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CRISTIANI RAMOS RICCI Trabalho resenha do Livro: A TERAPIA FAMILIAR MULTIGERACIONAL: Instrumentos e Recursos do Terapeuta. Maurizio Andolfi. Editora Artesã. 2018. Requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Terapia Sistêmica: Individual casal e Família Profª Maria Eliza Wilke Porto Alegre 25 de janeiro de 2019.

CRISTIANI RAMOS RICCI Trabalho resenha do Livro

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CRISTIANI RAMOS RICCI

Trabalho resenha do Livro:

A TERAPIA FAMILIAR MULTIGERACIONAL:

Instrumentos e Recursos do Terapeuta. Maurizio Andolfi. Editora Artesã. 2018.

Requisito parcial para a obtenção do Título de

Especialista em Terapia Sistêmica: Individual casal e

Família

Profª Maria Eliza Wilke

Porto Alegre

25 de janeiro de 2019.

“cada um sabe a dor e

a

delícia de ser o que é”.

Caetano Veloso

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Psicóloga clinica – Doutora Psicologia Social - Mediadora Familiar – Perita Judicial – Especializanda em Direito de Família – Especializanda em Casal Família e Indivíduo.

RESENHA

DIGA-ME COM QUEM E COMO APRENDE E EU TE DIREI QUE

TERAPEUTA TE TORNARÁ. O CONTÍNUO APRENDIZADO NA

FORMAÇÃO DO TERAPEUTA FAMILIAR

Título do Livro: A terapia Familiar Multigeracional: Instrumentos e Recursos do

Terapeuta. Brasil, 2018.

Título Original: La terapia familiare multigenerazionale: Strumenti e Risorse del

terapeuta. Italia, 2015.

Introdução

Sinopse

A realização e a publicação do livro “A terapia familiar Multigeracional”

tem como objetivo manter em evidência e relevância da abordagem de

Mauricio Andolfi no contexto do atendimento a sistemas familiares e conjugais,

assim como no contexto individual, proporcionando aos terapeutas sistêmicos e

futuros terapeutas uma vasta experiência clinica como também evidências

científicas sedimentadas no seu trabalho e pesquisas promovendo uma

contínua e qualificada formação.

Este livro representa uma síntese de mais de quatro décadas de prática

clinica do autor e percorre simultaneamente varias ideias de muitos autores

que antecederam Andolfi na terapia familiar. A obra esta posta em sua carreira

como uma ultima compilação de recursos e conceitos fundamentais na teoria

sistêmica e esta dividida em nove capítulos. Além dos conceitos teóricos

importantes a obra mostra casos atendidos na terapia propiciando

materialimportantíssimo à formação teórica e práticas fundamentais na

formação dos terapeutas.

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Breve biografia de Andolfi

Maurizio Andolfi nasceu em Roma em 1942. Estudou medicina e

neuropsiquiatria infantil na Universidade La Sapienza, em Roma. Ele morou por

alguns anos em Nova York, onde estudounos mais prestigiados institutos de

terapia familiar da Costa Leste: no Albert Einstein College of Medicine, com

Israel Zwerling e Albert Scheflen; no Instituto da Família Nathan Ackerman,

com Kitty La Perrière; na Filadélfia Child Guidance Clinic com Salvador

Minuchin e Jay Haley; mas quem mais o influenciou foi Carl Whitaker, com

quem Maurizio Andolfi estudou e tem sido associado em vários seminários

internacionais nos últimos 15 anos.

Nos últimos anos Andolfi funciona, aprofundando o estudo e a prática

daterapia familiar no Instituto de Terapia Ackerman em Nova York e na clinica

de Orientação da Criança na Filadélfia, sob supervisão de Salvador Minuchin e

Jay Haley.

Andolfi entra em contato com Virginia Satir, com quem estabelece

umrelacionamento profundo, e cuja memória ele mais tarde dedicará seu livro

“O casal em crise”. Em Nova York, Andolfi também frequenta a escola

psicanalítica de Karen Horney, onde realiza sua psicanálise pessoal,

permanecendo conectado por vários anos.

Em resumo o método multigeracional é baseado na construção clinica e

epistemológica, com base na prática clinica e nas inúmeras

ferramentasdesenvolvidas pelos autores sistêmicos ao longo do tempo

privilegiando o cliente na exploração das relações familiares e dando a máxima

importância à ação e representação dos movimentos relacionais.

As trocas verbais e não verbais, as metáforas, o uso do corpo e do

silencio, a valorização do sistema de amizade e contexto social, o resgaste do

sofrimento e da dor como poderosos fatores desencadeadores de mudanças,

assim como, o uso das gerações no manejo psicoterápico das famílias. Neste

enfoque é possível predizer que esta obra estimule e enriqueça a contínua

formação do terapeuta.

