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A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS DE ESTAMPARIA UTILIZADOS PELA MARCA BLUE MAN NO BRASIL THE EVOLUTION IN STAMPING PROCESSES USED BY MARK BLUE MAN IN BRAZIL Morgana Gianesini 1 Thaissa Schneider 2 RESUMO: O objetivo do presente artigo é identificar e analisar a evolução dos processos de estamparia da moda praia brasileira, utilizando como estudo de caso as coleções desenvolvidas pela marca Blue Man, buscando informações que possam ajudar no objetivo de valorizar a brasilidade por meio de estamparia. O Brasil criou uma moda praia autoral reconhecida mundialmente, tanto em questões de formas como em estamparia. Tanto na moda praia quanto na moda em geral a estampa deixa as criações originais, se tornando um diferencial e chamando a atenção dos consumidores. A partir destas análises, estudou-se a evolução nos processos de estamparia utilizados pela marca Blue Man no Brasil. Analisando ainda a criatividade aplicada ao processo e buscando informações que possam ajudar a compreender o desenvolvimento da moda praia brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Moda Praia. Estampa. Blue Man. ABSTRACT: The purpose of this article is to identify and analyze the evolution of printing processes of Brazilian beachwear, using as a case study collections developed by Blue Man brand, seeking information that might help in order to enhance the Brazilianness by means of stamping. Brazil created an authorial beachwear, both in matters of ways in stamping. Both in swimwear fashion in general and in the print leaves the original creations, making a difference and drawing the attention of consumers. From these analyzes, we studied the evolution of the printing processes used by the Blue Man brand in Brazil. Still analyzing the creativity applied to the process and seeking information that can help understand the development of Brazilian beachwear. KEYWORDS: Beachwear. Print. Blue Man. 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um país propicio para a moda praia, segundo o site SO Geografia (2015) o Brasil está localizado nas zonas de latitudes baixas chamadas de zona intertropical nas quais dominam os climas quentes e úmidos, com temperaturas medianas em torno de 20 ºC e tem uma ampla variedade de climas, devido ao seu 1 Acadêmica do curso de Design de Moda da Unifebe. E-mail: [email protected] ² Professora orientadora. Mestre em Design. [email protected]

Artigo Morgana Gianesini

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A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS DE ESTAMPARIA UTILIZADOS PELA

MARCA BLUE MAN NO BRASIL

THE EVOLUTION IN STAMPING PROCESSES USED BY MARK BLUE MAN IN

BRAZIL

Morgana Gianesini1

Thaissa Schneider2

RESUMO: O objetivo do presente artigo é identificar e analisar a evolução dos

processos de estamparia da moda praia brasileira, utilizando como estudo de caso as

coleções desenvolvidas pela marca Blue Man, buscando informações que possam

ajudar no objetivo de valorizar a brasilidade por meio de estamparia. O Brasil criou

uma moda praia autoral reconhecida mundialmente, tanto em questões de formas como

em estamparia. Tanto na moda praia quanto na moda em geral a estampa deixa as

criações originais, se tornando um diferencial e chamando a atenção dos

consumidores. A partir destas análises, estudou-se a evolução nos processos de

estamparia utilizados pela marca Blue Man no Brasil. Analisando ainda a criatividade

aplicada ao processo e buscando informações que possam ajudar a compreender o

desenvolvimento da moda praia brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Moda Praia. Estampa. Blue Man.

ABSTRACT: The purpose of this article is to identify and analyze the evolution of

printing processes of Brazilian beachwear, using as a case study collections developed

by Blue Man brand, seeking information that might help in order to enhance the

Brazilianness by means of stamping. Brazil created an authorial beachwear, both in

matters of ways in stamping. Both in swimwear fashion in general and in the print

leaves the original creations, making a difference and drawing the attention of

consumers. From these analyzes, we studied the evolution of the printing processes used

by the Blue Man brand in Brazil. Still analyzing the creativity applied to the process

and seeking information that can help understand the development of Brazilian

beachwear.

KEYWORDS: Beachwear. Print. Blue Man.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país propicio para a moda praia, segundo o site SO Geografia

(2015) o Brasil está localizado nas zonas de latitudes baixas chamadas de zona

intertropical nas quais dominam os climas quentes e úmidos, com temperaturas

medianas em torno de 20 ºC e tem uma ampla variedade de climas, devido ao seu

1 Acadêmica do curso de Design de Moda da Unifebe. E-mail: [email protected]

² Professora orientadora. Mestre em Design. [email protected]

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território, à desigualdade de relevo, à altitude e as ativas correntes e massas de ar, cerca

de 90% do território brasileiro encontra-se em meio a os trópicos de Câncer e

Capricórnio, causa pela qual utilizamos o termo "país tropical".

O país possui uma grande extensão em praias, que, segundo a ABIT (Associação

Brasileira de Têxtil e de Confecção):

Com um litoral que ultrapassa os 8 mil km de extensão, o Brasil é referência

em moda praia, tendo produzido, somente no ano passado mais de 273

milhões de peças do segmento. O mercado interno brasileiro é o primeiro no

consumo de beachwear no mundo, produzindo US$ 1,5 bilhão por ano em

produtos do segmento, segundo dados de maio/2011. Um número bastante

significativo quando considerado o contexto do mercado internacional de

moda praia e verão. (ABIT, 2012).

