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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
NÚCLEO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Planejamento Urbano e Regional II – 2013/1
Profª. Dr.ª Rozana Rivas
Alex Anderson Souza Almeida Melo
Elizza Kyara Carregosa Silva
Isabella Torres Silva
Karoline Mendonça de Oliveira
Lina Alves Barreto Pereira
Manuelle Cristina Saturnino de Andrade
Mateus Pereira de Matos Santiago
Rayane de Oliveira Silva
ANÁLISE DO TERRITÓRIO SUL SERGIPANO
CIDADE POLO ESTÂNCIA/SERGIPE
Resumo: Estância, cidade-polo do território Sul Sergipano, é aqui abordada tanto referente a
seus aspectos gerais bem como à evolução da sua estrutura urbana e suas relações na rede
urbana. Estância desenvolveu-se a partir da industrialização, tornou-se uma centralidade
capaz de influenciar vários municípios adjacentes como Itabaianinha, Arauá ou até mesmo
Rio Real, Cachoeira, localizados no norte da Bahia. Marcada por uma grande concentração
de indústrias, seu tecido configurativo urbano foi sujeito a mudanças ao longo desse
processo de crescimento econômico. A presença de vilas operárias em áreas mais afastadas
fazia a representação de espaços de auto-suprimento que se desenvolviam paralelamente aos
núcleos centrais da cidade. Com o crescimento territorial e econômico, Estância tornou-se um
polo de comércio, serviços e indústrias que atraem um grande fluxo de pessoas as quais
veem a possibilidade de realizar alguns serviços não disponíveis em sua localidade.
Elaboração do Plano Diretor, especulação imobiliária e criação de bairros mais populares
estão entre as consequências do crescimento urbano, pontos devidamente abordados no
presente artigo.
Palavras-chave: Sul Sergipano; Estância; centralidade; industrialização; estrutura
urbana.
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1 Introdução
Uma cidade, para que assim seja definida, não pode existir isoladamente, sem trocar
informações, bens e serviços com outras ao seu redor; ela deve pertencer a uma rede urbana,
composta por uma hierarquização entre municípios. O Estado de Sergipe é subdividido em oito
territórios, os quais possuem pelo menos uma cidade-polo, centralizadora, mas que se mantém
numa posição inferior à capital Aracaju.
Dentre os territórios citados, o objetivo consiste em uma análise do Sul Sergipano,
focando-se na cidade de Estância – município centralizador – fazendo paralelos com textos que
abordam o Planejamento Urbano e Regional. Destaca-se o poder desta cidade sobre as demais,
originado de sua industrialização no final do século XIX, intensificada na década de 1970. A
partir do consequente fortalecimento econômico, uma série de mudanças ocorreu na rede
urbana na qual Estância exerce sua centralidade, afetando aspectos como a vida social, política e
econômica, o mercado imobiliário e as tentativas de regulação do crescimento.
Este artigo está divido nos tópicos “Sergipe e Sul Sergipano” e “Centralidade do Sul
Sergipano: Estância”. O primeiro conta com dados referentes ao Estado, direcionado ao
território e sua importância para Sergipe. O segundo tópico é subdividido em “Aspectos
gerais”, com um apanhado geral de dados sobre o município em questão; “Industrialização”,
observando como Estância adquiriu seu status de cidade-polo; “Estruturação urbana”, onde se
mostra sua situação atual; “Plano diretor”, abordando como tem sido a aplicação deste
instrumento; e “Rede urbana”, com uma análise da relação de Estância com as demais cidades.
2 Sergipe e Sul Sergipano
O Estado de Sergipe, situado no Nordeste do Brasil, limítrofe de Alagoas e Bahia, é
o menor estado do país e está subdividido em oito territórios: Alto Sertão Sergipano, Baixo São
Francisco Sergipano, Leste Sergipano, Centro-Sul Sergipano, Médio Sertão Sergipano, Agreste
Central Sergipano, Grande Aracaju e Sul Sergipano.
Este trabalho se refere ao Sul Sergipano (Figura 1) e sua importância para a rede
urbana do Estado. Portanto, para melhor entendimento do assunto a ser abordado, é necessário
um prévio conhecimento dos aspectos gerais desse território.
3
Figura 1. Mapa de Sergipe. Destaque para o Sul Sergipano. Fonte: GIGEC/SUPES/SEPLAN, 2007.
A região é formada pelos municípios de Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância,
Indiaroba, Itabaianinha, Pedrinhas, Salgado, Santa Luzia do Itanhi, Tomar do Geru e Umbaúba,
totalizando 241.292 habitantes e 12,44% da população do Estado em 2007, sendo o segundo
território mais populoso, perdendo somente para a Grande Aracaju (IBGE, Contagem
Populacional, 2007).
As bacias dos rios Real e Piauí permitem uma boa quantidade de água doce,
utilizada para o abastecimento da população, das indústrias, principalmente as localizadas em
Estância, e para a irrigação.
