20
JoAo Peur,o AvnrAs NuNps Avrfnrco FnuRE (coord.) HISToRIoGRAFIAS PoRTUGUESA E BRASILEIRA NO SECULo xx OIuARES CnuzADos I IUPRENSA DA UNIVBNSIDADE IIE COIIBNA COIIIBRA UNIVERSTIY PRESS u Y IGV 2013.COtMBRA

A primeira historiografia da Indústria Portuguesa (1881-1930)

  • Upload
    aveiro

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

JoAo Peur,o AvnrAs NuNpsAvrfnrco FnuRE

(coord.)

HISToRIoGRAFIASPoRTUGUESAE BRASILEIRANO SECULo xx

OIuARES CnuzADos

IIUPRENSA DA UNIVBNSIDADE IIE COIIBNA

COIIIBRA UNIVERSTIY PRESS

uY

IGV

2013.COtMBRA

Direcgio da colecgio Hist6ria contemporineilMaria Manuela Tavares Ribeiro

Os originais enviados slo sujeitos a apreciagio cientifica por rcferees

Coordenagio EditorialMaria Joio Padez Ferreira de Castro

EdigioImprensa da Universidade de CoimbraEmail: imprens auc@ ci.uc.pr

l{RL.: http: / /www. uc. pt/ i mp rensa_ucVendas online: http:/llivrariadaimprensa.uc.pr

DesignAnt6nio Barros

Infografia da CapaCarlos Cosra

InfografiaIsaac Caetano

RevisioMarlene Taveira

Imagem d,a Capa"Navio-Museu Santo Andrd - Museu Mar(timo de ilharo" , 2013, IUC.

Impressio e Acabamentowww. artipol. net

ISBN97 8-989 -26-0645-3

Dep6sito Legal367 445 I 13

Obra publicada com a colaboragio de:

2I hi*iqut*r,::,*..^

Obra publicada com o apoio de:

Este trabalho € financiado por Fundos FEDER atravis do Programa Operacional Factores decompetitividade - GOMPETE e_por Fundos Nacionais atra*s da rir - Fundagio para aCi€ncia e a Tecnologia no Ambito do projecto PEst.C/HIS/UlO46Ot2Oll

Projeto n." FCOMP-01-0 124-FEDER-022660

FCT Fundagio para a Ci6ncia e aTecnologiamrfrro m crfrqclA,molG[ E ENsNo supiRroR hd

t{COTTIPETE

QijAf,lRl.] -ilf" lt[J:l;EtMiAi:51fr4i[0ici]riAf":i(ir{*t.

UIf,AOEUROPEIA

Furdo Europeldekerwofoknefito Hiond

@ Novembro 2ol'Sr rmprensa da universidade de coimbra

A PRIMEIRA HTSToRIoGRAFIADA INousTRrA PoRTucuEsA (188L -1930).

Unne sinsrEsE

MeNunr FnnnnIRA RoonrGUES

Reunir, catalogar por assim dizer, todos os aspetos e rnernorias

da nossa uitalidade industrial, que se acbarn dispersos pelos liuros

e documentos, quer-nos parecer que 6 uma empresa patri6tica

(Sousa Viterbo, 1892)

Autores, textos e contextos

Uma vez que para a utopia romintica, de cariter retrospetivo, o hori-

zonte ideol6gico era a ressureigdo da alma nacional, apenas uma hist6ria

era possivet a hist6ria da pitria, a hist6ria do gdnio da Nagcio, uma hist6ria

vocacionada para .inspirat a agtro politica e reforgar o consenso nacional,

(Catroga, L993: 550). Desse modo, a atragdo pela Idade M6dia, tida como

Idade do Ouro, como "6poca da robustez moral da nagZo' (Herculano, L886:

134), como .cadinho das liberdades burguesas, nricleo da nobreza. de caritere da honra, origem de guerreiros ilustres e da indole portuguesa, (Ferreira,

s.d.: 96), morigeradora de um presente tido como decadente, vai conduzir

a. geraqd"o de Herculano e Garrett (e as dos seus discipulos diretos) a um

desinteresse por uma hist6ria recente, se excetuarmos alguma literatura com

preocupag6es sociais e uma .historiografia da anralid2ds,, mais de natureza

375

HISTORIoGf,.AFIAS PoRTUGUESA E BRASILEIRA No sEcULo XX. OLHARES cRUzADos

politica, que surgiu, como refere Fernando Catroga (L9932 t49 " 557),.ide-ologicamente interessada em analisar ou em catrear informag6es que pu-

dessem seryir de ponto de partida para a explicaglo e legitimaglo hist6rica

do novo regime". Mesmo na literatura da primeira metade de Oitocentos,

como diz Alberto Ferreira (op. cit.: 99), .ntro 6 possivel pensar em poesia do

quotidiano (Cesdrio), nem em capacidade inspiradora do progresso material(Guilherme de Azevedo)".

De certo modo, esse programa historicista estrutura, tamb6m, a Histdriade Portugal nos sdculos xwr e xwl (1860-1871) de Rebelo da Silva, discipulo

confesso de Herculano. Ao yalorizar o s6culo xvII e a Restauraelo - enten-

dida como uma refundaqtro da pdtria -, Rebelo da Silva parte de alguns

dos pressupostos ideol6gicos e epistemol6gicos anteriores, que sustentavam

o apego do primeiro romantismo i Idade M6dia (Macedo, 1971; Catroga,

1985 e Torgal, 198D. A diverg6ncia 6 protagonizada pela .geraglo nova,.

Os homens da Geraglo de 70, com destaque paraAntero e Oliveira Martins,

divergiram de Herculano na forma como olhavam a Idade M6dia, nio es-

condendo o seu fascinio pela Renascenga e pelos Descobrimentos (Catroga,

1982:31). Nesse contexto, seria muito dificil a emerg6ncia de uma historio-

gtafia da indfistria, mesmo que perseguisse, justificadamente, o fim riltimoda historiografi a hercula niana.

As importantes comemorag6es camonianas (1880) e pombalinas (1882),

os inqu6ritos industriais de 1881 e de 1890, as sonhadas reformas do ensino

industrial (de 1884 e 1888), as exposig6es distritais (Aveiro, 1882; Guimarles

e Coimbra, 1884), a conjuntura internacional e os seus efeitos no nosso pais,

testemunham, especialmente ap6s a grave crise de '1,89O-L892, um olhar dife-

rente sobre o presente € sobre o passado. De resto, a industrializtqdo do finalde Oitocentos vai desempenhar um papel decisivo nessa mudanga. Como sa-

lientam l.eonor Freire Costa et al. (20L L: 313) .a caracteristic a mais importante

do desenvolvimento da economia portuguesa ao longo do s6culo >ox foi a sua

progressiva, embora lenta, industializaqdo,, pois .o setor industrial passou

de l3o/o do produto interno bruto, em 1850, para, cerca de 27o/o, em 1"9L0,.