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A publicação deste livro inaugura uma relevância clínica na abordagem

de Maurizio Andolfi no Brasil, uma vez que há muitos anos suas obras não são

publicadas no país. Outro fator que estimulou a publicação desta obra por

Juliana Seger Sanvicente e Mariana Gonçalvez Boeckel, foi que elas

conheciam pessoalmente Andolfi e sua maestria em conduzir os processos

psicoterapêuticos, em razão da própria formação das referidas terapeutas

realizadas em Roma, na reconhecida “Accademia di Psicoterapia dela

Famiglia”.

Refere Andolfi 2018, “este volume é apenas o último testemunho de

um pensamento e de uma convicção sobre os recursos da família que me

acompanharam durante uma longa e fascinante viagem profissional”.

DESENVOLVIMENTO

Os capítulos estão denominados a seguir: 1. Araízes da psicologia

relacional. 2. O ciclo vital da família e a dimensão multigeracional. 3.

Transformações sociais e novas configurações familiares. 4. Modalidades de

observação da família. 5. Avaliação do funcionamento familiar. 6. A construção

da história terapêutica. 7. A linguagem do encontro terapêutico. 8. A linguagem

corporal na terapia familiar. 9. O silêncio e o contato físico: dois modos de

encontrar a família.

Capítulo 1. As raízes da psicologia relacional

As bases da psicologia relacional devem fazer parte da formação do

terapeuta, em que suas relações e sistemas familiares façam parte ativamente

do olhar e da percepção clinica dos movimentos sistêmicos intrínsecos na

prática com o cliente.

Em particular na obra a psicologia relacional tem suas raízes nos

Estados Unidos nos anos 50, tendo como pensamento central a não validação

de fragmentos de estudos e intervenções na prática clinica. A sociologia, a

antropologia, a psicologia, o tempo histórico e desenvolvimental são inerentes

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nos ciclos dos indivíduos e suas famílias influenciando, organizando e definindo

as demandas familiares.

Neste desenvolvimento teórico e prático nasce a teoria dos sistemas que

de forma abrangente significa: “a estrutura que conecta”.

Introduzida pelo biólogo Ludwing Von Bertalanffy em 1968, o interesse

passa a ser observar “complexidades organizadas”. Todas as unidades e

sistemas interagem e se relacionam entre si, Miller 1978.

Autores como Watzlawick, D. Jackson, Jay Haley e Jonh Weckland de

Palo Alto introduzem a perspectiva sistêmica cibernética, segundo as ideias de

Baeteson e transformaram conceitos da teoria da comunicação utilizados nos

estudos sobre o comportamento animal e nas crenças computacionais: input,

output, feedback, etc. Este modelo proposto concentra-se nos aspectos

observáveis no aqui e agora.

Nasce em meados da década de 50 a teoria do duplo vínculo que tem

como esforço teórico para tratar dos quadros comunicacionais disfuncionais

nas patologias psiquiatras. A abordagem mecanicista de causalidade linear

crescem os conceitos das diretrizes dos axiomas da comunicação de

Watzlawick 1967, no trabalho terapêutico com pacientes.

Neste conceito o foco esta nas relações entre as partes de um sistema

maior para o menor e vice-versa. Os diferentes níveis e formas de

comunicação se relacionam e formam novos conteúdos comunicacionais.

O sintoma tem um novo significado: não advém de um desconforto

individual, mas pode mostrar uma desorganização de todo o sistema.

Murray Bowen 1978 introduz o “mapa trigeracional da família”, um

gráfico que representa a família por no mínimo três gerações – o genograma.

Técnica utilizada por muitos terapeutas sistêmicos noauxílio a hipóteses

relacionais e construção de um projeto terapêutico.

Neste desenvolvimento histórico o que é revelado em síntese é a forma

de observar as famílias, seus fenômenos e o papel do terapeuta no processo.

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Em setembro de 1969 Jay Haley destaca divergências: os puristas e os

condutores dos sistemas. Os puristas evitam qualquer envolvimento pessoal e

ou ressonância emocional e por outro lado os chamados “conductors”, aqueles

terapeutas: Ackerman, Satir, Bowen, Framo, Minuchin, Whilaker, Andolfi, que

usavam a si mesmos como ferramentas para trabalhar com famílias.

A passagem para a segunda cibernética o surgimento do construtivismo

e as técnicas colaborativas promovem uma nova concepção na maneira de

olhar a realidade.