Junto com diferentes ideias criativas, os brasileiros criaram uma moda praia

autoral. Várias foram as criações em moda praia, e como explica Braga; Prado (2011, p.

486) “foi em meio a tantas maluquices criativas que alguém resolveu radicalizar no

‘tupi or no tupi’ e apareceu por lá de tanga”.

Segundo o blog Pitaya Store (2014) pode-se afirmar, portanto, que a moda praia

brasileira é considerada um produto sociocultural, uma vez que se reinventa no processo

de escolhas feitas pelo usuário, pois não resulta apenas da invenção dos criadores ou

centros que definem as tendências que todos vão adotar, mas cria-se e renova-se nas

ruas, numa via de mão dupla entre ruas e passarelas.

Uma grande característica brasileira consiste na criatividade espontânea,

quase irreverente, observada em todo o País. Uma criatividade que depende

mais da grande diversidade dos modos de ser individuais do que das

diferenças entre grupos sociais e comunitários em âmbito local. (SEBRAE,

2002 p. 25).

A moda praia está ligada diretamente com a moda brasileira tanto pela sua

criatividade, seu clima e sua grande extensão em praias, mas também muito ligada com

a sua economia. De acordo com Disitzer (2012), o Estado do Rio de Janeiro, que era

capital federal, recebeu apoio para o turismo no Brasil. O investimento na cidade e nas

hospedagens contribuiu com o turismo, o que mais chamava a atenção dos estrangeiros

era a beleza e exuberância da natureza. E assim a praia se tornou um lugar de encontro,

e festa em plena a natureza.

Tanto na moda praia quanto na moda em geral a estampa torna as criações mais

fascinantes e inéditas, sendo um dos recursos mais utilizados no segmento. A estampa

acaba se tornando um diferencial que chama a atenção dos consumidores. A criação

pode também sofrer influências socioculturais nas linhas e cores de suas padronagens.

3

Jones (2008) quando nos apresenta o resultado de pesquisas realizadas por

indústrias têxteis, revela que a primeira reação do consumidor é estimulada pela cor e

estampa, em seguida pelo modelo da peça, e depois pela sensação tátil. Assim pode-se

dizer que como a estampa é importante, e a criatividade para cria - lá é tão importante

quanto.

O design de estamparia têxtil além de agregar função estética e simbólica

podendo com isso promover renovação, exclusividade e diferencial aos produtos,

também pode funcionar como uma importante ferramenta comunicativa dentro das

coleções de moda praia, isso porque a visualidade das imagens impressas nas

superfícies têxteis possui elementos que, combinados, podem expressar mensagens,

para isso o design expressa toda sua criatividade nas estampas e desenhos.

Ser criativo é também possuir, ou ser possuído por, uma elevada motivação. É

consensual que só se cria quando se está comprometido com o que se faz (AMABILE,

1983). Criar é imensamente mais exigente do que reproduzir: é colocar algo do único e

irrepetível que cada um de nós é e sem paixão isso não acontece (TORRANCE, 1983).

A estamparia pode ser canal para se fazer ver toda essa criatividade, explorando-

a junto à moda praia e revelar uma autonomia criativa. Ser criativo segundo Boden

(2007) é dominar conhecimentos, logo o processo criativo nesse caso consiste em

buscar conhecimento nas demasiadas culturas e as variadas possibilidades de enxergar o

Brasil de forma diferente.

A partir destas análises, este trabalho tem como pergunta orientadora: Como foi

a evolução nos processos de estamparia utilizados pela marca Blue Man no Brasil?

Analisando também toda a criatividade aplicada ao processo e buscando informações

que possam ajudar a compreender o desenvolvimento da moda praia brasileira.

O principal objetivo deste artigo é identificar e analisar a evolução dos processos

de estamparia da moda praia brasileira, utilizados pela marca Blue Man, buscando

informações que possam ajudar no objetivo de valorizar a brasilidade por meio de

estamparia, utilizando da estampa como elemento de expressividade. Desta forma, a

partir deste objetivo geral, propôs-se como objetivos específicos:

1. Estudar sobre moda praia no Brasil e sua evolução;

2. Analisar sobre o uso da estamparia como ferramenta para inovação e

valorização da identidade brasileira;

4

3. Compreender sobre a linguagem visual das imagens estampadas na moda

praia da marca Blue Man;

4. Coletar informações sobre o design de superfície em moda praia, analisando

sobre quando começou o processo de estampagem na Lycra3, e outros

processos de estamparia;

O presente trabalho foi feito a partir de pesquisas bibliográficas para que fossem

compreendidos conceitos sobre estamparia, moda praia e a criatividade da moda praia

brasileira, e, por fim, um estudo de caso com a marca de beachwear Blue Man

analisando todo o processo evolutivo das coleções desenvolvidas pela marca desde a sua

criação nos anos de 1970.