No entanto, nlo obstante o produto industrial ter crescido <cerca de 2,60/o

ao arto, quando o setor agt5;rjo cresceu apenas d taxa de O,7o/o,.a industria-

lizagio da economia acabou por nio ser suficiente para recuperar do atraso

376

A PRIMEIRA HISToRIoGRATIA DA INDT,STEIA PoRTUGUESA

relativamente aos pafses mais industrializados da Europa' (ibidern), acabando,

desse modo, por alimentar os discursos decadentistas finisseculares.

A primeira historiografia da indristria portuguesa nasce num contexto, pri-meiro, de critica e, depois, de crise do liberalismo, e encontra algumas das

suas refer€ncias matriciais em autores mais conotados com a defesa da in-dustrializagio e da modernizaglo de Portugal do que pelo seu labor historio-

grilfico, como Acfrsio das Neves (1766-1534), Oliveira Marreca (L805-1889),

Pereira Caldas (1818-1903), Fradesso da Silveira (1825-187), Brito Aranha(1833-1914), Gerardo Augusto Pery (1835-1893), e, de outro modo, Oliveira

Martins (1845-1894) e Te6filo Braga (1843-t924). Essa historiografia dd os

primeiros passos nt d€cada de L880, no quadro da crescente importincia que

a indristria adquire nas estrat6gias e nos discursos politicos, sob presslo dos

ecos da industrializaglo europeia e das exposig6es mundiais da indristria.

O nacionalismo constitui, sobretudo a pattir do trauma de L890-1891,

uma avassaladora forga centripeta. A nascente historiografia da indristrianlo ficou indiferente a esse fen6meno. Todavia, penso que existe uma inter-relagio complexa e indeterminada entre textos e contextos, isto 6, se as con-junturas modelaram o olhar e o discurso desta historiogtafia, ela constitui,outrossim, um elemento fortemente estruturador desse contexto, pelas suas

carateristicas pedocutivas, porque alguns dos seus autores se assumiam e

eram aceites como clercs da nova sociedade. Esses textos, bem como os

seus subscritores, pelas suas singularidades biognificas, como pela sua di-versidade prosopogrifica, parecem constituir parte significativa dos tragos

estruturais do periodo considerado. A situaglo politica, econ6mica e social,

o relacionamento entre centros e periferias, os mecanismos de produglo,difusio e recegio das ideias, a topografia social e geogrdfica dos historia-dores estudados, constituem, por certo, um amplexo de fen6menos que se

conexionam de forma diversa, alheia a qualquer tipo de univocidade oudeterminagio. Por essa raztro, s6 em coniunto os textos estudados ganham

sentido e permitem perceber as suas virtudes e debilidades individuais. Ahistoriografia, como forma cultural e expresslo sociocultural de uma €poca,

regista como um sism6grafo as grandes convuls6es da sociedade; quando

o nio faz de forma explicita, f6-lo pela, omissio, pelo sil€ncio. A este pro-p6sito, E. H. Carr 6 categ6rico: .Neo existe indicador mais significativo do

377

HISTORIOGRAFIAS PORTUGUE$A E BRASILEIIA No SBGULo XX. OLHARES cRUZAI,os

careter de uma sociedade do que o tlpo de hist6ria que se escreve ou nloconsegue escrever' (Can, 1,986: 37).

Entre 1.881 e L93O, foi possivel reunir seis dezenas de estudos sobre hist6ria

da indristria, assinados pot 25 autores. Estes nfmeros devem ser entendidos de

forma lata, mais como uma amostf,a da produEio historiognifica de uma 6poca

do que um inventirio, como, de resto, tive de proceder em relagio ao conceito

de indristria que, nesta 6poca,6 bastante imprecisa (Rodrigues, 199D. Assim,

6 possivel discordar da incluslo de alguns textos, como os que seriam mais fa-

cilmente catalogados como hist6ria da arte, ou os extensos inventSrios de no-

mes de artifices perdidos na documentagio de arquivo, ou, ainda, os estudos

de Iobo d'Avila, Fernando Emidio da Silva ou Campos Lima, como se poder6

estranhar nlo ter considerado estudos como os de Jolo Gomes de Oliveira

Guimarles (1886), Ramalho Ortiglo (1891), Ant6nio Augusto Gongalves

(1898),Jolo Faustino Nazoni da Costa (s. d.), ou o de H. P. Taveira (1923),ifidt-

cados na bibliografia. De fora ficou a andlise das conceg6es historiogr6ficas do

Boletirn do Trabalbo Industri.al (19O6-193D que, nio obstante ter destacado

os contributos deJos€ de Oliveira Sim6es e de Anibal Ferreira Cabido, merece

traamento aut6nomo, ou os muitos artigos e entradas sobre empresas, empre-

sdrios, t6cnicos e operfrios, publicados nos diciondrios e obras coletivas deste

periodo - com destaque para o Dtclorui.rio de Esteves Pereira e Guilherme

Rodrigues -, cujo inventirio e estudo continuam por faz.et

Os textos reunidos apresentam a seguinte distribuigio, por d€cadas: 1881-

1890: 10; 189L-1900: 10;190t-1910: 13; 1911.-1920: 15; e r92t-r930: 13 estu-

dos. A temSfiica mais frequente 6 a cerimica afiistica (olaria, louga e azulejos),

mas marcante 6 a diversidade, incluindo texteis, tapegaria, tinturaria, papel,

vidro, cristal, metais, fundiglo, ourivesaria, armas, moagem, marcenaria, cal-

gado, etc. O que Cados da Fonseca diz sobre Esteves Pereira em boa medida

poderia ser dito sobre muitos destes estudiosos: cA atividade investigadora de

Esteves Pereira 6 duma fertilidade extraordiniria. Entre monografias, artigos,

ou simples apontamentos, engloba as indristrias de palitos, rocas, alfinetes,

m6veis, sabio, f6sforos, penas de escrever, grayatas, papel, vidro, azulejos,

porcelana, lanifilcios, chap6us, etc. [...]' (Fonseca, 197D,

Estes textos foram inicialmente publicados em jomais - esta 6 outra

das raz6es da sua dificil contabiTizaSo -, revistas, cat6logos de exposig6es,

37E

A pnTTTTTNI HI$TORIOGf,AFIA ITA INDfSTRIA PORTUGUESA

relat6rios, etc., ou apresentados perante priblicos alargados, em palestras e

confer€ncias, ou em relat6rios setoriais, realizados por iniciativa pr6pria, por

determinaglo governamental, a pedido de associag6es, clubes, etc. A sua cro-

nologia est6 em estreita relagio com os calend6rios de feiras e orposig6es

industriais, de impacte nacional ou regional, e com a crescente importincia

do conhecimento estatistico de Portugal. Importava estudar estes escritos em

conexeo com esses eventos, como convinha ver de que modo constituem

instrumentos de identidade local ou regional. A sua compilaeeo e posterior

publicaglo na forma de liwos ou de pequenas brochuras decorrem de outro

tipo de fen6menos, a que nio 6 alheia, certamente, a emerg€ncia de novas

elites e a afirmaglo de algUns espagos municipais ou regionais. Slo trabalhos

individuais - apenas dois resultaram de uma parceria -, embora os seus auto-

res se conhecessem pessoalmente e publicassem coniuntamente em revistas

que fundaram ou dirigiram.