Caracteriza-se por uma taxa de urbanização de 58,05%, taxa de analfabetismo de
31%, contando com um déficit habitacional de 3.409. Das residências existentes, somente 49,8%
4
são abastecidas por água ligada à rede pública, e não há tratamento de resíduos. Igualmente
deficiente, o esgotamento sanitário atende apenas 6,7% dos domicílios, porém 75,4% possuem
energia elétrica (SIAB e IBGE, 2007).
O território possui base industrial especializada na construção civil, produtos
minerais não metálicos, vestuários e acessórios, têxteis e alimentícios de bebidas, além de
distribuidora de energia Sulgipe, situada em Estância. Esse mesmo setor representa 27% da
produção econômica (IBGE, 2005). De acordo com o FIES, 2006/2007, o Sul Sergipano
corresponde a 3,7% do total de estabelecimentos industriais verificados no Estado, concentrados
nos municípios de Estância, Itabaianinha e Boquim. Já segundo o IBGE, 2005, o setor terciário
corresponde a 64% do PIB territorial, apresentando comércio varejista, reparação de veículos
automotores e motocicletas, comércio por atacado, representantes comerciais e educação.
O setor primário é marcado por criação bovina, de búfalos, de mulas, produção de
codornas e ovos de codorna, por culturas temporárias de mandioca, milho, feijão, amendoim e
fumo, como também por culturas permanentes de laranja e coco, correspondendo a 78% da
produção agrícola territorial. A estrutura agrária é relativamente bem distribuída, com
predominância de pequena e média propriedades. (IBGE, 2006).
Entretanto, as atividades produtivas já consolidadas são a produção de mandioca,
suinocultura, piscicultura, confecções, ovinocultura, bovinocultura de corte e leite, artesanato,
pesca marítima, indústrias e exploração de recursos minerais, sendo as atividades promissoras a
cultura de oleaginosas, apicultura, turismo e carcinicultura.
O território apresenta indicadores sociais baixos, com capacidade de gestão
municipal precária na prestação de serviços e no gerenciamento dos bens públicos. Há carência
de profissionais da saúde e educação para atender as demandas e elevados índices de exclusão
social, privando a população de saneamento, educação, renda e tecnologia da informação.
Essa deficiência gera migração de jovens do campo para as cidades de Estância e
Aracaju, à procura de emprego e renda. A falta de gestão adequada permite a degradação do
meio ambiente, não corresponde à necessidade de integrar as atividades do setor primário, bem
como deficiência de controle social na execução das políticas públicas e serviços de assistência
técnica. A problemática é causada concomitantemente pela concentração de renda e dos meios
de produção, devendo-se promover a articulação e cooperação entre os agentes locais e
territoriais para a execução das políticas públicas e investimentos.
5
3 Centralidade do Sul Sergipano: Estância
3.1 Aspectos Gerais
O município de Estância localiza-se a 68 km da capital Aracaju e a 257 km da capital
baiana, Salvador, ocupando uma extensão territorial de 644 km², ou seja, 2,8% da área total de
Sergipe. Possui uma população de 64.409 habitantes (IBGE, 2010) e apresenta uma densidade
demográfica de 82,69 hab/km². Faz fronteira com seis municípios: ao norte com Itaporanga
d’Ajuda, ao oeste com Salgado e Boquim, ao sul com Arauá, Santa Luzia do Itanhi e Indiaroba,
e ao leste fica o Oceano Atlântico. É banhado pelos rios Piauitinga, Piauí e Real.
Na economia, destaca-se no setor primário a agricultura e a pecuária, sendo o
primeiro baseado na policultura com o cultivo de coco, mangaba e mandioca, e o segundo na
criação de bovinos, ovinos, caprinos e suínos. No setor secundário as indústrias alimentícias e
têxteis. No setor terciário o comércio, bancos e setor público.
O PIB de Estância é de R$1.029.449, (IBGE, 2010) e está entre os cinco maiores do
Estado, correspondendo a aproximadamente 5,2% do PIB total de Sergipe. Observando-se o
gráfico abaixo (Figura 2), nota-se que os setores secundário e terciário são os que mais se
destacam na economia do município, sendo o segundo mais representativo, responsável por
R$439.694 e o primeiro por R$362.264 do PIB total do município. A agropecuária tem pouco
destaque na economia de Estância sendo responsável apenas por R$28.023 do PIB total do
município.
Figura 2. Gráfico: Produto Interno Bruto de Estância separado por setor. Fonte: IBGE, 2010.
6
O turismo no município é marcado pela presença de praias, como: Praia do Saco, do
Abaís, das Dunas, entre outras. Além disso, as festas também são grandes atrativos de pessoas
para Estância, em especial no mês de junho, quando acontecem o tradicional Barco de Fogo e as
festas juninas.
