de un clásico motín de subsistencias sino una movilización orquestada por la prensa capitalina y por la organización de trabajadores CROM para debilitar al ayuntamiento.25

1929-1930: LA SALUD PÚBLICA COMO OPORTUNIDAD DE NEGOCIO

El incidente de la rotura de las bombas de agua en la Condesa no fue un caso aislado. La ciudad continuó teniendo problemas de abasteci-miento y periódicamente se producían cortes del suministro con sus con-secuentes protestas y seguimiento por parte de la prensa local.

22 Martínez, 2006. 23 Sobre la economía moral del servicio desde el porfiriato ver Rodríguez, 1999, y Simón, 2010. 24 Rodríguez, 2005, 186-187. 25 Ibidem, 196.

134 Inmaculada Simón Ruiz

Llama la atención que, al igual que ocurrió en 1922, en estas protes-tas no se pone en duda la eficacia del sistema Xochimilco sino que, muy por el contrario, se suele alabar la obra realizada por Manuel Marroquín y Rivera a principios de siglo. Lo que se repite, sin embargo, son las denun-cias contra la mala gestión de las instalaciones.

En 1932, José Cossío, abogado y presidente de la Sociedad Mexicana de Geografía y Estadística, señalaba que el sistema era perfecto pero que no lo era el Ayuntamiento, a quien acusaba de negligencia y de malver-sación de fondos.26 Éste había quedado a cargo del mantenimiento y la supervisión del sistema hasta que fue decretada su disolución en 1928 y todavía en 1932 seguía siendo criticada su labor en torno al servicio del agua potable.

No obstante, los problemas de mala gestión y de fraude no desapa-recieron con la institución. Aunque ahora las cifras oficiales tenían que hacerse públicas para conocimiento de la ciudadanía, lo que se denuncia no es la falta de transparencia sino la mentira calculada a la hora de hacer publicidad con las cifras. Por ejemplo, José Cossío denunciaba manipula-ción y ocultación de datos:

“Recordaré que hace mucho tiempo que se ocultaba la verdad sobre el pro-ducto de la renta por el consumo de agua: según los datos oficiales que se han publicado y los informes que se han rendido, no hay en la ciudad más que unas 27.000 tomas que a razón de $ 12,00 producen un total de $ 2.000.000,00 de pesos poco más o menos. Pues bien señores, este dato es falso, y no se ha podido conseguir que se rectifique: suponiendo que sólo existan las 27.000 tomas en las casas de la ciudad, no es cierto que cada una produzcan doce pesos al bimestre, porque ese es el producto mínimo”.27

Continuaba señalando que había tomas que consumían mucho más y que, además, no se habían contabilizado las tomas destinadas a usos industriales como la del ferrocarril (que no están contabilizadas dentro de las 27.000). Tampoco se tenían en cuenta dentro de esas cifras las ventas de agua a otras jurisdicciones como Tacubaya y la Villa, ni la que entonces se estaba gestionando con Coyoacán.

Esas ocultaciones, ese falseamiento de los datos, respondían a un deseo que para Cossío estaba muy claro. Se mentía en la cantidad re-caudada y se estaba “gestionando” la escasez alegando falta de recursos para remediarla porque:

26 Cossío, 1935. 27 Ibidem, 51.

El negocio del agua y la creación de opinión en la ciudad de México ... 135

“…si todo el servicio de aguas produce varios millones de pesos, y su soste-nimiento ha costado menos de un millón al año, no se han hecho por obras necesarias para la conservación y ensanche, no porque no haya habido y haya también hoy dinero para hacerlas sino para hacer creer que es necesa-rio contratar el servicio”.28

Sabía bien de lo que estaba hablando. Desde principios de la cen-turia se estaba manejando la posibilidad de acarrear hasta la ciudad de México agua proveniente del río Lerma. En un principio se discutió si em-prender las obras necesarias para hacerlo en lugar de emprender las del sistema Xochimilco pero, finalmente, estas últimas resultaban más econó-micas y se optó por ellas.

Como el tema del abastecimiento no se había solucionado al 100% con el sistema Xochimilco, cada vez que ocurría un problema en la capital, se volvía a poner en discusión la necesidad de hacer nuevas obras y Cossío mantenía que el servicio se mantenía de forma negligente, se ocultaban o se manipulaban las cifras y no se hacían obras de mejora en el sistema sólo para favorecer a los “lobbystas” que pululaban en torno al Gobierno con el fin de hacer negocio a costa del agua citadina.

Otros personajes, sin embargo, pensaban que la falta de agua era real y no inducida por el Gobierno. Tal era el caso, por ejemplo, del inge-niero Ignacio L. de la Barra, que había formado parte de la Junta Directiva que el Gobierno Federal comisionó para la gestión del agua en la capital y que dio como resultado la realización de las obras del sistema Xochimilco. Así lo manifestaba en un alegato destinado a estimular al Gobierno y a la ciudadanía para exigir de aquél el inicio de nuevas obras, esta vez desti-nadas a traer el agua desde el río Lerma:

“Está fuera de duda que la ciudad necesita, exige, agua en mayor abundan-cia, puesto que el número de sus habitantes aumenta cada día y la superficie poblada se extiende sin cesar, y también es un hecho que el soberbio pro-yecto formado en 1903 no llena las necesidades actuales y las de su futuro próximo”.29

Y por si fuera poca la demanda insatisfecha que había, continuaba:

“Es necesario educar al pueblo dando facilidades para el establecimiento del mayor número posible de locales destinados a baños a precios reducidos, po-niendo el agua pura sin restricciones a su alcance, lo que contribuirá también a mejorar sus condiciones morales, retirándole de las tabernas y creando en él de una manera natural e insensible, el hábito del completo aseo personal

28 Ibidem, 51-52. 29 De la Barra, 1930, 188.

136 Inmaculada Simón Ruiz

que aleja los gérmenes que perjudican en grado tan alto a la salubridad pública y que elevan ahora en proporción enorme nuestro coeficiente de mortalidad”.30

Apelaba a los avances en ingeniería sanitaria, comparando a México con los países “más avanzados” como Inglaterra y Francia y, sin ir más lejos, con Argentina donde recientemente se habían realizado grandes obras de infraestructura para dotar de agua a la ciudad de Buenos Aires, “el París de América” como él mismo la denominaba.

Ambos autores, Cossío y de la Barra, representan dos actitudes di-ferentes con respecto a la gestión del agua en México y, grosso modo, la mayor diferencia está en la necesidad o no de emprender grandes esfuer-zos económicos para obras monumentales (a través de la contratación de créditos) o limitarse a reformar las existentes. Ambos hacen referencia a la legislación sobre sanidad. Mientras que para De la Barra es un axioma, para Cossío es cuestionable pues, como él mismo señala, “la última Ley de Hacienda Pública fue influenciada por los “Lobbystas”, lo mismo que el Reglamento de Ingeniería Sanitaria”.31

Se trata de dos concepciones diferentes del progreso. Mientras que el ingeniero apuesta por el crecimiento ilimitado, el abogado agrarista lo hace por la transparencia y la moderación en el gasto. Cossío da como ejemplo de la utilización de los nuevos avances sanitarios y de la divul-gación de los supuestos beneficios de los mismos la privatización de la gestión del agua llevada a cabo en Tampico en aquellas fechas:

“Para preparar el terreno y hacer más productivo el negocio para la futura empresa, por diversos medios se va a impedir el que se haga uso del agua de los pozos artesianos aun para el lavado y para el riego. Así lo hizo la “Hidros” en Tampico, con los algibes, todo esto por supuesto, siempre a pretexto de higiene y salubridad”.32

Y no estaba muy descaminado. Son varios los artículos dedicados al tema de la utilización o no de los pozos artesianos en la capital de México en el Boletín de la Sociedad Mexicana de Geografía y Estadística en aquellos años, antes incluso de que se relacionara su utilización con el hundimiento paulatino de la ciudad de México. Concretamente, De la Barra, aunque los menciona de pasada en su artículo, sostiene que las dos fuentes de abastecimiento para la capital realmente significativas son Xo-chimilco y el río Lerma. A su juicio, la solución pasa por abrir un túnel de

30 Idem. 31 Cossío, 1935, 50-51. 32 Ibidem, 52.

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25 kilómetros atravesando la Sierra de las Cruces, que se interpone entre el río y la capital, e instalar bombas para elevar las aguas 400 metros hasta un lugar llamado La Cima (para crear una caída después de las aguas de algo más de ochocientos metros), instalar una planta hidroeléctrica para el bombeo y construir un acueducto de más de sesenta kilómetros para llevar el agua desde La Cima hasta la ciudad.

Se trata de una solución ingenieril de elevado costo y muy discutida pero que, finalmente, se puso en práctica, de manera que hoy sigue pro-porcionando agua a la capital mexicana.

CONCLUSIONES

Las demandas populares contribuyen a la formación de políticas públicas pero hay que señalar también que las demandas populares no siempre surgen por generación espontánea. La ingeniería sanitaria vino a México para quedarse, pero vino de la mano de los poderes públicos. Fue Porfirio Díaz quien se mostró más interesado en el desarrollo de la ingeniería33 como disciplina en el país y uno de los mayores logros de su gobierno fue la construcción del Canal de Desagüe, obra que llevó a cabo como una cuestión de prestigio personal.34

Este interés y la puesta en práctica de las obras fueron un arma de doble filo para el Gobierno, pues la organización de una elite intelectual en torno a la ingeniería sanitaria lleva a estos personajes a divulgar sus conocimientos y a crear nuevas necesidades entre la ciudadanía y, con ello, nuevas exigencias.

Por otro lado, el basar el prestigio y la gobernabilidad en las grandes obras, lleva a su cuestionamiento si dichas obras se hacen insuficientes o no funcionan correctamente. A partir de entonces viene el baile de las responsabilidades. ¿Hay que poner en cuestión la obra en sí o la mala ges-tión de la misma? Hemos visto cómo partidarios y enemigos del régimen utilizaron a la prensa como medio para difundir sus ideas y cómo la propia prensa tomará partido por uno u otro bando según su propia ideología o intereses. Así, la ciudadanía como receptora y como posible vehículo de transmisión del descontento también participará en la generación y en la resolución de los conflictos.

En estas guerras de acusaciones y juicios sobre las intenciones o las actitudes ajenas que hemos presentado en estas páginas, el gran perjudi-cado fue el Ayuntamiento, que terminó siendo eliminado del organigra-ma institucional. Efectivamente, con frecuencia su actividad fue negligen-

33 Casals, 1996. 34 Perló, 1999.

138 Inmaculada Simón Ruiz

te pero con su desaparición perdió también la ciudadanía de la capital, que cansada de ver cómo operaban regidores y presidentes municipales no hizo nada por evitar dicha pérdida.

Aventurar la presencia de una “mano negra” operando para conse-guir finalmente lo que ocurrió con la institución no es arriesgado si hace-mos una recapitulación alrededor de la paulatina pérdida de poder que vivió a lo largo del período aquí tratado. Es cierto que el ayuntamiento tuvo su parte de culpa, pero también lo es que la prensa y las elites inte-lectuales se esmeraron por ponerlo de manifiesto sin procurar hacer nada por evitarlo. La solución podría haber pasado por aumentar los instru-mentos de control por parte de los capitalinos sobre los regidores y por mejorar la situación de los mismos dentro del consistorio ya que en sólo un año apenas podían hacer un trabajo continuado. Así, su paso por el cargo se prestaba más a lucrarse que a mejorar la gestión.

En el conflicto sobre la contratación privada del servicio de agua vimos cómo el Ayuntamiento fue desautorizado por el Gobierno Federal y obligado a dar marcha atrás en la cesión de la gestión del agua, quedan-do su autoridad en entredicho.

En el caso del agua que provenía del Desierto, el Ayuntamiento per-dió la jurisdicción sobre el monte y sobre las aguas de sus manantiales porque pasó a ser zona protegida por el Gobierno Federal.

En el caso de la rotura de las bombas también se responsabilizó al Ayuntamiento. La población se amotinó ante sus puertas por considerarlo responsable de proporcionar el servicio a pesar de que hubo opiniones que sostenían que se había tratado de un sabotaje para echar al partido de turno del gobierno local.

En el último caso mencionado, el Ayuntamiento ya había desapa-recido como tal pero aun así continuaron las críticas sobre él tanto por ingenieros o “lobbystas” como por los partidarios de no hacer grandes inversiones en infraestructuras.

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 141-160

En el país de la sed: los intereses franceses en proyectos

hidráulicos en el México Porfirista

Alejandro Tortolero VillaseñorUniversidad Autónoma Metropolitana, Iztapalapa

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INTRODUCCIÓN

Si el siglo XVIII está asociado a la Ilustración y a la expansión de la fi-losofía emanada de las luces, el XIX tendrá una vinculación formidable con el progreso y el desarrollo científico. En esa dinámica del progreso resulta interesante observar cómo se construye un referente en Francia de una ci-vilización asociada a culturas milenarias como la azteca o la maya, pero que en pleno siglo XIX no aparecía en la lista de países donde el progreso había echado raíces.

México, en el fondo, formaba parte de esos países salvajes donde el lugar para lo exótico y la aventura, parecían modelar un imaginario asocia-do a un país rico pero incapaz de gobernarse, un país donde sus habitantes prefieren cargar piedras en la cabeza en lugar de utilizar una carretilla para moverlas en forma eficiente.1 Por ello, Michel Chevalier, una figura impor-tante en la primera mitad del siglo en la construcción de una imagen de México en Francia, no duda en afirmar que no hay ningún país en el mundo donde la configuración sea tan particular y ventajosa. No obstante, México era una nación inútil en el concierto de la civilización humana, completa-mente borrada de este mapa y sin valor. ¿Por qué existe esta situación? Por una ineficiente organización política y la falta de libertades. Estos males, en el pensamiento de Chevalier, eran producto del colonialismo español, pero bien gobernado, México se convertiría en un gran país aliado de Francia. Allí está la misión civilizadora francesa de extensión de la latinidad y los orí-genes de un pensamiento colonialista que se consagra durante el régimen de Napoleón III y alcanza su apogeo con el apoyo a la aventura imperial de Maximiliano en México.

1 Chevalier, 1842, 249.

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Por tanto, lo que observamos es que la imagen de México pasa por dis-tintas fases de construcción en el imaginario francés del XIX.2 En una primera fase estas referencias culturales se asocian a los viajeros que intentan cambiar la visión americanista de los misioneros que, con su mirada etnográfica, es-tán aún presentes a mediados del siglo XVIII.3 Estos viajeros construyen una mirada exterior realizada por científicos, naturalistas, marinos, astrónomos, físicos. La representación más importante de este grupo es la que realiza Humboldt, con su mirada global y detallada sobre la Nueva España. Si esta imagen es valorada por hombres de poder y de ciencia, en cambio el público curioso y ávido del exotismo hace suya otra imagen de vulgarización que aparece en trabajos como los de Gabriel Ferry o de Gustave Aymard y que se impone a mediados del siglo XIX. Todavía en 1892 generan las críticas de personajes como Louis Lejeune, quien no duda en responsabilizar a los escritores de esta representación distorsionada que había construido lo que él llama finamente una “geografía imaginaria” que todos sus esfuerzos no lograrían arrancar del pensamiento francés.4 Sin embargo, los esfuerzos no serán vanos. En el último tercio del XIX aparece una imagen de México que lo aleja de la leyenda negra del salvajismo y el no valor, para tratar de ubi-carlo en otra donde la paz y los abundantes recursos naturales serían dos piezas claves para construir una nación civilizada. Se intenta construir una leyenda blanca de un país donde la paz, el orden y el progreso atraerían a los inversionistas franceses dispuestos a exportar sus capitales para construir el futuro del país. Esto es lo que desarrollaremos en este apartado, asumiendo como hipótesis que así como los testimonios de viajeros y escritores privile-gian la descripción y la imagen para hacer sus transferencias culturales, los científicos y etnólogos recurren a disciplinas nacientes como la arqueología o de una cierta tradición como la botánica. Los geógrafos hacen de la carto-grafía y la descripción del paisaje elementos centrales en su explicación y los diplomáticos y asesores de empresas que aparecen a finales del siglo, hacen de la estadística una pieza clave en la cientificidad de su análisis.5 La mirada científica transita entonces por los intersticios de las ciencias naturales hasta anclarse en la economía política y en sus herramientas estadísticas. Si para

2 Para la idea de las construcciones y las transferencias culturales es muy útil el trabajo de Michel Espagne y Michel Werner publicado en Annales, julio-agosto, 1987. 3 Para la utilidad del viaje como forma de conocimiento, véase Lepetit, 1999, 197, quien afirma lo siguiente: “Conocer bien es describir; describir es desarrollar un discurso verídi-co en el seno del cual las curiosidades, además de suscitar interés, constituyen el emblema del espacio exótico. Así, la virtud del relato de viajeros reside en la fuerza de evidencia que manifiesta. Si origina una adhesión del lector no hay más que decir. Organizado en cuadros de hechos verdaderos, desafía el comentario, llama a la duplicación, ofrece todos los elementos necesarios y suficientes para un saber positivo sobre el mundo”. 4 Lejeune, 1892, III. 5 México había roto relaciones con Francia después de la aventura imperial de Maxi-miliano y las reanuda hacia 1880.

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estos economistas el nivel de civilización de un país se asocia a su capacidad de producción y al grado que alcanzan sus consumos, había que transformar este país atrasado, incapaz por naturaleza de emprender grandes trabajos, en otro productor de materias primas y consumidor de manufacturas del an-tiguo mundo.6 Para ello la pieza clave sería crear las bases que pudieran con-quistar la confianza de los inversionistas franceses; la empresa de seducción ya no pasa por la conquista de pirámides aztecas, como lo había intentado Napoleón III, sino por la confianza de los inversionistas en el futuro del país.7 A ello se abocan los gobiernos de México y Francia creando una coincidencia de intereses que pasan por la construcción de esta leyenda blanca.

Sin embargo, esta leyenda blanca está ligeramente ensombrecida por el análisis de múltiples viajeros que presentan un país de recursos naturales extraordinarios pero sin recursos hidráulicos abundantes. Esta opinión surge ya en los trabajos clásicos de Michel Chevalier y luego durante el porfiriato es señalada con vigor por Lejeune, Bigot y otros autores como veremos en seguida.

LOS VIAJEROS. LOS ANTECEDENTES: 1800-1880

En esta etapa coexisten la representación científica y erudita junto con la vulgarización de la imagen de México para un público amplio y ávido de noticias exóticas. Los medios para transmitir esta representación son el libro científico, pero también el periódico que intenta llegar a un público masivo. Los representantes más importantes en estas transferencias, en lo que atañe a la tradición científica, son Humboldt, Chevalier, Brasseur de Baeurbourg y Desiré Charnay; mientras que en la labor de divulgación encontramos a Gabriel Ferry, Gustave Aymard y L. Biart.

Sin lugar a dudas, los relatos de viajes fueron muy importantes en la construcción de la “leyenda mexicana”. Estos relatos surgieron de dos tradi-ciones: por una parte, la tradición del viaje científico, como el de Alejandro von Humboldt, y por la otra, la literatura de viajes anglosajona.8 Humboldt había elaborado una imagen de México como el país destinado a convertirse en el más próspero de la Tierra. Sus impresiones de viaje, redactadas en fran-cés, se publicaron en París en 1805, en 1807 en lengua alemana y tuvieron

6 Sánchez en Bertrand y Vidal, 2002, 216. 7 Pérez Siller analiza esta empresa de seducción en un interesante artículo, 1998, 309-336. 8 Cramaussel, 1998.

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una influencia decisiva en los otros viajeros deseosos de seguir sus pasos.9 En cuanto a la tradición anglosajona, fue fundamental el impacto del libro de William Robertson History of America, cuya primera edición en lengua ingle-sa data de 1777 y la edición en francés, de 1778. Esta obra le sirvió de apoyo a William H. Prescott para publicar su History of México en 1843, traducida y publicada en francés el mismo año. La tradición anglosajona consideraba que si México no estaba más desarrollado, era debido a la colonización es-pañola, que había obstaculizado su desarrollo cultural y económico.10 Varias obras dan testimonio de esto, pero la conclusión del gran libro de Roland Bo-naparte es muy clara en este sentido: “Es indudable que, desde hace treinta años, México entró a una nueva era de independencia nacional, que desco-noció durante la época colonial”.11

A estas conclusiones se podía acceder a través del viaje científico, que reflejaba el interés de una comunidad capaz de asumir que el progreso del conocimiento científico podía transformar a las sociedades.12 La creación de Academias y de una sociabilidad erudita reflejan este interés. En Francia existen alrededor de mil sociedades científicas que cuentan con unos doscientos mil asociados en el siglo XIX.13 Las publicaciones que reflejan este conocimiento son esencialmente las emanadas de los establecimientos científicos que organizan y financian las expediciones, además de las de las sociedades científicas. A ellas habría que añadir un tercer tipo de publicación en la prensa de gran difusión.

En la mirada científica son importantes figuras como las de Michel Che-valier, el abad Charles Brasseur de Bourbourg y Desiré Charnay. El primero fue un brillante alumno de la Escuela Politécnica y miembro del prestigioso Colegio de Francia; llega a México a mediados de enero de 1835 y allí co-mienza a desplegar su pensamiento saint simoniano de construcción de un

9 A semejanza de la obra Le Mexique au début du siècle, escrito por una pléyade de sabios franceses a principios del siglo XX, que era “... una obra análoga a la que Alexander von Humboldt había elaborado a principios del siglo, con el título de Ensayo político sobre el reino de la Nueva España, y mediante la cual, de alguna manera, dio a conocer a México al mundo europeo” (Bonaparte. s.f., 327). 10 Los viajeros alemanes no eran antihispánicos. En cambio, los ingleses eran muy críti-cos ante el colonialismo hispánico, sobre todo en lo concerniente a las cuestiones religiosas (García, 2000, 8). 11 Bonaparte, s.f., 371. 12 La tipología de los viajeros es resumida por Minguet de la siguiente manera: “On trouvait parmi eux, des voyageurs proprement dits, c’est a dire des homme[voyageaient] pour leur plaisir, pour celui de la découverte d’horizons nouveaux ou du “pittoresque”, des “tou-ristes” avant la lettre [...] mais aussi des savants: naturalistes, ingénieurs. médecins, géologues, historiens; des missionnaires, des diplomates —ambassadeurs et consuls—, des militants —et en particulier des marins—, des émigrants économiques ou politiques, des commerçants et des négociants, des artistes, des proscrits, des hors-la-loi” (Charles Minguet preface a Kircheimer, 1987, 74). 13 La francmasonería contaba en 1910 con 39.000 asociados repartidos en 580 logias, lo que refleja la importancia de las sociedades científicas (Huerta en Bertrand y Vidal, 2002, 76).

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nuevo cristianismo en un país con todas las ventajas para convertirse en un gran país. En la Revue de Deux Mondes escribe en 1862 que no hay ningún país del mundo donde la configuración sea tan particular y ventajosa. Si el país tiene tantas ventajas ¿por qué no se ha desarrollado entre los países civi-lizados? El respondía que era un no-valor, una nación inútil para el resto del género humano completamente borrada de la civilización. Tiene todos los recursos físicos, pero le falta organización política y respeto a la libertad. Es-tos males son producto del colonialismo español, pero bien gobernado, Mé-xico sería un gran aliado de Francia. Aparece así el pensamiento colonialista de la misión de Francia de extender la latinidad, pero también de obtener materias primas baratas que ellos transformarían en productos.14

Para Chevalier México tenía enormes ventajas que lo convertían en un país único en el globo, con un invierno suave que ayuda a la floración y al cultivo de las plantas, con planicies donde no había crestas gigantescas ni precipicios que impidieran la comunicación como en la América meridional, con pocos volcanes y poca actividad sísmica; en cambio, tenía un lado débil por ser un país seco, casi árido.15 Esta representación se consolida durante el porfiriato a través de autores como Bigot y Lejeune.

1880-1920: EL CAMBIO Y LA CONSTRUCCIÓN DE UN NUEVO MODELO

En 1880 se reanudan las relaciones diplomáticas entre México y Francia. Este evento genera una nueva política entre los dos países que del lado mexicano estimula una política de seducción, una campaña para generar una nueva imagen de Francia en México, tan lastimada por la aventura imperial de Maximiliano, mientras que del lado francés seguirá existiendo el interés por contar con un país aliado frente al expansionis-mo norteamericano, pero independiente. Para ello debían contribuir ya no con aventuras militares sino con capitales y estos llegarían a partir de la creación de una imagen de México donde la confianza, el buen manejo de la economía y la credibilidad en el gobierno, serían tres piezas clave y que podrían ser manipulables a partir del manejo de ciertas informaciones.

Un segundo elemento que es importante señalar es que en esta etapa se adopta en México un nuevo modelo de desarrollo vinculado a Francia. En

14 Ver el trabajo dedicado a Michel Chevalier en Andries et. al., 2009, 338. 15 “El lado débil de México es la corriente de las aguas que allí se ven formando torren-tes, los cuales durante el verano...quedan casi todos en seco…Felizmente, en la estación de las lluvias que dura cuatro meses de nuestro estío, todos los días la tierra mexicana es abundante-mente rociada después de mediodía y entonces se llenan no sólo los receptáculos naturales que alimentan las fuentes, sino también los estanques dispuestos por la previsión de los hombres para asegurar el riego a la agricultura, estanques que no sería imposible multiplicar, con tanto más motivo que, cuanto que los arroyos y los manantiales son bastante escasos en la llanura.. En resumen, México es un país seco y con frecuencia bastante árido” (Chevalier, 1983, 342).

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efecto, el régimen porfirista adopta como modelo de desarrollo el francés, fundado en un nacionalismo moderno, cosmopolita y urbano que supone a la nación como una construcción homogénea y occidentalizada, orientada hacia el mercado internacional, reglamentada y organizada científicamente. Los in-migrantes blancos y la inversión extranjera eran componentes claves de este concepto.16 Este modelo es adoptado por las elites porfiristas y con ello lanzan un proyecto de desarrollo que va a durar más de tres décadas creando un par-teaguas. Antes de 1880 México no contaba con ferrocarriles, ni con bancos, ni con instituciones que estimularan el desarrollo económico. A partir de 1880, con la introducción de los ferrocarriles, asistimos a la construcción del México moderno.

Surge entonces una nueva representación de México en Francia y hacia allá se encaminan los esfuerzos de una elite financiera y comercial que constru-ye una nueva representación de México. Esta construcción se apoya en diversas publicaciones que nos muestran a un México donde los bandidos habían sido controlados por los guardias rurales, donde la anarquía del período 1821-1876, se convertía en una eficiente administración durante el porfiriato. En fin, las publicaciones que dan cuenta de esta nueva representación las encontramos en el siguiente cuadro:

Tabla 1. Publicaciones francesas de 1867 a 1920

Autores Franceses Mexicanos Otros TotalLibros 49 14 13 76Folletos 21 13 1 35Periódicos 9 9Tesis 4 1 5Total 83 28 14 125

Fuente: Pérez Siller, 1998.

Si bien la literatura de aventuras, exotismo, exuberancias y viajes inéditos sigue publicándose para el lector de jornales, lo que encontramos ahora, sobre todo en los libros, es una nueva representación de un país donde el inventario de sus recursos, de sus vías de comunicación y de sus instituciones, están en la base de una nueva representación donde la confianza en el gobierno de Díaz se impone. Una pieza clave en la construcción de esa confianza es la utilización de un nuevo método que varios de los autores que analizaremos hacen suyo. El testimonio de Raoul Bigot es elocuente al respecto cuando afirma: “On n’y trouvera donc pas de longs historiques, ni de longues dissertations, ni des des-criptions techniques, sinon de chiffres expliqués par un travailleur qui, pendant

16 Tenorio, 1998.

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prés de cinq années passées dans ce pays si hospitalier, a vu, observé, et essaie d’exposer simplement les faits et leurs déductions”.17

Apoyados en la estadística, autores como Bigot y Lejeune hacen una detallada radiografía de México donde otra vez se consolida la tesis de un país único en recursos pero con el talón de Aquiles de la falta de obras hidráulicas que había señalado Chevalier.

En efecto, Raoul Bigot y sus notas económicas publicadas en 1907 dan cuenta de este cambio de perspectiva. Bigot estudia en París en la Escuela Nacional de Artes y Oficios siendo, como Chevalier, un alumno brillante. Más tarde se convierte en representante en México del consulado belga y viaja por el país durante cinco años para redactar sus informes destinados a dar a conocer al público inversionista que México había dejado de ser un país tur-bulento para convertirse durante el período de Díaz, en una gran nación.18

Esta gran nación contaba con un caudal de recursos casi ilimitados pero, sin duda, el saneamiento de sus finanzas la habían convertido de una república cualquiera al país más importante de la América Latina.19 A esto también contribuyen sus recursos agrícolas que serían aún más importantes mediante la introducción de obras de irrigación, pero sobre todo su poten-cial minero y el desarrollo de las vías férreas.

Sus Notas Económicas se apoyan en dos elementos centrales. En primer lugar su experiencia de vida en el país y en segundo lugar, y más impor-tante aún, en las estadísticas que había podido recabar como funcionario del gobierno belga. Este método, sin embargo, esconde algunas realidades. Por ejemplo, cuando habla del campo mexicano para Bigot no existe ningún problema social. Ni habla de una desigualdad generada por la existencia de la gran propiedad, ni de los bajos salarios en el campo, ni de las difíciles condiciones de trabajo.20 En su discurso, el problema mayor es económico y consiste en cómo hacer más productivo el campo mexicano, para ello las recomendaciones serán poner en circulación tierras incultas, extender las

17 Bigot, 1907, 4. 18 En sus palabras: “La moitié du siècle fort agitée qui a suivi l’indépendance de la “Nouvelle Espagne” a fait place a une tranquillité qui s’est affermie de jour en jour et grâce a laquelle le travail -rendu possible par la paix- a pu développer les ressources naturelles de ce pays privilégie et le faire prétendre a passer du rang de “Nation turbulente” au rang de “grand nation” (Ibidem, 3). 19 En sus palabras: “A juger par les résultats merveilleux obtenus pensez qu’il y a peine un quart de siècle le Mexique n’était pas plus considéré financièrement et commercialement que l’une quelconque des petits républiques du centre-Amérique, sous le rapport du crédit, tient la tète de toute l’Amérique Latine…” (Ibidem, 8). 20 Hay que mencionar en su descargo que en 1909 escribe una versión más literaria y menos estadística de sus notas sobre México y allí, si bien sigue argumentando que el problema del campo mexicano es esencialmente hidráulico, también señala que se debería dividir la gran propiedad: “Le véritable avenir du développement de l’agriculture au Mexique est lié a la réa-lisation des points suivants: l’exécution de travaux hydrauliques, le morcellement des grandes propriétés foncières, enfin la colonisation” (Bigot, 1909, 85).

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obras de irrigación, multiplicar las vías de comunicación e introducir capitales y hombres en estas nuevas tierras.21

En esa misma tradición de análisis ubicamos los trabajos de Louis Lejeune, un viajero francés que llega a México en 1882 después de haber realizado un viaje por los Estados Unidos y Canadá. Sus conversaciones literarias, destinadas a públicos reducidos y selectos, son muy apreciadas y pronto se convierte en es-critor de publicaciones de lengua francesa, donde hace gala, por más de treinta años, de un gusto por los relatos de aventuras y por los artículos que, a través de un amplio manejo de cifras, mostraban la riqueza mexicana.22

En efecto, Lejeune parte de una fina crítica a los escritores franceses que lo precedieron como viajero porque construyen una geografía irreal muy difícil de arrancar del imaginario francés. Dicha geografía pasa por la aventura, por el exotismo y la superficialidad. Al aventurero que cruza con el cuchillo bajo el agua en ríos plagados de lagartos, al viajero cosmopolita que toma el tren en Nueva York para llegar a la ciudad de México y descubrir que no hay mujeres de mundo, Lejeune, ofrece en Au Mexique —1892— una visión construida con esmero, no en nueve meses de estancia como Lucien Biart, sino en diez años de viajes por todos los rincones de México y de trabajo metódico. El viajero toma notas, observa objetos, llena sus maletas de minerales, busca orquídeas, saborea vainillas, mide abetos, examina las ramas de los árboles, admira el aceite de los cocos...Con este bagaje construye una representación que poco tiene que ver con sus antecesores. En cambio coincide en la tradición de Bigot cuando habla de un antes y un después para México. El México de Lucien Biart era más pareci-do al de Ernest Vigneaux, quien en 1855 lo asocia con Santa Ana, con las diligen-cias, los monjes, los bandidos y el pasado español. El México de Lejeune, igual que el de Bigot, es el de los ferrocarriles, de los telégrafos, de la banca y de las

21 En sus palabras:” Malgré une utilisation incontestablement faible de ses terrains utilisables, le Mexique est un pays exportateur de produits agricoles; le jour ou la diffusion des travaux hydrauliques permettra l’exploitation rationnelle des terres et ou les voies de commu-nication se seront multipliées, le capital affluera, le colon viendra et le Mexique deviendra l’un des premières pays du monde pour l’exportation agricole: son sol est aussi riche que son sous-sol et l’exploitation de celui-là n’est pas soumise aux mêmes coups du hasard que l’exploitation celui-ci” (Bigot, 1907, 49). 22 Véanse sus trabajos Le Mexique, Leopold Cerf, Paris, 1892; Vallés vierges et sierras mexicaines, mines et mineurs. Librairie Bouret, Paris, 1908. Auguste Genin sostenía que sin ser un ingeniero de minas, Lejeune ˝ne voyait jamais le cote pratique des affaires et s’embrouillait dans la danse des chiffres˝ (Genin, 1910, 497).

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fábricas.23 Es el país que debe ser el predilecto de los inversionistas porque la paz, el orden y las finanzas sanas son la imagen de un gobierno fuerte y progresista que asegura la paz social y combate a los perturbadores del orden.24

Hay, entonces, esta representación semejante a la de Bigot que incluso coincide en el tema de la obra realizada y la que faltaba por hacer. Si México ya había alcanzado la paz, había construido ferrocarriles y garantizaba la propie-dad, lo que aún faltaba y sería la obra mayor del régimen, sería la obra hidráu-lica. Gracias a esta obra, el «país de la sed», el México seco que había observado Lejeune en tantos años de viaje, se convertiría en un destino privilegiado para los colonos extranjeros y traería la prosperidad agrícola que sólo mediante trabajos de irrigación transformaría el México árido en un vergel y que sería una de las magnas obras del gobierno porfirista y de los inversionistas franceses asociados a ella.25

Si esta es la imagen que Lejeune transmite a sus lectores desde sus prime-ros trabajos en 1892, es interesante subrayar que esta visión se consolida con el tiempo y poco antes de su muerte, en 1912, publica su trabajo Terres Mexicaines donde aparece aún con mayor fuerza esta representación. Aquí Lejeune reafir-ma sus convicciones de que un México próspero debería resolver el problema agrario a través de las obras de irrigación. El modelo a imitar es el de los Estados Unidos donde existen dos importantes elementos: las obras de irrigación y el pequeño cultivador libre. Lejeune señala a los inversionistas que el destino de sus capitales no es Francia, donde la lluvia abunda en todas las estaciones: el lugar

23 En sus palabras: ˝Il est vraie qu’au temps ou les bocaux de M.Biart étincelaient a Ori-zaba, le Mexique était singulièrement différent du Mexique actuel. Un voyageur très sincère, Ernest Vigneaux, l’a décrit, ce Mexique de 1855, le pays de Santa Anna, de Rousset- Boulbon, des diligences, des moines, des bandits, le Mexique du passé, drapé dans sa vielle cape espa-gnole, l’époque héroïque et picaresque qui a précédé la guerre de la réforme et de l’ínterven-tion”…ces tableux d’un ancien régime, dont il ne reste plus que quelques personnages usés et quelques lambeaux de costumes, nous intéressent par le singulier contrat se qu’ils font avec le Mexique des chemins de fer, des telegraphes, des banques et des usines que nous avons aujourdh’ui sous les yeux” (p. VII). 24 “Le pays dont je vais parler devrait être le pays de prédilection des capitalistes, le pays des placements par excellence. En effet, la paix et l’ordre y sont garantis par un gou-vernement ferme, qui a tenu ses engagements financiers; la circulation fiduciaire, sagement surveillé, y est moins grande que la circulation monétaire; enfin la questions sociale n’yest pas posée˝ (p. XII). 25 Para Lejeune: “La question de la colonisation et du développement agricole est, ici, une question hydraulique. Le pays ne se développera que si l’on corrige, par des travaux destinés à emmagasiner les eaux de pluie, la distribution, aujourd’hui irrégulier, des eaux natu-relles. Grâce au sacrifices et eaux efforts de l’administration actuelle, le pays est d’déjà pourvu, sur beaucoup de points, de moyens de transports; le réseau des chemins de fer se complète rapidement; ce qui manque, c’est la matière à transporter, et si cette matière manque, c’est ni faut de bonnes terres, ni faute d’eau, c’est faute d’organisation hydraulique. Après l’établis-sement de la paix, la construction des chemins de fer et la fixation de la propriété —ces trois grandes œuvres du gouvernement actuel,-il reste une œuvre à faire sans laquelle les autres res-teraient stériles; cette œuvre, c’est l’aménagement des eaux…C’est ne pas l’eau qui manque, mais seulement l’organisation de l’eau˝ (p.160).

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donde había que hacer obras de irrigación era en México.26 Es en el país de la sed donde mediante la construcción de obras de irrigación se formaría un país don-de las cuencas hidrográficas serían la base de la formación de municipios y de pequeños propietarios que, mediante la cooperación y una gestión comunitaria, crearían las bases para salir del régimen feudal de las haciendas. De esta manera, si la convicción en torno al agua como factor de desarrollo se va acentuando en su pensamiento, la propuesta de crear el pequeño propietario independiente y de fraccionar las grandes propiedades feudales constituye un cambio destacado en este último período de su vida.27 Es probable que la situación del país lo haya sensibilizado en el problema social que antes no subrayaba. En sus trabajos de 1892 se limitaba a describir el régimen de haciendas y la inexistencia del trabajo libre, pero no hacía propuestas como sí lo hace dos décadas más tarde. Sin duda dos eventos podrían haber influido en Lejeune. De un lado el ambiente agitado que se vivía en México desde que se había echado a andar la sucesión de Díaz y que desemboca en la revolución; del otro, el fin mismo de Lejeune, quien debió haber muerto hacia esos años.28

La pregunta es si estos viajeros influyeron en los inversionistas franceses y en los círculos de opinión de su país para crear esa representación favora-ble a la llegada de capitales extranjeros durante el porfiriato. Una primera respuesta la tenemos en los reportes del Ministerio de Asuntos Exteriores de Francia donde se menciona que la autoridad de Lejeune, sobre todo en relación a las minas de México, era muy apreciada en los círculos oficiales franceses, tanto que el cónsul de Francia en Veracruz se dirige al ministro de Asuntos Exteriores francés en 1909 para señalarle que dos artículos de Lejeu-ne sobre minas mexicanas habían sido publicados en periódicos de lengua francesa y que deberían tenerse en cuenta con mucha seriedad por los inte-resados en invertir en esa materia en México.29 Lejeune, el pintor de paisajes

26 Lejeune, 1912, 297. El autor no vacila en afirmar: ˝Tôt ou tard, nous n´en doutons pas, les capitalistes français, mieux informés, exploiteront, au pays classique de l´argent, des gîtes dont la durée sera, certes, plus longue que celle d´aucun gîte métallifère- mines de blé, de mais, de riz, de cannes, de tabac...˝ (Ibidem, 299). 27 ˝Une réforme s’impose. Il est urgent d’exproprier les grands propriétaires, incapables de nourrir le pays dont ils ont accaparé les bonnes terres; il est urgent de préparer, par des travaux hydrauliques, les terrains nécessaires à la seule culture productive, à la petite culture˝ (Ibidem, 1912, 314). 28 Genin menciona que en 1908 cuando escribe Sierras Mexicanas le envía su libro dedi-cado y le hace la promesa de que su siguiente libro, “Los últimos apaches”, sería dedicado a Genin. Sin embargo, aclara que nunca terminó el libro porque muere antes (Genin, 1910, 313). El último libro en su bibliografía se publica en 1912 y no hay menciones del año de su muerte. 29 El cónsul afirma: “Je crois devoir faire parvenir ci joint au Département deux articles parus récemment dans un des deux journaux français se publiant a Mexico. Bien qu’il ne soit peut être pas prudent de considérer les renseignements contenus dans ces articles comme absolument exacts, il n’en est pas moins a remarquer que leur auteur M. Louis Lejeune qui depuis de longues années vit au Mexique, a une compétence incontestable et incontestée en matière de mines et de minéralogie” —AMAE, Orsay, Mexique, Correspondance Politique et Commerciale, NS. 2 juin 1909—.

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mexicanos, sostenía que México era como un museo de mineralogía donde el público se detenía en la primera sala, la de la plata, pero él proponía aven-turarse en las salas laterales, mal alumbradas, donde aparecería la riqueza de metales cupríferos —El Boleo—, argentíferos —Dos Estrellas— y otros.30 Sin duda, el autor influye para que algunos inversionistas franceses dirijan sus capitales a la minería mexicana, como en San Pedro del Altar, y para crear un clima favorable a las inversiones en México. Esto es lo que estudiamos en la última parte de este artículo.

LOS INVERSIONISTAS FRANCESES EN PROYECTOS HIDRÁULICOS: PARIBAS Y LA COMPAÑÍA HIDROELÉCTRICA E IRRIGADORA DE CHAPALA, S. A.

El interés por invertir en empresas de irrigación y compañías hidroeléctricas ya ha sido mencionado en los apartados anteriores, así que las experiencias prácti-cas de compañías como la Negociación Agrícola de Xico, que se crea en 1899 con la intención de desecar el lago de Chalco y convertirse en una de las empresas agrí-colas más modernas del país, atraen la mirada de los inversionistas extranjeros. En concreto se crean sociedades como el Banque de Paris et des Pays-Bas, —1872— que tuvieron un papel especialmente destacado en la inversión en bonos, la crea-ción de sociedades nuevas, la reorganización de las sociedades que tenían dificul-tades y la intervención en las crisis financieras. Dicho banco operó en Francia y en el extranjero con ganancias extraordinarias. En México, fue responsable de cerca del cuarenta por ciento de los capitales franceses invertidos. Este banco se asocia a la desecación del lago de Chalco y a la creación de la Negociación Agrícola de Xico, pero también a la formación de la Compañía Hidroeléctrica e Irrigadora del Chapala.31

En efecto, si la inversión en Chalco había probado que el negocio de la irriga-ción y la creación de empresas agrícolas eran un asunto rentable, como lo afirma-ban Bigot y Lejeune, en el fondo, los inversionistas franceses buscaban contribuir a la modernidad que el régimen de Porfirio Díaz había tomado como estandarte. La participación de México en las exposiciones internacionales captura, como el ám-bar, esta obsesión por mostrar la exitosa asociación entre empresarios extranjeros y la transformación de un país antes dominado por el bandidismo y el desorden. La primera participación, más bien modesta, es en Filadelfia en 1876. Luego, en 1884, en Nueva Orleáns, don Porfirio muestra un país con grandes recursos, como

30 En sus palabras: ˝L’or est le produit principal à Dos Estrellas—(Michoacan—, à El Oro, à Mexico Mines et à Esperanza —Etat de Mexico—, à Lluvia de Oro —Chihuahua—, à El Bote —Zacatecas—, à Natividad —Oaxaca— et dans les places de l’Altar —Sonora—. Le cuivre est le produit principal au Boleo —Basse-Californie—, à la Cananea et à Nacozari —Sonora—, à San Carlos —Tamaulipas—, à Jimulco —Coahuila—, à Mazapil —Zacatecas—, à Teziutlan —Pue-bla—. Le zinc est le produit principal à la Calera, à Tecolotes et à la cave Potosi —Chihuahua—, au Tiro General —San Luis Potosi—˝ (p. 337). 31 Para Chalco y la Negociación de Xico, Tortolero, 2008.

152 Alejandro Tortolero Villaseñor

la plata y materias primas como el henequén. Allí anuncia al mundo el despegue del progreso porfiriano y hace un llamado a inversionistas interesados en apro-vechar las bondades de las minas y el suelo mexicano. Luego en París, en 1889, el general Díaz se vanagloria de los premios recibidos por México pero también de los resultados en materia de conocimiento sobre los recursos exactos de México. A partir de allí el país consolida una visión del gobierno porfirista asociada a una nación próspera, civilizada, pacífica, amante del orden y el trabajo y dispuesta a seguir la ruta marcada por las grandes potencias.32 En París, en 1900, México des-pide el siglo entre alegorías de la guerra de independencia, del glorioso periodo de reforma y de una paz porfiriana iluminada por el símbolo del progreso: la luz eléctrica. Búfalo —1901— y San Louis Missouri —1904— marcan las últimas par-ticipaciones importantes de México en las exposiciones y el intento por mostrar, a través de los números, que México había salido del período de barbarie para convertirse en una nación moderna.33

Si la paz porfiriana estaba iluminada por la energía eléctrica, Guadalajara, una de las ciudades más importantes de México no podía seguir dependiendo de contratos con particulares que sólo servían para iluminar con gas y petróleo algu-nos puntos céntricos de la ciudad. Por ello, en 1893, hace un contrato con José Mª Bermejillo para el alumbrado de calles céntricas y palacio de gobierno. La ciudad se alumbra por completo ese año aprovechando la caída del salto de Juanacatlán a través de un arco voltaico. La cascada El Salto estaba situada en la Hacienda “Je-sús María” propiedad de la esposa de Bermejillo, Dolores Martínez Negrete. Las crónicas de la época mencionan que es la segunda planta más potente después de Inglaterra: alimenta 7.500 lámparas de 16 bujías cada una. Inicia con 500 H.P. y, a principios de siglo, tiene 3.500 H.P.34

Por su parte, los transportes urbanos se efectuaban en tranvías tirados por mulas y en 1900 aparecen, como símbolo de la modernidad, los tranvías eléctricos. No será sino hasta 1907 cuando La Electra, S.A. hace la entrada inaugural de su servicio de tranvías eléctricos por la ciudad de Guadalajara y dos años después, con la creación de la Compañía Hidroeléctrica e Irrigadora de Chapala, cede su lugar a esta compañía, que se convierte en monopolio hasta 1936, encargada no sólo de proyectos de irrigación sino también de abastecer de energía eléctrica a los tran-vías y a la ciudad de Guadalajara. Dicha compañía se crea el 13 de julio de 1909 con

32 El interés de Porfirio Díaz es manifiesto y por ello se afirma en 1904 para la ex-posición de San Louis Missouri que: “Corresponde al Sr. General Porfirio Díaz la gloria de haber sido el primero en organizar y dirigir una exhibición mexicana en el extranjero, pues es sabido que él fue el Presidente de la Junta encargada de arreglar la concurrencia de México a la Ex-posición de Nueva Orléans…que reveló las riquezas de nuestro suelo y dio desde entonces idea de la senda del progreso en que iba encarrilándose la Nación y en la cual ha entrado hoy de lleno” (Comisión, 1904, 10). 33 En San Louis, por ejemplo, se afirma que la exposición “...se efectúa en uno de los períodos más brillantes de nuestra historia, por la floreciente situación de la República en que a la par que el progreso más admirable, reina inalterable la paz augusta” (Idem). 34 Valerio Ulloa, 2010.

En el país de la sed: los intereses franceses en proyectos hidráulicos ... 153

duración de 90 años, 9 meses y 7 días, siendo su presidente Fernando Pimentel y Fagoaga y su gerente general Ing. Emilio Pinzón. El Banco de París y de los Países Bajos contribuye a la creación de esta empresa que poseía un capital de 14 millo-nes de pesos. Se trata de una de las empresas más importantes en ese terreno en México. La otra empresa se había fundado en 1902 en Canadá, The Mexican Light and Power Company Limited, con un capital de 12 millones de dólares canadien-ses.35 Muy por debajo de ellas, encontramos a la Compañía de Luz de Pachuca, fundada en 1910 con un capital de cuatro millones de pesos, la Guanajuato Power Co., fundada en 1896 con un capital de tres millones, la Compañía de Tranvías de Guadalajara, fundada en 1907 con un capital de tres millones —más tarde asocia-da a Chapala—, la Compañía de Luz Eléctrica de Veracruz, fundada en 1908 con un capital de 2,5 millones de pesos, etcétera. En suma, se encuentran en la época porfiriana 27 empresas privadas creadas para la producción de energía eléctrica, de las cuales siete acaparaban un capital de 29,5 millones de pesos y otras 20 sólo disponían de cuatro millones. La mayor parte de las compañías estaban situadas en el centro de México, cerca de saltos de agua o de lagos.

En efecto, en Chapala encontramos un lago de casi mil seiscientos km2, el más grande de México, cruzado por dos ríos, el Lerma y el Duero, que constituyen una reserva de 3.000 millones de m3 de agua. En 1885, este lago estaba rodeado por 26 pueblos, 31 haciendas y 231 ranchos a lo largo de los distritos de La Barca, Chapala y Atotonilco. Era sobre todo en las haciendas donde se desarrollaba una agricultura de alto rendimiento, ya que esas unidades poseían lo esencial: 60 % de las tierras productivas, 88 % del total de los trabajos de riego, 78 % de los arados y maquinaria agrícola, y lo poco que quedaba se repartía entre las otras explotaciones.

La ciudad de Guadalajara, segunda aglomeración más importante después de la de México, se situaba a unos veinte kilómetros del lago, situación que daba su particularidad al lago y originaba costumbres que superaban el marco campesino para insertarse claramente en la vida urbana. Manuel Cuesta Gallardo, propietario de las haciendas de la región del lago, era también gobernador de Jalisco en 1911, lo que pone en evidencia la relación entre el medio urbano y el rural. Esta familia Cuesta Gallardo contribuyó a la creación de un nuevo modelo de apropiación del espacio rural, que, en esencia, tiene las siguientes características: la transformación de las empresas familiares en sociedades anónimas, la asociación con los capitales extranjeros y los banqueros mexicanos, la integración de economías de escala, la diversificación de las inversiones, la introducción de nuevas tecnologías y el favor de los políticos.36 En efecto, en 1900, la familia Cuesta Gallardo superó el marco fa-miliar y se asoció con los señores José Somellera, Genaro Arce, José López Portillo y Rojas, Alfonso Jones y Lorenzo Elízaga. Trataron de desecar la laguna Magdalena para darle uso al lago de Chapala. Posteriormente, en 1909, fundaron la Compañía

35 Liehr y Torres, 2010, 17. 36 Tortolero, 2002, 1-21.

154 Alejandro Tortolero Villaseñor

Hidroeléctrica e Irrigadora de Chapala, con un capital social que alcanzaba los 12 millones, constituido por 30.000 acciones preferentes y 90.000 acciones comunes, todas de 100 pesos. La compañía se dedicaba a desecar la parte pantanosa para hacer cultivos en 40.000 hectáreas, permitir regar alrededor de veinte mil hectá-reas y suministrar electricidad a las minas de Etzatlán. Las tierras desecadas dieron origen a la creación en 1910 de la Compañía Agrícola de Chapala. Finalmente, en 1917, esas compañías se fusionaron con la Compañía de Tranvías creada en 1907, y encontramos en el Consejo de administración a los señores André Guieu, Agus-tín Legorreta y Miguel Macedo —miembros del Banco Nacional de México— y al ingeniero Marroquín y Rivera y Alexis Dubernard, miembros del Banco Central. Así pues, esa asociación con los banqueros e inversionistas, como la Sociedad Fi-nanciera para la industria de México, dio a esas compañías una imagen de mo-dernidad. Se trataba de una sociedad por acciones que contaba con su asamblea de accionistas y su consejo directivo, con domicilio oficial en ciudad de México y con una estratificación y diversificación marcadas. Organiza su personal por de-partamentos y subdepartamentos, divisiones y subdivisiones, plantas generadoras y subestaciones, líneas y circuitos, oficinas y cuadrillas. Esta organización moderna se nota también en sus ganancias. Podemos ver, en primer lugar, las ganancias de la compañía más antigua, la de los Tranvías, que, salvo en lo relativo a los años de 1917-1918 y 1918-1919, obtuvo ganancias importantes durante toda la época revolucionaria. Los años difíciles se vincularon a los empréstitos obligatorios que impusieron los grupos revolucionarios y a la circulación forzosa de papel moneda.

Tabla 2. Compañía de Tranvías de Guadalajara. Ganancias, 1908-1924

Años Ganancias

1908-19091909-1910 98.721,73 pesos1910-1911 117.660,221911-1912 129.511,631912-1913 123.756,051913-1914 135.884,731914-1915 34.624,441915-1916 49.616,351916-1917 65.727,451917-1918 —16.640,871918-1919 —42.077,41919-1920 52.177,171920-1921 215.125,741921-1922 137.847,591922-1923 99.5621923-1924 —46.309,12

Fuente: Archive Historique de PARIBAS —en adelante AHP—, Caja 445.

En el país de la sed: los intereses franceses en proyectos hidráulicos ... 155

Si añadimos a las ganancias de los tranvías las de la electricidad des-tinada a la ciudad de Guadalajara y a las minas, podemos apreciar, en el cuadro siguiente, que las utilidades de la compañía eran muy altas. En un primer periodo, entre 1906 y 1913, subieron, pero al interponerse la Revolución con sus medidas de circulación forzosa del papel moneda, la tendencia cayó y redujo las ganancias a su mínimo en 1915-1916. A partir de este año, presenciamos un nuevo periodo de utilidades multiplicadas por tres en 1923-1924 en comparación con el principio. La empresa ya había tomado impulso, como lo vemos aquí:

Tabla 3. Cía. Hidroeléctrica e Irrigadora de Chapala, S. A. —Ganancias en pesos—

Años ElectricidadGuadalajara

Electricidadlarga dist. Total

1908-1909 — — 442.780,371909-1910 375.717,8 — 473.893,371910-1911 424.138,84 7.344,69 549.143,751911-1912 442.939,63 17.440,13 589.891,391912-1913 489.417,36 75.199,1 688.372,511913-1914 351.095,21 87.336,89 574.316,831914-1915 167.872,58 53.151,24 255.648,261915-1916 28.825,7 —333,7 78.108,351916-1917 312.241,31 52.115,79 430.084,551917-1918 560.290,65 67.237,47 610.887,251918-1919 560.073,68 109.290,42 627.286,71919-1920 649.535,69 223.854,87 925.567,731920-1921 755.584,92 278.481,13 1.249.191,791921-1922 804.264,09 289.819,53 1.231.931,211922-1923 857.331,26 362.847,2 1.319.740,461923-1924 906.077,84 344.183,7 1.203.958,42

Fuente: AHP, caja 445. El total incluye las utilidades de los tranvías, pero no explica el origen

de las ganancias de los años 1908-1909.

La causa de esas importantes ganancias era un nuevo uso de los espacios desecados. No se trataba de un uso de tipo agrícola, sino de que las inversiones se diversificaron, ya fuera para el riego, para la producción de electricidad o bien para la fuerza motriz de los tranvías, alcanzando economías de escala. En realidad, podemos apreciar, en los informes de los expertos, una nueva estrategia de explotación del espacio agrario que se encuentra en las siguientes palabras: “la hidroeléctrica se encuentra en condiciones realmente privilegiadas, ya que gracias a la utilización del Lago de Chapala como fuente de reserva y regulador, y gracias a la incli-

156 Alejandro Tortolero Villaseñor

nación muy pronunciada que posee en una muy corta distancia el Río de Santiago, el vertedor natural de este lago, es posible obtener una poten-cia de 85 a 120 000 H.P. en el centro de una de las regiones más ricas del país”.37 El interés económico del uso de los espacios predomina sobre el resto.

No es, pues, extraño que se encuentre una transformación de esos espacios con miras a crear importantes industrias en las que el factor tec-nológico desempeñaba un papel importante, como en Chapala, donde se instalaron turbinas Escher Wyss, generadores, dinamos Siemens-Schukert, en suma, toda la maquinaria necesaria para la producción de energía eléctrica.38

Sin el apoyo de los políticos, esta innovación no habría tenido lu-gar. Desde Porfirio Díaz, que concedía importantes ventajas a las empre-sas, como la introducción de maquinaria y herramientas exentas de im-puestos, hasta los gobiernos revolucionarios, las empresas encontraron un ambiente ad hoc para tener éxito. La Compañía de Chapala contaba con el apoyo de Manuel Cuesta Gallardo, el gobernador de Jalisco, pero también sus sucesores le otorgaron importantes concesiones como los de-rechos de expropiación de propiedades particulares para la construcción de fábricas, canales, líneas de transmisión, etc., la facultad de suministrar energía de la manera más conveniente a cualquier lugar de la República sin ninguna limitación, el derecho de tomar gratuitamente los terrenos federales que pudiera necesitar el concesionario para realizar sus traba-jos, la facultad de importar, sin pagar derechos de importación, por una sola vez, toda la maquinaria, los instrumentos y los aparatos científicos necesarios para trazar, construir y explotar los trabajos.

Los gastos para pagar la compra de las máquinas y la instalación de las fábricas habían salido de las acciones y de un empréstito de $6.000.000, de los que cuatro millones estaban repartidos entre PARIBAS, la Société Générale y la Sociedad Hipotecaria de México.

La Compañía funciona sin grandes sobresaltos hasta 1936. Si bien en la década de los veinte tiene que hacer frente a la actitud hostil del gobernador Zuno, quien con su política populista y a favor de la creación de un sindicato, generó problemas a la empresa. También la formación de empresas de autobuses incide en una disminución de los ingresos. Sin embargo, al salir Zuno y al quebrar la principal empresa de autobuses en 1928 la Cía. retoma el monopolio, que no se rompe hasta la compra de Nacional Financiera en 1940.

37 Archive Historique de Paribas (en adelante AHP), caja 445 —40—. 38 AHP, caja 445. Memorándum sobre la Compañía Hidroeléctrica e Irrigadora de Cha-pala, 10 de julio de 1924.

En el país de la sed: los intereses franceses en proyectos hidráulicos ... 157

CONCLUSIÓN

Las transferencias culturales no pueden aislarse del contexto ni de las redes en las que se insertan. En un contexto donde el lugar de México en el imaginario francés era el de la aventura y el exotismo, los libros de Gabriel Ferry o Gustave Aymard tenían un eco extraordinario. En cambio, cuando existe en Francia un interés cultural por expandir la latinidad que frene el avance del protestantismo norteamericano y cuando la situación económica ha consolidado a la burguesía triunfadora que exporta su mo-delo de occidentalización a varios países, entonces la visión de México es no sólo la de un territorio de expansión de la latinidad mediante expe-diciones militares, sino que las científicas y las económicas se convierten en materia de una representación que subraya las bondades de un país donde existen todo tipo de climas y plantas, pero también de riquezas agrícolas y minerales. Un país de paz, de orden y progreso al que sólo faltaban los capitales franceses para convertir en el México moderno de bancos, ferrocarriles, industrias y tierras cultivadas.

Un problema mayor que este país tendría que resolver era el de la aridez, origen de la aridoamérica que se extendía por buena parte del norte del país. Esta aridez coexistía con un sistema de precipitaciones in-tensas durante la época de lluvias que había que almacenar para evitar su pérdida. Este es el llamado de autores como Chevallier, Bigot y Lejeune: en la construcción de presas y formas de almacenamiento y distribución hidráulica se jugaba una buena parte del destino del país. Su llamado será atendido por inversionistas como los banqueros del Paribas, que invierten sus capitales en la construcción de compañías agrícolas e irrigadoras como las de Chapala, con excelentes resultados económicos.

Aquí las estadísticas, imagen de una nueva representación científica, dan cuenta de un negocio con altos dividendos para los inversionistas. Por ello el interés en invertir en otros negocios similares como la Nego-ciación Agrícola de Xico encargada de la desecación del lago de Chalco, en la formación de compañías hidráulicas en el río Nazas o en proyectos de construcción de redes de agua potable en ciudades como el Distrito Federal. Los inversionistas hacían eco del llamado de Bigot, Chevalier y Lejeune. Sin embargo, estos esfuerzos eran aún tímidos en el contexto de las inversiones francesas que, mayoritariamente, se destinaban a alimen-tar el sistema financiero a través de la creación de bancos. El imperialismo a la francesa prefería la liquidez bancaria a la del agua.

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 161-181

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos

en la Región Hidrológica Lerma —Santiago— Pacífico (México)

Alma Alicia Aguirre JiménezUniversidad de Guadalajara

[email protected]

Francisco Morán MartínezUniversidad de Guadalajara

[email protected]

INTRODUCCIÓN

La esencia de los problemas que pueden ser calificados como regionales está en el papel que juega el espacio geográfico en la definición de tales problemas. Sólo si el fenómeno (económico o social) es dependiente de la forma de referirlo a un espacio geográfico dado, entonces puede afirmarse la existencia de un proble-ma regional. En otras palabras, si el espacio actúa como elemento diferenciador de una variable de un fenómeno, entonces aparece allí un típico problema regio-nal.1 Quizás para algunos investigadores, a la inversa, este juicio no tiene completa validez, en el sentido de que los problemas regionales se resuelven sólo en el mar-co más amplio de la solución de los problemas nacionales.

La forma anterior de conceptualizar los problemas regionales implica aceptar la idea de que ellos no constituyen simples mapeamientos territo-riales de los problemas regionales o nacionales, o en otras palabras, implica aceptar el hecho de que tales problemas contienen una especificidad propia.

1 Por ejemplo, la distribución del ingreso o el grado de desigualdad de dicha distri-bución es, por lo general, un problema regional, ya que el grado de desigualdad varía con respecto a formas alternativas de partir el espacio nacional. En regiones con alta densidad poblacional y habitantes predominantemente urbanos, la distribución del ingreso es percibida con mayor claridad, mientras que en regiones con altos índices de analfabetismo, con pobla-ción dispersa, predominantemente rural y, por ende, con menos información, existe menor conciencia sobre la realidad que se experimenta cotidianamente; por ello, sus habitantes per-ciben condiciones más igualitarias, aunque esto no coincida necesariamente con la distribución real del ingreso a nivel local.

162 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

A modo de ejemplo, si adoptamos la hipótesis de que en nuestro país la disponibilidad de agua por habitante año es sensiblemente similar, no puede hablarse en rigor de un problema regional de distribución de agua, aún cuando a nivel de una región en particular la situación descrita sea considerada como el problema de la región. Por lo tanto, en este caso no tendría sentido el diseño de una política regional de distribución y asignación de agua y sólo cabría una concepción espacial de una política tipo funcional.

Sin embargo, el planteamiento hipotético no es válido ya que la dis-ponibilidad y/o grado de distribución natural de los recursos hídricos es, por lo general, un problema regional. En todas las regiones del mundo la demanda per cápita de agua dulce se está elevando considerablemente a medida que los países se desarrollan económicamente.

Así, al grado de desarrollo de una región se ha unido un aumento de extracciones de agua. En este sentido, el patrón de desarrollo económico de la Región Hidrológica Lerma —Santiago— Pacífico (RLSP) ha incidido en una fuerte presión sobre los recursos hídricos espacialmente; de tal forma que en este espacio geográfico el funcionamiento de su actividad económica y el bienestar de la población depende de la disponibilidad natural y oferta de agua para satisfacer las distintas demandas de este recurso; por lo que el desarrollo de esta área geográfica se encuentra con-dicionado a la capacidad de los ecosistemas hídricos para soportar nuevas presiones o para garantizar la satisfacción de las demandas de una ma-nera sostenible en el tiempo y determinar aquellas estrategias que no estén asociadas a la modificación de los sistemas hidrológicos mediante construcción de infraestructura hidráulica, sino a su buen estado y con-servación.

Cabe señalar que la presión sobre los recursos hídricos que se viene manifestando por el agotamiento de las fuentes de agua y contaminación hídrica, ha sido principalmente producto de un proceso de crecimiento urbano explosivo y anárquico. Añádase a lo anterior, el impacto ambien-tal de las obras de infraestructura construidas para abastecer a la pobla-ción desde fuentes cada vez más alejadas de los núcleos urbanos. Por otro lado, la ausencia de un sistema mínimamente organizado de tratamiento de aguas residuales de origen urbano, lleva a que éstas se viertan en for-ma incontrolada, contaminando ríos, arroyos y aguas subterráneas.

En el marco descrito y considerando el sistema de planificación re-gional para la administración del agua, en el contexto de las regiones hidrológicas del país, el objetivo de este trabajo es analizar la situación actual y las perspectivas de la problemática de escasez y eficiencia del

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 163

agua desde un enfoque de disponibilidad y uso del recurso hídrico en la Región Hidrológica Lerma —Santiago— Pacífico.2

EXTRACCIONES Y USOS DEL AGUA EN LA REGIÓN LERMA —SANTIAGO— PACÍFICO

A nivel regional, las extracciones de agua se estiman en 14.840,6 hm3 anuales. De éstos, como se muestra en la tabla 1, el 22,39% están asignados al consumo doméstico (o) público urbano; el 67,64% se ha otor-gado para solventar la demanda de la agricultura de riego; el 2,85% del volumen extraído se encuentra concesionado para el uso industrial; so-lamente el 0,25% a uso pecuario y el 6,87% de las extracciones han sido concesionadas o asignadas a otros usos.

Los 14.840,6 hm3 que se han concesionado o asignado para atender las necesidades del crecimiento económico y bienestar de la población representan el 43,3% de los usos consuntivos del agua. Cabe destacar que del total de volumen concesionado/asignado a la región, el 52,3% del agua está destinado a satisfacer los usos consuntivos de la subregión Lerma, en donde se encuentra albergada la mayor concentración de la población.

En esta subregión se registra una importante dinámica de las acti-vidades industriales y de servicios, así como una considerable actividad agroindustrial fundamentada en el desarrollo de una agricultura de rie-go. En esta subregión donde se ha transitado a una etapa de plena in-dustrialización, los problemas de abastecimiento de agua son evidentes y generan contradicciones y freno en el desarrollo, principalmente por el uso ineficiente del agua y la contaminación ambiental provocada por el vertido de agua residual emitida por los centros urbanos e industriales sin ningún tratamiento.

2 El límite político de la región Lerma, Santiago, Pacífico incluye 326 municipios de nueve estados del país; siete de los cuales se incluyen parcialmente y son: Jalisco, Michoacán, Guanajuato, Zacatecas, Estado de México, Nayarit y Querétaro; el resto de la superficie es aportada por el total de los estados de Colima y Aguascalientes. Para fines de análisis de los aspectos socioeconómicos la Comisión Nacional del Agua (CONAGUA), 2003, integró los mu-nicipios que se ubican sobre los límites naturales de regiones hidrológicas diferentes, en las regiones donde se ubica la cabecera municipal. La región VIII, Lerma-Santiago-Pacífico, tiene una extensión política de 192.106 km2, que representa el 9,8% de la superficie total del país (1.978.595 km2); se localiza en la zona centro-occidente del territorio mexicano, hacia el norte colinda con la región VII Cuencas Centrales del Norte, al noreste con la región IX Golfo Norte, al noroeste con la región III Pacífico Norte, al sureste con la región XIII Valle de México, al sur con la región IV Balsas y al suroeste con el Océano Pacífico. La región VIII se localiza entre los meridianos 99º 17’ y 105º 28’ de longitud oeste, y entre los paralelos 17º 57’ y 23º 26’ de latitud norte.

164 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

Tabla 1. Volumen de extracción y usos del agua en hm3 en la región Lerma —San-tiago— Pacífico3

Alto Lerma 314,1 746,0 0,68 82,1 150,4 1.293,2

Medio Lerma 936,4 3.745,8 10,26 182,0 146,4 5.020,8

Bajo Lerma 396,4 1.010,5 2,46 7,2 39,2 1.455,7

Total Lerma 1.646,9 5.502,2 13,40 271,3 336,0 7.769,8

Alto Santiago 1.370,7 1.106,4 16,50 70,7 242,1 2.806,4

Bajo Santiago 73,3 441,6 0,88 24,6 16,1 556,6

Total Santiago 1.444,0 1.548,1 17,38 95,3 258,2 3.362,9

Costa de Jalisco 135,6 1.027,6 2,78 16,2 328,9 1.511,0

Costa de Mi-choacán 96,8 1.961,0 3,05 39,5 96,5 2.196,8

Total Pacífico 232,3 2.988,6 5,8 55,7 425,4 3.707,8

Total Regional3.323,2 10.038,9 36,6 422,3 1.019,6

22,39% 67,64% 2,85% 6,87%

Fuente: Estimación propia con datos de CONAGUA, 2008.

Las subregiones Alto Santiago y Pacífico comparten el 47,7% del volumen concesionado o asignado; en estos espacios geográficos, el uso público urbano, el riego agrícola, pecuario y el de servicios son importantes consumidores de recursos hídricos. En estas subregiones se localizan economías de carácter agroindustrial; sin embargo, también se localizan centros caracterizados por una fase de plena industrialización, como lo es el corredor industrial de El Salto o grandes centros urbanos como la zona conurbada de Guadalajara y las ciudades medias del estado de Jalisco y Colima.

La intensidad de las extracciones de agua describe funcionalmente la relación entre éstas y el nivel de desarrollo de cada región. El problema de la concentración económica territorial y la demanda de agua, ni siquie-ra requiere ser descrito porque es evidente por sí mismo. Basta pensar, a nivel regional, en los ejes urbanos como: Toluca, Querétaro, Celaya, Sala-manca, Irapuato, León, Guadalajara, Puerto Vallarta, Colima y Manzanillo y en su gravitación económica en relación a sus respectivas subregiones hidrológicas.

3 Un hectómetro cúbico (hm3) equivale a un millón de metros cúbicos.

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 165

Tabla 2. Uso consuntivo4 y uso no consuntivo del agua5 en la región Lerma —San-tiago— Pacífico

Alto Lerma 698,1 595,1 1.293,2 8,7 817,2 4,2 2.110,4 6,2

Medio Lerma

1.622,5 3.398,4 5.020,8 33,8 203,4 1,0 5.224,3 15,2

Bajo Lerma 897,0 558,7 1.455,7 9,8 453,5 2,3 1.909,2 5,6

Total Lerma 3.217,6 4.552,2 7.769,8 52,4 1.474,2 7,6 9.244,0 27,0

Alto San-tiago

1.178,3 1.628,1 2.806,4 18,9 3.832,6 19,7 6.639,0 19,4

Bajo San-tiago

407,9 148,7 556,6 3,8 13.341,0 68,6 13.897,6 40,5

Total San-tiago 1.586,1 1.776,8 3.362,9 22,7 17.173,7 88,3 20.536,6 59,9

Costa de Jalisco

1.085,0 426,0 1.511,0 10,2 315,0 1,6 1.826,0 5,3

Costa de Michoacán

1.770,6 426,2 2.196,8 14,8 483,2 2,5 2.680,0 7,8

Total Pací-fico 2.855,6 852,2 3.707,8 25,0 798,2 4,1 4.506,0 13,1

Total Regio-nal

7.659,4 7.181,2 14.840,6 100,0 19.446,0 100,0 34.286,57

%51,6 48,4 100,0

43,3 25,7 100,00

Fuente: Estimación propia con datos de CONAGUA. 2008

PROSPECTIVA DE LA DISPONIBILIDAD DE AGUA PER CÁPITA REGIONAL

Tomando en consideración las anotaciones anteriores, resulta posible seña-lar que algunos de los problemas socio-económicos de un país tienen una expre-

4 El uso consuntivo del agua es el uso del agua que no se devuelve en forma inme-diata al ciclo del agua. En la agricultura el uso consuntivo es la cantidad de agua que debe aplicarse a un cultivo para que económicamente sea rentable, se expresa en mm/día. 5 El uso no consuntivo del agua es aquel que utiliza un volumen determinado de agua pero que una vez utilizado se descarga a su cauce original, es decir, se usa pero no se consume.

166 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

sión territorial y, en consecuencia, la solución de algunos problemas nacionales puede estar vinculada a la estructura de un sistema regional. Esto significa que la existencia e intensidad de los problemas regionales en torno a la disponibilidad per cápita de agua depende del nivel general de desarrollo de una región.6

El agotamiento de las fuentes de agua por contaminación hídrica, producto de un proceso de crecimiento urbano explosivo y anárquico, así como externali-dades negativas al medio ambiente que generan las obras hidráulicas para abas-tecer a la población desde fuentes cada vez más lejanas de los núcleos urbanos, son algunos de los factores que han originado la crisis hídrica que registran varias regiones del país. Necesitamos entender la naturaleza de la escasez del agua para tomar la acción adecuada. La inseguridad del agua es la falta de acceso a agua segura y a precios asequibles para satisfacer las necesidades de la persona para tomar, lavar o subsistir. Cuando un gran número de personas en un área tiene inseguridad de agua, durante un periodo significativo, hay escasez de agua.

La escasez de agua puede ser física, económica o institucional. También ne-cesitamos entender cuánta agua tenemos. Hinrichsen, D., et.al (1998) citando a Fa-lkenmark manifiestan que un país o región experimenta “tensión hídrica”cuando el suministro anual de agua desciende a menos de 1.700 m3 por persona. Cuando desciende a niveles de 1.700 a 1.000 m3 por persona, pueden preverse situaciones de “escasez periódica”o limitada de agua. Cuando los suministros anuales de agua bajan a menos de 1.000 m3 por persona, el país o región enfrenta escasez de agua.

En términos agregados, el funcionamiento de los sistemas hidrológicos de la región Lerma, Santiago, Pacífico generan 25.736.895.436 m3,7 lo que equiva-le a 25.737 hm3 anuales. Considerando estas cifras de escurrimiento medio anual (o) natural y las proyecciones de población estimadas por el Consejo Nacional de Población (CONAPO), se prevé que se generará una disminución progresiva de la disponibilidad per cápita de agua en este territorio. Las estimaciones realizadas permiten visualizar que en el año 2008 la disponibilidad es de 1.256 m3 anuales por habitante. Este parámetro para el año 2015 será de 1.193 m3 y en el año 2030 disminuirá a 1.109 m3 por habitante, por lo que pueden predecirse situaciones de escasez periódica o limitada de agua en este territorio.8

6 Hinrichsen, 1998. El nivel de desarrollo económico de un país se refleja —además de ser una forma clave de medir el mismo— en el volumen de agua dulce que consume. Algunas regiones del mundo en desarrollo usan mucha menos agua per cápita que regiones desarrolla-das. En África, la extracción de agua anual per cápita para uso personal tiene un promedio de 17 m3 solamente (igual a 47 litros de agua por día), en Asia, 31 m3 (igual a 87 litros por día). Por contraste, se estima que un uso comparable de agua en el Reino Unido sería de 122 m3 por año (334 litros por día), y en los Estados Unidas, 211 m3 por año (578 litros por día). 7 Evaluación de Programa Hídrico 2001-2006, CONAGUA, 2007. 8 La disponibilidad natural base media es resultado del escurrimiento superficial vir-gen medio más la recarga media de los acuíferos ( Compendio Básico del Agua en México, CONAGUA 2002).

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 167

Gráfico 1. Prospectiva de la disponibilidad per cápita regional

Fuente: Estimación propia con datos de CONAGUA y proyecciones CONAPO. 2008.

El escurrimiento virgen medio anual en toda la RLSP es de 25.736,9 hm3/año.9 El escurrimiento mayor se presenta en la subregión Pacífico, lo que coincide con la zona de mayor precipitación pluvial.

Tabla 3. Prospectiva de disponibilidad per cápita de agua por habitante en la región Lerma —Santiago— Pacífico.

S U B R E -GIÓN

PROSPECTIVA DE LA DISPONIBILIDAD PER CAPITA M3/HAB/AÑO

ESCURRIMIENTO NATURAL (o)VIRGEN MEDIO ANUAL (M3)

AÑOS

2008 2012 2015 2018 2024 2030

Lerma 4.304.195.416 374 363 356 349 339 332

Sant ia -go

7.848.300.000 1.121 1.086 1.063 1.043 1.009 985

Pacífico 13.584.400.000 6.869 6.643 6.495 6.362 6.148 6.006

Total Re-gional

25.736.895.416 1.256 1.218 1.193 1.171 1.134 1.109

Fuente: Estimación propia con datos de CONAGUA y proyecciones CONAPO. 2008

Considerando la población asentada en cada subregión (2008) se observa que en zonas con mayor población se tiene escaso escurrimiento, lo que en la

9 Un hm3 equivale a 1.000.000 de metros cúbicos.

168 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

actualidad ocasiona problemas de disponibilidad de aguas superficiales y subte-rráneas; tal es el caso en la subregión Lerma. La RLSP cuenta con 128 acuíferos, 32 de ellos se encuentran sobreexplotados, 11 en equilibrio y 84 subexplotados. La disponibilidad de agua subterránea en esta región es de sólo 126 hm3/año, distri-buidos en las subregiones Santiago y Pacífico (CONAGUA, 2008)

Tabla 4. Disponibilidad de agua subterránea

BALANCE EN Hm3

SUBREGIÓN EXTRACCIÓNSUBTERRÁNEA

RECARGA NATURAL DE ACUÍFEROS

DISPONIBILIDAD O DÉFICIT

Región Lerma 5.348,0 4.370 —978,4

Región San-tiago 1.261,33 1.413 151,7

Región Pací-fico 799,2 1.752 952,9

Total Regional 7.408,6 7.534,8 126,2Fuente: Estimación propia con datos de CONAGUA. 2008.

De acuerdo al escurrimiento per cápita de la región VIII, se puede observar que este espacio geográfico experimentará una escasez recurrente durante el pe-riodo 2008-2030 debido a la dinámica demográfica de la región.10 Para adaptarse a los cambios de disponibilidad previstos, es necesario entender la naturaleza de la escasez, considerándose que un factor que influye directamente es el ritmo de crecimiento y la concentración espacial de la población; por otra parte, se espera además que aumente la variabilidad climática; es decir, que aumenten las sequías e inundaciones.

Ante estos eventos, es necesario prestar más atención a los mecanismos ins-titucionales referidos a la gestión del agua para que los recursos hídricos puedan tener una asignación eficiente que permita asegurar una infraestructura de al-macenamiento adecuada y sistemas eficientes de entrega de los recursos hídricos.

DINÁMICA DEMOGRÁFICA Y USO PÚBLICO URBANO DE AGUA

El abastecimiento de agua para consumo doméstico de las familias no solo ejerce una presión significativa en términos cuantitativos sobre los sistemas hidro-lógicos, sino que además debe tener una calidad en origen superior a la que per-mite abastecer a otros usos.

10 La evaluación del programa hidráulico 2001-2006 de la CONAGUA señala que en la subregión Lerma se tienen identificadas un total de 23 subcuencas hidrológicas, que a excep-ción de Pátzcuaro y Zapotlán, que todavía presentan disponibilidad, se encuentran en condi-ción de déficit. La subregión Santiago y Pacífico presentan disponibilidad de aguas superficia-les en todas sus cuencas hidrológicas.

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 169

En este sentido, se puede argumentar que la población total así como su distribución espacial inciden directamente en la configuración de las demandas y necesidades relacionadas con el uso y manejo del agua. Sin embargo, debe tener-se en cuenta que existen variaciones importantes ocasionadas por la distribución territorial, los niveles de ingreso, los estilos de vida y las actividades económicas que realizan.11 En la RLSP la mayor concentración demográfica se localiza en la subregión Lerma.