Pela sua natuteza., muitos destes estudos inscrevem-se numa hist6ria local,

mais devedora do magist6rio de Herculano que de uma ideologia regionalista

difusa. O .velho, Mestre sonhava com urna .hist6ria local,, elabotada em {ror-

mas uniformes, de modo que um dia se pudesse.formar um grande e amplo

reposit6rio', <ulna fonte de abundantes materiais para se reconstruir a hist6ria

pdtria,,um <rnonumento, que perpetuasse .avida e a finalidade da nossa glo-

riosa Nagio' (apud Mendes, 1993t 17 A.Nio sendo estudos de hist6ria da indfstria como a concebemos hoie - nem

a disciplina possuia estatuto aut6nomo -, os seus autores raramente eram re-

feridos como historiadores. O mesmo se poderia dizer da Hist6ria Econ6mica

e dos seus cultores. Adriano Antero (l9o7z7), irritado com a confusio entre

Hist6ria Econ6mica e Economia Politica, recusando o epiteto de .economista',

retorquia: .nio somos economista, somos apenas um humilde historiador'.

Ao contr6rio das gerag6es anteriores, maioritariamente formadas na

Universidade de Coimbra, os historiadores recenseados t6m uma formaglo

acad€mica muito diversificadai s{tram tamb6m dos institutos industriais e co-

merciais, do Curso Superior de Ietras, de escolas superiores de artes, me-

dicina, ou de engenharia, portuguesas ou estrangeiras. H6-os mesmo sem

formaglo superior, como Marques Gomes ou Joaquim Barosa. Sio m6dicos,

advogados, engenheiros, gestores, jornalistas, padres, militares, bibliotecdrios,

379

HISTORIOGRATIAS PORTUGUESA E BRASILETT^ N(, SEGIILO XX. OLHARES CRUZADOS

funciondrios pdblicos, etc. Todos autodidatas, no tocante i hist6ria das ativi-dades transformadoras, artesanais ou industriais. por isso, a sua intervengiocultural 6, no conjunto, igualmente diversificada. A par M atividade profis-sional, estes autores dedicaram-se i tradugio, ao romance, i critica de arte,ao colecionismo (de nattJreza..patri6tica, e cientifica), e at6 nos dominios dapoesia e da ficgdo rornanesca, ou teatral, deixaram fftatcaassinaldvel.

Na investigagio hist6rica cultivaram, a pN da temitrca industrial (com in-teresse esmagador pelas atividades oficinais), a arqueologla, a hist6ria dosDescobrimentos, a hist6ria das corporag6es e oficios, a diplomitic a, a epigrafia,a etnografia, a numism6tica, a biografia e a genealogia, mas, tamb6m, a hist6riada mrisica, a hist6ria da mulher e a hist6ria econ6mica, a hist6ria das festas,dos usos e costumes, a hist6ria do movimento oper6rio, chamando a atenEiopat" o lamentavel estado em que se encontravam os arquivos, nomeadamenteos municipais, e para a necessidade de se vad.orjzat o ensino industrial.

os historiadores das duas primeiras d6cadas pertencem, sob diversos pon-tos de vista, i Geragio de 7o. Nio espantanl, assim, o predominio das conce-g6es organicistas, evolucionistas e transformistas. o organicismo krausiano,inimigo do liberalismo como do socialismo, defendendo a liwe associagiocomo panacera palz a solugS0 do conflito capitaLtabalho, pugnando por umEstado-drbitro de mriltiplas atividades federadas, segundo o principio da bar-tnonia, parece constituir iustificagro bastante pata o alheamento do emergentemundo da FStbica. Explicar-se-ia, assim, a escassez de olhares sobre o .inte-rior' das fdbncas, sobre produgio, tecnologia, opefirios, acidentes de trabalho,greves, etc. Alguns textos do Boletitn d.o Trabatbo Industri.at e os estudos deEmidio da silva, Iobo dAvila e campos Lima revelam uma timida mudanga deatitude, mas jd entio se fazia sentir a influ6ncia das corentes neorrominticasdo final de Oitocentos e inicio de Novecentos (pereira, l9S3r- 845).

Nos primeiros anos da I Repfblica, os estudos hist6ricos mostram urlamaior preocupagio com os problemas sociais e politicos decorrentes da im-plantagio do novo regime e dos efeitos da Guerra. Nos anos 20, surgem traba-lhos de uma enorrne variedade, quando a exaltagio nacionalista se aproximado paroxismo. Os lugares comuns do historicismo oitocentista servem entio,cada vez mais, designios de flattJreza antipadamentaf, antipartiddia e an-tiurbana. surgem as primeiras reag6es contra esses paladinos da glorificaqio

3EO

A PRIMEInA HTSToRIoGRATIA I,A INI,Ii$TB,IA PoRTUGUESA

nacionalista da Hist6ria, enquanto se desenvolvern estudos etnogrSficos e his-

t6rias locais de caiz.bairrista,. E not6rio um empobrecimento ao nivel das

fontes, da metodologia, como dateoizagio.Entre os 25 nomes inventariados (ver Quadro anexo), tr€s merecem des-

taque, pela inovagio e pelo pioneirismo em muitos dominios do imenso

e probo labor que nos legaram: Joaquim de Vasconcelos, Sousa Viterbo e

Esteves Pereira.

E consensual a importAncia do contributo deJoaquim deVasconcelos para

a Hist6ria da Arte em Portugal (rominico, artes decorativas, tor€utica nacio-

nal, etc.), como slo reconhecidos os m6ritos da sua atividade como arque&

logo, etn6logo, fil6logo, historiador da mrisica e da literatura, mas raramente

6 reconhecida a importincia do seu contributo para a hist6ria da indristria,

nos dominios dos tecidos, ceremica, vidro, mobiliirio, tipografia e metalurgia,

se excetuarmos a refer€ncia encomiistica ao seu envolvimento na criagio e

realizagdo do Museu Industrial e Comercial do Porto, de que foi conservador

(Gomes, L978:'1,64 e 168). O Museu proporcionou-lhe contactos com o mun-

do empresarial do Norte de Portugal, levando-o a participar no debate sobre

a questzio pautal, muito embora defendesse as indfistrias popul.ares. Bate-se

pela.verdade hist6rica', contra o.excesso de patriotismo dos seus confrades,

expressando um nacionalismo heterodoxo que confere sentido, coer€ncia e

unidade ao seu discurso historiogrifico.

A atengio que Sousa Viterbo dedica i dimensio t6cnica dos fen6menos

faz dele quase uma.excegio no ambiente cultural de generalizada misotecnia.

