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Série de Nutrição e Metabolismo - Mudanças Alimentares e Educação Nutricional Laus, M. F., Nascimento, P. C. B. D., Almeida, S. S., & Braga Costa, T. M. (2011). Determinantes ambientais do comportamento alimentar. In R. W. Diez-Garcia, & A. M. Cervato-Mancuso (Coords.), Mudanças alimentares e educação nutricional (pp. 118-138). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. O comportamento alimentar é determinado por uma multiplicidade de fatores, nos quais estão incluídos os fatores biológicos, psicológicos e ambientais. Os fatores biológicos tiveram precedência como assunto de investigação científica e, hoje, dispomos de uma vasta literatura a respeito do assunto. Somente mais tarde surgiu o interesse por outros fatores que podem estar na gênese do comportamento alimentar. Neste capítulo, será realizada uma breve revisão a respeito dos determinantes ambientais do comportamento alimentar. Uma vez que é na infância que o hábito alimentar se forma, é necessário o entendimento dos seus fatores determinantes a partir deste período. 1. Família A literatura sobre nutrição infantil evidencia que o comportamento alimentar do pré-escolar é determinado em primeira instância pela família, da qual ela é dependente e, secundariamente, pelas outras interações psicossociais e culturais (RAMOS; STEIN, 2000). No caso das crianças, o ato de comer constitui uma ocasião social porque elas precisam de ajuda e ainda não podem preparar seu próprio alimento. Pais, irmãos e outras companhias freqüentemente encontram- se presentes nas refeições e lanches e seu comportamento durante a refeição, além de suas reações aos alimentos podem servir como modelo para as crianças (LUCAS, 2002). As atitudes alimentares dos pais são fortes preditores das preferências e aversões alimentares, assim como a complexidade da

Determinantes Ambientais do Comportamento Alimentar [Environmental determinants of Eating Behavior]

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Série de Nutrição e Metabolismo - Mudanças Alimentares e Educação Nutricional

Laus, M. F., Nascimento, P. C. B. D., Almeida, S. S., & Braga Costa, T. M. (2011). Determinantes ambientais do comportamento alimentar. In R. W. Diez-Garcia, & A. M. Cervato-Mancuso (Coords.), Mudanças alimentares e educação nutricional (pp. 118-138). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

O comportamento alimentar é determinado por uma

multiplicidade de fatores, nos quais estão incluídos os fatores

biológicos, psicológicos e ambientais. Os fatores biológicos tiveram

precedência como assunto de investigação científica e, hoje, dispomos

de uma vasta literatura a respeito do assunto. Somente mais tarde

surgiu o interesse por outros fatores que podem estar na gênese do

comportamento alimentar.

Neste capítulo, será realizada uma breve revisão a respeito dos

determinantes ambientais do comportamento alimentar. Uma vez que é

na infância que o hábito alimentar se forma, é necessário o

entendimento dos seus fatores determinantes a partir deste período.

1. Família

A literatura sobre nutrição infantil evidencia que o

comportamento alimentar do pré-escolar é determinado em primeira

instância pela família, da qual ela é dependente e, secundariamente,

pelas outras interações psicossociais e culturais (RAMOS; STEIN,

2000).

No caso das crianças, o ato de comer constitui uma ocasião social

porque elas precisam de ajuda e ainda não podem preparar seu próprio

alimento. Pais, irmãos e outras companhias freqüentemente encontram-

se presentes nas refeições e lanches e seu comportamento durante a

refeição, além de suas reações aos alimentos podem servir como

modelo para as crianças (LUCAS, 2002).

As atitudes alimentares dos pais são fortes preditores das

preferências e aversões alimentares, assim como a complexidade da

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dieta, nas crianças de idade escolar. Segundo Lucas (2002) ainda não

está claro quanto da similaridade entre as preferências alimentares de

crianças e seus pais se atribui a influências genéticas e quanto aos

fatores ambientais.

Em meados da década de 20, um experimento conduzido por

Davis (1928) sugeriu que as crianças pequenas, se deixadas por conta

própria, com uma grande variedade de alimentos saudáveis à sua

disposição, instintivamente escolhem uma dieta balanceada.

Entretanto, após vários estudos, atualmente sabe-se que as crianças não

possuem uma capacidade inata de escolher uma dieta balanceada e

nutritiva (BIRCH, DAVISON, 2001). Dessa forma, quando a criança

recebe a alimentação dos pais, estes têm a responsabilidade de oferecer

uma refeição variada para que a criança aprenda sobre os diversos

sabores, desenvolvendo e exercitando seu paladar, além da necessidade

de esta dieta seja nutritiva e apropriada para o desenvolvimento infantil

(LUCAS, 2002).

