5. AgradecimentAAAgggrrraaadddeeeccciiimmmeeennntttooooComo
sempre, este livro para minha famlia.E tambm para os sonhadores dos
sonhos:Os muitos artistas, msicos e contadores de histriasque
tornaram essa jornada possvel.6
10. 11A Histria de Eragon, Eldest e Brisingro incio existiam
drages: criaturas altivas, ferozes eindependentes. As escamas eram
como joias e todos os quecontemplavam essas criaturas se
desesperavam, pois a suabeleza era grandiosa e assustadora.NDurante
muitas eras os drages viveram sozinhos em Alagasia.Depois, o deus
Helzvog criou os vigorosos e robustos anes de pedrado deserto de
Hadarac.E ambas as raas guerrearam-se bastante.A seguir os elfos
viajaram pelo mar prateado, at Alagasia, e tambmeles guerrearam com
os drages. Porm, os elfos eram mais fortes que osAnes e poderiam
ter destrudo os drages, tal como estes os poderiam terdestrudo.Por
isso os drages e os elfos fizeram trguas, selando um pacto entresi,
dessa aliana criaram os Cavaleiros do Drago, que mantiveram a paz
emAlagasia, durante milhares de anos.Entretanto, os humanos
viajaram at Alagasia, tal como os Urgals eos Ra'zac os caadores das
trevas que devoram Carne humana , e oshumanos tambm se reuniram ao
pacto com os drages.Depois, Galbatorix, um jovem Cavaleiro do
Drago, revoltou-secontra a sua prpria espcie, escravizou Shruikan,
o drago negro, econvenceu treze outros Cavaleiros a seguirem-no. Os
treze ficaramconhecidos como os Renegados.Galbatorix e Os Renegados
derrotaram Os Cavaleiros, incendiaram asua cidade, na ilha de
Vroengard, e chacinaram todos os drages que noestavam do seu lado,
poupando apenas trs ovos: um vermelho, outro azul eum verde. Alm
disso, procuraram resgatar o maior nmero possvel deEldunari o corao
dos coraes que continha o poder e a mente dosdrages, uma vez
separado da sua carne.Durante oitenta e dois anos, Galbatorix
reinou entre oshumanos, como senhor absoluto. Os Renegados
morreram, mas ele no,pois a sua fora era fora de todos os drages e
ningum poderia derrub-lo.
11. No octogsimo terceiro ano de reinado de Galbatorix, um
homemroubou o ovo de drago azul do seu castelo e entregou-o aos
cuidados deum povo que ainda lutava contra Galbatorix e eram
conhecidos pelo nome deVarden.O elfo Arya viajou com o ovo entre os
Varden e os elfos, procura deum humano ou de um elfo para este
chocar e assim se passou vinte e cincoanos.Depois, ao viajar para a
cidade lfica de Osilon, um grupo de Urgalsatacou Arya e os seus
guardas. Os Urgals estavam acompanhados doEspectro Durza. Um
feiticeiro possudo pelos espritos que invocara, paraobedecerem as
suas ordens, que se tornara o mais temvel criado deGalbatorix, aps
a morte dos Renegados. Os Urgals mataram os guardas deArya, porm,
antes que a capturassem, Arya usou magia e enviou o ovopara algum
que esperava poder proteg-lo.Mas o feitio correu mal.E foi assim
que Eragon, um rfo de apenas quinze anos,descobriu o ovo nas
montanhas da Espinha e o levou para a fazenda ondevivia com o tio,
Garrow e o primo, Roran. O ovo chocou para Eragon eele criou ali o
drago. O seu nome era Saphira.Entretanto, Galbatorix mandou dois
Razac procurar o ovo pararesgat-lo, e estes mataram Garrow e
incendiaram a casa de Eragon.Galbatorix escravizou os Ra'zac que j
no eram muitos, na altura.Eragon e Saphira partiram para se
vingarem dos Ra'zac,acompanhados de Brom, o contador de histrias,
que fora tambm umCavaleiro do Drago, antes da queda dos Cavaleiros.
Era a Brom que o elfoArya planejara enviar o ovo azul.Brom ensinou
muito a Eragon sobre o manejo da espada, magia ehonra. Ofereceu-lhe
Zarroc, que fora em tempos a espada deMorzan, o primeiro e mais
poderoso dos Renegados. Mas os Razacmataram Brom, assim que os
encontraram, e Eragon e Saphira escaparamgraas ajuda do jovem
Murtagh, filho de Morzan.Durante as suas viagens, o Espectro Durza
capturou Eragon na cidadede Gilead, mas Eragon conseguiu fugir e,
ao faz-lo, libertou Aryada sua cela. Arya fora envenenada e estava
gravemente ferida, por issoEragon, Saphira e Murtagh levaram-na
para os Varden, que viviamentre os anes, nas montanhas Beor.Arya
foi tratada e Eragon abenoou uma criana chorosa que sechamava Elva.
Ele abenoou-a para proteg-la do infortnio, mas12
12. pronunciou mal as palavras, amaldioando-a sem se dar conta,
o que aforou a tornar-se um escudo contra os infortnios dos
outros.Pouco tempo depois, Galbatorix mandou um grande exrcito de
Urgalsatacar os Anes e os Varden. Foi na batalha seguinte que
Eragon matou oEspectro Durza. Durza, porm, feriu Eragon gravemente
nas costas, fazendo-opadecer de dores horrveis, apesar dos
curandeiros dos Varden.No meio da sua dor ele ouviu uma voz, que
Ihe disse:Vem at mim, Eragon, vem at mim, pois eu tenho as
respostas para13todas as suas perguntas.Trs dias mais tarde, o lder
dos Varden, Ajihad, sofreu umaemboscada e foi morto pelos Urgals,
sob as ordens de dois feiticeirosgmeos que entregaram os Varden a
Galbatorix. Os gmeos raptaramtambm Murtagh, que levaram em segredo
at Galbatorix. Mas Eragon etodos os Varden pensaram que Murtagh
tivesse morrido, pelo que Eragonficou bastante pesaroso.Nasuada, a
filha de Ajihad, tornou-se lder dos Varden.De Tronjheim, o centro
de poder dos Anes, Eragon, Saphira e Aryaviajaram para a floresta
de Du Weldenvarden, norte, onde viviam os Elfos. Oano Orik,
sobrinho de Hrothgar, o rei dos Anes, acompanhou-os.Em Du
Weldenvarden, Eragon e Saphira conheceram Oromis e Glaedr o ltimo
Cavaleiro e Drago ainda livres que h um sculo viviamescondidos, na
esperana de poder ensinar a gerao seguinte de Cavaleirosdo Drago.