O terapeuta/observador torna-se parte integrante do sistema e passa a

ter e a ser e a utilizar a dimensão subjetiva nos sistemas.Aqui gostaria de

ressaltar uma consideração central e pessoal a respeito da importância da

observação que chamarei de auto implicada e que ao final desta resenha

apontarei tantas outras considerações importantes que alinhará minha postura

como futura terapeuta sistêmica.

A maneira de olhar a realidade na dimensão atual do terapeuta familiar

trás a ele uma condição de observador participante de sua família ou individuo.

E aqui quero chamar atenção em relação às proposições do antropólogo e

estudioso das relações indivíduo - sociedade Roberto da Matta na sua obra

“Relativizando”, a observação participante.A observação participante, a

empatía, se distanciar de si mesmoenquantoestudamos a construção histórica

dos fenômenos de umafamíliacom o universo investigado constituem marca

registrada das antropologias, sociologias e áreas afins. Insiste naideia de que

para conhecercertas áreas oudimensões de umasociedadeassim como de

umafamília é necessárioumcontato, umavivência durante um período de tempo

razoavelmente longo e até mesmo este lugar onde o terapeuta esta juntamente

com as pessoas do próprioprocessoemrelaçãocontínua, onde os aspectos de

uma cultura nãosão explicitados, que nãoaparecem à superfície e que

exigemumesforçomaior, maisdetalhado e aprofundado de observação e

empatia. No entanto, a ideia de tentar pôr-se no lugar do outro e de captar

vivências e experiências particulares exige ummergulhoemprofundidade difícil

de ser precisado e delimitado emtermos de tempo. Sobre issoMatta 1981,

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járeferiucompropriedade: “transformar o exótico em familiar e o familiar em

exótico”.

O terapeuta é um transformador de realidades e facilitador da dinâmica

que favorece o diálogo no processo de investigação e descoberta dos fatos de

maior ou menor relevância aplicada aos indivíduos envolvidos, sendo suas

decisões de grande responsabilidade para o sucesso da terapia. Tal

responsabilidade está ligada ao conhecimento produzido, uma vez que o

terapeuta é autor e sujeito da produção do conhecimento/realidade.

Capítulo 2.O ciclo vital da família e a dimensão multigeracional

As famílias apresentam construções próprias e particulares inseridas e

veiculadas através de vários fatores. Fatores transgeracionais que perpassam

geração e geração, valores, crenças, desenvolvimento histórico, educacional e

religioso, fases desenvolvimentais assim como o tempo: passado, presente e

futuro.

Além de Andolfi outros autores como Haley, Minuchin entre outros,

descreveram o ciclo vital da família como um modelo teórico que contempla a

evolução e o contexto histórico como um processo dinâmico que

desencadeiam mudanças e reorganizações nos sistemas familiares.

Seis momentos essenciais de transição das famílias:

1. A separação da família de origem e a primeira idade adulta;

2. A formação do novo casal;

3. A família com crianças pequenas;

4. A família com crianças adolescentes;

5. A saída dos filhos de casa e a reorganização do casal parental;

6. A fase do envelhecimento dos pais, a presença dos netos, a morte de

um dos dois parceiros.

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O modelo do ciclo vital serve como bússola ao terapeuta sensível a

estas mudanças e transformações.Isto ocorre da mesma forma e observação –

sistêmico e evolutivo-mesmo que com interpretações distintas a cada família;

assim como famílias reconstituídas, monoparentais, famílias migrantes, famílias

homoparentais e famílias interculturais, entre outras.

Cada família tem seus enredos, suas lealdades visíveis e ouinvisíveis,

seus vínculos, suas tramas, seus mitos, seus repertórios tecendo um roteiro

familiar particular de cada sistemae subsistemas. Quando cada casal novo se

forma eles criam um ponto comum de interlocução do que foi transmitido pelas

suas famílias e o que transmitirá para seus filhos.

O mito por sua vez pode representar uma “matriz de consciência” aos

indivíduos da família. Um padrão, um legado que revela uma chave

interpretativa que oferece uma sensação de pertencimento e sentido através de

vários comportamentos reais e por vezes necessários a cada modelo conjugal

e ou parental exigindo de todos que assumam papéis e funções que estejam

em consonância coma posição mítica dentro desta constelação particular.

Estes valores míticos muitas vezes são responsáveis pelos processos

de individuação bem como o adoecimento dos membros familiares envolvidos.

Compreender melhor os padrões de ansiedade e adoecimentos. Bowen

desenvolveu um conceito de “diferenciação do self da família de origem”. Deve

haver um “processo de separação”, através de um esforço constante de

definição do self e de individuação que levará a nova família uma autenticidade

emocional e novas consciências dentro de um sistema relacional novo que

conquista padrões de abertura e flexibilidade.