Logo após o desmame, a diversidade de itens consumidos pelas

crianças aumenta consideravelmente, sendo esta uma fase crítica, já

que a criança vai ser influenciada pelo que a família consome. Se o

grupo familiar consome uma dieta equilibrada e saudável as chances da

criança aprender bons hábitos alimentares são grandes. Caso contrário

corre-se o risco da criança iniciar o estabelecimento de hábitos

alimentares incorretos com sérios riscos para a saúde no futuro.

Passando para a idade pré-escolar, é comum o hábito alimentar

caracterizar-se por preferências, pois nessa idade as crianças acabam

consumindo, na maioria das vezes, somente os alimentos de que

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gostam, evitando aqueles de que não gostam (BIRCH, 1998).

Entretanto, nessa idade, ainda é grande a influência do grupo familiar,

de modo que o estabelecimento de uma dieta adequada para o

crescimento e desenvolvimento satisfatórios é perfeitamente possível

se assim os pais o desejarem. Portanto, os pais têm participação

fundamental na escolha dos alimentos, pois as crianças não

permanecem o dia todo na escola.

Contudo, estudos evidenciam que a maior preocupação dos pais

em relação à alimentação de seus filhos centra-se na quantidade de

alimento, e não em desenvolver hábitos e atitudes direcionados a

padrões de alimentação mais adequados do ponto de vista qualitativo

(RAMOS; STEIN, 2000).

Estes autores recomendam ainda que os pais sejam informados

sobre como deve ser uma alimentação saudável para a criança, a fim de

que possam ampliar a variabilidade dos alimentos. Além disso, os pais

devem ser orientados para permitir que a criança aprenda sobre a

sugestão interna da fome e da saciedade, desenvolvendo o autocontrole

do seu consumo alimentar, minimizando problemas de sobrepeso

(RAMOS; STEIN, 2000).

Entretanto, sabe-se que apenas o desejo dos pais não é suficiente

para garantir uma alimentação satisfatória, uma vez que diversos

outros fatores podem influenciar na dieta tais como: nível de formação

e informação dos pais, trabalho dos pais fora de casa, informação da

criança pela mídia e influência de outras crianças (MARTINS-FILHO,

2001).

À medida que a criança cresce, os pais têm menos controle sobre

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a alimentação, já que estas passam a tomar suas próprias decisões

sobre a alimentação e a selecionar os alimentos que desejam ingerir.

Segundo Martins-Filho (2001) cerca de 86% das crianças afirmam

“comer o que querem, quando querem e onde querem”, sendo que no

Brasil esse percentual é de 63% atualmente contra 24% em 1960

(QUAIOTI, 2002).

Dessa forma, ainda que existam recomendações de diversos

pesquisadores sobre a necessidade de modificação dos hábitos

alimentares da população, observa-se, na realidade brasileira, uma

escassez de investigações dos possíveis fatores que interferem no

desenvolvimento do comportamento alimentar infantil. Estudos nesta

área, se possível envolvendo uma perspectiva multidisciplinar, fazem-

se necessários para um maior entendimento do fenômeno do

comportamento alimentar infantil, permitindo o desenvolvimento de

ações e programas de prevenção com base na realidade psicossocial e

cultural brasileira, levando assim para uma efetiva mudança dos

padrões alimentares infantis, contribuindo na promoção de sua saúde.

2. Escola

Há duas décadas, as experiências alimentares da maioria das

crianças em idade pré-escolar se centravam na casa e na família.

Atualmente, devido às mudanças nos estilos de vida muitas crianças

passam parte ou a maioria dos seus dias fora, em creches ou escolas.

Em tais locais elas podem consumir apenas um lanche ou até duas

refeições e dois lanches ao dia, a depender do tempo que a criança

permanece na instituição. Para muitas crianças mais da metade dos

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seus nutrientes pode ser fornecida nestes estabelecimentos (LUCAS,

2002).

No Brasil, em decorrência do conjunto de mudanças econômicas

e sociais, é possível verificar a existência de políticas públicas e sociais

principalmente na área educacional. Estas políticas atingem as escolas

públicas e mantêm projetos de suplementação alimentar com o objetivo

de melhorar e suprir as necessidades nutricionais dos estudantes

carentes que supostamente não têm acesso a uma alimentação saudável

em casa (SILVA et al., 2002).

Originado nos anos trinta, o primeiro programa de alimentação

escolar (PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar) é de

responsabilidade atual do setor educacional, além de ter se

descentralizado da instância federal para estadual e municipal (SILVA,

1995; SILVA et al., 2002; STEFANINI, 1998). Através deste

programa, a merenda é servida para os escolares no horário do recreio

(intervalo entre as aulas).