De acuerdo a los indicadores de población estimados por la CONAPO, se calcula que la región tiene en 2008 una población de 20.491.273 habitantes. La distribución de la población por subregiones muestra que la mayor parte de los habitantes radica en la cuenca Alto Santiago, Medio y Alto Lerma.

Tabla 5. Retrospectiva y prospectiva de la población de la región hidrológica Lerma —Santiago— Pacífico

SubregiónAños

2000 2005 2008 2012 2015 2018 2024 2030

Alto Lerma 3.779.007 3.824.615 3.939.003 4.080.470 4.178.575 4.269.253 4.423.030 4.529.843

Medio Lerma 5.890.479 6.031.916 6.186.757 6.376.168 6.509.832 6.636.667 6.863.040 7.034.200

Bajo Lerma 1.404.975 1.372.990 1.387.611 1.402.719 1.411.475 1.418.054 1.423.556 1.416.275

Total Lerma

Alto Santiago 5.736.958 6.108.476 6.280.230 6.493.294 6.643.631 6.785.558 7.037.062 7.228.224

Bajo Santiago 721.772 708.506 720.173 731.711 737.952 742.282 744.893 737.833

Total Santiago

Costa de Jalisco

1.056.143 1.067.127 1.102.985 1.147.708 1.179.171 1.208.701 1.260.460 1.299.338

Costa de Michoacán

894.702 855.931 874.515 897.063 912.434 926.443 949.068 962.283

Total Pacífico

TOTAL REGIÓN

19.484.036 19.969.561 20.491.273 21.129.133 21.573.070 21.986.959 22.701.109 23.207.997

Fuente: CONAGUA. Diagnóstico de la región VIII, Lerma —Santiago— Pacífico, 2007. CONAPO. Proyecciones de población total de los municipios a mitad del año; 2000-2030.

11 Para fines de planeación la CONAGUA, 2003, determinó que el territorio de la re-gión Lerma —Santiago— Pacífico incluye tres subregiones y siete cuencas hidrográficas: a la subregión Lerma se integran las cuencas Alto, Medio y Bajo Lerma; a la subregión Santiago se le incluyen las cuencas Alto y Bajo Santiago, y la subregión Pacifico incluye las cuencas de Costas de Jalisco y Costa de Michoacán.

170 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

Respecto a las tasas de crecimiento poblacional futuras, los valores esti-mados fueron obtenidos a partir de las proyecciones de población de la CONA-PO. Estos parámetros indican que la dinámica demográfica observa una ten-dencia a contraerse en todos los ámbitos de las subregiones Santiago y Pacifico; en la subregión Lerma se podrán observar incrementos poco significativos, e incluso la tasa de crecimiento para el Bajo Lerma se prevé que sea negativa.

Gráfico 2. Proyección futura de las tasas de crecimiento poblacional por subregiones

Fuente: Estimación propia con datos de la CONAGUA 2008 y proyecciones de la CONAPO 2006

Esta dinámica poblacional determina que la población comenzará a des-cender, lo cual en términos de demandas sociales en materia de infraestructura hidráulica, sería positivo para la gestión del agua en esta región.

La presión que se observó sobre los recursos hídricos principalmente en las últimas décadas del siglo pasado y la fisiología que fueron adquiriendo los centros urbanos y las zonas metropolitanas ubicadas en la RLSP, se traduce, en general, en el agotamiento de las fuentes superficiales y de los acuíferos. Esta situación exigió el establecimiento de una serie de políticas que solucionarán el problema de la creciente demanda y exigencia de dotación per-cápita de agua en los centros urbanos y zonas metropolitanas ubicadas en la RLSP.12 Estas polí-ticas se identificaron con las estrategias de construcción de grandes redes para llevar a cabo transvases de recursos hídricos. Por ejemplo, en el año de 1991, con la puesta en operación de la Presa “Elías Gonzáles Chávez”, se inicia la primera de las tres etapas del proyecto que contempló el sistema de interpresas del pro-

12 La Autoridad Federal en esta materia y la de los Estados, vienen planteando que para cubrir la falta de disponibilidad de fuentes locales en la ciudad de León, Guanajuato, se contempla la importación de agua de la Subregión Santiago; y de igual forma, para las ciuda-des de Guanajuato y Querétaro se importará agua de la Región Golfo Norte, argumentando que con estas obras se incrementará la oferta natural de la Subregión Lerma.

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 171

yecto “la Zurda-Calderón”. En este mismo año, se inició el funcionamiento del Acueducto del sistema Chapala Guadalajara.

En la exposición de motivos de estos proyectos las instituciones oficiales argumentaban que con la incorporación de esta infraestructura y la estructura-da en torno a la explotación de acuíferos subterráneos, la zona metropolitana de Guadalajara contaría con un patrimonio hidráulico capaz de suministrar 10,5 m3/s, con lo cual estaría garantizado el abasto hasta el año 2010. Sin embargo, esta estrategia fue insuficiente y se rebasó la demanda antes de lo estimado por las autoridades gubernamentales, las cuales ahora proponen construir nueva infraestructura y proyectar el abastecimiento seguro a futuro de la nueva Zona Conurbada de Guadalajara a través de la construcción del proyecto Arcediano el cual ha sido objeto de grandes controversias. Se debe señalar que las institu-ciones encargadas de regular la explotación y transferencia de agua a centros urbanos, empezaron a menoscabar las cuestiones de equidad y a no reconocer las preocupaciones de las comunidades rurales que sufren cuando el agua es destinada y trasferida a la ciudad.

Tabla 6. Retrospectiva y prospectiva de las tasas de crecimiento poblacional. Región Lerma —Santiago— Pacífico.

Período 2000-2030

SubregiónTasas de crecimiento promedio (%)

2000-2005 2005-2008 2008-2012 2012-2015 2015-2018 2018-2024 2024-2030

Alto Lerma 0,24 0,99 0,89 0,80 0,72 0,59 0,40

Medio Lerma 0,48 0,85 0,76 0,69 0,65 0,56 0,41

Bajo Lerma —0,46 0,35 0,27 0,21 0,16 0,06 —0,09

Subtotal Lerma

Alto Santiago 1,26 0,93 0,84 0,77 0,71 0,61 0,45

Bajo Santiago —0,37 0,55 0,40 0,28 0,20 0,06 —0,16

Subtotal Santiago

Costa de Jalisco

0,21 1,11 1,00 0,91 0,83 0,70 0,51

Costa de Michoacán

—0,88 0,72 0,64 0,57 0,51 0,40 0,23

Subtotal Pacífico

TOTAL RE-GIÓN

0,49 0,86 0,77 0,70 0,64 0,53 0,37

Fu ent e: Estimación propia con datos de la CONAGUA 2008 y proyecciones de la CONAPO, 2006.

172 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

Esta política se constituyó en una fuente de inmigración; además de la pérdida de oportunidad de aprovechar el agua en las zonas rurales, condenó a estas áreas a un futuro muy difícil. La desventaja de no poder aprovechar localmente el vital líquido, significa que hay muy pocas po-sibilidades de poner en práctica otras acciones tendentes a alentar a las personas a permanecer en zonas rurales, observándose confusión rural.

El nivel de uso del agua también pone de manifiesto el nivel de urbaniza-ción de un país. El crecimiento sin control de las zonas urbanas, el volumen de agua trasferido de las áreas rurales a estos centros de población para uso doméstico y el desalojo de sus aguas residuales, constituyen una ame-naza directa a la calidad del medio ambiente del ámbito urbano y rural.

En el ámbito urbano se pueden referenciar algunas de las amenazas, como los eventos frecuentes de inundación o los problemas ocasionados por la conducción conjunta de aguas pluviales y residuales.13 Además, los centros urbanos registran daños geoambientales relacionados con ero-sión interna (tubificación) y saturación del subsuelo por flujo de agua sub-terránea incontrolado. Ambos fenómenos han provocado el colapso de estratos del subsuelo, manifestándose en asentamientos de la superficie que han ocasionado daños a las construcciones y a la vialidad.

En el ámbito rural se ha fragmentado y transformado el sistema hidrológico; los acuíferos subterráneos se encuentran sobreexplotados y las corrientes naturales de las aguas superficiales se han modificado a causa del gran potencial hidrológico transferido. En respuesta, las áreas urbanas segregan al ámbito rural sólo las aguas residuales de origen do-méstico e industrial vertidas a través de los drenajes de aguas residuales que muestran altos contenidos de metales pesados, químicos y orgánicos peligrosos. Es decir, la habitabilidad de las zonas urbanas se ha sostenido a base de multiplicar la demanda de recursos (agua limpia) y la emisión de residuos (aguas residuales) en detrimento de las zonas rurales.

Puede indicarse que mientras la población rural tradicionalmente se ha adaptado al aprovechamiento de los recursos locales, el crecimiento de la conurbación se caracteriza por un uso más dispendioso de los mismos. Así se pueden señalar diferencias notables entre las extracciones (oferta) y la demanda de agua para uso público urbano. Mientras que en la subre-gión Alto Lerma se registra un déficit del 6,29% en las demás subregiones se cuenta con un exceso de agua para este uso, que van desde 22,2 hm3 en la subregión costa de Michoacán, hasta 809 hm3 en la subregión Alto Santiago.

13 Inundaciones en las lluvias excepcionales. canalización inadecuada de las aguas pluviales que se mezclan con las aguas negras de la ZMG y que por su caudal no pudieran ser completamente manejadas por los colectores instalados.

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 173

Tabla 7. Oferta y demanda de agua para uso público urbano. Región Lerma —Santiago— Pacífico.

Subregión

hm3 al año Escasez(o) excesode oferta

hm3

Balance

Extracciones DemandaPérdida deeficiencia

Déficit %

Alto Lerma 314,1 333,9 —19,8 —6,3%

Medio Lerma 936,4 525,9 410,4 43,8%

Bajo Lerma 396,4 119,7 276,8 69,8%

Total Lerma 1.646,9 979,5 667,5 40,5%

Alto Santiago 1.370,7 561,5 809,1 59,0%

Bajo Santiago 73,3 60,0 13,3 18,2%

Total Santiago 1.444,0 621,5 822,5 57,0%

Costa de Jalisco 135,6 93,5 42,1 31,0%

Costa de Mi-choacán

96,8 74,6 22,2 23,0%

Total Pacífico 232,3 168,0 64,3 27,7%

Total regional 3.323,2 1.769,0 1.554,2 46,8%

Fuente: Estimación propia con datos de CONAGUA, 2008.

Los datos que se presentan en la tabla 7 de oferta y demanda de agua para uso público urbano en la RLSP permiten inferir acerca del com-portamiento de estas variables desagregadas por subregiones, con el objeto de responder a la pregunta de si el crecimiento poblacional y su consecuente demanda de agua potable de una región es generadora de escasez o tensión hídrica. La respuesta a este cuestionamiento es no. En la tabla de referencia se aprecia que en la mayoría de las subregiones existe un fenómeno asociado a un exceso de oferta que incide como variable restrictiva de disponibilidad, tal es el caso de la subregión Alto Lerma. Se infiere que esta situación es generada por un bajo nivel de eficiencia de-rivado del Modelo de Oferta fundamentado en el otorgamiento de asig-naciones a los organismos operadores de agua potable y alcantarillado.

Cabe comentar que este suceso se presenta en las subregiones con mayor concentración de población, esto es, a mayor crecimiento urbano, mayor es la pérdida de eficiencia. Este supuesto se corrobora con los indi-cadores porcentuales de pérdida de eficiencia registrada en la subregión Alto Santiago, donde se ubica la Zona Conurbada de Guadalajara y que

174 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

el mismo organismo operador del sistema de agua potable admite tener severas pérdidas de eficiencia en la distribución del agua potable en esta metrópoli.

La única subregión que no presenta indicadores de pérdida de efi-ciencia es la subregión Alto Lerma y es porque no sólo se consume toda el agua que se extrae sino que además la demanda excede a la extracción de agua disponible.

En síntesis, se puede señalar que el problema actual del agua para uso público urbano en la Región Lerma —Santiago— Pacífico, no es tanto de escasez del recurso ni de tamaño de la población, sino que el proble-ma se encuentra vinculado con la distribución territorial de la población y los bajos niveles de eficiencia de los organismos operadores, tanto en el aspecto físico como recaudatorio; Tate (1991) señala que el uso eficiente del agua depende de varios factores, entre ellos los más importantes son los factores económicos como el precio del agua, por lo que al cobrar adecuadamente los servicios a los usuarios, el consumo se hace eficiente, pues tiende a disminuir el volumen de agua consumida y se evita el des-perdicio.

EXTRACCIONES Y DEMANDA DE AGUA PARA LA ACTIVIDAD AGRÍCOLA

La RLSP cuenta con una serie de condiciones especialmente favora-bles para el desarrollo de una agricultura altamente competitiva. Estas ventajas competitivas son las que se derivan de una excelente localización respecto a los principales mercados de la República Mexicana, así como la existencia de una capacidad logística y de infraestructura hidráulica, de comunicación y disponibilidad de suelos con excelente calidad y vocación para el desarrollo de una agricultura diversificada que puede aportar al-tos rendimientos.

Sin embargo, para convertir estas ventajas en beneficios económicos se deben establecer estrategias para hacer frente a las condiciones de ineficiencia que caracterizan a la oferta de agua, que se encuentra vincu-lada a un modelo de irrigación extensivo fuertemente dependiente para su viabilidad financiera de los apoyos públicos provenientes del Gobierno Federal o de los Estados.

Cabe señalar que en la región RLSP no existe una escasez física de agua para el desarrollo de la agricultura de riego. De acuerdo al volumen extraído y la demanda que registra esta actividad, por el contrario, se pudo determinar una sobreoferta de 8.269,8 hm3 de agua para este uso, tal como se muestra en la tabla 8.

La evolución que registraron los programas de construcción de obras hidráulicas para el aprovechamiento de agua superficial para uso agrícola

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 175

y la explotación de agua subterránea a través de las unidades de riego por bombeo, han sido la causa principal de la presión registrada sobre los sistemas hidrológicos de la RLSP. Esta sobreoferta quedó instituciona-lizada con el otorgamiento de derechos o concesiones de agua emitidos por la CONAGUA a los Distritos y Unidades de Riego, con el propósito de conformar una estructura agraria consolidada, apoyada en programas de construcción de obras hidráulicas para el aprovechamiento de agua su-perficial y subterránea destinada al uso agrícola.

Tabla 8. Extracciones, demanda y eficiencia del agua en la agricultura. Región Lerma —Santiago— Pacífico.

Subregión

Hm3 al año Escasez(o) excesode oferta

hm3

Balance

Extracciones DemandaPérdida deeficiencia

Déficit %

Alto Lerma 746,0 333,9 412,1 55,2%

Medio Lerma 3.745,8 525,9 3.219,8 86,0%

Bajo Lerma 1.010,5 119,7 890,8 88,2%

Total Lerma 5.502,2 979,5 4.522,7 82,2%

Alto Santiago 1.106,4 561,5 544,9 49,2%

Bajo Santiago 441,6 60,0 381,7 86,4%

Total Santiago 1.548,1 621,5 926,5 59,9%

Costa de Jalisco 1.027,6 93 934,1 90,9%

Costa de Mi-choacán

1.961,0 75 1.886,4 96,2%

Total Pacífico 2.988,6 168,0 2.820,6 94,4%

Total regional 10.038,9 1.769,0 8.269,8 82,4%

Fuente: Estimación propia con datos de CONAGUA, 2008.

El papel de los sistemas de riego en esta región es sustancialmente dis-tinto a los que prevalecen en otras regiones del país. Se puede señalar que en la región Lerma —Santiago— Pacífico aparte de registrarse una escasez iden-tificada con la disponibilidad per cápita, se presenta una escasez económica de agua, donde la falta de infraestructura hídrica en las zonas de riego es más importante que la falta de recursos hídricos; este tipo de escasez se identifica con la carencia de sistemas de riego tecnificados, lo cual ha provocado grandes pérdidas por conducción, a tal grado que en muchas áreas agrícolas se sigue practicando el riego por inundación.

176 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

Ante esta situación se requiere un cambio en el manejo de los recursos hídricos para responder al cuestionamiento: ¿Es viable modificar este sistema de gestión de agua para la agricultura? se considera que sí lo es; regiones como la Noroeste de México y algunas áreas ubicadas en la subregión del Bajo Lerma demuestran que si se utilizan tecnologías eficaces (riego presurizado),14 se pue-den liberar recursos hídricos, con lo cual se tendría una mayor disponibilidad que permitiera cubrir las demandas de otros usos como el industrial y el de servicios.

Así, se puede señalar que los grandes volúmenes concesionados para la agri-cultura de riego bajo el argumento de que se requiere del agua para la produc-ción de alimentos, han causado extracciones muy grandes de agua superficial y subterránea, modificando significativamente el régimen de flujo de escurrimiento del agua, así como una degradación de la calidad hídrica con implicaciones de gran importancia para la conservación del ecosistema.

El agua, la alimentación y el medio ambiente forman un nexo, una red com-plicada, que requiere de trabajos de investigación que ayuden a innovar estrate-gias que permitan una gestión sustentable de los sistemas hidrológicos, ya que la escasez de agua para la agricultura de riego que se registra en diversas regiones, tiene más que ver con el manejo incorrecto de los recursos hídricos que con su carencia natural.

DEMANDA DE AGUA PARA USO INDUSTRIAL

Las industrias juegan un papel clave en la sostenibilidad de los sistemas hi-drológicos. Por un lado, situadas en el mercado de bienes y servicios se identifican como entidades productoras; por otro, se identifican como entidades que organi-zan el proceso de producción y distribución de las demandas de los consumidores. De esta forma, se han constituido en un puente fundamental entre la economía y los sistemas hidrológicos. Estas entidades han venido observando diferentes con-ductas en torno a la demanda, uso y saneamiento de sus aguas residuales.

Algunos grupos de empresas consideran que tomar acciones en torno a la conservación de los recursos hídricos principalmente construyendo infraestruc-turas para el tratamiento de sus aguas residuales, producto de sus procesos de producción, se vuelve un elemento de distorsión que dificulta sus operaciones convencionales, reduciendo la obtención de beneficios económicos.15

Otros empresarios toman una actitud pasiva, indiferente, ya que sólo se ven obligados a tomar algún tipo de medida cuando se ven forzados por la

14 Estas tecnologías se refieren al riego por aspersión o goteo. 15 En estos casos la SEMARNAP y la CONAGUA pueden ejercer presión considerable en su papel de organismo rector en materia de aguas nacionales, ejerciendo los reglamentos de manera nítida y transparente de responsabilidad ambiental en el proceso de concesión y asignación de agua tanto a organismos públicos como privados.

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 177

presencia de algún evento extraordinario de contaminación, producto de las descargas industriales a algún cuerpo de agua (descarga de algún químico que produzca una intoxicación o contaminación que afecte a los elementos biológi-cos). Sin embargo, los problemas ambientales que provocan con sus descargas de aguas residuales no les preocupan de manera especial.16

Existe otro grupo de empresas que actúa a favor de la conservación de los sistemas hidrológicos cumpliendo con la emisión de contaminantes máximos permitidos por las normas en materia de descargas de aguas residuales, funda-mentalmente para cumplir con la legislación aplicable y responder a las exigen-cias de la normatividad mexicana en esta materia.

Ante la diversidad de actitudes de las empresas, se puede inferir que no to-das estas entidades reaccionan de la misma manera ante las crecientes externali-dades negativas que generan con su proceso productivo y consecuentemente al daño progresivo a los sistemas hidrológicos.17

Cabe señalar que algunas empresas han adoptado una reacción positiva con relación al medio ambiente. Generalmente, existen distintos vectores fun-damentales del cambio, uno de ellos es el ahorro de costos de producción al mejorar la eficiencia de los procesos productivos.

En los países desarrollados, las industrias usan entre la mitad y las tres cuar-tas partes de toda el agua extraída, en comparación con el promedio mundial de aproximadamente la cuarta parte. Hinrichsen (2007) señala que, las empresas empujadas por los reglamentos más rígidos y la necesidad de recortar los costos, principalmente las industrias con uso intensivo de agua, como las de productos químicos, hierro y acero, pulpa y papel, han dado grandes pasos para reducir la cantidad de agua necesaria para la producción. En algunos países estas indus-trias están recuperando y reciclando el agua en los actuales procesos de produc-ción, y también rediseñando estos procesos para que requieran menos agua por unidad de producción.

Este autor señala los siguientes ejemplos:

O En los Estados Unidos el uso de agua industrial disminuyó más de un ter-cio entre 1950 y 1990, mientras que la producción industrial casi se cua-druplicó.

16 Carabias, 2005, señala que si bien la industria autoabastecida sólo consume el 10% del agua total (7,3 km³ anuales), la contaminación que genera en demanda bioquímica de oxí-genos es tres veces mayor que la que producen cien millones de habitantes. En 2002, los giros industriales con mayores descargas contaminantes sumaban un volumen total de 170,3 m³/s. La actividad con mayor volumen de descarga es la acuicultura, con 67,6 m³/s (39,6%), seguida por la industria azucarera 45,9 m³/s (27%), la petrolera 11,4 m³/s (6,6%), los servicios 10,3 m³/s (6%) y la química 6,9 m³/s (4%). 17 Ludevid, 2000, argumenta que la empresa cree que el medio ambiente supone una amenaza para sus resultados económicos y considera que los problemas medioambientales son agrandados por los grupos ecologistas y los medios de comunicación.

178 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

O En la ex Alemania Occidental la cantidad total de agua utilizada en la industria hoy día es la misma que en 1975, mientras que la producción industrial ha aumentado casi un 45%.

O En Suecia las estrictas medidas de control de la contaminación han logra-do reducir a la mitad el uso del agua en la industria de la pulpa y el papel, mientras que la producción se ha duplicado en poco más de un decenio.

También señala que en los países en desarrollo hay un enorme campo para ahorrar agua en la industria y toma a China como ejemplo. Señala que en este país, la cantidad de agua que se necesita para producir una tonelada de acero oscila entre 23 y 56 m3, mientras que en los Estados Unidos, Japón y Alemania el promedio es menos de 6 m3. De manera similar, una tonelada de papel producido en China requiere alrededor de 450 m3 de agua, el doble del volumen utilizado en los países europeos.

Tabla 9. Extracciones, demanda y eficiencia del agua en la industria. Región Ler-ma —Santiago— Pacífico

Subregión

Hm3 al año Escasez(o) excesode oferta

hm3

Balance

Extracciones Demanda Pérdida deeficiencia

Déficit %

Alto Lerma 82,1 76,4 5,6 6,8%

Medio Lerma 182,0 174,5 7,5 4,1%

Bajo Lerma 7,2 15,2 —8,0Total Lerma 271,3 266,1 5,1 1,9%

Alto Santiago 70,7 62,0 8,7 12,3%

Bajo Santiago 24,6 24,5 0,2 0,7%Total Santiago 95,3 86,4 8,9 9,3%

Costa de Jalis-co 16,2 15,8 0,4 2,4%

Costa de Mi-choacán 39,5 37,7 1,8 4,7%

Total Pacífico 55,7 53,4 2,2 4,0%

Total regional 422,3 406,0 16,3 3,9%

Fuente: Estimación propia con datos de CONAGUA, 2008.

En este sentido, muchas empresas han considerado que la adopción de tecnologías para hacer un uso eficiente del agua, representan un costo de pro-ducción incrementado.18 Sin embargo, la adopción de algunas de las variadas

18 Azqueta, 2002, menciona que, en ocasiones, la empresa conoce las posibilidades tecnológicas para hacer uso eficiente del agua, pero carece de la liquidez o la capacidad de endeudamiento requerida para llevar a cabo las inversiones necesarias.

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 179

tecnologías les pueden generar una mayor rentabilidad. En el caso de México se considera que, en primera instancia, se estaría incurriendo en ahorros gene-rados por una reducción en el pago de derechos o tarifas por uso o explotación de aguas nacionales o suministradas por algún organismo operador. Cabe des-tacar que las estrategias encaminadas a la eficiencia en el uso del agua por las empresas, les permitirá producir más con menos deterioro ambiental.

En muchas de las ocasiones, el agua representa la materia prima del pro-ducto (como en las industrias cervecera, refresquera, agua embotellada), en otras es considerada como insumo auxiliar del proceso productivo. En México y específicamente en la región Lerma —Santiago— Pacífico, el papel del agua para el desarrollo de la actividad industrial se ha vuelto crucial. De acuerdo a las cifras de la CONAGUA en esta región se han ofertado mediante la figura de concesión un volumen anual de 422,3 hm3 para usos industriales. Esta misma dependencia gubernamental señala que en este espacio geográfico se tiene identificada una demanda de 406 hm3 con lo cual existe de forma global un exceso de oferta de 16,3 hm3 anuales.

Aun cuando se tenga identificado un exceso de oferta, no puede per-derse de vista que el agua en esta zona geográfica es un bien escaso, cuya so-breexplotación puede llegar a ser costosa desde el punto de vista económico, social e incluso ambiental y que, en consecuencia, por la escasez ya prevista puede que en un corto plazo no se encuentre al alcance de todas las empresas.

Este fenómeno restrictivo ya se ha podido observar en la subregión Bajo Lerma donde ya se ha llegado a identificar un déficit de 8 hm3 que representa el 110,4% de la demanda de agua para usos industriales.

Gráfico 3. Pérdidas y déficit en el uso del agua para actividades industriales por subregión

Fuente: Estimación propia con datos de CONAGUA, 2008.

180 Alma Alicia Aguirre Jiménez y Francisco Morán Martínez

Es primordial no perder de vista la problemática ya observada en la subregión Bajo Lerma y buscar alternativas para aumentar la eficiencia del uso del agua, introduciendo cambios en el proceso de producción, los sistemas y formas de gestión de la propia empresa. Asimismo, en estos casos, las instituciones públicas deben proporcionar o propiciar las condi-ciones de financiamiento menos onerosas para que las empresas tomen la decisión de hacer más eficiente el uso del agua y mejorar la situación de los sistemas hidrológicos.

Naturalmente, la importancia que las empresas otorgan a cada una de estas consideraciones, a la hora de adoptar una política ambiental más activa, dependerá de sus propias características. Pudiera ser que para mu-chas empresas su horizonte de operación no sea lo suficientemente am-plio como para hacer que la inversión sea atractiva o amortizable.

A MANERA DE CONCLUSIÓN

Cabe señalar que un cierto grado de concentración poblacional y de actividades económicas (tanto funcional como espacial) es una condición del crecimiento económico, como única forma de superar los problemas de escala y de indivisibilidad, en donde un factor importante es la adap-tación de tecnologías de punta para hacer más eficiente el uso de los re-cursos hídricos. Además, cierto grado de concentración puede justificarse desde un punto de vista estrictamente sociológico. Como quiera que se defina el desarrollo económico y la presión sobre los recursos hídricos, es uno de los obstáculos que es preciso superar, pues está caracterizado por normas de comportamiento y por valores, que se generan particularmen-te en un medio tipificado por un elevado grado de interacción social.

Por otro lado Boisier (1973), citando a Friedman, señala que en una etapa post-industrial, en donde las características de las economías son de alta madurez, los problemas regionales tienden a desaparecer o trans-formarse en problemas puntuales vinculados al ambiente o a situaciones locales muy particulares; aspectos que se identifican con la problemática observada en la RLSP relacionada con la escasez de agua.

En un terreno aún más práctico, es posible pensar que ha llegado el momento en que la gestión del agua requiere para funcionar en condi-ciones de mínima eficiencia, grandes inversiones en infraestructura, que conlleva cambios tecnológicos de importancia y solucionar problemas puntuales. Problemas como la rehabilitación o sustitución de redes de distribución para uso doméstico principalmente en los grandes centros urbanos, la construcción de zonas de riego para desarrollar una agricultu-ra basada en un sistema de riego presurizado, así como la construcción de

Disponibilidad, uso y escasez de los recursos hídricos ... 181

sistemas de tratamiento de aguas residuales que permitan liberar o reci-clar volúmenes agua). Al llevar a cabo estos cambios tecnológicos, habrá una oferta mayor de agua, que supere los requerimientos de la actual-mente demandada. Sin embargo, si las políticas en torno a la gestión del agua no confieren una prioridad adecuada a la cuestión de uso eficiente y conservación de los recursos hídricos, la escasez de agua que existe en los sistemas hidrológicos tiene escasa posibilidad de ser solventada.

Además de todo lo anterior, resulta p osible señalar también que la viabilidad de una gestión eficiente que permita solventar la escasez de agua en la RLSP depende, aparte de su eficiencia administrativa, del fun-cionalismo político de dicha gestión.19

Finalmente, cabe formularse el cuestionamiento de si la escasez de agua territorial es un problema o no. Se considera que la respuesta pue-de ser ambigua, en parte porque el fenómeno de la escasez de agua no es estático. Por el contrario, se considera como un proceso de dinámica interna, que se desarrolla en el tiempo y que requiere identificar nuevas áreas de inversión. Su caracterización como problema debe atender ne-cesariamente a la forma como la escasez incide en la presión hídrica y el desarrollo económico de las regiones hidrológicas.

BIBLIOGRAFÍA

Diego Azqueta, McGraw-Hill/Interamericana de España, S.A.U, España, 2002.Sergio Boisier, , United Nations Research Institute for Social Development, Pro-

gramme IV, Regional Development, Geneve Italy, 1993 .Julia Carabias y Rosalía Landa, , UNAM, COLMEX, FGRA, 2005.CONAGUA, Lerma, Santiago, Pacífico, Comisión Nacional del Agua, México, 2003. — Región Lerma, Santiago, Pacífico, Comisión Nacional del Agua, México,

2008. — , Comisión Nacional del Agua, México, 2002.CONAPO, , Consejo Nacional de Población, México, 2006.

D. Robey Hinrichsen, B., and Upadhyay, U.D., Population Reports, Serie M, núm. 14. Baltimore, USA, 1998.

M. Ludevid, Barcelona, Ariel Economía, 2000.

Donald M. Tate, “Principios del uso eficiente del agua”, en , México, 1991.

19 Se ha denominado el funcionamiento político a la planificación regional. Con esto se quiere decir que deben estar las condiciones políticas, en términos de intereses, grupos de poder y estrategias, que hagan viable un esfuerzo para instrumentar una gestión del agua que permita solucionar los desequilibrios regionales en torno a la oferta y demanda de los recursos hídricos.

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 183-197

Beneficios y perjuicios del agua entubada en un espacio urbano

del Noroeste de México, 1890-1908

R. Arturo Román Alarcón Universidad Autónoma de Sinaloa

[email protected]

INTRODUCCIÓN

La cercanía de fuentes de agua dulce fue un factor fundamental para la supervivencia de los asentamientos humanos desde la etapa prehistórica. La dependencia de este factor ha variado a lo largo del tiempo, influyendo los avances tecnológicos, que han hecho posible el aprovisionamiento del vital líquido de diferentes maneras: la utilización de bombas para su extracción, la construcción de canales, la desalinización, etc.

En el caso del Noroeste de México el surgimiento de centros de pobla-ción ha estado determinado por causas naturales, económicas, políticas y so-ciales, que han actuado de manera independiente o combinada a lo largo de su historia. Así tenemos que durante la etapa prehispánica el establecimiento de los pueblos indígenas en la orilla de las corrientes fluviales fue primordial; en la época colonial aparecen nuevos factores políticos influyentes, vinculados con el asentamiento de villas hispanas superpuestas a los antiguos pueblos de indios, también se crean nuevos con el objeto de controlar militarmente a los aborígenes, o como resultado de las recientes actividades económicas impues-tas por los conquistadores (minería y actividades complementarias: agricultu-ra, ganadería y comercio).1

Bajo estas premisas, a principios del siglo XIX se originó el puerto de Mazatlán, ubicado en la entrada del Golfo de California, un lugar carente de agua potable, cuya temática aborda este estudio. En él se analizarán además cuáles fueron las fuentes de aprovisionamiento de este insumo indispensable para la vida de sus habitantes y para el desarrollo de las diversas actividades económicas. Asimismo, se tratarán las medidas adoptadas por sus pobladores para conseguirla y el impacto positivo y negativo que se produjo al introducir

1 Román, 2004, 175-176.

184 R. Arturo Román Alarcón

el agua entubada a partir de 1890. Para ello, desarrollaremos en tres aparta-dos lo relacionado con su espacio y población, el aprovisionamiento de agua anterior a 1890 y los beneficios y perjuicios que ocasionó el arribo del agua entubada a partir de esta fecha.

ESPACIO Y POBLACIÓN

El espacio que ocupa actualmente el puerto de Mazatlán se caracteri-zaba antes de su poblamiento por ser una península con superficie irregular, rodeada de ensenadas, esteros y marismas que eran inundadas durante la pleamar y las tormentas, por lo que parecía un conglomerado de islotes, de ahí que en 1596 Sebastián de Vizcaíno, al recorrer sus costas para la elabo-ración de un mapa, la denominó como “las Islas de Mazatlán”. Su superficie era irregular. Así pues, las condiciones del suelo junto a la carencia de agua potable abundante, fueron motivos de que este medio no fuera ocupado de manera permanente durante las etapas prehispánica y colonial.

“…Debido, precisamente, a tres circunstancias limitantes: la carencia de fuentes seguras de aprovisionamiento de agua potable para el consumo humano, la insalubridad y las dificul-tades de comunicación, puesto que era frecuente, en lo que hoy observamos que es una península-labrada por el esfuerzo del hombre- que se formaron islotes cercados por panta-nos, manglares, rías y marismas”.2

No obstante, Mazatlán también contaba con unas condiciones geográ-ficas favorables como su situación en la entrada del Golfo de California y el hecho de poseer una bahía protegida por mantos rocosos. Estas cualidades influyeron para que este puerto fuera utilizado por los mineros del sur de Sinaloa (Concordia y El Rosario) para sus intercambios mercantiles e iniciaran la actividad comercial de manera legal o ilícita desde fines del siglo XVIII. De esta manera, se inició el poblamiento permanente de su espacio geográfico, partiendo desde la Bahía de San Félix (Puerto Viejo, hoy Playa Norte). La si-tuación del puerto de Mazatlán para estos años la podemos observar en el mapa elaborado entre 1828 y 1829, con adiciones del capitán norteamericano George Dewey en 1874. En éste se ve claramente cómo a partir de la bahía de Puerto Viejo se dan los primeros asentamientos por la calle Principal (Belisario Domínguez) a espaldas del cerro conocido como el de la Nevería), así como también por lo que sería el casco antiguo de la ciudad.

Durante el transcurso del siglo XIX, la población de Mazatlán tuvo un fuerte incremento: de 21 habitantes que tenía en 1817 pasó a 12.852 en 1886, cantidad que aumentaría a 21.219 en 1910, observando un alza mayor a 500 veces en el primer subperiodo y del 65% en el segundo (Tabla 1).

2 García, 1992, 135-136.

Beneficios y perjuicios del agua entubada en un espacio urbano... 185

Tabla 1. Población del puerto de Mazatlán durante el siglo XIX.

Año Población

1817 21

1828 500

1843 5.000

1848 6.000

1854 6.673

1874 8.826

1877 10.055

1886 12.852

1895 17.852

1902 18.000

1910 21.219

Fuente: Román, 2006, 127-140.

Su ampliación urbana inicial se produjo a partir de 1830 hacia la parte meri-dional de la península, cuando se construyó el dique que impidió el paso del mar de la ensenada de Olas Altas a la ensenada de Playa Sur y se trasladaría la zona de embarque a ese lugar denominándole puerto de Ortigoza, apellido de uno de los marinos que había arribado ahí, o de un comerciante de San Sebastián que había impulsado el traslado de la playa norte a la del sur.3 La construcción de esta pri-mera obra material sería el inicio de un proceso de adaptación del espacio natural a las necesidades urbanas del puerto, caracterizadas por la construcción de obras como diques, rellenos y reducción de cuerpos acuáticos, que han desplazado hasta el presente las fronteras de las anteriores zonas marinas.

A mediados del siglo XIX, Mazatlán había tenido un avance urbano signifi-cativo de los jacalones que existieron en sus inicios. Para 1854 la ciudad con 6.673 habitantes, tenía 400 fincas construidas con ladrillo (adobón) y 380 casuchas, de las llamadas de palo parado y horcones, en las cuales sus paredes eran rellenadas con lodo, piedra y trozos de ladrillo, y los techos con zacate en su mayor parte y unas pocas con tejas.4

A principios de la década de 1870 la mancha urbana de Mazatlán tuvo un mayor crecimiento, con una población de 8.826 personas que habitaban 1.041 fincas, distribuidas en seis cuarteles, de las cuales muchas de ellas estaban ubi-cadas en los suburbios (cuarteles 4, 5 y 6), eran bajas, de apariencia humilde con techos de teja. Las mejores construcciones ascendían a 447 fincas, las cuales se ubicaban en los cuarteles 1, 2 y 3, donde se asentaban los edificios públicos

3 Calderón, 1875, 6; Buelna, 1978, 103. 4 Servó, 1854, 333.

186 R. Arturo Román Alarcón

(Aduana Marítima, Casa Municipal, Teatro Rubio y Recreo, etc.) y los principales almacenes mercantiles.5

Veinticinco años después, en 1895, la ampliación de la ciudad con 17.852 habitantes, conformaría el casco antiguo de la ciudad que permanece hasta el presente, y estaría delimitada al norte por la calle Duranguito (Luis Zúñiga), al sur la calle Reforma (Romanita de la Peña), al este por la calle Casa Mata (Fran-cisco Serrano) y al oeste la calle Olas Altas.6

EL APROVISIONAMIENTO DE AGUA ANTERIOR A 1890

Los primeros pobladores de Mazatlán se abastecieron en los “ojos de agua” ubicados en los cerros de la Nevería e Iturbide. También se obtenía agua de lluvia que era almacenada en las casas en barricas de madera y tinajas de barro, siendo utilizada para beber. Para bañarse los pobladores utilizaban el mar.7

Antonio Lerma comenta que a mediados del siglo XIX el agua que utiliza-ban los mazatlecos era de poca calidad y salobre, y que provenía de un depósito llamado Confite, ubicado a 25 kilómetros de la ciudad, en un lugar muy cercano al río Presidio. Asimismo, que la población se abastecía de agua de mejor calidad procedente de un arroyo localizado en una de las islas cercanas al puerto, cuyo costo ascendía a 25 centavos el cántaro.8

Oses Cole señala también que a mediados del siglo XIX se inició la construc-ción, bajo tierra, de grandes aljibes para uso particular. Al mismo tiempo, el Go-bierno del Estado, bajo el general Miguel Blanco, hizo lo mismo y edificó cuatro, distribuidos en varios puntos de Mazatlán. El líquido almacenado en estos últimos era rematado anualmente por el Ayuntamiento, con la obligación de que el ad-quiriente proporcionara gratis el agua a las escuelas públicas, el Hospital Civil y la Casa Municipal. Su precio era de medio real el barril durante la época de lluvias, hasta el 15 de octubre. Después de esta fecha costaba el doble.9

Al respecto, Luis María Servó, en sus Apuntes estadísticos del puerto de Ma-zatlán en el año de 1854, indicaba que la población carecía de agua potable, por lo que sus habitantes consumían la depositada en algunos lugares (lagunas) y la procedente de los derrames de los cerros en tiempo de lluvias. Agua que las fami-lias acomodadas acumulaban en aquel año en los 18 aljibes o cisternas que habían construido en sus casas o guardándola en grandes pipas.10

El agua almacenada era distribuida en la ciudad por los aguadores, los cua-les abusaban en muchos casos de este servicio, vendiendo el vital líquido, caro y de

5 Calderón, 1875, 8-10 y 49-51. 6 Urrea, 1897, 1-2. 7 Cole, 2001, 192. 8 Lerma, 2005, 133. 9 Cole, 2001, 193. 10 Servó, 323-324.

Beneficios y perjuicios del agua entubada en un espacio urbano... 187

mala calidad. Para 1861 había en la ciudad aproximadamente cien aguadores, por lo que el Cabildo, para su control, aprobó el primer reglamento de esta profesión. Entre las medidas adoptadas estuvieron, en primer lugar, nombrar un capataz con la función de organizar y llevar a cabo un registro de todos ellos; en segundo, evi-tar la mezcla de agua buena y mala. Tercero, vigilar las condiciones de salubridad de los aguajes y depósitos de particulares que se dedicaran a la venta de agua. Y, cuarto, que los aguadores encabezaran las brigadas antiincendios.11

Veinte años después, el número de cisternas se multiplicarían conforme avanzaban las construcciones urbanas, y la mayoría de los mazatlecos continuaba abasteciéndose de agua del cielo, que almacenaban en aljibes, construidos debajo de los principales edificios públicos y en las residencias más importantes. Su edi-ficación era de cal y canto, y eran limpiados temporalmente bajo la supervisión del síndico de la ciudad. El agua contenida en los aljibes en su mayor parte era vendida. Para 1874 su número ascendía a 145, con una capacidad total de 188.306 barriles (17.324 m3).12 Entre sus propietarios destacaban 20 personas y el Gobierno General, que, con 40 aljibes, contenían casi la mitad del agua disponible. Entre los privados, había prominentes comerciantes de origen extranjero como Pedro Eche-guren, Pedro Fort, Celso Fuhrken, Vicente Laveaga, Antonio de la Peña y Alfredo Howell, propietario de la fábrica textil La Bahía (Tabla 2).

J. R. Southworth, en 1897, en su obra publicada casi un siglo después (1980) como Sinaloa Ilustrado, difiere del total de aljibes y de su capacidad de almacena-miento, señalando la existencia solamente de 132 cisternas con 184.045 barriles, cantidad menor a la indicada anteriormente, quizá porque no tomó en cuenta los depósitos pequeños o por su desaparición posterior.13

Una parte del agua guardada en los aljibes era utilizada por sus propietarios para el desarrollo de sus negocios, casas comerciales, industrias y talleres artesana-les. Otra, era vendida a la población que carecía de ella. Al inicio de la temporada de lluvia su precio era barato, pero conforme pasaba la temporada de estío ésta se encarecía. Santiago Calderón estimaba que el consumo del puerto en 1874 era de 245.390 barriles, tomando como base la capacidad de almacenamiento de todos los aljibes de Mazatlán y el agua que se despilfarraba durante las primeras lluvias.14

En segundo término, la gente pobre consumía el agua que provenía de la-gunas aledañas y de los pozos ubicados en el Astillero, que se surtían de las filtra-ciones del agua llovediza. Este agua no era completamente dulce y su sabor era desabrido porque contenía sales de sodio. En relación a ésta, Santiago Calderón comentaba que no era dañina para la salud y por ser más barata se usaba mucho para el lavado de la ropa.15

11 Cole, 2001, 193. 12 La conversión a metros cúbicos se realizó tomando en cuenta la capacidad de 92 litros por barril, y la cantidad resultante entre mil. 13 Southworth, 1980, 121. 14 Calderón, 88. 15 Ibidem, p. 85.

188 R. Arturo Román Alarcón

Sobre esto, el norteamericano Edgard Henry señaló el origen del agua consumida por buena parte de los mazatlecos, contradiciendo lo mencionado por Calderón sobre su calidad

Tabla 2. Número de aljibes, capacidad de almacenamiento y propietarios en Mazatlán 1874.

Número de aljibes Propietario Capacidad barriles 10 Pedro Echeguren 16.200 3 Gobierno General 11.000 3 Vicente Laveaga 8.946 1 José M. Mendigacha 5.302 1 Pedro Fort 5.000 2 Francisco Lie 4.900 1 Juan R. García 4.800 1 Pedro Igual 4.799 1 Celso Furken 4.500 1 Alfonso Nacerau 4.500 1 Marcelino Lopicana 4.000 1 Howell y Cía. 4.000 1 Fortunato de la Vega 4.000 2 Diego de la Peña 3.500 1 Arsenio Igual 3.000 1 Luis Morales 3.000 1 José M. Bazar 3.000 5 Fermín Irigoyen 2.600 1 Pablo Monteón 2.500 1 María Masson 2.500 1 Antonio de la Peña 2.500105 Otros (menos de 2.500 barriles) 83.759145 188.306

Fuente: Calderón, 86-88.

“Mulas y burros también efectúan el traslado del agua para la ciudad. Este invaluable elemento es casi invariablemente obtenido de numerosas lagunas de agua fresca en las afueras de la ciudad y consecuentemente no es de excelente calidad……el grueso de la población depende de estos aguadores y sus mulas que desfilan por las calles todo el día. Cada mula carga cuatro cántaros, como de tres galones cada uno, con un costo de quince centavos. Mucha de esta agua está fuertemente impregnada de materia vegetal y ciertamente no se puede utilizar sin antes filtrarla”.16

16 Citado por Lerma, 134.

Beneficios y perjuicios del agua entubada en un espacio urbano... 189

LA INTRODUCCIÓN DE AGUA ENTUBADA

La necesidad de traer agua dulce desde el río de Siqueros (hoy Presi-dio) a Mazatlán, se planteaba desde las primeras décadas del surgimiento del puerto, pero no fue hasta mediados del siglo XIX, cuando se reali-zaron los primeros intentos. Así tenemos que en septiembre de 1859, el gobierno municipal celebró un contrato con el norteamericano Minik D. Casson para introducir a la ciudad el agua desde el río mencionado; esta empresa no prosperó por la falta de inversionistas que apoyaran el pro-yecto. Otro intento de introducir el agua entubada desde la mencionada corriente fluvial se realizó en 1868 cuando los señores Ignacio C. Ocadiz, Leva, Brady y Lytle solicitaron infructuosamente apoyo del gobierno mu-nicipal para hacerlo, aunque éste rechazó el proyecto después de haber hecho una convocatoria pública.17

Anteriormente, en 1863, hubo una propuesta al Ayuntamiento de Mazatlán a través de un proyecto con el mismo fin por parte del señor Manuel Azcona. En dicha propuesta se estipulaba que el costo de la obra ascendería a 14.000 pesos, incluyendo los 3.000 pesos de honorarios del proponente. Asimismo, que su duración sería de 450 días utilizando 50 trabajadores. El proyecto fue aprobado; sin embargo, no prosperó por la invasión francesa. 18

La necesidad de traer agua desde el río Presidio y la falta de intere-sados, se corrobora una vez más en 1874, cuando Santiago Calderón se quejaba de la falta de una empresa que se decidiera a introducir el agua, señalando en ese entonces:

“Este negocio es generalmente considerado como uno de los mejores que se pueden emprender, asegurando los peritos que la empresa que llegue a acometer esta obra, además de recoger óptimos frutos, proporcionaría al vecindario una de sus mayores comodidades”.19

Al respecto, Eustaquio Buelna opinaba en 1877 que en Mazatlán no se introducía agua entubada debido al negocio que se hacía con el vital líquido:

“Esta población bebe agua del cielo: son pocas las casas algo importantes en que no hay aljibes para recogerla, y quizá a los intereses creados por esta industria es debido el retardo en procurar la introducción proyectada de las aguas del río Presidio desde Siqueros”.20

17 Lerma, 133-134. 18 Cole, 2001, 193-194. 19 Idem. 20 Buelna, 104.

190 R. Arturo Román Alarcón

Cuatro años después, en 1881, los propietarios de la Isla de la Piedra, los esposos Adolfo O´Ryan y Leticia Holderness, ofrecieron su propiedad al Ayuntamiento con el propósito de que fuera fuente de abastecimiento de agua para Mazatlán; a pesar de ello, su propuesta no fructificó por problemas técnicos y por los intereses ya creados por el gobierno municipal con otros empresarios, tal como se observaría años después.21

Como antecedentes de la empresa que se encargaría de trasladar el agua desde el río Presidio hasta Mazatlán, tenemos la solicitud de Guillermo Harper realizada en 1887 al Gobierno del Estado, la cual fue denegada. Ese mismo año, el 8 de junio, los empresarios de origen español, Francisco Eche-guren y Antonio H. Paredes, residentes del puerto, harían una nueva petición con el mismo propósito al gobernador, por medio de la intermediación del Ayuntamiento de Mazatlán, presidido por José H. Rico (socio de los Echegu-ren), solicitando las concesiones siguientes:

1) “Que se les autorice para que la Compañía Abastecedora de agua pueda introducir, por su cuenta, agua potable a la población y pueda explotar el negocio por 99 años.

2) La empresa tomará el agua de los ríos cercanos y la traerá a Mazatlán por tuberías de un diámetro no menor de 10 pulgadas.

3) La empresa puede ocupar gratuitamente las plazas, calles y baldíos propie-dad del Ayuntamiento para la instalación de sus depósitos y cañerías, pero si se necesitan terrenos de particulares, entonces el Ayuntamiento procederá a expropiarlos por causa de utilidad pública.

4) Por un periodo de cincuenta años queda exceptuada la empresa del pago de contribuciones ordinarias y extraordinarias.

5) La Compañía se obliga a empezar los trabajos en el año que corre (1887) y a terminarlos durante los 20 meses siguientes.

6) La empresa se obliga a entregar al Ayuntamiento toda el agua que sea ne-cesaria para la cárcel, riego de los jardines públicos y plazas durante los pri-meros ocho años de servicio por la cantidad de doscientos pesos mensuales (el costo del metro cúbico era de “un poco más de cinco centavos”).

7) Para ayudar la realización de esta obra, el Gobierno Municipal deberá pagar en tres anualidades la cantidad de ocho mil pesos, que es el equivalente a los derechos de importación de todo el material necesario para el trabajo.

8) Si el Congreso de la Unión concede la exención de impuesto que se le ha solicitado, quedará sin efecto esta cláusula”.22

En respuesta de lo anterior, el 14 de julio de 1887 el gobernador del Estado, Mariano Martínez de Castro, enviaba un telegrama al prefecto

21 Martini, 2004, 84. 22 Ibidem, 87.

Beneficios y perjuicios del agua entubada en un espacio urbano... 191

de Mazatlán, Bernardo Vázquez, en el cual autorizaba la introducción de agua a este puerto.

Para llevar a cabo lo anterior, el 25 de julio de 1887 se constituyó ante el notario público, Lic. Francisco C. Alcalde, la empresa Compañía Abastece-dora de Agua de Mazatlán, S. A., con un capital de 300.000 pesos, suscrito en 15.000 acciones (20 pesos c/u), apareciendo como los principales socios, la casa comercial Francisco Echeguren, Hermana y Sobrinos, y con aportaciones menores: Gerardo Garamendi, Alejandro Loubet, Guillermo Haas, Carlos F. Galán, Bernardo Vázquez (prefecto de Mazatlán) y Lauro Muro. El objeto de la misma era el aprovisionamiento del vital líquido al puerto.23

Después de su constitución, en agosto de ese mismo año, el presidente del Consejo de Administración, Gerardo Garamendi, solicitó a la Secretaría de Guerra y Marina que cediera de manera gratuita el exfortín de Casa Mata, con el propósito de construir unos tanques que servirían de depósito del agua procedente del río Presidio, para de ahí distribuirla por gravedad a la ciudad. Asimismo, se pidió al Ayuntamiento de Mazatlán una subvención de 50.000 pesos para el desarrollo de la obra. Ambas peticiones fueron aprobadas y a cambio del subsidio otorgado, la empresa se comprometió a instalar cuatro hidratantes públicos de cuatro llaves cada uno, con capacidad de abasteci-miento de 6 m3 cada 12 horas, que proporcionarían agua de manera gratuita durante 15 años.24

La obra se inició en septiembre de 1887 con 300 trabajadores, que se dis-tribuyeron y laboraron partiendo de tres lugares al mismo tiempo. El primero ubicado en Peña Hueca en el margen derecho del río Presidio; el segundo en Casa Mata, donde estaría el depósito distribuidor; y el tercero a lo largo del trayecto entre el río y Mazatlán. Por otra parte, también hubo necesidad de expropiar los terrenos que contemplaba la obra, propiedad de la familia Vico, de los excomuneros de Villa Unión, de Juan Cima, Melchers Sucesores y Carlos Fuhrken.25

Dos años después, en noviembre de 1889, se estaban instalando las tuberías por las calles de Mazatlán y el 17 de junio de 1890, el director de la Compañía Abastecedora de Agua de Mazatlán, S. A., el señor Francisco Urriolagoitia ordenó que el agua saliera de los depósitos de Peña Hueca hacia el puerto, arribando a las 8.45 de la noche, con un color entre amarillento y rojizo debido al material que arrastraba por la tubería; días después salió

23 Archivo General de Notarías del Estado de Sinaloa (en adelante AGNES), Mazatlán, Francisco C. Alcalde, 25 de julio de 1887, f. 11. 24 http://www.vivemazatlan.com/ondex.php/historia/historia-servicio-agua-potable, consultado el 15 de enero de 2009. 25 Cole, 2001, 197-198.

192 R. Arturo Román Alarcón

más limpia, aunque no totalmente cristalina. El costo total de la obra fue de 380.292 pesos con 53 centavos.26

Al parecer, los problemas acerca de la calidad del agua durante los primeros años continuaron, como en el presente, tal como lo expresó sar-cásticamente El correo de la tarde en la nota “El Lodo Potable del Río Siqueros”, publicada el 24 de julio de 1897:

“Se nos ha garantizado agua potable y para inspirarnos más confianza la Compañía se ha titulado: “Abastecedora de agua potable. Parece que se quiere dar á entender que imposible le es dotarnos de otra agua, y resulta por lo que vemos que falta á su compromiso, á su lema (….) Potable significa que se puede beber, pero se entiende sin causar daño alguno. Podemos con confianza apostar que ningún miembro del Consejo de Administración considerará tomarse un vaso de agua tal como sale de la llave, y si para defender su mala causa se sacrifica á hacerlo, con gusto le pagaríamos el médico para que lo cure de los resultados del heroísmo”.27

Un año después de haber llegado el agua a Mazatlán, en 1891, en el primer informe de actividades del Consejo de Administración de la em-presa, se expuso la infraestructura que tenía la Compañía Abastecedo-ra de Agua de Mazatlán, S. A., para el abastecimiento y distribución del agua en el puerto:

1) Dos bombas, la primera con capacidad de elevar 5.000 m3 de agua a una altura de 61 metros y la segunda hasta 1.000 m3 a la misma altura.

2) Dos tanques en Peña Hueca con capacidad de almacenamiento de 4.600 m3 de agua.

3) Dos tanques en Casa Mata con espacio para 3.643 m3.4) Una tubería desde Siqueros a Mazatlán, con extensión de 30 kilómetros

y 70 metros, de acero laminado, con capacidad de transportar 4.012 m3 cada 24 horas.

5) Una red de tuberías de 11,5 kilómetros instaladas en las calles de la ciu-dad, que suministraba agua a 260 casas con un valor mensual de 1.854 pesos con 25 centavos.28

El sistema de agua de Mazatlán inaugurado en 1890 tendría vigen-cia por más de setenta y cinco años, surtiendo de agua a 75.751 porteños todavía en 1960, y solamente quedaría en desuso cuando empezaron a funcionar otras fuentes de aprovisionamiento ubicadas en los poblados de El Pozole y San Francisquito en las riberas del río Presidio.29

26 Ibidem, 198. 27 Cole, 1997, 314-315. 28 Martini, 84. 29 http://www.vivemazatlan.com/ondex.php/historia/historia-servicio-agua-potable, consultado el 15 de enero de 2009.

Beneficios y perjuicios del agua entubada en un espacio urbano... 193

BENEFICIOS Y PERJUICIOS CON EL AGUA ENTUBADA

El arribo del agua entubada a Mazatlán a fines del siglo XIX, permi-tió además de abastecer a la creciente población del puerto, que en 1910 alcanzó 21.219 habitantes (65% más que en 1886), el establecimiento de empresas industriales durante el Porfiriato, que utilizaban grandes canti-dades de agua, como la Fundición de Sinaloa, dedicada a fabricar máqui-nas de vapor y establecida por los comerciantes españoles Echeguren en 1891 con un capital de 100.000 pesos. Asimismo, tenemos a La Cervecería del Pacífico, en 1900, con un capital de 300.000 pesos aportados por la casa comercial alemana Melcher Sucesores y otros asociados; igualmente, en este mismo año La Compañía Jabonera y Aceitera La Unión, estableci-da en 1904 con un capital de 100.000 pesos, suscrito por los mercaderes de origen hispano que formaban la empresa Hernández, Mendía y Cía.30

Pero la llegada del vital líquido en grandes proporciones no sólo tra-jo beneficios al puerto, sino también otros problemas como el encharca-miento de aguas negras, sin salida al mar debido a la superficie irregular del suelo mazatleco y a la falta de un sistema de drenaje. Esta situación fue la que propició la propagación de la peste bubónica que asoló a la ciudad durante 1902-1903.

La peste bubónica, conocida como la peste negra, había sido desde la Edad Media una de las epidemias más mortíferas para la humanidad. Se estima que tan sólo en Europa había causado más de veinticinco mi-llones de muertos. Sus síntomas son una fiebre muy alta, inflamación de ganglios linfáticos, tumores, infecciones pulmonares, dolor de cuerpo y cabeza, alteración del sistema nervioso central y olor nauseabundo. Su origen fue desconocido durante mucho tiempo, y no fue hasta finales del siglo XIX, cuando un grupo de científicos encabezado por Yersin, descu-brió al microbio que lo provocaba, bautizado como Yersinia Pestis, que se transmitía a través de las pulgas que traían las ratas, las cuales eran contagiadas con su picadura, al igual que en los humanos.31

El primer brote de peste bubónica que se observó en Mazatlán fue el 13 de octubre de 1902, en unas viviendas de madera de la “Cuartería de Lamadrid”, localizada en la manzana 19 del cuartel IV, en las cercanías del muelle. Se cree que fue transmitida por unos marineros procedentes de San Francisco, California, que formaban parte de la tripulación del vapor Curaçao, que formaba parte de la Mail Steamship Co. conocida como “La Mala del Pacífico”.

30 Román, 1998, 83-87. 31 http:www.vivemazatlán.com/index.pahp/historias/la-pestenegra-en-mazatlan.html, consultado el 21 de abril de 2010.

194 R. Arturo Román Alarcón

A partir del lugar donde aparecieron los primeros infectados, la en-fermedad se propagó a otros lugares aledaños, ocasionando una gran cantidad de fallecimientos. Los estragos causados por esta enfermedad alarmaron a la población mazatleca, que al conocer las medidas adopta-das para combatirla emigraron en masa hacia otras poblaciones del esta-do de Sinaloa y del país; se estima que hubo días en que salieron hasta mil personas, hasta alcanzar un total de 12.000 habitantes (66%) de los 18.000 que tenía la ciudad. Para ello utilizaron tanto la vía terrestre como la marítima. Ante esta situación las autoridades sanitarias locales adopta-ron medidas urgentes. La primera fue la clausura del caño de desagüe que corría a ras de tierra por toda la ciudad y era campo propicio para la pro-liferación de ratas, y por consiguiente de pulgas. Otras medidas fueron la quema de las viviendas donde se habían presentado casos, el estableci-miento de centros de cuarentena, primero en el manicomio del Hospital Civil, y luego en el Lazareto de la Isla de Belvedere y el Fuerte 31 de Mar-zo. También se cerró totalmente el puerto para el tráfico marítimo y se instaló un punto de revisión en la Garita de Juárez para desinfectar a los viajeros que transitaban por vía terrestre, para enviarlos posteriormente a las “Barracas del Velódromo”, donde permanecían durante diez días. Asimismo, se establecieron estaciones sanitarias en los poblados de Agua Caliente y La Embocada hacia el sur y en Elota hacia el norte de Mazatlán.

Para combatir la peste negra se estableció una Junta de Caridad, integrada por autoridades y los principales empresarios (José H. Rico, Ale-jandro Loubet, Alejandro y Carlos Melchers, Carlos Volquardsen, Antonio Díaz de León, Eugenio Damy, etc.) del puerto que se encargaron de recau-dar fondos. Por otra parte, médicos destacados se dedicaron a combatir la enfermedad, entre ellos los doctores Perfecto G. Bustamante, Francisco Lavín, Salesio F. Canobio y Martiniano Carvajal, destacando este último, quien fue el que estableció un decálogo para combatir la enfermedad:

1. Inspección domiciliaria, casa por casa, para detectar enfermos.2. Aislamiento riguroso de los enfermos.3. Desinfección cuidadosa de habitaciones, ropa de uso, cama y enseres

domésticos.4. Exterminio de ratas, ratones y pulgas (pago de 5 centavos por cada rata

muerta). Tan solo en el año de 1902 se aniquilaron 29.608 roedores.5. Prohibición de salir o entrar a la ciudad sin el previo reconocimiento

médico y la cuarentena obligada.6. Prohibición del libre tránsito por los esteros.7. Cremación estricta de toda la basura.8. Supervisión de que la comunidad mantuviera un aseo riguroso (Aquí se

enfatizaba en las mujeres por ser más susceptibles de contraer la epide-

Beneficios y perjuicios del agua entubada en un espacio urbano... 195

mia por las anacrónicas y añejas costumbres existentes, siendo una de las más curiosas la de no usar calzoncillos).

9. Incineración de casas que no fueran susceptibles de desinfección apro-piada: durante el periodo que estuvo vigente la epidemia se incineraron 1.052 casas de las 4.853 que existían en todo el casco urbano.

10. El enterramiento de los cadáveres, amortajados en una sábana empa-pada con una solución de bicloruro de mercurio y su depósito en fosa profunda entre dos capas de cal viva.32

Una de las acciones más importantes emprendidas para combatir esta enfermedad fue la aplicación del suero Yersin con el que se impidió la propagación de la peste bubónica en el resto de la población sinaloense, tal como se observa en el siguiente comentario:

“Hasta mayo de 1903 la Junta recibió de vacuna Besredka la cantidad de 1526 tubos, cal-culándose un promedio de diez personas por tubo, entre adultos y niños; se vacunaron un total de 15.260 distribuidos en las poblaciones de Villa Unión, Siqueros, Concordia, Aguacaliente, Rosario,Culiacán y Mazatlán”.33

Finalmente, todas estas medidas surtieron efecto y la epidemia de la peste bubónica fue erradicada de Mazatlán el 13 de marzo de 1903, cuando se presentó el último caso detectado en uno de los sirvientes de la Quinta Echeguren, propiedad de la familia del mismo nombre, una de las más prominentes del puerto. La Junta de Caridad todavía permaneció en funciones hasta el 30 de julio de 1903, realizando acciones para que la epidemia no resurgiera, entre ellas la clausura del viejo panteón y la crea-ción de uno nuevo; quema del antiguo Lazareto y la construcción de otro; establecimiento de un gabinete de análisis clínicos y bacteriológicos para detectar a tiempo cualquier epidemia y la construcción de una estación sanitaria en la Isla del Crestón, cercana al muelle, que se terminó en 1907 para prevenir el ingreso de marineros infectados; asimismo, se introdujo el drenaje en el puerto, obras que concluyeron en 1908.34

Se estima que el costo material de la epidemia fue muy alto, tan sólo los recursos empleados por la Junta de Caridad superaron los 300.000 pe-sos, de los cuales se utilizaron 129.000 para pagar las casas, jacales y fincas incineradas, al personal que lo llevó a cabo y los medicamentos, entre otros gastos. Habría que añadir las pérdidas que sufrió el comercio con el cierre del puerto al tráfico de mercancías durante más de cinco meses. El costo humano, de acuerdo a cifras oficiales, ascendió a 529 muertos (3%

32 http:www.vivemazatlán.com/index.pahp/historias/la-pestenegra-en-mazatlan.html, consultado el 21 de abril de 2010. 33 Díaz y Lamarque, 1992, 170. 34 http:www.vivemazatlán.com/index.pahp/historias/la-pestenegra-en-mazatlan.html, consultado el 21 de abril de 2010.

196 R. Arturo Román Alarcón

de la población total) de 738 enfermos, aunque otras fuentes reportan más de dos mil muertos.35

De acuerdo al Informe sobre la peste bubónica, realizado por el Dr. Martiniano Carvajal, los estragos que causó la peste bubónica fueron los siguientes: en Villa Unión de 37 casos que se presentaron, 20 fallecieron, y en el puerto de Mazatlán de 738 casos murieron 529 personas.36 El costo humano fue muy alto, ya que el índice de mortalidad de la enfermedad fue del 54% en la primera población y del 72% en la segunda.

CONCLUSIONES

El surgimiento de Mazatlán como asentamiento humano a principios del siglo XIX fue posible más que a la existencia de condiciones naturales favorables para su desarrollo, a su situación geográfica y a la importancia mercantil que tuvo desde sus inicios. La carencia de agua dulce suficiente en las zonas aledañas del puerto fue resuelta por los mazatlecos buscando fuentes alternativas. Así, se obtuvo el vital líquido de lagunas, veneros y del agua de las lluvias, que a partir de mediados del siglo XIX fue almace-nada en aljibes construidos en el subsuelo de los principales edificios de la ciudad. Agua que, además de proveer de este elemento a sus propie-tarios, representó un buen negocio para los mismos al distribuirla por la ciudad a través de los aguadores.

La falta de agua no fue para Mazatlán un impedimento para crecer económicamente durante buena parte del siglo XX, ni para convertirse en el principal puerto del Pacífico mexicano, con una incipiente actividad industrial.

La idea de traer agua entubada desde el río Presidio se tuvo casi desde siempre; sin embargo, las condiciones económicas y la inestabilidad política del periodo no hicieron factible ninguno de los proyectos pro-puestos. Una posibilidad que se dio a fines de la década de 1880, cuando importantes empresarios residentes en el puerto con capitales suficientes y el apoyo de las autoridades municipales y estatales lograron hacerlo. Además que representó para ellos un buen negocio.

Aunque permitió el desarrollo económico del puerto y solucionó el añejo problema de la falta del líquido vital durante varias décadas, el arribo del agua entubada a Mazatlán en 1890 trajo la necesidad de nue-vos servicios públicos como el drenaje que desechara las aguas negras de los pobladores, más abundantes a partir de ese año. Aguas negras que durante varios años corrieron a ras de tierra por los distintos puntos de

35 Carrillo. 36 Díaz de La Vega y Lamarque, 174.

Beneficios y perjuicios del agua entubada en un espacio urbano... 197

la ciudad facilitando la proliferación de la peste bubónica que azotó al puerto durante 1902-1903. El sistema de drenaje se estuvo construyendo hasta 1908, y al igual que el abastecimiento de agua es todavía parte de la problemática urbana porteña.

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Sistemas de regadío y empresarios agrícolas

en el norte de Sinaloa, México, 1900-1960

César Aguilar SotoUniversidad Autónoma de Sinaloa

[email protected]

OBRAS DE IRRIGACIÓN Y EMPRESARIOS AGRÍCOLAS EN EL VALLE DEL RÍO FUERTE

Las primeras obras de irrigación: el canal Los Mochis

Los pioneros de la irrigación en el valle del río Fuerte se encuentran perdidos en la historia. Los testimonios encontrados registran a los em-presarios agrícolas Zacarías Ochoa, Esteban Zakany y Francisco Orrantia como los precursores de la irrigación en este espacio de Sinaloa.

Junto a las necesidades de producción e industrialización de caña de azúcar de las haciendas El Águila —1883— , La Florida —1884— y La Constancia —1884—, propiedad de dichos empresarios, surgen los datos iniciales sobre el uso económico del agua del río Fuerte y su derivación a través de pequeñas obras de irrigación.1

Posterior a dichas obras, en 1886 fue otorgada la primera concesión para aprovechar las aguas del río Fuerte al ingeniero Albert Kinsey Owen por parte del gobierno federal.2 Este permiso se relacionaba con un amplio proyecto derivado del auge económico estadounidense y de la expansión de sus capitales para apoyar su comercio internacional, y tenía que ver con la construcción de una línea de ferrocarril internacional, que partía de Kansas, EUA, y concluía en las costas de la bahía de Topolobampo, México, y con la colonización de las tierras del valle de río Fuerte.3

1 Archivo Histórico del Agua, Fondo de Aguas Superficiales (en adelante AHA-FAS), caja 647, expediente 9.372, hojas 6-10; Padilla, 1996, 19-42 y 71-84; Sinagawa, 1987, 19; y Car-ton, 1990, 134-136. 2 AHA, FAS, caja 903, expediente 12.881, hoja 404. 3 Gil, 1957.

200 César Aguilar Soto

A fines de dicho año, arribaron a esta zona los primeros colonos estadounidenses, iniciándose con ello la planeación y construcción de lo que hoy es la ciudad de Los Mochis, así como del canal Los Tastes, una de las obras hidráulicas más importantes de Sinaloa hasta la primera mitad del siglo XX. En 1891, la Kansas Sinaloa Investiment Company,4 inició la construcción de dicho canal. Esta obra, que entró en funcionamiento en julio de 1892, tomaba las aguas del río Fuerte en un lugar conocido como Los Tastes, ubicado en la margen izquierda de la corriente del río, entre el pueblo de Mochicahui y Zapotillo, del que tomó su nombre.5

El canal Los Tastes fue edificado por la vía del hecho: el gobierno mexicano nunca ratificó ni expidió título de concesión sobre las aguas, debido a que los estadounidenses incumplieron con la presentación de los planos de las obras, así como con el depósito de la fianza requerida para asegurar el compromiso de construcción.6

Por esos tiempos y con objetivos económicos similares llegaron a di-cha región varios estadounidenses, entre ellos el ingeniero Benjamín F. Johnston, un personaje con amplias relaciones financieras en EUA. Bajo su dirección proseguirían los proyectos de irrigación en dicho valle, pero a escalas superiores. En septiembre de 1900 Johnston, en representación de la Sinaloa Sugar Company —SSCO—,7 solicitó también concesión para derivar las aguas de dicho río. El 27 de junio de 1901 dicho personaje fir-mó el convenio de concesión. El contrato lo amparaba para el uso del 25% del caudal del río, así como para la edificación de las obras necesarias para construir el canal Los Mochis.8

Para iniciar las obras Johnston y la SSCO compraron en diciembre de 1901 una porción de terreno de cuarenta metros de ancho por un kiló-metro de largo a la Streeter Land Company.9 Por este espacio cruzaba el canal Los Tastes, obra que había sido cedida por su propietaria, la Kansas Sinaloa Investment Company, a dicha empresa azucarera cinco meses an-tes.10 La SSCO al adquirir el canal lo amplió y modernizó. Le instaló com-

4 Corporación estadounidense con la cual Albert Kinsey Owen se asoció para la cons-trucción de un canal para irrigar los terrenos de Los Mochis y llevar agua a la colonia norteame-ricana. AHA-FAS, caja 903, expediente 12.881, hoja 457; y Secretaría de Agricultura y Recursos Hidráulicos, 1986, 50-51. 5 Ibidem, hoja 405. 6 AHA, FAS, caja 903, expediente 12.881, hojas 461-462. 7 Empresa constituida por Johnston y otros estadounidenses en octubre de 1892. Padi-lla, 1996. 8 AHA, FAS, caja 903, hojas 461-462. 9 Empresa constituida en octubre de 1901 por el coronel Also Streeter y su esposa con el objeto de dedicarse a la adquisición, fraccionamiento, irrigación y colonización de tierras en el valle del Fuerte. Archivo General de Notarías del Gobierno del Estado de Sinaloa (en adelan-te AGNES), Fortino Gómez, Culiacán, 14 de enero de 1902. 10 AHA, FAS, caja 149, expediente 3.509, hoja 40; y caja 903, expediente 12.881, hojas 354-472.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 201

puertas de hierro y mampostería para aprovechar mayores cantidades de agua, sin necesidad de bombas en periodos de estiaje y lo denominó Los Mochis.11

Para 1905, dicha obra se convirtió en el eje central del sistema de irrigación más importante del valle, el cual daba vida a una red integrada por tres canales laterales y diez de regadío, alimentados por bombas hi-dráulicas, que cubrían las necesidades de 9.200 ha cultivadas en lotes de cien hectáreas de caña de azúcar, propiedad de la United Sugar Company —USCO— en Los Mochis.

Ante el crecimiento de las actividades económicas, y con ellas de los problemas derivados del uso y administración de sistema de irrigación del canal Los Mochis, en abril de 1909 se creó la Compañía Explotadora de las Aguas del Río Fuerte —CEARF—, donde el principal accionista era el mismo Johnston. Esta empresa se haría cargo de las actividades relacio-nadas con la compra de terrenos y la administración de los derechos de propiedad del 75% de las aguas del río Fuerte.12

Para este tiempo, la Sinaloa Sugar Company no sólo controlaba la mayor parte del agua del río Fuerte y tenía capacidad jurídica para im-poner sanciones a los usuarios, sino que poseía un promedio de sesenta mil hectáreas de las mejores tierras del valle. De ese número, el 48% eran terrenos cultivables y se ubicaban en los predios Los Mochis, Médanos del Pozole, El Águila y Bachomobampo.

El canal Los Mochis, según datos de la Secretaría de Agricultura y Fo-mento —SAF—, irrigaba en ese tiempo 5.600 ha propiedad de la compa-ñía y 3.947 de los colonos y otros particulares. Mientras que por otro canal denominado El Águila se regaban 2.529 más de la compañía. El sistema de irrigación, compuesto por estos dos canales, daba servicio a 12.076 ha cultivadas con caña de azúcar, maíz, tomate, arroz y alfalfa, la mayor parte del primer cultivo.13

Reglamentación y control del uso del agua del río Fuerte

La expansión económica de la Sinaloa SSCO la llevó a controlar los mayores volúmenes de las aguas del río Fuerte, líquido que utilizaba en sus actividades de producción e industrialización de caña de azúcar. Para lograr dicho poder, sus socios formaron, como se ha señalado, la Compa-ñía Explotadora de las Aguas del Río Fuerte —CEARF—, la cual tenía bajo

11 Ibidem, caja 903, expediente 12.881, hoja 473. 12 Ibidem, hoja 360. 13 Ibidem, hoja 378.

202 César Aguilar Soto

su responsabilidad la administración de las cuatro principales concesiones federales de agua sobre dicha corriente:

O Por el 25% de las aguas, otorgada a la SSCO el 27 de junio de 1901.O Por un metro cúbico por segundo propiedad de la Compañía Azucarera

El Águila, otorgada el 10 de septiembre de 1904.O Por el 50% de las aguas, comprada a Alson J. Streeter por la Fuerte Valley

Company y, la cual, a su vez, la enajenó en 1904 a la SSCO.O Por 4 m3 por segundo de las aguas, otorgada a la SSCO el 28 de abril de

1920.14

Para la década de 1920, la SSCO dominaba el 81% de los 16 m3, vo-lumen medio anual de la corriente del río. Esta situación, junto a la pro-liferación del uso del agua a través de bombas, sin respetar las normas establecidas, empezó a generar un ambiente de incertidumbre entre los empresarios agrícolas con derechos sobre el agua.15

Dicha situación atrajo en 1927 la intervención del Secretaría de Agri-cultura y Fomento para buscar acuerdos entre los agricultores. Entre las medidas establecidas para resolver la problemática entre los usuarios se encontraban: la suspensión de los trámites para concesiones de aguas mansas y la creación del primer reglamento sobre el uso de las aguas del río Fuerte. De igual forma, se dispuso que todas las tierras comprendidas en los sistemas nacionales de riego no cultivadas fueran ocupadas por la Comisión Nacional de Irrigación para su colonización.16

El reglamento, que tendría vigencia hasta mediados de la década de 1930, englobaba a los setenta y cuatro usuarios y concesionarios de las aguas del río Fuerte y del arroyo El Riíto, en los municipios de Ahome y El Fuerte, los cuales las aprovechaban a través de 19 canales y 59 bombas hidráulicas.

Como se ha indicado, un aspecto que resaltaba en el consumo del líquido es su elevada concentración. Del total de usuarios sujetos al men-cionado reglamento, el 11%, disponía del 85% extraído anualmente. En la margen derecha destacaban Aurelio B. Escobar y Socios, Rafael G. Iba-rra, Melchers Sucesores y Eduardo R. Arnold; mientras en la izquierda la USCO, Ramón Ros y Carlos Vega, la Sucesión de Teodoro Miranda Valen-zuela, Jesús A. Cruz y Aurelio Ibarra.

Atendiendo el gasto anual por margen de la corriente, existían dos empresas que controlaban el líquido. En la parte derecha Aurelio B. Es-

14 Ibidem, hoja 408. 15 Ibidem, caja 152, expediente 3.623, hojas s/n. 16 POGES, 2 de enero de 1930; y DOF, 7 de agosto de 1934.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 203

cobar y Socios aprovechaba el 48%, mientras que en la parte izquierda la USCO gozaba del 76% de ese líquido.

Pero si el análisis se hace a nivel global, se concluye que los usuarios de la margen izquierda disponían del 72% de los volúmenes derivados. Lo cual se debía a que en esta zona se localizaba uno de los complejos agroin-dustriales más importantes de Sinaloa y el país, relacionado con el cultivo y procesamiento de caña de azúcar, la USCO. Finalmente, para 1930, conta-bilizando el total de derechos de agua, dicha empresa disponía a través de sus sistemas de irrigación de Sufragio, La Constancia, Los Mochis y El Águila del 54% del total disponible para uso agrícola del río Fuerte.17

Principales problemas con el uso y aprovechamiento de agua y nacionalización de las obras hidráulicas

Ante el fenómeno de concentración, la problemática derivada de su administración, la proliferación de bombas de gasolina y la falta de agua en periodos de sequía, en enero de 1935 se conformó el Comité Pro-Irrigación del Valle del Fuerte. En este organismo se aglutinaban no sólo los principales agricultores de la zona, sino las ilusiones de lograr la cons-trucción de obras de retención y derivación que les permitieran retener y derivar los volúmenes de agua suficiente para impulsar sus actividades agrícolas con menor incertidumbre.