O corte emocional promove o equilíbrio entre o pertencimento e a

separação num processo difícil, porém necessário que acompanha toda a

existência de um indivíduo e de uma família.

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Capítulo 3. Transformações sociais e novas configurações familiares

Ao longo da história da humanidade podemos perceber uma vasta e

expressiva radiografia de como os indivíduos se organizam quanto à

convivência e as formas de constituições de famílias e relações.

Nos últimos 50 anospode-se acompanhar o desenvolvimento

demográfico e cultural, papéis individuais, a transformação da sexualidade e

gêneros, a transformação da família patriarcal, relações frente ao novo

capitalismo, a entrada massiva na população das tecnologias, as pluralidades e

complexidades das relações de afeto e a liberdade e, cada vez mais novas

formas e concepções amorosas e familiares vão surgindo e, com elas a

necessidade de novos olhares para novas interpretações e intervenções de um

terapeuta sistêmico.

Apoiar o envolvimento de todas as figuras parentais, preservando

vínculos novos e antigos em qualquer tipo de família e relação, assim como,

famílias compostas por uma pessoa ou por famílias adotivas e assim por todas

as famílias que estas transformações sociais mostram a cada tempo e a cada

momento histórico seria a prática fundamental do estudioso destas relações.

Cabe ressaltar a esta seção que é considerado uma relação saudável e

uma família possível a liberdade de escolher o parceiro por amor, com a

intenção de construir um relacionamento íntimo baseado em afeto e respeito

com projetos de futuros que transcende a orientação sexual, crenças religiosas,

origens étnicas, cor de pele e fronteiras nacionais e etc.

A liberdade fundamental do indivíduo hoje é a possibilidade de viver

qualquer relação de forma que seu objetivo seja o amor saudável e que a

compreensão mútua, a confiança, a autenticidade e liberdade de seus

membros sejam os seus alicerces.

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Capítulo 4. Modalidades de observação da família

Os estudos das teorias sistêmicas objetivaram a observação da tríade

como unidade de medida sobre a realidade e a psicopatologia. O triangulo é

um estado natural à forma como as forças emocionais de cada sistema

relacional é organizado, a relação dual e, sem duvida uma visão restrita de um

sistema relacional mais amplo.

O estudo das estruturas familiares triádicas foi desenvolvido por

Minuchin 1974, interessado nos processos de triangulação. Por exemplo: ele

parte da hipótese de que as crianças podem ser usadas para ocultar ou desviar

um conflito entre os pais favorecendo varias tríades patológicas familiares.

Vários são os exemplos de tríades patológicas como as estudadas pela

“alienação parental”, a parentificação, entre outras.

A presença de uma terceira pessoa torna-se um fator importante de

crescimento e conhecimento relacional, facilitando a proximidade afetiva, e

escuta durante as fases de transição de uma configuração familiar ou conjugal.

As variabilidades de posições e papeis familiares são representadas

pelo GENOGRAMA. Forma de representar uma família pelo menos até três

gerações com o objetivo de projetar visualmente para todos em uma sessão as

experiências e eventos familiares que o sistema vive viveu e viverá através de

suas influências geracionais e trangeracionais.

O genograma familiar é utilizado pelo terapeuta sistêmico como uma

ferramenta de avaliação, de investigação no campo da terapia, assim como a

escultura familiar criada por Virgina Satir em 1967, que consiste em uma

representação plástica visual e espacial, não verbal das relações familiares – e

de casal. Esta poderosa ferramenta não verbal foi descrita por vários autores

em diferentes settings, com diferentes significados e diferenças variações. Na

Europa a escultura familiar foi introduzida por Andolfi que aprendeu a técnica

com Peggy Papp e Kitty La Perriere no início dos anos 70.

O retorno ao passado o momento presente e esculpir o futuro são

algumas das utilidades desta ferramenta.

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Não somente na terapia familiar como também na terapia individual a

escultura familiar é utilizada na supervisão e na formação do terapeuta

sistêmico.

Capítulo 5. Avaliação do funcionamento familiar

A perspectiva relacional e sistêmica tem como objetivo observar o

comportamento individual e a sintomatologia na intersecção das complexas

relações humanas compreendendo seus processos a partir de fenômenos

como identidade e personalidade individual, desconfortos, traumas, cortes

emocionais, crises e eventos importantes bem como traumáticos.

Sendo assim é útil adotarmos lentes multigeracionais para formular uma

avaliação relacional.

Utilizamos a metáfora da casa de três andares para entender o olhar

multigeracional.