3.2 Industrialização
Inicialmente, a cidade de Estância tinha como principais atividades econômicas a
pecuária e a produção de cana-de-açúcar. Porém, a industrialização provocou seu crescimento
econômico, trazendo consequências para todo o Sul Sergipano. Dessa forma, Estância se tornou
o polo deste território. Para entender essa polaridade, é necessário abordar um breve histórico
do surgimento da indústria no local.
Entre o final do século XIX e início do século XX, segundo Conceição (2008),
Estância passou por um período de fundação de diversas indústrias: em 1891, a Fábrica de
Tecidos Santa Cruz; em 1912, a Fábrica Senhor do Bonfim (Grupo Constâncio Vieira); em 1916, a
Fábrica de Charutos Walquíria; em 1929, a Fábrica de Óleos Vegetais Luso Brasileira; e em 1930,
a Fábrica de Tecidos Piauitinga, sendo por isso considerada cidade de vanguarda no processo
industrial de Sergipe. A instalação da Fábrica de Tecidos Santa Cruz (Figura 3) se deve ao
empreendedor João Joaquim de Souza, o qual observou que a quantidade de água existente ao
redor da cidade poderia ser benéfica à indústria (BOMFIM, 2007). Classificadas por Piquet
(1987) como pertencentes a segmentos complexos, as indústrias de fiação e tecelagem
dependem de uma mecanização intensa, grande quantidade de energia e matéria-prima, daí a
implantação em uma localidade mais periférica do centro de Estância.
Figura 3. Antiga Fábrica Santa Cruz. Fonte:
<http://www.flickr.com/photos/59478086@N07/5444947284/>, acesso em 17 de Setembro de 2013.
7
Dada a distância da Fábrica Santa Cruz até o centro (Figura 4), entre 1891 e 1950, foi
se estabelecendo um complexo com características urbanas, composto de moradias, igreja,
escola, biblioteca, praças, campo de futebol e centro de recreação (BOMFIM, 2007),
configurando uma espécie de auto-suprimento e internalização de externalidades. Por exemplo,
a origem da Sulgipe – Companhia Sul Sergipana de Eletricidade, de acordo com seu próprio
site, se relaciona com o desenvolvimento do setor de energia elétrica da Companhia Industrial
de Estância (Fábrica de Tecidos Santa Cruz). A Sulgipe teve como presidente fundador Jorge
Prado Leite, filho do empresário Julio César Leite que assumiu tal Companhia Industrial em
1937. Esta relação entre fortes empresas numa mesma localidade aponta características de
centralização de poder, conceituada por Lencioni (2008). Ressalta-se que em 1958, quando a
indústria têxtil entrou em decadência, seu edifício passou a abrigar a Sulgipe, sendo também o
bairro operário ocupado por seus empregados. A criação da companhia de energia elétrica em
Estância confirma o que Piquet (1987) escreveu:
É, portanto, o ‘despreparo’ das cidades brasileiras que leva as unidades produtivas, a
despeito do bem final para o qual estavam destinadas, a conter dentro de si setores
especializados, tais como: reparação de equipamentos, geração de energia e, até
mesmo, provimento de moradia para a sua força de trabalho. (PIQUET, 1987, p. 11)
Figura 4. Núcleos urbanos mais antigos. Em verde, região da vila operária; em laranja, o Centro
Histórico. Fonte: Secretaria de Obras, Estância/SE, 2013.
O objetivo principal da implantação do sistema de vilas pelas fábricas de Estância,
porém, era o controle dos empregados, e não visando a resolução do déficit de moradias. Prova
disso é o fato de que a prioridade na ocupação das habitações era dos operários com maiores
qualificações. Bomfim (2007) traz informações dadas pela Profª. Drª. Vera Lúcia França, do
8
Departamento de Geografia da Universidade Federal de Sergipe, sobre o provimento dessas
habitações:
As vilas operárias provavelmente foram fruto de exigência legal para unidades fabris
com mais de 300 empregados. [...] A ideologia se baseava no distanciamento dos
operários dos centros das cidades a fim de não serem influenciados por outras pessoas
e criarem dificuldades no trabalho, ou mesmo se organizarem em greves. (BOMFIM,
2007, p. 179)
Ainda assim, em 1934, aconteceu a primeira greve operária da indústria têxtil em
Estância, originada na Fábrica Senhor do Bonfim (CONCEIÇÃO, 2008). Não são muitos os
conhecimentos sobre o cotidiano e os problemas vivenciados naquela época. As informações
obtidas sobre a vila de Santa Cruz, por exemplo, são derivadas do jornal da própria fábrica, o
que favorece a não divulgação de situações problemáticas no local, confirmando a dominação
que era imposta pela empresa sobre a população. Acerca desse domínio, Piquet (1987) também
adverte que o poder do industrial abrange ainda aspectos ligados à ideologia, através de escolas
e igrejas presentes nas vilas.
