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ESTIMATIVAS DO TENSOR DE IMPEDÂNCIA MAGNETOTELÚRICO UTILIZANDO MÉTODOS DE PROCESSAMENTO ROBUSTO MAGNETOTELLURIC TENSOR IMPEDANCE ESTIMATES USING ROBUST PROCESSING Autores Leonardo Guimarães Miquelutti Observatório Nacional/MCT Rua General José Cristino, 77 São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ CEP:20921-400 Tel: (21)39889165 E-mail: [email protected] Sergio Luiz Fontes Observatório Nacional/MCT Rua General José Cristino, 77 São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ CEP: 20921-400 Tel: (21) 3504-9181, Fax: (21) 2580-7081 E-mail: [email protected] Emin Ugur Ulugergerli Çanakkale Onsekiz Mart University Engineering Architecture Faculty TERZİOĞLU CAMPUS 17100 ÇANAKKALE PHONE : (+90) 286 2180018 ext 2207 FAX : (+90) 286 2180541 E-mail: [email protected] , [email protected] Deivid dos Santos Nascimento Observatório Nacional/MCT Rua General José Cristino, 77 São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ CEP:20921-400 Tel: (21)3504-9222 E-mail: [email protected]

ESTIMATIVAS DO TENSOR DE IMPEDÂNCIA MAGNETOTELÚRICO UTILIZANDO MÉTODOS DE PROCESSAMENTO ROBUSTO MAGNETOTELLURIC TENSOR IMPEDANCE ESTIMATES USING ROBUST PROCESSING

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ESTIMATIVAS DO TENSOR DE IMPEDÂNCIA MAGNETOTELÚRICO UTILIZANDO MÉTODOS DE

PROCESSAMENTO ROBUSTO

MAGNETOTELLURIC TENSOR IMPEDANCE ESTIMATES USING ROBUST PROCESSING

Autores

Leonardo Guimarães Miquelutti Observatório Nacional/MCT Rua General José Cristino, 77 São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ CEP:20921-400 Tel: (21)39889165 E-mail: [email protected] Sergio Luiz Fontes Observatório Nacional/MCT Rua General José Cristino, 77 São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ CEP: 20921-400 Tel: (21) 3504-9181, Fax: (21) 2580-7081 E-mail: [email protected] Emin Ugur Ulugergerli Çanakkale Onsekiz Mart University Engineering Architecture Faculty TERZİOĞLU CAMPUS 17100 ÇANAKKALE PHONE : (+90) 286 – 2180018 ext 2207 FAX : (+90) 286 – 2180541 E-mail: [email protected], [email protected] Deivid dos Santos Nascimento Observatório Nacional/MCT Rua General José Cristino, 77 São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ CEP:20921-400 Tel: (21)3504-9222 E-mail: [email protected]

Histórico Profissional

Leonardo Guimarães Miquelutti

Bacharel (2007) e licenciado (2008) em física pela Universidade Estadual de Campinas, atualmente

mestrando em Geofísica pelo Observatório Nacional. Atualmente é professor das disciplinas de

Geofísica da Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e tem experiência em métodos

eletromagnéticos, se destacando o método magnetotelúrico.

Sergio Luiz Fontes

Bacharelado em Física (1976), mestrado em Geologia (1982) ambos na Universidade Federal do Rio

de Janeiro e doutorado em Geofísica - University of Edinburgh - Grã Bretanha (1988). É Pesquisador

Titular do Observatório Nacional, correspondente nacional da International Association of

Geomagnetism and Aeronomy - IAGA, coordenador de geofísica do Instituto Panamericano de

Geografia e História - IPGH e representante eleito da América Latina no Working Group Committee

I.2 da IAGA (2010-2018). Tem experiência na área de Geofísica, com ênfase em eletromagnetismo e

integração de métodos geofísicos, atuando principalmente em geodinâmica, meio ambiente e

geofísica de exploração.

Emin Ugur Ulugergerli

Possui bacharelado em geofísica pela Dokuz Eylul University, İzmir, Turquia (1989), mestrado em

Geofísica - Departamento de Geofísica, Ankara University, Ankara, Turquia (1993) e doutorado em

Geofísica pela University Of Leicester, UK (1998). Atualmente é professor adjunto da Çanakkale

Onsekiz Mart University, tem experiência na área de geociências, com ênfase em geoeletricidade e

geofísica aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: eletro-resistividade,

magnetotelúrico, e eletromagnético transiente; modelagem e inversão multi-dimensional.