Visando uma completa compreensio dos fen6menos hist6ricos, o seu olhar

det6m-se nos ponnenores t6cnicos, analisa as caracteristicas formais, t6cnicas

e materiais dos artefactos, sejam edificios, m6quinas, armas ou utensflios,

como atribui um valor testemunhal e patrimonial aos vestigios arqueol6gicos,

contra a corrente que viria a fazet do documento escrito mat6ri? exclusiva

da construglo historiogdfica. Viterbo 6 um dos primeiros a usar a expresslo

Arqueologia Industrial, embora esta disciplina seja hoje diferente do que ele

propunha em L896. Mas esse aspeto distintivo da sua vastissima obra (mais de

300 titulos) releva do mesmo fen6meno - o nacionalismo - que encontrou na

arte e na hist6ria os meios da sua legitimagio. Como homem da Geragio de

7O, alirfinva com a tese de que o progresso material sem progresso moral era

381

HISTonIoGRATIA$ PoRTUGUBSA B Bf,,ASILEIIA n.o sEcULo XX. OLHARES GRUzADos

uflra perversio, pois a.vida nio pode ser uflla esnipida pdgrna de escrituraglo

comercial, (Viterbo, 1912t 3).

Em Esteves Pereira a hist6ria das indristrias - especialmente as dos s6cu-

los xvttt e )trx - ocupa um lugar central, tendo chegado a ser professor de

Economia Politica e Hist6ria da Inddstria. Assim, este .apaixonado pelos estu-

dos hist6rico-industriais do nosso pais' estava atento a um vasto conjunto de

fontes do seu presente que escaparam i atengd.o dos restantes historiadores.

Essa diferengafaz de Esteves Pereira um dos primeiros, se nlo mesmo o pri-

meiro historiador das atividades industriais a dar um lugar central aos aspetos

de naitreza econ6mica, a atribuir um protagonismo essencial aos grandes

empresdrios, dando import6ncia, enfiio rata, i organizaqio do trabalho das

f6bricas, is mdquinas (incluindo informaglo sobre marcas e proveni€ncia),

i mio de obra especializada is mat6ria-primas e aos custos e mercados dos

produtos. A critica de documentos dessa natureza exigia a exist6ncia de uma

mem6ria, de uma tradigio historiogn4fica, de mecanismos institucionais, no

dominio da investigagZo, que ainda nilo existiam.

A concluir

Considerada na sua globalidade, a historiografia deste periodo 6 diver-

samente herdeira dos legados de Alexandre Herculano, Oliveira Martins e

Te6filo Braga. Com todas as insufici€ncias e erros que hoie possamos apontar-

-lhe, foi, em muitos dominios, inovadora. O facto de alguns caminhos trilha-

dos ou sugeridos terem permanecido no olvido durante d6cadas constitui um

problema de capital import6ncia, pata o qual importa encontrar respostas, no

imbito da hist6ria da produgdo, difusio e receglo das ideias, em Pornrgal.

Ainda que o seu patrim6nio concetual fosse escasso, essa historiografia

encerra, surpreendemente, um enorrne desejo de compreensio do passado

como condiglo de transformaElo do seu presente, de modo a fazer alinhar

Portugal, descomplexadamente, com as demais nag6es da Europa industria-

lizada. E evidente, na sua espantosa diversidade, nio um.combate pela his-

t6ria,, mas um combate por uma certa conceglo de Estado e, como a res-

tante historiografia, faz de Portugal o seu obieto de estudo, mesmo quando

3E2

A PaITTaIRA HTSToRIoGRAFIA I,A INDtrSTITA Pof,TUGUESA

inventaria fdbricas ou aprecia decoraglo cerimica. No entanto, esses textos

contCm as perplexidades, as interrogag6es e as respostas que foi possivel dar

ou encontrar nos contextos sociais e culturais que modelou e em que foi mol-

dada. Por isso, entendo que s6 um espirito positivisa poderia olh6-los com

um sorriso condescendente nos l6bios, como se esses textos se situassem

numa qualquer idade .teol6gica, ou .metafrsica, do saber hist6rico. A este

prop6sito, Georges Gusdorf (1988) adverte: .os melhores liuros escondem

os menos bons; a fltima hist6ria a ser feita anula as hist6rias precedentes,

identificando-se com a pt6prta verdade, provavelmente com uma vers6o defi-

nitiva, ne uarietur, de que os sdbios se aproximam pouco a pouco'. Importa,

isso sim, conhec6-los, olh6-los dialogicamente como rica e vaiada produgio

cientifica e cultural, e faze4 desse trabalho de Sisifo, uma reflexio sempre

inacabada sobre as condig6es, as realizag6es e natureza da historiografia

portuguesa no seu conjunto.

Foi copiosa e multimoda a atlidade desses investigadores, como foram

mriltiplas as 6teas disciplinares cultivadas. No entanto, essa enorrne diversida-

de de objetos de estudo cingia-se, grosso modo, aos s6culos xv e xvl. De uma

forma ou de outra, todos esses historiadores carrearam um cicl6pico acervo

documental pata uma compreensio multifacetada dos Descobrimentos e da

E>rpanslo; abiram perspetivas para a compreensio de inrimeros enigmas,

legando-nos, nessa tarefa, uma mem6ria hist6rica sobre esse periodo que ha-

bita a historiografia atual e que devemos interrogar i luz das condicionantes

e mundiviv6ncias do tempo da sua escrita. O predominio dos estudos sobre a

sociedade, as instituig6es, a economia e a arte dos nossos sdculos xv e xvl, e

sobre os Descobrimentos, constitui, pois, uma caracteristica dominante da cul-

tura portuguesa desde final de Oitocentos, especialmente depois da Geragio

de 70. Alfredo Pinheiro Marques (1991) afirma mesmo rque Herculano 6 exce-

gio rinica na preocupagio ultramarina da historiografia portuguesa'.

A par da atragtro pelos s6culos xv e xvl, e por ttz6es diferentes, flras cone-

xas, assiste-se a um interesse igualmente crimplice pelo consulado pombalino.

A historiografia da indfsuia - e de um modo geral toda a cultura portuguesa

desde as duas fltimas ddcadas do s6culo )o( - tem uma atitude historicista

perante o Marqu6s de Pombal. O ministro de D. Jos6, idolatrado ou mal-

-amado, 6 mitificado por um processo tipicamente historicista, como o havia

383

HISTORIOGRAFIAS PORTUGUESA E BRASILBIT^ f,(' SG]ULO XX. OLHARES CRUZADOS

sido cam6es. 6 que o mito, que € o nada que 6 urdo, rro dizer de pessoa, 6uma forma de dizer o indizivel. Assim, as estrat6gias politicas e culturais definais de oitocentos encontravam no poder pombalino a imagem legitima-dora, a refe€ncia mitica e aglutinadora de vontades, geradora de consensospata fazet face ao meta-problema da regeneraglo do presente .decadente,.

Essa mitificagzo assenta, pois, em pressupostos de nafilr.eza ideol6gica. E umadeterminada concegio de Estado que a mem6ria de pombal releva, pelo quepoderia dizer que estamos, diversamente, perante uma hist6ria mais politicado que econ6mica, industrial ou artistica. se atentarmos na sua subordinagiod nartativa, cronologia e periodizaglo (por reinados e dinastias) da historio-grafia politic? coeva, concordaremos com a fi$teza da apreciagio.