Bomfim (2007) expõe alguns fatos do dia-a-dia dos operários da Fábrica Santa Cruz,
tais como: a longa jornada de trabalho (entre 10 e 14 horas diárias), permitida pela proximidade
moradia-trabalho; os baixos salários; o número de casas insuficientes para os empregados (os
trabalhadores menos qualificados construíam habitações precárias ao redor das vilas operárias,
em locais sem água, luz e saneamento); e a vigilância do industrial na circulação dos operários,
os quais, para circular ou sair do bairro, passavam em frente à residência principal da vila. Os
aspectos positivos são as atividades que poderiam ser realizadas aos domingos, como a
utilização do campo de futebol, a feira para aquisição de alimentos e produtos de necessidade
básica, a presença da biblioteca, do centro de recreação, as festas que frequentemente eram
realizadas, entre outras.
Piquet (1987) ainda afirma que a produção industrial contribui para mudanças na
estruturação interna das cidades, com a distinção, por exemplo, da localização dos bairros
operários. Além do fato de a cidade de Estância se expandir em direção à Vila Operária de
Santa Cruz, observa-se a associação linear entre as habitações destinadas aos trabalhadores da
fábrica a baixos alugueis, caracterizadas pela repetição de um modelo (BOMFIM, 2007). As
figuras seguintes (Figuras 5 e 6) mostram, respectivamente, uma vista recente da principal rua
da vila (Av. Santa Cruz) formada pelas residências operárias e a planta padrão correspondente.
Essas residências, como mostra a planta, são constituídas de 3 quartos sem iluminação e
ventilação naturais, sala, cozinha, circulação lateral e um pequeno banheiro externo à casa. Em
contrapartida, as habitações destinadas às pessoas de cargos mais elevados possuem recuos,
afastamentos, ventilação e iluminação mais adequadas.
9
Figura 5. Av. Santa Cruz. Fonte: Acervo pessoal, 2013.
Figura 6. Planta padrão das habitações operárias da Av. Santa Cruz. Fonte: BOMFIM, 2007.
Ressalta-se que, segundo Conceição (2008), na década de 1970, a cidade passou por
um processo de intensificação de sua industrialização e consequente urbanização, devido à
criação do Distrito Industrial de Estância (DIE) em 1974, atendendo ao Plano Nacional de
Desenvolvimento. Atualmente, a cidade conta com as indústrias Crown, Ambev, Água Mineral
Entre Rios, indústrias CIT (Consórcio Industrial Têxtil), Sergitex, Maratá, TropFruit, entre
outras (Figura 7). Contudo, estas empresas não fornecem habitações aos seus operários, visto
que, segundo o Secretário de Indústria e Comércio de Estância, Martinho Barreto, as leis
trabalhistas têm desestimulado os empresários a prover benefícios além dos que são impostos
pela legislação. De acordo com o secretário, estas indústrias buscam hoje se instalar em Estância
devido à proximidade com a BR-101 para escoamento da produção; aos recursos naturais; à
legislação considerada clara quanto ao uso desses recursos; e aos incentivos fiscais e locacionais.
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Figura 7. Vista aérea do Distrito Industrial de Estância. Fonte:
<http://i611.photobucket.com/albums/tt193/mirella_024/DSCF1122.jpg> acesso em 17 de Setembro de
2013.
3.3 Estruturação Urbana
Atualmente a indústria se encontra diversificada, com predomínio no setor
alimentício no segmento de bebidas como cerveja e sucos anteriormente citados. Em 2010, a
atividade industrial correspondeu a 43,65% de todos os bens e serviços produzidos no
município, fazendo com que Estância passasse a ocupar o 4º lugar no ranking de participação
no PIB do Estado, com contribuição em torno de 4,3%. Devido ao desenvolvimento do setor
industrial na cidade de Estância e suas novas localidades, surge a necessidade de uma nova
configuração espacial no que se refere tanto à moradia para os operários das fábricas, quanto a
subsídios e infraestrutura para suprir a demanda de pessoas e fluxos do município. A indústria
atrai mão-de-obra especializada de outros locais, principalmente de Aracaju. Porém, a mão-de-
obra barata ainda é composta pelos estancianos. Por isso, Estância depende do setor industrial
não só no que tange à economia como também à geração de emprego.
Com o surgimento das leis trabalhistas durante o governo Vargas, os operários
passaram a buscar novos centros para morar, desvinculando-se da situação de opressão e
dependência das antigas vilas operárias. Deste modo, ocorre a fragmentação das vilas, que
deram lugar ao aparecimento de diversos bairros concentradores de pessoas e serviços em
detrimento da antiga configuração.
O centro, como bairro e localidade, ainda se caracteriza como o concentrador de
atividades. É nele, ou bem próximo a ele, que se encontram as principais atividades comerciais,
de bens e serviços, ao ponto de ser um dos principais fatores de atração de pessoas. Esse fluxo
11
Figura 8. Uso do solo. Fonte:
Secretaria de Obras,
Estância/SE, 2013.
diário se torna possível graças às duas rodoviárias, uma intermunicipal e outra interestadual.