2. A MODA PRAIA NO BRASIL

A moda comporta muitos segmentos e áreas de produção, estando à moda praia

entre eles.

A moda praia brasileira é responsável pelo faturamento de US$ 1,5 bilhão por

ano, com mais de 250 milhões de peças fabricadas por 700 empresas formais, segundo

dados da ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (2012).

Toda essa proximidade que o Brasil tem com a praia, com o clima e seu litoral, é

explicada pelo clima do país e pelo seu litoral que tem mais de 8 mil Km de praias, pode

explicar o Brasil ser quem mais distribui novidades e tendências nesse nicho da moda.

Segundo o estilista Marcelo Sommer “Nossa moda praia é muito boa, especial,

diferente do resto do mundo, tem detalhes. Define um estilo nacional, um estilo

tropical”.

Essa brasilidade tropical com estilo influencia no tamanho e formato dos

biquínis dando a eles uma cara bem brasileira, e muito nacionalista. “Nós passamos o

ano inteiro estudando novidades e testando materiais, por isso ditamos tendências no

mercado mundial." (NIEMEYER, 2008).

Dessa forma, a moda praia do Brasil esta em evidência nos jornais e não só em

editoriais, mas também nos negócios, por ser um produto que vem sempre rendendo

pesquisas e novas tecnologias ao país, e também pelo grande numero de exportações.

3 Lycra® (marca registrada) é uma fibra sintética de grande elasticidade conhecida tecnicamente como Elastano.

(LYCRA, 2015, tradução do autor).

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A moda praia brasileira é famosa no mundo pela sua qualidade e também pela

sua originalidade “ninguém faz biquíni tão bem como os brasileiros”. (ALLEND,

2003).

Por causa das suas praias, o Brasil é avançado em relação a outros países quando

o assunto é moda praia. Esse estilo tropical acaba resultando no tamanho dos nossos

biquínis dando características bem brasileiras a moda praia. “Nós passamos o ano

inteiro estudando novidades e testando materiais, por isso ditamos tendências no

mercado mundial." (NIEMEYER, 2008).

"O alto consumo da população brasileira aos itens de moda praia se dá pelo fato

de nós termos uma extensa área de litoral e um clima quente que permite um fluxo

constante de produtos do setor ao longo de todo o ano", esclarece Emerson Otsuka,

professor e coordenador do curso de Negócios da Moda da Universidade Anhembi

Morumbi. O mercado brasileiro de moda praia também melhorou em suas tecnologias e

em suas modelagens, fazendo dos nossos biquínis peças conhecidas pelo mundo, tanto

pela sua ousadia, qualidade ou até mesmo criatividade.

Além do mais a etnia brasileira mesclada por fusão de várias raças é também um

grande aliado do mercado nacional nesse segmento.

2.1 HISTORIA DA MODA PRAIA BRASILEIRA

Segundo o site Persona Mulher (2014) na década de 1950, as atrizes

estadunidenses e as pin-ups foram às principais divulgadoras do biquíni, mas só em

1956 Brigitte Bardot imortalizou o traje ao usar um modelo com babados no filme E

Deus Criou a Mulher.

Ainda segundo o site Persona Mulher no final dessa década o biquíni aterrissou

no Brasil inicialmente através das famosas vedetes, entre elas Carmem Verônica e

Norma Tamar, que atraíam completamente a atenção ao desfilarem nas praias

localizadas diante do Copacabana Palace, na cidade do Rio de Janeiro. Não demorou

muito para que a maior parte das brasileiras, com a sensualidade à flor da pele, adotasse

também este figurino. A partir deste momento as praias brasileiras, especialmente as

cariocas, tornaram-se tradicionais palcos da moda praia.

Conforme Niemeyer (2008), no final da década de 1950 a praia de Ipanema no

Rio de Janeiro vira cenário para a história da moda praia brasileira, pois abrigava jovens

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de pele dourada, belas moças desfilando em biquínis floridos e cabelos longos pelas

pranchas de madeira dos surfistas e ao som da Bossa Nova.

Em artigo na revista O Cruzeiro, fundada em 1928, o jornalista Paulo Nerey

escreveu: „É a praia de Copacabana, imensa, linda, alongando – se pelos seis

postos de banho que são outras tantas vitrines do mundo elegante. Ali, o que

menos se faz é tomar banho de mar. Aquela gente toda, culta e fina, entende

que o banho melhor é da areia quente, causticante ao sol, ou o da brisa amena

sob a sombra de variados chapéus de sol e bizarros refúgios. Podemos dizer

que é a nossa Biarritz [...] toma – se banho ouvindo música; dança –se na

areia e bebe – se cocktails dentro da água‟. (DISITZER, 2012, p. 55).

Contudo, é na década de 60 que realmente invade as areias brasileiras,

decorrência do pós-guerra e suas ideias de contracultura que proporcionou o

“nascimento” da pílula anticoncepcional, e com ela um desprendimento em mostrar se

mostrar.

Em 1964, com todo o talento da moda praia no Rio de Janeiro, torna-se sucesso

nas areias o maiô com o design arrojado, chamado de Engana Mamãe, na frente maiô e

atrás biquíni. (DISITZER, 2006).