Junto a lo señalado, y a solicitud de los agricultores, la Comisión Na-cional de Irrigación (CNI) se encargó de los estudios técnicos que debían resolver los problemas relacionados con la falta de agua para fortalecer las actividades económicas. La dependencia concluyó que para aprove-char las potencialidades agrícolas de la zona se requerían cambios en las formas y mecanismos para retener y derivar el líquido. Las sugerencias incluían reformas tecnológicas, con las cuales se sustituyeran los canales bajo el método de avenidas por canales de gravedad. Se proponía redi-mensionar el sistema hidráulico y construir un canal de dimensiones supe-riores al de Los Mochis, que diera vida a una amplia red de distribución.18

Los trabajos de la CNI y del Comité Pro-irrigación tuvieron que ser suspendidos debido a que en septiembre de 1938 la política de la refor-ma agraria irrumpió con ímpetu devastador en las tierras del valle del río Fuerte. Las tierras y los principales sistemas de irrigación fueron afec-tados, entre ellos los de la Compañía Explotadora de las Aguas del Río Fuerte, Johnston y Compañía, Compañía Azucarera El Águila, Compañía Agrícola de Los Mochis, Compañía Agrícola de Constancia, Streeter Land

17 Aguilar Soto, 2008, 110. 18 Secretaría de Agricultura y Recursos Hidráulicos, 1986, 54.

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Company, Rafael G. Ibarra, Eduard R. Arnold y la Sucesión de Teodoro Miranda.19

El 9 de diciembre de 1938, en el acto de entrega de la tierra a los campesinos y la formación del sistema ejidal, las autoridades federales y estatales reiteraron algunas de las normas a seguir en torno a los conve-nios establecidos con las empresas expropiadas. Se indicaba, por ejemplo, que la USCO tendría derecho a recoger las cosechas de caña durante algu-nos años por la naturaleza propia del cultivo, y apoyaría con créditos de avío y refaccionarios a los ejidos constituidos en sus antiguas propiedades; mientras que los ejidos formados continuarían produciendo caña para el ingenio azucarero, y para utilizar los sistemas de irrigación de la empresa pagarían cuotas de compensación y mantenimiento de las obras. Aspectos no aceptados por el sector ejidal.20

En enero de 1939, por disposición del presidente Lázaro Cárdenas, los sistemas de riego de Sufragio, Constancia, El Águila y Los Mochis, pro-piedad de la USCO, pasaron a poder del Estado y fueron entregados para su administración a los ejidatarios. Para ello, de igual manera que el im-pulso de la producción agrícola, se estableció un sistema de explotación colectiva bajo la recién creada Sociedad de Interés Colectivo Agrícola Eji-dal —SICAE—.21

La reforma agraria no sólo expropió la tierra, sino que afectó a los derechos de propiedad establecidos en los títulos de concesión de las aguas del río Fuerte. Sin embargo, a pesar de haber perdido sus tierras la política nacional fue benéfica con la USCO, al decretarse que todas las tierras ejidales bajo la zona de influencia de los ingenios estarían obli-gadas de forma exclusiva al cultivo de caña de azúcar. Este compromiso se complementaría el 23 de julio de 1943, por el acuerdo del presidente Ávila Camacho, que concedía prioridad y exclusividad en el uso del agua del río Fuerte para riego de los cultivos de caña de azúcar.22 Esta era una disposición influida por los acontecimientos internacionales, la Segunda Guerra Mundial y por la política nacional de industrialización. Aspectos éstos que en conjunto permitieron a la USCO continuar gozando de los beneficios de la tierra y el agua del valle del Fuerte.

Junto a la orden de prioridad sobre las aguas del río Fuerte para el cultivo de la caña y el progreso empresarial, las necesidades de agua cre-cieron y de igual forma el número e intensidad de los conflictos por ella.

19 Aguilar Soto, 1998, 61. 20 Gil, 1957, 149. 21 La SICAE era una organización campesina que aglutinaba los 34 ejidos cañeros for-mados por la reforma agraria en tiempos del presidente Lázaro Cárdenas en el municipio de Ahome, Sinaloa, Idem. 22 Secretaría de Agricultura y Recursos Hidráulicos, 1986, 53.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 205

Ante la primacía de la caña de azúcar sobre otros cultivos, una parte central de los productores privados del valle del Fuerte exigía una distri-bución racional y equitativa del agua, rechazando la política de prioridad para el ingenio y la SICAE. Para dar respuestas prácticas a ello, los agricul-tores se organizaron con el objeto de impulsar la reglamentación del uso de las aguas y promover mejores obras de irrigación.

Para estos tiempos, el caos y el conflicto eran aspectos cotidianos en la distribución del agua por el canal Los Mochis, que para ese entonces estaba cubierto por cientos de bombas que tomaban el agua, muchas de ellas de manera ilegal, propiedad de agricultores privados y ejidales. Situación que se agravaba, aún más en años de sequía y en periodos de estiaje.23 El conflicto entre los intereses de los productores hacía sentir la urgencia de modernizar los sistemas de irrigación, construir obras de almacenamiento y consolidar un marco institucional que diera seguridad en el uso del agua a las actividades empresariales, aspectos que desde la década de 1920 Johnston y posteriormente la USCO habían reclamado al gobierno.24

OBRAS DE IRRIGACIÓN Y EMPRESARIOS AGRÍCOLAS EN EL VALLE DEL RÍO SINALOA

Las primeras obras de irrigación y empresarios agrícolas

Las primeras obras de irrigación sobre el valle del río Sinaloa fue-ron construidas de igual forma que en el valle del Fuerte a principios del siglo XX y bajo la iniciativa de empresarios agrícolas dedicados al cultivo y procesamiento de caña de azúcar, así como a la producción de tomate y granos, como el maíz y garbanzo. Un ejemplo de este proceso fue don Regino Sánchez, pionero de la irrigación en esta zona.25

El uso de las aguas de los ríos, que en ese tiempo obedecía a reglas locales, empezó a cambiar a partir de diciembre de 1917, fecha en la que se declara al río Sinaloa, al igual que el resto de los principales afluentes del estado de Sinaloa, propiedad nacional por el gobierno del presidente

23 Ibidem, 53-54. 24 En 1925, Johnston promovió el proyecto de construcción de una presa en Balojoqui y la instalación de los primeros registros hidrométricos que permitieron conocer las potencia-lidades del río Fuerte para planear el desarrollo agrícola del valle del Fuerte, En 1936, la USCO contrató a los ingenieros estadounidenses Olmsted y Bradshaw para mejorar y ampliar el sis-tema de irrigación, con el objeto de dar los primeros pasos para construir una gran presa de almacenamiento sobre el río Fuerte. Sin embargo, esta iniciativa se vio truncada por la política agraria del gobierno de Lázaro Cárdenas, Secretaría de Agricultura y Recursos Hidráulicos, 1986. 25 AHA, FAS, caja 1.013, expediente 14.229, hoja, 32.

206 César Aguilar Soto

Venustiano Carranza.26 A partir de ese momento, y de manera similar a otros usuarios de la entidad, los agricultores de esta zona empezaron a regularizar sus aprovechamientos o a solicitar concesiones para derivar di-cho líquido, atendiendo las disposiciones de la Ley de Aguas de 1910, que entre otras definía las aguas de jurisdicción federal bajo el concepto de dominio público y de uso común y daba poder al Ejecutivo para otorgar concesiones a los particulares, permisos para la construcción de obras y la responsabilidad de expedir reglamentos para el uso y aprovechamiento de las aguas para uso agrícola.27

Bajo dicho contexto, para la décadas de 1920 y 1930, a la iniciativa empresarial de don Regino Sánchez se sumó la de otros agricultores como Leonardo Fonseca, Francisco Alcalde, Miguel Tarriba, Manuel Estrada y Compañía en el municipio Sinaloa; Blas Valenzuela, Baltasar Menchaca, Melecio López, Francisco Echavarría, Celio Angulo y Patricio Mc Conegly, en Guasave, personajes que acatando el marco institucional o fuera de él construyeron las bases de la estructura hidráulica para impulsar las activi-dades agrícola comerciales en el valle del río Sinaloa durante la primera mitad del siglo XX.

Dicha situación empresarial permitió que los sistemas de regadío del valle del río Sinaloa se incrementaran en número e importancia para la economía de esta zona. Para este tiempo, las obras de regadío estaban re-presentadas por los canales El Burrioncito, propiedad de Regino Sánchez y Compañía, Sucesores; Florida de Patricio Mc Conegly, Bonanza del Cu-bilete de Blas Valenzuela; La Trinidad de Francisco Echavarría, y Dolores de Manuel Tarriba. De éstos, los tres primeros se constituyen en las obras hidráulicas más importantes por su capacidad de derivación, que para el año de 1932 beneficiaban un promedio de doce mil hectáreas y para la década de 1950, apoyados por el canal Bamoa —construido por la CNI en 1946—, incrementaron su área a treinta mil hectáreas, la mayor parte de ellas situadas en el municipio de Guasave.28

Sistema de irrigación Canal Bonanza del Cubilete

En octubre de 1924, Blas Valenzuela logró adquirir una concesión de parte del gobierno federal, encabezado por aquel entonces por su socio y compadre el presidente de México general Álvaro Obregón, con el fin de aprovechar las aguas del río Sinaloa y regar sus propiedades de la ha-cienda Bonanza del Cubilete, donde el principal cultivo era el garbanzo.

26 Ibidem, caja 1.645, expediente 23.776, hoja 9. 27 Lanz Cárdenas, tomo I, 1982, 426. 28 Ibidem, caja 546, expediente 8.139, hoja 415.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 207

El derecho otorgado a Blas Valenzuela lo autorizaba para irrigar 6.000 ha de su propiedad ubicadas en los predios el Huicho y Cubilete a través de la construcción de un canal en la margen derecha, que iniciará sus obras dos km río abajo del pueblo de Nío.29 El objetivo de la empresa de regar sus terrenos pronto tuvo que ser reformado para atender la de-manda de agua de otros agricultores ubicados en predios colindantes a su hacienda, por lo que debió ampliar sus fines de empresa agrícola a em-presa agrícola e irrigadora, así como la dimensión y capacidad del canal El Cubilete como se le conocería.

Para lograr la transformación de empresa agrícola a agrícola e irri-gadora, en el año de 1926 Valenzuela recibió de las autoridades federales autorización para establecer contratos de comercialización de agua para uso agrícola hasta por cinco años con los propietarios de tierras en la zona de influencia de su sistema de irrigación, así como para la ampliación de los volúmenes de agua derivada del río Sinaloa.30

La responsabilidad de prestar el servicio de venta de agua le trajo beneficios económicos, pero a su vez conflictos con sus usua-rios, relacionados con la propiedad y distribución del agua. En mayo de 1929 los agricultores propietarios de tierras que adquirían agua bajo contratos de pago en especie, se quejaban de deficien-cias en el servicio y de abusos cometidos por el excesivo cobro de par-te de la empresa Valenzuela. De igual forma lo hacían los campesi-nos, que laboraban en las tierras de la hacienda al tercio o a medias.31

En septiembre de 1929, el gobierno del presidente Gral. Plutarco Elías Calles intervino la hacienda El Cubilete por problemas políticos y agrarios. Sin embargo, Blas Valenzuela llegó a un acuerdo con el gobier-no y sus propiedades le fueron regresadas mediante un convenio, con el cual el empresario cedió 900 ha y la misma cantidad de agua en litros por segundo al Estado para ser entregados a campesinos de la región. Así se creó la colonia Emilio Portes Gil en 1930, beneficiaria de dicho acuerdo, la cual al recibir el servicio de agua se obligaba a contribuir con los gastos de conservación del canal.32

Para mediados de dicho año, los colonos tomaron la dirección del canal rompiendo los acuerdos señalados debido a las dificultades entre el propietario del sistema de irrigación del Cubilete y los colonos, provoca-das por la falta de lluvias que había reducido la corriente del río y por lo

29 POGES, número 148, 16 de diciembre de 1924. 30 AHA, FAS, caja 543, expediente 8.131, hoja 49. 31 Ibidem, caja 1.844, expediente 27.627, hojas 36-70. 32 Ibidem, caja 543, expediente 8.131, hoja 14; y caja 1.125, expediente 15.807, hoja 26.

208 César Aguilar Soto

tanto la del canal, y por las políticas de prioridad para la distribución de la empresa.33

La administración del canal por parte de los colonos fue breve. Sin embargo, no pudo reducir los problemas derivados de la distribución del agua; por el contrario, las deficiencias se incrementaron ocasionando da-ños no sólo en el servicio sino en la red hidráulica y en los cultivos de la hacienda El Cubilete y de otros usuarios particulares, como los medieros. Debido a la incapacidad observada para administrar el sistema de riego y la exigencia legal interpuesta por la empresa, el gobierno determinó, en 1931, la devolución de la administración del canal a su propietario Blas Valenzuela, bajo la supervisión estatal.34

En abril de 1932, de nuevo en periodo de estiaje, los colonos de Utave, Agua Blanca y Portes Gil tomaron por la fuerza el sistema del ca-nal, cerraron las compuertas, evitaron el paso de la corriente de agua a las tierras de la hacienda y la derivaron hacia sus cultivos. En este caso el gobernador de Sinaloa, Gral. Macario Gaxiola, intervino dando instruccio-nes para que se respetaran los derechos de la empresa y se restableciera el funcionamiento del servicio de las compuertas. Mientras el gobernador usaba la fuerza pública para hacer respetar los derechos de propiedad de la empresa Valenzuela, la SAF determinó, para concluir con los conflictos, reglamentar la distribución del líquido para los periodos de estiaje, imple-mentando un sistema de distribución equitativa, tomando en cuenta la extensión de tierras y cultivos sembrados, y exigió a los colonos un mejor aprovechamiento del líquido.

A pesar de la intervención de las autoridades estatales y federales los problemas continuaron, no sólo con los colonos sino con otros usuarios del canal y del río Sinaloa, como fue el caso de la Testamentaria Álvaro Obregón, Sociedad Civil Obregón, compañía propietaria de la empresa agrícola Campo Mayo y con aquellos agricultores que permanentemente instalaban bombas en el lecho del canal o sobre el río para regar sus sem-bradíos de forma ilegal. Así mermaban el uso del agua de los concesiona-rios, sin ser sancionados por las autoridades federales.35

En 1933 la empresa Valenzuela estableció un convenio con las au-toridades agrarias y de la SAF, poniendo a salvo sus derechos de propie-dad frente a las exigencias de nacionalización de la Colonia Emilio Portes Gil. Mediante este acuerdo se instauró una política de distribución de las aguas por medio de tandeos alternados de siete días continuos para cada

33 Ibidem, caja 543, expediente 8.131, hoja 15. 34 Idem. 35 Ibidem, hojas 15-16.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 209

usuario, es decir, para cubrir las necesidades de las 12.500 ha que com-prendía el abasto del canal Cubilete.

El acuerdo de tandeos se cumplió hasta mediados de 1935, fecha en que el movimiento agrarista empezó a generar un clima de tensión sobre el sistema de propiedad establecido en el campo sinaloense. Aprovechan-do el ambiente de inestabilidad política, los colonos reincidieron en la toma del canal por la vía armada violentando los derechos de los demás usuarios.36 Para fines del mismo año, los inconvenientes emanados de la propiedad y distribución del agua denotaban un evidente sesgo político, impidiendo las salidas legales o técnicas que permitieran respetar las re-glas convenidas para utilizar las aguas del río Sinaloa. Los colonos y los líderes ejidales exigían para concluir con los conflictos derivados del canal, agravados en épocas de estiaje, pero especialmente en periodos de con-tiendas políticas, la expropiación de las obras de los sistemas de irrigación privada en la zona.

Para subsanar los conflictos con los usuarios de la colonia Portes Gil y los agricultores del Campo Mayo y Buenavista, por su lado la empresa Valenzuela proponía la aplicación de las normas convenidas para la dis-tribución del agua con las autoridades agrarias. A su vez, reconociendo las deficiencias técnicas del sistema hidráulico, planteaban su disposición de invertir en la construcción de vertedores e instalación de medidores automáticos, manejado por las autoridades municipales, para mejorar y verificar la entrega de los volúmenes de agua correspondiente a las partes inconformes. Lo anterior, señalaban, les permitiría administrar de mejor manera el agua a la cual tenían derecho y cubrir los contratos de propor-cionar dicho líquido a más de doscientos agricultores privados.37

A las exigencias de los campesinos inconformes, los funcionarios de la SAF y el Banco Nacional de Crédito Ejidal —BNCE— señalaban la in-viabilidad de la medida de expropiación. Sugerían como alternativa una reglamentación consensuada y el compromiso de las partes de respetar el régimen de distribución de las aguas. Reiteraban a su vez, que en tanto no se implementara dicho reglamento los usuarios deberían sujetarse a las normas de distribución establecidas por las instancias federales, bajo la administración de la compañía Valenzuela.

Para los años de 1936 y 1938, una parte importante de las propie-dades de la hacienda Bonanza del Cubilete y de sus socios, los sucesores del Gral. Álvaro Obregón, fue afectada por la reforma agraria al ser ex-propiada buena parte de sus tierras por parte del gobierno del presidente Lázaro Cárdenas. Así surgieron los ejidos Cubilete, Agua Blanca y Buena-vista. Por esas mismas fechas, se restituyeron sus tierras a la comunidad

36 Ibidem, caja 1.125, expediente 15.807, hojas 79-80. 37 Ibidem, hojas 26-27.

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de Guasave.38 Esta situación significó un golpe para el proyecto agrícola de Blas Valenzuela, ya que no sólo le hizo perder parte de sus tierras, sino también parte de los volúmenes del agua concesionada.39

A pesar de la afectación los problemas de la derivación y uso del agua continuaron. Francisco Valenzuela, representante de la sucesión de Blas Valenzuela, indicaba en 1937 que mientras el canal Cubilete no pasa-ra a propiedad de la nación los ejidatarios estaban obligados a sujetarse a los derechos otorgados por el Estado a su familia, como era el pago de las cuotas o rentas aprobadas por la SAF, para su mantenimiento y admi-nistración, las que debían cubrirse en especie o dinero.

Valenzuela denunciaba, a su vez, que los líderes de los ejidos de Agua Blanca y Guasave, instigados por el ex delegado del Departamento Agrario, Agustín Rivas, de manera constante hacían uso arbitrario de las aguas del canal, violentando las normas fijadas. Sin convenio previo con los administradores y sin cubrir las cuotas establecidas, los ejidatarios uti-lizaban las aguas para satisfacer las necesidades de sus cultivos.40

Muchas de las deficiencias para proteger los derechos de propiedad que se han señalado se derivaban de la interpretación diversa que sobre la Ley de Aguas y el Código Agrario hacían las autoridades con el objeto de definir los límites de la propiedad y los alcances de la reglamentación del canal, así como de su competencia para resolver los problemas deriva-dos del uso del agua, sin incluir el pesado ambiente político que vivía el campo en esos tiempos.

Otro aspecto relevante de la transgresión de los derechos sobre la administración de las aguas del río Sinaloa, fue la autodeterminación del Banco Nacional de Crédito Ejidal de conformar una Junta de Aguas para el manejo del canal y la decisión de cobrar las cuotas por el agua utilizada a través de los comisariados ejidales de Guasave, Agua Blanca y Cubilete, aspectos que condujeron a deteriorar aún más los trabajos de la empresa Valenzuela. La empresa por un lado, daba servicio a los propietarios pri-vados y por otro, la Junta de Aguas hacía lo suyo con el sector ejidal, pero el mantenimiento de las obras hidráulicas quedaba sólo en manos de la empresa, la cual en ocasiones las descuidaba como forma de presión para hacer valer sus derechos y exigir el pago de cuotas.41

38 En abril de 1936 fueron expropiadas 2.283 ha de las tierras de la hacienda Bonanza del Cubilete y en septiembre de 1938 firmada la resolución presidencial formando el ejido Cubilete. De igual forma, en enero de 1939 a la Sucesión del general Álvaro Obregón, socia de la Empresa Valenzuela, se le expropiaron 1.125 ha del predio Buenavista. Y en enero de 1936 le fueron restituidas al poblado de Guasave 12.228 ha. POGES, años: 1936, 1937, 1938 y 1939. 39 AGNES, José María Tellaeche, Culiacán, libro XII, 21 de julio de 1939, legajo 32. 40 AHA, FAS, caja 543, expediente 8.131, hoja 49. 41 Ibidem, caja 1.125, expediente 15.807, hojas 71-72.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 211

Con el fin de definir y aclarar lo mejor posible las reglas sobre el uso y distribución del agua, se creó en 1939 el Reglamento para los Aprove-chamientos de las Aguas del Sistema de Riego Bonanza del Cubilete. En este documento se ordenaba la distribución atendiendo las necesidades de manera equitativa en razón de la cantidad de tierras bajo cultivo de los ejidos y agricultores privados comprendidos dentro del sistema de riego, como: Guasave, Agua Blanca, Cubilete, La Entrada, El Dorado, Huicho, Buenavista y la Colonia Emilio Portes Gil; la Sucesión de Blas Valenzuela; Sofía, Dolores y Regina Torres y, Dolores Izábal, que adquirieron los de-rechos de la sucesión de Álvaro Obregón en los terrenos denominados Campo Mayo y Buenavista; y 217 usuarios particulares, entre los que se encontraban personajes como Ignacio Bojórquez, Ernesto Saracho, Anto-nio Duriet, Melecio S. Angulo, Emilio y Camilo Menchaca (tabla 1).

Tabla 1. Sinaloa. Distribución del agua del sistema de riego Bonanza del Cubilete, 1939.

Usuario Superfi cie de riego/ha % Volumen anual

en miles de m3 %

Suc. de Blas Valenzuela y otros

Usuarios particulares 2.737 24,10 34.212 24,18

Ejido Guasave 5.663 49,86 70.287 49,69

Ejido Cubilete 1.304 11,48 16.300 11,52

Ejido Agua Blanca 475 4,18 5.937 4,20

Colonia Emilio Portes Gil 450 3,96 5.625 3,98

Ejido Buenavista 350 3,08 4.375 3,09

Ejido El Dorado 200 1,76 2.500 1,77

Ejido Huicho 150 1,32 1.875 1,33

Ejido La Entrada 28 0,25 350 0,25

Total 11.357 100,00 141.461 100,00

Fuente: elaboración propia, con base en datos de AHA, FAS, caja 1.125, expediente 15.807, hojas 274-299.

Para este tiempo el Sistema de riego Bonanza del Cubilete estaba constituido por un canal denominado Principal, que derivaba las aguas del río Sinaloa, con una longitud de 25 km y que al llegar al poblado del Cubilete se dividía y derivaba sus aguas por los canales secundarios de Napalá, Campo Mayo, Victoria, Utave, Bórquez y El Dorado.

212 César Aguilar Soto

El reglamento ratificaba los derechos de propiedad de las obras del canal a la sucesión de Blas Valenzuela, haciéndola responsable de su ad-ministración y funcionamiento, así como del cobro de las cuotas por los servicios de agua, fijadas en ocho pesos por hectárea; disponía la forma-ción de una Junta de Aguas para auxiliar en la dirección a la empresa, compuesta por los representantes de todos los usuarios; y entre otras co-sas se constituía un régimen de prioridad en el servicio de distribución del agua atendiendo la Ley de Irrigación, estructurado de la forma siguiente: uso doméstico y servicios públicos, riego de auxilio por una ocasión para no perder la cosecha; riego de tierras ejidales y predios que no excedie-ran de veinte hectáreas y, en último lugar, los terrenos con extensiones superiores; en periodos de escasez la distribución se haría en porcentajes entre los sectores ejidal y privado y en caso de que el canal disminuyera su corriente normal se aplicaría el sistema de tandeos.42

A pesar de lo acordado, la actitud del sector ejidal de no cubrir las cuotas por el uso del agua y su insistencia de pasar el sistema del canal a sus manos, junto a la falta de instancias de mediación de intereses conti-nuaron siendo los factores centrales de la cortina de humo que cubría la esencia del conflicto, es decir, la falta de acatamiento de los elementos de carácter institucional.

Ante la crisis institucional y la falta de instancias que validaran los derechos de propiedad, la incertidumbre económica conducía a la ruina financiera a la empresa de irrigación y al permanente deterioro del sis-tema de riego. La difícil posición de la Empresa Valenzuela de resistir el reclamo agrarista de nacionalización del canal y su pretensión de apro-piarse de la administración, la falta de pago por el servicio de agua de un amplio sector ejidal, así como la persistente exigencia de la SAF para que el mantenimiento del sistema de riego no se descuidara y la empresa cum-pliera con un servicio eficiente, eran factores que hacían reflexionar a la empresa en torno a la pertinencia económica de mantener la propiedad del canal o cederla al gobierno federal.43

El 25 de enero de 1941, los ocho ejidos usuarios de las aguas del ca-nal en cuestión, Cubilete, Buenavista, La Entrada, Guasave, Agua Blanca, El Dorado, El Huicho y Caimanero acordaron con la empresa el compro-miso de que la sociedad llevara a cabo los trabajos de mantenimiento y reparación de los canales —Principal, Utave, Bojórquez, El Dorado y Cam-po Mayo—; los ejidos se obligaban a cubrir las cuotas por el servicio de agua para riego, definidas en octubre de 1940 por la SAF de ocho pesos y hacer los pagos pendientes bajo el sistema de cuotas, que variaban entre 2,50 y cuatro pesos por hectárea; y se autorizaba a la empresa a retirar la

42 Ibidem, hojas 275-276. 43 Ibidem, hoja 524.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 213

cantidad de 25.000 pesos de sus cuentas de ahorro en el Banco Nacional de Crédito Ejidal para compensar parte de los débitos, con la obligación de ser invertidos en el mantenimiento del sistema. Todo indicaba que se empezaba de nuevo por los caminos del acuerdo y la conciliación.44

Para septiembre de 1941, según los propietarios de la Empresa Valenzuela, el funcionamiento del canal era insostenible. Los ejidos de Guasave, Agua Blanca y Cubilete, principales usuarios del agua, a pesar de las reglas convenidas con las instancias federales, que contemplaban la reducción de las tarifas de ocho a siete pesos, al negarse a pagar sus adeudos por concepto de servicio de 1938 a 1940, hacían que la empresa cargara con un déficit económico insostenible. Los recursos económicos requeridos para poder hacer una eficiente administración del canal Cu-bilete, al no ser percibidos y no poderse reinvertir en su sostenimiento, lo mantenían en precaria situación, dañando los intereses de todos los usuarios.45

Para mediados de la década de 1945 la situación financiera de la em-presa continuó agravándose. Los ejidatarios seguían sin cubrir en forma sus cuotas y violentando las órdenes de la SAF. Para estas fechas, adeu-daban la cantidad de 97.824 pesos correspondientes a los años de 1941 a 1944. Este ambiente de falta de cumplimiento de los acuerdos y la inefica-cia de las autoridades para hacerlos cumplir, hizo que la empresa tomara el acuerdo de entregar a la nación su sistema de irrigación, valuado en 2,5 millones de pesos, que proponían poder ser indemnizados a través de terrenos nacionales.46

Los días 15 y 18 de mayo de dicho año, el secretario de Agricultura y Fomento —SAF—, Marte R. Gómez, dio dos de los pasos más importantes rumbo a la nacionalización de los sistemas de irrigación en la región de Guasave y Sinaloa: atendiendo la Ley de Aguas, acordó la implementación de disposiciones reglamentarias para la distribución de las aguas del río Sinaloa y pasó a manos de la CNI las obras del canal del Cubilete, intervi-niendo de hecho los bienes y derechos de la empresa Valenzuela.47

Con la reglamentación, el régimen de propiedad privada aseguraba las 27.111 ha bajo riego del valle del río Sinaloa (35% del agua distri-buida por sistema de riego Florida; 23% por el del Cubilete, y 62% por el Burrioncito). Estos volúmenes de agua le otorgaban certidumbre para irrigar un total de 11.082 ha, de las cuales 772 pertenecían al primer siste-ma, 2.738 al segundo, y 7.572 al tercero. Entre los principales agricultores privados beneficiados con dicha distribución, se encontraban los de los

44 Ibidem, hojas 712, 806 y 807. 45 Ibidem, hoja s/n. 46 AGN, caja 920, expediente 564.1/617. 47 AHAS, FAS, caja 553, expediente 8.131, hoja 25; y DOF, 18 de mayo de 1945.

214 César Aguilar Soto

poblados de San José de Guayparime, Jesús María, Utave, Burrión, El Pita-hayal, La Brecha y la Testamentaria Álvaro Obregón; y entre los ejidos se localizaban: El Triunfo, San Sebastián, Guasave, El Cubilete, La Bebelama, Emilio Portes Gil, Cofradía de Tamazula, El Burrioncito y La Brecha (tabla 2).

Tabla 2. Sinaloa. Distribución del agua del río Sinaloa por sistemas de riego y régimen de propiedad, 1945

Sistema de Riego Superfi cie Volumen de agua (%)

Canal Cubilete

Propiedad privada 2.738 23,38

Propiedad ejidal 8.971 76,62

Sub-total 11.709 100,00

Canal Florida-Sabino

Propiedad privada 772 34,7

Propiedad ejidal 2.487 65,3

Sub-total 3.259 100,00

Canal El Burrión

Propiedad privada 7.572 62,3

Propiedad ejidal 4.581 37,7

Subtotal 12.153 100,00

Total 27.111

Fuente: elaboración propia con base en datos de AHA, FAS, caja 553, expediente 8.176, hojas 29-33.

Nacionalización de la obra hidráulica privada en el valle del río Sinaloa

En octubre de 1945, junto a los trabajos de reglamentación del uso y distribución de las aguas del río Sinaloa, la Dirección de Tierras y Aguas inició los estudios sobre la nacionalización de las obras hidráulicas de los sistemas de riego Florida o Mc Conegly, Valenzuela o Bonanza del Cubile-te y El Burrión, propiedad de empresas privadas derivadoras de las aguas del río Sinaloa y de los arroyos de Ocoroni y Cabrera.48

Las conclusiones de los estudios de la Dirección de Tierras permitie-ron que el 27 de febrero de 1946 el presidente Ávila Camacho, a través del Departamento Agrario, tomara la decisión de pasar al dominio de la na-

48 AHA-FAS, caja 553, expediente 8.176, hojas 35-37.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 215

ción las obras de los sistemas de irrigación del Cubilete y Florida, dejando pendiente las de El Burrión debido a que los derechos de propiedad sobre las tierras y aguas derivadas por él, eran fundamentalmente privadas. A pesar de ello, en junio de 1947 pasó a manos nacionales.49

Uno de los días más esperados por los campesinos del sistema ejidal y de muchos de los agricultores del sector privado de la región de Guasave había llegado, pero con él la desorganización del uso y administración del agua adquirieron un tono desesperante, que desoía los lineamientos de la SAF e ignoraba las reglas establecidas en las leyes de aguas e irrigación, dañando los intereses de buena parte de los usuarios.

Con la nacionalización de los sistemas de irrigación del río Sinaloa, el sector ejidal tomó su mando, desconociendo los reglamentos validados por el Gobierno Federal, creando Juntas de Agua para administrarlos sin la participación de otros sectores; realizaron su propio plan de riegos, donde sólo ellos aparecían como usuarios y exigieron autonomía para operarlos, violentando los compromisos del gobierno de Alemán con los productores privados, al pasar sobre los derechos de cientos de propieta-rios a los cuales les era negado el líquido para hacer producir sus tierras.

Para finales del año de 1946, todo indicaba que el remedio había sido peor que la enfermedad, como reza el refrán popular. Ante ello, al crearse la Secretaría de Recursos Hidráulicos —SRH— en el año de 1947, su encargado ingeniero Adolfo Orive Alba, desconoció las juntas de aguas nombradas por los ejidatarios y las sustituyó por otras integradas con la representación de todos los usuarios con derecho a riego, y a su vez defi-nió una nueva reglamentación, intentando una reconciliación en el sector agrícola.50

El personal de la SRH tenía ya algunos años en la región del río Sina-loa, conocía ampliamente su problemática y necesidades. Desde mayo de 1930, la Comisión Nacional de Irrigación, había iniciado los estudios para reglamentar el uso de las aguas de esta corriente,51 y en 1935, a solicitud de sus agricultores, los referentes para construir el canal Bamoa, en la margen izquierda del río. Para la década de 1940 dicho canal estaba en funciones, administrado por una junta de usuarios y la supervisión de la CNI, aspecto determinante para la disposición del presidente Ávila Ca-macho de crear en abril de 1942 el Distrito Nacional de Riego de Bamoa, cuya delimitación abarcaba buena parte de las propiedades agrícolas de la margen izquierda del río Sinaloa, ubicadas en los municipios de Sinaloa y Guasave.52 Dicha presencia le permitiría conocer las potencialidades de

49 Ibidem, hojas 84-85. 50 Ibidem, caja 553, expediente 8.176, hoja 113; y caja 546, expediente 8.139, hoja 566. 51 POGES, 21 de junio de 1930. 52 DOF, 2 de mayo de 1942.

216 César Aguilar Soto

la zona y sus debilidades en cuanto a los recursos hídricos. Atendiendo estos antecedentes se supone que el conflicto provocado por la nacionali-zación de las obras hidráulicas privadas, no le fue difícil al ingeniero Orive Alba hacerlo entrar a las vías institucionales, enfriar los ánimos ejidales y hacer respetar los derechos de propiedad en los sistemas de irrigación Florida, El Cubilete y El Burrioncito.

En 1949, al pasar las áreas de riego al control de la Secretaría de Agricultura y Ganadería —SAG—, iniciaron las gestiones para que las obras construidas bajo la iniciativa privada en el río Sinaloa ingresaran a la jurisdicción federal, para integrar un distrito de riego y otorgar un mejor servicio a los usuarios con derechos sobre el agua.

En el año de 1951, existían 19 usuarios del agua del río Sinaloa re-gistrados por medio del sistema de bombas hidráulicas. Éstos irrigaban un promedio de 8.000 ha entre privadas particulares y ejidales. Estos datos serían irrelevantes, si no fuera por que el 71% de dichos usuarios lo hacía sin autorización del gobierno, es decir, violentando las normas legales, y que el 76% de las tierras irrigadas sin permiso pertenecían al sistema ejidal. Entre dichos usuarios, que hacían uso del agua de forma ilícita, se encontraban los empresarios agrícolas Ignacio Bórquez, Francisco Echa-varría, Eduardo Laura y Guillermo Haas, quienes junto a la Compañía Agrícola de Bamoa, propiedad de Gustavo Sánchez y Bamoa Vegetable, compañía de la familia Alcalde, eran parte de los principales comerciali-zadores de agua y refaccionadores de crédito de habilitación y avío de los sectores ejidal y privado para la producción de algodón, garbanzo y tomate en el valle del río Sinaloa.

Para mediados de la década de 1950, un balance de la SRH sobre la administración de los sistemas de irrigación del río Sinaloa, concluía que para dar certidumbre a las actividades económicas de esa zona era urgente erradicar los problemas de la operación irregular de los sistemas de irrigación, la falta de acatamiento de las normas de uso y cuotas de riego, la imposición de la política sobre las bases técnicas en el manejo de las aguas, reestructurar las obras de los sistemas de irrigación que habían seguido los proyectos de sus antiguos dueños sin corregir los errores de planeación, situación que hacía difícil y costosa su operación y conserva-ción.53

Dentro de los elementos encontrados por dicha Secretaría, los de mayor peso tenían que ver con el fortalecimiento del contexto institu-cional y con la necesidad de instancias que hicieran respetar las normas para brindar certidumbre a los derechos de propiedad y a las actividades empresariales en la agricultura. De igual forma, se apuntaba la necesidad

53 AHA, FAS, caja 546, expediente 8.139, hojas 485-493.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 217

de integrar las Juntas de Agua existentes en una sola instancia para hacer más operante el servicio requerido por los agricultores y poder avanzar en la formación de un Distrito Nacional de Riego. Aspecto que se haría realidad en 1958, bajo la gestión del presidente Adolfo Ruiz Cortines.

La Comisión del río Fuerte y sus obras

En el año de 1951 se dio uno de los pasos más importantes, por parte del gobierno federal, relacionado con la irrigación y el desarrollo económico de la zona norte de Sinaloa, en este caso del valle del Fuerte: el decreto de creación de la Comisión del río Fuerte. Con esta acción, el presidente de México Miguel Alemán cumplía con otro de los compromi-sos establecidos con los sinaloenses en materia de irrigación, los primeros habían sido la nacionalización del sistema de irrigación privada del Bu-rrión, ubicado en la zona de los municipios de Sinaloa y Guasave, en 1947, y la conclusión e inauguración de la presa Sanalona —1948— en Culiacán, haciendo avanzar las expectativas y proyectos económicos de los empre-sarios agrícolas de Sinaloa.

La Comisión del río Fuerte se conformaba como un organismo de-pendiente de la SRH, con los objetivos de planeación, diseño y cimenta-ción de las obras necesarias para impulsar el desarrollo integral a través de la agricultura de riego en la cuenca del río Fuerte.54 Sus tareas abarcaban la realización de estudios y de proyectos para la construcción de presas de almacenamiento, defensa, derivación y la extensa red de canales que lle-varan el agua al mayor número de tierras susceptibles de cultivo, así como la administración de las obras hidráulicas. También la de mejoramiento y ampliación de los medios y vías de comunicación para dar más fluidez a la comercialización de la producción agrícola y abaratar sus costos.55

La construcción de la presa Miguel Hidalgo, la gran obra de la Co-misión del río Fuerte, se inició en 1953. Al inaugurarse el 27 de mayo de 1956, se hizo realidad el sueño de cientos de familias agricultoras, que desde principios del siglo XX luchaban por aprovechar al máximo las aguas del río más caudaloso de Sinaloa. Con la presa se incrementó la zona beneficiada de 70.000 ha a 230.000 ubicadas en los municipios de El Fuerte, Ahome, Sinaloa y Guasave. El sistema para apoyar el trabajo de la presa se integraba con las derivadoras de Sufragio y Cahuinahua, los canales SICAE en la margen izquierda y Cahuinahua y Los Mochis en la derecha del río Fuerte, así como por la red de canales laterales y los

54 DOF, 21 de agosto de 1951. 55 Secretaría de Agricultura y Recursos Hidráulicos, 1986, 76.

218 César Aguilar Soto

canales Cubilete, Sabino y Florida, ubicados en la zona de influencia del río Sinaloa.56

En 1958, el último año de su gestión, el presidente Adolfo Ruiz Cor-tines aprobó dos decretos que impactarían aún más en el desarrollo agrí-cola del valle del río Sinaloa. Uno de ellos fue la creación del Distrito de Riego de Guasave, administrativamente a cargo de la Comisión del río Fuerte. En este nuevo distrito se integraron 26.000 ha, el 77% de estas tierras pertenecían al municipio de Guasave y el resto al de Sinaloa. El otro decreto tenía que ver con la expropiación de 75.000 ha ubicadas en la margen izquierda del río Sinaloa, bajo la influencia del arroyo de Ocoroni y la delimitación del Distrito de Riego; con esta medida quedaron prohibidos los cambios en el sistema de propiedad con el objeto de evitar que los propietarios de tierras lucraran con el beneficio de las obras que el gobierno construiría en esta zona.57

De manera paralela a la ampliación de la zona irrigada, se estableció un sólido marco institucional que definía el uso y distribución de las aguas almacenadas en la presa a través de planes de riego anuales y un sistema de cuotas.

El sistema de cuotas definido por el gobierno estaba estructurado en tres secciones: consumo, compensación y rehabilitación. En la prime-ra, los cultivos de maíz, frijol, trigo, garbanzo, ajonjolí y cártamo debían pagar 110 pesos por hectárea; la caña de azúcar, tomate, algodón, arroz, alfalfa, papa, soya y legumbres 120; y el sector ejidal, independientemen-te del cultivo 10 pesos por hectárea; la cuota anual de compensación era de 1.000 y la cuota de rehabilitación de las obras hidráulicas de cien pesos por año.58

Con el antecedente de la obra de irrigación privada y estas últimas acciones de política gubernamental comentadas se creó un marco de in-centivos a la actividad agrícola empresarial, marco relacionado con la mo-dernización de la obra hidráulica y un ambiente institucional de mayor certidumbre económica, lo cual redundaría en la consolidación del rostro agrocomercial de Sinaloa, una de las regiones agrícolas más exitosas del México del siglo XX.

56 Conchol, 1957, 70-71. 57 Secretaría de Agricultura y Recursos Hidráulicos, 1986, 90. 58 Secretaría de Recursos Hidráulicos, 1967, 59-61.

Sistemas de regadío y empresarios agrícolas en el Norte de Sinaloa... 219

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 221-250

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de

Chiapas (1873-1940)

Julio Contreras UtreraSistema de Enseñanza Abierta

Universidad [email protected]

Durante el siglo XIX y gran parte del XX, el paludismo fue una de las en-fermedades que afectó a la población de distintas regiones del interior y exte-rior del país. Esta enfermedad era endémica y epidémica. Los climas tropicales y subtropicales eran propicios para su desarrollo. Al contar con varias regiones de estas características climáticas, la población de algunas áreas geográficas del estado de Chiapas, no estuvo exenta del padecimiento de la malaria, fie-bre palúdica, fiebre intermitente o perniciosa como se conoció al paludismo. El presente trabajo tiene como objetivo analizar el impacto de la epidemia del paludismo en el estado de Chiapas durante las dos últimas décadas de la centuria decimonónica y la primera mitad del siglo XX. Analizaré cómo esta enfermedad era atribuida a la insalubridad de las ciudades, a la presencia de pantanos, así como al clima caluroso. Haré un análisis de los sectores sociales más afectados por este mal. Asimismo, examinaré la intervención del Consejo Superior de Salubridad, dirigido por el gobierno de la nación, con el fin de erradicar dicha enfermedad. Ello permitirá describir las políticas sanitarias que formaron parte del proyecto del ejecutivo federal para que el país alcanzara la civilización. En este sentido, abordaré la manera en que las autoridades del Estado de Chiapas pusieron en práctica esas providencias con el fin de que la entidad incursionara en la era de la civilización.

EL CLIMA: EL PRINCIPAL FACTOR DE PROPAGACIÓN DEL PALUDISMO

El paludismo “es una enfermedad metaxénica”.1 Los enfermos presentan fiebres intermitentes, esplenomegalia y anemia crónicas; suelen tener recaídas. El mosquito hembra denominado Anophels es el principal vector de la enfermedad.2 Este mosquito conocido en Chiapas y en otras regiones de México también como zancudo “pica a una persona enferma de paludismo y en la sangre que chupa se

1 Ronzón, 2004, 56. 2 Idem.

222 Julio Contreras Utrera

lleva los microbios que causan la enfermedad”. Posteriormente pica a una persona sana transmitiéndole los microbios que dan origen a ella. Días más tarde, el indivi-duo picado comienza a tener calenturas y es imposibilitado “para todo trabajo”.3 A diferencia del zancudo macho, la hembra es la única que pica “pues necesita ingerir sangre para poder desovar” sus larvas.4

El paludismo encuentra un campo propicio para desarrollarse en climas tro-picales y subtropicales. El mosco o zancudo transmisor de la enfermedad tiene ma-yores condiciones para su reproducción mientras más alta sea la temperatura. Las larvas depositadas en las aguas tardan generalmente en convertirse en “insectos alados, de cinco a ocho días, encontrándose desde luego en condiciones de atacar a toda clase de animales”.5

Varias regiones del estado de Chiapas tuvieron un clima favorable para el desarrollo del paludismo. Como sostiene Robinson, en la mayoría de los departa-mentos que conformaron la entidad había zonas templadas y calientes, según su elevación sobre el nivel del mar.6 Por ejemplo, en las tierras bajas de los departa-mentos de Palenque, Chilón y Simojovel el clima era caluroso. Este clima prevalecía también en los poblados de los departamentos de Mezcalapa y de Chiapa ubica-dos a orillas del río Grijalva.7 Aunque la ciudad de Comitán y los pueblos aledaños tenían un clima templado, tenían la desventaja de que “la tierra caliente [estaba] muy cerca”. A sólo 12 kilómetros, “en donde [estaba] el pantano denominado La Ciénega”.8

En la ciudad de Pichucalco, situada “á 114 metros sobre el nivel del mar”, la temperatura oscilaba entre 28º Celsius a 36º C.9 Paralelamente, la ciudad de Tuxtla Gutiérrez, ubicada a “530 metros sobre el nivel del mar”,10 el termómetro marcaba 38º C a la sombra durante la época de sequía.

Por otra parte, los centros urbanos situados en la costa perteneciente a los departamentos de Tonalá y del Soconusco tuvieron también un clima caluroso. En la ciudad de Tonalá y en el poblado de Arista, el calor era más intenso en la época de verano. En opinión de Robinson, “en ciertos meses del año” el clima era insalubre en estas localidades.11

Como hemos mencionado, el clima fue de gran relevancia para el desarro-llo del paludismo. En 1893, el presidente municipal de Tuxtla Gutiérrez, José Inés Cano, indicaba que el incremento del número de casos de fiebres palúdicas era debido al clima caluroso. Apuntaba también que la salubridad pública de la loca-

3 Gaceta Municipal, 1 de noviembre de 1940. 4 Las Noticias, 13 de enero de 1934. 5 Idem. 6 Robinson, 1911, 38. 7 Ibidem, 40 y 42. 8 Dollero, 1911, 755. Las cursivas son del texto original. 9 Ibidem, 743-744. 10 Ibidem, 738; Robinson, 1911, señala 557 metros sobre el nivel del mar. 11 Robinson, 1911, 43.

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 223

lidad era “inmejorable” por esta situación.12 En 1909, el jefe político del departa-mento de Palenque, Rafael Castellanos, informaba al ejecutivo estatal que la salud pública de los habitantes del municipio de La Trinidad era buena, no obstante “las condiciones climatológicas de este lugar”. Señalaba que no habría que olvi-darse de la altura sobre el nivel del mar en que se encontraban los municipios que conformaron el departamento, así como “las demás condiciones atmosféricas […] no muy propicias para el estado sanitario del que [gozaban]”. Apuntaba además, que durante el mes de mayo de ese año, hubo “fortísimos calores que llegaron á marcarse hasta en cuarenta grados centígrados a la sombra”.13

Paralelamente, el jefe político del departamento de Simojovel hacía notar cómo el paludismo era una enfermedad endémica en los lugares bajos y cerca de los cursos fluviales.14 En esta misma situación estuvieron distintos poblados de la zona fronteriza y de la costa de Chiapas. En torno a esta última área geográfica, Dollero sostenía que el clima del Soconusco era “cálido sin ser malsano, exceptuando siempre un poco de paludismo y algunas epidemias de viruela en las clases bajas”.15

Mapa 1. Departamento de Chiapas16

Kilómetros

0 50 100

Guatemala

Soconusco

MariscalTonalá

ComitánLa Libertad

Chiapa

Las Casas Chilón

Palenque

Tuxtla

SimojovelMezcalapa

Pichucalco

Oaxaca

Tabasco

Golfode

Tehuantepec

Elaboró: Felipe de Jesús Calderón Flores. Fuente: Benjamín, Chiapas, 1995, p. 64

12 Domínguez, 2010, 88. 13 Periódico Ofi cial, 20 de julio de 1910. 14 Ibidem, 1 de octubre de 1910. 15 Robinson, 1911, 43; Dollero, 1911, 733. 16 Benjamin, 1995, 64.

224 Julio Contreras Utrera

Ante la llegada de la temporada de los calores, las autoridades políticas de diferentes regiones manifestaban que la malaria hacía acto de presencia y era considerada como una enfermedad endémica y que frecuentemente se convertía en epidémica. En 1880, el jefe político del departamento de Pichucalco decía que en esta jurisdicción se había desa-rrollado la epidemia de “las fiebres palúdicas propias de la estación”.17 En 1913, el gobernador del Estado, Bernardo A. Z. Palafox, informaba que el paludismo invadía constantemente a los habitantes de los departamen-tos que conformaban la entidad de Chiapas.18 Y en 1919, el presidente municipal de Bejucal de Ocampo indicaba que la epidemia de las fiebres intermitentes habían causado “tantas víctimas en […] ese lugar”.19

Un año después, el doctor Miguel Tapia, delegado sanitario de San Benito y Suchiate, señalaba cómo en esta última región perteneciente al Soconusco, el paludismo y la viruela eran enfermedades endémicas y “con facilidad se [hacían] epidémicas como [acababa] de suceder en Bejucal, Huixtla, La Grandeza y San Pedro Remate”.20 En esta misma región, en el mismo año de 1920, el presidente municipal de San Felipe Tizapa informa-ba que en el mes de junio, las fiebres palúdicas continuaban en ese lugar sin haber registrado ninguna muerte. Y hacia 1923, el presidente muni-cipal de Tuxtla Gutiérrez, Fiacro López, apuntaba que la malaria atacaba anualmente a la población de esta área geográfica.

Además de la estación calurosa, las lluvias eran también favorables para el desarrollo del paludismo. El estado de Chiapas destacó por ser una región en la que las lluvias fueron frecuentes.21 Por ejemplo, en la región del Soconusco llovía “durante casi siete meses al año”.22 Durante el periodo de los aguaceros, las calles de varios poblados se hacían intran-sitables al formarse las charcas. En 1898, el ayuntamiento de Ocosingo informaba al Gobierno del Estado que varias calles no podían transitarse durante la temporada de las lluvias.23 A principios de 1899, el jefe políti-co del departamento de Comitán señalaba esta misma situación para el caso de la ranchería Tzimol.24 En 1907 y 1908, la corporación municipal de Villa Flores señalaba que las aguas pluviales producían miasmas al ser es-tancadas propiciando la generación del paludismo y otras enfermedades

17 El Pueblo Libre, 17 de noviembre de 1880. 18 Palafox, 1913. 19 Archivo Histórico del Estado de Chiapas, en adelante AHECH, Beneficencia Pública, 1920, tomo I. 20 Idem. 21 Robinson, 1911, 34. 22 Dollero, 1911, 731. 23 Periódico Ofi cial, 27 de agosto de 1898. 24 Ibidem, 4 de febrero de 1899.

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infecciosas.25 Un año después, las autoridades políticas de San Bartolomé de Los Llanos indicaban que las lluvias formaban zanjones y grietas en algunas vías públicas.26

En este mismo sentido, el 8 de junio de 1918 las autoridades munici-pales de Tuxtla Gutiérrez hicieron notar el desperfecto de las calles y sus consecuencias ante la llegada de los aguaceros. Al respecto decían que la temporada de lluvias había principiado y que “la mayoría de las calles, […] no sólo las que se [encontraban] en la periferia de la población, sino aun las que se [encontraban] situadas en el centro” estaban “en un esta-do lamentable”. En opinión de las mismas autoridades, el desperfecto de los pavimentos propiciaba la acumulación de basuras y aguas y que “dado el clima [entraban] en descomposición en poco tiempo, desprendiendo emanaciones insalubres y propiciando albergue y medio de reproducirse a infinidad del mosquito, zancudo, origen del paludismo y medio de trans-misión de esta enfermedad y otras”.27

Por otra parte, las lluvias traían como consecuencia el aumento del caudal de las aguas de las ciénagas. Un ejemplo, en 1904, el diario El Chi-quitín destacaba muy bien esta situación al indicar que en “Unas cuantas horas de lluvias caídas el jueves 23 [de junio] fueron suficientes para que la ciénega [de Comitán] se convirtiera en un inmenso lago”.28 El problema continuó a lo largo de los años. En 1937, el diario Chiapas Nuevo resalta-ba el gran problema de paludismo generado por la ciénaga de la misma ciudad durante el periodo de los aguaceros.29

LA FALTA DE UNA BUENA INFRAESTRUCTURA EN LAS CALLES

Acorde con los informes de las autoridades políticas, el paludismo estuvo también asociado a la falta de una buena infraestructura urbana y a la falta de una cultura higiénica. Dichas autoridades asociaron principal-mente esta problemática con las calles y la infraestructura hidráulica. Ha-cia la última década de la centuria decimonónica y la primera del XX, las autoridades municipales, departamentales y estatales efectuaron cambios importantes en las calles de los distintos poblados que conformaron la entidad chiapaneca. Las transformaciones fueron realizadas en el marco de la “modernidad” impulsada por el régimen de Porfirio Díaz. Así, varias calles fueron embanquetadas, empedradas y alineadas con el fin de evitar

25 Ibidem, 28 de septiembre de 1907 y 18 de julio de 1908; Hernández, 2010, 20. 26 Hernández, 2010. 27 Gaceta Municipal, 8 de junio de 1918. 28 El Chiquitín, 26 de junio de 1904. 29 Chiapas Nuevo, 13 de abril de 1937.

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la presencia de charcas, ello bajo la idea de acabar con los problemas de insalubridad de los centros urbanos.30

Los charcos eran considerados como uno de los principales focos de infección y transmisores de enfermedades epidémicas como el paludismo, la viruela y el cólera. Varios ejemplos dieron cuenta de esta situación. Al respecto sólo mencionaremos algunos. En 1908, el ayuntamiento de Salto de Agua construyó una calzada que iba desde el centro hasta el cementerio de la localidad. En esta obra construyó zanjas laterales con el fin de evitar el estancamiento de agua.31 Un año después, la corporación municipal y el jefe político del departamento de Tonalá abrieron dos ca-lles situadas al lado de las casas comerciales de los señores Cueto y Cía. y de Federico Thomas. El objetivo era acabar con el “aspecto repugnante y muy perjudicial a la higiene pública por las emanaciones pútridas que se despedían de las aguas corrompidas y estancadas en aquel paraje”.32

Conviene señalar que no todas las calles de los pueblos, villas y ciu-dades fueron empedradas, embanquetadas o alineadas. Podemos decir hipotéticamente que hacia finales de la centuria decimonónica y a lo lar-go de la primera mitad del siglo XX, la mayor parte de las calles de los cen-tros urbanos chiapanecos continuaron sin estas mejoras, principalmente aquellas vías ubicadas en las periferias. Así, las charcas en las calles fueron parte del paisaje urbano.

Como hemos mencionado, la falta de un buen sistema hidráulico, las costumbres antihigiénicas de la población y el desnivel de las calles fueron algunos de los factores que contribuyeron al encharcamiento de las vías públicas y, por ende, a la aparición de la malaria. Hacia finales de la cen-turia decimonónica y a lo largo de casi toda la primera mitad del siglo XX, los centros urbanos chiapanecos carecieron del sistema de alcantarillado. Ante esta situación, el agua residual e industrial era arrojada a la calle. En 1893, el ayuntamiento de Tuxtla Gutiérrez señalaba que varias calles “del centro del cuartel” del primer batallón estaban en malas condiciones y que la calle Madariaga tenía “una multitud de baches” y estaba converti-da en “un foco de miasmas pestilentes” debido al desagüe del 10 batallón ubicado en esa vía pública. José Inés Cano, en su función de presidente municipal, hacía notar cómo los hoyos que retenían el agua “[arrastra-ban] materias orgánicas, [que] quedaban expuestas a la acción del sol, que las descomponía, convirtiéndolas [en] origen seguro del paludismo, que tenía alarmados a los vecinos de la referida calle”.33

30 Hernández, 2010, y Domínguez, 2010. 31 Hernández, 2010. 32 Cita tomada de Hernández, 2010. 33 Cano, 1893.

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 227

Por otra parte, en enero de 1898, la comisión de policía municipal de la ciudad de San Cristóbal de Las Casas señalaba que las calles 1ª y 2ª Poniente estaban en condiciones antihigiénicas por haber en ellas agua corrompida derivada del arrojo de basura y de los excrementos de los presos de la cárcel. Los vecinos pidieron que el agua residual de los reos no tuviera salida por las calles y que se construyera un caño cubierto para conducirla hasta el río Amarillo.34

En Tonalá existió una situación similar. La ciudad tenía pocas calles empedradas.35 En opinión del viajero Adolfo Dollero, la ciudad no ofrecía comodidad ni atractivos al turista ya que las condiciones higiénicas eran “deplorables” y la insalubridad “favorable para el desarrollo del paludis-mo, que [dominaba] en sus varias formas”.36

Los empresarios del aguardiente contribuyeron también a la presen-cia de charcas en las calles. Ante la ausencia de alcantarillado, acostum-braron a tirar a las vías públicas el residuo de sus fábricas conocido como zupia. Esta situación sucedió principalmente en las ciudades de Tuxtla Gu-tiérrez, San Cristóbal de Las Casas y Comitán. En sesión del 25 de febrero de 1910, la corporación municipal de San Cristóbal manifestaba que tanto Filemón Oseguera como otros productores de alcohol arrojaban la zupia a la calle. Ello provocaba la aparición de “fangos de consideración [que despedían] gases insalubres [que perjudicaban] grandemente a la salu-bridad” pública.37 Tal parece que el problema continuó en el transcurso de los años. En 1927, los habitantes de la calle Rayón de la misma ciudad, presentaron su queja al gobierno federal debido a que Mariano Bermú-dez arrojaba la zupia a esa vía pública.

Tuxtla Gutiérrez tuvo una situación similar. El ayuntamiento recibió constantes quejas por el arrojo de zupia a las vías públicas. Los vecinos del barrio Santo Domingo manifestaron su inconformidad en contra de Raúl Montesinos debido a que este empresario vertía la zupia en el crucero de la Avenida Triunfo y la calle Palma. Los quejosos argumentaban que los residuos industriales se aglomeraban a lo largo de la cuadra, pero princi-palmente debajo del puente ubicado en ese lugar, lo cual era un foco de contaminación que ponía en riesgo la salud pública.38

Ante la falta de drenaje, los habitantes de los poblados chiapanecos tenían la costumbre de arrojar el agua residual a la calle. En este sentido, era común que en los distintos poblados hubiera charcas con agua com-

34 Contreras, 2008, 208. 35 Dollero, 1911, 729. 36 Idem. 37 Archivo Municipal de San Cristóbal, en adelante AMSC. Sesión 25 de febrero de 1910. 38 Contreras, 2008, 210-211.

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binada con las excretas y orines humanos. La prensa denunciaba constan-temente esta situación. Por ejemplo, en 1928, el Consejo Municipal del pueblo de Arriaga era fuertemente criticado por no poner atención a la insalubridad de las calles. La prensa informaba que “las calles [estaban con hierbas] y con charcos de agua verde y descomposición que constan-temente [amenazaban] la salud de los habitantes”. Hacía notar que “los desagües de las casas de los hijos de Kuo Min Tang y de algunos naciona-les [eran] batideros de lodo infecto, siendo esto tolerado por el sr. Men-doza porque era apoderado de los chinitos y compadre de los de acá”.39

La falta de un buen sistema de tuberías que condujera el agua hasta las fuentes públicas generó también la formación de charcas en las ca-lles. El agua de consumo doméstico llegaba desde los manantiales y ríos hasta las fuentes públicas. Éstas acumulaban en varias ocasiones grandes volúmenes de agua. Al estar llenas, era común que el líquido se derra-mara y estancara en la calle. En 1887, el jefe político del departamento del Soconusco señalaba que el agua derramada de la fuente pública, así como la de las fuentes de los particulares, arrastraba en las calles materias fecales.40

Por otra parte, el jefe político del departamento de la Libertad in-formaba al gobernador del Estado que en las calles aledañas a la fuente pública del poblado de San Bartolomé de Los Llanos, se formaban “loda-zales y hoyancos llenos de agua corrompida”.41 En 1913 y 1922, el ayun-tamiento de Tuxtla Gutiérrez recibió la queja de los vecinos de la calle Larrainzar y de la Avenida México ya que el derrame de agua de la fuente ubicada en el Cuartel de Infantería del Gobierno del Estado formaba lo-dazales.42

Como hemos indicado, el desnivel de algunas calles fue también propicio para la formación de charcas en las calles y por ende el desarrollo del paludismo. En 1909 y 1912, la prensa informaba que las calles de Las Casas, del Estado y de la avenida Progreso, pertenecientes a la ciudad de Tuxtla Gutiérrez, tenían este problema. En torno a esta última vía pública señalaba que se encontraba en pésimas condiciones debido al declive que presentaba y que el agua estancada ponía en peligro la salud pública.43 En este mismo periodo, el coronel Jesús Morales decía que “muchas de [las] calles” de la ciudad eran “fragosas, sin empedrar y sin banquetas”.44

39 Renovación, 4 de agosto de 1928. 40 Periódico Ofi cial, 18 de junio de 1887. 41 Hernández, 2010. 42 Contreras, 2008, 209. 43 Cano, 1893; Domínguez, 2010, 39-40; Diario de Chiapas, 7 de agosto de 1912. 44 Archivo General de la Nación, en adelante AGN, Fondo documental Madero, vol. 61, exp. 650.

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 229

Igualmente, la prensa resaltaba cómo las calles de Chiapa de Corzo eran consideradas “profundas barrancas en cuyos fondos las aguas estancadas y putrefactas despedían miasmas que eran para los vecinos verdaderos focos de infección”.45

LA INSALUBRIDAD EN LOS CENTROS URBANOS. OTRO FACTOR DEL PALUDISMO

Aunado a las charcas en las calles, las autoridades políticas y sanita-rias del Estado atribuyeron también la presencia del paludismo a la insa-lubridad prevaleciente en los centros urbanos y en las viviendas. La insalu-bridad fue asociada con la falta de una cultura higiénica de los habitantes de cada lugar. En 1900, el jefe político del departamento de Palenque dejó muy clara esta situación al informar al inspector de Sanidad sobre la epidemia de paludismo sufrida por la población de esa comarca. Dicho jefe sostenía que “las enfermedades infecciosas que [solían] presentarse periódicamente en algunos lugares del estado, [dependían] más bien de condiciones antihigiénicas, que las del clima [desaparecían] luego que se [desecaban] los pantanos y se [recogían] e [incineraban] las basuras y de-más detritos de las poblaciones”.

En otros rincones del estado, las autoridades emitieron opiniones similares. En sesión del 13 de noviembre de 1873, el ayuntamiento de San Cristóbal de Las Casas dio cuenta de la suciedad prevaleciente en las zan-jas y empedrados de las calles. Asimismo, hacía notar la insalubridad de las casas. Tres años después, el médico encargado del hospital de la ciudad informó a la Comisión de Beneficencia Pública sobre la propagación de la fiebre en la localidad. En su opinión, esta situación era debida “por el gran desaseo que él [había] visto por dentro y fuera de todas las casas de la ciudad”. Hacia 1904, el regidor de salubridad, doctor Antero Aguilar Ruiz, señalaba que se había “desarrollado en la población una epidemia que [tenía] el carácter de paludismo.” El concejal consideraba que la cau-sa era el desaseo existente en “los albañales o cloacas”.46

La relación entre la insalubridad de los centros urbanos y las fiebres palúdicas continuó en el transcurso de los años. En 1917, la prensa impu-taba al ayuntamiento de Tuxtla Gutiérrez la falta de limpieza de las calles tanto del centro como de la periferia de la ciudad. Criticaba principalmen-te la aglomeración de basura en las vías públicas47 y pedía a la corporación municipal que se preocupara por la higiene de la población. Señalaba al respecto:

45 Periódico Ofi cial, 21 de marzo de 1908. 46 AMSC, sesión de 13 de noviembre de 1873 y 7 de octubre de 1904. 47 Chiapas Nuevo, 1 de febrero de 1917.

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“En el número antepasado de nuestro periódico advertimos el completo abandono en que se encuentra la limpieza pública y hasta ahora no hemos mejorado en esa limpieza de las calles porque apenas salimos fuera del perí-metro de lo que constituye la plaza de armas a una o dos cuadras de distan-cia, encontramos basura amontonada que por varios días acumulan en los empedrados, entran en descomposición y son enseguida verdaderos focos de infecciosos. De este abandono, de este desaseo de la capital del estado depende el desarrollo de todas las enfermedades palúdicas que por varios meses han diezmado a los vecinos del lugar”.48

Paralelamente, el doctor Miguel Tapia, delegado sanitario enviado por el Consejo Superior de Salubridad al estado de Chiapas, sostenía tam-bién que las epidemias del paludismo y de la viruela surgidas en 1920 en los poblados de Huixtla, Bejucal, La Grandeza y San Pedro Remate eran debidas a la falta de higiene pública. En opinión del galeno, la higiene era “el primer factor para la Salubridad Pública”, sin embargo, había sido descuidada.49

LAS AGUAS PANTANOSAS

Las autoridades políticas y sanitarias locales consideraron también a las ciénagas como propiciadoras de las epidemias y endemias del paludis-mo en distintas regiones de la entidad chiapaneca. Sabían que el mosco de la malaria ponía sus huevecillos en el agua “de los charcos, de los pan-tanos, lagunas, canales, acequias, zanjas, arroyos, remansos de los ríos, y […] en las ciénegas”.50 Tenían el conocimiento de que el Anophels prefe-ría “los remansos de las corrientes de poca intensidad”.51 Para tener una idea de la problemática, baste decir como ejemplo que localidades como Ocosingo, Tonalá, Simojovel, San Bartolomé de Los Llanos, Soyatitán, Co-mitán, Chilón, Cintalapa, Pichucalco, Copainalá, San Cristóbal de Las Ca-sas, Motozintla, entre otras, estuvieron situadas en regiones pantanosas.

La población de San Bartolomé de Los Llanos y de Soyatitán, perte-necientes al departamento de La Libertad, sufrió constantemente las fie-bres intermitentes debido a la presencia de pantanos en sus alrededores. Hacia el lado sur “como á tres leguas” de la primera localidad existían terrenos cenagosos. En 1890, el jefe político mostraba mayor preocupa-ción por los habitantes de Soyatitán debido a que las ciénagas “eran de peor condición”.52

48 Ibidem, 18 de enero de 1917. 49 AHECH, Sección Beneficencia, 1920, tomo I. 50 Gaceta Municipal, 1 de noviembre de 1940. 51 Las Noticias, 13 de enero de 1934. 52 Periódico Ofi cial, 22 de abril de 1890.

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 231

Dos años más tarde, la Comisión de Salubridad y el inspector de Sanidad del ayuntamiento de San Cristóbal de Las Casas observaron la misma situación en esta ciudad. Resaltaron el problema de los panta-nos existentes en el barrio de San Diego. Mostraron preocupación por el agua estancada, la cual consideraban como “focos de infección y cuna de miasmas”.53

En 1901, la prensa informaba de que en Comitán el número de muertos a causa del paludismo excedía “demasiado” en comparación con “otros pueblos”.54 Atribuía esta mortalidad a la ciénaga existente en las orillas de la localidad. Tal situación prevaleció en el transcurso de los años. Hacia la década de los treinta del siglo XX, los candidatos del distrito elec-toral de Comitán sostenían que la ciénega continuaba siendo el principal factor de la malaria.55

En el transcurso de los años, la prensa local y las autoridades po-líticas, eclesiásticas y sanitarias informaron sobre los estragos causados por el paludismo derivado de las diversas causas que hemos señalado. No obstante, la mayoría de los reportes no siempre indicaba el número de personas afectadas por esta enfermedad. Ello impidió analizar con mayor profundidad el impacto de esta enfermedad en la sociedad chiapaneca en el lapso temporal de 1880-1940. En 1885, el párroco de la diócesis de Tuxtla, Alfonso María González, señalaba que en la ciudad de Tuxtla Gu-tiérrez, Suchiapa, Cintalapa, Acala, Ocozocuatla y Tonalá “las fiebres de toda clase” entre ellas las palúdicas, eran “muy frecuentes” durante “el principio y el fin de las aguas […]”. El presbítero decía que el otoño era una de las estaciones más críticas para los habitantes de estos centros urbanos.56

En 1899, el jefe político del departamento de Mezcalapa comunica-ba al ejecutivo estatal que la fiebre perniciosa se había desarrollado como epidemia en el pueblo de Tecpatán. Señalaba además, que dieciséis per-sonas habían sido atacadas “presentando caracteres alarmantes”.57

Hacia 1905, el ejecutivo estatal informaba al Consejo Superior de Sa-lubridad sobre las condiciones sanitarias de la entidad. Al respecto decía que habían

“mejorado relativamente, pues aún el paludismo que [era] la enfermedad endémica reinante, se [había] manifestado sin producir los mismos estra-

53 La Luz, 14 de febrero de 1892. 54 El Clavel Rojo, 13 de octubre de 1901. 55 Chiapas Nuevo, 13 de abril de 1937. 56 Archivo Histórico Diocesano de San Cristóbal de Las Casas, en adelante AHDSCLC, expediente IV, D. 57 Periódico Ofi cial, 19 de agosto de 1899.

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gos que en épocas anteriores había causado, muy especialmente en los de-partamentos de la región del Pacífico y en los de La Libertad, Simojovel, Chilón, Palenque, Mezcalapa y Partido de La Frailesca, en donde los casos de mortalidad por infecciones palúdicas alcanzaban cada año proporciones alarmantes”.58

Entre 1906-1918, los jueces del Registro del Estado Civil de los de-partamentos de Comitán, Soconusco y Chiapa destacaron a la malaria como una de las causas principales de fallecimientos entre los habitantes de estas áreas geográficas.59 De acuerdo con la autoridad de Comitán, los adultos constituían la población más afectada por esta enfermedad. En 1919, el jefe del Registro Civil del departamento de Chiapa, Conrado Coutiño, opinaba que “Las fiebres palúdicas [eran] siempre las más domi-nantes en todas edades en este departamento”.60 En este último año, el homólogo de Coutiño en el Soconusco, Natividad Heraclio Ruiz, decía que en los últimos cuatro años, las fiebres intermitentes eran una de las causas principales de muerte entre los pobladores de los municipios de Frontera Díaz, Mazatán, Escuintla, Metapa, Tuxtla Chico, Acacoyahua y Huixtla.61

Por otra parte, en 1917, el diario Chiapas Nuevo informaba que los habitantes de la región de Tuxtla Gutiérrez fueron atacados por las fiebres intermitentes “causando gran mortalidad”.62 Como señalamos, esta en-fermedad era atribuida a la insalubridad y a la presencia de pantanos. En 1933, el periódico La Vanguardia destacaba el problema de salud pública en Tuxtla Gutiérrez. Atribuía este problema a los fangos existentes en las orillas del río Sabinal, los cuales consideraba como “los criaderos de pa-rásitos de todas clases y muy especialmente del germen del paludismo”.63

En el mismo año de 1933, el diario México notificaba que alrededor de seis mil personas eran víctimas de las epidemias del paludismo y de la disentería en la ciudad de Tapachula y su región. Desafortunadamente,

58 Ibidem, 16 de septiembre de 1905. Es importante señalar que el paludismo era un problema grave para la salud pública del estado de Chiapas. El reporte enviado al Consejo Su-perior de Salubridad es más amplio y detallado. De acuerdo con el gobernador de la entidad, se informaba sobre “los lugares en que predominaba la enfermedad, las épocas del año en que atacaba con mayor intensidad y el promedio aproximado de los pacientes”. El objetivo era que este estudio fuera presentado en el Congreso Médico que iba a celebrarse en la ciudad de Washington. Por el momento no contamos con este documento. Es posible que esté en el Archivo de la Salud de la ciudad de México. 59 AHECH, Sección Estadística, 1919, tomo V, exp. 65-171. 60 Idem. 61 Idem. La disentería, la diarrea, enteritis, los parásitos intestinales, la fiebre amarilla, reumatismo y neumonía eran, entre otras, las enfermedades principales causantes de la morta-lidad en la población chiapaneca. 62 Chiapas Nuevo, 28 de octubre de 1917. 63 La Vanguardia, 22 de octubre de 1933.

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 233

la fuente no especifica cuántas personas sufrieron cada una de estas en-fermedades.

En otras regiones del estado, las autoridades políticas dieron tam-bién cuenta del comportamiento del paludismo, aunque no causaba grandes pérdidas de vidas. Así por ejemplo, en el mes de agosto de 1921, el presidente municipal de Pichucalco informaba al gobierno estatal sobre la presencia de “muchos casos de calenturas con carácter de paludismo, en forma bastante fea y alarmante, pero que no [habían] causado ningu-na víctima”.64

Las autoridades federales estuvieron también pendientes de las epidemias del paludismo en el estado de Chiapas. El Gobierno nacional conoció la problemática a través del Consejo Superior de Salubridad. En 1933, la Dirección General de Salubridad, perteneciente a dicho Conse-jo, mostraba preocupación por los casos de las enfermedades epidémicas que aquejaban a la población chiapaneca, en particular por la malaria. Al respecto decía “que uno de los problemas mas difíciles en los actuales momentos, [era] el de la salubridad general, por los numerosos casos de Paludismo, Tos Ferina, Bronquitis, Fiebres Paratifoideas, etc., que diaria-mente [ocasionaban] considerable número de víctimas […]”65 Hacia 1940, la brigada sanitaria del Consejo Superior de Salubridad señalaba cómo en el distrito de Palenque había una gran cantidad de enfermos, “especial-mente de paludismo”.66

UN ACERCAMIENTO DEMOGRÁFICO DEL IMPACTO DEL PALUDISMO

Aun cuando no contamos con la serie completa de los individuos fa-llecidos por el paludismo entre 1880-1940, podemos acercarnos al impac-to de esta enfermedad en la población chiapaneca en los años comprendi-dos entre 1908 y 1912. Este último periodo fue escogido por encontrarse información más precisa sobre el tópico en cuestión. Sin embargo, hay que decir que existieron algunos problemas para realizar el análisis, como por ejemplo, la falta de coincidencia en la suma de las personas fallecidas en algunos censos originales.

Ahora bien, con excepción del año 1910, entre 1908 y 1912 el número de decesos a causa de las fiebres palúdicas en el estado iba en constante aumento. En 1908 fallecieron 1.213 personas; al siguiente año, 1.548 chiapanecos sucum-bieron por esta enfermedad; hacia 1910, el número de afectados se redujo a 971 individuos y para 1912, 2.736 sujetos fueron víctimas de la malaria. Si comparamos

64 AHECH, Beneficencia Pública, 1921, tomo I. 65 La Vanguardia, 22 de octubre de 1933. 66 Chiapas Nuevo, 4 de enero de 1940.

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el número de fallecidos de las fiebres intermitentes con la población total de la entidad existente en cada uno de los años mencionados, nos quedaríamos con la impresión de que las fiebres palúdicas tuvieron poco impacto. En 1908 el estado tenía 360.672 habitantes; en 1909, contaba con 360.922 y en 1910, con 438.843 habitantes.67 De esta manera, veríamos que en estos años, respectivamente, el 0,34%, 0,43% y 0,22% de la población murió por el paludismo.

Utilizando las mismas cifras de muertos del paludismo y de la población es-tatal de los años de 1908 a 1912, podemos decir que la tasa bruta de mortalidad por esta enfermedad aumentó paulatinamente. En el primer año, era de 3,36‰, al año siguiente de 4,29‰ y para 1912 constituía el 6,32‰. Como señalamos, el año de 1910 fue un caso excepcional. Sólo el 2,21‰ pereció de la malaria.68

En términos de porcentajes, el impacto de las fiebres palúdicas fue observa-do con mayor claridad al comparar el número de individuos que sucumbieron por esta enfermedad con el total de muertos por diversas causas. En 1908, el Gobierno del Estado registró 9.547 personas fallecidas por distintas enfermedades. De estas personas, 1.213 murieron a causa del paludismo (12,71%). Al siguiente año fueron reportados 9.550 muertos en total, de ellos, 1.548 correspondieron a la malaria (16,21%). Y para 1912, fueron anotados 10.905 decesos. De éstos, 2.736 eran de malaria. Es decir, 25,09%. Como hemos asentado, 1910 fue un año excepcional. De los 11.848 fallecimientos registrados en general, 971 pertenecieron al paludis-mo (8,20%).

Como se puede observar, el año de 1912 fue crítico para los chiapanecos. Aunque no contamos con los datos estadísticos de los años anteriores, podemos observar en 1912 la relevancia del paludismo en las distintas áreas geográfico-políticas de la entidad. Para hacer este análisis recurrimos a la población estatal de 1913, que fue deducida con base en la tasa bruta de mortalidad reportada en cada uno de los departamentos que conformaron el estado de Chiapas. Si fijamos nuestra atención en la Tabla 1, principalmente en la tasa bruta de mortalidad co-rrespondiente al caso de la malaria, tendríamos la idea de que esta enfermedad tuvo poco impacto en la población. Asimismo veríamos que los habitantes de los departamentos de Palenque, Simojovel, Tonalá, Chiapa y Soconusco fueron los más afectados.

67 La población de 1908 y 1909 fue deducida con base en la tasa de mortalidad regis-trada en el documento original. En el primer año, el estado reportó la TBM en 26,47‰ y en el segundo año, en 26,46‰. Dichas tasas fueron deducidas con referencia en el censo estatal de 1900. En este año, la población era de 360.799 habitantes (AHECH, Sección Estadísticas, 1908 y 1909). 68 La TBM derivada del paludismo del año de 1912 fue deducida con base en la pobla-ción estatal de 1910. Es importante señalar que las cifras señaladas en los años de 1909, 1910 y 1912, así como los porcentajes de fallecimientos que presentaremos más adelante pudieron ha-ber sido mayores al tener en cuenta que en el periodo de 1909 a 1912, los habitantes del estado enfrentaron a otro enemigo de la salud: la viruela. Por ejemplo, en 1909, 1910 y 1912 fueron registrados respectivamente 359, 1.203 y 394 decesos por esta última enfermedad (AHECH, Sección Estadística).

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 235

Tabla 1. Tasa Bruta de Mortalidad general y derivada de los decesos del paludis-mo en los departamentos

que conformaron el estado de Chiapas.

Departamento Población en 1913

Población muerta por diversas causas

en 1912

TBM en el departamento

Población muerta de paludismo en

1912

TBM derivada del paludismo

Comitán 50.943 1.429 28,05 289 5,67

Chiapa 31.466 749 23,80 304 9,66

Chilón 41.011 626 15,26 238 5,80

Las Casas 61.321 1.184 19,31 88 1,44

La Libertad 21.769 472 21,68 118 5,42

Mariscal 15.833 574 36,25 108 6,82

Mezcalapa 16.149 449 27,80 64 3,96

Palenque 22.131 708 31,99 365 16,49

Pichucalco 29.231 617 21,11 22 0,75

Simojovel 32.796 1.030 31,41 421 12,84

Soconusco 54.717 1.661 30,36 455 8,32

Tuxtla 40.361 780 19,33 35 0,87

Tonalá 18.932 563 29,74 229 12,10

Totales 436.660 10.84269 24,83 2.736 6,27

Fuente: Cuadro reconstruido según los datos obtenidos en los padrones de mortalidad

de 1912 (AHECH, Sección Estadística, 1912).

Si comparamos el número de muertos general con los casos de paludismo habidos en cada uno de los departamentos en el mismo año de 1912, observaría-mos con más detalle la trascendencia de la epidemia en la entidad chiapaneca. De esta manera, podemos decir que del total de las personas fallecidas en el departa-mento de Palenque (Véase cuadro 1) el 51,55% correspondió a las fiebres palúdi-cas. Respectivamente, de los decesos generales, los muertos a causa de la malaria representaron en los departamentos de Simojovel 40,87%, en Tonalá 40,67%, en Chiapa 40,59%, en Chilón 38,02%, en el Soconusco 27,39%, en La Libertad 25%, en Comitán 20,22%, en Mariscal 18,82% y en el de Mezcalapa 14,25%.

69 En un párrafo anterior dijimos que la población muerta ascendió a 10.905. En el cuadro 1 dicha población difiere. Es pertinente aclarar que en 1912 hubo dos censos de morta-lidad. Uno de ellos registró los decesos por edad, otro contiene información detallada por cada municipio y departamento del estado. Al realizar la suma de ambos padrones observamos que la suma no coincide, lo cual es un error del documento original.

236 Julio Contreras Utrera

Por otra parte, podemos decir que la epidemia del año de 1912 afec-tó en gran medida a las molenderas,70 a los peones del campo, a los agri-cultores y a las costureras. Por ejemplo, en este mismo año, en el estado fueron reportados 382 muertos correspondientes al primer grupo; 360 del segundo; 337 del tercero y 106 del último sector social. Entre el total de los individuos fallecidos por el paludismo en la entidad (2.736), las molenderas constituyeron el 13,96%; los peones 13,16%; los agricultores 12,32% y las costureras 3,87%. Es posible sugerir, a manera de hipótesis, que este comportamiento debió haber sucedido en los años anteriores y posteriores a 1912.

Entre las molenderas fallecidas, 75 fueron registradas en el depar-tamento del Soconusco, 71 en el de Simojovel, 37 en el de Chilón, 30 en el de Comitán, 32 en el de Palenque, 20 en el de Las Casas, 13 en el de Chiapa y 11 en el de Mezcalapa. En torno a los peones del campo, 99 fueron anotados en el departamento de Simojovel, 76 en el de Comitán, 47 en el de Chilón, 42 en el de Tonalá, 40 en el de Palenque y 30 en el departamento de Chiapa.