Há também duas cooperativas de ônibus responsáveis pelo transporte interno.
Assim, o centro se transformou e se mantém como o bairro mais caro e mais
valorizado. Encontra-se saturado, obrigando a cidade a crescer por meio de loteamentos mais
afastados, onde há disponibilidade de terrenos. Aliado à saturação do centro, outro problema
serviu como pretexto para expansão da cidade através dos loteamentos afastados.
Na década de 70, ocorreu um aumento da população urbana de Estância devido à
migração das pessoas do campo para a cidade, atraídas pela geração de emprego oriunda da
intensificação da sua industrialização, induzindo o gestor Valter Cardoso a construir um bairro
de caráter popular, afastado aproximadamente 5 km do centro urbano, que recebeu seu nome,
porém conhecido como Bairro Cidade Nova.
Tal bairro acolhia o excesso populacional que chegava à cidade e não tinha como
pagar os valores dos imóveis do centro. Essa população, que serviu como pioneira da nova área
de Estância, foi locada gratuitamente nas residências do bairro, havendo uma pequena parcela
de casas financiadas pela Caixa Econômica Federal. Essas residências possuíam caráter popular,
padronização, pavimento único e ausência de recuos laterais e frontal, os quais ainda são
empregados nas construções, variando para dois pavimentos em algumas edificações de uso
misto. Tais traços levam a crer que o bairro Cidade Nova apresenta na sua conformação, nas
devidas proporções, aspectos de uma cidade difusa, segundo o conceito de Abramo (2009, p.
50), “[...] ‘Cidade difusa’ com o uso do solo fortemente extensivo, de fraca intensidade e baixa
densidade predial e residencial”.
Para suporte dessas moradias, foram construídas uma rede de abastecimento de
água e uma escola pública e, algum tempo depois, criou-se um mercado municipal, além da
pavimentação das vias principais.
12
Atualmente o bairro Cidade Nova, o mais populoso da cidade, apresenta-se com
alguns conjuntos habitacionais ligados a ele, que, apesar de não estarem totalmente
regularizados pelo município, estão em direção ao seu reconhecimento, uma vez que o Estado
está promovendo sua total regularização através do usucapião, segundo o Chefe de Divisão do
Departamento de Meio Ambiente, César Franco.
O bairro apresenta uma estrutura de funcionamento interno dinâmica, possui
supermercados, lojas, restaurantes, postos de saúde, escola e centros profissionalizantes. Além
desses empreendimentos, constatou-se, na visita ao bairro, a construção do Instituto Federal de
Sergipe – IFS (Figuras 8 e 9).
Figura 8. Futuro campus IFS Estância. Fonte: Acervo pessoal, 2013.
Figura 9. Vista de uma rua próxima à construção do novo campus do IFS Estância. Fonte: Acervo
pessoal, 2013.
13
Um possível futuro efeito da implantação do novo campus do IFS no local seria a
especulação imobiliária do seu entorno, devido à estrutura de suporte, requerida pelo mesmo,
para o seu correto funcionamento.
Nota-se que a cidade de Estância apresenta-se urbanizada, dotada de um centro
consolidado e com a formação de um novo centro na região do Bairro Alagoas, alvo da
instalação de outros comércios. A maioria dos comerciantes prefere instalar seus
estabelecimentos nos Bairros Centro e Alagoas, devido ao grande fluxo de pessoas nessas áreas.
Figura 10. Vista de uma das ruas do Bairro Centro. Estância/SE. Fonte: Acervo pessoal, 2013.
A valorização de terras está ligada a diversos fatores, como localização,
infraestrutura e clima:
Agora a terra pode ser considerada como ambiente construído tendo seus maiores
retornos dos investimentos advindos dos empreendimentos urbanos, comercial e
residencial, e não agricultura. O valor da terra que produz riqueza hoje não é a
qualidade do solo, mas a localização propriamente dita. (GOTTDIENER, 1996, p. 19)
A área mais valorizada de Estância e mais cara para se viver é o Bairro Centro,
entretanto há uma expansão de residências de alto padrão para o Bairro Alagoas, tornando-se
elitizado. Em contraponto, os bairros menos valorizados, onde os alugueis são mais baixos,
como o Santa Cruz e Cidade Nova, encontram-se residências menores, precárias e muitas vezes
padronizadas, caracterizando-se por habitações populares.
14
Figuras 11 e 12. Vista de ruas do Bairro Alagoas, com residências de alto padrão. Estância/SE.
Fonte: Acervo pessoal, 2013.
Em entrevista com uma funcionária da área de financiamento de habitações da
Caixa Econômica de Estância, foram coletados dados de construção de condomínios nestes
bairros de classe de baixo poder aquisitivo. Estes condomínios serão formados em sua maioria,
por edifícios com três ou quatro pavimentos, murados, com área de lazer, piscina, destinados à
classe média. Segundo Smolka (1987, p. 64), “uma das características do capital incorporador é,
como vimos, exatamente a de promover o empreendimento certo no lugar certo para o
consumidor certo”.