Eragon e Saphira encontraram-se tambm com a RainhaIslanzadi,
soberana dos Elfos e me de Arya.Enquanto Oromis e Glaedr treinavam
Eragon e Saphira, Galbatorixmandou os Razac e um grupo de soldados
a Carvahall, a aldeia natal deEragon, dessa vez para capturar o seu
primo Roran. No entanto, Roranescondeu-se e eles no teriam
encontrado se no fosse o dio do aougueiroSloan, que ao matar uma
sentinela permitiu que os Razac entrassem naaldeia, pegando Roran
desprevenido.Roran conseguiu desembaraar-se deles, mas os Razac
levaram a suaamada Katrina, filha de Sloan. Depois disso, Roran
convenceu os aldees apartirem com ele. Viajaram pelas montanhas da
Espinha, at a costa deAlagasia e, a seguir, at a regio de Surda, a
sul, que ainda no estava sob odomnio de Galbatorix.O ferimento nas
costas de Eragon continuava a atorment-lo, masdurante a Celebrao do
Juramento de Sarigue dos Elfos, onde eles
13. comemoravam o pacto celebrado entre Cavaleiros e drages, o
dragoespectral que os Elfos invocavam no encerramento das
festividades curou oferimento de Eragon, concedendo-lhe, tambm, a
mesma fora e rapidez dosElfos.A seguir, Eragon e Saphira voaram
para Surda, para onde Nasuadatinha conduzido os Varden a fim de
lanarem um ataque contra o imprio deGalbatorix. A os Urgals
aliaram-se aos Varden, alegando que Galbatorixlhes confundira a
mente, pretendendo vingar-se dele. Entre os Varden,Eragon voltou a
encontrar Elva, que crescera prodigiosamente e depressa
emdecorrncia do feitio. O beb choro dera lugar a menininha de trs
ouquatro anos, com um olhar assustador, pois sentia a dor de todos
os que arodeavam.No muito longe das fronteiras de Surda, na
escurido das planciesFlamejantes: Eragon, Saphira e os Varden
travaram uma longa e sangrentabatalha contra o exrcito de
Galbatorix.Durante a batalha, Roran e os aldees juntaram-se aos
Varden, assim14como os anes que os acompanharam desde as Montanhas
Beor.Porm, uma figura de armadura polida, montada em um
dragocintilante, vermelho, surgiu a leste e matou o rei Hrothgar,
com um feitio.Eragon e Saphira lutaram com o Cavaleiro e com o
drago vermelho,descobrindo que este era Murtagh, ligado a
Galbatorix por juramentosimpossveis de quebrar, e que o drago era
Thorn, o segundo ovo a chocar.Murtagh derrotou Eragon e Saphira com
a fora do Eldunari queGalbatorix lhe dera, mas deixou-os partir,
porque ainda nutria algumaamizade por Eragon, e por que eram irmos,
ambos filhos de Selena, aconsorte favorita de Morzan como ele
prprio explicou a Eragon.Murtagh despojou Eragon de Zar'roc a
espada do seu pai epartiu com Thorn das Plancies flamejantes com o
resto das tropas deGalbarorix.Quando a batalha terminou, Eragon,
Saphira e Roran voaram paraHelgrind, a sombria torre de pedra, que
era o esconderijo dos Ra'zac. Amataram um dos Razac e os seus
odiosos progenitores os Lethrblaka resgatando Katrina de Helgrind e
nas celas Eragon descobriu o pai deKatrina, cego e moribundo.Eragon
pensou em matar Sloan pela sua traio, mas acabou porafastar essa
idia. Em vez disso, o fez mergulhar num sono profundo,dizendo a
Roran e a Katrina que ele morrera. Depois pediu a Saphira que
14. levasse Katrina e Roran de volta aos Varden, enquanto ele
perseguia oltimo Razac.Sozinho, Eragon matou o Ra'zac e levou Sloan
de Helgrind. Depois demuito pensar, Eragon descobriu o verdadeiro
nome de Sloan na lnguaantiga, a lngua do poder e da magia, e,
atravs deste, forou Sloan a jurarque nunca mais voltaria a ver a
filha. Por fim, mandou-o viver com os Elfos.O que Eragon no disse
ao aougueiro foi que os Elfos lhe devolveriam aviso se ele se
arrependesse da traio e do assassinato que cometera.Arya encontrou
Eragon a meio caminho dos Varden e os dois15regressaram juntos, a
p, atravs do territrio inimigo.Nos Varden, Eragon soube que a
Rainha Islanzad enviara dozefeiticeiros elfos, comandados por um
elfo chamado Bldhgarm, paraproteg-lo a ele e a Saphira. Eragon
tentou remover a maldio de Elva, masela continuou a sofrer com a
dor dos outros, embora j no se sentissecompelida a salv-los do seu
sofrimento.Roran casou com Katrina, que estava grvida e Eragon
sentiu-se feliz,pela primeira vez, desde h muito tempo.Depois
Murtagh, Thorn e um grupo de homens de Galbatorix atacaramos
Varden. Eragon e Saphira conseguiram cont-los com a ajuda dos
Elfos,mas Eragon e Murtagh no conseguiram derrotar-se. Foi uma
baralha difcil,pois Galbatorix encantara os soldados para que estes
no sentissem dor. OsVarden sofreram muitas baixas.Depois disso,
Nasuada ordenou a Eragon que visitasse os Anes emrepresentao dos
Varden, enquanto eles escolhiam o novo rei. Eragonestava relutante
em ir, pois Saphira teria de ficar para proteger oacampamento dos
Varden, de qualquer forma ele acabou por ir.Roran serviu o exrcito
dos Varden e subiu de posto, ao revelar-se umguerreiro hbil e um
lder.Enquanto Eragon estava com os Anes, sete deles tentaram
assassin-lo,e uma investigao revelou que era o cl Az Sweldn rak
Anhin queplanejara o ataque. Contudo, a reunio de cls prosseguiu,
Orik foi escolhidocomo sucessor do seu tio e Saphira reuniu-se a
Eragon para assistir coroao, durante a qual cumpriu a promessa de
restaurar a adorada estrelade safira dos Anes, que quebrara no
combate de Eragon com o EspectroDurza.Eragon e Saphira regressaram
a Du Weldenvarden, onde Oromisrevelou ao cavaleiro a verdade acerca
da sua herana: Eragon no era filhode Morzan, mas de Brom, embora
ele e Murtagh partilhassem a mesma me,
15. Selena. Oromis e Glaedr explicaram tambm o conceito do
Eldunari, que umdrago poderia decidir expulsar de dentro de si, em
vida, embora exigisseuma grande cautela, pois quem possusse o
Eldunari, poderia us-lo paracontrolar o drago de onde ele
provinha.Enquanto estava na floresta. Eragon decidiu que precisava
de umaespada para substituir Zar'roc. Ao recordar o conselho que
recebera deSolembum, o menino-gato, durante as suas viagens com
Brom, Eragon foiat junto da antiga rvore Menoa, em Du Weldenvarden.
Falou com arvore e esta aceitou ceder-lhe o ao brilhante que tinha
sob as razes por umpreo que no chegou a definir.Depois, Rhurn, a
ferreira elfo que forjara todas as espadas dosCavaleiros trabalhou
com Eragon na sua nova espada. A espada era azul eEragon chamou-lhe
Brisingr fogo , mas a lamina irrompia emchamas sempre que proferia
o seu nome.Glaedr confiou o seu corao dos coraes a Eragon e a
Saphira, e elesregressaram aos Varden, enquanto Glaedr e Oromis se
reuniam aos outros dasua espcie para atacarem o norte do
Imprio.Durante o cerco de Feinster, Eragon e Arya encontraram
trsfeiticeiros inimigos, um dos quais se transformou no Espectro
Varaug, masArya conseguiu mat-lo com a ajuda de Eragon.Enquanto
isso, Oromis e Glaedr lutavam com Murtagh e Throrn.Porm, Galbatorix
controlou a mente de Murtagh, servindo-se do seu braopara matar
Oromis, enquanto Thorn eliminava Glaedr.Apesar da vitria dos Varden
em Feinster, Eragon e Saphira chorarama morte do seu mestre,
Oromis. Porm os Varden seguiram em frente emarcham, neste momento,
no corao do Imprio, rumo capital, Ur'baen,onde Galbatorix os
espera, altivo e confiante, pois a sua fora a de todos
osdrages.16
16. 17A Brechadrago Saphira rugiu e os soldados diante dela
encolheram-se. Digam comigo! gritou Eragon, levantando Brisingr
acimada cabea e erguendo-a bem alto no ar, para que todos a
vissem.A espada azul irradiou um brilho, intenso, iridescente,
emOcontraste absoluto com a parede de nuvens negras que estava se
formando aoeste. Pelos Varden!Uma flecha passou perto dele com um
zunido, mas ele no lhe deuimportncia.Os guerreiros reunidos na base
do amontoado de entulho, em cima doqual se encontravam Eragon e
Saphira, responderam-lhe em unssono,gritando a plenos pulmes: Pelos
Varden! estrondearam, brandindo as suas armas e subindo,de
imediato, pelos blocos de pedra cados.Eragon virou de costas para
os homens. Do outro lado do amontoado depedras havia um grande
ptio. Cerca de duas centenas de soldados doImprio estavam reunidos
no interior. Atrs deles erguia-se uma fortalezaescura, com janelas
estreitas como fendas e vrias torres quadradas; a maisalta tinha
uma lanterna acesa numa das salas superiores. Eragon sabia queLord
Bradburn, o governador de Belatona a cidade que os Vardenqueriam
conquistar e pela qual lutavam h longas horas estava em algumlugar
dentro da fortaleza.Eragon gritou e saltou da pilha de cascalho, em
direo aos soldados. Oshomens recuaram atrapalhadamente, embora
mantivessem as lanas e ospiques apontados para a brecha irregular
que Saphira abrira na muralhaexterior do castelo.Eragon torceu o
tornozelo direito ao cair, aterrando de joelhos eapoiando-se no cho
com a mo que empunhava a espada.Um dos soldados aproveitou para
correr para fora da formao e tentougolpear a garganta exposta de
Eragon com a lana.Eragon aparou o golpe com um movimento brusco do
pulso, brandindoBrisingr com demasiada rapidez para os olhos de um
humano ou de um elfo.Ao perceber seu erro, o soldado empalideceu de
pavor e tentou fugir, masconseguiu apenas mover-se uns escassos
centmetros antes de Eragon oatacar e o atingir no ventre.