Tabla 2. Edades y porcentajes de muertes del paludismo en el estado de Chiapas (1908-1912).

EdadNúmero de casos en 1908

%Número de casos en 1909

%Número de casos en 1910

%Número de casos en 1912

%

0-1 año 258 21,27 317 20,48 328 33,78 593 21,67

2-7 años 218 17,97 301 19,44 381 39,24 540 19,74

8-14 años 76 6,27 124 8,01 133 13,70 209 7,64

15-20 años 68 5,61 102 6,59 129 13,29 194 7,09

21-30 años 181 14,92 208 13,44 0 0.00 357 13,05

31-45 años 163 13,44 198 12,79 0 0.00 349 12,76

46-60 años 151 12,45 201 12,98 0 0.00 306 11,18

61-adelante 86 7,09 94 6,07 0 0.00 169 6,18

Se ignora 12 0,99 3 0,19 0 0,00 19 0,69

Total 1.213 100 1.548 100 971 100 2.736 100

Fuente: Cuadro reconstruido con los datos obtenidos en los padrones de mortalidad de 1908, 1909, 1910 y 1912 (AHECH, Sección Estadística).

70 Es posible que este oficio se refiera a aquellas personas que preparaban el maíz para procesarlo y convertirlo en tortilla. El maíz tiene que ser hervido para poder ser molido con el fin de hacer una masa que permite la elaboración de la tortilla. Ésta fue y es hoy en día uno de los productos alimenticios de los mexicanos.

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 237

Si tomamos ahora en cuenta sólo el número de las personas fallecidas por el paludismo y hacemos una clasificación arbitraria de las edades considerando la población infantil de 0 a 7 años de edad, la juvenil de 8 a 14 años de edad y la po-blación adulta de los 15 años en adelante,71 podemos decir en términos generales y con excepción del año de 1910, que la población adulta sufrió un poco más los estragos de las fiebres intermitentes entre 1908 y 1912 (Véase Tabla 2). En otras palabras, sin considerar el año de 1910, entre 1908 y 1912 la población adulta representó en promedio el 52,50% de los decesos mientras que el sector infantil el 40,20% y la juvenil un 7,30% de los decesos causados por la malaria (Véase gráfico 1).

Gráfico 1. Población fallecida de paludismo por etapa de vida

Porcentaje

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

´1908 ´1909 ´1912

Infantil Juvenil Adulta

Fuente: Elaborado con los datos obtenidos en los padrones de mortalidad de 1908 a 1912 (AHECH, Sección Estadística).

Ahora bien, si realizamos un análisis específicamente por edades, obser-varíamos que el paludismo tuvo mayor incidencia en la población infantil en el transcurso de 1908 a 1912. De esta manera, vemos que en ese lapso temporal, los infantes, cuya edad iba de la edad de 0 a 7 años, resultaron ser las principales víctimas de esta enfermedad. Por ejemplo, en el periodo aludido, los niños de 0 a 1 año conformaron en promedio el 24,30 de la población fallecida por las fiebres palúdicas; en seguida estuvieron, casi con el mismo promedio (24,10%), los infan-

71 De acuerdo con los padrones de mortalidad de los años de 1908, 1909, 1910 y 1912 las edades fueron anotadas de la siguiente manera: Primera infancia, de 0 a 1 año; segunda infancia, de 2 a 7 años; adolescencia, de 7 a 14 años; pubertad, de más de 14 años a 20; edad adulta, de más de 20 años a 30; edad madura de más de 35 años a 45; edad de vuelta, de más de 45 años a 60 y vejez de más de 60 años en adelante.

238 Julio Contreras Utrera

tes de 2 a 7 años. Entre tanto, la población juvenil, situada de los 8 a 14 años de edad, constituyó el 8,90% (Véase gráfico 2).

La población adulta comprendida entre los 15 y 20 años constituyó también en promedio entre 1908-1912 el 8,14% de las muertes de paludismo; los de 21 a 30 años, 10,35%; los de 31 a 45 años, 9,75% y los de 46 a 60 años, el 9,15%. Las personas de 61 años en adelante 4,83% (Véase gráfico 2 y cuadro 2).

Paralelamente, al examinar el comportamiento del paludismo en cada año veríamos con mayor claridad cómo la población infantil fue la más afectada. He-mos comentado que en 1908 fueron registrados 1.213 decesos por la malaria. De éstos, 258 eran niños de 0 a 1 año de edad (21,27%), 218 correspondieron a infan-tes de 2 a 7 años de edad (17,97%), 76 casos eran personas de 21 a 30 años de edad (14,92%), 163 muertes las constituyeron los individuos de 31 a 45 años (13,44%) y 151 sujetos más fallecidos por las fiebres palúdicas oscilaban entre la edad de 46 a 60 años. El resto del porcentaje estuvo distribuido entre la población de 8 a 14 años con 76 decesos (6,27%) y 86 casos de 61 años en adelante (7,09%).

Asimismo, hemos mencionado que el año de 1910 fue excepcional. Aunque en este año hubo menos decesos por las fiebres palúdicas, la población infantil no escapó del pequeño y poderoso Anophels. Igualmente se ha dicho que en este año hubo 971 muertes por paludismo. De éstos, 381 correspondieron a los niños de 2 a 7 años representando entre las víctimas de esta enfermedad el 39,24%. Seguido estuvieron los infantes de 0 a 1 año con 328 casos. Es decir, el 33,78%. En esta ocasión, la población juvenil comprendida entre 8 y 14 años de edad fue tam-bién afectada: 133 jóvenes fallecieron, conformando el 13,70%. Y 129 individuos más de la edad de 15 a 20 años constituyeron, entre los muertos de la malaria, un 13,29% (Véase gráfico 1).

Gráfico 2. Mortalidad por el paludismo de acuerdo a la edad

05

1015202530354045

´1908 `1909 `1910 ´1912

Porcentaje

Fuente: Elaborado con los datos obtenidos en los padrones de mortalidad de los años de 1908, 1909, 1910 y 1912 (AHECH, Sección Estadística).

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 239

De la misma manera que en los años de 1908 y 1910, en 1912 los infantes resultaron ser los más vulnerables a las fiebres palúdicas. Simi-larmente al año de 1908, en 1912, los niños de 0 a 1 año constituyeron el grupo más afectado. De los 2.736 fallecimientos a causa de esta enferme-dad, 593 correspondieron a niños de esa edad y 540 casos a los párvulos de 2 a 7 años,72 conformando respectivamente el 21,67% y 19,74% entre los decesos del paludismo. Siguiendo a los infantes estuvieron 357 indi-viduos de 21 a 30 años (13,05%), 349 sujetos de 31 a 45 años (12,76%) y otras 306 personas (11,18%).

La población comprendida de 8 a 20 años de edad y la mayor de 60 años resultó ser la menos afectada por la epidemia de malaria de 1912. En relación con los 2.736 casos habidos en todo el estado, las personas de 8 a 14 años representaron el 7,64% con 209 casos, los individuos de 15 a 20 años el 7,09% con 194 decesos y los sujetos mayores a 60 años el 6,18% con 169 fallecimientos.

Sería pertinente hacer un análisis exhaustivo del paludismo para ob-servar en qué regiones fallecieron más infantes y en qué áreas geográfi-cas perecieron más adultos. Desafortunadamente, no contamos con esta información en todos los años que comprende el periodo de estudio. Por el momento sólo disponemos de los datos de 1912. Aunque como dice el adagio, “una golondrina no hace el verano”, por lo menos este año nos da una pequeña idea del comportamiento de esta enfermedad en tierras chiapanecas durante la primera década del siglo XX.

Al tomar en cuenta los casos de paludismo habidos en cada uno de los departamentos que conformaron la entidad chiapaneca en 1912 y clasificados de acuerdo con las etapas de vida, podemos decir en términos generales que la población adulta fue la más afectada. En contraposición, la población infantil comprendida de 0 a 7 años y la juvenil de 8 a 14 años de edad, resultó ser la menos impactada. De esta manera podemos decir que los adultos diezmados por las fiebres palúdicas estuvieron concen-trados en los departamentos de San Cristóbal, Chilón, Mariscal, Comitán, Pichucalco, La Libertad y Simojovel. Por ejemplo, en el departamento de Chilón fallecieron 238 personas por paludismo. De éstas, 167 eran adultos, 55 en edad infantil y 16 jóvenes. Estos individuos representaron respecti-vamente en el conjunto de los muertos de la malaria el 70,17%, 23,11% y 6,72% (Véase Tabla 3).

72 Aunque no es nuestro objeto de estudio analizar la población infantil en general, vale la pena señalar que en los padrones de mortalidad, dicha población sobresalió por tener el mayor número de casos. Por el momento conviene indicar que los parásitos intestinales y las enfermedades hídricas (diarrea, enteritis, disentería) diezmaron a un gran número de infantes menores de siete años e incluso hasta los 14 años de edad.

240 Julio Contreras Utrera

Tabla 3. Porcentaje del impacto del paludismo por regiones (1912).

Departamento Población infantil Población juvenil Población adultaNúmero de casos de

paludismo

Las Casas 13,64 11,36 75,00 88

Chilón 23,11 6,72 70,17 238

Mariscal 35,19 4,63 60,19 108

Comitán 31,49 10,38 58,13 289

Pichucalco 27,27 18,18 54,55 22

La Libertad 38,98 7,63 53,39 118

Simojovel 39,67 7,60 52,73 421

Tonalá 48,03 3,93 48,03 229

Palenque 41,64 10,41 47,95 365

Soconusco 48,13 7,47 44,40 455

Tuxtla 68,57 5,71 25,71 35

Mezcalapa 62,50 6,25 31,25 64

Chiapa 56,91 5,26 37,83 304

Fuente: Cuadro reconstruido según los datos obtenidos en el padrón de mortali-dad de 1912 (AHECH, Sección Estadística).

En el mismo año de 1912, en el departamento de Simojovel mu-rieron 421 individuos de paludismo. De este total, 222 eran adultos, 167 infantes y 32 jóvenes. Entre los fallecidos por esa enfermedad, el primer grupo conformó el 52,73%, el segundo 39,67% y el tercer sector 7,60%. Asimismo, en el departamento de Comitán perecieron a causa de las fie-bres perniciosas 289 individuos. De este total 168 eran adultos, 91 niños y 30 jóvenes, los cuales representaron respectivamente entre los fallecidos del paludismo, 58,13%, 31,49% y 10,38%.

En los casos de los departamentos de Tonalá, Palenque y Soconusco, el paludismo tuvo otro comportamiento. La enfermedad mató casi por igual a la población adulta como a la infantil. Por ejemplo, de los 229 decesos registrados en la primera región, 110 eran adultos y 110 infantes conformando cada sector el 48,03% de los muertos por esa enfermedad. De la población juvenil fueron reportados 9 decesos, es decir, el 3,93%. Paralelamente, de las 365 víctimas de las fiebres palúdicas anotadas en Palenque, 152 fueron niños, 175 adultos y 39 jóvenes. Cada uno de estos grupos representó 41,64%, 47,95% y 10,41% de los muertos por dichas fiebres palúdicas. Por último, de los 455 fallecimientos de malaria regis-

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 241

trados en el Soconusco, 219 eran infantes (48,13%), 202 adultos (44,40%) y 34 jóvenes (7,47%) (Véase cuadro 3).

En contraposición, en los departamentos de Tuxtla, Mezcalapa y de Chiapa, la población infantil fue la más castigada por las fiebres palúdi-cas, no obstante que en las dos primeras regiones fueron pocos los casos de muertes. Por ejemplo, de los 35 casos habidos en la región de Tuxtla, 24 fueron niños, 9 adultos y 2 jóvenes constituyendo el 68,57%, 25,71% y 5,71% entre los fallecidos por esa enfermedad. En el departamento de Mezcalapa perecieron 64 individuos a causa de la misma malaria. De éstos, 40 eran infantes, 20 adultos y 4 jóvenes; representaron respectivamente el 62,50%, 31,25% y 6,25%, también entre los decesos de paludismo. En la jurisdicción de Chiapa perdieron la vida por las fiebres intermitentes 304 personas. De ellas, 173 eran niños (56,91%), 115 adultos (37,83%) y 16 jóvenes (5,26%) (Véase cuadro 3).

Aun cuando hemos analizado el impacto del paludismo entre la población adulta, infantil y juvenil durante el año de 1912, tendríamos ahora que acercar nuestra lupa al comportamiento de esta enfermedad, centrando nuestra atención exclusivamente en el rubro de las edades. El objetivo es examinar el desarrollo de las fiebres palúdicas en cada una de las regiones de Chiapas para mostrar cómo los niños constituyeron el sec-tor social más afectado. Conviene señalar que para realizar este examen sólo contamos con la información del año de 1912.

Ahora bien, puesta la lupa en nuestro objetivo, podemos decir que los infantes de 0 a 1 año que no libraron la batalla contra el insecto Ano-phels estuvieron concentrados principalmente en los departamentos del Soconusco, Comitán, Chiapa, Tonalá y de San Cristóbal. Veamos los ejem-plos de las jurisdicciones del Soconusco y de Chiapa. De los 455 decesos registrados por esta enfermedad en el Soconusco, 114 correspondieron a los niños de esa edad. Es decir, 25,05% entre los decesos causados por la malaria. Los infantes de 2 a 7 años constituyeron el segundo grupo im-pactado con 105 muertes (23,08%). El tercer sector fue conformado por personas de 31 a 45 años de edad con 58 decesos (12,75%). Las personas de 21 a 30 años integraron el cuarto grupo con 44 muertes (9,67%). Los individuos de 8 a 14 años y de 46 a 60 años formaron el quinto sector afec-tado cada uno con 34 decesos y con un porcentaje respectivo de 7,47%.

Como se observa en el cuadro 3, en el departamento de Chiapa fallecieron 304 personas a causa del paludismo. De éstas, 109 eran niños de la edad de 0 a 1 año, 64 tenían entre 2 y 7 años de edad. Estos grupos conformaron respectivamente el 35,86% y 21,05% entre los decesos por esa enfermedad. En seguida estuvieron 34 personas de 46 a 60 años (11,18%), 26 individuos de más de 61 años (8,55%), 22 sujetos de 31 a 45

242 Julio Contreras Utrera

años (6,91%), 16 afectados de 8 a 14 años (5,26%) y 12 fallecidos de 15 a 20 años (3,95%).

Paralelamente, podemos decir que en 1912 la población infantil de 0 a 7 años de edad muerta por el paludismo estuvo concentrada en los departamentos de La Libertad, Tuxtla y de Simojovel. En la primera región 118 personas fallecieron a causa de las fiebres intermitentes. De ellas, 28 niños de 2 a 7 años de edad constituyeron el sector más atacado, representando 31,25% entre las muertes de esta enfermedad. En segundo lugar estuvieron los infantes de 0 a 1 año con 18 casos (15,26%). Paralelamente, siguieron 17 personas de 21 a 30 años de edad (14,41%), 13 sujetos de 15 a 20 años (11,02%), 12 individuos de 31 a 45 años (10,17%) y 12 más de 46 a 60 años (10,17%). El resto de los muertos estuvo concentrado entre las personas de 8 a 14 años de edad con nueve casos y mayores de 61 años con otros nueve casos. Cada uno de estos dos últimos representó un 7,63%.

Por otra parte, en el departamento Tuxtla fueron registradas 35 defunciones a causa de las fiebres palúdicas. De ellos, 14 niños de 0 a 7 años de edad y 10 infantes de 0 a 1 año sufrieron los embates del Anophels. En seguida estuvieron tres casos cuya edad era de 61 en adelante. Asimismo dos individuos de 8 a 14 años, dos personas de 15 a 20 años, dos sujetos de 21 a 30 años y dos personas más de 46 a 60 años murieron a causa de esa enfermedad. Los infantes de 0 a 1 año y de 2 a 7 años conformaron, respectivamente, 40% y 28,57% entre los decesos de la malaria. Los grupos que tuvieron dos casos constituyeron un 5,71% cada uno.

Podemos decir también que en 1912 en los departamentos de Palenque y Mezcalapa, las muertes de infantes causadas por la malaria fueron casi similares entre los niños de 0 a 1 año de edad y de 2 a 7 años de edad. Igualmente en estas regiones la población infantil fue la más perjudicada por esa enfermedad. En la jurisdicción de Palenque fallecieron 365 personas de las fiebres intermitentes. De este total, 152 eran niños. Es decir 75 infantes de 0 a 1 año y 77 más de 2 a 7 años. En el conjunto de las 365 defunciones, el primer grupo de impúberes constituyó el 20,55% mientras que el segundo, 21,10%. Los individuos de 21 a 30 años continuaron en la escala con 44 casos (12,05%). Tras ellos estuvieron las personas de 46 a 60 años con 43 defunciones (11,78%).

Asimismo, las personas de 31 a 45 años y de 8 a 14 años registraron casi el mismo número de muertos de la malaria en el departamento de Palenque. El primer grupo tuvo 39 defunciones y el segundo 38 conformando, respectivamente, un 10,68% y 10,41% entre los decesos del paludismo. En esta misma región, 27 individuos de 15 a 20 años y 21 sujetos mayores de 61 años se sumaron a la lista de las muertes conformando, respectivamente, 7,40% y 5,75%.

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 243

En el departamento de Mezcalapa fueron registradas 64 muertes por el paludismo. De este total, 40 eran niños. Es decir, 20 que tenían la edad de 0 a 1 año y otros 20 de la edad de 2 a 7 años. Cada uno de estos grupos conformó el 31,25% en el total de los fallecimientos de esa enfermedad. En la misma escala, estuvieron seis personas de 31 a 45 años (9,38%), cinco individuos de 21 a 30 años (7,81%), otros cinco sujetos de 46 a 60 años (7,81%), cuatro casos de 8 a 14 años (6,25%), tres personas de 15 a 20 años (4,69%) y un sujeto mayor de 61 años (1,56%).

UNIDOS CONTRA EL ANOPHELS. LAS PROVIDENCIAS Y CAMPAÑAS SANITARIAS DE LOS GOBIERNOS FEDERAL Y ESTATAL

Las autoridades políticas del Estado y de la Federación implementaron una serie de medidas en conjunto para erradicar el constante problema del paludismo en la entidad chiapaneca. Hemos comentado cómo los jefes políticos y los ayuntamientos pusieron atención en la nivelación y empedrado de las calles para evitar los encharcamientos por ser uno de los lugares donde se reproducía el mosquito Anophels.

Acorde con el Reglamento de Policía y Buen Gobierno, las autoridades departamentales y municipales dictaron providencias higiénicas hacia la población. El ejecutivo estatal, los jefes políticos y munícipes tenían la personalidad jurídica para prescribir las providencias pertinentes en los casos de la presencia de alguna enfermedad epidémica. En este sentido, dichas autoridades consideraron a la higiene como una de las principales armas contra la malaria y otras enfermedades epidémicas y endémicas que con frecuencia ponían en riesgo la salud pública.73 Decían que la limpieza y el aseo eran elementos indispensables para el desarrollo y la cultura de los pueblos.74

Bajo estas ideas, los ayuntamientos y las jefaturas políticas prohibieron constantemente arrojar basura y agua a las vías públicas. Buscaron mantener las calles limpias y aseadas. Por ejemplo, en 1892, el presidente municipal de Tuxtla Gutiérrez señalaba que la ciudad había sido aseada frecuentemente. Los munícipes en turno informaban que se establecieron lugares exclusivos para arrojar la basura, esto con el fin de no perjudicar “la salubridad de los habitantes”.75 En 1932, el ayuntamiento ordenó a los habitantes que efectuaran la limpieza de las

73 Utrilla, 1880. 74 Chiapas Nuevo, 1 de febrero de 1917; Chiapas, 22 de diciembre de 1929. 75 Malpica, 1893; Rance, 1911.

244 Julio Contreras Utrera

calles y estableció una multa “para aquellos vecinos poco cuidadosos de la higiene y la salubridad”.76

En 1899, el jefe político de Mezcalapa informaba al Gobierno del Estado sobre los trabajos de limpieza realizados en distintos centros urbanos de su jurisdicción. Decía que en Tecpatán, Tapilula y Coapilla, San Bartolomé y en Solistahuacán se había llevado a cabo la limpieza y el aseo “del pueblo, el rastro”, el panteón, las calles y las plazas públicas.77

Hacia 1908 el jefe político del departamento de Chiapa informaba que en la comunidad de Ixtapa se habían pavimentado dos calles “que eran una amenaza para la salubridad por los pantanos cenagosos que en ellas se formaban”. Decía además, que se prohibió a los habitantes arrojar agua a las vías públicas como una de las “medidas de salubridad e higiene”. Un año después, el jefe político del departamento de Palenque ordenó a los habitantes de su jurisdicción que limpiaran las calles y los terrenos baldíos y que construyeran drenajes en aquellas vías públicas pantanosas “con el fin de conseguir su desecación”.78

Al mismo tiempo, el jefe político de Simojovel hacía lo propio. En 1908, desplegó “toda [su] atención y vigilancia en cuanto a la higiene” llevando a cabo la limpieza de las calles y paseos públicos. En su opinión, así evitaba “las consecuencias de la putrefacción”. En 1910 señalaba que tanto en la cabecera como en los demás pueblos que integraban el departamento, el paludismo había “decrecido día con día” gracias al “constante aseo y limpieza de las calles, poda de árboles y desecación de los pantanos”.79

Paralelamente, las autoridades políticas pusieron especial interés en los pantanos. De acuerdo con los preceptos de los médicos higienistas “modernos”, el ejecutivo estatal, los ayuntamientos y los jefes políticos tuvieron como objetivo desecar las ciénagas por considerarlas no sólo propagadoras del paludismo, sino también de otras enfermedades epidémicas. Asimismo, en el marco de las ideas de los gobiernos liberales que buscaban la “modernidad” del país, las autoridades chiapanecas promovieron la construcción de canales. Éstos debían tener “bordes inclinados y uniformes sin vegetación en sus orillas, pues de lo contrario servirían de abrigaderos a las larvas del Anophels. El follaje de las hierbas que emergía del agua servía para abrigar las larvas y escapar “a la

76 Martínez, 1932. 77 Periódico Ofi cial, 11 de febrero y 22 de julio de 1899. 78 Ibidem, 5 de septiembre de 1908. 79 Ibidem, 29 de agosto de 1908 y 10 de septiembre de 1910.

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 245

persecución de los peces larvicidas”.80 En fin, la idea era también hacer correr las aguas estancadas y aprovechar los terrenos desecados para el desarrollo de la agricultura.

En este marco, la desecación de los pantanos fue llevada a cabo en distintas regiones del estado. Así, por ejemplo, en 1897 el Ayuntamiento de Cintalapa, a través de la mano de obra de los presos, construyó “un desagüe” de doscientos metros para desecar la ciénaga ubicada al sur de la población.81 En julio de 1899 la corporación de Motozintla, perte-neciente al departamento de Mariscal, desecó un pantano que existía al norte del poblado.82 En 1903, en la comunidad de San Bartolomé, del de-partamento de Mezcalapa, fueron construidas varias zanjas con el fin de “secar varios pantanos que existían a inmediaciones de la población”.83 En junio de 1908, el ayuntamiento de Tonalá abrió varios canales para des-aguar los pantanos que se formaban anualmente en la época de lluvias a inmediaciones de la ciudad.

Simultáneamente, en otras regiones se hicieron estas mismas obras. En 1908, la corporación municipal de Yajalón ordenó “la limpieza de la población desaguándose los lugares pantanosos”. En este mismo año, las autoridades municipales de Ocosingo construyeron una zanja de un kilómetro con el fin de “secar todos los lugares pantanosos de los alre-dedores, los que eran un foco de paludismo”. De esta manera se evita-ría, además, “las putrefacciones que [eran] causa de tantos males en esta localidad”.84 Dos años después, las munícipes en turno de Ocosingo vol-vieron a construir zanjas “para evitar la formación de pantanos”. En 1911, el ayuntamiento de Chilón “canalizó de una manera perfecta la parte del arroyo que [atravesaba] la parte sur de la población”. La mejora fue con el objetivo de desaparecer “varias ciénagas que tanto perjuicio causaban” a la salud pública.85

Paralelo a la acción de las autoridades estatales, el gobierno federal estuvo también atento al desarrollo del paludismo en el estado de Chia-pas. Hemos comentado que esta participación fue a través del Consejo Su-perior de Salubridad. Esta institución estableció brigadas sanitarias para ayudar a las familias afectadas por las fiebres intermitentes. En 1917, el

80 Las Noticias, 13 de enero de 1934. Los peces más usados en el país eran “la gamous-sia afinis, el dormitador litifrons, las mojarritas, que [eran] muy voraces y que en corto tiempo [consumían] todas las larvas que se [encontraban] en los pequeños depósitos y las pequeñas tortuguitas de río”. 81 Periódico Ofi cial, 4 de septiembre de 1897. 82 Ibidem, 22 de julio de 1899. 83 Idem y 15 de agosto de 1903. 84 Ibidem, 8 de septiembre y 22 de agosto de 1908. 85 Ibidem, 12 de marzo de 1910; AHECH, Sección Fomento, 1911, tomo III, expediente 22.

246 Julio Contreras Utrera

Consejo envió a la entidad una comisión de médicos “con el fin de estu-diar la manera más eficaz de combatir tan mortífero mal.”86

Dos años después, el Consejo Superior de Salubridad envió otra bri-gada sanitaria hacia el Soconusco, región en la que el paludismo hacía estragos entre la población de los pueblos y fincas cafetaleras. La brigada estuvo a cargo del doctor Miguel Tapia. El médico arribó al pueblo de Bejucal de Ocampo en donde se encontraba la epidemia. Ante los diversos casos de fiebres intermitentes y la falta de recursos económicos del Ayun-tamiento de Bejucal, Tapia organizó una comisión de señoras y señoritas para formar la denominada Cruz Roja de Bejucal de Ocampo. A través de este organismo instruyó a las voluntarias impartiéndoles “clases de higie-ne, cirugía de urgencias y medicina interna y externa”. Igualmente, Tapia enseñó a las voluntarias la forma en que debía administrarse la quinina a los enfermos.87

Asimismo, el doctor Tapia pidió al Ayuntamiento de Bejucal que or-denara a la población fumigar todas las habitaciones, llevar a cabo el aseo general tanto en sus personas como en sus ropas, regar diariamente en las viviendas substancias desinfectantes como la creolina, ácido fénico o for-malina. No obstante, la corporación municipal no contó con los recursos económicos para adquirir dichas substancias. Ante esta situación, el pre-sidente municipal, Marcos Pérez, solicitó la ayuda económica de “veinte pesos oro nacional” a los propietarios de las fincas Maravillas, Nueva Fran-cia, Amburgo, Argobia, San Juan Chicharras, San José, La Patria, Lubeca y Germania.88

A través de esta campaña sanitaria, el doctor Tapia logró curar a 41 enfermos en Bejucal, 19 personas en la aldea denominada Ojo de Agua y a 8 individuos en la aldea La Laguna. En el primer poblado desinfectó 84 casas y dio “quinina y purgantes á la mayor parte de la población así como creolina y ácido fénico sin cobrarles un solo centavo, para la desinfección de sus casas”.89

Por otra parte, en noviembre de 1919, el delegado sanitario del Con-sejo Superior de Salubridad prescribió, junto con la Cámara de Comercio de San Benito y Suchiate, pertenecientes a la misma región del Soconusco, el suministro de quinina entre los trabajadores de las fincas cafetaleras de la región. Ordenó que los encargados de las fincas tuvieran un boti-quín para auxiliar a los enfermos del paludismo y que procedieran a la

86 Chiapas Nuevo, 28 de octubre de 1917. 87 AHECH, 1920, Sección de Beneficencia Pública, tomo I, expediente 7. 88 Idem. 89 Idem.

Entre endemia y epidemia. El paludismo en el Estado de Chiapas (1873-1940) 247

“higienización de las habitaciones de los trabajadores. Es decir, fumigar y desinfectar sus viviendas.90

El 22 de octubre de 1933 el Consejo Superior de Salubridad envió un escrito al Ayuntamiento de Tuxtla Gutiérrez en el que le comunicaba que una de las obligaciones de esta última institución era “procurar el sanea-miento de las poblaciones y el aseo de los focos de insalubridad general”. En este sentido, le ordenaba que implementara medidas sanitarias ante la llegada del invierno. Entre las recomendaciones le sugería efectuar la petrolización del río Sabinal por ser un lugar donde había numerosos fan-gos que eran “criaderos de parásitos de todas clases y muy especialmente del germen del paludismo”.91

El gobierno federal utilizó también la propaganda higiénica para erradicar el problema de la malaria y otras enfermedades epidémicas que afectaban tanto a la población del estado de Chiapas como de otras re-giones del país. Las autoridades sanitarias consideraban que la educación del pueblo mexicano era importante para combatir y acabar con las enfer-medades epidémicas y endémicas. En este sentido, el Consejo Superior de Salubridad publicó diversos artículos a través de la prensa de Chiapas. El 13 de enero de 1934, el periódico Las Noticias informaba sobre la campa-ña contra el paludismo. Al respecto decía que la enfermedad era uno de los problemas nacionales que impedía el progreso “de muchas regiones”. Fue por ello que habría que erradicarla. Señalaba que la campaña debía dividirse en dos clases: “la sanitaria propiamente dicha y la campaña de educación popular”. La primera consistía, como hemos dicho, en la dese-cación y relleno de pantanos, así como “el revestimiento de [los] depósi-tos de agua con tela metálica, el alambrado con la misma tela de todas las habitaciones, el empleo de larvicidas y el tratamiento de los enfermos portadores de los gérmenes”.92

La campaña de educación popular consistió en la impartición de conferencias y en la exhibición de cintas cinematográficas relativas al problema de salud causado por el paludismo. El fin era que la población tuviera conciencia del peligro que representaba la existencia de los focos palúdicos. Otro objetivo era promover el interés entre los habitantes de las distintas regiones chiapanecas para terminar con los mosquitos trans-misores de las fiebres intermitentes. En este sentido, la población debía localizar y estudiar los terrenos en los que se albergaba y se reproducía el Anophels.

90 Idem. 91 La Vanguardia, 22 de octubre de 1933. 92 Las Noticias, 13 de enero de 1934.

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Junto a las campañas sanitarias del gobierno federal, el ejecutivo estatal desplegó esfuerzos para hacer lo propio ante la presencia de la epidemia de malaria. Entre 1934 y 1940 estableció varias brigadas sani-tarias para combatir el paludismo y otras enfermedades como el tifus, la disentería, la tuberculosis y la viruela. En torno al paludismo, en 1934, la Dirección de Salubridad procuró que los habitantes de Tuxtla Gutiérrez practicaran los hábitos de higiene con el fin de prevenir enfermedades. Realizó 3.697 visitas domiciliarias “y en varias casas [repartió] peces lar-vicidas”. En el mes de junio de ese mismo año, el Gobierno del Estado estableció una brigada sanitaria para hacer frente a las fiebres intermi-tentes que estaban sufriendo los moradores de los pueblos de la Rivera de Cangui y de la colonia Juan Grajales. En esta región 153 enfermos fueron atendidos. Y el 5 de diciembre del mismo año de 1934, el mandatario del Estado comisionó otra brigada de médicos en los poblados de La Concor-dia, Villa Flores y Villa Corzo “para combatir el paludismo y [la disentería], habiéndose atendido 354 enfermos”.93

En junio de 1937, el Gobierno del Estado puso nuevamente atención al paludismo. Los doctores Luis Vázquez Campos, jefe de los Servicios Sa-nitarios del Estado de Chiapas, Luis Figueroa Ortiz, director de la Campa-ña contra la Onchorcecosis y el ingeniero Salvador Morales Barragán, jefe de la Sección de Ingeniería Sanitaria y de la Campaña contra el Paludismo y otras Parasitosis en Chiapas, recorrieron las fincas cafetaleras del distrito del Soconusco con el objetivo de estudiar las condiciones sanitarias en las que vivían los trabajadores del grano aromático.94 Un año después y en la misma región del Soconusco, el doctor Rafael Encinas, jefe de las Brigadas Auxiliares, ayudó a los galenos que luchaban contra el paludismo y “las plagas de Oncorcecosis y parasitosis” habidas en el pueblo de Cacahua-tán, en quince haciendas cafetaleras y colonias agrarias.95

A MANERA DE CONCLUSIÓN

Hacia finales de la centuria decimonónica y durante gran parte de la primera mitad del siglo XX, la población de Chiapas no estuvo exenta de las consecuencias del paludismo tal como sucedió en otras regiones del país. La insalubridad derivada de la falta de una cultura higiénica y la ausencia de una buena infraestructura en las calles de los poblados, contribuyeron a la propagación de la malaria como endemia y epidemia.

93 Liberación, diciembre de 1934. 94 Chiapas Nuevo, 3 de junio de 1937. 95 El Fronterizo. Semanario de Información General, 15 de septiembre de 1938.

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No obstante que las autoridades federal y estatal intervinieron para acabar con la malaria, la falta de recursos económicos impidió llevar a cabo mejoras materiales como el pavimentado de las calles que hubie-ran podido solucionar el problema de las epidemias. Es posible que el gobierno federal pusiera poca atención al estado de Chiapas en materia de desarrollo urbano debido a su lejanía y principalmente por las luchas civiles sucedidas en el proceso de la revolución mexicana. En este sentido, podemos decir que aunque este proceso no tuvo en la entidad chiapa-naeca los efectos económicos y sociales que tuvo para otros poblados del centro del país, el paludismo y otras epidemias diezmaron a la población de Chiapas más que las balas a los revolucionarios.

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 251-278

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de

Sinaloa: del Canal Rosales a la presa Adolfo

López Mateos

Eduardo Frías SarmientoUniversidad Autónoma de Sinaloa

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Cuando el agua llegó al valle por canal, surgieron las cualidades innatas de los viejos agricultores para hacer producir la tierra. Eran agricultores de temporada, no sabían lo que era el agua domestica-da, el agua manejada a capricho como un dios omnímodo; ya no se dependería del cielo para hacer germinar la tierra; ya no sería ne-cesario todo un año para ver una cosecha, siempre magra; ahora el agua obediente a las manos de los buenos agricultores, adiestrados en la templanza y la incuria de la tierra de temporal, agraviada casi siempre por la naturaleza: tan pronto sequía, tan pronto inunda-ción, sería la varita mágica para transformar el erial en un mar ver-de donde se daría el garbanzo, el trigo, el arroz, la caña de azúcar, el ajonjolí, el sorgo, el tomate, y todo aquello que, siendo vegetal, precisara de tierra y agua para nacer, crecer y fructificar.

Herberto Sinagawa

INTRODUCCIÓN

Actualmente, Sinaloa es considerado un estado líder en la producción de alimentos, sus productos se comercializan en México y el extranjero. El cama-rón, las carnes, las hortalizas, el garbanzo, el frijol y el maíz abarrotan el mer-cado interno, sin embargo, es en las plazas comerciales de Estados Unidos, Ca-nadá y España donde obtienen mejores resultados; de éstos, el sector agrícola ha sido el más beneficiado por décadas, pues desde los primeros años del siglo XX sus empresarios han competido exitosamente en las plazas comerciales de Norteamérica, al grado de construir un emporio basado en la agricultura, que es ejemplo para el resto del país.

252 Eduardo Frías Sarmiento

Para que esto sucediera, fue necesario que se unieran factores y ele-mentos de vital importancia para el crecimiento de la economía estatal como: políticas públicas favorables, habilidades de mercadeo, comunicaciones, fi-nanciamiento y estrategias financieras modernas, y el desarrollo de una am-plia infraestructura hidráulica. Esta última, desde fines del siglo XIX fue una preocupación que aquejaba primeramente a los empresarios privados y pos-teriormente a los gobernantes que ocuparon cargos en la primera mitad del siglo XX. La zona centro de Sinaloa fue una de las más beneficiadas con obras hidráulicas, en ella se construyeron inicialmente tapos, canales y presas deri-vadoras que distribuían el agua en las incipientes tierras desmontadas y que después serían extensos y fértiles valles. Posteriormente, el gobierno federal en un intento por consolidar la agricultura en los distritos agrícolas del país y a la vez desarrollar las economías locales construyó dos monumentales pre-sas de almacenamiento: la Sanalona (1948) y la Adolfo López Mateos (1964). El impacto inmediato fue la ampliación del número de hectáreas irrigables y susceptibles de irrigación. Así, al contar con agua en cualquier época del año se diversificó y especializó el cultivo de productos, favoreciendo a su vez el aumento productivo y por ende la comercialización de los cultivos obtenidos, sentándose con ello las bases del privilegiado lugar que hoy ocupa Sinaloa en el sector agrícola de México.

DOMESTICACIÓN DE LOS RÍOS TAMAZULA Y HUMAYA

Los primeros pasos

Desde tiempos antiguos los seres humanos intentaron por todos los medios domesticar los grandes afluentes que escurren de las montañas y que inundan con sus avenidas los valles que se encuentran kilómetros abajo. La orientación de las aguas ha permitido la ampliación de las superficies irriga-das y por consiguiente el incremento sustancial de las reservas de alimentos; también aumentaron los potreros donde se criaba ganado, esto generó una dinámica comercial intensa ya que el Estado no sólo basaba su economía en la agricultura sino también en la ganadería, aunque en un principio sólo fuera para abastecer el mercado interno.

Las sociedades han evolucionado de manera distinta con los recursos hí-dricos de su entorno, ya sean fluviales o marítimos. Sinaloa cuenta con ambas riquezas. Sin embargo, la agricultura se desarrolló con el agua que vierten los ríos Humaya, Tamazula, Culiacán y San Lorenzo. El río Culiacán nace de la con-fluencia de los primeros y se introduce en el área de estudio, el valle de Culia-cán. Tiene una extensión aproximada de 100 kilómetros partiendo del enlace del Humaya y el Tamazula. La importancia capital de éste es que se introduce

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 253

por las tierras de labradío de más valor, pues en ella se desarrolló una agricul-tura comercial de gran dinamismo y para el mercado externo.

Tanto el Humaya como el Tamazula y el San Lorenzo emergen en Duran-go, el primero al sur de la sierra de Tepehuanes por la conjunción de los ríos de Las Vueltas (Los Lobos) y del Valle (Colorado), recibiendo a partir de la unión de dichas corrientes el nombre de Hueyapan, hasta el poblado de Humaya, del que adopta el nombre que actualmente lleva, mismo que al descender a Sinaloa, como ya se dijo, forma junto con el Tamazula el río Culiacán. Su cauce se incrementa por varios afluentes y sub-afluentes, incluso algunos provienen del estado de Chihuahua, como los arroyos del Limón, Las Huertas, Atotonilco y Las Víboras, donde se incorporan las aguas del Río Badiraguato frente al ex-tinto poblado de Alicama, inundado por el vaso de la Presa Adolfo López Ma-teos. A partir de allí se dirige a la capital del Estado. En cuanto al río Tamazula, anteriormente llamado por los indígenas Batacudea y por los españoles río de Topia, ya que nace cerca del Valle y Real de minas que llevaban el mismo nom-bre, al pasar por el poblado de Tamazula recibe el nombre con el que se cono-ce actualmente. Héctor R. Olea, señala la importancia de los afluentes y cita:

“(Para el Río Humaya) La extensión del total de la cuenca de captación es de 17.026 km2 y su escurrimiento medio anual a la altura de Culiacán es de 3.810 millones de m3. […] y su gasto máximo en m3 por segundo de 8.340 y su escurri-miento medio anual de 758 millones de m3.(Para el Río Tamazula) Se calculó su área de drenaje en 3.600 km2 y su gasto máxi-mo en metros cúbicos por segundo de 2.660 y un escurrimiento medio anual de 522 millones de m3.”1

Por último, el río San Lorenzo nace en las inmediaciones de Santiago Papasquiaro y penetra Sinaloa por la parte media, por el municipio de Cosalá. Ya en tierras Sinaloenses recibe el nombre de San Lorenzo y sustituye al de Los Remedios con el que se le conoce en Durango. Esta corriente beneficia la agricultura por la parte sur del valle agrícola que nos atañe. Si bien en tiempos actuales se aprovechan sus aguas para cultivar una gran variedad de hortalizas, maíz y caña de azúcar, en el periodo de estudio el agua derivada era en su mayoría para el regadío de la caña; decía Héctor R. Olea que para los años de 1970 el escurrimiento anual era de 1.490 millones de m3.

Hasta aquí la descripción de los ricos afluentes de cauces vírgenes que pronto fueron domeñados para beneficio de las actividades económicas del Estado, en especial de la agricultura; sus aguas broncas fueron retenidas en obras creadas en la década de 1920 y hasta 1964, como el Canal Rosales, la Pre-

1 Olea, 1982, 67. La primera versión fue publicada por la Sociedad Mexicana de Geo-grafía y Estadística en 1975, con el nombre de Ecología Descriptiva de Sinaloa. Archivo Históri-co del Agua (en adelante AHA), Consultivo Técnico, 1954, Caja 751, Exp. 7.233, pp. 9-10.

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sa Sanalona, el Canal Principal Oriental, la Presa Adolfo López Mateos, mejor conocida por “del Varejonal”, el Canal Principal Humaya y la red de canales la-terales de distribución que se construyeron a raíz de su nacimiento, los mismos que humedecieron la parte norte del Distrito Agrícola de Riego Número 10.

Si bien los datos expuestos acerca de los ríos nos permiten imaginar el potencial agrícola que tenía y tiene Sinaloa para desarrollar no sólo una eco-nomía agrícola, sino también ganadera y comercial, al conocer la infraestruc-tura que se construyó entenderemos por qué la entidad se ha colocado como uno de los primeros estados generadores de alimentos en el país, al grado que en 1918 el gobernador del Estado decía que Sinaloa era el granero de México.

Los primeros pasos que demuestran el dominio de las empresas y empre-sarios, del centro del Estado, sobre las aguas que desde la serranía bajaban con gran furia en tiempos de lluvias y deshielos o con la lentitud de una serpiente en tiempos de estiaje, se manifiestan en la construcción de canales que aunque sólo derivaban el agua de los ríos a las tierras de labor jugaron un papel deter-minante en la consolidación de la economía agrícola sinaloense. En 1884, Joa-quín Redó y Balmaceda líder de una de las familias aristócratas porfiristas más encumbradas y senador de la República por casi treinta años, para aprovechar las aguas del río Tamazula construyó un acueducto de aproximadamente ocho kilómetros de largo, con el cual irrigaba los cañaverales que tenía en el oriente de la capital y además abastecía las calderas del ingenio La Aurora, construido en la misma zona. Cabe decir que dichas tierras fueron la base de futuras ne-gociaciones agroindustriales que estableció la familia Redó en Sinaloa y otras regiones del país.

Más tarde, antes de iniciarse el movimiento revolucionario y detenerse por un tiempo la construcción de canales, Joaquín fundó a 53 km de Culiacán el ingenio Eldorado. Para su explotación construyó en 1903 el canal Colorado sobre la margen izquierda del río San Lorenzo, con cuyas aguas se enriquecie-ron los terrenos de la hacienda que tenía varios miles de hectáreas. De igual manera, en 1912 derivó las aguas del citado río a través del canal San Diego para irrigar 15.030 ha de las cuales 9.769 se sembraban de caña de azúcar, 4.750 de maíz y frijol y el resto de árboles frutales.2 Existieron otros canales muy importantes en esta misma zona: el Joaquín Redo de 7 km de largo que beneficiaba 7.000 ha; el Navito de 8 km favoreciendo 1.500 ha y el del Higueral de 3 km de longitud para beneficio de 800 ha.3

Asimismo, en ese mismo valle de Culiacán, a 25 kilómetros y al poniente de la capital, en el antiguo pueblo de Navolato, la familia Almada, encabezada por Jesús y Jorge, construyó un canal que derivaría las aguas del río Culiacán a sus cañaverales. El canal Cañedo, como fue denominado, quedó concluido en

2 Mateu, 2006, 24. 3 Paliza, 1928, 32.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 255

1899. Con su inauguración, el ingenio de La Primavera registró grandes cose-chas que incrementaron la fortuna de los Almada por más de cinco décadas. Por otra parte, si bien el canal incrementó con sus aguas el potencial agrícola de la zona, en 1909 a raíz de la subvención que el gobierno federal otorgó a la Sinaloa Land Company una parte importante de la tierra que se encon-traba en la margen izquierda del río comenzó a colonizarse paulatinamente, imprimiendo un sesgo diferente al paisaje de esos años, donde los desmontes comenzaron a mostrar islotes de tierras cultivables y en espera de las aguas otorgadas a la compañía, surgen así poblaciones como Aguaruto, Ochoa, San Pedro, La cuchilla, Yevabito, La Palma y muchos más.4

Como se observa, al igual que ocurre en otras regiones del país, la in-fraestructura hidráulica ejecutada en Sinaloa en estos años fue realizada prác-ticamente por propietarios y compañías privadas con intereses capitalistas muy definidos que utilizaban el vital líquido para desarrollar operaciones agroin-dustriales y agrocomerciales, es decir producían azúcar de caña y derivados como melaza, aguardiente y piloncillo para mercados regionales. También y por intereses oficiales de colonización, ya que el gobierno deseaba activar el poblamiento y con ello habilitar las tierras para uso agrícola, se establecieron convenios y contratos con empresas deslindadoras para que distribuyeran la tierra entre personas trabajadoras y con ideas mercantiles, que buscaran no sólo la subsistencia sino también la ganancia que se puede obtener con la co-mercialización del producto obtenido. Colonos que incrementaran el volumen de productos básicos como el maíz y frijol, pero que incrementaran en mayor medida aquellos cultivos de suma importancia para las plazas comerciales del exterior, ya fuesen hortalizas, garbanzo, caña de azúcar y otros.

Pese a la fuerza que tomaba la construcción de obras hídricas tuvieron que detenerse por varios años debido a la convulsión revolucionaria que sufrió el país, con la cual la dictadura porfirista llegó a su fin en 1910, Así podemos decir que la construcción de canales de desvío, en el último cuarto del siglo XIX y las primeras dos décadas de XX, fue una etapa donde los agricultores e industriales, dueños del capital, apoyados por el gobierno (pues este era quien otorgaba las concesiones y permisos para el uso del agua), controlaron las ave-nidas de los ríos y llevaron el líquido hasta los campos de siembra e industrias que se enmarcaban dentro del área beneficiada por las obras, es decir, dentro de lo que posteriormente sería el Distrito Agrícola Número 10, sino el más im-portante del Estado y el país, sí uno de los más importantes por la variedad y volúmenes de productos que generaba y genera anualmente.

En los años de reconstrucción nacional había una actitud generalizada en todos los sectores por alcanzar los niveles de producción que hubo antes de la desarticulación del régimen porfirista, incluso mejorarlos, sólo que en esta oca-

4 Ibidem, 16.

256 Eduardo Frías Sarmiento

sión los mercados rectores ya no serían los europeos sino los estadounidenses, sin decir que las plazas europeas se abandonarían totalmente pues productos como el garbanzo continuaban comercializándose en España, principal consu-midor del mundo. Por ello, en el caso sinaloense, para mejorar sustancialmente la producción agrícola el gobierno intervino directa o indirectamente en la nueva infraestructura hidráulica que se construiría. La intervención no era sólo tener el control y distribución de las aguas por tenerlo, sino porque con el paso de los años había incrementado la demanda de agua y energía eléctrica por múltiples factores: aumento de la población en las ciudades, ampliación de la superficie agrícola cultivable, crecimiento de los sectores agroindustriales y agrocomerciales. Todo ello impedía al capital privado sinaloense (por muy grande que fuera) a continuar invirtiendo y seguir construyendo obras hídricas de gran calado. La dimensión de las obras impedía seguir haciéndolo, los nue-vos tiempos exigían obras monumentales que sólo el gobierno podía llevar a cabo.

Por esta y otras razones el gobierno debió hacerse cargo tanto de la grande como de la pequeña irrigación, aunque debemos decir que si bien en la nueva legislación que se escribía, se planteaba que así sería en adelante en muchas obras continuó invirtiéndose todavía dinero de capitalistas privados, ya que en infinidad de ocasiones el gobierno no atendía o tardaba mucho tiempo en atender las necesidades de los agricultores de ciertas regiones, tal fue el caso del Canal Rosales, en Culiacán, como veremos más adelante.

El Distrito Agrícola de Riego Número 10: principales obras de irrigación de 1923 a 1966

En Sinaloa, en el periodo de análisis, 1920-1966, una elevada cantidad de tierras incultas fue desmontada y habilitada para la agricultura por medio de la roturación, fertilización e irrigación. El gobierno federal creía firmemente que la entidad se insertaría en el proyecto nacional de desarrollo económico a través de la agricultura, la cual era explotada por los empresarios agrícolas tradicionales (grandes hacendados porfiristas), que a menudo eran los mismos hacendados dueños de los ingenios, y trapiches, como las familias Redó y Al-mada, Valenzuela, Orrantia, Johnston y Peiro, entre otras. En esta nueva época también entraron en juego los intereses de pequeños propietarios que, según Carton de Grammont,5 representaban a la nueva burguesía agrícola deseo-sa de llegar a los mercados externos. Con el apoyo de estos actores, más los del gobierno federal y los organismos que se establecieron para administrar y regular la nueva infraestructura hidráulica, como la Comisión Nacional de Irrigación (CNI) creada en 1926, el gobierno sinaloense inició en primer lugar

5 Carton de Grammont, 1990.

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la construcción de canales y represas. Posteriormente, bien entrada la década de 1930, se trazaron los planos y se comenzó a construir la presa Sanalona, inaugurada en 1948. Con ella se inició la carrera por captar el agua en grandes vasos. Más adelante, en 1956 en el norte del estado se cerró la cortina de la presa Miguel Hidalgo o Mahone aprovechando el río Fuerte, dando con ello certidumbre a los agricultores del norte de Sinaloa; por último en 1964 la presa Adolfo López Mateos fue inaugurada para júbilo de grandes y pequeños pro-pietarios, incluso para los ejidatarios del norte del distrito número 10.

La transformación de las obras hidráulicas se presentó en dos fases. La primera (1921-1938) correspondió efectivamente a la construcción de canales y al establecimiento de bombas extractoras del agua subterránea, con las que se aprovecharon los mantos freáticos de las márgenes ribereñas. Fue una etapa donde tanto el gobierno como los agricultores e industriales, controlaron las avenidas de los ríos y llevaron el agua hasta los campos de siembra e industrias que estaban dentro del área beneficiada con las obras. El apoyo de los grupos capitalistas continuaba presentándose porque aunque el gobierno pretendía limitar la participación de los mismos era imposible hacerlo, pues todavía no controlaba en su totalidad a las oligarquías regionales existentes, todavía ne-cesitaba de ellas y sus capitales, mucho más si las necesidades aumentaban de acuerdo a la demanda del mercado externo.

La segunda fase (1938-) correspondió a la construcción de magnos pro-yectos de irrigación, presas derivadoras, canales principales de distribución y una importante red de drenes para evitar el salitre de las tierras, que fortale-cieron enormemente a la agricultura. Las grandes presas que se construyeron, y que han sido señaladas anteriormente, almacenaban el agua pluvial, de los ríos y arroyos. Las presas de almacenamiento eran apoyadas por pequeñas re-presas derivadoras, que servían para distribuir el agua en tiempos de estiaje permitiendo que la mayor parte de los usuarios tuvieran el mínimo de agua para sus cosechas. Con estas obras, el gobierno pretendía evitar la sequía que acosaba al Estado desde siempre. Pero la principal intención era abastecer de agua a los distintos centros agrícolas de la entidad, pues a pesar de los once ríos que existen en el Estado y las dos temporadas de lluvia que se presenta-ban en esos años (julio-octubre y diciembre-febrero, esta última llamada de equipatas en Sinaloa/cabañuelas en los altos de la sierra de Durango) había escasez de líquido ya que los volúmenes que marcaban los pluviómetros eran inferiores a los del centro del país, Tabasco u otras regiones donde la precipita-ción pluvial rebasaba los 1.500 mm. Dado el grado de complejidad y magnitud de las nuevas obras que se requerían, los empresarios se limitaron a plantear necesidades al gobierno más no a invertir sus capitales en ellas. Por esta razón y porque los nuevos proyectos se dirigían a satisfacer necesidades sociales de amplio espectro, los distintos niveles de gobierno quedaron a cargo de todo. Por último, cabe decir que las grandes presas de almacenamiento no solo se-rían emisoras de agua, sino también generadoras de energía eléctrica para

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casa habitación o negocios menores, así como para empresas de todo tipo, agrícolas o industriales.

Una de las obras de mayor importancia para la agricultura comercial en Sinaloa fue el canal Rosales. Si bien la construcción del mismo se hizo a peti-ción y con parte del capital de propietarios privados regionales, la participa-ción del gobierno en la ejecución de esta obra fue determinante, ya que ésta fue uno de los pilares del proyecto que convirtió al valle central de Sinaloa en un vergel, donde se producían toda clase de productos: cereales, legumi-nosas, oleaginosas, tubérculos, hortalizas, legumbres, caña de azúcar, entre otros. En 19216 el general Ángel Flores puso la primera piedra para que se construyera el canal. Éste partiría de Culiacán hacia la costa del Mar de Cortés y tendría una longitud de 73 kilómetros. La obra, terminada en 1923, represen-taba el esfuerzo de los sinaloenses por controlar el agua que tanta falta hacía en los campos y que se “perdía” en el Pacífico.7 En este punto es pertinente aclarar que, de hecho, este canal no contaba con 73 kilómetros como se ha mencionado y dicen las fuentes consultadas, sino que a pesar de ser el mismo recibe dos nombres, primero, desde Culiacán hasta una pequeña población denominada Culiacancito se le conoce como Canal Rosales, a partir de ahí, en el kilómetro 131/2, recibe el nombre de Canal del Sur e irrigaba en 1928 2.500 hectáreas en los pueblos de La Colorada, Lo de Verdugo, Navolato, El Bolsón, El Limoncito, Bachimeto, Otameto y Cabrera. En el mismo punto don-de iniciaba el del Sur, por la margen derecha, iniciaba el desaparecido canal del Norte, una obra que por razones desconocidas jamás funcionó, a pesar de su envergadura ya que su longitud estaba planeada que alcanzara 26 kiló-metros, de los cuales sólo se terminaron 13, desapareciendo posteriormente.

Siendo el Rosales una obra grande y de carácter privado los empresarios tuvieron que organizarse para manejar los recursos, regular las acciones de construcción, el manejo de maquinaria, la participación de los socios, las accio-nes a seguir y todo aquello relacionado con la construcción del canal. Así en

6 AHA, Fondo de Aprovechamientos Superficiales, 1921, caja 522, exp. 8.064, pp. 494-501. En este año, unos meses antes de que se aprobara la construcción del canal, el ingeniero Eduardo Victoria presentó el proyecto al gobierno federal para su revisión. En él señalaba los pormenores para su construcción y explicaba que era necesario efectuar la obra ya que la re-gión era rica en suelos de aluvión y en suelos arcillosos, estos últimos de mejor calidad que los primeros, pero ambos de óptima calidad para sembrar tomates, garbanzo, maíz, frijol y otros. 7 Informe de Gobierno, 1923, p. 1; El Demócrata Sinaloense, Mazatlán, núm. 387, 1921, p. 1. El informe señala que la Cámara de diputados autorizó al gobernador que gestiona-ra ante la federación un crédito por tres millones de pesos para construir el canal; sin embargo, otras fuentes señalan que los gastos del canal no rebasaron los 2.200.200 pesos, aunque se conoce que en este monto no se contemplaban gastos extras que la Compañía Irrigadora del Humaya realizó con fondos del Estado.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 259

1923 se constituyó la Compañía Irrigadora del Humaya S. C,8 la cual también administraría los fondos y el uso del agua. Aprovechando las necesidades del gobierno federal con respecto al campo mexicano, los encargados del proyec-to consiguieron autorización del Congreso estatal para solicitar fondos ante la federación. Como la obra era de carácter público, el Congreso autorizó que el gobernador gestionara ante la federación hasta 3.000.000 de pesos. Así, la directiva de la compañía presentó la siguiente propuesta de proyecto:

“Las bases del proyecto se refieren a que la compañía tendrá como capital social la suma de 3.000.000 de pesos, dividida en 60.000 acciones con valor de 50 pesos cada una tomando el Estado las acciones que pueda comprar, pagándolas con el costo del canal hasta el día de la formación de la sociedad. Los terratenientes que deseen hacer uso de las aguas del canal deben ser socios de la empresa con tantas acciones como hectáreas de tierra tengan.” 9

Ya enfrascados en la vorágine de la transformación del valle de Culiacán se protocolizó el acta constitutiva y se señalaba que “las aguas que conduzca el canal Rosales serán para el uso exclusivo de los socios de la agrupación”.10 La escritura dejaba muy claro quiénes recibirían el líquido para sus siembras. Sólo tendrían acceso los dueños de tierras cercanas al canal y socios de la compañía, pero al observar la lista de socios es claro que los primeros beneficiados con el proyecto fueron los terratenientes de cuño porfirista e inmersos en los círculos de poder posrevolucionario. Pero como eran tiempos de cambio, de moder-nización económica, había que incluir a pequeños propietarios y colonos que practicaban nuevas ideas en el campo sinaloense. Al acercarse a los grupos de poder, los pequeños agricultores consiguieron beneficios que posteriormente, como afirma Grammont, los convirtieron en parte de la elite agrícola del Esta-do, es decir, de la nueva burguesía agrícola. La participación de éstos fue po-sible gracias a la colonización de regiones incultas que planteaba el gobierno posrevolucionario, colonización de corte capitalista al estilo americano donde la tierra la recibían familias o personas con cierto capital o conocimiento de la actividad agrícola y que pensara en producir para el mercado, no para el

8 Idem. AHA, Fondo de Aprovechamientos Superficiales, caja 662, exp. 9.611, 1923, pp. 59-67. La protocolización de esta sociedad se hizo ante el notario Celso Gaxiola Andrade en Culiacán, en octubre de 1922 por el gobernador interino José Aguilar, los agricultores Severia-no Tamayo, Lawrence E. Thompson, Juan José Ríos y socios. También véase en este mismo fon-do (caja 552, exp. 8.064, s/a, p. 631) la constitución de la compañía y sus estatutos de gobierno. 9 Idem; Archivo Plutarco Elías Calles y Fernando Torreblanca (en adelante APECyFTB), 1923, fondo 11, serie 060300, exp. 14, inventario 5.114, pp. 4 -5 10 AGNES, Culiacán, 1922, Celso Gaxiola Andrade, libro 3, legajo 28.

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autoconsumo.11 Por otra parte, es bueno decir que el método de colonización de tierras en Sinaloa fue poco recurrido pues los grandes terratenientes se des-prendieron de una parte importante de sus propiedades a través de la venta, y más cuando se enteraron que se desarticularían los latifundios al aplicarse la Reforma Agraria, por tanto en Sinaloa fue más pequeña propiedad (compra de tierra) que colonización impulsada desde el centro.

Continuando con la historia de la irrigación, en un principio la importan-cia del canal Rosales fue relativa para el futuro desarrollo agrícola de Sinaloa, ya que, como se ha dicho, los beneficiarios fueron los grandes hacendados porfiristas, dueños de haciendas azucareras que al triunfo de la Revolución salieron fortalecidos con alianzas que efectuaron con los hombres fuertes del movimiento, como Ángel Flores, Alejandro R. Vega, Macario Gaxiola y Manuel Páez. No obstante, la obra trajo para el valle una bonanza inobjetable, ya que se pusieron bajo riego unas veinte mil ha entre 1923 y 1932. Sin embargo, los gobernadores exageraban al hablar de la cantidad de tierras que beneficiaría el sistema. Por ejemplo, Ángel Flores en 1922 decía:

“La obra en cuestión no sólo será benéfica en este sentido, sino que acarreará a no dudarlo, grandes factores al progreso de esta capital y del Estado entero, pues que pudiendo regar cuando menos 80.000 hectáreas, vendrá a convertir a la comarca en uno de los más grandes centros agrícolas de la República y traerá la colonización y el trabajo para muchos de nuestros braceros, que en su busca se despatrian año por año.” 12

En la práctica, la realidad era otra pues los imprevistos impedían el desa-rrollo de las obras. La elevada cantidad de tierras a que hacían referencia los gobernantes era más bien la superficie susceptible de irrigarse, tal como debie-ron decir los estudios hidrológicos que los especialistas en la materia hacían; además, la historia marca que el emporio agrícola en el que se convirtió el valle de Culiacán sólo se consolidó hasta bien entrada la década de 1940, cuando la red de canales, principales y laterales, benefició la mayor cantidad de tierras entre los ríos San Lorenzo y Culiacán.

La sola noticia de que sería construido un afluente que fortalecería la agricultura del valle central de Culiacán aumentaba el interés de todos los im-plicados por obtener el mayor beneficio posible, las tierras aún enmontadas aumentaron de precio considerablemente antes de la canalización. Este hecho entorpeció y retrasó la colonización de las mismas, los grandes propietarios se

11 Por su parte, la realidad que vivía el Estado no incluía a los ejidatarios solicitantes de tierras, desprotegidos o ignorados por las autoridades estatales y federales; su “culpa” consis-tió en ser agricultores de corte tradicional que sembraban para el autoconsumo por lo que no estaban en aptitud de participar en la modernización del campo sinaloense. En esos años las tierras que adquirían los ejidatarios no estaban incluidas en los proyectos de irrigación; por el contrario, eran tierras de agostadero, enmontadas, de temporal y sin esperanza inmediata de mejora. 12 Informe de Gobierno, 1922, pp. 255-256.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 261

convirtieron en usureros pues vendieron la tierra como quisieron, al contado, a crédito con altos intereses o asociándose con los pequeños propietarios para que estos les entregaran a ellos las primeras cosechas, que comercializaban en mercados del interior o exterior. Lo que se vivió no tenía precedente en la en-tidad en el siglo XX, ya que las tierras de riego en el valle de Culiacán elevaron su costo desmesuradamente, de 15 o 25 pesos que valía la hectárea antes de la obra pasó a 150 o 200 después de la misma,13 dependiendo de su calidad. Como hemos dicho, algunos terratenientes al conocer que el canal pasaría cer-ca de sus tierras dividieron las propiedades, quedándose con las de mejor clase y especulando con el resto a precios leoninos.

Pasado el tiempo, la Compañía Irrigadora del Humaya, propietaria y administradora del canal notificaba a las autoridades que era insostenible continuar administrándolo ya que problemas de índole económico, desastres naturales, como lluvias e inundaciones, impedían su mantenimiento y mejoría. Por tal motivo pedía a la federación se hiciera cargo del mismo.14 Sin embargo, no fue hasta 1933 cuando la CNI la aceptó, no sin antes realizar un estudio exhaustivo de la situación para conocer a fondo la problemática que obligó a los socios y al gobierno estatal a entregar el canal.

Desde 1929, el ingeniero auxiliar de la Dirección de Aguas, Manuel Ló-pez Portillo, rindió un informe a la CNI del estado que guardaban el canal Rosales y la Compañía Irrigadora del Humaya. Ahí señalaba la desorganización y el recelo que existía entre los socios, pues no había consenso entre ellos so-bre la forma de distribuir el agua para riego; además, como desde un inicio se precipitaron en la construcción de la obras y no siguieron al pie de la letra los planos (los cuales no fueron elaborados buscando optimizar recursos), se cometieron errores que se tradujeron en gastos incontables para la compañía. Esto propició que la misma se endeudara con los terratenientes, quienes a falta de pago se cobraban con líquido, lo que ocasionó graves pérdidas a la empresa y la sumió de por vida en una crisis económica:

“[En] 1925 la compañía estaba en verdadera penuria y se tuvo que disponer de los fondos recaudados por concepto de compra de acciones para sostener los gastos de administración y conservación de las obras, en lugar de dedicar esas entradas al pago del adeudo [que se tenía con la federación].” 15

Retomando el desarrollo de la infraestructura hídrica debemos destacar que el canal Rosales en conjunción con el canal Cañedo y los ríos Culiacán y San Lorenzo continuaban abasteciendo de agua a los campos agrícolas del valle hasta las décadas de 1940 y 1950, cuando las miles de hectáreas que paulati-

13 Idem. También véase Paliza, 33. 14 APEC y FTB, 1925, fondo 13, exp. 5 A 6/28, inventario 125, p. 2 15 AHA, Fondo Aprovechamientos Superficiales, 1929, caja 662, exp. 9.611, p. 351; ACES, Decretos núm. 1 y 19, 1932; Decreto núm. 60, 1933.

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namente eran deforestadas para la siembra recibieron para bien las aguas del canal Principal Oriental, construido para beneficiar la zona sur del valle. A raíz de la importancia que alcanzaba la producción de hortalizas en el extranjero, el gobierno federal invirtió el capital para construir el canal citado y dos presas derivadoras, una en el río Culiacán–ubicada a un lado del llamado Puente Ne-gro–, y otra más al sur, en el río San Lorenzo.

La primera obra derivadora16 y de mayor importancia permitiría que el canal Rosales mantuviera el nivel requerido en tiempos de estiaje, con lo cual los agricultores tendrían mayores posibilidades de levantar sus cosechas. En cuanto a las aguas de la presa derivadora del San Lorenzo, fueron aprovecha-das por los agricultores de Eldorado y Quilá, una población establecida a unos sesenta kilómetros de la capital. El canal Principal Oriental cruza el valle de nor-te a sur hasta perderse en las tierras de Quilá. Cabe señalar que los pueblos be-neficiados con el trazo de la obra, aunque contaban con tierras de inmejorable calidad en el Estado, antes de la construcción del canal no lograban grandes cosechas porque dependían de la temporada de lluvias y de la humedad en las tierras cercanas a los ríos; por este motivo sus siembras se limitaban al cultivo de caña de azúcar, maíz y frijol.

Al ampliarse la infraestructura hidráulica en el valle, al consumarse el reparto cardenista en el Estado y luego de que los grandes hacendados vendie-ran parte de sus tierras en pequeña propiedad, la región se convirtió en un sin-fín de isletas sembradas de tomate y otras hortalizas. Entonces, aprovechando las aguas del río Culiacán y del río San Lorenzo, se impulsó la agricultura en lu-gares como San Lorenzo, Oso, la Loma de Redo, Eldorado, Quilá, Las Higueras, Mezquitillo, Costa Rica y San Rafael. La SRH informaba en uno de sus boletines:

“Los trabajos de la extinta Comisión Nacional de Irrigación continuados en el ac-tual sexenio gubernamental por la Secretaría de Recursos Hidráulicos, han estado encaminados en este Distrito a aprovechar totalmente las aguas del Río Culiacán para el riego de la superficie indicada, para lo cual se ha construido la Presa Sana-lona, se han completado los canales existentes como el Rosales y el Cañedo con los que se regaban poco más de veinte mil ha, y se han construido nuevos canales para riego de las 95.000, así como caminos drenes [sic] y estructuras en la zona re-gable. La superficie antiguamente abierta y que se regaba solamente cuando los ríos traían agua, y la superficie que ahora se está abriendo, contarán en adelante con agua suficiente para cualquier época del año.”17

16 En la actualidad la presa derivadora del río Culiacán se encuentra en el abandono. Sigue controlando la distribución del agua para riego, pero la Comisión Nacional del Agua (en adelante CNA) no brinda el mantenimiento necesario. En las fotos se observa que la lámina de agua está azolvada y en su mayoría cubierta de lirio acuático y basura. 17 Secretaría de Recursos Hidráulicos, Distrito de riego núm. 10. Río Culiacán, 1948, s/n. La misma Secretaría señalaba que el Distrito de riego núm. 10 tenía una extensión aproximada de 130.000 ha, de las cuales se seleccionaron 95.000 por ser las de “mejor calidad para el riego, que se hará usando las aguas de la Presa Sanalona sobre el río Tamazula y las del río Humaya, que al unirse al Tamazula enfrente de la ciudad de Culiacán forma el río del mismo nombre”.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 263

La demanda de hortalizas que generaban los Estados Unidos y Canadá hicieron que los agricultores sinaloenses explotaran sus predios con esta fina-lidad; lo primordial en esos momentos era sembrar productos que generaran mayores ingresos que los cultivos tradicionales. Así, estas tierras se convirtieron en minas de oro para importantes familias de la entidad.

La buena comunicación que unía a la capital del Estado con los campos agrícolas, tanto por tren como por carretera, fue uno de los principales fac-tores que incentivaron la explotación de productos hortícolas. Los caminos y carreteras que se construyeron favorecieron enormemente el abastecimiento de enseres para la agricultura, mientras que el ferrocarril permitía transportar la producción que se obtenía en los campos tomateros.

En suma, puede afirmarse que el canal Rosales, el canal Cañedo, el canal Principal, las presas derivadoras del río Culiacán y el San Lorenzo, así como una gran red de canales laterales de distribución y drenes permitieron al valle de Culiacán en su zona centro sur, incentivar la diversidad agrícola, aunque lo más importante eran las hortalizas. Al aumentar en Estados Unidos la demanda, los agricultores que tenían conocimientos más amplios iniciaron la siembra de tomate, chile y chícharos en primer lugar, así como de pepinos, calabaci-tas y berenjenas. El éxito obtenido en las siembras de tomate incentivó tanto a las grandes empresas norteamericanas y nacionales, como a los pequeños propietarios y arrendatarios nacionales para dedicarse al cultivo de hortalizas. También continuaron cultivándose productos tradicionales: maíz, frijol y caña de azúcar. El despertar de la agricultura de exportación abrió nuevas tierras al cultivo.

Dos grandes cajones de almacenamiento: La Sanalona y El Varejonal

Desde 1926 y hasta 1946, la CNI funcionó sin grandes contratiempos, a partir de este último año se convirtió en Secretaría de Recursos Hidráulicos. La SRH fue el organismo orquestador de la política hidráulica de México, en todo el país designó los lugares, hizo los levantamientos y dirigió las obras que hacían falta para habilitar y hacer competitiva la economía agrícola. Con este fin inició una ininterrumpida construcción de presas y canales en el territorio nacional, desarrollando los trabajos tanto en pequeña como en gran escala, sobre todo en las décadas de 1940 a 1960. Esto trajo como resultado que la superficie de riego aumentara considerablemente.18

Sin embargo, para que mucha de la infraestructura hidráulica que co-nocemos se consolidara, fue necesario que los ingenieros encargados de obra contaran con las herramientas prácticas y científicas pues los nuevos tiempos requerían de dirigentes con estudios especializados y experiencia en el mando

18 Bassols, 2000, 216.

264 Eduardo Frías Sarmiento

de hombres rudos, carentes de aptitudes escolares pero buenos trabajadores si recibían la orden correcta. Por tal motivo en los primeros años del gobierno posrevolucionario se contrataron los servicios de empresas norteamericanas; sus ingenieros dirigían las obras y a la vez capacitaban a los profesionales na-cionales para futuras construcciones. Así, por ejemplo, para la construcción de la presa del Conchos, en Tamaulipas, Luis Aboites señala que el gobierno con-trató a la White Engeneering Co.19

Con esta medida el gobierno no sólo intentaba capacitar a los ingenieros connacionales en los últimos conocimientos sobre ingeniería hidráulica, sino también valoraba los resultados futuros, que la sociedad juzgaría. Además, sabían los gobernantes que ya no eran tiempos de experimentación y que los recursos no abundaban por lo tanto, no podía poner en manos de improvisa-dos obra alguna, mucho menos las que requerían grandes inversiones; sabían que no era lo mismo arriesgar 3.000.000 de pesos en la construcción de un canal, como el Rosales construido en 1923, que 60.000.000 en la construcción de una presa como la Sanalona, inaugurada en Sinaloa en 1948. Por ello, el mismo Aboites afirma: “La inversión de millones de pesos en una obra debía estar respaldada en conocimientos precisos que evitaran errores que amena-zaran vidas, explotaciones agrícolas y de paso la legitimidad de esa política gubernamental”.20

De esta manera, la política de irrigación se fue consolidando hasta pro-veer a las distintas regiones de los canales, presas y diques necesarios con los cuales se controlaría el agua y se regaría una amplia variedad de cultivos, para el caso de Sinaloa. Por otro lado, aunque el gobierno necesitó el apoyo de extranjeros para construir esas obras, controló el funcionamiento de los distri-tos de riego que se creaban, a través de organismos como la CNI, la SRH y las Juntas Locales de Irrigación.

Como se ha señalado, las regiones norteñas del país fueron de las pri-meras beneficiadas con monumentales presas de almacenamiento. Las obras tenían como finalidad convertir esas regiones en fértiles valles capaces de sos-tener con su producción parte de la economía nacional. Un palpable ejemplo de ello se observó en Sinaloa, donde se construyeron tres grandes presas: la Sanalona, como ya se ha dicho, inaugurada en 1948, la Miguel Hidalgo,21 con-cluida en 1956, y la Adolfo López Mateos, mejor conocida como La presa del Varejonal, abierta en 1964.

Tras aumentar la demanda de productos agrícolas en el extranjero, la ca-nalización realizada hasta la década de 1940 en Sinaloa era insuficiente. Gran parte del agua que reptaba y descendía desde los altos continuaba “desperdi-

19 Aboites, 1994, 123 . 20 Ibidem, 122. 21 Aunque esta presa es muy importante para la agricultura del Estado no se tomará en consideración porque se ubica en el norte de la entidad, fuera del valle central de Culiacán.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 265

ciándose” en el Mar de Cortés, por ello en la década de 1930, siendo presiden-te de la República el General Lázaro Cárdenas los sinaloenses aprovecharon la ocasión para pedirle que contemplara al Estado dentro del plan hidráulico nacional, en cual se hablaba de construir represas, canales y drenes en Baja California, Coahuila, Chihuahua, e Hidalgo. El encargado de hacer la solicitud fue Juan de Dios Bátiz. Amigo personal del general, creador del Instituto Poli-técnico Nacional a petición del mismo presidente, e incansable luchador social, Bátiz no tuvo empacho en sugerirle a Cárdenas que construyera una presa de almacenamiento en el río Tamazula.22 La simpatía del general hacia el ilustre ingeniero hizo que se destinaran los primeros 600.000 pesos para los estudios de factibilidad y aunque a Cárdenas no le tocó culminar la obra fue piedra an-gular en la realización del proyecto que terminaría diez años después, siendo presidente Miguel Alemán Valdés.

La presa se construyó en un periodo de grandes acontecimientos en el mundo y el país. Primero la política con sesgo socialista implantada por Cárde-nas transformó la situación política, económica y social del país; posteriormen-te la Segunda Guerra Mundial que se desarrollaba en Europa y culminó en el oriente afectaron el desarrollo de la obra y finiquito. Los recursos de toda índo-le escasearon en demasía, en ocasiones no había fondos para comprar material y cuando existían no tenían la forma de adquirirlos pues la mayor parte de ellos provenían de Estados Unidos. Por ejemplo las llantas de los camiones no se podían adquirir, mucho menos la dinamita para desgajar los cerros y hacer los túneles o desplantes. Sin embargo, los trabajos no se detuvieron, la masa humana que fue contratada logró transformar la serranía con machetes, picos y palas.

El ingeniero Juan Guerrero Alcocer, gerente general de la obra, comen-taba en un vuelo de reconocimiento no estar de acuerdo en construir la presa en el río Tamazula, y que la presa debía hacerse en el río Humaya ya que en él desembocaban una mayor cantidad de afluentes. Sin embargo, como dice el refrán “donde manda capitán no gobierna marinero”, comenzó los trabajos en el Tamazula pues ahí le habían ordenado las autoridades de la CNI.23 Lo pri-

22 Sinagawa, 2000, 96. 23 En defensa del lugar de construcción podemos decir que en el reconocimiento del distrito de riego 10 hecho en 1939 por los ingenieros Andrew Weiss y Heriberto Valdés, toma-ron en cuenta los posibles lugares para construir una presa de almacenamiento. Para ello visita-ron el río Humaya y el Tamazula, en su informe señalaron que en el Humaya no se podía hacer, pues aunque tenía un mayor número de afluentes que lo abastecían, las pendientes eran muy pronunciadas, por lo que ofrecía mínimas posibilidades económicas para aprovechar el cauce; mientras que el Tamazula, de menor importancia, reunía condiciones en dos puntos: en Los Pi-cachos, cerca de Sanalona y en Las Encinas, a seis kilómetros del pueblo de Tamazula. Sobre Los Picachos decía el informe: “En este lugar la boquilla es bastante favorable para la construcción de varios tipos de presa, sea de concreto o mampostería, de grava o una presa mixta de tierra y enrocamiento o de pura tierra”, en AHA, Consultivo Técnico, caja 704, expediente 6.815, p. 2.

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mero que construyó fue el camino de terracería hasta donde estaría la cortina. El ingeniero decía a sus hombres al iniciar el trabajo:

“Construiremos, por principio de cuentas, la carretera a Sanalona de 27 kilóme-tros; después, ya veremos. Caballeros, les anuncio que no será fácil construir la presa porque la II Guerra Mundial nos racionará los equipos y los materiales; de manera, señores, que hay que echarle muchas ganas al asunto si es que queremos salir con vida.” 24

Cuenta la historia que la obra sufrió contratiempos que retardaban su construcción, surgían problemas por el abasto de materiales, lluvias, avenidas del río, sin faltar los enfrentamientos entre los trabajadores, quienes en sus días de asueto se emborrachaban y peleaban por motivos diversos. También era un enorme problema para las autoridades lidiar con la población residen-te de los pueblos que quedarían dentro del espejo de agua, prácticamente ninguna persona estaba de acuerdo con abandonar sus lugares de origen, la indemnización era lo de menos para ellos, pues tendrían que dejar pertenecías materiales, pero lo que más les dolía eran sus muertos ya que quedarían en las profundidades y jamás volverían a visitarlos. Sin embargo, el bienestar social y económico que representaba la obra dictaba que a la buena o por la fuerza los pobladores tendrían que abandonar sus viviendas, cosa que en realidad sucedió y la presa llegó a buen término.

