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por Daniel Duclos | www.ducsamsterdam.net Dicas simples para melhorar suas fotos de viagem Dicas simples para melhorar suas fotos de viagem

Dicas fotografia Ducs Amsterdam

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por Daniel Duclos | www.ducsamsterdam.net

Dicas simplespara melhorar suas

fotos de viagem

Dicas simplespara melhorar suas

fotos de viagem

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Apesar da tensão sempre existente entre fotografar e vivenciar uma viagem, todo turista é um fotógrafo. Fiquei com vontade de compartilhar minhas dicas também.

Ah, você não precisa saber grandes regulagens manuais nem ter máquinas enormes pra tirar fotos legais. As câmeras automáticas compactas (em inglês chamadas de “point and shoot”, “aponte e clique”) cuidam das regulagens necessárias pra maioria dos tipos de foto, e têm uma boa qualidade de imagem.

Agora, se você conhecer um tiquinho seu equipamento, e treinar a olhar antes de apontar e clicar, verá que dá pra melhorar bastante. Há certas coisas que uma máquina nunca poderá fazer por você, e uma delas é tirar boas fotos.

Pra melhorar suas fotos, o primeiro passo é passar a pensar nelas, em vez de simplesmente clicar a esmo tudo o que lhe aparece pela frente. Transforme o ato de

fotografar em algo consciente e verá suas fotos melhorarem drasticamente sem precisar gastar nada em equipamento. Fotografe primeiro com o seu olho, e depois com a câmera.

Composição é a organização de elementos visuais em uma obra de arte. Ou seja, o que, como e onde cada coisa entra na sua foto é a composição, e existem alguns princípios simples que ajudam a melhorá-la.

Preste atençãona Composição1

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REGRA DOS TERÇOS

Uma das mais famosas e básicas regras de com-posição, é usada não só em fotografia, mas em pintura e design. Imagine duas linhas na horizon-tal, dividindo a foto em parte iguais. Depois faça o mesmo com duas li-nhas verticais. Você terá nove partes iguais. Ah, é simples, veja só:

Certo? Agora, a regra dos terços diz que os elementos principais da sua composição de-vem estar ao longo dessas linhas, ou em suas interseções e não, por exemplo, no centro. Então, digamos que você vá tirar foto de uma paisagem. Em vez de usar a linha do horizonte pra dividir a foto, coloque-a no terço de baixo. Se há um elemento principal na paisagem, coloque-o ao longo das linhas verticais. Veja um exemplo:

A Carla me clicou deixando dois terços pro Louvre. Sábia decisão.

Aproveitando o embalo dos terços, tente sempre deixar o horizonte reto, a não ser que você esteja atrás de algum efeito específico. Algumas máquinas permitem colocar as linhas guias no visor, mas não é necessário — ao me-nos eu nunca usei.

Não precisa pirar em acertar tudo milimetrica-mente, exatamente. A idéia é mais você ter um senso de equilíbrio na foto, e não é porque o horizonte ficou um tico mais pra lá que a sua foto estragou. E lembre-se que existem outras regras de composição além da regra dos ter-ços (ela é apenas o começo).

É só pra pensar um pouco antes de sair centra-lizando tudo, o que é um instinto comum.

Note a posição do horizonte e do barco. Isso é Londres vista da Tower Bridge.

Essa regra vale também quando você estiver tirando fotos de alguém posando em frente a algum lugar: posicione a pessoa mais ao lado, e não no centro da foto.

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Outra coisa que é um instinto comum é olhar algo pela primeira vez, de frente, e bater a foto, plá! Normal, mas por que parar nisso? Nem sempre o primeiro ângulo frontal que todo mundo vê é o mais interessante. Aliás, raramente é. Dê a volta, agache, olhe pra cima, olhe pra baixo. O objeto que você está fotografando é em três dimensões — você consegue notar isso na foto? Existem outros ângulos ou recortes que podem ser mais originais e mais interessantes?

Depois que você tira uma foto mostrando o objeto em sua totalidade, pode ser legal prestar atenção às partes que o compõem. Muitas vezes, há grandes oportunidades escondi-das que podem ser ex-ploradas demorando um tiquinho a mais olhando pro objeto, em vez de já sair pro próximo.

Andan-do pela rua de Viena eu olhei pra cima um pouco e vi isso:

Essa estátua fica em Viena. Eu cheguei de frente pra ela e tirei essa foto, inclu-sive um tanto torta. Mas achei os rostos bastante dramáticos e resolvi fotografar individualmente e um pouco de lado. Eu me aproximei, andei mais pra lá em vez de ficar só de frente pra estátua e descolei algumas fotos mais legais.