17. Saphira saltou para o ptio, atrs de Eragon, expelindo um
jato dechamas azuis e amarelas. Ele abaixou-se, firmando as pernas,
quando odrago bateu no cho pavimentado. Todo o ptio estremeceu com
o impacto.Grande parte das lascas de vidro que compunham um grande
mosaicocolorido, em frente da fortaleza, soltaram-se e voaram
rodopiando pelo arcomo moedas ressaltando num tambor. L em cima,
duas venezianas de umajanela do edifcio abriram-se e fecharam-se
ruidosamente.Arya acompanhou Saphira e os seus longos cabelos
negros ondularamselvaticamente em torno do rosto angular, ao saltar
da pilha de cascalho.Tinha os braos e o pescoo salpicados de sangue
e a lmina da espadamanchada de sangue seco. Ao aterrar no ptio, os
seus sapatos produziramum rudo suave de um pano macio a roar na
pedra.A sua presena encorajou Eragon, pois ela era quem mais
desejava terjunto de si e de Saphira, para lutar. Considerava-a a
parceira perfeita paraproteg-lo.Sorriu-lhe brevemente e Arya
retribuiu-lhe de igual modo, com umaexpresso feroz e jovial. Em
combate a sua postura reservada dava lugar auma abertura que
raramente revelava noutros momentos.Eragon escondeu-se atrs do
escudo ao ver surgir uma cortina ondulantede chamas azuis entre
eles. Por baixo do aro do elmo viu Saphira banhar ossoldados
encolhidos numa torrente de chamas que fluam em torno deles,sem
contudo lhes tocar.Uma srie de arqueiros nas ameias da fortaleza
dispararam umasaraivada de flechas em Saphira. O calor por cima
dela era de tal formaintenso que algumas das flechas incendiaram-se
em pleno ar, nada restandodelas alm de cinzas. As outras foram
desviadas pelos feitios de proteoque Eragon ergueu em torno de
Saphira. Uma flecha perdida ricocheteou noescudo de Eragon, com um
rudo surdo, amolgando-o.A coluna de chamas envolveu, de sbito, trs
dos soldados, matando-osto rapidamente que estes no tiveram sequer
tempo para gritar. Os outrossoldados agruparam-se no centro do
inferno de chamas. As pontas das lanase os piques refletiam clares
de luz azul-clara.Por muito que tentasse, Saphira no conseguia
sequer chamuscar ossobreviventes, acabando por desistir de o fazer
e cerrando definitivamente asmandbulas com um estalido seco. Na
ausncia do fogo, o ptio ficouassustadoramente silencioso.Eragon
deduziu que, tal como antes, quem concedera os feitios deproteo aos
soldados devia ser um feiticeiro hbil e poderoso. Teria sido18
18. Murtagh?, pensou. Se assim fosse, porque no estava ele ali
com Thorn paradefender Belatona? Galbatorix no se preocupa em
manter o controle dassuas cidades?Eragon correu para frente,
cortando o topo de uma dzia de alabardascom um nico golpe de
Brisingr, to facilmente como quando cortava acabea das sementes dos
talos de cevada, quando criana. Golpeou o soldadomais prximo no
peito e cortou-lhe a cota de malha como se fosse feita depano fino.
O sangue jorrou em torrente. Eragon atingiu o soldado
seguinte,golpeou o soldado sua esquerda com o escudo e atirou-o
contra trs dosseus companheiros, derrubando-os.As reaes dos
soldados pareciam-lhe lentas e desajeitadas, enquanto semovia por
entre as suas hostes, golpeando-os impunemente. Saphiraenvolvera-se
num combate sua esquerda golpeando os soldados no ar,com as enormes
patas, chicoteando-os com a cauda de espinhos, mordendo-ose
matando-os com uma sacudidela da cabea. Enquanto isso, sua
direita,Arya era como uma mancha de movimento e cada golpe da sua
espadaassinalava a morte de um vassalo do Imprio. Quando Eragon se
virou parase esquivar de duas lanas, viu que Bldhgarm, o elfo
coberto de pelo, e osoutros onze elfos destacados para proteger a
ele e a Saphira o seguiam deperto.Mais atrs, os Varden entravam aos
montes no ptio, atravs da brechana muralha exterior do castelo, mas
decidiram no atacar, pois era muitoperigoso aproximarem-se de
Saphira. Nem ela nem Eragon ou os elfosprecisavam de ajuda para se
desembaraarem dos soldados.Pouco depois, o combate separou Eragon
de Saphira, levando-os paraextremos opostos do ptio, mas Eragon no
estava preocupado. Mesmo semas suas protees Saphira estava mais do
que apta a derrotar um grupo devinte ou trinta humanos, sozinha.Uma
lana resvalou no escudo de Eragon, ferindo-lhe o ombro, e
Eragonvirou-se para o seu atacante, um homem enorme cheio de
cicatrizes, sem osdentes da frente do maxilar inferior, e correu na
direo dele. O homemtentou tirar uma adaga do cinto, mas no ltimo
instante, Eragon torceu-se,retesou os braos e o peito, batendo no
esterno do homem com o ombrodolorido.O soldado foi projetado vrios
metros para trs, com a fora do impacto,19e caiu agarrado ao
corao.Depois, uma saraivada de flechas de penas negras
precipitou-se sobreeles, matando ou ferindo muitos dos soldados.
Eragon escondeu-se para se
19. proteger dos projteis, cobrindo-se com o escudo, embora
estivesse confiantede que a sua magia iria proteg-lo. No seria bom
tornar-se descuidado, poisqualquer feiticeiro inimigo poderia
disparar uma flecha encantada, capaz depenetrar nas suas protees.Um
sorriso amargo desenhou-se nos lbios. Os arqueiros, l em
cima,tinham percebido que a sua nica esperana de vitria era matar
Eragon e oselfos, independentemente do nmero de homens que tivessem
de sacrificar.Muito tarde, pensou Eragon, com uma satisfao
sinistra. Deviam ter20abandonado o Imprio enquanto ainda podiam.O
violento e ruidoso ataque das flechas, permitiu-lhe descansar,
ummomento que acolheu de bom grado. O ataque cidade comeara ao
romperdo dia e ele e Saphira tinham passado todo o tempo na frente
de batalha.Assim que as flechas cessaram, Eragon passou Brisingr
para a moesquerda, apanhou uma das lanas dos soldados e
arremessou-a nosarqueiros, que estavam doze metros acima. Como j
antes conclura, eranecessrio ter uma prtica considervel para
arremessar lanas com preciso,por isso no o surpreendeu no atingir o
homem para o qual apontara. O queo surpreendeu foi o fato de no
atingir nenhum dos arqueiros alinhados nasameias. A lana passou por
eles e estilhaou-se na muralha do castelo, porcima da sua cabea. Os
arqueiros riram-se e desdenharam dele, fazendo-lhegestos
grosseiros.Um movimento rpido na sua viso perifrica chamou-lhe a
ateno e elevirou-se ainda a tempo de ver Arya arremessar a sua lana
nos arqueiros eempalar dois que estavam lado a lado. Arya apontou
depois para os homenscom a espada e disse: Brisingr! e a lana
irrompeu em chamas verde-esmeralda.Os arqueiros recuaram para longe
dos cadveres em chamas e, fugiramdas ameias como se fossem um s,
aglomerando-se junto das entradas queconduziam aos andares de cima
do castelo. Isso no justo disse Eragon. A minha espada desata a
ardercomo uma fogueira sempre que uso esse feitio.Arya olhou-o com
um ar vagamente divertido.A luta prosseguiu durante mais alguns
minutos, durante os quais ossoldados que restavam, renderam-se ou
tentaram fugir.Eragon permitiu que os cinco homens que tinha diante
de si fugissem,pois sabia que no iriam longe. Depois de um rpido
exame nos corposestendidos em seu redor, para confirmar se estavam
de fato mortos, olhou
20. para o outro lado do ptio. Alguns dos Varden tinham aberto
o porto damuralha exterior e estavam transportando um arete ao
longo da rua queconduzia ao castelo. Outros reuniam-se em filas
irregulares junto porta dafortaleza, prontos para entrar no castelo
e defrontar os soldados no interior.Entre eles estava Roran, o
primo de Eragon, gesticulando com o martelo quetrazia sempre
consigo, enquanto dava ordens ao destacamento quecomandava. Saphira
estava agachada sobre os cadveres das suas vtimas, dolado oposto do
ptio, com um perfeito caos ao seu redor. Tinha gotas desangue
agarradas s escamas semelhantes joias. As manchas
vermelhascontrastavam assombrosamente com o azul do seu corpo.