Ainda segundo a funcionária, as pessoas que financiam essas habitações são,
majoritariamente, de classes com renda de 1 a 3 salários mínimos, havendo também aquisição
por aquelas de renda mais alta, a fim de lucrar com possíveis alugueis.
Em Estância, existem terrenos vazios nas regiões mais afastadas do centro, muitos
deles sendo loteados para futuras construções. Segundo pesquisas feitas e através de entrevista
com um corretor da cidade, o momento para lucrar com a venda de terrenos e com a construção
imobiliária em Estância é no presente, devido à alta procura pelos apartamentos em construção,
existindo assim muitos empresários investindo no setor.
Através dessas análises, é notória a necessidade de controle do crescimento urbano:
[...] Uma forma ou outra de gestão ou proibições políticas que regulam o mercado
livre, o controle de crescimento não trata só do controle da terra, mas efetivamente do
ritmo de crescimento. (GOTTDIENER, 1996, p. 20)
Para que haja o controle da especulação desregulada, faz-se necessária a existência
de um Plano Diretor que estabeleça as corretas diretrizes para o funcionamento da cidade de
forma justa.
15
3.4 Plano Diretor
Marcelo Lopes de Souza, em “ABC do Desenvolvimento Urbano” (2005) propõe
para as cidades uma reforma urbana e os instrumentos para alcançá-la. Explica que reforma
urbana é uma reforma social estrutural, visando melhorar a qualidade de vida da população e
elevar o nível de justiça social. Cita como seus principais objetivos: coibir a especulação
imobiliária, reduzir o nível de disparidade sócio-econômico-espacial intra-urbana e
democratizar o planejamento e gestão do espaço urbano. Acrescenta como objetivos auxiliares
relativos à redução do nível de disparidade: a regularização fundiária para a população que
vive em espaços como favelas e loteamentos irregulares e geração de emprego e renda para os
pobres urbanos. A necessidade de execução de uma política de desenvolvimento urbano
consequentemente dispõe o desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantia do bem-
estar de seus habitantes. A busca pela democratização do planejamento e da gestão urbana deve
ser gerida por um conselho com participação popular.
Atrelado a isso, o Plano Diretor de Estância (2010) estabelece como instrumento o
planejamento estratégico de ordenação e gestão, direcionador da política de planejamento e
desenvolvimento do município, orientando e integrando o uso das áreas urbanas e rurais. Traz
diretrizes a serem adotadas para a agropecuária (fortalecer as atividades agropecuárias no
território municipal), o turismo (fortalecimento da atividade turística no território municipal
como forma de dinamizar a economia e preservar recursos ambientais e culturais relevantes), o
comércio (fortalecimento da atividade comercial no município, como forma de atender a
demanda municipal e regional, contribuindo para a consolidação de Estância como polo
regional de serviços), a indústria (consolidar a vocação industrial do município, especialmente
nos segmentos de bebidas, agroindústrias, cosméticos, têxtil e equipamentos), o meio ambiente
(promover a preservação do meio ambiente através da conservação e do uso sustentável dos
recursos naturais), ampliação e melhoria da infraestrutura urbana e dos serviços básicos,
promover o ordenamento, a estruturação urbana e o sistema viário.
O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Estância está de acordo com a
teoria de Souza (2005). Há alguns programas do Poder Público Municipal voltados ao
desenvolvimento urbano ligado ao desenvolvimento social. Segundo César Franco, Chefe de
Divisão da Secretária de Meio Ambiente do município, esses programas orientam-se pelo plano
diretor como também contam com a participação da população através de representantes e
conferências promovidas pela prefeitura, a exemplo da “Logística Reversa”, que obrigam as
indústrias a darem um destino aos resíduos produzidos por elas; o programa de replantio de
árvores por diversas ruas, já que estavam concentradas somente em praças; a campanha de
conscientização de retirada de entulhos das ruas; a abolição da poluição sonora; a futura
16
implantação de um aterro sanitário que acabará com o lixão e fará parceria com a associação dos
catadores para coleta seletiva e reciclagem do lixo; a regularização fundiária de loteamentos;
programas de habitação; dentre outras melhorias.
Porém nem todas as diretrizes são seguidas pela gestão. Um dos problemas do
município é a especulação imobiliária. De acordo com os moradores, o preço do imóvel se
elevou nos últimos anos, unindo a segregação residencial. Os residentes do centro, ou próximos
a ele, estão se mudando para bairros mais afastados, deixando suas habitações para o comércio
e imóveis de alto padrão. Segundo Souza (2005), uma forma de coibir a especulação imobiliária
é o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) progressivo no tempo com fins punitivos e para
coagir o proprietário de um terreno comprovadamente ocioso ou subutilizado a dar o uso a
esse. Há também loteamentos irregulares, com a promessa de regularização através do
usucapião, também citado como solução pelo autor. As oportunidades de emprego igualmente
são preocupantes na cidade. Parte da renda é motivada através da indústria, que nem sempre
gera emprego aos moradores do município, principalmente pela falta de mão-de-obra
especializada.