Na Basílica de São Pedro no Vaticano, segui uma nesga de sol, olhei para o alto e acabei encontrando um efeito de luz legal:

Novos ângulos Detalhes e recortes Não olhe apenas pra frente

Aqui nessa foto da famosa Vênus de Milo expo-sta no Louvre, temos uma visão frontal, óbvia.

Além disso, alguns turistas apare-cem ao fundo, poluindo a foto, o que pode ser bem comum num museu tão lotado quanto o Louvre. Mas, e se dermos uma voltinha?

Agora a Vênus está de costas, e os turi-stas em vez de poluírem a foto, fazem par-te dela: a famosa estátua aparece como alvo e centro das atenções dos turistas-paparazzi insaciáveis, nua e sem braços pra se defender. Já fica um pouco mais interessante do que a a foto chapada de frente, que todo mundo tira, né não?

Em vez da mesma visão frontal de sempre, que tal um 3/4? Viena

Gostei do efeito “praia no céu” — e Viena fica em um país sem mar — e cliquei. Se tivesse olhando só pra frente, teria perdido. Só cuidado pra não trombar nos outros :)

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É facim, facim a gente olhar o visor da câmera e ficar focado somente no nosso objeto, esquecendo o resto. E daí, quando vai ver em casa, no computador, em tamanho maior, aquela foto maravilhosa foi estragada por um cabeção, um turista pondo o dedo no nariz. É legal pausar um segundo antes de tirar a foto (assumindo que você tenha esse segundo) e passar o olho pelo visor todo, buscando elementos que estejam poluindo sua foto.

Lembre-se que o olho enxerga de maneira nítida em uma área central muito pequena. A maior parte de nosso campo de visão é composto de visão periférica, de pouca nitidez. Mexa, então, o olho e veja com nitidez o quadro todo. Procure por problemas também nos cantos, como algo vazando no seu enquadramento (embora esse caso seja menos grave, já que é mais fácil de cortar depois).

Preste atenção no que está ao fundo (ou na frente)

Nem sempre o elemento que está entrando na foto é de outra pessoas. Conhece o famoso dedão na frente da lente? Então. Outro pilantra que adora estragar foto é a alça da câmera.

Nessa foto eu tava tão focado nas colunas na Piazza San Pietro no Vaticano que só fui ver o turista com a máquina depois, juro pra você. A foto ficou um lixo, e não só por causa do turista.

Sendo que, né, fotografia quer

dizer “desenhar com luz”, é

meio óbvio que a luz do dia

interfere totalmente no resultado

da sua foto. O primeiro cuidado

é entender onde o sol está no

horizonte (atrás de você? Na

frente? É manhã, meio dia ou

entardecer?) e compor sua foto

de acordo.

Leve em conta a luz do dia2

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Tem um mito de que o sol deve estar sempre às suas costas. Depende do caso, na verdade. Por exemplo, se você estiver fotografando pes-soas, e o sol estiver às suas costas, provavel-mente ele irá bater em cheio no rosto do mode-lo. E aí sai aquelas caras franzidas esquisitas. Dependendo da hora do dia pode ser melhor ter o sol de lado, ou se for um pôr-do-sol, até na sua frente.

Às vezes, uma foto contra o sol pode ser muito interessante.

Quando se fala em foto ao fim do dia, todo mundo pensa logo em foto de pôr-do-sol! Mas há antes disso um momento que o sol atinge certa altitude no céu, banhando o mundo em uma luz quente, indireta e difusa (ao contrário da luz do sol a pino, direta).

Cores são destacadas e é um momento mágico pra fotografar — e aproveitar. Em inglês, é cha-mada de “golden hour”, a “hora dourada”.

Essa foto foi em Roma, no Monumento Nazionale a Vittorio Emanuele II, perto do Coliseu.

As cores são realçadas na paisagem durante a hora dourada.

Aprendendo a fotografar: Fórum Romano

Fotógrafos experientes desdenham a função preto e branco da câmera, preferindo tirar a foto colorida e depois convertê-la no programa de edição. Fica a seu critério, mas nesse artigo não vou entrar no mundo da pós produção.

O sol alto pode ser bem legal pra tirar fotos de paisagem, com aquele céuzão azul, mas tam-bém podem produzir sombras muito marcadas. Um jeito de usar isso como vantagem é regular sua câmera pra preto e branco e explorar esses contrastes marcados:

Fotografando contra o sol Fim do dia: a hora douradaFotos com sol a pino Foto noturna

Aqui o bicho pega. Foto noturna é toda uma especialidade, e daquelas avançadas. É um dos casos onde o equipamento pode realmente fazer a diferença. Sem entrar no mérito de câmeras manuais ou lentes, as câmeras compactas fa-zem um grande esforço para aumentar o ISO (sensibilidade do sensor) sem aumentar muito o ruído (distorções na imagem), inclusive aplicando alguma correção via software pra retirar o ruído.