Por fin, después de tantas peripecias, a 35 kilómetros y no a 27 al oriente de la capital sinaloense, la Sanalona tenía su compuerta y se adentraba hacia los altos de la sierra sinaloense. La capacidad de su cuenca era de 3.225 km2 y cuenta con un vaso de 845 millones de m3, de los cuales 100 millones eran para azolves y 745 millones para riego.25

Al iniciarse su construcción en 1939, el valle de Culiacán contaba con ca-nales de distribución que irrigaban unas veinte mil ha. Sin embargo, la obra no venía sola, el presidente Miguel Alemán también impulsó la construcción de una amplia red de canales y drenes que fortalecían la infraestructura hídrica del distrito agrícola número 10 en la zona centro sur del mismo valle. Incluso fue más allá, como dice César Aguilar:

“De las 47 obras de gran irrigación impulsadas por el gobierno federal en el país, el 28% se localizaron en el noroeste, de estas, las de mayor trascendencia en Sina-

24 Sinagawa, 100. La Sanalona era la primera presa en el país construida por ingenie-ros mexicanos y la primera de gran tamaño hecha en el noroeste. El ingeniero Alcocer estudió en la UNAM y se graduó como ingeniero civil en 1936; su primer trabajo lo desempeñó en la CNI como proyectista, de ahí en adelante fue responsable de obras realizadas en Morelos, el estado de México e Hidalgo, hasta que fue destinado a Sinaloa para que construyera la Sana-lona. 25 Para mayores datos véase Directorio agrícola…., 163-164; Olea, 80; Ayala, 1957, 164-165.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 267

loa serían la terminación de la presa Sanalona, la presa derivadora del río Culiacán y el inicio de distribución del Distrito de Riego Culiacán, obras que beneficiarían 57.728 ha en el valle de Culiacán, la readaptación del distrito de Riego Guasave que beneficiaría 4.000 ha en el municipio de Sinaloa y 26.000 en Guasave, y con el inicio de los trabajos de construcción de la presa Miguel Hidalgo, 100.000 ha en el valle del Fuerte.” 26

El fuerte impulso del gobierno federal permitió que la agricultura del Estado, en particular la del valle de Culiacán, aumentara considerablemente el número de hectáreas irrigadas, según lo muestra la siguiente tabla:

Tabla 1. Superficie irrigada en el valle de Culiacán

Año Agrícola

Superfi cie benefi ciada con el riego (Hectáreas)

Índice de crecimiento

1946 25.666 100

1947 42.666 166

1948 52.766 206

1949 61.416 239

1950 73.766 287

1951 83.394 325

1952 83.394 325

1953 83.394 325

1954 83.394 325

1955 93.944 366

1956 93.944* 366

Fuente: Secretaría de Recursos Hidráulicos.27

*Otras fuentes señalan que en esta fecha, o antes, en el valle de Culiacán se irrigaban 95.000 ha.

En 1946, antes de que se abrieran las compuertas de la Sanalona, había 25.666 ha irrigadas, mientras que en 1948 la superficie llegó a 52.766, lo que representó un aumento de más del doble. En cambio, en el periodo compren-dido entre 1948 y 1956 el número de hectáreas que aumentó entre un año y otro fue de 41.178. La explicación a esta diferencia la da el hecho de que en 1948 se puso en explotación la presa y se construyó además una presa deriva-

26 Aguilar, 1998, 136. 27 Cuadro tomado de la obra Los distritos de riego…, 1957, 28.

268 Eduardo Frías Sarmiento

dora en el río Culiacán y el canal Principal Oriental, que como se ha afirmado cruzaba el valle desde la capital hasta el río San Lorenzo, habiendo entre uno y otro una distancia aproximada de sesenta kilómetros.

La presa Sanalona benefició 95.000 ha, divididas de la siguiente manera: 32.000 puestas en funcionamiento por el sector privado, eran regadas por el canal Rosales, y 63.000 por el canal Principal Oriental, construido con fondos federales y estatales. Con esto, los agricultores del valle pudieron planificar y plantear estrategias de riego, es decir, determinar qué tierras debían ser beneficiadas y qué cantidad de las mismas debían sembrarse.

La segunda gran obra edificada en el municipio de Culiacán fue la pre-sa Adolfo López Mateos, y como hemos dicho ya más conocida como de El Varejonal. Esta obra, a diferencia de la Sanalona, tuvo menos contratiempos y terminó de construirse en cinco años, pese a su monumentalidad. En esa ocasión, y para aprovechar las aguas del río Humaya y sus afluentes, los inge-nieros encargados, dirigidos por el superintendente general Carlos Carvajal Zarazúa, iniciaron los levantamientos y las obras en 1957 siendo presidente de México Adolfo Ruiz Cortines. Al igual que la anterior, la cortina se localiza cerca de Culiacán, a 32 km aproximadamente, de allí en adelante el ojo de agua se remonta hacia el municipio de Badiraguato. Dice Héctor R. Olea que su capacidad es de 3.160 millones de m3,28 por su parte Ruth Zamudio afirma en su tesis de maestría lo siguiente:

“El vaso tiene una capacidad total de 3.150 millones de m3, que se distribuye a razón de 135 millones de m3 para depósitos de azolves, 2.365 millones de m3 para riego y generación de energía y 650 millones de m3 para control de avenidas, siendo el área de embalse de 11.340 hectáreas.” 29

La presa se puso en marcha en 1964 estando en la silla presidencial el licenciado Adolfo López Mateos. La obra, al igual que la del río Tamazula, también fue construida por ingenieros mexicanos. En esa ocasión los principa-les beneficiarios serían los agricultores del norte del distrito de riego número 10. Es decir, la magnitud de la obra permitió a la SRH encauzar las aguas hasta irrigar superficies de lugares alejados como los municipios Mocorito y Salva-dor Alvarado, ubicados a poco más de ochenta kilómetros de la capital. A la nueva región hídrica que se abría a la agricultura se la denominó El Tamarin-do o Unidad IV. Nuevamente Ruth señala, en concordancia con la información que recabó del AHA, que serían 90.000 hectáreas las beneficiadas en un pri-mer momento, 70.000 en el municipio de Culiacán y 20.000 en Mocorito, para luego aumentarlas considerablemente de la forma siguiente: […], la unidad al cabo de dos años logró ampliarse con otras 65.000 hectáreas de riego más,

28 Olea, 80. 29 Zamudio, 2009, 79.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 269

localizadas en el valle de Guamúchil, producto también del sistema de riego de la presa del Humaya.30

Retomando la información de los dos grandes embalses cabe men-cionar que es notable el aumento en el número de hectáreas susceptibles de irrigación. El distrito de riego número 10 fue ampliamente beneficiado logrando pasar de 95.000 hectáreas cultivables a 185.100 entre 1957 y 1966. Pero si tomamos en consideración la ampliación de 65.000 hectáreas que señala Ruth la cifra aumenta a 250.100 hectáreas. El cuadro siguiente así lo refleja:

Tabla 2. Hectáreas beneficiadas por el riego en el distrito de riego número 10.

Municipios y valles Número de ha

Culiacán* 95.000

Valle de Pericos 46.000

Guamúchil 44.100

Guamúchil** 65.000

Total 250.100

Elaboración propia.Fuentes: Olea, 80; Zamudio López, 87.* Estas corresponden a los años entre 1957-1958**Ampliación entre 1964 y 1966.

Con la apertura de las magnas obras de almacenamiento y la exitosa red de canales, drenes, presas derivadoras y diques que se construyeron no sólo se beneficiaron los agricultores privados, grandes y pequeños, sino también muchos ejidatarios que ocupaban esta última parte del dis-trito de riego, el norte. Además, la ampliación incentivó al conglomerado agrícola para que intensificara el cultivo de una amplia variedad de pro-ductos que se colocaban en mercados diversos, externos e internos. Por citar algo había plantíos de caña de azúcar, producto típicamente tropi-cal, trigo de zona templada, así como ajonjolí, sorgo, alfalfa, frijol, arroz, maíz, linaza, papa, algodón, prácticamente todos eran para el autoconsu-mo y el mercado interno; mientras que el garbanzo, tomate, chile verde, berenjena, sandía, melón y muchas otras legumbres que se incorporaron

30 Ibidem, 86. “La Unidad IV está constituida por cuatro módulos y 23 secciones de riego que, en su conjunto, abarcan una superficie de 48.696 efectivas de riego, con 4.848 usua-rios. Esta unidad se integra por los siguientes módulos de riego: el IV-1 con 14.733 hectáreas repartidas en 20 ejidos ubicados tanto en el municipio de Culiacán como en el de Mocorito y cuenta con 1.615 usuarios […], el IV-2 con 11.835 hectáreas y 1.348 usuarios […]. El IV-3 con 7.686 hectáreas y 645 usuarios […] al igual que el módulo IV-4 con 14.442 hectáreas y 1.240 usuarios de las secciones de riego 17 a la 23” (Ibidem, 87).

270 Eduardo Frías Sarmiento

con la demanda, abastecían mercados internacionales, principalmente los de Estados Unidos, Canadá y España.

Cabe decir, que los agricultores de esos años dividieron la zona agrí-cola en dos áreas diferenciadas por los tipos de cultivo, esto es, la su-perficie que se encuentra entre el río San Lorenzo y el canal Rosales era utilizada para sembrar caña de azúcar, hortalizas de todo tipo, aunque el tomate punteaba y maíz; mientras la otra parte, en el llamado módulo IV, se sembraba el resto de los productos citados, ocupando los primeros lugares el garbanzo, maíz y frijol.

IMPACTO DE LA IRRIGACIÓN EN EL DISTRITO AGRÍCOLA DE RIEGO NÚMERO 10 EN SINALOA

La ampliación de la superfi cie agrícola propicia el ecocidio del valle31

La amplia red hidráulica hasta el momento enunciada fue incremen-tándose paulatinamente a petición de los grandes, medianos y pequeños agricultores, y por iniciativa federal, no así por los ejidatarios que ocupa-ban tierras de temporal. Aunque es pertinente aclarar que después de la Reforma Agraria muchos ejidatarios fueron beneficiados con terrenos ubicados en zonas favorecidas por la canalización. Como hemos visto las grandes presas de almacenamiento Sanalona y El Varejonal beneficiaban 250.100 ha aproximadamente, aunque Silvia Millán afirma que en este distrito para fines de los 60 poseía 242.799 ha irrigadas de las 496.475 existentes, que se repartían en los valles de Culiacán, Salvador Alvarado (principalmente en la zona de Guamúchil) y Mocorito (en los campos que corresponden a la sindicatura de Pericos específicamente).32

La irrigación de grandes superficies en la entidad y en concreto en el distrito de riego número 10 o la zona centro del Estado tuvo efectos de diversa índole, ecológicos, económicos y sociales. La destrucción de la flora y la fauna regional en beneficio del crecimiento y desarrollo econó-mico ha dejado huellas difíciles de borrar. Actualmente observamos en la zona referida amplios y majestuosos valles matizados acorde al producto cultivado. Es común ver por varios meses diversas legumbres u hortalizas, plantadas y cuidadas en extremo pues su destino final son los mercados externos de Estados Unidos, Canadá, España, Japón, Sudamérica y otros, donde la exigencia comercial es estricta con elevados estándares de ca-lidad. También es notorio observar miles de hectáreas, en un principio

31 Antes de iniciar el apartado debemos señalar que mucha de la información sobre flora y fauna fue recopilada de las fuentes siguientes: Olea, 1982; Centro de Investigaciones Agrarias, 1957; Paliza, 1928; Paliza, 1930; Heredia, 1990. 32 Millán, 1974, 67.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 271

verdes y luego color paja, sembradas de maíz, frijol y garbanzo, este últi-mo, al igual que las hortalizas y legumbres también destinado al mercado externo, mientras que los otros dos se reservan para satisfacer las necesi-dades del comercio interior, bastante amplio y de grandes oportunidades aunque lo nieguen los grandes propietarios que los cultivan; y de muy po-cas posibilidades para los pequeños, y ejidatarios, quienes se conforman con los precios oficiales que el gobierno impone. Además, como hemos dicho anteriormente existen otros productos agrícolas que cotidianamen-te se siembran, como los sorgos.

Los empresarios agrícolas, conocedores de las necesidades del mer-cado alimenticio, y dedicados a explotar este tipo de cultivos son los que por generaciones se han dedicado a mutilar la flora autóctona para ex-traer del suelo la savia que hizo y hace crecer sus fortunas. No podemos decir que su actuar fue con dolo y ventajas contra la naturaleza, sin em-bargo, el afán de lucro los incentivaba a destroncar la tierra mucho antes de que existieran los grandes proyectos de irrigación. Desde principios del siglo XX, las compañías deslindadoras acapararon inmensas superfi-cies al cobijo de los gobiernos en turno, a raíz del triunfo del gobierno revolucionario y la exposición de su plan económico, donde se planteaban realizar grandes obras hídricas para aumentar el potencial agrícola del país y donde estaba contemplado el estado de Sinaloa, los propietarios de la tierra iniciaron con ahínco el desmonte, tanto para realizar labores agrícolas para sí mismo como para colocar en el mercado la superficie a muy buenos precios, como se ha visto.

El amplio valle central de Culiacán, tiene una longitud aproximada de 150 kilómetros de sur a norte y 70 de este a oeste, fue la más importan-te área agrícola de nuestro periodo de estudio por las dos presas de alma-cenamiento que lo abastecen del vital líquido. Esta zona se encuentra en la región occidental del estado, que es a la vez caliente y marítima, apta para el cultivo de una amplia variedad de cultivos. Ese clima templado que promediaba en los 25 grados centígrados, favorecía el crecimiento de árboles de madera preciosa como el ébano, el cedro rojo, el palo fierro, el sabino y otros menos valiosos para la ebanestería pero muy requeridos para la construcción de casas, chozas o tejabanes: palo de Brasil, palo co-lorado, mauto, encino, huanacaxtle, amapa, mezquite, mora, guayacán, guácima; de igual manera apto para árboles y plantas frutales como uva-lama, anona, guamúchil, nanche, camote, capulín, garambullo; se desa-rrollaban igualmente plantas medicinales, oleaginosas, resinosas, tintó-reas y textiles: con fines curativos la chirimoya, la candelilla, el achiote, la quina, el ayale, el colombo, el amole, la ipecauna, entre otras; las que beneficiaban con su savia o aceite eran el cayuco, la chía, el pochote, el chicalote y la higuerilla por citar algunas; la resina se obtenía del arrayán,

272 Eduardo Frías Sarmiento

cedro colorado y blanco, guayacán, chicozapote, ortiga, pochote y palo blanco sin decir que eran todos pues existían otros con las mismas propie-dades; los árboles tintóreos utilizados en tiempos pasados por los habi-tantes de la región eran el achiote (amarillo), cascalote (amarillo oscuro), mezquite (plomo o carmesí según se trate), palo de Brasil (rojo, morado, escarlata), sauce llorón (amarillo suave) y tepehuaje (café); por último, las plantas productoras de fibras eran el álamo blanco, el bateco, el capule, el chichicaxtle, la lechuguilla, la majahua, jocuixtle y demás.

La amplia flora sinaloense fue destruida en perjuicio de los habitan-tes de las poblaciones aledañas a los nuevos campos de cultivo, la medici-na tradicional perdió plantas endémicas o muy difíciles de conseguir como el colombo y la ipecauna. Esta destrucción también afectó drásticamente a la fauna ya que en aras de la modernización del campo sinaloense y ampliación de la superficie agrícola al perderse la flora desaparecieron del paisaje muchas de las especies que habitaban los breñales, matorrales, pastos, bosques y riberas de los ríos. En general, la biótica fue afectada; en los territorios estudiados los anélidos, arácnidos, batracios, crustáceos, insectos, las aves, mamíferos, miriápodos, moluscos y peces emigraron, desaparecieron o se adaptaron a la nueva realidad. Poco a poco, como avanzaba la frontera agrícola se constreñía el territorio, donde pasaban sus días el venado cola blanca, la codorniz, el gato montés, el conejo, la liebre, la ardilla, el armadillo, la iguana, el jabalí, el tigrillo, la onza, el co-yote, el jaguar, el puma, la paloma, el gavilán, la zorra, el pato, el perico, los correcaminos, el tlacuache, las urracas y los senzontles o sinsontles, en-tre muchos otros. La cadena alimenticia se rompía en muchas partes, por ejemplo al desaparecer los pastizales los conejos emigraban a los lomeríos del oriente del valle, a lugares medianamente altos pero resecos, en busca de alimento, hasta allá tenía que trasladarse el coyote persiguiendo su comida; además, este último era acosado por los habitantes de las po-blaciones que aparecían por la colonización, lo atacaban para que no se comiera las aves de corral que utilizaban para alimentarse.

También fueron afectados la víbora de cascabel, el escorpión, el cai-mán, los sapos y las ranas. Estas últimas eran una abundante fuente de alimento para la población de las rancherías, incluida la capital del Estado cuya sociedad se conformaba, en gran medida, por hombres de campo que todavía continúan emigrando hacia ella. Las ranas dejaron de croar al perder sus hábitats, pero lo que más les afectó fueron los desechos de insecticidas y fertilizantes que eran arrojados al río, lagunas o arroyos por los empresarios agrícolas modernos.

Como consecuencia de la tala, la quema y la limpieza de la tierra se perdieron antiguos hábitos de supervivencia y la gente aprendió a comer

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 273

al estilo citadino. Dice un maestro en un trabajo que realizó hace algunos años para el taller de redacción que dirige:

“Allá en el rancho, El Aguaje, vivíamos más a gusto que aquí en Culiacán. Te-níamos tranquilidad, trabajo y comida. […], recuerdo que comíamos mejor y con menores preocupaciones para conseguir la comida. Comíamos, práctica-mente, de todo: gallinas, palomas, liebres, pescados, conejos, cauques, leche, requesón, quesos, asaderas, cuajadas, […] Y todo era natural y gratis […].[Mi papá] También nos llevaba al monte a matar palomas y liebres o tochis con un rifle calibre 22, liviano y certero en manos de mi hermano. Pero era una jornada completa, pues la caza llevaba aparejada la pesca, […]. Todo eso era una aventura fascinante; fortalecía los músculos, avivaba el cerebro y nos hacía sentirnos satisfechos con la comida que nos alimentábamos, pues la conseguíamos a pulso y con ingenioso y alegre esfuerzo. Ahora, en la ciudad, con todo eso empaquetado y congelado, como que no sabe igual de sabroso ni creo que sea igual de nutritivo, porque la comida conseguida allá en El Aguaje, nutría el cuerpo y la entereza de sentirnos vivos, creativos, producti-vos y parte integral de la naturaleza en la que vivíamos.” 33

Esta cita es un recuerdo de la vida que se desarrollaba en las ranche-rías de la zona agrícola, en este caso El Aguaje, una población pequeña que se encuentra en el Valle de Pericos, en la zona norte del distrito 10, esa que después de 1964 recibió el beneficio del agua. La población del pueblo vio cómo a principios de los sesenta del siglo pasado, se perdió el paisaje autóctono del entorno y apareció el canal Principal del Humaya y un canal lateral por cada lado del rancho, como se le llama a los pue-blos en Sinaloa. En ese momento todo era alegría y fiesta porque había llegado el agua para la tierra que poseían y que sólo sembraban en tiem-po de lluvia, siempre con el Jesús en la boca por la sequía o porque se retardaban las aguas, pero ya no, la presa Del Varejonal y la canalización brindaban la seguridad esperada desde que el gobierno cardenista les entregó sus tierras. Pero, como hemos dicho, jamás pensaron que mucho del alimento, medicinas y materiales de construcción que les brindaba el chaparral desaparecería frente a ellos sin pensarlo, después de eso tenían que viajar kilómetros para conseguir lo que antes tenían a la mano y a su antojo. Por ello, decimos que una consecuencia negativa de la irrigación para los pobladores beneficiados con ella, fue la destrucción de la biótica autóctona del valle central de Culiacán.

33 Frías, 2001, 53-54.

274 Eduardo Frías Sarmiento

Aumento del potencial comercial de los empresarios agrícolas

Gracias a las ventajas comparativas que existían en la entidad tanto empresarios como el gobierno mismo se preocuparon por convertirla en una amplia zona agrícola, donde destacaría la siembra de productos para mercados alejados de las áreas cultivadas. Al contar el distrito número 10 con cuatro afluentes naturales capaces de abastecer de agua a una su-perficie aproximada de trescientas mil ha de óptima calidad, el potencial mercantil era incalculable. Al respecto debemos agregar que las tierras de aluvión y suelos castaños que existen en los principales campos agrícolas jugaron un papel determinante en el aumento de la producción; si bien no cuentan con los nutrientes de las tierras negras que existen en otros estados del Bajío o los altos de la Sierra Madre Occidental, podían alcan-zar niveles óptimos al recibir la materia orgánica que arrastraban los ríos al descender de la misma serranía; sin embargo, fue la aplicación de ferti-lizantes elaborados por la compañías trasnacionales las que convirtieron estos terrenos en la envidia de cualquier agricultor.34

Algo representativo de la entidad fue que entre 1950-1970 el Esta-do se convirtió en una región moderna, agroexportadora, que “producía materias primas para la industria, alimentos para la nueva población”, generadora de productos exportables que aportaban las divisas nece-sarias para financiar las crecientes importaciones que exigía el proceso industrial.35 Parte de este éxito le correspondía a los valles del distrito analizado pues en esos momentos, junto con el valle Fuerte, al norte de la entidad, eran los principales productores de hortalizas, caña de azúcar y garbanzos, que se destinaban a las plazas de Estados Unidos y Europa. Desde los cuarenta y hasta los sesenta, varios acontecimientos propiciaron la consolidación de la zona: la II Guerra Mundial, la guerra de Corea, así como el bloqueo económico de Estados Unidos a la isla caribeña de Cuba. De no contar con la amplia infraestructura hidráulica desarrollada hasta el momento no hubiera sido posible abastecer la demanda.

El gran dinamismo manifestado en el sector agrícola entre 1948 y 1966 favoreció el crecimiento económico de Sinaloa, siendo la región Centro–norte del Estado la que mayores aportes generó a raíz de la con-centración de la obras de irrigación y a que también concentraba la ma-yor parte de la población. Pero con la red hidráulica establecida vinieron otros servicios de suma importancia para este crecimiento, es decir, se im-

34 En esta parte, es pertinente señalar que un grave problema que se generó con la creación de las grandes presas de almacenamiento fue precisamente que al almacenar el agua de los ríos, la que se liberaba hacia los campos de cultivo carecía del humus, el limo o nutrien-tes orgánicos, como se le quiera llamar, que se dispersaba antiguamente en los valles con las avenidas, formando las llamadas tierras de aluvión. 35 Ibarra, 2003, 122.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 275

pulsó por parte de las autoridades una amplia construcción y mejoría de caminos y carreteras en torno a los centros agrícolas, para dar una salida más rápida a los productos obtenidos en los campos.36

Otro investigador señala que gracias al aumento de la infraestruc-tura hidráulica, de la que tanto hemos hablado, entre 1940 y 1950 “hubo un aumento del 224% de las tierras laborables, de las cuales las de riego tuvieron un alza significativa de 840%; en cambio, en las tierras de hu-medad y de temporal el aumento fue menor, de 178% y 155%, respecti-vamente.37

La mejoría de las tierras con la utilización del agua domesticada y encauzada racionalmente se convirtió en un problema para los agriculto-res en las primeras etapas de la nueva agricultura, intensiva y moderna, que constantemente descubrían con la demanda externa. Primero debie-ron aprender que el mercado externo es impredecible, que sus vaivenes en ocasiones les traerían problemas financieros que los llevarían a la quie-bra si no estaban preparados adecuadamente. La avaricia, ya de por sí desmedida en su naturaleza, hacía que produjeran en demasía productos que saturaban los mercados. Si bien la tierra irrigada les brindaba esa posibilidad, debían planear con sumo cuidado las siembras de cada año, tal como sucedió. Así no tendrían pérdidas mayúsculas al constreñirse el mercado. Una importante consecuencia del crecimiento hidráulico en el valle fue que se amplió el abanico de productos cultivados. Después de ello crecieron significativamente las siembras de tomate, melón, sandía, chile verde y campana, berenjena, tomate verde y cherry, cebolla, papa, arroz, garbanzo y los tradicionales, maíz y frijol. Esto favorecía la conti-nuidad del sector agrícola como un pilar de la economía sinaloense. Al no basar su fortaleza en un solo producto había certidumbre sobre el destino del sector.

Por último, un problema técnico y económico que se presentó con la nueva fisonomía hidráulica fue el inadecuado uso del agua. En un prin-cipio, la constante presión de los agricultores para aumentar las áreas de cultivo, generaba otra para que se les autorizara la utilización de las aguas almacenadas en las presas. Éstos, si bien recibían asesoría por parte de la SRH y de agrónomos contratados por ellos mismos, sobre los adecua-dos usos del vital líquido para sus cultivos, continuaban desparramando agua en demasía, que se “perdía” en el subsuelo, pues a la usanza tradi-cional aplicaban láminas superiores de agua. Esto era una reminiscencia del antiguo sistema de riego donde solo se contaba con la humedad pro-porcionada por las avenidas o por el agua de lluvia. Buscaban con ello una mayor penetración del agua como si fuera el único riego que iban a dar,

36 Frías, 2008, 124-133, y Aguilar, 2001, 196. 37 Román, 2009, 132.

276 Eduardo Frías Sarmiento

aunque sabían ya que gracias al almacenamiento y canalización tendrían lo necesario para terminar y levantar la cosecha.38 Al respecto citaremos las razones de un experto en el ramo que señala las consecuencias de no usar la humedad requerida:

“Cuando el agricultor después de una larga experiencia sobre las consecuen-cias y efectos de las sequías debidas a falta e irregularidad de las lluvias, pue-de disponer de agua de riego en más o menos abundancia, siempre trata de derivar a sus tierras la mayor cantidad de agua que le es posible con la falsa creencia de que la puede almacenar en el suelo en previsión de una futura carestía. Por otra parte, el agricultor piensa siempre también erróneamente, que entre mayor cantidad de agua ponga a sus cultivos mayor productividad obtendrá de sus tierras.El exceso de agua de riego aplicada a las tierras en esta forma, produce as-censos y descensos periódicos de las aguas freáticas correspondientes a los periodos de riego y de receso. Este proceso permite que las sales solubles contenidas en todo el espesor del suelo (cloruros y sulfatos de sodio princi-palmente) invadidos por las aguas freáticas, entren en solución y sean condu-cidas por estas aguas hacia arriba en donde por la evaporación de las mismas, dichas sales se van concentrando.” 39

Como bien dice Enrique Espinosa, el problema de utilizar demasiada agua en cada riego es que la tierra acumula gran cantidad de sales, vul-garmente conocidas en la región como salitre, volviéndose paulatinamen-te estéril para la agricultura, es decir al no eliminar los cloruros y sulfatos se pierde la superficie agrícola que se había ganado con la deforestación, hecho que comenzó a ocurrir en el poniente del distrito 10, en las zonas bajas del valle, donde el manto freático está a flor de suelo.

Sin embargo, para finalizar hay que agregar lo siguiente: fuera de esta y otras acciones, generadas por la incertidumbre e inexperiencia de muchos agricultores, el agua domesticada y encauzada racionalmente for-taleció la economía de propios y extraños. Unos porque lograron aumen-tar la producción, mejorar y diversificar su economía, así como ampliar el radio de comercialización. Otros, las grandes empresas internacionales dedicadas a la comercialización de materias primas del sector agrícola, recibieron una fuente inagotable de ganancias por las bajas inversiones que debían hacer al comprar y comercializarlas luego en el extranjero; los últimos, la sociedad en general, porque contaron con una amplia gama de productos para consumir; porque encontraron trabajo en los campos

38 Además, algo inevitable en terrenos de clima semi-desértico es que al ser cultivados intensivamente durante mucho tiempo y no restituirse su material orgánico arrebatado en cada ciclo agrícola, corren el riesgo de volverse de nuevo poco fértiles. 39 Espinosa, 1962, 46-47.

El impacto de las obras hidráulicas en el valle de la zona centro de Sinaloa 277

agrícolas, que pagaban poco pero era una fuente de empleo seguro por seis meses.

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 279-298

El viaje del agua: imágenes y representaciones

en el libro escolar mexicano, francés y español

Lucía Martínez MoctezumaUniversidad Autónoma del Estado de Morelos

[email protected]

Las representaciones sobre el agua son la preocupación principal de este trabajo.1 Desde el período ilustrado comienza a surgir la asociación del agua y lo higiénico; con la adopción del positivismo como ideología se extiende la idea de que la sociedad se asemeja al cuerpo humano y por tanto es posible aplicarle los conceptos de salud y enfermedad.2 En las ciudades, las opiniones de los médicos advierten sobre la responsabilidad de las aguas como causantes de enfermedades y las ideas innovadoras de Koch y Pasteur en 1884 circulan rápidamente por el mundo difundiendo la idea de que el cólera sigue el curso de los ríos hasta llegar a las po-blaciones con el agua potable.3 Estas ideas no se quedan en el dominio médico, también se discuten en la escuela donde los nuevos saberes y sus modos de difusión social, constituyen lo que Jean-Pierre Goubert ha lla-mado la conquista del agua.4

En este trabajo me propongo analizar las representaciones sobre el agua que se difundieron a través de los libros de texto que circularon en países como Francia, España y México, en respuesta a las discusiones plan-teadas durante los congresos higiénicos y pedagógicos de finales del siglo XIX. Propuestas que buscaron moldear las costumbres y los hábitos de los alumnos hacia la vida urbana, el progreso y la civilización; frente a la ima-gen de la debilidad física y moral causada por las enfermedades, los vicios y la pobreza, educadores y pedagogos apostaron por la transformación

1 “No hay representación sin grupo ni grupo sin representación”, Boureau, 1995, 127. 2 Tortolero, 2000, 51-64. 3 Robert Koch realizó parte de sus investigaciones sobre la naturaleza del agente causal bacteriano del cólera —un bacilo en forma de coma— en Alejandría y en tanques de agua de Calcuta en 1884. Koch sostuvo que la enfermedad era causada por una bacteria acuáti-ca del género vibrio que entraba al intestino humano cuando alguien tragaba agua que con-tenía material fecal humana infectada (Sheldon, 2000, 230). 4 Goubert, 1986, 145.

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de la escuela, intensificando su labor a través de la representación textual e iconográfica de la producción editorial infantil.

LA MATERIALIDAD DE LOS TEXTOS

Los profesores y especialistas que participaron en los congresos hi-giénicos y pedagógicos de finales del siglo XIX acordaron normar el es-pacio y la vida escolar de los alumnos para ofrecerles una escuela sana y limpia que impartiera saberes útiles y juiciosos orientados hacia la ciencia y el progreso; un espacio ideal para preservar y fortificar la salud de los futuros ciudadanos. En este marco, se discutieron las condiciones que de-bían reunir las construcciones y el mobiliario escolar pensando en la es-tructura física y las necesidades de los niños. Una vez definido el espacio tocaba modificar las actitudes y los hábitos de los alumnos con el apren-dizaje de nuevos saberes como la higiene, que serviría como eje para mostrar los medios de conservar y mejorar la salud, evitar enfermedades y dar a conocer una serie de principios de moral y reglas de civilidad, para el desempeño de las funciones individuales y sociales.5 La niñez fue con-siderada una etapa vulnerable a la que había que enseñarle una serie de preceptos higiénicos para enfrentar el aire húmedo y viciado en el que se propagaban enfermedades como la tuberculosis, agravada por la falta de ejercicio físico.

Estos saberes se introdujeron en el currículo escolar como había propuesto Paul Bert, fisiólogo y consejero de los proyectos de instrucción pública de Francia, quien en 1882 hizo de la higiene una materia obliga-toria.6 Sus ideas circularon ampliamente en el mundo hispánico y fueron discutidas en la sección de Educación de la Exposición Universal de París —1889— y se extendieron hasta los Congresos de Instrucción Pública en México —1889 y 1890—.7 En estas reuniones se plantearon una serie de criterios que apuntaban a la elaboración de los libros de texto: la calidad del papel, el uso de imágenes y grabados, su empleo en el salón de clases, la compra de libros extranjeros, la elaboración de guías metodológicas como complemento de los textos y la reforma de los planes y los progra-mas de estudio. En cuanto al uso de los textos en México, se tomaron en cuenta las características físicas e intelectuales del escolar. Para el primer

5 G. Fustier, “Supplément au dictionnaire de la langue verte d´A.Delveau”, 1887, 507, citado en Goubert, 1986, 145. 6 Las obras de Paul Bert tuvieron amplia difusión en América Latina. En México fuer-on editadas por el periódico El Universal y por la editorial francesa Armand Colin. En 1904 iban por la 10ª edición. También se ofrecían como regalo para los suscriptores de la revista pedagógica La Enseñanza Moderna. 7 Martínez, 2001, 390.

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y segundo año de la escuela primaria elemental se sugería el uso de dos textos de lectura: uno para aprender la técnica y otro para ejercitarla. En el tercer año, además de los de lectura se llevaban los de geografía, y en el cuarto año, era indispensable, un texto por cada disciplina del currículo escolar: lectura, instrucción cívica, lengua nacional, nociones fí-sicas y naturales, aritmética, geometría, geografía e historia. En los textos destinados a la enseñanza científica se empleaba el lenguaje propio de la materia y para el caso de los de historia, moral e instrucción cívica, el uso de la forma puramente literaria para “despertar sentimientos y mover voluntades”.8

Una vez definido el programa quedaba la elaboración de los textos por quienes resultaban ser los más capaces en estas tareas:

“la pedagogía en el País apenas da sus primeros pasos…la mayor parte de las personas que se han dedicado a estos estudios, han tenido necesidad de edu-carse en textos extranjeros y solamente por ellos hemos podido conocer… sobre educación... estos libros, generalmente escritos en idiomas extraños, no están al alcance de los maestros de los últimos lugares, no sería fácil para ellos tener dinero para comprarlos, ni para otros hacer la traducción, por no conocer el idioma”.9

Fue así que profesores e inspectores se dieron a la tarea de escribir, traducir y adaptar una serie de libros destinados a la escuela editando en algunos casos sus notas de clase, pero también, motivados por las casas editoriales nacionales y extranjeras, escribieron sobre temas que resulta-ron novedosos y rentables. Siguiendo el procedimiento intuitivo, las no-ciones higiénicas aparecieron en los libros de lectura pero también en los de geografía, moral y ciencias físicas y naturales.10 Los textos se adaptaron al ritmo escolar y se modernizaron en su presentación al incluir un buen número de imágenes que resultaron ser el complemento de una buena escritura.11

8 Memoria del 2º Congreso de Instrucción Pública, 1890, 142. 9 Ibidem, 251. 10 Este método, llamado intuitivo o de Pestalozzi, fue desarrollado por el pedagogo suizo en su tratado Cómo Gertrudis enseña a sus hijos, donde inspirado en el pensamiento de filósofos y pedagogos como Bacon, Locke, Hume, Rousseau, Rabelais, Comenius y Froebel, señalaba la importancia del desenvolvimiento gradual de las facultades intelectuales de los niños a través de la observación y el análisis de los objetos que le rodeaban. Un método que consistía en la valoración de la intuición como fundamento de todo el conocimiento, donde la adquisición de conocimientos exigía de los sentidos y la observación. 11 Durante el siglo XIX la producción extranjera dominó el mercado: los textos frances-es —se editaron en la Viuda de Bouret, Hachette, Garnier Hnos., Belin, Nathan—, los españoles —Calleja— y los norteamericanos —Appleton, Spanish American Educational, Silver, Burdett y Cía—.

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El dominio del mercado editorial francés resultó evidente en el últi-mo tercio del siglo XIX. Entre 1875 y 1895, más de setecientos manuales escolares fueron editados, en promedio, en Francia y difundidos por todo el mundo. España y México no sólo van a adaptar los contenidos de estos textos para uso de sus escuelas sino que, como otros países, van a discutir y adoptar los preceptos de la escuela francesa, laica y obligatoria.12

A pesar de que no existen datos estadísticos ni trabajos monográfi-cos sobre las casas editoriales que nos permitan confirmar esta influencia francesa en la producción escolar mexicana y española, las afirmaciones de Jean François Botrel para el caso de Francia pueden servir para mos-trar cómo se estableció una relación triangular entre Francia, España y las repúblicas hispanoamericanas que, a grandes rasgos, se resume en los si-guientes tres puntos: en 1909, el mercado francófilo o francófono, resultó muy atractivo pues se contabilizaba la existencia de unos setenta millo-nes de hispanohablantes; España como antigua potencia colonial —1822-1898— encontraba en el modelo francés un ejemplo a seguir que difundía a través de sus traducciones y adaptaciones de textos a otras naciones y después del logro de su independencia, las 18 repúblicas hispanoameri-canas estaban a la búsqueda de elementos de construcción nacional, que encontraron en los manuales escolares franceses.13

Para 1913 Botrel ha registrado 13 editoriales extranjeras concentra-das en el mercado de habla hispana: 6 casas editoriales francesas, 2 ale-manas, 2 inglesas, 1 italiana y 2 norteamericanas.14 Textos que convivieron con la producción nacional hasta finales del siglo XIX y que se limitó en 1921 cuando la recién creada Secretaría de Educación Pública impuso una temática propia orientada hacia el medio rural.

Efectivamente, la importación extranjera estimuló la traducción y la adaptación de los textos pero puso también en juego, una serie de estrategias comerciales que tuvieron repercusiones sobre los contenidos porque el éxito en la producción editorial no significó que los empresarios

12 México, como otros países de Hispanoamérica, había adoptado como modelo de desarrollo el francés, fundado en una nación moderna, cosmopolita y urbana, que consideraba a la nación como una construcción homogénea y occidentalizada, orientada hacia el mercado internacional, reglamentada y organizada científicamente (Tortolero, 2002). 13 Francia exportaba a España tres veces más de sus importaciones entre 1860 y 1900 —dos terceras partes de éstos en castellano— , y de siete a diez veces más entre 1900 y 1920 —entre 56 y 60% en castellano—, destinados quizá a la reexportación. Botrel, 2001, 218. 14 Botrel, 2001, 200, y Martínez, 2004, 135.

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de las casas editoriales tuvieran un conocimiento profundo de la realidad a la que iban dirigidas sus obras.15

EL AGUA, UN RECURSO NATURAL EN EL LIBRO DE TEXTO

Las nociones higiénicas aparecieron, como acabamos de ver, en los libros de lectura, geografía, ciencias físicas y naturales, entre otros, y des-cribían las riquezas naturales del país. De manera general, los libros de lectura subrayaban el deleite frente al aire fresco y la sensación de tran-quilidad. Un día de paseo por el campo llevaba a contemplar el espectá-culo que ofrecía la naturaleza compuesta “...del conjunto, orden y vida de todos los seres del Universo...”16

En los libros de geografía se mostraba sobre todo la riqueza natural del país. Motivo de orgullo eran los ríos que “fecundaban” los campos, los lagos y lagunas esparcidas en diversas regiones del país, la diversidad de climas, las producciones minerales y la vegetación, “tan rica, variada y exuberante como la de muy pocas regiones del Globo”. Una región de la que se podía estar orgulloso “por su riqueza y civilización”, y aunque el autor no explica sus criterios de clasificación lo situaba como “merecedor del segundo del continente americano”, gracias a sus sabios y políticos ilustres de “reputación universal” así como sus obras públicas y ferrocarri-les “que darán gran impulso a la riqueza y prosperidad del país”.17

“Las lecciones de cosas” atendían particularmente al estudio de la naturaleza, que permitía a los niños acercarse de manera gradual al conocimiento de los animales y las utilidades que prestaban al hombre; aprender a cultivar y a conocer el aprovechamiento de las plantas como alimento y como recurso estético. También se abordaba el funcionamien-to del organismo, su importancia y la manera de conservarlo sano. El obje-tivo principal era finalmente modificar las viejas costumbres para adquirir buenos hábitos de aseo personal, reconocer el valor del ejercicio para ad-quirir fuerza y vigor, y el cuidado “...esmerado de nuestros sentimientos, por los cuales llegamos al conocimiento de la naturaleza”.18

15 Los libros escolares constituyen la condensación en un objeto de numerosos intere-ses, intenciones, intervenciones y regulaciones. Es el producto en el que intervienen un autor, un editor, un diseñador, un distribuidor, un maestro, el conjunto de las autoridades educati-vas, etc. y constituye un fenómeno pedagógico pero también cultural, político, administrativo, técnico y económico. En los países latinoamericanos, su evolución y sus características están asociadas a las transformaciones sociopolíticas y técnicas, pero también a la extensión de la alfabetización, a las concepciones pedagógicas y al desarrollo del sistema educativo de cada nación (Ossenbach y Somoza, 2001, 5). 16 Parravicini, s/f, 89. 17 Yeves, 1913, 35 y Parravicini, s/f, 76. 18 Velasco, 1919, 179-180.

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En general, el objetivo primordial de estos libros era “mover sen-timientos” para que los lectores encontraran la oportunidad de cultivar alguna planta, se dedicaran a la cría de algún animal o llevaran a la prác-tica los “someros consejos” que conservaban en buen funcionamiento al hombre.19 Además del interés por la lectura se enseñaba a los niños cosas útiles sobre todo para aquellos alumnos que abandonarían pronto la es-cuela. Hay que recordar que la queja más frecuente a finales del siglo XIX fue la inasistencia escolar, a pesar de las multas que fueron impuestas a los padres que no cumplían con su obligación.20

Para los autores era importante que los alumnos practicaran lo que habían leído pero más importante aún era que lo hicieran practicar a sus hermanos, y sobre todo en el caso de las niñas quienes debían enseñar es-tas nociones “...más tarde [a] todos los que de vosotros dependan”. Había en esta actitud una crítica a la resistencia que tenían “los que forman la clase última de la sociedad” pues sus descuidos iban en contra de la esti-mación y consideración de los extranjeros que la visitaban pues ponían en “peligro a nuestra Patria”.21

La búsqueda del bienestar higiénico del educando confrontó a la ciudad con el campo. En las lecciones se representaba al campo como el lugar ideal donde podían hacerse marchas y ejercicios al aire libre, donde se respiraba mejor, en lugares bien aireados.22 Si no era posible acceder a estos espacios para respirar aire puro, era necesario, “...abrir de par en par las puertas y balcones, retirándose de los sitios donde se perciba mal olor...”.23 El campo era el lugar ideal no sólo por los beneficios que repre-sentaba a la salud física de los niños sino porque la actividad que ahí se desarrollaba representaba una “...profesión útil y honorable…”24

En el aprendizaje de estas nociones higiénicas, el agua ocupó un lugar importante. Muchos autores señalaron su valor como elemento na-tural, “ese fluido tan precioso...sin el cual no se podría vivir...”. Su utilidad no se reducía únicamente a ser la bebida más sana, la principal del hom-bre porque servía para “infinidad de cosas”.25

El agua jugó un papel importante en la enseñanza de hábitos como el aseo de los dientes y el baño, que representaba para los niños una transformación pues con el aseo personal, “...nos sentimos más ligeros,

19 Velasco, 1921, 211. 20 Trigo, 1895, 67. 21 Rodríguez, 1906, 162. 22 Velasco, 1919, 61; Velasco, 1921, 210 y León, 1897, 40. 23 León, 1897, 41 24 Núñez, 1913, 35. 25 Trigo, 1895, 43; Garrigues y Boutet de Monvel, 1903, 458-472.

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más listos...”.26 Ser pobre no era sinónimo de suciedad y abandono. Los protagonistas de la aventura de G. Bruno reconocían que el agua no falta-ba en Francia, por tanto no había excusa para estar sucios y mal presenta-dos como unos vagabundos, aprovechar el agua del riachuelo para lavar sus caras y manos les daría un aspecto saludable, hasta obtener “un aire educado y razonable” para poder solicitar un trabajo.27

También se subrayaba la importancia de la temperatura del agua en la higiene personal: el uso de “agua fresca” para la cabeza, el “agua fría” para la cara, las orejas, la nariz y el ángulo de los ojos, el agua clara para el enjuague de la boca y sobre todo el uso de agua tibia y el “jabón de castilla” —sano y relativamente barato— para el baño, ya que era consi-derado como refrescante. Por el contrario, los baños de agua fría estaban reservados para combatir la anemia y el estado nervioso de las personas. El baño era “absolutamente indispensable” para despojar al cuerpo de las impurezas y suciedades que se depositaban en la piel. Era conveniente tomar de dos a tres baños por semana pero si no era posible “...cuando menos una vez por semana —y—... tres horas después de haber tomado alimento…”. Para conservar una buena salud era necesario entonces la realización de ejercicios, una alimentación sana y nutritiva, pero sobre todo el cumplimiento de estas reglas de higiene.28

En los libros, las imágenes y los textos mostraban que una persona limpia y aseada era objeto de aprecio y consideración, como lo muestra una lectura francesa que introdujo un tema original: el bajo costo del agua frente a sus beneficios. La lección señalaba cómo uno de los prota-gonistas de la historia se muestra como un mendigo frente a sus amigos argumentando la cantidad de tiempo que hay que invertir en el aseo dia-rio. En el momento en el que una lavandera solicita ayuda para entre-gar el servicio de ropa limpia, el niño es excluido por su apariencia pero también del “placer y la ganancia” de recibir unas monedas a cambio del servicio. Finalmente, la moraleja de la lección es por demás explícita: “La propreté rend les enfants attrayants et agréables à tout le monde”, sobre todo porque el agua no resultaba cara frente a los beneficios que otorga.29

En los libros escritos para niñas se subrayó el uso del agua en la lim-pieza del hogar. Con la “práctica del trapeado” se evitaba la circulación de gérmenes que “producían enfermedades”. Era necesario lavar dos o tres veces el lienzo dentro del agua limpia, en una cubeta grande y no dejar de moverlo hasta lograr dejar en el agua todo el polvo y los gérme-

26 Garrigues y Boutet de Monvel, 1903, 478. 27 Bruno, 1877, 26. 28 León, 1897, 41-42; Rodríguez, 1906, 162. 29 Pierre, Minet y Martin, 1903, 126-128.

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nes que era necesario recoger con el lienzo mojado, así se evitaba que al barrer se pusieran en movimiento los microbios, entraran en los pulmones y produjeran enfermedades como la tifoidea y la tuberculosis.30

El origen del agua también ocupó a los autores. “... ¿Quién habrá hecho el agua?”, ...el que brota de los manantiales, corría por el arroyo y que después formaba el río, el mar extenso y profundo, preguntaba a los niños el autor: Dios era el creador de todas estas maravillas pues era quien las había creado de la nada, quien las conservaba, quien las dirigía y quien las gobernaba pues antes de que El crease al mundo nada existía.31

El agua también sirvió para dar clases de moral. Una de estas lec-ciones daba cuenta de la reacción de tres viajeros frente a una fuente de agua fresca que había construido un obrero generoso. El manantial brotaba al borde del camino, se hallaba rodeado de varias piedras y en una de ellas se hallaba grabada una inscripción: “procura ser como esta fuente”. Después de discutir sobre su significado, cada uno de los viajeros expuso su opinión. Para el comerciante el mensaje era: “sé activo, no te detengas nunca y llegarás a la prosperidad”. Para el más anciano: “haz el bien por amor de Dios y no busques, al hacerlo, otra recompensa que ese mismo amor”, y para el tercer viajero, un joven adolescente, el valor estribaba en su limpidez: “…conservemos nuestra alma limpia y pura”, un mensaje que orientaba la conducta de los lectores jóvenes hacia el bien y la virtud.32

El agua se describía como un cuerpo líquido a la temperatura ordi-naria, compuesto de oxígeno e hidrógeno y con la cualidad de ser buena cuando no tenía olor ni sabor, donde se podían cocer las legumbres y se disolvía con facilidad el jabón. Un fluido transparente, de un ligero color azul en pequeñas cantidades y muy azul cuando tenía la profundidad de los lagos de Suiza y de otros depósitos naturales donde se recogía el agua de las nieves.33 Cuando se trataba del mar el color reflejaba el espíritu de cada país: el mediterráneo era azul, el de China y Japón amarillo y el de California rosa o bermellón. Si bien el color se asociaba a la población, había una razón científica que lo explicaba pues la arena, las rocas, las algas y las plantas marinas eran quienes coloreaban el mar como una cola de pavo real.34

En las primeras décadas del siglo XX, una estrategia didáctica llevó a los alumnos a participar activamente de las actividades. Una serie de

30 Parravicini, 88; Rodríguez, 1906, 45 y Santa María, 1907, 71-73 31 Núñez, 1913, 34. 32 Esta lección se repetirá en los textos de los años sesenta y por primera vez se dará crédito a Tolstoi como su autor. García, 1958, 43-44; Menéndez, 1913, 71. 33 León, 1921, 107. 34 Bruno, 1877, 222.

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textos orientados a la enseñanza de las Lecciones de Cosas subrayan las cualidades del agua como elemento líquido a partir de una serie de ejer-cicios que se orientaban hacia la observación y la experimentación.35

Dos temas que fueron recurrentes en los textos franceses y mexica-nos fue el del agua como una bebida saludable y, en exceso, como justifi-cación para la desecación.

LOS BENEFICIOS DEL AGUA FRENTE A OTRAS BEBIDAS

Una constante en los libros escolares fue el tema del agua como la bebida ideal para conservar la salud porque purificaba la sangre y facilita-ba la función de los intestinos y los nervios. En los textos se aprendía sobre la disposición de los órganos y su funcionamiento durante la digestión y el reposo, pero también frente al consumo de bebidas que eran peligrosas para la salud del mexicano: al alcohol y el pulque, cuyo consumo desme-surado provocaba el “feo vicio de la embriaguez”, que hacía perder el bienestar, la honra, la vergüenza, la estimación de los conciudadanos y el aprecio de la familia. Una representación de los efectos que el alco-hol producía en el cuerpo, casi siempre del indígena o del campesino, llevó a los ilustradores de los textos a imaginar el castigo que merecían estos excesos y a mostrar la descomposición de órganos como el hígado, el corazón y el estómago en el cuerpo humano. Una representación que podemos leer sin atender al texto:36

En la versión francesa de este texto, su autor G. Bruno matiza los efectos del alcohol al reconocer, a través de sus personajes, que si bien vivían en una de las más grandes regiones vinícolas, todos habían adop-tado la buena costumbre de preferir el agua en lugar del vino a la hora de la comida. Excepcionalmente, el vino podía mezclarse con el agua y el resultado era una bebida tan ligera que no “subía” a la cabeza. La deci-sión de hacerlo era una cuestión de voluntad que redituaba en la salud y sobre todo en la economía. Pura o mezclada con un poco de vino o sidra, el autor afirmaba que el agua era la bebida principal de los franceses. Servida por las mañanas era usada en la preparación del té, la infusión o el café. En una casa, el agua servía en la cocina para cocer los alimentos, lavar los trastes, bañarse, lavar la ropa y trapear la casa; era necesario contar de 25 a 100 litros por persona porque “…la abundancia de agua era una condición para el bienestar, para la limpieza y la salud”. Pero este raudal no estaba reservado más que para la ciudad, en el medio rural era

35 Pastoriaux et Le Brun, 1935, 26-27. 36 Trigo, 1895, 15-17; Trigo, 1896, 115-118; Gómez, 1908, 54, Tapia, 1913, 108-111, 270-272.

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útil la mano del hombre y la tecnología: hacer excavaciones profundas para hacerla subir con ayuda de bombas y la construcción de cisternas.37

Así, la abundancia del agua aseguraba el bienestar de los pueblos; au-mentaba su consumo entre la población y mejoraba las comodidades de la vida. El agua no era suficiente más que cuando sobraba y una ciudad estaría bien servida a este respecto cuando los habitantes pudieran hacer uso del agua que necesitaban hasta malgastarla.38 Esta idea estuvo en el centro de la justificación para desecar una de las zonas más ricas de México.

LA DESECACIÓN DEL VALLE DE MÉXICO

Como hemos visto, el agua era considerada un líquido de primera necesidad en la alimentación pero también en la higiene de los pueblos. Brotaba en los manantiales de la Villa de Guadalupe, Chapultepec, Desierto de los Leones, Tlalpan y Xochimilco y era conducida por grandes tuberías al corazón del Distrito Federal. Su uso en el aseo de las vías públicas, parques, monumentos, relojes y alumbrado público mejoraba las condiciones de sa-lubridad y satisfacía las necesidades locales del Municipio que regaba todas las mañanas para evitar que las inmundicias, al entrar en descomposición, viciaran el aire y propagaran gérmenes nocivos que transmitían el tifus y la tuberculosis.

El agua que no era cristalina se consideró como un problema de higie-ne pública que exigía cegar los pantanos. Una idea que estuvo en el centro de las justificaciones para desecar el Lago de Chalco, a pesar de que las lec-ciones de los textos lo describían como parte del Valle de México: un paisaje único en el mundo donde el ojo del europeo no podía apreciar ni las distan-cias ni la magnitud de “los múltiples y variados accidentes de este magnífico panorama”.39

Como hemos visto, en los libros de geografía se presentaba sobre todo la riqueza natural de México, que permitía calificarlo como “un hermoso país por su riqueza y civilización, la que causaba” sorpresa en los extranjeros que la visitaban, pues aunque se mostraban diferencias, era tal la riqueza con la que se contaba que se podía sacar provecho de ellas. En la zona del

37 Bruno, 1877, 316, Pastoriaux et Le Brun, 1935, 29. 38 León, 1921, 109. 39 “…las clases sociales inferiores, le conceden muy poca o ninguna importancia a la purificación del agua; al grado de que son muy pocos [los] hogares en los que puede encon-trarse un filtro, más o menos apropiado…lo mismo que son rarísimas las personas que recurren a alguno de los procedimientos químicos que tienen el mismo objeto…nuestros gobiernos han emprendido obras monumentales…ni es posible que resulten eficaces, si la iniciativa individual no colabora… el número de defunciones de la ciudad de México por enfermedades del aparato digestivo, puede calcularse en cinco o seis mil por año…”. La Escuela Mexicana, 1910, 9-11; Gar-rigues y Boutet, 1903, 158 y 172; Gómez, 1918, 181.

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este y norte, los terrenos eran salitrosos y estériles en consecuencia, pero se explotaba el tequesquite, la sal y las aguas termales, como en los baños del Peñón y de Aragón. En la parte de oeste y sur, existían terrenos fértiles en donde se cultivaban cereales como el maíz, el trigo —en pequeña canti-dad—, la cebada y toda clase de legumbres. La floricultura y la horticultura habían alcanzado un gran desarrollo en lugares como Mixcoac y San Ángel, Santa Anita y Xochimilco, conectados por multitud de canales que regaban y fertilizaban, enviando diariamente a la ciudad por el Canal de Navegación, en sus largas trajineras, flores de estación, toda clase de hortalizas y en la época de cosecha, calabazas, elotes, ejotes, etc. Otra fuente de riqueza fue la caza del pato, la pesca de la carpa que era muy abundante, lo mismo que el “huachinanguito”, el juil, la rana, el ajolote, el chichicuilote, el pescado blanco, que escaseaba un poco porque la carpa lo devoraba siendo el princi-pal comercio de los habitantes de los pequeños pueblecillos que viven en las cercanías de los lagos y lagunas.40

Este panorama se recrea en el texto El Viaje a través de México por dos niños huérfanos, escrito por Lucio Tapia,41 publicado por primera vez en 1907 y en la décima edición veinte años después. Se trataba de un libro de más de trescientas páginas, con cubierta al cromo y cuyo costo de 65 centavos lo hacía una de las publicaciones caras de la colección de la casa editorial Herrero Hermanos.42 El viaje de dos niños huérfanos era el punto de partida para dar a conocer las riquezas del país en el dominio de las letras, las ciencias, la industria y el comercio.43 El libro del profesor Tapia siguió un modelo de lectura que había sido probado en varias generacio-nes de lectores franceses.44 La Tour de la France par deux enfants fue pu-blicado por la Editorial Belin en 1877 y con 103 reimpresiones resultó uno de los grandes éxitos de la literatura infantil europea pues alcanzó casi nueve millones de ejemplares editados con una venta anual promedio de

40 Villaseñor, 1914, 146 y ss. 41 Lucio Tapia fue egresado de una generación muy exitosa de la Escuela Normal de Profesores de la ciudad de México, formada por Daniel Delgadillo, José Juan Barroso y Gre-gorio Torres Quintero, entre otros, quienes cumplieron la doble tarea de servir y escribir para los niños. En 1893, Tapia desempeñó su primer cargo como maestro ayudante de la escuela primaria anexa a la Normal y para 1905 ya era inspector de zona. Entre 1904 y 1907 escribió dos obras para la Casa Herrero Hermanos Sucesores. Archivo Histórico de la Secretaría de Educación Pública (en adelante AHSEP). Fondo Escuela Normal de Profesores. Libro 4.35, 1901-1915. f. 56 42 Había otros libros de lectura como el Rafaelita que costaba únicamente 35 centavos o el Silabario de J. A. Reyes por 15 centavos. Los precios resultan casi prohibitivos para un sec-tor de la población si recordamos que el salario de un peón estaba en torno a los 30 centavos, lo mismo que costaba un kilo de carne en el estado de Chihuahua, mientras que los periódicos como El Imparcial costaban 1 centavo y 3 El Diario del Hogar. 43 Había también un capítulo especial destinado a ciertos asuntos de actualidad como el alcoholismo y el tabaquismo (Tapia, 1913). 44 Mme. Fouillée (dite Bruno), Le Tour de la France par deux enfants. Devoir et patrie. Paris, Librairie Classique Eugene Belin, 1877.

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300.000 volúmenes. Escrito por Augustine Fouillée, G. Bruno en literatura, tenía como objetivo principal describir el viaje por Francia de dos jóvenes de la región de la Lorena cuyas experiencias, a menudo peligrosas, eran narradas de manera didáctica en un tono atractivo e interesante para revelar a los escolares “la patria visible y viva”. Cada acción preparaba para la vida práctica pero también diseñaba un ejemplo de moral asig-nando un peso importante a las ilustraciones: las imágenes representaban hombres ilustres, lugares significativos, escenas históricas, fenómenos de las ciencias geográficas y naturales, nociones antropológicas y diferen-tes formas de la actividad humana.45 Finalmente, sus anécdotas estaban orientadas a mostrar el desarrollo económico, agrícola e industrial de la provincia francesa, así como la vida ejemplar de sus héroes, cuyos actos representaban para el pequeño lector “una suerte de moral en acción” en la que nunca participaban los dos personajes centrales.46

A lo largo de su texto de lectura, el autor mexicano narra de manera ágil el enfrentamiento de los personajes con una doble realidad del país: la admiración frente a la riqueza natural del suelo mexicano pero tam-bién su malestar frente a problemas como “el pobre espíritu de empre-sa…nuestra falta de iniciativa personal y, lo que es más... nuestra maldita apatía”.47 Un discurso que no resultaba ajeno a la época pues muchos de los libros escolares se hicieron eco de las aspiraciones del gobierno porfi-riano de estimular la colonización, la inmigración de brazos listos para el trabajo y la inversión extranjera, cuyos beneficios económicos eran requi-sito indispensable para lograr el progreso del país.48 Con este ejemplo se despertaría entre los habitantes el “espíritu de empresa” y se llegaría al adelanto industrial para “asombrar al mundo con la riqueza de sus pro-ductos”. Algo que M. Gilbert, el adulto que participa de estas aventuras, muestra bien a los dos niños huérfanos en el libro de Lucio Tapia, pues tenía cifradas esperanzas en el futuro y así lo contagiaba a sus acompa-ñantes:

“…hay que convenir que muy pocos mexicanos conocen el sitio que oculta esta hermosa región del país y que menor número todavía de personas están al tanto de su inmensa capacidad productora…aun conociéndolo, sería difícil transportarse a él por la escasez entre vías herradas y caminos carreteros; y por último que vuestros paisanos son pobres, en lo general, y carecen de los capitales indispensables para especular con la riqueza que encierran estos

45 Gourevitch, 65. 46 Mollier, 2001, 57-58, Au debut de la République: les manuels scolaires. Francia, Bibliotheque de Beaune. Exposition, mai 1980. 47 Ibidem, 108, 119, 122,126 y ss. 48 Véase sobre todo la producción editorial que se presentó durante la Exposición Universal de París en 1889 (Martínez, 2001, 390-423).

El viaje del agua: imágenes y representaciones en el libro escolar mexicano... 291

campos vírgenes. Vendrá el tiempo en que estos inconvenientes desaparez-can y entonces… —interrumpe Enrique— seré el primero en tomar posesión de este paraíso encantado de la Patria mexicana”.49

De esta manera, Lucio Tapia va develando a los pequeños lectores las riquezas naturales del país, los obstáculos para enfrentarlos, como la falta de capital y de vías interiores de comunicación, que aislaban al país del comercio y de la inmigración, pero también subrayaba el papel que ju-gaba un actor cuyos defectos eran adversos a este progreso, la oposición del indígena frente a los proyectos empresariales, pues “la ignorancia y la mala fe de los pueblos luchaban sistemáticamente contra la novedad de una empresa útil...”.50

En las páginas de esta lección se aborda el ejemplo de la Negocia-ción Agrícola de Xico y Anexas, una región que no era ajena a los lectores pues era visita obligada en las excursiones escolares. En 1905, los alumnos de las escuelas primarias de la ciudad de México realizaron 11 paseos, dos de ellos a esta negociación. Los registros de las visitas narran como fueron recibidos atentamente por el director técnico, quien les explicó del éxito de la propiedad “a causa de la desecación del Lago de Chalco y la tala de bosques”. Posteriormente les ofreció una comida en uno de los patios de la negociación agrícola y por la tarde les acompañó a tomar el vagón que se había preparado especialmente para el regreso de los viajeros.51

Esta imagen armónica a la que tenían acceso los alumnos no pudo mantenerse por mucho tiempo. Lucio Tapia también fue uno de estos viajeros que, junto con cuatro profesores y 106 alumnos, visitaron las ins-talaciones y recibieron amplias explicaciones sobre la desecación de los lagos.52 Con esta información y la que seguramente tuvo acceso en los periódicos, el autor muestra en su Viaje a través de México que la situa-ción había cambiado hacia 1907. Una representación de la región llena de contrastes, una imagen que mostraba el paso de ser considerada como una de “las regiones más bellas y feraces del Valle de México...que podía merecer el nombre de vergeles” a otra calificada como de “lugarejos po-bres, deteriorados por el tiempo, sin elementos propios de adelanto, ni siquiera de estabilidad”.

La causa de este contraste la explica Tapia a sus lectores: “los verdes campos” habían sido ocupados en épocas anteriores por las aguas cena-gosas de las lagunas de Chalco, Texcoco y Xochimilco. Con el fin de apro-

49 Tapia, 1913, 134 y 202. 50 Ibidem, 258-259. 51 La Escuela Moderna, 1905. 52 Informe que rinde Lucio Tapia de la excursión del 26 de mayo de la Escuela Primaria #8. La Escuela Mexicana, 1905.

292 Lucía Martínez Moctezuma

vechar los terrenos en el cultivo a gran escala del maíz y otros cereales, una poderosa compañía formada por “respetables capitalistas españoles” había realizado una inversión importante en la desecación de dichas la-gunas, que al anexar otras propiedades como La Asunción, La Compañía, Ventorrillo, Venta Nueva, González y Venta de Córdova, formaba una de las negociaciones agrícolas más importantes de la época. Pero para llevar a cabo este “proyecto colosal”, los empresarios tuvieron que enfrentarse no sólo a los obstáculos naturales —la derivación del agua de las lagu-nas— sino también a la oposición no sólo de los indígenas que vivían de los productos del lago sino de la “mala voluntad” de los pequeños propie-tarios que creían ver amenazados sus intereses.

Esta situación despertó la curiosidad de los niños, quienes se entera-ron de que la oposición no había impedido “la prosecución del proyecto” pero sí había ocasionado una violenta respuesta en la zona: una gran can-tidad de demandas judiciales y el amotinamiento de los indígenas, quie-nes se oponían a la apertura de canales de desagüe y de zanjas limítrofes. A tal grado llegaba la situación que se había atentado contra la vida de ingenieros, directores y capataces de la obra.53

En la cuarta edición de 1913, durante el período revolucionario, Lu-cio Tapia asigna la responsabilidad de los hechos a la ignorancia y a la mala fe de los pueblos en contra de una empresa útil. En beneficio del progreso, el autor aclaraba que no se había cometido un atropello ni se habían violado los derechos de los lugareños. Si los lectores miraban bien, la extensa superficie había quedado convertida en “ricos y abonados” terrenos de labor “que sólo esperaban la simiente para fructificar”. Ade-más, los indígenas que siempre habían vivido de la pesca o de una “mi-serable cosecha de hierbas acuáticas que crecían en la laguna”, tendrían desde entonces acceso a un jornal asegurado ya que la negociación re-quería de fuerza de trabajo para las labores del campo, sin contar además con los beneficios higiénicos para la salubridad de los pueblos colindantes y de la ciudad de México.

Durante décadas sobrevivió esta asociación de la mala administra-ción del agua por parte del indígena. Esta manera de disponer del agua en el consumo personal se asociaba al indio y se veía como un motivo de atraso. Observaba de manera triste como “el pueblo bajo rural”, aun en las condiciones más favorables, no era capaz de tener elementos de bienestar y de riqueza porque no modificaba sus costumbres, “serviles e” indolentes. Aun las poblaciones indígenas más favorecidas por sus condi-

53 Noventa años después, otros investigadores se han ocupado de la región. Tortolero, 2000 y 2003, ha mostrado el daño ecológico producto de la desecación de los lagos y Martínez, 2002, cómo la violencia que los lugareños ejercieron contra los administradores y trabajadores de la negociación no sólo fue producto de la xenofobia sino de la actividad en la zona.

El viaje del agua: imágenes y representaciones en el libro escolar mexicano... 293

ciones económicas y agrícolas, como Xochimilco, dotada de aguas abun-dantes, terrenos fértiles y vías de comunicación, conservaban costumbres como en los tiempos de la colonia: falta de higiene, de hábitos cultura-les y de sociabilidad. Por esto había que proporcionarles educación, para despertar su ambición y gusto por mejores costumbres. La ignorancia de la clase rural se remediaría con instrucción obligatoria, “pronta y adecua-da”: un aula al aire libre o bajo un cobertizo rústico, que contaría con la instalación de una regadera y un excusado, un maestro aunque no fuera titulado, además de una instrucción que consistía en el aprendizaje de la higiene, mucho de moralidad y algo de civismo, los procedimientos prác-ticos para la enseñanza de los cultivos, el cuidado de los animales, los há-bitos de ahorro, de economía y de orden doméstico, además por supuesto de la instrucción práctica en todo lo concerniente al apeo y buen cuidado de los árboles y del bosque a fin de inculcar el amor por ellos.54

Otros textos mostraron como el exceso de agua provocaba destro-zos en la comunidad porque los arroyos y los ríos iban crecidos, muy re-vueltos; los caminos se volvían intransitables y entonces los arrieros y las bestias de carga se llenaban de lodo. Con este escenario, los pueblos de la sierra eran los más golpeados pues las lluvias no cesaban, eran los lla-mados nortes.55

O el caso contrario en el que se mostraba el dominio de la natura-leza. En las ciudades, el hombre había encauzado el agua con tubos sub-terráneos, en cambio en el campo, parecía que no era necesario porque siguiendo los declives del terreno formaba arroyos que constituían los riachuelos, que una vez en los ríos iban a desembocar en el mar o en los lagos. Una parte de ellos se filtraba, atravesaba la tierra y constituía las corrientes subterráneas de las que se alimentaban los pozos artesianos o se evaporaba humedeciendo la atmósfera.56

Las lecciones informaban como la fuerza del agua en las cascadas había sido dominada por el hombre para servicio del alumbrado en los hogares, para mover las máquinas de las fábricas, como en el caso de la que había en la fábrica de San Rafael, donde los trapos sucios se conver-tían en papel blanco “y útil con el que se hacen nuestros cuadernos”. Por eso, el agua se convertía en la herramienta útil porque mitigaba su sed, aseaba su cuerpo, regaba sus campos, daba de beber al ganado y produ-cía la electricidad “tan útil en la vida del hombre”.57

Esta ambigüedad se encuentra en la idea de que el agua es útil para el hombre pero también como hemos visto, resulta un exceso que hay que

54 Quevedo, 1916, 34-35, 49, 57 y 61. 55 Monroy, 1925, 97-114. 56 De la Brena, 1906, 58. 57 Romero, 1948, 165-168.

294 Lucía Martínez Moctezuma

regular. En el libro Campo de Flores escrito para ejercitar la lectura en el tercer año, la frase que sirve de punto de partida sigue resultando una revelación: los animales que habitaban en el lago de Xochimilco excla-maban: “el lago se está secando...el agua se está acabando…Xochimilco, nuestro hogar desaparece…debemos investigar por qué bajan las aguas. Los únicos que pueden saberlo son los hombres. Acerquémonos a ellos para averiguarlo…”58

Finalmente, en 1959, la Comisión Nacional de Libros de Texto Gra-tuitos elabora una serie completa para los alumnos de las escuelas prima-rias de todo el país. Por primera vez, La Patria se describía así:

“…has empezado a conocer cómo es tu patria, las bellezas de su suelo, sus extensos valles, sus altas montañas, sus hermosas playas, y, unidos a todo eso, su clima, tan propicio para que se desarrolle la vida. Tienes conocimientos de algunos de los recursos naturales con que tu patria cuenta. Sabes ya que éstos esperan que se les aproveche en forma cada vez mejor a fin de que se conviertan en factores de engrandecimiento nacional…A ti, niño mexicano, te tocará, cuando seas mayor, aprovechar esos recursos de modo que sigan transformando a México en un país cuyos habitantes vivan, dignamente, li-bres y felices”.59

Una representación donde nuevamente se describe la belleza del país y la riqueza de los recursos naturales, pero ahora se les da a los alum-nos el poder de aprovecharlos pensando en el futuro de la Patria. Será en los años setenta cuando el proyecto de educación rural se transforme, cuando se proyecte un sistema de cursos para las comunidades rurales dedicadas a la agricultura, la pesca, la cría de ganado, la artesanía y el pequeño comercio de la República Mexicana, coordinado por el Consejo Nacional de Fomento Educativo —CONAFE—, para poder difundir conoci-mientos prácticos e impulsar la organización de la comunidad. Una repre-sentación del medio ambiente:

“...te habrás dado cuenta de que vivimos en un país muy rico en recursos na-turales…podemos obtener alimentos, medicinas, materiales para construir nuestras casas… nuestras ropas, para hacer herramientas de trabajo… aun-que como tú ya sabes, hay muchos lugares en nuestro país donde el agua y el aire están contaminados y donde la tierra está cansada por sembrar lo mismo y por usar mucho abono artificial, o donde ya casi no quedan árboles por

58 Zamora, s/f, 6-9. 59 Secretaría de Educación Pública, 1960, 59.

El viaje del agua: imágenes y representaciones en el libro escolar mexicano... 295

tanta tala que han hecho en los bosques. Pero todavía hay tiempo para res-catar algo que es muy importante para la vida: nuestro medio ambiente”.60

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60 La primera edición de esta publicación se hizo en 1985 y los comentarios de los profesores del Estado de México y Oaxaca, donde se puso a prueba este libro, se tuvieron en cuenta para las siguientes ediciones (SEP, 1990, 66-67).

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Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 299-322

Conflictos ambientales y cambio cultural: una propuesta de

estudio de casos entre España y México*

Alice PomaCSIC

Universidad Pablo de [email protected]

INTRODUCCIÓN

Nuestra propuesta de investigación aborda el tema de los conflictos socio-ambientales y, en concreto, el análisis de la experiencia de comuni-dades que se oponen a la construcción de obras hidráulicas. El presupues-to de partida que justifica la elección de nuestro objeto de estudio: las experiencias de protesta surgidas contra obras hidráulicas, es que estas obras, más que otras, implican un cambio radical en la relación con el territorio y en la vida de las comunidades debido a la irreversibilidad de los impactos ambientales y sociales de los proyectos: el desvío del agua hacia otro destino y, aún más, la inundación del territorio, presuponen el anulamiento del mismo como espacio físico, social y cultural. A eso se añade que “las grandes represas han sido poderosos símbolos de orgullo patriótico y conquista de la naturaleza gracias al ingenio humano. Las re-presas, las mayores estructuras alguna vez construidas por la humanidad, han sido consideradas durante la mayor parte de nuestro siglo como un símbolo de progreso”.1 La dimensión simbólica de las obras hidráulicas es otro elemento que ha influido en la decisión de estudiar estos casos y no otros, ya que nos permiten ver con más claridad aún los elementos cultu-rales y los discursos que se construyen durante la experiencia del conflicto, y además la dimensión política, pensando en que “En todas partes los grandes proyectos hidráulicos son tanto consecuencias como justificación de gobiernos autoritarios. …Su mundo está atravesado por la obsesión

* La investigación ha sido financiada por el CSIC, a través de la beca predoctoral JAE-predoc, y por el proyecto de investigación “Andalucía y América. Intercambios y transferencias culturales” financiado por la Junta de Andalucía, Consejería de Innovación, Ciencia y Empresa. Proyecto de excelencia, 2007-2012. Dirigido por el Dr. Jesús Raúl Navarro García (EEHA-CSIC). 1 McCully, 2004, 1.

300 Alice Poma

del dominio, y a menudo de su lenguaje. Estamos muy lejos de lo que soñaban los pioneros de los años treinta, que creían que las presas po-dían concurrir en llevar la paz, bienestar y justicia social”.2 El objetivo de la investigación será el análisis de los cambios en la percepción tanto del territorio como del poder, y también de los procesos de cambio de valores y creencias experimentados por los participantes y activistas de los conflictos, en los que se prestará interés tanto a la dimensión cognitiva como, y de manera especial, a la dimensión emocional. Finalmente iremos comprobando también cuándo y cómo surgen nuevas prácticas y propues-tas alternativas, tanto ecológicas como políticas,3 puesto que una de las hipótesis de partida es que las luchas por la defensa del medio ambiente se están convirtiendo en luchas “políticas” en tanto que cuestionan las es-tructuras de poder y plantean una participación activa de las poblaciones en los procesos de toma de decisiones.4

El artículo está dividido en tres partes. En la primera se hará una exposición del objeto de estudio y del marco analítico del que nos servire-mos en la investigación. Esto dará paso a una segunda sección, en la que nos centraremos en la presentación del diseño del proyecto y en la pro-puesta del trabajo comparativo entre España y México. Finalmente ter-minaremos con la presentación de los avances de la investigación y unas primeras hipótesis y propuestas de trabajo pensando en el caso mexicano.

LOS CONFLICTOS AMBIENTALES COMO EXPERIENCIAS DE APRENDIZAJE SOCIAL

El objeto de estudio de nuestra investigación son las experiencias de conflicto que surgen desde comunidades que viven en un territorio y que, excluidas de los procesos de toma de decisión en relación a la gestión del territorio y explotación de los recursos del mismo, deciden oponerse a la construcción de una presa que tendrá un impacto importante en su terri-torio. Un elemento que nos interesa analizar es cómo el enfrentamiento se extenderá a las políticas y visiones del mundo que acompañan a la infraestructura y el proceso que lleva a los actores a elaborar alternativas al modelo que se oculta detrás de la misma, es decir, los programas alter-nativos que estos conflictos llevan dentro.5

Nuestro interés se centra en los participantes y activistas de las pro-pias comunidades que se movilizan en contra de la obra hidráulica, y en los procesos que los lleva a redefinirse y a reelaborar conceptos y creen-

2 Pearce, 1992, 345. 3 Martínez Alier, 2004; Leff, 2004. 4 Leff, 2004, 406. 5 Martínez Alier, 2004, 266.

Conflictos ambientales y cambio cultural... 301

cias sobre el medio, la política y su relación con ellos, en el contexto de la experiencia del conflicto. Hemos querido diferenciar entre participantes y activistas, porque creemos importante, a la luz del análisis del discurso de los actores, diferenciar aquellos que tienen un discurso más elaborado, los activistas, de las personas de las comunidades que participan en el con-flicto sin experiencias similares previas y, por tanto, previsiblemente con un discurso menos elaborado. El enfoque ideográfico, es decir, centrado en el individuo, sin por eso descontextualizarlo de la comunidad a la que pertenece, nos permitirá profundizar en el estudio de la dimensión emo-cional y personal del conflicto, que queremos abordar en el análisis de la dimensión cultural de estas experiencias.

El elemento central de nuestra investigación será el cambio cultu-ral consecuente al conflicto, es decir, el proceso que viven los afectados que participan en la movilización y que los lleva a tomar conciencia de aspectos de la realidad que hasta el momento no habían considerado, a cambiar su percepción de la misma y a actuar en consecuencia.

Una de las primeras etapas del cambio cultural es lo que McAdam —1982—, en el contexto de los procesos de movilización social, define como el proceso de “liberación cognitiva”, que supone una transforma-ción tanto de conciencia como de comportamiento por parte de aquellos actores que serán la base para la emergencia de un movimiento de pro-testa. Este cambio de conciencia se manifiesta en tres aspectos distintos: a nivel de sistema —la pérdida de legitimidad de la autoridad—, a nivel de las personas —que empiezan a demandar derechos y/o cambios en ellos— y a nivel de eficacia —personas que ordinariamente se conside-ran políticamente impotentes, comienzan a creer en su capacidad para cambiar las cosas—.6 El cambio cultural que queremos analizar incluye el proceso de liberación cognitiva y las actitudes y los comportamientos consecuentes al “despertar”,7 proceso en el que las emociones juegan un papel fundamental.

Con el objetivo de estudiar el cambio cultural hemos identificado tres dimensiones por explorar: una dimensión identitaria, una territorial y una política. El propósito es estudiar el cambio que experimentan los miembros de las comunidades en su propia identidad y su relación con los demás, en la relación con el territorio y en la percepción del poder a tra-vés de entrevistas en profundidad a los participantes de la protesta. Entre-vistas que explorarán la vivencia del conflicto por parte de estas personas y con las que intentaremos dejar emerger los momentos más relevantes

6 Piven y Cloward, 1977 7 Como veremos, la metáfora del “despertar” surge de las primeras entrevistas explo-ratorias que hemos hecho, y se define como el acto de “abrir los ojos”.

302 Alice Poma

del mismo para cada actor, las emociones experimentadas en ellos y los procesos cognitivos consecuentes.

EMOCIONES Y CAMBIO CULTURAL

Para abordar el tema de las emociones hacemos referencia a toda una literatura que en los últimos diez o quince años se ha dedicado a ana-lizar el papel de las emociones en los movimientos sociales.8 Aunque he-mos tenido que adaptar los resultados de estos análisis a nuestro contexto -las experiencias de conflictos locales- hemos podido recuperar muchos de los resultados y propuestas, desde la conexión entre emociones y cultura al papel de las emociones en la dinámica de la protesta. Analizaremos así, cómo las emociones inciden en la motivación a la acción,9 y también cómo influyen en el cambio de valores y creencias.10 Sobre la motivación a la ac-ción Ron Aminzade y Doug McAdam (2001) comentan que las emociones y los procesos emocionales cuentan con una gran capacidad explicativa tanto a nivel individual como colectivo. A nivel individual las emociones motivan el activismo y permiten entender por qué los individuos deciden involucrarse hasta el punto de que los costes de la movilización superen a los beneficios,11 mientras que a nivel colectivo crearían el ambiente favo-rable para el desarrollo de la movilización.12

Entrando más en nuestro ámbito de análisis las emociones adquie-ren además un papel importante en la motivación a la acción porque de-terminan la relación de los protagonistas de la movilización con su terri-torio, cuya defensa ha llevado al desarrollo del conflicto. Partiendo del concepto de apego al territorio, o ,13analizaremos la relación emocional entre los entrevistados y el territorio, explorando las motivaciones que llevan a participar en una protesta para su defensa.

La motivación para la acción se origina además por sentimientos como la indignación, el sentimiento de injusticia por no haber sido inclui-dos en el proceso de toma de decisión. También la rabia y la esperanza constituyen una motivación a la acción.14 A eso se añade el orgullo que va creciendo durante el proceso de movilización que motiva aún más a los participantes y que fortalece los vínculos entre los miembros de la comunidad.