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O casal parental ocupa o andar do meio as crianças o térreo e a família

de origem o terceiro andar. As pessoas de cada andar são diferentes em idade,

gênero, identidade geracional, linguagem corporal e verbal, assim como as

experiências de vida, papéis familiares e sociais, além de variadas formas de

enfrentar e lembrardos problemas e viver o presente e planejar o futuro. Andar

pelos andares permite que cada um dos membros acesse um modo diferente

do seu. O chamado “hiato geracional” indica o sentimento de transformação

intergeracional que ocorre na esfera individual, social e familiar ao longo do

tempo.

Formular um diagnóstico relacional exige que possamos ampliar o foco

da observação dinamizando nossa atenção para cada um dos andares e a

todos ao mesmo tempo levando em consideração todas as redes de interações

e eventos possíveis. Nos casais, por exemplo, há muitas e diferentes

configurações: casal harmônico, o casal em conflito, o casal instável, o casal

“sanduíche” – esmagado entre duas gerações.

Assim como na família o diagnóstico social é feito no casal para

compreender seu funcionamento. A primeira dimensão a ser avaliada é da

amizade: os amigos são compartilhados pelos dois parceiros; eles têm relação

e convivência com amigos comuns. A segunda dimensão é quanto ao mundo

do trabalho: a experiência do trabalho pode enriquecer a vida de cada um dos

parceiros; quanto tempo o casal passa em seu ambiente de trabalho e também

aqueles que têm dupla carreira. Uma terceira dimensão seria a transformação

do casal quando nascem os filhos: a mudança da dimensão conjugal para a

familiar que representa um evento especial e distinto na vida a dois tanto nos

aspectos cognitivos, sexuais, afetivos e de intimidade.

A avaliação da relação entre irmãos: o vínculo fraterno acompanha todo

o ciclo familiar e exerce importante influência nas relações da família e dos

pais. Os diferentes papéis desempenhados pelos irmãos, emprol ou não da

família são reflexos como também indicadores do funcionamento de ambos e

ou de todos no ambiente familiar, escolar e social e, demais esferas onde tais

funcionamentos poderão encontrar ancoragem.

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Capítulo 6. A construção da história terapêutica

Como foi revelado desde o primeiro capitulo desta obra é que a relação

terapêutica com cada universo humano tem suas peculiaridades e

funcionamento típicos. Na terapia individual o terapeuta fixa-se na díade

relacional para estabelecer proximidade e aliança. No casal e família ocorre

que a tríade passa a ser a intenção das observações do terapeuta.

Após alguns ensaios e erros da própria atividade clinica os autores

sistêmicos como Andolfi, Angelo, Menghi et al 1982, conseguiram criar uma

aliança para todos os membros do sistema familiar: uma meta-aliança. Entra-se

e saí das alianças terapêuticas tornando-se um elo relacional capaz de ativar

as mais diversas configurações ao longo de várias gerações. A relação

terapêutica cria um movimento criativo e dinâmico entre as singularidades de

cada membro e a família como um todo. O terapeuta pode ser considerado um

“malabarista”, que mantém tudo em um equilíbrio dinâmico sem afetar as

relações e suas manifestações. Neste sentido é possível construir uma nova

história na família. Utilizado por Andolfi e Angelo 1984, uma metáfora visual, a

do terceiro planeta, lugar onde família e terapeuta habitam em espaço aberto

para descobrir juntos novos sentidos e novas experiências influenciando no

crescimento interiorreciproco que propiciará mudança.

A criança como coterapeuta representa um canal preferencial para

acessar a família e identificar os fenômenos que muitas vezes encadeiam-se

na atmosfera familiar e sintomas. Muitas vezes as crianças conseguem

comunicar bem ao terapeuta o seu ponto de vista sobre os eventos familiares,

na medida em que são ouvidas e validadas pelos terapeutas.

O mundo interno do terapeuta passa a ser muito valorizado até os

tempos atuais. O reconhecimento de algo interno do terapeuta leva a uma

autoconsciência e isto certamente terá um impacto verdadeiro e único na

terapia que segue. As respostas emocionais do terapeuta são essenciais nos

encontros com a família, suas ressonâncias afetivas dão ao processo uma

condição de autenticidade e sintonia levando os membros a considerar o

impensável e inclusive o inimaginável.

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Quando se torna um terapeuta é possível considerar a condição de

“sentir-se” na sessão e permitir-se a liberdade de se juntar ao fluxo das

emoções dos clientes.

O mundo interno do terapeuta por muito tempo dentro das teorias

sistêmicas não ganharam tanta importância como nestes momentos atuais. As

ressonâncias do terapeuta passam a ter uma influência fundamental ao

processo, libertando o que se refere “a máscara profissional”. Esta libertação

oferece ao terapeuta posições únicas de auto referência experiencial e

emocional a serviço do seu próprio trabalho.