Atirou a cabeaespinhosa para trs e rugiu triunfante, abafando o
alarido da cidade com aferocidade do seu grito.Depois, Eragon ouviu
a trepidao de engrenagens e correntes, nointerior do castelo,
seguida do rudo de pesadas traves de madeiraarranhando umas nas
outras, ao serem puxadas para trs. Os rudoschamaram a ateno de
todos para as portas da fortaleza.As portas separaram-se, abrindo
com um estrondo seco. Uma espessanuvem de fumaa oriunda das tochas
acesas no interior ondulou para oexterior, provocando tosse nos
Varden que estavam mais prximos eobrigando-os a cobrir o rosto. Em
algum lugar, nas profundezas daescurido, ouviu-se o matraquear de
cascos ferrados nas pedras dopavimento, e depois um cavalo e um
cavaleiro irromperam do meio dafumaa. O cavaleiro empunhava algo na
mo esquerda que Eragon, aprincpio, julgou ser uma lana vulgar, mas
depressa reparou que era feita deum estranho material verde e tinha
uma lmina serrilhada, forjada numpadro desconhecido. Um ligeiro
brilho envolvia a ponta da lana, uma luzpouco natural que
denunciava a presena de magia.O cavaleiro puxou pelas rdeas e guiou
o cavalo na direo de Saphiraque se empinou nas patas traseiras,
preparando-se para desferir um terrvelgolpe mortal com a pata
dianteira direita.A preocupao dominou Eragon. O cavaleiro parecia
muito confiante e alana era muito diferente e assustadora. Embora
estivesse supostamenteprotegida pelas suas defesas, Eragon tinha
certeza de que Saphira corriaperigo de vida.No vou conseguir
alcan-la a tempo, concluiu. Dirigiu os seuspensamentos para o
cavaleiro, mas o homem estava de tal forma concentradona sua misso
que nem sequer deu pela presena de Eragon, e suaconcentrao
inabalvel permitiu apenas que Eragon acedessesuperficialmente sua
conscincia. Fechando-se em si mesmo, Eragon reviu21
21. meia dzia de palavras da lngua antiga e comps um feitio
simples paraimobilizar o cavalo de guerra, que avanava a galope.
Era um ato dedesespero, pois Eragon no sabia se o cavaleiro tambm
era feiticeiro, nemque precaues tomara para evitar ser atacado por
magia mas no estavadisposto a ficar ali parado, estando a vida de
Saphira em perigo.Encheu os pulmes de ar, recordando a si mesmo a
pronunciao corretade alguns sons mais difceis na lngua antiga, e
depois abriu a boca paraproferir o feitio.Foi rpido, mas os elfos
foram ainda mais rpidos, e antes que eleconseguisse proferir uma
nica palavra, um frenesi de cnticos baixosexplodiu atrs de si, com
vrias vozes sobrepostas entoando uma melodiadissonante e
inquietante. Me conseguiu ainda dizer, mas entretanto a magia dos
elfos22produziu efeito.O mosaico em frente do cavalo estremeceu e
moveu-se, e as lascas devidro fluram como gua. Abriu-se uma longa
fenda no cho, uma enormefissura de profundidade indefinida.
Relinchando ruidosamente, o cavalomergulhou no buraco e empinou-se
para a frente, partindo as patasdianteiras.Enquanto o cavalo e o
cavaleiro caam, o homem montado na sela puxouo brao para trs e
atirou a lana fluorescente na direo de Saphira.Saphira no conseguia
correr nem esquivar-se, por isso sacudiu uma patana direo da lana,
esperando desvi-la. Contudo, falhou por escassoscentmetros e
Eragon, horrorizado, viu a lana cravar-se noventacentmetros ou mais
no peito de Saphira, um pouco abaixo da clavcula.Um vu palpitante
de raiva envolveu sua viso e Eragon recorreu a todaa energia que
tinha armazenada no corpo, na safira embutida no punho daespada,
nos doze diamantes escondidos no cinto de Beloth, o Sbio, preso
cintura, e ainda na imensa energia armazenada no interior de Aren,
o aneldos elfos, que lhe ornamentava a mo direita preparando-se
para obliteraro cavaleiro, independentemente do risco.Contudo,
conteve-se quando Bldhgarm apareceu e saltou sobre a patadianteira
de Saphira. O elfo atirou-se para cima do cavaleiro como umapantera
atacando um veado, derrubando o homem de lado. Sacudindoferozmente
a cabea, Bldhgarm rasgou a garganta do homem com os seuslongos
dentes brancos.Um guincho de desespero avassalador emanou de uma
janela alta, porcima da entrada aberta da fortaleza, seguida de uma
exploso de chamas que
22. projetou blocos de pedra de dentro do edifcio. Os blocos
aterraram no meiodo grupo dos Varden, esmagando membros e torsos
como se fossem ramossecos.Eragon ignorou as pedras que se
precipitavam no ptio e correu paraSaphira, percebendo que Arya e os
seus guardas o acompanhavam. Outroselfos mais prximos estavam j se
agrupando em torno dela, examinando alana que se projetava do seu
peito. grave? Ela est disse Eragon, muito abalado para completaras
frases. Desejava muito falar mentalmente com Saphira, mas enquanto
osfeiticeiros inimigos estivessem na rea, no se atrevia a
expor-lhes a suaconscincia, temendo que os seus oponentes sondassem
os seus pensamentose assumissem o controle do seu corpo.Depois de
uma espera aparentemente interminvel, Wyrden, um dos23elfos macho,
disse: Voc pode agradecer ao destino, Matador de Espectros, pois a
lanano alcanou as veias e as artrias principais no pescoo. Apenas
atingiumsculos e msculo ns podemos recuperar. Conseguem tir-la? Tm
algum feitio que nos impeam de a Ns vamos tratar disso, Matador de
Espectros.Com uma solenidade prpria de sacerdotes reunidos diante
de um altar,todos os elfos, exceto Bldhgarm, colocaram as palmas
das mos sobre opeito de Saphira e entoaram um cntico semelhante ao
murmriofantasmagrico do vento por entre um aglomerado de
salgueiros. Cantavamsobre calor e crescimento de msculos e tendes,
sobre sangue palpitante eoutros temas mais obscuros. Aparentemente
com um enorme esforo,Saphira permaneceu na mesma posio durante todo
o encantamento,embora fosse assolada por tremores que lhe sacudiam
o corpo com apenasalguns segundos de intervalo. Um rastro de sangue
escorreu-lhe do peito,junto lana que l se encontrava cravada.Quando
Bldhgarm se aproximou dele, Eragon olhou o elfo de relance.Tinha
sangue seco no pelo do queixo e do pescoo, que j no estava
azul-escuro,mas sim negro slido. O que foi aquilo? perguntou
Eragon, apontando para as chamasque danavam ainda na janela alta,
por cima do ptio.Bldhgarm, lambeu os lbios, expondo os seus caninos
de gato antes deresponder.