Deivid dos Santos Nascimento

Possui graduação em Física (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade do Estado do Rio de

Janeiro (2007). Atualmente é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Geofísica do

Observatório Nacional, atuando também como geofísico na PETRÓLEO BRASILEIRO S.A.. Tem

experiência na área de Geociências, com ênfase em Métodos Eletromagnéticos.

ESTIMATIVAS DO TENSOR DE IMPEDÂNCIA MAGNETOTELÚRICO UTILIZANDO MÉTODOS DE

PROCESSAMENTO ROBUSTO

Abstract

A new computer code for processing magnetotelluric data in C language was developed,

capable of processing data from several commercial MT acquisition systems and incorporating

robust processing techniques. In order to evaluate its performance, a set of magnetotelluric data

was processed in different ways, in the frequency domain, in order to compare results and suggest

new procedures that may produce smoother results. Estimates of the impedance tensor and,

consequently, apparent resistivity and phase was performed in four different ways, the first of

which involves signal processing by classical least squares, while the other three procedures

employed robust techniques. The robust processing was used in the selection of values and cross

autopowers, so that for the first method, we selected the median of all values of a particular

combination. In the second method occurred a pre-exclusion of points and selection of median of

the remaining points was done. In the third method was a pre-exclusion of points, so that a

weighted average is calculated based on the remaining values.

Keywords: magnetotelluric, robust processing.

Resumo

Um novo programa de processamento de dados magnetotelúricos (MT) foi desenvolvido

em linguagem C, capaz de processar dados de diversos sistemas de aquisição de dados MT

existentes no mercado e incorporando rotinas de processamento robusto. Para testar seu

desempenho, um conjunto de dados MT foi processado de diferentes formas, no domínio da

freqüência, visando comparar resultados e sugerir novos procedimentos que venham produzir

resultados mais suaves. A obtenção do tensor de impedância e, conseqüentemente, resistividade e

fase aparentes foi realizada de quatro maneiras diferentes, sendo a primeira deles envolvendo o

processamento por mínimos quadrados clássico, enquanto nos outros três procedimentos

empregou-se processamento robusto. O processamento robusto foi empregado na seleção de

valores de cross e autopowers, de modo que, no primeiro método, foi selecionada a mediana de

todos os valores de determinada combinação. No segundo método, houve uma pré-exclusão de

pontos e novamente foi selecionada a mediana dos pontos restantes. No terceiro método houve

uma pré-exclusão de pontos, de modo que uma média ponderada é calculada com os valores

restantes.

Palavras-chave: magnetotelúrico, processamento robusto.

Introdução

O método magnetotelúrico (MT) visa a obtenção do tensor de impedância através do

processamento de séries temporais de componentes ortogonais dos campos elétrico e magnético

terrestres, gerados naturalmente. Através do tensor de impedância, é possível obter, por exemplo,

gráficos de resistividade aparente e fase x freqüência, dos quais se pode extrair a resistividade x

profundidade do meio sendo investigado.

O processamento dos dados MT pode ser feito de várias maneiras no domínio da

freqüência, dentre as quais se destacam o processamento clássico, a referência remota e o

processamento robusto (Gamble et al., 1979; Jones et al., 1999; Egbert, 2002; Chave and

Thompson, 2004, etc.). O processamento clássico consiste na utilização dos métodos dos mínimos

quadrados. A referência remota consiste na utilização de componentes dos campos elétrico ou

magnético de outra estação, de forma a minimizar o erro, admitido como não-correlacionado entre

as duas estações em questão. O processamento robusto consiste na utilização de técnicas robustas

de processamento, de forma a excluir os dados cujos erros são relativamente grandes (outliers), e

utilizar apenas os dados com boa qualidade na geração de resultados.