Andolfi 2010 chama isto de “supervisor interno”, o dar sentido ao papel

profissional do terapeuta.

É útil chamar a atenção também sobre escuta e autorreflexividade. E

neste ponto chamo atenção do benefício da experiência da psicanálise. Ouvir

atentamente, tolerar e compreender os vazios que as palavras podem ter

palavras, os silêncios necessários, apreender a valorizar o tempo e o espaço

livre de sentidos e significados. Estas condições absolutamente necessárias e

fundantes trazem uma ressonância geral para todos os participantes

promovendo a família uma sensação fundamentalmente única gerando uma

grande sensação de pertencimento.

Joining – descrito por Minuchin 1974, uma força de acolher a família

deixando todos a vontade. Não é uma técnica, é um estado de espírito, de

respeito, de compromisso, etc.

Juntar-se a eles fazendo uma aliança firme e sólida com o propósito de

“lutar pela estrutura”. Assim como o jogo de brincadeira, o humor, os meios

mais flexíveis de envolvimento de todos para seu objetivo, brincar com as

palavras construindo uma linguagem metafórica compostas de comunicação e

imagens representativas, assim como, brincar com objetos para expressar uma

ação de sentidos úteis para a terapia: exemplo:(a varinha mágica utilizada pela

criança). Rituais de dramatização na terapia familiar são muito úteis também

em alguns momentos para a promoção efetiva, lúdica, para ampliar os padrões,

e, fazer com que os parceiros saiam de sua complementariedade distorcida e

procure formas mais saudáveis de convivência.

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Capítulo 7. A linguagem do encontro terapêutico

O falar. O que significa falar e expressar em terapia. Muitas vezes este

exercício pode ser um jogo infernalna e da sua realização através do ato da

linguagem algo que às vezes só existe no campo da subjetividade e, o ato de

falar faz com que todos os conteúdos encontrem a objetividade cruel e rude

quando éexposta a realidade em algum momento.

Para iniciar este breve resumo desta seção gostaria de citar Guimarães

Rosa,“devo me prestar contas de cada palavra e considerar cada palavra o

tempo necessário até ser novamente vida”.

A associação livre faz da palavra à ocasião de uma interpretação, já que,

desde a invenção do inconsciente, entre a palavra e o sujeito não pode mais

haver coincidência e familiaridade, mas estranheza, incômodo,

desconhecimento. Pois “às vezes não se encontram as palavras que se está

sentindo dentro de si mesmo”. O escritor- poeta ainda refere que “devemos

buscar a nós mesmos nos vãos das palavras, então, e reinventá-las um tanto

para que nelas possamos surgir relidos, mas sempre fonte de novas palavras e

leituras”.

As bases do colóquio terapêutico

Desde a época de Sócrates, o colóquio entre duas pessoas era

considerado uma ferramenta poderosa de conhecimento, sobretudo a

possibilidade de novos conteúdos surgirem e ganharem importância.

As ferramentas utilizadas na terapia sistêmica desta época é

invariavelmente modificadas a qualquer tempo com objetividade naquilo que se

precisa alterar ou modificar em um casal,família e ou indivíduo. As informações

que precisamos acessar como verdades parciais ou multi-parcialidade para

abstrair o necessário a cada momento.

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A coleta de informações a eleição de conteúdos importantes como filtro

a tudo o que é dito em uma sessão (chamado pelo autor de “filtro invertido”),

são detalhes fundamentais para compreender o enigma terapêutico. O

terapeuta tem autoria plena no processo de investigação e reformulação –

reframimg - de suas proposições propiciando infinitamente criar “uma ponte

que conecte as diferentes partes em uma forma completa”.

Redefinir problema, redefinir contexto utilizando as perguntas especificas

para cada momento, através de: perguntas relacionais (explorando novos

relacionamentos), perguntas individuais (ver as conexões), perguntas tríadicas,

perguntas diretas e indiretas, perguntas comparativas (examinar os saltos

temporais, as perguntas metafóricas (construir metáfora auxiliando na aliança

terapêutica) e, as perguntas intergeracionais (conhecendo aspectos

intergeracionais das relações familiares).

Capítulo 8. A linguagem Corporal na Terapia Familiar

A linguagem humana não é apenas explícita como na maioria das vezes

quando ocorre uma comunicação, ela também pode ser uma linguagem

implícita que é dada pela linguagem corporal: por exemplo, mímicas, postura,

expressões faciais, movimentos corporais caracterizados pelos tônus,

frequência e ritmo de voz menor ou maior distancia física, usar os olhos, o

contato físico como também o silêncio.