23. Instantes antes do soldado morrer, eu consegui penetrar na
mente dele24e atravs dela, na mente do feiticeiro que o estava
ajudando. Voc matou o feiticeiro? Digamos que o obriguei a
matar-se. Normalmente no recorreria auma exibio teatral to
extravagante, mas estava irritado.Eragon comeou a andar mas depois
deteve-se, ao ouvir Saphira soltarum longo gemido baixo, medida que
a lana deslizava do seu peito semque ningum lhe tocasse. As suas
plpebras estremeceram e ela inspirourepetidas vezes,
superficialmente, enquanto os ltimos quinze centmetros dalana
emergiam do seu corpo. A lmina serrilhada, com a aurola
indistintade luz, cor de esmeralda, caiu no cho e ressaltou nas
pedras do pavimento,produzindo um rudo que mais parecia de cermica
do que de metal.Quando os elfos pararam de cantar e tiraram as mos
de Saphira, Eragoncorreu para o seu lado e tocou-lhe no pescoo. A
sua vontade era consol-la,dizer-lhe como ficara assustado, unir a
sua conscincia dela, mas, em vezdisso, contentou-se em olhar para
um dos seus olhos azuis, cintilantes eperguntar: Como voc est? As
palavras pareciam insignificantes secomparadas com a profundidade
das suas emoes.Saphira respondeu, piscando o olho uma nica vez.
Depois baixou acabea e acariciou-lhe o rosto com uma delicada
lufada de ar quente quesoltou das narinas.Eragon sorriu. Depois
virou-se para os elfos e disse: Eka elrun ono, lfya, wiol frn
Thornessa agradecendo-lhes aajuda na lngua antiga. Os elfos que
tinham participado na cura, incluindoArya, colocaram a mo direita
sobre o peito, num gesto de respeitocaracterstico da sua raa.
Eragon reparou que mais de metade dos elfosdestacados para proteger
a ele e a Saphira estavam plidos, fracos evacilantes. Retirem-se e
descansem disse-lhes. Acabaro se matando seficarem. Vamos, uma
ordem!Embora Eragon tivesse a certeza de que a ideia de partir
lhesdesagradava, os sete elfos responderam: Como queira, Matador de
Espectros. Dito isto, retiraram-se doptio, caminhando por cima dos
cadveres e do entulho. Mesmo no limite dasua resistncia tinham uma
aparncia nobre e digna.
24. Eragon reuniu-se depois a Arya e a Bldhgarm, que estavam
examinandoa lana, ambos com uma expresso estranha, como se no
soubessem bemcomo reagir. Eragon abaixou-se cautelosamente junto
deles, para quenenhuma parte do seu corpo tocasse na arma. Olhou
para as delicadas linhasgravadas em torno da base da ponta da lana
e pareceu reconhec-las, aindaque no soubesse ao certo porqu. Olhou
para o punho esverdeado, feito deum material que no era madeira nem
metal e, de novo, para o brilho suaveque lhe lembrava as lanternas
sem chama que os elfos e os anes usavampara iluminar as suas salas.
Acham que isto obra de Galbatorix? perguntou Eragon. Talvez ele
concluiu que era prefervel matar eu e Saphira em vez
decapturar-nos. Talvez ele pense que nos tornamos uma
ameaa.Bldhgarm deu um sorriso desagradvel. Eu no enganaria a mim
mesmo com essas fantasias, Matador deEspectros. Ns no passamos de
um incomodo sem importncia paraGalbatorix. Se ele quisesse
realmente matar voc ou qualquer um de ns,bastava ele voar de Urbaen
e defrontar-nos diretamente em combate, e nstombaramos diante dele
como folhas secas antes de uma tempestade deinverno. Ele detm a
fora dos drages e ningum consegue resistir ao seupoder. Alm disso,
no fcil desviar Galbatorix dos seus propsitos. Elepode ser louco,
mas igualmente engenhoso e, acima de tudo, determinado.Se ele
quiser escravizar-te, lutar obsessivamente para alcanar
esseobjetivo, e nada o desencorajar a no ser o seu instinto de
sobrevivncia. Em todo o caso disse Arya , isto no obra de
Galbatorix, isto 25coisa nossa.Eragon franziu o cenho: Nossa? Os
Varden no forjaram isto. No os Varden, mas um elfo. Mas Eragon
deteve-se, tentando encontrar uma explicaoracional. Mas nenhum elfo
aceitaria trabalhar para Galbatorix.Prefeririam morrer a Galbatorix
no teve nada a ver com isto e, mesmo que tivesse,dificilmente daria
uma arma to rara e poderosa a um homem que no fossecapaz de zelar
por ela. De todas as armas de guerra espalhadas pelaAlagasia, esta
a que Galbatorix menos desejaria ver em nossa posse.
Porqu?Ronronando ligeiramente, Bldhgarm disse na sua voz baixa e
intensa:
25. Porque uma Dauthdaert, Eragon, Matador de Espectros. E o
seu nome Niernen, a Orqudea acrescentou Arya, apontandopara as
linhas gravadas na ponta, que Eragon percebeu depois tratarem-se
dehierglifos estilizados do singular sistema de escrita dos elfos
formascurvas e entrelaadas que terminavam em pontas longas em forma
deespinhos. Uma Dauthdaert? Vendo Arya e Bldhgarm olharem-no com
umar incrdulo, Eragon encolheu os ombros, constrangido, pela sua
falta decultura. Frustrava-o que os elfos tivessem usufrudo de
dcadas e dcadas deestudo com os melhores mestres da sua raa,
enquanto cresciam, e o seuprprio tio, Garrow nunca lhe tivesse
ensinado sequer o seu alfabeto por noo considerar importante. Eu s
li coisas dessas em Ellesmra. O que ?Foi forjada durante a Queda
dos Cavaleiros para ser usada contra Galbatorixe os
Renegados?Bldhgarm abanou a cabea. Niermen mais antiga, muito mais
antiga que isso. As Dauthdaertya disse Arya nasceram do medo e do
dio quemarcou os anos finais da nossa guerra com os drages. Os
nossos ferreiros efeiticeiros mais habilidosos forjaram-nas a
partir de materiais que j noentendemos, imbuindo-as de
encantamentos cujas palavras j norecordamos e batizando as doze com
os nomes das mais belas flores amais terrvel das incoerncias uma
vez que as fizemos com um nicopropsito em mente: matar drages.Uma
sensao de repulsa invadiu Eragon, ao olhar para a
lana26fluorescente. E mataram? Os que estiveram presentes dizem que
o sangue dos drages choveudos cus como um aguaceiro de vero.Saphira
deixou escapar um silvo alto e brusco.Eragon olhou-a, por
instantes, e viu pelo canto do olho que os Vardenmantinham ainda as
suas posies diante da fortaleza, esperando que ele eSaphira
retomassem a dianteira da ofensiva. Todos pensavam que as
Dauthdaertya tinham sido destrudas ouestavam irremediavelmente
perdidas disse Bldhgarm. Obviamenteque estvamos enganados. Niernen
deve ter passado para as mos da famliaWaldgrave e eles devem t-la
mantido escondida aqui, em Belatona. Creioque, quando penetramos
nas muralhas da cidade, Lord Bradburn perdeu a
26. coragem e mandou buscar Niernen em seu arsenal para tentar
deter voc eSaphira. Sem dvida que Galbatorix ficaria absolutamente
furioso sesoubesse que Bradburn tentou mat-lo.Embora consciente de
que tinham de se apressar, a curiosidade de27Eragon no o deixava
partir. Independentemente do fato de ser uma Dauthdaert, ainda no
meexplicaram por que razo Galbatorix no gostaria que nos
apossssemosdela. E fez um gesto em direo lana. O que tem Nierman de
maisperigoso do que aquela lana, ali, ou at mesmo Bris
Conseguiuconter-se antes de pronunciar o nome completo. Ou a minha
espada?Foi Arya que respondeu. No pode ser destruda pelos meios
normais, o fogo no a afeta e quase totalmente resistente magia,
como voc mesmo viu. AsDauthdaertya foram concebidas para resistir a
todos os feitios que osdrages lanassem e para proteger quem as
empunhasse desses feitios uma perspectiva desencorajante, se
considerarmos o poder, a complexidade ea natureza inesperada da
magia dos drages. No deve haver ningum naAlagasia com tantas
protees como Galbatorix e Shruikan, mas possvelque Niernen
conseguisse penetrar nas suas defesas, como se estas nemsequer
existissem.Eragon percebeu e foi invadido por uma enorme alegria.