Podemos invocar elementos de indole econ6mica e social, como muitose variados fen6menos de naixeza. ideol6gica e politica p ra

^ compreensio

dessas opg6es tem6ticas e cronol6gicas, pela historiografia das atividades in-dustriais. Como diz Fernando Cattoga,.a hist6riar i boa maneira do s6culo >o<

(ou melhor, um dado perfodo dela) 6 convocada para legitimar o presente--futuro atrav6s de um trabalho assente na reativagtro do passado, o que lheconferia caracteristicas de uma reconstituigio unilateral e seletiva, porque lidai luz dos interesses do presente'. compreende-se, deste modo, porque 6 que

a esmagadora maioria desses trabalhos de hist6ria do setor secunddrio sio,tamb6m, textos de tribuna social e politica, discursos do poder, exigindo, para

a sua compreens2io, uma andlise cuidada, integrada no conjunto da produgiocultural desse periodo.

Nlo estamos perante uma hist6ria da indristria como hoje a entendemos,

mas perante textos medularmente nacionalistas, exaltadores de uma qualquerid.ade de ouro, s$a ela configurada pela mistica, 6tica e €tnica definiglo de

Pouo - abracadabra virginal -, ou pela fabulosa e fabulada mem6ria das gran-dezas do Iml6rio, ou, ainda, pela intensa, polar, mas igualmente fugaz, agtro

govemativa de um grande bomcm, como Ericeira ou pombal.

Esta historiografiavive paredes-meias com a hist6ria da arte, a etnografia,a museologia e a exegese literdtrja. Tal situagio testemunha a averslo que

esses investigadores tinham ao dinheiro e a toda a cultura que a sociedade ca-

pitalista engendrava, com tudo o que tinha de equivoco e verdadeiro aos seus

olhos. Essa mesma razio explica, em parte, o predominio de estudos sobre

3E4

A pnIMErRA HrsToRIocRAFrA DA fxnrsrnre poRTUGUEsA

certos setores, como a ceramica decorativa, a porcelana, o vidro, o mobili6rio,a tipografia, o papel, os tecidos, as rendas, atapegaia,a ourivesaria, e a quase

aus€ncia de trabalhos sobre minas, metalurgia, cutelaria, saboarias, curtumes,

produtos quirnicos, etc., assim como a quase inexist€ncia de um qualquer

esbogo de compreensio econ6mica, social ou tecnol6gica dos setores estuda-

dos. E que os primeiros evocavam e invocavam a mem6ria desses passados

miticos, como configuravam o perfil das estrat6gias de diversos setores da

intelectualidade para a sociedade portuguesa.

O bin6mio decad€ncia/nacionalismo penettaya, como disse, todos os dis-

cursos historiogr6ficos, conferindo-lhes unidade e sentido. Assim, 6 quase

tautol6gico referir essa caracterfutica comum a toda a historiografia analisa-

da' contudo, 6 possivel entrever uma evolugio que importa sublinhar. Em

finais de oitocentos, apesar da .fitia patrt6ica, que Joaquim de vasconcelos

verberava, hava arnda uma grande abertura e disponibilidade para receber

influ€ncias exteriores, os livros e as revistas circulavam; a nossa historiografia

tinha construido, at6 entlo, uma mem6ria que, de outro qualquer modo, lheteria possibilitado a concretizagio de inrimeros projetos esbogados, envere-

dando por caminhos apontados ou questionando, at€, o sentido dos percur-

sos anteriores. Assim, se no final do s6culo xD( era possivel acompanhar as

ideias da Europa culta, a partir do final da Grande Guerra, essa comunicagro

6 crescentemente rcfreada; regista-se um enquistamento de caiz xen6fobo.A um sistema ecl6tico mas aberto, disponivel para registar, recolher, estudar

e propagandea4 vai sobrepor-se um outro, mais fechado e acad6mico. A bi-bliografia estrangeira citada sofre uma significativa reduglo. No dominio das

fontes, verifica-se, igualmente, uma evoluqzo no sentido da absolutizagtro dodocumento escrito, especialmente do arquivistico, ou repetem-se os trabalhospublicados hi muito.

Esta historiografra realiza uma permanente releituta da obra de JacomeRatton, Actirsio das Neves e Fradesso da silveira, entre outros. sem estes au-

tores jamais se compreenderio os textos analisados. A par destes, Joaquimde Vasconcelos, Sousa Viterbo, Esteves pereira e, mais tarde, Jos6 eueir6s,tornam-se refer6ncia incontorndvel. Ficou claro que depois do .espirito da

€poca,, dos condicionalismos conjunturais, t€m um papel decisivo os ali-nhamentos politicos e ideol6gicos do diversos autores. Essa historiogtafia

385

HISToRIoGRAFIAS PoRTUGUESA E BRASILEIn,A No sEGI,Lo XX. OLHARES GRUZADoS

encontra-se, assim, matcada. pelas convuls6es sociais, politicas e econ6mi-

cas do final do s6culo lo<, e das tr€s primeiras ddcadas do s6culo passado,

pela reagio antiurbana provocada pelo .excesso de civilizagio,, expressio

sugestiva de Moreira Nunes, mas sente-se diversa pela marca individual des-

se variadissimo painel de estudiosos, pela sua militincia politica, pela sua

formagio e ocupaglo profissional, pela sua origem social, pela igualmente

diversa geografia de aglo.

Apesar do seu indisfargado elitismo aristocr6tico, esta historiografia reno-

vou a linguagem hist6rica, introduzindo novos vocibulos, novas perspetivas;

explorou novas fontes e, de forma inddita e inovadora, soube ler muitas ou-

ttas, at€ ai, desconhecidas; democratizou o aprisco dos diciondrios e o objeto

da hist6ria, ao patentear um inusitado interesse por industriais, t6cnicos e tra-

balhadores; foi caprz de evidenciar os limites de uma hist6ria-batalha, de ca-

riz politico palaciano, mostrando um surpreendente interesse pela festa, pelos

costumes, pela mulher, pela cianqa, pelos indigentes. Contudo, a sua maior

iqueza nio reside tanto naquilo que a une mas em tudo que a distingue.

Os historiadores analisados s1o, em nrimero escandalosamente significati-

vo, quase desconhecidos, nio obstante alguns desses cabouqeiros terem pos-

to a descoberto, transcrito e publicado uma apreciivel e importante mole de

documentos sobre os Descobrimentos. Dos mais conhecidos, por6m,6 muito

incompleto o conhecimento da sua obra que, em alguns casos, permanece

esquecida no papel amarelecido e fri6vel dos jornais. Torna-se, assim, urgente

a rcalizag?o de estudos biogr6ficos sobre esses historiadores que se aperce-

beram, como ningu6m, do fim do mundo da Oficina e do Artesio e da emer-

g6ncia do mundo daF6brica e do Openirio.