Um dos meios mais eficazes de se melhorar a qualidade das estimativas das funções de

transferências do método magnetotelúrico é empregando os métodos de estatística robusta. A

adaptação da técnica para o processamento de dados MT foi amplamente discutida por Egbert and

Booker (1986), Chave et al.(1987), Chave and Thomson (1989) and Larsen et al. (1996). Exemplos

recentes demonstraram a eficiência da técnica em relação ao método dos mínimos quadrados

convencional (Jones et al. 1989)

Neste trabalho, um programa desenvolvido em linguagem C (MTPROX), baseado no

software MTR93, da Electromagnetic Instruments – EMI, faz a comparação entre o processamento

clássico e três formas distintas de processamento robusto, de forma que possibilita a comparação

entre essas diversas técnicas.

Metodologia

No método MT, o tensor de impedância Z está relacionado com os campos elétrico E e

magnético H, considerando o problema como bidimensional (2-D), através da seguinte relação no

domínio da freqüência, dada pela eq. (1) abaixo (Simpson & Bahr, 2005):

(1)

Medem-se, em geral, três componentes do campo magnético terrestre e duas

componentes do campo elétrico, durante determinado tempo, de modo que os dados obtidos são

séries temporais, cujo processamento resulta nos valores do tensor de impedância.

Através do tensor de impedância, é possível estimar a resistividade aparente e a fase ,

em situações (2-D), através das eq. (2) e (3), respectivamente, abaixo (Simpson & Bahr, 2005):

(2)

(3)

As componentes do tensor de impedância são obtidas através de crosspower e autopower

(potências cruzadas e auto-potências, respectivamente), calculadas no domínio da freqüência. No

nosso caso, crosspowers são produtos de diferentes componentes do campo eletromagnético da

Terra para uma mesma freqüência, por exemplo, ExHx, enquanto autopowers é o produto de uma

componente do campo por ela mesma, por exemplo, HyHy. As componentes do tensor de

impedância são mostradas nas eq. (4) – (7) abaixo (Simpson & Bahr, 2005):

(4)

(5)

(6)

(7)

e

.

A coerência do sinal é uma variável real adimensional, com valores que variam entre 0 e

1, e é uma medida da correlação linear entre dois sinais, por exemplo, sinal elétrico e sinal

magnético. Caso significa coerência perfeita entre os sinais medidos. A coerência é dada

pela eq. (8) abaixo (Simpson & Bahr, 2005).

(8)

Devido ao fato do problema ser resolvido no domínio da freqüência, cada componente de

campo elétrico ou magnético tem duas componentes: uma real e uma imaginária. E pode,

genericamente, ser representado por um número complexo (eq. 9) tal que

(9)

na qual e são número reais, e . O módulo (ou magnitude) de um número complexo é

um número real dado pela eq. (10) abaixo

(10)

Como cada componente de campo é um número complexo, existe a possibilidade de

manipular ou as componentes reais e imaginárias separadamente (eq. 9) ou manipular a magnitude

(eq. 10). E ambas as opções foram utilizadas, cada uma com um procedimento diferente.

O software

Um software desenvolvido por L.M e D.N em linguagem C, tendo como base o software

MTR93 da EMI, faz o processamento das séries temporais adquiridas em campo e as transforma em

curvas de resistividade aparente e fase, além de outros parâmetros, tais como tipper, coerência,

direção de strike, skew, etc. O software, denominado MTPROX, realiza o processamento de

diferentes tipos de arquivos, que corresponde a diferentes equipamentos na coleta dos dados MT

(emi – equipamentos MT1 e MT24 da EMI, equipamentos de aquisição de dados MT marinho que

usam o formato de armazenamento dos dados do Scripps Institute of Oceanography – sio e

equipamentos longo-período LEMI417, abreviado por lmt). É possível escolher o processamento

com referência remota (Gamble et al, 1979) e/ou processamento robusto, além de alguns outros

parâmetros, tais como tamanho da janela e limites superiores e inferiores para os valores de

freqüência utilizados (para dados lmt). O objetivo foi gerar uma plataforma de fácil utilização para o

processamento de dados magnetotelúricos. Alguns parâmetros obtidos com o MTPROX estão

mostrados na Fig. 1 abaixo, calculados a partir de uma estação de dados coletados com um

equipamento EMI situados em Carnaíba dos Queiroz – PI.