De acordo com o Artigo 14, inciso V da Resolução FNDE/CD/nº

32 de 10 de Agosto de 2006, “o cardápio da alimentação escolar deve

(...) ser programado de modo a suprir, no mínimo, 30% (trinta por

cento) das necessidades nutricionais diárias dos alunos das creches e

escolas indígenas e das localizadas em áreas remanescentes de

quilombos, e 15% (quinze por cento) para os demais alunos

matriculados em creches, pré-escolas e escolas do ensino fundamental,

durante sua permanência em sala de aula.”

A merenda deve ser composta por um alimento energético e

protéico, uma sobremesa e uma bebida, respeitando-se os princípios da

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proporcionalidade, moderação e variedade (AMODIO; FISBERG,

2002). Apesar disto, na prática este tipo de alimentação não satisfaz

todas as necessidades nutricionais dos escolares no período. Diversos

estudos enfatizam os elevados índices de proteínas e vitamina C, em

contrapartida, o conteúdo energético, de carboidratos e de vitaminas do

complexo B e principalmente o do ferro estão abaixo das

recomendações (LOPES FILHO, 1992; SALAY; CARVALHO, 1995;

SILVA, 1998). Especialmente em relação às proteínas, estudo

realizado por Silva (1995) demonstra que este nutriente superou 80%

das recomendações na maioria das escolas estudadas e que a

quantidade de proteína animal fornecida foi superior a 50% em 4

escolas. Ressalta ainda, que não há variações na oferta de hortaliças e

principalmente não há frutas ou hortaliças cruas nos cardápios

preparados.

É comum também a repetição no consumo da merenda ou a sua

ingestão junto ao lanche trazido de casa ou as guloseimas da cantina.

Pipitone e Silva (1994) mostram que as cantinas existentes nas escolas

públicas normalmente consolidam hábitos alimentares inadequados e

freqüentemente são veiculas e estimuladas pelas propagandas e

completam que a merenda deve exercer um papel positivo, podendo

estimular hábitos mais saudáveis. Mesmo assim, muitos jovens não

aderem ao programa, ou seja, não se alimentam da merenda. Dados

analisados por Silva et al. (2002) mostram que 58,3% das crianças com

idade entre 7 e 10 anos se beneficiaram do programa, ao passo que

apenas 49,3% dos jovens com idade superior aceitaram o mesmo

benefício.

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É interessante citar que a maioria dos trabalhos desenvolvidos

sobre merenda escolar enfatiza sua importância no combate a

desnutrição crônica presente em muitas regiões pobres do país (norte e

nordeste). No entanto, na região sudeste (estado de São Paulo) a

desnutrição está dando lugar a obesidade, mesmo nas áreas carente.

Neste sentido, são necessários estudos que focalizem a influência da

merenda escolar no excesso de peso dos estudantes.

Deste modo, ainda que hipoteticamente, para os jovens

pertencentes às famílias com renda mensal superior, a merenda pode se

tornar um vínculo positivo à ingestão excessiva de alimentos. Estes

alunos fazem uma refeição no horário do lanche referente ao almoço

(através da merenda) e complementam a mesma com guloseimas das

cantinas, além de realizarem as refeições em casa normalmente. Com

isto, pode-se chegar a um excesso de ingestão calórica diária levando

ao sobrepeso ou obesidade (CARVALHO, 2004).

Além de suprir a criança com nutrientes adequados, um programa

deve oferecer alimento atrativo, preparado de modo seguro e

apropriado, considerando os padrões culturais e de desenvolvimento.

Devido à pressão dos colegas, as crianças usualmente se

alimentam bem em estabelecimentos em grupo. Freqüentemente

comem melhor e experimentam maior variedade de alimentos do que

quando se alimentam sozinhas. Estes estabelecimentos também são

ideais para programas de educação sobre nutrição, tanto nas horas das

refeições como no enfoque para várias atividades de aprendizagem.

Experimentar novos alimentos, participar da preparação de um

alimento simples e cultivar um jardim são atividades que desenvolvem

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e intensificam hábitos e atitudes alimentares positivos (LUCAS, 2002).

Os amigos também influenciam o comportamento alimentar na

infância. Conforme as crianças crescem, seu mundo se expande e os

contatos sociais aumentam em importância. A influência dos colegas

aumenta com a idade e se estende às atitudes e escolhas alimentares.

Isto pode se manifestar por uma recusa súbita de um alimento ou o

pedido de um alimento “popular” comum. Assim, os comportamentos

positivos, tais como o desejo de experimentar novos alimentos, devem

ser fortalecidos pelos pais (LUCAS, 2002).