Temos deUm rudo interrompeu-o.O som foi cortante e arrepiante como
metal arranhando pedra. Os dentesde Eragon vibraram em sintonia e
ele tapou os ouvidos com as mos,fazendo uma careta ao virar-se para
tentar localizar a fonte do rudo. Saphiraatirou a cabea para trs e,
mesmo sobre o estrpito, Eragon ouviu-a gemerde aflio.Eragon varreu
o ptio com o olhar, por duas vezes, antes de reparar numatnue nuvem
de p erguendo-se ao longo da muralha da fortaleza, de umarachadura
de trinta centmetros que surgiu por baixo da janela enegrecida
eparcialmente destruda, onde Bldhgarm matou o feiticeiro. Quando o
rudose intensificou, Eragon arriscou levantar uma mo que tapava o
ouvido eapontar para a rachadura. Olha! ele gritou para Arya, que
acenou em sinal dereconhecimento. Eragon voltou a tapar o ouvido
com a mo.O rudo parou inesperadamente.
27. Eragon esperou alguns instantes, baixando depois lentamente
as mos e28desejando por uma vez na vida que a sua audio no fosse to
sensvel.No instante em que o fez, a rachadura abriu-se mais at
ficar comvrios metros de largura , descendo rapidamente ao longo da
muralha dafortaleza. Ao alcanar a pedra angular, por cima das
portas do edifcio,estilhaou-a como um relmpago, salpicando o cho de
pedras. Todo ocastelo rangeu e a parte da frente da fortaleza,
desde a janela danificada pedra angular, partida, comeou a
inclinar-se para fora. Fujam! gritou Eragon aos Varden, embora os
homens jestivessem se dispersando para ambos os lados do ptio,
desesperados parasair de debaixo da muralha em equilbrio precrio.
Eragon deu um nicopasso em frente, com os msculos do corpo tensos,
procurando sinais deRoran, em algum lugar no meio da multido de
guerreiros.Por fim viu-o, encurralado atrs do ltimo grupo de homens
que estavajunto da porta, gritando-lhes furiosamente, mas sem
conseguir fazer-se ouvirno meio de todo aquele alvoroo. Depois a
muralha moveu-se e inclinou-sealguns centmetros afastando-se ainda
mais do resto do edifcio bombardeando Roran com pedras, fazendo-o
perder o equilbrio e forando-oa cambalear para trs, por baixo dos
beirais da porta.Quando Roran se endireitou, o seu olhar cruzou-se
com o de Eragon eeste viu nele uma centelha de medo e de desespero,
seguida por umaexpresso de resignao, como se Roran soubesse que no
conseguiriaalcanar a segurana a tempo, por muito depressa que
corresse.Um sorriso amargo desenhou-se nos lbios de Roran.E a
muralha caiu.
28. 29A Queda do Marteloo! gritou Eragon, ao ver a muralha da
fortalezadesmoronar-se ruidosamente, soterrando Roran e cincooutros
homens sob um amontoado de pedra com seismetros de altura e
inundando o ptio com uma nuvem- Nescura de p.Eragon gritou to alto
que lhe faltou a voz e sentiu uma camada pegajosade sangue, com
sabor de cobre, no fundo da garganta, inspirando edobrando-se sobre
si para tossir. Vaetna arquejou ele, acenando com a mo. A espessa
cortina de pcinzento apartou-se com um rudo semelhante ao farfalhar
de seda,descobrindo a parte central do ptio. Eragon estava de tal
forma preocupadocom Roran, que mal reparou na energia que o feitio
lhe roubou. No, no, no, no murmurou Eragon. Ele no pode estar
morto.No pode, no pode, no pode Eragon continuou a repetir
mentalmente afrase como se a repetio pudesse transform-la em
realidade. Mas, quantomais a repetia mais esta lhe parecia uma orao
para o mundo em geral e noa constatao de um fato ou de uma
esperana.Arya e os outros guerreiros dos Varden, diante dele,
tossiam e limpavamos olhos com as palmas das mos. Muitos estavam
curvados para frentecomo se esperassem ser atingidos, outros
ficaram pasmados ao olhar para afortaleza danificada. Os escombros
do edifcio espalharam-se pelo meio doptio, encobrindo o mosaico.
Duas divises e meia do segundo andar doforte e uma no terceiro a
sala onde o feiticeiro morrera to violentamente estavam ao ar
livre. As salas e a moblia pareciam sujas e bastantedecrpitas luz
do sol. No interior, meia dzia de soldados armados debestas,
recuaram atrapalhadamente do abismo beira do qual seencontravam
agora, precipitando-se pelas portas, no fundo das divises,
aosempurres e encontres, e desaparecendo nas profundezas da
fortaleza.Eragon tentou calcular o peso de um bloco de pedra na
pilha deescombros; devia pesar centenas de quilos. Se ele, Saphira
e os elfostrabalhassem em conjunto, estava certo que conseguiriam
remover as pedrascom magia, mas o esforo os deixaria fracos e
vulnerveis. Alm disso, iriademorar muito tempo. Eragon pensou por
instantes em Glaedr o dragodourado seria suficientemente forte para
erguer toda aquela pilha de uma s
29. vez mas o tempo era crucial e ele demoraria muito tempo
para recolher oEldunar de Glaedr. De qualquer forma, Eragon sabia
que poderia nemsequer conseguir convencer Glaedr a falar com ele,
muito menos a ajudar asalvar Roran e os outros homens.Depois ele
visualizou Roran, tal como este aparecera antes do dilvio depedras
e de p o esconder da sua viso, debaixo dos beirais da porta
deentrada do forte, e deu um salto, percebendo o que fazer.
Saphira, ajude-os! gritou Eragon, largando o escudo e
correndo30para frente.Ouviu Arya dizer algo na lngua antiga atrs de
si uma frase curta,tipo Esconde isto! acompanhando-o depois, com
espada em punho,pronta para lutar.Ao alcanar a base da pilha de
escombros, Eragon saltou o mais alto quepde, aterrando num s p
sobre a face inclinada de um bloco. Depois voltoua saltar,
atirando-se sucessivamente de um ponto para o outro, como
umcabrito-monts escalando a encosta de um desfiladeiro. Detestava a
ideia dedeslocar os blocos, mas subir a pilha era a forma mais
rpida de alcanar oseu destino.Saltando uma ltima vez, Eragon
alcanou a beira do segundo andar ecorreu pela sala. Empurrou a
porta, sua frente, com tanta fora que lhepartiu o trinco e as
dobradias, projetando-a pelo ar, contra a parede docorredor, por
trs desta, e rachando as pesadas pranchas de carvalho.Ele correu
pelo corredor, mas os seus passos e a sua respirao
pareciam-lheestranhamente abafados, como se tivesse os ouvidos
cheios de gua.Ao aproximar-se de uma porta aberta, abrandou. Atravs
da abertura viuum escritrio com cinco homens armados, apontando
para um mapa e adiscutindo. Nenhum deles reparou em
Eragon.Continuou a correr.Dobrou velozmente uma esquina e chocou
com um soldado que vinha nadireo contrria. Ao embater com a testa
na borda do escudo do homem,Eragon viu manchas vermelhas e
amarelas. Agarrou-se ao soldado e amboscambalearam para trs e para
frente ao longo do corredor, como um par debailarinos
bbados.Enquanto tentava recuperar o equilbrio, o soldado praguejou:
O que se passa com voc? Maldito seja trs vezes disse. Depoisolhou
para o rosto de Eragon e arregalou os olhos. Voc?