8 Jasper, 1997; Godwin, Jasper y Polletta, 2001; Aminzade y McAdam, 2001; etc. 9 Goodwin, Jasper y Polleta, 2001, 6. 10 Kelly y Barsade, 2000, 105. 11 Aminzade y McAdam, 2001, 17; Goodwin, Jasper y Polletta, 2001, 5-9. 12 Aminzade y McAdam, 2001, 17. 13 Para un excursus teórico de este concepto remitimos a Hidalgo Villodres, 1998. 14 Aminzade y McAdam, 2001; Goodwin, Jasper y Polletta, 2001.

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En relación al análisis del cambio cultural, el presupuesto desde el que partimos es que las emociones contribuyen a la construcción del sentido y pueden cambiar las creencias,15 considerando además que cada cambio de naturaleza cognitiva es acompañado por un cambio emocio-nal.16 Este último aspecto es descrito por Colin Barker,17 que demuestra cómo en los momentos cargados de emociones los participantes de una movilización llegan a descubrir la capacidad para la acción colectiva: es “el momento en el que el miedo se trasforma en orgullo, …el pánico en confianza”.18

En nuestro análisis determinaremos cómo ciertas emociones, resul-tado de eventos particulares, pueden haber contribuido a cambios cogni-tivos en los más diferentes aspectos del cambio cultural, sea la dimensión identitaria, territorial o política. Nuestro trabajo pretende contribuir a la observación y estudio de la interacción de las emociones con otras diná-micas culturales, contribuyendo al reto empírico de enriquecer el conoci-miento en esta dirección, sin olvidar la interacción de las mismas con diná-micas organizacionales y estratégicas, ya que las “emociones son centrales en todos estos aspectos”.19

Presentaremos en el siguiente apartado el diseño del proyecto con particular atención a la comparación entre España y México, para poder dedicarnos sucesivamente a la descripción de los primeros resultados con-seguidos con entrevistas exploratorias en uno de los casos españoles.

EL DISEÑO DEL PROYECTO: UNA PROPUESTA DE ESTUDIO DE CASOS ENTRE ESPAÑA Y MÉXICO

La metodología que utilizaremos para analizar las experiencias de conflicto será la del estudio de caso comparativo. Hemos elegido esta he-rramienta porque permite conseguir una descripción en profundidad de los casos elegidos, pudiendo abarcar el problema desde distintas perspec-tivas, trabajando posteriormente en un análisis comparado.20 Los estudios de caso manifiestan su utilidad en el conocimiento de procesos que pue-den ayudar a entender fenómenos más complejos y, al igual que otras metodologías, pueden servir para propósitos tanto exploratorios como descriptivos y explicativos. El estudio de caso explicativo quiere llegar a un nivel más profundo que la mera descripción: el investigador desea saber

15 Kelly y Barsade, 2000, 105. 16 Godwin, Jasper y Polletta, 2001, 19. 17 Ibidem, 175-194. 18 Ibidem, 19. 19 Ibidem, 9. 20 Coller Porta, 2000.

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por qué el objeto está tal como está. Este conocimiento ayuda a resumir todo lo que conocemos acerca del objeto, ayuda a verlo en su contexto y en una perspectiva histórica.21 El caso de tipo analítico permite compro-bar teorías confrontándolas con la realidad, pero también se adapta a un método inductivo en el que el investigador estudia el caso sin hipótesis previas, elaborando propuestas a partir de sus observaciones, que pueden dar lugar a una teoría nueva.22 En nuestra investigación, los casos seleccio-nados nos servirán tanto con una finalidad exploratoria como analítica. Hemos empezado explorando los casos guiados por unas ideas-madre,23 con el objetivo de elaborar hipótesis a la luz de la observación de los casos. Para esto hemos elegido tres casos de conflicto contra obras hidráulicas,24 escogiendo una combinación de eventos históricos y contemporáneos,25 y en territorios distintos con características culturales distintas. La elección de experiencias muy diferentes entre sí se fundamenta en la posibilidad de que emerjan claramente los aspectos similares que caracterizan las ex-periencias en las tres comunidades,26 y en la posibilidad de poder conocer el abanico de condiciones diferentes en las que ocurre el fenómeno que se sospecha que está presente en todos los eventos que se analizan.27

Los casos seleccionados destacan por su fuerte caracterización: uno de los conflictos españoles se sitúa en la Comunidad de Castilla y León, y se trata del conflicto ocasionado por el embalse de Riaño en los años 1986-1987. Hemos elegido este conflicto por ser el primer conflicto en época democrática, con un nivel importante de represión por parte del Estado y que acabó con ocho pueblos inundados. El segundo de los casos es reciente y exitoso. Se sitúa en el sur del país, en Andalucía, y aunque no se preveía inundar ningún pueblo, hubo una fuerte respuesta por parte de la población afectada. El tercer caso será en México, en el estado de Ja-lisco, donde se está trabajando en un proyecto de embalse que presupone el desalojo y reubicación de tres pueblos. Los dos casos españoles han sido elegidos por estar uno en el norte y otro en el sur del país, uno en los primeros años de la democracia y el otro en una época de democracia asentada, casi en una crisis de la democracia representativa: suponen dos Españas muy distintas, ubicadas en dos momentos históricos distintos y con un discurso hidráulico también diverso, aunque como estamos viendo

21 Yin, 1994, 13. 22 Coller Porta, 2000, 42-43. 23 Selznick, 1966, 251. 24 El número de los casos podría aumentar si lo considerásemos necesario a lo largo del proceso de investigación. 25 Coller Porta, 2000, 40. 26 McAdam, 2003, 80. 27 Coller Porta, 2000, 48.

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en nuestra investigación los paradigmas tardan más que las sociedades en cambiar.

La idea de proponer una comparación entre México y España ha surgido de la idea de comparar casos de un país del “Norte” con uno del “Sur”,28 porque creemos que la experiencia de las comunidades estudia-das puede regalarnos muchas sorpresas en cuanto a las similitudes de los procesos emocionales y cognitivos que viven los participantes de los con-flictos, y también en las elaboraciones de los discursos, la percepción del poder y la propuesta de alternativas. No sólo pensamos corroborar que existe un ecologismo de los pobres, con las características que presenta Martínez Alier (2004) sino que en la misma Europa contamos con expe-riencias que se acercan a la que Enrique Leff (2004) define como “racio-nalidad ambiental” a través de la cual se “construyen nuevos mundos de vida en la rearticulación entre la cultura y la naturaleza”.29

En el caso específico de nuestro ámbito, ambos países —España y México— en los últimos años se han caracterizado por una alta participa-ción en movilizaciones de carácter ambiental,30 aunque en México la lucha por los recursos hidrológicos se ha convertido en uno de los pilares de la resistencia contra el neoliberalismo, mientras que en España es percibida, muchas veces, como un uso indeseado del territorio, un problema local. Queremos destacar que España ha sido vanguardia en la política hidráu-lica, con sus más de mil doscientas presas en uso, 500 pueblos inundados y el porcentaje más alto de territorio inundado por habitante del mundo, siendo teatro de muchos conflictos y dramas humanos relacionados con la construcción de embalses. Actualmente ha empezado un cambio de actitud dirigida hacia una nueva política del agua, con un discurso ela-borado sobre la nueva cultura del agua y del territorio. Por el contrario, en México el 22,5% del aprovechamiento energético es hidroeléctrico, cuenta con 4.083 presas, de las que 66731 son consideradas grandes presas, y se sigue invirtiendo en este recurso, proyectándose distintas presas que inundarán territorios habitados por comunidades que emprenden conflic-tos muy duros contra el Estado, que quiere desplazarlos de sus territorios. Una característica que emerge y que tendremos que tener en cuenta a la hora del análisis es que los movimientos ambientales del “Sur” tienden a una confrontación con el Estado, oponiéndose a leyes y políticas que con-sideran destructivas o injustas, desconfiando de la mediación del Estado, mientras que los colectivos del “Norte” trabajan más con los gobiernos,32

28 Utilizamos la definición que Joan Martínez Alier, 2004, propone en su obra . 29 Leff, 2004, XIV. 30 De acuerdo con la encuesta del —ISSP— de 1993 y 2000 sobre medio ambiente. 31 Fuente de los datos sobre México: IMTA www.imta.gob.mx 32 Guha, 2000.

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y podemos añadir, aunque matizando, que tendrán más confianza en las instituciones a la hora de buscar la solución al problema.

Pese a las enormes diferencias que puede haber en distintos lugares y culturas, los conflictos ambientales que se desencadenan, y que son pro-ducidos por el creciente choque entre la economía y el medio ambiente, se traducen en movimientos de resistencia que se expresan con distintos lenguajes en todo el mundo.33 Este “nuevo ambientalismo social”34 se ca-racteriza por el protagonismo de nuevos actores sociales que reclaman su derecho a participar en la toma de decisiones en las políticas públicas que les afectan y en la gestión de su territorio, pudiendo poner en discusión el orden social existente.

La gran movilización en cuestiones ambientales que caracteriza a México y España y la distinta caracterización política de la protesta, con-firman que la elección de un estudio comparado entre casos españoles y mexicanos nos permitirá explorar las dimensiones que hemos descrito más arriba: de un lado, las similitudes que pueden emerger en la experiencia de los participantes en el conflicto en relación con el territorio y el pa-pel que juegan las emociones, y por otro lado, las distintas percepciones del poder y la elaboración de un discurso político por los participantes y activistas de las comunidades afectadas. Nuestro objetivo será analizar similitudes y diferencias, estudiando la experiencia de los participantes y activistas de las comunidades afectadas y centrándonos en la experiencia personal y colectiva y en las dimensiones antes descritas.

Dedicaremos las próximas páginas a una breve contextualización del caso y a la explicación de la metodología de trabajo.

METODOLOGÍA DE TRABAJO Y CONTEXTUALIZACIÓN DEL CASO

El caso de conflicto que hemos elegido para presentar este primer análisis exploratorio es el conflicto por la defensa de río Grande, en la provincia de Málaga, España. Hemos elegido este caso, de los tres previs-tos en el diseño del proyecto de investigación, por ser el que más hemos estudiado en estos últimos meses, habiendo sido objeto de estudio tanto

33 Martínez Alier, 2004, 268. 34 Leff, 2004, 405

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en el marco de un trabajo fin de máster,35 como de un proyecto I+D,36 en el que estamos colaborando desde la Universidad Pablo de Olavide de Sevilla.

La recogida de material, indispensable para la reconstrucción del caso, y la preparación del diseño del estudio de caso, empezó el mes de febrero de 2010, a través de visitas puntuales al pueblo de Coín donde nos pusimos en contacto con activistas de una asociación ecologista que lleva años trabajando en el territorio y que tuvieron un papel muy im-portante en el desarrollo del conflicto. A través de charlas informales con los activistas, y gracias al trabajo de recopilación y archivo llevado a cabo por uno de ellos, en unas pocas semanas hemos podido acceder a una cantidad importante de material, que incluía desde las memorias en las que se resumían los acontecimientos más importantes de la movilización de 2001 a 2009, a material audiovisual de asambleas, charlas con expertos, reuniones, momentos lúdicos, además de documentos oficiales,37 artículos de prensa local y algunos videos de programas emitidos por las televisio-nes locales que hemos elegido por tratar temas o experiencias claves para la compresión del conflicto.

Una vez terminada la reconstrucción del caso hemos podido desa-rrollar un diseño de la investigación que se basaba en la utilización de métodos de investigación cualitativos y, en específico, de entrevistas semi-estructuradas y en profundidad con unos actores determinados del con-flicto. Hemos identificado a una decena de personas a las que se sumaron luego otras para terminar con quince entrevistas, entre las que hemos podido contar con la colaboración tanto del alcalde de Coín, como de dos expertos, uno de la Administración y otro de la Red Andaluza de la Nueva Cultura del Agua. Aunque el objeto de estudio de la investigación se ha centrado en las experiencias de las personas de la comunidad, la posibili-dad de poder acceder a la información proporcionada por los expertos y el alcalde nos ha permitido, además de analizar elementos específicos del problema relacionados con los demás trabajos de investigación llevados a cabo, tener una visión del conflicto desde distintas perspectivas y posicio-nes, que ha enriquecido la comprensión del problema.

35 Máster en gestión fluvial sostenible y gestión integrada de aguas. Universidad de Zaragoza, curso 2009-2010. Cuello, Agustín, Alice Poma y Meritxell Plensa, , Tesina, director: Leandro del Moral, Universidad de Sevilla. Disponible en la página web del máster: http://www.unizar.es/mastergestionaguas/docu/completos/16.pdf (última visita, 20 de enero de 2013) 36 Proyecto CIPARSOS “Información científico-técnica, participación ciudadana y efec-tos de sostenibilidad en los conflictos socio-ecológicos” dirigido por el Dr. Ernest García García de la Universidad de Valencia y financiado por el Ministerio de Ciencia e Innovación, en el marco del programa en Ciencias Sociales del Plan Nacional de I+D+i (CSO 2008-00291/SOCI). 37 Algunos de los documentos y materiales están disponibles en la página web de la asociación Jara que dispone de una base de datos propia. http://www.asociacionjara.com/New-Jara/intro.php (última visita, 20 de enero de 2013)

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Sobre las entrevistas que han fundamentado nuestro análisis, hemos diferenciado los entrevistados entre activistas y participantes.38 Los acti-vistas son personas que tenían una trayectoria más larga de movilización, tanto en la comarca como a nivel autonómico o nacional, y se han con-vertido en un punto de referencia para los demás. Los participantes son personas del pueblo que se involucraron en la movilización, pero que no tenían experiencias previas significativas. Es oportuno decir que algunos de los participantes colaboraron activamente, asumiendo en algunos mo-mentos el papel de activistas. Además de eso hemos intentado mantener un equilibrio entre el número de hombres y mujeres entrevistados, mien-tras que la edad se situaba más o menos en una misma franja, entre los treinta y los cuarenta y cinco años, con pocas excepciones. Una vez iden-tificados los sujetos que queríamos entrevistar, hemos preparado los bo-rradores de los cuestionarios, que se caracterizaban por tener preguntas abiertas, de carácter general y organizadas según las dimensiones de la experiencia que queríamos explorar. La primera pregunta era de carácter muy general y tenía tres objetivos principales: conseguir la definición del problema por parte de las personas entrevistadas, explorar la motivación inicial y dar la posibilidad a la persona que teníamos delante de hablar sobre su experiencia promoviendo las condiciones para que se crease un flujo narrativo, es decir, que las personas empezasen a hablar de su ex-periencia sin necesidad de preguntas. Sucesivamente, retomábamos los momentos más importantes de la experiencia, con preguntas directas re-feridas a episodios particulares, con el objetivo de explorar la dimensión emocional. En todo momento teníamos previstas preguntas que pudieran profundizar aspectos que se iban omitiendo o preguntas concretas para confirmar afirmaciones precedentes. Además de preguntas propias de la dimensión social de la experiencia, estaban previstas preguntas sobre la relación con el territorio y la percepción del poder. Una última agrupa-ción de preguntas concernía al aprendizaje de la experiencia, terminando con la posibilidad de expresar un mensaje a personas que estaban vivien-do un conflicto similar al suyo.

Uno de nuestros objetivos era que se crease un flujo narrativo en el que los entrevistados pudiesen expresar y contar su experiencia según sus necesidades y posibilidades, instaurando una relación de complicidad y confianza que permitiese la libre expresión de las emociones y, por este motivo, intentábamos intervenir muy poco, adaptando además al discur-so tanto la formulación como el orden de las preguntas.

38 Al lado de cada citación textual de las entrevista pondremos una sigla que se refiere al número de la entrevista. Habiendo decidido diferenciar entre participantes y activistas habrá dos siglas: E.Ac. para las entrevistas a los activistas y E.Pa. para las entrevistas a los participan-tes, seguidas por el número correspondiente.

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Hemos conseguido muchas horas de conversaciones, abordándose todas las dimensiones previstas y con una profundidad que nos ha dejado muy satisfechos. Siendo entrevistas exploratorias íbamos verificando tam-bién si había preguntas que funcionaban mejor que otras, adaptando y mejorando la técnica de conversación a conversación. Por la misma razón, el carácter exploratorio de esta primera sesión de entrevistas, no pensa-mos que sea necesario dedicar más espacio a esto, puesto que estamos en un proceso de construcción de la metodología de trabajo, y por eso termi-naremos con una breve contextualización del caso, resumiendo las carac-terísticas que consideramos importantes a la hora de entender el análisis.

El conflicto por la defensa de río Grande se desarrolla en un arco temporal bastante reducido, desde septiembre de 2006 a junio de 2007, y se ha caracterizado por haber involucrado a gran parte de los ciudadanos del pueblo de Coín, que cuenta con unos veinte mil habitantes, colabo-rando otros pueblos de la comarca, entre los que destaca Cerralba, por su cercanía al río Grande, y Pizarra, afectado directamente por el proyecto ya que se abastece del agua de río Grande. El desarrollo del conflicto fue influenciado por la presencia, tanto en la comarca como en el mis-mo pueblo de Coín, de grupos que ya eran activos en el tema del agua. A principios de la década, en 2001, otro pueblo de la comarca, Guaro, había protagonizado un conflicto dando vida a la “Plataforma antipresa de Cerro Blanco”. Siguiendo la teoría del ciclo de la protesta la experien-cia de Cerro Blanco presupuso un precedente y una experiencia previa para algunos de los activistas que en río Grande pudieron aprovechar el aprendizaje madurado en los años anteriores.39 El repertorio de la protes-ta se caracterizó por manifestaciones, tanto en el pueblo de Coín como en otros pueblos de la comarca y en Málaga, talleres, charlas, asambleas y momentos de sociabilidad. La vinculación tanto con la Red Andaluza de la Nueva Cultura del Agua, como con la Fundación Nueva Cultura del Agua, permitió el contacto con expertos, que de forma voluntaria y gratuita, acudieron a Coín y contribuyeron a fortalecer el movimiento dotándolo de argumentos científicos. El pueblo de Coín fue el epicentro de la con-tienda puesto que el azud se encontraba en su término municipal e iba a afectar a las huertas tradicionales.40 La organización del territorio, en pe-queñas parcelas, influyó en el desarrollo del conflicto pues la presencia de muchos pequeños propietarios presuponía un esfuerzo mayor a la hora de poder expropiar el terreno, y porque las huertas representaban un elemento importante en la identidad y en el patrimonio de los habitantes de la comarca. Este elemento, por otro lado, conlleva otra faceta, que es

39 Tarrow, 2004. 40 Pequeña presa que sirve de derivación, y no como almacenamiento, y desde la que salía una tubería que hubiera tenido que llevar el agua a Málaga.

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la independencia histórica de las familias, que siempre han tenido un mí-nimo vital cubierto gracias a sus huertas, y el consecuente individualismo, tanto que muchos de los entrevistados nos explicaron que Coín no tenía tradición de protesta y que la experiencia de la defensa del río Grande fue algo novedoso.

En el conflicto influyó también el calendario electoral. En mayo de 2007 había elecciones municipales en Coín; eso permitió a la población tener mucho más peso puesto que dentro de poco tenían que elegir a sus representantes políticos, y eso se tradujo en el apoyo del Ayuntamiento a la protesta, aunque todos los alcaldes de la comarca habían firmado previamente un protocolo a través del que habían manifestado su co-laboración con las instituciones promotoras del proyecto.41 En cuanto al vínculo del movimiento con las instituciones, es importante subrayar que en ningún momento fueron aceptados partidos y organizaciones institu-cionales en la plataforma, rechazando hasta la participación de individuos que pertenecían a instituciones. Así nos lo explica uno de los activistas:

“teníamos muy claro que somos un movimiento ciudadano independiente de la política…trabajamos muy duro para mantenernos siempre al margen de los juegos políticos y luchando por la unidad de todos, pues si no era así no podíamos aspirar a tener éxito” (E.Ac.1).

Pasamos ahora al análisis del material biográfico, cuyo objetivo es evidenciar el cambio cultural consecuente a la experiencia del conflicto, corroborando las ideas presentadas en la primera parte de esta investiga-ción, y recordando también al lector que el análisis que presentamos en estas páginas tiene un carácter explorativo cuyo objetivo es poder madu-rar las hipótesis de la investigación y desarrollar la propuesta de estudio de los demás casos.

En la primera parte del análisis trataremos las motivaciones de la protesta y el proceso de liberación cognitiva, analizando luego la movili-zación a través de la observación de las emociones, la dimensión política, los resultados del aprendizaje y las propuestas alternativas que han emer-gido del conflicto.

41 Protocolo de colaboración entre la Agencia Andaluza del Agua, el Ayuntamiento de Málaga y los ayuntamientos del valle del Guadalhorce. Alhaurín de la Torre, Alhaurín el Grande, Álora, Cártama, Coín y Pizarra, por el que se fijan las bases y líneas de actuación para la coordinación y mejora de la gestión de infraestructuras, en alta, de los servicios públicos del ciclo integral urbano del agua en los ámbitos territoriales correspondientes suscrito en Málaga el 3 de agosto de 2006.

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LA EXPERIENCIA DE LA PROTESTA POR LA DEFENSA DE RÍO GRANDE EN MÁLAGA

La motivación que animó a las personas entrevistadas a participar en la protesta fue, en primer lugar, el apego que sentían hacia el río. A la pregunta directa sobre lo que les había motivado a participar nos contestaron:

“el río es algo nuestro, algo vivo y entonces piensas si lo entubas se convierte en algo que está muerto, entonces allí no hay nada, ni río ni nada, dejará de existir el río” (E.Pa.5).

Y con referencia a la gente del pueblo:

“Moverse por río Grande les motivó,42 fue un icono…si el río desaparecía eso iba a cambiar bastante. Nadie iba a ser igual. Yo creo que eso se supo trasmitir y que la gente se dio cuenta de que había que parar —el proyecto de azud—” (E.Pa.7).

Aunque el río fue el principal motivo de implicación, algunos de los entrevistados expresaron también que otro aspecto que les animó a involucrarse fue la posibilidad de hacer algo por su pueblo, que se había levantado en contra del proyecto:

“por el tema de río Grande, porque nos duele, y sobre todo por poner un granito de arena más apoyando al pueblo, porque realmente era el pueblo que quería todo, en tonces eso me llenaba a mí también” (E.Pa.7).

En estos primeros testimonios pudimos averiguar que hay una fuerte connotación emocional con el río. Primero, el río es algo que le pertenece: “el río es algo nuestro”. Luego, algo “vivo” y en relación con el proyecto se dice que era algo que “dolía”. Las emociones relacionadas con la causa de la movilización de la comunidad son principalmente positivas:

“Me sentía útil…y con eso me ha bastado…Era aportar lo que yo podía, y es verdad que me gustó la experiencia” (E.Pa.7).

La emoción que emerge todas las veces que hemos preguntado qué sentían cuando supieron del proyecto es el dolor. Nos centraremos ahora en el tema del apego al río, que es la causa de este dolor. El río es algo sentido como propio por los miembros de la comunidad, pero explorando más este sentimiento hemos podido verificar que el adjetivo “propio” no

42 Se refiere a la gente de la comarca que se movilizó.

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se refiere al concepto de propiedad, sino que es un elemento de identi-dad, pertenece a la vida de las personas y de la comunidad.

“el tema de la identidad…el río es parte nuestra, es parte de la zona donde vivimos” (E.Pa.7).“te das cuenta de que el río es tuyo también, y de que has ido a pasar el día de S. José muchas veces al río 43 como parte tuya, era tu trozo de campo que tú tenías” (E.Pa.5).

Otro aspecto que nos interesa subrayar es que, aunque el vínculo con el río sea tan fuerte, el conflicto ha tenido un papel fundamental a la hora de concienciar a la gente de la importancia que éste tenía en su vida.

“La verdad que sí, que allí te das cuenta de que sí que es tuyo y sí que te duele, como lo van a hacer, como van a intubar al río… [El río] es algo tan cotidiano, nuestro, que no le estábamos dando la importancia que realmen-te tenía, y cuando realmente te dicen que va a dejar de existir…allí es cuando dices tú…que no, que no quiero que deje de que exista, a lo mejor no le he dado la importancia que tenía, pero cuando peligra, sí que le das la impor-tancia” (E.Pa.5).

La experiencia de conflicto se convierte también en el detonador del proceso de liberación cognitiva,44 ya que no sólo permite tomar con-ciencia de la envergadura del vínculo con el río, sino que permite alcanzar un grado de conciencia de la realidad que se traduce en la metáfora del despertar, utilizada por todos los entrevistados:

“me di cuenta que había despertado en todo el mundo…ha despertado Coín y ha dejado de ser tan pasivo” (E.Pa.5).“necesitábamos alguien que nos abriese los ojos” (E.Pa.3).

Aunque analizaremos más adelante la dimensión política de la experiencia, el papel del conflicto en el proceso de liberación cognitiva adquiere una importancia especial, tanto a nivel social, puesto que sirve para que la gente despierte de un estado de inconsciencia o de semiin-consciencia, como a nivel académico, porque tenemos un escenario en el que podemos estudiar este proceso.

Antes de pasar a las emociones relacionadas con la experiencia de la movilización, queremos destacar otra emoción, positiva, que influye en la motivación: el orgullo. En más de una entrevista hemos encontrado

43 Patrono de Coín cuya celebración se hace en el río. Se nota que la misma virgen del pueblo tiene relación con el río, es la virgen de Fuentesanta. 44 McAdam, 1982.

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referencia al orgullo tanto hacia el río (“Coín ha estado siempre muy or-gulloso de tener mucha cantidad de agua…nos sentimos muy orgullosos del nacimiento de Coín”) (E.Pa.5) como hacia el mismo pueblo que se levantó en defensa del río:

“Cuando íbamos a las fiestas del agua en otros pueblos, todo el mundo po-nía como ejemplo a Coín, y para mí eso era un orgullo. Yo he sido parte de esta lucha, para eso la verdad que me sentía bastante orgulloso de mi pueblo” (E.Pa.7).

El orgullo es una emoción que cumple una función importante en la orientación de la conducta45 y está relacionado con la alegría y la sa-tisfacción por el logro. El orgullo tanto por el río como por la capacidad del pueblo de defenderlo se suma a las demás emociones que pueden explicar las causas y la intensidad de la movilización, además de fortalecer los vínculos entre los miembros de la comunidad. Lo mismo que podemos observar analizando otra emoción: la alegría. La alegría es una emoción que se produce en la ocurrencia de acontecimientos positivos, por la sen-sación de satisfacción y triunfo, o relacionada con sensaciones placente-ras.46 En nuestro caso la alegría se manifiesta relacionada con el éxito y la participación masiva en la movilización:

“todavía lo recuerdo y se me ponen los vellos de punta…porque yo no me pensaba que podía haber tanta cantidad de gente…todo Coín estaba en la calle manifestándose en contra…y lo más que era…pequeños, grandes, ma-yores, todo el mundo, nadie se quedó inmóvil ante eso…a mí me entró gana de llorar, no me lo podía imaginar que había…que la gente se movilizaba tanto” (E.Pa.5).“La primera movilización aquí en Coín fue increíble, ver todo Coín como estaba en la calle…Ver movilizarse un pueblo entero. Yo eso nunca lo había visto. No he vivido en una época donde ha habido muchas manifestaciones, he leído, he escuchado, pero nunca lo había vivido…la verdad es que te lle-ga” (E.Pa.7).

En estas primeras narraciones encontramos una carga emocional muy potente, cuyas emociones toman nombre hablando de experiencias en concreto:

“…me entra emoción, me entra alegría, porque de ver una persona tan seria, que no se involucra en nada, una persona muy cerrada, y verlo allí en lo alto del escenario, a él, gritando: ¡río Grande vivo!...” (E.Pa.5).

45 Reeve, 1994. 46 Idem.

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La alegría sentida por los participantes y activistas del conflicto les motivó aún más a seguir adelante y todos reconocen que una de las claves del éxito de su movilización fue el ambiente festivo y el “buen rollo” que había entre la gente:

“Y sobretodo optimismo y alegría…Estoy luchando por algo, es algo muy serio, pero yo me la voy a pasar bien. Yo creo que aquí es lo que ha funcio-nado en todo momento.” Y en otro momento añade “El ambiente era super positivo, había buen rollo, una fiesta…la gente se unió un montón, se cono-cieron mucha gente” (E.Pa.7).

El ambiente, la alegría vivida, influyeron también en las relaciones entre las personas, eso nos conduce a otra característica positiva del con-flicto, que es la de haber sido un catalizador social. Entre las consecuen-cias de estas experiencias hay que mencionar que se han creado redes de personas que antes es posible que se hubieran visto muchas veces, pero no imaginaban compartir inquietudes o sueños:

“todo eso nació en río Grande porque a través de río Grande conocí a esta gente…a través de río Grande hay mucha gente que se ha dado cuenta de que hay muchos intereses comunes…y ahora, por ejemplo, ya se han creado grupos que van a hacer esto, o incluso ya lo hacen aquí, en el caso nuestro por ejemplo…” (E.Pa.7).

Aunque hemos podido analizar sólo unos pocos aspectos de la expe-riencia ya emergen algunas de las consecuencias culturales y sociales de la experiencia de la protesta. Por razones de espacio no podemos dedicar más tiempo al papel de las emociones en la movilización, porque quere-mos poder dar una pincelada de todo el conjunto del análisis. De todos modos, queremos recordar que hay otras emociones que tuvieron un pa-pel importante en la movilización: una, por ejemplo, fue la indignación:

“son cosas que te indignan, y esa era la causa por la cual la gente se levan-tó…porque llegaban, te informaban, te abrían los ojos…”hombre, es ver-dad…es que nos están engañando, ¿Qué pasa aquí?” (E.Pa.1).

En estas palabras podemos leer la indignación, que es consecuente al proceso de liberación cognitiva (“te abrían los ojos”), y que se convierte en motor de movilización. Otras emociones que hemos encontrado en las narraciones han sido, por ejemplo, la esperanza, relacionada con la posi-bilidad de que se pudiera conseguir salvar el río, y también rabia e incluso asco, sobre todo hacia los políticos y quienes defendían la obra.

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Un aspecto que no podemos eludir en el desarrollo del análisis es la capacidad de contagio que tienen las emociones. A primera vista, con el material que tenemos, este aspecto emerge claramente:

“Había un contagio, para mí que soy una persona muy emotiva, un contagio de un cruce de alegría” (E.Pa.5).

Otro elemento que hemos podido apreciar en nuestras entrevistas exploratorias es la empatía, la capacidad de sentir las emociones de los demás,47 algo que se relaciona con la solidaridad que se instauró entre quienes eran afectados materialmente y quienes no lo eran:

“yo soy el único de mi familia que tiene tierra aquí, pero toda mi familia se unió conmigo…mi familia, mis amigos y todos los que me conocían…” (E.Pa.1).

Como con los actores de otros conflictos:

“…allí se juega con la vida, allí se mata a gente, allí se están envenenando a comunidades enteras…se mueren los niños y como no tienen dinero para comprar el agua tienen que beber esa agua sabiendo que está envenenada, ¡qué cosa más dura! ¡Qué duro es dar agua envenenada a tu hijo! …la lucha allí es mucho más fuerte…yo veía fuerza, sí que veía fuerza porque eso sí que es luchar como si vinieran a por ti…tienen toda la legitimidad, todo mi apo-yo moral…ojalá no pudieran con ellos, ojalá el mundo cambiara” (E.Ac.2).

Presentaremos ahora los elementos principales del análisis de la di-mensión política. La palabra “política” tiene para casi todos una connota-ción negativa, porque es sinónimo de lo que hacen los políticos, y de los “juegos” de los partidos, un mundo muy lejano de su vivencia:

“Aquí en ningún momento ha habido política…aquí era la gente…” (E.Pa.7).

Se confirma así una desconfianza en la política institucional:

“yo pienso que ellos [los políticos] actúan…hacen un proyecto y le da igual lo que pensamos nosotros o quién se lleven por delante” (E.Pa.1).“el político tiene que hablar bien aunque no diga nada, debería cambiar eso, esa es otra cultura que debería de cambiar” (E.Pa.7).

Los políticos nacionales o autonómicos producen rabia por su actitud

47 Goleman, 1996.

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“se le encendió la bombillita al político de turno y dijo -¡Vaya! ¡Mira! Aquí tenemos el río Grande, vamos a llevarnos agua y vamos a hacer más campos de golf y vamos a hacer al rico más rico-” (E.Pa.1).

También los políticos locales, a los que se les culpó de no haber de-fendido el territorio

“el alcalde lo tenía firmado ya y estaba todo firmado…estaba todo ya ama-sado” (E.Pa.1).“A la gente le dolió mucho, atacó mucho al alcalde porque la gente pensó que él era culpable de haber hecho firmar, de no haber tenido la atención suficiente por lo que estaba firmando, [a] la gente le decepcionó bastante” (E.Pa.5).

Aunque el descontento hacia los políticos sea fuerte, eso no se re-fleja en el voto, puesto que la mayoría de la gente no ha cambiado su tendencia política; una de las entrevistadas así nos lo explica:

“tenéis en cuenta una cosa que no es sólo quién gane sino la alternativa que haya” (E.Pa.5).

El conflicto ha cambiado la actitud de los políticos locales, que ahora tendrán que ser más “prudentes” (E.Ac.3) porque “se han dado cuenta de que el pueblo puede protestar, y de hecho se une, se ha unido para pro-testar, entonces…ya no es como antes, que antes lo hacían todo y nadie informaba de nada” (E.Pa.1).

Otra consecuencia de la experiencia del conflicto se refiere a la con-ciencia de que el pueblo tiene poder para cambiar las cosas:

“por esto está el pueblo, para decir -Oye, que somos los que te votamos, los que vamos a decidir lo que queremos y lo que no queremos-” (E.Pa.7).“ha quedado la experiencia de saber que te puedes manifestar y alguna vez hay alguien que te escucha” (E.Pa.1).

Y de los límites de la delegación y la necesidad de participar en la toma de decisiones

“está muy bien quién esté gobernando, aunque sea el partido que nosotros queremos, pero que hay que estar siempre atentos a lo que se está haciendo y lo que se está cociendo” (E.Pa.5).

A través de las entrevistas exploratorias hemos podido averiguar también cómo la experiencia del conflicto ha influido en la reelabora-

Conflictos ambientales y cambio cultural... 317

ción de conceptos como el de Democracia, Progreso e Interés General. Sobre el concepto de democracia han surgido interesantes puntos de vista y propuestas. Nos quedamos con la frase de uno de los participantes: “la democracia es un día” (E.Pa.1), con la que subraya que fuera del día de las elecciones los ciudadanos no son escuchados.48 El interés general y las acusaciones de egoísmo que acompañan los conflictos han sido también argumento de conversación en las entrevistas, como podemos apreciar en esta aportación de uno de los entrevistados:

“el interés general era [el] de los campos de golf y de algunos…el interés ge-neral… ¿quiénes es general? tú no formas parte de eso general, entonces esa palabra suena muy ambigua. Nosotros lo que queremos es para todos, eso es el interés general. Le hemos dado la vuelta al concepto” (E.Pa.7).

Finalmente, nos quedamos con una reelaboración del concepto de progreso que además está conectado con el último argumento de este análisis, las propuestas alternativas que surgen del conflicto:

“A mí eso me emociona y creo que río Grande pueda ser el principio de mucho progreso, el progreso en el camino que tenemos que llevar, que es hacernos amigos de la naturaleza, el conservar lo que tenemos, el cuidarlo, el mimarlo, darnos cuenta todos que sin esto, sin toda la naturaleza, no po-demos vivir” (E.Pa.5).

Gracias a la experiencia del conflicto por la defensa de río Grande se han puesto en marcha muchos proyectos en la comarca, sobre todo en dos direcciones: proyectos sociales y de agricultura ecológica.

“A través de río Grande también…yo creo que mucha gente el tema de la agricultura ecológica lo ha cogido con más cariño. …Se han puesto en mar-cha muchos proyectos gracias a esto: y yo creo que eso es el progreso…Y luego también nos ha ayudado para crear otro colectivo. …Demostrar cómo con sólo un granito de arena (..) todo lo que se podía conseguir” (E.Pa.7).

Terminamos aquí este análisis en el que hemos intentado presen-tar los elementos que consideramos más importantes en el estudio del cambio cultural consecuente a la experiencia del conflicto. Presentaremos en el siguiente apartado unas primeras conclusiones repasando todos los elementos que hemos podido apreciar en el análisis, recuperando al final la propuesta de comparación con un caso mexicano.

48 Para quien esté interesado con el tema presentamos un artículo en la Conferencia Internacional de la red WATERLAT, en octubre de 2010, en São Paulo, Brasil, sobre el cuestio-namiento del concepto de democracia en afectados por obras hidráulicas.

318 Alice Poma

CONCLUSIONES: UNA PROPUESTA DE TRABAJO PARA EL ANÁLISIS COMPARATIVO

El análisis de estas primeras entrevistas exploratorias nos permite afir-mar que se produce un cambio cultural en relación con la experiencia del con-flicto. Este cambio se manifiesta en distintas dimensiones: en la relación con el territorio, cuyo vínculo se refuerza, en la toma de conciencia, en la identidad, en las relaciones en la comunidad y en la dimensión política:

“Yo me quedo con dos cosas para mí muy importantes: por una parte lo que río Grande me ha despertado, o sea algo que ya sentía hacia él, pero que no sabía que sentía hacia él; y por otra parte lo que ha sido capaz de despertar en todos los coínos, porque el orgullo de ser coínas y de que todo mi pueblo se ha levan-tado, como se ha levantado para luchar por él, a mí eso todavía me emociona” (E.Pa.5).

Los cambios suelen ser tanto personales como colectivos y se reflejan en nuevos proyectos sociales y ecológicos que surgen gracias a los vínculos que se crean entre las personas durante el conflicto, gracias al conocimiento aprendido y a la conciencia de que es posible cambiar, desde la que los actores encuentran la fuerza para crear alternativas.

Gracias a esta labor hemos podido explorar la solidez de nuestras “ideas-madre” entre las que destaca la importancia de las emociones en el estudio de la movilización y para entender el cambio cultural consecuente a la experiencia de resistencia.

Hemos podido apreciar así la importancia de las emociones en la moti-vación a la acción, tanto relacionadas con el apego al territorio como con la felicidad de ver el pueblo levantado, y la vinculación de las emociones con el impulso a la acción.49

En relación con el apego al territorio hemos podido apreciar la intensi-dad emocional con la que se vinculan los entrevistados a su entorno natural, y el sentimiento de apropiación del mismo. Ese matiz que hemos querido evi-denciar en relación con el termino “propio” es muy importante si pensamos además que una de las grandes acusaciones que se hace a los colectivos y ciudadanos que participan en un conflicto ambiental es la de ser egoístas.50 Desde estas experiencias emerge la evidencia de que la motivación por la que

49 Goleman, 1996, 219. 50 Una gran parte de la literatura ha bautizado los conflictos locales contra obras e infraestructuras como NIMBY —not in my back yard—, resaltando la dimensión egoísta de las motivaciones del conflicto y desacreditándolos. Aunque la literatura más reciente está recha-zando esta definición peyorativa, considerándolos, por ejemplo, como movimientos locales contra el uso indeseado del territorio —LULU: locally unwanted land use—, la carga emotiva que acompaña a activistas y participantes de estos conflictos tiene que enfrentarse con las acusaciones de egoísmo y persecución de intereses particulares que se contraponen al interés general.

Conflictos ambientales y cambio cultural... 319

se defiende el río no es porque se encuentre en el propio término municipal, en su “patio trasero”, sino porque se comparten con el río experiencias de vida, sentimientos y recuerdos.

El vínculo con el río es un vínculo emocional, algo que se defiende por-que se quiere, y esa intensidad está respaldada por la emoción que se desen-cadenó en respuesta al proyecto de azud: el dolor. Además, dando la vuelta a la acusación de egoísmo, en las entrevistas ha surgido la idea de que este sen-timiento de pertenencia tendría que ser revaluado por ser un camino útil para llegar a desarrollar una conciencia hacia el medio ambiente, puesto que se protege lo que se ama. Esa idea se está difundiendo y ya son muchas las críti-cas al paradigma que se esconde tras la sigla NIMBY —not in my back yard—. En Italia por ejemplo se está difundiendo la idea sobre el carácter positivo de los conflictos locales de carácter ambiental, a la luz de la experiencia de los conflictos contra el Ponte de Messina y contra el tren de alta velocidad en Val di Susa —Piemonte— y no son raros posicionamientos como el siguiente:

“Sólo quien conoce bien su territorio y consigue organizarse y participa, y lu-cha, puede combatir la especulación, pequeña y grande, del capital y salvar el territorio”.51

En una época en la que el tema ambiental es prioritario, puesto que es-tamos viviendo una crisis de envergadura planetaria, consideramos muy inte-resante estudiar los procesos culturales y emocionales de experiencias locales, como la de río Grande, para contribuir a proponer elementos que puedan intervenir en la construcción de una nueva relación entre el ser humano y el medio ambiente.

Otro elemento que se refleja en el análisis es la tendencia, que parece caracterizar al ser humano, a no darse cuenta de lo que realmente es impor-tante hasta que no se pierde o, como en este caso, “peligre”. El conflicto ambiental pone en evidencia este aspecto del ser humano, que visto de otra manera refleja en realidad el apego hacia el territorio en el que se vive o se ha vivido, y con el que se instaura un vínculo emocional muy fuerte, que emerge, por ejemplo, al ponerse en peligro. Este argumento añade un elemento más al interés de estudiar los conflictos ambientales, puesto que son momentos en los que se descubre el vínculo con el territorio, la cotidianeidad de la relación entre el ser humano y la naturaleza, y que ponen en evidencia el proceso de concienciación de este vínculo, que como ya hemos defendido podría ser una clave para construir una cultura del territorio que se fundamente en las emo-ciones y la proximidad.

51 Guglielo Ragozzino. En, 4 de octubre de 2009, 1 y 7. Traducción de la autora.

320 Alice Poma

Respecto a las emociones hemos podido apreciar también que se carac-terizan por ser contagiosas y eso se convierte en un elemento importante en las movilizaciones,52 ya que todos los actores que están viviendo la experiencia se están contagiando emotivamente, produciendo una reacción en cadena en la acción colectiva puesto que las emociones influyen en la acción. A ese elemento se añade la empatía, que es otra capacidad que se asienta en la con-ciencia emocional de los seres humanos, y «constituye la “habilidad popular” fundamental».53La empatía es la capacidad para sintonizar emocionalmente con los demás54 y nos interesa principalmente por dos razones. La primera es que existe un vínculo entre la empatía y el afecto que permite sentir las emo-ciones ajenas como si fueran nuestras y que conduce a cuidar del otro,55 y la segunda es el efecto de la solidaridad, puesto que una vez que se toma con-ciencia de la propia condición se puede entrar en sintonía con todas aquellas personas que están viviendo o hayan vivido una experiencia similar.

Terminamos con los resultados que han salido del análisis de la dimen-sión política. Hemos podido comprobar que el concepto de “política” tiene una caracterización sobre todo negativa, siendo asociada a los partidos y a los políticos. Emerge una fuerte desconfianza en la política institucional, tanto a nivel nacional como local, debido a la imposibilidad de participar en los pro-cesos de toma de decisiones y a la distancia entre los intereses de los políticos y los intereses de los ciudadanos. Finalmente, hemos podido comprobar que gracias a la experiencia del conflicto, ha habido un proceso de reelaboración de determinados conceptos entre los que hemos analizado los de democracia, interés general y progreso, conceptos que juegan un papel importante en los discursos que protagonizan los conflictos ambientales. Dentro de la dimen-sión política, además, hemos ido incorporando las propuestas alternativas que surgen del conflicto, que representan la materialización de los discursos, implícitos y explícitos, de los participantes y activistas del conflicto. Estas pro-puestas alternativas, que se traducen en proyectos locales, desde asociaciones que trabajan con los niños a proyectos de agricultura ecológica, representan otro modelo de desarrollo que se opone al dominante, representado simbó-licamente en nuestros casos por la obra hidráulica. Estas propuestas alterna-tivas, que esconden un alto nivel de concientización, de reelaboración y de cambio cultural procedente de la experiencia del conflicto, nos permiten tes-tar hasta qué nivel el conflicto ha influido en los valores, creencias, etc. de las personas implicadas en la movilización y el grado de aprendizaje conseguido. Las emociones siguen jugando un papel importante también en esta dimen-sión, ya que influyen tanto en la percepción del poder —la indignación frente

52 Goleman, 1996, 78. 53 Ibidem, 67. 54 Idem. 55 Ibidem, 72.

Conflictos ambientales y cambio cultural... 321

a los políticos alimenta la desconfianza— como en las propuestas alternativas, que se fundamentan en la esperanza de un cambio y en las emociones positi-vas que permiten a los sujetos colaborar y cooperar para construir algo nuevo.

Objetivo de este análisis fue concentrar en unas pocas páginas los as-pectos más destacados que han surgido desde las primeras entrevistas explo-ratorias para poder averiguar y fortalecer las hipótesis de la investigación, aprovechando la ventaja de poder difundir los avances en curso para ir mejo-rando y perfeccionando tanto la metodología como el nivel mismo del aná-lisis. Concluiremos ahora con unas propuestas de trabajo en relación con el caso mexicano.

A la luz del análisis que hemos presentado en las páginas anteriores con el estudio comparativo de México pretendemos enriquecer el bagaje de conocimiento alrededor del proceso cultural que acompaña a estas experien-cias de conflicto, mirando a un país con una perspectiva socio-cultural muy diferente de la española. Podemos decir que en cuanto a los procesos indi-viduales y emocionales nos encontraremos previsiblemente con mecanismos muy parecidos, puesto que las emociones básicas56 son iguales en todas la culturas,57 mientras que en la dimensión territorial y política esperamos di-ferencias. Respecto a la dimensión territorial, por ejemplo, podrá incidir la distinta cosmovisión de las comunidades rurales mexicanas, mientras que en la dimensión política, como ya hemos recordado más arriba, la diversa actitud hacia las instituciones y el distinto contexto democrático.

Apostamos por formular la hipótesis de que en todos los casos la expe-riencia de conflicto sabe estimular el aprendizaje en distintas dimensiones, así como ser teatro de reelaboraciones conceptuales y propuestas alternativas. En este sentido, defendemos que la experiencia de la movilización, por distinto que sea el contexto en el que se desarrolla, es la que permite alcanzar el nivel de conciencia, ánimo —pensando en las emociones positivas que estimulan a la acción— y organización social —redes y vínculos entre personas— capaces de representar el “ambiente” ideal para la construcción de alternativas.

Otra hipótesis que podemos desarrollar a la luz del trabajo hecho hasta ahora es la del potencial cultural y social que puede tener la expe-riencia del conflicto ambiental: la toma de conciencia, el aumento del vín-culo entre sujetos, la intensidad emocional de la relación con su territorio, la actitud hacia la movilización y su percepción del poder.

Partiendo de estas premisas analizaremos nuevos casos de estudio, entre los que hemos elegido la experiencia del conflicto contra la presa

56 Hay distintas clasificaciones de las emociones básicas. Para simplificar, utilizamos la tipología propuesta por Goleman, 1996, 178: Ira, Tristeza, Miedo, Alegría, Amor, Sorpresa, Aversión y Vergüenza. 57 Goleman, 1996.

322 Alice Poma

de San Nicolás, Jalisco, México, por el hecho de ser contemporánea a la de río Grande en Málaga y porque, también en este caso, la comunidad, unida, ha conseguido parar el proyecto hidráulico que los amenazaba.58

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58 Del 1 al 7 de octubre de 2010 tuvo lugar en el pueblo de Temacapulín el Tercer En-cuentro Mundial de Afectados por las Grandes Represas “Ríos para la vida 3”.

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 323-338

La modernización del regadío en Andalucía:

una aproximación a sus efectos sociales,

económicos y ambientales

David Sampedro SánchezUniversidad de Sevilla

[email protected]

INTRODUCCIÓN

Desde la dominación islámica de la Península, los sistemas y paisajes de regadío andaluces han reflejado una evolución notable, pasando de redes de regadío de pequeña escala, con un paisaje asociado de alto valor ambiental, a los regadíos “tradicionales” extensivos, de grandes dimen-siones, originados por Planes Estatales y localizados fundamentalmente en el Valle del Guadalquivir, y a los competitivos regadíos intensivos situa-dos en la franja litoral andaluza.

A pesar de que hace años que se superaron todas las previsiones de crecimiento de la superficie regada,1 ésta continúa aumentando, bien por ejecución del Plan Nacional de Regadíos (la inversión pública alcan-za el 76% del presupuesto total) o por la propia iniciativa de las comu-nidades de regantes y usuarios. Destaca por su dimensión espacial y por el impulso privado de buena parte de estas nuevas superficies el incre-mento de la superficie olivar trasformada en regadío. Esta conversión al regadío de un cultivo tradicional de secano se dispara a partir de 1994, incentivada por la generalización de las técnicas de riego localizado, las subvenciones autonómicas al regadío y la buena coyuntura de este culti-vo al amparo de la Política Agraria Común.2 En este sentido, la Encuesta sobre Superfi cies y Rendimientos de Cultivos (ESYRCE) de 2012 cifra la extensión del olivar regado en esta Comunidad en 575.380 ha.

1 Corominas, 2003; de la Cruz, 2007; Vives, 2004. 2 De la Cruz, 2007.

324 David Sampedro Sánchez

Esta fuerte expansión de la superficie regada, que alcanza 1.106.394 ha, según la Agenda de Regadíos de Andalucía, ha desbordado las previsiones de todas las figuras de planificación que han pretendido regularlo (planes hidro-lógicos nacionales y de cuencas y planes de regadío nacionales y andaluces) y ha generado una importante demanda de agua (81,9 %, según el Informe de Medio Ambiente de Andalucía de 2008) y un paulatino deterioro de los sis-temas acuáticos. En consecuencia, y a pesar del notable incremento del agua disponible, el fuerte aumento de la demanda hídrica de Andalucía, junto a las irregularidades propias del clima mediterráneo ha conducido a situaciones de fuerte disminución de las dotaciones de agua para los regadíos andaluces. Estas situaciones de variabilidad en las dotaciones, que el sistema hidráulico no ha conseguido paliar, suponen un lastre económico para las explotaciones, que en algunos casos no logran superar.

Gráfico 1. Evolución y previsiones de crecimiento de los regadíos andaluces

Fuente: Joan Corominas, 2003.

Todo ello en un contexto ambiental donde se espera que el incremento general de la temperatura, fruto de la evolución climática del planeta, junto con la característica irregularidad interanual en las precipitaciones del clima mediterráneo, tenga como resultado una merma general de la disponibilidad de agua en la región.

Ante esta situación, una de las medidas más importantes puestas en marcha, tanto desde las administraciones públicas como por parte de las en-tidades de riego y de usuarios privados, ha sido la modernización de los siste-mas de distribución y aplicación del agua de riego en las explotaciones.

La modernización del regadío en Andalucía... 325

EL REGADÍO ANDALUZ Y LOS CAMBIOS EN LAS POLÍTICAS AGRARIAS Y DE AGUAS

La firma en 1994 del Acuerdo de Marrakech en el capítulo Agrario (ACA), que ponía fin a la Ronda de Uruguay de las negociaciones del GATT (Acuerdo General sobre Aranceles y Comercio), define una estrategia agraria internacional en la que las políticas agrarias y comerciales nacionales serán sometidas a la disciplina internacional por primera vez desde la creación del GATT en el año 1947. Como primeras medidas se acordaron: la sustitución de diversas medidas de protección, la reducción de aranceles y límites a los subsidios a la exportación. Las negociaciones posteriores, ya bajo el auspicio de la Organización Mundial del Comercio (OMC), continuarán propiciando la reducción de barreras y el incremento del acceso a los mercados de los pro-ductos agrarios.3

Junto a la liberalización comercial, la globalización provoca el aumen-to de la inversión directa extranjera (IDE) en países en vías de desarrollo,4 la terciarización de la economía y el cambio estructural en el sector agrario5 así como la disminución y sofisticación de la demanda agraria, lo que supone modificar los canales de comercialización.

A estas dinámicas, propias de la actual fase del capitalismo, se unen mo-dificaciones en las políticas agrarias (reformas de la Política Agrícola Común, PAC) y en la política hidrológica (Directiva Marco del Agua) frente a las que el regadío debe responder.

La adaptación frente a estos retos globales de la agricultura de regadío es señalada como un elemento clave, ya que está considerada como el mo-tor del sector agrícola regional y como la actividad dinamizadora del tejido agroindustrial. Para poner de manifiesto su peso dentro del sector, se argu-menta que con una extensión del 32,3% de la superficie cultivada, el regadío genera el 63,8 % de la Producción Final Agraria y el 63,3% del empleo en el sector.6 Estas cifras globales se pueden matizar analizando la gran variabili-dad de situaciones dentro de la agricultura de regadío. Así pues, frente a los altamente productivos regadíos litorales especializados en productos hortí-colas y frutales, tanto en términos económicos (!/m3) como sociales (unidad de empleo/m3), se sitúan los regadíos del Valle del Guadalquivir dedicados a cultivos anuales extensivos de escasa productividad y muy dependientes de las variaciones en la Política Agraria Común.

La actual Reforma Intermedia de la PAC ha tenido un notable impacto en los regadíos “tradicionales” del Guadalquivir. Especialmente en dos culti-vos: el algodón y la remolacha.

3 Blandford, 2002. 4 Taibo, 2005. 5 Tió, 2004. 6 C. Agricultura y Pesca, 2010.

326 David Sampedro Sánchez

Los elementos claves de esta reforma son:

Una sola ayuda por explotación, independientemente de la producción. Esta me-dida supone que la mayor eficiencia económica se obtenga con producciones inferiores a las óptimas.La vinculación de las ayudas al cumplimiento de las normas en materia de medio ambiente, salubridad, así como mantener las tierras agrarias en buenas condicio-nes agronómicas y ambientales.La revisión de la política de mercado de la PAC.

El día 22 de diciembre de 2000 se publicó en el Diario Oficial de las Co-munidades Europeas (CE) la Directiva 2000/60/CE del Parlamento Europeo y del Consejo de 23 de octubre de 2000, también conocida como Directiva Mar-co de Aguas (DMA), por la que se establece un marco comunitario para la protección de las aguas superficiales continentales, de transición, costeras y subterráneas. Como objetivos específicos se especifican:

Proteger y mejorar el estado de los ecosistemas acuáticos y de otros ecosistemas con respecto a sus necesidades de agua.Promover el uso sostenible del agua.Reducir progresivamente los vertidos de sustancias peligrosas y eliminar las sus-tancias peligrosas prioritarias.Paliar los efectos de inundaciones y sequías.Garantizar el suministro suficiente de agua en buen estado.

Uno de los principios de la DMA que puede tener una mayor reper-cusión en la agricultura de regadío es el de la recuperación de los costes de los servicios relacionados con el agua. La DMA introduce nuevos criterios de racionalidad económica en la gestión de aguas presididos por el principio de recuperación de costes - incluyendo los costes ambientales y el valor de escasez (oportunidad)-, el principio quien contamina paga y el principio de precio incentivador. De acuerdo con este último los estados miembros deben asegurar que en 2010 los precios del agua proporcionen a los usuarios incen-tivos adecuados para usar el agua eficientemente y contribuir, de esa manera, al logro de los objetivos de la Directiva. En cada caso, deberán desarrollarse análisis transparentes y en profundidad de los precios y sus efectos económi-cos y sociales. Se requiere pasar del análisis coste-beneficio al análisis coste-efectividad, es decir, las actuaciones no están condicionadas (salvo las excep-ciones anteriormente mencionadas) a los costes, sino que están definidas por los objetivos de conservación y/o recuperación obligatorios: de lo que se trata es de seleccionar las medidas que permitan alcanzarlos de la manera menos costosa posible. Asimismo, se debe garantizar la contribución adecuada de

La modernización del regadío en Andalucía... 327

los diferentes usos del agua, diferenciando al menos entre usos industriales, domésticos y agrícolas.7

EN BUSCA DE LA EFICIENCIA EN LOS REGADÍOS

Los procesos de modernización persiguen fundamentalmente incre-mentar la eficiencia de las redes de distribución del agua de riego, lo que requiere un importante esfuerzo inversor en infraestructuras y tecnologías que permitan el ahorro. En este sentido, la modernización de los sistemas de riego es una de las principales líneas de ejecución del gasto público en los departamentos de desarrollo rural.

Tanto la legislación en materia de agua (Directivas Comunitarias, Ley de Aguas) como el marco legal-institucional que concierne al desarrollo rural (Plan Estratégico Nacional de Desarrollo Rural 2007-2013, Ley para el Desarro-llo Sostenible del Medio Rural, en su artículo 25, regula el fomento de la efi-ciencia y el ahorro del agua) especifican como objetivos prioritarios la gestión eficiente de los regadíos, encaminada al ahorro de agua.

Mapa 1. Actuaciones en Andalucía promovidas por el Plan Nacional de Regadíos y Plan de Choque de Regadíos

Fuente: Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino. Elaboración Propia.

7 Del Moral, 2006.

328 David Sampedro Sánchez

En Andalucía se ha realizado y se está ejecutando un importante nú-mero de proyectos que promueven la eficiencia de estos sistemas. Varias son las Administraciones y entes públicos implicados en estos procesos, que junto a las comunidades de regantes o de usuarios conforman un entramado de agentes sociales de difícil comprensión a veces.

El impulso a las medidas de modernización proviene del Plan Nacio-nal de Regadíos (con continuación en el previsto Plan de Regadíos Soste-nibles), el finalizado Plan de Choque (Decreto 287/2006, de 10 de marzo) y el Plan Andaluz de Regadíos (y la anunciada Agenda del Regadío de An-dalucía). La coexistencia de planes de regadío nacionales y autonómicos ha permitido a las comunidades de regantes y usuarios andaluces optar por diferentes opciones y estrategias encaminadas a la obtención de fi-nanciación pública para los procesos de modernización.

Han sido objeto de las ayudas no sólo la modernización sino también la transformación en nuevos regadíos, la consolidación, mejora de la gestión y planificación del uso del agua en los regadíos existentes y la reutilización de aguas residuales depuradas.

Con anterioridad a la formulación del Plan Nacional de Regadíos, Horizonte 2008, el Decreto 97/1995, de 11 de abril, establecía ayudas para favorecer el ahorro de agua mediante la modernización y mejora de los regadíos de Andalucía, en el marco del Plan Andaluz de Regadíos, que se ha venido desarrollando desde 1996. Este decreto de ayudas fue deroga-do por el Decreto 236/2001, de 23 de octubre, por el que se establecen ayudas a los regadíos en Andalucía. Las obras de modernización o consoli-dación de regadíos, incluida la desalinización, son subvencionables en un 50%, siendo ampliable al 60%. Las obras de instalación de instrumentos de medición y control del consumo del agua y las acciones que se dirijan a la mejora de la organización y de la gestión de las comunidades de regantes son subvencionadas en un 75% del presupuesto de inversión aceptado. Este Plan pretendía la modernización de 260.000 ha y el ahorro de 263, 9 hm3/año. Sin embargo, el grado de ejecución del Plan ha sido mayor: se han ejecutado obras de modernización en 352.118 ha, un 35,4 % más de la previsión inicial. Respecto al ahorro de agua conseguido en estas zonas, en lugar de los 1.015 m³/ha previstos inicialmente, se ha lle-gado a los 1.235 m³/ha.8

En la actualidad, la Orden de 21 de julio de 2010, por la que se es-tablecen las bases reguladoras para la concesión de subvenciones para la mejora de los regadíos en Andalucía, modifica el porcentaje de subven-ción que se otorga y pasa del intervalo entre el 65% y el 75%, al 90 % para todas las actuaciones subvencionables.

8 C. Agricultura y Pesca, 2010.

La modernización del regadío en Andalucía... 329

A nivel del Estado Español, el principal instrumento para la finan-ciación de la modernización será el real decreto 329/2002, de 5 de abril, por el que se establece el Plan Nacional de Regadíos Horizonte 2008 (en adelante PNR). Las inversiones públicas que se contemplan en el PNR se financian a través del Fondo Europeo de Orientación y Garantía Agrícola, FEOGA, de la Administración General del Estado y de las comunidades autónomas.

En el caso de Andalucía, el 15 de marzo de 2002, se firma el Acuer-do Marco de colaboración entre el Ministerio de Agricultura, Pesca y Ali-mentación (en adelante MAPA) y la Comunidad Autónoma para la tra-mitación, puesta en marcha y desarrollo del Plan Nacional de Regadíos, Horizonte 2008. En este Acuerdo se contempla la ejecución de obras de consolidación y mejora de regadíos por la Sociedad Estatal de Infraes-tructuras Agrarias, SEIASA del Sur y Este, en zonas cuyas actuaciones se declaren de interés general a petición o de acuerdo con la Comunidad Au-tónoma de Andalucía. Esto posibilita que las Comunidades de Regantes o de Usuarios, constituidas en zonas cuyas actuaciones son declaradas de interés general, puedan realizar obras de modernización financiadas por el MAPA a través de SEIASA. Para el cómputo total de las ayudas, median-te esta vía de financiación, se establecía un 24% de subvención a fondo perdido y una aportación de las Comunidades de Regantes del 76%. Este porcentaje que los agricultores deben aportar en un 60% es financiado por la Sociedad Pública y le será reintegrado en un plazo máximo de 50 años, con 25 de carencia, sin interés ni actualización.

Así pues, las comunidades de regantes andaluzas que hubieran de-cidido optar por iniciar procesos de mejora de sus sistemas de regadío, se encontraban con la posibilidad de optar por esta financiación, o bien acogerse a la propia línea de ayudas de la Junta de Andalucía descrita anteriormente.

El tercer instrumento diseñado para financiar los procesos de moder-nización ha sido el Plan de Choque de Regadíos (real decreto 287/2006, de 10 de marzo, por el que se regula las obras urgentes de mejora y consolida-ción de regadíos). Este Plan ha pretendido ser mucho más que una norma que estimule los procesos de eficiencia en la aplicación del agua destinada al sector agrícola. Según señalaban los Ministerios de Agricultura, Pesca y Alimentación y de Medio Ambiente, el Plan supone la materialización de la revisión del Plan Nacional de Regadíos (PNR), estableciéndose una prioridad en las obras en función de su sostenibilidad económica, social y medioambiental. De forma expresa se afirma en dicho real decreto que, en ningún caso, la inversión pública prevista en él (2.049 millones de !) se destinará a la creación de nuevos regadíos. El elemento más destacable del Plan de Choque ha sido la reiterada apuesta por la eficiencia en el

330 David Sampedro Sánchez

uso del agua, encaminada al ahorro de agua para paliar los efectos de la sequía. Este objetivo se ha cuantificado mediante una estimación de agua ahorrada en cada actuación, cuyo cómputo total asciende a “1.200 hectómetros cúbicos al año que, unidos al resto de actuaciones del PNR, prevé alcanzar un ahorro de agua total de unos tres mil hectómetros cú-bicos al año”.9

Mapa 2. Ahorro de agua generado por el Plan de Choque en Andalucía

Fuente: Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino. Elaboración Propia

Para Andalucía, como se puede observar en el mapa 2, este ahorro está cercano a los 250 hm3/año. El artículo 9 del real decreto 287/2006 establece expresamente “el ahorro de agua producido se podrá utilizar para consolidar la superficie regable existente o la garantía de riego” y “no se podrá aumentar la delimitación de los polígonos y superficies de riego existentes, aplicándose, asimismo, el ahorro producido a la satisfac-ción de las necesidades medioambientales en el ámbito considerado y en la mejora de la garantía del abastecimiento a las poblaciones”.

La última norma que regula ayudas al regadío la constituye el real decreto 1725/2007, de 21 de diciembre, por el que se destinan 87,8 millo-

9 Ariza, 2008, 14.

La modernización del regadío en Andalucía... 331

nes de euros para financiar el cierre de las inversiones en mejora y conso-lidación de regadíos del Plan Nacional de Regadíos, Horizonte 2008, con un ahorro estimado en 134,27 Hm3/año.

Tabla 1. Obras financiadas por el real decreto 1725/2007 en Andalucía

Comunidad de Regantes

Presupuesto M!

Inversión SEIASA M! Hectáreas

Ahorro de agua hm3/

año

Pozo Alcón Fase II (Jaén) 6,5 3,3 3.992 8,57

Pozo Alcón Cuevas del Campo 14,1 7 2.500 5,37

Acequia Guadalhorce Fase II 1,6 0,8 1.000 2,22

Chirivel 4,5 2,2 400 0,89

Níjar Fase III 5,1 2,5 2.000 4,44

Fuente: Real decreto 1725/2007. Elaboración propia.

UNA APROXIMACIÓN AL DEBATE SOBRE LOS EFECTOS DE LA MODERNIZACIÓN

La modernización tiene como principal beneficio para los regantes la posibilidad de aumentar la disponibilidad de agua en la explotación.10 Este incremento se consigue mediante la disminución de las pérdidas en el transporte y la distribución del agua de riego y, sobre todo, mediante la creación de infraestructuras de regulación.

De una manera esquemática citaremos las principales actuaciones en este tipo de obras:

O� La reparación y mejora de los canales de riego.La sustitución de canales y acequias por redes de tuberías. Esto per-

mite la existencia de otros sistemas de aplicación del agua en la parcela que no sean el riego por inundación. La posibilidad de implantar sistemas de riego presurizado (localizado o por asper-sión) tiene varios efectos: en primer lugar, permite la implanta-ción de nuevos cultivos y, en segundo lugar, disminuye la fracción

10 Blanco, 2002.

332 David Sampedro Sánchez

de agua no consumida por el cultivo (retornos), aumentando la productividad del mismo.

Construcción de elementos de regulación como balsas o depósitos, lo que permite superar el sistema de turnos y disponer del agua en el momento idóneo para el cultivo, el denominado riego a la demanda.

Instalación de elementos de medición y control: equipos de aforo, limitadores de caudales, reductores o autorregulación de presión, etc.

Instalación de elementos de automatización: sistemas de telecon-trol, automatización de la operación de compuertas, válvulas, etc.

Por último, la posibilidad de incorporar nuevas fuentes de agua de riego, por ejemplo agua procedente de las estaciones depurado-ras de aguas residuales o de la desalación.

Las fuertes inversiones públicas y el esfuerzo económico de los agri-cultores en estos procesos de modernización del regadío se justifican en una serie de beneficios que suelen ser agrupados en varios apartados:

Benefi cios económicos

Como beneficio más destacable se señala que el cambio a redes más eficientes permite aumentar los ingresos del agricultor bien por el incre-mento de la productividad de sus cultivos, bien por el cambio hacia cul-tivos con mayor rentabilidad. En segundo lugar, se reducen los costes de mantenimiento de las infraestructuras de riego (exceptuando la energía) y el gasto en mano de obra destinada a regar. El caso de la energía es un elemento clave que tiene repercusiones económicas y ambientales. Las actuaciones de modernización generan un notable aumento del consumo energético, cifrado por la Consejería de Agricultura y Pesca en un incre-mento anual de más de 490 kW-h/ha.

Este crecimiento del gasto energético, agudizado por la elevación general del precio de la energía, tendrá repercusiones sobre la rentabili-dad de las explotaciones y sobre el consumo de agua, aspecto que anali-zaremos de forma breve posteriormente. Así mismo, este incremento del consumo energético supone un crecimiento en las emisiones de gases de efecto invernadero que debería ser valorado convenientemente por los organismos públicos.

Un último elemento a considerar es la inversión que debe hacer el agricultor en este cambio de infraestructuras.

La modernización del regadío en Andalucía... 333

Repercusiones sociales

El aumento de la productividad de las explotaciones de regadío fa-cilitaría que el agricultor continuase con la actividad agrícola, contribu-yendo a la estabilidad de la población en el medio rural. En el mismo sentido, una mejora en las condiciones laborales de los agricultores en la aplicación del agua en la parcela, será siempre un elemento positivo para el mantenimiento de la tasa de población activa en el sector.

Cambios en el paisaje

En primer lugar, aclararemos que en este trabajo adoptamos la di-ferenciación entre regadíos históricos, aquellos paisajes del agua con un especial interés patrimonial,11 y los regadíos tradicionales impulsados por planes estatales. No hay un límite temporal claro entre unos y otros pero entendemos por históricos “aquellos en los que el agua ha constituido se-cularmente la base de agrosistemas regados de elevados valores socioeco-nómicos, culturales y ambientales, y ha facilitado también, en frecuente alianza con la agricultura intensiva, con el transporte fluvial y con fun-ciones de tipo defensivo y de comunicación, el desarrollo de formas de urbanización y de asentamientos estrechamente ligados en su origen y en su desarrollo posterior a ríos y riberas”.12

En estos regadíos históricos, cuyo máximo exponente a nivel penin-sular es el regadío abancalado de la Alpujarra (existen más casos a menor escala), es indiscutible que la ejecución de procesos de modernización, tal y como los hemos descrito, supondrían una pérdida cultural y ambiental irreparable.

Entre los impactos sobre el paisaje asociados a estas obras señala-remos:

La incorporación al paisaje de elementos nuevos como balsas de riego, tendidos eléctricos, nuevos caminos o válvulas, ventosas, hidrantes, etc.

La extensión de la superficie regada al equipararse con la regable.Cambios en la tipología de cultivos, aunque en este aspecto pesan

más otros factores como las variaciones en la Política Agraria Co-mún.

La desaparición de vegetación asociada a antiguos canales y ace-quias sin recubrir de hormigón, de elementos patrimoniales del

11 Mata, 2002. 12 Mata y Fernández, 2008, 5.

334 David Sampedro Sánchez

regadío, eliminados o abandonados por la pérdida de su función, y de un conocimiento y adaptación cultural plasmada en el terri-torio.13

Este último aspecto también es objeto de debate. Así se ha recogido en las conclusiones de los Congresos Ibéricos sobre Gestión y Planificación del Agua, donde se señala la necesidad de considerar y valorar la inte-gración paisajística o de naturalización de canales y acequias antiguas de los regadíos tradicionales. Se recomienda su estudio previo ya que, en ocasiones, habrá que preservarlos mediante políticas de ordenación te-rritorial y paisajística adecuadas, por encima de las consideraciones más o menos estándar del incremento de la eficiencia del riego o la rentabilidad económico-productiva.

Repercusiones ambientales

Es quizás el punto más debatido en la literatura científica actual. Varios son también los efectos positivos sobre el medio:

La reducción de la contaminación difusa en los acuíferos, gracias a la disminución en el lixiviado de fertilizantes, sales y otros productos químicos.

La reducción del agua usada que no es consumida por la planta.La generación del citado ahorro de agua, lo que posibilita la reduc-

ción de la presión sobre las masas de aguas superficiales y subte-rráneas.

Tanto la legislación en materia de agua como el marco legal-insti-tucional que concierne al desarrollo rural (Plan Estratégico Nacional de Desarrollo Rural 2007-2013, Ley para el desarrollo Sostenible del Medio Rural, en su artículo 25, regula el fomento de la eficiencia y el ahorro del agua) especifican como objetivo prioritario la gestión eficiente de los regadíos encaminada al ahorro de agua.

En torno a este ahorro de agua se vienen planteando varias cues-tiones. Sobre todo si se tiene en cuenta los elevados costes y la fuerte inversión pública.

En primer lugar, aún continúa el debate sobre la capacidad real de generar un ahorro efectivo de agua con estos procesos, “muchos autores han arrojado dudas bien sustentadas acerca del ahorro de agua que se

13 García, 2006.

La modernización del regadío en Andalucía... 335

puede obtener por la modernización de los regadíos. En general, se admi-te que los efectos de la modernización sobre la calidad de las aguas serán positivos, y se tiene más reservas acerca de los efectos sobre la cantidad, particularmente a escala de cuenca”.14

Sin entrar en el debate sobre su repercusión en el sistema hidroló-gico, son numerosos los autores que afirman que sin un cambio en las reglas de explotación, estos procesos permiten seguir utilizando la dota-ción bruta al tiempo que aumenta la dotación neta.15 En definitiva, debe acometerse una modernización paralela del régimen concesional.16

Siguiendo con esta idea, se cuestiona la capacidad real que tiene este cambio en las infraestructuras de generar ahorro de agua, frente a otros procesos que ya están induciendo a la reducción del uso del agua. Entre estos se señalan los cambios en la tipología de cultivos, algunos de los elementos introducidos por las reformas en la Política Agraria Común o los precios de la energía. Así pues, la propia Consejería de Agricultura y Pesca de la Junta de Andalucía cifra el ahorro generado a escala regio-nal, en el periodo entre 1995 y 2008, en 797 hm3, de los cuales 362 hm3 se produjeron por el cambio de cultivos extensivos y hortícolas a olivar fundamentalmente. La importancia de este ahorro se pone aún más en relieve si consideramos que el cambio de cultivos sólo afectó al 11,7% del total de los regadíos, permitiendo una reducción de uso de 2.800 m3/ha frente los 1.235 m3/ha que generaron las actuaciones de modernización ejecutadas en el 31,8 % de los regadíos.17

Por otro lado, se espera que los cambios en la Política Agraria Co-mún induzcan a una reducción en la superficie dedicada a los cultivos tradicionales, con alta demanda de agua. De hecho, el desacople de las ayudas a la producción, mediante el sistema de “pago único” por explo-tación impulsado por la Reforma Intermedia, tiene como consecuencia generalizada que se obtenga una mayor rentabilidad económica con pro-ducciones inferiores a las óptimas. En este sentido, según las informacio-nes que hemos podido recoger de agentes sociales con responsabilidades en el regadío del Bajo Guadalquivir, al estar desincentivada la producción en el cultivo del algodón, muchos agricultores reducen la cantidad de agua aplicada al cultivo como estrategia para obtener una mayor ren-tabilidad. Así pues, en las comunidades de regantes que han acometido actuaciones de modernización y disponen de redes presurizadas, la dis-minución en el consumo supone, fundamentalmente, una reducción en la factura energética. En el caso de aquellas comunidades de regantes

14 Playán, 2002, 1. 15 Blanco, 2002. 16 Corominas, 2008. 17 C. Agricultura y Pesca, 2010.

336 David Sampedro Sánchez

o asociaciones de usuarios que continúan con riegos por inundación y tarificación por superficie, esta reducción del consumo está siendo menos constatada, aunque las reducciones del consumo aminoran los gastos en mano de obra destinada a la aplicación del riego.

Así pues, según los propios informantes cualificados, el incentivo para usar el agua con mayor eficiencia no procede del propio precio del agua sino del aumento del coste de la energía.

Por último, quiero señalar que otra de las grandes preocupaciones es el destino del ahorro neto de agua. Frente a continuar aumentando la superficie regada, este ahorro constituye una importante oportunidad para mejorar el estado natural de los sistemas acuáticos. En este sentido, será decisiva la aprobación o no del Plan de Regadíos Sostenibles en los términos en los que fue formulado por el Gobierno Central en 2008.

CONSIDERACIONES FINALES

En los procesos de modernización, la mejora y el cambio en las in-fraestructuras de regulación, distribución y aplicación del agua, deben ir acompañados de medidas encaminadas a hacer más rentables y competi-tivas las explotaciones agrarias de regadío. Sin este aumento de rentabili-dad, la inversión realizada y el incremento en el gasto energético pueden ser un lastre para la viabilidad de las explotaciones.

Son numerosos los autores que demandan estudios previos que per-mitan diagnosticar en toda su complejidad los paisajes culturales del re-gadío, concretar objetivos en las circunstancias específicas de cada uno y decidir, en consecuencia, sobre las acciones más convenientes.18 Esto exige considerar otros parámetros además de la eficiencia en el riego.

Para que un proceso de modernización pueda generar ahorros efec-tivos es preciso complementar el proceso con acuerdos previos que inclu-yan las pertinentes revisiones concesionales, adecuando las dotaciones a las necesidades de las zonas modernizadas (tal y como establece el Acuer-do Andaluz por el Agua).

Los ahorros de agua generados por estos procesos gracias a la fuerte inversión pública deben ser puestos a disposición del Órgano de Cuenca para garantizar su empleo en usos prioritarios: caudal ecológico y recupe-ración de acuíferos, uso urbano, etc., contribuyendo así a los objetivos de la Directiva Marco del Agua.

18 Mata y Fernández, 2008.

La modernización del regadío en Andalucía... 337

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Landscape and Thermalism: Proposals for Health

and Welness in the Guadaíra Basin, Spain1

Jesús R. Navarro-García CSIC

[email protected]

Frederico AlvimCSIC

Universidad Pablo de [email protected]

INTRODUCTION

Thermal towns are usually enclaves of great natural beauty and land-scapes that do not go unnoticed by users and travelers who visit these destina-tions to find relief for their illnesses and ailments, attracted by the qualities of their waters and landscapes.2

Considering the importance of the landscape established in the Europe-an Landscape Convention as a contributing factor in improving citizens’ qual-ity of life, the purpose of our work is to explore the history of how, since the 18th century, the landscape has contributed to the growing renowned acclaim of the curative qualities of mineral waters and how one of the most common activities at these locations is for bathers to observe and enjoy the landscape.3

1 This article is part of the project “Andalusia-Latin America: cultural exchanges and transfers,” HUM 03215, financed by the Regional Government of Andalusia and co-financed by the European Regional Development Fund (ERDF). 2 For example, it is common for one of the first chapters of a spa construction project to be dedicated to the landscape (Calavia Santos, 1918). 3 One of the most frequent activities at spas is to observe the landscape from nearby roads, hotel rooms, poplar groves, resting benches... from there, the river, the gardens and the mountains come to life: “There is a shady poplar grove in front of the porches, with benches where bathers can rest, tired from spending the morning in the water. Magnificent intermit-tent thickets of hydrangea provide decoration, and below you can see the eternal river with its immovable waters, the red shimmering rooftops and the mountains’ silhouette” (Azorín, 1929, 23, 27-28).

340 Jesús R. Navarro-García y Frederico Alvim

Consequently, it makes perfect sense to associate the recovery of an old spa with a plan for the management and planning of the surrounding landscape. It seems quite convenient for us to integrate landscape policies in the rural development policies that promote thermalism, given the importance of the landscape as a significant element affecting people’s quality of life and their physical-mental-spiritual well-being. This importance becomes even more rel-evant for health-oriented tourist destinations, such as thermal tourism.

Landscapes have extremely restorative capacities for humans. Never-theless, we have not been able to determine what type of landscape has the greatest restorative capacity. Some claim that natural landscapes offer us a greater feeling of well-being (theory of attention-related restoration); other authors link this restorative capacity to landscapes that reflect the historical-cultural development in which they have been created; others opt for land-scapes related to leisure activities; and finally, other authors point to the re-storative capacity of landscapes that provide relaxation and the opportunity to find ourselves. Based on all this criteria, we can affirm that few landscapes have greater restorative capacities than thermal destinations, considering their location in privileged natural environments, their rich historical-ar-chitectural heritage, their traditional association with leisure activities, and how they have been carefully maintained since the 18th century, ensuring the proper conditions to offer bathers’ respite and help them recuperate their state of mind. The spa facilities’ surrounding landscape is therefore not only aesthetic, but also incorporates an important cultural aspect, which can propagate much more than feelings of well-being. The social construction of the restorative capacity of thermal landscapes has been carried out since antiquity, through the work of writers, filmmakers and travelers, as well as memoirs written by doctors, which have undoubtedly contributed as well.4 Thermal towns amass cultural heritage, landscape quality, natural environ-ments and a comprehensive, modern concept of the term health.