Fig. 1

O MTPROX gera dois arquivos-saída. O primeiro é um arquivo texto que contém todos os

resultados pertinentes ao processamento, cujas colunas são separadas por tabulação, de modo que

a leitura desses arquivos seja de fácil acesso por outros softwares, tais como Excel® ou Matlab®. O

outro arquivo tem extensão edi, que é uma tentativa de padronização internacional dos arquivos-

saída para processamento MT, geralmente empregado na etapa de inversão dos dados. Na Tab.1

abaixo é mostrado um breve esquema de como funciona o programa.

Tab. 1

Aos arquivos sio e lmt é permitido trabalhar com decimação, que consiste em uma releitura

dos dados, de forma que se aumente o período de amostragem, resultando em maiores

profundidades investigadas. O processo de decimação nada mais é que a leitura de 1 a cada 4

pontos, por exemplo e, assim, transforma a freqüência de amostragem de 1 Hz para 1/4 Hz (0,25

Hz). O quanto se decima um arquivo lmt é dado por , e o usuário escolhe um valor inteiro

maior ou igual a 1 para x.

Neste trabalho, os dados utilizados como exemplos são lmt. Nesse caso, os dados são

armazenados em arquivos texto e não é necessária nenhuma codificação. A informação gravada no

arquivo são os próprios valores de séries temporais, devidamente filtrados e corrigidos pelo próprio

equipamento de aquisição de dados, separados em colunas correspondentes ao canal

(componente) medido.

No caso de dados emi ou sio, por exemplo, existe a necessidade de decodificação do

arquivo-saída do equipamento, cujos valores de séries temporais estariam escritos de forma binária

no arquivo. No caso de ser necessário algum tipo de filtragem do sinal, por exemplo, o sinal de 60

Hz de uma rede elétrica de alta tensão, o software a realizaria. Pode ser necessário, também, se

fazer a correção da resposta do equipamento.

Fazer a correção da resposta do equipamento significa que, no domínio da freqüência, por

exemplo, as bobinas, que medem as componentes do campo magnético, respondem melhor ao

sinal em determinada faixa de freqüências. A empresa fabricante dessas bobinas fornece uma curva

de resposta de “intensidade vs freqüência” para que seja corrigido o valor medido da intensidade

do campo magnético, no presente exemplo, em relação à freqüência utilizada.

As séries temporais são os valores do sinal (campo eletromagnético) medidos com uma

freqüência de amostragem que, no presente caso, foi de 1 Hz; ou seja, a cada 1 segundo, é

adquirido um valor do sinal. E o sinal foi medido ao longo de 12 dias ininterruptamente. Portanto,

ao se fazer o processamento, é necessário escolher o tamanho da janela de séries temporais, e esta

deve ser uma potência de 2 ( ), devido à Transformada Rápida de Fourier (Simpson & Bahr, 2005).

A janela escolhida foi de 4096 pontos, ou seja, .

Com uma freqüência de amostragem de 1 segundo e 12 dias inteiros de coleta de dados, há

um série temporal com 1.036.800 pontos para cada componente. Dividindo-as em janelas de 4096

pontos, há um total de 253 janelas. Como a divisão 1.036.800/4096 não é exata, os pontos que não

completam uma janela são descartados.

Uma vez que as janelas de séries temporais são lidas para as 5 componentes (duas do

campo elétrico e três do campo magnético), é verificada se há saturação dos valores de alguma

componente. Caso a saturação esteja presente em alguma das componentes, a janela de séries

temporais para as cinco componentes é então descartada, e uma nova é obtida e novamente

verificada. Caso não haja saturação, é aplicada uma Transformada Rápida de Fourier em cada um

dos segmentos de série temporal que formam esta janela.

Para levar o problema do domínio do tempo para o domínio da freqüência, uma

Transformada de Fourier é requerida. Uma Transformada Rápida de Fourier é uma Transformada

de Fourier na qual o número de amostras é uma potência de 2 (por exemplo, ), de modo a

otimizar o número de operações numéricas necessárias para implementar a Transformada de

Fourier. Gera resultados deveras semelhantes (Simpson & Bahr, 2005).