Neste contexto social, a escola também participa na formação do

comportamento alimentar infantil, na medida em que a criança também

molda seu comportamento se espelhando nos amigos e professores. Os

lanches são comumente consumidos pelas crianças em idade escolar e

o consumo de refeições escolares também pode ser afetado pelo

horário escolar diário e pela quantidade de tempo destinada para as

crianças se alimentarem (COSTA; RIBEIRO; RIBEIRO, 2001;

LUCAS, 2002; VITOLO, 2003). Desta forma, a escola se coloca como

um importante fator ambiental associado ao comportamento alimentar.

3. Mídia

Outro importante determinante ambiental do comportamento

alimentar é a mídia, através dos padrões de consumo de alimentos e

dos ideais de beleza que ela estabelece.

O termo mídia é vasto, podendo designar os múltiplos setores

existentes na comunicação. No entanto, de forma genérica, refere-se a

todos os veículos que são utilizados para divulgação de conteúdos da

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publicidade e propaganda (FERNANDES; REZENDE; REIS, 2007).

Jornais, revistas, emissoras de rádio e, principalmente, as redes de

canais abertos de televisão representam os meios de comunicação mais

utilizados pelas empresas. Segundo o Projeto Inter-Meios (2007),

durante o ano de 2006 foram investidos cerca de R$ 17 bilhões em

mídia no Brasil, dos quais cerca de 60% foram gastos com a televisão

aberta, seguida pelos jornais (16,3%), revistas (8,8%), mídia exterior

(4,2%), rádio (4,1%), TV por assinatura (2,3%), internet (1,7%), entre

outras (2,6%).

Uma das principais vantagens na utilização dos meios de

comunicação é permitir que as mensagens tenham um efeito bastante

persuasivo.

De acordo com Heede e Pelican (1995), o objetivo do marketing

não é incentivar o desenvolvimento intelectual das pessoas, mas sim

mudar comportamentos através da satisfação dos desejos e vontades

dos consumidores. Os anúncios são destinados a produzirem algumas

mudanças de comportamento (SAWYER; WARD, 1977) e estes

somente serão efetivos se o consumidor entender, aceitar e integrar a

mensagem veiculada em sua atitude e estrutura de valores

(KRUGMAN, 1965; VAUGHN, 1980). Para tanto, são empregadas

técnicas cada vez mais eficientes, baseadas em sistemáticos estudos

sobre comportamento do consumidor, muitos deles sob o enfoque

multidisciplinar. Ciências como Economia, Sociologia, Psicologia,

entre outras, se unem na tentativa de conquistar o consumidor.

Entre os meios de comunicação freqüentemente utilizados na

divulgação destas mensagens destaca-se a televisão.

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Em pouco mais de meio século de existência no Brasil, a

televisão já pode ser considerada o meio de comunicação de maior

penetração nos domicílios brasileiros (92%), seguida pelo rádio (88%),

jornais (19%), revistas (18%) e televisão por assinatura (8,5%).

O hábito de assistir televisão pode contribuir para o

desenvolvimento cognitivo infantil, transmitindo conhecimento,

experiências e informação (GUPTA et al., 1994), além de cumprir uma

importante função socializadora (COSMTOCK, 1993; GUNTER;

MCALEER, 1990; SIGNORIELLI, 1990). Os padrões

comportamentais tidos como adequados para uma dada cultura podem

ser facilmente aprendidos através da televisão (WOLKIN, 1977).

No entanto, esse mesmo hábito também possui impactos

negativos. Ele pode levar a criança a assumir uma postura passiva

diante do meio em que ela vive, promovendo escapismo das situações

e das responsabilidades como estudos, atividades físicas, entre outras

(GUPTA et al., 1994). Além disso, assistir televisão é considerado,

isoladamente, uma atividade sedentária, que além de ocupar as horas

vagas que a criança poderia estar realizando outras atividades,

contribui para diminuição do gasto calórico diário, podendo resultar

em ganho excessivo de peso (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).

Portanto, assistir televisão pode estar relacionado tanto a aspectos

positivos quanto negativos do desenvolvimento infantil.

No final da década de 60 e início dos anos 70, o efeito das

propagandas veiculadas pela televisão nos hábitos alimentares de

crianças surgiu como um assunto de interesse entre os pesquisadores.

Muitos estudos estão sendo realizados com o intuito de verificar a

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relação entre o hábito de assistir televisão e comportamento alimentar.