Figura 01: Maio engana mamãe atual,

inspirado nos maios utilizados na década de 60.

Fonte: Blog Insert, 2015.

Na década de 70 a moda praia se destaca com o lançamento do biquíni

cortininha, foi com o manifesto hippie nessa década o marco da sociedade feminina no

Brasil onde as mulheres põe fim na estética imposta pela sociedade e ganham liberdade

para uma moda mais atrevida. E nessa época o Brasil já era visto como lançador de

tendências de moda praia, e em 1980 as próprias banhistas lançaram de forma natural e

sem intenção o modelo asa – delta que fez sucesso até o aparecimento do “fio dental”.

Corpos malhados e dourados desfilavam dentro de cores cítricas dos biquínis em

Ipanema. (NIEMEYER, 2008).

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Figura 02: Fotografia de modelo desfilando

modelo asa delta na década 80.

Fonte: Fashionistando, 2015.

No inicio da década de 80, com a busca por academias e corpos perfeitos,

apareceram os tecidos elásticos. “Bacana era vestir um jogging pants e sair correndo por

ai, para depois usar collant com uma calça Inega(marca de jeans colado), aquela da

‘bundinha para fora e barriguinha para dentro’, ou então uma legging em tons de néon”.

(DISITZER, 2006).

Em 1990 a praia começa a ganhar um espaço para pessoas mais alternativas.

Segundo Chataignier (2010), para este passeio se levava um verdadeiro arsenal: “saídas

de praia, sacolonas coloridas de tecidos ou palhas, chinelos, óculos com armação

grandes, chapéus variadíssimos e cangas de Bali”.

Com o transcorrer dessas transformações no biquíni, e de acordo com Braga

(2011) a moda praia no Brasil vai formando a sua identidade nesse segmento, e por isso

hoje pode se dizer que é o país que mais fabrica e consome esse tipo de moda e toda

essa intimidade brasileira com o litoral e com a moda praia pode ser explicada pelo seu

clima e pela sua extensão litoral, fazendo o Brasil se tornar lançador mundial de

tendências nesse assunto.

As mulheres americanas na faixa de quarenta anos estão deixando o recato de

lado fazendo uso de biquínis para ir à praia, de acordo com uma matéria

publicada no New York Times. Estilistas brasileiros se aproveitam dessa

situação para vender para os EUA, cenário onde a moda Made in Brazil,

toma conta. Entre as marcas preferidas estão Rosa Chá, Lenny e Bumbum,

encontradas em butiques badalados como Donna Karan, SAKS e Baranys.

(PACHECO, 2001).

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Pode-se então considerar o Rio de Janeiro como apontador desse segmento para

o Brasil, e a assim também apontar a moda praia do Brasil como referência mundial. A

moda praia é prestigiada pelo simples fato do Brasil ter conseguido criar sua própria

identidade, utilizando sua nacionalidade e criatividade.

Uma grande característica brasileira consiste na criatividade espontânea, quase

irreverente, observada em todo o País. Uma criatividade que depende mais da grande

diversidade dos modos de ser individuais do que das diferenças entre grupos sociais e

comunitários em âmbito local. (SEBRAE, 2002).

Sendo o Brasil um país de muitas etnias, crenças, raças e muita diversidade é

também um grande aliado provocador para a criatividade dos criadores brasileiros.

Esta criatividade espontânea que se fala, consiste na capacidade intuitiva e

sentimental à qual se alia um espírito hábil que lhes permite descobrir maneiras de

aperfeiçoar condições muitas vezes precárias (SEBRAE, 2002). Assim o Brasil acaba

aproveitando sua fonte de criatividade e seus profissionais criativos para inovar nesse

segmento da moda.

2.2 A CRIATIVIDADE BRASILEIRA NA INOVAÇÃO DA MODA PRAIA

Para Marques (2004) a identidade dos biquínis brasileiros é de extrema

importância para sermos um mercado exportador, o qual explica seu crescimento pela

qualidade, criatividade, aperfeiçoamento dos moldes e pela tecnologia avançada. Porem

a moda brasileira ainda sofre fortes influências de outros países:

Em termos culturais, a dependência que herdamos da colonização e que

persistiu após a independência se traduzia por uma tendência irresistível ao

mimetismo. Na realidade, raramente criávamos alguma coisa, preferindo

copiar tudo que era descoberto e consumido nas metrópoles. A moda, que é

uma sensível atividade cultural, não podia ficar alheia a essa contextualização

maior da sociedade na qual se inseria. Agora não é mais Lisboa que traça os

rumos de nossa elegância, mas sim Paris, Londres, nova York e Roma.

(CHATAIGNIER, 2010, p. 103).

Essa pratica de copiar ao em vez de criar acontece ate hoje na moda brasileira.

Afirmando a ocorrência dessa prática atualmente, Feghali; Dwyer (2010) apoia e expõe

que os estilistas e donos de empresas muitas vezes compram roupas em outros países

vistos como ditadores de tendências e trazem para “tirar ideias”, outros descrevem e

fotografam detalhes que acham interessantes que depois aparecerão em suas coleções.