3E5

A pnruErRA HrstonrocRAFrA DA INoOsrRrA PonrucuEsA

HTSToRTADORES DA TNDUSTRTA PORTUGUESA, 1881- !93O

1 836-1 908Manuel de Melo NunesGeraldes

CovilhS?EngenhariaMec6nica na Su[ga

1913

1841-1901Avelino da SilvaGuimarSes

Guimar6es Direito 1887-1890

1845-1910Francisco MarquesSousa Mterbo Porto Medicina

1883, 1897,18921892,1896, 18961901 , 1902, 19021903. 1912

1846-1912Adelino Antonio dasNeves de Melo

Em viagemmarltima

Direito 1 886

1849-1936Joaquim Ant6nio daFonseca Vasconcelos

PortoArte, Literaturae M0sica emHamburgo

1881, 1983, 1894,1985, 1891, 1901,1902.1908. 1983

1851 -1927 Lu[s Augusto de Oliveira Braga M6dico1915, 1916, 1916,1918, 1922

185&1931JoSo Augusto MarquesGomes

Aveiro Liceu?1883, 1883, 1893,1913, 1922, 1924

1856-1913Anibal Gomes FerreiraCabido

Agores Engenharia Civil1911, 1911, 19111911. 1917

1856-1920 Jos6 Queir6s Lisboa 1907

1857-1944Jos6 Maria de OliveiraSim6es

Leiria Engenharia 1 908

1861 -1921Joaquim MartinsTeixeira de Carvalho

Coimbra? Medicina 1921

1865-1939D. Jos6 Maria da Silvade Pessanha

Pintura1889, 1923, 1924,1924

1863-1940Joaquim dos SantosBarosa Sobrinho

Marinha GrandeMdreiroautodidacta

',912

1870-1953JoSo Teodoro FerreiraPinto Basto

Engenharia 1924

1872-1944JoSo Manuel EstevesPereira

Lisboa 1897,1897,1900

1872-1944Raul SangremanProenga

Caldasda Rainha

Ci6nciasEcon6micase Financeiras

1921-22

187G1925Fernando Emidioda Silva

Lisboa Direito 1905, 1911, 1912

387

HTSTOUOGRAFIAS PORTUGUESA E BRASILEIRA No sEcULo XX. Olnanrs CRUzADos

HISTORIADORES DA TUOUSTRIA PORTUGIIESA, lSSl -1930 (continuaeio)

Bibtiografia sobre a indfstria

enetl;O, Manuel, Ind&stri.a de Braga. Notas de um jornalista,Braga,Tipognfra pax, 1923.

BARosA, Joaquim, Mendri"as da Marlnba Grande,3.' ed. ampliada [com] (introdugio, notas,fixagio e revisio do texto porJos6 M. Amado Mendes), Marinha Grande, cdmara Municipal daMarinha Grutde, 1993.

BAST0,Jo6o Teodoro Ferreira Pinto, 1 Vi*a Alegre. O littro do seu centunArio. 18241924,1isboa,Fdbrica da Vista Negre, 1924.

CABIDO, Anibal Ferreira, Cborograpbia tndustrial do concelbo de Albergarl.a-a-Velba, Lisboa,Imprensa Nacional, 1911.

cABIDo, Anibal Ferreira, cborographia industrial do concelbo de Aueiro, Lisboa, ImprensaNacional, 1!1.1.

1 880-1 962Gustavo de MatosSequeira Lisboa

lnstituto lndustriale Comercial deLisboa, EscolaPolit6cnica deLisboa e CursoSuperior de Letras

1929

1882-1944Joaquim Pedro VitorinoRibeiro Porto

lnstituto lnd .eComercial doPorto, EscolaPolit6cnica doPorto e EscolaM6dico-Cir(rgicado Porto

1 930

1 885-1 957Jos6 Caetano de Lobod'Avila da Sitva Direito 1 905

1887-1956JoSo EvangelistaCampos Lima

Porto Direito 1910

1887-1952Jos6 Henriquede Azeredo Perdigdo

Mseu Direito 1918

Pedro Prostes daFonseca Lisboa? Engenharia [1e08]

Augusto Malheiro Dias 1 899

Manuel de Ara0jo 1923

388

A PnIMETRA HrsroRrocRAuA DA INDIISTRrA poRTUcuEsA

CABIDO, Anibal Ferreira, .Chorographia industrial do concelho de llhavo. Monografia estatisti-ca elaborada na 2.' Circtrnscriglo dos ServiEos Technicos da Industria,, in Boletlm do TrabalboIndustrial, n.o 56, Lisboa, Imprensa Nacional, 1911.

CABIDO, Anibal Ferreira, .Chorographia industrial do concelho d Mealhada e Vagos,, Boletin doTtabalbo In&lstri.al, n." 50, Lisboa, Imprensa Nacional, 1!11.

CABIDO, Anibal Ferreira, .Corographia industrial do concelho de Espinho (distrito de Aveiro),,Boletim do Trabalbo Industrial, n.o 52,lg1-7

cARVALtro, Joaquim Martins Teixeira de, A cera,mka coirnbra no sdculo XVr, coimbra, Imprensada Universidade, 1921.

COSTA, Joio Faustino Nazoni da, Industria de seda, Lisboa, Biblioteca de Instrugio e EducagioProfissional, s. d.

DIAS, Augusto Malheiro, .A industria nacional em l8!L e presenteme rrte,., A Industria portugueza,

n.os 1e 4,1899.

GERALDES, Manuel de Melo Nwes, Monografra sdbre a indfutria do linho no distrlto de Braga.Relatdrio de inquilto ofictal d indtktria da linbo no distrito de Braga. Relatflrio de Inqudritooficial d Indrktrta do Ltnbo no Distrito de Braga, coinbra, Imprensa da Universidade, 1913.

GOMES, Joio Augusto Marques e VTISCONCELOS, Joaquim de, [Catilogo dal bposigAo districtatde Aaelro em 1.882. Reltquias da arte nacional, Aveiro, Gr6mio Moderno, 1gg3.

GoMEs, Joeo Augusto Marques, A vista Alegre. 4nntanentos para a sua bist6r'1.a, porto, Tlp.Commercio e Industria, 1883.

GoMES' Joao Augusto Marques, .A fabrica da vistz Alegre', cafirpeao das provincias, n." 5212,28 de janeiro de 1893.

GOMES, Joio Augusto Marques, .Museu Regional - Sala dos Barlos,, A portuguesa, n." 37, lg &margo de 1913.

GOMES, Joio Augusto Marques, .Ceramica aveirense. L487-1922,, Campeiio das prouincias, n."6795 Q7 de maio de 1922) ao n." 6800 (01 de julho de tg2Z).

GoMES,JodoAugustoMarques,l rnsaAlqre.Memffiabistfirica,Avebo,T:yp.Mrwvacatral,1924.

GONQAwES, Aflt6nio Augusto, .Breve noqio sobre a hist6ria da indfstria cerimica,, in CharlesIepierre, Bhtdo cbimico e tecbnologico sobre a cerdmica tnodentapo*uguesa,lkbo3', [s.n.], 1g9g.