Há evidências que indicam que assistir televisão estimula a escolha e o

consumo alimentar (HALFORD et al., 2004). Acredita-se que a

televisão, possuindo um grande poder de influência sobre as pessoas, é

capaz de determinar o consumo de certos tipos de alimentos. Através

dos anúncios televisivos, grande quantidade de produtos alimentícios é

veiculada e o consumo desses produtos vem aumentando. Pelo menos

em parte, a associação entre o hábito de assistir televisão e o consumo

de alimentos pode ser explicada através da freqüente referência de

alimentos ou mesmo o consumo desses alimentos, durante os

comerciais e programas da televisão (DIETZ; STRASBURGER,

1991).

Estudos focalizando o efeito dos comerciais televisivos no

comportamento alimentar infantil têm demonstrado que o hábito de

assistir televisão está diretamente relacionado aos pedidos, às compras

e ao consumo de produtos alimentícios anunciados na televisão

(CLANCY-HEPBURN; HICKEY; NEVIL, 1974; COTUGNA, 1988;

GALST; WHITE, 1976; GOLDBERG; GORN; GIBSON, 1978;

GORN; GOLDBERG, 1982; TARAS et al., 1989). Quanto mais novas

são as crianças, menor é a capacidade de entendimento sobre o que é

anunciado pela televisão e maior a influência exercida, devido a grande

facilidade desses indivíduos para aceitar novas idéias (PÉREZ, 1991).

Segundo Kroll (1990), as crianças têm os atributos sensoriais como

objeto de escolha e as indústrias de alimentos, sabendo disso, procuram

adequar suas propagandas visando atrair este grupo de consumidores.

Em pesquisa realizada por Doyle e Feldman (1997), 83% dos

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adolescentes residentes na Região Norte do Brasil apontaram a

televisão como responsável por suas preferências alimentares. Assistir

muita televisão tem sido associado ao aumento no consumo de

“lanches rápidos” entre as principais refeições, com a ingestão de

alimentos não balanceados do ponto de vista nutricional (COTUGNA,

1988). Segundo Taras et al. (1989), o comportamento alimentar das

crianças está diretamente relacionado com o tempo gasto assistindo aos

produtos anunciados pela televisão. Entre as meninas, assistir televisão

está associado ao consumo elevado de alimentos, principalmente

petiscos (FRANCIS; LEE; BIRCH, 2003). Além disso, a tendência a

consumir alimentos ricos em gordura é maior em crianças que fazem

suas refeições em frente à televisão (COON; GOLDBERG; ROGERS,

2001).

Estudos em diversos países como Estados Unidos, Austrália e

Nova Zelândia têm demonstrado que a maioria dos produtos

alimentícios veiculados pela televisão refere-se a alimentos que

possuem elevados teores de gorduras, óleos, açúcares e sal.

Geralmente, são alimentos com baixos valores nutricionais e que não

estão de acordo com as recomendações para uma dieta saudável e

equilibrada (CHAPMAN; NICHOLAS; SUPRAMANIAN, 2006;

COTUGNA, 1988; KOTZ; STORY, 1994; OGLETREE et al., 1990;

TARAS; GAGE, 1995; WILSON et al., 2006). No Brasil, um estudo

de Almeida, Nascimento e Quaioti (2002) constatou que, assim como

em pesquisas americanas, a categoria alimentos foi a que obteve maior

freqüência de veiculação na televisão quando comparada a todas as

outras categorias analisadas. Esta maior veiculação de propagandas

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independe da rede de televisão e dos horários analisados. Constatou-se

ainda que destes produtos alimentícios anunciados, 58% tinha como

principais componentes gorduras, óleos e açucares. Do restante, 21%

foram classificados com cereais, pães, arroz e massas, 12% como

leites, queijos e iogurtes e 9% como carnes, ovos e leguminosas.

Segundo Signorielli e Staples (1997), as crianças de hoje estão

sendo influenciadas pelas mensagens nutricionais que elas vêem na

mídia, particularmente na televisão. Quanto mais uma criança assiste à

televisão, maior é a tendência a possuir concepções incorretas sobre o

que é um alimento saudável ou um pouco saudável. Além disso, maior

é a tendência a consumir alimentos prejudiciais à saúde, no lugar dos

verdadeiramente saudáveis. Segundo Woodward et al. (1997), entre os

adolescentes, o número de horas assistindo televisão está

significativamente correlacionado com o número de alimentos não

saudáveis consumidos por dia.

A informação nutricional que as crianças recebem pela televisão

é o maior fator de associação entre o hábito de assistir televisão e dieta.

Durante o período de 1987 a 1993, as crianças receberam mensagens

nutricionais que não mudaram dramaticamente em termos de conteúdo.