Carmem Miranda, ao vestir seus trajes com frutas e balangandãs mostrou para o

mundo um Brasil tropical e pode ter sido um acerto na visão de mercado, pois o país

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vende sua imagem para outros países. Porem de acordo com o Sebrae (2002) mostra - se

la fora uma coisa que não existe. O nosso país é enorme e as inspirações parecem não

partir de algo real, porque o Brasil é muito mais do que apenas folclórico ou tropical.

Pode-se notar que nesse quesito a moda praia se destaca por ser diferente no

Brasil, de acordo com Azulay (2002) recriar varias vezes o biquíni “Nossa intenção não

era fazer para gringo ver, era por amor ao Brasil. A gente era ignorante, não sabia de

moda, a gente só entendia o que via”

A criatividade apontada por Azulay (2002) sobre ver o que esta ao redor para

inovar a moda com um caráter brasileiro junto com as influencias criativas mencionadas

pelo Sebrae (2002) e o abandono do plagio europeu são formas de inovar que permitem

á moda praia ser legítima ao Brasil.

3. EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS DE ESTAMPARIA

Antes do surgimento dos tecidos com estampas, já se utilizava a pintura corporal

com pigmentos minerais, e do corpo passou a ser utilizada para o couro e depois para

tecidos como conhecemos.

Segundo Pezzolo 2007 a principal função da estampa é dar vida ao tecido e

também inserir agregar valor estético à peça ou coleção, e outra função muito

importante é a cor, a qual direciona muitas vezes o uso dessa estampa. Antes disso as

estampas eram uma forma de diferencias as classes sociais.

A estamparia, que é a impressão no tecido, ou o ato de estampar no lado direito

do tecido, pode ser modular, com a repetição do módulo ao longo da superfície do

tecido, ou representar um desenho único (estampa localizada), como uma cena. A

palavra estamparia é proveniente da língua inglesa printwork (trabalho pintado)

(CHATAIGNIER, 2006).

A estampa torna qualquer peça mais fascinante e inédita, sendo um dos recursos

mais utilizados no Design de Moda. É um diferencial que chama a atenção dos

consumidores, podendo levar grande influencia sobre o gosto pessoal do designer e do

estilista, além de sofrer grande influência sociocultural nas linhas e cores de suas

padronagens.

Diferencia o produto além de marcar a temática da coleção, dando exclusividade

e personalidade às peças. Desperta desejo em quem se identifica com o conceito. As

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diversas técnicas de estamparia agregam valor, exclusividade e trazem estímulos visuais as

nossas peças.

A moda como um fenômeno complexo, com dinâmica de natureza efêmera e

sazonal, articula-se na constante busca pela novidade, sedução e

diferenciação. Mas longe de ser entendida apenas como um ciclo de

mudanças sazonais voltadas para a indústria do vestuário, a dinâmica da

moda pode se manifestar em tantas outras categorias de bens de consumo,

ordenando-as sob, a lei da renovação imperativa, do desuso orquestrado, da

imagem, da solicitação espetacular, da diferenciação marginal

(LIPOVETSKY, 1989, p.157).

Conhecer e entender os tipos de padronagens e como funcionam ajuda no método

criativo do designer e o auxilia na percepção de novas estampas.

A configuração da Superfície tornou-se [...] muito relevante. Já que a

aparência é percebida por meio das características diretamente observáveis

pelos sentidos e interpretáveis a nível pessoal, é crucial enfatizarmos tanto os

aspectos sensitivos inerentes quanto os cognitivos possíveis – além dos

psicológicos e antropológicos existentes – na interação do sujeito com o

objeto através da sua Superfície. Tais aspectos podem condicionar a

percepção do sujeito sobre um produto bem como as questões emocionais

inerentes, influindo na mais valia e na aquisição ou não do mesmo [...], pois

os elementos percebidos pelos sentidos, além de agregarem valor estético,

definem e qualificam um artefato [...] (SCHWARTZ, 2008, p. 36).

No passado, quem criava as estampas para os tecidos eram os artistas pintores.

Porém, a estampa possuía somente função ornamental e decorativa na superfície do

tecido. Atualmente, com o desempenho do projeto do designer, a estampa passou de

ornamental para conceitual. Ela está ligada a todo um processo de identidade com o

entorno e com a coleção pertencente.

Para o desenvolvimento das estampas que irão fazer parte da superfície dos

tecidos, deve conter um método criativo organizado e planejado como a pesquisa de

cores, formas, tema, conceito, materiais, tendências, público consumidor, processos

produtivos e mercadológicos, entre outros. A partir dai, o desenhista age identificando e

aplicando as ferramentas necessárias para a produção das estampas e padrões, decidindo

e planejando tipos de estampas e técnicas a serem utilizadas.

3.1 TIPOS E PROCESSOS DE ESTAMPARIAS

A estampa valoriza o visual do produto e também agrega valor, tanto pela

imagem, cor ou caracteres, dando destaque as peças.

Segundo o blog Universo da Cor os diversos processos de estamparia oferecem

diferentes resultados de impressão e tanto conhecer as diversas técnicas quanto saber

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identificar os vários tipos de processos ajuda profissionais da área de moda e design na

criação de peças, portanto é fundamental esse conhecimento para quem atua nessa área.