Uma vez que cada componente foi levada ao domínio da freqüência, elas agora são

números complexos com parte real e imaginária. Uma janela de 4096 pontos gera, depois de uma

Transformada de Fourier (rápida ou não), 2048 coeficientes de Fourier, cada um com uma parte

real e outra imaginária, cada qual com sua respectiva freqüência correspondente, que gerarão os

valores de cross e autopowers.

A seleção de freqüências obedece a dois critérios, principalmente:

1. As freqüências escolhidas devem ser igualmente espaçadas em uma escala logarítmica. Por

exemplo, ao escolher os períodos de 10 s e 15 s, deve-se escolher depois os períodos de

100 s e 150 s (ao invés de 105 s) devido ao erro relativo da profundidade de

investigação ser o mesmo para períodos da ordem de 10 s e 100 s.

2. Idealmente, deve-se ter de 6 a 10 freqüências por década; mais que isso, a Relação de

Dispersão de Weidelt’s (Weidelt, 1972) prevê resultados similares para freqüências

próximas; menos que isso pode resultar em aliasing.

O processamento clássico calcula os valores de cross e autopowers através do Método dos

Mínimos Quadrados (Simpson & Bahr, 2005), uma vez que, para cada freqüência angular ω, há n

valores de cada cross ou autopower. O processamento robusto não é um método rigorosamente

definido, com diferentes técnicas podendo ser enquadradas como processamento robusto. Três

formas foram testadas, a fim de se comparar os resultados com o processamento clássico, e estão

descritas abaixo. Existem 15 combinações de cross ou autopowers, tais como ou

(considerando as duas componentes elétricas e as três magnéticas), e os métodos descritos abaixo

se referem ao processamento de uma combinação por vez. Como existem 253 janelas, existem 253

valores para cada combinação.

Método 1

Neste método, os valores de magnitude (eq. 10) da componente de cross ou autopower são

colocados em ordem crescente, e a mediana é selecionada como valor representativo. Através do

valor conhecido de magnitude, recuperam-se os valores das componentes real e imaginária que

resultaram nesse valor de magnitude. O procedimento está enumerado a seguir.

1. Cálculo da magnitude de cada um dos 253 valores da respectiva componente.

2. Organização desses valores em ordem crescente.

3. Obtenção da mediana desses valores.

4. Recuperação das componentes real e imaginária que geraram esse valor de

magnitude.

5. Atribui-se como resultado a componente formada por esses valores real a

imaginário.

Método 2

Este método se assemelha ao primeiro exceto por um critério de exclusão de pontos.

Primeiramente, é calculada uma média aritmética da magnitude dos 253 valores da respectiva

componente. Calcula-se o erro de todos esses valores que formam essa média e o desvio padrão;

os pontos cujos erros são maiores que o desvio padrão são excluídos. Os valores restantes são

colocados em ordem crescente e seleciona-se a mediana desses valores. O resultado é um valor de

magnitude, do qual se conhecem as componentes real e imaginária que o geraram. O

procedimento está descrito enumerado a seguir.

1. Média aritmética de todos os 253 valores da magnitude da respectiva componente.

2. Cálculo do erro de cada componente, que é a diferença entre o valor da componente e

a média aritmética calculada.

3. Cálculo do desvio padrão.

4. Exclusão dos pontos cujos erros são maiores que o desvio padrão.

5. Encontra-se a mediana dos valores restantes da magnitude.

6. Através do valor da magnitude, recuperam-se os valores das componentes real e

imaginária que geraram esse valor de magnitude.

7. Atribui-se como resultado a componente formada por esses valores real a imaginário.

Método 3

Este método manipula as componentes reais e imaginárias de cada combinação

separadamente, ao invés de se manipular a magnitude, como nos métodos anteriores. Para cada

componente (real e imaginária), calcula-se uma média aritmética de seus 253 valores, e são

excluídos os que apresentarem erro maior que o desvio padrão. Com os pontos restantes, calcula-

se uma média ponderada , dada pela eq. (11), que é atribuído como resultado. Na respectiva

equação, é o valor do qual se calculará a média ponderada e é o erro atribuído a . O

procedimento é descrito a seguir.

1. Média aritmética de todos os 253 valores da componente real da respectiva

combinação.