Apesar disso, foi possível perceber uma diminuição no tempo total dos

anúncios durante a programação infantil e um conseqüente aumento no

número de propagandas (TARAS; GAGE, 1995). Segundo Condry,

Bence e Schreibe (1988), o tempo destinado às propagandas veiculadas

pela televisão manteve-se constante nos últimos 20 anos, porém o

número de propagandas anunciadas hoje é duas ou até três vezes

maior, uma vez que a duração das mesmas passou de 60 para 20

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segundos. De acordo com estes autores, as crianças são expostas a mais

de 40.000 propagandas por ano, sendo 30.000 delas de produtos

específicos, como alimentos.

Sendo assim, torna-se imprescindível a elaboração de estratégias

de intervenção que tenham como objetivo conscientizar e educar a

população sobre os malefícios de uma dieta pouco saudável, ou ainda

mais indicado, dos benefícios que a boa alimentação pode oferecer. Já

existe nos Estados Unidos a preocupação com a elaboração de

estratégias de intervenção junto à comunidade visando chamar a

atenção para a necessidade da educação nutricional. Segundo Story

(1990), deveriam participar do desenvolvimento e aplicação dessas

estratégias crianças e adolescentes, seus pais, as escolas, os professores

e, principalmente, os profissionais de saúde e as agências que

produzem propagandas referentes a alimentos. A simples divulgação e

difusão de uma lista de passos a serem seguidos pelos indivíduos não

garante a adesão da população a um estilo de vida saudável, e pior

ainda, não consegue atingir os diversos segmentos da sociedade que

têm características, motivações e possíveis causalidades diferentes para

a má alimentação. Acredita-se que um trabalho continuado entre

indústria - supermercado - escola - família seria de grande valia para a

educação nutricional e melhoria da qualidade de vida da população em

geral (CLEMENTE; SILVA; RITCHER, 2000).

Além da educação nutricional, outra medida importante, no

sentido de conter os malefícios causados pela alimentação inadequada,

é a regulamentação das propagandas de alimentos com níveis elevados

de açúcar, sal e gordura saturada, veiculadas, principalmente, pela

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televisão. No Brasil, a responsabilidade pela ética publicitária fica a

cargo do Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária

(CONAR), que é uma organização não-governamental. Os objetivos do

CONAR incluem a promoção da liberdade de expressão publicitária e

a defesa dos interesses das partes envolvidas no mercado publicitário,

inclusive os do consumidor (CONAR, 2007).

Além das normas para o controle do conteúdo das propagandas,

restrições no tempo e quantidade de anúncios destinados ao público

infantil também se configuram como métodos de regulação das

propagandas veiculadas pela televisão. No Brasil, ainda não existem

restrições específicas com relação a estes métodos. No entanto,

segundo estudo publicado pela Organização Mundial de Saúde

(HAWKES, 2004), em países como Áustria, Bélgica, Noruega, Suíça e

Austrália as principais restrições consistem em:

• Proibir a interrupção de programas de televisão infantis com

propagandas;

• Limitar a quantidade do tempo de duração da programação infantil

que pode ser dedicada à propaganda;

• Proibir propagandas dentro de certa duração antes e depois de

programas infantis;

• Proibir todas as propagandas para crianças na televisão.

Dado o avanço na prevalência de sobrepeso e obesidade na

população brasileira, configurando-se um grave problema de Saúde

Pública, as autoridades federais e órgãos competentes têm se

mobilizado no sentido de criar estratégias para a regulamentação do

marketing de alimentos. Neste sentido, a Agência Nacional de

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Laus, M. F., Nascimento, P. C. B. D., Almeida, S. S., & Braga Costa, T. M. (2011). Determinantes ambientais do comportamento alimentar. In R. W. Diez-Garcia, & A. M. Cervato-Mancuso (Coords.), Mudanças alimentares e educação nutricional (pp. 118-138). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

Vigilância Sanitária (ANVISA), disponibilizou para consulta pública a

“Proposta de Regulamento Técnico sobre oferta, propaganda,

publicidade, informação e outras práticas correlatas cujo objetivo seja a

divulgação ou promoção de alimentos com quantidades elevadas de

açúcar, de gordura saturada, de gordura trans, de sódio e de bebidas

com baixo teor nutricional, quaisquer que sejam as formas e meios de

sua veiculação” (Consulta Pública nº 71 de 10 de novembro de 2006).

O prazo para o envio de críticas e sugestões à proposta foi encerrado

no dia 1º de abril de 2007 e no momento a ANVISA está analisando as

contribuições feitas. O próximo passo será apresentar os resultados e a

nova proposta de texto para a resolução, na forma de audiência pública.