Muitos desses problemas poderiam ser resolvidos ou amenizados com a
participação e cobrança de melhorias pelos habitantes. O Poder Público dispõe a população
audiências públicas, conferência, fóruns, conselhos, todavia não há devido interesse por parte
da população, bem como não há poder de decisão, a sociedade civil é convidada a opinar. É
possível que seja um dos motivos do desinteresse.
A democratização do planejamento e da gestão é, mais que um objetivo, um princípio
fundamental. Mesmo no interior de uma sociedade caracterizada por uma separação
estrutural entre dirigentes e dirigidos é possível avançar bastante nessa direção.
(SOUZA, 2005, p. 130)
A Secretaria do Estado de Desenvolvimento Urbano (SEDURB), de acordo com
Wellington Costa, Assessor da Diretoria de Relações Institucionais, desenvolve um “Programa
de Capacitação para o planejamento e elaboração dos Planos Diretores Participativos”, que
habilita técnicos para contribuírem na elaboração e revisão dos PDDUs dos municípios
sergipanos. Assim, pode-se dar suporte aos municípios, definir a melhor maneira de ocupar
espaços, prever a localização de atividades, organizar o crescimento e o funcionamento das
áreas urbanas e rurais, democratizar oportunidades, dentre outras formas de qualificar a vida
da população.
3.5 Rede Urbana
Como já explicitado, o Sul Sergipano se destaca no Estado por sua atividade
industrial, em especial o município de Estância. Dessa forma, há uma concentração de capital
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neste capaz de promover uma centralização de poder em relação às demais cidades do Sul
Sergipano. Esta centralização do poder ainda gera uma concentração de atividades econômicas
em Estância, garantindo sua hegemonia sobre as outras. Para Lencioni (2008), concentração é o
processo de acumulação de meios de produção e trabalhadores, apresentando como
consequência no urbano a concentração de atividades econômicas que podem alterar a
configuração da malha urbana e da aglomeração. A centralização do capital, por sua vez, “[...]
coloca sob um mesmo poder, um mesmo comando, o processo que mobiliza e controla os ciclos
de valorização dos capitais envolvidos.” (LENCIONI, 2008, p. 4-5). Através da centralização de
poder e da concentração de capital, Estância tornou-se um polo, exercendo, portanto, uma
centralidade capaz de influenciar municípios adjacentes.
Para se entender a relação de Estância com os demais municípios, é preciso abordar
primeiramente uma visão ampla de como as cidades se relacionam. A princípio, elas
encontram-se articuladas economicamente, cultural e politicamente, de forma direta ou indireta
e desde a escala regional à global, visto que “nenhuma cidade existe totalmente isolada, sem
trocar informação e bens com o mundo exterior; caso contrário, não seria uma cidade.”
(SOUZA, 2005, p. 50). Dessa forma, as cidades se articulam no interior de uma rede urbana. No
interior dessa rede, elas são agrupadas em categorias; no Brasil, estas consistem de forma
hierarquizada em: centro local, centro de zona, centro sub-regional, capital regional, centro
submetropolitano, metrópole regional e metrópole nacional (IBGE, 1987, apud SOUZA, 2005, p.
55).
Figura 13. Centralidade do Sul Sergipano. Fonte: GIGEC/SUPES/SEPLAN, 2007.
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Na rede urbana de Sergipe, Estância apresenta-se como centralidade do território
Sul Sergipano (Figura 14). Segundo Souza (2005), a centralidade de uma cidade é função de sua
capacidade de ofertar bens e serviços para outros centros urbanos, estabelecendo assim uma
área de influência. A articulação entre Estância e as demais cidades configura-se principalmente
por meio do setor econômico, através do comércio, serviço e indústria, que permite que a
população dos municípios próximos supram suas necessidades, que até então não são possíveis
na sua localidade. Com essa centralidade, Estância representa a categoria de Centro de Zona A,
com capacidade de influenciar as áreas imediatas (IBGE, 2007) que são representadas pelos
municípios de Arauá, Itabaianinha e Santa Luzia do Itanhi (Figura 14).
Figura 14. Movimento de
centralidade urbana, Sul
Sergipano. Fonte: SOUZA,
2008, p.164. Adaptado.