Para fazer a estampa são necessárias as seguintes etapas:

a) A preparação de pasta de estampar: a pasta de estampar deve ter

viscosidade para que os desenhos não se alastrem na hora de estampar. Por

isso é necessário que os espessantes e os produtos auxiliares sejam de boa

qualidade e as gravuras de tela devem ser feitas em quadros bem esticados; b)

Transferência da cor de um intermediário para um artigo têxtil: os processos

podem ser ao rolo de cobre; ao quadro rotativo; ao quadro plano ou por

transferência; c) Secagem: logo após aplicação de tinta sobre o tecido é

necessário secar a estampa para evitar eventuais manchas ou borrões na

estampa; d) Fixação: a fixação pode ser feita de três maneiras: por calor seco,

por vaporização, por tratamento a molhado. É a fase de penetração do corante

nas fibras do tecido (com exceção dos pigmentos, que são colocados na

superfície das fibras). e)Tratamentos posteriores: após o tecido estampado ele

deve ser submetido a uma lavagem para eliminar o corante que não fixou e

retirar os produtos que foram utilizados na preparação da pasta.( ARAÚJO e

CASTRO, 1987).

Seus tipos e processos são vários, segundo Ruthschilling (2013) as atuais

técnicas de estamparia têm características e resultados diversificados, a estamparia

possui também maquinários produtivos, qualidade, e muita liberdade de criação.

3.1.1 Estampagem ao Rolo

O processo da estamparia ao quadro rotativo começa com o negativo que é

gravado em cilindros de níquel e cromo que são perfurados de acordo com o desenho

desejado, cada cilindro, corresponde a uma cor do desenho. No processo de estamparia

ao quadro rotativo, o tecido é colocado sobre uma esteira, sobre o qual os cilindros

aplicarão as pastas coloridas. No final do processo o tecido é deslocado para uma

câmara de secagem.

3.1.2 Estampagem ao Quadro Plano

Estamparia ao quadro plano é feita utilizando um negativo do desenho. O

número de quadros depende do número de cores do desenho, pois para cada cor será

necessária uma tela individual. No processo de estamparia de molde (berço), com

quadro plano o tecido é colocado na mesa de estampar e pode ser estampado

manualmente ou utilizar-se de quadros automotores, que percorrem todo o comprimento

da mesa, onde no final é feita a mudança do quadro pelo operador da máquina. O tecido

á deslocado e entra diretamente na câmara de secagem (ARAÚJO ; CASTRO, 1987).

No caso de estamparia a molde, as peças são colocadas na mesa e estampadas com

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quadros manuais, a transferência da tinta para o tecido, se dá com auxílio de rasquetas

de borracha.

4. ESTUDO DE CASO DA MARCA BLUE MAN

No mercado ha mais de 40 anos a marca de beach wear Blue Man tem ênfase na

moda praia brasileira. Fundada pelo visionário David Azulay nos anos 70 a Blue Man

continuou a ser dirigida por ele até à sua morte em 2009.

Segundo Dizitzer (2006) desde a década de 1970, explora o estilo brasileiro, em

estampas e cores, antes ainda de o nosso país virar moda nesse segmento, é este estilo

brasileiro que guia a Blue Man até os dias de hoje. A marca ganhou valor e

reconhecimento pelo fato das suas estampas unirem referências populares do Brasil com

a moda praia. Empregou também as suas peças elementos artesanais como crochês,

bordados, estampas e paisagens de flores.

Nos anos 90 a Blue Man chama a atenção com a criação dos “sungões” e

também colocando a bandeira brasileira estampada em algumas de suas peças, que são

além de biquínis, camisetas, maios, sungas, acessórios e bolsas, buscando atender a

exigência do seu público.

Segundo o site da marca, diferente da concorrência David Azulay escolhe

fortalecer sua marca dentro do Brasil ao invés de exportá-la. Utiliza então estampas e

temas brasileiros. “O olhar da Blue Man em termos de moda é sempre reforçar a

brasilidade. Azulay diz: ‘E a nossa definição é Brasil pop.’” (DIZITZER, 2006, p.95).

A sua produção chega a 220 mil biquínis por ano, além de 200 mil sungas,

também produz vestidinhos, bermudas e top’s. O seu maior mercado é o

interior de São Paulo, vende cerca de 50 mil peças por ano. Para David é

mais fácil vender dentro do país do que exportar. Seus maiores clientes além

de São Paulo são Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Tem franquias em

Manaus, Brasília, Santos e Maceió. E tem lojas próprias em Belo Horizonte,

São Paulo, Fortaleza, Salvador e Recife. (INÁCIO, 2009).

Azulay admitiu lhe faltar espírito de moda no inicio de sua marca, apoderou- se

então do conhecimento, aspiração, entusiasmo e criatividade de Simon Azulay, seu

irmão.

"Eu sei fazer duas coisas na vida, mandar e pedir. Não sou estilista, nem gostaria

de ser. Estou muito mais preocupado em manter a ideologia da minha empresa: ser

brasileira e ipanemense." (AZULAY, 2009).