Desta maneira, é possível perceber que a sociedade brasileira,

através de ações governamentais e não-governamentais, está se

mobilizando na tentativa de criar soluções para os problemas da

alimentação inadequada, que tantos prejuízos trazem para a saúde, com

comprometimento da qualidade de vida da população. Trata-se de um

processo de alta complexidade, no qual estão envolvidos interesses dos

mais variados setores, entre eles o econômico, o social, o trabalhista, o

industrial e a saúde pública. Por este motivo, futuras intervenções

exigem adequada fundamentação teórica e prática, tendo em vista a

redução dos danos causados pelas eventuais alterações na sociedade.

Outro aspecto importante que envolve os meios de comunicação

e o comportamento alimentar é a propagação de um padrão de beleza

irreal e, muitas vezes, inatingível. Através da mídia são estabelecidos

ideais de forma física que passam a ser almejados e cultuados. A não

correspondência a estes padrões pode influenciar a percepção da

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imagem corporal.

3.1 Imagem Corporal

A imagem corporal se forma a partir da infância e, aos dois anos,

a maioria das crianças já possui uma auto-percepção e pode reconhecer

a imagem de seu corpo refletida no espelho. Gradualmente, o corpo vai

representando, aos próprios olhos, sua identidade e, aos poucos, as

crianças começam a pensar sobre como os outros vêem a sua

aparência. Quando chegam à idade pré-escolar, as crianças aprendem

como a sociedade enxerga diferentes características físicas e a imagem

corporal vai, cada vez mais, tomando forma, à medida que as crianças

absorvem conceito do que é valorizado como atraente e não-atraente

(CASTILHO, 2001).

Triches e Giugliani (2007) afirmam que estudos mais antigos

como de Feldman , Feldman e Goodman (1988), tentando desvendar

quando se iniciam as preocupações com o peso e o momento em que as

crianças adquirem percepções culturais de atratividade física

semelhante às dos adultos, afirmavam que isto ocorreria ao redor dos

sete anos de idade. Contudo, mais recentemente descobriu-se que o

desejo de emagrecer nas meninas emerge aos seis anos (LOWES;

TIGGEMANN, 2003).

Dessa forma, a insatisfação com o corpo faz com que haja

preocupação excessiva com o peso já em idade muito precoce e isso

pode levar a comportamentos inadequados, que visam a redução de

peso, como alimentação restritiva entre garotas já com sete anos de

idade (FERNANDES, 2007).

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Recentemente vários pesquisadores têm se esforçado para

entender os fatores que determinam os distúrbios da imagem corporal.

A insatisfação com a própria imagem tem se tornado muito

comum nas sociedades ocidentais, possivelmente como conseqüência

de padrões socioculturais de beleza que enfatizam extrema e

inalcançável magreza para mulheres e corpos definidos e musculosos

para homens (FREDERICK; FESSLER; HASELTON, 2005;

FRIEDERICH et al., 2007).

Este padrão de beleza ideal é transmitido aos indivíduos através

de várias fontes como família, amigos e mídia. Esta última, que inclui

revistas e televisão, é frequentemente considerada a mais forte

influência sobre a percepção da imagem corporal (ARBOUR; GINIS,

2006; YAMAMIYA et al., 2005).

Sabe-se que a mídia, de maneira geral, exerce forte influência na

vida das pessoas, não apenas incentivando o consumo de alimentos,

mas também estabelecendo padrões de beleza. Atualmente, já existem

evidências que dão suporte de que a mídia promove tanto distúrbios da

imagem corporal quanto transtornos alimentares.

A indústria corporal através dos meios de comunicação

encarrega-se de criar desejos e reforçar imagens, padronizando corpos.

O reforço dado pela mídia em mostrar corpos atraentes faz com que

uma parte de nossa sociedade se lance na busca de uma aparência

física idealizada, determinando valores e normas que condicionam

atitudes e comportamentos relacionados ao tamanho do corpo, à

aparência e ao peso (RUSSO, 2005).

O desejo de alterar suas proporções corpóreas pode levar as

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pessoas a manipulações dietéticas que podem ter conseqüências

negativas e sujeitá-los à exploração de interesses comerciais (SPEAR,

2002).

Entretanto, ao mesmo tempo em que os meios de comunicação

determinam a magreza como o ideal de beleza atual, a mídia veicula

propagandas de alimentos com elevados índices de gorduras, óleos,

açúcares e sal, estimulando seu consumo e, uma vez que o apelo

exercido pela publicidade destes alimentos é extremamente forte,

muitas pessoas compensam sua ingestão através de comportamentos

alimentares inadequados, a fim de aproximarem-se do corpo ideal.