GUIMARAES, Avelino da Silva, qSubsidios para a historia das industrias vimaranenses,, Reuista deGalmariies, vol. 5 (1), 1885; vol. 4 (34), 1887; vol. 5 (1), 1838; vol. 6(2-3), 1889; vol. 7 (Z), t89O;vol.8 (2-4), 1891; vol. 9 (l), t892; vol. 11 (1), tS94; t3 (Z>, 1996.

GUIMARAES, Joio Gomes de Oliveira, .Tinturaria. Apontamentos para a hist6ria das indristriasvimaranenses', Reuista de Guima,riies, vol. 3 (L), 1gg6.

UMA,Joio Evangelista Campos, O rnouirnento operario ern portugal,Lisboa, [s.n.], 191.0.

MEI0, Adelino Aflt6nio das Neves, Historla da ceranica em coimbra (com uma biografia doautor porJ. Leite de Vasconcelos), 2.. ed., Lisboa, pornrgilia Editora, s. d.

MOt RA, Bento Pereira de, .Apontamentos para a historia das saboarias em portugal,, ReutstaUnioetsal Llsbonense, t. ll, 1842-1843.

OLwEIRA, Luis Augusto de, A *tintafirbr'tca cerdmica de viana, sep. dos Anais da Academiade Estudos liwes,3.' s6rie, n." 1, Lisboa, Imprensa Comercial, 1915.

389

HISToRIoGRAFIAS PoRTUGUESA E BRASILEIRA NO SEGULO XX. OLHARES CRUZADOS

oLIVEIRA, Luis Augusto de, Consi.deragdes sobre as primitiusfaiangas portuguesas (Faiangas

lisbonenses dos s€culos XW e XWII), sep. dos Anais da Acafumis de Estudos lfuires, 3." s€rie, n."

2, Lisboa, Imprensa Comercial, 1p1.6.

OLMIRA, Luis Augusto de, Substdios para a blstdria da cerAmica portuguesa, Porto, Officina

da Cornmercio do Porto, L916.

OLMIRA, Luis Augusto de, Coll.ecgdes de arte etn Viana do Castelo. As etctintasfabricas ceratnf-

cas fundadas em Coimbra e en Gaia, pelo Professor Vand.elli, sep. dos Anais da Acadenta d,e

Estudos Lfures, 3." s6rie, n." 3." e 4.",Lisboa,Imprensa Comercial, 1918.

OLMIRA, Luis Augusto de, A origem da fatanga portugueza e as tbeofras dos snr. J. Martins

Teixeira de Carualbo. Btudo de critica,Porto, Officina do Cornrnercio do Porto,1922.

ORTIGAO, J. D. Ramalho, z{ Fabrlca das Calda"s da Ralnba, Porto, T}p. Ocidental, 1891.

PERDIGAO, Jos6 Henrique de Azeredo, .A indfstria em Portugal (Notas para um inqu6rito)',

Arquitns da llniaersi.dade de Lisboa,vol.I,I,I,, 1915.

PEREIRA, Joio Manuel Esteves, Substdios Para a. bistdria da Indristria portuguesa, Lisbo ,

Guimaries & C." Editores, 1979.

PESSANHA, D. Jos6 Maria da Silva de, A btstorta das in&tstrias artisficas em Portugal,lisbo ,

Tlp. do jomal O Tempo, 1889.

PESSANHA, D. Jos6 Maia da Silva de, A porcel.ana ern Poratgal. A Fdbrtca da Wsta Aleye(Confer6ncia rcalizada em t4O6-1924. no Museu Nacional de Arte Antiga), Lisboa, Aillaud

Berrrand, 1924.

PESSANIIA, D. Jos6 Maria da Silva de, A porcelana em Portugal. Prlrneiras tentatiaas,Lisboa, Tlp.Calgada do Cabra,1924.

PESSANHA, D. Jos6 Marja da Silva de, O cdlis de ouro do Mosteiro de Alcobaga. A porcelana enPortugal @rimeiras tentatiuas), Coimbra, Imprensa da Universidade, 1923.

PROENQA5 Raul e ANSELMO, Ant6nio,.A mat6ria em que se regista o passado e em que se prepara

o futuro,, Anats das Bibliotecas e Arquhns, vol. tr (D Julho-Outubro de 1921, p. l)L2O2; Idem,

vol. I, (S) outubro -dezembro de 192-1,, p. 278-2a2; Idem, vol. I[ (10), }Iaio-Junho de t922, p. 8244,

PROSTES, Pedto, Industria ceratnica, Lisboa, Aillaud e Bertrand, .Biblioteca de instrucg2io profissional', [1.9O8].

QUEIR6S, Jos6, Ceramica prtugueza,Lisboa, T!p. do Annuario Commercial, 19O7.

TAVEIRA, H. P., .As indristrias em Portugal', Relatdrio da DirecAdo da Associagdo IndustrialPortuguesa, L923,I.rsboa, Emprasa do Diarlo d,e Notici.as, p.27-38.

SEQLEIRA, custavo de Matos, [IntroduQio to catilogo d^ ClPl, A indristria ddretra em Porrugal,

Marinha Grande, 1929.

SILVA, Femando Emidio da, O operari.ado porruguAs ru questAo sociad Lisboa, 1.905.

SILVA, Femando Emidio da, Seguros rnutuos, Lisboa, 1911.

SILVA, Fernando Emidio da, As greaes. Coimbra, Imprcffa da Universidade, 1912.

SIMOES,JosE de Oliveira, .A evrolu@o da industria portugrr€sa. Bosqueio historico , Notas sobrc fumtgal.

E@ostgdo Nacional do Rio deJanetro em 19O8. eccfuprtugm, vol. I, Lisboa, Imp. Nac., L908.

SIMOES, Jos6 de Oliveira, Assistencia social At mulberes de trabalbo, Lisboa, Tip. Annuario

Commercial, 1909.

390

VASCONCELOS,Joaquim Ant6nio da Fonseca de, Historia da arte em Portugal. 1." estudo. APin-hrra portugueza nas seculos XV e XW,Porto,TW. Joio E. Alves, 1881.

VASCONCEIOS, Joaquim Ant5nio da Fonseca de e GOMES, Joeo Augusto MaftIues, [Catilogo da]

WatigAo dirtrictal fu Awiro em 1882. Rellqutas da arte nacional, Avero, Gr6mio Moderno, 1883.

VASCONCELOS, Joaquim Ant6nio da Fonseca de, Cerarnica portugueza, Porto, Typ. Elzeveriana,

col. .Hist6ria da Arte em Pornrgal (Quarto estudo)', 1884.

VASCONCELOS, Joaquim Ant5nio da Fonseca de, Historia da arte em Portugal 6." estudo. Daarcbitectura manuelina, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1885.

VASCONCELOS, Joaquim Ant6nio da Fonseca de., Afabrica defaiangas das Caldas da Rainba,

Porto, T1p. Occidental, 18PL.