2. Cálculo do erro de cada valor, que é a diferença entre o valor da componente e a média

aritmética calculada.

3. Cálculo do desvio padrão.

4. Exclusão dos pontos cujos erros são maiores que o desvio padrão.

5. Cálculo de média ponderada (eq. 11) dos pontos restantes, cujo peso é o quadrado do

erro, sendo este o mesmo erro anteriormente atribuído ao valor (passo 2).

6. É atribuído como resultado à componente real da combinação esse valor de média

ponderada.

7. Repetir o processo para a componente imaginária.

(11)

Resultados e Discussão

Os resultados para os três métodos descritos se encontram mostrados a seguir. Cada

conjunto é composto por um gráfico de “resistividade aparente x período” e outro de “fase x

período”. O processamento clássico se encontra na Fig. 2 abaixo.

Fig. 2

A curva de resistividade aparente para o processamento clássico é uma curva suave e

contínua, como prediz a teoria do método MT. As curvas de fase na direção yx devem ficar

próximas a 45o e inclinarem para cima (aumentar a fase) quando a curva da resistividade aparente

nessa direção inclinar para baixo (diminuir a resistividade) e vice-versa; o mesmo raciocínio se

aplica para a direção xy, porém com valor de -135o (Simpson & Bahr, 2005).

Uma vez que a curva se apresenta regular, devemos esperar que os resultados de um

método eficaz de processamento robusto se assemelhem aos resultados obtidos via

processamento clássico. O critério para selecionar qual dos três métodos propostos será a

semelhança entre seus resultados e o obtido através do processamento clássico.

O método 1 (Fig. 3) resultou em uma curva cujos valores de resistividade aparente estão

completamente incoerentes, nas duas direções, quando comparados ao método clássico. As fases,

na direção yx principalmente, estão inconsistentes com o que prediz a teoria do método, pois não

se inclinam para cima quando a respectiva curva de resistividade aparente se inclina para baixo e

vice-versa, além de estarem demasiadamente esparsos.

Fig. 3

O método 2 (Fig. 4) apresentou uma curva problemática na direção yx da resistividade

aparente, enquanto na direção xy a curva é bem comportada, com barras de erros pequenas. O

gráfico de fase mostra uma curva suave para a direção xy, porém problemática na direção yx.

Fig. 4

O método 3 (Fig. 5) apresentou valores de resistividades aparentes mais suaves, cujas

curvas coincidem com o método clássico. As fases estão bem comportadas, também muito

semelhantes ao método clássico.

Fig. 5

Também são mostradas algumas coerências entre os sinais do método clássico (Fig. 6) e do

processamento robusto (Fig. 7) abaixo.

Fig. 6

Fig. 7

No método 1, a seleção de apenas um ponto (a mediana) como representativo de todas as

medidas se mostrou ineficiente, resultando em valores de resistividade aparente incompatíveis

com a realidade.

O método 2, no qual havia um pré-descarte de valores de cross e autopowers, apresentou

resultados melhores que o método 1 na direção xy, tanto na resistividade aparente quanto na fase,

com pequenas barras de erro, razoavelmente semelhante ao método clássico. Na direção yx

entretanto, as curvas não estão suaves ou bem comportadas, e as barras de erro são grandes, o

que torna a qualidade da curva inferior.

No método 3, no qual houve um tratamento matemático dos valores de cross e autopowers

(média ponderada), nota-se que as curvas de resistividade aparentes se restringem a valores mais

realísticos. As curvas de resistividade aparentes nas direções xy e yx se comportam de forma suave,

como prevê a teoria do método MT, assim como as curvas de fase, também muito bem

comportadas, principalmente quando comparadas ao método clássico de processamento.

O método 3, no qual houve um tratamento matemático dos pontos, mostrou um resultado

ligeiramente semelhante ao método clássico. Todavia, ao comparar-se as barras de erro na direção

yx, nota-se que estas excedem as barras de erro obtidas no processamento via método clássico,

tanto na resistividade aparente quanto na fase. Isso se deve ao fato de utilizar menos pontos no

cálculo de cross e autopowers que, estatisticamente, aumenta o erro.