30. Eragon cerrou o punho direito e esmurrou o homem na
barriga, umpouco abaixo da caixa torcica. O golpe ergueu o homem do
cho eprojetou-o contra o teto. Eu mesmo anuiu Eragon, quando o
homem tombou no cho,31inerte.Eragon continuou a percorrer o
corredor. A sua pulsao, jnormalmente acelerada, parecia duas vezes
mais rpida, desde que entrara nafortaleza; era como se o corao
fosse explodir do peito.Onde estar?, pensou, nervosamente, olhando
atravs de outra entrada.Mas viu apenas uma sala vazia.Finalmente,
ao fundo de uma sombria passagem lateral, avistou umaescada em
caracol e desceu os degraus cinco a cinco, sem se preocupar coma
sua segurana enquanto descia at ao primeiro andar, parando apenas
paradesviar de um arqueiro sobressaltado do seu caminho.A escada
terminou e ele alcanou uma sala de teto alto, abobadado,
quelembrava a catedral de Dras-Leona. Girando sobre si mesmo,
recolheualgumas impresses rpidas: escudos, armas, e estandartes
vermelhospendurados nas paredes; janelas estreitas mesmo abaixo do
teto; tochasinstaladas em suportes de ferro forjado; lareiras
vazias; longas mesasescuras, assentos em armaes, empilhadas de
ambos os lados da sala, e umestrado ao topo da sala, onde estava um
homem de tnica e de barbas, emfrente de uma cadeira de costas
altas. Eragon estava no salo principal docastelo. sua direita,
entre si e as portas que conduziam entrada dafortaleza, havia um
contingente de, pelo menos, cinquenta soldados. A linhadourada nas
suas tnicas cintilou ao remexerem-se surpreendidos. Matem-no!
ordenou o homem de barbas, parecendo mais assustadodo que
propriamente autoritrio. Quem o matar receber um tero do
meutesouro! Prometo!Uma terrvel frustrao cresceu em Eragon,
vendo-se mais uma vezatrasado. Desembainhando a espada, ergueu-a
sobre a cabea e gritou: Brisingr!Um casulo fantasmagrico de chamas
azuis ganhou vida em torno dogume, percorrendo-o at ponta. O calor
do fogo aqueceu a mo de Eragone um dos lados do seu rosto.Depois
baixou os olhos para os soldados. Andem rugiu ele.
31. 32Os soldados hesitaram mais um instante e, a seguir,
viraram-se e fugiram.Eragon atacou, ignorando as lesmas em pnico ao
alcance da sua espadaflamejante. Um homem tropeou e caiu diante de
si e Eragon saltou por cimado soldado sem lhe tocar na borla do
elmo.O deslocamento de ar ocasionado pela passagem de Eragon,
fustigava aschamas do gume, alongando-as atrs da espada como a
crina de um cavalo agalope.Curvando os ombros para frente, Eragon
irrompeu pelas portas queprotegiam a entrada para o salo principal,
correndo ao longo de uma cmaracomprida e ampla, ladeada de salas
cheias de soldados bem comoengrenagens, polias e outros mecanismos
utilizados para fazer subir e desceros portes da fortaleza ,
correndo depois a toda velocidade para o portosuspenso que
bloqueava o caminho para o local onde Roran estava quando amuralha
da fortaleza rura.A grade de metal entortou-se quando Eragon bateu
nela, mas no osuficiente para partir o metal.Deu um passo vacilante
para trs.Voltou a canalizar a energia armazenada nos diamantes do
cinto ocinto de Beloth, o Sbio para Brisingr, esvaziando as pedras
preciosas dasua valiosa carga e ateando o fogo da espada at uma
intensidade quaseinsuportvel. Um grito sem palavras escapou-se, ao
puxar o brao para trs ebater no porto suspenso. Fascas laranjas e
amarelas salpicaram-no,marcando-lhe as luvas e a tnica e
fazendo-lhe arder a carne exposta. Umagota de ferro fundido caiu
sobre sua biqueira da bota, fervendo, e elesacudiu-a, agitando o
tornozelo.Fez trs cortes no porto suspenso, fazendo cair para
dentro uma seodo tamanho de um homem. As pontas cortadas da grade
brilhavamincandescentes, iluminando a rea com a sua radincia
suave.Ao entrar pela abertura que criara, Eragon deixou que as
chamas que seerguiam de Brisingr se extinguissem.Correu primeiro
para a esquerda, depois para a direita e de novo para aesquerda,
percorrendo as direes alternadas da passagem, um intrincadocaminho
concebido para empatar o avano das tropas caso estasconseguissem
ganhar acesso fortaleza.Ao dobrar a ltima esquina, Eragon viu o seu
destino: o prtico afogadoem destroos. Mesmo com a sua viso de elfo,
ele conseguia apenasdistinguir as formas mais volumosas na
escurido, a derrocada de pedras
32. apagara as tochas nas paredes. Ouviu um estranho rudo de
algo a bufar e adebater-se. Como se algum tipo de besta desajeitada
estivesse enraizada nosescombros. Naina disse Eragon.Uma luz azul,
sem direo especfica, iluminou o espao e Roran surgiudiante dele,
coberto de p, sangue, cinzas e suor, de dentes arreganhados,num
esgar feroz, batendo-se com um soldado sobre os cadveres de
doisoutros.Ao ver aquela claridade repentina, o soldado encolheu-se
e Roranaproveitou a distrao do homem para se torcer e o erguer de
joelhos,tirando-lhe a adaga da bainha e cravando-a por baixo do
canto do maxilar.O soldado esperneou duas vezes e ficou
imvel.Tentando recuperar o flego, Roran ergueu-se junto do corpo,
comsangue escorrendo-lhe pelos dedos e olhou para Eragon com uma
expressocuriosamente vidrada. J no era tempo seu disse ele. Depois
revirou os olhos e33desmaiou.
33. 34Sombras no Horizonteragon teve que largar Brisingr para
conseguir agarrar Roran, antesque este casse no cho, embora
estivesse relutante em faz-lo.Mesmo assim, abriu a mo e a espada
caiu ruidosamente nasEpedras, no preciso instante em que o peso de
Roran lhe assentou nos braos. Est muito ferido? perguntou
Arya.Eragon encolheu-se, surpreendido por v-la com Bldhgarm junto
de si. No parece. Bateu vrias vezes, levemente, nas faces de
Roran,limpando-lhe o p que tinha na pele. Sob o brilho uniforme,
cor de gelo, dofeitio de Eragon, Roran parecia abatido. Tinha
manchas negras em tornodos olhos e os lbios arroxeados, como se
estivessem sujos de sumo deamoras. Vamos, acorda.Segundos depois,
as plpebras de Roran estremeceram, ele abriu-as eolhou para Eragon,
visivelmente confuso. Eragon sentiu tamanho alvio, quequase
conseguia prov-lo. Voc desmaiou por uns instantes explicou ele.
Ah.Est vivo!, disse a Saphira, arriscando um breve momento de
contato.O prazer dela era visvel. timo. Vou ficar aqui e ajudar os
elfos aremover as pedras do edifcio. Se precisar de mim grita e eu
arranjarei umamaneira de te alcanar.A cota de malha de Roran
tilintou, quando Eragon o ajudou a levantar-se. E os outros?
perguntou Eragon, fazendo um gesto em direo aoamontoado de
escombros.Roran abanou a cabea. Tem certeza? Ningum poderia ter
sobrevivido ali debaixo. Eu s escapei porqueestava parcialmente
protegido pelos beirais. E voc? Est bem? perguntou Eragon.
34. O qu? disse Roran, franzindo a sobrancelha, parecendo
confuso,como se tal pensamento jamais lhe tivesse ocorrido. Estou
bem capazde eu estar com o pulso partido, mas no grave.Eragon
atirou um olhar suplicante a Bldhgarm e o elfo assumiu umaexpresso
tensa, numa vaga demonstrao de desagrado, mas aproximou-sede Roran,
dizendo-lhe numa voz suave: Se no se importa Esticou a mo para o
brao ferido de Roran.Enquanto Bldhgarm tratava de Roran, Eragon
apanhou Brisingr e ficoude guarda na entrada com Arya, para o caso
de alguns soldados cometerem aimprudncia de os atacar. Pronto, j
est disse Bldhgarm, afastando-se de Roran, que girou35o pulso em
crculo para testar a articulao.Satisfeito, Roran agradeceu a
Bldhgarm, baixando depois a mo ecomeando a remexer no cho coberto
de escombros at encontrar o martelo.Depois reajustou a armadura e
olhou para a entrada. J tenho o que chegue deste Lord Bradburn
disse ele num tomenganadoramente calmo. Acho que manteve o seu
poleiro tempo demaise devia ser aliviado das suas
responsabilidades. No concorda, Arya? Sim. Bom, ento vamos l
procura desse velho barrigudo; lhe darei umaspancadinhas suaves com
o meu martelo em memria de todos os queperdemos hoje. Estava no
salo principal, h alguns minutos atrs disse Eragon ,mas duvido que
tenha ficado nossa espera.Roran acenou com a cabea. Nesse caso
teremos de persegui-lo. Dito isto, comeou a andar.Eragon extinguiu
o feitio de luz e seguiu apressadamente o primo,empunhando Brisingr
em guarda. Arya e Bldhgarm mantiveram-se toperto dele quanto
possvel, na intrincada passagem.A passagem dava acesso a uma cmara
que estava deserta, tal como osalo principal do castelo, onde a
nica evidncia da presena dos soldados eoficiais que a ocupavam
anteriormente era um elmo cado no cho,balanando para trs e para
frente em crculos decrescentes.Eragon e Roran passaram a correr
pelo estrado de mrmore. Eragontentou no correr muito depressa para
que Roran no ficasse para trs.