Vários estudos já foram realizados demonstrando que indivíduos

que lêem muitas revistas e assistem muita TV apresentam maiores

índices de insatisfação com a própria imagem (FREDERICK;

FESSLER; HASELTON, 2005; HARGREAVES; TIGGEMANN,

2004; MONRO; HUON, 2005).

Watson e Vaughn (2006) afirmam em seu estudo sobre os efeitos

causados pela mídia sob a imagem corporal que, quando mulheres são

constantemente expostas a imagens femininas que se encaixam no

padrão de beleza atual aceito e propagado pela mídia, recebem a

mensagem de como devem parecer para serem julgadas como

atraentes. Além disso, a mídia constantemente apresenta mensagens

sobre como características positivas, tais como auto-controle e sucesso,

estão associadas ao ideal sociocultural de atratividade, o mesmo

acontecendo com os rapazes.

Estudos experimentais demonstram que a exposição a imagens

idealizadas da mídia leva a um aumento no estado de insatisfação

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corporal em ambos os sexos (HARGREAVES; TIGGEMANN, 2004).

Em todos os estudos, após a visualização das imagens de revistas e TV

a insatisfação com a própria imagem torna-se maior (MONRO;

HUON, 2005).

A insatisfação com a imagem corporal, muitas vezes influenciada

pela imposição de um padrão de beleza inalcançável, pode gerar

condutas danosas à saúde, como ingestão inadequada de nutrientes.

Um estudo longitudinal de cinco anos realizado por Neumark-

Sztainer et al. (2006), revelou que mulheres com baixa satisfação

corporal estão mais freqüentemente de dieta, apresentam

comportamentos insalubres para controle de peso, compulsão

alimentar, baixos níveis de atividade física e de consumo de frutas e

vegetais. Os homens com baixa satisfação corporal também fazem

mais dietas, têm mais comportamentos saudáveis ou não para controlar

o peso, compulsão alimentar, tabagismo e baixos níveis de atividade

física. Esse estudo comprovou que baixa satisfação corporal não serve

de motivação para se engajar em comportamentos saudáveis em

relação ao peso. Ao contrário, predispõe a comportamentos que podem

colocar a saúde em risco e aumentar a chance de ganho de peso.

Alguns estudos já demonstram que a freqüência de leitura de

revistas de moda é, para mulheres, positivamente associada com a

prevalência de fazer dieta para perder peso. Além disso, sabe-se que o

hábito de assistir certos programas de TV, tais como videoclipes,

também possui uma correlação positiva com comportamentos que

levam a perda de peso (TIGGERMANN; PICKERING, 1996).

Pesquisadores especializados em estudar imagem corporal e

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comportamento alimentar têm criticado fortemente a mídia por criar e

perpetuar um padrão cultural de beleza que é difícil, se não impossível,

de se alcançar. Diante disto, Stice et al. (2000) vêm estudando a

influencia da mídia sobre os comportamentos dietéticos e já

encontraram evidências de que a internalização destas normas culturais

exerce um impacto significativo sobre a alimentação.

Entretanto, ainda não se sabe ao certo qual a magnitude deste

impacto. A exposição a este tipo de imagem leva algumas pessoas a

optarem pela ingestão de alimentos com alto valor calórico, enquanto

outras pessoas tendem a consumir uma menor quantidade de alimentos

(MILLS et al., 2002; STRAHAN; SPENCER; ZANNA, 2007).

Na última década os estudos sobre o os fatores que contribuem

para determinar o comportamento alimentar estão cada vez mais

enfatizando aspectos ligados ao ambiente. Por exemplo, na questão da

epidemia de obesidade que tem preocupado as autoridades de saúde

mundiais, a racional para justificar esse interesse pelos fatores

ambientais se baseia na idéia de que nas últimas décadas talvez os

nossos genes não tenham se modificado de forma substancial a ponto

de explicar o crescimento cada vez maior dos índices de obesidade

tanto em crianças quanto em adultos. Assim, se não podemos atribuir

aos genes esse aumento da obesidade, então parece plausível

considerar que os fatores ambientais possam estar influenciando essa

mudança. De fato, o aumento de consumo de alimentos densamente

calóricos, o aumento das porções consumidas, a redução dos preços

dos alimentos e a grande oferta de itens alimentares, juntamente com

uma vida cada vez mais sedentária têm contribuído para o que

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denominamos de ambiente obesogênico. Assim, o estudo do

comportamento alimentar deve estar baseado em uma abordagem

interdisciplinar onde não somente os médicos e nutricionistas estudem

os aspectos biológicos, mas que também os psicólogos, educadores

físicos e sociólogos possam contribuir com o estudo dos aspectos

ambientais.

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