Todas estas expressões verbais e analógicas assume valor cognitivo e

afetivo significativo sendo um modo frequente e muitas vezes espontâneoe

criativo de comunicação.

Estes códigos e sinais são representativos de um referencial familiar e

ou individual que permite ao terapeuta conhecer o mundo interno das

interações, necessidades das pessoas como também associar os componentes

socioculturais dos quais todos são afetados e produzindo formas específicas de

representatividade.

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O movimento do espaço terapêutico é complexo e intenso e, a cada

variação representa uma intenção e um desejo de sentimentos promovendo

cooperação e motivação criando um espírito de time onde todos estão

empenhados a encontrar a força para mudar.

Os movimentos na construção da aliança terapêutica

A empatia é fundamental assim como mover o olhar já é um movimento

de aproximação do terapeuta.Tudo o que um terapeuta pode fazer em uma

sessão: escrever no quadro, mudar a cadeira, deslocar objetos, curvar-se, etc.

fazem parte da “ginástica física e mental” do terapeuta relacional. Por exemplo,

para engajar uma criança o terapeuta temque entrar no seu espaço pessoal:

brincar, jogar, olhar nos olhos, etc.

Além do terapeuta se engajar deve encorajar o movimento dos membros

da família. Esta mobilidade nos dirá muito como proporcionaráflexibilidade

mútua ativa e a serviço de todos. Sendo assim, este movimento é individual e

coletivo e será um incremento qualitativo para conduzir o processo de terapia.

Capítulo 9. O silêncio e o contato físico: dois modos de encontrar a família

Criar silêncios na sessão é uma tentativa de “permanecer nas coisas”.

Escutar e falar são os combustíveis de uma sessão. Um ritmo calmo

sereno que permite criar vazios de palavras faz com que uma narrativa

simbólica ou real tome corpo e dê sentido à interação das pessoas que ali

estão presentes. O autor chama que o terapeuta poderia ser “maestro da

orquestra”, regendo as vozes na dança do momento. Estas formas de proceder

tem o efeito de desacelerar o ritmo do discurso criando pausas necessárias e

úteis para deslocar o que se quer deslocar e aproximar o que se quer

aproximar.

CRISTIANI RAMOS RICCI – RELACIONARE

Psicóloga clinica – Doutora Psicologia Social - Mediadora Familiar – Perita Judicial – Especializanda em Direito de Família – Especializanda em Casal Família e Indivíduo.

Muitas vezes o silencio também pode ser uma escuta e é valioso tendo

um caráter de profundo compartilhamento. A sintonia emocional a participação

mútua de todos trás a sessão um sentimento verdadeiro de respeito e

implicação no aqui e no agora.

Assim o contato físico é tanto quanto autêntico e serve para aproximar

na medida certa. Apesar de que ainda é um tema de bastante controvérsia

entre alguns autores, no entanto, com o desenvolvimento das teorias

Humanistas, da Gestalt e da terapia familiar com orientação experiencial

indicam que a ideia de que o contato físico pode ser uma modalidade muito

eficaz para construir uma relação genuína de compartilhar e comunicar afeto.

Autores como Satir referem à ideia de “usar seu corpo” como modelling

para fazer contato físico promovendo aos pacientes uma contenção emocional

que gera integração.

Andolfi refere que na sua experiência “senti bastante natural à

integração da linguagem, as perguntas, os olhares, os movimentos do corpo,

coerentes com o que é expresso com a voz e o contato físico”.

Ainda salienta o autor que “tudo isso é, sem duvida, um reforço positivo

no desenvolvimento da relação terapêutica que tem o poder de transmitir calor,

presença, compartilhamento melhor do que qualquer palavra”.

O contato físico para reconstruir vínculos – a recostura

Os estímulos táteis são imprescindíveis no desenvolvimento humano.

Afirmado por Bowlby e Robertson e reconfirmado por Montagú 1971, “o contato

físico é um dos elementos essenciais no desenvolvimento, uma modalidade

comunicativa profunda, um componente crítico na saúde e crescimento da

criança e uma poderosa força de cura”.

Se de alguma forma esta condição não pode ocorrer na infância é

possível que na terapia de família através de um ambiente seguro e acolhedor

possa fazer a reconstrução de vínculos interrompidos ou cortados – a isto se

chama recostura.

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Psicóloga clinica – Doutora Psicologia Social - Mediadora Familiar – Perita Judicial – Especializanda em Direito de Família – Especializanda em Casal Família e Indivíduo.