35. Mesmo esquerda da plataforma, deram um pontap numa porta e
subiramapressadamente as escadas por trs desta.Paravam em cada
andar, para que Bldhgarm pudesse sondarmentalmente quaisquer
vestgios de Lord Bradburn e da sua comitiva, masno encontrou
nenhum.Ao chegarem no terceiro andar, Eragon ouviu o estrpito de
passos e viuuma infinidade de lanas em riste preencherem a passagem
em arco, emfrente de Roran. As lanas golpearam Roran na face e na
coxa direita,cobrindo seu joelho de sangue. Ele urrou como um urso
ferido e investiucontra as lanas, com o escudo, tentando subir os
ltimos degraus e sair daescadaria. Os homens gritavam
freneticamente.Eragon passou Brisingr para a mo esquerda, atrs de
Roran, esticou obrao para a frente do primo, agarrou numa das lanas
pelo punho earrancou-a de quem a segurava, virando-a ao contrrio e
arremessando-apara o meio dos homens que se amontoavam na passagem.
Algum gritou esurgiu uma abertura na parede de corpos. Eragon
repetiu a operao e osseus arremessos depressa reduziram o nmero de
soldados, permitindo queRoran forasse o amontoado de homens
recuando aos poucos.Logo que Roran conseguiu sair das escadas, os
doze soldados querestavam dispersaram-se por um amplo patamar,
circundado porbalaustradas, numa tentativa de arranjar espao para
brandir as armas semobstculos. Roran voltou a urrar e lanou-se em
perseguio do soldado maisprximo. Aparou a espada do homem,
conseguiu penetrar no seu espaodefensivo e atingiu-o no elmo, que
retiniu como uma panela de ferro.Eragon correu pelo patamar e
derrubou dois soldados que estavam pertoum do outro, atirando-os ao
cho e despachando cada um deles com umnico golpe de Brisingr. Um
machado voou na sua direo, girando, mas eleabaixou-se e empurrou um
homem de uma balaustrada, antes de defrontaroutros dois que
tentavam estrip-lo com piques de pontas recurvas.Arya e Bldhgarm
moviam-se j entre os homens, silenciosos e letais,com a
graciosidade prpria dos elfos, capaz de transformar a violncia
emalgo mais semelhante a uma encenao artstica do que luta srdida
quecaracterizava a maior parte dos combates.Os quatro mataram o
resto dos soldados, numa exploso de rudosmetlicos, ossos partidos e
membros decepados. Eragon, como sempre,vibrou com o combate. Era
como se algum o surpreendesse com um baldede gua fria,
proporcionando-lhe uma sensao de clareza sem paralelo emqualquer
outra atividade.36
36. Roran curvou-se e pousou as mos sobre os joelhos, tentando
recuperar37o flego, como se tivesse acabado de fazer uma corrida.
Posso? perguntou Eragon, apontando para os cortes no rosto e nacoxa
de Roran.Roran experimentou, vrias vezes, assentar o peso do corpo
sobre aperna ferida. Eu posso esperar. Primeiro, vamos procura de
Bradburn.Eragon seguiu na dianteira, ao regressarem escada e
recomearem asubi-la. Finalmente, depois de mais cinco minutos de
buscas, encontraramLord Bradburn barricado na sala mais alta da
torre, virada a oeste. Eragon,Arya e Bldhgarm desmantelaram as
portas e a pilha de moblia empilhadaatrs delas, com uma srie de
feitios. Ao entrarem nos aposentos, comRoran, os camareiros e os
guardas do castelo que se tinham reunido frentede Bradburn
empalideceram e muitos deles comearam a tremer. Para seualvio,
Eragon teve apenas de matar trs dos guardas para que o resto
dogrupo depusesse as armas e os escudos, em sinal de rendio.Arya
aproximou-se depois de Lord Bradburn, que permaneceu emsilncio
durante todo o tempo, e disse: Bom, voc ordenar que as suas foras
se rendam? Restam apenasalguns homens, mas voc ainda pode
salvar-lhes a vida. Mesmo que pudesse no o faria disse Bradburn num
tom de talforma desdenhoso, que Eragon quase lhe bateu. No lhes
farei quaisquerconcesses, elfo. No entregarei os meus homens a
criaturas to nojentas eto pouco naturais como tu. Antes a morte. E
no pense que me ilude compalavras melosas. Eu sei da sua aliana com
os Urgals. Mais depressaconfiaria numa serpente do que em algum que
partilha o seu po com essesmonstros.Arya acenou com a cabea e
colocou a mo sobre o rosto de Bradburn.Fechou os olhos e, durante
algum tempo, tanto ela como Bradburn ficaramimveis. Eragon
alcanou-os com a mente e sentiu a guerra de vontades quese
alastrava entre eles, enquanto Arya tentava vencer as defesas de
Bradburne penetrar na sua conscincia. Levou cerca de um minuto, mas
conseguiufinalmente controlar a mente do homem, invocando e
examinando as suasmemrias at descobrir a natureza das suas
protees.Depois falou na lngua antiga e lanou um intrincado feitio
concebidopara contornar essas defesas e pr Bradburn para dormir.
Quando terminou,os olhos de Bradburn fecharam-se e ele caiu em seus
braos com um suspiro.
37. Ela o matou! gritou um dos guardas. Ouviram-se gritos de
pavor e38de indignao entre os homens.Enquanto tentava convenc-los
do contrrio, Eragon ouviu uma dastrompetas dos Varden distncia.
Pouco depois, ouviu outra trompeta, estamuito mais prxima, depois
outra e, finalmente, comeou a apanharfragmentos de sons que quase
poderia jurar tratarem-se de vivas indistintos edispersos, vindos
do ptio, em baixo.Intrigado, trocou um olhar com Arya e, depois,
contornou a sala emcrculo, olhando para fora de cada janela, nas
paredes da cmara.A oeste e a sul ficava Belatona, uma grande e
prspera cidade, uma dasmaiores do Imprio. Os edifcios perto do
castelo eram estruturasimponentes de pedra, com telhados inclinados
e janelas ogivais, enquanto osmais distantes eram de madeira e
argamassa. Vrios dos edifciosparcialmente feitos de madeira
tinham-se incendiado durante a batalha e afumaa impregnava o ar com
uma camada de nvoa castanha que fazia arderos olhos e a garganta.A
sudeste, a cerca de um quilmetro e meio da cidade, estava
oacampamento dos Varden; longas filas de tendas cinzentas, de
l,circundadas por trincheiras ladeadas de estacas, alguns pavilhes
de coresgarridas, com bandeiras e estandartes, e centenas de homens
feridos deitadosno cho. As tendas dos curandeiros estavam j alm
limite da suacapacidade.A norte, depois das docas e dos armazns,
ficava o Lago Leona, umavasta extenso de gua, salpicada aqui e ali
de cristas brancas.L no alto, a parede de nuvens negras que avanava
de oeste,aproximava-se da cidade, ameaando envolv-la nas pregas de
chuva que seprecipitavam do seu ventre como uma saia. Luz azul
relampejava aqui e alinas profundezas da tempestade e os troves
ribombavam como um animalenfurecido.Mas Eragon no via, em parte
alguma, uma explicao para a agitaoque chamara a s