VASCONCELOS, Joaquim Ant6nio da Fonseca de, A industria naciona.l dos tecidos. Legislagiio do

secalo XV (147G1 5OO), ljsboa, Imprensa Nacional, 1901.

VASCONCELOS, Joaquim Ant6nio da Fonseca de, Guia d.o Museu Municipal do Porto, Porto, Typ.

Central, 1902.

VASCONCELOS, Joaquim Ant6nio da Fonseca de, .A ceramica portugueza e a sua applicagio de-

corativa' [Introdugio a], Pedro Prostes, Industria ceramica,Lisboa, Aillaud e Bertrand, .Biblioteca

de instrucgio profissional, [19081.

VASCONCELOS, Joaquim Ant6nio da Fonseca de , Ind,rtsffias porruguesas (org. e pref6cio de MaiaTeresa P. Viana), Instituto Portugu€s do Patrim6nio Cultural, Departamento de Etnologia, col..Estudos e materiais', n.o 2, Lisboa, 1983.

VITERBO, Francisco Maryues Sousa,,4 eryosigAo d'arte ornatnental. Notas ao catdlogo,Lisboa,

Imprensa Nacional, 1883.

VITERBO, Francisco Marques Sousa, z4 Suissa. Breues apntarnentos de arqueologia mllltar,Usboa, L887.

VITERBO, Francisco Marques Sousa, .U Relojoaria', Artes e arti$as etn Portugal. Contribuigdespara a bistoria das artes e industrias portuguesas,lkboa, lSp2.

VIIIRBO, Francisco Maryues Sotrsa, Artes e artisttts ern Portuga.l. Contribuigdes para a blstot'la

dx artes e lndustrias portuguczas, Lisboa, Livraria Ferreira, 1892.

VIIERBO, Francisco Marques Sorsa, Arqueologia ind*rtrial Inrtuguesa. Os rnoinbos, sep. do

ArcbeolagoportuguAs, vol. II, nos 8 e 9, Lisboa, Imprensa Nacional, 18p6.

VITIRBO, Francisco Maryues Sousa, Ofabrico da pohnra ern Portugal. Notas e docurnentos lraraa sua bistorla (sep. da Retista militar, t. XLVIID, Lisboa, Imprensa Universal, 1895.

WIERBO, Francisco Maryues Sotsa, Notas de arcbeologia arti$ica. Artes e industrias tnetallicas

em Portugal(sep. de O arcbeolagoportugu , VI, nos 5-7), Imprensa Nacional, Lisboa, 1901..

VTIERBO, Francisco lrarques busa, Algumas acbegrc para a blstotfu da tinturarla. Mentoria alne-

sentfu d Acafumia das kiencia^s de Lisboa,lkboa,T\p. da Academia das Siencias de Lisboa, 1902.

VTIERBO, Francisco l\darques Sousa,Intnntotaporfiigum, C-oimbra, Imprensa da Unirrcrsidade, 1902.

VTrERBO, Francisco Maryues Sousa, .9 papel,, O Instituto. Retkta Scientifica e Litteraria, vol. 50,

Coimbra, Imprensa da Universidade , L9O3, p. 555-563 e 63L-633.

VTIERBO, Francisco Maryues Sousa, Ceru artigos de jornal, Lisboa, TipografirUriversal, 1)L2.

\IIIORINO, Pdto, Cerdmica portuehte, Gaia, Edig6es Apolino, 1930.

39r

HISToIIoGf,AFIAS PoRTUGUESA E BnAsILEIf,A No sEcULo xx. oLHARES cnuzADos

Bibttografia geral

ANTERO, Adriano, A blstoria econotntca, vol. III: Edade Media, porto, Typ. A. J. da silva Teixeira,Sucessora, 1907.

CARR, E. H., Qlre e a Hist6rla?,Lisboa, Gndiva, L9a6.

CATROGA, Femando, .ftica e sociocracia. O erremplo de Herculano na geragio & 7O,, SrudlumGenerale, Estudos conternporAncos, 4: Aspectos da cultura portilguesa contempor1nea, porto, 19g2.

CAf,ROGA' Fernando, .Nacionalismo e ecumenismo. A questao ib€rica na segunda metade dos6culo XD(', Cultura, Hktdria e Filasofia, vol. IV, 1985.

CAIROGA, Fernando, .Romantismo, literatura e hist6ria., in Jos6 Mattoso (di,r.), Hlstfiria dePortugal, vol. V, Lisboa, Circulo de Leitores, 1993.

cosrA, Leonor Freire; LAINS, Pedro; MIRANDA, susana Miinch, Hist6ria Econfimica de porrugal,

1143-2O1O, Lisboa, A Esfera dos Liwos, 2011.

FERREIRA, Alberto, PercIrectiua do romantismo portuguas,3.' ed., Lisboa-porto, Litexa, s. d.

GOMES, Joaquim Ferreira, .Dois museus industriais e comerciais criados no s6culo XD(,,Publicagdes do Museu da Cl*ncia e da Tdcnlca, n." 8, Coimbra, 197g.

GUSDORF, Georges, Da htstdri.a das ci*ncias a bi$ilrta do pensarnento, Lisboa, pensamento,

1988.

HERCLILANO, Alexandre, Optisculos, vol. V, Lisboa, Bertrand Editora, 1gg6.

LAINS, Pedro, .A indristria', in Pedro Lains e Alvaro Ferreira da Silva (org.), Hist6ria Econ6mica dePortugal, 1700-20o0, vol II: o s6culo )ilx, Lisboa, Imprensa de ci€ncias sociais, zoo!., w, 25g-zg1^.

MACEDO, Jorge Borges, .A .Hist6ria de Portugal nos s6culos XVII e XVIII, e o seu autoo, in LuisRebelo da Silva, Hist6ria de Portugal nos siculos XW e XWII,vol.I, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 197t,p.9-130.

MARQIIES' Alfredo Pinheiro, A bi,storiografia. dos descobrimentos portugueses, Coimbra, LivrariaMinerva, 1991.

MENDES, Jos6 M. Amado, A Histdria como Cidncia. Fontes, metodologia e teorlzagdo, CoimbraEditora,1993.

MONCADA' Luis Cabral, Subsidios para a btstdria da filosofia do direito em Portugal (1772-I 9 1 1), Coimbra, Coimbra Editora, 1938.

PEREIRA,Jos6 Carlos Seabra,.Tempo neo-romintico (contributo para o estudo das relag6es entreliteratura e sociedade no primeiro quartel do s€crtlo w), And.llse social, vol. XD( (77-7r, Lgg3.

PESSOA, Fernando, .os castelos', Mensagefir, in obra po€tica, vol. I, Lisboa, circulo de 6itores,1986, p. tt2.RODRIGUES, Manuel Ferreira, A bistoriografia da tndfistria portuguesa, 7892-7937, Faculdadede Letras da Universidade de Coimbra (Dissertagio de Mestrado), 1993.

TORGAI, Luis Reis, Hist6rta e i.dnlogla, Coimbra, Livraria Minerva, 1989.

Texto escrito conforme o Acordo Ortogr6fico.

392