Flash é inútil pra objetos distantes (como ressal-tou o José Maurício no seu artigo do Conexão Paris), e concordo quan-do ele diz que vale inve-stir em um tripé, mesmo que barato, que dará estabilidade pra sua foto noturna. Mas sempre dá pra improvisar, apoiando a câmera em algo:

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O padrão de foto-turista em viagem é o casal abraçado e sorrindo posando na frente de algum lugar famoso (ou só sorrindo, se esti-ver sozinho). Ou então dando pulos, com eles congelados no ar e, os clássicos chavonescos, segurando a torre inclinada de Pisa ou a Torre Eiffel entre os dedos a partir do Trocadéro.

Eu não vou negar que fiz quase isso tudo (menos segurar as torres), pose com sorriso e tudo. Mas, de novo, não precisa ficar só nisso. Eu gosto de tirar fotos espontâneas da Carla, enquanto a gente caminha. Sem pose, sem nada, apenas captar um momento. Às vezes erro, às vezes acerto, e quando acerto as fo-tos ficam bem mais legais do que as clássicas fotos-sorriso-congelado-em-frente-à-torre (algumas ficam engraçadas).

Fotos de pessoas

Mesmo se for posar, não precisa ficar de frente, e congelar o sorrisão. Por exemplo, a foto que eu uso de avatar aqui no Ducs Amsterdam, foi tirada pela Carla às margens do Sena. Eu po-sei pra foto, mas sentado:

Seja educado: desligue o flash!

Além de não ser nenhuma grande vanta-gem na maioria dos casos, o flash pode se tornar um grande inconveniente para os outros. Em alguns lugares é proibido usar o flash, e por motivos completamente sensa-tos. Já vi turistas entrando em uma Igreja, apontando a máquina pra um fiel rezando, o que já é completamente inapropriado, e disparando o flash!

Sério! E o pior é que depois o lugar proibe as fotos de uma vez e quem não tinha nada que ver com isso fica sem poder tirar foto.

Se quiser, eu escrevi um relato da nossa via-gem de turismo a Praga.http://www.ducsamsterdam.net/praga-turismo-dicas/

O sorriso congelado de amigos em Praga.

Um monte de regulagem comple tamente automáti-ca dispara o flash a torto e à direito, e isso pode causar diversos problemas. Primeiro, a luz do flash na hora errada pode simplesmente chapar sua foto, tirando profundidade, criar cores estranhas, refletir em óculos e outras superfícies.

Segundo, pra objetos distantes, não adianta ter o flash ligado, mesmo que seja de noite. Você estará apenas gastando sua bateria à toa, e numa viagem uma bateria vazia pode significar muitas fotos perdidas.

Existem momentos em que o flash é necessário e tem aplicação, mas em geral, nessas viagens, ele não é, e na dúvida, desligue. Se não souber como, bem, como diz um ditado famoso na área de informáticas: “quando tudo mais falhar, leia o manual”.

Nesse artigo abordei fotografia como complemento da viagem, não como seu foco — o que pode muito bem ser, mas é outro assunto. Se você viaja pra fotografar, muito que bem (há gente que é profissional nisso, e há trabalhos maravilhosos de pessoas que viajam só pra fotografar). Mas se você está indo para turismo, lembre-se que não há substituto pra experiência em primeira mão.

Mas também, fotografar me ajudou a melhorar minhas viagens. Longe de ficar fotografando tudo, na ânsia de reter o máximo possível, nem que seja pra ver depois, fotografar me fez observar melhor os lugares que estou visitando. Passei a observar detalhes, momentos, formas que antes eu simplesmente não via. Andar com uma câmera me ajudou a buscar outros ângulos além do primeiro, óbvio e frontal.

Se tem uma mensagem desse artigo é justamente prestar atenção no que você está fazendo e no novo ambiente que o cerca. Fotografar pode ajudar, ou atrapalhar nisso. Faça sua escolha.

Desligue o flash3 Aproveite

a viagem4

“Não adianta zunir por tudo, correndo e clicando aleato-riamente, pensando que ver depois vai ser a mesma coi-sa. Não vai. Tem hora que a câmera tem de ficar de lado.”

crédito/copyright

texto e fotosDaniel Duclos | @ducsamsterdam

www.ducsamsterdam.net

design gráficoMichel Zylberberg | @rodandoomundo

www.rodandopelomundo.com

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