Os irmãos foram para o Rio de Janeiro em 1967. No inicio Azulay se

responsabilizou da administração e complicações enquanto Simon desenvolvia as

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primeiras peças da marca. O mais popular das suas primeiras criações foi um biquíni em

jeans.

Um dia, eu estava de bobeira em casa, enrolado na toalha, de sandálias,

quando chegou um rabino procurando pelo Simão. Era um costureiro e trazia

uma encomenda: dois biquínis feito de jeans. Eu vi aqueles biquínis e fiquei

louco: 'Caraca! Que coisa maravilhosa'". (...)De repente, percebi que aquilo

era ouro. Em apenas uma tarde, andando de loja em loja com esses dois

modelos de mostruário vendi 1.800 peças. Vendi até mesmo na Galeria 444,

onde só tinha butique bacana: Modinha, Smuggler, Prestígio, Deja Vu, Aniki

Bob, Aquarius... (AZULAY, 2009).

A Blue Man começou a receber encomendas dos seus modelos, pois segundo

Azulay não havia nada no mercado à altura do que faziam. “Eu vejo, pesquiso muito e

vejo que em termos de acabamento, de tudo, estamos anos-luz na frente de qualquer

moda praia que se veja.” (Entrevista com estilista David Azulay, da marca Blue Man.

Fonte: UOL, Moda Brasil por Roseane Muniz.).

A marca nasceu em Ipanema, mas logo expandiu os horizontes para São Paulo.

Rapidamente, chegou a Paris, Milão e Nova Iorque, o que forçou a marca ampliar com

novas ideias e criações.

Em 1980 a marca adota o padrão brasileiro tropical e começou a usar

modelagens, desenhos e estampas que até hoje estão presentes nas coleções.

David decidiu reciclar a filosofia da Blue Man: Comecei a entrar mais no

varejo, abri loja no Rio e em São Paulo e ataquei com toda força o mercado

de Belo Horizonte, porque quando você faz sucesso lá. faz sucesso no resto

do Brasil. A partir daí fiz coleções brasileiríssimas, totalmente dedicadas as

garotas das nossas praias. Fiz estampas com inspiração marajoara, fiz caju,

fiz banana, melancia, abacaxi, Carmem Miranda. Coloquei todo esse

tropicalismo que estava brotando aqui. A Blue Man adotou o estilo que tem

até hoje: brasileiro". (AZULAY, 2009).

David e Simon produziram e modernizaram para crescer, e David viu a ascensão

da Blue Men, preferindo permanecer pequenos em tamanho, mas grandes em fama.

Fiquei pequeno de propósito. Hoje tenho doze lojas próprias, seis franquias,

enxuguei tudo para trabalhar menos. Às vezes, vejo as outras marcas

repetindo os mesmos erros, querendo fazer sucesso lá fora como uma

maneira de se fortalecer no Brasil. Tudo bem em aparecerem

internacionalmente, mas eu não vejo o produto desses caras aqui nas nossas

praias... Pô, meu irmão hoje eu sei: meu bikini foi feito para estar na praia e

não em editorial de moda de revista estrangeira! (AZULAY, 2009).

Sharon filha de Azulay administra a empresa hoje em dia e Thomaz o filho de

Simon gerencia a equipe de criação e design. Os dois continuam com a ideologia do

inicio da marca, a de “ser uma marca brasileira e ipanemense.”

14

4.1 ANÁLISE DOS MODELOS CRIADOS PELA MARCA BLUE MAN

Para materializar a ideia inicial do trabalho foram analisadas as peças da marca

Blue Man desde o seu início em 1971 até uma de suas últimas coleções apresentadas.

Desta maneira, podemos observar a evolução das estampas e modelos da marca.

Na Figura 03 (abaixo), pode-se observar o biquíni jeans e umas das maiores

invenções da moda praia que é o modelo de lacinho. O site FFW (2012) explica que

David Azulay e o irmão Simão se mudaram de Belém para o Rio de Janeiro em 1967.

Simão fez uma produção de biquínis jeans, David gostou da ideia e saiu vendendo de

porta em porta essa descoberta, entretanto, se deparou com um problema: ou a peça

ficava larga ou ficava pequena demais nas mulheres. Foi então que um amigo deu a

solução: “corte a lateral e faça um laço, adaptando a peça a qualquer corpo”. Surgiu

então o biquíni de lacinho. E desde então surgiu também a marca Blue Man.

Figura 03: A modelo Rose di Primo em anúncio

da marca de moda praia Blue Man na década de 70.

Fonte: Globo.com, 2015.

Já na figura 04 pode-se perceber estampas tropicais, que simbolizam uma

identidade brasileira, tanto nas cores vibrantes quanto nos seus desenhos voltados á uma

natureza exuberante. Estampas que representam algumas das grandes riquezas

brasileiras como fauna, flora e representam também a cultura brasileira da década de 70.

“Fiz coleções brasileiríssimas, totalmente dedicadas às garotas das nossas praias.