A coerência, que é uma medida da qualidade do sinal, não deve ser diferente para os

diferentes processamentos, que está confirmado pelas Fig. 6, referente ao processamento clássico,

e Fig. 7, referente ao processamento robusto. Tais figuras mostram que os dados não apresentam

coerência perfeita, uma situação hipoteticamente boa para o teste de processamento robusto.

Conclusão

Os métodos 1 e 2, nos quais não houve um tratamento matemático dos valores de cross e

autopowers, e sim a escolha de um dos n valores como representante de todos, os resultados não

foram melhores que o resultado do processamento clássico; pelo contrário, os resultados foram

inconsistentes, o que induziu a um descarte dos métodos 1 e 2 como forma de processamento

robusto de dados MT.

O método 3 se mostrou tão eficiente quanto o método clássico e, como resultado, foi

adotado como a forma de processamento robusto adotada pesentemente no MTPROX.

Propostas de novos procedimentos robustos estão sendo estudadas para implementação

no MTPROX, de modo que se possa encontrar uma técnica que resulte em resultados de

resistividade aparente e fase melhores que os obtidos via processamento clássico.

Agradecimentos

Ao Observatório Nacional, que cedeu a estação de dados MT de longo período utilizada

neste trabalho. Aos técnicos Ronaldo Carvalho e Carlos Roberto Germano, do próprio Observatório

Nacional, responsáveis pela aquisição dos dados. L.M e D.N agradecem a CAPES pela Bolsa de

Estudos.

Referências

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estimation, Geophysics Journal International, 157: 988-1006.

Egbert, G.D., 2002. Processing and interpretation of Electromagnetic induction array data, Surveys

in Geophysics 23: 207-249.

Gamble, T.D., Goubau, W.M. and Clark, J., 1979. Magnetotellurics with a remote magnetic

reference. Geophysics, vol 44, 53-68.

Jones, A.G., Chave, A. D., Egbert, Audi, D. and G.D. Bahr, K., 1989. A Comparison of techniqyes for

magnetotelluric response function estimation. JGR, vol 94, B10, 14.201-14.213.

Simpson, F. and Bahr, K., Pratical Magnetotellurics, Cambridge University Press, 2005.

Weidelt, P., 1972. The Inverse Problem of Geomagnetic Induction. Z. Geophys. 38: 257 – 289.

Egbert, G.D. & Booker, J.R., 1986. Robust estimation of geomagnetic transfer functions, Geophys. J.

R. astr. Soc., 87, 173–194.

Chave, A.D., Thomson, D.J. & Ander, M.E., 1987. On the robust estimation of power spectra,

coherences and transfer functions, J. geophys. Res., 92, 633–648.

Chave, A.D. & Thomson, D.J., 1989. Some comments on magnetotelluric response function

estimation, J. geophys. Res., 94, 14 215–14 225.

Larsen, J.C., Mackie, R.L., Manzella, A., Fiordelisi, A. & Rieven, S., 1996. Robust smooth

magnetotelluric transfer functions, Geophys. J. Int. 124, 801–819.

LEGENDAS DAS FIGURAS E TABELA

Tabela 1 – arquétipo do funcionamento do software.

Figura 1 – alguns parâmetros calculados.

Figura 2 – resistividade aparente e fase via método clássico.

Figura 3 – resistividade aparente e fase via método 1.

Figura 4– resistividade aparente e fase via método 2.

Figura 5 – resistividade aparente e fase via método 3.

Figura 6 – coerências (método clássico).

Figura 7 – coerências (método 3).