In our country, the construction of large spa facilities, complementary buildings and accompanying gardens contribute to the creation of spaces

4 This includes the literature of authors such as José Luis Sampedro (El río que nos lleva), Teresa Viejo (La memoria del agua), Manuel Vázquez Montalván (El balneario), Pardo Bazán (Un viaje de novios), Pío Baroja (Desde la última vuelta del camino), Benito Pérez Galdós (La de Bringas, La familia de León Roch, Fisonomías sociales), José María de Pereda (Sotileza, Nubes de estío, Los de Becerril), Manuel Vicent (El león de ojos verdes), Armando Palacio Val-dés (La hermana San Sulpicio), Fernando Schwartz (Vichy, 1940), Azorín (Veraneo sentimental), Carmen Martín Gaite (El balneario), and Thomas Mann, Dostoyewski and Henrik Ibsen, among many others, as well as the film world including directors such as Berlanga (Los jueves milagro), Fellini (8½), Gorris (The Luzhin Defense), Resnais (Last Year in Marienbad), Mikhalkov (Dark Eyes), Nieto Zas (La perrera), Altman (Three Women), Birkin (Burning Secret), Charles Chaplin (The Cure) and the French Jacques Tati. Equally important is the role played by landscape schools in Galicia and Catalonia, which had a major influence on the creation of a national sentiment with thermal architecture.

Landscape and Thermalism... 341

appropriate for rest and relaxation therapy, incorporating urban (or even “artificial”) landscape elements in what we could colloquially call natural and rural landscapes, offering solutions for the necessary adaptation of the physical environment in order to provide medical services, while simultaneously introducing natural elements such as gardens around the water, which become the fundamental element of the thermal landscape’s layout. These facilities must allow users to consider a “possible utopia” in which the landscape is extremely important for the thermal environment to acquire its Utopian dimension. A Utopian dimension that they actually possess, to some degree. Above all, the most renowned thermal towns are especially connected to local culture in terms of the landscape , but not only in this respect.5 This communication between physical environments in thermal towns, which are fundamentally rural (immersed in nature) or urban (small towns with thermal complexes), must emphasize the harmony of the final result: “mixed” landscapes where nature is urbanized and becomes naturalized again, resulting in thermal towns with an enormous potential in the wealth of the landscape. Urban planning for these beautiful thermal towns must be respectful, not only of the significant heritage they possess from a hydrological, architectural and landscape perspective, but also respectful of the thousands of bathers who visit them because of the qualities of their waters and the natural and cultural surroundings, which help improve their quality of life and state of well-being.6 This interaction, which has been noted by some authors, between active and passive environments is the basis of our proposal, which is also very in tune with new health trends that consider people’s health as affected by their habits and life styles. This new concept of health as defined by the World Health Organization (WHO) is clearly incorporated in the offerings of thermal towns, associated with an extensive history that brings together cultural heritage, landscape quality and a comprehensive, modern concept of health, which is closely related to the concept of philosophical, social and ecological harmony between man and the landscape,7 as the great anarchist geographer Élisée Reclus predicted in the 19th century throughout the duration of his extensive career.

THE GUADAÍRA RIVER BASIN AND POZO AMARGO

The Guadaíra river basin has been the focus of constant protests and social demands for many years, triggered by serious water contamination and an abandonment of the rich water-related cultural heritage. The Administration initiated plans for the lower and middle river basin (located

5 Luginbühl, 2008. 6 Moyano Estrada and Priego González de Canales, 2009. 7 Durand, 2010; Bedell, 2010, 192-201.

342 Jesús R. Navarro-García y Frederico Alvim

primarily in the cities of Alcalá de Guadaíra and Morón), which have mitigated these problems to a certain degree; however, the upper river basin,8 which is uninhabited and plagued by the aforementioned problems, remains unaffected by these protective policies despite its rich natural and cultural heritage, which deserves to be discovered and protected before it degrades even further. The Guadaíra upper river basin has an interesting thermal enclave: Pozo Amargo. This is the most interesting case of the urban planning of a spa in the history of the province of Seville (although today it pertains to the province of Cadiz).9 Considering the importance of integrating the “thermal water” resource in the local productive system, we will study how the spa’s recovery can help preserve the cultural and natural heritage of the upper Guadaíra region.10 We are aware that in proposing the reopening of curative mineral water springs, we must integrate landscape and environmental policies in order to preserve the water’s potential as an engine for economic recovery and to restore Pozo Amargo’s identity as a thermal town and the river basin’s historical role as a quality water provider to the metropolitan area of Seville —the symbolic link with water and its unquestionable distinguishing character.

We are currently working on a proposal for an action plan for the town of Pozo Amargo and its surroundings. Based on its value as an example of the region’s traditional architecture and recovery of the use of its curative mineral waters, we will attempt to determine the benefits of preserving what is left of the town and conserving the area’s traditional rural architecture, nearby salt mines, archeological heritage, surrounding mountain landscape and Guadaíra upper river basin, as well as the curative mineral water springs. The intention is to definitively recover and revalue the outstanding historical, hydrological, socio-cultural and artistic heritage of the privileged environment surrounding these old spas as spaces associated with health, tranquility and enjoyment of the landscape.11 Pozo Amargo is unquestionably part of the general history and urbanization of spas in Spain since ancient times —sites associated with health, hygiene and socialization, as well as architectural and urban projects.12 The classic thermal baths have been adapted to a much more modern spa concept, which began to take shape with the Enlightenment in Spain and 19th century advances in hygienic theory.13 In fact, the spa was to

8 Programa, [2006]; Programa, 1999; Ordóñez, s.f., 111-118; Water quality is the fun-damental concern, as seen in http://www.rioguadaira.es/blogsite/calidad/calidad2.htm [captu-rado el 23 de febrero de 2011], the paper La contaminación… (2008) and La industrialización… (2006). 9 Reina Romero, 1993 and 1994. 10 Pozo Blázquez, 2000. 11 Leboreiro Amaro, 1994. 12 Malissard, 2001. 13 Among the abundant literature on this topic, the following quality texts are note-worthy: Alonso Álvarez, 2011; Larrinaga, 2010; Rodríguez-Sánchez, 1994.

Landscape and Thermalism... 343

be built in Pozo Amargo at the end of the 18th century. Although it is a small spa, the construction project mirrored major action plans for old Spanish spas, such as Trillo and Sacedón. Since ancient times, spas were considered to be “ideal cities,” and during the Enlightenment, attempts were made at updating them to a more urban model in order to promote bathers’ well-being. An interest in spas’ landscapes and surrounding environments gave way to a complementary therapy of curative water treatments. The use of these facilities by the bourgeoisie and aristocracy also necessitated greater care of urban, architectural and planning projects for public spaces, which occurred mostly in the 19th century. Specific facilities were built (fountains, parks, music stands, casinos, etc.) —the quantity and quality of which depended on the spa’s category.14 Pozo Amargo came to life during the monarchy restoration, the same period as the golden age of Spanish spas.15

Our work is intended to emphasize the important socio-cultural heritage of these thermal facilities, as well as the energizing power of their surrounding rural environment.16 In the case of Pozo Amargo, this means making the most of the underused curative mineral water resources, recovering and protecting the thermal town’s urban area and resolving some of the serious problems this site currently faces: a degraded environment with dwindling vegetation along the riverbanks, deteriorating plains landscapes due to the expansion of olive tree and cereal crops, cultural and archeological heritage that is barely valued or known, impoverished fauna as a result of agricultural pressures, lack of treatment for sewage spillovers, etc.17 Undertaking a landscape rehabilitation project in the near future to protect the curative mineral waters and surrounding area, as well as reopening the thermal facilities, would undoubtedly help preserve the rich heritage of the upper Guadaíra river basin and create an interesting environmental and landscape recovery experience in terms of water, health, landscape and leisure.18

DEFINITION OF THE TERRITORIAL AREA OF THE GUADAÍRA RIVER BASIN

The hydrographic basin of the Guadaíra River is small in size, demarcated by the Guadalquivir depression and another geomorphological unit: the Subbéticas. It is approximately 1,305 km2, distributed throughout 15 municipalities, and inhabited by over 350,000 people. It is mainly a Sevillian basin, although, paradoxically, the location of the old Pozo

14 Leboreiro Amaro, 1994, 101-163. 15 Reina Romero, 1993, 28-29. 16 Molina Villar, 2004. 17 Programa, 1999. 18 Larrubia Vargas and Luque Gil 2002.

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Amargo spa is located in the municipality of Puerto Serrano in Cadiz.19 The basin is located at a low altitude, even at the river’s mouth, since the source of the Guadaíra River is only 360 meters above sea level in the Serrano foothills. This circumstance, along with the proximity of the Guadalquivir Valley, explains the river’s short length —only 130 km— which is not regulated in any way.20 The basin contains multiple streams that are tributaries, especially on the right side, although the most significant one (the Guadairilla River) crosses through the basin on the left side in a S-N direction, the same as the Guadaíra River. We should also point out two visual landmarks in the basin: the Esparteros mountain range on one side, located in the vicinity of Morón de la Frontera, and the Alcores on the other side, an authentic transversal axis where the Guadaíra River crosses at Alcalá de Guadaíra. The porosity of this tertiary material formed by detrital limestone (calcarenites) permits rainwater filtration and has created a significant aquifer with adequate quality, which has historically permitted water supply to the city of Seville. The basin’s tradition of high-quality water has practically disappeared with the river’s huge contamination problems. Today, the basin’s water supply comes from other basins, with the exception of the small town of Pozo Amargo. The recovery of this spring for medical use would mean recovering and dignifying the river’s image on a symbolic level.

The basin includes various types of landscapes, according to the Spain Landscape Atlas: marshlands, the metropolitan area of Seville, interior plains, countryside, and, lastly, the hills of the Subbetic border, where the Pozo Amargo spa is located.21 A closer look at the basin reveals a small area of marshlands at the new end of the Guadaíra River. Moving upstream, the river opens up to another area of fertile lowlands and meadows until it reaches the city of Alcalá. It later passes through an area of tabular calcarenite relief, throughout the entire area of Los Alcores (including the municipalities of Dos Hermanas, Alcalá, Mairena, El Viso and Carmona). It then passes through an extensive rural area of rolling, hilly countryside used for olive tree and cereal crops, with a geographic center located approximately in the city of Arahal. Finally, the river passes through the Subbetic foothills, which begin in Morón, where Pozo Amargo is located.22 We must mention the elevated contamination rate in the river basin’s water due to industrial, urban and agricultural waste dumping, especially from the olive agricultural transformation

19 Reina Romero, 1993, 34-39. 20 Nevertheless, an important project was completed at the end the river, which con-sisted of diverting its original course to avoid flooding in the city of Seville (Del Moral Ituarte, 1991). 21 Mata Olmo and Sanz Herráiz, 2010. 22 Mapa…, 2005. Establishes classification in landscape categories, areas and fields.

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industry. In addition to these water contamination problems, we must mention the significant forest degradation, which is very visible in the basin’s riverbanks, plains and countryside. Far from causing the local population to sentimentally distance themselves from their environment, this situation has facilitated a strong movement, thanks to which the Administration of the Autonomous Government of Andalusia has been pressured to face the basin’s serious situation. Despite its degradation, the river is still seen not only as an outstanding part of the natural heritage that should be protected, but also as the primary reason for the rich historical and cultural heritage: the Guadaíra is therefore a highly transcendent territorial element.

The waterwheels that used to grind the wheat from the fields near the riverbanks are closely related to the importance of towns such as Alcalá in supplying the city of Seville. The olive and cereal farmlands23 brought about the construction of country houses and estates throughout the basin, supplying raw materials to the entire metropolitan area and incidentally increasing the rich architectural heritage. However, the river’s significance was not only economic or related to its heritage.24 Prior to its deterioration, the Guadaíra River was associated with enjoying its riverbanks, parks and gardens, a recreational-festive-cultural phenomenon encouraged and promoted first by the Exposition of 1929 and, later, by the arrival of the railroad in Alcalá.25 The recovery of the Pozo Amargo spa is therefore compounded with the rich tradition of the basin’s natural, historical and cultural heritage, as well as the recreational offering Guadaíra has always provided to the inhabitants of the Sevillian capital. In addition to the basin’s historical role in terms of cereal grains and olives as natural products resulting from human cultivation, the natural curative mineral water is a driving force for the recovery of the upper river basin, not only from the cultural and heritage perspective of the Pozo Amargo spa and town, but also from a natural perspective thanks to the landscape and environmental profile we have in mind for the Guadaíra upper river basin recovery project. Our focus will allow us to integrate physical, human and cultural aspects of the basin, as well as the water cycle, in a framework that gives each component meaning. This way, we can discuss the basin’s identity in contrast to the administrative reality, enabling us to connect two very different realities: the Guadalquivir Valley on the one hand, and the Subbetic system on the other. This connection between very diverse geological realities

23 Krumrain Ramos, 2001. 24 Bernal, 2003; Campos Díaz, 2005; Hidalgo Lerdo de Tejada and Fernández Chaves, 2006; Pozo Blázquez, 2000 and 2002, 377-393. 25 Fernández Lacomba, 2002; García Rivero, 2006.

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explains everything from the very upwelling of the water to historical, cultural and economic characteristics of this area. Both the hydrographic basin and the water cycle can enable our understanding of many of the paradoxes hidden within the context of the spa; paradoxes that shocked me when I first visited the Guadaíra river basin. We find ourselves in a historically contaminated basin, which nevertheless has a curative mineral water spring in Pozo Amargo. This is the first paradox. The town of Pozo Amargo, which barely has a stable population, is the only town that is supplied with water from the basin; the rest of the area’s towns have resorted to water from other basins due to the poor management of their own groundwater and underground water. At some point in history, they threw in the towel —the water from the Guadaíra, which supplied the Sevillian capital with high-quality water, was doomed to serve as the natural drainage for the olive packaging industry throughout the entire basin (Morón, Alcalá de Guadaíra...).26 Second paradox. Pozo Amargo, with its curative mineral water spring, is the only town that does not treat its sewage, neither theoretically or practically.27 Third paradox. It is also extremely telling that the upper Guadaíra, the basin territory with the greatest environmental and landscape value amassing such potential heritage, has been forgotten in the Guadaíra white and green plans.28 Fourth paradox. Lastly, with serious repercussions for the enclave of Pozo Amargo, the abrupt administrative separation of this part of the province of Seville to the Puerto Serrano district in Cadiz has caused serious interference in the identity of the Guadaíra upper river basin.

HYDROLOGICAL CHARACTERIZATION OF THE BASIN

The Guadaíra river basin provides an important connection between the Guadalquivir Valley, the Baetic system and the Atlantic basin, circumstances that make the mouth of the river where the Pozo Amargo spa and town are located more valuable.29 This connection to the Atlantic has historically linked this area with the smuggling phenomenon as well as the Andalusian Carlism movement. The Guadaíra was also a clear corridor for people and goods to Seville, the capital of the Guadalquivir Valley, which makes the toponymy clear: “supply river.” This connection between the Guadalquivir Valley, mountain range and Atlantic basin favors transit, as well as the historical-cultural heritage and, in many

26 Del Moral, 2002. 27 The Pozo Amargo treatment plant was included in the plan called “Guadaíra Blan-co,” but it was never built. 28 GAIA, 1998. 29 Asociación Gaya, 1996; López Martínez, 1997; Rubiales Sánchez, 2000.

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cases, conflicts.30 The current has always favored the lower river basin, which coincides with the metropolitan area of Seville, but the project in Pozo Amargo is intended to change this trend and give it meaning.

In hydrological terms, while the Guadaíra River has a S-N orientation, the rest of the basin’s fluvial system is characterized by an E-W orientation on the right side. The area’s marl and plaster are evident in the names of many of its streams (Salado, Saladillo, Salado de Paradas, Salado de Mairena...), whose structure is a dendritic network with high salinity, due to the soft nature of the Neogene sedimentary soil of marine origin. In contrast, there are very few tributaries on the left side, although the Guadairilla, which runs parallel to the Guadaíra, stands out as the most important. The rivers’ courses carve out the basin’s predominantly hilly relief, while abundant agricultural practices soften the shape of the marl, plaster and clay.

The basin is rich in aquifers, although they are currently underused. The Pozo Amargo aquifer is the least relevant from a quantitative perspective although it is significant from a qualitative perspective due to the Pozo Amargo spring. Paradoxically, it has always supplied the spa and town that grew up alongside it. It is currently the only inhabited enclave that is supplied with water from the Guadaíra river basin, despite the important aquifers located there:31 Sevilla-Carmona (1,150 km2), Arahal-Paradas-Morón (420 km2) and the Esparteros-Montellano mountain range (11 km2), with an annual recharge rate of approximately 200 Hm3, of which only 50 Hm3 is used for agriculture since the basin is known for its extensive dry agriculture rather than irrigation.32 The greatest urban-industrial water consumption in the entire basin is concentrated in the metropolitan area, not only for human consumption but also for industrial needs, agricultural transformation services and industry (Dos Hermanas and Alcalá de Guadaíra have a total of nearly 200,000 inhabitants and important industrial and commercial complexes). The countryside area has much less dynamic, stable populations (Morón, Arahal and Paradas have barely over 50,000 inhabitants in total), although Morón de la Frontera has high water consumption.33 Morón is an important center for agricultural transformation (olive packaging), which has had very serious environmental repercussions since the 1990s.

30 For example, we may recall the story of all the conflicts linked to the Moorish neigh-borhood gang, including references to this work (Morilla Cala, 1996; VV.AA., 1996; Carmona Ruiz, 2000). 31 The towns in the river basin receive water supply from Emasesa, Aguas del Huesna and the Écija Plan Consortium; in other words, they have three different managers and are supplied by external resources outside the basin in all three cases. 32 Durán Valsero, 2003, Programa de recuperación y mejora…, 1999. 33 Programa, [2006].

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This forced the Administration to create a Coordinated Recovery and Improvement Program for the Guadaíra, including a plan with effective measures such as the construction of dumping rafts and various industrial water treatment plants, as well as increased control of industrial effluents. Only the course of the Guadaíra that runs through the rural area of the Subbetic foothills —where Pozo Amargo is located— has relatively good water quality while this area barely has any human water consumption due to the scarce population residing there. The meager use of underground water for human, agricultural and industrial use —which is not in absolute numbers— compounded with the poor quality of the groundwater and the lack of the river’s regulation have led to the basin’s deficit and, consequently, the use of external resources.

The general poor state of the basin’s water is accompanied by serious deficiencies in the riparian ecosystems (lack of vegetation, which impedes the creation of closed corridors), plains (which are in clear decline, despite the fact that they used to cover the entire basin) and abundant agro-systems, which usually involve un-irrigated single-crop farming and olive groves in areas that are occasionally unfavorable for farming.

DIAGNOSIS

Since the Guadaíra river basin is an ancient marine gulf with colmated limestone and calcarenite sediment —which has given way to landscape landmarks such as the Alcores and the Esparteros mountain ranges— the region’s geomorphology has been influenced by this fact and the evident effects of water, which has not only intervened in modeling the relief, but also the formation of many aquifers. These aquifers are currently being recovered since high-quality water for human use is supplied from other basins, as we have already mentioned. Therefore, the conservation of the Pozo Amargo spring has necessarily become a general policy to also preserve other underground water reserves and avoid contamination at all costs. The Pozo Amargo aquifer, in contrast to the rest of the basin’s aquifers, is not located in the most populated area and, therefore, it will unlikely be subject to pressure and overexploitation, although it could be affected by sewage contamination from the town and agricultural use of the land. Our interest in preserving Pozo Amargo’s underground water —and in general in the entire basin— has a raison d’etre: the conservation of underground water has been forgotten in previous projects carried out in the Guadaíra, which have instead focused on the chemical quality of the groundwater.

The current conservation of Pozo Amargo town and springs —although not the spa, which has deteriorated with the passage of time—

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allows us to discuss how the self-controlled demographic and industrial expansion up to the 1950s facilitated, to some degree, conservation of the basin’s water-related historical-artistic and anthropological artifacts. The fact that Pozo Amargo is not near any large cities or frequented transportation routes has served in its favor, in addition to the fact that the town’s houses continue to be used, both as primary and secondary homes. Incidentally, we can affirm that the rich heritage conserved in the Guadaíra is precisely due to the fact that the upper river course is the only section that maintains its potential uses, both in the case of the spa and the nearby traditional salt mines, which are still in use. This gives us great hope that we will achieve the conservation of these rich examples of historical and ethnographic heritage.

From a historical perspective, the transfer of the town of Pozo Amargo to the province of Cadiz does not seem to have been a good political measure since it involved breaking the long tradition that connected this area to Seville, contributing even more (if possible) to Pozo Amargo residents’ feeling of abandonment by the local and provincial administration.34 This fact, however, has promoted the associative movement among the town homeowners, who are united by the feeling of residing in a place with a very special heritage.

The recovery of the spa and the surrounding landscape would allow the positive qualities of the Guadaíra upper river basin to be disseminated to the public, facilitating access and introducing people to the mouth of the Guadalete via the road that connects Morón and Coripe. It would bring a recreational and health-related facet to the upper Guadaíra, which, in the past, required traveling by train to Alcalá, thereby bringing Sevillians closer to the recreational area with curative mineral waters and the river’s upper course.

Landscape projects conducted in the spa’s surroundings are intended to alleviate the homogenization and impoverishment of the water-related ecosystems throughout the Guadaíra river basin due to human-related pressures. The recovery of forests on the riverbanks and shores, rocky terrain, Mediterranean scrublands, oak and cork oak groves, will provide added value to the environment of Pozo Amargo. Expansion of the endemic species must be accompanied by a strict control of invasive and ornamental species and reedbeds, as well as the recovery of populations of amphibians, reptiles, riverbed birds, steppe birds (Montagu’s Harrier,

34 The administrative problem that led to Pozo Amargo’s dependency on the province of Cadiz can only be resolved through honest, open collaboration between two municipalities (Morón and Puerto Serrano), which must come to an understanding to try to offer the upper Guadaíra the possibility of finding and dignifying itself. Prior to Pozo Amargo separating from Morón, Puerto Serrano was separated from the Sevillian city (1835) (Pascual Barea, 1996; Sán-chez Del Arco and Chezo, 2004).

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Bonelli’s Eagle…), mammals (fallow deer, foxes, small-spotted genets) and fish (eels, barbells…).35

PROJECT SITE: POZO AMARGO TOWN AND SPA (PUERTO SERRANO, CADIZ)

The proposed project site is located in the upper Guadaíra, corresponding to the landscape region pertaining to the Subbetic foothills and the Morón mountain range. As we have already seen, this area is rich in aquifers, noteworthy for its proximity to the Pozo Amargo aquifer, which has its own spring, and the Montellano aquifer. The town and old spa can be accessed from Seville-Morón via the A8126 roadway, catalogued as an official roadway of scenic interest (Morón-Algodonales),36 located only 15km from Morón de la Frontera. It is an isolated population center that was formed to house bathers at the nearby spa. When the spa was closed down, the town’s houses were sold to individuals, who currently usually use them as secondary homes.37 The history of this village brings us closer to another aspect that is closely linked to thermalism - the importance of the curative mineral water springs - which explains the origin of these towns, as described by Pliny the Elder and Seneca: Alhama de Granada, Alhama de Almería, Alhama de Murcia, Alhama de Aragón, Caldas de Malavella, Caldas de Montbui, Baños de Montemayor, Ourense....,38 all of which have linked their urban origins with the existence of curative mineral waters.

The town’s surroundings include mountainous areas and Mediterranean scrublands (the Pozo Amargo mountain range and other small adjoining mountain ranges), as well as agrosystems with plains, cereal and olive fields, and extensive animal farms. Therefore, there is an interesting mix of ecosystems that contribute great landscape and natural value to the area. This means that the area has a strong potential for increasing sensorial enjoyment of the landscape, which is one of the purposes of the Pozo Amargo project.39 Sensorial enjoyment is intended to improve the well-being of tourists and residents, as well as landscape features of the thermal town. For this project, we would employ a series of potential sensorial possibilities in the rural area. In 1840 Madoz said

35 Programa, [2006]. 36 Guía, 2008. 37 Reina Romero, 1994: 39-42. 38 These establishments are not at all related to the famous thermal spas of Caracalla and Diocleciano, since the water from the latter is not curative mineral water; therefore the spa would not considered to be a “modern invention” since they already existed in ancient Rome. 39 Here we should mention the problems derived from not treating the sewage in Pozo Amargo and the contamination from nearby crops.

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of Pozo Amargo that “The temperature is very pleasant, mainly in the spring and summertime, and the dry, cool, light breeze is renewed and charged with aromatic scents from the abundant vegetation in the area”.40 Going for a walk, one of the primary activities traditionally linked with spas, allows us to enjoy all of our senses: sight, smell, sound… which are heightened with this activity, the most gratifying of which is often the silence of the night. This is one of the reasons why environmental and landscape projects should reinforce the use of indigenous plants with intense aromas, such as thyme, lavender, basil, rockrose and wild roses41 in the garden areas as well as the areas of recovered Mediterranean forest.42 Regional ornamental plants such as jasmine and night blooming jasmine could be used in the garden areas, giving off exquisite, fragrant fruit aromas including citric and fig, in addition to riverbank trees such as poplars and black poplars, which fulfill the evident, unmistakable landscape purpose of marking the curves of the river, in addition to their environmental function...43

All these efforts would recover the environmental quality of the thermal surroundings and improve the quality of the landscape, with the potential for helping people recover by walking or bathing in the area. Madoz also pointed out that these qualities are already present in Pozo Amargo: “There are two valleys on the eastern and western sides of the mountain range that form large plains with a few country houses, ideal for a walk”.44 This has all existed for various centuries, when going for a walk became an ideal activity for thermal living.45

The extensive introduction of cattle and amphibian raising in the spa surroundings has increased the pleasant sounds that abate

40 Reina Romero, 1993, 14. 41 Carmen Martín Gaite (1993, 55) recreates a nighttime walk full of sensations in the spa’s surroundings: “No noises were heard in the surroundings. Clean, soft gusts of wind blew by, a slight aroma of cinnamon, bread with sugar; there must have been a heliotrope bush nearby…” 42 Díaz Palma, 1998. 43 How could we not recall those marvelous descriptions in Jean Giono’s book entitled The man who planted trees?: “But upon returning, passing by the country house, I saw water flowing through the streambeds, which had been dry since time immemorial (…) the wind dispersed certain seeds. As the water reappeared, willows, osiers, fields, gardens, flowers and a reason to live reemerged.” (I used the CD with music by Paul Winter Consort and narration by Lara López, translated by Eloy Fuente, Sonifolk S.A., 1993). Some of these measures must be accompanied by others to restrict bad odors from future facilities, garbage, fertilizer, treat-ment plants, etc., making a wind study a priority in establishing landscape quality protocols. 44 Reina Romero, 1993, 14. 45 Paradoxically, it has not advanced much since the 19th century and if we look at certain luxury thermal facility websites today, such as Villa Padierna-Thermas de Carratraca, we may be surprised to see that eight of the nine activities proposed by the clients of a spa of this caliber are related to walks.

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bothersome noises of the health and well-being tourist destination. It can also serve as a successful mechanism, which is discernible to some degree in the descriptions of Azorín, which must have been very common for the spa facilities of the 19th century and beginning of the 20th century, which were characterized —in that time period in Spain— with more vivid rural areas than today, due to the better state of the rivers and wetlands (“The countryside is silent, black; you can hear the crystal clear sounds of toads”).46 The proximity of the Guadaíra River to the spa provides playful sounds, as described in El Correo de Cantabria, on August 14, 1889, which alludes to the landscape and restorative values of the Pas River: “The location of the Viesgo Bridge is extremely pleasant, offering tranquility of the soul, combined with the river water’s peaceful current”.47

The whispering leaves, the river water and fountains, in addition to the possibilities of observing, following the theory of attention-related restoration, allow for reflection and concentration, decreasing stress… All of which are well-known tools for experienced bathers: “Everything breathes peace and meditation and the constant murmur of the river invites you to think about the permanency of time as a constant present of eternity, calming the nerves of ambitious people, dissipating their worries and inviting impatient people to rest”.48

The rich chromatic tonalities of the earth in the upper Guadaíra, reinforced by the white of the limestone in the agricultural and thermal facilities; the green tones of the recovered indigenous vegetation, vegetable gardens and crop areas; the greys of the Pozo Amargo mountain range; the blue sheets of water surging from the new thermal facilities all contribute to a chromatic improvement of the area’s beauty and its ability to transmit well-being not only due to the variety of colors, but also due to the variety of shapes and cultural determining factors or models of a landscape like that of Pozo Amargo, which can be clearly identified with the European agropastoral model that has historically developed with the passage of time.49

The upper Guadaíra area also has significant historical value, given the nature of its role as a bordering area, which was more relevant during the period of the Reconquest, the Carlist wars and the 19th century period of bandits and smugglers. The archeological value is also abundant and

46 Veraneo sentimental, 134. 47 San Pedro Martínez, 1993, 146. 48 Words from the marquis of Myra de Lyria in the prologue of Anselmo Albano Vil-lar’s book (1979). 49 Luginbühl, 2008.

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noteworthy,50 although it has not been studied very much to date. The cultural, ethnographic and architectural heritage51 are also noteworthy, due to the proximity of the town-spa’s salt mines, which are still in use, and the many rural buildings that appropriately form part of the landscape environment.52 The recovery of all this local and regional identity is an inevitable element in a project like this, which is intended to improve the quality of life for inhabitants of Pozo Amargo and users of the spa, recovering meaning for the public good. A place like Pozo Amargo is far from being a homogenizing space, rooted in the land and favoring people’s love and affection for the area due to its strong personality.

Consequently, the project will be developed in a series of phases: the conservation of the spring’s water quality and its environment, the cultural heritage associated with the spa and town, the natural environment included in the protected area and the visible basin, and the historical-archeological heritage. It also includes the development of public projects, promoting social participation,53 reactivation of artisan industries, a plan for disseminating and monitoring the projects and, lastly, the development of supra-municipal and municipal regulations to control problems derived from the currently weak institutional relationships with Puerto Serrano.54

This Pozo Amargo project is explained and justified by the abandonment of the upper Guadaíra in prior river projects, a circumstance which can be explained by the low urban pressures in the area, as well

50 A great example of a thermal town with archaeological sites in the vicinity is Puente Viesgo in Cantabria, with the Castle’s caves. These sites were a complementary resource to spa activities, especially since the 1940s. 51 Ruiz Gil and Gutiérrez López, 1997; “Estudios geográficos históricos..”, 1996; Giles Pacheco et al., 1999. Particularly, one should read the monograph dedicated by Mauror in number 16, second semester of 2006, with interesting articles on the cultural heritage of the environment of Morón, including the urban landscape, heritage, rural architecture, limestone quarries, etc. 52 Pavón y Quiles, 2006; Morilla, 2006. 53 Landscape projects must increasingly rely on social participation. These participa-tory projects contrast with the urban Utopia of the enlightened elite, who saw the need to rehabilitate Spanish spas, although the country’s economy could not afford major advances in this area. Nevertheless, during the Enlightenment, the land was prepared for future rehabili-tation at spas suc as Trillo, Archena, Caldas de Besaya, Solán de Cabras, La Isabela, Caldas de Oviedo... renowned architects such as Ventura Rodríguez, López Aguado and Mas i Font were already working on them... Many current projects still lack a connection with the culture of the land where they are located, creating a disconnection between thermal towns and their thermal resources, as in the case of Carratraca, Malaga. Sustainable projects unquestionably lead us to a participatory model. 54 This has already facilitated the appearance of certain urban excesses in the town, which have altered its original structure and urban features.

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as the high quality of the groundwater and aquifers.55 Within the general context of a highly contaminated river basin, this all becomes more relevant due to the curative mineral water springs, which require protection to prevent their deterioration or potential disappearance. The Pozo Amargo landscape and environmental project would resolve the sewage problem that this area is currently known for and would initiate a debate regarding the possibilities of greater human use of the basin’s underground water, which necessarily implicates greater attention to quality.

The project has interesting landscape potential, mitigating the serious erosion of the hills due to clearings caused by improper farming of olive and cereal crops. This would improve the views of the spa environment so that everything would benefit from the improvements to the spa facilities, thereby reinforcing the thermal offering in western Andalusia, which barely exists today. We are sure that prior projects in the Guadaíra (the Coordinated Comprehensive Program for Cleaning and Recovery of the Guadaíra River in 1996, also known as Green Guadaíra) have permitted the recovery of the rich hydrological heritage (natural, historical and cultural) of the flour mills of Alcalá, enriching the basin’s hydraulic landscape, but it is also very evident that the recovery of traditional activities still has not been proposed or specified, which would not only enrich the basin’s landscape but also reinforce the economic viability of Pozo Amargo’s environment: the spa facilities and salt mines we have already mentioned throughout this paper.56 Incidentally, the recovery of Pozo Amargo town and spa, protection of the rural architecture and land planning and landscape management of its surroundings would diversify the region’s economy, reactivating it on the basis of environmental recovery, while emphasizing the historical role of this area bordering between the Guadalquivir and Guadalete valleys.57 Despite the difficulties involved in breaking the regional administration’s tendency to ignore environmental, cultural and socioeconomic problems of the upper Guadaíra, in addition to the difficulties involved in initiating a thermal

55 The region has underground water originating from the Pozo Amargo aquifer, which currently supplies the town. Furthermore, the curative mineral water springs have a flow volume of 8,000 liters/hour, which can be employed in other uses as necessary. 56 Traditional limestone fabrication should be added to these activities, which is cur-rently carving out a niche in the artisan market for this product. This could play a key role as a quality artisan product for the recovery process of these facilities (Carrillo, 2005). 57 This favored the exchange of raw materials between both regions, although the attraction of Seville, the large commercial city of the Guadalquivir Valley, made trade much easier (Rodríguez Estévez, 1998).

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project58 due to the different criteria for public health, heritage, etc. in various national, regional and local regulations, we intend to recover the thermal village. This would allow us to connect with the basin’s tradition of providing quality water to the city of Seville, dignifying a town such as Pozo Amargo with being able to provide quality water. This is similar to what is occurring in the Galician city of Ourense,59 which came about due to the As Burgas springs dating back to pre-Roman times, which has recently decided to incorporate this thermal tradition as one of the city’s defining elements. Similarly, the English city of Bath recently decided to associate itself with the European thermal tradition, although the city did not have any spas in use until very recently. Their recovery was significant as the city discovered its essence in the spa, which, as we know, is a determining factor in its unique personality.

Can we include Pozo Amargo in this long tradition that connects the Guadaíra to the city of Seville? We think so, incorporating the village’s treatment of the landscape and environmental recovery of its surroundings, in addition to other criteria that is currently essential for this type of facility: professionalization, training, the introduction of quality criteria,60 personalized criteria and innovation in modern, well-organized and managed facilities, promoting the natural richness of the curative mineral waters and the landscape. This would provide the region with the possibility of tourism development accompanied by environmental, landscape, historical-artistic and ethnographic management. Sustainability certifications should be obtained, including Carbon Neutrality, Tourism Sustainability, Luxury Eco Certification Standards, Green World Award....

It is clear that institutional involvement and support are necessary for a project like this, given its complexity, but there should also be a space for the private initiative since the thermal facilities are viable in and of themselves. The Council of Ministers’ recent approval of the 2010-2014 Sustainable Rural Development Program, on June 4, 2010, permitted the inclusion of spas in this program.61 This circumstance opens up an

58 Miguel Mirones’ speech at the International Thermal Tourism Conference in Ou-rense, March 2-6, 2011. Mirones, who is currently the President of the National Spa Association (ANBAL), emphasized the need for regulations to be across the board. 59 Speeches by Francisco Rodríguez Fernández, Mayor of the Ourense City Council, and José Luis Baltar Pumar, President of the Provincial Council of Ourense, at the International Thermal Tourism Conference in Ourense, March 2-6, 2011. 60 Incorporating this thermal experience in the upper Guadaíra could be a pioneering effort, which would require introducing landscape criteria in international quality standards for thermal and therapeutic facilities (Q, ISO, EUROPESPA, etc.) 61 See the declarations of the Thermalism Observatory for the preliminary version of the Sustainable Rural Development Program, which includes Thermalism and Thermal Tourism. These statements were made in Alhama, Granada, on December 4, 2009. They emphasize the sustainability of thermal resources and the possibility of job creation in the rural environment.

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interesting path for financing all projects related to quality, protection and added value for mineral water resources and their integration in the natural and landscape environment, as well as the business and social framework of each region. This is why a proposal such as ours fits into the Rural Area Plan that is currently being prepared, establishing the idea that thermalism could be a strategic industry for sustainable regional development of rural areas with thermal resources, and that the landscape perspective could contribute numerous improvements to the specific project described herein.

Our holistic project makes a lot of sense at a time when the thermal industry is surpassing the traditional concept of spas as simple health centers. Today spas are open —although to a certain degree they always were— to different products. This influences the landscape and environmental quality, which is why an intervention project at Pozo Amargo makes so much sense: the increase in the cultural and economic level of spa users gives the intervention more meaning, and also includes the recovery of the area’s historical and archeological heritage. The well-conserved areas of the spa’s environment and areas included in the project, including the river and cereal crop areas that have eaten away at the Mediterranean mountain land, must permit the recovery of indigenous vegetation and traditional vegetable garden areas that once surrounded the thermal establishment not too long ago. The possibility for users to also get involved in this environmental recovery plan gives it more meaning at a time when an increasing percentage of users of this type of facilities wish to participate in active recreational activities that allow them to be a part of the environment and, to a certain degree, create a landscape in which they feel implicated.

We will finish as we started, discussing the beauty of Pozo Amargo’s landscape. We believe in it and we are also aware of the possible negative repercussions of a project that is not respectful of this environment. This is why it is necessary to recover the micro-histories hidden in the village, recalling the anonymous creators of Pozo Amargo’s landscape, abating its processes and phases of decadence so as to not succumb to proposals that stray from its historical roots. We must learn how they instilled the emotional roots of their people in these houses, the thermal village square and the small church, the feeling of belonging and how this feeling has evolved over time. We can still find remnants of what once was in Pozo Amargo - we can see ourselves in it. All these reasons explain our need to recover the spa, its purpose as a town, it’s raison d’etre. This is a process of searching for its identity, as recently occurred in Bath and so many other thermal towns wishing to recover their personality. This sustainability-based dignifying project for Pozo Amargo is the basis of our

Landscape and Thermalism... 357

proposal, recovering the feeling of belonging to this corner of the upper Guadaíra, and relying on the basin’s very active associations. If we are able to sentimentally repair these landscapes, a part of our journey will be complete. If we are able to achieve the visual quality of definitive beauty, viewed not just as an unimportant accessory, but rather an essential value for man’s relationship with the landscape, we will have taken a major step forward.62

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62 How could we not recall Akira Kurosawa’s wonderful scene in the full-length film “Dreams,” in which the spirits of peaches reproach the son of a family that cut them down, who cries in their absence. The son justifies that he is not crying because he liked the peaches and can no longer eat them —since you can always buy peaches— but rather because you can never buy the beauty of the full peach orchard in bloom (Kurosowa, 1990). This episode exemplifies as few do, both visually and musically, how a landscape trauma can become a psychological trauma, of how depression motivated by a landscape trauma can increase hu-man psychological vulnerability, of the importance of the landscape’s beauty in what we call “quality of life” (Vallerani, 2008, 75). Or as the old man says in the dream “Village of the waterwheels”: “The most important things for human beings are clean air and water, and the trees and herbs they produce.” (Kurosowa, 1990).

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Genealogía de una distancia medioambiental:

guerra, catástrofes y aguas. Chile, siglos XVI-XIX

Mauricio Onetto Pávez1

Facultad de Educación y Humanidades de la Universidad SEK (Chile)[email protected]

Régions séparées, mais par quoi? Par rien d’autre sans doute qu’une distance, leur distance; un vide imperceptible, mais que rien ne peut résorber, ni meubler, une ligne qu’on ne cesse de franchir sans qu’elle s’efface, comme si, au contraire, c’était en la croisant sans arrêt qu’on la marquait davantage. Car cette limite, elle n’isole pas deux parts du monde: un sujet et un ob-jet ou les choses en face de la pensée ; elle est plutôt l’universel rapport, le muet, laborieux et instantané rapport par lequel tout se nou e et se dénoue, par lequel tout apparaît, scintille et s’éteint, par lequel dans le même mouvement les choses se donnent et échappent.2Con que faltándole el agua del rio de Santiago tres cualidades (…) No es clara porque en las avenidas parece barro colorado; no es dulce, porque lo dulce en el agua es carecer de sabor; la nuestra trae el sabor de caparrosa y polcura, y otros antimonios que restringen y aprietan en vez de dilatar los conductos del alimento; no es olorosa, porque huele a sieno.3

PREÁMBULO

Hablar de distancia(s) es un tema de ubicación y movimiento. Es un ejer-cicio de verificación que nos permite descubrir los puntos en donde se sitúan las relaciones. Por tanto, la distancia no sólo puede leerse como el espacio que

1 El contenido de este artículo-ponencia, escrito en 2009, se insertó dentro de algunas de las reflexiones que realizamos para nuestra tesis de doctorado en la EHESS de París, Centre GGH-TERRES. La tesis fue dirigida por Alain Musset y se tituló: “Tremblements de terre dans le Jardín de Eden. Désastre, mémoire et identité au Chili (XVIe –XXIe siècle)”. 2 Foucault, 2001, T. I, 303-304. 3 “Representación de don Agustín de Ochandiano y Valenzuela en la que refiere sus servicios como médico, pasa en revista las enfermedades más corrientes en este reino y aboga por la conducción del agua de Ramón. Santiago, 2 Agosto de 1718”, Biblioteca Nacional de Chile, Sala Medina, Rollo 93, Tomo 333, Pieza 655, f. 414. (En adelante BNCh, MsM)

362 Mauricio Onetto Pávez

separa, sino como un espacio elegido, en donde se adquiere una posición y una circulación determinada. En efecto, la distancia no sería solamente optar por una meseta desde la cual se distingue una cosa de otra, sino que puede ser una manera de comprensión e interacción con el mundo.

A partir de esta reflexión podría mos concluir, entre otras cosas, que un medio ambiente podría ser la evolución de una suma de distancias entre los habitantes de una localidad y su entorno natural.4 Esta consideración nos lleva a presentar al medio ambiente de una manera diferente, es decir, no como una simple suma de naturalezas,5 sino al contrario, como espacios evolutivos que fueron construyéndose a través de mediaciones simbólicas y materiales con las distintas naturalezas que cada sociedad ha considerado relevantes.6

Por estos motivos, creemos que analizar t emas vinculados al medio am-biente debe ser un ejercicio genealógico, es decir, un tipo de análisis que ten-ga como horizonte la pluralidad que de por sí se puede encontrar en un medio ambiente. Nos interesa una reflexión que no se preocupe de situar un origen sino posibles orígenes. Nos interesa la dispersión, las contradicciones y deveni-res de los habitantes de una localidad y sus espacios. El ejercicio genealógico es una posición que permite situar, del mismo modo, aquellas “derrotas mal digeridas”, los fantasmas que rondaron las relaciones, los cuales finalmente nos remiten a vislumbrar los comienzos, atisbos y posiblemente las herencias recibidas de una sociedad con respecto a los medios y los ambientes que la forjaron.7 En otras palabras, es una modalidad que nos permite presentar un tema difuso en su propia dispersión y que nos ayuda a visualizar cómo se han forjado, entre otras cosas, ciertos olvidos.8 Asimismo, nos parece relevante no sólo reconocer o interrogar ciertos hechos, sino además encontrar aquellos “lugares de cruce”9 en donde se puede verificar cómo se construyó, en par-

4 Preguntarse sobre los significados que puede adquirir la palabra “natural” resulta un ejercicio necesario desde el punto de vista epistemológico. Las reflexiones de Robert De-lort y François Walter se vuelven sugerentes en este punto, pues los autores indican que se deben considerar, al menos, tres acepciones a la palabra: “En premier lieu, le terme désigne l’ensemble de caractères et de propriétés définissant un être (ou une chose), ce qui est inné (nature vient de natus, « né », comme la physis grecque) par rapport à ce qui est acquis, donc une structure particulière, l’essence de l’être de référence. Ensuite, nature renvoie à l’ensemble du réel et son organisation (…) Le mot s’applique à l’ensemble de tout ce qui reste en dehors de l’action humaine…” (Delort y Walter, 2001, 19-20, y Massard-Guilbaud, 2007). 5 Puede resultar interesante confrontar la definición de la Comunidad Económica Europea con respecto al medio ambiente: “ensemble des éléments qui forment, dans la com-plexité de leurs relations, les cadres, les milieux et les conditions de vie de l’homme et de la société” (Delort y Walter, 2001, 19). 6 Para un completo balance sobre historia ambiental, que incluye ciertas nociones críticas en términos teóricos, ver el artículo de Locher y Quenet, 2009. Asimismo, los escritos de Weiner, 2005, y White, 1999, sirven para constatar las miradas. Para el caso chileno encontra-mos un trabajo serio para el tema medio ambiental como el de Camus Gayán, 2006. 7 Foucault, 2001, 1008; Ginzburg, 2001. 8 Ibidem, 1009. 9 Este término lo utiliza Nora, 1997 (introducción).

Genealogía de una distancia medioambiental... 363

te, la percepción y representación del medioambiente.10 En efecto, pensamos que luego de reconocer estos espacios de encuentro podemos considerar al medio ambiente como un horizonte11 de análisis para las ciencias sociales.12

DISTANCIA ESPACIAL Y GUERRA

El Reino de Chile fue un espaci o difícil de aprehender y explorar. Desde su primer intento de conquista hacia el año 1536 quedó de manifiesto que intentar conquistar aquella tierra sería un desafío mayúsculo, tanto por sus diversas y extensas geografías –cordillera, desierto, mar, bosques, quebradas, valles, etc.-- como también por la constante resistencia indígena, principal-mente de aquellos que vivían en la parte sur de dicho territorio. El descono-cimiento de la geografía fue, sin duda, un factor fundamental para que este proceso de conquista tuviera esta complejidad, algo que quedó de manifiesto en las escasas referencias sobre este lugar de “fin de mundo”. Los rumores la catalogaban como tierra de riquezas, de un paraíso en los confines del virrei-nato del Perú, lo que distó de la realidad encontrada por los conquistadores. En otras palabras, esta conquista privada13 que buscó la “gloria” y la riqueza tuvo un punto de tensión constante debido al desconocimiento de los espa-cios de su jurisdicción, no así de sus límites.14

Por tanto, fue prioritario para los españoles intentar imponer lo antes po-sible las demarcaciones para dar carácter “legal” y verídico a aquellas tierras in-conmensurables. Para poder conquistar aquella zona añorada el primer grupo de españoles --dirigidos por Pedro de Valdivia, antiguo combatiente en Flandes e Italia-- utilizó la única estrategia posible para ir posicionándose en aquel espacio resistido: avanzar cautelosamente y crear pequeños asentamientos que permitie-ran tanto la defensa como la posibilidad de seguir conquistando. Por esta razón,

10 Una reflexión interesante en referencia al tema del medio ambiente y una posible moda de las ciencias sociales con respecto al tema se encuentra en Massard-Guilbaud, 2002/3 y Camus, 2006, 21-45. 11 En la medida en que consideremos estos cruces como “horizontes” se podrá obser-var de manera más lúcida parte de aquellos lugares en donde “la conciencia histórica se ha hecho consciente de sí misma” (Gadamer,1984, 375). 12 En cuanto al papel de las ciencias sociales y el medio ambiente, sugerimos el artículo de Massard-Guilbaud, 2002/3. 13 Sobre el tema de la conquista privada, el afán de gloria y ambiciones españolas en el territorio chileno, ver el estudio de Jara, 1986. 14 Cabe recordar que para esos años se sabía ya el límite de Chile, el cual era el Estre-cho de Magallanes.

364 Mauricio Onetto Pávez

se fueron construyendo fuertes de combate en toda la zona de conflicto.15 Desde esos lugares, cerrados y envueltos en sí mismos como una esfera, los españoles comenzaron a adelantarse en el territorio.16

Los hispanos sabían que bajo esta lógica “circular” o de “ondas” en la que iban avanzando y descub riendo el espacio, iban haciéndose dueños de aquel territorio y resistiendo los ataques indígenas de la mejor manera. Además, iban lentamente definiendo e imponiendo una nueva modalidad de relacionarse con el espacio geográfico. Como el avance era fraccionado y obedecía a la secuencia de los enfrentamientos, los espacios descritos de este nuevo territorio tuvieron como propiedad ser el producto de observaciones limitadas, puestas en escena como una pintura, que pudieron ser hechas ya sea desde los fuertes o desde la propia rutina guerrera. Es por esta razón que deducimos que el espacio se descubrió y develó mediante una lógica paisajís-tica.17

En efecto, si tuviéramos que distinguir cómo influyó la guerra en las pri-meras relaciones con el ambiente natural, podríamos señalar que esto sucedió de dos maneras que funcionaron paralelamente: la guerra como una barrera que no permitía establecer una relación que no fuera pragmática y funcional con la tierra, y, por otra parte, como la creadora de los primeros espacios donde se forjaron prácticas y observaciones hacia el medio ambiente. Sin em-bargo, pensamos que en ambos casos hubo un mismo denominador común: la falta de compenetración con el espacio geográfico.

Ciertamente, el peso de ser un territorio resistido, incontrolable y des-conocido provocó una suerte de reticencias hacia él. Sólo se consideraba e interactuaba con la naturaleza en la medida que esta servía para obtener un mejor resultado en la conquista; en caso contrario, era mirada como algo lejano, distante y no propio, es decir, como un medio, no como un ambiente con el que se generara una complicidad. Esto se puede apreciar en las prime-

15 Generalmente, todas las fundaciones realizadas por los primeros españoles fueron conocidas como ciudades. Sin embargo, la precariedad, el problema con los indígenas y la poca población lleva a señalar que eran mas bien fuertes de posicionamiento cuyas condiciones eran bastante precarias. Las primeras “ciudades” que se fundaron fueron: Santiago (1541), La Serena (1544), Concepción (1550), La Imperial, Valdivia (1552), Villarrica (1552) y Los Confines (1553). 16 Creemos que el famoso «Arte de la Guerra» de Maquiavelo tuvo bastante influencia en el modo de operar para esos años de los españoles. De hecho, gran parte de sus reflexiones se pueden observar en su desplazamiento por el territorio chileno: “Vous devez savoir aussi que, lorsque l’on marche dans un pays ennemi, on court plus de dangers et plus grands que lors d’une bataille rangée. (…) La première chose à faire est d’avoir une description et une représentation exactes du pays où l’on passe, de façon à connaître les lieux, leur nombre, les distances, les routes, les montagnes, les marais, et tous leurs aspects” (Nicolas Machiavel, “L’art de la guerre” en Machiavel, 1996, 567). 17 “Le paysage peint, il est la concrétisation du lien entre les différents éléments et valeurs d’une culture liaison qui offre un agencement, un ordonnancement et finalement un «ordre» pour la perception du monde” (Cauquelin, 2000, 6).

Genealogía de una distancia medioambiental... 365

ras representaciones globales que se hicieron sobre Chile, las cuales tocaban el tema geográfico de manera muy sucinta a diferencia de la descripción de-tallada de los enfrentamientos y adversidades que entrañaba la conquista. De hecho, gran parte de las descripciones oficiales fueron observaciones de carácter sideral18 que no permitían percibir el posible mundo de prácticas que se daban entre los habitantes y los diversos medios y ambientes. Un ejemplo para la época fue La Araucana de Alonso de Ercilla.19 En varios pasajes de este libro, como también en las crónicas hasta mediados del siglo XVII, el terreno se presenta, por lo general, como un “todo” uniforme en donde sólo se de-tallan aquellos puntos en los que el contenido puede ser útil para motivar a los españoles a ir a esos parajes --mostrar una rica y exuberante naturaleza-- o simplemente para que en Europa se hicieran una idea de lo que sucedía en aquella antípoda.

“Chile, fértil provincia, y señalada /en la región antártica famosa, / de remotas naciones respetada/ por fuerte, principal y poderosa, /la gente que produce es tan granada, / tan soberbia, gallarda y belicosa, /que no ha sido por rey jamás regida, /ni a extranjero dominio sometida. / Es Chile Norte Sur de gran longura, /costa del nuevo mar del Sur llamado; tendrá del Este al Oeste de angostura / cien millas, por lo más ancho tomado, / bajo del polo Antártico en altura /de veinte y siete grados, prolongado /hasta do el mar Océano y Chileno / mezclan sus aguas por angosto seno”.20

En efecto, hasta mediados del siglo XVII las descripciones oficiales no variaron. De hecho, se puede apreciar un progreso en los detalles como fue la presentación de la geografía. Sin embargo, las descripciones terminaron, inevitablemente, refiriéndose a los modos de vida de “los enemigos” o temas relacionados con la conquista.

“Por un lado le ciñe la tierra firme continuada con Chile, y por otra la del Fuego hacia la mar a fuera; en unas partes con playas rasas y llanas y en otras con cordi-lleras cubiertas de nieves, y tan elevadas que parece están unidas sus cumbres con las nubes. Y por esta causa no dejan pasar la luz del sol al agua, y así las sombras y el frio tienen en aquel estrecho perpetuamente su dominio.Y la costa de la parte del Norte es de campos muy extendidos, habitados de feroces indios, desnudos y agigantados, atrevidos y belicosos, armados con arcos, flechas y macanas.”21

18 Ver con respecto al tema de las representaciones siderales presentadas por los cro-nistas: Jocelyn-Holt, 2004, y Moscoso, 2005, así como Camus, 2006, 55. 19 Alfredo Jocelyn-Holt critica las descripciones de Ercilla porque no alcanzan a compe-netrarse con el paisaje (2008, 92). 20 Ercilla, 2000, Canto I, 6. 21 Rosales, 1877, 27.

366 Mauricio Onetto Pávez

Imagen 1. Enfrentamiento entre españoles e indígenas hacia 164022

En cuanto a la segunda posibilidad, sobre cómo la guerra habría influido en el desarrollo de las relaciones con el “espacio natural” – siempre desde un punto de vista del español-, destaca el tema de los “fuertes”. La percepción de sentirse en resguardo, encapsulados, o sea, bajo la idea de estar cubiertos de “muros”, --a pesar de que eran casi una antítesis de estos23-- fue uno de los posibles caminos forjadores de ciertas prácticas y sensibilidades hacia el espacio natural.24

Fue en este tipo de posicionamientos, que no eran más que un tipo de “sis-tema de inmunidad”, 25 desde donde se empezó a imaginar e interactuar con el espacio geográfico. En efecto, si se pone cuidado en algunos de los documentos del período, se pueden encontrar algunos destellos de las sensibilidades que pro-vocaba estar en aquellos lugares. En el año de 1658 el capitán Martín de Herize y Salinas escribía desde uno de los fuertes ciertas impresiones que nos permiten visualizar lo que quizás para aquellos hombres constituía su ambiente natural.

22 Esta imagen se encuentra en Ovalle, 1646 (Reproducida en http://memoriachilena.cl//temas/documento_detalle.asp?id=MC0000063, consultado el 24 de junio 2010). 23 Señalamos esto porque gran parte de las fuentes coinciden en la precariedad de cómo estaban construidos los fuertes. El oidor Gabriel de Celaya, hacia el año de 1610, indica que los fuertes “[...] son tan solamente unos corrales de tapias con unos aposentos dentro de ellos, en que se recogen los soldados y algunos de estos fuertes no son de tapias, sino de maderas y empalizadas, con sus chozas, sin que en ellos asista otra gente más que soldados de sueldo de V. M” (Gay, 1852, 202-203; Alo nso de la Calle, 2005-2006; Jara, 1986; Guarda, 1990). 24 Varios especialistas que tocan el tema de los fuertes coinciden en que a lo largo del tiempo estos lugares se fueron consolidando como espacios de intercambio e interacción entre españoles y araucanos (Villalobos, 1995, y Ricardo Alonso de la Calle, 2005-2006, entre otros). 25 Sloterdijk, 2004, 245.

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“Yace este fuerte una legua del mar y tres de la Concepción, en aquel continente de la opuesta ribera del Bío Bio, que sirviendo de vistoso margen a un llano y apacible terreno, es firme y perpetuo regazo de la escarpada y tendida falda de un monte, que la tierra adentro poco a poco se encumbra y hace mas y mas eminente en dilatado circulo, dejando libre a la vista una muy considerable parte de alegre y espaciosa campaña. En este hermoso sitio y fértil suelo se construyo el fuerte en forma de un capaz triangulo: con tal respecto a las avenidas y defensas que son los dos costados y sus baluartes aseguran de todo punto los celos del mar, campiña y monte. Hacele espaldas el alto y anchuroso río natural descen-diente de una inaccesible y siempre nevada cordillera que desatada en continuos raudales lo hace correr con profunda madre, llegando humilde en su más hincha-do flujo casi a besarle el pie, por rendir vasallaje y reconocer el imperio absoluto de aquel real y justamente armado dominio”.26

Como se puede apreciar, el autor remarca desde “el campo de batalla” cierto regocijo al distinguir la “alegre y espaciosa campaña” o al observar cómo el agua caía desde la cordillera. No obstante, el testimonio no puede desprenderse del tema bélico, es decir, no pudieron destacar la particularidad sobre esos lugares.

El hecho de que el territorio fuera un complejo teatro de guerra en donde lo primordial era sobrevivir en la movilidad del enfrentamiento, habría provocado que se forjara un desequilibrio entre los habitantes y su medio ambiente, lo que habría generado un “distanciamiento” hacía él. Lo que nos interesa ver en este artículo es cómo este distanciamiento evolucionó y se convirtió en una falta de creatividad, en una falta de respuesta, en una indi-ferencia y pragmatismo. Ahora bien, esto debe insertarse dentro de un con-texto materialmente precario: las pocas “ciudades” que había en ese período vivieron en una constante inseguridad27 y, por ende, vulnerabilidad.28

EL PROBLEMA TELÚRICO

La imposibilidad generada por la guerra de establecer prácticas cons-tantes y sólidas entre los habitantes y sus ambientes naturales, se potenció aún más con otro vector considerado de tipo catastrófico. Nos referimos a los constantes movimientos telúricos que debieron vivir los habitantes durante

26 “Relación escrita…”, en Medina, 1897, 525. 27 Las “ciudades”, durante los dos primeros siglos, no fueron más que un par de casas unidas por un dibujo de damero. Las casas desde inicios de la conquista tuvieron una pobreza intrínseca por el simple hecho de estar construidas con materiales muy endebles y poco trabaja-dos, como el adobe, los coligues y unas endebles tejas (Sahady, 1992; Greve, 1938; Feliú, 2001; Ramón, 1992). 28 El argumento de la vulnerabilidad tiene bastantes vertientes desde el que poderse analizar. Es por ello que destacamos a una autora que rescata la vulnerabilidad desde el punto de vista de la construcción social del riesgo: García Acosta, 1996, 5-22.

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esos años. Cabe recordar que Chile es un país telúrico por excelencia, no sólo porque las fuentes lo señalan, sino porque su constitución geológica lo pone de manifiesto.29 Durante el período colonial seis terremotos e n menos de dos siglos (1570-1575-1647-1657-1730-1751) nos permiten afirmar esto. Además, existieron otros sismos y terremotos que, por una u otra razón, no fueron destacados y recordados por las generaciones posteriores, sino más bien ol-vidados.30 El jesuita Felipe Gómez de Vidaurre recalcaba hacia mediados del siglo XVIII lo periódico de estos movimientos telúricos en el territorio:

“Los terremotos ligeros se hacen sentir en Chile muy frecuentemente. No hay casi año que no se sientan tres o cuatro veces, y algunos diez y doce, y el año o años que en fila no se han sentido entran en grave temor los habitantes de este Reino, que las materias y causas que las originan vengan a explicarse en uno muy grande. De este Orden, a la verdad, no han sido hasta ahora muchos, y solo se han sentido en distancias de tiempo muy considerable.”31

Ahora bien, el tema telúrico fue puesto en discusión tras el terremoto del 13 de mayo de 1647. Luego de ver destruida la capital y la mayoría de las humildes construcciones de los pobladores, las autoridades del país co-menzaron a destacar este continuo problema de carácter natural.32 Antes de esto ocurrieron otros sismos violentos, sin embargo, se les quitó importancia para no desmotivar a otros españoles a ir a aquella tierra. Ya eran problemas para alejar a cualquier deseoso de ir a dicha tierra la falta de riquezas y la resistencia araucana... Todo esto demuestra lo complejo que era estructurar algo sólido en Chile.33 En otras palabras, si en un principio era la guerra la que ponía en constante riesgo a los habitantes, “controlada” hacia mediados del XVII,34 luego fueron los terremotos --que por lo demás eran portadores de otros desastres como las pestes-- los que alimentaron aquella distancia estruc-tural hacia el medio ambiente.

Bajo este escenario de desastre, provocado por la guerra y los continuos movimientos sísmicos, se habrían comenzado a configurar tanto la noción de territorio como también a recepcionar los elementos otorgados por el am-biente natural. En efecto, una pequeña conclusión que se podría señalar es

29 Para saber qué es un terremoto y cómo se han desarrollado desde el punto de vista científico en Chile, se recomienda visitar la página Web del Instituto de Sismología (http://ssn.dgf.uchile.cl/home/terrem.html). 30 Casos emblemáticos son los movimientos de 1643 o 1722 considerados por la ciudad de Santiago como terremotos (ver el acta del Cabildo del 26 de mayo de 1722, en Colección de Historiadores de Chile, L, Santiago, 1948, 370). Para tener una mayor amplitud de la gran can-tidad de sismos ocurridos en el periodo se vuelve sugerente el trabajo de Montessus de Ballore, 1912. 31 Gómez de Vidaurre, 1865, vol. 14, 66. 32 Onetto, 2007. 33 Cf. Jocelyn-Holt, 2004. Ver concepto “precariedad estructural”. 34 Esta referencia de “control” de la guerra la utilizamos de manera global, ya que por ejemplo una de las grandes “rebeliones” indígenas que provocó bastantes problemas se dio para el año de 1655.

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que las relaciones con el espacio natural de Chile se descubrieron y consolida-ron en torno a la noción de riesgo y desastre. Con esto queremos indicar que parte de la distancia hacia los medios y escenarios naturales estuvo marcada por factores como el miedo.

CONSECUENCIAS EN LOS ESPACIOS PÚBLICOS Y PRIVADOS

El término distancia al cual hacemos referencia, es un término que nos permite resumir un tipo de posición que habrían tenido los habitantes de Chile con respecto a sus ambientes naturales durante el primer siglo de con-quista, y el cual se mantuvo como un punto de tensión constante a lo largo del período llamado colonial. Ciertamente, una posible posición que perci-bía, representaba y vivía las ocurrencias espaciales de manera impropia, ya sea por el pragmatismo que se debía tener ante las diferentes coyunturas o por la falta de medios para enfrentarlas. Por tanto, una de las preguntas a responder sería ¿qué significó esta distancia o cómo se habría manifestado? Para intentar abordar este tipo de interrogaciones es preciso conocer cómo impactó esta propiedad en el espacio habitado (público y privado). Para ello, ejemplificaremos con lo ocurrido dentro de la ciudad con mayor población, es decir, la capital Santiago.

La distancia provocada por la guerra tuvo dos grandes efectos, cuyas consecuencias quedaron registradas en la disposición espacial y que, de algún modo, fijaron las formas de relacionarse con el medio ambiente. El primero habría sido la revalorización de la tierra y la consolidación de los espacios privados. Al no haberse satisfecho el hambre de riqueza –metales– la poca tierra conquistada comenzó a tomar importancia transformándose en el gran camino para enriquecerse. La segunda arista que se podría distinguir, la cual puede leerse como una secuela de la primera, fue que el “espa cio público”, o sea, el espacio en donde los vecinos se reconocían y debían generar la vida de “vasallos” fue dejado de lado privilegiando los terrenos propios. Es cierto que existieron dinámicas sociales que daban vida a las ciudades, pero a lo que apuntamos es a la acción y pertenencia: el espacio público no era sentido como propio, ya que no se podía invertir en él. Los medios apenas alcanzaban para satisfacer los intereses privados. Lo público fue un espacio constante-mente aplazado. En otras palabras, el reconocimiento sólo se dio en las ins-tancias oficiales, pero acabada la “fiesta” era un espacio de “nadie”.

Por tanto, el resultado de la ecuación entre las expresiones “tierra de desas-tres” y aquel espíritu de proteger primordialmente lo propio, fue que aquellos es-pacios en donde convergía la vida “pública” quedaran desprotegidos, relegados, y sin una mayor protección. De hecho, en la mayoría de los casos las reglas funcio-naban cuando era tocado un privado. Esto no fue un secreto para nadie puesto que el registro estaba a la vista de todos: una ciudad sucia, precaria, displicente en

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su organización y opaca,35 es decir, una ciudad que dejó siempre al descubierto sus temores y aprensiones hacia el espacio público. En efecto, hasta finales del siglo XIX se pudo observar esta modalidad de relacionarse con la ciudad. Una “famosa” viajera que visitaba Chile -Mary Graham- en plena consolidación de la “indepen-dencia”, se detuvo más de una vez sobre este punto: “el aspecto de las calles es feo a causa de la desnudez y monotonía de los frentes de las casas particulares… la disposición de las casas es fea exteriormente y comunica a las calles un aspecto triste y plebeyo…”.36

Dentro de este punto, cabe recordar que gran parte de los vecinos de Santiago vivieron por muchos años fuera de la ciudad y desarrollaban casi todas sus actividades desde sus haciendas. Ciertamente, las haciendas respon-den a una misma lógica de protección como años antes habían sido los fuertes (espacios cerrados de inmunidad, aunque elevadores para la obtención de riqueza). De hecho, toda su organización social y económica daba pie a crear sus propios medios ambientes, lo cual justificaba el alejamiento de la ciudad y del espacio público. No obstante, esto sólo era a nivel práctico, puesto que a nivel simbólico siempre hubo un aferramiento a ella. Este tipo de desequili-brio se hacía notar de manera seguida, por ejemplo, tras una catástrofe. Tras el terremoto de 1647 las autoridades del Cabildo de Santiago debieron hacer un bando indicando que aquellos vecinos que no volviesen a la ciudad en un plazo preciso, ya sea para hacerse cargo de sus casas como de los problemas de la ciudad, serían multados gravemente.37

Los motivos para que este escenario se conservara tanto tiempo permi-ten interpretar que el conjunto de formas y lecturas sobre el espacio debió tener ciertos pilares que lo sostuvieron. En este sentido, pensamos que el gran eje por donde se habría perpetuado toda esta distancia fue el hecho de que los habitantes adoptaron a la “improvisación” como la política por la cual intervenir este teatro.

Esta improvisación habría tenido su propio punto de partida para todas las ocasiones, nos referimos a la “instancia del desastre”.38 Con esto quere-mos decir que fue el “desastre” en sus distintas caretas - como evento, riesgo, posibilidad o lenguaje- el gran motor de reacción, sobre todo, en los temas medioambientales. Esto puede verse como algo contradictorio si se piensa que fueron los desastres los que paralizaron el espíritu de construir con soli-dez. En efecto, esta relación mostraría cierta dependencia a vivir en el límite, en lo justo, es decir, haberse movido sólo cuando existió un riesgo.

35 De Ramón, 1992. 36 Graham, 1956, 8. 37 Ver Acta del 8 de mayo de 1648, en Actas del Cabildo de Santiago. Colección Histo-riadores de Chile, t. XXXIII, Santiago, imprenta Elzeviriana, 1906, 289 (en adelante ACS, CHCh) 38 Para el caso americano nos parece que la mejor consideración es la utilizada por García Acosta, 1996, vol. I. Cf. Pigeon, 2005.

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EL AGUA COMO UN FACTOR EJEMPLIFICADOR DE LA DISTANCIA ESPACIAL

Un elemento perteneciente al “mundo natural” que nos permite verifi-car gran parte de nuestras reflexiones es el agua.39 De hecho, podríamos ase-verar que gran parte de aquella “distancia” que intentamos demostrar quedó de manifiesto cuando se tuvo que tratar el tema “líquido”. Cabe recor dar que el agua era un elemento significativo para la toma de una posición en el espacio. Sin agua, las posibilidades de establecerse en un lugar eran imposi-bles. Las Leyes de Indias en su libro IV, título VII (ley III, IV, V y VI), dejaron en claro esta importancia.40 Estas consideraciones debían respetarse, incluso, tras haber vivido un evento “desastroso”. 41

Con esto queremos señalar que, de todas maneras, existió un referente de cómo ordenar las cosas en términos medio ambientales, cuyo punto de partida fue casi siempre el mismo: el agua. Por tanto, cabe aclarar que los habitantes establecieron su política de improvisación intentando respetar, al menos, el orden propuesto por las Leyes de Indias las cuales, a su vez, se basa-ban en los planteamientos de los pensadores antiguos.

Esta falta de reverencia hacia el “bien común” --como una constante-- se puede apreciar de manera más clara cuando nos detenemos en una época en donde no hubo catástrofes como, por ejemplo, entre los años de 1672 y 1676. Durante esos años se dictaron diversas disposiciones del Cabildo de Santiago que buscaban solucionar el problema de la insalubridad; sin embargo, al no haber un “colapso” social o catástrofe se hizo muy difícil que esto fuera respetado. Podría-mos decir entonces que los desastres forjaron una dialéctica: por una parte a im-

39 Existe un libro pionero en Chile sobre historia de las aguas: Piwonka, 2000. 40 En efecto, se puntualiza en los tópicos referentes a la salud y en los cuidados con respecto al mar, ver Leyes de Indias en el Archivo Digital de la Legislación en el Perú (http://www.congreso.gob.pe/ntley/LeyIndiaP.htm). 41 Por ejemplo, hacia el año 1751 la ciudad de Concepción fue afectada por un terre-moto y un tsunami provocando que, ante el peligro de otra catástrofe, se decidiera trasladar a otro paraje. Dentro de las largas discusiones que se entablaron, los argumentos que se tenían en cuenta eran de tipo medioambiental y el agua era el argumento número uno. Se decía al respecto: “Siete son las cosas que principalmente deben mirarse para tratar de fundar ciudades en las Indias. La 1ª es que tenga cerca el agua, de modo que pueda conducirse a ella sin mucho costo del vecindario (…) 6ª que sea defensable de los corsarios y enemigos de mar. 7ª Que si está cerca de algún río, no haya riesgo que saliendo de madre la inunde”, ver los “Autos hechos por el Colegio de la Concepción de Chile de la Compañía de Jesús sobre si debe fabricarse la nueva ciudad de la Concepción en la Loma de Landa o debe mantenerse en la Mocha” (Archivo General de Indias, Chile, 147, fj. 553), cf. Alain Musset “Mudarse o Desaparecer. Traslado de Ciudades Hispanoamericanas y Desastres (Siglos XVI-XVIII)”, en García Acosta, 1996, 23-46. El autor trabaja en el papel de las Instrucciones Reales de 1573, en donde claramente queda de manifiesto que fueron el gran referente desde donde se construyeron las Leyes de Indias. Los puntos primero y tercero del texto citado corresponden al artículo 39: “los sitios y plantas de los pueblos se elijan en parte donde tengan el agua cerca y que se pueda derribar para mejor se aprovechar [...] y que tengan cerca los materiales que son menester para los edificios”; el sexto al 41: “no se elijan sitios para pueblos en lugares marítimos por el peligro que en ellos hay de corsarios”.

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pulsar las mejoras mientras durara la adrenalina del desastre, pero en paralelo, a promover una indiferencia paralizante ante el espacio a largo plazo.

Durante el mes de diciembre de 167 2 el Cabildo de Santiago ordenaba a sus vecinos, mediante un bando, lo imperante que era aliñar las calzadas, puentes y acequias por la “gran deformidad que padecen, con daño común de los vecinos”.42 Cuatro años después --1676-- se vivía la misma situación, aunque se precisaban los castigos en caso de no cumplir. Eso sí, destacaba el papel que se le otorgaba al “factor líquido” en todos sus estados. Se lo veía como el culpable de lo ocurrido, pero, a la vez, como solución de todo. De-cimos culpable porque grandes de los problemas de insalubridad sucedieron a la acumulación de malos olores de las aguas estancadas que ayudaban a generar barro y humedades dañinas para el cuerpo:

“…disponga la limpieza y aseo de las calles y q ue en ellas no haya inmundicias ni cuerpos corruptos y que desagües y quiten los lodos y humedades (…), mandan-do con pena de cuatro pesos por la primera vez y de diez pesos por la segunda, y por las demás a su arbitrio, aplicadas por mitad, cámara de su majestad y obras públicas y si fuere negro, indio o mulato el que contraviniere y no tuviere con que pagar la dicha multa sea para él la pena de cincuenta azotes en el rollo de la plaza de esta ciudad para que debajo de ellas, todas y cualquiera personas de cualquier calidad y condición que sean, vecinos y moradores, estantes y habitan-tes en esta dicha ciudad tengan limpias y barridas las calles correspondientes a las casas de sus habitaciones y que no echen basura en ellas, ni por los desagües y albañales echen agua de manera que hagan que causen lodos, y que tengan las acequias de sus casas limpias y corrientes y los puentes de las calles aderezados por las personas de cuyas casas salen y a cuyas casas entran las acequias….”43

Por otra parte, no hay que restar importancia al papel de la propia na-turaleza, puesto que pensamos que parte de esa improvisación estuvo deter-minada por los eventos que presentaba. Un ejemplo representativo se dio hacia el año de 1686. Durante ese año el bachiller Miguel Jordán elaboró un informe sobre la calidad del agua que tomaban los habitantes de la ciudad de Santiago. Basado en los antiguos tratadistas, sus ideas eran concluyentes: el agua que tomaban los habitantes de Santiago era dañina para su salud, lo cual era producto, entre otras cosas, de la contaminación producida natural-mente tras los terremotos:

“A que se allega que la dicha cordillera tiene tanta copia de minerales de [sic] o polcura, de cardenillo o cobre de piedra lipes de alcaparrosa de piedra armenia y estibio y que puede recelarse de que por los muchos temporales, terremotos

42 Acta del Cabildo de Santiago del 16 diciembre de 1672, ACS, CHCh, Tomo XXXVIII, 1909, 281. 43 Acta del Cabildo de 19 octubre de 1676, ACS, CHCh, Santiago, Universitaria, Tomo XL, 1913, 63-67.

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que en dicha cordillera suceden puede descubrirse algún mineral de arsénico cetrino, rojo o cristalino pues es notorio en esta ciudad el que por dicho rio que desciende de las vertientes de dicha cordillera y sus acequias se ve venir el agua el más tiempo del año de varios colores y diversas naturalezas de sienos que causa admiración y espanto de verlas pues para su uso hacen los vecinos extrañas dili-gencias para aclararlas y nunca se consigue el que queden limpias”.44

Ahora bien, esta última cita nos permite reflexionar sobre tres grand es puntos. El primero es sobre el grado de sorpresa del autor ante los modos en que las personas hacen lo necesario para obtener agua limpia (prácticas). En segundo lugar, que para finales del siglo XVII encontramos una consciencia más clara sobre el medio ambiente. Se presentan observaciones agudas sobre los componentes y los modos de relacionarse de los habitantes con el medio a diferencia de lo ocurrido durante el siglo XVI e inicios del XVII. En tercer lugar, quedó develada la importancia de cierta dimensión sensorial de los habitan-tes con su espacio, lo cual consideramos un hecho significativo puesto que ayudaría a entender en parte esta falta de complicidad hacia el espacio, como también la falta de cultura material que amparó esta misma. El resaltar los co-lores y olores45 del agua muestra la importancia que jugaron estos elementos en la vida cotidiana de los habitantes, puesto que se dan a conocer como un hecho real que interfiere las relaciones sociales (salud).46

Para el siglo XVIII, el tópico del agua estuvo integrado dentro de las principa les discusiones de los vecinos. Se tomaban como referencias irrefuta-bles las ideas propuestas por los pensadores antiguos, como las del “príncipe de la medicina”,47 a diferencia de lo que sucedía en muchas partes de Europa en donde no se tenía claro el papel del agua.48

44 “Representaciones del bachiller don Miguel Jordan sobre las enfermedades y el agua que se bebe de las nieves. Santiago, 1686”, BNCh, MsM, Rollo 93, Tomo 333, Pieza 648, fj. 856-859. 45 En la parte final hace una alusión más concreta al tema de los olores: “Hipócrates en el libro de Aire, Agua y Región y en el libro de dar de comer en las enfermedades agudas donde dice que el agua para ser buena a de ser que ni tenga olor, color ni sabor, a de ser fría y húmeda que no de pesadumbre en el estómago y que sea aquella que más puesto cuece los manjares la que más presto se enfría y se calienta la que después de cosida se conserva más días”; “Representaciones del bachiller don Miguel Jordan…”, fj. 858. Cf. Musset, 2002, 25-49, y Musset, 1991. 46 Con respecto a la influencia que tendrían los colores y olores dentro del espectro sociocultural ver Le Guérer, 1998, y Pastoureau, 2006 y 2008. 47 Esta expresión pertenece al médico Agustín de Ochandiano y Valenzuela para re-ferirse a Hipócrates. Ver “Representación de don Agustín de Ochandiano y Valenzuela en la que refiere sus servicios como médico, pasa en revista las enfermedades más corrientes en este reino y aboga por la conducción del agua de Ramón, Santiago 2 Agosto de 1718”, BNCh, MsM, Rollo 93, Tomo 333, Pieza 655, fj. 409-416. 48 Dos trabajos clásicos sobre este tema y que nos permiten establecer comparaciones por el tratamiento de la información son los de Corbin, 1982, y el de Vigarello, 1993.

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Hacia el primer tercio de este siglo se iniciaron una serie de debates con respecto al papel que debía tener el agua dentro de la vida de los pobladores. A inicios de 1716, el Cabildo de Santiago informaba a sus vecinos que la Real Audiencia había pregonado la necesidad de construir una nueva pila de agua para la ciudad. Destacan entre los fundamentos de la medida la relevancia que adquieren los temas de salud. De hecho, en el acta se puntualiza que “por cuanto la experiencia tenía manifestado que los achaques se originaban en los vecinos de esta república por las más malas calidades e impresiones que traía consigo el agua”.49 Del mismo modo, las críticas al sistema anterior y a sus paupérrimos materiales, que no sólo perjudicaban al proceso de mantener el agua limpia, sino que tampoco aportaban belleza a la ciudad, justificaban este reemplazo: “pues la obra con estas calidades no solo mira al ornato y hermosura de la ciudad, sino a la conveniencia y utilidad de todos los vecinos y a su mayor conservación, duración y perpetuidad”.50

Es muy probable que las autoridades ante el gran costo que significaba la inversión y ante el hecho de que no sucedieran desastres durante los años anteriores, hayan decidido posponer esta discusión. No obstante, la presión ejercida por los pocos médicos que había y algunas autoridades encontró un espacio propicio durante estos años luego de manifestarse una epidemia de disentería en el año 1718.