Fiz estampas com inspiração marajoara, fiz caju, fiz banana, melancia, abacaxi,

Carmem Miranda. Coloquei todo esse tropicalismo que estava brotando aqui.”

(AZULAY, 2009).

Pode-se notar nessas imagens que as peças tem cortes amplos, e que a

estamparia utilizada nesses modelos é estamparia em quadro.

15

Figura 04: Anúncios publicitários da marca

de moda praia Blue Man na década de 70.

Fonte: Salacious Sound, 2015.

Analisando agora a figura 05 de uma coleção recente da Blue Man ainda

notamos muitas igualdades entre ela e a coleção vista na figura anterior que era da

década de 70, nessa coleção apresentada pela marca em 2013 identifica-se estampas

voltadas a fauna e flora brasileira com cores vibrantes, apresentando essa mesma

tropicalidade que se tinha nas primeiras coleções da marca. Nota-se diferenças,

entretanto nos modelos e cortes dos biquínis, os quais ficaram ‘menores’ e mais

adaptados a moda atual, diferente também são as técnicas de estamparia aplicadas a

essas peças, pois nessa coleção atual é usada estamparia ao rolo.

A coleção vem repleta de silhuetas que passeiam pelo acervo das 4 décadas

da tradicional marca de moda praia. São biquínis e maiôs com recortes,

decotes e ousadas aberturas, as modelagens tendem ao esportivo, com formas

retas, decotes geométricos e volumes contidos. Maiôs estruturados e biquínis

unem sensualidade e conforto. Recortes, frestas e cavas acentuadas são

características marcantes dessas peças. A lycra não perde o papel principal,

mas dá espaço ao neoprene, que traz referências dos esportes aquáticos para a

moda praia. Com estampas vibrantes e intensas criadas por cima de obras do

artista Glauco Rodrigues, a natureza invade esse cenário com cores e formas

alucinantes. Texturas furta-cor e iridescentes evidenciam insetos, peixes e

minerais, com o reforço de micropelículas refletivas na estamparia. (FFW,

2015).

16

Figura 05: Making of da campanha de Verão 2013 da Blue Man.

Fonte: Pure Trend, 2015.

Nas figuras 06 observam-se peças da coleção verão 2014 da marca que segundo

o site All Lingerie (2015) apostou em estampas rotativas e digitais com desenhos

tropicais e com referências ao Império. A inspiração na corte portuguesa passa

por galões e adornos militares, azulejos em azul e branco, pássaros, lustres, pedrarias,

penas e florais. Os cortes e modelos continuam menores do que os da década de 70,

porém surge uma grande tendência de usar essa moda praia também no dia a dia, os

maios estão mais comportados e mais ‘ricos’ em estampas e detalhes.

Figura 06: Campanha Blue Man verão 2014

Fonte: Revista Marie Claire, 2015.

Percebe-se assim que a Blue Man desde o seu inicio em 1971, passando pela

morte do seu criador em 2009 e ate os dias de hoje não fugiu da sua idéia inicial, de

mostrar um Brasil tropical e vibrante por meio de suas peças, mudam os cortes

conforme mudam as tendências, as estampas evoluem com as novas tecnologias, mais a

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idéia de uma marca totalmente brasileira e ipanemense continua firme na ideologia da

marca.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se com este artigo que o Brasil é competente na área de criação de

beachwear, a história da moda praia brasileira e os avanços na estamparia, tanto em

desenhos como em técnicas ajudaram para o desenvolvimento da criatividade brasileira

na moda praia. Tanto a estamparia como a moda praia evoluíram de forma gradativa no

decorrer dos anos. Na moda praia mudaram os tamanhos as formas, e a modelagem dos

biquínis e maios. Já na estamparia mudaram-se as técnicas, os métodos, a agilidade e a

qualidade. O biquíni brasileiro é um produto popular tanto dentro do país quanto fora, e

a estampa é utilizada pra dar vida e cor às peças, como uma ferramenta inovadora em

que pode - se trabalhar a brasilidade.

A proposta foi analisar por meio de imagens a evolução de modelos e estampas

da marca Blue Man que esta no mercado desde 1971. Foram analisadas imagens

publicitárias da marca da década de 70, e imagens mais recentes da coleção verão 2013

e da coleção verão 2014. E conclui-se a partir delas que a Blue Man juntamente com a

moda praia brasileira evoluiu muito em questão de modelagens, cortes e modelos,

algumas releituras de modelos são feitas, mas sempre é bem atualizada, as estampas e

suas técnicas também estão evoluídas nas peças da marca, mas a Blue Man manteve a

ideologia inicial da marca que é a brasilidade, e que se tornou identidade para suas

peças, sempre dando ênfase a fauna e a flora brasileira.

Cumpriu-se dessa forma o objetivo de estudar a moda praia brasileira e seu

mercado, analisar a estamparia sua evolução e seus métodos. Com a pesquisa e a análise

das imagens pôde-se concluir que a moda praia brasileira esta em constante modificação

e evolução, e a estamparia pode ser considerada um elemento de valorização na moda, o

que não é diferente na moda praia, e a Blue Man usa essa ferramenta de valorização

como elemento de expressividade que contribui para uma valorização nacional.

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