FIGURAS E TABELA

Processamento Clássico Processamento Robusto

1. Seleção do tipo de arquivo (emi, lmt ou sio). 1. Seleção do tipo de arquivo (emi, lmt ou sio).

2. Referência remota? 2. Referência remota?

3. Processamento robusto? - NÃO 3. Processamento robusto? - SIM

4. Decimação? (para arquivos lmt e sio) 4. Decimação? (para arquivos lmt e sio)

5. Seleção do arquivo. 5. Seleção do arquivo.

6. Leitura do cabeçalho dos arquivos. 6. Leitura do cabeçalho dos arquivos.

7. Seleção de freqüências. 7. Seleção de freqüências.

8. Leitura dos arquivos de correção de resposta do hardware.

8. Leitura dos arquivos de correção de resposta do hardware.

9. Leitura de segmento das séries temporais. 9. Leitura de segmento das séries temporais.

10. Verificação de saturações nas séries temporais (para exclusão de segmentos).

10. Verificação de saturações nas séries temporais (para exclusão de segmentos).

11. Transformada Rápida de Fourier. 11. Transformada Rápida de Fourier.

12. Cálculo das cross e auto-powers. 12. Cálculo das cross e auto-powers.

13. Correção de constantes do equipamento. 13. Correção de constantes do equipamento.

14. Correção da resposta do equipamento em função da freqüência (obtida no passo 8).

14. Correção da resposta do equipamento em função da freqüência (obtida no passo 8).

15. Stack das cross e auto-powers. 15. Retorna ao passo 9 enquanto não atingir o final do arquivo.

16. Cálculo de resistividade aparente e fase. 16. Seleção robusta de cross e auto-powers.

17. Retorna ao passo 9 enquanto não atingir o final do arquivo.

17. Cálculo de resistividade aparente e fase.

Tabela 1.

Figura 1

-1 -0.5 0 0.5 1

101

102

RESISTIVIDADE APARENTE

Log período (s)

resis

tivid

ade a

pare

nte

(ohm

.m)

xy

yx

-1 -0.5 0 0.5 1-180

-90

0

90

180FASE

Log período (s)

fase (

gra

us)

xy

yx

-1 -0.5 0 0.5 10

0.25

0.5

0.75

1COERÊNCIA

coerê

ncia

Log período (s)

exhx

exhy

eyhx

eyhy

-1 -0.5 0 0.5 1-180

-90

0

90

180STRIKE

gra

us

Log período (s)

strike

-1 -0.5 0 0.5 10

0.25

0.5

0.75

1TIPPER - magnitude

Log período (s)

magnitude

tipper magnitude

-1 -0.5 0 0.5 1-180

-90

0

90

180TIPPER - direção

Log período (s)

gra

us

tipper phase

tipper strike

-1 -0.5 0 0.5 10

0.25

0.5

0.75

1INDUCTION ARROWS - magnitude

Log período (s)

magnitude

real

imaginário

-1 -0.5 0 0.5 1-180

-90

0

90

180INDUCTION ARROWS - direção

Log período (s)

gra

us

real

imaginário

Figura 2

Figura 3

1.5 2 2.5 3

103

104

105

RESISTIVIDADE APARENTE X PERÍODO - método clássico

Log período (s)

resis

tivid

ade a

pare

nte

(ohm

.m)

xy

yx

1.5 2 2.5 3-180

-90

0

90

180FASE X PERÍODO - método clássico

Log período (s)

gra

us

xy

yx

1.5 2 2.5 3

102

104

106

RESISTIVIDADE APARENTE X PERÍODO - método 1

Log período (s)

resis

tivid

ade a

pare

nte

(ohm

.m)

xy

yx

1.5 2 2.5 3-180

-90

0

90

180FASE X PERÍODO - método 1

Log período (s)

gra

us

xy

yx

Figura 4

Figura 5

1.5 2 2.5 3

102

104

106

RESISTIVIDADE APARENTE X PERÍODO - método 2

Log período (s)

resis

tivid

ade a

pare

nte

(ohm

.m)

xy

yx

1.5 2 2.5 3-180

-90

0

90

180FASE X PERÍODO - método 2

Log período (s)

gra

us

xy

yx

1.5 2 2.5 3

103

104

105

RESISTIVIDADE APARENTE X PERÍODO - método 3

Log período (s)

resis

tivid

ade a

pare

nte

(ohm

.m)

xy

yx

1.5 2 2.5 3-180

-90

0

90

180FASE X PERÍODO - método 3

Log período (s)

gra

us

xy

yx

Figura 6

Figura 7

1.5 2 2.5 30

0.2

0.4

0.6

0.8

1COERÊNCIA X PERÍODO - método clássico

coerê

ncia

Log período (s)

exhx

exhy

eyhx

eyhy

1.5 2 2.5 30

0.2

0.4

0.6

0.8

1COERÊNCIA X PERÍODO - método 3

coerê

ncia

Log período (s)

exhx

exhy

eyhx

eyhy