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Além desses, Estância torna-se destino da população dos demais municípios do Sul
Sergipano e também do norte da Bahia, como Rio Real, Cachoeira e Conde. Essa articulação
origina-se da potencialidade dos serviços ofertados no município que compreende comércio
varejista, administração pública, serviços bancários (seis agências) e educacionais, atendimentos
médicos, oferta de empregos, feiras, lazer, transportes, entre outros. Todavia, Aracaju ainda
representa a posição hierárquica e exerce sua centralidade sobre os municípios sergipanos
(IBGE, 2007). Assim, com sua hegemonia e com a facilidade dos meios de transporte, Estância e
os demais centros relevantes não configuram uma ameaça a sua superioridade. É importante
ressaltar que “a mobilidade espacial é função da renda, e isso influencia decisivamente a
maneira como a rede urbana é vivenciada e a própria estrutura da rede” (SOUZA, 2005, p. 61).
Com facilidade de transporte, proximidade e renda suficiente, muitas vezes a população dos
municípios vizinhos deixa de ir ao centro mais próximo para ir direto a Aracaju, local mais
provável de atender às suas necessidades, como serviços de medicina avançada.
Estância possui, além da oferta de bens e serviços, uma centralidade cultural
proporcionada pelos seus pontos turísticos e festejos juninos com suas tradicionais quadrilhas e
o inusitado Barco de Fogo. Apesar de sua centralidade cultural, os investimentos para
implantação de infraestrutura a fim de capacitar o município para recepção da população
externa ainda são difíceis de serem percebidos. Entretanto, segundo César Franco – Chefe de
Divisão do Departamento de Meio Ambiente – existe uma preocupação com investimentos
futuros na área do turismo.
Devido à proximidade com a BR-101, Estância conta com uma facilidade de
comunicação entre cidades. Equipada com duas rodoviárias, uma intermunicipal de pequeno
porte e outra interestadual de médio porte, o fluxo de pessoas que transitam no município é
grande se comparado aos adjacentes. Partindo-se disso e de sua oferta de serviços, é possível
notar a superioridade do número de relações que configuram a dinâmica da cidade. Esta pode
permitir a classificação de Estância como um espaço de rapidez quando comparada a
municípios de centralidade local. Estes espaços se conceituam do ponto de vista social como
“aqueles onde é maior a vida de relações, fruto da sua atividade econômica ou sociocultural, ou
então zonas de passagem, respondendo a necessidades de uma circulação mais longínqua”
(SANTOS e SILVEIRA, 2008, p. 263). Os espaços de rapidez são marcados por um número
maior de vias, transportes públicos e privados. Na visita a Estância, foi possível observar as
relações internas registradas durante uma parte do horário comercial; algumas delas foram: a
quantidade de pessoas no comércio e o número de automóveis superior ao qual a infraestrutura
suporta, ocasionando faltas de lugares para estacionar.
Devido a sua estrutura urbana e centralidade, Estância vem crescendo e atraindo
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novos estabelecimentos, incluindo os educacionais. Estes são representados pela implantação da
Universidade Tiradentes (Unit) e da construção do novo campus do IFS. Além desses, ainda
está prevista a implantação de um campus da Universidade Federal de Sergipe, que será
destinado aos cursos de Engenharia. Assim, Estância tem uma perspectiva de se tornar um
espaço luminoso, definido por Santos e Silveira (2008) como locais que acumulam densidades
informacionais e técnicas que possibilitarão atrair atividades que necessitem de maiores
quantidades de capital, tecnologia e organização.
4 Considerações
Baseado nas pesquisas realizadas em campo, órgãos públicos, dados, entrevistas,
dissertações, sites e livros referentes ao Planejamento Urbano e Regional, Estância e Sul
Sergipano, tornou-se possível um breve entendimento do funcionamento e das relações que
conectam pessoas, economia e meio ambiente, dentro e fora das cidades onde coexistem.
Explicitou-se a posição de Estância como polo centralizador do território, devido
inicialmente a sua industrialização no final do século XIX, levando à modificação na
estruturação urbana, anteriormente rural, bem como a mudanças necessárias para sua
manutenção. Hoje, passado mais de um século, o município segue outra lógica de crescimento,
tanto urbano quanto econômico, apesar da contínua vinculação industrial, responsável pela
produção de capital e geração de empregos. O comércio se desenvolveu, a vida citadina se
tornou mais dinâmica, a terra urbana sofre com a especulação imobiliária, encarecida na região
próxima ao centro da cidade, a qual abriga a maioria das lojas e serviços. A diferenciação de
classes sociais é visível, há o distanciamento das mais baixas a um espaço excludente, carente de
equipamentos públicos e essenciais a qualquer cidadão.
Estância, como participante ativa da rede urbana de Sergipe e espaço de fluxos, não
poderia se desenvolver sem um Plano Diretor, instrumento capaz de induzir e conduzir seu
crescimento. Entretanto, o desenvolvimento que se deve buscar alcançar é o urbano, que é o
desenvolvimento sócio-espacial, definido por Souza (2005, p. 101) como “mudança social
positiva que é, simultaneamente, uma transformação das relações sociais e do espaço”,
necessitando, portanto, de melhorias na qualidade de vida de grande número de pessoas e de
justiça social, em detrimento aos anseios empresariais.
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