Considerações finais

Parafraseando

“Este volume é o último testemunho de um pensamento e de uma

convicção sobre os recursos da família que me acompanharam durante uma

longa e fascinante viagem profissional”. Andolfi

“Este volume uma das primeiras leituras que faço na minha caminhada

sistêmica e, já com certa convicção que na família temos muitos recursos e que

estes podem fazer da minha trajetória profissional ainda mais desafiadora e

criativa”. Cristiani Ricci

Como terapeuta de orientação analítica posso sentenciar que uma

intervenção não deve ser de maneira alguma “teórica, sugestiva, quer dizer

imperativa; ela deve ser equívoca”. “A interpretação psicanalítica”, “não é feita

para ser compreendida; ela é feita para produzir ondas”. E inacreditavelmente

dou-me conta que a teoria sistêmica fundamentalmente se ocupa de “produzir

ondas”, nos indivíduos e nas famílias.

De forma especial e intensa esta leitura proporcionou uma conversa de

vizinhos – em mim. Tudo na verdade parece que já se vizinhava; os conceitos,

os métodos, as formas, os objetivos, a forma de pensar, a leitura que fazemos

diante dos conflitos e suas vicissitudes.

Em algum momento e já faz bastante tempo fui capturada pelo

procedimento de Mediação de Conflitos Familiar na minha trajetória

profissional. Neste procedimento utilizamos com a família o genograma, que,

aliás, ocupa lugar de destaque nas formações de mediadores. Estudando estas

linhas teóricas e tantas outras me deparei com similaridades muito expressivas

da Teoria Sistêmica. Nesta dimensãopercebo que o conceito assim como o

início de um pensamento sistêmico já encontra lugar em mim.

Lendo os casos de terapia familiar explicitados no livro fez-me lembrar

de vários momentos que passei com minhas famílias na mediação buscando

compreender de onde vinham e para onde iriam os conflitos de uma família ou

casal. Despertou em mim como se diz uma familiaridade pré-existente.

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Psicóloga clinica – Doutora Psicologia Social - Mediadora Familiar – Perita Judicial – Especializanda em Direito de Família – Especializanda em Casal Família e Indivíduo.

Na leitura desta obra o que mais me visitou foi o pensamento que se

estamos frente a um trabalho efetivo e necessário e somos terapeutas

apaixonados e implicados em nosso saber/fazer devemos utilizar de todo o

conhecimento possível considerando qualquer forma e maneira que isso possa

acontecer para que possamos auxiliar nossos pacientes.

Os autores sistêmicos denominam isto de “lutar pelas estruturas”

Resumindo autor deste livro ao longo de sua trajetória profissional

ressalva a necessidade da compreensão de vários conceitos vindos da:

comunicação, da psicanálise, dos sistemas, da teoria dos jogos, do

humanismo, do universo cultural, da biologia, da genética, da antropologia,

enfim a chamada necessidade inter-pluri transdisciplinar.

Nenhuma formação é suficiente. Nenhuma formação é mais importante

do que outra. O terapeuta eficiente na minha “modesta opinião” é aquele que

esta sempre se acomodando e visitando novas formas de pensar e agir dando

flexibilidade e plasticidade ao seu trabalho profissional. É necessário termos

uma corrente teórica na base de nossos estudos, no entanto deixar o

pensamento mais livre me parece ser uma ideia tentadora e flexibilizada na

busca do entendimento das relações humanas.

Com o modelo de terapia proposto por Andolfi onde ele faz de um

problema encontrado uma porta que se abre para o mundo da família,

juntamente com sua criatividade e disposição caminhando do passado, ao

presente e para o futuro, faz com que contamine os futuros terapeutas

sistêmicos para uma dança nova e propositiva. O terapeuta que se renova, que

se desacomoda, que se reinventa na busca de maior e melhor compreensão

dos indivíduos, pra mim é o aspecto mais lindo e inovadorque o novo terapeuta

deve assumir. A formação deve ser contínua consistente, porém flexível. Nunca

rígida.

As técnicas colaborativas e o uso de si mesmo como ferramentas para

trabalhar com famílias é a essência do trabalho que sempre foi de certa forma

perseguida por mim. A desacomodação para uma nova acomodação e o

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Psicóloga clinica – Doutora Psicologia Social - Mediadora Familiar – Perita Judicial – Especializanda em Direito de Família – Especializanda em Casal Família e Indivíduo.

distanciamento de posturas rígidas resume uma das mensagens desta obra do

trabalho sistêmico que a todos encanta.

A melhor contribuição para a minha prática pode terminarcom uma

metáfora:

“Não busco uma formação rígida e, tenho medo de me tornar um

terapeuta tão bem formado porque pessoas tão bem formadas podem se

tornar indeformáveis”.