El punto inicial de la discusión fue saber desde dónde se sacaba el agua. Uno de los primeros testimonios fue el del bachiller Diego de La Sirena, quien era uno de los pocos “médicos latinos”51 de la ciudad. Dicho vecino, l uego de una serie de observaciones que buscaban determinar las causas del posible problema, que lo llevó a verificar alimentos como el pan y la carne, llegó a la siguiente conclusión: los posibles problemas de salud de la población pa-saban por lo putrefacta, perniciosa y contaminada agua de la pila. Según el bachiller, era ahí donde se hallaba el “veneno escondido” que infestaba los cuerpos de los habitant es.52 Decía que una de las razones se debía a que el agua pasaba por muchas partes antes de arribar a la ciudad, al ser muy ex-tenso el camino desde la cordillera, aunque también recalcaba la gran can-tidad de minerales que perjudican su claridad. Todo esto habría dado como resultado que muchas veces los pobladores hayan tenido “dolor de vientre

49 Actas del Cabildo de 30 de enero de 1716, ACS, CHCh, Santiago, Editorial Universi-taria, Tomo L, 1942, 52-54. 50 Ibidem. 51 Este apelativo es utilizado por Benjamín Vicuña Mackenna para caracterizar a los médicos que había para esa época en la ciudad. Dicho apelativo nace de la influencia que tenían los médicos de los conocimientos de los antiguos pensadores latinos como Hipócrates y Galeno (Vicuña Mackenna, 1974). 52 “Certificación del bachiller Diego de La Sirena sobre el contagio que trae el agua de este río, Santiago, 29 de julio de 1718”, BNCh, MsM, Rollo 93, Tomo 333, Pieza 653, fj. 403-404.

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y esquinencias en la garganta”.53 Este argumento fue también utilizado por el procurador de la ciudad para justificar las obras de la pila. Sin embargo, el personero público fue “más allá” al indicar que la contaminación del agua era el verdadero productor de las pestes de viruela de la ciudad, por tanto, para él era prioritario que el rey aprobase la distribución del ramo de balanza correspondiente para este proyecto.54

Dentro de este mismo movimiento en defensa del agua limpia, encon-tramos un testimonio erudito que agrupa el conjunto de variantes propuestas hasta ese momento. Se trata de un documento escrito por Agustín de Ochan-diano y Valenzuela, quien a diferencia de las demás defensas por construir la obra, puntualizó los efectos q ue provocaba el agua en la salud. Para él, la contaminación del agua de Santiago afectaba a los habitantes por medio de una serie de síntomas y dolores cotidianos, aunque precisaba que las más expuestas eran las mujeres. Entre los síntomas y dolencias señalaba que eran principalmente “reumas catarrales, fluxiones a los ojos, y varios afectos de riñones y la orina, y muchas malas impresiones en la vejiga como son la litiasis, o piedra, y sábulos”.55

A su vez, agregó que el mal del agua de Santiago era fácil de observar, puesto que no tenía ninguna de las tres propiedades que eran esenciales para los tratadistas.56 Tan mala habría sido que ni los animales la bebían aunque “hubiesen estado sedientos”, o que su composición era más propia para tin-turar la ropa que para lavarla:

“…que llevando tras sí porciones de greda y otros materiales hacen que las aguas se resabien con muy malas impresiones llegándose a esto el juntarse las aguas de un río todo de agua de colgares del cual no beben las bestias aunque estén muy sedientas con el conocimiento natural que tienen de su daño. También se le juntan otros esteros con la impresión que traen del lugar por donde pasan que son minas de caparroja y polcura y otros antimonios muy nocivos a la salud y vida. Como se experimentó el año de 8 que habiendo cesado las avenidas y aclarándose el agua del río, los cordobanes que se llevaban a lavar para bene-ficiarlos que daban tenidos y mal dispuestos para el beneficio subsecuente pues estaba el agua más para que sirviese de material en los tinteros que para lavar y socorren la sed. Este mismo año se experimentó en esta ciudad una constitución muy fatal como fue una disentería y diarrea en otros con muchas ansias y vómi-tos, lanzando muy la vida con tan penoso achaque. Todo esto se vio claramente

53 Ibidem. 54 “El procurador general de ciudad sobre la conducción del agua de Ramón, Santiago 1718”, BNCh, MsM, Rollo 93, Tomo 333, Pieza 654, fj. 407. 55 “Representación de don Agustín de Ochandiano y Valenzuela en la que refiere sus servicios como médico, pasa en revista las enfermedades más corrientes en este reino y aboga por la conducción del agua de Ramón, Santiago 2 Agosto de 1718”, BNCh, MsM, Rollo 93, Tomo 333, Pieza 655, fj. 410. 56 Ver cita inicial del texto.

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ser nacido del agua del rio que mal impresionada de los antimonios caparrosa y otros minerales que traía en sí desleídos el agua ocasionan tan fatales accidentes. Varias veces se experimenta y yo lo he visto en tiempo de las avenidas por las márgenes del río los pececillos muertos causando admiración que el mismo cause que les sirve de madre y los alimenta los destruya por la nueva introducción de mortíferos materiales…”.57

Un aspecto que destacó el propio autor fue que, muchas veces, él habría hablado y escrito sobre el tema a las autoridades, pero sin encontrar mayor respuesta. En este sentido, deslizó una crítica a las autoridades de la época, puesto que la acción para realizar el cambio que querían realizar correspon-día más a un hecho casi inevitable por lo paupérrimo de las condiciones que a una decisión de previsión. Esto lo manifestó señalando que la inversión de los vecinos sería una medida para “salvar sus vidas”.

“…y estos quieren pagar su dinero para su conducción por no pagar con la vida la que pudieran gastar del río de Santiago debiéndose quejar justamente con Jeremías que entre las tribulaciones del cautiverio de Israel cuenta que bebían por su dinero el agua: aquam nostram pecunia bibimus. Pero lo pobres que no tienen para conducirla dinero, no tienen más remedio que beber su muerte como agua”.58

Una de las últimas pruebas que presentó el autor de esta pequeña “re-lación” estuvo referida al origen desde donde salía el agua. Para este vecino, la venida del agua limpia de San Ramón59 era un imperativo para poder man-tener lo que él llamaba “un verdadero paraíso” --en referencia a la ciudad de Santiago--:

“Y cierto que consideradas las buenas calidades de esta ciudad en situación, edificios, nobleza, gentes e ingenios de sus moradores, aires benignos, tempe-ramento templado, fertilidad en la tierra, abundancia de frutos, hermosura de flores, se pudiera llamar (atrayendo el agua de Ramón) quasi Paradisus Domini Venientibus in segor, sin que le falte la fuente del paraíso, et fons accendebat de terra, solo le falta en la realidad para ser verdadero paraíso le riegue la fuente de Ramón et irrigabas Paradisum”.60

57 Ibidem, fj. 415. 58 Idem. 59 Para conocer con mayor profundidad el tema de las aguas de San Ramón durante el siglo XVII: Piwonka, 2000, en especial el capítulo: “Las aguas de la quebrada de Ramón retor-nan a Santiago como fuente para el consumo humano”. 60 “Representación de don Agustín de Ochandiano…”, fj. 415.

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Imagen 2. Plano de los alrededores y convento de los Carmelitas Descalzos de San Rafael de Santiago de Chile, 177361

Lo cierto es que el tema del agua en Santiago en ningún caso fue vis-to como el último paso para estar en el paraíso. Al contrario, fue un tema que provocó constantes tensiones entre los vecinos a lo largo de todo el siglo XVIII. La morfología de Santiago –valle-- y la manera vertical de la caída del agua desde las montañas --de este a oeste-- provocaba que el agua que lle-gaba a la ciudad fuera aprovechada y recibida casi en su totalidad por uno de los lados de la ciudad, es decir, por las haciendas que quedaban en la parte “superior”. Es por ello que los vecinos que se encontraban en las haciendas “inferiores” protestaron constantemente por la poca agua que recibían, pro-vocándose con ello, innumerables disputas entre los hacendados. Hacia 1730 Gabriel Cano y Aponte, gobernador de Chile, escribía una carta al rey indi-cando lo agudo que se había vuelto este problema, sobre todo en aquel año considerado como seco. La autoridad puntualizó que no le quedó otra opción que intervenir en los problemas intentando crear una nueva subdivisión para

61 Archivo General de Indias, Mapas y planos. Signatura: MP-PERU_CHILE, 257.

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repartir las aguas.62 Sin embargo, dos años después se recibió la contestación del fiscal competente del Consejo de Indias indicando las deficiencias de la medida adoptada por el gobernador, quien no explicó en qué consistía la subdivisión al no haber hecho un voto consultivo con la Real Audiencia esta medida perdía validez.63

Treinta años después, las diferencias se acrecentaban en la medida que la ciudad se urbanizaba. Fueron los propios protagonistas de la época quienes llegaron a tratar a las autoridades de despóticas ante la mala administración del agua.

“Entre las providencias de justicia distributiva pertenecientes a la utilidad pública es la más honrosa la del repartimiento de aguas de este río, y anualmente en los meses de febrero, marzo, abril y mayo se distribuyen el común de este ve-cindario y haci endas inmediatas, ocasionando la suma escases que padece esta capital, la multitud de siembras y chacras que están a la parte superior de dicho río y de esta ciudad, disfrutando con absoluto despotismo sus dueños la mayor parte de su caudal, en notable detrimento del común cuya disputada defensa en dicha estación cuesta regularmente pleitos, quimeras y heridas para el logro de su preferencia, cuyos inconvenientes han dado siempre mérito a las más activas y adecuadas providencias que se han expedido aquí por el juez de aguas que acostumbra de inmemorial tiempo nombrar”.64

De hecho, los problemas adquirieron con el tiempo un carácter bas-tante violento en la ciudad. El Cabildo debió de enfrentarse muchas veces al “obstinado tesón y violencia de los dueños cometiendo el exceso de defender su antelación cada uno con armas ofensivas, en que se han experimentado varios atentados vulnerando las justicias”.65 Como se señala más arriba, exis-tía realmente un “absoluto despotismo” de los hacendados de “arriba” con respecto a la gente de “abajo”, puesto que se hacían dueños del agua que incluso les sobraba.66 Ante la falta de influencia, el Cabildo sólo podía señalar los problemas que se provocaban, precisando que con esta actitud se dejaba “burlado” el bien común del vecindario:

“los hacendados de la parte inferior del río, de donde se provee esta capital de todo género de legumbres, aves, frutas y demás necesario, con una escases tan general y notable que ni aun para beber han tenido obligándoles la necesidad a

62 “El presidente de Chile informa a SM sobre la competencia de la Audiencia en la dis-tribución de las aguas entre los vecinos de la ciudad de Santiago, Santiago 11 mayo de 1730”, BNCh, MsM, Rollo 34, Tomo 183, Pieza 4054, fj. 7-12. 63 Ibidem, fj. 9-12 (respuesta escrita el 18 de agosto de 1732). 64 “El cabildo secular informa a SM acerca de las irregularidades que se cometen en la repartición de las aguas de este reino. Santiago, 8 de marzo de 1768”, BNCh, MsM, Rollo 38, Tomo 194, Pieza 4583, fj. 108. 65 Ibidem, 109. 66 Idem.

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acarrear el agua desde muy lejos haciendo hoyos en la arena para saciar su sed; con el dolor de ver perdidas sus fincas en tan lamentable estado que experimen-tó todo el común por negarse esta providencia en tiempo oportuno”.67

Asimismo, dentro del documento se pueden observar diversos casos de corrupción en los momentos de elegir a los jueces de aguas. El ejemplo más concreto fue el de Benito de Salas, quien se dedicó en más de una ocasión a vender el turno de aguas a quien estuviese interesado o daba prerrogat ivas a vecinos de la parte de arriba, quienes de manera notoria aumentaron sus niveles de producción de alfalfares y viñas gracias a tener más agua en sus terrenos.68

Otro de los temas en el que nos podemos sumergir con el agua es el de su dimensión social, puesto que la importancia que le otorgaron los propios actores sociales no fue menor. Lugares como las “pilas”, las cuales se encon-traban en los centros de las ciudades eran, sin duda, espacios de sociabilid ad importante por donde circulaban regularmente las personas. Ahora bien, al parecer el aspecto negativo de la composición del agua y el tema de su orga-nización habrían dado paso a que este lugar fuera realmente un espacio de conflicto y tensión constante entre los habitantes. Una situación representati-va fue la de Juan Ylario, mulato esclavo de “don” Pedro de Mateluna, quien con apenas doce o trece años se encontraba jugando en la pila de la ciudad de Santiago con otros niños y terminó encarcelado, azotado y con una acusa-ción en su contra por lesiones contra Tomás López. El defensor del acusado, quien estaba decidido a rescatar a Juan porque un mes arrestado le parecía un castigo excesivo y “su amo carecería de su justo servicio”, describía de esta manera lo sucedido:

“con el motivo de haber recurrido por un poco de agua a la pila mayor de la plaza, como en ella estuviesen varios niños jugando a la chaya, tirando pellejos mojados a los transeúntes; igualmente mi parte como niño usando de los hechos de la pericia indispensable a su edad de doce a trece años , hubo de ejercitar la diversión del juguete con el referido pellejo mojado a Thomas López, que pasa-ba sin conocerle ni preceder animo doloso, respecto a que como pasaban dos hombres y todos estuviesen tirando la agua el que llegado a tiempo la recibía, a que intervino tomar el querellante una piedra haciendo juicio de los hechos de los niños y le irrogase a mi parte una pedrada sobre el hombro, de que resultó haber el reo poseído de dolor, tomado otra piedra y le (sic) [diera] con ella, sin ánimo grabe de dignificarle a que lo referido dio merito sin resultar culpa alguna por sumaria, sino solo por la exageración de López haber pasado VM a satisfacer a la vindicta publica con veinte y cinco azotes en la reja exterior de la cárcel”.69

67 Ibidem, 111. 68 Ibidem, 113. 69 “Juan Mateluna. Sumario por lesiones a Tomás López”, Archivo Nacional de Chile, Fondo Real Audiencia (en adelante ANCh, FRA), 1769. Vol. 2158, p. 12ª, 21 fs.

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Lo que llama la atención, aparte de lo excesivo de la pena,70 es la di-versidad de actores que interactúan y que se localizan en el relato --niños, niños-esclavos, vecinos, etc.--, los cuales ayudan a mostrar lo dinámico que era aquel lugar y lo importante que era como punto de encuentro para la ciudad.

El ejercicio genealógico nos lleva también a observar el tema de las evoluciones y las resoluciones en el tiempo. Como indicamos en el prin-cipio de este escrito, el medioambiente es un espacio de interacción, de mediaciones que cambian constantemente de acuerdo a los significados que cada sociedad les otorga. En efecto, detenerse a observar aquellas si-tuaciones que se volvieron casi repeticiones, puede ayudarnos a clarificar posibles evoluciones y actitudes con respecto al ambiente. Un escenario que nos sirve para ejemplificar lo anterior y que fue bastante repetitivo se dio desde el mismo corazón del “poder” --para forjar los cambios y adecuaciones medio ambientales-- es decir, el Cabildo. Muchas sesiones de este órgano regulador fueron suspendidas, una y otra vez, por diversos factores ambientales vinculados al agua, como el caso de la lluvia. Para finales del siglo XVII encontramos un testimonio que ejemplifica esto y que demuestra la fragilidad del funcionamiento de las instituciones ante la diversidad de escenarios naturales que se vivían en la ciudad.

Imagen 3. Conde Quinta Alegre. Proyecto de pilón de agua para La Cañada, San-tiago, 1802-180671

70 El caso termina cuando el dueño del niño termina pagando una multa por todo lo ocasionado. 71 Estas imágenes se encuentran en el Archivo Nacional de Chile y corresponden a la numeración: AN0561 y AN0562. Agradecemos a Rafael Sagredo y Jaime Rosenblit por habernos facilitado generosamente estas imágenes.

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“Juan de Aranibar, alcalde ordinario de esta ciudad mandó tocar la campana

de cabildo como es uso y costumbre para celebrar cabildo ordinario y aun-

que se tocó dicha campana repetidas veces no vino ningún señor capitular

con quien efectuar el dicho cabildo, sin embargo de ser ya las doce del día…

certifico que el día veinte de junio de este presente año fue muy lluvioso y

destemplado y las calles, por mucho lodo, impedidas de poderse andar sin

manifiesto peligro de la salud”.72

Ahora bien, citar este tipo de ejemplos no es un ejercicio simple, ya que nos encontramos ante un conjunto de variantes que se producen en un mismo momento y período. Del mismo modo que se suspendía una sesión por lluvia, se podía crear otra sesión excepcional para pedir a los santos que lloviera ante una sequía.73

MEDIDAS DE PARCHE: LOS TAJAMA RES DEL MAPOCHO

Retomando el tema de la distancia, desde su cara de indiferencia y resignación, encontramos el tema de las constantes salidas del principal río de la capital Santiago, es decir, el Mapocho.74 Desde principios de la conquista los ríos trajeron innumerables problemas a los españoles.75 De hecho, podríamos afirmar que tras los terremotos eran el segundo gran problema que provocaba mayor destrucción en la ciudad.

72 Acta del Cabildo de 27 junio de 1698, ACS, CHCh, Tomo XLIV, 1915, 176. 73 Algunos de los documentos que tratan sobre este tema y que precisan los proble-mas generados por el tema atmosférico son : “Cabildo de Santiago. Autorización que la Real Audiencia concede para costear una rogativa a Nuestra Señora del Socorro en la iglesia de San Francisco para pedir que la lluvia haga cesar la espantosa calamidad que aflige a las ciudades y campos, Santiago, 1781”, ANCh, FRA, Vol. 2839, Pieza 10, 6 fj; Acta del Cabildo de 12 mayo de 1629, en ACS, CHCh, Santiago, Imprenta Elzeviriana, Tomo XXX, 1905, 95; Acta del Cabildo de 8 agosto de 1678, en ACS, CHCh, Santiago, Universitaria, Tomo XL, 1913, 243; Acta del Cabildo de 8 de agosto de 1682, en ACS, CHCh, Santiago, Imprenta Elzeviriana, Tomo XLI, 1913, 169-170; Actas del Cabildo de 3 y 19 de agosto de 1751, en ACS, CHCh, Santiago, Editorial Universitaria, Tomo LV, 1945, 78-80. 74 Todavía existe un interés por conocer la influencia del río Mapocho en la vida de la ciudad. El último libro al respecto, es Mapocho, torrente urbano, 2009. La otra cara de la moneda se da con el Museo de los Tajamares que, por su poco impacto, será convertido en un centro cultural. 75 Esto no solamente se pudo apreciar en Santiago, sino también en el resto de las ciu-dades. Un caso emblemático es el río Aconcagua y sus constantes salidas. Este río alimentaba a los grandes propietarios de las haciendas de aquel entonces. Sus constantes salidas produjeron habituales estados de alerta en más de una ocasión (“El presidente de Chile, en conformidad de las Reales Cedulas de SM referidas al aumento de las villas, expresa lo sensible de la situa-ción que trajo la copiosa avenida del Río Aconcagua sobre la ciudad de San Felipe. Santiago, 15 de enero de 1749”, BNCh, MsM, Rollo 35, Tomo 186, Pieza 4233, fj. 221-226.

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Imagen 4. Antonio Martínez de Mata, “Plano del curso y dirección de las aguas del río Mapocho y de las acequias de La Dehesa y Apoquindo”, Santiago, 1781.76

Durante gran parte del periodo “colonial” y hasta finales de esta época se inten-taron diversas medidas, aunque más bien de “parche”, que en ningún caso pudieron sostener la fuerza de entrada del Mapocho. Podemos aseverar, luego de la lectura de fuentes, que en ningún momento se hizo el esfuerzo necesario para solucionar el tema de una manera sólida. Ciertamente, pesaba la falta de medios económicos para realizar las obras, circunstancia que sumada a este espíritu displicente habría forjado un teatro complejo para la acción. En efecto, los vecinos actuaron solamente cuando ya había pa-sado el desastre y, por lo general, los medios conseguidos eran producto de descuentos en otros “ministerios”. Sólo de este modo se pudieron potenciar medidas como la cons-trucción de un muro de contención (los tajamares). Esto sucedió, por ejemplo, con casos como el de La Casa de Recogidas de Santiago,77 los impuestos sobre la yerba Paraguay y el azúcar de Lima.78 El problema aportado por el torrente de las aguas del río actua-ba casi como un terremoto puesto que su aparición no discriminaba las estaciones del año. Ante cada invierno o deshielo, las autoridades sabían del peligro que les acechaba.

76 Plano que se encuentra en el Archivo Nacional de Chile, Ubicación: AN0016. 77 Acta de Cabildo de 21 de agosto de 1789, ACS, CHCh, Nº 58, 173. 78 “El presidente de Chile avisa haberse establecido por seis años un corto derecho sobre la yerba Paraguay y el azúcar de Lima a fin de costear la obra de tajamares y otras indis-pensables necesidades públicas de Santiago, Santiago, 8 de noviembre de 1788”, BNCh, MsM, Rollo 42, Tomo 205, Pieza 5078, fj. 54-57.

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Hablamos de peligro porque aquella tensión quedó patente en los diferentes testimo-nios de aquel entonces. Para noviembre de 1764, cuando comenzaba a consolidarse la temporada de calor, el Cabildo de Santiago discutía sobre cómo contener la violencia del eventual desastre, ya que todas las medidas adoptadas no resultaban efectivas. En efecto, fue tal el grado de preocupación que dentro de la misma sesión decidieron ir a inspeccionar el problema para ver la mejor “salida” al asunto, decidiendo finalmente que era necesario reforzar ciertos lugares con piedras y horcones.79

Paralelamente, se daban situaciones que pueden parecer contradictorias. Si en muchas ocasiones no se sabía qué hacer ante las grandes desgracias que traía el río, al mismo tiempo, esto no era impedimento para pensar de dónde obtener más agua para satisfacer la demanda de algunos vecinos. Un año y medio después de los temores ante la salida del torrente del Mapocho --inicios de 1766-- el presi-dente de Chile informaba al rey de la necesidad de construir un canal para sacar agua del otro gran afluente de la capital, el Maipo.80 Veinte años después, el agua del Maipo servía para cubrir la falta de agua del Mapocho.81

Imagen 5. Plano del terreno comprendido entre la ciudad de Santiago y el Río Maipo. Proyecto de un canal para conducir el agua desde dicho río al río Mapocho. 1800.82

79 Acta del Cabildo de 7 de noviembre de 1764, ACS, CHCh, Santiago, Editorial Univer-sitaria, Tomo LVI, 1946, 136. 80 “Carta del Presidente de Chile en que informa a SM sobre el proyecto de construir un canal para sacar agua del rio Maipo destinada al riego de las haciendas vecinas a la capital, 1 de enero de 1766”, BNCh, MsM, Rollo 38, Tomo 193, Pieza 4508, fj. 43-48. 81 Actas del Cabildo de 12 y 19 de enero y 26 de febrero de 1788, ACS, CHCh, Santiago, Editorial Universitaria, Tomo LVIII, 1948, 125-127. 82 Archivo General de Indias, Mapas y Planos: MP-PERU_CHILE,141.

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Ahora bien, esto podría parecer algo totalmente lógico y podría verse como una apertura a pensar las cosas “más allá del desastre”. Sin embargo, pensamos que esto es un ejemplo representativo del pragma-tismo de cómo funcionaban las cosas en Santiago. Los intereses privados se imponían a las disposiciones públicas y duraderas. Con esto la desidia hacia lo público cobró mucha importancia. En otras palabras, pensar el medio ambiente fue un ejercicio pragmático, que buscaba soluciones a corto plazo y que satisfacían a un solo grupo de la población. Estos argu-mentos nos llevan a establecer una serie de preguntas y cuestionamientos con respecto a “la relación entre valores simbólicos, representación pai-sajística y referente ambiental”83 para aquellos años.

No obstante, esta inestabilidad tuvo varios puntos de frenesí. Uno de ellos se dio en el invierno de 1783 cuando todo el sistema de “parche” colapsó. La ciudad ya consolidada vio como una salida del río desploma-ba lo construido a lo largo de los años y se adentraba en el centro de la ciudad. Fue tan violenta la “venida” que, por primera vez, las autorida-des decidieron plantearse de manera seria cómo controlar este constante problema. Para ello, pensaron en construir una plataforma con materiales sólidos que pudiera resistir las embestidas del río. Ambrosio O’Higgins, gobernador de la época, contrató al italiano Joaquín Toesca para que construyera los tajamares de Santiago.84

Lo significativo de este suceso fue que activó una serie de represen-taciones que nos permiten visualizar tanto l a dimensión del evento como algunas de las representaciones nacidas de esta catástrofe. Una de las más destacadas descripciones fue la de una religiosa llamada Sor Tadea de San Joaquín, quien fue testigo de cómo su convento era destruido por el agua del río:

“El gran Mapocho, que corre /A la frente del convento, / El cual compitiendo ya, /Con rápido movimiento, / Con Euros, y Manzanares, / Y al Nilo aun lle-vando resto, /Su sonido era aterrante /Al más impávido aliento; / ¿Qué temor no causaría, / En quienes sabían de cierto / Que se hallaban indefensas, / Cercadas del elemento? / La mañana así pasamos, / Sin saber el detrimento, / Que ya causaban las aguas / En la muralla y cimientos, / Porque nada nos decían, / Atendiendo al sentimiento, / Que era regular tener / En riesgo tan manifiesto. Viendo que el río arrancaba, / Los tajamares de asiento; / Y con ímpetu batía/ Sin defensa en el convento. / Se encontró para el arbitrio / Sin margen el pensamiento, / Y tocando las campanas / A plegaria con intento

83 Silvestri, 2003, 18. 84 El muro que se construyó era de ladrillo, de 5 metros de alto y 1,6 metros de ancho. Esto se ubicó en la ribera sur del río, con una extensión de 33 cuadras, aproximadamente, y estuvo finalizado hacia 1808. Para mayores detalles sobre este tema encontramos el trabajo de Guarda, 1997.

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/ De que nos favoreciesen, / No se veía movimiento, / De que hacerlo procu-rasen, / Pues estaban muy de asiento / En el puente y la ribera / Con pávido desaliento, / Más de cinco mil personas, / Que con clamor y lamento, / Causa-ban más confusión, / Que alivio a nuestro tormento”.85

Imagen 6. Leandro de Badarán. Plano que manifiesta la dirección del Río Mapo-cho en Santiago de Chile, 1783.86

UNA DEPENDENCIA EN LA “INDEPENDENCIA”

Durante las primeras décadas del siglo XIX, las cosas no cambiaron. Las condiciones medioambientales bajo las cuales se vivió durante el pe-ríodo colonial --insalubridad e improvisación con el medio-- no fueron di-ferentes a las del inicio del período republicano. De hecho, el incremento de la población y la consolidación de la vida urbana como centro de las relaciones provocaron que esto más bien empeorara. Se privilegiaron las relaciones dentro de los márgenes de las ciudades y se mantuvo la lógica colonial de orden y ornato, es decir, los barrios más alejados del centro de las ciudades perdían relevancia, dejando los resultados a merced exclusiva de lo que hicieran las personas, por tanto, no se ejercía un mayor control. Así, en aquellos lugares era más notoria la improvisación e indiferencia hacia el medio ambiente, lo que quedó de manifiesto por el desequilibrio

85 Sor Tadea de San Joaquín, Relación de la inundación que hizo el Río Mapocho de la ciudad de Santiago de Chile, en Medina, 1878, 31-54. 86 Este mapa se encuentra digitalizado en http://www.memoriachilena.cl/temas/docu-mento_detalle.asp?id=MC0018562 (23 junio de 2010).

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que percibían los habitantes, ya fuera desde el punto de vista material --arquitectónico-- como de las condiciones de salubridad. Se decía para aquella época sobre este tema que “los suburbios en que reside la clase más pobre y numerosa de la comunidad, se hallan tan cargados de basu-ras y lodo, que es difícil transitarlos aun a caballo”.87

Imagen 7. Plano, perfil y elevación de una porción de tajamar.88

Ahora bien, esto no cambiaba mucho dentro de la ciudad. Para el caso de Santiago se decía algo similar: “en casi todas las calles hay cuartos habitados por los artesanos y sus familias, donde no es raro encontrar siete u ocho personas amontonadas con perros y gatos, que satisfacen allí mismo todas sus naturales necesidades, y sin otro conducto para alumbrar y ventilar este hato que las solas puertas”.89 Esta improvisación y sensua-lidad 90 en la forma de vida de la mayoría de los “ciudadanos” fue sabida por todas las autoridades de la época. En efecto, el principal periódico de la época --El Mercurio-- relataba hacia el año 1822 que “los cuartos a la calle son otro semillero de miasmas contagiosas, pues sus dueños duer-

87 Blest, 1828, 10. 88 Pedro Rico. Plano, perfil y elevación de una porción de tajamar del río Mapocho, 1787. Colección: Archivo Nacional Histórico de Chile. 89 Blest, 1828, 10. 90 Término empleado por José Bengoa para expresar una forma de vida de muchos de los habitantes chilenos durante los primeros treinta años del siglo XIX. El concepto hace referencia a la constante vida de “chinganas” (lugares de fiesta), juegos, borracheras, promis-cuidad y que desarticulaba parte del orden al no haber control sobre estos actos en aquella sociedad (Historia Social…1990).

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men sin cama, la mayor parte entre inmundicias y humedades, y a veces con carbón mal encendido, cuyos efectos de asfixia no han dejado de mostrarse algunas veces”.91 Si agregamos a esto las malas costumbres hi-giénicas, la inexistencia de un servicio de aguas servidas, la falta de agua potable, la humedad de las paredes que se gotean con la lluvia, la mala alimentación, las aguas estancadas y un sinnúmero de otras situaciones, encontramos un universo amplio para la propagación de enfermedades.92

En otras palabras, la disposición entre los habitantes, los medios y los ambientes mantuvo esa “distancia estructural” durante el siglo XIX. Quizás, las primeras modificaciones se pueden apreciar desde 1830 en adelante,93 ya que la “instancia del desastre” no fue una instancia para-lizante, sino que fue el motor desde el que el incipiente Estado chileno salió a reconocer y situar los elementos que componían los medios am-bientes de la nación. Eso sí, el paradigma “desastroso” que se tuvo como referente no fueron los terremotos, ni la guerra, ni las inundaciones de los ríos, sino que fueron los temas vinculados a la salud.94

Con este artículo quisimos dar a conocer de manera general una serie de escenarios que pudieron marcar los modos de relacionarse de los habi-tantes de Chile con sus medios ambientes. En este sentido, el haber intenta-do hacer un trabajo de tipo genealógico, nos permitió vislumbrar parte de los problemas que se dieron desde la época colonial y que, pensamos, han perdurado de una u otra forma hasta el día de hoy. Apuntamos al “hoy”

91 El Mercurio, 1, 1822. 92 Blest indica en el estudio citado que el campo se diferencia mucho de la ciudad, ya que en él “todo es fragancia: Las humildes cabañas son limpias y bien ventiladas, estrechas calles no le privan de respirar libremente el aire atmosférico: ni aguas detenidas perturban con sus nocivos y pestíferos vapores el tranquilo y puro curso de su sangre” (Blest, 1828, 7-9). 93 En torno a la década de 1830, a partir de la llegada de Diego Portales, se comenzó a establecer este cambio de paradigma. Durante estos años se logra un clima de consenso que estabiliza la administración del país, aunque se mantienen y protegen las diferencias sociales jerárquicas que desde siempre existieron, conservándose así un sistema de dominio de una elite. En este sentido, la diferencia se marcó en el momento en que se consolidó una política económica de corte capitalista en el cual todos los habitantes debían estar sanos. Para profun-dizar sobre este tema económico recomendamos revisar: Salazar, 2000; Villalobos & Sagredo, 1987, e Illanes, 1990, entre muchos otros. 94 El primer gran acercamiento a la política de conocer la hace uno de los “próceres de la patria”, Bernardo O’Higgins, quien contrata al religioso Camilo Henríquez con la finalidad de empezar a crear estadísticas en las distintas áreas que conforman al Estado, lo que toca por supuesto el tema ambiental. Incluso, esto quedó patente en los propios periódicos de la época: “Su excelencia quiere que le presentemos el gran inventario del país; el cuadro de sus necesidades; el estado de lo que existe y de lo que debe existir; el índice de lo que debe resta-blecerse, crearse, destruirse, modificarse, organizarse”. Fray Camilo creía que la única manera de frenar y ayudar a la población era creando datos bio-estadísticos para poder así destruir, o endulzar a lo menos, esta impresión horrorosa y desolante que existe, o para convencernos de la realidad del mal. Ver El Mercurio, 1, 1822. Para conocer en profundidad estas ideas: Onetto, 2005. Asimismo, se vuelve sugerente el trabajo de Salinas, 1983, 101.

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porque gran parte de las problemáticas socioculturales que se dan en Chile en la actualidad pasan por factores medioambientales.95

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95 Varios son los problemas que en la actualidad aquejan a la ciudadanía chilena, aunque existe un denominador común: la contaminación (Celulosas, Smog, Sistema de Trans-porte –Transantiago--, entre otros). Para una visión histórica de larga duración ver el trabajo de Camus, 2006.

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Nota sobre los autores

394 Mauricio Onetto Pávez

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 394-286

Rosangela Aparecida de Medeiros Hespanhol

Possui graduação, mestrado e doutorado em Geografia pela UNESP e Pós-doutorado pela EHESS – Paris. Atualmente é docente do Departamento de Geografia e ministra aulas nos cursos de gra-duação e de pós-graduação em Geografia (mestrado e doutorado). É líder do Grupo de Estudos Dinâmica Regional e Agropecuária (GE-DRA) e bolsista produtividade em pesquisa do CNPq. Tem pesquisas nos seguintes temas: organização do espaço; políticas públicas; re-lações campo-cidade; estratégias de reprodução social; formas de organização coletiva; desenvolvimento local e regional.

Antonio Nivaldo Hespanhol

Graduado, mestre e doutor em Geografia pela UNESP e Pós-doutor pela EHESS – Paris. Atualmente é diretor da UNESP, Câmpus de Presidente Prudente, onde é docente do Departamento de Geo-grafia e ministra aulas nos cursos de graduação e de pós-graduação em Geografia (mestrado e doutorado). É vice-lider do Grupo de Es-tudos Dinâmica Regional e Agropecuária (GEDRA) e bolsista produ-tividade em pesquisa do CNPq. Desenvolve pesquisas nas áreas de Geografia Agrária e Geografia Regional, tratando principalmente de temas ligados ao desenvolvimento rural e às políticas públicas.

Maria Eugênia Totti

Pedagoga com doutorado em Ecologia e Recursos Naturais na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Brasil. Atual-mente é professora dos programas de pós-graduação em “Sociolo-gia Política” e “Cognição e Linguagem” na UENF. Áreas de inte-resse: Governança e governabilidade de recursos hídricos - aspectos institucionais, sociais e territoriais; Educação ambiental, cidadania e participação social.

Sérgio de Azevedo

Professor Titular da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política (Mestrado e Doutorado - PPGSP/UENF). Pes-

Nota de autores 395

quisador e membro do Grupo Gestor do Projeto “Observatório das Metrópoles: território, coesão social e governança democrática” que integra o Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT/CNPQ/FAPERJ). Consultor Ad Hoc de diversas agências gover-namentais na área de políticas públicas. Graduado pela Escola Brasi-leira de Administração Pública (1970), realizou pós-graduação na Fa-culdade Latino-Americana de Ciências Sociais (1973) e mestrado no Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (1975). Realizou seu doutorado em Sociologia na Universidade Católica de Louvain (1983) e o pós-doutorado na Universidade de Stanford (1988).

Simonne Teixeira

Formada en Historia por la Universidade Federal de Alagoas; Doctora en FIlosofia i Lletras (Història), por la Universidad Autòno-ma de Barcelona (Bellaterra); post-doctorado en la Escuela de Es-tudios Hispano-Americanos/CSIC. Profesora asociada de la Univer-sidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; coordinadora de la Officina de Estudos do Patrimônio Cultural (LEEA/CCH). Tiene experiencia en las áreas de: Arqueología, con énfasis en Arqueolo-gía Histórica (Hidráulica) y Estudios del Patrimonio Cultural. Actúa en los principales temas: historia y arqueología, patrimonio cultural, educación patrimonial, conocimiento e historia de la ciencia.

Teresa de Jesus Peixoto Faria

Doutora em estudos urbanos, com pós-doutorado na École des Hautes Études en Sciences Sociales, é professora/pesquisadora do Laboratório de Estudos do Espaço Antrópico, Centro de Ciências do Homem da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribei-ro, sendo do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais. As principais áreas de interesse são fundamen-tos da arquitetura e do urbanismo; política urbana e regional; his-tória urbana; geografia urbana; água, território e meio ambiente. Conta com inúmeros projetos e publicações.

Vanesa Valverde Camiña

Estudiante del doctorado “Procesos Políticos Contemporá-neos” de la Universidad de Salamanca, bajo el que se inscribe la tesis “El fortalecimiento institucional a través de las agencias regulado-ras del sector energético en Argentina, Brasil y España”. Becaria FPU

396 Nota de autores

del Ministerio de Educación, España, en el Área de Ciencia Política (Universidad de Salamanca; Escuela de Estudios Hispano-America-nos del CSIC). Diploma de Estudios Avanzados y Máster en Estudios Latinoamericanos por la Universidad de Salamanca. Principal línea de investigación: regulación de la energía y del agua en América Latina y España.

Inmaculada Simón Ruiz

Doctora en América Latina Contemporánea por el Instituto Universitario Ortega y Gasset (Universidad Complutense de Madrid). Actualmente es profesora investigadora en la Universidad Autóno-ma de Chile. Sus líneas de investigación son la gestión del agua y los recursos naturales y la formación del estado nacional en América Latina.

Alejandro Tortolero Villaseñor

Doctor en Historia y Civilizaciones por la Escuela de Altos Estudios en Ciencias Sociales de París. Entre diversos reconocimien-tos destaca el premio de Investigación Científica en Ciencias Socia-les de la Academia Mexicana de las Ciencias, Premio Nacional de Historia Regional, Banamex - “Atanasio G. Saravia”. Miembro del Comité de Asesores de la UNESCO para la Historia del Agua. Titular de la Cátedra Alfonso Reyes en la Universidad de París (2006-2007) y de la Cátedra de Estudios Mexicanos de la Universidad de Toulouse (2009-2010) además de haber sido profesor invitado en diversas Uni-versidades (Harvard, Sevilla, Costa Rica, Berlín y París). Sus líneas de investigación son la historia ecológica, económica y tecnológica de México de los siglos XVIII y XX.

Alma Alicia Aguirre Jiménez

Licenciatura en Economía, Maestría en Administración, Docto-rado en Crecimiento Económico y Desarrollo Sostenible. Profesora-Investigadora del Departamento de Estudios Regionales de la Uni-versidad de Guadalajara, México; Líneas de investigación: Desarrollo Regional y Sustentabilidad Económica y Economía y Gestión del Agua.

Nota de autores 397

Francisco Morán Martínez

Licenciatura en Economía, Maestría en Evaluación socioeco-nómica de proyectos, Profesor-Investigador del Departamento de Economía de la Universidad de Guadalajara, México. Líneas de in-vestigación: Economía de la Empresa, Desarrollo Regional y Gestión y Economía del Agua.

R. Arturo Román Alarcón

Doctor en Ciencias Sociales por la Universidad Autónoma de Sinaloa y la Universidad de Sonora. Profesor e investigador de la Facultad de Historia de la Universidad Autónoma de Sinaloa desde 1987, de la cual fue director (1997-1999) y actualmente es el coor-dinador de prosgrado. Sus principales líneas de investigación son: historia económica regional, historia empresarial y demografía his-tórica.

César Aguilar Soto

Profesor de la Facultad de Estudios Internacionales y Políticas Públicas de la Universidad Autónoma de Sinaloa. Maestro en Histo-ria Regional (Universidad Autónoma de Sinaloa) y Doctor en Cien-cias Sociales por la UAS. Responsable de varios proyectos sobre polí-tica agraria y empresarios agrícolas en el norte de México.

Julio Contreras Utrera

Profesor-investigador de la Universidad Veracruzana. Es maes-tro en Historia por El Colegio de Michoacán y Doctor en Historia Contemporánea por la Universidad del País Vasco. Es miembro del Sistema Nacional de Investigadores (Nivel I) del Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (CONACyT) desde el año 2010. Sus líneas de in-vestigación están centradas en la Historia Ambiental y Social. Ha es-crito varios artículos y capítulos de libros relativos al abasto de agua doméstico y a las epidemias del siglo XIX y primera mitad del XX.

398 Nota de autores

Eduardo Frías Sarmiento

Doctor en Historia. Es profesor-investigador de la Universidad Autónoma de Sinaloa, México. Se ha especializado en Historia eco-nómica regional del norte de México.

Lucía Martínez Moctezuma

Profesora investigadora del Instituto de Ciencias de la Educa-ción de la Universidad Autónoma del Estado de Morelos (México) y doctora en Historia por la Universidad de París-X Nanterre (Francia). En los últimos años se ha orientado al estudio de cuatro líneas de in-vestigación: la historia de las elites, la historia regional de la educa-ción, la historia del cuerpo y la historia de la lectura, en la que ha ex-plorado el aprendizaje de diferentes saberes y disciplinas escolares.

Alice Poma

Doctoranda en Ciencias Sociales en la Universidad Pablo de Olavide (Sevilla, España), asociada al Grupo de Investigación “Ac-tores sociales, representaciones y prácticas políticas” de la Escuela de Estudios Hispano-Americanos (CSIC). Maestra por la Universidad Pablo de Olavide y por la Universidad de Zaragoza (España). Trabaja sobre conflictos ambientales, agua, resistencias de base, emociones y metodología cualitativa.

David Sampedro Sánchez

Licenciado en Geografía e Historia por la Universidad de Gra-nada. Máster en Sistemas de Información Geográfica y Diploma de Estudios Avanzados (programa de doctorado Ordenación del Territorio y Estrategias Ambientales) por la Universidad de Sevilla. Su principal línea de investigación son los impactos de las políticas públicas de agua y agricultura. Consultor y profesor asociado en el Departamento de Geografía Humana de la Universidad de Sevilla.

Jesús R. Navarro-García

Dr. en Historia Contemporánea (Universidad de Sevilla) y más-ter en Ordenación, gestión y protección del Paisaje (UNIA), es In-vestigador Científico del Consejo Superior de Investigaciones Cien-tíficas (CSIC). Sus campos de trabajo son la cultura del termalismo y la influencia del paisaje en dichas terapias abordando también

Nota de autores 399

estudios transdisciplinares sobre el ámbito de la salud y el agua, así como del papel del liberalismo peninsular en las políticas coloniales. Ha realizado estancias postdoctorales en el Instituto Mora (México) y la Universidad de Zaragoza (España).

Frederico Alvim

Licenciado en Ciencias Sociales por la Universidad Estadual do Norte Fluminense, Brasil. Doctorando en el programa oficial “Inves-tigación Social aplicada al Medio Ambiente” de la Universidad Pablo de Olavide, Sevilla. Su investigación se centra en el estudio histórico y antropológico de las aguas termales y mineromedicinales como eje central en el proceso de desarrollo sostenible de pequeñas comuni-dades rurales.

Mauricio Onetto Pávez

Realizó sus estudios de máster y doctorado en L’Ecole des Hau-tes Etudes en Sciences Sociales (EHESS). En la actualidad es docente de la Facultad de Educación y Humanidades de la Universidad SEK (CHILE). Sus temáticas de investigación están vinculadas a la Histo-ria Medioambiental, las sensibilidades y representaciones sociales.

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 401-409

Índice Onomástico

Academia Militar: 80.Acuerdo Andaluz por el Agua: 336.Acuerdo de Marrakech 325.Acuerdo General sobre Aranceles y

Comercio (GATT): 325.Administración General de Estado:

329.Administration of the Autono-

mous Government of Anda-lusia: 345.

Adolfo López Mateos: 268.Adolfo Orive Alba: 215.Adolfo O’Ryan: 190.Adolfo Ruiz Cortines: 217, 218,

268.Agencia de Planificación (APLA):

109, 120.Agência Nacional de Águas (ANA):

49, 58 64, 112.Agenda del Regadío de Andalucía:

328, 337.Aguas Argentinas, S. A.: 108, 109,

121.Aguas y Saneamientos Argentinos,

S. A. (AYSA): 109.Agustín de Ochandiano y Valen-

zuela: 361, 373, 375, 376.Agustín Legorreta: 154.Agustín Rivas: 210.Agustín Tornel Olvera: 130.Albert Kinsey Owen: 199, 200.

Alejandro Loubet: 191, 194.Alejandro Melchers: 194.Alejandro R. Vega: 260.Alexandre Yersin: 193, 195.Alexis Dubernard: 154.Alfonso Jones: 153.Alfonso María González: 231.Alfredo Howell: 187.Alonso de Ercilla: 365.Alonzo Romero: 133.Álvaro Obregón: 206, 208 a 211,

214.Ambrosio O’Higgins: 384.Américo Plalon: 72.André Guieu: 154.Ángel Flores: 258, 260.Antero Aguilar Ruiz: 229.Antonio de la Peña: 187, 188.Antonio Díaz de León: 194.Antonio Duriet: 211.Antonio Eliziario de Miranda e Bri-

to: 77.Antonio H. Paredes: 190.Áreas de Proteção Permanentes

(APPs): 37, 41.Asambleas Legislativas Provincia-

les: 70.Asociación Mundial para el Agua

(GWP): 117.Associação Brasileira: de Recursos

Hídricos: 57.

402 Índice Onomástico

Associação dos Engenheiros Agrô-nomos do Estado do Paraná (AEAPR): 27.

Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP): 49.

Augustine Fouillé: 290.Aurelio B. Escobar y Socios: 202.Aurelio Ibarra: 202.Ayuntamiento de México: 124,

125, 132, 402.Azeredo Coutinho: 73.Azorín: 339, 340, 352.

Bacias Federais: 51.Baltasar Menchaca: 206.Bamoa Vegetable: 216.Banco Central: 154.Banco Internacional para Recons-

trução e Desenvolvimento (BIRD): 29, 30, 35, 38, 39, 42.

Banco Nacional de Crédito Ejidal: 209, 210, 213.

Banco Nacional de México: 154.Banque de Paris et des Pays-Bas

(Banco de París y de los Países Bajos): 151, 158.

Belisario Domínguez: 184.Benedito Pereira Nunes: 93.Benjamín F. Johnston: 200.Bernardo A. Z. Palafox: 224.Bernardo Vázquez: 191.Biblioteca Nacional de Brasil: 78,

80.Blas Valenzuela: 206 a 212.Boletín de la Sociedad Mexicana de

Geografía y Estadística: 136.Burmeister: 57.

Cabildo de Santiago: 370 a 374, 381, 383.

Caetano Veloso: 71.Câmara Municipal de Campos: 89,

93.Câmaras Técnicas: 48, 50, 51, 58 a

63.Camilo Menchaca: 211.Carlos Carvajal Zarazúa: 268.Carlos F. Galán: 191.Carlos Fuhrken: 191.Carlos Medina Ormaechea: 125.Carlos Melchers: 194.Carlos Ménem: 107.Carlos Vega: 202.Carlos Volquardsen: 194.Casa de Recogidas de Santiago:

382.Casa Litteraria do Arco do Cego:

69.Casa Mata: 186, 191, 192.Celio Angulo: 206.Celso Fuhrken: 187, 188.Center for Research Libraries: 70.Chiapas Nuevo: 225, 232.Código de Aguas de Chile: 114.Colegio de Francia: 144.Colonia Emilio Portes Gil: 207, 208,

211.Comisión Antimonopólica: 116.Comisión de Aguas del Ayunta-

miento de México: 125.Comisión de Beneficencia Pública:

229.Comisión Nacional de Irrigación

(CNI): 202, 203, 206, 213, 215, 256, 261 a 266.

Comisión Nacional de Libros de Texto Gratuitos: 294.

Índice Onomástico 403

Comissão Municipal de Coorde-nação: 29.

Comissão Nacional de Microbacias Hidrográficas: 29.

Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul: 54, 63.

Comitê para Integração do rio Pa-raíba do Sul (CEIVAP): 21, 48, 50 a 63.

Comité Pro-Irrigación del Valle del Fuerte: 203.

Companhia de Desenvolvimento Agrícola do Estado de São Paulo (CODASP): 34.

Companhias Estaduais de Sanea-mento Básico (CESB): 113.

Compañía Abastecedora de Agua de Mazatlán, S. A.: 190 a 192.

Compañía Agrícola de Bamoa: 216.Compañía Agrícola de Chapala:

154.Compañía Agrícola de Constancia:

203.Compañía Agrícola de los Mochis:

203.Compañía Azucarera El Águila:

202, 203.Compañía de Luz de Pachuca: 153.Compañía de Luz Eléctrica de Vera-

cruz: 153.Compañía de Luz y Fuerza: 132.Compañía de Tranvías de Guadala-

jara: 153, 154.Compañía Explotadora de las

Aguas del Río Fuerte: 201, 203.

Compañía Hidroeléctrica e Irriga-dora de Chapala, S. A.: 151, 152, 156.

Compañía Irrigadora del Humaya: 258, 259, 261.

Comunidad Autónoma de Andalu-cía: 329.

Congrès International de Hygiène et Démographie de Bruxelles: 92.

Congreso Nacional: 107.Congresos de Instrucción Pública:

280, 281.Congresos Ibéricos sobre Gestión y

Planificación del Agua: 334.Congresso Nacional de Engenhei-

ros Agrônomos: 27.Conrado Coutiño: 232.Consejería de Agricultura y Pesca:

332, 335.Consejo Federal de Saneamiento:

107.Consejo Nacional de Fomento Edu-

cativo: 294.Consejo Nacional de Recursos Hí-

dricos: 112.Consejo Superior de Salubridad:

221, 230 a 233, 245 a 247.Conselho Nacional de Recursos Hí-

dricos: 50.Conselhos Municipais de Desenvol-

vimento Rural: (CMDRs): 33, 40, 42.

Conselhos Regionais de Desenvol-vimento Rural: (CRDRs): 40, 42.

Consenso de Washington: 102, 103.Constituição Federal de 1988: 45.Coordenadoria de Assistência Téc-

nica Integral: (CATI) 34, 35, 38 a 40.

Coordinated Comprehensive Pro-gram for Cleaning and Reco-very of the Guadaíra River: 354.

404 Índice Onomástico

Coordinated Recovery and Impro-vement Program: 348.

Corporación de Fomento de la Pro-ducción: (CORFO): 115.

Cueto y Cía.: 226.

Departamento Nacional de Obras de Saneamento: (DNOS): 81, 82, 95.

Departamentos de Aguas e Esgo-tos: (DAE): 113.

Diario de debates de la Cámara de Diputados: 132.

Diario Oficial de las Comunidades Europeas: 326.

Dirección de Obras Hidráulicas: (DOH): 114.

Dirección Forestal de Caza y Pesca: 130.

Dirección General de Aguas: (DGA): 114.

Dirección General de Salubridad: 233.

Directiva Marco del Agua (DMA): 325, 326.

Distrito Agrícola de Riego: 254 a 256, 266, 270.

Distrito Nacional de Riego: 217.Distrito Nacional de Riego de Ba-

moa: 215.Dolores Izábal: 211.Dolores Martínez Negrete: 152.

Editorial Herrero Hermanos: 289.Eduardo Frei: 115.Eduardo Laura: 216.Eduardo R. Arnold: 202.El Chiquitín: 225.El Correo de Cantabria: 352.El Correo de la tarde: 192.

El Imparcial: 123, 289.El Mercurio: 386.Elder: 350.Élisée Reclus: 341.Emilio Menchaca: 211.Emilio Pinzón: 153.Empresa Valenzuela: 207 a 210,

212, 213.Encuesta sobre Superficies y Rendi-

mientos de Cultivos (ESYRCE): 323.

Ente Nacional de Obras Hídricas de Saneamiento: (ENOHSA): 107.

Ente Provincial del Agua y de Sanea-miento (EPAS): 109.

Ente Provincial Regulador de Agua y Cloacas: (EPRAC): 109.

Ente Regulador de Agua y Sanea-miento: (ERAS): 109, 110, 120.

Ente Regulador de los Servicios de Agua y Cloaca de Tucumán (ERSACT): 109.

Ente Regulador de los Servicios de Agua y Cloacas (ERSAC): 109.

Ente Regulador de Obras y Servicios Públicos: (EROSP): 109.

Ente Regulador de Servicios Públicos: (ENRESP): 109.

Ente Regulador de Servicios Sanita-rios (ENRESS): 109.

Ente Tripartito de Obras y Servicios Sanitarios: (ETOSS): 107 a 110.

Ente Único de Control de Privatiza-ciones (EUCOP): 109.

Ernesto Saracho: 211.Escher Wyss: 156.Escritórios Regionais de Desenvol-

vimento Rural (EDRs): 35, 40.Escuela Nacional de Artes y Oficios:

147.Escuela Politécnica: 144.

Índice Onomástico 405

Establecimientos Fabriles: 132.Esteban Zakany: 199.Eugenio Damy: 194.European Landscape Convention:

339.Exposición Universal de París: 280,

290.

Familia Peiro: 256.Federação das Indústrias de Minas

Gerais: (FIEMG): 57.Federação das Associações de Mi-

crobacias Hidrográficas do Estado de São Paulo (FA-MHESP): 39.

Federico Thomas: 226.Fernando Henrique Cardoso: 111.Fernando Pimentel y Fagoaga: 153.Fiacro López: 224.Filemón Oseguera: 227.Fundo Europeo de Orientación y

Garantía Agrícola (FEOGA): 329.

Francisco C.: Alcalde: 191.Francisco Echavarría: 208, 216.Francisco Echeguren: 190, 191.Francisco Lavín: 194.Francisco Orrantia: 199.Francisco Urriolagoitia: 191.Francisco Valenzuela: 210.Fundação Estadual de Engenharia

do Meio Ambiente (FEEMA): 63.

Fundação Superintendência Esta-dual de Rios e Lagoas (SER-LA): 63.

Fundación Andrew W. Mellon: 71.Fundación Nueva Cultura del

Agua: 309.Genaro Arce: 153.

George Dewey: 184.Gerardo Garamendi: 191.Getúlio Vargas: 70.Green Guadaíra: 354.Guadaíra: 20, 339, 341 a 357.Guanajuato Power Co.: 153.Guillermo Haas: 191, 216.Guillermo Harper: 190.Gustavo Sánchez: 216.

Hernández, Mendía y Cía: 193.Hospital Civil: 186, 194.Humboldt: 130, 142 a 144.

Ida Pfeiffer: 78.Ignacio Bojórquez: 211.Ignacio Bórquez: 216.Ignacio C. Ocadiz: 189.Ignacio L. de la Barra: 135.Imprenta Regia: 80.Informe de Desarrollo Humano

(PNUD/2006): 99.Informe de Medio Ambiente de

Andalucía (2008): 324.Instituto Brasileiro do Meio Am-

biente e dos Recursos Natu-rais (IBAMA): 63.

Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA): 35.

Instituto Politécnico Nacional: 265.

Jardín Botánico: 80.Jesús A. Cruz: 202.Jesús Almada: 254.Jesús Morales: 228.João Carneiro da Silva: 74.Joaquín Redo y Balmaceda: 254.Joaquín Toesca: 384Johann Jakob Von Tschudi: 78..

406 Índice Onomástico

Johnston y Compañía: 200, 203, 205, 256.

Jorge Almada: 254.Jornal do Comércio: 90.José Carneiro da Silva 74, 88, 90.José Fernandes da Costa Pereira:

89.José H. Rico: 190, 194.José Inés Cano: 222, 226.José López Portillo y Rojas: 153.José Luiz Fontes: 39.José María Bermejillo: 152.José Mariano da Conceição Vello-

so: 69.José Somellera: 153.Juan Burnaud: 129.Juan Cima: 191.Juan de Dios Bátiz: 265.Juan Guerrero Alcocer: 265.Juan Rondero: 129.Júlio Feydit: 72, 81.Junta de Aguas: 210, 212.Junta de Andalucía: 299, 329, 335.Junta de Caridad: 194, 195.Junta de Crédito Público: 128.Juntas Locales de Irrigación: 264.

Kansas Sinaloa Investiment Com-pany: 200.

La Cervecería del Pacífico: 193.La Compañía Jabonera y Aceitera

La Unión: 193.La Electra, S. A. 152.La Patria: 294.La Vanguardia: 232, 233, 247.Las Noticias: 222, 230, 245, 247.Lauro Muro: 191.

Lazareto de la Isla de Belvedere: 194, 195 .

Lázaro Cárdenas: 204, 205, 209, 265.Lei das Águas: 45, 58.Leis de Uso do Solo Agrícola: 28.Leonardo Fonseca: 206.Leticia Holderness: 190.Ley de Reforma del Estado: 105, 107.Ley para el Desarrollo Sostenible

del Medio Rural: 327, 334.Leyes de Indias: 371.Lorenzo Elízaga: 153.Luis Figueroa Ortiz: 248.Luis Vázquez Campos: 248.

M. Gilbert: 290.Macario Gaxiola: 208, 260.Madoz: 350, 351.Mail Steamship Co: 193.Manuel Ávila Camacho: 202, 214, 215.Manuel Azcona: 189.Manuel Cuesta Gallardo: 153, 156.Manuel Estrada y Cía: 206.Manuel González: 126.Manuel López Portillo: 261.Manuel Marroquín y Rivera: 134.Manuel Martins do Couto Eays: 78Manuel Páez: 260.Manuel Tarriba: 206.Marcelino Ramos: 95.Marcos Pérez: 246.Mariano Bermúdez: 227.Mariano Martínez de Castro: 190.Maritime Industrial Development

Areas (MIDAS): 96.Marte R. Gómez: 213.Martín de Herize y Salinas: 366.Martiniano Carvajal: 194, 196.Maximiliano I: 141, 142, 145.

Índice Onomástico 407

Mayor Henrique Luis de Niemeyer Bellegarde: 76.

Melcher Sucesores: 191, 193, 202.Melecio López: 206.Melecio S. Angulo: 211.México: 12, 19, 20, 22, 99, 104, 123

a 126, 128, 129, 131, 132, 135 a 137, 141 a 152, 154, 156, 157, 163, 176, 179, 183, 199, 206, 217, 218, 221, 228, 232, 251, 252, 254, 263, 266, 268, 279, 280, 282, 288, 289, 291, 292, 294, 300, 303 a 306, 321, 322.

Miguel Alemán Valdés: 217, 265, 266.

Miguel Blanco: 186.Miguel Macedo: 154.Miguel Tapia: 224, 230, 246.Miguel Tarriba: 206.Minik D. Casson: 189.Ministerio de Agricultura, Pesca y

Alimentación (MAPA): 329.Ministerio de Asuntos Exteriores:

150.Ministerio de Infraestructura y Vi-

vienda: 120.Ministerio de Obras Públicas: 114,

115.Ministerio de Planificación Federal,

Inversión Pública y Servicios: 107.

Ministerio de Medio Ambiente: 112, 327, 330.

Ministério do Meio Ambiente: 58.Ministério Público: 63.

Nacional Financiera: 156.Napoleón III: 141, 143.Natividad Heraclio Ruiz: 232.

Negociación Agrícola de Xico y Anexas: 291.

Néstor Kirchner: 109.NIMBY: 319.Nueva Gestión Pública (NGP): 103.

O Monitor Campista: 89, 90.Obras Sanitarias de la Nación

(OSN): 107, 108.Organizacion Mundial del Comer-

cio (OMC): 325.Organismo Regulador de Aguas

Bonaerense (ORAB): 109.Organismo Regulador de Seguri-

dad de Presas (ORSEP): 107.Órgano de Cuenca: 336.

PARIBAS: 151, 154, 156, 157.Parlamento Europeo: 326.Partido Laborista: 132.Partido Liberal Constitucionalista:

132.Patricio Mc Conegly: 206.Pedro de Valdivia: 363.Pedro Echeguren: 187, 188.Pedro Fort: 187, 188.Perfecto G. Bustamante: 194.Plan Andaluz de Regadíos: 329.Plan de Choque de Regadíos: 329

a 330.Plan de Regadíos Sostenibles: 328,

336.Plan Estratégico Nacional de Desa-

rrollo Rural 2007-2013: 327, 334.

Plan Nacional de Regadíos (PNR): 241, 323, 327 a 331.

Plano de Recursos Hídricos: 49.Planos de Bacia: 62.

408 Índice Onomástico

Planos Diretores Municipais: 62.Plataforma Antipresa de Cerro Blanco:

309.Plenária: 48, 51, 55, 56, 58, 60, 61.Pliny: 350.Plutarco Elías Calles: 207, 259.PNUD: 99, 100.Poder Ejecutivo Nacional: 107,

108, 110.Poder Público: 41, 48, 50, 52 a 56,

58, 112, 114.Política Agrícola Común (PAC):

325.Porfirio Díaz: 123, 126, 137, 151,

152, 225.Programa de Desenvolvimento

Rural Sustentável: 30.Programa de Manejo das Águas, Con-

servação dos Solos e Controle da Poluição em Microbacias Hidro-gráficas (Paraná Rural): 30.

Programa de Microbacias de Santa Catarina: 30.

Programa de Microbacias Hidro-gráficas de São Paulo: 30, 34 a 36, 40, 41.

Programa Nacional de Conser-vação de Solos: 28.

Programa Nacional de Microbacias Hi-drográficas (PNMH): 28, 29, 41.

Projeto de Recuperação, Conser-vação e Manejo dos Recursos Naturais em Microbacias Hi-drográficas: 30.

Projeto Marca D’água: 52.Projetos Individuais de Proprieda-

de (PIP): 35, 39.Provincia do Rio de Janeiro: 70, 76.

Rafael Castellanos: 223.

Rafael Encinas: 248 .Rafael G. Ibarra: 202, 204.Ramón Gamboa: 128.Ramón Ros: 202.Real Audiencia 374, 378, 379, 381.Red Andaluza de la Nueva Cultura

del Agua: 307, 309.Reforma Agraria: 203, 204, 209,

260, 207.Regino Sánchez: 205, 206.Relatórios de Presidentes de Pro-

víncia: 70.República Vieja: 70.Revolução Verde: 25 a 27, 31, 41.Revue de Deux Mondes: 145.Roberto Fulton: 69.Ronda de Uruguay: 325.Rural Area Plan: 356.

Salesio F. Canobio: 194.Salvador Morales Barragán: 248.Santiago Calderón: 187, 189.Saturnino Rodrigues de Brito: 91 a 96.Sebastián de Vizcaíno: 184.Sebastián Lerdo de Tejada: 128,

130, 345.Secretaría de Agricultura y Fomen-

to (SAF) 130, 201, 202.Secretaría de Agricultura y Gana-

dería (SAG): 216.Secretaría de Educación Pública:

282, 289.Secretaria de Estado da Agricultu-

ra e do Abastecimento do Es-tado de São Paulo: 39.

Secretaría de Guerra y Marina: 191.Secretaría de Recursos Hidráulicos

(SRH): 215 a 218, 262, 263, 267.

Índice Onomástico 409

Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (São Paulo): 35.

Séneca: 350.Serviços Autônomos de Água e Es-

gotos: 113.Siemens-Schukert: 156.Sinaloa Land Company: 255.Sinaloa Sugar Company: 200, 201.Sistema de Riego Bonanza del Cubi-

lete: 206, 211.Sistema de Riego Constancia: 203,

204.Sistema de Riego de Sufragio: 203,

204, 217.Sistema de Riego El Águila: 203,

204.Sistema de Riego Los Mochis: 203,

204.Sistema Nacional de Gerenciamen-

to de Recursos Hídricos: 56 a 58.

Sociedad de Interés Colectivo Agrí-cola Ejidal: (SICAE) 204, 205, 217.

Sociedad Financiera para la Indus-tria de México: 154.

Sociedad Hipotecaria de México: 156.

Sociedad Mexicana de Geografía y Estadística: 134, 136, 253.

Sociedad Pública: 329.Sociedade Auxiliadora da Industria

Nacional: 79.Sociedade Civil Organizada: 48, 52,

58.Société Générale: 156.Sor Tadea de San Joaquín: 384.Spain Landscape Atlas: 344.Streeter Land Company: 200.

Subsecretaría de Recursos Hídri-cos: 107.

Sucesión de Teodoro Miranda Valenzuela: 202, 204.

Superintendencia de Servicios Sanitarios: (SISS): 115.

Sustainable Rural Development Program: 355.

Teodoro Miranda Valenzuela: 202.

The Campos Syndicate Ltda: 72, 94.

The Council of Ministers: 355.The Latin American Microfilm

Project (LAMP): 70.The Mexican Light and Power

Company Limited: 153.

União: 50, 58.United Sugar Company (USCO):

201 a 205.Universidad Pablo de Olavide:

307.

Venustiano Carranza: 206.Vicente Laveaga: 187, 188.Vizconde de Araruama 74.

White Engeneering Co.: 264.World Health Organization

(WHO): 341.

Zacarías Ochoa: 199.Zuno: 156.

Gestão hidráulica na América Latina e Espanha — Págs. 411-416

Índice Topográfico

Acacoyahua: 232.Acala: 231.Acequia Guadalhorce: 331.Aguaruto: 255.Alcalá de Guadaíra: 342, 344, 346,

347, 357.Alcores: 344, 348.Algodonales: 350.Alhama de Almería: 350.Alhama de Aragón: 350.Alhama de Granada: 350, 355..Alhama de Murcia: 350.Alicama: 253.Alpujarra: 333.América Latina: 11, 13, 18, 29, 45,

99 a 107, 111, 114, 117, 119, 147, 280, 396.

Andalucía: 304, 323 a 335..Antártico: 365.Arahal: 344, 347.Arista: 222.Atotonilco: 153, 253..Arroyo Atotonilco: 253.Arroyo Cabrera: 214.Arroyo de Ocoroni: 213, 218.Arroyo El Riíto: 202.Arroyo del Limón: 253.Arroyo Las Huertas: 253.Arroyo Las Víboras: 253.As Burgas: 355.Atlantic basin: 346.

Bachimeto: 258.

Badiraguato: 268.Baetic system: 346.Baja California: 265.Bajo Guadalquivir: 335.Baños de Aragón: 289.Baños de Montemayor: 350.Baños del Peñón: 289.Bath: 355, 356.Bejucal de Ocampo: 224, 230, 246.Bolívia: 29, 110.Brasil: 19, 22, 25, 26, 29, 41, 45, 49,

52, 61, 68 a 72, 79, 80, 85 a 89, 91, 93, 95, 99, a 102, 104, 105, 110 a 113, 117 a 120, 271, 272, 317.

Brasília: 50.Brejo Grande: 77, 89.

Cabo de São Tomé: 73.Cabrera: 258.Cádiz: 342, 344, 346, 349, 350.Caldas de Malavella: 350.Caldas de Montbui: 350.California: 183, 184, 193, 265, 286.Campos dos Goytacazes/Campos

dos Goitacases: 69, 73, 74, 77, 82, 86, 87, 89, 91 a 93, 95.

Campos Elíseos: 68.Canadá: 148, 153, 251, 263, 270.Canal Campos-Macaé: 67, 71, 76,

80, 81, 85, 89, 91, 94 a 96.Canal Cañedo: 254, 261, 263.Canal Colorado: 254.

412 Índice Topográfico

Canal de Cacimbas: 69, 78, 89.Canal de Navegación: 289.Canal de Nogueira: 69, 77, 80, 89,

90.Canal de Suez 71.Canal del Higueral: 242.Canal del Norte: 258.Canal del Sur: 258.Canal Joaquín Redo: 254.Canal Navito: 254.Canal Principal Humaya: 254, 273.Canal Principal Oriental: 254, 262,

268.Canal Rosales: 253, 256, 258 a 264,

268, 270.Canal San Diego: 254.Carmona: 344, 347.Cerralba: 309.Cerro Blanco: 309.Chapultepec: 125, 128, 288.Chiapas: 22, 221 a 225, 228 a 236,

241, 245, 247 a 249.Chihuahua: 151, 253, 265, 289.Chile: 19, 20, 100 a 102, 104, 110,

113 a 120, 361a 388.Coín: 307, 309, 310, 313, 318.Colonia Juan Grajales: 248.Comitán: 222 a 227, 230 a 236, 239

a 241.Comunidad de Castilla y León: 304.Concepción: 364, 367, 371.Concordia: 184, 195, 248.Copainalá: 230.Corea: 274.Coripe: 349.Cosalá: 253.Costa Rica: 29, 262.Cuba: 274.Culiacan: 195, 217, 252, 256 a 273.Culiacancito: 258.

Desierto de los Leones: 124, 127, 128, 131, 132, 288.

Distrito Agrícola de Riego Número 10: 254 a 257, 266 a 270, 274.

Distrito de Riego Culiacán: 267, 269.

Distrito de Riego de Guasave: 218, 267.

Dos Hermanas: 344, 347.Durango: 186, 187, 189.

Eclusa da Olaria: 81.El Aguaje: 273.El Bolsón: 258.Eldorado: 262.El Tamarindo 268.El Viso: 344.Embalse de Riaño: 304.Escuintla: 232.España/Spain: 251, 256, 270, 279,

282, 299, 300, 303 a 306, 339, 342, 352.

Esparteros mountain: 344, 347, 348.

Estados Unidos: 148, 149, 177, 178, 251, 263, 265, 270, 274.

Europa: 17, 20, 69, 88, 96, 193, 265, 274, 305, 365, 373.

Fábrica de San Rafael: 293.Finca Amburgo: 246.Finca Argobia: 246.Finca Chicharras: 246.Finca Germania: 246.Finca La Patria: 246.Finca Lubeca: 246.Finca Maravillas: 246.Finca Nueva Francia: 246.Finca San José: 246.Finca San Juan: 246.Flandes: 363.Francia: 69, 131, 136, 141 a 146,

149 a 151, 157, 246, 279, 280, 282, 283, 290, 398.

Frontera Díaz: 232.

Índice Topográfico 413

Guadaíra: 20, 339 a 357.Guadaíra basin: 339 a 357.Guadairilla river: 344, 347.Guadalete: 349, 354.Guaro: 309.Guatemala 29, 223.

Huixtla: 224, 230, 232.Humaya: 253.

Ingenio de La Primavera: 255.Ingenio de Quissamã: 88.Ingenio Eldorado: 254.Ingenio La Aurora: 254.Inglaterra: 69, 136, 152.Israel: 376.Italia: 319, 363.Ixtapa: 244.

Jalisco 153, 156, 163 a 165, 169, 171, 173, 175, 178, 304, 322.

Japón: 178, 270, 286.

La Colorada: 258.La Cuchilla 255.La Grandeza: 224, 230.La Laguna: 246.La Libertad: 145, 228, 230, 232,

235, 239, 240, 242.La Lorena: 290.La Palma: 255.La Trinidad: 206, 223.Lago/Lagunas de Chalco: 151, 157,

288, 291.Lago de Quissãma: 74.Lagoa Bananeiras: 76.Lagoa Brejo da Olaria: 77.Lagoa Brejo Grande: 77, 89.Lagoa da Saudade: 77.Lagoa do Campelo: 76, 77.Lagoa do Fogo: 77.Lagoa do Osório: 67.

Lagoa do Silva: 78.Lagoa dos Coqueiros: 76, 96.Lagoa dos Coxos: 77.Lagoa Feia: 71, 73, 74, 76, 94, 95.Lagoa Formosa: 77.Lagoa Jacaré: 76.Lagoa Maria do Pilar: 77.Lagoa Saquarema: 76.Lagoa Taquaruçu: 77.Lagoa Tay: 76.Lagoa Tigibibaia: 77.Lagoas de Carapebus: 74.Laguna Magdalena: 153.Laguna de Texcoco: 291.Laguna de Xochimilco: 130, 132 a

136, 291, 294.Las Higueras: 262.Lima: 382.Loma de Redo: 262.

Macaé/Macahé: 74, 76, 88, 90, 91, 93 a 96.

Maipo: 383.Mairena 344, 347.Málaga: 306, 309 a 311, 322, 353.Mar de Cortés: 258, 265.Mariscal: 223, 235, 239, 240, 245.Mazatán: 232.Mediterranean/Mediterráneo: 286,

324, 349 a 351, 356.México: 12, 19, 20, 22, 99, 104, 123

a 137, 141 a 157, 161, 163, 166, 179, 199, 206, 217, 218, 221, 228, 232, 251, 252, 254, 263, 266, 268, 279, 280, 282, 288, 289, 291, 292, 294, 295, 299, 300, 303 a 306, 321, 233.

Mezcalapa: 222, 223, 231, 232, 235, 236, 240 a 245.

Mezquitillo: 262.Minas Gerais: 48 a 51, 57, 68, 113.Mixcoac: 286.Mocorito: 268 a 270.

414 Índice Topográfico

Montellano aquifer: 347, 350.Morón de la Frontera: 344, 347,

350.Motozintla: 230, 245.

Navolato: 254, 258.Níjar: 331.Niterói/Nitheroy: 76, 90, 91.Normandía: 79.Norte América: 20, 37, 38.Norte Fluminense: 11, 48, 67, 70,

73, 85, 88, 95.

Ochoa: 255.Ocosingo: 224, 230, 245.Ocozocuatla: 231.Ojo de Agua: 246,268.Oso: 262.Otameto: 258.Ourense: 350, 355.

Pacífico: 161 a 175, 178, 179, 193, 196, 232, 258.

Palenque: 222, 223, 229, 232 a 236, 240, 241, 242, 244.

Paradisus Domini Venientibus: 376.Paraguay: 382.Paraná: 27, 28, 30, 32, 42, 113.Parque Nacional del Desierto de

los Leones: 131, 132.Pas river: 352.Pichucalco: 222 a 224, 230, 233,

235, 239, 234.Pizarra: 309, 310.Ponte de Messina: 319.Porto de São João da Barra: 73.Portugal: 20, 69, 74, 80.Pozo Alcón Cuevas del Campo: 331.Pozo Amargo: 341 a 356.Presa Adolfo López Mateos: 251 a

254, 257, 263, 264, 268, 270, 273.

Presa de Humaya: 269

Presa de Miguel Hidalgo (Maho-ne): 217, 257, 264, 267.

Presa La Sanalona: 252, 263 a 268.Presa San Nicolás: 322.Presa Varejonal: vease Presa Adol-

fo López Mateos.Propiedad González: 292.Propiedad La Asunción: 292.Propiedad La Compañía: 292.Propiedad Venta de Córdova: 292.Propiedad Venta Nueva: 292.Propiedad Ventorrillo: 292.Puente Negro: 262.Puerto Serrano 344, 346, 349, 350,

353.

Quilá: 262.Quissama: 74, 90.

Região Sul: 26.Resende: 50.Reservatório Paraibuna: 48.Reservatório Paraitinga: 48.Reservatório Santa Branca: 48.Ribera del Bío Bio: 367.Río Amarillo: 227.Río Badiraguato: 253.Río Colorado: 253.Río Culiacán: 252, 253, 260, 261,

263, 267, 268.Río Durango: 253.Rio de Janeiro: 12, 18, 19, 48, 51,

54, 59, 68, 70, 72, 73, 75, 76, 85, 86, 90, 113.

Río de Topia: 253.Río Fuerte: 199 a 205, 217, 218,

257.Río Grande: 92, 306, 309 a 319, 322.Río Grande do Norte: 113.Rio Grande do Sul: 25 a 28, 113.Río Grijalva: 222.Rio Guandu: 49.Río Hueyapan: 253.

Índice Topográfico 415

Río Humaya: 252, 253, 262, 265, 268.

Río Las Vueltas (Los Lobos): 253.Río Los Remedios: 253.Río Macabu: 74.Río Macaé: 71, 74.Río Mapocho: 381 a 386.Río Nilo: 384.Rio Parahyba/Paraíba do Sul: 21,

45, 48 a 51, 62, 63, 67, 68, 71 a 78, 81, 82, 85, 90, 95.

Rio Paraibuna: 48.Rio Paraitinga: 48.Río Sabinal: 232, 247.Río San Lorenzo: 252 a 254, 260 a

263, 268, 270.Río Sinaloa: 205 a 218.Rio Sinos: 52.Río Tamazula: 214, 252 a 254, 262,

265, 268.Río Tramandaí: 52.Río Ururahy/Ururaí: 72, 74, 76.Rivera de Cangui: 248.

Sacedón: 343.Salado: 347.Salado de Mairena: 347.Salado de Paradas: 347.Salto de Agua: 226.Salvador Alvarado: 268, 270.San Ángel: 289.San Bartolomé de los Llanos: 225,

228, 230.San Benito: 224, 246.San Cristóbal de las Casas: 227, 229

a 231, 239, 241.San Felipe Tizapa 224.San Lorenzo: 262.San Pedro: 255.San Pedro del Altar: 151.San Pedro Remate: 224, 230.San Rafael: 262, 293, 377.Santa Anita: 289.

Santa Catarina: 27, 28, 30, 32, 41, 113.

Santiago: 109, 156, 161 a 175, 178, 179, 187, 189, 253, 361 a 386.

São Fidélis: 68.São Francisco de Itabapoana: 49.São João da Barra: 49, 78, 88, 89,

90, 95, 96.São Paulo: 21, 25, 26, 28, 30, 32, 34

a 36, 39 a 42, 48 a 50, 68, 88, 91, 95, 96, 112, 113, 317.

Serra do Mar: 69, 74.Sertao: 69Sertão do Nogueira: 77, 89.Sevilla/Seville: 11, 307, 342, 344 a

347, 349, 350, 354,355.Sierra de Durango: 257.Sierra de Tepehuanes: 253.Sierra Madre Occidental: 274.Simojovel: 222, 223, 230, 232, 234 a

236, 239, 240, 242.Sinaloa: 20, 184, 194, 199 a 201,

203, 205, 206, 208, 213, 215, 217, 218, 251 a 258, 260, 264, 266, 267, 270 a 274.

Soconusco: 222 a 224, 228, 232, 234 a 236, 240, 241, 246, 248.

Solistahuacán: 244.Soyatitán: 230.Subbéticas: 343.Suchiapa: 231.Suchiate: 224, 246.Sudamérica: 270.

Tabasco: 223, 257.Tamaulipas: 151, 264.Tapachula: 232.Tapilula: 232.Tecpatán: 231, 244.Tierra del Fuego: 365.Tlalpan: 288.

416 Índice Topográfico

Tonalá: 222, 223, 226, 227, 230, 231, 234 a 236, 240, 241, 245, .

Trillo: 343, 353.Tuxtla Gutiérrez: 222, 224 a 229,

231, 232, 243, 247, 248.Tzimol: 224.

Unidad IV: 268, 269.Usina do Funil: 59.

Val di Susa: 319.Vale do Paraíba: 49.Valle de Culiacán: 252, 254, 259,

260, 261, 263, 266, 267.Valle de Guamúchil: 269 a 271.Valle de México: 163, 288, 291.Valle de Pericos: 269, 270, 273.

Valle del Fuerte: 200, 203 a 205, 207, 267.

Valle del Guadalquivir: 323, 325, 343 a 346, 354.

Venezuela: 29, 110.Verdugo: 258.Viesgo Bridge: 352, 353.Villa Corzo: 248.Villa de Guadalupe: 288.Villa Flores: 224, 248.

Xochimilco: 289, 291, 293, 294.

Yevabito: 255.

Zona da Mata: 48.

Índice Topográfico 417